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ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 1 CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO RELEVO NO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS, CARAJÁS-PA Jilciene Alves de Freitas (a) Andreana Santos (b) Maria Rita Vidal (c) (a) Instituto de Ciencia Humanas/Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará , Email: [email protected] (b) Instituto de Ciencia Humanas/Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará , Email: [email protected] (c) Instituto de Ciencia Humanas/Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará , Email: [email protected] Eixo: Geotecnologias e modelagem aplicada aos estudos ambientais Resumo Considerando que o geossistema ferruginoso é um sistema natural composto por unidades de paisagem, este trabalho tem por objetivo fazer uma análise paisagística do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos em Carajás-PA, através da classificação taxonômica do relevo e uso de geoprocessamento. Para a classificação foram utilizadas as ferramentas das geotecnologias, inicialmente adquiridas as imagens do projeto Shuttle Radar TopographicMission (SRTM) 1 Arc-Second 30m cenas s07-w050-1arc-v3 e s07-w051-1arc-v3, no site da EarthExplorer, cuja finalidade foi a elaboração do Modelo Digital de Elevação (MDE), mapa hipsométrico e de declividade com escala de 1:250.000. O shapefile de base geomorfológica foi adquirido no site do MMA, e todos os dados foram tratados no software Qgis 2.18. A partir dos resultados obtidos foram identificados 7 unidades morfológicas/estrutural que podem ter indicadores de áreas com potencialidades ambientais, ambas relacionadas com índices de alta declividade e altimetria. Palavras chave: Modelo Digital de Elevação; Cangas; Geomorfologia 1. Introdução Diante do cenário brasileiro de desenvolvimento econômico pautado em parte na exploração excessiva de recursos naturais, torna-se indispensável a criação e manutenção das

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CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO RELEVO NO PARQUE

NACIONAL DOS CAMPOS FERRUGINOSOS, CARAJÁS-PA

Jilciene Alves de Freitas (a) Andreana Santos (b) Maria Rita Vidal (c)

(a) Instituto de Ciencia Humanas/Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Sul e

Sudeste do Pará , Email: [email protected]

(b) Instituto de Ciencia Humanas/Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Sul e

Sudeste do Pará , Email: [email protected]

(c) Instituto de Ciencia Humanas/Faculdade de Geografia, Universidade Federal do Sul e

Sudeste do Pará , Email: [email protected]

Eixo: Geotecnologias e modelagem aplicada aos estudos ambientais

Resumo

Considerando que o geossistema ferruginoso é um sistema natural composto por unidades de paisagem,

este trabalho tem por objetivo fazer uma análise paisagística do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos em

Carajás-PA, através da classificação taxonômica do relevo e uso de geoprocessamento. Para a classificação foram

utilizadas as ferramentas das geotecnologias, inicialmente adquiridas as imagens do projeto Shuttle Radar

TopographicMission (SRTM) 1 Arc-Second 30m cenas s07-w050-1arc-v3 e s07-w051-1arc-v3, no site da

EarthExplorer, cuja finalidade foi a elaboração do Modelo Digital de Elevação (MDE), mapa hipsométrico e de

declividade com escala de 1:250.000. O shapefile de base geomorfológica foi adquirido no site do MMA, e todos

os dados foram tratados no software Qgis 2.18. A partir dos resultados obtidos foram identificados 7 unidades

morfológicas/estrutural que podem ter indicadores de áreas com potencialidades ambientais, ambas relacionadas

com índices de alta declividade e altimetria.

Palavras chave: Modelo Digital de Elevação; Cangas; Geomorfologia

1. Introdução

Diante do cenário brasileiro de desenvolvimento econômico pautado em parte na

exploração excessiva de recursos naturais, torna-se indispensável a criação e manutenção das

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Unidades de Conservação (UC) por todo as regiões do País. Criadas por meio do poder público

ás UC surgem da necessidade de proteção de domínios morfoclimáticos com características

singulares, necessidade que se faz presente no Sudeste do Estado do Pará, tendo na Região de

Carajás a criação do Mosaico de Unidades de Conservação de categorias Integral e de Uso

Sustentável.

