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INTEGRIDADE INTELECTUAL Richard B. Ramsay EDITORIAL CLIE

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INTEGRIDADE

INTELECTUALRichard B. Ramsay

EDITORIAL CLIE

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Galvani, 113

08224 TERRASSA (Barcelona) España

E-mail: [email protected]

Web: http://www.clie.es

INTEGRIDAD INTELECTUAL

Richard B. Ramsay

© 2005, Richard B. Ramsay

(Con breves modificaciones en la edición de 2009)

Todos los derechos reservados.

Depósito Legal:

ISBN: 84-8267-376-9

Impreso en Publidisa

Printed in Spain

Clasifíquese: 65 TEOLOGÍA: Pensamiento Cristiano

CTC: 01-01-0065-13

Referencia: 22.45.84

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INTEGRIDADE INTELECTUAL

O desenvolvimento de uma cosmovisão cristã

Prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

Capítulo 1 A esquizofrenia intelectual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Capítulo 2 A guerra pela verdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

Capítulo 3 Atacar ou retroceder? O cristão e sua relação com a sociedade. . . . . . . . . .47

Capítulo 4 Cosmovisões não cristãs. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59

Capítulo 5 Para um enfoque cristão da política. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77

Capítulo 6 Para um enfoque cristão da economia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93

Capítulo 7 Para um enfoque cristão das ciências naturais e da matemática. . . . . . . .105

Capítulo 8 Para um enfoque cristão da arte. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .117

Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .129

Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .......131

GUIA DE ESTUDO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135

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INTEGRIDADE

INTELECTUAL

O desenvolvimento de uma

cosmovisão Cristã

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Prefácio

Por mais que tivesse sido criado em uma família cristã, comecei a duvidar da

minha fé durante meu primeiro curso de filosofia na universidade. Em meio da minha

peregrinação espiritual, o Senhor me mostrou sua presença uma noite de brilhantes

estrelas. Entreguei meu coração ao Senhor, e voltei à minha casa espiritualmente

renovado. Entretanto, sem saber no momento, todavia me faltava entregar meu cérebro

ao Senhor também. Todavia assistia às aulas nas que me estavam ensinando em forma

sutil que eu mesmo deveria ser juiz da verdade, que a verdade era relativa e subjetiva.

Estavam-me lavando o cérebro com essa mentalidade, sem que eu desse conta. Eu

seguia vivendo uma dualidade entre minha vida «espiritual» e minha vida intelectual.

Despertei à essa realidade quando fiz um curso sobre a ética. Primeiro pensei

que meu professor fosse um pensador profundo, pela maneira que fazia boas perguntas.

Sempre dizia, «Por que pensa assim?» Me dei conta de que devia saber defender meu

ponto de vista. Um dia fomos à uma conferência de um conhecido filósofo que falou

sobre o tema da ética. Me chamou a atenção que em todo seu discurso não defendeu

nenhuma posição. Simplesmente arrojava suas opiniões sobre qualquer tema. Voltei à

aula indignado, e seguro de que nosso professor o ia criticar duramente por isso.

Quando o professor pediu nossa opinião do discurso, levantei a mão, convencido de que

todos iam aplaudir meu comentário. Eu disse, «Foi interessante, mas não defendeu

nenhuma de suas opiniões». Sabe o que me disse o professor? «Por que pensa que

deveria defender suas opiniões?» Não pude acreditar! Em um instante tudo me ficou

claro. O professor esteve jogando conosco durante todo o semestre. Ele não tinha

nenhuma resposta, e somente pretendia ser sábio, fazendo-nos defender qualquer

comentário com sua fácil pergunta, «por que?»

Depois desta revelação, comecei a questionar as pressuposições mais

fundamentais do meu ensino universitário. Foram os livros de Francis Schaeffer e

Cornelius Van Til os que me ajudaram a ver o problema do relativismo e da pretendida

subjetividade da verdade. Me levaram a entregar, não somente meu coração, mas

também minha cabeça, a Jesus Cristo. Na realidade, foi como uma «segunda

conversão».

Não me entendam mal. A Bíblia ensina que há uma só conversão,

teologicamente falando. Entretanto, alguns vivem uma vida tão dividida entre nossa fé

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cristã e nossos pensamentos não cristãos, que necessitamos uma mudança radical em

nossa forma de pensar, tão radical que poderíamos chamar uma conversão intelectual.

Depois de minhas lutas, prometi ajudar a outros que estivessem duvidando de

sua fé. Na realidade, isso é o que me tem motivado a trabalhar no ministério. Quisera

entregar este livro ao Senhor como um cumprimento parcial dessa promessa que fiz.

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Capítulo 1

A esquizofrenia intelectual1

«Já não há uma mente cristã.»

HARRY BLAMIRES2

Os evangélicos padecem de «esquizofrenia intelectual». Quando se trata de um

tema teológico ou «espiritual», buscam respostas baseadas nos ensinos das Escrituras,

mas quando se trata de outros temas como a política, a economia, ou a arte, por

exemplo, freqüentemente nossas opiniões não têm nenhuma relação com nossa fé cristã.

O resultado é que projetamos uma espécie de «dupla personalidade».

No momento de escrever estas linhas, há um tema discutido mundialmente: a

guerra de Estados Unidos contra Iraque (2003). Alguns estão a favor, e outros contra.

Não pretendo resolver esta discórdia, mas o que me chama a atenção é a maneira que se

conversa acerca do tema entre cristãos. Escuto comentários simplistas como «Isto é

imperialismo!» por um lado, e «Sadam Hussein é uma ameaça!» por outro lado. Alguns

reclamam que não foi provado que Iraque tenha armas nucleares, e que portanto

devemos deixá-los tranqüilos. Outros advertem que se não detemos o Iraque, eles nos

atacarão. O curioso é que não escutei quase ninguém falar de uma perspectiva cristã da

guerra. Há bastante literatura cristã e há passagens bíblicas que nos podem orientar

acerca da guerra, mas não escuto referências a isto em nossas conversas. E eu sou tão

culpado como os demais. Por que não formamos nossas opiniões acerca deste tema atual

da mesma maneira que formamos nossas convicções teológicas? Tenho a impressão de

que muitos cristãos repetem simplesmente o que tem lido no diário ou em sua revista

secular favorita.

Também creio que muitas opiniões acerca de temas atuais refletem mais

pragmatismo que cristianismo. “Quero dizer, em vez de perguntar quais são os

principios éticos bíblicos, perguntamos o que aconteceria se...», e baseando em nossa

especulação das possíveis consequencias, tomamos decisões importantes. Recordo,

quando vivia em Costa Rica em 1977, conversando com outros missionários acerca do

Canal do Panamá. Alguns diziam que os Estados Unidos não deveria entregar o canal

aos panamenhos porque não saberiam administrar bem. Não escutei comentários acerca

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do que seria justo. Quando fui ao Chile em 1978, havia uma diferença marcada de

opiniões acerca do presidente Pinochet. Alguns defendiam a dureza dos primeiros anos

do seu regime, dizendo que era «necessária» para frear a oposição. Repito que não

pretendo analisar estes temas neste momento, porque são bastante complexos. Somente

quero mostrar a maneira em que frequentemente formamos opiniões baseadas em nada

mais que nos «resultados».

Faça uma experiência: trate de conversar com um amigo cristão acerca de

algum, candidato político do seu país. É muito provável que somente fará comentários

pragmáticos (positivos ou negativos) acerca do que aconteceria se fosse eleito. «Se este

fosse presidente, nossa economia melhoraria». «Se este outro fosse eleito, aumentaria o

crime». Não há nada de mal em especular acerca das possíveis consequencias da eleição

de algum político. Entretanto, isto não é suficiente, porque não reflete uma avaliação

profunda baseada em princípios bíblicos. Devemos estar fazendo perguntas como:

Quais são as pautas bíblicas acerca da economia e a política? Qual é o propósito de um

governo civil, segundo a Bíblia? Qual é a posição de tal candidato acerca destes temas?

A. A falta de integridade intelectual

Tal como nos falta integridade moral, nos falta integridade intelectual. Recordo

quando estava estudando no seminário, muitas pessoas que eu considerava

espiritualmente maduros e teologicamente astutos. Entretanto, não podia crer a mudança

de personalidade que se via quando saíamos a praticar esportes! Alguns destes gigantes

espirituais se convertiam em crianças travessas no campo. Quando saía a bola um

pouquinho fora do campo, diziam que não havia saído. Quando um companheiro estava

em seu caminho, não tinham escrúpulos em golpeá-lo forte com seu corpo, colocando-o

ao chão. Quando perdiam a partida, ficavam barvos. Os amigos do seminário que

estavam na outra equipe eram arqui-inimigos no campo. Isto parecia o mais natural, e

jamais questionavam esta ética deportiva. Eu vejo que sucede algo parecido no campo

intelectual, e com nossas convicções. Sem dar-nos conta, frequentemente nos

transformamos em pensadores não crentes quando falamos de certos temas. Inclusive,

alguns nem sequer se tem perguntado se há uma perspectiva cristã da ciência, do

governo, da economia, da arte, ou da música.

Em parte, esta inconsequencia se debe a secularização da educação pública.

Insistem que deixemos Deus de fora quando entramos na sala de ciências naturais. O

instrutor pode ensinar a teoria da evolução como se fosse um fato comprovado, mas se

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um aluno se atreve a falar da criação, será acusado de mesclar a religião com a ciência.

Estudamos as conclusões dos psicólogos acerca da natureza do homem, sem dereito a

questionar as pressuposições. Em meu primeiro ano na universidade, o primeiro dia de

aula, o professor de filosofia perguntou quantos acreditavam em Deus. Quando a

metade dos alunos levantou a mão, ele disse: «Bom, espero que no final do semestre,

todos vejam que não há nenhuma razão para crer em Deus». Seu plano deu bons

resultados com meu irmão maior, mas foi precisamente este desafio que me fez

aproximar-me mais do Senhor. Me tenho perguntado muitas vezes, que sucederia a um

professor que declara sua intenção de convencer a todos seus alunos que Deus existe?

Estou bastante seguro que seria despedido!

Também podemos culpar em parte a Tomás de Aquino por ter feito uma

separação entre a fé e a razão, entre o «espiritual» e o «secular». Usamos nossa razão

para estudar a natureza até certo ponto, e depois temos que usar a fé e olhar as

Escrituras para entender as coisas espirituais. Por exemplo, podemos chegar a crer em

Deus através da natureza e o uso da razão, mas temos que ler a Bíblia e exercer a fé para

crer na Trindade. Esta dicotomia permitiu uma separação entre a fé e a razão, entre o

espiritual e o natural, que tem sido daninha. Muitos cristãos pensam que podem falar da

ciência sem referir-se à fé ou à Bíblia, e outros pensam que podem falar da fé,

rechaçando a ciência e a razão.

Kant também destacou esta separação. Distinguiu entre o mundo dos

«noúmenos» e o mundo dos «fenômenos», entre o mundo metafísico e o mundo físico.

A razão «pura» funciona no mundo físico, mas no mundo metafísico, somente funciona

a razão «prática». A religião, a moralidade a liberdade, e a ética estão no mundo dos

«noúmenos», um mundo cheio de contradições.

NOUMENOS (religião, moralidade, liberdade, ética)

RAZÃO PRÁTICAMundo metafísico

FENÔMENO

S

Mundo Físico

RAZÃO PURA(ciência, experiência)

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Assim se formou uma dicotomia daninha. A ciência chega a ser racional e

objetiva, enquanto os assuntos religiosos são ambíguos e contraditórios. Alguns negam

o uso da fé para a interpretação da natureza, e outros negam o uso da razão para

interpretar os assuntos «religiosos» (o existencialismo).

Entretanto, as instituições de educação não tem a maior parte da culpa, Tomás de

Aquino não tem a culpa, e Kant não tem culpa. A culpa principal é nossa os

evangélicos. Temos abandonado a batalha pela verdade. Ingenuamente temos posto as

lentes dos não crentes para investigar a criação de Deus. Temos entregado o mundo de

bandeija aos incrédulos.

Harry Blamires argui que «já não há uma mente cristã», que o pensamento

cristão foi secularizado. Com «mente cristã», não se refere a indivíduos que pensam,

mas a «um conjunto de conceitos e atitudes coletivamente aceitos», uma corrente de

pensamento cristão para guiar-nos, uma escola de pensamento com que possamos

dialogar. Opina que temos que buscar amigos não crentes para conversar com

profundidade temas da atualidade ou temas da literatura séria3. Gostaria poder dizer que

não tem razão, mas creio que sua observação é bastante acertada em geral.

Entretanto, há exceções, e creio que houve uma melhoria durante os últimos

anos. Permita-me mencionar somente alguns exemplos para despertar o interesse neles.

Um dos meus autores favoritos é C. S. Lewis. Muitos não sabem que ele era evangélico

(anglicano), mas suas novelas para crianças (série de Nárnia) foram traduzidas e lidas

em muitos países do mundo. Seus livros teológicos e filosóficos estão ao nível dos mais

eruditos de nossa época. Lewis foi modelo de testemunho claro e brilhante de uma

cosmovisão cristã. Ele propôs que nossa influência cristã é ainda mais forte quando

tratamos temas diversos com um enfoque cristão que temas propriamente «espirituais».

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Francis Schaeffer foi um modelo para muitos em sua maneira de analisar o pensamento

e a cultura ocidental de uma perspectiva cristã. Há muitos holandeses que esteve

refletindo cristianamente acerca de distintos aspectos da cultura. H. R. Rookmaaker

ensinou acerca da arte (A arte moderna e a morte de uma cultura).

Herman Dooyeweerd aprofundou acerca da filosofia (As raízes da cultura

ocidental). Cornelius Van Til fez uma análise importante da filosofia em seus livros de

apologética (A defesa da fé). O exemplo de Abraham Kuyper (1837-1920) deu ânimo a

alguns evangélicos que sentem o chamado a participar na política, ao ser primeiro

«Creio que qualquer cristão que está qualificado para escrever um bom livro

popular acerca de qualquer ciência pode conseguir muito mais que algum

trabalho diretamente apologético. A dificuldade que enfrentamos é esta.

Podemos fazer (frequentemente) que as pessoas escute o ponto de vista cristão

durante uma meia hora ou mais; mas no momento em que se vão da sala em

que fazíamos o discurso, ou no momento em que deixam de lado nosso artigo,

são submergidos imediatamente de novo em um mundo em que a posição

oposta se dá por certo.

O que queremos não são mais livros acerca do cristianismo, mas mais livros

escritos por cristãos acerca de outros temas — com seu cristianismo latente.

Isto se pode ver mais facilmente quando vemos ao revés. Nossa fé não será

sacudida facilmente quando lemos um livro acerca do hinduismo. Mas se

lêssemos um livro básico acerca da geologia, a biologia, a política, ou a

astronomia, e encontrássemos que suas implicações eram hindús, isso sim nos

sacudiria. Não são os livros escritos diretamente em defesa do materialismo os

que fazem que o homem moderno seja materialista; são as pressuposições

materialistas de todos os demais livros. Da mesma maneira, não são os livros

acerca do cristianismo os que realmente inquietarão uma pessoa. Melhor ainda

o inquietará quando, buscando uma introdução breve a alguma ciência,

encontra que o melhor livro no mercado foi escrito por um cristão.»4

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ministro de Holanda. Na América Latina os autores de artigos e livros da Editorial

Certeza deu um impacto no pensamento cristão: René Padilla, Samuel Escobar, e Pablo

Deiros, por exemplo. Salvador Dellutri escreveu livros sobre filosofia (A aventura do

pensamento e O mundo que pregamos). A teologia da libertação foi uma corrente pouco

bíblica, mas produziu muita reflexão do cristão, como reação a seus erros, acerca da

política, a economia, e a situação atual de pobreza. Um dos autores hispanos mais

recentes que está fazendo um impacto com sua análise cristã é Antonio Cruz de España

(Pós-modernidade, Sociologia; uma desmitificação, Bioética cristã). No campo da

sicologia tem muito progresso, já que o aconselhamento tem sido um aspecto chave do

ministério da igreja (para mencionar uns poucos: Larry Crabb, Norman Wright, Paul

Tournier, Clyde Narramore, Jorge León, o grupo EIRENE, e o grupo do PEPP no Chile

—Ricardo Crane, Jorge Sobarzo, Felipe Cortés, e Vladimir Rodríguez). Charles Colson

está fazendo um esforço admirável por analisar os acontecimentos atuais, as correntes

do pensamento, e as novidades culturais, desde uma perspectiva cristã (E agora como

viveremos?).William Romanowski (Eyes Wide Open; Looking for God in Popular

Culture), Kenneth Myers (All God’s Children and Blue Suede Shoes), Douglas

Groothuis (Truth Decay), e John Fischer (Finding God Where You Least Expect Him)

são nomes de alguns autores que estão refletindo cristianamente acerca da cultura atual

nos Estados Unidos. Há muitos mais que poderíamos nomear, mas tenho mencionado

alguns para dar uma ideia de que se trata. Não é que esteje de acordo com todos os

ensinos destes autores, mas pelo menos devemos felicitá-los por seu esforço em fazer

um aporte a uma «mente cristã».

Alguns dos pensadores mais destacados da história ocidental tem sido cristãos:

filósofos-teólogos como Agustinho, Anselmo, e Tomás de Aquino, escritores como

Dante, Dostoievsky, e Tolstoi, pintores como Rembrandt, músicos como Johann

Sebastián Bach, por exemplo. Não obstante, em nossa época, poucos cristãos seriam

nomeados entre os mais destacados.

Os evangélicos sempre tem sido uma minoria, especialmente na Espanha e

América Latina. Tem tido que lutar para ter uma voz e uma participação nos

acontecimentos culturais e civis. Creio que com o crescimento da igreja evangélica e

com a superação do nível educacional entre os evangélicos, a situação mudará, mas

sempre haverá um longo caminho para andar.

B. O desafio bíblico

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As Escrituras nos desafiam a pensar cristianamente, a «renovar nosso

entendimento», e a «levar todo pensamento cativo».

Romanos 12.2

Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa

mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

2 Coríntios 10.5

...anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e

levendo cativo todo pensamento à obediência de Cristo.

A primeira parte da armadura que devemos por é a «verdade».

Efésios 6.14.

Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade.

Quando Deus criou o homem, deu a tarefa de «dominar» sobre os animais, e a

«subjulgar a terra».

Gênesis 1:26-28

Também disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;

tenha ele domínio sobre peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais

domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou

Deus, pois, o homem à sua imagem, a imagem de Deus o criou; homem e mulher os

criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e

sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céus e sobre todo animal

que rasteja sobre a terra.

Imaginemos que o homem não tivesse caído em pecado; que teria acontecido?

Eu creio que teria desenvolvido uma sociedade perfeita. Haveria povoado a terra, e

haveria criado maneiras de alimentar-se e subsistir, fazendo necessárias algumas formas

de organização. Por exemplo, teria estabelecido pautas para o intercâmbio de produtos,

teria aprendido a cooperar no cuidado das ovelhas, o gado, e outros animais, teria

possivelmente cooperado na educação dos seus filhos, e haveria organizado estruturas

de supervisão das atividades da população. Isto é, haveria feito muitas das mesmas

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coisas que fez o homem, mas sem os efeitos daninhos e conflitivos do pecado. Isto

chamaria «o reino de Deus». Esta ordem de ser mordomos sobre a terra tem sido

chamada «o mandato cultural», porque sugere um processo de domínio sobre cada

aspecto da vida humana.

O problema é que o homem falhou e acabou com o plano de um progresso

perfeito do reino de Deus. Agora o reino de Dios somente pode ser estabelecido através

de uma prévia renovação espiritual. Jesus Cristo teve que entregar-se a si mesmo como

castigo em nosso lugar, para que pudéssemos ser reconciliados com Deus e renovados,

antes de poder começar a reconstruir o reino de Deus.

A redenção que Cristo nos comprou inclui mais que uma simples apólice de

seguro eterno. Nossa salvação inclui uma restauração total de todos os efeitos negativos

da queda.

Efésios 1:7-10

...no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundao a

riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda

sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu

beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da

plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra.

Colossenses 1:19-20

...por que aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a

paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as

coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.

A primeira atividade «científica» do homem foi o processo de por nomes aos

animais.

Gênesis 2.19

Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as

aves do céus, trouxe-os ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o

homem desse a todos os seres viventes esse seria o nome deles.

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Isto não pode ter sido um simples jogo, pondo nomes ao azar. Imagino que

incluía algum tipo de classificação, algo parecido ao que fazem os biólogos hoje, ainda

que de uma maneira menos sofisticada.

Jesus é o Senhor de tudo. Não há nenhum aspecto da vida, não há nenhuma área

de pensamento que não seja Seu território. Como cristãos, desejamos que Deus seja

glorificado em tudo.

C. Como desenvolver uma cosmovisão cristã

Uma cosmovisão cristã é uma mentalidade formada por pressuposições bíblicas

para refletir cristianamente acerca de todas as áreas da vida. Foi chamada um «enfoque

de vida cristão », uma «mente cristã», uma «filosofia cristã», uma «weltanshaung »

(alemão), ou uma «world and life view» (inglês). É um processo em que o Senhor nos

sara de nossa «enfermidade» de «esquizofrenia intelectual».

A cosmovisão cristã não inclui todas as respostas, mas que são pautas baseadas

em ensinos bíblicos para guiar a reflexão. Se emprega a base cristã como ponto de

referência para conversar sobre qualquer tema. Reflete de uma maneira cristã acerca de

tudo. Em uma frase, são «lentes cristãs» para ver o mundo5.

1. O conceito cristão da verdade.

Uma cosmovisão cristã pressupõe um conceito cristão da verdade:

- A verdade não é relativa, mas absoluta. Não é diferente para cada pessoa. Não

muda de um dia para outro. Segue sendo a verdade, ainda que eu não entenda ou não

acredite.

- Não é subjetiva, mas objetiva. Não depende da minha mente, mas da mente de

Deus. Não está dentro de mim, mas dentro de Deus.

- Não é independente de Deus, mas que Deus tem que revelá-la ao homem.

- Não há verdades «soltas» que eu possa conhecer, sem a ajuda de Deus. Não é

algo que o homem alcance por si mesmo. Se Deus não me revela a verdade, não a posso

conhecer.

Toda a verdade provém da mente de Deus.

- Não é dialética, mas exclusiva. O que não está de acordo com a mente de Deus,

está equivocado. Não é uma «sopa» em que muitos ingredientes melhoram o sabor. É

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um «filé» rico que se come só. A verdade é um sistema unido na mente de Deus. Alguns

ingredientes fazem perder o sabor, porque não são a verdade.

- Não evolui, mas que é eterna. O mais novo não é necessáriamente o mais

correto. Inclusive, se penso em algo realmente «original», é uma mentira!, porque se

penso em algo verdadeiro, Deus já o pensou.

- A verdade se encontra revelada ao homem na Bíblia e na criação. As duas

fontes não se contradizem. Portanto, para pensar corretamente, há que «pensar os

pensamentos depois de Deus» (Cornelius VanTil)6, e para pensar os pensamentos de

Deus, há que pensar de acordo com a Bíblia.

2. O uso da Bíblia na cosmovisão cristã.

A Bíblia nos dá as pressuposições, as pautas, para estudar a criação. A Bíblia nos

orienta para refletir acerca de todos os aspectos da vida. Nos ajusta as lentes para ver o

mundo com mais exatidão. É possível que nesta tarefa não encontremos sempre textos

bíblicos que tratem diretamente nosso tema de estudo, mas os princípios bíblicos

servem como fundamento.

3. A relação entre a filosofia cristã e a teologia

A filosofia cristã é um ramo da teologia.

1) A teologia sistemática estuda a Bíblia para sistematizar temas de Deus, o

homem, e a salvação.

2) A teologia bíblica estuda temas bíblicos na ordem da história da revelação e

no contexto do plano da redenção.

3) A teologia histórica estuda a história do desenvolvimento das doutrinas.

4) A apologética estuda a defesa da fé.

5) A filosofia cristã utiliza pautas bíblicas para estudar temas extra-bíblicos

relacionados com a cultura, as ciências, as humanidades e as belas artes.

CIÊNCIA

ARTE

BÍBLIA

LINGUAGEM

HISTÓRIA

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A teologia sistemática e a teologia bíblica se concentram mais na Bíblia mesma,

enquanto que a teologia histórica enfoca a história, a apologética põe ênfase em

compreender o pensamento não cristã, e a filosofia cristãa estuda temas como a política,

a economia, a arte, a música, e as ciências, usando principios bíblicos. Portanto, a Bíblia

não proporciona respostas tão exatas e claras muitas vezes no campo da filosofia cristã

como na teologia sistemática. Entretanto, a Bíblia é o fundamento de toda teologia.

A Bíblia provê as pressuposições fundamentais para orientar-nos. Por exemplo,

ainda que a Bíblia não explica especificamente qual é o melhor programa econômico ou

qual é o melhor sistema de governo civil, nos ensina alguns principios acerca do uso das

propriedades, da mordomia, e da autoridade do estado. Ao dizer que não explica

«especificamente» o melhor programa econômico, não significa que isto seja uma falha

na Bíblia, mas que não é o propósito da Bíblia. A Bíblia nos dá pautas, e cada um tem

que tirar as conclusões específicas, de acordo com os princípios bíblicos, e tomar as

decisões na melhor forma possível. Isto implica que há mais «áreas cinzas» na filosofia

cristã que na teologia, e que deveríamos permitir mais liberdade de opinião na filosofia

cristã. Onde a Bíblia não ensina algo específico, há liberdade.

4. Como fazê-lo.

Os pré-requisitos:

Para desenvolver uma cosmovisão cristã, em primeiro lugar temos que conhecer

a Bíblia. As Escrituras são a fonte principal de nossas convicções. Mas ademais,

devemos conhecer o mundo em que vivemos. O processo de desenvolver uma

cosmovisão não é um exercício teórico simplesmente; está relacionado com tudo o que

nos rodeia: a natureza, o governo, a arte, e a escola, por exemplo. Finalmente, devemos

conhecer o pensamento secular e cristão acerca do tema. Entramos em um diálogo com

os demais.

Os passos:

Fazer perguntas

Antes de realizar nosso estudo, começaremos com alguma inquietude. Sem

perguntas, não encontraremos respostas. Por exemplo, poderíamos perguntar: Qual é a

melhor forma de economia? Qual é o melhor partido político em nosso país? Qual é a

diferença entre a arte cristã e a arte secular?

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Examinar o ensino bíblico

Depois de estabelecer alguma pergunta, investigamos o ensino bíblico

relacionada com o tema. Possivelmente não encontremos ensino explícito ou

diretamente relacionado, mas sim princípios gerais.

Ler o que os outros dizem

É necessário informar das opiniões de outros, tanto cristãos como não crentes.

Durante séculos de estudo, deve ter bastante escrito sobre os temas mais importantes.

Examinar a Bíblia de novo

Depois de investigar os postulados dos outros, convém voltar a estudar a Bíblia

de novo. Certamente os escritos examinados fizeram refletir de outra maneira sobre o

tema, e convém revisar as Escrituras de novo.

Refletir e meditar

Agora o processo requer reflexão e meditação. Que o Senhor guie nossos

pensamentos. Isto não é um exercício meramente intelectual. É um exercício espiritual.

Devemos consagrar nossos pensamentos ao Senhor e pedir Sua sabedoria.

Tirar conclusões próprias

Finalmente, temos que chegar a algumas conclusões. Possivelmente não sejam

conclusões finais, e provavelmente vamos modificá-las com o passar dos anos.

Entretanto, temos que viver neste mundo de acordo com nossas convicções cristãs.

Exemplo

Por exemplo, alguém poderia ter uma preocupação sobre a melhor forma de

economia.

1) Talvez queira comparar o socialismo com o capitalismo. Que sistema reflete

melhor os valores cristãos?

2) Devo estudar primeiro a Bíblia, por exemplo passagens como Levítico 25, os

profetas, 2 Coríntios 8, e Atos 2-4.

3) Depois, tem multidões de livros acerca do tema, como O espírito do

capitalismo democrático de Michael Novak, A fé na busca da eficácia de José Míguez

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Bonino, e Nem pobreza nem riquezas de Craig Blomberg. Poderíamos ler livros clásicos

e polêmicos como A riqueza das nações de Adam Smith e O capital de Marx.

4) Devo voltar a estudar a Bíblia, comparando os conceitos da leitura com os

ensinos bíblicos.

5) Deve refletir, anotar ideias, tratar de pensar como cristão e biblicamente sobre

o tema.

6) Tiro minhas conclusões. Serão tentativas no princípio, mas posso ganhar mais

segurança enquanto as ponho a prova em diálogo com outros, e enquanto sigo lendo

acerca do tema.

Este é um processo contínuo de análise. A reflexão gira em torno do mundo e da

Bíblia. Quanto mais conhecemos a Bíblia, melhor compreendemos o mundo, e quanto

mais conhecemos o mundo, melhor compreendemos a Bíblia. O bom desta aventura é

que estamos sempre descobrindo algum aspecto novo da verdade! Seremos como um

escalador que sobe cada vez mais perto do cume da montanha; quanto mais alto sobe,

mais claramente vê o panorama.

D. Não temos desculpa

É de se esperar que o não crente viva de forma inconsequente. Está tratando de

viver em um mundo criado por Deus de acordo com uma filosofia que exclui Deus. Isto

o leva inevitavelmente a contradizer-se. Miguel de Unamuno aponta a incongruência

entre os dois tomos de Kant: A crítica à razão pura e A crítica à razão prática. Diz que

há um Kant filósofo e um Kant homem «de carne e osso». Opina que na segunda obra

acerca da razão prática, «Kant reconstruiu com o coração o que com a cabeça havia

abatido». Enquanto o filósofo racional nega a Deus, o homem sentimental crê no «Deus

da consciência», o «autor da ordem moral»7.

Unamuno considera que o homem sentimental é o verdadeiro homem.

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Como cristãos, devemos esperar algo mais consequente da parte de nós mesmos.

Temos um conceito de vida com o qual podemos viver de forma harmoniosa. Por um

lado, quando não fazemos, estamos negando o que dizemos crer. Por outro lado, quando

fazemos, é um testemunho forte à verdade do evangelho. Devemos buscar maior

integridade entre nossa teologia e nossas ideias acerca de outros aspectos da vida, entre

nosso intelecto e nosso sentimento, entre nossos pensamentos e nossas ações.

