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INSTITUTO AVM LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A ALFABETIZAÇÃO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL ATRAVÉS DA INFORMÁTICA EDUCATIVA Por: Ana Cristina Cardoso Erthal Samary Orientadora Prof. Ms. Andrea Villela Mafra da Silva Rio de Janeiro 2011 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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INSTITUTO AVM

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

A ALFABETIZAÇÃO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

VISUAL ATRAVÉS DA INFORMÁTICA EDUCATIVA

Por: Ana Cristina Cardoso Erthal Samary

Orientadora

Prof. Ms. Andrea Villela Mafra da Silva

Rio de Janeiro

2011

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INSTITUTO AVM

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

A ALFABETIZAÇÃO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

VISUAL ATRAVÉS DA INFORMÁTICA EDUCATIVA

Apresentação de monografia ao IAVM como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Pedagogia

Por: Ana Cristina Cardoso Erthal Samary

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AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar, pois sem

Ele, nada em minha vida teria sentido.

Ao meu marido, pelo apoio recebido.

Aos meus filhos, pela compreensão

das horas ausentes.

Aos meus pais, pela vida e pelo carinho

que sempre me deram.

A uma grande amiga, Mônica Paltrinieri

Lobo, que muito me incentivou a fazer

esse curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, meu marido e

meus filhos, pelo estímulo de continuar a

caminhada.

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RESUMO

Este trabalho objetiva demonstrar a importância da informática educativa

para a alfabetização de alunos portadores de deficiência visual. Mostra a

história da educação dos deficientes visuais, as leis que amparam e regem o

sistema de ensino, como também os tipos de deficiência visual. É preciso

salientar que o acesso à informação e à educação deve ser direito de todos, e

principalmente do portador de deficiência, e como as tecnologias podem ser

promotoras desses acessos. Com tais limitações, as tecnologias precisam ser

adaptadas para que esses portadores de deficiência visual não se sintam

marginalizados, para tanto, o computador deve estar inserido em atividades

primordiais de acesso à educação e informação, como aprender a ler, escrever,

compreender textos, dentre outras atividades. Com a ajuda de programas

como DosVox e o Assistente Acessibilidade do Windows, os deficientes visuais

conseguem sua independência e adquirem sua dignidade, inseridos na

sociedade da informação.

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METODOLOGIA

Através de um levantamento bibliográfico, foi possível encontrar os tipos

de deficiência, e para cada uma existe uma forma de educação diferenciada,

baseando-se em autores como Sassaki, Borges e documentos sobre Educação

Especial dos portadores de necessidades especiais do Ministério da Educação

e Cultura. Uma pesquisa sobre informática educativa e seus programas de

acessibilidade foi feita, encontrando DosVox, Virtual Vision e o Assistente

Acessibilidade do Windows, que facilitam a vida dos deficientes visuais e

ajudam no resgate de sua cidadania.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I – A EDUCAÇÃO DO DEFICIENTE VISUAL 10

1.1 Tipos de deficiência visual 21 1.1.1 Baixa visão 21 1.1.2 Cegueira 23

CAPÍTULO II–A INFORMÁTICA EDUCATIVA 25 CAPÍTULO III – A ALFABETIZAÇÃO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL ATRAVÉS DA INFORMÁTICA EDUCATIVA 34

3.1 Instrumentos que podem ser utilizados para a Alfabetização dos deficientes visuais 37 3.1.1 Dispositivos geradores de informação visual ampliada 39 3.1.2 Dispositivos geradores de informação auditiva 40 3.1.3 Dispositivos geradores de informação tátil 41 3.1.4 Dispositivos geradores de informação olfativa 43 3.1.5 Dispositivos geradores de informação gustativa 43

CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47

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INTRODUÇÃO

Estima-se que existem cerca de 15 milhões de indivíduos portadores

de deficiência de diversos tipos: mental, auditiva, visual, física, conduta ou

deficiências múltiplas. A inclusão é um processo imprevisível, não existem

fórmulas já prontas,exigindo aperfeiçoamento constante. Para ajudar essas

pessoas, é preciso aceitá-las, ter preparação profissional adequada e adaptar o

conteúdo e a própria escola frente a essa nova filosofia.

A Constituição Federal tem como fundamentos da República a

cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º).Um dos seus principais

objetivos é a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º).

Os alunos portadores de necessidades especiais, destacando os

deficientes visuais, necessitam de um atendimento educacional diferenciado,

favorecendo o acesso do aluno ao saber pretendido pela equipe escolar.

Se não houver qualidade na estimulação às necessidades do portador

de deficiência visual, ele sofrerá limitações que poderão atrasá-lo em seu

desenvolvimento. A inadequação na estimulação acontece quando não são

oferecidas experiências significativas quanto ao conhecimento de si, da sua

imagem corporal, do mundo que o cerca e com o qual estabelece relação

estreita, ou seja, não acontece uma efetiva educação de acordo com suas

necessidades especiais de aprendizagem.

Foi a partir do Método Braille que os deficientes visuais passaram a ler

através do tato, e o texto impresso tem a possibilidade de ter o seu

correspondente. Assim,os portadores de deficiência visual passam a ter acesso

à educação e à informação,tendo a oportunidade e a possibilidade de

seremincluídos numa sociedade em que a cada dia a informação e a

comunicação tornam-se sinônimos de democracia.

São classificados como recursos de acessibilidade os vários

dispositivos tecnológicos que são desenvolvidos com a intenção de melhorar a

acessibilidade do portador de deficiência visual em uma atividade no

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computador. A evolução desses dispositivos possibilita aos deficientes o

acesso à informação e à inclusão social,promovendo mais independência a

essas pessoas, habilitando-as na realização de tarefas que sem esses

recursos não seriam possíveis.

O aluno que possui deficiência visual, mesmo na utilização de recursos

ópticos e não-ópticos, ainda apresenta dificuldades em seu processo de

alfabetização, que podem ser minimizados associando esses recursos aos da

informática.Esta última, em conjunto aos recursos do Sistema Braille, por

exemplo, ou recursos ópticos e não-ópticos oferecem maior interação e

motivação para sua aprendizagem.

Conhecer como o recurso da informática está sendo utilizado na

alfabetização dos deficientes visuais é de extrema importância para que

melhore a ação direcionada a formação dos professores, que devem estar

preparados para receber esses alunos.

Proporcionar a pessoa portadora de deficiência visual a garantiade seu

processo ensino-aprendizagem envolve o pleno desenvolvimento de sua

personalidade, fazendo-o participar de forma significativa da vida social e do

mercado de trabalho;estes devem ser os objetivos primordiais da Educação

Especial.

Este trabalho está dividido em três capítulos, no qual o primeiro é

abordado como é a educação do deficiente visual, suas necessidades e

limitações, como também as leis que amparam os portadores de necessidades

educacionais especiais, abordando os tipos de deficiência visual.

No segundo capítulo, destaca-se a informática na área educacional e a

importância do computador para a qualidade do processo ensino-

aprendizagem, bem como ter acesso mais rápido às informações que correm

simultaneamente.

Por fim, no terceiro capítulo, enfoca-se a alfabetização dos portadores

de deficiência visual através da informática educativa, os softwares criados

especialmente para a aprendizagem e inclusão desses indivíduos.

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CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO DO DEFICIENTE VISUAL

A visão é um dos órgãos dos sentidos mais importantes do indivíduo,

sobrepondo-se aos demais dos quais dispomos, possibilitando captar diversas

informações numa só observação, levadas ao cérebro, onde são processadas

e formam a imagem correspondente. É através da visão que adquirimos mais

da metade dos conhecimentos sobre o mundo do qual fazemos parte.

A deficiência visual caracteriza-se pela perda ou anormalidade da

visão, resultando na limitação ou incapacidade de desempenhar normalmente

uma determinada atividade que, conforme a idade, o sexo, os fatores sociais e

culturais, se constitui em uma deficiência. Ela abarca indivíduos que possuem

desde uma visão fraca, e também aqueles que só distinguem luzes, e não

formas, até os que não conseguem perceber nem mesmo a luz.

