documento final do xi capítulo geral

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PARA ONDE VAMOS? Animados pela luz do Senhor ressuscitado e com a for- ça transformadora do Espírito Santo, nós irmãos capitulares, nos reunimos em Maguzzano para celebrar o XI Capítulo Geral da Congregação. O Capítulo foi um kairós, um tempo de graça em cujo interior buscamos entender “onde estamos” como Pobres Ser- vos da Divina Providência e “para onde o Senhor nos convida a ir”. Neste tempo especial do nos- so caminho, nos sentimos acompanha- dos e apoiados pela oração de muitos irmãos e irmãs da Família Calabriana. Na comunhão dos santos percebemos a presença de todos os irmãos e irmãs que nos precederam na casa do Pai, de maneira especial de São João Calá- bria, nosso pai fundador. Eles são para nós convite a permanecer fiéis no ca- minho (cf. Lc 24,13-35). Nos trabalhos do Capítulo, le- vamos em consideração as reflexões e as contribuições de todos os irmãos e o convite constante que o Espírito de Deus fazia ecoar nos nossos corações, isto é, de viver “conforme o estilo de vida apostólica”. Os sinais dos nossos tem- pos marcaram a nossa vida e missão Testemunhas em Toda a Terra Documento Final do XI Capítulo Geral Maguzzano/Itália – 04 a 18 de maio de 2014 1

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Page 1: Documento final do XI Capítulo Geral

PARA ONDE VAMOS?

Animados pela luz do Senhor ressuscitado e com a for-ça transformadora do Espírito Santo, nós irmãos capitulares, nos reunimos em Maguzzano para celebrar o XI Capítulo Geral da Congregação. O Capítulo foi um kairós, um tempo de graça em cujo interior buscamos entender “onde estamos” como Pobres Ser-vos da Divina Providência e “para onde o Senhor nos convida a ir”.

Neste tempo especial do nos-so caminho, nos sentimos acompanha-dos e apoiados pela oração de muitos irmãos e irmãs da Família Calabriana. Na comunhão dos santos percebemos a presença de todos os irmãos e irmãs que nos precederam na casa do Pai, de maneira especial de São João Calá-bria, nosso pai fundador. Eles são para nós convite a permanecer fiéis no ca-minho (cf. Lc 24,13-35).

Nos trabalhos do Capítulo, le-vamos em consideração as reflexões e as contribuições de todos os irmãos e o convite constante que o Espírito de Deus fazia ecoar nos nossos corações, isto é, de viver “conforme o estilo de vida apostólica”. Os sinais dos nossos tem-pos marcaram a nossa vida e missão

Testemunhas em Toda a Terra

Documento Final do XI Capítulo GeralMaguzzano/Itália – 04 a 18 de maio de 2014

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e se tornaram um convite a acolher o “novo”, que o Espírito faz germinar na história. O “novo”, como grande apelo de Deus Pai Providente, para cada um de nós. “Levanta-te e vai... nas estradas desertas” (At 8,26) é para nós, discípulos missionários Pobres Servos, um forte apelo a renovarmos radicalmente a vida pessoal, comu-nitária e de Congregação, anunciando, de maneira transbordante de alegria e gratidão, o dom do encontro com JESUS CRISTO. Esse encontro com Ele nos oferece a certeza de que somos filhos de um Pai Providente e misercordioso.

Neste contexto, sentimo-nos interpelados a propor um programa que, na Congregação, desenvolva processos dinâmicos e criativos, de requalificação da nossa vida, fundada e radicada em Jesus Cristo, “Caminho, Verdade e Vida”. Neste sexênio, portanto, somos convidados a circular pelos caminhos:

• TESTEMUNHO DA RADICALIDADE EVANGÉLICA CALABRIANA

• PROFECIA E EVANGELIZAÇÃO

• FAMÍLIA CALABRIANA

Com “os olhos fixos em Jesus” (cf. Heb 12, 2) e ancorados na

força vivificante do carisma ca-labriano, acolhendo a riqueza da diversidade e inseridos no meio dos pobres, a quem o Senhor nos envia, com audá-cia e esperança, assumimos este projeto como semente da Boa Nova do Reino de Deus e expressão do nosso testemu-nho profético evangelizador.