Uma das recém-criadas UC em Carajás é o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos

(PNCF)1, instituída em 2017.Diferentes das demais UC do Mosaico Carajás, o PNCF tem como

característica relevante sua formação associada à afloramentos rochosos e arcabouços que

apresentam composições ferríferas, formando estruturas encouraçadas, situadas principalmente

nos platôs cuja altitudes ultrapassa a 700 metros, além de extratos ferríferos sobre rochas

exposta e superficialmente sobre solos (CARMO, KAMIRO, 2015).

A expressão visível do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos é uma combinação

de diferentes unidades de paisagens que integra a ação da geologia, clima, solos hidrografia,

geomorfologia e cobertura vegetal. Esses condicionantes físicos se relacionam de forma

indissociável compondo um geossistema com paisagens complexas e singulares, ambos

vinculados a processos pretéritos e atuais que envolvem os estudos integrados. Através de

estudos integrados, baseados na Geoecologia das Paisagens, analisam-se as paisagens como um

sistema integrado que se relaciona e se intercomunica entre seus elementos e componentes

(VIDAL, 2014). Considerando que o geossistema ferruginoso é um sistema natural composto

por unidades de paisagem, este trabalho tem por objetivo fazer uma classificação

geomorfológica do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos em Carajás-PA, através da

classificação taxonômica do relevo com uso do geoprocessamento.

1 Esse trabalho traz dados/resultados inéditos das Pesquisas Desenvolvidas pelo grupo de Pesquisa do

CNPq/Unifesspa “ Geoecologia das Paisagens e Sistemas Geoinformativos - Coordenado pelos

Professores: Maria Rita Vidal e Abraão Levi dos Santos Mascarenhas.

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O relevo é substrato físico e visível onde atuam as demais unidades ambientais, bem

como é palco de ações antrópicas. De acordo com Cristofoletti (1998) “a análise do relevo é

importante para detectar padrões de degradação, o que permite estabelecer medidas de proteção

por meio de planejamento ambiental”.

2. Materiais e Métodos

2.1.Caracterização e contextualização da área de estudo

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos (PNCF), é uma Unidade de Conservação

de âmbito Federal, de uso integral. O PNCF foi criada em julho de 2017, a partir de uma

reinvindicação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) do Instituto Chico Mendes

de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), direcionada a Mineradora Vale, como forma de

ressarcimento ambiental, dado pela instalação do projeto de mineração de ferro Complexo

Carajás S11D.As ações na Mina S11D tem atividades de extração mineralógicas em depósitos

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minerais que causam elevado ônus ambiental. O PNCF fica situado entre os municípios de

Canaã dos Carajás e Parauapebas, localizado no sudeste do Pará (Figura 01).

Figura 01- Mapa de Localização do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, Carajás

Elaboração: Jilciene Alves e Andreana Dos Santos, 2019.

Com uma área total de 79.029 mil hectares, e sendo cortado pela rodovia PA-160, o

PNCF fica localizado em uma região de regime climático equatorial super úmido, sendo o rio

Parauapebas um dos seus componentes hídricos principais. O PNCF é marcado por ser uma

faixa que transita entre os biomas Cerrado para o Amazônico. Esta UC abriga duas grandes

Serras conhecidas por Serra do Tarzan e Serra da Bocaina. De acordo com estudos científicos,

este recorte espacial abriga cerca de 350 cavernas, e possui depósitos superficiais hematíticos

ao qual denomina-se por formações de canga, e são envoltos por uma cobertura designada de

vegetação rupestre sobre canga, possuindo arbustivos de pequeno porte. (SCHAEFER, 2008).

Os principais tipos de cobertura vegetal são floresta ombrófila densa, floresta ombrófila aberta

e vegetação secundária no entorno. Os tipos de solos predominantes no PNCF são, Neossolos

Litólico, Argissolos Vermelho, Argissolos Vermelho-Amarelos, Plintossolos Pétricos e

Latossolos Vermelho-Amarelo.