As pessoas portadoras de deficiência visual, num ambiente orientado

por meio de estímulos visuais, podem ser preparadas para serem integradas

na vida social e cultural. Elas necessitam aprender a orientar-se com uma

bengala, instrumento para tatear o chão, propiciando uma noção dos possíveis

obstáculos à sua frente. Sua utilização deve ser ensinada por um profissional

especializado.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) existem quase 314

milhões de pessoas que possuem deficiência visual, e esse número pode

aumentar devido aos vários problemas oculares que tem afetado a população

mundial (SANTOS, 2009).

Durante a Idade Média, pensava-se que portar uma deficiência visual

era castigo de Deus; na Rússia, indivíduos com deficiência eram torturados e

condenados à morte. Quando não eram exterminados, os cegos menos

favorecidos eram abandonados, virando mendigos por não terem oportunidade

no aspecto educacional ou profissional (SANTOS, 2009).

As primeiras instituições educacionais para alunos portadores de

deficiência visual apareceram na segunda metade do século XVIII, em Paris,

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voltadas exclusivamente para crianças cegas e surdas em regime de internato:

foram a Escola de Abade de L’Epée e a escola para cegos fundada por

Valentim Haiüy, depois transformada no Instituto de Jovens Cegos de Paris.

No ano de 1829, Louis Braille, aluno do Instituto de Jovens Cegos de

Paris que perdeu a visão aos três anos de idade, tomou ciência da Sonografia,

invenção de Charles Barbier, aperfeiçoando-o, criando um sistema de leitura e

escrita tátil para cegos, através da utilização de seis pontos em relevo. Partindo

desses pontos, Braille sistematizou sessenta e três sinais, dando-lhes valores

simbólicos de modo a serem usados na música, na geometria e na literatura,

dentre outros campos. Inventou os instrumentos para a escrita conhecidos

como reglete e punção. O invento não foi totalmente aceito pelos educadores

da época, mas Braille continuou a utilizá-lo. Até hoje, o Sistema Braille vem

sendo usado, nomeado em homenagem ao seu inventor. Relata-nos Januzzi

(2006, p. 29): “É interessante notar que, apesar de ser professor no instituto e

morar ali durante toda a sua vida, só teve a sua criação oficialmente aprovada

dois anos após sua morte, em 1854”.

A PerkinsSchool, de Boston, obteve um feito extraordinário com a

educação de Helen Keller, cega, surda e muda aos 19 meses de idade, que

graduou-se e escreveu vários livros sobre a educação de deficientes. Daqui em

diante os livros em Braille tiveram tanta repercussão e edição que a National

Library for theBlind, em Westminster, Inglaterra, conta com um acervo de

milhares de volumes.

Em 1854, o Imperador D. Pedro II, depois de assistir uma

demonstração de leitura e escrita por meio do Sistema Braille, baixou um

decreto autorizando a criação da primeira escola para cegos no país, situada

na cidade do Rio de Janeiro. Então, em 17 de setembro de 1854, foi

inaugurado o Instituto de Meninos Cegos. Em 1891, o instituto recebeu o nome

atual: Instituto Benjamin Constant (IBC), em homenagem ao seu terceiro

diretor. É a única instituição brasileira responsável pela educação de pessoas

com deficiência visual: possui uma escola, faz capacitações de profissionais da

área da deficiência visual, assessora escolas e instituições, realiza consultas

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oftalmológicas à população, reabilita, produz material especializado, impressos

em Braille e publicações científicas (IBC, 2010).

Em 1926, surge o Instituto São Rafael em Belo Horizonte, Minas

Gerais; em 1927, o Instituto Padre Chico em São Paulo; e em 1933 o Instituto

de Cegos da Bahia, em Salvador. Em 1946 foi criada a Fundação para o Livro

do Cego no Brasil (FLCB), objetivando produzir e distribuir livros em Braille,

além de trazer contribuições primordiais à educação dos alunos portadores de

deficiência visual, propiciando o acesso a vários livros, ampliando o universo de

leitura e perspectivas de mundo e de vida.

Na década de 1950, aconteceram as primeiras experiências de alunos

com deficiência visual em escolas regulares nas cidades de São Paulo e Rio de

Janeiro. Na Bahia, ocorreram em 1959, nas Escolas Estaduais Getúlio Vargas,

Marques de Abrantes e ICEIA, virando referência no atendimento ao aluno

deficiente visual.

A Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do

Homem já se preocupavam, desde os anos 1940, com a questão da igualdade

para todos. O marco das discussões sobre indivíduos portadores de deficiência

aconteceu em 1981, anunciado pelas Nações Unidas como o "Ano

Internacional das Pessoas Deficientes".

Nos anos 1990, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil mudou seu

nome para Fundação DorinaNowil, homenageando sua fundadora,

reconhecendo sua dedicação ao trabalho junto a indivíduos com deficiência

visual. Essa fundação é referência atual na produção de livros didáticos em

Braille.

Em 1991, foi criada pelo casal Mara e Victor Siaulys a Associação

Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual – Laramara – no intuito de

atender as necessidades de sua filha Lara que nasceu com deficiência visual,

bem como assistir outras crianças que tenham a situação, possibilitando

oportunidades e condições para uma melhor qualidade de vida. Tem como

função “incluir a criança e o jovem com deficiência visual na escola e na

sociedade. Com serviços gratuitos, são realizados, em média, 2.500

atendimentos por mês e, em seus 18 anos de atuação, mais de 9 mil famílias

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vindas de todos os cantos do país já foram atendidas” (GALLINUCCI, 2010, p.

19).

Em 1993, a Política Nacional de Educação Especial foi criada no intuito

de estabelecer objetivos para os interesses, necessidades e aspirações dos

portadores de deficiência, visando aumentar a inclusão desses alunos

especiais nas escolas regulares, fundamentando na Constituição Federal de

1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/96). Destaca

quem são os deficientes visuais, fala sobre sala de recursos e todo um

atendimento especializado para qualquer deficiente que se insira numa escola

regular. Eis alguns de seus objetivos específicos relacionados aos portadores

de deficiência, destacando alguns para os deficientes visuais:

(...)

* Provimento do sistema escolar com aparelhos

específicos e recursos instrucionais e tecnológicos de

apoio educativo.

(...)

* Oferta de condições pedagógicas aos portadores de

deficiências sensoriais, para que tenham educação

integral e se tornem mais independentes.

(...)

* Oferta de livros falados e de livros didáticos em Braille

para cegos, de material de leitura e escrita ampliados

para portadores de visão reduzida e de aparelhos

coletivos de amplificação sonora para surdos.

(...)

* Atendimento educacional adequado às necessidades

especiais do alunado, no que se refere a currículos

adaptados, métodos, técnicas e material de ensino

diferenciados, ambiente emocional e social da escola

favorável à integração social dos alunos, pessoal

devidamente motivado e qualificado.

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(...)

* Participação dos educandos portadores de

necessidades educativas especiais nas atividades de

educação física, práticas desportivas, atividades cívicas e

sociais escolares.

(...)

* Ensino da escrita e leitura em Braille para cegos, bem

como da metodologia adequada à realização de cálculos.

(...)

* Estímulo ao desenvolvimento da informática em

educação especial.

* Integração técnico-pedagógica entre os educadores que

atuam nas salas de aula do ensino regular e os que

atendem em salas de recursos da educação especial.

(...)

* Cooperação técnico-financeira racional e agilizada entre

os sistemas estaduais e municipais de ensino,

governamentais ou não (BRASIL, 1994, p. 49-53).

Em 2001, através da Resolução CNE/CEB nº 17/2001, dão-se os

princípios sobre a Educação Especial, compreendendo que todo e qualquer

aluno pode apresentar alguma necessidade educacional especial, seja esta

temporária ou permanente, reorganizando:

(...) 2.2 – Em face das condições específicas associadas

à cegueira e à visão subnormal, os sistemas de ensino

devem prover aos alunos cegos o material didático,

inclusive provas, e o livro didático em Braille e, aos alunos

com visão subnormal (baixa visão), os auxílios ópticos

necessários, bem como material didático, livro didático e

provas em caracteres ampliados (...) (BRASIL, 2001, p.

45).

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Cada deficiência, em especial neste trabalho, a deficiência visual,

requer estratégias e materiais específicos e diversificados. O desenvolvimento

das funções visuais acontece nos primeiros anos de vida do bebê. Com testes

de acuidade visual, é possível realizar a avaliação funcional da visão de um

recém-nascido, ainda no berçário.