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A vida religiosa, radicada em Jesus Cristo, é chamada a assumir o mistério dinâmico da Encarnação, à luz da Páscoa, para moldar um estilo de vida radicalmente evangélico e significativo. Enraizada e solidificada em Cristo ela se torna “evangelho vivo” e testemunho alegre para o mundo.

Jesus exige, antes de tudo, um radicalismo profundo, sem o qual a nossa vida fica estéril: “Permanecei em mim e eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, as-sim também vós se não permanecerdes em mim” (Jo 15,4). Permanecer n’Ele para receber a fecundidade do seu amor, que nos oferece a possibilidade de produzir frutos e, assim, nos tornarmos discípu-los irmãos missionários.

Como discípulo de Jesus, o Pobre Servo é convidado a permanecer com Ele: “vem e vê!” Con-vite a viver uma experiên-cia de fé vital e vitalizado-ra. Isto exige um perma-necer que se concretiza na atitude de escuta e

Testemunho da Radicalidade Evangélica Calabriana

“Enraizados e alicerçados no amor” (Ef 3,18).

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comunhão. A comunhão encontra o seu ponto mais profundo e decisivo quando o “permanecer com Ele” se torna um “permane-cer n’Ele” (cf. Jo 15,1-8).

A teologia paulina usa o verbo “edificar” para falar da necessidade de construir a nossa vida sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo como pedra angular Jesus Cristo: “Vós, pois, já não sois estrangeiros, nem adventícios, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus; edificados sobre o alicerce dos apósto-los e dos profetas, com Cristo Jesus, como pedra angular. Com ele todo edifício bem coeso cresce até ser templo consagrado ao Senhor; por ele vós entrais com os outros na construção, para serdes morada espiritual de Deus” (Ef 2,19-22).

Ser testemunhas da radicalidade

evangélica calabriana é um caminho di-nâmico, pessoal, fraternal vivenciado sob

a luz do Espírito Santo, o mestre da vida interior. A comunidade joanina traduz esta dinâmica vital usando a imagem da videira e dos ramos; a comunidade paulina usa a imagem da construção do edifício. “Permanecer em Cristo” para produzir frutos e “edifi-car”, tendo Cristo como “pedra angular” significa “termos em nós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).

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CONTEXTO

A razão de ser da vida consagrada calabriana é o segui-mento radical de Jesus Cristo. A nossa regra fundamental é uma relação vital para com “a pessoa do Verbo de Deus, feito um de nós em Jesus Cristo”. Seguir a Ele no amor incondicional faz de nós memó-ria viva do seu estilo de vida e missão, tornando-nos sinais credí-veis da paternidade de Deus.

Na Congregação estamos fazendo a experiência de carre-gar este tesouro em vasos de argila (cf. 2Cor 4,7).

Abandonados à misericórdia do Pai que pode fazer novas

todas as coisas, temos que reconhecer:

- a dificuldade por parte de alguns em viver a nossa pri-meira atividade: a oração;

- a tentação da superficialidade espiritual; - uma escuta distraída da Palavra de Deus; - um estilo de vida que expressa certa anemia espiritual; - uma fidelidade vazia de paixão e de entusiasmo pelo

Senhor; - desencanto no seguimento de Jesus Cristo; - uma vida em contradição com a radicalidade evangéli-

ca calabriana.

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Cientes destas fadigas e fragilida-des, achamos urgente fortalecer em nós a centralidade em Jesus Cristo, para uma vida evangélica profunda e radicalmente calabriana.

Tudo inicia por um olhar que

atinge o coração e nos prende “por den-tro”. Os grandes amores e as relações profundas que verdadeiramente mudam a vida e oferecem um sentido novo e fecundo, nascem da capacidade de aco-lher o olhar do Amor e sintonizar a vida, a vida toda, nesta relação.

Objetivos

1. RADICALIDADE CALABRIANA

O Pobre Servo avalie e encontre oportunidades para es-timular a sua paixão pela pessoa de Jesus Cristo. Procure viver com maior intensidade sua identidade calabriana na descober-ta do fundador, do seu pensamento, do seu estilo de vida e da sua mensagem profética para o mundo atual. Busque dar alegre testemunho dele, particularmente com a pobreza pessoal, com o abandono, o desapego radical e a aceitação da lei do trabalho (Constituições, 97).