2.2. Procedimentos metodológicos

Para a análise geomorfológica no PNCF, foi adotado a metodologia de classificação

taxonômica de Ross (1992), que se baseia nos conceitos de morfoestrutura e morfoescultura,

visto que contempla o levantamento de informações que suprem a necessidade almejadas pelo

objetivo do trabalho, portanto abordam informações referentes a morfogênese, morfometria,

morfografia e morfodinâmica do relevo, ou seja aspectos quantitativos e qualitativos do relevo,

em conformidade com a escala adotada de 1:250.000.

O mapeamento geomorfológico é assim importante ferramenta para compreensão

inicial dos processos atuantes no relevo. De acordo com Tricart (1965), o mapa geomorfológico

refere-se à base da pesquisa e não à concretização gráfica da pesquisa realizada, o que

demonstra seu significado para melhor compreensão das relações espaciais, sintetizadas através

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dos compartimentos, permitindo abordagens de interesse geográfico como a vulnerabilidade e

a potencialidade dos recursos do relevo.

Como procedimentos metodológicos foram utilizadas as ferramentas das

geotecnologias, que tornaram possíveis o levantamento de dados para a produção cartográfica.

Inicialmente foram adquiridas as imagens do projeto Shuttle Radar TopographicMission

(SRTM) 1Arc-Second30mcenas s07-w050-1arc-v3 e s07-w051-1arc-v3, no site da

EarthExplorer, cuja finalidade foi a elaboração do Modelo Digital de Elevação (MDE), e

posteriormente criação dos mapas hipsométrico com relevo sombreado, e de declividade. O

shapefile de base geomorfológica foi adquirido no site do Ministério do Meio Ambiente

(MMA), e de hidrografia no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Todos os

dados espaciais foram tratados no software Qgis 2.18. A classificação do mapa geomorfológico

foi baseada em Ross (1992) bem como nas sequências estabelecidas pelo Manual Técnico de

Geomorfologia do IBGE (2009).

4. Resultados e Discussões

No que tange a classificação taxonômica, há uma ordem de grandeza a ser observada,

e cada táxon possui características e critérios específicos. O 1º táxon, maior unidade em

grandeza corresponde as unidades morfoestruturais, são estruturas que sustentam o relevo,

estando influenciadas diretamente pelo substrato geológico.

O Estado do Pará é constituído em parte pela estrutura da Bacia Sedimentar

Amazônica e pela estrutura de Crátons Amazônico, ambos são grandes estruturas do relevo

gerada pelas forças endógenas e modeladas pelas força exógenas.

De acordo com ALMEIDA (1967), foi a fragmentação do supercontinente Gondwana,

associada a Reativação Wealdeniana que afetaram toda a plataforma, hoje conhecida por

plataforma Sul-Americana, no qual a abertura do oceano atlântico promoveu o soerguimento

do Cráton Amazônico e a sedimentação da Bacia Amazônica.

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A região em que está inserida o PNCF faz parte da estrutura de Crátons Amazônicos,

e tem sua origem no período Pré-Cambriano, tal estrutura configura-se por ser uma enorme

placa litosférica continental, constituída por várias províncias crustais (seguimento da crosta)

de idade diferentes, que ao longo do tempo geológico foram arrasados por mecanismos de

erosões, (BRITO NEVES e CORDANI, 1991). As fronteiras das províncias podem ser

marcadas por falhas ou zonas de cisalhamento (zona de deformações). Neoarquiana, a província

crustal onde o PNCF está inserido é denominada de província Carajás e é uma das mais antigas

é mais preservadas do Crátons Amazônico, portanto as rochas que o compõe também são

antigas.

As reservas naturais ferríferas desta proveniência foram se acumulando no período

arqueano, quando os processos de variação de temperatura e pressão se tornaram mais

recorrentes sobre os depósitos marinhos que eram ricos em sílica e ferro, e com o

enriquecimento progressivo de 02 na atmosfera houve a oxidação de ferro em solução nos mares

daquela época, ALMEIDA (1967). A formação do geossistema Campos ferruginosos, teve suas

origens geológicas no Arqueano (2,7 – 2,6 Ga) e Paleoproterozoico (2,5 Ga a 540 Ma),

momento em que surgiam as primeiras formações rochosas expostas, dando origem também as

couraças de ferros constituída nas áreas de relevo com maior altitude, os platôs e escarpas. A

estrutura do PNCF é composta em maior expressividade por rochas intrusivas, metavulcano

sedimentar, metamórfica de médio a alto graus e metassedimentar (CARMO; KAMIRO, 2015).

