complexo logístico industrial porto do açu - impacto do toque de midas - sedres - agosto de 2012

Upload: roberto-moraes

Post on 29-Oct-2015

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Complexo Logstico Industrial Porto do Au Impactos do Toque

    de MIDAS

    Este artigo tem como objetivo relatar resultados iniciais de uma pesquisa que investiga o

    processo de implantao do Complexo Logstico Industrial Porturio do Au (Clipa), ao sul

    do Municpio de So Joo da Barra, na divisa com o Municpio de Campos dos Goytacazes,

    no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. O intervalo de tempo observado se inicia em

    1999, ano que marca as primeiras articulaes da construo deste porto, at 2009,

    momento em que se consolida o desenho institucional da holding EBX, empresa que lidera

    este complexo de empreendimentos. Para subsidiar nossa investigao, utilizamos pesquisa

    documental em material produzido pela mdia; relatrios do prprio empreendedor ou

    mesmo de rgos pblicos. Discutimos a possibilidade do Clipa ser produto da mudana no

    modelo de desenvolvimento regional implementado no Brasil a partir do sculo XXI.

    Pretendemos, tambm, identificar como se deu a viabilizao das Condies Gerais de

    Produo, alm de avaliar a participao do Estado nesse processo. Damos especial

    destaque relao da empresa com o Estado do Rio de Janeiro por entendermos ser ele o

    maior beneficirio, em se tratando do desenvolvimento regional, de uma possvel inflexo de

    densidade de fluxos econmicos a partir da concretizao deste conjunto de

    empreendimentos. Vislumbramos, ainda, a oportunidade de observar a desconcentrao de

    investimentos no prprio Estado do Rio de Janeiro, uma vez que se trata de um ente

    federativo com claros sinais de macrocefalia metropolitana.

    Autores:

    Roberto Moraes Pessanha* [email protected]

    Hlio Gomes Filho* [email protected]

    Luiz de Pinedo Quinto Junior* - [email protected]

    *Professores do Instituto Federal Fluminense e pesquisadores do NEED (Ncleo de Estudos

    em Estratgias e Desenvolvimento) do IFF.

  • 1. Introduo

    A capitania de So Tom, embora goze da fama de dinamismo econmico oriundo

    da cultura da cana de acar durante o perodo colonial, sofre grandes descontinuidades no

    seu processo inicial de colonizao. Em que pese ter sido criada em 1536, as atividades

    econmicas nesta parte da colnia s logram prosperidade a partir de 1633, praticamente

    um sculo depois. Curiosamente no a cultura da cana a responsvel pelo dinamismo e

    sim a pecuria de corte. O fim nico da colonizao o abastecimento de gado para o Rio

    de Janeiro, e logo surgem interessados em arrendar pedaos de terra para a criao.

    (LAMEGO, 2007, p. 59).

    Os primeiros donatrios da Capitania, Pero de Ges e Gil de Ges, sofrem

    considerveis revezes na tentativa de empreender engenhos de acar no local (ESTEVES,

    2011; LAMEGO, 2007). Muito foi registrado sobre a dificuldade de convivncia com os

    considerados bravos e extintos ndios Goitacs, entretanto poucos relatos destacam as

    dificuldades logsticas gerais impostas pelo territrio. Para alm da animosidade indgena, a

    energia ondulatria do mar representa um obstculo extra ao acesso e escoamento da

    produo. Ora, a abordagem inicial dos Sete Capites s sesmarias concedidas pela Coroa

    Portuguesa, se d com desembarque ao sul de Maca, embora o objetivo fosse as

    campinas na hinterlndia do Cabo de So Tom, hoje Campos dos Goytacazes. No por

    acaso que o primeiro curral erguido por eles, ... a 8 de dezembro de 1633... (LAMEGO,

    2007, p. 58), se d num local conhecido, ainda hoje, como Campo Limpo.

    Boa parte das dificuldades de acompanhar a curva de desenvolvimento das regies

    mais dinmicas brasileiras no Sculo XX, pode ser creditada a essa limitao logstica da

    regio oriunda da Capitania de So Tom. As cidades de So Joo da Barra e Maca,

    inclusive, surgem a partir de portos que escoavam a produo da regio. A construo, por

    mo de obra escrava, do Canal Campos Maca e as ferrovias ligando Campos a Maca e

    So Joo da Barra (CARVALHO e ROSENDO, 2004), so esforos que objetivam a

    insero dessa regio no que Bauman (2001) denominou Modernidade Slida. Vencer o

    espao no menor tempo possvel, compresso espao-tempo para Harvey (2001), j era um

    desafio moderno da poca.

    A partir do ltimo quarto do sculo XX, as novas tecnologias e a globalizao da

    economia (CASTELLS, 2003) pareciam nos fazer prescindir da materialidade da riqueza.

    Havia uma crena de que os fluxos de informao davam conta de tudo que precisssemos,

    no entanto passado o perodo de deslumbramento neoliberal com a globalizao,

    descobrimos que nem s de fluxos imateriais vive o homem. O dinamismo s se completa

    com a possibilidade de se ancorar os fluxos de mercadorias. Seja na produo destas ou

    mesmo como entreposto dos caminhos por elas percorridos. O Brasil deste momento, de

    certo modo, esteve atento a isto. Segundo Gerardo Silva e Giuseppe Cocco,

  • Foi no incio dos anos 1990, quando a abertura da economia brasileira constitua-se numa opo fundamental para a estabilizao monetria, que a questo das infra-estruturas porturias explicitou-se, de um lado, como um eixo fundamental da modernizao e, por outro, das reformas do estado. (COCCO E SILVA,1999, p. 10, grifos nossos)

    No h sombra de dvidas de que o modal com maior capacidade de agregar escala

    o transporte martimo. Seja nas rotas continentais ou mesmo na navegao de

    cabotagem.

    Passadas as dcadas de PIB estagnado, o Brasil busca a sua insero na economia

    global de maneira menos subordinada (ARAJO, 1999), verdade, embora ainda o faa de

    forma pouco competitiva. Esta afirmao se fundamenta no fato de que os produtos que

    sustentam o supervit da nossa balana comercial so, em sua maioria, commodities. Nesta

    recente onda de crescimento econmico surge, no municpio de So Joo da Barra, um

    empreendimento baseado no extrativismo mineral e na tentativa de implantao de um

    complexo porturio exportador.

    A iniciativa pretende articular uma srie de atividades em que esto previstos: dois

    terminais porturios, um onshore e outro offshore; exportao de granis lquidos e slidos;

    a chegada de um mineroduto de 524 km, com capacidade para 26,5 milhes de toneladas

    de minrio de ferro ao ano; um terminal do tipo hub port para contineres; uma unidade de

    processamento de petrleo extrado na Bacia de Campos com capacidade para mais de um

    milho de barris dia; a gerao de 5400 mega watts a partir de termoeltricas, sendo 2100

    MW a carvo e 3300 MW a gs; um estaleiro para construo de plataformas e apoio

    explorao de petrleo offshore; duas siderrgicas com a capacidade individual de mais de

    cinco milhes de toneladas ao ano; duas fbricas de cimento; um polo metal mecnico para

    onde se pretende atrair uma montadora de automveis, entre outras.

    Neste artigo, temos como objetivo investigar o processo de implantao do

    Complexo Logstico Industrial Porturio do Au (Clipa) ao sul do Municpio de So Joo da

    Barra, na divisa com o Municpio de Campos dos Goytacazes. Utilizaremos como recorte

    temporal o intervalo de 1999, ano que marca as articulaes iniciais deste porto, at 2009,

    momento em que, ao nosso juzo, se consolida o desenho institucional da holding EBX,

    empresa que lidera o processo. Para subsidiar nossa investigao, utilizamos pesquisa

    documental em material produzido pela mdia; relatrios do empreendedor ou mesmo de

    rgos pblicos.