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Meios

a) Retiros espirituais calabrianos; b) Orientação espiritual; c) Escolhas concretas de pobreza pessoal e comunitária

(cf. Constituições, 52a e relativo Diretório); d) Leitura Orante da Palavra: pessoal quotidiana e comu-

nitária semanal; e) Escritos do fundador, cartas e documentos oferecidos

pela Congregação; f) Comunhão com os irmãos, com o Delegado e com o

Casante.

2. VIDA COMUNITÁRIA

Reconhecemos a vida comunitária como elemento es-sencial da nossa identidade de religiosos Pobres Servos, que tem como fonte a relação filial com Deus Pai. Ela deve ser assumida como lugar onde se descobre e se vive a relação fraterna e a ami-zade; procure-se crescer na vida humana e espiritual e viver uma caridade aberta e missionária, que nos torna discípulos irmãos missionários.

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Meios

a) Número de religiosos componentes das comunidades (mínimo três);

b) Interculturalidade dos membros, quando possível; c) Projeto de vida comunitário e pessoal e sua respectiva

avaliação; d) Presença de situações de pobreza que sejam assumidas

comunitariamente; e) Partilha e avaliação periódica do uso dos recursos eco-

nômicos (balancete) da comunidade; f) Formação dos superiores de comunidade; g) Diálogo e correção fraterna.

3. FORMAÇÃO

A nossa formação para a consa-gração, em seus vários níveis (inicial, permanente), seja uma formação inte-gral. Com o objetivo de desenvolver homens maduros, capazes de viver realmente como consagrados. Per-cebendo-se intimamente filhos de Deus Pai, vivam uma profunda frater-nidade comunitária, e a necessidade profunda de abrir-se, com estilo ra-dicalmente calabriano, ao serviço dos mais pobres.

Meios

a) Ratio Formationis da Congregação; b) Plano de formação das Delegações; c) Um referencial geral para a formação; d) A comissão central para a formação seja composta por

Irmãos, Sacerdotes, Irmãs e Leigos;

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e) Período de formação intensiva sobre a es-piritualidade calabriana para os candidatos aos votos trienais;

f) Período sabático calabriano (um a cada ano); g) Período sabático de um mês, nas delegações; h) Cursos de especialização e doutorado; i) Cuidado na escolha dos religiosos formadores; j) Formação dos ecônomos.

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4. ESPÍRITO DE FAMÍLIA

Para ser reconhecida como calabriana cada realidade da Congregação deve viver e desenvolver um autêntico “espírito de fa-mília”, que favorece: comunhão, corresponsabilidade, colegialida-de, partilha e participação através da comunicação em todos os níveis.

Meios

a) Conselho dos delegados e ecônomos; b) Envolvimento da Família Calabriana, na Delegação,

no caso de abertura ou fechamento de casas ou ativi-dades;

c) Estatuto das Delegações; d) Instrumentos apropriados para fornecer, em tempo

real, informações e partilhas; e) Colaboração entre as Delegações; f) Colaboração com a Casa Mãe (pessoas e recursos eco-

nômicos); g) Atenção especial para com os irmãos doentes ou em

dificuldades.

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A certeza de que “o mundo inteiro é de Deus” alimentava em São João Calábria a paixão pelo anúncio do Evangelho. Anima-dos pela mesma paixão, somos enviados aos diferentes lugares do mundo, dando preferência às fronteiras, ao deserto e às periferias para anunciar com alegria a boa nova da paternidade de Deus.

A nossa grande missão é evangelizar, “anunciar a nossos irmãos e irmãs que Deus nos ama e que sua existência não é ameaça para o homem, que Ele está perto com o poder salvador e libertador de seu Rei-no, que Ele acompanha na tribulação, que alenta incessantemente nossa

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Profecia e Evangelização“Ai de mim se não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16).

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esperança em meio a todas as provas” (DA. 30)1. Como Pobres Servos somos chamados e enviados a testemunhar, com alegria fraterna, a boa nova, recusando a dinâmica dos profetas da desventura.