Em nossa sociedade, a baixa visão ainda passa despercebida a pais

eprofessores, revelando-se, freqüentemente, quando se aumenta naescola as

exigências quanto ao desempenho visual da criança, para perto. Em

contrapartida, a cegueira é detectada de forma mais fácil e diagnosticadamais

cedo. Segundo o Ministério da Educação (BRASIL, 2002, p. 41),

As crianças com deficiência visual que tiverem a

oportunidade de participar, desde os primeiros meses de

vida, dos programas de intervenção precoce, nos quais os

pais foram orientados e apoiados nas primeiras

interações, na comunidade, na construção do vínculo e no

processo sensório-motor, terão um desenvolvimento

praticamente semelhante ao das demais crianças.

A família é um dos elementos mais importantes para as crianças

portadoras de deficiência visual, justamente por ser sua primeira vivência

sócio-afetiva e pelos fatores que influem em seu desenvolvimento e formação

como indivíduos.

Como citam Piñero, Quero e Diaz (2003, p. 203), “no momento em que

os pais aceitarem a deficiência do filho e conseguirem criar um âmbito familiar

adequado para que a criança viva integrada, terá sido dado um grande passo

na sua educação”. A maneira como os pais detectam a deficiência visual

contribuirá de forma significativa pelo modo como o deficiente visual se

percebe e se relaciona na sociedade, pois a família é o primeiro espaço de

referência e de construção da identidade; a perspectiva dos familiares em

relação ao portador de deficiência visual influenciará no sucesso ou fracasso

do seu desenvolvimento.

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Não só a família, mas a escola e a sociedade devem dar sua parcela

de contribuição no intuito de auxiliar a enfrentar os obstáculos colocados pela

deficiência. A escola é uma aliada na luta pela integração;aqui, os

preconceitos, os mitos e os estigmas são debatidos e analisados por todos os

integrantes da equipe escolar:professores, alunos e funcionários. Não podemos

permitir que as incapacidades dos indivíduos nos impeçam de reconhecer suas

habilidades.Silva (2006, p. 150), em suas experiências com um aluno cego,

concluiu:

No processo educacional de alunos cegos, a utilização de

estratégias de ensino deve, também, considerar o grau de

aceitação da condição de ser cego; as implicações

decorrentes da cegueira; as características e o

funcionamento próprios de cada sentido – tato, olfato,

audição, paladar; além de instrumentos e recursos

didáticos disponíveis na atualidade, tais como: a leitura

através do Sistema Braille, o Sorobã para os cálculos

matemáticos, a audição de livros falados, os materiais

didáticos adaptados, a tecnologia, os objetos concretos e

reais que o rodeiam, além das proposições didáticas e da

formação do professor que deve ser conceitual, reflexiva e

prática.

A criança deficiente visual necessita de professores e materiais

especializados e adaptações no currículo escolar, auxiliando-a a atingir um

nível de desenvolvimento que seja proporcional às suas capacidades; no caso

do deficiente visual, existe alteração da visão que implica na dificuldade da

capacidade de enxergar:

Em decorrência da deficiência sensorial, as crianças

cegas apresentam necessidades específicas, caminhos e

formas peculiares de apreender e assimilar o real.

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Necessitam de mais tempo para vivenciar e organizar

suas experiências, aprender e construir conhecimentos.

Compreendidas essas especificidades pela família e

professores, poderão se beneficiar e obter sucesso na

inclusão escolar e social (BRASIL, 2004, p. 13).

Incluir alunos com deficiências na instituição escolar regular não

necessita de um currículo especial, mas de ajustamentos e modificações que

visem o avanço no processo ensino-aprendizagem do aluno portador de

deficiência visual, que precisam de uma aprendizagem contextualizada e

significativa. Se ele for estimulado e orientado, não terá problema de adaptar-

se ao ambiente escolar. O desenvolvimento do deficiente visual depende do

meio social em que vive e das oportunidades que este possa oferecê-lo.

A inserção dos alunos especiais nas classes regulares democratiza

também o espaço escolar, permite a integração dessas crianças à comunidade,

possibilita que atinjam seu potencial máximo no processo de aprendizagem,

ampliando suas capacidades nas classes comuns.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que trata especificamente das

adaptações curriculares para os portadores de necessidades educativas

especiais, sugerem recursos de acesso para esses alunos, destacando aqui

aqueles com deficiência visual (BRASIL, 1998, p. 45-46):

• materiais desportivos adaptados: bola de guizo e outros;

• sistema alternativo de comunicação adaptado às

possibilidades do aluno: sistema Braille, tipos escritos

ampliados;

• textos escritos com outros elementos (ilustrações táteis)

para melhorar a compreensão;

• posicionamento do aluno na sala de aula de modo que

favoreça sua possibilidade de ouvir o professor;

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• deslocamento do aluno na sala de aula para obter

materiais ou informações, facilitado pela disposição do

mobiliário;

• explicações verbais sobre todo o material apresentado

em aula, de maneira visual;

• boa postura do aluno, evitando-se os maneirismos

comumente exibidos pelos que são cegos;

• adaptação de materiais escritos de uso comum:

tamanho das letras, relevo, softwares educativos em tipo

ampliado, textura modificada etc.;

• máquina Braille, reglete, sorobã, bengala longa, livro

falado etc.;

• organização espacial para facilitar a mobilidade e evitar

acidentes: colocação de extintores de incêndio em

posição mais alta, pistas olfativas para orientar na

localização de ambientes, espaço entre as carteiras para

facilitar o deslocamento, corrimão nas escadas etc.;

• material didático e de avaliação em tipo ampliado para

os alunos com baixa visão e em Braille e relevo para os

cegos;

• Braille para alunos e professores videntes que

desejarem conhecer o referido sistema;

• materiais de ensino-aprendizagem de uso comum:

pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, lupas,

computador com sintetizador de vozes e periféricos

adaptados etc.;

• recursos ópticos;

• apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a

orientação e mobilidade, visando à locomoção

independente do aluno.

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A deficiência visual não deve ser visualizada como uma barreira que

separa o ser humano do mundo, mas sim como uma possibilidade de

demonstrar que há outros sentidos para serem utilizados, e que por

comodismo, quando se tem a visão perfeita, terminam não tendo sua função

exercida de forma plena.

Os indivíduos que enxergam aprendem a lidar com as diversas

situações cotidianas,observando o ambiente que o cerca e relacionando-se

com outras pessoas. É preciso, então,propiciar essamesma relação com o

meio à pessoa portadora de deficiência visual:

Embora a cegueira possa a princípio ser uma terrível

perda e privação, isso pode atenuar-se com o passar do

tempo, já que se dá uma profunda adaptação, ou

reorientação, pela qual o cego reconstitui e se reapropria

do mundo em termos não visuais. Ele se torna então um

estado diferente, uma forma diferente de ser, com suas

próprias sensibilidades, coerência e sentimentos (SACKS,

1995, p. 155).

Para a criança que é deficiente visual alcançar um aprendizado

significativo, deve-se possibilitar a utilização de seus outros sentidos, como a

audição, o tato, o paladar e o olfato, que são canais de entrada imprescindíveis

de informações que serão levadas até o cérebro. Esses alunos devem

experimentar a relação com o mundo e com os objetos que o cercam, através

dos sentidos remanescentes e intactos.

É muito importante que no processo de ensino-aprendizagem o aluno

portador de deficiência visual utilize seus outros órgãos dos sentidos para

construir seu conhecimento, até porque o tato possibilita o acesso à escrita e à

leitura por meio do Sistema Braille. Segundo Piñero, Quero e Diaz (2003, p.

234),

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A leitura mediante o tato é realizada letra a letra, e não

por meio do reconhecimento de palavras completas, como

acontece com a leitura à tinta. Trata-se, portanto, de uma

tarefa lenta, a princípio, que requer grande concentração,

difícil de atingir em idades precoces. Conseguir maior

velocidade não é apenas questão de esforço, mas

também de técnica e prática.

Completa o Ministério da Educação (BRASIL, 2002, p. 56): “o acesso à

máquina Braille desde cedo, constitui-se em retirada de pedras e obstáculos no

caminho da aprendizagem”.

