curso de educação e formação para a vida activa · 2019-07-15 · a psicoeducação na...

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A A psicoeduca psicoeducaç ão ão na redu na reduç ão do auto ão do auto- estigma em pessoas com estigma em pessoas com esquizofrenia esquizofrenia Curso de Educa Curso de Educação e Forma ão e Formação para a Vida Activa ão para a Vida Activa I Congresso Internacional de Sa I Congresso Internacional de Saúde de Gaia Gaia-Porto Porto 23 23-25 de Setembro de 2010 25 de Setembro de 2010 Sara de Sara de Sousa Sousa 1,2,3,4,5 1,2,3,4,5 , Carla , Carla Freitas Freitas 1,3 1,3 , Raquel , Raquel Almeida Almeida 1,3 1,3 , Cristina , Cristina Queir Queirós 2,3,5 2,3,5 & Ant & António nio Marques Marques 1,3,5 1,3,5 Email: [email protected] Email: [email protected] Introdução Introdu Introdução ão A psico-educação, definida como informação sistemática, estruturada e didáctica, relativa à doença e ao seu tratamento assume-se cada vez mais como uma das abordagens reabilitativas mais frequentes nos diferentes serviços de Saúde Mental, apresentando alguma evidência de resultados, reflectidos nos principais documentos internacionais referênciadores de boas práticas neste campo (Rummel-Kluge et al, 2006). O auto-estigma conceptualizado sobretudo a partir de um conjunto de crenças negativas da pessoa diagnosticada com doença mental acerca de si própria, organizadas em torno de representações de incompetência, fragilidade (estereótipo), sentimentos de baixa auto-estima e de auto-eficácia (preconceito), impõe frequentemente graves barreiras ao processo de recuperação e consequentemente ao funcionamento, efectiva inserção social e qualidade de vida destas pessoas (Corrigan et al, 2003). No âmbito de um Projecto de Doutoramento em Psicologia na FPCEUP sobre estes temas, surge o Curso de Educação e Formação para a Vida Activa, assente numa metodologia de b-learning (sessões interactivas online realizadas à distância e sessões formativas presenciais com recurso ao sociodrama). Este poster propõem-se apresentar a componente psicoeducativa online deste Curso. 1 Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico do Porto (ESTSP) 2 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) 3 Laboratório de Reabilitação Psicossocial da FPCEUP/ESTSP (LABRP) 4 Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João, E.P.E. (SPHSJ) 5 Grupo de Investigação em Reabilitação Psiquiátrica do Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João, E.P.E. (SPHSJ) - Corrigan, P., Markowitz, F., Watson, A., Rowan, D. & Kubiak, M. (2003). An attribution model of public discrimination towards people with mental illness. Journal of Health and Social Behaviour, 44, 162–179. - Corrigan, P. & Kleinlein, P. (2005). The impact of mental illness stigma. In P. Corrigan (Ed.), On the Stigma of Mental Ilness. Practical Strategies for Research and Social Change (pp. 11-44). Washington, DC: American Psychological Association. - Fisher, D. (2006). A new vision of recovery: people can fully recover from mental illness. It is not a life-long process. National Empowerment Center. Consultado em Junho 2010 em http://www.power2u.org/articles/recovery/new_vision.html - Kurhila, J., Miettinen, M., Nokelainen, P. & Tirri, H. (2004). The Role of the Learning Platform in Student-Centered E-Learning. icalt, pp.540-544, Fourth IEEE International Conference on Advanced Learning Technologies (ICALT´04) - Rummel-Kluge, C., Pitschel-Walz, G., Bäuml, J. & Kissling, W. (2006). Psychoeducation in Schizophrenia—Results of a Survey of All Psychiatric Institutions in Germany, Austria, and Switzerland. Schizophrenia Bulletin, 32 (4), 765-775 O curso decorreu na Unidade de Psiquiatria Comunitária e Hospitais de Dia do Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João, E.P.E., de Abril a Julho de 2010, dirigida a 21 participantes com o diagnóstico de Esquizofrenia e Perturbação Esquizoafectiva, permitindo ao longo de 4 meses potenciar o desenvolvimento de competências de adaptabilidade e gestão eficiente da doença, de forma a diminuir o auto-estigma e a promover a auto-confiança e consequentemente facilitar a melhoria do funcionamento, participação social e qualidade de vida dos formandos. Os temas tratados nas aulas semanais foram: Factores protectores e de risco para a Saúde Mental Doença Mental: Factos e Mitos Prevenção de recaídas: aprender a pedir ajuda Auto-estima e auto-confiança Evitar o isolamento: aprender a lidar com a ansiedade social Evitar o isolamento: importância do suporte social Evitar o isolamento: estratégias para promover o suporte social Evitar o isolamento: aprender a melhorar o relacionamento interpessoal Estigma e auto-estigma Como ficar activo na minha comunidade (sentimento de pertença) Potencial de recuperação Referências Bibliográficas Referências Bibliogr Referências Bibliográficas ficas Curso de Educação e Formação para a Vida Activa Curso de Educa Curso de Educação e Forma ão e Formação para a Vida Activa ão para a Vida Activa Para a realização das 15 sessões interactivas online cada formando acedia aos conteúdos disponibilizadas semanalmente na plataforma Moodle da Universidade do Porto. O Acesso ao programa na plataforma estava restrito apenas aos formandos do curso e ao seu administrador (Terapeuta Ocupacional) que introduzia as sessões, monitorizava o processo de ensino/aprendizagem e dinamizava fóruns de discussão juntamente com os formandos. No início e no final de cada sessão online o aluno realizava uma avaliação diagnóstico no sentido de se analisar o impacto da actividade formativa na aquisição de conhecimentos/competências. Foram ainda realizadas avaliações antes e no final do Curso para se analisar o seu impacto ao nível do auto-estigma, auto-estima, ansiedade social e capacidade de recuperação. Componente psicoeducativa online do Curso Componente Componente psicoeducativa psicoeducativa online do Curso online do Curso

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Page 1: Curso de Educação e Formação para a Vida Activa · 2019-07-15 · A psicoeducação na redução do auto-estigma em pessoas com esquizofrenia Curso de Educação e Formação

A A psicoeducapsicoeducaççãoão na reduna reduçção do autoão do auto--estigma em pessoas com estigma em pessoas com esquizofreniaesquizofrenia

Curso de EducaCurso de Educaçção e Formaão e Formaçção para a Vida Activa ão para a Vida Activa

I Congresso Internacional de SaI Congresso Internacional de Saúúde de GaiaGaia--PortoPorto2323--25 de Setembro de 201025 de Setembro de 2010

Sara de Sara de SousaSousa1,2,3,4,51,2,3,4,5, Carla , Carla FreitasFreitas1,31,3, Raquel , Raquel AlmeidaAlmeida1,31,3, Cristina , Cristina QueirQueiróóss2,3,52,3,5 & Ant& Antóónio nio MarquesMarques1,3,51,3,5

Email: [email protected]: [email protected]

IntroduçãoIntroduIntroduççãoão

A psico-educação, definida como informação sistemática, estruturada e didáctica, relativa à doença e ao seu tratamento assume-se cada vez mais como uma das abordagens reabilitativas mais frequentes nos diferentes serviços de Saúde Mental, apresentando alguma evidência de resultados, reflectidos nos principais documentos internacionais referênciadores de boas práticas neste campo (Rummel-Kluge et al, 2006).

O auto-estigma conceptualizado sobretudo a partir de um conjunto de crenças negativas da pessoa diagnosticada com doença mental acerca de si própria, organizadas em torno de representações de incompetência, fragilidade (estereótipo), sentimentos de baixa auto-estima e de auto-eficácia (preconceito), impõe frequentemente graves barreiras ao processo de recuperação e consequentemente ao funcionamento, efectiva inserção social e qualidade de vida destas pessoas (Corrigan et al, 2003).