Há um filme chamado «A Beautiful Mind» [Uma mente brilhante], que

proporciona uma excelente ilustração da situação do não crente. Está baseada na historia

verídica de John Nash, um gênio matemático que recebeu o prêmio Nóbel por uma

teoría nova. Este gênio sofria de esquizofrenia, vendo pessoas que não existiam. (Assim

era no filme; na vida real, somente escutava vozes.) Desejando tanto fazer algo

importante, imaginava que ajudava o governo dos Estados Unidos a decifrar códigos

dos russos, e a encontrar mensagens de atividades de espionagem. Entre as pessoas que

imaginava, havia uma menina de aproximadamente dez anos de idade. Um dia, Nash

descobriu uma inconsequencia importante em seu mundo imaginário: haviam passado

muitos anos, mas a menina seguia sendo uma menina de dez anos! Assim pôde dar

conta de que era não era real. Isto foi o começo de um processo de melhoramento.

Assim é o não crente. Não é que seja um enfermo mental, mas está tratando de viver

uma vida que não coincide com o que Deus pôs em sua mente e em seu coração.

A esposa de John Nash é um modelo para nós, porque teve um papel chave em

seu processo de cura. Ela o amava e ajudava, apesar das suas dificuldades. Estava

sempre a seu lado, vivendo uma vida «normal», e não o abandonava. Esse é nosso papel

entre os não crentes. Devemos amá-los e ficar ao seu lado, apesar de sua

O homem, diz, é um animal racional. Não sei por que não se diz que é um

animal afetivo ou sentimental. E acaso o que dos demais animais o diferencia

seja mais o sentimento que não a razão. Mais vezes tenho visto raciocinar um

gato que não rir ou chorar. Acaso chora ou ri por dentro, mas por dentro

acaso também o carangueijo resolve equações do segundo grau.

E assim, o que em um filósofo nos deve mais importar é o homem8.

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inconsequência, vivendo a verdade que afirmamos. Assim eles poderão ver nossa

coerência de vida e pensamento, em contraste com sua própria confusão e insegurança.

A integridade intelectual e a harmonia entre nosso pensamento e nossa vida são

aspectos fundamentais do nosso testemunho.

Perguntas de verificação

1. Em que sentido padecem os evangélicos de «esquizofrenia intelectual?

2. En que sentido muitos comentários acerca de temas atuais refletem um

«pragmatismo»?

3. Mencione três causas parciais da inconsequência intelectual.

4. Quem tem a maior culpa em permitir uma dicotomia no pensamento cristão?

5. Que quer dizer Blamires quando diz que não há uma «mente cristã»?

6. Mencione as primeiras duas passagens bíblicas citadas no texto que nos

desafiam a desenvolver uma cosmovisão cristã.

7. Que ´e o «mandato cultural»?

8. Que inclui nossa salvação?, segundo Efésios 1.7-10 e Colossenses 1.19-20.

9. Qual foi a primeira atividade «científica» do homem?

10. Que é uma «cosmovisão cristã»?

11. Como se usa a Bíblia no desenvolvimento da cosmovisão cristã?

12. Qual é a relação entre a filosofia cristã e outros ramos da teologia?

13. Quais são os passos para desenvolver uma perspectiva cristã de algum tema?

14. Em que sentido a esposa de John Nash é um modelo para nós?

Perguntas de reflexão

1. Em que aspecto da sua vida você está atuando de forma inconsequente com

suas crenças?

2. Em que áreas de estudo tem mais problemas em harmonizá-las com sua fé

cristã?

3. Em que medida você sofre de «esquizofrenia intelectual»?

Capítulo 2

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A guerra pela verdade9

Introdução

A tragédia de Nova York em 11 de setembro de 2001 despertou uma grande

peocupação entre os cristãos acerca das intenções dos muçulmanos. Ainda que foi um

ato político de terrorismo, não deixa de ser uma mostra de sua atitude para com os

cristãos. Sabemos que os Estados Unidos já não é um país tão caracterizado por uma

ideologia ou uma ética cristã. Entretanto alguém como Bin Laden, equivocado ou não, o

considera um país «cristão», e portanto promove atos de violência contra ele. Na

realidade não deveria surpreender-nos tanto. Faz séculos que os fiéis do Islã perseguem

aos cristãos. Em países como Sudão, torturam os cristãos, cortando suas pernas para que

não evangelizem. É impressionante escutar que seguem caminhando de joelhos para

compartilhar sua fé. Há outros países como Paquistão e Arábia Saudita, onde sofrem

diariamente os cristãos. Creio que temos subestimado a ameaça desta religião unida

com a política em uma teocracia.

Os cristãos estão sofrendo mais que nunca na história. Houve mais de 100

milhões de mártires cristãos no século XX 10, mais que as vítimas de todas as guerras

combinadas do mesmo século 11. 160.000 cristãos perderam a vida por causa da sua fé

somente no ano 1996 12.

Não obstante, me preocupa ainda mais outra guerra que é menos visível, mas

mais perigosa. É a guerra das ideias. É a guerra entre a verdade e a mentira. Jesus nos

advirtiu que seríamos entregues à tribulação e que seríamos odiados (Mateus 24.9). Mas

também o Novo Testamento aclara que nossa luta verdadeira não é contra sangue e

carne, mas contra principados, potestades, governadores das trevas e hostes espirituais.

Na mesma passagem, Paulo nos exorta:

Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau

e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estais, pois, firmes, cingindo-

vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a

preparação do evangelho da paz; (Efésios 6.13-15)

Tenho um filho de dezessete anos e uma filha de dezesseis. As vezes vejo

televisão com eles e escuto a música que eles gostam, e converso com eles acerca da

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mensagem que se está comunicando. Na realidade, estão constantemente bombardeados

com mensagens sutilmente enganadoras. Por exemplo, nos programas de televisão,

quase nunca tem um personagem cristão. Se há um, normalmente é um fanático fechado

e negativo, pouco agradável. Enquanto 66 % da população nos Estados Unidos assiste

uma igreja pelo menos uma vez ao mês, a televisão indiretamente ensina que quase

ninguém vai à igreja. Os espectadores, sem que ninguém lhes diga diretamente esta

descarada mentira, começam a crer. Para um jovem que busca aceitação entre seus

companheiros, esta influência faz esconder suas crenças e sua participação na igreja.

Vejo uma hostilidade cada vez mais aberta e mais intensa para com os cristãos.

Há um site de Internet chamado «Perdendo minha religião», mantido por pessoas que

antes compartilhavam a mensagem cristã com seus companheiros da universidade.

Agora estão dedicados a destruir a fé cristã. Distribuem seu próprio folheto titulado

«Fique em casa aos domingos; economize 10%», que explica «Cinco razões por que já

não somos cristãos». Publicam diálogos com cristãos ingênuos que terminam sendo

ridiculizados, porque fazem perguntas que não podem responder. Por exemplo,

perguntam como Deus pode mandar alguém ao inferno simplesmente porque não crê

nele. «Que diria de um pai», perguntam, «que diz a seu filho, ‘se não me amas antes de

que cumpra seis anos, vou te queimar no forno da cozinha?’». «Existe livre arbítrio no

céu?», especulam. Quando o cristão responde que sim, então lança o desafio feio:

«Como sabe, então, não vai perder tua fé no céu e ser expulso, tal como sucedeu a

Lucifer?» Há pouco escutamos nas notícias de uma senhora que dirigia um ônibus

escolar e orava o Pai Nosso com os passageiros antes de sair da escola. Para estar segura

que não incomodaria os pais, escreveu uma carta a cada responsável, perguntando se

estavam de acordo. Todos, sem exceção, responderam, dando seu apoio a esta prática.

Entretanto, algum supervisor proibiu, dizendo que estava contra a separação de igreja e

estado. Não somente proibiram orar com os alunos; disseeram que se observasse algum

jovem orando, tinha que repreendê-lo! Muitos escutaram do caso na Califórnia em que

um pai processou a escola por obrigar a sua filha a dizer a saudação à bandeira, porque

contém a frase, «uma nação, sob Deus...». O que nem todos sabem é que esta menina

era cristã, e não tinha nenhum problema em dizer esta frase. Ela e sua mãe assistem

regularmente a uma igreja batista. Seus pais estão divorciados, e somente seu pai é ateu,

e fez um escândalo pela saudação à bandeira que se usou durante muito tempo.

Seguramente vocês podem contar suas próprias anedotas de perseguição. Conto estes

casos como exemplos da crescente oposição, e da guerra das ideias.

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Nesta época pós-moderna e anticristã, temos que saber defender nossa fé. Esse é

o propósito da apologética. Quisera animar a estar:

Estando sempre preparado para responder a todo aquele que vos pedir razão da

esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa

consciência (1 Pedro 3.15,16)

e a obedecer o mandato de Paulo:

Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa

mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

(Romanos 12.2)

Analisaremos o pensamento filosófico atual, comparando especialmente os

conceitos da verdade.

I. O pensamento atual

A. O transfundo filosófico

Para entender o pensamento atual, temos que analisar o transfundo. A idade

moderna (desde Descartes) colocava sua fé na razão e na ciência. Não obstante, em

nossa época chamada «pós-moderna» se perdeu a confiança na razão e na ciência13.

Paul Johnson, em Tempos modernos, estabelece que a atitude chave do século vinte era

a insegurança. Devido a teoria da relatividade de Einstein, a declaração da «morte» de

Deus da parte de Nietzsche, e uma instabilidade política internacional, a insegurança

cativou a mentalidade do homem pós-tmoderno. O homem vive «em um mundo sem

guia e à deriva em um universo relativista»14.

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• (Rookmaaker, A arte moderna e a morte de uma cultura, CLIE, 2003)

Há um quadro pintado no ano 1949 por Francis Bacon, chamado «Cabeça VI»,

que expresa o terror do homem atual. Mostra uma autoridade religiosa sentada,

aparentemente encerrada dentro de um cubo de vidro, como se estivesse em uma

exposição; sua cabeça está desaparecendo, e não se vê nada do nariz para cima, mas

somente manchas negras e as cavidades dos olhos. A única parte da sua cabeça que se

vê claramente é sua boca, aberta em um grito calafrio. Creio que este quadro reflete a

reação atual à filosofia anterior; filosofia de pensadores como Francisco Bacon (que

curiosamente leva o mesmo nome) do século XVI (1561-1626). O filósofo anterior foi

um empirista que criou na razão, a lógica indutiva, e o método científico.

Que passou entre o primeiro Francisco Bacon e o segundo? Se deram conta de

que se tinham razão os filósofos modernos, então o homem perdia sua dignidade e seu

significado. Se tudo é resultado de um processo impessoal, como haviam estabelecido

os filósofos, para ser consequentes, devem aceitar que os mesmos pensamentos também

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são parte desse processo impessoal, e portanto, não tem significado verdadeiro. Se o

mundo é um grande relógio, movendo-se de forma mecânica, meus próprios

pensamentos são nada mais que outro «tic tac, tic tac» do relógio. O resultado é que não

posso defender minha própria filosofia. O mesmo postulado de que o universo é

fechado se destrói sozinho. Não é de surpreender-se que o homem atual esteje gritando

desesperadamente como a «Cabeça» no quadro de Bacon.

B. A linha da insegurança

Se pode observar uma «linha da insegurança» na filosofia ocidental.

Basicamente é uma vacilação entre a segurança e a insegurança.

Mas a situação é um pouco mais complexa que o que mostra o gráfico. Esta

linha de insegurança para os gregos passou por cinco etapas: 1) começaram com a

esperança de conhecer algo da verdade, 2) depois duvidaram e 3) perderam totalmente a

segurança, chegando ao desespero, 4) lutaram para sair do poço do desespero, e 5)

finalmente terminaram falando da ética, mas acéticos acerca da possibilidade de obter

conhecimento seguro.

5.Ascetismo e ética

4. Luta

3. Desespero

2. Dúvida

1.Esperança de conhecimento

segurança

insegurança

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O filósofo Tales pensava que podia descobrir a realidade básica detrás de tudo;

pensava que esta era a água (etapa 1). Mas Heráclito destaca o fato de que tudo muda,

que «nunca se toma banho duas vezes no mesmo rio» (etapa 2). Gorgias conclui que se

tudo muda, não pode estar seguro de nada, nem comunicar nada. No momento que se

acredita saber algo, esse algo já mudou. Cratilo, consequente com isto, simplesmente

deixou de falar (etapa 3). Neste bajón epistemológico aparecen Platão e Aristóteles,

tratando de resgatar a possibilidade do conhecimento, ou através de uma experiência

mística (Platão, segundo a alegoria da cova), ou através da lógica (Aristóteles) (etapa 4).

Observa-se que o homem não pode suportar a desespero e a falta total de segurança. O

próximo ciclo na filosofia grega é dominado pelos ascéticos e o tema da ética da parte

dos estóicos e os epicureos. Aceitam a inconsequencia e a falta de segurança, mas de

todas maneiras querem falar da ética (etapa 5).

Os filósofos gregos

Sucede algo parecido na filosofia moderna. Os racionalistas (Descartes: «Penso,

logo existo») e os empiristas (Locke: O que se vê é o que se sabe) confiavam em sua

capacidade de conhecer a verdade. Outros empiristas como Hume eram acéticos. Kant

(1724-1804) e Hegel (1770-1831) imediatamente trataram de evitar el bajón do

desespero, resgatando alguma forma de conhecimento, apesar do questionamento da

lógica e a percepção. Inclusive se adiantaram aos mais pessimistas, não como sucedeu

entre os gregos. Kant estabeleceu que nosso conhecimento é produto de uma

combinação de duas coisas: a matéria crua que vem de fora da nossa mente, e nosso

Esperança de conhecimento Tales

Dúvida Heráclito

Luta Platão, Aristóteles

Ascetismo e ética acéticos, estóicos,

epicureos

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filtro mental que processa toda percepção. Hegel propôs a dialética das ideias. Segundo

ele, o conhecimento humano é a evolução dos pensamentos do grande Espírito na mente

dos homens. Nietzsche (1844-1900), que vem depois de Kant e Hegel historicamente,

representa o ponto mais baixo, onde nada tem sentido (o niilismo). Um escritor mais

próximo ao tempo de Kant que representa o desespero é o Marquês de Sade (1740-

1814), conhecido por sua libertinagem moral e por receber prazer da crueldade sexual,

de onde se deriva o nome «sadismo» 15. Os existencialistas como Sartre e Camus, que

vem depois de Nietzsche, lutaram para evitar as consequências do niilismo. Camus

disse, «Nas profundidades mais escuras de nosso niilismo, buscou somente a maneira de

sair do niilismo» 15. Os teólogos liberais também perderam a noção da verdade absoluta,

e não crêem na autoridade infalível das Escrituras, mas todavia defendem seus

princípios éticos. Para muitos deles, Jesus é simplesmente um bom exemplo de

moralidade. A teologia da libertação é outro exemplo desta insegurança acompanhada

por uma ênfase na ética, advogando pela justiça para os pobres.

O Marquês de Sade era cínico, entregue a seus vícios, sem se preocupar com as

consequências.

Esperança de conhecimento Descartes, Locke

Dúvida Hume

Desespero Nietzsche, Marques de Sade

LutaKant, Hegel

Existencialismo (Sartre, Camus)

Acetismo e ética Teologia liberal Teologia de libertação

(José Míguez Bonino)

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Disse em uma carta da prisão:

Nietzsche declarou que Deus «está morto», que a vida não tem sentido, e que

não há base para a moralidade. Propõe que o «superhomem» se libera da ética do fraco

e cria suas próprias normas; é autosuficiente e tem uma vontade forte. Não só suporta o

sofrimento, mas pode fazer sofrer a outros sem sentir-se mal. Este enfoque influiu no

desenvolvimento dos tiranos como Hitler, Mussolini, e Stalin. O resultado pessoal na

vida do filósofo mesmo foi a enfermidade mental. Tanto no Marquês de Sade como em

Nietzsche, podemos olhar o poço imundo da crueldade que é produto do desespero.

José Míguez Bonino é um representante protestante da teologia da libertação.

Ele aceita um conceito da comunicação que elimina toda certeza. Para ele, o significado

de alguma comunicação envolve todo seu contexto: o tom de voz, a expressão na cara,

os gestos, o transfundo de cada um, enfim, uma infinidade de fatores que rodeiam e que

afetam as duas pessoas que estão tratando de comunicar-se entre si. Já que é impossível

comunicar uma infinidade de fatores, também é impossível estar seguro da validez da

comunicação19. Ninguém pode estar seguro de que tenha comunicado algo

perfeitamente ou que tenha entendido algo corretamente. (Isto nos lembra a Gorgias e a

[Foi] Criado pela natureza com inclinações ardorosas, com paixões

fortíssimas, unicamente colocado neste mundo para entregar-me a elas e

para satisfazê-las. Renuncia a ideia do outro mundo, não há, mas não

renuncies ao prazer de ser feliz e de fazer a felicidade neste17.

Te escandaliza isto talvez, oh ser virtuoso? Te queima esses ouvidos que desde

a infância tem sido assaltados pelas fábulas da Igreja? Pois bem, vê-te em paz;

se os absurdos que te tem ensinado são certos, se —como te tem dito— há um

inferno no que serão castigados os que se abandonem ao vício, então não cabe

dúvida de que haveremos de arder nele. Mas, como diria Blangis, um inferno

habitado pelos de nossa mesma espécie, apesar de todas as torturas, é muito

mais desejável que um céu ocupado pelas criaturas monótonas a que se nos

apresenta como modelos de virtude18.

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Cratilo!) Para Bonino, este problema afeta também a comunicação entre Deus e o

homem; é impossível ter a segurança de ter entendido a Deus. Bonino animava aos

cristãos a comprometer-se com o movimento marxista revolucionário para ajudar aos

pobres e oprimidos, mas admitia que este compromisso era uma «aliança inquietante», e

que a teologia da libertação poderia estar equivocada.

O problema é que, apesar desta insegurança, tinha convicções muito fortes

acerca da injustiça, as causas da pobreza, e a ética. Pedia um compromisso com a

revolução marxista, incluindo o possível uso da violência, algo bastante radical,

considerando a incerteza de sua filosofia.

Quase qualquer indivíduo que está buscando a verdade sem Cristo também passa

por este mesmo ciclo de certeza, insegurança, e ética inconsequente. Muitas pessoas

primeiro crêem que sabem algo, depois começam a duvidar de tudo. Mas como não

podem viver com essa incerteza total, finalmente desenvolvem um estilo de vida

baseado em sua própria ética. Curiosamente, algums pessoas que sabem que não tem

nenhuma base para sua ética a defendem ferozmente.

O único coisa boa desta insegurança atual é que é uma excelente oportunidade

para falar do evangelho e da Palavra de Deus. Jesus é a verdade, o caminho a vida. A

Bíblia é a revelação de Deus para a humanidade. Temos uma mensagem de esperança e

segurança para nossos amigos não crentes!

II. O conceito bíblico da verdade

Que ninguém pense, então, que eu estou proclamando a

«teologia da libertação» tal como apareceu na América Latina e em

outras partes, como a teologia do novo mundo, ou como o

precursor de um novo cristianismo.

É uma simples resposta inicial e ambígua a uma percepção tênue de

uma nova tarefa e uma nova responsabilidade. Está destinada a

morrer, que Deus permita que sua vida e sua morte sejam

frutíferas20.

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A. Dependência ou independência de Deus

Quando estava na universidade, comecei a duvidar de tudo o que me haviam

ensinado na igreja e em meu lar. Mas o Senhor me mostrou uma noite olhando as

estrelas que Ele é real, que está ali, e eu entreguei minha vida a Ele. Disse que fizesse o

que queria comigo. Mas logo me encontrei com pessoas que me faziam duvidar da

Bíblia. Eu fui ao seminário, não porque senti um chamado a ser pastor ou missionário,

mas porque buscava respostas. Sabia que se não podia estar seguro da Bíblia, não podia

estar seguro de nada! Tinha o desejo que crer nela, mas não podia justificar em minha

mente.

Tive a benção de estudar com Cornelius Van Til, um apologista de renome. Foi

sua exposição da história de Adão e Eva no jardim do Edén que falou, não a minha

cabeça, mas a meu coração. Dizia que, quando Deus disse que iam morrer se comessem

da árvore da ciência do bem e do mal, eles não tinham que duvidar da Sua palavra. Deus

era seu criador, e eles eram simples criaturas. Seu erro, e o começo da queda, era o fato

de questionar a Deus. «Imaginem!», dizia Van Til nas nossas aulas, «Adão e Eva

pensaram: Me pergunto...., me pergunto....quem terá a razão, Deus ou a serpente?» Seu

pecado, dizia, foi pretender ser independente de Deus e julgar Sua Palavra como se eles

fossem superiores a Ele. Mas que insolência!

Quando li isto, e quando escutei nas aulas, me dei conta que eu tinha a mesma

atitude acerca das Escrituras. Estava pondo-me por cima da Palavra de Deus,

perguntando-me se tinha razão. Pedi perdão ao Senhor, e deixei de questionar a Bíblia.

Já sabia que Ele era a fonte de toda verdade. Pensei: Se Deus diz que a lua é de queijo

verde, eu mudarei meu conceito da lua, do queijo, e da cor verde! Se Ele diz, é verdade!

Este é o ponto que quiz destacar. Não é que Deus simplesmente seja tão

inteligente que Ele saiba a verdade. Deus inventa a verdade! Quando Deus pensa, é

verdade simplesmente porque Ele pensa!

Eis aqui o problema do homem que não nasceu de novo: todavia pretende ser o

centro do seu próprio universo, e considera que sua própria mente tem direito de decidir

o que é a verdad. Tem duas opções básicas: a) crê que a verdade está fora da sua mente,

mas que decide o que aceita, b) crê que a verdade está dentro da sua própria mente e que

ele mesmo determina o que é a verdade. No primeiro caso, o mais comum, não se

considera tão descaradamente a fonte da verdade, mas se faz o juiz da verdade. No

segundo caso, obviamente está tomando o lugar de Deus.

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No primeiro caso, onde a verdade está fora da sua mente, o pensador tem um

problema sério: não pode estar seguro de nada. Todas as verdades fora da sua mente

estão relacionadas entre si, e qualquer nova verdade que descubra poderia contradizer

algo que acredita. A conclusão é que teria que saber tudo para estar seguro de algo. E

ele sabe que não sabe tudo. Se não reconhece suas limitações, podemos perguntar algo

como: Há uma estrela a dois milhões de anos luz diretamente ao norte do polo norte da

terra? Qualquer um admitiria que não sabe a resposta. Então, se não sabe isso, há muitas

outras coisas que não sabe. Uma simples maçã contém uma infinidade de fatores

relacionados; é óbvio que há muitas coisas que não sabemos acerca dela. Por exemplo,

Como se formou? Quanto tempo demorou para madurar? O que sucederá com ela? Se

tratamos de descrever o que é uma maçã, dizendo por exemplo que são vermelhas ou

verdes, ficamos com a incerteza de não haver maçãs também de outras cores. Estamos

totalmente seguros de que não há maçãs brancas em algum lugar remoto, onde não as

hemos visto?

????

No segundo caso, em que a verdade realmente vem da sua própria mente, é mais

fácil para a pessoa defender sua posição filosoficamente. Esta pessoa simplesmente

O homem processa as verdades queObserva

RESULTADO:Insegurança total.

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insiste que ela determina o que é a verdade. Dizem o que dizem, ela sempre decide o

que é verdade. O problema neste caso é que não pode viver consequentemente com sua

teoria. É dizer, no fundo do seu coração, ele ou ela sabe que não é a fonte da verdade.

Podemos levar à pessoa a linha do trem, e fazer que espere parada ali nos trilhos até que

escute vir o trem. Quando escuta o barulho, veremos sei pode decidir que não venha o

trem! Qualquer um saberia que sua mente não pode controlar isso, e saltará rapidamente

dos trilhos! O ser humano sabe instintivamente que a verdade está fora da sua própria

mente.

O conceito cristão bíblico da verdade está centrado em Deus. Reconhece que

Deus é a fonte, o autor, a origem, de toda verdade. Deus, sabendo TUDO, sendo a

própria FONTE da verdade, decidiu em sua misericórdia revelar-nos algo da verdade.

Portanto, podemos estar seguros do que Ele nos diz. Somos parte da Sua criação, e

devemos submeter-nos a Ele. Devemos reconhecer nossa absoluta dependencia dele, até

em nossos pensamentos. O resultado desta submissão é conhecimento seguro. É a única

maneira de estar seguro de algo

O homem processa as verdades em sua própria mente.

RESULTADO: inconsequência

DEUS

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Para José Míguez Bonino, a comunicação é insegura porque há uma infinidade

de fatores no contexto que são impossíveis de compreender. Isto o obriga a saber tudo

para estar seguro de algo. Tem razão em que há uma infinidade de fatores no contexto

que influem na comunicação. Mas a solução deste problema está em nosso Deus

soberano e onisciente que se compraz em revelar-nos algo da verdade de forma eficaz.

Deus não somente conhece todos esses fatores, mas Ele é o criador deles, e é a fonte de

toda verdade. Portanto, Ele pode explicar-nos também o significado verdadeiro de

qualquer aspecto da sua criação ou de qualquer evento da história. Se Deus nos

comunica algo, e nos promete guiar à verdade, devemos confiar que podemos saber

algo da verdade, sem saber toda a verdade. Como dizia Francis Schaeffer, podemos

conhecer algo verdadeiramente, sem conhecê-lo exaustivamente21.

Deus nos promete que podemos conhecer a verdade.

João 8. 31-32

Se vós permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus

discípulos; e conhecereis a verdade....

João 16.13

E quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade....

A Bíblia diz de si mesma que é «inspirada (literalmente "exalada") por Deus» (2

Timóteo 3.16), e que é segura, produto de Deus.

CRIAÇÃO

Deus revela a verdade ao homem

RESULTADO:

Conhecimento e segurança

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2 Pedro 1.19-21

Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em

atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a

estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma

profecia da escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer

profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens (santos) falaram da parte de

Deus, movido pelo Espiríto Santo.

B. Levemos cativo todo pensamento a Cristo

Uma das consequencias do conceito bíblico da verdade é que toda a verdade está

relacionada com Cristo. Jesus é «o caminho, a verdade, e a vida» (João 14.6). Quando

Jesus veio se fez homem e caminhou na terra, nos mostrou de forma pessoal como é

Deus. Nos explicou a verdade acerca do sentido da vida, acerca da nossa origem e nosso

futuro, acerca do Pai e do Espírito Santo. Já que o propósito da história é a salvação em

Cristo, cada evento está relacionado com ele de alguma maneira. Parte da nossa tarefa

em estudar a história e em investigar a criação é buscar a Cristo, e buscar Sua glória.

Deus criou a natureza com uma mensagem impressa em cada detalhe. As

estrelas revelam Sua glória, as montanhas nos recordam da Sua grandeza, o mar nos fala

da profundidade da Sua graça. Como dizia Van Til em suas aulas, toda a criação tem as

«as digitais » de Deus.

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também

a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo

percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são indesculpáveis.

(Romanos 1.20)

Tal como uma pintura comunica uma mensagem do artista, a natureza comunica

algo de Deus. Porém necessitamos ajuda para interpretar a criação. A Bíblia é o código

divino para interpretá-la.

G. K. Chesterton falou do homem atual como um sobrevivente de um naufrágio

que desperta só na praia de uma ilha. Tem amnésia, mas está rodeado de objetos do

barco em que navegava: moedas, uma bússola, e roupa. Estas lembrança indicam algo

do mundo do qual veio, mas necessita que alguém explique o que aconteceu22. Assim a

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criação nos dá pistas de Deus, e da vida antes da queda, porém necessitamos de mais

explicação. A Bíblia não somente explica como sucedeu a tragédia da queda, mas

também nos explica como salvar-nos.

Francis Schaeffer nos ajuda com outra ilustração: Nos convida a imaginar que

encontramos em um armazém um livro que foi mutilado, deixando somente dois

centímetros de cada página, mas todas as páginas estão unidas, presas a lombada do

livro. Saberíamos que estas porções não chegaram a estar unidas por casualidade, e

poderíamos discernir com dificuldade algo da sua mensagem. Entretanto, não

poderíamos entender muito bem o conteúdo. Isto representa a criação, o universo.

Agora imagine que encontramos partes das folhas soltas que completam cada página do

livro mutilado. Depois de pegar estas folhas as porções cortadas, teríamos o livro

completo, que agora tem mais sentido. As folhas soltas representam a Bíblia23. O ponto

é que não entenderemos o universo até que leiamos a Bíblia, e a Bíblia tem uma «folha»

para cada aspecto do universo.

Isto significa que cada área do estudo, seja ciência, linguagem, história, ou a

arte, necessita ser avaliada à luz da revelação especial encontrada na Bíblia. Devemos

por as lentes bíblicas para estudar qualquer aspecto da criação. Por exemplo, quando

estudamos a lingüística, podemos encontrar no relato da Torre de Babel a explicação da

origem da variedade de idiomas. Quando estudamos a arte, podemos tomar conta que o

homem é criativo porque Deus o fez a Sua imagem. Quando estudamos a ciência,

podemos apontar a maravilha e a beleza da criação de Deus. Quando estudamos a

história, podemos apoiar nos dados históricos que estão na Bíblia.

Se perguntarem, «Mas o que tem a ver a Bíblia com algo como a matemática?»

Meu irmão estudou matemática, fez doutorado na Universidade de Harvard, e é

professor de matemática da Universidade de Colorado. Ele me disse que a matemática é

um terreno de estudo bastante em harmonia com conceitos cristãos da vida. O que

sucede é que o cristão faz a matemática sendo mais consequente com seu enfoque de

vida, enquanto o não crente é inconsequente quando faz a mesma matemática. Por

exemplo, se alguém crê que o mundo vem do caos, de forma impessoal, não tem por

que confiar na matemática, ou em sua aplicação no mundo. Também me diz que nos

niveis mais altos, o estudo da matemática se volta bastante filosófico.

Vern Poythress, doutor em teologia e em matemática, que também se formou na

Universidade de Harvard, escreve acerca das diferenças entre o enfoque cristão da

matemática e o enfoque não cristão. Dá o exemplo do valor de «π» (pi). Este é um valor

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usado para geometria, por exemplo para calcular a área de um círculo ( A = π. r²).

Entretanto, é um valor que nunca se pôde calcular com exatidão, porque tem decimais

que não terminam (3.141592......). Há um site na Internet dedicado a calcular o valor de

π , que mostra uma larga série de números que seguem passando pela monitor, sem fim.

A pergunta é: existe realmente π ? Alguns matemáticos dizem que não, porque não se

pode saber o valor verdadeiro. Outros dizem que sim. O cristão pode reconhecer a

existência de algo que nenhum homem pode calcular, porque sabe que Deus sabe o

valor24. Eu concluo que, se a matemática pode levar-nos a falar de Deus, então qualquer

estudo pode levar-nos a Deus!

Qualquer tema nos dá a oportunidade de chegar ao evangelho. Cristo é o centro

da história e o centro do universo. Paulo diz que devemos derrubar «argumentos e toda

altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus», e levar «cativo todo pensamento

à obediência de Cristo» (2 Coríntios 10.5).