A audição é o segundo órgão em importância para o deficiente visual,

pois a linguagem chega por meio dela, e ele, dessa maneira, distingue

pessoas, animais e objetos: “a audição é denominada o sentido de apoio das

pessoas cegas, pois a aquisição de estímulos auditivos auxilia a decodificação

do ambiente, a orientação no espaço e atuação independente” (BRASIL, 2002,

p. 44). Os deficientes visuais possuem um grau de inteligência o bastante para

que, apenas ouvindo e sentindo, obtenham todas as informações de que

necessitam para continuar incluídos na sociedade da qual fazem parte.

As tendências pedagógicas atuais referentes à educação dos

portadores de deficiência visual preceituam sua integração na escola comum,

do pré-escolar até a universidade, visando combater a autocomiseração.

Assim, o deficiente visual pode ir em busca de sua integração na sociedade e

sentir-se um cidadão útil. Além de deficientes visuais graduados em vários

cursos superiores, existem atualmente muitos que se tornaram técnicos de

ótimo desempenho em atividades que demandam maior sensibilidade tátil,

como revisão de peças especiais;há os que são engajados na vida artística,

principalmente instrumentistas e cantores.

Cabe a sociedade oferecer oportunidades para que as pessoas com

limitações em seu relacionamento visual com o mundo possam desenvolver

toda sua capacidade física e mental e usufruir dela. Há muito a ser feito, mas é

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necessário reconhecer que já houve muitas conquistas e avanços para os

deficientes de uma maneira geral.

1.1 Tipos de deficiência visual

Existem algumas alterações visuais que aparecem na infância que são:

a hipermetropia, a miopia, o astigmatismo, a ambliopia e o estrabismo. Embora

essas alterações não sejam exatamente uma deficiência visual, “são problemas

visuais que devem ser detectados e tratados precocemente, com intervenção

clínica oftalmológica adequada, para que a criança atinja um desenvolvimento

das funções visuais dentro dos padrões de normalidade” (BRASIL, 2006, p.

20).

A detecção precoce e a correção das principais alterações visuais, nos

primeiros anos devida, possibilitam que as imagens de ambos os olhos sejam

idênticas e de boa qualidade,para que o cérebro esteja apto de realizar a fusão.

As duas imagens se fundem tornando uma percepção única, processo

responsável pela visão binocular.

Abaixo, destacamos as principais deficiências visuais que não podem

ser reversíveis, necessitando de adaptações para que a criança possa exercer

seu direito de aprendizagem e construir sua identidade.

1.1.1 Baixa visão

A baixa visão é quando a função visual é prejudicada, mesmo com

tratamento e/ou correção refrativa, significando para o Ministério da Educação

como visão reduzida:

Visão reduzida: acuidade visual entre 6/20 e 6/60, no

melhor olho, após correção máxima. Sob o enfoque

educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao

educando ler impressos a tinta, desde que se empreguem

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recursos didáticos e equipamentos especiais, excetuando-

se as lentes de óculos que facilmente corrigem algumas

deficiências (miopia, hipermetropia, etc) (BRASIL, 1994,

p. 16).

A capacidade funcional não está vinculada aos fatores visuais, mas às

reações do indivíduo à perda visual e aos fatores ambientais que interferem no

desempenho.

Uma definição simples de visão subnormal é a

incapacidade de enxergar com clareza suficiente para

contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros, à

luz do dia; em outras palavras, trata-se de uma pessoa

que conserva resíduos de visão (GIL, 2000, p. 06).

As pessoas com baixa visão são detectadas pela necessidade de

aproximação máxima do objeto que querem enxergar sugerindo, como técnica

básica, ampliar o tamanho dos objetos, chegando o mais próximo possível.

Mas quando isso ocorre, a focalização fica mais complicada.

A habilidade para tarefas diárias como ler, ver televisão, andar na rua,

viajar, e outras, fica significativamente prejudicada.

A função visual pode ser melhorada através de recursos que

beneficiam a baixa visão, com o uso de auxílios ópticos, não ópticos e da

informática.

Os auxílios ópticos são lentes especiais ou dispositivos formados por

um conjunto de lentes, com alto poder de resolução, que utilizam o princípio da

magnificação da imagem, para que possa ser reconhecida e discriminada pelos

indivíduos portadores de baixa visão, de perto ou de longe, conforme sua

utilização. Como exemplos de auxílios ópticos, citamos as lupas manuais ou de

apoio, telescópicos (telelupas) monoculares ou binoculares, óculos binoculares

prismáticos e asféricos monoculares.

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Alguns destes indivíduos que possuem danos severos na visão optam

por utilizar o Sistema Braille, destinado aos que possuem perda total de visão.

Isso acontece por perceberem que os recursos a eles destinados não são

suficientes para atender às suas necessidades (SANTOS, 2009).

1.1.2 Cegueira

A cegueira ou perda total de visão pode ser adquirida ou congênita

(desde o nascimento). A pessoa que nasce com o sentido da visão, perdendo-o

depois, guarda algumas memórias visuais, lembrando-se de imagens, luzes e

cores que conheceu, sendo de muita utilidade para sua readaptação. Quem

nasce sem essa capacidade não pode fazer essa formação da memória visual

ou possuir lembranças visuais. Para o Ministério da Educação:

Cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos

de 0,1, no olho melhor, e após correção, ou um campo

visual não excedente de 20 graus, no maior meridiano do

melhor olho, mesmo com o uso de lentes para correção.

Sob o enfoque educacional, a cegueira representa a

perda total ou resíduo mínimo de visão, que leva o

indivíduo a necessitar do método Braille como meio de

leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e

equipamentos especiais para a sua educação (BRASIL,

1994, p. 16).

A cegueira pode se apresentar no nascimento da criança, ser adquirida

por doença ou acidente, ou associada à idade (glaucoma, catarata,

degeneração macular, atrofia do nervo ótico e retinopatia diabética).

Há um percentual significativamente elevado de casos de cegueira

congênita, sendo decorrência de mal formações oculares ou cerebrais quanto

de certas doenças intra-uterinas que terminam por afetar o globo ocular do feto,

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como a toxoplasmose e a sífilis. A rubéola, por exemplo, quando adquirida pela

mãe nos três primeiros meses de gravidez, pode provocar a cegueira do feto.

Do ponto de vista educacional, após avaliação da visão, consideram-se

portadores de cegueira aqueles que:

a) Possui total ausência de visão até perda da projeção de luz.

b) A aprendizagem é feita através da integração dos sentidos

remanescentes.

c) Precisa da utilização do método Braille, como principal meio de

leitura e escrita.

É necessário, portanto, que se crie, na escola e na sociedade de uma

maneira geral, um ambiente favorável à aprendizagem e a adaptação dos

portadores de deficiência visual, contextualizado, objetivando o progresso

desses indivíduos, desafiando a criatividade de alunos e professores. As

experiências cotidianas precisam ser compartilhadas, pois é através da

cooperação que esses indivíduos irão construir sua história, incluídos em seus

grupos, em sua cultura e na sociedade enfim.

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CAPÍTULO II

A INFORMÁTICA EDUCATIVA

Atualmente, a informática tem destaque nas escolas, sendo

denominada de Informática Educativa. Percebemos que é ela uma continuação

da aprendizagem da sala de aula, onde as crianças aprendem cada elemento

do computador e resolvem as tarefas propostas. Esses elementos possibilitam

outros caminhos para a construção do conhecimento num mundo amplamente

globalizado. A informática passou a ser um objeto indispensável no dia-a-dia

dos seres humanos.

A informática tornou-se uma necessidade no mundo em

que vivemos, e a escola, na missão de preparar o

indivíduo para a vida, sente a responsabilidade de não

fechar os olhos para essa realidade (CRUZ e WEISS,

1999, p. 14).

Desde a construção dos primeiros computadores, novas relações entre

conhecimento e trabalho se desenvolveram, necessitando reestruturar a função

da educação, que além de capacitar os alunos para futuras capacitações, deve

ampliar as competências para aprender a aprender, no intuito de aumentar a

criatividade e a iniciativa do aluno no processo ensino-aprendizagem.

O computador é uma ferramenta diferente do quadro-de-giz e do livro,

possui função ilimitada. Ele é visto como um aliado que possibilita a

comunicação no ensino entre professor e aluno, proporcionando um ambiente

no qual a aprendizagem transforma-se algo divertido e progressivo.