    Pretendemos, tambm, identificar como se deu a viabilizao das Condies Gerais

    de Produo (CGP), alm de investigar a participao do Estado nesse processo. Temos

    especial interesse na relao da empresa com o Estado do Rio de Janeiro (ERJ) por

    entendermos ser ele o maior beneficirio, em se tratando do desenvolvimento regional, de

    uma possvel inflexo de densidade de fluxos econmicos a partir da concretizao deste

  • conjunto de empreendimentos. Vislumbramos, ainda, a oportunidade de avaliar a

    desconcentrao de investimentos no prprio ERJ, uma vez que se trata de um ente

    federativo com claros sinais de macrocefalia metropolitana.

    O conjunto de mudanas que ocorrem na Regio Norte Fluminense, neste momento,

    pode vir a ser longevo, o que mudaria radicalmente a face dos municpios atingidos por esse

    fluxo de inverses. No nosso entendimento, preciso reconstruir e reconstituir os caminhos

    e os fatos que compem todos esses movimentos. Este artigo seria apenas o primeiro

    passo.

    2. Portos como portas para o desenvolvimento regional

    A implantao do Clipa se d num momento que no vamos j algum tempo no

    Brasil. Desde o milagre da dcada de 1970, a nossa poltica econmica se definia

    anticclica. A ponto da dcada de 1980 ser digna da alcunha de dcada perdida. Os anos

    1990, em que pese a festejada estabilizao da moeda, transcorrem numa ambincia de

    austeridade fiscal, de obedincia religiosa ao Consenso de Washington e s polticas

    recessivas do FMI. Segundo Emir Sader,

    Com estas palavras, FHC sentenciou a inflexo de seu governo: Viraremos a pgina do getulismo. Ele tinha conscincia de que o neoliberalismo o reino do mercado, do Estado mnimo no conseguiria impor-se sem destruir a sobrevivncia do Estado nacional, regulador, indutor do desenvolvimento e distribuidor de renda. (SADER, 2010, p. 14)

    No foi por acaso que enfrentamos uma das crises energticas mais profundas que

    se tem notcia desde que o Presidente Vargas instalou por aqui a industrializao via Estado

    empreendedor.

    O Sculo XXI, no seu incio, apresentou um surto de economia global dinmica,

    sobretudo nos chamados BRICS Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul. A ampla

    adoo de polticas keynesianas e a insero, em particular via exportao de commodities,

    na economia global, faz renascer o crescimento econmico no pas. No obstante o

    pequeno ganho de competitividade brasileira, em funo de nossa balana comercial se

    basear preponderantemente em produtos primrios, o crescimento do mercado interno

    acompanhado por um novo fenmeno de insero social jamais experimentado no Brasil.

    Parecia que finalmente saamos da armadilha da Modernizao Conservadora.

    Para alm do crescimento econmico absoluto, passamos a vislumbrar a expectativa

    de uma nova perspectiva de desenvolvimento regional desconcentrado. Algumas decises

    de investimento estratgicos do Estado nacional a partir de 2003 distribuem o eixo dos

    investimentos para regies at ento relegadas pelo mercado e pelos governos centrais. Na

    opinio de Tnia Bacelar: Subordinar a dinmica econmica regional ao objetivo da

  • consolidao da integrao nacional tarefa do Estado no apenas do Governo.

    (ARAJO, 1999, p. 145).

    2.1. O porto como projeto estruturante

    Decises como o investimento no Porto de Suape, em Pernambuco, e o Programa

    Bolsa Famlia, por exemplo, demonstram, entre outras coisas, uma ntida inteno de prover

    o pas de uma nova e diversificada base espacial de desenvolvimento.

    A perspectiva de consolidao dessas polticas aliadas ao fato de que as regies

    metropolitanas se encontravam saturadas no incio deste sculo, alm do j bem sucedido

    modelo exportador que utiliza mineroduto e porto dedicado, criam uma oportunidade de

    negcios em regies litorneas ainda inexploradas. A deciso de usar a restinga pouco

    habitada de So Joo da Barra para exportar minrio de ferro se vale dessa conjuno de

    fatores que vo do local ao global. A economia global aquecida, uma poltica nacional que

    aponta para desconcentrao espacial do crescimento econmico e a pouca valorizao

    fundiria na antiga Capitania de So Tom, do a deixa para a holding EBX. Ali

    desembocar o mineroduto que parte, a 524 km de distncia, em Conceio do Mato Dentro

    MG, alm da construo do porto da LLX, empresa de logstica responsvel pela

    viabilizao da exportao do minrio trazido pelo duto. Nasce ento a primeira proposta de

    porto no Au.

    A EBX, entretanto, prev a possibilidade de aumentar o nvel dos seus negcios

    buscando agregar a este porto outros empreendimentos sinrgicos que potencializassem

    seu poder de acumulao. A ampliao do retroporto com a criao de um distrito industrial

    para outros negcios como: siderurgia, cimento, construo naval, petrleo offshore,

    montadoras de automvel etc. sugere a implantao, no Au, de um complexo porturio do

    tipo porto-indstria. Nasce ento a proposta do Clipa.

    A reestruturao produtiva ocorrida a partir do ltimo quarto do sculo XX intensificou

    as atividades porturias, tendo entre as consequncias o desemprego de trabalhadores da

    estiva e a obsolescncia de grandes reas de armazenagem. Ainda sob este cenrio, uma

    nova forma de organizar a produo cria a necessidade de baixar estoques e sincronizar o

    fluxo de mercadorias com a demanda de consumo.

    Os portos, especificamente, devem assumir rapidamente uma nova funo, que a de organizar e gerenciar fluxos contnuos de bens para a produo e o consumo, a partir de redes de empresas que se estendem de maneira difusa e flexvel pelos territrios. (COCCO e SILVA, 1999, p. 17).

    Essa lgica faz emergir um dualismo porturio no que tange relao do porto e o

    territrio: o hub port, desterritorializado, que opera mediante os interesses dos grandes

    armadores internacionais e do comrcio globalizado de bens de consumo em contineres

    (COCCO E SILVA, 1999; MONI E VASCONCELOS, 2012); alm do porto integrado ao

  • territrio, que contribui com o processo de desenvolvimento local, ou seja, se incorporando

    aos fluxos que potencializam as atividades produtivas e a gerao de emprego e renda na

    regio em que est inserido (COCCO E SILVA, 1999; MONI E VASCONCELOS, 2012).

    Neste cenrio, sob a gide do Just in time, a EBX passa a projetar no Au um

    complexo industrial porturio, superando a primeira verso de terminal porturio

    monofuncional para se constituir num porto-indstria do tipo MIDAs (Maritime Industrial

    Development Areas) tambm chamado de ZIP (Zona Industrial Porturia), que no Au

    prescindiria do grande centro metropolitano como territrio base. Para Frdric Moni e

    Flavia Vasconcelos, este no seria um caso nico no pas.

    em particular o caso do Brasil, onde os investimentos de grande porte aplicados nas ZIP de Itagua, Suape e Vila do Conde e a construo de complexos industriais litorneos fora dos grandes centros (Pecm, Porto do Au, Porto Sul) fazem emergir uma nova gerao de portos-indstria inseridos nas cadeias de valor de atores econmicos cujas escalas de ao ignoram o nvel local... (MONI e VASCONCELOS, 2012, p.10).