Evangelizar é construir pontes e não muros, afirma Papa Francisco, procurando se aproximar do coração das pessoas para traduzir em gestos a cultura do encontro e do diálogo. Evangeli-zar é gerar atitudes novas, acolhedoras e que possam dar às pes-soas a oportunidade de viver um encontro pessoal e transparente com Jesus Cristo. O ícone bíblico do encontro de Jesus com a mulher de Samaria nos revela o desafio e a beleza da missão evan-gelizadora. A samaritana é a imagem da humanidade que, com as ânforas vazias e habitada por uma sede profunda está buscando a água viva. Para esta humanidade é que somos enviados para lhe possibilitar a presença do amor de Deus providente. É o encontro com Jesus que transforma a vida da samaritana, que, cheia de ale-gria e audácia, se torna anunciadora do Evangelho (cf. Jo 4,5-42).

1 DOCUMENTO DE APARECIDA. Paulus, São Paulo, 2ª edição , 2007.

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CONTEXTO

Na missão evangelizadora todos nós experimentamos o peso de nossa fragilidade, limites e contradições. Abandonados em Deus e na sua Providência, tentamos testemunhar o Reino através da nossa vida e das nossas obras a serviço dos pobres. O nosso estilo de evangelização promove a dignidade das pessoas marginalizadas e nos compromete a continuar o caminho de fide-lidade a Deus e de atenção carinhosa à pessoa. Tais sinais de vida e de testemunho fazem nascer em nossos corações o louvor a Deus pelo bem realizado.

Enquanto, de um lado louvamos a Deus pelas “obras bo-

nitas” que traduzem a mensagem da sua paternidade, temos que reconhecer:

• A tentação por parte de alguns de fossilizar-se em ati-vidades pastorais que não respondem mais aos tempos atuais, sem buscar, com paixão, novas formas de evan-gelização;

• certo enfraquecimento na vida espiritual e no entu-siasmo pastoral;

• fragilidade, por parte de alguns, dos vínculos para com o nosso carisma;

• desejo de trabalhar para os pobres, mas pouca disponibilidade para “estar com os pobres”;

• número insuficiente de religiosos nas nos-sas comunidades;

• pouca abertura aos fi-éis leigos e pouca com-preensão da sua missão na Igreja.

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Reconhecemos que para uma “nova evangelização” preci-samos retornar ao Evangelho e a um estilo de vida mais simples, austero e solidário, centrado em Jesus Cristo, concentrado nos valo-res do Reino e descentrado de nós mesmos; um estilo de vida fiel à caridade, que traduza a nossa “paixão por Deus e pela humanidade”.

Reconhecemo-nos como família religiosa formada por pobres e pecadores, necessitados da misericórdia de Deus, con-gregada, reconciliada, unida e animada pela força do Cristo res-suscitado e pela graça do Espírito Santo.

Objetivos

1. CONFIANÇA E ABANDONO NA DIVINA PROVIDÊNCIA

Como Pobres Servos somos cha-mados a crescer na compreensão e no testemunho do abandono à Divina Provi-dência nos tempos atuais. Ela não consiste tanto numa fórmula a ser aplicada, mas, sobretudo, num estilo de vida, claramente expresso nas Constituições, 8: “sem angús-tias nas dificuldades, sem anseios, sem cálculos humanos, sem preocupações”. Isto nos impele a buscar unicamente o Reino de Deus e a sua justiça, abandonando-nos ao Pai em tudo o que diz respeito à nossa vida.

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Meios

a) O Evangelho, as Consti-tuições e o Casante;

b) As pessoas como primeiro dom à comunidade;

c) Colegialidade e transparência na gestão;

d) Os benfeitores; e) Diálogo com a realidade local; f) Providência local; g) Contribuições dos beneficiados.

2. AS PERIFERIAS ONDE SOMOS CHAMADOS As periferias às quais somos enviados são as pessoas não

amadas, esquecidas ou marginalizadas, das quais ninguém cuida, em qualquer lugar em que elas estejam e ao encontro das quais temos que ir com criatividade profética a fim de sermos testemu-nhas da paternidade de Deus.

Meios

a) Particular atenção para as novas pobrezas e para a pro-teção dos direitos dos mais pobres, olhando para os contextos e atuando em rede (cf. Constituições, 29);

b) Preferir estruturas onde seja necessária uma condu-ção mais simples;

c) Diálogo personalizado, acolhedor e em sintonia com os mais pobres;

d) Sensibilidade aos temas ecológicos e do cuidado e de-fesa da Criação.

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3. PROJETO PASTORAL DAS NOSSAS ATIVIDADES

Nossas atividades são espaços e meios de evangelização. Devem ter um projeto pastoral com uma metodologia em rede e com uma opção prefe-rencial pelas famílias e pelos jovens.

Meiosa) Projeto pastoral anual partilhado em cada ativida-

de, que leve em consideração a diversidade cultural e religiosa;

b) Grupo de coordenação da pastoral em cada ativi-dade;

c) Pastoral da juventude calabriana;d) Pastoral familiar;e) Documento: “Perfil das paróquias calabrianas”.

4. METODOLOGIA DA GESTÃO

Colocar em prática uma metodologia de ges-tão colegiada, inspirada no espírito da Obra, onde es-tejam contemplados os Conselhos de Administração/Direção com a participação de religiosos e leigos. Promover uma efetiva solidarieda-de entre as casas e, igualmente, uma gestão mais leve e participativa.

Meiosa) Incremento em todas as atividades do princípio da gestão co-

legiada (cf. Documento: “Providência e gestão das obras” - 8 de dezembro de 2005);

b) Colocar em prática o método do planejamento e avalição;c) Trabalho em rede com reciprocidade e participação;d) Separar a gestão econômica da atividade da gestão da comuni-

dade religiosa;e) Cultivo da relação pessoal calabriana com os benfeitores;f) Trabalhar competências e humanização;g) Momentos de formação sobre gestão colegiada e partilhada.

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A Obra é uma família! No coração e na reflexão de São João Calábria, a realidade da Obra como família tem um único ponto de partida: DEUS PAI. Esta é a grande intuição experien-cial que se traduz em vida e relações novas, conforme a dinâmica do espírito de família. Da fonte da paternidade de Deus jorra a filiação e a fraternidade, a Família Calabriana. A nossa identi-dade fundamental nasce da acolhida filial e fraterna do amor de Deus, revelado por Jesus como Pai bondoso, providente e misericordioso.

Contemplar o rosto de Deus Pai nos ajuda a descobrir a beleza da nossa vida filial e nos compromete a construir a fraterni-dade. Já virou um refrão entre nós: “Deus é nosso Pai, por isso somos todos irmãos e irmãs”. A fraternidade sincera, evangélica e alegre é

Família Calabriana

“Somos todos filhos de um mesmo Pai, somos uma única família; a família de Deus” (S. João Calábria).

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o rosto de Deus que a nossa família é chamada a pintar, para que o mundo creia em Jesus e no amor de Deus Pai. É Jesus Cristo que nos revela o rosto do Pai. A relação com Jesus nos introduz na acolhida desta paternidade na nossa vida. Tornamo-nos Família Calabriana à medida que nos abrimos e acolhemos o amor do Filho, e aprendemos dele a viver a nossa relação com o Pai e com os irmãos e irmãs.

A família calabriana, formada por irmãos, irmãs e leigos, tem uma missão decisiva no mundo atual, que vive mergulhado no consumismo, no individualismo e é constantemente ameaçado por um estilo de vida triste e sem esperança. Sermos uma luz de esperança para a humanidade, um “farol na noite do mundo”, um “místico trem” que conduz todas as pessoas ao verdadeiro fim, signi-fica encarnar o amor do Pai, vivendo o espírito de família, através de uma fé prática. Quando “somos uma só famìlia atenta aos acenos do Senhor” a nossa vivência se torna um lindo testemunho da paterni-dade de Deus, “para que o mundo creia” (Jo 17,21).

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CONTEXTO

Somos uma família chamada a vi-ver e promover a unidade que brota da co-

munhão com o Pai, no Filho, pelo Espírito Santo. É da fonte da paternidade de Deus que

nasce a possibilidade de sermos Família Cala-briana. O movimento carinhoso de Deus para com

cada um de nós é um convite a reconhecer-nos filhos diferentes e vivermos como irmãos. Da resposta a tal dom do

Senhor brota e se aprofunda a identidade da Família Calabriana. Viver como família nos tempos atuais é um grande desafio e ao mesmo tempo uma grande profecia e instrumento prático para anunciarmos o Evangelho.

A Família Calabriana é uma bênção para nós e testemu-nho eficaz do carisma no mundo. A nossa confiança e abandono em Deus Pai-Mãe e a fraternidade consoladora e solidária são o sal e a luz que, como família calabriana, oferecemos às realidades onde vivemos a nossa vida e a nossa missão. Sermos sal e luz signi-fica sermos “evangelhos vivos”.

Somos uma família chamada a viver a dinâmica do crescimento. Precisamos buscar “novas formas”, que traduzam o nosso desejo de maior comunhão e acolhida. É necessário continuarmos a percorrer o caminho das relações mais profun-das entre irmãos, irmãs e leigos. Percebemos a necessidade de crescer na comunicação entre os vários membros da Obra, de maneira que se desenvolva a nossa IDENTIDADE de Família Calabriana.

Reconhecemos com alegria que temos uma história lin-da, de família, a ser contada e partilhada com o mundo. Reno-vamos o nosso compromisso para continuarmos a construir uma história de testemunho e profecia, inclusive no âmbito eclesial onde estamos inseridos e chamados a produzir frutos de evangé-lica vitalidade.

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Objetivos

1. A FAMÍILIA CALABRIANA

A partir da realidade de Família Calabria-na como partilha de um único e precioso carisma comum, busque-se favorecer o crescimento do sen-tido de identidade e pertença dos vários membros da própria Obra.

Seja estimulado o desenvolvimento, me-diante caminhos e atividades específicos comuns, de tudo o que promova o sentido de Família Cala-briana.

Meios

a) Conselho da “Família Calabriana” em cada Delegação; b) Instrumentos que favoreçam o intercâmbio de infor-

mações no âmbito da “Família Calabriana”; c) Traduções adequadas e consequente difusão dos escri-

tos e documentos produzidos pela Obra d) Linhas identitárias do Leigo Calabriano; e) “Vademecum” do Casante que apresente e reconheça

os grupos pertencentes à “Família Calabriana” f) Um dia para a memória dos defuntos da “Família Ca-

labriana” (cf. Diretório, 86d).

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2. IRMÃS

Dê-se continuidade ao crescimento e colaboração entre as Congregações que pertencem à Obra (Pobres Servos da Divina Providência, Pobres Servas da Divina Providência e Missionárias dos Pobres). Tal comunhão deve ser incrementada e ampliada, tanto na partilha do carisma e no espírito de família nas atuais atividades, quanto nas escolhas de novas aberturas.

Meios

a) Momentos de formação juntos (Celebrações, retiros, encontros dos Conselhos, etc);

b) Programação em comum da missão.

3. LEIGOS COLABORADORES

Na base da comum dignidade dos filhos de Deus, reco-nhecemos a importância dos leigos colaboradores como parte integrante da Obra. Somos chamados a percorrer junto um cami-nho de comunhão e participação.

Desenvolva-se em nível geral e em cada Delegação a ne-cessária complementariedade, assumindo atividades e organis-mos centrados na corresponsabilidade e na partilha do carisma e da missão.

Dê-se particular importância à formação dos leigos cola-boradores.

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Meios

a) Conselho dos leigos colaboradores; b) Caminhos formativos calabrianos nas di-

versas atividades da Obra; c) Documento: “O desafio da radicalidade”.

4. CULTURA VOCACIONAL

Os Pobres Servos, pessoalmente, sintam como seu o com-promisso específico de descobrir e valorizar os sinais do chamado de Deus dentro da Família Calabriana, cientes de que do seu tes-temunho depende em grande parte a “chama” da vocação.

Ao mesmo tempo, em nível comunitário e de Congrega-ção, sejam colocadas em prática iniciativas específicas que favore-çam a sensibilização para a vocação religiosa, de maneira que se desenvolva uma autêntica cultura vocacional.