Qualquer ferramenta de ensino vai depender de quem o está utilizando

e de forma está sendo feito. O professor é o responsável em diversificar a

abordagem da utilização do computador, sendo preciso que ele saiba o que

fazer e a hora de fazer. Ele atua como facilitador na apropriação do

conhecimento, deixando de ser o informatizador para assumir seu papel

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pedagógico. Quando o professor insere o computador em sua aula, assume a

postura de facilitador, incentivador e orientador de pesquisas.

O professor continua sendo quem planeja e desenvolve

situações de ensino a partir do conhecimento que possui

sobre o conteúdo, sobre os processos de aprendizagem,

sobre a didática das disciplinas e sobre a potencialidade

da ferramenta tecnológica como um recurso para a

aprendizagem (...). É sempre o professor quem define

quando, por que e como utilizar o recurso tecnológico a

serviço do processo de ensino e aprendizagem. O

professor é sempre o responsável pelos processos que

desencadeia para promover a construção de

conhecimentos, e nesse sentido é insubstituível (BRASIL,

1998, p. 155).

A presença do professor é fundamental na educação do aluno e em

hipótese alguma pode ser substituído pelo computador; este é apenas uma

ferramenta que irá complementar o processo educacional.

A introdução da informática educativa cumpre a função de socialização

da cultura e contribui na superação das desigualdades sociais, na busca de

uma cidadania plena.

O desenvolvimento das tecnologias da informação

permite que a aprendizagem ocorra em diferentes lugares

e por diferentes meios. Portanto, cada vez mais as

capacidades para criar, inovar, imaginar, questionar,

encontrar soluções e tomar decisões com autonomia

assumem importância. A escola tem um importante papel

a desempenhar ao contribuir para a formação de

indivíduos ativos e agentes criadores de novas formas

culturais (BRASIL, 1998, p. 140).

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Os alunos devem desenvolver a capacidade crítica que possibilite a

compreensão da informação produzida pelos programas e atividades do

computador, e de que forma ela passa a adquirir significado.

O acesso ao computador vem sendo reforçado fora dos muros

escolares, possibilitando que o aluno realize suas tarefas. É preciso priorizar

seu emprego em atividades essencialmente educativas. As tecnologias

introduzem novas ferramentas e formas de comunicação, tais como criação de

imagens, som, animação e a combinação de todos esses elementos para uma

nova atividade. Esses recursos demandam o despertar de diversas habilidades

do aluno.

O acesso à Informática deve ser visto como um direito e,

portanto, nas escolas públicas e particulares o estudante

deve poder usufruir de uma educação que no momento

atual inclua, no mínimo, uma„alfabetização tecnológica‟.

Tal alfabetização deve ser vista não como um curso de

Informática, mas, sim, como um aprender a ler essa nova

mídia. Assim, o computador deve estar inserido em

atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever,

compreender textos, entender gráficos, contar,

desenvolver noções espaciais etc. E, nesse sentido, a

Informática na escola passa a ser parte da resposta a

questões ligadas à cidadania (LOPES, 2004, p. 03).

É necessário conscientizar toda a escola da importância da informática

para o desenvolvimento social e cultural, principalmente dos alunos. Para

Buckingham (2007, p. 11),

(...) a educação em mídia não se restringe ao

desenvolvimento de habilidades técnicas ou a alguma

noção imatura de criatividade. Trata-se de desenvolver

uma compreensão crítica das formas culturais e dos

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processos de comunicação (...) e seu valor depende

crucialmente dos contextos educacionais em que ela é

usada.

Dentro de uma perspectiva moderna de educação, o processo ensino-

aprendizagem é cada vez mais importante na vida social do indivíduo para o

exercício de sua cidadania, dando um novo foco ao papel social da escola, que

percebe a urgência em seguir as tendências das ciências e das tecnologias

que ditam a vida das pessoas nos dias de hoje por causa de sua importância

no mundo.

A informática possibilita diversas formas de comunicação, seja

produzindo ou recebendo-as: a comunicação entre os seus usuários, entre o

usuário e o computador e entre computadores interligados em rede (internet).

O computador possibilita que cada aluno conduza seu processo de

aprendizagem, tomando decisões em função das respostas que o computador

fornece para suas ações. O professor é o mediador e orientador nos diferentes

processos de elaboração e construção, sugestionando, resolvendo dúvidas e

propondo novos desafios.

Muito mais do que simplesmente colocar equipamentos

modernos nas salas de aula, informatizar o ensino

significa uma nova postura intelectual, que com o tempo

levará fatalmente a diferentes atitudes psicológicas e

sociais. E isso passará necessariamente por um

sistemático esforço para instrumentalizar os professores

de qualquer área com conhecimentos de bom nível em

informática. (BECKER, 1994, p. 225).

A formação não pode deixar de lado o potencial criativo do professor e

seu conhecimento sobre sua realidade de ensino, fundamental para o processo

de aprendizagem escolar. Além de apresentar conhecimentos sobre as atuais e

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as já existentes tecnologias, é preciso experimentá-las, contextualizando-as

para que professor construa sua prática pedagógica.

A interação aluno-computador deve ser mediada pelo professor

conhecedor do processo de aprendizagem por intermédio das tecnologias, para

que possa auxiliar eficazmente o aluno nesse processo.

O que os educadores devem ter em mente, agora, é que

os computadores já são uma realidade, é uma

necessidade. Bem utilizados, eles revitalizam a prática

docente e estimulam o aprendizado de uma maneira

formidável (MARANHÃO, 2000, p. 23).

A informática educativa proporciona experiências que mostram que o

computador pode e deve ser introduzido em qualquer área do currículo escolar,

desde que usado de forma adequada e devidamente utilizado pelo professor e

pelos alunos.

Um dos desafios para a introdução da informática na área educacional

consiste na mudança de postura dos integrantes desse sistema e na formação

dos professores. Caso contrário, a escola continuará obsoleta, pois os

educadores devem ter consciência que hoje em dia, propiciar ambientes

educativos é imprescindível ao papel social que tem a cumprir.

(...) as tecnologias da informação, hoje, não se propõem

substituir ou questionar o papel da escola. Elas devem ser

vistas como aliadas para que a escola pública brasileira

possa cumprir seu papel de educar cidadãos completos

(MARANHÃO, 2000, p. 23).

Com a informática educativa, novas competências são exigidas dos

alunos, novas formas de realizar o trabalho pedagógico do professor são

necessárias e é necessário também formar esse professor para atuar nesse

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ambiente, no qual a tecnologia serve como mediadora do processo ensino-

aprendizagem.

A informática contribui com os professores na tarefa de transmissão do

conhecimento, adquirindo uma maneira de ensinar cada vez mais criativa e

dinâmica, proporcionando novas descobertas, investigações e atuando sempre

em forma de diálogo.

Segundo Sancho (1998, p. 41),

O ritmo acelerado de inovações tecnológicas exige um

sistema educacional capaz de estimular nos estudantes o

interesse pela aprendizagem. E que esse interesse diante

de novos conhecimentos e técnicas seja mantido ao longo

da sua vida profissional, que, provavelmente, tenderá a se

realizar em áreas diversas de uma atividade produtiva

cada vez mais sujeita ao impacto das novas tecnologias.

A informática, contudo, não deve ser vista como salvadora dos

problemas educacionais, mas como uma contribuição a mais na construção de

uma escola que venha desenvolver mecanismos que propiciem a superação de

suas limitações e as dos alunos.

A utilização da informática altera a rotina do ambiente escolar e os

métodos de ensino-aprendizagem. Poderá reforçar as formas tradicionais de

ensino, onde alunos e professores viverão num processo de comunicação

aberto com participações pessoais e grupais.

O maior tesouro da informática educativa com os alunos é a

transformação do conhecimento em atividade lúdica, favorecendo a expressão

e a comunicação pelo trabalho cooperativo. As mudanças no processo ensino-

aprendizagem devem ser analisadas num contexto mais amplo, que envolva

práticas sociais e culturais. Cada aluno é diferente um do outro, assim como os

ambientes de aprendizagem, onde se conclui que a construção do

conhecimento ocorre de maneira muito distinta do passado.