C. A verdade se vive

Ainda que não compartilho seus postulados principais, creio que os teólogos da

libertação tem chamado a atenção a um aspecto importante da verdade: saber a verdade

também significa vivê-la. José Míguez Bonino critica a teologia ocidental por ser

tradicionalmente muito abstrata e teórica, desapegada da realidade. Disse que está «fora

do conflito e a tensão, revoando sobre a história e o mundo»25, e que é «introvertida»26.

Opina que o conceito tradicional da verdade recebeu muita influência do idealismo

platônico. Este conceito separa a verdade da ação. Supõe-se que um pode saber a

verdade por somente formular corretamente os conceitos em sua mente. O fato de que

viva ou não de acordo com aqueles conceitos não afeta seu «conhecimento» da verdade.

O importante é que o conceito corresponda precisamente à «realidade».

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Míguez Bonino insiste que, segundo a Bíblia, conhecer a verdade é vivê-la. O

conhecimento da verdade não se pode separar da obediência. Citando João 7.17, «Se

alguém quiser fazer a vontade de dele, conhecerá a respeito da sua doutrina se ela é de

Deus...», sustenta que se não temos o coração disposto a obedecer, Deus não permite

que entendamos a verdade, nem sequer intelectualmente. Também argui que

biblicamente, conhecer a Deus significa ter uma relação fiel e pessoal com ele28-29.

Míguez Bonino tem razão em sua advertência. Talvez inconscientemente, muitos

cristãos assimilam um conceito não-bíblico da verdade. Tendem a crer que saber a

verdade significa simplesmente ter uma ideia na mente que corresponde a realidade,

como se a verdade fosse uma galáxia de proposições flutuando no ar. Porem o conceito

bíblico do conhecimento não permite concebê-lo como algo meramente intelectual e

teórico. Jesus disse, «Se vós permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente

meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará». O conhecimento

da verdade, a fé na doutrina do evangelho, traz mudanças na vida. Tiago 2.17 diz,

«Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta». Crer algo da verdade

significa viver de acordo com o que se crê. «Saber» a verdade implica uma relação de

fidelidade com Deus.

Não obstante, aqui temos que evitar o extremo que afirma que a verdade não

inclui nada de proposições ou de conhecimento intelectual. Ainda que a verdade não é

somente intelectual, tem que incluir um aspecto cognitivo. Em Hebreus 11.1, lemos que

a fé é

Nesta perspectiva, a verdade pertence a um “universo da verdade”, completo em si mesmo, que pode ser mais ou menos reproduzido ou

copiado em proposições “corretas”, em uma teoria (a saber uma comtenplação desse universo) que corrsponde a essa verdade. Logo, em

um segundo passo, aparece a “aplicação” dessa teoria a uma situação histórica particular. A verdade é pois preexistente a sua efetividade

histórica e independente dela. Sua validez ou legitimidade tem de ser comprovada em relação com esse “céu de abstrato da verdade”,

totalmente aparte da sua historização. É esta concepção da verdade a que tem feito crise na teologia latino americana27.

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«a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem». Os heróis

da fé em Hebreus 11 atuaram de acordo com sua convicção de que o que Deus havia

dito era verdade. Paulo menciona algumas proposições que devemos aceitar como parte

essencial da nossa fé, os dois fatos da morte e ressurreição de Cristo.

1 Corintios 15.1-5

Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no

qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como

vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que

também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as escrituras, e que

foi sepultado e ressucitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a cefas e

depois aos doze.

Perguntas de revião

1. Qual é a primeira peça da armadura mencionada por Paulo em Efésios 6.13-

15?

2. Qual é a diferença fundamental entre o modernismo e o pos-modernismo?

3. Segundo Paul Johnson, em Tempos modernos, qual é a atitude chave do

século vinte?

4. Explique como o quadro de Francis Bacon, «Cabeça VI» expressa a atitude do

homem atual.

5. Explique a «linha da insegurança».

6. Quais são as cinco etapas da linha da insegurança dos filósofos gregos?

7. Trace a linha da insegurança e ponha exemplos de filósofos gregos.

8. Trace a linha da insegurança e coloque os nomes de exemplos de filósofos

modernos.

9. Qual é o problema epistemológico principal do homem não crente?

10. Explique as duas opções epistemológicas básicas que tem o não crente e as

consequencias de cada uma.

11. Explique o conceito cristão da verdade e faça o desenho que corresponde.

12. Explique a ilustração de G. K. Chesterton acerca da situação do homem

atual.

13. Explique a ilustração de Francis Schaeffer das folhas do livro.

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14. Que princípio bíblico importante acerca da verdade podemos aprender da

teologia da libertação?

Perguntas de reflexão

1. Vovê passou pelas etapas da segurança, insegurança, e ética inconsequente?

2. Seu conceito da verdade concorda com o que se estabeleceu neste capítulo?,

ou se identifica mais com um dos conceitos não cristãos?

3. Você sente que está submetido ao Senhor em cada área do pensamento?

4. O que pode fazer para «levar todo pensamento cativo a Cristo»?

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Capítulo 3

Atacar ou retroceder?(o cristão e sua relação com a sociedade)

«São pobres, mas enriquecem a muitos.

(...) Para dizê-lo simplesmente, a alma é para o

corpo o que os cristãos são para o mundo30.»

CARTA ANÔNIMA A DIOGNETUS,

POSSIVELMENTE DO SEGUNDO SÉCULO

Quando fui ao Chile em 1978, o país estava vivendo todavia sob o regime militar

de Augusto Pinochet (desde 1973 até 1990). Alguns me disseram que ele havia salvo o

país do caos econômico e social causado pelo governo marxista de Salvador Allende.

Outros me falaram de tortura, opressão e matanças perpetrados pelo governo militar.

Curioso mas ingênuo, comecei a falar com muitas pessoas acerca da situação.

Frequentemente os cristãos me diziam algo como «os cristãos não nos metemos na

política». Logo um dos missionáros maiores me admoestou, dizendo que não deveria

fazer perguntas acerca de assuntos tão polêmicos.

Em seu livro Haven of the Masses [Refugio das massas], Christian Lalive

d’Epinay sugere que os evangélicos no Chile tem usado a igreja como um refúgio do

mundo, e que não se envovem nos acontecimentos sociais. Em uma da suas pesquisas,

mostra que 64% dos pentecostais no Chile opinam que a igreja não deveria preocupar-se

com os problemas políticos e sociais. Por suposto que há mudanças pessoais na vida dos

evangélicos, mas tendem a ilhar-se do «mundo». Postula que os pentecostais estão

todavia terminando um processo de transição da estrutura social da antiga fazenda para

uma democracia. Diz que por um lado goatam da liberdade, mas que por outro lado, o

desorienta. Logo tem que tomar mais decisões, sem um patrão sobre eles. A igreja

evangélica provê uma figura de autoridade bondadosa na pessoa do pastor. Isto

significa, o pastor chega a ser um novo «patrão», e a igreja é a nova sociedade

estendida. Em lugar de lutar para mudar a sociedade do país, formam uma subcultura

em sua igreja, onde se sentem mais seguros31.

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Nos Estados Unidos há muitas distintas posições acerca de como relacionar-se

com o mundo. Eu fui criado em uma igreja pequena e bastante estrita. Quando era um

menino, pensava que havia poucos cristãos verdadeiros no mundo, e que eu deveria

evitar formar amizades com pessoas más «ali fora». Há outras igrejas que estão bastante

envolvidas em problemas sociais, mas não falam da sua fé pessoal em Cristo, e não se

referem muito à Bíblia quando buscam respostas.

Recordo quando estava na universidade (1966-1970), que os estudantes

protestavam contra a guerra no Vietnã, e falavam contra o racismo. Quando ia à igreja

aos domingos, os temas de conversa pareciam completamente distante do «mundo real».

Parecia que não havia muito interesse nos problemas atuais. Em meu quarto ano da

universidade, conclui (equivocadamente, por suposto) que a igreja não era a instituição

que mudaria o mundo.

Um dos temas mais discutidos através da história da Igreja é, como devem os

cristãos relacionar-se com a sociedade? O tema é complexo e tem implicações práticas

para a vida cotidiana. Alguns põe a ênfase no lado negativo da sociedade, que é

pecaminosa, e tendem a distanciar-se do «mundo». Outros põe mais ênfase no lado

positivo, e tendem a envolver-se na sociedade a tal ponto que perdem sua identidade

cristã. Nesta lição buscaremos a posição bíblica a este tema.

A. Os cinco modelos da relação entre o cristão e a sociedade

Em seu livro Cristo e cultura, H. Richard Niebuhr estabelece cinco tendências

históricas com respeito à relação entre os cristãos e a cultura. Primeiro, ele define a

cultura como «o âmbito artificial secundário que o homem superpõe o âmbito

natural32». Basicamente a cultura inclui os costumes, as artes, a linguagem, as ideias, os

valores, as estruturas sociais, enfim, tudo o que dá a uma sociedade sua identidade

particular, sua «personalidade».

Há duas atitudes básicas para a cultura: que é boa ou que é má. Destas duas

posições se derivam cinco modelos:

1. Cristo contra a cultura.

2. Cristo na cultura.

3. Cristo sobre a cultura.

4. Cristo em tensão com a cultura.

5. Cristo transforma a cultura.

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1. Cristo contra a cultura.

Este modelo enfatiza o pecado na sociedade e estabelece que devemos apartar-

nos do mundo. Um exemplo desta tendência é o monasticismo.

2. Cristo na cultura.

Crêem que Cristo está operando na cultura, e portanto que é boa. Minimiza o

pecado, e pensa que devemos cooperar com as tendências culturais. Um exemplo é o

intento de mesclar as filosofias orientais e gregas com o cristianismo nos primeros

séculos, como no gnosticismo. (Hoje em dia o modernismo, a teologia da libertação, e o

movimento Nova Era se aproximam a este modelo.)

3. Cristo sobre a cultura.

Aceitam o fato de que a cultura é basicamente boa, como a posição #2, mas

crêem que devemos acrescentar o aspecto cristão à cultura. Significa, Cristo está na

cultura, mas também mais além dela, superando a cultura. Um exemplo é São Tomás de

Aquino e o catolicismo tradicional. (Por exemplo, ele diz que a razão serve para saber

que Deus existe, mas necessitamos a fé para crer na Trindade.)

4. Cristo em tensão com a cultura.

Este modelo estabelece que a cultura aé basicamente má, mas que é inevitável

participar nela. Há que submeter-se a Cristo, mas também a cultura, ainda que muitas

vezes estão em oposição. Dois exemplos são Martinho Lutero e Sören Kierkegaard.

5. Cristo transforma a cultura.

Crêem que a cultura é basicamente má, mas que contém a graça de Deus

também. Não há que separar do mundo (como a posição #1), nem tampouco submeter-

se a ela (como #2 e #4), nem tampouco simplesmente agregar a graça por cima (#3),

mas transformá-la desde as raízes. Exemplos: João Calvino e Agustinho.

Niebuhr mesmo adota uma posição dialética a respeito, propondo que cada

modelo é parte da obra de Cristo na história, e que não é necessário assumir uma

posição contra outra. Preferimos assumir uma posição e defendê-la.

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Talvez ninguém seja totalmente consequente com um só modelo, e seguramente

cada modelo tem algo de verdade. Entretanto, a tendência que parece mais bíblica é #5,

transformar a cultura. Por que? Primeiro vejamos os problemas com as outras posições:

B. Problemas com os quatro primeiros modelos

1. Cristo contra a cultura.

Esta atitude isola o cristão do mundo, e produz hostilidade e arrogância. Jesus

ora, «Não peço que vos tires do mundo, mas que vos guardes do mal» (João 17:15).

Esta posição não assume a responsabilidade de mudar o mundo («Vós sois a luz do

mundo», Mateus 5:14), e permite que os não-crentes dominem a cultura. Tampouco

reconhece a «graça comum» que Deus deu a cada ser humano. A Bíblia ensina que cada

pessoa é a imagem de Deus. Deus «faz sair o sol sobre os bons e os maus» (Mateus

5:45). Os não crentes podem fazer coisas externamente boas, ainda que seja por motivos

equivocados, devido a graça universal que Deus tem dado a todos os homens (Marcos

9.38-40).

2. Cristo na cultura.

Esta posição não reconhece suficientemente a influência do pecado na cultura.

Romanos 12:2 diz, «Não vos conformeis com este mundo». 1 João 2:15 diz, «Não ameis

o mundo, nem as coisas que nele há». A história de Israel no Antigo Testamento nos

ensina que o Senhor detesta a mistura da verdade com a mentira, a adoração de Jeová

com a idolatria. Ele quer que Seu Povo seja santo, puro, diferente aos demais.

3. Cristo sobre a cultura.

Esta atitude produz uma «dicotomia de vida», onde os cristãos vivem uma vida

«espiritual» na igreja, ou quando lêem a Bíblia, mas vivem uma vida «secular» no

trabalho, no campo de futebol, na sala de aula. Em vez de integrar sua fé com tudo o

que fazem, simplesmente agregam o «espiritual» ao «secular».

Colossenses 3:17.

E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus.

Também produz uma «dicotomia de pensamento», uma «esquizofrenia intelectual».

Quando estudam a Bíblia, o fazem com a mente submetida a Deus, mas quando estudam

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a economia, a política, a psicologia, etc., o fazem de forma independente de Deus.

Supõe que estas áreas de pensamento são «neutras», que não necessitam da fé para

adquirir o conhecimento adequado delas.

Romanos 12:2

Não vos conformeis com este século, mas tranformai-vos pela renovação do vosso

entendimento.

2 Coríntios 10:5

...Levando cativo todo pensamento a obediência de Cristo.

O resultado é uma separação perigosa. A fé já não tem a ver com a razão. Não

aproveitamos o bom da cultura, tampouco ajudamos a melhorar o mau que tem. Nossa

fé se empobrece e a cultura se corrompe.

4. Cristo em tensão com a cultura.

Esta posição tem certa razão. Significa, temos que viver em um mundo caído,

gostemos ou não, e tampouco podemos totalmente vencer o pecado até que Jesus volte.

Entretanto, é muito pessimista enquanto ao que podemos fazer para melhorar o mundo.

Parece demasiado fácil simplesmente aceitar a influência pecaminosa como algo

inevitável.

Mateus 5:14

Vós sois a luz do mundo.

João 16:33b

Eu venci o mundo.

Romanos 12:21.

Não sejam vencido pelo mal, mas vençam o mal com o bem.

1 João 5:4.

todo que é nascido de Deus vence o mundo.

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Em resumo, a única posição que reconhece que o mundo está corrupto, mas que Deus

está operando no mundo para obter algo bom, ainda que seja entre não crentes, é a

quinta posição: Cristo transforma o mundo.

C. Apoio bíblico-teológico para a transformação da sociedade

Ademais dos textos que se citaram acima, há alguns conceitos bíblicos

fundamentais que apontam a um dever de transformar a cultura.

1. O mandato cultural

Antes da queda, Deus deu uma grande tarefa ao homeme:

Gênesis 1:28

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e

sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo animal

que rasteje sobre a terra.

Deus pôs Adão no jardim para cuidá-lo. Trouxe todos os animais para que lhes

desse nomes. Tudo isto indica que Deus o deixou encarregado da terra para administrá-

la.

O Salmo 8 diz:

Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória de honra o

coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras de tuas mão e sob seus pés tudo lhe puseste.

(v. 5 e 6).

Administrar a criação envolve muito mais que cuidar das plantas. Para «sujeitai-

a», o homem tem que organizar-se e criar as estruturas sociais necessárias. Tem que

manter ordem devido a multiplicação da população. Isto nos leva imediatamente a

pensar no comércio, a política e a economia. A tarefa de nomear os animais sugere uma

atividade científica de classificá-los. Isto nos faz pensar nas ciências, a investigação e a

educação. Sem o pecado, o homem haveria desenvolvido uma sociedade complexa e

ordenada, com uma cultura sã, e com organizações sociais que funcionariam bem.

Gênesis 1:28 tem sido chamado «o mandato cultural», porque Deus manda o homem a

desenvolver a cultura de acordo com Sua vontade.

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2. O homem é a imagem de Deus

Gênesis 1:27

E criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem

e mulher os criou.

A imagem de Deus no homem inclui seu senhorio sobre a terra, e também sua

criatividade. Portanto, o homem deveria expressar sua semelhança a Deus em todas as

suas atividades, em seu trabalho, em sua recreação, em suas relações humanas etc.

Quando o homem cumpre o mandato cultural, se sente bem, porque está manifestando a

imagem de Deus nele. Quando o homem cuida um jardim, ou arrumar uma máquina, se

sente realizado. Quando se expressa de forma artística, na pintura, na música, na

literatura, dá uma grande satisfação.

Este conceito embelece toda atividad cultural. Não devemos menosprezar a arte,

o trabalho, os estudos, como algo «secular» ou «mundano», mas apreciá-los como

manifestação da graça de Deus. O cristão pode participar nestas atividades, e também

desfrutar das atividades do não crente. Apesar da influência do pecado, o homem segue

refletindo algo da glória de Deus. (Até depois da queda, a Bíblia diz que todos os

homens são a imagem de Deus, sem fazer distinções. Ver Gênesis 9:6.)

3. A queda afetou todas as dimensões da vida

Todas as relações foram quebradas como consequencia do pecado: entre o

homem e Deus, entre o homem e seu próximo, entre o homem e a criação, e entre o

homem e seu próprio ser. A harmonia original se perdeu e o conflito começou a afetar

cada dimensão da vida. O homem ficou incapacitado para realizar o mandato cultural, e

a imagem de Deus nele foi danificada. Isto significa que o progresso da cultura vai por

um caminho pecaminoso, que a humanidade destrói a criação em vez de cuidá-la, que a

corrente do mundo vai distanciando-se de Deus e Seus propósitos.

4. A salvação restaura todas as dimensões da vida

Entretanto, Jesus Cristo veio para reconciliar-nos com Deus, e a «reunir todas as

coisas» (Efésios 1:10, Colossenses 1:20). Em Cristo, Deus restaura a criação, sarando as

consequências da queda. Onde Deus encontra a influência do pecado, ali é onde faz a

guerra!

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Isto significa que não podemos excluir nenhum aspecto da vida na tarefa de

trazer a salvação ao mundo. As vezes se enfatiza quese exclusivamente nossa

reconciliação com Deus (a justificação) quando falamos da salvação, mas se deixamos

de lado as outras dimensões, a salvação parece incompleta. Nossa salvação como

indivíduos inclui cada dimensão de nossa vida, e nos leva a buscar a salvação da

sociedade, sua restauração em todos os aspectos. Fazemos nosso trabalho melhor,

expressamos nossa criatividade artística melhor, estudamos melhor, e amamos a nossa

família mais. Ademais, influimos para o bem em toda a sociedade, trabalhando para um

mundo mais justo, mais ordenado, e mais unido.

5. O reino de Deus já chegou

Alguém poderia perguntar, «Por que a Bíblia não fala muito do mandato

cultural?» A resposta é que fala muito do conceito, sem usar o termo. A ideia está

incluída no conceito do «reino de Deus», um termo usado com muita frequência na

Bíblia. O reino de Deus é o cumprimento do mandato cultural.

O Antigo Testamento é a história do reino de Israel como uma «sombra» do

reino verdadeiro de Jesus Cristo. Ainda que Israel teve seu período de glória,

especialmente no tempo de Davi e Salomão, logo caiu na idolatria e na injustiça, se

dividiu e foi levado ao cativeiro humilhado. Um pequeno remanescente voltou a

Jerusalém e esperou quatrocentos anos sem revelação divina.

Quando Jesus se encarnou, viveu uma vida justa, morreu pelos pecados do seu

povo e ressuscitou dentre os mortos, Ele estabeleceu o reino verdadeiro. Anuncia-se sua

chegada com a mensagem: «Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo».

(Mateus 3:2, 4:17, 10:7) Jesus confirma Sua autoridade como Messias com os sinais do

reino (Mateus 11:1-19, 12:28), e explica as parábolas do reino. Entra em Jerusalém

proclamado como rei (João 13), e confessa ante Pilatos que Ele é o rei (João 18:33-37).

Ressuscita com toda autoridade na terra e no céu (Mateus 28:18).

O Reino inclui um povo (a Igreja), um país (todo o mundo), um poder (do

Espírito Santo), e a presença do Rei (Jesus Cristo). Envolve cada aspecto da vida, com

estruturas sociais, leis e relações. Ao estender o reino de Deus, a sociedade se melhora e

se conforma mais e mais à vontade de Deus.

Tudo isto implica que os cristãos devem participar em cada aspecto da cultura e

da sociedade para transformá-la. O reino de Deus não está limitado à Igreja, mas a

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Igreja é o instrumento humano para seguir estabelecendo o reino, e a Igreja é um

modelo do que toda a sociedade deveria ser.

Conclusão

Juntemos as ideias da seguinte maneira: o homem foi criado à imagem de Deus

com a tarefa de desenvolver a cultura e organizar a sociedade (o mandato cultural,

Gênesis 1:28). Este processo estabelece o reino de Deus. Entretanto, o pecado tem

mudado a forma de estabelecer o reino e cumprir o mandato cultural. Agora é

necessário realizar no contexto da salvação. O fato de participar no reino de Deus e no

processo da salvação implica necessariamente a transformação da cultura. Sem tal

transformação, o reino de Deus seria como uma árvore sem galhos.

Há um aspecto positivo e um aspecto negativo em nossa tarefa sócio-cultural. O

positivo é que devemos desenvolver a cultura. Até antes da queda, o homem tinha esta

responsabilidade de formar uma sociedade ordenada, de conhecer a criação e dominá-la

para a glória de Deus. Tem que usar sua criatividade no progresso cultural. O negativo

é que esta tarefa inclui eliminar a influência do pecado. Lutamos contra o mal.

Deus faz com a sociedade o mesmo que faz com o homem: a redime, a restaura,

a reforma. Isto implica tanto continuação como mudança. Deus deixa que o homem siga

com o mesmo corpo e com a mesma personalidade, mas começa a mudá-lo

interiormente, desde o mais profundo da sua alma. Assim também Deus transforma a

sociedade, desde as raízes. O trabalho não é somente contra o mal, mas também em pró

do desenvolvimento criativo.

A sociedade é como uma árvore que começou a desviar-se do seu crescimento

normal. Há que por uma tala para que cresça de forma direita. Segue crescendo, mas

corrigindo o problema. O pecado é como uma enfermidade. Quando alguem fica

enfermo, o médico tem que eliminar a enfermidade, mas também assegurar a

alimentação correta e a continuação do processo normal de crescimento. É assim com

nossa tarefa sócio-cultural. Temos que corrigir o mal, mas seguir com o processo

normal de desenvolvimento.

Este enfoque de vida oferece tudo a Deus, coroando a Jesus Cristo como Rei.

Permite integrar nossa fé com nossos estudos. Nos desafía a usar as pressuposições

bíblicas para estudar as ciências, as artes, as humanidades, e todas as demais áreas. Há

que usar lentes cristãs para ver o mundo. Restaura a dignidade do nosso trabalho. Nos

faz pessoas íntegras, não de «ânimo dobre». (Tiago 1:8). Nos capacita para penetrar a

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cultura e a sociedade com novos valores, novas ideias, e um novo estilo de vida, criando

um mundo melhor. Nos devolve a vida, fazendo-nos realmente «humanos», conformes à

imagem de Jesus Cristo.

Por exemplo, uma secretária glorifica a Deus, não somente em seu bom trato

com suas companheiras, ou quando compartilha a Palavra de Deus com elas (sem negar

a importância disto), mas também enquanto escreve a máquina, por tedioso e

insignificante que pareça no momento. Por quê? Porque está manifestando a imagem de

Deus e porque seu trabalho faz um aporte valioso ao desenvolvimento da sociedade de

alguma maneira, e isso é parte do mandato cultural, a extensão do reino de Deus, e a

salvação do mundo.

Perguntas de revião

1. O que sugere Christian Lalive d’Epinay em seu livro Haven of the Masses

[Refúgio das massas]?

2. Nomeie os cinco modelos da relação entre o cristão e a sociedade, segundo

Richard Niebuhr, explique cada um brevemente e mencione um exemplo de cada um.

3. Explique os problemas dos primeiros quatro modelos.

4. Nomeie e explique cinco pontos bíblico-teológicos que apóiem a quinta

posição.

Perguntas de reflexão

1. De que maneiras você possivelmente esteve «fugindo do mundo» em vez de

transformá-lo?

2. De que maneiras você tem estado seguindo a corrente do mundo, perdendo

sua identidade cristã?

3. Segundo Atos 1:6-8, qual é a tarefa mais importante em transformar o mundo?

Em que sentido a tarefa mencionada nesta passagem leva à transformação do mundo?

4. Mencione outras formas em que os cristãos podem trabalhar para uma

transformação positiva da sociedad:

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Capítulo 4

Cosmovisões não cristãs

Durante um período da minha vida, tive medo de ler filosofia e literatura não

cristã, por temor de perder minha fé. Recordo que uma vez tratei de ler a novela Náusea

de Jean Paul Sartre, e de verdade me deu náusea! Tive que deixar de lê-la, e esperei

vários anos antes de tocá-la de novo. Entretanto, depois de entender mais das outras

perspectivas, vi que as filosofías não cristãs não tem fundamentos sólidos, e realmente

não há nada que temer. Neste capítulo vamos a examinar brevemente outras filosofias, e

veremos que todas se destróem sozinhas.

A. O «universo próximo»

Há um texto excelente por James Sire que faz uma análise dos enfoques de vida

mais comuns, The Universe Next Door [O universo próximo33]. Faremos um resumo

destas perspectivas, e depois examinaremos os problemas fundamentais das posições

não cristãs.

Sire define um «enfoque de vida» como «um conjunto de pressuposições

(hipóteses que pode ser verdadeira, parcialmente verdadeira, ou totalmente falsa) que

sostentamos (conscientemente ou inconscientemente, consequentemente ou

inconsequentemente) acerca das características básicas do nosso mundo34». Diz que há

sete perguntas fundamentais que, ao respondê-las, revelam o enfoque da vida da pessoa:

1. O que é a realidade primária —a realidade real?

2. Qual é a natureza da realidade externa, isto é, do mundo que nos rodeia?

3. O que é o ser humano?

4. O que sucede a uma pessona quando morre?

5. Por que é possível saber algo?

6. Como sabemos distinguir entre o bem e o mal?

7. Qual é o significado da história humana?

Sire apresenta oito enfoques de vida35:

1) o teísmo cristão

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2) o deísmo

3) o naturalismo

4) o niilismo

5) o existencialismo

6) o monismo panteísta oriental

7) a nova era

8) o pós-modernismo

1. O teísmo cristão

O teísmo cristão (o enfoque cristão da vida) sustém que existe um Deus pessoal

que é transcendente mas imanente, onisciente, soberano e bom. Deus criou o universo

do nada para funcionar segundo as leis de causa e efeito, mas em um sistema aberto.

Isto significa que o universo não é caótico, mas tampouco está programado de uma

maneira fatalista em que o homem não tem liberdade. O ser humano foi criado à

imagem de Deus com personalidade, inteligência, um sentido moral, sociabilidade e

criatividade. O homem pode conhecer o mundo e a Deus, porque Deus o criou com essa

capacidade. O homem foi criado bom, mas por meio da queda, a imagem de Deus nele

foi desfigurada. Através de Jesus Cristo, Deus redimiu o homem e iniciou o processo de

restauração do seu povo. A morte é a porta a outra vida, uma vida com Deus e seu povo,

ou uma vida separada de Deus. A ética está baseada no caráter de Deus. A história é

linear, uma sequencia de eventos que leva ao cumprimento dos propósitos de Deus.

2. O deísmo

Para os deístas, Deus é transcendente, mas não pessoal, a primeira causa de tudo,

que criou tudo mas logo o abandonou e que funcionará sozinho como um grande

relógio. O cosmos que Deus criou é determinado e fechado, sem intervenção de Deus, e

sem a possibilidade de milagres. O ser humano é parte da máquina do grande relógio do

universo. O mundo está em seu estado normal, não caído nem anormal. Podemos

conhecer o universo e decidir como é Deus por meio do estudo científico do universo. A

ética também se revela no universo, isto é, o que é, é correto. A história é linear, e o

curso da história já foi determinada na criação. O deísmo teve muita influência na

França e Inglaterra no começo do século dezoito, mas foi substituído pelo naturalismo.

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3. O naturalismo

Segun o naturalismo, a matéria existe desde a eternidade, e isso é tudo o que

existe. Deus não existe. O cosmos funciona de acordo com as leis de causa e efeito, e

está fechado. O homem é nada mais que uma máquina complexa. A personalidade é

uma interrelação de propriedades químicas e físicas. A morte é a extinção da

personalidade e da individualidade. A história é uma corrente linear de eventos, sem

propósito. A ética se deriva da experiência humana, e basicamente consiste em fazer o

que convém, no que produz harmonia. O marxismo é um exemplo do naturalismo.

4. O niilismo

O niilismo é mais um sentimento que uma filosofia, segundo Sire. Inclusive, é

uma negação da filosofia, da possibilidade do conhecimento, e de tudo de valor. Se

expressa na escultura de Marcel Duchamp, «Fonte», que é nada mais que um urinol

comum e corrente, ou no drama de Samuel Beckett, «A respiração», em que há 35

segundos de som: primeiro um choro, depois respiração para dentro, respiração para

fora, e no final outro choro. Assim é a vida. O niilismo é o resultado de aceitar as

consequencias práticas dos postulados do naturalismo. Se tudo é natural, nada tem

sentido, nem minha própria filosofía. Nietzsche é o precursor deste enfoque, filósofo

que morreu mentalmente enfermo.

5. O existencialismo

O homem não pode seguir vivendo com a convicção de que nada tem sentido.

Portanto, o existencialismo surgiu como um esforço para superar o niilismo. Há duas

formas de existencialismo: ateísta e teísta. O existencialismo ateísta sustém que o

cosmos somente contém matéria, mas que o ser humano tem uma consciência. Isto é,

está consciente de si mesmo, e pensa. O mundo externo parece absurdo, mas o homem

autêntico se rebela contra o absurdo e cria seus própios valores e seu próprio significado

como indivíduo. Sartre e Camus representam este enfoque. O existencialismo teísta

aceita os postulados do teísmo, mas desconfia na razão humana. A fé é algo subjetivo e

individual, e a verdade é um paradoxo. Sören Kierkegaard representa este pensamento.