    2.2. As condies que viabilizam um porto

    A nova dinmica espacial, surgida pela instalao do Clipa, produz mudanas de

    base regionais (supramunicipais) importantes, vinculadas a algumas cadeias produtivas e

    necessidade de estar voltada para o litoral, para que a logstica opere o que dela se espera

    enquanto instrumento de interligao da produo com os mercados. Assim, a instalao do

    Clipa traz para o territrio do Au uma relao at ento desconhecida para o interior

    fluminense, ou seja, se constituir numa porta para os fluxos da economia globalizada. Isto

    concretiza uma articulao entre o regional, o nacional e o mundial que nem mesmo a

    explorao do petrleo na Bacia de Campos conseguiu viabilizar. Afinal, a produo de

    petrleo em alto mar tem o leo e o gs exportados a partir do prprio local onde so

    extrados. A costa e o litoral servem apenas como bases de apoio estrutura offshore de

    produo, o que caracterizaria um sistema produtivo desterritorializado, aproximando-se,

    contraditoriamente, da configurao de enclave econmico.

    O Clipa, pela diversidade da proposta de seus empreendimentos, tende a produzir

    uma nova dinmica espacial identificada, especialmente nesta fase inicial de implantao de

    infraestruturas, com a construo das Condies Gerais de Produo. Sendo assim,

    importante retomar este conceito marxista, desenvolvido por Lojkine (1981) e por ele

    definido como a relao entre a unidade de produo, o processo de produo e a

    circulao do capital.

    Sandra Lencioni (2007) destaca que Marx define o consumo em trs tipos: produtivo,

    individual e de luxo. O consumo individual diz respeito reproduo da fora de trabalho; o

    consumo de luxo tambm individual, contudo se trata de bens suprfluos. Ela observa,

    ainda, que o consumo produtivo, se d no campo da reproduo dos meios de produo

  • (mquinas, matrias primas, energia, escolas, hospitais etc.), se situa no mbito do

    consumo coletivo (Lencioni, 2007, p.2) e considera conveniente alertar que:

    [...] essa relao entre o consumo produtivo e o processo de produo e circulao do capital no se d de forma direta, mas mediada por aquilo que Marx denominou de condies gerais de produo. So as condies gerais de produo, portanto, que articulam o consumo produtivo (consumo coletivo) ao processo de produo e circulao do capital. Dizendo de uma outra forma, a relao entre o processo imediato de produo (A) e o conjunto da produo e circulao do capital em geral (B) se d por meio das condies gerais de produo. Essas condies articulam, portanto, A e B. (LENCIONI, 2007, p. 3).

    Nesta fase inicial da implantao do Clipa, visvel a aplicao do capital fixo no

    territrio, caracterizando o consumo coletivo baseado no consumo produtivo da

    infraestrutura bsica do empreendimento. As condies so gerais porque dizem respeito

    no apenas ao capital particular, mas um conjunto de capitais, inclusive pblico, fazendo

    tambm com que o consumo seja coletivo. Ainda segundo Lencioni (2007), as CGP mantm

    conexo direta ou indireta com o processo de produo por meio de equipamentos coletivos

    de consumo.

    2.3. Desenvolvimento meso e microrregional

    No h como analisar o Clipa sem observar as relaes entre a produo, os

    capitais, o mercado e o Estado. com este ltimo que os empreendedores negociam e

    complementam as CGP que estruturam e garantem os licenciamentos, legislao e

    articulaes do tipo PPP (parceria pblico-privada), entre outras.

    Para efeito de anlise dos impactos do Clipa e todas as suas relaes com o

    crescimento da economia no estado e no pas, a pesquisa objetiva investigar as formas, os

    procedimentos e as articulaes que viabilizam as CGP. Isso num entrelaamento com as

    vrias dimenses de poder no ERJ e no pas, observando seu rebatimento no territrio,

    baseado naquilo que Brando sintetiza em quatro conceitos que ele chama de foras-

    processo: Inter-ramificaes de setorialidade econmica; Inter-regionalidades;

    Interurbanidades e Interestatalidades (BRANDO, 2012).

    Estes conceitos definem a capacidade e as possibilidades de arrasto na economia;

    as suas articulaes entre regies e dentro das regies e como o Estado se apresenta nas

    regies para coordenar, regular e articular os agentes das polticas.

    Conforme j foi dito, a dinmica espacial que o investimento do Clipa tende a

    produzir completamente diversa da realidade da atual produo de petrleo offshore. Esta

    atividade lega regio Norte Fluminense, considerada produtora, os royalties, sem maiores

    vnculos com a sua cadeia produtiva. Enquanto isto, o Clipa, pelo que se anuncia, tem

    potencial de arrasto, com capacidade de aumentar a potncia das foras produtivas,

    ampliando as complementaridades, a densidade e a chamada intersetorialidade em toda

  • aquela regio. H que se investigar de que modo, e em que nveis, se efetivar a integrao

    econmica inter-regional nos supraespaos urbano-regionais (BRANDO, 2012). No mesmo

    patamar de importncia merecem tambm ateno as relaes entre o aparelho estatal na

    escala supralocal e subestadual. Com efeito, o estado subnacional se mostra

    invariavelmente omisso no seu papel de estimular e organizar a articulao regional e inter-

    regional.

    Todo este processo pode contribuir para romper com a concentrao econmica

    fluminense, por meio do fortalecimento de suas regies no metropolitanas, gerando novas

    coalizes de foras em prol de uma rede de cidades mais justas e eficientes. Uma rede com

    qualidade de polticas pblicas ou a mera reproduo do crescimento da riqueza para a

    acumulao privada, repetindo as velhas e indesejveis desigualdades sociais e espaciais.

    3. O Porto do Au de terminal monofuncional a MIDAs

    O ERJ, um pouco antes da virada do sculo, passou a viver, segundo Jorge Natal

    (2004) uma inflexo econmica. A percepo era que o Rio, finalmente, superava os seus

    problemas com a perda de referncia da ida da capital federal para Braslia, bem como da

    fragilidade do seu parque industrial, quase exclusivo, de bens de consumo. Foi no setor de

    petrleo, com base estatal, que o ERJ acabou encontrando o ponto desta mudana de rota,

    que contraditoriamente se alicerou em investimentos privados, numa lgica pr-mercado e

    antiestatal, durante a dcada de 1990.

    neste perodo que as indstrias extrativista e de transformao aumentam seu

    peso nas atividades econmicas do estado para 28%, sendo 16% s na extrao de

    petrleo. Ainda segundo Natal (2004), entre as oito maiores empresas do ERJ, seis eram do

    setor de petrleo e, de acordo com o Dieese, o setor secundrio da economia teve o seu

    PIB ampliado de 29% para 37%.

    Com o aumento da circulao do dinheiro do setor de petrleo e o crescimento

    significativo das receitas dos royalties, no Norte Fluminense e na Baixada Litornea, a

    economia do ERJ avana. Instala-se tambm a cruzada liberalizante, na abertura para o

    capital estrangeiro, seguida de boas doses de renncia fiscal, visando atrao de

    montadoras de automveis, que se estabelecem na regio sul, tendo como polo o municpio

    de Resende. Pode-se dizer que nesta toada houve efetivamente: um crescimento da

    riqueza; uma melhoria no mercado de trabalho e um aumento da importncia destas regies

    dentro do contexto estadual. Tudo isso por meio do estabelecimento, sem precedentes, de

    fluxos de capital e de pessoas em direo s regies fora da metrpole fluminense, bem

    como entre essas regies.

    ainda nesta cojuntura, no final do primeiro semestre de 1999, que so iniciados

    estudos tcnicos de engenharia, sob a superviso da Secretaria Estadual de Energia,

  • Indstria Naval e Petrleo, objetivando a viabilidade da construo de um terminal ocenico.

    Localizado no Au, litoral do Norte Fluminense, este terminal com peres movimentaria

    granis, alm de dar apoio s atividades de petrleo offshore da Bacia de Campos.