O 2º táxon são as unidades morfoesculturais, com grandeza inferior, referem-se as

esculturas que o relevo apresenta, de acordo com ROSS (1992), a morfoescultura é resultado

da ação climática atual e pretérita que agiu sobre sua estrutura, esculpindo o seu relevo. Uma

determinada estrutura pode haver mais de uma unidade morfoescultural, desta forma a região

sudeste do Pará é composta pela Depressão Periférica do Sul do Pará e Planalto Dissecado do

Sul do Pará.

A Depressão Periférica do Sul do Pará é uma porção de superfícies aplainadas, que

possivelmente foram arrasadas por constantes eventos de erosão durante grande parte do

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Cenozóico. A depressão possui cotas altimétricas que variam entre 100 e 400 m, embora a maior

parte seja de superfícies aplainadas, encontra-se áreas dissecadas em relevo colinoso, destaca-

se, ainda, relevante número de feições residuais em meio às superfícies aplainadas.

A extensão que compreende o Planalto Dissecado do Sul do Pará, onde está localizado

o PNCF, é uma superfície de maciços residuais, derivado de processos erosivos sobre rochas

mais resistentes. Os maciços residuais estão contíguo a terrenos rebaixados cuja altitude vai se

alternando, e em algumas áreas ultrapassa a cota de 700m, como ocorre em determinadas áreas

do PNCF.

O Planalto Dissecado do Sul do Pará é constituído ora por relevos acidentados

fortemente dissecado por alta densidade de drenagem, ora apresenta áreas de topos aplainados

em superfícies planálticas antigas que foram erodidas. Além disso, este Planalto está interligado

por várias formas tabulares, denominada por serra dos Carajás, de acordo com Boaventura

(1974) está serra é remanescente de uma outrora vasta superfície de idade cretácea a paleógeno

que teria englobado a Serra dos Carajás.

Na sequência, o 3º táxon, corresponde as unidades morfológicas com padrão de formas

semelhantes, que são formas menores do relevo, caracterizada pela rugosidade topográfica ou

índice de dissecação, são decorrentes de processos erosivos mais recentes que favorecem a

dissecação do relevo. Para a análise desse táxon foram utilizadas as variáveis hipsométria,

declividade e forma.

Na analise hipsométrica foram consideradas sete classes que se correlacionam com a

altimetria e declividade (Figura 02). As menores cotas altimetricas variam de 100 a 200m e

possuem baixa rugosidade conforme mostra o relevo sombrado do mapa da figura 2, estas são

áreas com declividade muito fraca, tendem a ser áreas inudáveis em períodos de maior

precipitação. As áreas com maiores rugosidades são as que apresentam também as maiores

amplitudes altimétricas, que variam de 600m a 700m, possuem declividades muito alta que

favorece o escoamento hídrico, com predominio para processos erosivos.

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Figura 02- Mapa Hipsométrico do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, Carajás-PA Elaboração: Jilciene Alves e Andreana Dos Santos, 2019.

De acordo com a variável declividade foi possível delimitar sete classes expressas em

porcentagens de declividade onde os níveis de inclinação dessas superfícies influenciam nas

dinâmicas agradacionais (acumulação) e denudacionais (erosão) do solo, estando relacionado

com a intensidade do escoamento de águas pluviais, textura dos solos e permeabilidade das

rochas.

A primeira classe é de declividade muito baixa, com inclinação de 0-2% com uma área

aproximada de 1.476 ha, tendem a ser áreas de lixiviação pois são áreas mais planas e com

menor altitude (Figura 03), que apota a disposição espacial das declividades no PNCF. A

segunda classe, é de declividade fraca com inclinação de 2-5%, possuem área de 6.926 há, este

relevo contém densidade de drenagem baixa.

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Figura 03- Mapa de Declividade do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, Carajás-PA

Elaboração: Jilciene Alves e Andreana Dos Santos, 2019.

A classe com declividade moderadamente ondulado tem intervalos de 5-10%, e

possuem aprofundamento e densidade de drenagem médio, tendo formações superficiais

pouco espessas, com aproximadamente 1.398 ha.

Para a classe ondulado com declividade que varia entre 10-15%, tem-se uma área de

10.120 há, já para a casse forte ondulado teve as declividades entre 15-45%, com área de

aproximadamente 35.331 há, sendo a maior área quantificada no mapeamento, são relevos com

densidade de drenagem fina e aprofundamento da drenagem médio ou forte. A sexta classe é

de forte ondulado, com declividade de 45-70%, e aproximadamente 10.004 há, tendem a ter

escoamento grosseiro, com ação de escoamento que provoca perda de materiais. A sétima classe

é de áreas escarpadas com declividade de 70-100%, são áreas de escoamento superficial

concentrado e dependendo do tipo de cobertura vegetal podem provocar a remoção de solos

eclodindo a formação de ravinas e voçorocas.

Evidenciando a variável forma, o PNCF está divido em sete classes evidenciados na

figura 04. A primeira classe são os modelados em forma de encosta íngreme de erosão, estes se

apresentam em áreas de declividades alta e próximas de escarpas, ocorrem com mais

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frequência em rochas metamórficas ou em metassedimentos.

Figura 04- Mapa de Unidades morfológicas do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, Carajás-PA

Elaboração: Jilciene Alves e Andreana Dos Santos, 2019.

O segundo modelado de dissecação homogênea aguçada, é caracterizado por conjuntos

de formas de relevo de topos alongados e estreitos, esculpidas em rochas metamórficas

denotando controle estrutural, são resultantes da interceptação de vertentes de declividade

acentuada, com padrão dominante de drenagem dendrítica.

O terceiro modelado, de dissecação homogênea convexa, são marcados pela densidade

e aprofundamento da drenagem, as formas de topos convexos são geralmente esculpidas em

rochas ígneas e metamórficas às vezes denotando controle estrutural. São caracterizadas por

vertentes de declividades variadas. Quarto modelado de dissecação homogênea tabular, as

formas de topos tabulares delineiam feições de rampas suavemente inclinadas, esculpidas em

coberturas sedimentares inconsolidadas e rochas metamórficas, denotando eventual controle

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estrutural. São, em geral, definidas por rede de drenagem de baixa densidade, apresentando

baixa declividade.

Quinta classe, pediplano degradado inumado, são superfícies de aplainamento

parcialmente conservado ou pouco dissecada e separada por escarpas de outros modelados de

aplanamento e de dissecação correspondentes, aparece frequentemente mascarada, inundada

por coberturas dentríticas. Para a sexta classe tem-se o pediplano retocado inumado, são

superfície de aplanamento resultantes de sucessivas fases de erosão, sem no entanto, perder

suas características de aplanamento, cujos processos geram sistemas de planos inclinados, às

vezes levemente côncavos. Pode apresentar cobertura dentríticas e/ou encouraçamentos com

mais de um metro de espessura. A última classe é de rampa de coluvião, são formas de fundo

de vale suavemente inclinadas, associadas a depósitos coluviais provenientes das vertentes que

se interdigitam ou recobrem osdepósitos aluvionares, ocorre em setores de baixa encosta, em

segmentos côncavos.

5. Considerações finais

A classificação taxonômica do relevo no PNCF se mostrou adequada para expressar os

processos atuantes nesse relevo, bem como para mostrar a distribuição dos tipos de modelados

e sua morfometria. A análise integrada da altimetria e o estabelecimento da declividade,

possibilitou que fossem delimitadas sete (07) unidades morfológicas para o Parque Nacional

dos Campos Ferruginosos. As unidades morfológicas delimitadas vão possibilita que sejam

apontadas em estudos futuros áreas com maiores potencialidades a processos degradacionais.

Apesar da classificação taxonômica do relevo no PNCF ter identificado algumas áreas

que possuem tendências à padrões degradacionais, é necessário um levantamento mais

detalhado de outros condicionantes das paisagens para identificar com mais propriedade

problemas relacionados a padrões de degradação, mudanças na paisagem, pois como já

mencionado, estas unidades se correlacionam de forma indissociável.

Referências Bibliográficas

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