No âmbito de um Projecto de Doutoramento em Psicologia na FPCEUP sobre estes temas, surge o Curso de Educação e Formação para a Vida Activa, assente numa metodologia de b-learning (sessões interactivas online realizadas à distância e sessões formativas presenciais com recurso ao sociodrama). Este poster propõem-se apresentar a componente psicoeducativa online deste Curso.

1 Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico do Porto (ESTSP)2 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP)

3 Laboratório de Reabilitação Psicossocial da FPCEUP/ESTSP (LABRP)4 Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João, E.P.E. (SPHSJ)

5 Grupo de Investigação em Reabilitação Psiquiátrica do Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João, E.P.E. (SPHSJ)

- Corrigan, P., Markowitz, F., Watson, A., Rowan, D. & Kubiak, M. (2003). An attribution model of public discrimination towards people with mental illness. Journal of Health and Social Behaviour, 44, 162–179.- Corrigan, P. & Kleinlein, P. (2005). The impact of mental illness stigma. In P. Corrigan (Ed.), On the Stigma of Mental Ilness. Practical Strategies for Research and Social Change (pp. 11-44). Washington, DC: American Psychological Association.- Fisher, D. (2006). A new vision of recovery: people can fully recover from mental illness. It is not a life-long process. National Empowerment Center. Consultado em Junho 2010 em http://www.power2u.org/articles/recovery/new_vision.html- Kurhila, J., Miettinen, M., Nokelainen, P. & Tirri, H. (2004). The Role of the Learning Platform in Student-Centered E-Learning. icalt, pp.540-544, Fourth IEEE InternationalConference on Advanced Learning Technologies (ICALT´04)- Rummel-Kluge, C., Pitschel-Walz, G., Bäuml, J. & Kissling, W. (2006). Psychoeducation in Schizophrenia—Results of a Survey of All Psychiatric Institutions in Germany, Austria, and Switzerland. Schizophrenia Bulletin, 32 (4), 765-775

Exemplos de animaExemplos de animaçções ões interactivas das Sessõesinteractivas das Sessões

O curso decorreu na Unidade de Psiquiatria Comunitária e Hospitais de Dia do Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João, E.P.E., de Abril a Julho de 2010, dirigida a 21 participantes com o diagnóstico de Esquizofrenia e Perturbação Esquizoafectiva, permitindo ao longo de 4 meses potenciar o desenvolvimento de competências de adaptabilidade e gestão eficiente da doença, de forma a diminuir o auto-estigma e a promover a auto-confiança e consequentemente facilitar a melhoria do funcionamento, participação social e qualidade de vida dos formandos.

Os temas tratados nas aulas semanais foram: • Factores protectores e de risco para a Saúde Mental• Doença Mental: Factos e Mitos• Prevenção de recaídas: aprender a pedir ajuda• Auto-estima e auto-confiança• Evitar o isolamento: aprender a lidar com a ansiedade social• Evitar o isolamento: importância do suporte social• Evitar o isolamento: estratégias para promover o suporte social• Evitar o isolamento: aprender a melhorar o relacionamento

interpessoal• Estigma e auto-estigma• Como ficar activo na minha comunidade (sentimento de pertença)• Potencial de recuperação

Referências BibliográficasReferências BibliogrReferências Bibliográáficasficas

Curso de Educação e Formação para a Vida ActivaCurso de EducaCurso de Educaçção e Formaão e Formaçção para a Vida Activaão para a Vida Activa

Para a realização das 15 sessões interactivas online cada formando acedia aos conteúdos disponibilizadas semanalmente na plataforma Moodle da Universidade do Porto. O Acesso ao programa na plataforma estava restrito apenas aos formandos do curso e ao seu administrador (Terapeuta Ocupacional) que introduzia as sessões, monitorizava o processo de ensino/aprendizagem e dinamizava fóruns de discussão juntamente com os formandos. No início e no final de cada sessão online o aluno realizava uma avaliação diagnóstico no sentido de se analisar o impacto da actividade formativa na aquisição de conhecimentos/competências. Foram ainda realizadas avaliações antes e no final do Curso para se analisar o seu impacto ao nível do auto-estigma, auto-estima, ansiedade social e capacidade de recuperação.

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