    A concepo bsica surgia da determinao do governo estadual de criar condies

    para aproveitar a pujana econmica do petrleo no litoral norte que agregasse instalaes

    para alm da base de apoio e gesto da Petrobras, sediada em Maca. O entendimento era

    de que s um porto, com incentivo do governo estadual, poderia dar incio ao que era

    apenas uma inteno que passaria, ento, a uma ao planejada.

    Este processo formalizado pelo governo estadual, por meio do decreto n 25.455,

    de 28 de junho de 1999, que declarou de utilidade pblica, para fins de desapropriao,

    imveis na localidade do Au. Este Decreto tambm estabeleceu o marco de incio dos

    estudos de viabilidade tcnica de um porto neste local.

    Depois de mais de um ano de pesquisas e estudos, no dia 1 de setembro de 2000,

    um ms antes das eleies municipais, foi convocada pelo governo estadual, uma reunio

    pblica que aconteceu na Associao Comercial e Industrial de Campos (ACIC). Pela

    primeira vez, ento, foram divulgados os resultados iniciais dos estudos tcnicos de

    engenharia, que apontaram a viabilidade da construo do porto no Au. No relatrio dos

    estudos, que custaram US$ 500 mil ao governo estadual, se concluiu pela convenincia da

    construo de um terminal ocenico, com extenso de 1200 metros mar adentro, em frente

    Fazenda Saco Dantas, exatamente a rea prevista no decreto estadual de 1999. (ASSIS,

    2000).

    Na ocasio tambm foi divulgado que se tratava de um projeto com custo estimado

    em US$ 100 milhes que seriam rateados entre: governo estadual com at 33% de

    investimento; Petrobras, que teria participao minoritria, e empresas privadas que

    construiriam pelo menos 51% do porto.

    O projeto inicial previa um calado de 11 metros para o porto que teria mltiplo uso,

    embora fosse dirigido indstria petrolfera. No chamado projeto bsico, apresentado com

    sobrevoo imagens digitais, foi mostrado que o terminal permitiria: o atracamento simultneo

    de trs navios com o uso de monoboias; a ocupao de uma rea de cerca de 25 milhes

    de metros quadrados dotados de armazns, heliporto, centro de servios e hotel; um

    retroporto com condomnio industrial e a previso da disponibilizao de terrenos a serem

    alugados para a construo de unidades fabris, ao custo de R$ 1,00 o metro quadrado.

    O secretrio estadual de Energia, Indstria Naval e Petrleo, Wagner Victer,

    responsvel pela apresentao do relatrio, informou, na oportunidade, que a Prefeitura de

    So Joo da Barra j havia concedido isenes parciais de ISS e IPTU, cuja reduo s

    viria, de fato e de direito, trs anos depois, pela Lei Municipal N 032 de dezembro de 2003.

    Victer tambm informou que os custos de construo e manuteno do terminal seriam

  • baixos, por conta de sua localizao offshore e no na costa como veio a ser construdo

    em 2008. Essa configurao reduziria as despesas com dragagem para obteno do calado,

    alm da motivao econmica traduzida pelo fato de que 80% dos blocos de explorao da

    Bacia de Campos estariam localizados num raio de at 200 km do ponto definido para a

    construo do porto, j chamado, ento, de Porto do Au.

    Vale destacar que outro decreto estadual de 1987, de n 9760, assinado nos ltimos

    dias do governo Leonel Brizola, havia identificado e listado diversas reas, chamadas de

    interesse especial no interior do estado, em que se definiam normas de ocupao,

    loteamento e desmembramento em diversos municpios fluminenses, incluindo So Joo da

    Barra. Este marco legal estabeleceu reas de interesse turstico e reas de proteo do

    patrimnio cultural e histrico envolvendo as lagoas de Grussa, Iquipari, Au, Ta Grande e

    Salgada. Estes locais hoje se encontram assediados pela construo do Clipa.

    Neste perodo dos estudos e da apresentao do relatrio, o empresrio Eike Batista

    ainda vivia fora do Brasil. Ele retornou ao pas no final de 2000, dizendo estar de posse do

    seu primeiro bilho de dlares, obtido com a venda da sociedade na mineradora de ouro

    canadense TVX, da qual foi presidente, alm da venda de participaes em outras

    propriedades e minas no exterior.

    Em julho de 2001, a Ompetro (Organizao dos Municpios Produtores de Petrleo),

    em uma das poucas decises de um tema diverso da defesa dos royalties do petrleo,

    aprovou, por unanimidade, numa reunio no municpio de Quissam, a defesa da

    construo do porto offshore no Au. Isso mediante um discurso unificado a favor do

    desenvolvimento regional, que questionava presses polticas defendendo a implantao de

    um porto no litoral do Esprito Santo. A Petrobras havia decidido pela descentralizao da

    gesto da explorao do petrleo, com a criao das chamadas unidades de negcio (UN)

    no Esprito Santo e no Rio de Janeiro, durante a gesto do presidente Henri Philippe

    Reichstul. Sobre tal deciso pairavam suspeitas de que se tratava de uma estratgia para

    uma possvel privatizao dessa estatal. No mesmo perodo tambm foram divulgados os

    gastos em comunicao para mudar o nome da empresa para Petrobrax. Com a

    deliberao, a Ompetro tentava influenciar a Petrobras a se interessar pelo projeto, exigindo

    o cumprimento da sinalizao garantida ao governo estadual durante o ano 2000.

    A estratgia da estatal, no entanto, parecia querer dividir o poder da UN-BC com

    unidades em Vitria e no Rio, que se apresentavam como reas mais credenciadas do que

    o vazio Au. O que dizer das CGP oferecidas pela centralidade destas capitais, que j

    possuam terminais porturios em funcionamento entre outras infraestruturas bsicas?

    A desistncia da Petrobras e o ambiente final do governo FHC levaram as

    construtoras interessadas em participar do consrcio Odebrecht, Queiroz Galvo, Global e

    Coimex a desistirem do Projeto Bsico do Porto do Au.

  • Entre 2002 e 2004, mudanas de governo acontecem em diversas escalas do pas.

    Lula assumiu o governo central, Rosinha Garotinho o governo estadual e, em 2004, a

    professora Carla Machado assume a prefeitura de So Joo da Barra, onde se encontra

    localizado o Au.

    Sem a Petrobras o projeto ficou paralisado, o que confirmava o seu vis de atuao

    na logstica ligada explorao de petrleo no mar junto Bacia de Campos. Assim, a

    Ompetro, mais uma vez, viu suas posies serem solenemente ignoradas pela estatal.

    Dado o desencanto de ver ruir toda a estratgia para a implantao do Porto do Au,

    restou ainda um mnimo de esperana e disposio do governo estadual de tentar levar o

    projeto adiante com novas tratativas de articulao com outras empresas e readequao do

    perfil do terminal.

    Ao final do segundo ano do mandato da governadora Rosinha, em 2004, os

    coordenadores do estudo, por meio da Secretaria Estadual de Energia, Indstria Naval e

    Petrleo, resolveram redirecionar [...] o projeto para a rea de granis slidos, em especial

    minrio [...] (VICTER, 2010, on line). As negociaes com as empresas Vale e FCA

    (Ferrovia Centro Atlntica concessionria de transporte ferrovirio na regio, ligada ao

    grupo Vale), todavia no avanaram por falta de interesse da Vale na viabilizao do

    empreendimento, mesmo com a incluso no projeto de terminais para exportao de

    minrio, setor em que esta empresa atua tradicionalmente (VICTER, 2010, on line).

    O secretrio Wagner Victer foi autorizado, ento, pela governadora e pelo ex-

    governador Garotinho como membro do Conselho de Desenvolvimento Econmico e

    Social CDES - no governo de sua mulher a repassar ao empresrio Eike Batista, o

    projeto do porto do Au, j readequado para a exportao de minrio de ferro. Episdio que

    contou, inclusive, com a interferncia de Eliezer Batista, ex-presidente da Vale do Rio Doce

    e tambm membro do CDES-RJ.

    Os fatos que evidenciam este encaminhamento constam em duas fontes distintas

    que se complementam. A primeira, um texto do prprio ex-secretrio Wagner Victer, hoje

    presidente da Cedae (Companhia Estadual de gua e Esgoto), em seu blog pessoal.

    Na ocasio, vislumbramos a possibilidade de trazer um novo investidor que j se mostrava arrogado e empreendedor em outros setores que era Eike Batista. Me lembro [sic!] que na poca, atravs do seu Diretor Institucional, Adriano Vaz, marcamos um almoo no seu escritrio na Praia do Flamengo, quando levei meus assessores Delmo Pinho e Jota Jnior. Na ocasio o Eike se encontrou com o Projeto e seus olhos brilharam para oportunidade [sic!]. A nica dvida seria como levar o minrio ao local diante do domnio da Vale, inclusive Ferrovia FCA. Propus a ele a construo de um mineroduto, que alguns a mesa ficaram [sic!] cticos, porm falamos que seria perfeitamente vivel pois [sic!] existiam outros minerodutos no mundo e que com essa alternativa conseguiramos de uma maneira rpida e vivel tecnicamente By Passar qualquer restrio ferroviria. Ele comprou a idia na hora, mandou seus tcnicos aprofundar [sic!] no estudo na semana seguinte me deu o de acordo para execuo do projeto, inicialmente

  • sozinho, e adquiriu a rea de maneira to rpida que no tive mais dvida do seu compromisso firme com o Projeto. (VICTER, 2010, on line).

    A segunda fonte uma declarao, em entrevista, do ex-governador Garotinho, ao

    acompanhar, em 26 de abril de 2012, a visita da presidenta Dilma s obras de construo

    do Complexo Industrial Porturio do Au.

    Isso tudo comeou em 1999 quando fiz o estudo de batimetria [sic!], e localizamos no Au o local ideal para a construo desse porto, que na ocasio foi oferecido a Petrobras, que tinha como presidente Henri Philippe Reichstul, e trs meses depois, disse que a companhia estava com o plano de investimento todo comprometido. Ento o Dr. Eliezer Batista, pai do Eike Batista, que era membro do nosso conselho de desenvolvimento Econmico pediu o projeto, e hoje esse sonho que est virando realidade, relata Garotinho. Na ocasio, por decreto, Garotinho tornou a rea de 90 milhes de metros quadrados da massa falida Usina Baixa Grande, como rea de interesse industrial, culminando com o lanamento da pedra fundamental em 2006 [...] (Oliveira, 2012, p. 2).

    Assim, da articulao entre o gestor pblico e o capital privado, o projeto muda de

    mos e nasce o empreendimento, que hoje se apresenta com o objetivo de ser o maior

    porto-indstria da Amrica Latina e um dos trs maiores complexos porturios do mundo,

    com estimativa de movimentao de 350 milhes de toneladas entre importao e

    exportao. (PIMENTEL et al, 2011).

    Em 2005 fundada a MMX, empresa de minerao da EBX, que vai realizar em

    2006 a primeira oferta pblica de aes na BM&FBovespa, onde consegue captar seus

    primeiros US$ 500 milhes.

    As CGP para extrao de minrio de ferro em MG com o transporte sob a forma de

    pasta, atravs de um mineroduto de 524 km, num tempo estimado de trs dias, com

    filtragem, beneficiamento e exportao pelo Porto do Au, com rea j adquirida se

    ampliam com o aprofundamento do marco legal e incentivo do governo estadual. Em abril de

    2005, o governo do ERJ sanciona a Lei Estadual N 4.533, que concede a 37 municpios,

    includa toda regio Norte Fluminense, o direito reduo de 19% para 2% na base de

    clculo do ICMS durante 25 anos. Neste perodo, o projeto do Porto do Au chegou a ser

    relacionado como opo logstica, entre trunfos e vantagens comparativas, por Campos dos

    Goytacazes, para sediar o Comperj (Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro) na disputa,

    com o municpio de Itagua, na regio do Porto de Sepetiba. Isso se deu antes da opo

    definitiva da Petrobras pela localizao deste complexo no municpio de Itabora, oficializada

    em junho de 2006.

    A proposta do terminal porturio do Au, j nas mos de Eike Batista, foi

    apresentada, com o esboo original de seu Projeto Bsico, para transporte e movimentao

    de granis lquidos. A oferta de opo logstica para o Comperj, em Campos, fortaleceu o

    conceito da localizao estratgica do Porto do Au, na explorao petrolfera, entre as

    Bacias de Campos e do Esprito Santo. Isso viria ser mais tarde o embrio da OGX

  • empresa com maior valor de mercado do grupo e a consolidao do desenho bsico da

    holding EBX.

    A empresa de minerao MMX nasceu incorporando a gesto de trs sistemas

    integrados e independentes: Amap, Corumb e Minas-Rio, que inclua o porto do Au no

    chamado Centro de Logstica Integrada do Norte Fluminense. Este sistema possua

    projeo de investimentos da ordem de R$ 3 bilhes, sendo que R$ 150 milhes j tinham

    sidos alocados nas jazidas de minrio de ferro em Minas Gerais. importante registrar que

    entre 1984 a 2004 a cotao da tonelada do minrio de ferro no mercado internacional

    oscilou em torno de US$ 10 a tonelada. No momento exato da criao da MMX esta cotao

    salta para o patamar de US$ 30, sendo que depois de cinco anos, dispara para valores

    entre US$ 150 e US$ 170 a tonelada, como visto no grfico a seguir.

    Fonte: http://www.indexmundi.com

    Neste intervalo de tempo, o minrio no s aumentou sua cotao no mercado

    internacional como ampliou sua participao na economia nacional. Segundo o Ibram

    (Instituto Brasileiro de Minerao), o extrativismo mineral em 2012 j representava 5% do

    PIB nacional e respondia por 30% da balana comercial, faturando cerca de US$ 50 bilhes

    e com previso de chegar, em 2015, a quase 800 milhes de toneladas de minrio de ferro.

    Mais que o dobro das 370 milhes de toneladas produzidas em 2011.

    O Brasil detentor da quinta maior reserva de minrio de ferro do mundo,

    equivalente a 8,3% de todo planeta, apesar de ter apenas 20% do territrio geologicamente

    mapeado. (CILO, 2012). neste cenrio de alta do preo do minrio no mercado

    internacional que, em outubro de 2007, os projetos de minerao Amap e Minas Rio so

    vendidos por US$ 6,6 bilhes. O objetivo era alocar recursos nos demais projetos e

    consolidar, no mais o Centro de Logstica Industrial do Norte Fluminense, mas sim a

  • holding EBX e o Complexo Logstico-industrial do Au, com negcios para alm do minrio,

    j com vistas diversificao dos empreendimentos em direo ao petrleo.

    O projeto Minas-Rio j previa um mineroduto de 524 quilmetros de extenso,

    passando por 32 municpios, com a capacidade de circulao de 26,5 milhes de toneladas

    de polpa de minrio ao ano, que seriam filtradas e desidratadas numa unidade de

    beneficiamento, junto ao Porto do Au, de onde seriam exportadas. Isto a um custo 15

    vezes menor que o valor desembolsado pela Vale para transportar a produo de Carajs

    por ferrovias do Par at o Porto do Itaqui, no Maranho. Ou seja, uma reduo de R$ 25,00

    para R$ 1,50. (CILO, 2012).

    com este ganho em logstica que em 2006 foi realizada a oferta pblica de aes

    da MMX na BM&FBovespa, quando se conseguiu captar US$ 500 milhes. Eike Batista

    abriu mo destes ganhos para apostar no projeto do Clipa, alm da entrada definitiva da

    EBX no segmento do petrleo.

    No plano local, nas articulaes para incio da construo do porto, ampliaram-se os

    marcos e a garantia sobre a posse e uso do novo territrio. A MMX faz gesto para acelerar

    e aprovar um novo Plano Diretor para o municpio de So Joo da Barra que se transformou

    na Lei Municipal N 50/2006 e que definiu como e onde seriam as zonas de expanso

    industrial do municpio. O Plano foi discutido em audincias pblicas nas comunidades

    sanjoanenses, ainda sem um trao de noo da dimenso do empreendimento que adiante

    iria se constituindo no Complexo Industrial Porturio do Au.

    Neste momento, a economia do pas j comeava a deslanchar com o governo Lula

    superando os problemas polticos e garantindo sua reeleio, que comemorada junto do

    lanamento do Plano de Acelerao do Crescimento (PAC) que traa e/ou passa a apoiar

    projetos de infraestrutura e logstica, nos quais o Porto do Au viria se incluir.

    neste processo que a Antaq (Agncia Nacional de Transportes Aquavirios)

    autoriza a implantao e operao deste terminal porturio de uso privativo, na modalidade

    de uso misto (BRASIL, 2008, p.1), onde tambm se integraria um distrito industrial, na

    concepo de porto-indstria do tipo MIDAs. O complexo aproveitaria as vantagens da

    disponibilidade de uma imensa retrorea e as limitaes que tm os principais portos da

    regio Sudeste em dispor de espao para esse fim. Estamos falando, em especial, dos

    portos de: Santos, Rio de Janeiro e Vitria. Desta forma, identificamos que, dentre os

    principais portos da regio Sudeste, apenas o Porto do Au reuniria condies pra se

    transformar num complexo do tipo MIDAs.

    Nesta conjuntura lanada a pedra fundamental do Porto do Au, em solenidade no

    dia 27 de dezembro de 2006 e logo a seguir, em maro de 2007, formalizada a criao da

    empresa de logstica do grupo, a LLX. Segundo Eike Batista, a LLX nasceu da costela da

    MMX (BATISTA, 2011, p. 116). Em julho de 2007, as obras do porto so efetivamente

  • iniciadas. Em outubro deste mesmo ano a MPX, empresa do ramo de gerao de energia,

    que nasceu com a Termocear em 2001, amplia sua atuao, agora no Au, com o projeto

    de duas termoeltricas, uma a gs e outra a carvo. Em novembro de 2007 a MPX solicita o

    licenciamento da Termoeltrica a carvo no Au.

    Com a criao da LLX e a expanso do projeto de terminal porturio monofuncional

    do Au para o Complexo Logstico Industrial do Porto do Au (Clipa) a holding EBX agrega

    consistncia. Embora, segundo a prpria empresa, ela tenha sido criada na dcada de

    1980, s neste processo comea a ganhar corpo, atingindo, em 2012, o total de 14

    companhias (VALENTI, 2012).

    Os empreendedores identificaram o potencial das oportunidades geradas com o

    Porto do Au, que se desdobrou na deciso da criao de outra empresa, a LLX,

    independente da MMX e exclusiva de logstica, da seguinte forma:

    O setor logstico est em uma fase de amplo crescimento e modernizao de processos, sendo o Brasil um mercado altamente promissor em virtude da dimenso territorial e, principalmente, do intrincado sistema tributrio que envolve a produo e a distribuio de mercadorias. A demanda por servios de logstica cresceu, no somente em decorrncia do aumento da produo brasileira como resultado do crescimento do PIB, mas tambm por causa do comrcio internacional. O mercado logstico cresceu significativamente quando diversas companhias que costumavam planejar internamente o transporte e o armazenamento dos seus produtos decidiram terceirizar esses servios a companhias com tecnologia mais avanada e custos menores. (PIMENTEL et al, 2011, p. 8)

    Neste cenrio, observando o processo de crescimento econmico, Brando (2012)

    identifica o ERJ como uma miniatura do Brasil e como um resumo que evidencia as

    potencialidades, as mazelas e os desafios brasileiros, mesmo dizendo que se deve [...]

    desvendar os movimentos sincrnicos e diacrnicos da economia fluminense em relao ao

    andamento cclico da economia brasileira [...] (BRANDO, 2012, p. 17). O documento

    Desafio Rio 2012-2014 da Firjan (FIRJAN, 2011) estima os investimentos no ERJ, entre

    2012 e 2014, em R$ 212 bilhes com perspectivas de chegar ordem de R$ 600 bilhes at

    o final da dcada.

    Brando (2012), visitando o passado recente tambm identificou na herana da

    industrializao fluminense a forte participao das empresas estatais, em particular nas

    indstrias de base. Este processo tem incio com a CSN e depois com a Reduc at chegar

    s atividades de extrao mineral. Ele observa que isso levou ao que chama de

    heterogeneidades setoriais e microrregionais, que contriburam para um [...] truncado

    dinamismo metropolitano com baixssimo espraiamento e dinamizao dos enlaces urbanos,

    regionais e setoriais (BRANDO, 2012, p. 17).

    O Clipa surge em meio a esta alterao da dinmica econmica do ERJ quando o

    petrleo aumenta sua importncia, com a descoberta do pr-sal, e ocorre um fortalecimento,

    sem precedentes, da aliana poltica entre os governos federal, estadual e da capital

  • fluminense, alm de vrios outros municpios do ERJ. Tambm neste momento deslancham

    as obras do Comperj; a indstria naval em Niteri e Angra dos Reis; concluem-se as obras

    da siderrgica TKSA, em Santa Cruz; expandem-se as plantas e implantam-se novas

    montadoras de automveis no sul do estado. Novos projetos de terminais porturios na Baa

    de Sepetiba comeam a ser executados, alm de se confirmar a realizao dos grandes

    eventos esportivos na capital como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpadas de 2016.

    Aqui ficam criadas as condies de [...] metamorfosear crescimento com

    desenvolvimento [...] (BRANDO, 2012, p. 17). Em que pese a euforia com o crescimento

    econmico, a linha do desenvolvimento no traz indicativos de estar seguindo um trajeto

    paralelo. Parece que a coalizo das foras sociopolticas, mais uma vez, caminham para a

    espoliao urbano-regional, em busca das acumulaes privadas amplas e diversas, tal

    como em outros grandes empreendimentos em implantao no estado.

    As obras do Porto do Au so iniciadas em outubro de 2007, no mesmo perodo em

    que formalizada a criao da empresa de explorao de leo e gs do grupo, a OGX. O

    processo se d no mesmo perodo em que o grupo arremata o direito de explorar 21 blocos

    de petrleo no mar (cerca de sete mil Km) e nove em terra (21,5 mil km), na 9 rodada de

    Licitaes da ANP, referentes s bacias de Campos, RJ; Santos, SP; ES, Parnaba, PI e

    Par-Maranho.

    A OGX capta inicialmente US$ 1,3 bilho no mercado e, em seguida, no que

    considerado o maior IPO (oferta inicial de aes numa traduo livre) da histria das

    bolsas no Brasil, a OGX consegue captar US$ 4,1 bilhes. A campanha exploratria da

    OGX se inicia em 2009 na Bacia de Campos e depois no litoral de Santos e Nordeste.