6. O monismo panteísta oriental

As religiões orientais vão até mais longe que o existencialismo em sua

desconfiança na razão; renunciam totalmente a luta pela verdade. Ademais, renunciam a

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luta por mudar o mundo; preferem simplesmente existir. O monismo panteísta é o

enfoque mais popular no oriente: existe um só tipo de ser, e Deus está em tudo. O

budismo Zen, por exemplo, diz: «Atman é Brahman», a alma de cada ser humano é a

alma do cosmos. Tudo o cosmos é bom, e não há verdadeiras contradições. O homem

não está consciente de sua unidade com o cosmos e deve despertar a essa realidade.

Tratam de chegar a um estado mental em que não sentem distinções entre o bem e o

mal, a verdade e a mentira, a realidade e a ilusão.

7. A nova era

A nova era é uma versão ocidental das religiões orientais, mas com ênfase no

indivíduo, que para eles é a realidade primária. O cosmos se manifesta de duas

maneiras, o universo visível, ascessível por meio da consciência normal, e o universo

invisível, ascessível por meio de estados alterados de consciência (por exemplo com

drogas). O homem deve dar conta de que ele é Deus. «Saiba que você é Deus; saiba que

você é o universo», diz Shirley MacLaine36. Em contraste com o monismo panteísta, a

nova era aceita o conceito animista da existência de muitos seres espirituais.

8. Pos-modernismo

O «modernismo» começou com Descartes e a confiança na razão e a ciência. O

«pós-modernismo» já não confía na razão, e não tem um enfoque de vida. Não se

preocupa por entender como é o ser (ontologia) ou por como saber a verdade

(epistemologia), mas somente pelo significado da linguagem. O homem é o que decide

dizer de si mesmo. A ética é determinada pela sociedade. O correto é o que decidimos

ser correto.

Resumo

Podemos resumir estes enfoques de vida no quadro da seguinte página. A

filosofia fez uma distinção entre a ontologia (o estudo do ser, que existe?), a

epistemologia (estudo do conhecimento, como sabemos a verdade?), e a ética (Como

devemos viver?), categorias que usaremos para explicar os distintos enfoques, ademais

das categorias importantes de como é Deus, e como é o homem.

B. O animismo e outros enfoques

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Devemos incluir outro enfoque de vida que é muito antigo, muito comum, e que

tem deixado muita influência na América Latina: o animismo. O termo vem de «anima»

ou «alma», e seus crentes sustém que todas as coisas, incluindo animais, plantas, pedras

e todos os objetos, tem vida espiritual. Alguns estimam que 40% da população do

mundo hoje é animista. Frequentemente esta religião inclui a prática de bruxaria, magia,

superstições e ritos. Normalmente há uma crença em um só Deus criador por sobre

muitos deuses pequenos. Não obstante, o homem não se relaciona com o criador, mas

com os deuses pequenos da saúde, do tempo, e de tudo o que afeta sua vida diária. Na

realidade, para muitos o animismo é outra forma do panteísmo, porque tudo o que existe

contém a alma universal de Deus37.

Enfoque Deus Homem Ontologia Epistemologia ÉticaTeísmo Cristão Pessoal Imagem de

Deus

Dois

Aspectos:

Deus e a

criação

Por revelação de

Deus

Devemos

Fazer a

vontade de

Deus, que se

resume em

amar a Deus e

ao próximo

Deísmo Impessoal.

Criou o

universo e

o

abandonou

Parte da

grande

máquina

Dois

Aspectos:

Deus e a

criação

Por meio do estudo

do universo,

experiência

(empirismo)

Se revela no

universo. O

que é, é

correto.

Naturalismo Não existe É uma

máquina

Somente o

material

Por meio da razão Fazer o que

convém, o que

produz

harmonia

Niilismo Não existe A vida não

tem sentido

Somente

material

Conhecimento

impossível

Não tem valor

Existencialismo Ateísta, não

existe

teísta:

pessoal

Somente

matéria, mas

não tem

consciência,

vive um

paradoxo

Ateísta,

somente existe

matéria,

universo

absurdo:

teísta: dois

aspectos: Deus

e criação

Ateísta; universo

absurdo, homem

cria seu próprio

significado. Teísta:

salto de fé,

paradoxo

O homem cria

seus próprios

valores

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Monismo

panteísta

oriental

Unido com

o universo

Unido com o

universo

Um só ser,

mas Deus está

em tudo

Renunciam as

distinções entre

verdades e mentira.

Tudo é verdade

Renunciam as

distinções

entre o bem e

o mal. Tudo

está bem.

Preferem

somente o

existir

Nova era Unido com

o universo

(o homem é

Deus)

O homem é

Deus

Um só ser,

Deus está em

tudo, e o

homem é Deus

Consciência normal

(universo visível),

estado alterados de

consciência

(universo invisível)

O homem

deve dar conta

de que é Deus

Pós-

modernismo

Não existe O homem é o

que decide

dizer de si

mesmo

Não se

preocupa em

saber como é a

realidade

Não confia na razão

e na ciência. Não se

preocupa em saber a

verdade

O correto é

determinado

pela sociedade

Na América Latina, desde o tempo da colonização, a Igreja Católica cultivou um

sincretismo entre o cristianismo e o animismo que existia na religião dos indígenas.

Alguns missionários no México tiraram de uma cova a imagem de Oztocteotl, o deus

dos bruxos, e o substituiram com uma imagem de Cristo, contando que havia aparecido

de forma milagrosa. O problema é que isto foi uma troca de forma somente; o «Cristo»

tem as mesmas características do deus anterior. Tanto os bruxos como os católicos o

visitam cada ano. A famosa Virgem de Guadalupe de México está situada no mesmo

lugar onde havia um templo dedicado a Cihuacoatl (mãe terra, mãe serpente) muito

tempo antes dos conquistadores, também conhecido como Tonantzin. Em sua imagem, a

virgem está parada sobre a lua, deidade importante indígena, mostrando que ela é

superior, mas que não a destrói. Essa imagem expressa graficamente como tem

agregado o cristianismo por cima do animismo, sem eliminar as velhas crenças38.

Também devemos mencionar o panenteísmo, que é uma mescla de panteísmo e

teísmo. Sustentam que Deus é pessoal, mas que é finito e temporal. O mundo é o corpo

de Deus. Deus está em um processo de realizar, mudando enquanto muda o mundo. O

mundo cria Deus e Deus cria o mundo39. Há uma escola de teologia panteísta chamada

«a teología do processo» que teve bastante influência nos últimos anos.

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Há outras religiões que são praticadas por uma grande quantidade de pessoas,

como o Islão, o Judaísmo, e as seitas como o Mormonismo e as Testemunhas de Jeová.

Estas religiões são distorsões derivadas do cristianismo, e portanto, seus enfoques de

vida são bastante semelhantes ao cristianismo em termos filosóficos. Também crêem

que Deus é pessoal, que existe aparte da criação, que o homem foi criado à imagem de

Deus, e que a verdade foi revelada. Entretanto, as doutrinas chave são muito diferentes.

Não é o propósito destes capítulos comparar as religiões do mundo, mas as diferenças

entre estas religiões e o cristianismo estão no conteúdo da revelaçã que tem aceitado, e

especialmente na natureza e no lugar de Jesus Cristo na salvação. Somente o

cristianismo ortodoxo prega a um Deus que é uma Trindade, e um evangelho da graça,

em que a salvação é por fé. Somente o cristianismo tem a verdadeira resposta para os

problemas do mundo: o perdão, a salvação, e a transformação em Cristo.

C. A auto-destruição dos enfoques não cristãos

Todos os enfoques exceto o enfoque cristão (e os que tem tomado esse enfoque

emprestado e o tem distorcido) contém em si sua própria destruição, filosoficamente

falando; são contraditórios dentro de si. Por um lado, alguns enfoques propõem uma

ontologia monista que não permite defender nenhum pensamento. Por outro lado, outros

enfoques negam a possibilidade da certeza de conhecimento, que tampouco permite

defender nenhuma teoria.

Vejamos primeiro o problema da ontología. A maioria dos enfoques sustentam

que o universo é uma unidade, seja material ou espiritual (o naturalismo, o niilismo, o

existencialismo ateísta, o monismo panteísta oriental, a nova era, e o animismo). O

dilema inevitável com este esquema é que o homem também é parte da unidade, e perde

sua identidade e liberdade como indivíduo. Portanto, seus próprios pensamentos não

tem significado.

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Por exemplo, se o deísmo tem razão em que o universo é uma grande máquina

como um relógio, e o homem é parte desse relógio, seus pensamentos são nada mais que

os «tic tac, tic tac» do relógio. O que significam seus pensamentos então? O mesmo

sucede se cremos que o universo é uma unidade espiritual ou qualquer tipo de unidade,

sem intervenção de Deus.

Façamos uma revisão do que vimos no capítulo dois. Os antigos filósofos gregos

captaram o problema que origina o crer que tudo é uma unidade, o qual os levou ao

asceticismo. Heráclito sustentava que o universo era uma unidade que estava em

constante movimento como um rio. «Tudo flui». «Não te podes banhar duas vezes no

mesmo rio», dizia40. Logo Gorgias decidiu que todo conhecimento e toda comunicação

eram impossíveis41. Por que? Porque não posso sustentar que o universo é um grande

rio fluindo constantemente, e pretender que eu estou na margem do rio, observando

objetivamente, externamente. Tenho que ser parte do rio também. Portanto, se somente

sou uma gota de água no rio, com que autoridade estou opinando acerca da natureza do

rio? Cratilo foi consequente com este esquema e deixou de falar totalmente42. Essa seria

a reação mais honesta. Se o conhecimento e a comunicação não são possíveis, por que

falar? Sócrates exclamou o lema dos ascéticos, «Só sei que nada sei». Foram Platão e

Aristóteles que trataram de resgatar a possibilidade do conhecimento. Platão dizia que

um homem pode saber algo porque a alma recordava o conhecimento que tinha antes de

habitar o corpo. Aristóteles confiava na lógica. Não obstante, depois da época destes

grandes pensadores, os gregos voltaram ao asceticismo.

Na filosofia moderna, este dilema gerou o existencialismo. Hegel havia proposto

que o universo era unido, que era um grande espírito que evoluía. Com a dialética, ele

pretendia eliminar todo conflito. Dizia que quando uma tese encontra sua antítese, em

vez de que decidamos qual é a correta, simplesmente deixemos que se forme uma

síntese. Significa, quando alguém afirma algo, e outra pessoa afirma o contrário, não

temos que julgar quem terá a razão, mas combinar as duas opiniões em um só novo

conceito. Com isto, se perde a noção de verdade absoluta, e da distinção entre o bem e o

mal. Ademais, se o homem é parte deste processo impessoal do ocorrido, perde sua

liberdade e sua identidade. Kierkegaard discerniu este problema, mas não soube

oferecer uma alternativa racional. Somente pôde propor que a razão não funciona, que

existe um paradoxo: o homem é parte deste processo impessoal, mas de alguma maneira

também está livre. Isto é um salto de fé, uma fé irracional.

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Pense na teoria da evolução. Se o mundo é somente um produto de um processo

de evolução impessoal, e não existe nada mais que a matéria, meus pensamentos são

simplesmente um movimento de átomos, uma reação química. Já vimos outra forma

mais crua de dizer: «O cérebro segrega pensamentos como o fígado segrega bilis43».

Portanto, por que devo pretender que meus pensamentos são corretos? Por que devo

pensar que significam algo? A mesma teoria que sustenho é nada mais que uma reação

química. Assim a teoria se destrói sozinha. É como cortar o galho da árvore em que

estou sentado! Darwin mesmo escreveu em uma carta,

C. S. Lewis explica a contradição:

Se tudo o que existe é natureza, o grande evento interconectado

sem mente, se ainda nossas convicções mais profundas são meramente

produtos secundários de um processo irracional, então claramente não

existe nem um fundamento mais fraco para supor que nosso sentido de

cordura e nossa consequente fé na uniformidade nos digam algo acerca

da nossa realidade externa. Nossas convicções são simplesmente uma

característica nossa —como a cor do cabelo. Se o naturalismo é verdade,

não temos nenhuma razão para confiar em nossa convicção da qual a

natureza é uniforme45.

Também argumentou:

O naturalista não pode condenar a outros por seus pensamentos

porque tem causas irracionais, e seguir crendo em seus próprios

pensamentos que tem causas igualmente irracionais (se o naturalismo é

verdade46).

Lewis cita o argumento de J.B.S. Haldane:

A dúvida horrenda sempre surgirá se as convicções da

mente de um homem, que tem desenvolvido da mente dos

animais inferiores, terão valor ou serão de confianza.

Confiaria alguém nas convicções da mente de um mono,

se existem convicções em tal mente44?

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Se meus processos mentais são totalmente determinados pelo

movimento dos átomos em meu cérebro, não tenho razões para supor que

minhas crenças são corretas...e portanto não tenho razões para supor que

meu cérebro está composto de átomos47.

Os enfoques que negam a possibilidade de conhecimento (o nihilismo e o pós

modernismo) tem um problema mais óbvio. Ao afirmar que não se pode afirmar nada,

se contradizem rotundamente. Se não podem ter certeza de nada, como podem estar

seguros que não podem estar certos de nada? É como dizer, «Tudo o que digo é uma

mentira!» Outra vez voltemos a Cratilo, e seria melhor não dizer nada!

Quando estava estudando no seminário, trabalhava como supervisor noturno em

uma biblioteca universitária para pagar meus estudos. Havia uma aluna que também

trabalhava ali, e as vezes conversava comigo acerca de minha fé. Ela dizia que «Não se

pode saber nada». Quando lhe perguntei como sabia isso, se irritou e se foi. Voltou

depois de algumas horas, e me falou, «Eu penso que não se pode saber nada!», deu meia

volta e saiu sem esperar qualquer resposta.

Os existencialistas reconhecem este problema, mas também sabem que o homem

não pode viver com essa completa insegurança. Portanto, sem poder defender suas

crenças racionalmente, dão um salto cego de fé. O problema com a epistemologia

existencialista é que qualquer coisa pode ser verdade. Se cada um inventa seus próprios

valores e decide por si mesmo que é a verdade, então tudo é verdade. E se tudo é

verdade, nada é verdade.

É como o homem que se apresentou a sua igreja para ser avaliado para ser

pastor. Quando lhe perguntaram se cria na divindade de Jesus, disse, «Não nego a

divindade de Jesus, Não nego a divindade de ninguém!» O problema é que, se todos

somos divinos, a divindade perde sentido. Jesus já não seria especial. Se podemos

afirmar que A é verdade e também que A não é verdade, temos perdido a cordura. Já

não estamos funcionando como pessoas mentalmente sãs.

O monismo panteísta oriental também sofre deste dilema. Querem negar as

distinções entre verdade e mentira, entre o bem e o mal. Porém não podem viver

consequentemente com isso. Se pergunto a um deles se posso pegar em seu nariz, ou se

posso fraturar o braço, seguramente alguém vai gritar que NÃO! Porém se eu perguntar

por que? como podem responder? Se não há distinção verdadeira entre o bem e o mal,

seria bom feri-lo ou não feri-lo!

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D. A resposta cristã

Somente o enfoque cristão permite a possibilidade de conhecimento e liberdade.

O enfoque cristão não é monista, senão afirma que há dois tipos de realidade: Deus e

Sua criação. Assim o homem não é simplesmente uma parte de uma máquina, ou de um

rio espiritual. É uma criatura de Deus, feita a Sua imagem, com pensamentos livres,

com o uso da razão e com emoções. Deus, que é a fonte de toda verdade, lhe revela a

verdade. O cristianismo é o único enfoque de vida que não destroi a si mesmo.

Ao defender nossa fé, podemos perguntar por que a outra pessoa crê o que crê.

Quando explica por que, por exemplo se diz que seu conceito é lógico, podemos

perguntar por que confiar na lógica. Isto não é um jogo. Deve-se fazê-lo com amor e

com respeito. De outro modo, podemos perder a oportunidade de mostrar lhe o

evangelho. Porém seguimos perguntando até que não haja mais respostas. Até onde

chegará o não crente? Terá que chegar a uma resposta final. Esta resposta será, expressa

de alguma maneira, simplesmente que ou crê porque ele crê, é verdade porque ele disse

que é verdade. Quer dizer, o não crente no final é seu próprio juiz da verdade. Pretende

decidir por si mesmo o que é a verdade.

DEUS

CRIAÇÃO

Deus revela a verdade ao homem.

RESULTADO

Conhecimento e segurança

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Isto por suposto lhe tira toda certeza, porque teria que saber tudo para estar

seguro de algo. A alternativa cristã é que cremos porque Deus o diz. Como sabemos que

Deus diz? Porque Deus diz que disse! Ponto final! Deus se defende solo, e Sua Palavra

se ampara apenas. Se apelamos para outra fonte acima de Deus, temos escavado nosso

próprio fundamento e destruido nossa filosofía de vida.

E. O método apologético

Queria sugerir algumas pautas para a defesa do evangelho. Na realidade, quando

se trata do evangelho, creio que a melhor defesa é uma boa ofensiva. Não devemos

pedir desculpa pela verdade, nem tratar de dar razão ao não crente em seus postulados,

e sim mostrar-lhe as inconsequências de sua posição. Por suposto, devemos tratar de

responder suas perguntas, mas não deixar que ele manipule toda a conversação para

conseguir escapar de seu criador.

Proponho uma metodología «TIRA». Devemos começar com nosso próprio

testemunho, logo mostrar-lhe as inconsequências de sua posição, responder suas

perguntas, e finalmente voltar a anunciar o evangelho, mostrando sua necessidade de

Cristo.

Testificar

Inconsequências

Responder perguntas

Anunciar o evangelho

O Senhor abrirá as portas no momento apropiado, dando ocasião para

compartilhar nosso testemunho. O testemunho é pessoal, e ninguém discute nossa

experiência. Este aspecto pessoal dá a entender que temos uma relação pessoal com o

Senhor, e que não é simplesmente uma filosofía de vida ou uma ética de vida.

Enquanto às inconsequências, temos que mostrar amor e humildade, porque é

doloroso para o não crente ver suas contradições vitais. As vezes nossa atitude é mais

importante que nossas palavras. Paulo disse :

Eu, irmãos quando fui ter convosco, anunciando-vos o

testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de

sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e

este crucificado. E foi em fraqueza temor e grande tremor que eu estive

entre vós; A minha palavra e a minha pregação não consistiram em

linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demostração do Espírito e de

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poder, para que a vossa fé não se apoiasse em Sabedoria humana, e sim

no poder de Deus. (1 Corintios 2.1-5)

Entretanto, também há lugar para defender a verdade com palavras. Paulo

passou meses dialogando em Éfeso, «discutindo e persuadindo Com respeito ao reino de

Deus» (Atos 19.8).

Como mostrar as contradições de sua posição? Já temos visto alguns pontos

importantes para a apologética: o não crente não pode estar seguro do conhecimento, e

não pode viver consequentemente com seus próprios conceitos, porque pretende ser

independente de Deus. Assim podemos perguntar como pode estar certo de sua posição

se não pode ter certeza de nada. Também podemos fazê-lo ver que não é a fonte da

verdade, por exemplo com a ilustração do trem.

As inconsequências que mostramos não tem que ser necessariamente negativas.

Por exemplo, podemos perguntar como pode explicar a existência da alegria e do amor.

A alegria foi o ponto chave na conversão de C. S. Lewis. Não posso explicar a alegria

sem aceitar a existência de Deus. G. K. Chesterton e Philip Yancey insistem de que,

enquanto o não crente nos pede explicações do «problema do mal», também podemos

desafiar ao não crente a explicar «o problema do bem» num mundo supostamente

caótico e sem sentido48.

Temos dois conceitos bíblicos que são chave, dois conceitos que empedem que o

não crente seja consequente com sua negação de Deus. Estes são nossos pontos de

contato com qualquer pessoa: 1) todos sabem que Deus existe no fundo do seu coração,

e 2) todos tem uma consciência e sabem que são culpados.

Porque o que de Deus se conhece é manifesto, pois Deus se

manifestou. Porque as coisas invisíveis dele, seu eterno poder e deidade,

se fazem claramente visíveis desde a criação do mundo, sendo entendidas

por meio das coisas feitas, de modo que não tem desculpa. Pois havendo

conhecido a Deus, não glorificaram como a Deus, nem deram graças,

mas que se vaidaram em seus pensamentos, e seu néscio coração foi

entenebrecido. (Romanos 1.19-21)

Porque quando os gentios que não tem lei, fazem por natureza o

que é da lei, estes, ainda que não tenham lei, são lei para si mesmos,

mostrando a obra da lei escrita em seus corações, dando testemunho sua

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consciência, e acusando-os ou defendendo-os seus argumentos (Romanos

2.14,15)

O mais difícil já está faeito! Somente temos que ajudar a destapar este

conhecimento inato de Deus e a ver a solução para sua culpa.

Quando Paulo falou no Areópago em Atenas, chamou a atenção para o altar ao

«Deus desconhecido», e lhes declarou como era. Nós podemos explicar o evangelo,

confiando no Espírito Santo, que utilizará este conhecimento inato. A mente do homem

não é uma «tabla rasa»; ainda que trate de fazê-lo, não pode apagar totalmente o

conhecimento do Deus verdadeiro. Tampouco Paulo vacilou em chamar os atenienses

ao arrependimento. O não crente não buscará a salvação em Cristo até que reconheça

seu pecado. Em nosso diálogo com ele, temos que mostrar que seu problema principal é

tratar de ser independente do seu Criador e viver centrado em si mesmo.

Sempre temos a tarefa de dar razões de nossa fé (1 Pedro 3.15). Entretanto, não

temos que responder todas suas perguntas. As vezes temos que admitir humildemente

que não sabemos a resposta. Depois de tudo, queremos comunicar que somente

podemos conhecer a verdade quando nos submetemos a Deus. Só Deus sabe tudo, e a

única razão pela qual podemos saber algo é porque Ele nos tem revelado algo.

Isto nos leva ao último passo. Depois de falar de todos estes conceitos, não

esquecemos de voltar a mostrar Cristo. Em vez de mostrar nossa inteligência e produzir

polêmica, nossa tarefa principal é levar a pessoa a Cristo e por sua mão na mão do

Senhor. O Senhor se encarrerá de responder as perguntas que não podemos responder.

Sigamos o exemplo da esposa do esquizofrênico John Nash no filme «Uma

mente brilhante». Com muito amor, ficamos ao lado do não crente, mostrando com

humildade suas contradições. Com a obra do Espírito Santo em seu coração,

reconhecerá esta inconsequencia.

Quando escuta o evangelho e as verdades bíblicas, se está sendo chamado a

Cristo, ele sentirá que se abrem os olhos. Sentirá que havia estado sonhando, e agora

está desperto, que havia estado enfermo, e agora está curado. Que o Senhor nos dê

sabedoria para praticar uma apologética efetiva e sábia!

Perguntas de revisão

1. Usando a tabela da seguinte página, nomeie os postulados chave dos seguintes

enfoques de vida:

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2. Explique as crenças do animismo.

3. Que tem cultivado a Igreja Católica na América Latina, desde o tempo da

colonização?

4. Explique por que os enfoques de vida que sustentam que o universo é uma

unidade são auto-destrutivos.

COSMOVISÕES NÃO CRISTÃSEnfoque Deus Homem Ontologia Epistemologia Ética1 Teísmo

cristão

2 Deísmo

3 Naturalismo

4 Niilismo

5

Existencialism

o

6 Monismo

panteísta

oriental

7 Nova era

8 Pos-

modernismo

5. Explique por que os enfoques de vida que negam a possibilidade de

conhecimento são auto-destrutivos.

6. Explique o conceito cristão da ontologia, a epistemologia e a ética.

7. Explique o método apologético «TIRA».

Perguntas de reflexão

1. Você pensa que realmente tem um enfoque de vida cristão?

2. Crê que poderiam ser atrativos alguns aspectos de outros enfoques de vida?

Quais? Por que?

3. Tem outras sugestões para métodos de fazer a apologética?

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Capítulo 5

Um enfoque cristão da política

Introdução

O refrão popular diz que para manter boas amizades não há que falar de sexo,

nem de religião, nem de política. Entretanto, seja conflitivo ou não, é quase impossível

evitar estes temas! Além do mais, a meu ver, a religião e a política são dois dos temas

mais interessantes! Neste capítulo vamos fazer o imperdoável- vamos misturar os dois

temas e falar de um enfoque religioso e da política! É verdade que estes temas são

delicados, e há que praticar a tolerância que mencionamos anteriormente quando

explicamos o significado de uma cosmovisão cristã. Não estamos falando aqui da

doutrina da salvação. Estamos falando de algo que não tem respostas dogmáticas nas

Escrituras. Existem áreas destacadas em que podemos dialogar e expressarmos, porém

sem ser divididos.

Não pretendo em um só capítulo tratar um tema tão extenso e complexo.

Teremos que limitar-nos a alguns temas fundamentais e a examinar os ensinos de uns

poucos teólogos. Que o leitor veja isto simplesmente como uma exposição de algumas

ideias. Lhe servirá para começar um estudo próprio do tema da política.

Vejamos os seguintes temas:

A. A origem do estado.

B.A tarefa do estado.

C. Pautas de justiça no Antigo Testamento.

D. Os limites da autoridade do estado.

Quase todas as discussões atuais nos obrigam a resolver estas perguntas

primeiro. Por exemplo, possivelemente nos perguntamos: Qual é a melhor forma de

governo? Qual é o melhor partido político? ou Qual é o papel civil do cristão? Para

responder este tipo de pergunta, primeiro temos que estabelecer uma filosofia básica

acerca da origem, a tarefa, e os limites do estado.

A. A origem do estado

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Não há muitas opções quando se trata da origem do estado; ou o homem o

inventou, ou Deus o ordenou. Alguns opinam que o homem tem estabelecido o governo

para promover o bem ou para evitar o mal. Por exemplo, na república, Platão sugere que

o homem se organizou para buscar a justiça e assim satisfazer seus próprios

interesses49. Tomás Hobbes (1588-1679) propôs que o estado é produto de um

«contrato social» entre os homens, feito para evitar o conflito. Já que todos os homens

buscam satisfazer seus próprios desejos, isto leva inevitávelmente a uma luta de

interesses, e a única forma de aceitar as desigualdades e evitar o conflito é ter um estado

governado por um soberano (Leviatã) que impõe seu poder absoluto sobre o povo50.

Qual é o enfoque cristão acerca da origem do estado? Como chegou a existir o

governo civil? Uma das passagens bíblicas chave para entender a origem do estado é

Romanos 13. Diz: «não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que

existem, foram por ele instituidas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste

a ordenação de Deus» (versículos 1 e 2). João Calvino observou que o estado havia sido

estabelecido depor causa da «a Providência de Deus e a sua santa ordenação», citando

depois esta mesma passagem.51

Abraham Kuyper distingue entre um desenvolvimento «mecânico» e um

desenvolvimento «orgânico» de instituições sociais. Por um lado, as instituições ou

«esferas» sociais que se desenvolvem de forma «orgânica» são necessárias e «naturais»;

haviam se desenvolvido ainda sem a existência do pecado no mundo. Por outro lado, as

instituições ou esferas que se desenvolvem de forma «mecânica» são necessárias

somente por causa do pecado. São como um «pau de apoio» colocado ao lado de uma

árvore para ajudá-la a crescer ereta. Para Kuyper, então, o estado é uma instituição que

se desenvolveu de forma «mecânica». O estado é necessário por causa do pecado. Se

não fosse pelo pecado, a sociedade se desenvolveria de forma patriarcal, como uma

grande família52.

Henry Meeter, na igreja e no estado53, diz que o estado é uma «consequência

natural», que «surge de um impulso social implantado por Deus no homem». Meeter

utiliza a distinção de Kuyper entre desenvolvimento «mecânico» e «orgânico». Sem o

pecado, o estado se desenvolveria de todas maneiras, mas de forma «orgânica». Haveria

sido um «império» com Adão o cabeça. Haveria sido o reino de Deus, porém sem leis,

tribunais, policias, exército e navios de guerra. Porém já que existe o pecado, o reino de

Deus somente se realiza por meio de Jesus Cristo, por intermédio da graça sobrenatural

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e não por meios naturais. O estado então, como o conhecemos, com leis, policias, etc.,

teve que desenvolver de forma «mecânica» para frear a influência do pecado.

Israel começou como uma família, uma tribo patriarcal (Gênesis: Abraão,

Isaque, Jacó). No Sinai, se formou uma nação teocrática (Êxodo), com leis para frear o

pecado (um desenvolvimento «mecânico»). Deus indicava e guiava aos líderes

diretamente. Moisés era seu profeta, libertador, e governador, porém todos sabiam que

Moisés representava o Senhor, e não era somente escolhido pelo povo. Seguindo o

conselho de seu sogro, Moisés dividiu a nação em grupos e indicou líderes para ajudá-lo

a dirigir e a tomar decisões (Êxodo 18). Ao entrar na terra prometida, Israel tinha juízes

para governar. Todavia era uma teocracia. Em Deuteronômio 17.14,15, Deus disse que

teriam um rei.

Quando entrares na terra que te dá o Senhor teu Deus, e a possuíres e, nela

habitares e disseres : Estabelecerei sobre mim um rei, como todas as nações que se

acham em redor de mim; estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o

Senhor teu Deus escolher.

Não obstante, em 1 Samuel 8, quando Israel pede um rei «como as outras

nações» (v. 5), algo extranho acontece: Deus lhes concede sua petição, porém expressa

Seu incômodo com a ideia. Deus disse a Samuel,

E disse o Senhor a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz pois

não te rejeitou a ti, smas a mim, para eu não reinar sobre eles. (v. 7) Então naquele dia

clamareis por causa do vosso rei que houverdes escolhido; mas oSenhor não os ouvirá

naquele dia. (v. 18)

Por meio de Samuel, Deus os advertiu das consequências de ter tal rei. Seus

filhos teriam que ser soldados, e trabalhariam fazendo armas de guerra e arando os

campos. Suas filha serão perfumistas, cozinheiras e padeiras. O rei exigirá um décimo

de suas colheitas e de seus rebanhos (vs. 8-17). Apesar desta advertência, o povo

todavia pede um rei, e Deus instrui a Samuel a atendê-los. Obviamente, ter um rei assim

não foi a situação ideal. Haveria sido melhor continuar sob o governo direto do Senhor.

Além do mais, o motivo de Israel não foi bom; queriam ser como as demais nações.

Entretanto, Deus lhes deu um rei.

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Por que? Sabemos que às vezes Deus concede nossas petições inapropriadas

para ensinar-nos uma lição. Neste caso, possivelmente foi para mostrar-lhes que foi uma

grande benção te-lo como seu Rei verdadeiro. Além do mais, os fracassos do reino de

Israel no Antigo Testamento apontam necessidade da salvação, e a necessidade de

Jesus como o Rei perfeito.