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Os recursos tecnológicos utilizados no processo de alfabetização, por

exemplo, devem capacitar o aluno para refletir acerca do uso do código escrito,

não reproduzindo as práticas tradicionais de ensino. Os alunos devem

aprender a usá-lo o mais cedo possível, correndo o risco de se atrasarem em

relação àqueles que já utilizam o computador em seu cotidiano, considerando-

se o avanço tecnológico e os benefícios que ele traz para a aprendizagem do

indivíduo.

As crianças podem experenciar e vivenciar diferentes visões de mundo,

diferentes formas de expressão, de linguagens, reconhecer e valorizar

escolhas, organizações familiares, conhecer e distinguir os diversos traços

culturais existentes, trabalhando de forma lúdica, exercitando sua iniciativa, sua

curiosidade e seu desejo.

Jonassen (apud LOPES, 2004, p. 03) classifica a aprendizagem em:

Aprender a partir da tecnologia (learningfrom), em que

a tecnologia apresenta o conhecimento, e o papel do

aluno é receber esse conhecimento, como se ele fosse

apresentado pelo próprio professor;

Aprender acerca da tecnologia (learningabout), em que

a própria tecnologia é objeto de aprendizagem;

Aprender através da tecnologia (learningby), em que o

aluno aprende ensinando o computador (programando o

computador através de linguagens como BASIC ou o

LOGO);

Aprender com a tecnologia (learningwith), em que o

aluno aprende usando as tecnologias como ferramentas

que o apóiam no processo de reflexão e de construção do

conhecimento (ferramentas cognitivas). Nesse caso a

questão determinante não é a tecnologia em si mesma,

mas a forma de encarar essa mesma tecnologia, usando-

a, sobretudo, como estratégia cognitiva de aprendizagem.

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No computador podem ser feitas simulações de alto nível de

complexidade e realismo, fazendo com que o aluno se interesse pela atividade

desenvolvida. A utilização de jogos pedagógicos é divertida, mesmo quando

está em foco a promoção da aprendizagem. Espera-se, dessa forma, que o

aluno aprenda com mais facilidade os conceitos, as habilidades ou os

conhecimentos incorporados ao jogo.

No uso do computador já está embutido o desenvolvimento cognitivo.

Na utilização de um editor de texto, por exemplo, a criança não precisa se

preocupar com caligrafia ou rasuras, podendo priorizar o texto em si, tornando-

o mais interessante e coerente.

Na visão de Fischer (1997, p. 39):

A criança tem o computador como um grande aliado no

processo de construção do conhecimento porque quando

digitam suas idéias, ou o que lhes é ditado, não sofrem

frente aos erros que cometem. Como o programa destaca

as palavras erradas, elas podem autocorrigir-se

continuamente, aprendendo a controlar suas

impulsividades e vibrando em cada palavra digitada sem

erro. Neste contexto, podemos perceber que o errar não é

um problema, que não acarreta a vergonha nem a

punição, pelo contrário, serve para refletir e para

encontrar a direção lógica da solução.

É preciso contar com o suporte pedagógico de um corpo docente

consciente de seus potenciais, aptos a vencerem os desafios do cotidiano da

sala de aula. Os professores devem se interessar em estarem em processo

constante de atualização, sempre criativos e flexíveis no ensinar, de forma

responsável e madura.

O reconhecimento de uma sociedade tecnológica deve ser

acompanhada da conscientização de incluir nos currículos escolares as

habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. No contexto

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de uma sociedade do conhecimento, a educação urge uma abordagem

diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado.

Entendemos, portanto, ser indispensável compreender os fatores que

dificultam a aprendizagem em informática, buscando facilitar a apropriação da

tecnologia e utilizá-la para promover o bem-estar de alunos e professores no

ambiente escolar, uma vez que ela está e estará sempre presente na vida de

todos os indivíduos.

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CAPÍTULO III

A ALFABETIZAÇÃO DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

VISUAL ATRAVÉS DA INFORMÁTICA EDUCATIVA

O aluno portador de deficiência visual possui as mesmas condições de

aprendizagem de um aluno sem deficiência. Porém, são necessários

adaptações e recursos específicos para melhorar e garantir seu processo de

ensino-aprendizagem.

Em um ambiente educacional, o deficiente visual depende, quase

sempre, da boa vontade de outros e de muito esforço próprio; o desestímulo,

por falta de auxílio, acaba causando a evasão escolar. A aplicação de

softwares que utilizam magnificadores de tela ou ampliadores dos caracteres

na tela do computador, para os que possuem perda parcial da visão, e recursos

de áudio, teclado e impressora em Braile para aqueles que possuem perda

total da visão; esses recursos proporcionam independência necessária à sua

qualidade de vida e consequentemente, o aumento da sua auto-estima.

Na criação de recursos para os portadores de deficiência visual, o

professor acaba beneficiando todos os alunos, recorrendo a materiais

concretos que facilitam a compreensão dos conceitos.

Silva (2005, p. 43-44) diz que na educação de deficientes visuais, os

recursos didáticos podem ser obtidos por uma das três seguintes formas:

Seleção – dentre os recursos utilizados pelos alunos de

visão normal, muitos podem ser aproveitados para os

alunos cegos tais como se apresentam. É o caso dos

sólidos geométricos, de alguns jogos e outros.

Adaptação – há materiais que, mediante certas

alterações, prestam-se para o ensino de alunos cegos e

de visão subnormal. Neste caso estão os instrumentos de

medir, como o metro, a balança, os mapas de encaixe, os

jogos e outros.

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Confecção – a elaboração de materiais simples, tanto

quanto possível, deve ser feita com a participação do

próprio aluno. É importante ressaltar que materiais de

baixo custo ou de fácil obtenção podem ser

frequentemente empregados, como: palitos de fósforos,

contas, chapinhas, barbantes, cartolinas, botões e outros.

O professor não precisa fazer modificações em sua aula por causa da

presença de um portador de deficiência visual, mas sim trabalhar com materiais

concretos, ajudando a assimilar os conteúdos a serem trabalhados.

Em nenhuma outra forma de educação os recursos assumem tamanha

importância como na educação de alunos portadores de deficiência visual. Eles

auxiliam numa aprendizagem mais eficiente, porque facilitam e incentivam o

processo educativo.

Segundo Yamamoto (1995, p. 78):

Barraga em seus estudos acerca da utilização funcional

da visão subnormal em meados da década de 1960,

comprova que a capacidade de ver não é inata, mas

depende de habilidades aprendidas durante cada estágio

do desenvolvimento e no tratamento das deficiências; a

deficiência visual não está diretamente relacionada à

acuidade visual, pois o uso e a estimulação da visão

residual pode levar a uma melhor utilização da mesma.

Como diz Valente (1991, p.72), “o computador tem sido usado como

um importante aliado do professor no processo de individualização do ensino

especial”.

No Brasil, por volta da década de 1970, aconteceram os primeiros

contatos dos deficientes visuais com o computador, na criação de um curso em

São Paulo direcionado para formação de programadores cegos. Para minimizar

o problema, impressoras foram desenvolvidas, fornecendo listagens em Braille

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e equipamentos de voz, facilitando o uso do computador pelos deficientes

visuais. Contudo, a falta de possibilidade em conseguir equipamentos mais

sofisticados, acabou fazendo com que o deficiente visual continuasse sem

acesso aos computadores.

Nessa mesma época, desenvolveram programas de exercício-e-

prática, para facilitar o ensino da Matemática. Estes softwares foram criados

por Patrick Suppese utilizados com alunos com deficiência auditiva da

Califórnia School for theDeaf inBerkeley em 1970, e da Florida School for

theDeaf em 1971. A partir de então, diversos programas foram desenvolvidos

para os mais variados assuntos e adaptados para os diferentes tipos de

deficiências (VALENTE, 1991).

Muitos dos recursos desenvolvidos para facilitar a aprendizagem dos

deficientes visuais sofreram evoluções ou adaptações de itens existentes em

outras áreas, como escâner, que conectado a um software de reconhecimento

ótico de caracteres e a um sintetizador de voz, transformou-se em uma

máquina de leitura de livros em voz.