    Ainda como parte da criao das CGP proveniente do empreendedor, mas tambm

    de suas articulaes com os governos nas trs escalas, alm de outros empreendedores

    privados, em fevereiro de 2008, assinado o contrato de concesso por 25 anos de 320 km

    da BR-101. Uma deciso que contempla os interesses da EBX, pois esta rodovia se

    conectar ao futuro Corredor Logstico do Clipa, na altura do municpio de Campos. Isto

    feito numa localizao estratgica tanto em direo ao sul Rio de Janeiro , quanto ao

    norte Vitria e tambm a oeste Minas Gerais com ligao ferroviria, rodoviria, via

    de comunicao e dutos de utilidades.

    Nesta mesma poca, com apoio pblico do empresrio Eike Batista, Carla Machado

    reeleita prefeita de SJB e Rosinha Garotinho eleita prefeita de Campos dos Goytacazes,

    respectivamente sede do complexo e municpio mais importante dentro da AID (rea de

    influncia direta) do Clipa.

    Ainda nas articulaes de viabilizao do consumo produtivo, em julho de 2009, o

    empresrio Eike Batista prossegue no aprofundamento da coalizo de foras polticas, ao

    seu redor e a seu favor, levando o governador Srgio Cabral e a prefeita Carla Machado,

  • numa viagem China, com o objetivo de negociar parcerias com a Wuhan. Esta empresa,

    considerada a quarta maior siderrgica do mundo, acaba alando a condio de scia da

    MMX e parceira no projeto de construo de uma siderrgica no Au, com o compromisso

    de entrar com 70% dos custos, ficando o restante a cargo da EBX.

    O Clipa e a EBX ganham o contorno de grande e estratgico complexo de

    empreendimentos interligados, onde o capital fixo usa a retrorea livre e incrustada no

    litoral, junto do porto-indstria, definindo o uso do territrio, incluindo o Distrito Industrial de

    So Joo da Barra (DISJB). Distrito este constitudo atravs de uma PPP entre a EBX e o

    ERJ reservando, ainda, uma rea contgua e complementar para um investimento imobilirio

    visando construo de um bairro inicialmente chamado de Cidade X , junto ao

    empreendimento, numa lgica de acumulao rentista pela incorporao imobiliria.

    tambm neste cenrio que nasce o estaleiro da OSX, em acordo de transferncia

    de tecnologia com a Hyundai, para a construo de plataformas, afretamento de unidades

    de explorao e produo e servios de operao e manuteno. Essa concepo de

    verticalizao dentro da holding segue uma das mximas do empreendedor que se prope

    [...] no depender de ningum na criao de riqueza. (BATISTA, 2011, p. 128). Mais uma

    ao de garantia do consumo produtivo na implantao do Clipa.

    O complexo porturio passa a ter dois terminais, o TX-1, offshore, para granis

    lquidos e slidos e o TX-2, onshore, cujo canal de aceso ao mar corta a Lagoa do Veiga.

    Neste terminal esto previstas as seguintes instalaes: um estaleiro; uma retrorea para

    contineres, cuja capacidade anual de 330 mil TEUs e empresas de apoio s atividades

    offshore, tendo j diversas reas alugadas.

    3.1. Nem tudo que o MIDAs toca vira ouro

    Como vimos, o processo de implantao do Clipa foi se dando por camadas, de uma

    forma que poderia ser qualificada como uma espcie de macroincorporao de

    investimentos, j que se assemelha aos projetos conhecidos de incorporao do setor

    imobilirio. Embora seja considerado o maior empreendimento privado da Amrica do Sul, o

    Clipa tem significativos investimentos pblicos desde a sua gnese, num perodo de

    expressivo crescimento econmico do ERJ e do pas.

    Os empreendedores aproveitam a oportunidade gerada pela ausncia de capital fixo

    em territrios estrategicamente localizados, visando obteno de lucros com oferta de

    servios de logstica, somada industrializao de bens de produo. Tal processo de

    reduo de custos se d com a radicalizao do Just in time, por meio de apurada

    articulao pblico-privada, numa cadeia de empreendimentos incorporados, em rea quase

    equidistante do Rio, Vitria e Belo Horizonte.

  • Outro aspecto evidente nesta anlise nos mostra que os fatos fundamentais na

    definio e busca da viabilizao do empreendimento esto fortemente vinculados

    presena do petrleo no litoral fluminense.

    Um outro fator de destaque est relacionado disponibilidade de rea contgua e

    extensa, no litoral, para o desenvolvimento do conceito porto-indstria, sendo que este

    aspecto aparece como definidor no estudo de viabilidade tcnico-econmica, realizado pelo

    governo estadual na virada deste sculo. Muito embora essa disponibilidade de espao

    viesse representar problemas posteriores, sobretudo com a exigncia de contrapartida

    ambiental para liberao do licenciamento.

    Uma parte da rea adquirida para a implantao do Clipa, mais precisamente a

    fazenda Caruara com seus 4234 ha, acabou sendo transformada numa RPPN (Reserva

    Particular do Patrimnio Natural) como condicionante de licenciamento exigido pelo INEA

    (Instituto Estadual de Ambiente). Por representar cerca de metade da rea, inicialmente

    adquirida pelo empreendedor, esse desfalque no capital fixo do Clipa provocou uma

    rearticulao com o governo do ERJ e da uma srie de desapropriaes questionveis de

    pequenas propriedades rurais, sobretudo na forma sumria como foram executadas. Mais

    uma ao do ERJ, por meio de uma PPP, realizada pela Codin (Companhia de

    Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro), no processo de implantao do

    DISJB ao lado do retroporto. Esta ao se encontra repleta de questionamentos e denncias

    de desrespeito dos direitos dos pequenos proprietrios locais. Pode-se dizer que esta

    situao, no mnimo, careceu de transparncia.

    Na anlise de todo este processo no h como separar o envolvimento do pblico

    com o privado na estruturao das CGP necessrias reproduo dos meios de produo,

    no que Marx chamou de consumo produtivo, relacionado ao consumo de estradas,

    terraplanagens, dragagens etc. Aes que so necessrias implantao efetiva do

    processo de produo do beneficiamento de minrio, da extrao e tratamento de petrleo,

    da gerao de energia, da construo naval etc. Atividades que demandam o consumo pela

    escolarizao e sade, que se vinculam fora de trabalho e se relacionam com consumo

    individual. O prprio empreendedor reconhece algumas colaboraes significativas dos

    governos:

    A LLX recebe, de forma pontual, ajuda financeira indireta de governos municipais e estaduais para a instalao ou ampliao de empreendimentos considerados prioritrios, que possam impactar positivamente a economia local. Esses impactos so medidos por meio de gerao de renda, emprego para a mo de obra local, aquisio de matrias-primas produzidas localmente e potencial influncia na criao de micro e pequenas empresas. A participao dos governos se d por meio de incentivos fiscais, financiamentos em condies especiais e doaes de terrenos. Por motivos estratgicos, a empresa no considera conveniente divulgar detalhes dessas operaes. (PIMENTEL et al, 2011, p.60)

  • No se pode deixar de identificar o vis schumpeteriano do Clipa, ao produzir um

    amlgama de empresa, capital e inovao, combinando foras produtivas com valores

    materiais (terra e trabalho) e imateriais (tecnologia e ambiente sociocultural). Isso sem

    abandonar a coalizo de foras produtivas, numa articulao mais monopolista que

    competitiva. Por outro lado, identificamos objetivos mais notadamente no campo da

    acumulao e menos preocupados com a inovao. A busca do lucro parece superar e

    muito a expectativa do progresso econmico no conceito gradualista de crescimento

    econmico de Schumpeter. Uma realidade que se estabelece como contraponto do

    desenvolvimento que se daria por saltos e que pressupe, segundo Furtadoi (apud

    MORICOCHI E GONALVES, 2000), tambm o desenvolvimento social, que nesta espcie

    de enclave parece um mero detalhe ou mesmo uma miragem.

    4. Consideraes finais

    A implantao de um complexo industrial porturio do tipo MIDAs est longe de ser

    um processo tranquilo. A criao das CGP parece mobilizar a todos e fazer com que

    qualquer outra demanda ou necessidade parea de menor importncia. Junte-se a isso a

    vida simples que se vivia na buclica So Joo da Barra h cerca de meia dcada. Pouco

    mais de 30 mil habitantes, lagunas, praias, um rio, manguezais e restingas. Trabalho rural e

    pesca. Havia at pesca artesanal.

    O complexo porturio nem comeou a operar e j agita as outrora pouco

    movimentadas ruas de So Joo da Barra. Muita gente diferente de hbitos diferentes. Os

    preos disparam e os empregos prometidos passam longe dali. O povo sanjoanense se

    sente barrado na porta da festa.

    O ERJ consegue as inverses to esperadas e a macrocefalia metropolitana promete

    esmaecer. A dependncia do petrleo e o fantasma da sua finitude diminuem de

    importncia. O Norte Fluminense tem de volta seus dias de Fausto, contudo So Joo da

    Barra paga um preo alto por isso e paga a maior parte da conta.

    A definio clssica de enclave econmico tende a se repetir por ali, desafiando as

    novas territorialidades promovidas pelas novas tecnologias. Afinal, no Au, a telefonia

    quase inexistente, um terreno frtil para a reproduo deste fenmeno. O capital, aliado ao

    seu fiel escudeiro, o Estado, constri as condies de produo que desfiguram o territrio.

    O poder, que j era distante, caminha para o inatingvel e o acesso aos bens, que era difcil,

    se aproxima a cada dia do impossvel. A corporao que chega ignora as iniciativas

    econmicas locais e at regionais, ela s se articula com o grande capital dos grandes

    centros.

  • A gente se esfora para identificar os aspectos relacionados com a implantao do

    Clipa que ainda temos que investigar e So Joo da Barra s se pergunta quando que

    passaro por aqui os tais fluxos materiais.

    5. Referncias Bibliogrficas

    Arajo, Tnia Bacelar de. Por Uma Poltica Nacional de Desenvolvimento Regional. In: Revista Econmica do Nordeste, Fortaleza, v. 30, n. 2, p. 144-161, abr.-jun. 1999.

    ASSIS, Roberto. Porto do Au Porto s depende da iniciativa privada. Folha da Manh, dois de setembro de 2000. Poltica, p.3

    BATISTA, Eike [colaborao de Roberto DAvila]. O X da Questo. Rio de Janeiro: Sextante, 2011, 160 p.; Il; 16x23cm.

    BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Lquida. Rio de Janeiro: J. Zahar Ed., 2001.

    BRANDO, Carlos. Prefcio. In: SILVA, Robson Dias da. Indstria e Desenvolvimento Regional no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. 258 p.

    BRASIL. Termo de Autorizao N 443-ANTAQ, de 11 de junho de 2008. Autoriza a empresa LLX Minas-Rio logstica comercial exportadora S/A [...] a construir e explorar, por prazo indeterminado, terminal porturio de uso privativo, na modalidade de uso misto [...] para a movimentao e armazenagem de cargas prprias e cargas de terceiros, destinadas ou provenientes de transporte aquavirio. Disponvel em: . ltimo acesso em: 13 de julho de 2012.

    CARVALHO, Ailton Motta de Carvalho; ROSENDO, Roberto. Formao Econmica da Regio Norte Fluminense. In: PESSANHA, Roberto Moraes; SILVA NETO, Romeu (Org.). Desenvolvimento econmico Norte Fluminense: da cana-de-acar aos royalties do petrleo. Campos dos Goytacazes, RJ: WTC Editora, 2004. p. 173 192.

    CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 7 ed. So Paulo: Paz e Terra, 2003.

    CILO, Hugo. O novo Eldorado da minerao. Isto Dinheiro, Edio n 754, 16 de maro de 2012, Negcios, 21h. Disponvel em: . ltimo aceso em 14 de julho de 2012.

    COCCO, Giuseppe; SILVA, Gerardo. (Orgs.). Cidades e portos: os espaos da globalizao. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

    ESTEVES, Francisco de Assis. Do ndio Goitac Economia Do Petrleo: uma viagem pela histria e ecologia da maior restinga protegida do Brasil. Campos dos Goytacazes (RJ): Essentia Editora, 2011. 232 p. Il. color.

    FIRJAN. Deciso Rio, Investimentos 2012-2014. Disponvel em: . ltimo

    HARVEY, David. Condio ps-moderna, 10 ed. So Paulo: Edies Loyola, 2001. 349 p.

    LAMEGO, Alberto Ribeiro. O Homem e o Brejo. Edio fac-similar. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

    LENCIONI, Sandra. Condies Gerais de Produo: Um Conceito a ser Recuperado para a Compreenso das Desigualdades de Desenvolvimento Regional. Revista Electrnica de Geografa Y Ciencias Sociales. Ago. 2007, Vol. XI, n 245, ISSN: 1138-9788.

    LOJKINE, Jean. O Estado Capitalista e a Questo Urbana. So Paulo: Livraria Martins Fontes, 1981.

  • MONI, Frdric e VIDAL, Soraia Maria do S. C. Cidades, portos e cidades porturias na era da integrao produtiva. Revista de Administrao Pblica, Dez 2006, vol.40, no. 6, p.975-995. ISSN 0034-7612. URL: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003 4-76122006000 60 0003&lng=pt&nrm=iso.

    MONI, Frdric e Vasconcelos, Flavia Nico. Evoluo das relaes entre cidades e portos: entre lgicas homogeneizantes e dinmicas de diferenciao. In: Confins [Online], 15 | 2012, posto online em 18 Junho 2012, Consultado o 11 Julho 2012. URL :http://confins.revues.org/ 7685; DOI : 10.4000/confins.7685

    MORICOCHI, Luiz e GONALVES, Jos Sidnei. Teoria do Desenvolvimento Econmico de Schumpeter: Uma Reviso Crtica. Informaes Econmicas, So Paulo, Agosto de 1994. volume n 24, n 8, p.33 ( o artigo vai das pginas 27-35). Disponvel em: . ltimo acesso em 14 de julho de 2012.

    NATAL, Jorge. Inflexo econmica e dinmica espacial ps-1996 no Estado do Rio de Janeiro. Nova Economia, Belo Horizonte, setembro-dezembro de 2004. Volume 14, p.71-90. Disponvel em:. ltimo acesso em 14 de julho de 2012.

    OLIVEIRA, Paulo Csar. Dilma defende parceria no Au. O Dirio, Campos dos Goytacazes, 27 de abril de 2012. Poltica, p.2 e 3. Disponvel em: . ltimo aceso em 30 de abril de 2012.

    PIMENTEL, Dilma et al. Relatrio de Sustentabilidade LLX. Rio de Janeiro: EBX/LLX, 2011. Disponvel em: . ltimo acesso em 12 de julho de 2012.

    SADER, Emir. Brasil, de Getlio a Lula. In: SADER, Emir e GARCIA, Marco Aurlio (orgs). Brasil, entre o passado e o futuro. So Paulo: Editora Fundao Perseu Abramo: Boitempo, 2010. 200p.

    VALENTI, Graziela e TORRES, Fernando. Eike precisa retomar maior ativo: confiana Crise X Empresrio tem recursos para dois anos em mdia, mas projetos exigiro dinheiro novo de investimentos. Valor, So Paulo, 10 de julho de 2012. Caderno Empresas, p. B5.

    VICTER, Wagner. Blog pessoal. Disponvel em: . ltimo acesso em 12 de julho de 2012.

    i FURTADO, Celso. Desenvolvimento e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1961. 272p.