Podemos supor também que isto foi um passo necessário na preparação dos

crentes para viver sob governantes estrangeiros. Na monarquia, vemos uma separação

dos ofícios de profeta, sacerdote, e rei. Então quando os israelitas chegam a ser cativos

de países estrangeiros durante o exílio, os ofícios de profeta e de sacerdote continuam,

enquanto estão submetidos a reis de outras nações. Esta situação continuou até o tempo

do Novo Testamento, e mais tarde.

O que isto nos ensina acerca da origem do estado? Concluiu que Meeter tinha a

ideia correta. A origem primordial do estado é a imagem de Deus no homem. Quer

dizer, se deve à necessidade natural do homem (que vive em sociedade) de ter alguma

ordem. O homem é um ser social, a humanidade tem aumentado muito, e a sociedade é

muito complexa. Portanto, algum tipo de organização é necessário para manter ordem.

Poderíamos especular que, ainda sem a presença do pecado, o homem se organizaria

com algum tipo de governo.

Entretanto, o estado tal como o conhecemos, com um sistema penal, com cortes,

e com polícia, se estabeleceu para frear a injustiça, e é necessário somente por causa do

pecado. A forma atual dos governos que existem no mundo hoje não é a forma ideal. A

forma ideal todavia seria uma teocracia, porém não é possível sob as circunstâncias de

um mundo caído. É uma lástima que este tipo de governo seja necessário, mas o é.”

B. A tarefa do estado

Ao falar da origem do estado acima, não se pode evitar em tocar no tema da

tarefa do estado. Porém queremos analisar este aspecto mais detalhadamente. Romanos

13.3-6 é o texto bíblico chave:

Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando

se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o beme terás louvor dela; visto

que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entrtanto, se fizeres o mal, teme;

porque não é sem motivo queela traz a espada, pois é ministro de Deus, vingador para

castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por

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causa do temor da punição,mas também por dever de consciência. Por esse motivo,

também pagai os tributos, porque são ministros de Deus, atendendo constantemente, a

este serviço.

João Calvino propõe que o estado tenha várias funções. Básicamente o estado

deveria:

- Promover o bem-estar.

- Prevenir a idolatría, a blasfêmia e as ofensas religiosas.

- Garantir a paz.

- Proteger a propriedade

- Assegurar o comércio justo.

- Preservar a honestidade.

Em resumo, disse que o Estado deve fazer «brilhar uma forma pública de

religião entre os cristãos, e que exista humanidade entre os homens.» 54 É necessário

recordar que na sua época, todavia não haviam visto a necessidade de separar a igreja e

o estado.

Abraham Kuyper opina que o dever principal é promover a justiça. Em segundo

lugar, deve cuidar das pessoas. Para ele, a «espada» mencionada em Romanos 13 inclui:

a) fazer justiça, castigando o crime,

b) fazer a guerra, defendendo ao país, e

c) manter a ordem, resistindo a rebelião.

Meeter julga que há duas «diretrizes» gerais:

a) A administração da justiça, e

b) A promoção do bem estar geral.

Por «justiça», quer dizer defender a lei de Deus (não a vontade do povo, nem do

estado como absoluto). Por «bem estar» quer dizer serviços públicos como o correio (dá

exemplos de Genebra no tempo de Calvino como: emprestamos aos pobres, fixar os

preços do vinho e do trigo, construir uma indústria de seda para dar empregos e

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ingressos, e fixar normas para governar tipos de interesses financeiros). Meeter disse

que Calvino estava equivocado em incluir a defesa da religião como uma tarefa do

estado. Opina que o estado não deve entrometer-se em «aqueles assuntos que são

puramente do coração; somente pode intervir na esfera da conduta exterior».55

Fixe-se nas tarefas mencionadas em Romanos 13:

vv. 3 «para infundir temor ... ao mal»

vv. 4a «porque é servidor ... de Deus para teu bem»

vv. 4b «leva a espada ... para castigar o que pratica o mal».

vv. 6 recebe tributos.

Eu creio que a tarefa principal do estado é garantir a ordem e a justiça social (ou

expressado negativamente: evitar a desordem social e a injustiça social). É dizer, deve

promover a ordem e a justiça nas relações entre os indivíduos e entre as outras

instituções. Quando há um conflito de interesses, ou quando há uma falha que constitui

uma injustiça social, o estado tem direito de atuar para estabelecer uma situação mais

justa. O estado é como o «sistema nervoso» da sociedade. Ajuda aos outros membros a

funcionar em coordenação e avisa quando há dor ou quando algo não funciona bem.

Eu creio que tarefa principal do estado é garantir a ordem e a justiça social (ou

expressado negativamente: evitar a desordem social e a injustiça social). É dizer, deve

promover a ordem e a justiça nas relações entre os indivíduos e entre as outras

instituções. Quando há um conflito de interesses, ou quando há uma falha que constitui

uma injustiça social, o estado tem direito de atuar para estabelecer uma situação mais

justa. O estado é como o «sistema nervoso» da sociedade. Ajuda aos outros membros a

funcionar em coordenação e avisa quando há dor ou quando algo não funciona bem.

C. Pautas de justiça no Antigo Testamento

Não temos que guardar as leis civis de Israel, tal como as tinham que praticar no

tempo do Antigo Testamento, mas estas leis nos dão princípios de justiça que se

devemos respeitar todavia hoje em dia. Havia três aspectos da lei: ceremonial, civil, e

moral. Já que Jesus veio fazer o último sacrifício, não temos que cumprir o aspecto

ceremonial da lei. É dizer, não fazemos sacrifícios, e não observamos as ceremônias

relacionadas com o templo. Ademais, como o povo de Deus já não é somente uma

nação política (Israel), mas crentes de todas as nações, tampouco se aplicam as leis civis

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como naquela época. Por exemplo, não castigamos com a pena de morte uma criança

que maldiz a seus pais (Êxodo 21.17). Havia muitas leis acerca do uso de propriedades

que seriam impossíveis de aplicar hoje, como o ano do jubileu (Levítico 25). Não

obstante, os princípios morais, resumidos nos dez mandamentos, todavia devem ser

guardados. Ademais, ainda que não as observamos como o povo de Israel no Antigo

Testamento, as leis ceremoniais todavia nos ensinam verdades espirituais, e as leis civis

todavia nos ensinam princípios de justiça.

Por exemplo, vejamos como devemos aplicar os ensinos de Levítico 25 hoje. Em

primeiro lugar, não é necessário observar o ano sabático ou o ano de jubileu, tal como

foi mandado neste capítulo. Isso era principalmente uma lei civil para a nação de Israel

naquela época. Entretanto, o capítulo nos dá pautas de justiça. Deus quiz evitar uma

acumulação egoísta de riquezas, de uma geração a outra. Cada cinquenta anos as

propriedades voltavam ao dono original. Mas também podemos ver que Deus quiz

animar o povo a ser diligente e a tomar iniciativa, porque os que eram sábios e

diligentes podiam receber benefício de seus esforços, e podiam ter mais terreno, pelo

menos durante alguns anos. Também vemos uma verdade importante relacionada com

as propriedades: a terra pertence a Deus, e não a nós. Ademais, o povo tinha que

aprender a confiar plenamente no Senhor para cuidá-los, já que durante o sétimo ano, e

depois dos anos seguidos durante o ano quarenta e nove e o ano cinquenta, tinham que

descansar de trabalhar a terra. Finalmente, podemos ver algumas verdades espirituais

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neste capítulo: o conceito do descanso aponta o descanso espiritual em Cristo. A

salvação nos chega quando deixemos de fazer obras de mérito e começamos a confiar

somente nele. A vida eterna é um descanso completo nele.”

D. Os límites da autoridade do estado

Antes de Cristo a tarefa da justiça social estava unida a tarefa «religiosa» no

estado. O rei era soberano em tudo porque representava a Deus mesmo. Entretanto,

depois de Cristo, o povo de Deus já não é uma nação, mas que é a igreja como corpo de

crentes, dispersos em todas nações. Este fato obriga a fazer certa separação entre estado

e igreja. A igreja é um reino eterno e universal, entrelaçado em toda a sociedade. Em

certo sentido esta separação não é ideal, mas é necessária nesta época, até que volte

Jesus a estabelecer seu reino de forma final e completa. Até então haverá algo de tensão

por causa desta «anormalidade». Finalmente, já que há tantos governos que são

corruptos, ou inclusive anti-cristãos, o fato de permitir que legislem sobre as crenças

religiosas traria somente mais sofrimento para muitos cristãos.

Uma teocracia é o estado ideal, em que Deus governa diretamente. Assim será a

forma eterna do reino de Deus. Entretanto, sabemos que por agora, estamos vivendo

entre não crentes, como «estrangeiros e peregrinos» (1 Pedro 2.11). Portanto, não

queremos ter um estado que esteje por sobre toda atividade humana. Isso seria

totalitarismo, e significaria submeter à igreja por debaixo do governo civil. Tampouco

queremos por o estado debaixo da igreja, porque até a igreja como instituição pode estar

corrupta. Esse foi o problema no tempo da Reforma. A igreja romana abusava do seu

poder, dominando cada aspecto da sociedade, mas os reformadores em vez de

reconhecer a necessidade de separar o governo eclesiástico do governo civil,

simplesmente trataram de mudar a religião dos países. Isto produziu muitos conflitos e

muitas guerras. Os anabatistas foram ao outro extremo, insistindo em que os cristãos

deviam separar-se totalmente dos assuntos civis.

João Calvino estava comaçando a discernir uma solução para este problema, mas

não conseguiu ser totalmente consequente. Ele propôs que o estado governasse «os

costumes e a conduta exteriores», e que a igreja supervisionasse as coisas do homem

«interior»56

Um século mais tarde, seus seguidores na Inglaterra redigiram a Confissão de Fe

de Westminster, em meio dos conflitos violentos entre a igreja e o estado; propondo que

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o estado não devia intervir em assuntos da fé, mas proteger a igreja e garantir sua

liberdade.

Os magistrados civis não devem tomar para si a administração da Palavra

e dos sacramentos, ou o poder das chaves do reino dos céus, nem se

entrometerão no mínimo em assuntos da fé. Entretanto, como pais cuidadosos, é

o dever dos magistrados civis proteger a igreja de nosso Senhor comum, sem dar

preferência a alguma denominação de cristãos sobre os demais, de tal modo, que

todas as pessoas eclesiásticas, quaisquer que sejam, gozem de completa, gratuita

e inquestionável liberdade, para desempenhar cada parte das suas funções

sagradas sem violência nem perigo.57

Porém de uma maneira similar a Calvino, não fizeram uma separação

suficientemente clara entre igreja e estado. Segundo a versão original da Confissão de

fé, o magistrado civil tem a autoridade para convocar concílios e para suprimir erros

religiosos. Deve garantir....

...que a verdade de Deus seja mantida pura e integra, que toda blasfêmia

e heresia sejam suprimidas, que toda corrupção e abuso no culto de adoração e

na disciplina sejam prevenidos ou reformados, e que toda ordenança de Deus

seja devidamente resolvida, administrada, e observada. Para melhor efetuar do

anterior, terá autoridade para convocar sínodos, estar presente neles, e assegurar

que qualquer deliberação deles seja de acordo com a mente de Deus. 58

Depois do período da Reforma, a igreja protestante começou a fazer uma

separação mais clara entre a igreja e o estado. Inclusive, versões posteriores da

Confissão de fé de Westminster, tão logo como no ano 1788, tiraram a seção citada

acima acerca de heresias e abusos, e acerca da autoridade do magistrado para convocar

sínodos. Abraham Kuyper (no século 19) destaca uma distinção entre três esferas

sociais básicas: igreja, estado, e família. Segundo ele, cada esfera tem sua própria

soberania sob a soberania de Deus, e nenhuma esfera deve interferir na outra. Henry

Meeter segue a posição de Kuyper.

«O estado não há de fazer sua o labor destas esferas...»

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«Por outra parte o governo tampouco pode permitir que estas esferas

operem sem controle algum e dando renda solta aos intentos do pecado...»

«Negativamente, o labor do estado consiste em impedir que aquelas

forças que tendem impedir o labor das diferentes esferas cheguem a prevalecer; e

positivamente o labor do estado tem de ir encaminhada à promoção daquelas

condições que façam possível o que estas esferas possam levar a término suas

tarefas culturais».59

Segundo Meeter o estado deve:

1) evitar conflitos entre as distintas esferas

2) proteger os grupos ou indivíduos dentro da sociedade, e

3) exigir a ajuda necessária para sua própria preservação.

Conclusão

Se a tarefa do estado é promover a ordem e a justiça social, os limites da sua

autoridade são definidos por esta área. Não deveria interferir no desenvolvimento

natural das outras esferas sociais, como por exemplo a igreja ou a família, exceto

quando existe alguma desordem ou alguma injustiça entre elas ou entre os indivíduos.

De outro modo, deveria deixá-los em liberdade, respeitando a soberania de cada esfera.

O estado deveria ajudar as outras instituções a cumprir suas respectivas tarefas. Deve

funcionar como um árbitro. Por exemplo, se alguém rouba de um supermercado, sua

“liberdade” chegou a ser uma falta de liberdade para o dono do negócio. Se ocorreu

uma injustiça. Portanto, o governo civil deve intervir, fazer leis contra roubo, e castigar

ladrões. Normalmente, o governo deve deixar os negócios livres, mas no momento que

abusam de seus empregados ou que paguem salários injustos, o governo tem que

corrigir a injustiça. O governo não deve ditar qual religião os cidadãos devem aceitar,

mas se as práticas de alguma religião constituem violência a outros, chega a ser um

assunto para os magistrados civis.

E. A política de Jesus

O tema de Jesus e a política é suficientemente amplo para escrever vários livros,

porém somente teremos que limitar-nos a algumas pinceladas, para despertar o interesse

em seguir estudando a perspectiva bíblica. Temos dito que toda a verdade está

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relacionada com Cristo, e que devemos voltar sempre a Ele no estudo de qualquer tema.

Alguns tratam de mostrar que Jesus foi politicamente radical e revolucionário, porque se

opôs aos ricos e poderosos. É verdade que falou contra os abusos e contra as

autoridades, chamando-os ao arrependimento. Mas chamá-lo um «revolucionário» no

sentido político é uma grande distorsão. A verdade é que se submeteu ao governo

vigente. Para surpresa inclusive dos discípulos, não tratou de remover as autoridades

romanas nem mudar o sistema corrupto de autoridade. O que está claro é que Jesus não

se pronunciou acerca de que algum sistema de governo era melhor que outro. Sua vida

concorda com o ensino de Romanos 13.

Quando os fariseus trataram de fazer uma armadilha para Jesus, perguntando se

devia pagar tributos (Mateus 21.15-22), Jesus respondeu com outra pergunta acerca de

uma moeda, «De quem é esta imagem, e a inscrição?» Então concluiu, «Dai a César o

que é de César, e a Deus o que é de Deus». Aparentemente Jesus não se opunha a pagar

os tributos, mas queria deixar claro o fat de que Deus é soberano. Se a moeda leva a

imagem de César, César leva a imagem de Deus e portanto ele pertence a Deus. Theo

Donner o leva um passo mais todavia e o aplica a todos nós:

Se devemos dar a César a moeda porque leva sua imagem, a conclusão

lógica é que temos de dar a Deus o que leva a imagem de Deus —significa que

temos de entregar-nos a ele de forma integral60.

Creio que isto nos dá uma pauta importante: É verdade que deve mos submeter-

nos às autoridades, mas nunca devemos permitir que as autoridades tenham supremacia

sobre Deus. Quando proibiram aos discípulos a pregar no nome de Jesus, tiveram que

desobedecer e obedecer a Deus. (Atos 4.19).

Depois da ressurreição e antes da sua ascensão, Jesus pronunciou suas últimas

palavras na terra. Os discípulos perguntaram se ia restaurar o reino de Israel (Atos 1.6-

8). Provavelmente estavam recordando os tempos maravilhosos do reino de Davi,

quando Israel dominava o mundo. Provavelmente esperavam que Jesus agora tomasse

armas para expulsar os romanos e restaurar a posição da nação de Israel que

correspondia ao povo de Deus. Entretanto, a resposta de Jesus deve tê-los confundido.

Talvez pensariam que não havia entendido a pergunta, e que não havia respondido nada

acerca do reino, porque responde,

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Atos 1.7,8

<Não vos compete conhecer tempos ou épocas, que o Pai reservou pela

sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito

Santo, e sereis minha testemunhas tanto em Jerusalén, como em toda a Judéia, e

Samaria, e até aos confins da terra.

Estaria dizendo que o reino já não é importante? Que somente a evangelização é

importante agora? Que não importa mudar o mundo? Não! Isso não gera Sua resposta!

Além do mais, não estava confundido, e se respondeu a pergunta. Só que é

difícil captar a relação do principio. Jesus é o Rei dos reis, e quando ele chegou, o reino

de Deus chegou. Porém seu reino não é «deste mundo» (João 18.36). Não é algo visível,

senão é algo espiritual (Lucas 17.20-21). Quer dizer, é algo muito maior do que os

discípulos estavam pensando, porque é eterno e não temporal, e atinge toda a terra e não

apenas um país. O método de estabelecer o reino não é com armas, senão com o

testemunho acerca de Jesus. O Espírito Santo viria com mais poder que nunca, e os

levaria a todos os cantos da terra com a mensagem.

Um tempo eu duvidava da eficácia da igreja como instrumento para mudar o

mundo. Pensava que os ativistas sociais tinham melhores resultados. Porém agora me

dou conta de que a única maneira de trazer mudanças verdadeiros na sociedade seria

através de uma mudança espiritual no coração das pessoas. Quando alguém se converte

a Cristo, começa a viver melhor em familia, em sua igreja e na sociedade e geral.

Qualquer sistema de governo não funcionará bem se os líderes que o manejam

são corruptos. E muitos sistemas funcionarão bem se as pessoas que o manejam são

justas e honestas.

Creio que é por isso que o Novo Testamento não se pronuncia claramente contra

a escravidão ou contra os governos corruptos. Jesus sabia que as pessoas que chegavam

a ser transformadas pelo Espírito Santo iam ter outros valores e assim realizariam

mudanças mais radicais e mais duradouras. Se o dono de um escravo trata-o como

irmão (Filemom, v. 16), já não haverá problemas em assumir essa posição. Isso no final

é mais efetivo que mudar as leis, e consentir que as pessoas continuem tratando-se mal.

As leis contra racismo nos EUA. tem sido muito positivas, porém não tem eliminado o

racismo, porque isso está no coração.

Devemos reconhecer as raízes de transformações positivas na história. As vezes

somos tão pessimistas que não vemos o que o Senhor tem feito pelo seu povo. Se

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pensamos que há muita violência hoje, temos que recordar as barbaridades e crueldades

cometidas nos tempos antes de Jesus. Os hospitais e universidades tem sua origem na

influência cristã. A escravidão demorou dois milênios para ser abolida, e muitos cristãos

confundidos defenderam a implantação por anos, e no final foi vencida graças a valores

cristãos.

Quando Jesus morreu e ressuscitou, realmente trouxe vitoria sobre o pecado e

Satanás. Não vemos todos os resultados, mas sim vemos alguns efeitos. Se dizemos que

o mundo é pior hoje em dia, estamos negando a obra de Cristo. A «política» de Jesus é

mais radical do que os revolucionários políticos pensam; Ele traz uma mudança interna

e espiritual, que é permanente e eterno. Como consequência, toda a sociedade disfrutará

dos benefícios.

Revisão

1. Segundo Platão, por que o homem se organizou em governos?

2. Segundo Hobbes, qual é a origem do estado?

3. Qual é a passagem bíblica chave para entender a origem do estado?

4. Qual á a diferença que faz Kuyper entre um desenvolvimento «mecânico» e

um desenvolvimento «orgânico» de instituições sociais?

5. Qual era a primeira forma de organização do povo de Deus no tempo de

Abraão?

6. Como se organizou o povo de Deus no Sinai na época de Moisés?

7. Quem governava a Israel quando entraram na Terra Prometida?

8. Segundo 1 Samuel 8, era correto pedir um rei para Israel?

9. Qual é a origem primordial do estado?

10. Segundo Calvino, quais são as funções do estado?

11. Segundo Abraão Kuyper, qual é a tarefa principal do estado?

12. Segundo Meeter, quais são as duas «diretrizes» gerais do papel do estado?

13. Segundo o autor, o estado é como qual parte do corpo humano?

14. Por que é necessária uma separação entre estado e igreja?

15. O que diz a Confissão de Fé de Westminster acerca do dever do estado com

relação a igreja?

16. Quais são as três esferas socias? Segundo Abraão Kuyper.

17. Segundo o autor, quais são os límites da autoridade do estado?

18. Qual foi a atitude de Jesus sobre a política?

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19. O que aprendemos de Mateus 21.15-22 acerca do governo?

20. Como Jesus traz mudança na sociedade?, segundo Atos 1:6-8.

Perguntas de reflexão

1. Qual sua opinão acerca da origem, a tarefa e os limites do estado?

2. Em sua opinião, que tipo de governo reflete melhor a tarefa e os limites do

estado? Por que?

3. Pode dar exemplos de abuso de poder por parte do governo? Da falta de

exercício de seu dever?

4. Pode dar outros exemplos da influência cristã positiva na sociedade?

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Capítulo 6

Um enfoque cristão da economia

Outro tema polêmico é o da economia. Lamentavelmente, muitas vezes o

diálogo cristão acerca desta assunto não contém muita referência nas Escrituras. E nesta

breve introdução, apresentaremos as duas formas econômicas mais comuns, o

capitalismo e o socialismo, e analisaremos algumas passagens bíblicas relacionadas com

o debate.

A. O capitalismo

O valor chave do capitalismo é a liberdade. Se considera Adam Smith (escocês)

o pai do conceito. Em 1776, publicou La riqueza de las naciones( A riqueza das nações)

onde propõe que há uma «mão invísivel» que guia a economia segundo um interesse

próprio e benefício próprio. Observou a «lei da oferta e procura»: quando há mais

demanda, sobem os preços, e quando há mais concorrência, baixam os preços. Opinava

que, se todos buscam seu bem próprio, ao longo todos se beneficiarão.

«Não é por causa da benevolência do açougueiro nem do cervejeiro, nem

do padeiro que esperamos nosso almorço, mas por causa de um interesse

próprio61».

O capitalismo deu início na revolução industrial na Inglaterra, junto com o motor

a vapor. A produção e o consumo aumentaram na Inglaterra em 1.600% durante o

século XIX. Na Europa se abreram fábricas de tecido (na Bélgica e França) e de aço (na

Alemanha). Nos Estados Unidos se construíram canais e trens. O lado triste da

revolução industrial foi a exploração dos trabalhadores, incluindo crianças que

trabalhavam longas horas nas fábricas da Inglaterra. Estas são as coisas que observou

Carl Marx e que o motivou a estabelecer outro sistema econômico.

Talvez a prova mais dura para o capitalismo foi a grande depressão nos Estados

Unidos que começou em 1929. A estagnação era de 25%, a produção nacional caiu em

50% e 11.000 bancos fecharam. Diz que John Maynard Keynes «salvou» o capitalismo

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com sua teoria de que o governo deveria gastar quantidades enormes de dinheiro para

dar novo vigor à economia.

Os capitalistas insistem que seu sistema produz incentivo de trabalho, e que

melhorou a economia de muitos países. Os críticos do capitalismo sustentam que produz

uma desigualdade injusta. Em vez de combater o egoísmo, se aproveita dele.

B. O socialismo

O valor chave do socialismo é a igualdade. Ainda que Carl Marx é considerado

o pai do socialismo, existia um movimento socialista na França e Inglaterra até antes

dele. Os participantes tinham seus bens em comum, repartiam o trabalho igualmente, e

tinham os meios de produção e objetos de consumo em comum.

Marx (1818-1883) estudou leis e filosofia. Quando estava em Berlim, se

impregnou com o conceito da dialética de Hegel. Depois como periodista, viu os

problemas sociais, especialmente os abusos dla revolução industrial na Inglaterra.

Escreveu o Manifesto comunista, obra chave do movimento. Marx queria dedicar O

Capital a Darwin, mas este se negou. Morreu pobre exilado na Inglaterra.

Marx seguiu a dialética de Hegel, combinando com o materialismo de Fuerbach,

e desenvolveu o materialismo dialético (ou materialismo histórico). Ele dizia que havia

«posto de pé» a Hegel, porque mudou o ideal pelo material. A dialética de Marx é como

uma evolução lenta com mudanças abruptas e dramáticas de vez em quando. Estuda a

história segundo as leis empíricas. Encontra que a estrutura econômica é a base

fundamental da sociedade que determina sua história, que leva consigo toda a cultura.

Enfatiza a luta das classes como a causa das mudanças. Disse no Manifesto: «A história

de toda a sociedade é a história da luta de classes». Cria que a religião era o «ópio do

povo». A verdadeira salvação da humanidade será a formação de uma nova sociedade

justa. Para Marx, a revolução era inevitável. O proletariado se rebelará contra a

burguesia.

Engels enfatizou o materialismo dialético e apoiou a reforma sem revolução. Na

Alemanha, se formou o partido social-democrata, que buscava o poder político dentro

do sistema existente, sem promover uma revolução violenta.

Lenin (Rússia), ao contrário, sustentava que se necessitava um partido

«vanguarda» de revolucionários intelectuais que conscientizasse os trabalhadores, e que

a revolução violenta era necessária para conseguir o socialismo. Os «bolchevique» (a

«maioria») seguiram Lênin, e os «menchevique» (a «minoria») se opuseram. Stalin

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estabeleceu um totalitarismo cruel; enviou milhões a Sibéria e executou os líderes

bolcheviques.

Os países da Europa adotou formas muito mais moderadas do socialismo, que

realmente não tem muito em comum com o marxismo ou o leninismo. Os líderes

chegaram ao poder por caminhos parlamentários, muitos através do partido social-

democrata. Simplesmente são sistemas econômicos que buscam eliminar diferenças

drásticas entre os ricos e os pobres. A chave está em cobrar impostos mais altos para

poder prover serviços aos cidadãos, especialmente a educação e a atenção médica. Na

Dinamarca, por exemplo, os impostos individuais variam entre 41% e 60%. Na

Holanda, se calculam entre 36% e 60%62. Os críticos observam que há muita burocracia,

falta de incentivo, e muita ausência no trabalho nestes países.

Na América Latina, os países oscilaram entre ditaduras militares e democracias,

entre sistemas capitalistas e sistemas socialistas. Com a teologia da libertação, o

movimento marxista fez amigo com alguns ramos do cristianismo. Fidel Castro disse

uma vez que estava maravilhado porque «os teólogos estãon se convertendo em

marxistas e os marxistas estão se convertendo em teólogos»63. A situação de alguns

países se complica com uma reação contra o predomínio econômico e cultural da

Europa e os Estados Unidos. As vezes é difícil saber que influi mais, o desejo de

independencia dessa influência, ou um ideal próprio.

Alguns dizem que Fidel Castro começou lutando para Se tornar independente da

Espanha e dos Estados Unidos, sem ser socialista. Dizem que se converteu em socialista

quando EUA. viu a revolução como comunista, boicotou a Cuba, e invadiu a Bahia de

Cochinos. Muitos comerciantes se foram para EUA. e a política de Castro se pôs mais

socialista. Em 1961 se formou o Partido da Revolução Socialista.

Outros como Peter Bourne, em sua biografia, Fidel64, indicam que Castro já

tinha ideias socialistas antes de levar a cabo a revolução. Estudou muito quando estava

no cárcere depois de seu primeiro intento revolucionário, e saiu com uma ideologia

formada. Opina que também muito do impulso de Castro foi por sua admiração de

prévios libertadores.

Os defensores do socialismo insistem que seu sistema busca maior igualdade e

que tem as prioridades corretas, pondo mais atenção aos serviços médicos, a educação, a

alimentação, e os serviços básicos em geral. Seus críticos dizem que o estado socialista

se converte em um poder absoluto no que se perde muita liberdade. Observam que

historicamente se prestou para estabelecer um estado totalitarista, com uma elite no

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poder. Também manifestam que não deu bons resultados, que não produziu economias

que realmente tenham ajudado aos pobres.

C. Por que a América Latina é pobre?

1) Uma resposta socialista-liberacionista

A resposta da teologia da libertação a esta pergunta chave é que a relativa

pobreza dae América Latina se deve à injustiça e a opressão da parte dos países

capitalistas dominantes. Segundo José Míguez Bonino, o capitalismo favorece o forte e

poderoso, que eleva a produção econômica por sobre o desenvolvimento humano65. Os

países mais pobres vivem dependentes dos ricos, os quais manejam tudo para seu

próprio benefício. Como diz o refrão, «O que paga a orquestra manda no baile». Bonino

reclama que, desde a colonização, quando Espanha levou o ouro e a prata, «o

subdesenvolvimento latinoamericano é a sombra do desenvolvimento norteatlântico66».

Um dos exemplos favoritos dos marxistas é o caso do Chile. Segundo eles, quatro

companhias de cobre norteamericanas levaram do Chile mais de US$110 milhões

durante um período de 60 anos, mais que todo o produto nacional líquido de todo o país

em toda sua longa história de 400 anos67!

2) Uma resposta capitalista

Michael Novak, em O Espírito do capitalismo democrático, provê outra

perspectiva68. Diz que não é justo culpar somente o estrangeiro. Inclusive, América

Latina nem sempre foi mais pobre. No ano de 1850, o ingresso de pessoa da América

Latina era quase igual que nos EUA. Ademais, o intercâmbio econômico as vezes

favoreceu a América Latina. No ano de 1892, os EUA exportou US$ 96 milhões à

América Latina e América Latina exportou US$ 290 milhóes à EUA. Novak argui que

os EUA. Inverteram tanto ou mais em países como Alemanha e Japão, sem produzir

dependência ou pobreza.

Para responder a acusação de que EUA. ganha uma quantidade enorme e injusta

com suas inversões na América Latina, Novak diz que haveria ganhado mais todavia se

tivesse depositado o mesmo dinheiro em um banco nos EUA. Para refutar o argumento

de que EUA. se desenvolve a custa dos países mais pobres, aponta o fato de que o 80%

de suas inversões estão em países desenvolvidos.

Qual é a causa da pobreza na América Latina, então? Sem negar que houve

abusos e injustiças, Novak destaca outros fatores:

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a) A população

Em 1940 EUA. e América Latina tinham a mesma população: 130 milhões.

Em 1977 EUA. tinha 220 milhóes, enquanto que América Latina tinha 342

milhões.

b) A mentalidade católica anticapitalista

Na Europa, durante a contrar-reforma, a igreja estava estreitamente relacionada

com o governo, e assim se aplacava o esforço capitalista. Os capitalistas abandonaram

os países católicos, e foram aos países protestantes, onde tiveram êxito. Os governos dos

países católicos restringiam a empresa privada, e davam licença para monopólios

estatais. Isto sucedeu especialmente nos países dependentes da Espanha, impedindo

iniciativa e crescimento econômico.

c) A estrutura social importada da Espanha

Ademais, os espanhóis exportaram da América Latina a estrutura social dualista de

senhor/servo. Este sistema também impedia a liberdade e desanimava a iniciativa

privada.