Meios

a) Animação vocacional nas nossas atividades; b) Equipe de animação vocacional em cada Delegação; c) Sinergia entre animação vocacional, as casas de forma-

ção e a pastoral da juventude; d) Experiência do “vinde e vede” nas comunidades; e) Envolvimento dos formandos na pastoral da juventu-

de, pastoral paroquial e no serviço aos pobres; f) A presença do “irmão” na animação vocacional e nas

casas de formação; g) Serviço de Animação Vocacional em

todas as paróquias da Congregação; h) Semana vocacional Calabriana, anual; i) Ano vocacional Calabriano (2016 ou

2017).

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1. Na conclusão do Sínodo dos Bispos sobre a Vida Consagrada, o Conselho Geral convoque um ano de aprofundamento referente ao tema da consagração religiosa, que nos torna todos irmãos, como elemento central do nosso chamado. Seja dada particular atenção à promoção das vocações para Sacerdote e Irmão calabrianos.

2. O Conselho Geral com os Conselhos de Delegação faça uma avalia-ção da experiência dos noviciados internacionais.

3. Depois de um período consistente de missão ou mesmo mantendo compromissos apostólicos seja dada a possibilidade aos religiosos de realizar estudos de especialização ou doutorado, de acordo com o Delegado e o Conselho Geral.

4. O Conselho Geral encontre uma solução para a representatividade das minorias dos religiosos ao Capítulo Geral.

5. A título de experiência, o mandato do Delegado tenha a duração de três anos e seja renovado não mais de duas vezes (ou seja, dure ao máximo nove anos). Os Conselheiros ficam no cargo três anos e podem sempre ser reeleitos.

6. Seja constituída uma comissão com o intuito de propor ao próxi-mo Capítulo Geral atualizações necessárias às Constituições. Tal co-missão leve em consideração a necessidade de revisar a duração do mandato e a modalidade de reeleição do Casante.

7. O conselho dos leigos colaboradores seja constituído pelo Conse-lho de Delegação, levando em consideração o documento apresen-tado pelos leigos ao Capítulo “O desafio da radicalidade”, como linha geral, sobre o qual se possa elaborar um estatuto e estabelecer tempos e métodos para realizar os instrumentos por ele indicados.

8. Uma atividade pode ter setores produtivos, de preferência ligados com a atividade principal, para oferecer um sustento econômico à própria atividade. Estas sejam avaliadas com o Delegado e o Ca-sante. As Delegações procurem que eventuais superávits financeiros gerados nas atividades possam ser utilizados em benefício de outras atividades em dificuldades econômicas, baseando-se no princípio da solidariedade entre as casas.

Deliberações

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9. Os religiosos que trabalham e recebem salário em atividades ex-ternas às da Congregação devem:

a) Assumir estes trabalhos de acordo com a comunidade e o De-legado e, estes compromissos não devem limitar a missão que lhe foi confiada na comunidade;

b) O salário deve ser entregue à comunidade local, assim como toda e qualquer outra entrada, conforme o que estabelecem as nossas Constituições, 52a.

10. Atividades e iniciativas da Obra não podem ser sustentadas eco-nomicamente através de publicidade de entidades, empresas ou produtos (cf. Constituições, 9b).

11. A porcentagem dos religiosos participantes ao próximo Capítulo Geral será de 11%, compreensivo aos que têm direito.

11. O Conselho Geral considere a viabilidade de abrir o processo de beatificação de Pe. Luís Pedrollo.

12. O Casante tome iniciativas para que nos vários ramos da Obra (Pobres Servos, Pobres Servas, Missionárias dos Pobres e leigos) cresça o sentido de pertença à Família Calabriana. Propomos que durante este sexênio seja realizado um “encontro” ou “capí-tulo” da Família Calabriana, que aponte caminhos a serem per-corridos para fortificar sua unidade.

13. Cada Delegação crie instrumentos para fomentar a relação hu-mana e carismática com os leigos colaboradores.

14. O Documento apresentado ao Capítulo pela comissão econômi-ca seja assumido pelo Conselho Geral como instrumento para elaborar um “Vademecum” útil para afrontar o tema do endivi-damento.

15. O Conselho Geral estude as possibilidades e as modalidades de efetiva participação dos membros da Família Calabriana na pre-paração e no desenvolvimento do próximo Capítulo Geral.

17. O Conselho Geral atualize as orações devocionais da Família Ca-labriana.

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