O computador, junto a uma prática pedagógica compromissada com a

formação de cidadãos, é uma ferramenta significativa para o processo de

ensino-aprendizagem, contribuindo para proporcionar o desenvolvimento dos

portadores de deficiência visual. Este recurso, no entanto, é mediador do

processo que deve ter o professor como meio entre outros que favorecerão

esse desenvolvimento.

Para a pessoa com deficiência visual, a importância dos ambientes

digitais é inquestionável. Conforme Campbell (2001, p. 107), diz: "desde a

invenção do Código Braille em 1829, nada teve tanto impacto nos programas

de educação, reabilitação e emprego quanto o recente desenvolvimento da

Informática para os cegos".

Yamamoto (1995, p. 79) afirma:

O planejamento educacional do treinamento da visão

residual deve ser norteado em atividades que envolvam:

* desenvolvimento do controle dos movimentos dos olhos;

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* refinamento da agudeza da acuidade visual para a

percepção visual.

Considerando os propósitos educacionais, crianças

legalmente “cegas”, devem passar por uma investigação

educacional para a constatação ou não de algum resíduo

visual aproveitável em tarefas escolares para assim,

respeitar e aproveitar o seu potencial visual.

3.1 INSTRUMENTOS QUE PODEM SER UTILIZADOS PARA A

ALFABETIZAÇÃO DOS DEFICIENTES VISUAIS

O acesso aos computadores pelos deficientes visuais é necessário e

de extrema importância, pois a máquina pode ser utilizada para auxiliá-lo em

sua formação, seja educacional ou profissional, com também na sua inclusão

social e digital.

Com a utilização de computadores que têm software e sintetizadores

de voz, por exemplo, o deficiente visual passa a ter a possibilidade de utilizá-

los, já que a informação contida é fornecida na forma de áudio.

Os recursos de informática são percebidos, na Educação Especial,

como facilitadores de uma infinidade de atividades, como leitura, escrita,

armazenamento de dados, acesso a informações, dentre outras.

Atualmente o DosVox é utilizado por ser relativamente fácil de

aprender, é gratuito e de processamento rápido. É um sistema operacional

para microcomputadores da linha PC que fazem comunicação com seu usuário

através da síntese de voz, desenvolvido desde 1993 pelo Núcleo de

Computação Eletrônica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de

Janeiro),incluindo edição de textos e também navegação na internet e

utilitários, com várias opções aos seus usuários (BORGES, 2010).

Foi lançado a partir do trabalho de um aluno com deficiência

visual,Marcelo Pimentel, hoje programador do NCE da UFRJ, onde trabalha

sob a orientação do Professor José Antônio Borges, com atualização freqüente.

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Este software se comunica com o usuário por síntese de voz,

oferecendo um pacote com mais de 70 aplicativos "falados", isto é, o Dosvox

estabelece um diálogo com seu usuário através de aplicativos próprios. A maior

parte dos diálogos é feito por uma voz humana gravada, resultando em baixo

índice de estresse para quem o utiliza,até mesmo em situações de uso

prolongado.Sua utilização é simples, já que uma das preocupações dos

desenvolvedores foi reduzir qualquer comprometimento técnico por parte dos

usuários, dispensando conhecimentos prévios e estabelecendo uma “conversa”

com o operador.A síntese de voz do programa foi reconhecida como sendo o

primeiro compilador de voz para o idioma criado e efetivamente usado em

nosso país (BORGES, 2010).

Além de editor de texto, acesso à internet, jogos e uma lista de

utilitários falados,dentre seus aplicativos destaca-se o LentePro, funcionando

como uma lupa eletrônica no auxílio às pessoas com visão subnormal, e ao

Monitvox, que funciona como um leitor de telas simplificado.

Um outro recurso do computador para ajudar os portadores de

deficiência é o Assistente Acessibilidade do Windows, específico e adequado

ao sistema operacional, conforme a deficiência. Para os deficientes visuais, a

ampliação ocorre, ampliando-se os ícones, o cursor, o tamanho da fonte e a

espessura do mouse. Funciona como um ampliador, possibilitando o aumento

dos caracteres na leitura, dando ao deficiente visual melhor visualização

durante a leitura.

O Virtual Vision é o único leitor de telas totalmente brasileiro,

desenvolvido em 1998, a pedido dos deficientes visuais, feito à MicroPower,

logo após o lançamento do DeltaTalk, primeiro sintetizador de voz da língua

portuguesa (GARBIN; DAINESE; KIRNER, 2010).

Na mesma época, um deficiente visual enviou uma carta ao Banco

Bradesco, como correntista do banco, sentindo-se impossibilitado de acessar o

banco em casa pela Internet. Esta carta sensibilizou a diretoria do Bradesco,

que fez contato com a MicroPower, solicitando que fizessem adaptações no

programa. Dessa forma, o Virtual Vision sofreu alterações, melhorando seu

acesso pela Internet, surgindo uma parceria entre a MicroPower e o Banco

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Bradesco (MARINHO & SAMBATTI, 2004).“Um leitor de tela é um programa

que, interagindo com o Sistema Operacional do Computador, captura toda e

qualquer informação apresentada na forma de texto e a transforma em uma

resposta falada utilizando um sintetizador de voz.” (FUNDAÇÃO BRADESCO,

2006, p.01).

O sistema possui pré-configurações com muitas informações verbais,

permitindo que o usuário faça alterações na medida em que se familiarize com

o Windows. O tom e a velocidade da voz podem ser alterados, sendo possível

adicionar palavras ao dicionário fonético. (GARBIN; DAINESE; KIRNER, 2010).

É bom lembrar que tanto os programas com ampliadores de telas como

os que possuem sintetizadores de voz são recursos que visam facilitar o

acesso dos deficientes visuais ao computador, proporcionando independência

e autonomia, motivando-os e permitindo que sejam incluídos nos ambientes

digitais, no mercado de trabalho e na escola; o computador com recursos

específicos aos deficientes visuais “é uma ferramenta com um grande

potencial, que deve ser profundamente explorado para oferecer o máximo”

(FREIRE& VALENTE, 2001, p.39).

3.1.1 Dispositivos geradores de informação visual ampliada

São dispositivos que geram a informação que possa ser compreendida

pela percepção visual residual dos usuários deficientes visuais através de

ampliações (CARVALHO, 2001). São eles:

Lentes – São lentes ou sistemas de lentes utilizados para ampliar

textos, imagens, ou objetos:

* Lentes esféricas que diminuem as aberrações das lentes de graus

mais elevados, utilizadas na visão de perto e de longe.

* Lupas manuais e réguas plano-convexas que são compostas por

lentes convergentes de diversos formatos e capacidades de aumento. Quanto

mais perto do olho a lupa estiver, maior é o campo visual e vice-versa.

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* Lupas de mesa com iluminação que são lentes convexas montadas

em um suporte que fixa a distância entre a lente e a folha, ou o objeto a ser

visualizado.

3.1.2 Dispositivos geradores de informação auditiva

São dispositivos que geram informação que possa ser compreendida

pela percepção auditiva do deficiente visual (CARVALHO, 2001). São eles:

Braille falado – Aparelho eletrônico portátil que funciona como agenda

eletrônica, editor de textos e cronômetro. Os dados a serem armazenados, em

formato digital, são nele introduzidos via teclado Braille composto por sete

teclas, e posteriormente disponibilizados, em formato auditivo, através de seu

sintetizador de voz. Conectado a um computador, funciona como sintetizador

de voz, transmite e recebe arquivos. Acoplado a uma impressora comum ou

Braille, imprime textos armazenados.

Gravadores de fita cassete - De ampla utilização, constitui eficiente

recurso para armazenamento de informação para posterior recuperação

auditiva. Tem sido muito utilizado como reprodutor de livros, particularmente de

livros falados principalmente no ensino médio e superior. Atualmente é muito

comum, em países como os Estados Unidos da América, encontrar-se em

livrarias um acervo respeitável de livros falados de todas as áreas para serem

comercializados.

Sintetizadores de voz - Conectados a um computador, permitem a

leitura de informações exibidas em um monitor, previamente interpretadas por

um leitor de tela.São disponíveis no mercado no formato de placas de circuito

internas ao computador, ou em forma de dispositivos externos ao mesmo,

seriais ou paralelos.