Novak opina que a economia em geral não está tão fraca na América Latina,

comparada com outras regiões do mundo. Entretanto, a distribuição dos ingresos foi

desigual.

D. A Inflação

A inflação é um dos piores inimigos da economia. Comumente se observa a

inflação como um aumento nos preços. Entretanto, a inflação fundamentalmente

significa que o dinheiro tem menos poder de compra. Qual é a causa? Gary North69

analiza as seiguintes causas:

a) Debilitar o metal das moedas (Ezequiel 14:21-23, Proverbios 25:4-5). North

observa que na Roma antiga, quando o governo queria fazer mais moedas, em vez de

buscar mais ouro ou prata simplesmente tiravam um pedaço da boda das moedas

existentes, e usavam o metal para fazer moedas novas. Hoje se faz o mesmo, fazendo

moedas «sandiche» (com prata por fora e cobre por dentro), ou mudando o metal

totalmente (cobre em vez de ouro, níquel em vez de prata). O resultado desta manobra é

que cada moeda vale menos, o qual equivale a inflação.

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b) Fazer dinheiro sem respaldo de metais preciosos. Originalmente, os EUA.

tinham respaldo de ouro por todo o dinheiro. Por cada cédula de um dólar, havia um

pedaço de ouro desse valor. Depois, o governo começou a imprimir muitas cédulas sem

suficientes fundos de metais preciosos. Vascilaram um tempo entre um respaldo total,

nenhum respaldo, e um respaldo parcial, até a presidência de Nixon, quando se pôs fim

a política de apoiar as cédulas com ouro. North opina que isto equivale falsificar

cédulas. O resultado é que cada cédula vale menos no mercado, o qual significa

inflação.

Por que «vale menos» cada cédula? Suponhamos uma situação: Há cem cédulas

de um dólar em existência, cem pessoas em existência, cada pessoa tem um dólar, e se

oferecem cinquenta garrafas de refresco por um dólar cada uma. Cinquenta pessoas

podem comprar um refresco, não é verdade? Se todos querem um, será questão de

vender às primeiras cinquenta pessoas que chegam. Agora suponhamos que começamos

com a mesma situação de cem cédulas, cem pessoas, e cinquenta refrescos, mas que

agora o governo imprime cinquenta cédulas adicionais e os distribui a cinquenta

pessoas. Agora cinquenta pessoas tem dois dólares, e cinqüenta pessoas tem só um

dólar. Suponhamos que se vendem cinqüenta refrescos de novo. Se o vendedor é astuto,

se dará conta de que enfrenta uma boa situação: ele pode subir o preço a dois dólares e

todavia vender todos os refrescos! Agora quem pode comprá-los? Obviamente os que

tem dois dólares estão com uma vantagem! O que tinha uma cédula antes não fez nada,

mas sua cédula abaixou no valor. Assim funciona a inflação. Por suposto, a historinha

está muito simplificada, mas o conceito é válido.

Os primeiros bancos eram literalmente bancas de madeira situadas na praça,

onde guardavam e mudavam moedas. Alguém podia deixar suas moedas e o banqueiro

lhes dava uma nota. Logo os banqueiros se deram conta de que muitos não pediam suas

moedas quando voltavam a fazer um intercâmbio, smas que somente intercambiavam

suas notas. Assim que os banqueiros coxmeçaram a fazer empréstimos, até além do

dinheiro que tinham guardado. De repente estavam circulando muitas notas, é dizer,

muito «dinheiro», sem ter o respaldo de moedas. Se todos quisessem pedir suas moedas

de uma vez, quebraria o banco. Muitos governos atuais fazem o mesmo. O resultado é

que o dinheiro vale muito menos na competência do mercado, tal como vimos no caso

dos refrescos.

c) O sistema de inversões com interesses («reservas fracionais »). Hoje em dia

um banco tem que guardar somente uma porcentagem do dinheiro depositado. Esta

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porcentagem pode variar, normalmente em torno de dez ou vinte por cento, e depende

do país. O resto o podem emprestar. Este sistema se chama «reservas fracionais».

Suponhamos que a porcentagem é de 10% (o requisito legal nos EUA. em 2006). Isto

significa que uma pessoa pode depositar mil dólares, e quando o banco terminar de

manejar este dinheiro, no final «existem» como 10 mil dólares em circulação. O

resultado é que cada dólar vale menos para competir no mercado (= inflação).

A matemática é assim no caso de 10% reservado:

Pessoa # 1 tem $1.000 e os deposita no banco.

O banco guarda $100 e empresta o resto ($900) a pessoa # 2.

Pessoa # 2 tem $900 e os deposita no outro banco.

O banco guarda $90 e empresta o resto ($810) a pessoa # 3.

Pessoa # 3 tem $810 e os deposita em outro banco.

O banco guarda $ 81 e empresta o resto ($729) a pessoa # 4.

Pessoa # 4 tem $729, etc., etc.

Se continuarmos este exercício ad infinitum (e não temos agregado os interesses

que paga o banco pelas inversões), o total de dinheiro que «existe» são como $10.000!

A pessoa #1 todavia tem $1.000, #2 tem $900, #3 tem $891 etc. Fixe que o dinheiro se

multiplicou sem fazer quase nada. O trabalho invertido foi simplesmente o tempo dos

empregados em receber ou emprestar o dinheiro e manejar as cifras no computador. O

resultado: Ainda que a pessoa #1 pense que está ganhando dinheiro com os interesses,

há 10 vezes mais dinheiro em circulação, assim que seu dinheiro tem muito menos

poder de compra (= inflação). É como seguir jogando mais água ao suco; tem cada vez

menos sabor.

O sistema capitalista está baseado neste processo de crédito e inversões. O que

maneja muito dinheiro, ganha mais, mas o pobre que não pode inverter seu dinheiro

para ganhar interesses perde o poder de compra, e seu dinheiro vale menos. O tema de

reservas fracionais tem causado muito debate. Alguns economistas não estão de acordo

com a perspectiva de Gary North. Justificam o sistema, dizendo que o dinheiro

emprestado pelo banco se utiliza para produzir algo, e portanto, não causa inflação. Por

exjemplo, se um comerciante pede dinheiro emprestado para abrir uma padaria, terá

mais pão disponível, e a maior oferta fará que se abaixem os preços. Não obstante, ainda

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que o fator da produção minimiza o problema, a inflação segue sendo um problema

sério no sistema capitalista.

E. Princípios econômicos no Antigo Testamento

Se encontram duas pautas éticas no Antigo Testamento que nos ajudarão a

desenvolver uma filosofia econômica: 1) Devemos trabalhar com diligência, e 2)

Devemos mostrar compaixão aos demais. Como vimos anteriormente, o Pentateuco (em

passagens como Levítico 25) nos ensina que temos a liberdade para melhorar nossa

situação, sempre que estamos ajudando aos necessitados. Haviam ordenado muitas

formas de prover para os pobres, como a instrução de deixar algo de grão no campo,

sem colher (Levítico 23.22). Ninguém devia morrer de fome em Israel! A história do

maná no deserto ilustra vários princípios. Os que recolhiam demasiado tinham justo o

suficiente, e os que recolhiam muito pouco também tinham suficiente. Isto nos ensina

que devemos evitar o excesso egoísta, e que devemos cuidar aos que tem menos. Os que

tratavam de guardar o maná durante a noite perdiam tudo pela manhã. Isto nos ensina a

confiar no Senhor para nossa provisão diária. Os Provérbios põem ênfase no fato de que

é sabio trabalhar diligentemente e honestamente (6.6, 11.1, 19.1, 20.4, 24.27, 26.13-

14). Os profetas põem ênfase na compaixão e a justiça para os necessitados (Isaías 3.14-

15, Amós 2.6-7). Estas duas pautas da diligência e a compaixão não se contradizem,

mas que se complementam. Se praticássemos somente estes dois princípios,

consegueríamos estabelecer uma economia mais sã e mais justa.

Enquanto a empréstimos e interesses, se proibia que um israelita cobrasse

interesses a outro irmão israelita, mas não a um estrangeiro.

Deuterônomio 23.19,20

A teu irmão não emprestarás com juros, seja dinheiro, seja comida ou

qualquer coisa que é costume se emprestar com juros. Ao estrangeiro

emprestará com juros, porém ao teu irmão não emprestarás com juros, para

que o senhor teu Deus te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a

qual passas a possuir. (Veja também Êxodo 22.25 e Levítico 25:35-38)

Isto não significa necessariamente que hoje em nossos bancos sempre

seja um pecado cobrar interesses, especialmente a alguém que pediu um

empréstimo voluntariamente para criar ou melhorar um negócio que produz

algo. Entretanto, significa que a justiça e a compaixão se devem incorporar nas

práticas bancárias.

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F. Jesus e a economia

Tal como vimos no capítulo anterior acerca da política, encontramos que Jesus não se

pronunciou sobre algum sistema econômico. Mas nos inculca novos valores éticos e

novas atitudes. Não devemos fazer tesouros na terra (Mateus 6.19,20), nem trabalhar

excessivamente por coisas materiais, mas confiar no Pai celestial (Mateus 6.25-34). A

abundância aparentemente faz difícil ver a necessidade de Deus, e portanto é difícil para

um rico entrar no reino de Deus (Mateus 19.23). Devemos dar aos pobres, dispostos a

entregar tudo se necessário (Lucas 18.18- 30). Jesus mesmo nos deu um exemplo de

deixar nossa comodidade para ajudar os demais.

2 Corintios 8.9

Pois conhoceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, se

fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza vos tornásseis ricos.

A Igreja Católica, graças a teologia de libertação, adotou o lema de um «amor de

preferência» para os pobres70. Creio que se isto se refere somente aos que são

materialmente pobres, está muito limitado e mal enfocado. Mas creio que Deus tem

preocupação especial para qualquer pessoa necessitada, seja que sofra de depressão, que

viva em uma família conflitiva, que esteje propenso ao alcool ou drogas, que não tenha

pais, que viva longe da sua família, ou que seja materialmente pobre. Os que são

economicamente pobres não são os únicos que sofrem, e creio que devemos mostrar um

amor especial a todos eles, sem deixar de amar a todo tipo de pessoa.

Se pudéssemos praticar os valores que nos deixou Jesus, e se pudéssemos

assumir a atitude de Jesus para os que sofrem, a economia funcionaria bem.

Perguntas de revisão

1. Qual é o valor chave do capitalismo?

2. Como se chama o «pai» do capitalismo? Qual foi sua teoria?

3. Qual foi a prova mais difícil para o capitalismo?

4. Que solução deu John Maynard Keynes a este problema?

5. Qual é o valor chave do socialismo?

6. Quem é considerado o pai do socialismo?

7. Por que este dizia que havia «posto de pé» a Hegel?

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8. Em que consiste fundamentalmente a história da sociedade?, segundo Marx.

9. O que disse Marx acerca da religião?

10. Como se distingue a posição de Marx e Engels da posição de Lênin quanto a

maneira de conseguir uma reforma?

11. Qual é a resposta da teologia da libertação à pergunta de por que América

Latina é pobre?

12. Quais são três causas importantes da pobreza na América Latina?, segundo

Michael Novak.

13. Quais são as causas da inflação?, segundo Gary North.

14. Quais são as duas pautas éticas no Antigo Testamento que nos ajudarão a

desenvolver uma filosofia econômica?

15. Que podemos aprender de Jesus acerca da economia?

Perguntas de reflexão

1. Que sistema econômico reflete valores mais cristãos?

2. Por que América Latina é pobre em comparação com a Europa e Estados

Unidos?

3. Quais são os problemas econômicos de seu país, e que soluções pode sugerir?

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Capítulo 7

Um enfoque cristão das

ciências naturais e da matemática

Quando estava na escola, meu professor de ciências naturais disse uma vez que

os cientistas deveriam ser as pessoas que mais crêem em Deus. Afirmou que, quanto

mais estudava a natureza, mais óbvio ficava que Deus existia. Deveria ser assim, porque

a natureza revela a Deus.

Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de

suas mãos. (Salmo 19.1)

Porque as coisas invisíveis dele, seu eterno poder e deidade, se fazem

claramente visíveis desde a criação do mundo, sendo entendidas por meio das

coisas feitas, de modo que não tem desculpa. (Romanos 1.20)

Mas lamentavelmente não é sempre assim. Nos últimos séculos, se desenvolveu

uma luta entre a ciência e o cristianismo. Isto se deve ao intento da ciência de ser

independente da fé. Para ser «objetivos», pretendem deixar a Deus fora da sala de

biologia, química, física, ou psicologia.

Felizmente, a graça comum (ou «universal») de Deus alcança a todo ser

humano, e muita atividade científica é válida e beneficiosa para toda a humanidade.

Ainda que o cirurgião não fosse cristão, dou graças por salvar a vida de minha mãe

quando sofria de problemas cardíacos. Devemos dar graças a Deus pela descoberta de

medicamentos, pelo estudo de problemas psicológicos e sociais, pelo invento de tantas

máquinas que fazem que o mundo seja mais cômodo, e pelo prognóstico do tempo.

Entretanto, nestos capítulos estamos analisando a forma de pensar. No âmbito

intelectual, a ciência se foi distanciando da fé cristã.

A. O conflito

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Para nós, há duas fontes principais de revelação: a natureza e as Escrituras.

Como Deus é o autor das duas formas de revelação, não se contradizem. Portanto,

quando se pratica a ciência corretamente e quando se estuda a Bíblia corretamente, não

há conflito. Não obstante, há aparentes contradições causadas por interpretações

errôneas, seja da Bíblia ou seja da natureza. A teoria da evolução é uma aparente

contradição entre a evidência científica e o ensino bíblico. As teorias psicológicas de

Sigmund Freud não concordam com a doutrina cristã do homem, da culpa e do pecado.

Estes temas nos obrigam a formular um enfoque cristão da ciência.

Os filósofos dos últimos séculos tem separado a fé e a razão. Temos mencionado

anteriormente a Kant, por exemplo, que destacou esta separação. Ele distinguiu entre o

mundo dos «noumênos» e o mundo dos «fenômenos», entre o mundo metafísico e o

mundo físico. A razão «pura» funciona no mundo físico, mas no mundo metafísico,

somente funciona a razão «prática.» Este mundo está cheio de contradições e

antinomias. A religião, a moralidade a liberdade e a ética estão no mundo dos

«noumênos».

Assim se formou uma dicotomia daninha. A ciência chega a ser racional e

objetiva, enquanto os assuntos religiosos são ambíguos e contraditórios. Alguns negam

o uso da fé para a interpretação da natureza, e outros negam o uso da razão para

interpretar os assuntos «religiosos».

Agora na época chamada «pós-moderna» se perdeu a confiança na ciência e na

razão. O problema é mais dramático porque o homem havia posto toda sua confiança na

religião, moralidade liberdade, ética

RAZÃO PRÁTICA

Mundo metafísico

Mundo físico

RAZÃO PURA

Ciência , experiência

noumênos

fenômenos

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razão para saber a verdade, e sem essa confiança, o homem perdeu a esperança de saber

algo.

El Dr. H. van Riessen, em Enfoque cristão da ciência, nos recorda que os

reformadores trataram de incentivar o desenvolvimento das ciências para servir a Deus,

e que se opuseram a separar a ciência da fé. Foi o humanismo que derrubou este

conceito e deixou a ciência com sua autonomia. Observa que a mesma confiança no

progresso que estava detrás das filosofias de Hegel, Darwin, e Marx foi a causa da sua

própria morte. Por que? Porque segundo seu esquema, tudo é relativo. Se tudo muda

como dizem, de manhã poderia encontrar que minhas convicções de hoje já não são

verdadeiras! Como posso confiar inclusive em minhas próprias teorias? O positivismo

(Comte) cria no conhecimento seguro («positivo»), porque pretendia estudar somente os

fatos observáveis, algo verdadeiro e «neutro». Entretanto, se somente os «fatos

observáveis » são verdadeiros, por que confiar em uma teoria, ou em uma filosofia? E

se não posso confiar em uma teoria, tampouco é válida minha própria teoria positivista,

o postulado de que os fatos observáveis são verdadeiros. Van Riesen diz que o problema

fundamental do enfoque moderno da ciência é a pretendida autonomia e «objetividade»

da ciência e a razão. Diz: «A causa da crise está na crença do homem em seu poder

independente e em seu domínio do mundo por meio da ciência71».

Não há tal coisa como um «fato objetivo», ou um «fato bruto», como diz

Cornelius Van Til. Somente existem fatos interpretados72. Por exemplo, alguém poderia

«crer» na ressurreição de Jesus como um fato histórico. Não obstante, isso não significa

muito se não entende por que morreu Cristo. Cada evento na história tem uma

interpretação, e ninguem pode ser objetivo em relatá-lo. Para entender um «fato»

corretamente, temos que aceitar a interpretação que Deus dá.

O erro foi em subestimar a influência do pecado, e o dano feito à imagem de

Deus na queda. O pensamento do homem também foi afetado. O uso da razão está

danificado. Inclusive, no cristã, ainda que seu espírito está sendo renovado, todavia

sofre as consequências da queda. Portanto, a dimensão da fé deve ter certa prioridade

sobre a dimensão da razão. A revelação das Escrituras deve ter a prioridade sobre a

interpretação da natureza por meio da razão. A Bíblia é uma forma mais direta, sendo

verbal. A razão e a ciência devem submeter-se às Escrituras.

B. O evolucionismo

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Talvez o ataque científico mais forte contra a fé cristã tanha vindo da teoria

ateísta da evolução. Hoje em dia se ensina a teoria como se fosse um fato. A perspectiva

evolucionista tem tido uma enorme influência, não somente na ciência, mas também na

filosofia (a dialética), a economia (Carl Marx), a religião (Teilhard de Chardin), e todo

tema de pensamento. Se pressupõe que não somente o mundo material, como também o

pensamento do homem veio se desenvolvendo constantemente para algo melhor. Este

enfoque fez com que muitos duvidem de sua fé, porque pretende explicar a existência

de tudo, sem levar Deus em conta.

A Biblia ensina claramente que Deus criou tudo com o poder de sua palavra de

forma milagrosa. Esta revelação deve orientar nossa investigação científica, e qualquer

teoria deve submeter-se às Escrituras e ser compatível a elas.

Além do mais, há alguns problemas sérios com a evidência científica da

evolução como um processo largo e gradual. Um dos problemas mais sérios está

relacionado com o registro fóssil: a falta de amostras transicionais. Quer dizer, não há

evidência das mudanças graduais entre as espécies! Só existem fósseis de animais muito

distintos entre si. Por exemplo, segundo a teoria da evolução, devemos encontrar

numerosas amostras que conectem os peixes com os anfíbios, porém não há73. Isto é a

chave para provar sua teoria, mas a evidência sugere «saltos» em vez de processos

graduais. O cavalo tem sido um exemplo clássico da evolução, mas ao examinar a

evidência, não há exemplos de transição entre um animal pré-cavalo que se transformou

pouco a pouco em um cavalo como conhecemos atualmente, senão só espécies de

animais muito distintos. No entanto, estas distintas espécies não se encontram em

sucessivas camadas segundo sua complexidade, senão que estão todas praticamente na

mesma idade histórica e em lugares muito distantes74.

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Duane Gish (Ph.D., bioquímico), em seu livro breve porém convincente,

Creación, evolución y el registro fósil, cita alguns dos mesmos evolucionistas acerca

desta contradição:

«Esta ausência regular de formas de transição não está limitada aos

mamíferos, senão que é um fenômeno quase universal.»

«Assim, é possível afirmar que tais transformações não estão registradas

porque não existiram, que as mudanças não foram por transição, senão por saltos

repentinos na evolução.»

«Brevemente, cada grupo, ordem ou família, parece haver nascido

repentinamente, e a duras penas, sem jamais, encontrarmos as formas que unem

ao grupo precedente.» (L. DuNouy76)

«Não importa o quão longe cheguemos no registro fóssil da vida animal

prévia sobre a terra, não encontramos nenhum desenho de qualquer forma

animal que seja intermédio entre qualquer dos principais grupos, ou filo.» (A. H.

Clark77)

Não há forma de transição

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Como harmonizar o relato bíblico com a suposta evidência de uma terra muito

antiga? Alguns propuseram que os «dias» mencionados nos primeiros capítulos de

Gênesis não são de vinte quatro horas, mas são períodos largos de tempo. Outros

sugerem que houve um lapso de tempo largo entre a criação inicial e os dias em que

Deus ordenou tudo. Estas teorías são possíveis, porém não seriam as interpretações mais

naturais e óbvias de Gênesis.

Outros sustentam que Deus criou a terra com a aparência de ter existido desde

milhões de anos. Esta teoria se chama a teoria da «terra madura». Tal como Adão foi

criado adulto e não bebê, as árvores foram criadas grandes , e assim tudo foi criado com

a aparência de muita idade. Os vales e os troncos de árvore, por exemplo, foram feitos

grandes, como se os rios houvessem corroído a terra por milênios. Deus fez tudo como

se fosse uma foto tirada em meio a um período de tempo.

Na realidade, haveria sido difícil que algumas coisas funcionassem sem ser

totalmente desenvolvidas. Antonio Cruz fala da «complexidade irredutível78». Isto

significa que há coisas tão complexas que não funcionam sem estar totalmente

desenvolvidas. Sua complexidade não se pode reduzir. O olho é um exemplo; não

funciona sem o nervo, sem a retina, ou sem a pupila, por exemplo. Agora, pensemos no

suposto processo da evolução. Imagine se durante uma etapa histórica todos os

cachorros tivessem um olho parcialmente desenvolvido. Estariam cegos! Como

sobreviveriam? Imagine se uma espécie de cachorro com patas subdesenvolvidas de

dois ou três centímetros de comprimento Não poderiam caminhar, e não teriam

sobrevivido! Francis Schaeffer menciona o caso do peixe que está desenvolvendo

pulmões. Se afogaria79! Este conceito da complexidade irredutível sugere que toda a

criação tenha sido feito de forma completa em pouco tempo. Haveria sido necessário

criá-lo assim para que tudo funcionasse.

Whitcomb e Morris observam que as plantas necessitam de substâncias que

normalmente vem de um processo de decomposição e erosão. Portanto, as primeiras

plantas teriam se alimentado de terra que tinha a aparência de muita idade. Assim todas

as plantas e animais foram colocados em um ambiente apropiado para sua

sobrevivência80.

Além do mais, eles combinam a interpretação de uma criação madura com a

teoria dos efeitos do Grande Dilúvio. Pensam que o dilúvio trouxe uma mudança

drástica no clima, com resfriamento e a formação de gelo em algumas partes, causando

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a morte instantânea de animais grandes como os dinossauros. Também pode haver

causado o deslizamento de glacis, formando vales acidentados que dão a impressão de

ter sido o efeito de muito tempo. Creem que o dilúvio produziu não somente chuva, mas

também terremotos e erupções. A passagem bíblica também sugere que houve outros

aspectos do desastre além da chuva no tempo do Grande Dilúvio (Gênesis 7:11). Isto

explicaria as camadas de sedimentação com fósseis também. As espécies muito simples

haveriam sido pegas pelas primeiras ondas de destruição, enquanto os animais mais

complexos haveriam tido a capacidade de mover-se e escapar até mais tarde, sendo

enterrados em uma camada superior. (O fato de que há exceções neste grupo é fácil de

explicar com uma catástrofe, mas impossível de explicar no esquema evolucionista81!)

Pense nisto: Que «idade» tinha Adão no momento quando Foi criado? Teria o

corpo de um homem de trinta anos? Possivelmente. Agora, se você tivesse chegado um

minuto depois da criação de Adão, possivelmente teria pensado que fora criado trinta

anos atrás. Quando na realidad, só teria a aparência de tanta idade. Pense nas plantas.

Adão e Eva necessitavam de alimentos, por isso Deus teve que colocar, não semites, e

sim plantas crescidas no jardim do Edém. Agora, suponhamos que você chega um

minuto depois da criação e começa a examinar uma árvore. Se corta o tronco, pode

contar os anéis para saber sua idade. Você pensaria que a árvore houvesse crescido

durante 100 anos, mas somente tem um minuto de existência. Seria um engano da parte

de Deus? Não! Foi necessário. Se foi assim com Adão e as plantas, possivelmente foi

assim também com todo o resto da criação.

A interpretação de que Deus fez tudo por período parece concordar melhor com

o relato bíblico, e lhe outorga ao Senhor a honra que merece por uma criação do nada,

instantânea, e com o poder de Sua Palavra. Devemos levar em conta também os

resultados catastróficos do Grande Dilúvio. Qualquer coisa que dê evidência de muita

antiguidade pode ser explicada com o enfoque de uma criação madura. É práticamente

impossível comprovar que NÃO tenha sido assim!

Isto não significa que as interpretações de um longo lapso de tempo ou dos dias

como períodos longos sejam heresias. Já que não estávamos ali quando Deus fez tudo, e

já que a Biblia não pretende dar todos os detalhes, devemos formar nossas convicções

próprias com humildade e uma mente aberta, evitando o dogmatismo.

C. O lugar da Bíblia na ciência

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A Bíblia não é um texto científico. Entertanto, quando fala de dados e fatos

científicos, diz a verdade. Não está separada da ciência. Não está ao lado da ciência,

mas proporciona a base para cada área de estudo. Não necessariamente provê versículos

específicos para responder perguntas científicas, mas nos dá présuposições e conceitos

básicos. Pelo menos, o fato de que Deus criou o mundo atinge cada aspecto de

investigação científica.

O que devemos fazer quando há aparentes conflitos entre a ciência e a Biblia?

Temos que começar com a convicção de que Deus não se contradiz, e que não há

conflito verdadeiro entre a e vidência e a Bíblia. Então, quando parece que há

contradições, deve haver um novo estudo na Bíblia e uma nova investigação da

evidência científica, buscando a harmonia. É possível que em nossa vida nunca

encontremos a resposta, mas temos que crer que há uma verdadeira harmonia.

D. A matemática

Se supõe que a matemática é um campo que é «neutro», que não debe haver

diferença entre um enfoque cristão e um enfoque ateu da matemática. É justamente por

essa razão que queremos incluir uns breves comentários acerca desta ciência «exata».

Se podemos ver que a matemática ainda deve ser estudada com olhos cristãos,

estaremos convencidos de que TUDO deve ser analisado com base bíblica.

Vern Poythress nos apresenta «Um enfoque bíblico da matemática82». Como se

mencionou no capítulo 2, o Dr. Poythress é uma boa autoridade no campo, porque tem

um doutorado em matemática e também na teologia. Explica alguns exemplos de como

influenciam as presuposições filosóficas na matemática. Os matemáticos

«intuicionistas», por exemplo (L.E.J. Brouwer y Arend Heyting), não aceitam

argumentos por redução ao absurdo. (Provar que a negação produz uma contradição).

Por exemplo, vejamos a suposição de que há uma só linha reta entre dois pontos. Eles

dizem que a verdade matemática tem sua «colocação básica » na mente humana. Por

isso, se não podemos saber ou experimentar alguma verdade, então não se pode falar

inteligentemente do assunto. Portanto, não podemos afirmar com certeza que há uma

apenas uma linha reta entre dois pontos. Algo tão importante como pi«π», que se usa

para calcular a área de um círculo ( A=π r2 ) é um tema de controvérsia filosófica. Já

que é um número infinito, algunsquestionam a validez de falar de sua existência. Em

contraste, o cristão diz que Deus sabe estas coisas, assim que é legítimo conversar

destes temas. As perguntas são válidas, ainda que não saibamos as respostas.

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O não crente que tenha uma filosofía que afirma a origen desordenada do mundo

(por evolução ao acaso), terá problemas em explicar por que o mundo corresponde

também à matemática. O cristão sabe que o mundo é ordenado e corresponde à leis de

funcionamento que Deus impôs sobre o universo.

Poythress propõe várias présuposições cristãs para fazer matemática:

1) Todo conhecimento provém da mente de Deus.

2) Há unidade e pluralidade no universo. Isto tem sua origem e sua explicação

no Deus trino, que é três em hum.

3) Deus conhece tudo, e por isso se pode falar de coisas como o infinito e de

π(pi).

4) O homem é a imagem de Deus. Tem uma capacidade de pensamento

matemático a priori e também tem a capacidade de examinar o mundo a posteriori.

5) Deus criou tudo com ordem. As estruturas matemáticas não são parte da

criação, mas um reflexo da natureza de Deus na criação.

E. Jesus e a ciência

É difícil pensar em textos bíblicos onde Jesus tenha dito algo específico acerca

da «ciência» como entendemos a palavra hoje. Na Bíblia «ciência» significa

simplesmente «conhecimento».

Entretanto, não esqueçamos que Jesus participou da criação (Hebreus 1.1), e que

Ele é o «resplendor da glória do Pai». Portanto, toda a criação reflete Seu caráter e Sua

natureza. Não podemos exatamente entender o evangelho através da natureza, porém há

símbolos e pistas do evangelho em toda a criação. Jesus ilustrou muitas verdades

espirituais com coisas naturais (por exemplo, as sementes, as árvores, a videira, o trigo,

as flores, e os pássaros).

É importante reconhecer que Jesus também mostrou que o universo não está

«fechado», como pensam alguns filósofos. De fato, Sua própria encarnação foi uma

forma de romper as barreiras do universo, de romper as regras e as leis físicas. Cada

milagre que Ele realizou mostra que Ele é soberano, que está acima da função «normal»

da natureza, e que pode sacudir o mundo com Suas ações sobrenaturais quando quer.

Inclusive, a natureza depende a cada momento de Seu cuidado. Hebreus 1.3 diz que Ele

«sustenta todas as coisas com a palavra de seu poder».

Devemos reconquistar os campos científicos para Cristo. Temos entregado estes

terrenos aos não crentes, aceitando sua pretensão de «objetividade» e «neutralidade».

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Não obstante, estão longe de ser «objetivos». A ciência deveria voltar a ser uma grande

aliada dos cristãos.

Os «magos» que foram ver o menino Jesus não faziam «magia», Mas eram

estudiosos, sábios, possivelemente astrólogos, e possivelmente religiosos. O fato de que

foram tão longe para «adorar» a Jesus simboliza a postura correta de toda ciência, de

todo conhecimento, de todo impulso religioso, de toda instituição, e de toda pessoa:

postrada aos pés do Senhor.

Revisão

1.A que se deve o esforço entre a ciência e o cristianismo nos últimos séculos?

2. A que se deve para que a atividade científica seja válida e benéfica para toda a

humanidade?

3. Explique a distinção que Kant faz entre os «noúmenos» e os fenômenos».

4. Qual é o problema fundamental do enfoque moderno da ciência?, segundo H.

van Riessen.

5.O que quer dizer Van Til quando diz que não há «atos brutos»?

6. Explique a importância da falta de amostras transicionais ao considerar a

teoria da evolução.

7. Explique as três possíveis maneiras de harmonizar o relato bíblico da criação

com a aparente antiguidade da terra.

8. Explique o significado do conceito da «complexidade irredutível » e sua

importância ao considerar a teoria da «terra madura».

9. O que devemos fazer quando há aparentes conflitos entre a ciência e a Biblia?

10.Por que os matemáticos «intuicionistas» dizem que não podemos afirmar com

certeza que há só uma linha reta entre dois pontos e que não podemos falar da validez

do valor de «π»?

11. Por que toda a natureza nos ensina algo a respeito de Jesus?

12. O que simboliza o fato de que os «magos» foram adorar ao menino Jesus?

Perguntas de Reflexão

1.Qual deve ser nossa atitude com relação à ciencia?

2.Qual é sua teoria de como harmonizar o relato bíblico com a aparente larga

idade da terra?

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3.Acredita que há muita diferença entre a maneira em que um cristão faz a

matemática e a maneira em que um não crente a faz? Por que?

4.Pode pensar em outros ensinos bíblicos acerca de Jesus e a ciência?

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Capítulo 8

Um enfoque cristão da arte

Alguns evangélicos desprezam a arte como algo insignificante ou desnecessário.

Mas a arte é um dos aspectos mais importantes de uma cosmovisão cristã. Inclusive, os

cristãos devem estar mais interessados na arte que ninguém! Por que? Porque, ao

analisar a arte, podemos detectar as condições filosóficas, psicológicas e espirituais da

sociedade. Já que os artistas tendem a ser pessoas espiritualmente profundas e sensíveis,

frequentemente compreendem os problemas de uma maneira intuitiva, e expressan suas

inquietudes através da sua arte. Os pintores, os escritores e os compositores sérios são

profetas culturais. Ademais, quando o cristão produz arte, está refletindo a imagem de

Deus. Os que desprezam a arte não apreciam a importância da criatividade do homem.

Apesar da apatia geral entre evangélicos, há escritores como Francis Schaeffer, H.R.

Rookmaker, e Dorothy Sayers, que nos tem dado pautas para desenvolver uma

perspectiva bíblica da arte.

A. Perspectivas de alguns escritores cristãos

Francis Schaeffer

Schaeffer, ainda que não foi artista, fez muito para renovar o interesse na arte

entre os evangélicos. Em Art and the Bible [A arte e a Bíblia83], destaca o fato de que

Cristo redimiu o homem inteiro e que Cristo é o Senhor de cada aspecto da vida. Mostra

que a arte teria um lugar na Bíblia, por exemplo na construção do tabernáculo (Êxodo

25-28) e no templo (2 Crônicas 3-4). A Bíblia contém bela poesia e formosas canções.

Os Salmos nos animam a glorificar o Senhor com dança e com instrumentos musicais

(Salmos 149 e 150). Schaeffer insiste que a arte tem valor em si misma, simplesmente

por sua beleza, e não necessariamente por sua utilidade. Nos desafia a fazer uma obra de

arte da nossa vida inteira.

Recomenda quatro normas para avaliar uma obra de arte:

a. Por sua excelência técnica. (Está bem feito?)

b. Por sua validez. (Se fez em harmonia com o enfoque da vida do artista, ou

somente para ganhar dinheiro ou para ser aceito?)

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c. Por seu conteúdo intelectual. (É verdade a mensagem ou enfoque da vida que

se comunica?)

d. Por sua integridade. (O conteúdo e a forma de comunicação estão em

harmonia?)

H.R. Rookmaaker

Rookmaaker era professor de arte, e pôde fazer um aporte muito valioso para

uma perspectiva cristã da arte. Em sua obra magnífica, A arte moderna e a morte de

uma cultura84, analisa a mensagem de muitas obras de arte, desde a idade média até o

século vinte. Quiz mostrar que a arte moderna comunica o fim de uma época, uma

época em que o homem confiava na razão e na verdade. A época da Ilustração enfatizou

o homem como centro do universo, confiando no uso da razão e na ciência. A corrente

católica deixou a fé em um mundo separado da razão (Aquino), e a Reforma caiu em

um misticismo, deixando o humanismo dominante na cultura. O primeiro passo para a

arte moderna era o realismo. Os realistas pintavam «os fatos». (Goya, A execução dos

espanhóis pelos franceses). O Segundo passo para a arte moderna foi o impressionismo.

Eles pintavam o que viam, não como atos mas como suas próprias impressões subjetivas

(Renoir, Le Moulin de La Galette). Os últimos passos para a arte moderna foram o

expressionismo e o dadaísmo. Os expressionistas pintavam, não os fatos, e tampouco

suas impressões do que observavam, mas o que eles queriam expressar (Picasso, Les

Demoiselles d'Avignon). Segundo o dadaísmo a vida não tem sentido. Se ri de tudo o

que tem valor. Se abriu um dicionário ao azar para encontrar um nome para o

movimento. (O nome «dada» significa «cavalo marchador» em francês). No século XX,

a cultura morre. Karel Appel diz: «Eu não pinto. Eu pego. A pintura é destruição».

Francis Bacon pinta a cabeça do homem gritando da jaula, e escreve: «Agora... o

homem é consciente de que é um acidente, de que é um ser completamente fútil, de que

tem que terminar o jogo sem razão85».

Em seu livro, Art Needs no Justification [A arte não necessita justificação86],

Rookmaaker explica que a arte tem funções, mas não por isso tem o valor que tem. A

arte tem valor por si mesmo, por sua beleza. Fala da ilustração de uma árvore, que tem

muitas funções: produz sombra, oxígenio, e madeira, por exemplo, mas sua maior

importância está em ser parte da criação de Deus. O mesmo vale para o ser humano:

nosso valor não está no que conseguimos, mas em ser criaturas de Deus. Se um

pregador perde sua voz, por exemplo, não deixa de ser uma pessoa importante. Deus

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deu à humanidade a capacidade para fazer coisas belas: a música, a poesia, decorações e

esculturas, e o simples fato de usá-las já agrada a Deus porque de certa forma devolve a

Ele uma dádiva. Por tanto, a arte não necessita justificar-se. Sua justificação está em ser

uma capacidade dada por Deus. Por suposto a arte também tem muitas funções (decorar

o ambiente, ou fazer algum objeto para usar na igreja, por exemplo), mas estas funções

não são necessárias para que a arte seja legítima. A arte tem seu próprio valor e pode ser

apreciada por si mesma.

Dorothy Sayers

Em The Whimsical Christian [O cristão impredizível], Sayers escreve um

capítulo relevante ao tema, «Para uma estética cristã». Diz que uma obra de arte é algo

novo, e não simplesmente uma cópia. É uma «criação», usando materiais que Deus já

criou, mas aplicando a criatividade, que é parte da imagem de Deus no homem. Tal

como Deus criou o mundo a sua imagem, o homem também faz obras de arte «a sua

imagem». É dizer, refletem algo do seu caráter e sua pessoa. Não é que o artista diga,

«Ah, que linda a lua! Vou buscar as palavras que expressem o que gente deveria pensar

acerca dela» (isto se chama «artesania»), mas se encontra dizendo palavras em sua

cabeça e quando as anota e as lê, se diz a si mesmo, «Assim é! Isso é o que foi para mim

a experiência de ver a lua! Agora o reconheço e sei o que foi!» Envolve sua experiência,

sua expressão da experiência, e o reconhecimento da validez da expressão. A arte

contém algo do que viu, mas também algo de si mesma. Ela sustenta que a «arte» que

serve para entreter somente, realmente não é arte, mas uma falsificação. Está bem fazer

algo assim para divertir-se de vez em quando, mas não deve substituir a arte verdadeira,

porque conduz o espectador a perder o contato com a realidade87.

B. A música contemporânea88

No ano de 1994, Walt Mueller analisou os estilos de música que eram

representativos do gosto da juventude, e dizia que eram uma «janela da alma dos nossos

filhos». Portanto, é importante conhecê-los. Sua lista de músicos já necessita atualizar-

se, porque a música está mudando vertiginosamente, mas temos selecionado alguns

exemplos da sua lista que todavia vendem CDs e que se escutam na rádio hoje em dia.

Ademais, suas explicações dos estilos todavia são válidas.

Música alternativa

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Esta música é progressiva, moderna, e difícil de entender. Trata de ser mais

sincera, e não seguir as fórmulas da música popular. É elétrica e não pretende ser

racional. A letra é introspectiva, abstrata, poética e crítica. Inclui outros sub estilos

como: gótica (sons tristes funerários, letra sem esperança), grunge (com sons fortes de

baixo e de percursão, letra hostil e rebelde), e rave, ou tecno (computadorizada,

repetitiva, rápida, projetadas para festas chamadas «rave», em que utilizam efeitos de

luzes, e em que frequentemente há consumo de drogas).

Exemplos que todavia se escutam: U2, Nine Inch Nails, R.E.M., Red Hot Chili

Peppers, Counting Crows, Beck, The Cranberries, Tori Amos, e Bjork.

Rap

Este estilo começou no ano de 1976 entre os disk jockey negros nos clubes de

Nova York. Eles inseriam seus próprios comentários enquanto mudavam rapidamente

de um disco para outro. A ênfase está na letra falada, e na percursão. Frequentemente

dirigem uma mensagem contra o racismo e outros males sociais, mas seu conteúdo é

dominado em grande parte pelo sexo e a violência. Seu vocabulário distinto mudou a

linguagem da juventude, e sua roupa solta deu pauta para a vestimenta juvenil.

Exemplos: L.L. Cool J, Beastie Boys, Ice Cube, Queen Latifah, Run-D.M.C.,

Hammer, TLC, Salt’N’Pepa, Snoop Doggy Dogg, e Dr. Dre.

Heavy Metal

Este estilo se caracteriza pelos golpes poderosos e continuados do tambor baixo,

os golpes da guitarra baixo, e os gritos do cantor. A guitarra principal também dá a

impressão de estar gritando. A ênfase está no poder, e é composta muitas vezes por

jóvens que vivem em situações de muita frustração. É frequantemente rebelde, hostil, e

moralmente promíscuo, e em alguns casos é satânico (black metal).

Exemplos: Bon Jovi, Aerosmith, KISS, Ozzy Osbourne, AC/DC, Metallica.

Rock

Ainda que já não há tantos novos grupos deste estilo, todavia há muitos

seguidores que preferem o som «ao vivo», sem tantos sons artificiais e

computadorizados. Este estilo representava a geração dos anos sessenta, que se rebelava

contra o consumismo, do governo, e da igreja tradicional. Já não é o estilo mais popular,

mas todavia atrai muitos que estão refletindo acerca dos temas sociais atuais.

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Exemplos: Black Crowes, The Rolling Stones, Eric Clapton, Bruce Springsteen,

Lenny Kravitz, e Led Zeppelin.

Pop/Baile

Esta música é simples, com um ritmo pulsante, adequada para baile. Inclui

música eletrônica, e as canções são fáceis de aprender. Os temas são tipicamente

românticas.

Exemplos: Madonna, Janet Jackson, Mariah Carey, Gloria Estefan, Amy Grant,

Sade, e Mary J. Blige89.

Eu diria que a mentalidade pós-moderna se manifesta especialmente na letra das

canções da música alternativa e de heavy metal. Por exemplo, observe a letra de uma

canção «Plain», por um grupo chamado «311». A frase «tabla rosa» aparentemente faz

referência à ideia filosófica empirista de uma tabla rasa (uma mente em branco, sem

nada escrito). O Yin e o Yang são termos da religião chinesa, o bem e o mal, que

segundo eles são somente aparentes opostos, mas na realidade são unidos.

Original

...

Tabla Rosa is my brain

don’t have to guess just what

I’m sayin’

don’t mean to bug or drive you

insane

if I had a point I’d say it plain

oh, dammit my brain is blank

and now I say

it would be a lie if I said I was

inspired

by nothin’ to say but that’s ok

nod your head to this

...

Don’t you know the devil is in

me and God she is too

my Yin hits my Yang But what

the heck ya gonna do

I choose a rocky ass path but

that’s how I like it

life’s a bowl of punch go ahead

and spike it90

Tradução

...

Tabla Rosa é minha mente

não tem que adivinhar o que

estou dizendo

não quero incomodar ou voltar

louco se tivesse um ponto, diria

claramente oh, maldita minha mente

está em branco e agora digo

seria uma mentira se dissesse que

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estou surpreendido

por não ter nada que dizer

mas está bem

mostra com tua cabeça que

está de acordo

...

Não sabe que o diabo está

em mim e Deus ela também

meu Yin toca meu Yang mas que

diabos vai fazer

Eu escolho um caminho pedregoso

mas assim eu gosto

a vida é uma taça de refresco

há que encher de licor

Se não existem os absolutos, não se pode distinguir entre o bem e o mal, nem

entre Deus e o diabo!

É difícil discernir a letra destas canções, e até depois de saber o que diz, as vezes

todavia não se entende! Frequentemente há frases que tem sentido, mas o conjunto das

frases não é coerente. Por exemplo, um grupo popular chamado System of a Down,

canta «Toxicity»:

Original

...

Conversion, software version 7.0

looking at life through the eyes of a

tire hub

eating seeds as a pastime activity

the toxicity of our city, of our city

You, what do you own the world?

how do you own disorder, disorder

Now, somewhere between the

sacred silence

Sacred silence and sleep

somewhere, between the sacred

silence and sleep

disorder, disorder, disorder...91

...

Tradução

...

Conversão, versão de software

7.0, olhando a vida através dos

olhos do centro de uma roda

comendo sementes como passatempo

a toxicidade de nossa cidade,

de nossa cidade

Tu, que és dono do mundo?

como és dono da desordem,

desordem?

Agora, em algum lugar entre o

silêncio sagrado

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Silêncio sagrado e o sono

em algum lugar, entre o silêncio

sagrado e o sono

desordem, desordem, desordem

Suponho que queriam comunicar que a vida é uma desordem, e portanto, a letra

da sua canção também é uma desordem.

Não queremos dar a impressão de que toda a música contemporânea seja como

estas canções da «vanguarda». De fato a maioria das canções que se vendem e que se

escutam na rádio são simplesmente românticas. O tema do amor é universal, e reflete

algo da imagem de Deus. Queremos destacar estes estilos novos justamente porque

saem do esquema. O novo sempre dá uma pista acerca das condições da sociedade, mas

não representa a maioria dos artistas. É como a saúde humana; o médico se fixa

especialmente nas mudanças em nossa saúde para analisar nosso estado físico.

C. Nossa atitude para com a arte

Creio que devemos usar discernimento, mas desenvolver umaatitude mais

positiva para com a arte em geral. Existe uma grande pluralidadede estilos e expressões,

e devemos reconhecer que muitos delesrefletem conceitos verdadeiros e estilos

maravilhosos. Temosque recordar que Deus compartilha Sua graça comum e universal

com todo ser humano, e que todos levam a imagem de Deus.

As vezes a influência cristã é aparente e óbvia. Em seu belíssimo livro, Huellas

del cristianismo en el arte, Miguel Ángel Oyarbide traça a história das pinturas que

manifestam temas que são claramente cristãos92.

Mas também podemos encontrar resíduos da verdade cristã em expressões

artísticas que não são tão obviamente cristãs. William D. Romanowski propõe esta

atitude em sua análise da cultura popular93. Ele considera que a criatividade artística é

um dom de Deus, e cita João Calvino em seu comentário de Gênesis:

O invento das artes, e de outras coisas que servem para o uso

comum e a conveniência da vida, é um dom de Deus que não deve ser de

nenhum modo desprezado, e é uma faculdade digna de elogio94.

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Romanowski encontra temas, especialmente na música e nos filmes, que

claramente refletem aspectos da doutrina cristã. Por exemplo, diz que Bruce Springsteen

canta acerca do pecado, a tentação, o perdão, a morte, e a esperança, entre outros temas.

Sem pronunciar-se sobre o verdadeiro compromisso espiritual do cantor sugere que a

presença destes conceitos em suas canções se deve a sua criança católica. Devemos

reconhecer que muitos filmes, programas de televisão e canções apresentam uma

perspectiva do mundo que inclui a presença do sobrenatural, ainda que por certo não é

um enfoque bíblico (por exemplo, as aventuras de Indiana Jones, os filmes de ficção

científica como a Guerra nas estrelas, e o programa de televisão Tocado por um anjo).

Não é difícil pensar em exemplos de filmes baseados no tema da luta entre o bem e o

mal; O gladiador e A lista de Schindler, por exemplo, despertam o rechaço instintivo

para a injustiça e a crueldade95.

Sem impor uma interpretação cristã onde não foi a intenção dos productores, o

filme Matrix ilustra claramente o tema da redenção, inclusive os temas da morte

substitutiva e a ressurreição. No final do filme, o protagonista dá sua vida pelos demais,

ressuscita, e destrói o inimigo, fazendo uso de seus novos poderes. Já que Jesus Cristo é

o herói maior de todos os tempos, não devemos surpreender-nos quando os produtores,

conscientemente ou inconscientemente, fazem que os heróis do cine reflitam algumas de

suas características.

Os temas cristãos aparecen na arte secular, porque a graça de Deus alcança a

todos. Deus revelou algo da Sua verdade a todos, e ainda que tratem de tapá-la, segue

manifestando-se. Segundo Romanos, capítulos 1 a 3, por exemplo, todo homeme sabe

que Deus existe, tem um sentido de bem e mal, e tem um sentido de culpa. O homem

não pode apagar totalmente estes conceitos do seu coração, por que foram colocados ali

por seu Criador. Por suposto, estes conceitos são suficientemente interessantes para

fazer kilômetros de filmes cinematográficos e para compor milhares de canções.

Se é muito difícil encontrar conceitos cristãos em alguma expressão artística,

podemos aproveitar a oportunidade para mostrar o vazio espiritual do não crente, e a

necessidade de Deus que se aprecia em sua arte. É dizer, até a arte mais pagã nos serve

como ponto de partida para falar do evangelho. Portanto, podemos olhar de forma

otimista a desorientação da sociedade atual, porque é uma tremenda oportunidade para

mostrar a solidez e a beleza da revelação divina. No desespero e a falta de segurança, os

cristãos podem escutar as inquietações do mundo, mostrar compreensão, e compartilhar

o evangelho.

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Devemos também aprender a identificarmos com a dor do artista. Kierkegaard

nos ajuda a entender:

Que é um poeta? Um poeta é um ser infeliz cujo coração está

machucado por sofrimento secreto mas cujos lábios se tem formado de

tal forma estranha que os suspiros e os prantos que escapam deles saem

como música bela96.

Por exemplo, podemos captar a profunda tristeza nas obras da artista mexicana,

Frida Kahlo. Ela sofreu um acidente quando era jovem, e vivia constantemente com a

dor física. Não obstante, seu maior sofrimento era sentimental, em sua relação com

Diego Rivera, famoso pintor de murais. Segundo ela, seu matrimônio com ele foi seu

«segundo acidente», pior que o acidente de ônibus. Ela pintou auto-retratos, com a cara

triste, com cravos em sua cabeça, com lágrimas, e com um coração que goteja sangue

sobre seu vestido97.

A arte é uma radiografía do artista e da situação atual. Segundo Francis

Schaeffer, a arte é o «segundo passo» na linha de influência cultural, depois da filosofia.

Mas opina que a arte toca mais pessoas que a filosofia. A música e a cultura geral

seguem depois da arte98.

Enfim, nossa atitude para com a arte secular se transforma em algo mais positivo

quando começamos a buscar a evidência da graça de Deus nele, e quando começamos a

interessar-nos pelo mundo que nos rodeia. Já não temos que condenar tudo o que

vemos, mas podemos avaliar o bom e o mal. Podemos aprender muito dos artistas,

porque são pessoas profundamente sensíveis. Não devemos ser ingênuos, chamando

«cristã» qualquer canção que mencione o nome de Deus (como alguns fizeram com a

canção dos Beatles dedicada a Hare Krishna, «My Sweet Lord»). Tampouco convém

expor-nos a muito do que se apresenta ao público hoje em dia. (Paulo diz, «Tudo me é

lícito, mas nem tudo convém; tudo me é lícito, mas nem tudo edifica» 1 Coríntios

10.23.) Entretanto, não devemos perder a oportunidade de aprender algo da arte, e de

buscar resíduos da verdade em qualquer lugar. Sejamos como os antigos mineiros,

buscando as pepitas de ouro no barro.

D. Jesus e a arte

Podemos imaginar, ainda que a Bíblia não diz muito acerca de Sua juventude,

que quando Jesus era jovem, seguramente aprendeu a ser carpinteiro como seu pai

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terrenal, José. Se foi assim, creio que podemos supor que se destacava por sua

excelência. Também podemos imaginar que agradava cantar os louvores no templo e na

sinagoga. Sua forma de expressar-se era realmente poética. Ademais, recordemos

que a criação é Sua obra de arte. Enfim, Jesus era um grande artista.

Devemos seguir Seu exemplo e desenvolver nossas habilidades artísticas. Todos

podemos desenvolver passatempos, aprender a tocar guitarra ou o piano, a cantar, ou a

pintar. A dona de casa pode usar sua casa para expressar seus talentos, e pode usar sua

criatividade na preparação da comida e no arranjo da mesa. Há muitos trabalhos que são

dignos de ser chamado arte, como a joalheria, a carpintaria, a arquitetura, ou o desenho.

Cada vez que realizamos algo criativo, estamos refletindo a imagem de Deus e de Jesus.

Finalmente, quando abrimos o livro de Apocalipse, vemos uma abundância de

arte, tudo centrado em Jesus Cristo. O livro mesmo está cheio de simbolismo artístico.

Sempre pensei que seria uma grande benção se um produtor cristão pudesse fazer um

filme do Apocalipse. Há cânticos, trombetas, roupa finíssima, e banquetes. Há novos

céus e nova terra, e há uma nova Jerusalém com ruas de ouro, rios limpos, e a árvore da

vida. A nova criação será uma obra de arte maravilhosa, além da nossa imaginação!

Perguntas de revisão

1.Por que o cristão deve estar mais interessado na arte que ninguém?

2.Qual é a perspectiva de Francis Schaeffer acerca do valor da arte?

3. Mencione as quatro normas de Schaeffer para avaliar uma obra de arte.

4. O que quer mostrar Rookmaaker em seu livro A arte moderna e a morte de

uma cultura?

5. Qual é a filosofia detrás do dadaísmo?

6. O que Dorothy Sayers diz acerca da «arte» que serve para entreter somente?

7. Mencione cinco estilos de música contemporânea identificados por Walt

Mueller.

8. Em que estilos de música a letra especialmente manifiesta a mentalidade pós-

moderna?, segundo o autor.

9. Qual deve ser nossa atitude para com a arte?, segundo o autor.

10. Mencione alguns temas cristãos que se encontram na música e nos filmes

não cristãos.

11. Por que aparecem temas cristãos na arte secular?

12. Onde Francis Schaeffer situa a arte na linha de influência cultural?

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13. Em que sentido devemos ser como os antigos mineiros quando analizamos a

arte?

14. Em que diferentes sentidos Jesus era um grande artista?

Perguntas de reflexão

Qual foi sua atitude para com a arte? Este capítulo te fez mudar sua atitude de

alguma maneira? Como?

Que você diz dos novos estilos de música? O que diz da letra das canções?

Que temas cristãos, ademais dos que são mencionados no capítulo, você

encontrou na música e nos filmes contemporâneos?

Em que maneiras Jesus inspira a desenvolver habilidades artísticas?

Como poderia fazer da sua vida uma «obra de arte»?

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Conclusão

Não pretendo ter dado respostas definitivas e completas para temas tão

complexos como são a política, a economia, a ciência e a arte. Somente quero dar umas

pautas e animar aos leitores a seguir trabalhando no desenvolvimento de uma

cosmovisão cristã. Ninguém terá completa integridade intelectual nesta vida, mas

devemos seguir para a meta.

Não podemos ir ao extremo de alguns autores que foram citados no livro, que

reclamam que não existe a possibilidade de conhecer a verdade. Graças ao Senhor,

estamos pelo menos no caminho correto, porque Jesus é «o caminho, a verdade, e a

vida». Nos identificamos com Tolstoi quando diz:

Se conheço o caminho para casa, e estou caminhando nele, ainda

que esteje ébrio, será o caminho equivocado, somente porque estou

cambaleando de um lado para outro?99

Ainda que nos encontremos manquejando, não abandonemos o caminho!

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GUÍA DE ESTUDIO

Integridade Intelectual

Introdução

Uma das bençãos mais extraordinárias que temos em Cristo é o desenvolvimento

de uma nova forma de pensar. Tal como o Senhor nos santifica moralmente, também

nos transforma mentalmente. O apóstolo Paulo nos exorta a «renovar» nossa mente e

tomar «cativo» todo pensamento para Cristo.

Romanos 12.2

Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos por meio da

renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa agradável e

perfeita vontade de Deus.

2 Coríntios 10.5

...derribando argumentos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de

Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo...

Entretanto, não aproveitamos esta benção como devemos. Este curso ajudará a

levar a sério este aspecto de nosso crescimento cristão, e a começar a tarefa de formar

uma mente cristã. Terá multidões de aplicações práticas. Creio que o estudo deste tema

pode ser uma das experiências mais importantes da sua vida!

Descrição do curso

O propósito desta trabalho é orientar o aluno em sua forma de pensar, para que

inicie a desenvolver um enfoque cristão de vida, tanto nos aspectos filosóficos como nos

aspectos sociais e culturais, e para que possa defender este enfoque frente às opções não

cristãs.

Para obter isto, 1) se mostra a necessidade de desenvolver uma «mente cristã»,

2) se comparam os enfoques não cristãos com a posição bíblica, 3) se sugerem métodos

para defender a posição cristã, 4) se apresenta o desafío de transformar cada aspecto de

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pensamento e cada área da sociedade, e 5) se dão algumas pautas bíblicas para reflexión

em certas áreas das ciências sociais, as ciências naturais e as belas artes.

Como estabelecer um seminário em sua igreja

Para desenvolver um programa de estudos em sua igreja, usando os cursos

oferecidos pela Universidade FLET, se recomenda que a igreja nomeie um comitê ou

um Diretor de Educação Cristã. Logo, se deverá escrever a Miami para solicitar o

catálogo oferecido gratuitamente pela FLET.

O catálogo contém:

1. A lista dos cursos oferecidos, junto com programas e ofertas especiais,

2. A acreditação que a Universidade FLET oferece,

3. A maneira de afiliar-se a FLET para estabelecer um seminário em sua

igreja.

Logo de estudar o catálogo e o programa de estudos oferecidos pela FLET, o

comitê ou o diretor poderá fazer suas recomendações ao pastor e aos líderes da igreja

para o estabelecimiento de um seminário ou instituto bíblico creditado pela FLET.

Universidade FLET

14540 SW 136 Street No 108

Miami, FL 33186

Telefone: (305) 378-8700

Fax: (305) 232-5832

e-mail: admisiones@f

Página web: www .flet.edu

Como obter um curso creditado pela FLET

Se o estudante deseja receber crédito por estes cursos, deve:

1. Preencher a solicitação para ingresso.

2. Providenciar uma carta de referência do seu pastor ou um líder cristão

reconhecido.

3. Pagar o custo correspondente. (Ver «Política financeira» no Catálogo

acadêmico.)

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4. Enviar ao escritório da FLET ou entregar ao representante da FLET

autorizado, uma cópia do seu diploma, certificado de notas ou algum documento

que comprove que tenha terminado o ensino fundamental e médio 5. Fazer todas

as tarefas indicadas nesta guia.

Nota: Ver «Requisitos de admissãon» no Catálogo acadêmico para mais

informação.

Como fazer o estudo

Cada curso tem seu próprio método de estudos e suas próprias tarefas. Siga cada

passo com cuidado. Uma pessoa pode fazer o curso individualmente, ou se pode unir

com outros membros da igreja que também desejam estudar.

Em forma individual:

Se o estudante faz o curso como indivíduo, se comunicará diretamente com o

escritório da Universidade FLET. O aluno enviará seu exame e todas suas tarefas a este

escritório, e receberá toda comunicação diretamente dele. O texto mesmo servirá como

«professor» para o curso, mas o aluno poderá dirigir-se ao escritório para fazer

consultas. O estudante deverá ter um pastor ou monitor autorizado pela FLET para

tomar seu exame (sugerimos que seja a mesma pessoa que firmou a carta de

recomendação).

Em forma de grupo:

Se o estudante faz o curso em grupo, se nomeará um «facilitador » (monitor,

guia) que se comunicará com o escritório da FLET. Portanto, os alunos se comunicarão

com o facilitador, em vez de Comunicar-se diretamente com o escritório da FLET. O

grupo pode escolher seu próprio facilitador, ou o pastor pode selecionar alguém do

grupo para ser guia ou conselheiro, ou os estudantes podem desempenhar este rol por

turno. Seria aconselhável que a igreja tenha vários grupos de estudo e que o pastor sirva

de facilitador de um dos grupos; quando o pastor se envolve, seu exemplo anima a

congregação inteira e ele mesmo se faz partícipe do processo de aprendizagem.

Estes grupos tem de reunir-se regularmente (normalmente uma vez por semana)

sob a supervisão do facilitador para que juntos possam cumprir com os requisitos do

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estudo (os detalhes se encontrarão nas próximas páginas). Recomendamos que os

grupos sejam compostos de 5 e não mais de 10 pessoas.

O facilitador seguirá o «Manual para o facilitador» que se encontra no final do

livro. O texto serve como «professor», enquanto que o facilitador serve de coordenador

que assegura que o trabalho seje feito corretamente.

O plano de ensino FLET

O processo educacional deve ser desfrutado, não suportado. Portanto não deve

converter-se em um exercício legalista. A sua vez, deve estabelecer metas. Preencha os

seguintes espaços:

Anote sua meta diária ou semanal de estudos:___________________________

Horário de estudo:_______________________________________________

Dia da reunião:________________________________________________

Lugar da reunião:______________________________________________

Opções para realizar os cursos

Este curso se pode realizar de três maneiras. O aluno pode escolher o plano

intensivo com o qual pode completar seus estudos em um mês e então, se deseja, pode

fazer o exame final da FLET para receber creditação. Se deseja fazer o curso a um passo

mais cômodo o pode realizar no espaço de dois meses (tempo recomendado para

aqueles que não tem pressa). Igualmente que na primeira opção, o aluno pode fazer um

exame final para obter crédito pelo curso. Outra opção é fazer o estudo com o plano

extendido, no qual se completam os estudos e o exame final em três meses.

Metas e objetivos gerais do curso

Metas

1. (Cognitiva) O aluno conhecerá as diferenças entre uma cosmovisão cristã e as

cosmovisões não cristãs principais, especialmente nas áreas de ontologia, epistemologia

e ética. Saberá identificar os pontos de inconsequencia das posições não cristãs e saberá

defender a posição cristã. Conhecerá algumas pautas bíblicas gerais acerca das ciências

sociais, as ciências naturais, e as belas artes.

2. (Afetiva) O aluno terá o desejo de desenvolver e aplicar um enfoque cristão

em todas as áreas da sua vida.

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3. (Volitiva) O aluno desenvolverá seu próprio enfoque cristão acerca de algum

tema das ciências sociais, as ciências naturais, ou as belas artes.

Objetivos

1. O aluno expressará com suas próprias palavras as diferenças entre uma

cosmovisão cristã e as cosmovisões populares dos não cristãos, ao responder as

perguntas de revisão e as perguntas para reflexão.

2. O aluno mostrará seu interesse em desenvolver um enfoque cristão e seu

desejo de aplicar o que aprendeu acerca do tema, ao escrever um projeto em que explica

seu próprio enfoque de alguma área de estudo.

Tarefas em geral do curso

O aluno pode fazer este curso para cumprir os requisitos do programa de licenciatura ou

do programa de mestrado da Universidade FLET em que esteja inscrito. As tarefas

variam segundo o programa. As diferenças nas tarefas consistem em que o aluno do

programa de mestrado lerá três textos principais em vez de um, lerá mais páginas de

leitura adicional (500 em vez de 300), e elaborará um ensaio mais longo (15-20 páginas

em vez de 10-15).

LICENCIATURA:

1. Leitura do texto principal e respostas às perguntas de revisão e de reflexão:

O aluno lerá:

Integridade intelectual por Richard B. Ramsay

O aluno responderá as perguntas de revisão e de reflexão que correspondem a

cada lição (Ver as «Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão» no final de cada

capítulo.)

2. Leitura adicional

O aluno lerá 300 páginas adicionais acerca dos temas do curso e entregará um

informe de sua leitura, usando o formulário que está mais adiante. O aluno pode

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selecionar textos da lista de livros recomendados, ou pode buscar outros textos

relacionados com os temas do curso.

3. Ensaio

O aluno escreverá um ensaio de 10-15 páginas acerca do enfoque cristão de

algum tema da área de seu interesse, seguindo as instruções que se indicam mais abaixo.

(Ver «Pautas gerais para escrever um ensaio» e «Pautas específicas para o ensaio deste

curso».)

4. Exame final

O aluno fará um exame final. O exame estará baseado nos textos de leitura e as

perguntas de revisão. O aluno fará o exame na presença de um supervisor ou monitor

que tenha sido aprovado pela oficina da Universidade FLET, que dará testemunho

de que o exame foi completado de forma honesta.

MESTRADO:

1. Leitura de textos principais e respostas às perguntas de revisão e de reflexão:

O aluno lerá os seguintes textos:

a. Integridade intelectual por Richard B. Ramsay

b. Fé e pós-modernidade; uma cosmovisão cristã para um mundo fragmentado

por Theo Donner

c. Pós-modernidade por Antonio Cruz

O aluno responderá as perguntas de revisão (ou estudo) e de reflexão que

correspondem aos textos mencionados anteriormente (Ver «Perguntas de revisão» e

«Perguntas de reflexão» no final de cada capítulo do livro Integridade intelectual,

«Perguntas de estudo » no final do livro Fé e pos-modernidade; uma cosmovisão cristã

para um mundo fragmentado, e «Perguntas de revisão» no guia de estudo no final do

livro Pos-modernidade.)

2. Leitura adicional

O aluno lerá 500 páginas adicionais acerca dos temas do curso e entregará um

informe de sua leitura, usando o formulário que está mais adiante. O aluno pode

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selecionar textos da lista de livros recomendados, ou pode buscar outros textos

relacionados com os temas do curso.

3. Ensaio

O aluno escreverá um ensaio de 15-20 páginas acerca do enfoque cristão de

algum tema da área de seu interesse, seguindo as instruções que estão mais abaixo. (Ver

«Pautas gerais para escrever um ensaio» e «Pautas específicas para o ensaio deste

curso».)

4. Exame final

O aluno dará um exame final. O exame estará baseado nos textos de leitura e as

perguntas de revisão. O aluno fará o exame na presença de um supervisor ou monitor,

que foi aprovado pela oficina da Universidade FLET, e que dará testemunho de que o

exame foi completado de forma honesta.

Avaliação final

A avaliação final será calculada da seguinte maneira:

Para Licenciatura:

Caderno de respostas sobre as leituras ................................................................20%

Leitura adicional .................................................................................................20%

Ensaio .................................................................................................................40%

Exame Final .......................................................................................................20%

Total .................................................................................................................100%

Para Mestrado:

Caderno de respostas sobre as leituras ..............................................................30%

Leitura adicional ...............................................................................................20%

Ensaio ................................................................................................................30%

Exame Final ......................................................................................................20%

Total ................................................................................................................100%

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Livros recomendados para leitura adicional

(Os livros marcados com asterisco podem ser difíceis de se encontrar.)

Blomberg, Craig. _i pobreza ni riquezas. Barcelona: CLIE, 2002.

Colson, Charles. ¿Y ahora cómo viviremos? Miami: Unilit, 1999.

Cortés, Crane, Rodríguez, Sobarzo. Psicología general. Miami: Unilit/Logoi, 2002.

Crabb, Larry. El arte de aconsejar bíblicamente. Miami: Unilit/Logoi, 2001.

Cruz, Antonio. Sociología; una desmitificación. Barcelona: CLIE/Logoi, 2001.

Dellutri, Salvador. La aventura del pensamiento. Miami: Unilit/Logoi, 2002.

*El evangelio y la cultura. Informe de la Consulta de Willowbank, celebrada en

Willowbank, Somerset Bridge, Bermudas entre el 6 y el 13 de enero, 1978, Monografías

ocasionales de Lausana, Comité Lausana Para la Evangelización Mundial.

Gish, Duane. Evolución y la evidencia de fósiles.

*Machen, J. Gresham. Cristianismo y cultura. Barcelona: Fundación Editorial de

Literatura Reformada.

*Meeter, Henry. La Iglesia y el Estado. Grand Rapids, Michigan: TELL.

Niebuhr, H. Richard. Cristo y cultura. Barcelona: Península, 1968.

Novak, Michael. El espíritu del capitalismo democrático. Buenos Aires: Tres Tiempos,

1983,

Nyenhuis y Eckman. Ética. Miami: Unilit/Logoi, 2002.

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Rookmaaker, H.R. Arte moderno y la muerte de una cultura. Barcelona: CLIE/Logoi,

2003.

*Schaeffer, Francis. El arte y la Biblia.

*Schaeffer, Francis. Huyendo de la razón. Barcelona: Ediciones Evangélicas Europeas.

*Van Riesen. Enfoque cristiano de la ciencia. Barcelona: Fundación Editorial de

Literatura Reformada, 1973.

Sites da Internet:

El concepto calvinista de la cultura, Henry R. Van Til, trad. Donald Herrera

Terán. Libro en formato PDF, 216 páginas.

http://www.visi.com/~contra_m/castellano/libros/concepto/CCC.pdf

La teoría política de Juan Calvino, G . José Gatis

http://www.thirdmill.org/files/spanish/94976~3_9_01_1-28-

27_PM~sCalvinsPolitics.html

Filosofía cristiana, Seminario Teológico Presbiteriano San Pablo (México)

http://www.thirdmill.org/files/spanish/97648~8_14_01_5-07-59_PM~Filos01.html

FORMULÁRIO PARA INFORME DE LEITURA

DADOS BIBLIOGRÁFICOS

Leitura:__________________________________________________________

Capítulo: ________________________Páginas.:_________________________

Autor(es) ________________________________________________________

Tomado de (Livro/revista/?) _________________________________________

Editorial _________________________________________________________

Cidade _____________________________ Ano _______________________-*

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ESBOÇO: BREVE RESUMO

(Faça uma síntese do que diz o autor, sem seus próprios

comentários.)

AVALIAÇÃO CRÍTICA

(Elabore sua opinião do que diz o autor: É claro, preciso, confuso, bem documentado,

fora de contexto, muito simples, muito profundo, anti-bíblico, muito técnico, etc. etc.?

Respalde sua opinião)

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AVALIAÇÃO CRÍTICA

(continuação)

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PROVEITO PESSOAL E MINISTERIAL

(Que impacto teve esta leitura sobre mim e meu ministério? Como me ajudou?

Gostei, não gostei, por que? Seja concreto.)

PERGUNTAS QUE SURGEM DA LEITURA

Nome ___________________________________________________________

Data ____________________________________________________________

Curso da FLET ____________________________ onde __________________

Facilitador _______________________________________________________

Professor: ________________________________________________________

Qualificação ______________________________________________________

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Pautas gerais para escrever um ensaio

A Universidade FLET exige um nível universitario nas tarefas escritas. Se os

ensaios não cumprem com os requisitos, serão reprovados. As seguintes pautas devem

ser seguidas estritamente. Para maior informação, consulte o livro Um manual de estilo,

por Mario Llerena (Unilit/Logoi). Ademais dos textos principais do curso, o estudante

deve ler outros materiais acerca do tema para aumentar seu conhecimento do tema e

para melhorar a qualidade do ensaio.

1. Expresse uma ideia própria

Um ensaio deve ser a expressão da ideia do seu autor, e não simplesmente uma

recopilação de ideias de outros. O autor deve ter algo em mente que ele ou ela quer

comunicar, idealmente um só conceito principal. Por exemplo, o ensaio poderia ter o

propósito de convencer o leitor que Cristo é suficiente para nossa salvação, ou que

Agustinho era o teólogo mais importante de sua época, ou que Gênesis 3 explica todos

os problemas da humanidade. Por suposto, o autor toma em conta as ideias de outros,

mas utiliza estas fontes para apoiar sua teoría, ou melhor para mostrar o contraste com

ideias contrárias. As distintas partes do ensaio apresentam evidência ou argumentos para

apoiar a ideia central, para mostrar idéias contrastantes, ou para ilustrar o ponto. O leitor

deve chegar à conclusão sabendo qual foi a ideia principal do ensaio. O aluno deve

mostrar, não só o conhecimento do tema, mas também a capacidade criativa de discernir

a importância deste tema em relação com sua própria situação atual, fazendo uma

aplicação prática.

2. _o uso demasiado de citações bíblicas

Um bom ensaio não deve citar passagens bíblicas longas, simplesmente para

encher as páginas requeridas. Uma citação bíblica de mais de 10 versículos é demasiado

longo. No caso de referir-se a um texto extenso, é melhor por a referência bíblica

somente ou citar alguns versículos ou frases chave da passageme. Não mais de 25% do

ensaio deve ser citações bíblicas. Por suposto, o argumento deve estar baseado na

Bíblia, mas se tiver muitas citações, o autor deve por simplesmente as referências de

algumas, para reduzi-las a 25% do conteúdo do ensaio.

3. Indique suas fontes

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Quando o autor utiliza ideias de outras fontes, é absolutamente necessário

indicar quais são essas fontes. Se o autor não o fizer, dá a impressão de que as ideias

citadas sejam dele, o qual não é honesto e é chamado «plágio». Se o autor menciona

uma ideia contida em outro livro ou artigo que tenha lido, ainda que não seja uma

citação textual, deve colocar um número ao final da mesma, ligeiramente sobre a linha

do texto (voado)1, e uma nota de rodapé na página, com a informação do texto

empregado, usando o seguinte formato:

1 Autor [nome primeiro, sobrenome depois], Nome do livro [em letra

cursiva] (local de publicação: editorial, ano) [entre parêntesis, com dois pontos e

uma virgula, tal como aparece aqui], a página, ou as páginas citadas.

Oferecemos o seguinte exemplo:

2 Federico García Lorca, Bodas de Sangre (Barcelona: Ayma, S.A., 1971), p. 95.

Ver Mario Llerena, Un manual de estilo, para outros possíveis tipos de nota, por

exemplo quando há vários autores, ou quando a citação corresponde a um artigo de uma

revista.

Quando citar diretamente, a citação deve estar entre aspas, e também deve por

uma nota de rodapé na página com a informação da fonte.

4. Organize bem suas ideias com um bom esboço

O bom ensaio sempre está bem organizado, e as ideias que contém seguem

alguma ordem lógica. Portanto, faça um bom esboço para assegurar uma boa

organização. O ensaio deve ter divisões principais, e estas a sua vez subdivisões que

contenham idéias subordinadas ao tema da divisão maior. As divisões principais devem

estar em paralelo, já que são distintas em conteúdo mas iguais em importância. O

sistema tradicional de enumeração é usar números romanos para as divisões principais,

letras maiúsculas para as primeiras subdivisões, e números árabes para as segundas

subdivisões. Nos ensaios da FLET, que não contenham mais de 15 páginas, não é

conveniente dividir os esboços em seções menores que estas. Por exemplo, um possível

esboço da Carta aos Romanos sería assim:

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A Carta aos Romanos

I. Doutrina

A. O pecado

1. A ira de Deus contra o pecado

2. Todos os homens são pecadores

B. A justificação pela fé

C. A santificação pela fé

D. A segurança eterna

II. Exortações práticas

A. O amor

B. A submissão às autoridades etc.

A introdução e a conclusão do ensaio não levam numeração.

Introdução

I.

A.

1.

2.

B.

II.

III.

Conclusão

5. Use bons parágrafos

O parágrafo é a unidade chave de um ensaio. Revise cada parágrafo para

assegurar-se de que:

a. Tem várias orações. Se há uma oração só, deve ser incluída com outro

parágrafo.

b. Todas as orações do parágrafo tratam o mesmo tema.

c. A ideia central do parágrafo está na primeira ou na última oração

(normalmente).

d. As demais orações contribuem ao tema central do parágrafo, ou apoiando ou

mostrando contraste ou dando ilustrações.

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Não tenha cuidado em eliminar orações que não estejam relacionadas Conm o

tema do parágrafo. Possivelmente seria melhor pô-las em outro parágrafo, ou talvez

deva começar um novo parágrafo.

6. Inclua uma bibliografia

Ao final do ensaio, se deve incluir uma bibliografia, uma lista de todas as fontes

(livros e artigos) utilizadas em sua investigação. O formato para a bibliografia é um

pouco distinto do formato da nota de rodapé da página. Por exemplo:

García Lorca, Federico. Bodas de Sangre. Barcelona: Ayma, S.A., 1971.

Note que o sobrenome vai na frente do nome, não se indicam as páginas, e a

pontuação é distinta.

7. Use boa forma

Utilize um tipo de letra de tamanho 10-12 pontos. Não use uma letra grande para

encher o espaço! O ensaio deve incluir uma introdução, uma conclusão, e uma

bibliografia. Insistimos em boa ortografia, pontuação e sintaxe. Se tiver problemas ou

dúvidas com respeito, revise um curso de gramática e ortografia. A Universidade FLET

exige que seus estudantes estejem adequadamente capacitados no uso correto da

ortografia e gramática espanhola. Erros comuns são:

a) Ortografia e pontuação, especialmente a falta de tils ou o uso incorreto dos

mesmos, e o uso incorreto de vírgulas. (Se escrever com um computador, aproveite do

corretor ortográfico automático!)

b) Orações extensas que devem ser divididas em dois ou mais orações. (Se

começa uma ideia nova, deve fazer uma nova oração.)

c) Parágrafos com uma só oração. (Se há uma só oração, deve pô-la sob outro

parágrafo, ou simplesmente eliminá-la, se não há suficiente que dizer com respeito ao

tema.)

Pautas específicas para o ensaio deste curso

O ensaio deste curso deve ser de 10-15 páginas para licenciatura, e de 15-20

páginas para mestrado, a espaço duplo. O aluno deve selecionar um tema na área do seu

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interesse, e escrever acerca de «Um enfoque cristão de ________________ ». Poderia

ser algo geral, por exemplo, um enfoque cristão da economia, da música, da educação,

da sicologia, ou da ciência. Poderia ser algo mais específico, como: um enfoque cristão

do aborto, da clonagem, da inflação, da música «rap», ou da guerra, por exemplo. Se o

aluno deseja, pode eleger um tema das notícias atuais do seu próprio país, como: Qual é

a solução para o problema de drogas em meu país?, Qual é a melhor forma de governo

para meu país?, Como poderíamos melhorar a educação em meu país?, ou como

poderíamos melhorar a economia do meu país? Estes são somente algumas sugestões. O

aluno pode escolher um tema do seu próprio interesse, ou do seu campo de estudos. Não

tem que pretender dar a resposta definitiva, mas fazer um aporte para um enfoque

cristão, e estimular o diálogo cristão sobre o tema.

O aluno deve ler outra literatura acerca do tema e fazer referência a ela no

ensaio. Veja uma lista de livros recomendados acerca de alguns temas. Um possível

esboço do ensaio seria:

Introdução (despertar o interesse, indicar o tema)

I. A inquietude (estabecer o problema, a pergunta)

II. O que dizem outros autores (citar, explicar outras fontes)

III. Pautas bíblicas (explicar passagens relacionadas com o tema)

IV. Uma resposta tentativa (apresentar sua resposta)

Conclusão (fazer um resumo)

Metas, objetivos, e tarefas para cada lição

LICENCIATURA

Lição 1

Meta

O aluno estará convencido da necessidade de desenvolver uma cosmovisão

cristã.

Objetivos

O aluno explicará com suas próprias palavras: a) o problema da falta de

integridade intelectual entre os cristãos, e b) algumas passagens bíblicas que nos

desafíam a desenvolver uma mente cristã.

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Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 1, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão» no final do capítulo.)

2. Ler 60 páginas adicionais e escrever o informe de leitura correspondente.

Lição 2

Meta

O aluno conhecerá a diferença entre o conceito cristão e o conceito não cristão

da verdade.

Objetivos

O aluno explicará com suas próprias palavras a diferença entre o enfoque não

cristão e o enfoque cristão da verdade.

Tarefas

Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 2, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão » no final do capítulo.)

Ler 60 páginas adicionais e escrever o informe de leitura correspondente.

Lição 3

Meta

O aluno conhecerá o enfoque bíblico acerca da relação entre o cristão e a

sociedade.

Objetivo

O aluno expressará com suas próprias palavras os distintos enfoques mais

populares acerca da relação entre o cristão e a sociedade, e explicará qual parece mais

bíblico.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 3, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão » no final do capítulo.)

2. Ler 60 páginas adicionais e escrever o informe de leitura correspondente.

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Lição 4

Meta

O aluno conhecerá a diferença entre as cosmovisões não cristãs mais populares e

o enfoque cristão, e conhecerá as incongruências autodestrutivas dos enfoques não

cristãos.

Objetivo

O aluno identificará os postulados das cosmovisiões não cristãs mais populares,

explicará a diferença entre estes enfoques e o enfoque cristão, e explicará as maneiras

em que os enfoque não cristãos se auto-contradizem.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 4, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão » no final do capítulo.)

2. Ler 60 páginas adicionais e escrever um informe de leitura correspondente.

Lição 5

Meta

O aluno conhecerá algumas pautas cristãs fundamentais acerca da política.

Objetivo

O aluno explicará com suas próprias palavras algumas pautas bíblicas acerca da

origem, e a tarefa e autoridade do estado.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 5, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão » no final do capítulo.)

2. Ler 60 páginas adicionais e escrever o informe de leitura correspondente.

Lição 6

Meta

O aluno conhecerá algumas pautas cristãs fundamentais acerca da economia.

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Objetivo

O aluno fará uma comparação com suas próprias palavras entre os valores e os

postulados do capitalismo e do socialismo.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 6, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão» no final do capítulo.)

2. Começar a elaborar o ensaio. Organizar ideias e fazer um esboço.

Lição 7

Meta

O aluno conhecerá algumas pautas cristãs fundamentais acerca da ciência.

Objetivo

O aluno explicará com suas próprias palavras algumas pautas bíblicas acerca da

ciência, da evolução, e da matemática.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 7, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão » que estão no final do capítulo.)

2. Continuar a elaboração do ensaio. Escrever um rascunho do ensaio.

Lição 8

Meta

O aluno conhecerá algumas pautas cristãs fundamentais acerca da arte e da

música.

Objetivo

O aluno explicará com suas próprias palavras algumas pautas bíblicas para

avaliar e apreciar a arte e a música.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulo 8, e responder as

«Perguntas de revisão» e as «Perguntas de reflexão» que estão no final do capítulo.)

2. Escrever a apresentação final do ensaio.

Page 136: cetep.files. Web viewO desenvolvimento de uma cosmovisão crist ... Ninguém pode estar seguro de que tenha comunicado algo perfeitamente ou que tenha entendido algo corretamente

MESTRADO

Lição 1

Meta

O aluno estará convencido da necessidade de desenvolver uma cosmovisão

cristã.

Objetivos

O aluno explicará com suas próprias palavras: a) o problema da falta de

integridade intelectual entre os cristãos, b) algumas passagens bíblicas que nos desafiam

a desenvolver uma mente cristã, c) a diferença entre o enfoque não cristão da verdade e

o enfoque cristão, e d) a diferença entre as cosmovisões não cristãs mais populares e o

enfoque cristão.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulos 1—4 e

responder as perguntas de revisão e de reflexão correspondentes (Ver as «Perguntas de

revisão» e as «Perguntas de reflexão» no final de cada capítulo.)

2. Ler 100 páginas adicionais e escrever o informe de leitura correspondente.

Lição 2

Meta

O aluno conhecerá algumas pautas bíblicas acerca da política, da economia, da

ciência e da arte.

Objetivos

O aluno explicará com suas próprias palavras algumas pautas bíblicas acerca da

política, da economia, da ciência e da arte.

Tarefas

1. Ler Integridade intelectual por Richard B. Ramsay, capítulos 5—8 e

responder as perguntas de revisão e de reflexão correspondentes (Ver as «Perguntas de

revisão» e as «Perguntas de reflexão» no final de cada capítulo.)

2. Ler 100 páginas adicionas e escrever o informe de leitura correspondente.

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Lição 3

Meta

O aluno conhecerá os postulados filosóficos do pós-modernismo e saberá

diferenciá-los de uma cosmovisão cristã.

Objetivo

O aluno expressará com suas próprias palavras as bases históricas e filosóficas

do pensamento pós-moderno e as comparará com as pautas bíblicas.

Tarefas

1. Ler Fé e pós-modernidade; uma cosmovisão cristã para um mundo

fragmentado por Theo Donner, capítulos 1—4, e responder as perguntas de revisão que

estão no final do livro.

2. Ler 100 páginas adicionais e escrever o informe de leitura correspondente.

Lição 4

Meta

O aluno conhecerá a diferença entre os postulados não cristãos e os postulados

cristãos acerca da história, a economia, a ciência, e a sicologia.

Objetivo

O aluno expressará com suas próprias palavras os postulados não cristãos e os

postulados cristãos acerca da história, a política, a economia, a ciência, e a sicologia.

Tarefas

1. Ler Fé e pós-modernidade; uma cosmovisão cristã para um mundo

fragmentado por Theo Donner, capítulos 5—9, e responder as perguntas de revisão que

estão no final do livro.

2. Ler 100 páginas adicionais e escrever um informe de leitura correspondente.

Lição 5

Meta

Page 138: cetep.files. Web viewO desenvolvimento de uma cosmovisão crist ... Ninguém pode estar seguro de que tenha comunicado algo perfeitamente ou que tenha entendido algo corretamente

O aluno saberá distinguir entre os valores da cultura moderna e os valores da

cultura pós-moderna.

Objetivo

O aluno expressará com suas próprias palavras os valores da modernidade e os

valores da pós-modernidade.

Tarefas

1. Ler Pós-modernidade por Antonio Cruz, capítulos 1—3, e responder as

perguntas de revisão que estão no guia de estudo no final do livro.

2. Ler 100 páginas adicionais e escrever o informe de leitura correspondente.

Lição 6

Meta

O aluno conhecerá algumas pautas para comunicar o evangelho no contexto pós-

moderno.

Objetivo

O aluno expressará com suas próprias palavras as características da religião na

pós-modernidade e algumas pautas para a comunicação do evangelho hoje.

Tarefas

1. Ler Pós-modernidade por Antonio Cruz, capítulos 4—7, e responder as

perguntas de revisão que estão no guia de estudo no final do livro.

2. Começar a elaborar o ensaio. Organizar as ideias e fazer um esboço do ensaio.

Lição 7

Meta

O aluno desenvolverá seu próprio enfoque cristão de alguma área de estudo que

seja do seu interesse.

Objetivo

O aluno escreverá sua própria análise cristã de alguma área de estudo que seja do

seu interesse especial.

Page 139: cetep.files. Web viewO desenvolvimento de uma cosmovisão crist ... Ninguém pode estar seguro de que tenha comunicado algo perfeitamente ou que tenha entendido algo corretamente

Tarefas

Escrever um rascunho do ensaio.

Lição 8

Meta

O aluno expressará de uma maneira, clara, coerente e convincente um enfoque

cristão de alguma área de estudo que seja do seu interesse.

Objetivo

O aluno escreverá um ensaio acerca da sua própria análise cristã de alguma área

de estudo do seu interesse.

Tarefas

Escrever a apresentação final do ensaio.

Manual para o facilitador

Este material ha sido preparado para el uso del facilitador de um grupo. O

facilitador serve para guiar um grupo de 5-10 estudantes a fim de que completem os

cursos no tempo estipulado. A tarefa demandará esforço da sua parte, já que, ainda que

o facilitador não é o instrutor em si (o livro de texto serve de «mestre»), deve conhecer

bem o material para ajudar os alunos.

A. O tempo e horário

a. A reunião deve ser sempre no mesmo dia, na mesma hora, e no mesmo lugar

já que isto evitará confusão. O facilitador sempre deve tratar de chegar com meia hora

de antecedência para assegurar-se de que tudo esteje preparado para a reunião e resolver

qualquer situação inesperada.

b. Tenha muito cuidado em cancelar reuniões ou mudar horários. Comunique os

participantes do grupo com responsabilidade mútua que tem um com outro. Isto não

significa que nunca se deve mudar uma reunião sob

c. O facilitador deve completar o curso nas oito semanas indicadas (ou de acordo

com o plano de estudos escolhido).

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B. A participação de todos

a. O facilitador deve permitir que os alunos respondam sem interrumpções. Deve

dar tempo suficiente para que os estudantes reflitam e compartilham suas respostas.

b. O facilitador deve ajudar os alunos a pensar, a fazer perguntas e a responder,

em lugar de dar todas as respostas ele mesmo. nenhuma circunstância. Mais bem quer

dizer que se tenha cuidado e que não se façam mudanças desnecessárias por conta de

pessoas que por uma ou outra razão não podem vir à reunião citada.

c. A participação de todos não significa necessariamente que todos os alunos

tenham que falar em cada sessão, quer dizer, que antes de chegar à última lição todos os

alunos

devem sentir-se a vontade para falar, participar e responder sem temor a ser

ridicularizados.

C. A estrutura da reunião

1. Dê as boas-vindas aos alunos que vieram à reunião.

2. Ore para que o Senhor acalme as ansiedades, abra o entendimento, e se

manifeste nas vidas dos estudantes e do facilitador.

3. Revise a lição.

a. Converse com os alunos sobre as perguntas de revisão. Assegure que tenham

entendido a matéria e as respostas corretas. Podem falar acerca das perguntas que

tiveram mais dificuldade, que foram de maior edificação, ou que expressam algum

conceito com o qual estão em desacordo.

b. Anime os estudantes a completar as metas para a próxima reunião.

c. Converse acerca das «perguntas para reflexão». Não há um só resposta correta

para estas perguntas. Permita que os alunos expressem suas próprias ideias.

d. Revise os cadernos dos alunos para assegurar que estejem fazendo suas tarefas

para cada lição.

4. Termine a reunião com uma oração.

D. A revisão das tarefas

1. Caderno de respostas

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O facilitador deve revisar o caderno de respostas às perguntas de revisão e

reflexão no meios do curso e o final deste. Para meiados do curso, o facilitador não tem

que qualificar o caderno, somente tem que revisá-lo para assegurar que o aluno esteje

progredindo no curso. Para o final do curso, o facilitador deve dar uma nota por

porcentagem de respostas escritas no caderno. Se o aluno escreveu as respostas para as

perguntas de revisão de todas as lições, o facilitador assinará uma nota de «100%». Se

não fez nada disto, assinará 0 puntos. Se respondeu somente algumas perguntas,

receberá a porcentagem correspondente. Por exemplo, se respondeu somente 60

perguntas de um total de 80 (75%), receberá uma nota de «75%». O facilitador não tem

que avaliar quão bem escrito estão as respostas, mas somente se fez ou não. (Sua

compreensão correta da matéria será avaliada no exame final.) Quando tiver revisado o

caderno, o facilitador deve enviar um informe à oficina de FLET, mostrando as

qualificações dos alunos por esta tarefa.

2. Informes de leitura

O facilitador deve revisar os informes de leitura a meiados do curso, somente

para assegurar que o estudante esteje progredindo e que não esteje deixando sua leitura

para último momento. Também deve pedir que os alunos entreguem seus informes ao

final do curso, o dia que se toma o exame final. Estes informes de leitura devem ser

enviados a oficina de FLET junto con as folhas de respostas dos exames finais para sua

avaliação.

3. O ensaio

A meiados do curso, o aluno deve entregar uma folha ao facilitador que inclua o

tema e um esboço do seu projeto. Se o projeto consiste de cinco parágrafos, é suficiente

anotar algumas ideias que pense incluir nos parágrafos. O facilitador não tem que

qualificar esta tarefa, mas assegurar que o aluno esteje planificando seu trabalho. Se o

aluno não começou, anime-o a começar. O projeto final deve ser enviado à oficina de

FLET para sua qualificação, junto com as folhas de respostas do exame final e os

informes de leitura.

4. O exame final

O exame será qualificado na oficina de FLET.

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O facilitador deve pedir cópias do exame, e as folhas de respostas, com

suficiente antecipação para tomar o exame na data estabelecida.

E. Avaliação

A nota final será calculada segundo as seguintes porcentagens:

Para Licenciatura:

Caderno de respostas sobre as leituras ...........................................................20%

Leitura adicional ............................................................................................20%

Ensaio .............................................................................................................40%

Exame Final ...................................................................................................20%

Total .............................................................................................................100%

Para Mestrado

Caderno de respostas sobre as leituras .........................................................30%

Leitura adicional ...........................................................................................20%

Ensaio ...........................................................................................................30%

Exame Final .................................................................................................20%

Total ...........................................................................................................100%