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3.1.3 Dispositivos geradores de informação tátil

São dispositivos que geram informação que possa ser compreendida

pela percepção tátil do usuário deficiente visual (CARVALHO, 2001). São eles:

Impressoras Braille –As impressoras Braille seguem o mesmo

conceito das impressoras de impacto comuns e fazem interface com a maioria

dos computadores, via portas paralelas ou seriais. Elas são eficientes na

elaboração de relatórios, mas não são apropriadas para funcionar como

dispositivos de acesso independentes para operação de computadores. Estão

disponíveis para comercialização diferentes tipos de impressoras Braille, desde

as individuais, de pequeno porte, às de grande capacidade de produção, de

médio e grande porte, com velocidades muito variadas. Podem imprimir Braille,

além de desenhos, interpondo ou não,em seis ou oito pontos. Algumas se

utilizam de folhas de papel soltas, porém a maioria funciona com formulários

contínuos. Já existe no mercado uma impressora que imprime

simultaneamente caracteres Braille e comuns, em linhas paralelas, de modo a

facilitar a comunicação dos deficientes visuais com seus colegas de trabalho,

ou de estudo, não deficientes.

Máquinas de datilografia Braille - São equipamentos mecânicos de

princípio semelhante ao das máquinas de escrever comuns, porém, com o

objetivo de grafar caracteres em Braille em uma folha de papel. Oferecem uma

escrita mais rápida em relação às regletes, apresentadas a seguir, isto é,

enquanto as regletes grafam ponto a ponto os símbolos do sistema Braille, as

máquinas de datilografia Braille permitem a grafia de vários pontos de uma só

vez, ou seja, de símbolo em símbolo. O rendimento das máquinas de

datilografia Braille, em termos de velocidade, pode ultrapassar o da escrita

cursiva dos videntes.

Regletes– As regletes são os dispositivos mais utilizados para a escrita

no sistema Braille, devido ao seu baixo custo, facilidade de utilização e formato

portátil. Estes materiais têm a função de grafar, em alto relevo, em uma folha

de papel, os caracteres da escrita Braille. São compostos por:

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* Uma prancha de madeira retangular, medindo aproximadamente

31cm por19cm, que possui, na parte superior, um dispositivo para prender a

folha de papel (geralmente de sulfite 40kg) a ser grafada. Em ambos os lados

da prancheta, num sulco em sentido vertical, há sete orifícios, com espaços

determinados para encaixe da reglete.

* Uma régua dupla de metal (a reglete propriamente dita), unida à

esquerda por uma dobradiça, formando duas hastes. A haste superior possui

pequenos retângulos vazados denominados celas. Cada cela possui três

orifícios de cada lado e estão dispostas, lado a lado, em quatro linhas. A haste

inferior apresenta pequenas depressões correspondentes aos orifícios de cada

cela.

* Um punção, formado por uma pequena haste de metal com a ponta

arredondada, presa a um punho de plástico moldado anatomicamente paraum

perfeito ajuste à mão.

Terminais de acesso em Braille para computadores –Os terminais

de acesso em Braille foram criados para fornecerem uma janela móvel,

codificada em Braille, que pode ser deslocada sobre o texto na tela do

computador. O alfabeto Braille é composto de caracteres que possuem 6

pontos de código cada em formato matricial de duas colunas por três linhas. O

terminal de acesso em Braille consiste de uma linha formada por vinte a oitenta

células Braille (cada célula representando um dos caracteres), com

6solenóides por célula (cada solenóide representando um ponto de código). Ao

se pressionar uma tecla do teclado comum do computador, ou na atualização

da tela do seu vídeo, ativa-se os solenóides do terminal de acesso Braille. O

sistema pode ser programado para distinguir grifos, selecionar atributos do

vídeo e mostrar aposição do cursor na tela, em terminais mais avançados

compostos por mais uma linha de dois pontos de código em cada célula que

passam a fornecer tais referências. Os terminais de acesso em braille,

geralmente são encaixados a um teclado comum de computador, podendo ser

manipulados como se fossem uma linha a mais de teclas na parte superior, ou

inferior do teclado.

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Copiadoras em alto relevo – São equipamentos que, através de calor

e de vácuo, duplicam materiais impressos, produzindo cópias em relevo, em

películas de PVC.

3.1.4 Dispositivos geradores de informação olfativa

Foi divulgado na literatura um dispositivo que disponibiliza

determinados aromas (caixa de interface aromática), relativos a objetos que

são apresentados simultaneamente pelo computador. Contudo, nada foi

apresentado ao mercado, ou na literatura sobre o assunto que possa ser

classificado (CARVALHO, 2001).

3.1.5 Dispositivos geradores de informação gustativa

De acordo com Eisenberg (apud CARVALHO, 2001, p. 50):

A empresa americana Trisenx desenvolveu uma máquina

que oferece aos usuários uma amostra do gosto de

alimentos. As informações são descarregadas de sites e

enviadas ao Senx, periférico que reproduz sabores. O

aparelho funciona com substâncias químicas especiais

que são acrescentadas a pastilhas comestíveis servidas

ao usuário. O sistema Trisenx não tem como reproduzir o

sabor de patê de “foiegras”, mas os sabores de cerejas

cobertas de chocolate, bolinhos de cravo, pipoca na

manteiga e morango já estão disponíveis (...).

Porém, esta categoria permanece vazia. Nada de prático ou viável é

apresentado no mercado, ou na literatura que possa ser classificado

(CARVALHO, 2001).

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É impossível apontar para um determinado recurso ao computador

voltado para o portador de deficiência visual como sendo o melhor ou mais

viável. É preciso, antes de mais nada, verificar as peculiaridades do usuário e a

do ambiente onde irá atuar (hardware, software, tipo de aplicação, social e

físico), para que se possa optar pelo mais adequado. É necessário levar em

consideração a opinião do próprio deficiente visual.

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CONCLUSÃO

Podemos salientar que o computador, aliado a uma prática pedagógica

comprometida com a formação de cidadãos, é uma poderosa ferramenta para

o processo ensino-aprendizagem, contribuindo fortemente para propiciar o

desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo das PNEEs. Contudo este recurso é

apenas um mediador do processo que deve estar associado a outro mediador

como, por exemplo, ao professor, aos sistemas simbólicos, entre outros que

favorecerão esse desenvolvimento.

É importante destacar que a educação é uma das formas de

participação popular que permite ao aluno especial sua integração ao contexto

do qual faz parte, possibilitando-lhe seu crescimento pessoal e educativo.

A cidadania é reforçada com a afirmação de direitos para todos e

com a consolidação de práticas sociais mais dignas. Referindo-se ao portador

de deficiência, essa educação incentiva a auto-estima e a construção de uma

personalidade livre de estereótipos. Quando o convívio entre portadores e não-

portadores de deficiência acontece desde a infância, ambos ficam preparados

para a vida adulta em uma sociedade diversificada.

Para que o aprendizado seja completo e significativo é importante

possibilitar a coleta de informação por meio dos sentidos remanescentes. A

audição, o tato, o paladar e o olfato são importantes canais ou porta de entrada

de dados e informações que serão levados ao cérebro. Lembramos que se

torna necessário criar um ambiente que privilegia a convivência e a interação

com diversos meios de acesso à leitura, à escrita e aos conteúdos escolares

em geral.

Podemos dizer que as vantagens que a Informática nos propicia são

inúmeras,desde que bem utilizadas. Todo o dia novos softwares e

equipamentos são desenvolvidos nas mais diversas áreas, incluindo a

educação. E há um segmento destaque tem sido muito beneficiado com isso –

a Educação Especial, que está se valendo deste recurso tecnológico de duas

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formas: como prótese no sentido de adequar ou adaptar equipamentos para

que esta população também faça uso deles, e como meio de aprendizagem.

Não é o grau de deficiência visual que interfere no desempenho do

sujeito, mas as condições adequadas para a consecução da tarefa proposta.

Ainda são necessários investimentos para que as instituições de ensino

ofereçam condições para que o deficiente visual possa estudar e ter acesso ao

conteúdo oferecido por elas. Neste sentido, devem ser fornecidos recursos e

materiais didáticos adequados para a sua utilização como, por exemplo,

computadores com softwares leitores de telas e livros em Braille.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A Alfabetização dos Portadores de Deficiência

Visual através da Informática Educativa

Autor: Ana Cristina Cardoso Erthal Samary

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: