caracterizaÇÃo bioecolÓgica e conservaÇÃo das … · 2019. 6. 2. · i catalogação da...

80
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS COMUNIDADES RECIFAIS SUBTIDAIS DE PIRANGI, RN, BRASIL. GUIDO DE GREGÓRIO GRIMALDI NATAL (RN) ABRIL – 2014

Upload: others

Post on 02-Nov-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO

DAS COMUNIDADES RECIFAIS SUBTIDAIS DE PIRANGI,

RN, BRASIL.

GUIDO DE GREGÓRIO GRIMALDI

NATAL (RN)

ABRIL – 2014

Page 2: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

GUIDO DE GREGÓRIO GRIMALDI

CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO

DAS COMUNIDADES RECIFAIS SUBTIDAIS DE PIRANGI,

RN, BRASIL.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Ecologia do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau

de Mestre em Ecologia.

Orientadora: Dra. Tatiana Silva Leite

Co-orientadora: Dra. Liana de Figueiredo Mendes

NATAL (RN)

ABRIL – 2014

Page 3: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

i

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro

de Biociências

Grimaldi, Guido De Gregório. Caracterização bioecológica e conservação das comunidades recifais subtidais de Pirangi, RN, Brasil / Guido De Gregório Grimaldi. – Natal, RN, 2014. 72 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Tatiana Silva Leite. Coorientadora: Profa. Dra. Liana de Figueiredo Mendes. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ecologia.

1. Ambientes recifais. – Dissertação. 2. Comunidades ecológicas. – Dissertação. 3. Conservação. – Dissertação I. Leite, Tatiana Silva. II. Mendes, Liana de Figueiredo. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU

574

Page 4: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

ii

Agradecimentos

As minhas orientadoras Dra. Tatiana Leite e Dra. Liana Mendes, por todo aperfeiçoamento profissional

que vocês me deram, pela paciência que tiveram comigo, pela boa orientação, pela amizade, pelo

privilégio de ter orientadoras que não só orientam, mas que também participam da coleta de dados. Sou

muito grato por tudo isso.

Ao Programa de Pós Graduação em Ecologia da UFRN, pela excelente oportunidade de me

desenvolver profissionalmente em meio a um incrível quadro de professores e estudantes, e pelo auxílio

financeiro pra congressos e saídas de campo.

A disciplina de Ecologia de Campo, pelo engrandecimento pessoal e profissional que essa disciplina

possibilita. É uma experiência única e incrível!! Estão de parabéns!

A CAPES pela concessão da bolsa de auxílio à pesquisa.

A Fundação Grupo Boticário de apoio à natureza, pelo auxílio financeiro para a realização do projeto

(N° 201210011 - Avaliação do estado de conservação das áreas recifais de Pirangi/RN - ecologia,

manejo e restauração).

Ao programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologias – INCT pelo auxílio finaceiro para a

realização das atividades a campo.

Ao Laboratório de Mergulho Científico da UFRN, em nome de professor Dr. Jorge Lins, pelo

fornecimento dos cilindros e equipamentos de mergulho, além de toda a infraestrutura necessária para a

realização das atividades científicas, com equipamento de mergulho autônomo, em segurança.

Ao Laboratório de Biologia Pesqueira – LABIPE/ UFRN, pela contrapartida na submissão da proposta

do projeto.

Ao Laboratório de Bentos e Cefalópodes – LABECE/ UFRN e Laboratório de Oceano – LOC

/UFRN, pela disponibilização do acervo bibliográfico e infraestrutura de trabalho.

A Fundação Norte-Rio-Grandese de Pesquisa e Cultura, em especial a Andrea Mara, pela gestão

financeira do projeto e pelos importantes ensinamentos de gestão.

Ao IBAMA, em nome de Frederíco Osório, pela disponibilidade de auxiliar nas coletas.

A Ong. Oceânica, pela disponibilização dos equipamentos de campo e do recurso humano.

A Caju Divers, em nome de Paul Bouffins, por todo apoio e força.

Ao pescador “Déo” e seu irmão “Neto” pela perpétua disponibilidade em ajudar.

Ao professor Dr. Jorge Lins, por receosamente possibilitar, e a professora Dra. Tatiana Leite, por

colaborar, com crescimento dos jovens mergulhadores científicos do laboratório, incorporando-os nas

saídas a campo dos projetos de pesquisa.

A Dra. Aline Aguiar, pelos auxílios estatísticos e de campo, pela grande ajuda no Laboratório de

Mergulho Científico, e pela capacitação com a manutenção dos equipamentos de mergulho.

Page 5: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

iii

A “baixinha” Aline Martinez por disponibilizar o livre acesso ao acervo de publicações da Universidade

de Sidney, durante sua estadia de doutorado.

Ao Seu Wellington, por ser o “cara”!! E por sempre estar disposto a ajudar e em tentar solucionar os

problemas, em especial quando o compressor para de funcionar.

Ao Francisco Canindé por toda a parceria e força nas saídas a campo, e pela prontidão em ajudar.

A todos os mergulhadores ‘Trovões’ participaram das atividades de campo: Jaciana, Fran, Mauro, Fred,

Aline, Tatiana, Liana, Serginho,Canindé, Marie, Luisa, Janaína, Tiego, Pedro, Olga, Allyson. E em

especial para o ‘trovão’ Mauro, por me ajudar não só no campo, como também na lavagem dos

equipamentos após as saída e pela carona de volta para casa.

A Alina Pires, por essa parceria de dois longos anos, por todos os momentos desesperantes que

vencemos e por toda a alegria que eles trouxeram. Crescemos muito durante esses dois anos e foi legal

vê-la crescer.

A Emanuelle e Dayanne pela ajuda nas atividades de extensão.

Ao Fernando de Noronha, por me ensinar a trocar o filtro do compressor de ar e doar a sílica e o

carvão ativado para as posteriores trocas. Agora sei como é respirar um bom ar.

A república do Tanquetão, que é uma alegoria da verdadeira família que o Programa de Ecologia

representa.

As incríveis pessoas que tive oportunidade de conhecer graças ao Programa de Ecologia. Levo todos

com muito carinho.

A todas as novas amizades feitas, as velhas amizades mantidas e a todas as amizades que ficam, que de

alguma forma influência na minha formação de caráter e no meu crescimento pessoal, e,

consequentemente, em meu desenvolvimento profissional.

A minha família, em especial as minhas tias Silva e Cristina, e minha irmã Erika, que durante todo esse

tempo ajudaram a minha mãe, onde eu falhei em ajudar.

A minha mãe, pela compreensão e dedicação, mesmo em momentos difíceis.

A Raquel Rodriguez, pela energia incrível que essa menina possui.

A todos agradeço de coração. Muito obrigado!

Page 6: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

iv

“Ás vezes, não se reconhece o verdadeiro valor de um momento, até que se torne apenas uma lembraça.”

Anônimo

“Não acescente dias a sua vida, apenas mais vida aos seus dias.”

Harry Benjamin

Page 7: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

v

LISTA DE FIGURAS

ARTIGO 1

Figura 1: Mapa dos sítios amostrais, litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte . . . . . . . . . . . . 9

Figura 2A: Gráfico boxplot com a abundância relativa da cobertura do substrato. . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Figura 2B: Gráfico boxplot com a abundância dos grupos da megafauna de invertebrados bentônicos. . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Figura 3: Gráfico Biplot da ACP da cobertura do substrato, em scaling 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Figura 4A: Abundância relativa das 29 famílias registradas no estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Figura 4B: Abundância relativa das espécies de peixes por classe de tamanho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

Figura 4C: Densidade das 19 principais espécies de peixes (abundâncias relativas >1%) e respectivos

grupos tróficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Figura 4D: Abundância relativa das espécies de peixes por categoria trófica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Figura 4E: As 19 espécies com maiores valores de biomassa e respectivas categorias tróficas. . . . . . . . 18

Figura 4F: Biomassa total (kg/40m2) por categoria trófica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Figura 5: Gráfico da Análise de Correspondência Canônica para as dez espécies de peixes mais

abundantes (frequência de ocorrência > 10%) e os principais componentes da cobertura

do substrato, megafauna bentônica e profundidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Figura 6: Riqueza de espécies de corais e hidróides pétreos de recifes brasileiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

ARTIGO 2

Figura 1: Localização dos recifes estudados amostrados, litoral oriental do Estado do Rio Grande do

Norte. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

Figura 2: Porcentagem de cobertura do substrato das sete formações recifais estudadas. . . . . . . . . . . . 50

Figura 3: Densidades (ind./40m2) dos grupos da megafauna de invertebrados bentônicos para cada

formação recifal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

Figura 4: Porcentagem referente ao estado de saúde das colônias de corais pétreos para os sete recifes

estudados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Page 8: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

vi

Figura 5: Valores médios de ESAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Figura 6: Regressões lineares entre o estado ecológico do recife e suas características biológicas. . . . . 57

Page 9: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

vii

LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1

Tabela 1: Porcentagem global (±DP) das categorias de cobertura do substrato e a abundância relativa

da comunidade de coral, por classe de tamanho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Tabela 2: Informações amostrais e estimadores de riqueza das espécies de peixes dos sítios amostrados.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Tabela 3: Informações amostrais e quantitativas das comunidades de peixes recifais do nordeste e ilhas

oceânicas brasileiras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

ARTIGO 2

Tabela 1: Pontuação para a avaliação do estado ecológico dos recifes (ESAS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47

Tabela 2: Valores médios dos seis parâmetros avaliados pelo HAS e os respectivos valores de HAS para

cada formação recifal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 49

Tabela 3: Síntese das características dos recifes estudados e espécies indicadoras. . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Page 10: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

viii

LISTA DE MATERIAL SUPLEMENTAR

ARTIGO 1

Suplementar 1: Composição total das espécies de peixes amostradas em sete formações recifais do litoral leste do estado do Rio Grande do Norte. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 35

Page 11: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

ix

CONTEÚDO

RESUMO GERAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

INTRODUÇÃO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

ARTIGO 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

Métodos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10

Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Material Suplementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

ARTIGO 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

Métodos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44

Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50

Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

CONCLUSÃO GERAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67

REFERÊNCIAS GERAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69

Page 12: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

1

RESUMO GERAL

Em diversos recifes coralíneos do Caribe e de regiões do Indo-Pacífico, estudos têm relatado críticas

mudanças na estrutura das comunidades bentônicas decorrente de distúrbios, em sua maioria, de

origem humana. Por essa razão, têm se buscado fazer descrições apuradas de como as diferentes

comunidades recifais encontram-se estruturadas, assim como determinar o estado ecológico dos recifes

antes que mais mudanças ocorram, de modo que se estabeleça uma referência base que sirva de

comparativo para programas de monitoramento. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo

geral contribuir diretamente para a ampliação e geração de conhecimento científico na região de

Pirangi, sobretudo no que diz respeito aos recifes submersos, de modo a estabelecer uma base de dados

(baseline) do atual estado ecológico em que se encontram, servindo como de referência para futuros

estudos ecológicos e buscando auxiliar na definição de locais que necessitem de manejo e conservação,

ao fornecer as informações científicas necessárias para amparar as tomadas de decisões na área

ambiental. Foram estudadas sete formações recifais de 15 à 28m de profundidade, em Pirangi e

proximidades, Rio Grande do Norte/Brasil. O artigo 1 caracterizou ecologicamente a região de estudo

quanto aos principais descritores da comunidade, sua diversidade e os principais grupos funcionais

encontrados. O artigo 2 assinalou as particularidades (estruturais, biológicos e uso antrópico) de cada

recife, comparando quanto ao uso e estado ecológico atual, visando assim subsidiar propostas futuras

de manejo e então, conservação das áreas recifais na região.

Page 13: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

2

INTRODUÇÃO GERAL

Os ambientes recifais são importantes ecossistemas tropicais que correspondem a cerca de 0.2%

da área oceânica mundial (Castro & Huber 2012). São considerados os ecossistemas marinhos mais

diversos do planeta (Paulay 1997, Adey 2000), reconhecidos por sua exuberante riqueza taxonômica de

espécies, diversidade de hábitos de vida, comportamentos e relações ecológicas, e servindo como área

de reprodução, berçário, alimentação e abrigo para diversos organismos (Sale 1991). Estima-se que a

nível mundial, tais ambientes contribuam com 375 bilhões de dólares por ano, em bens e serviços

ecológicos providos por eles (Costanza et al. 1997), tais como os benefícios da atividade pesqueira,

ecoturismo, comércio aquariofilista global e proteção costeira (Barbier 2012), além de serem

importantes fontes de subsistência para inúmeras famílias de países costeiros (Salm et al. 2004).

Contudo sua importância é pautada não apenas na exploração dos recursos pesqueiros e no potencial

turístico, mas também em sua biodiversidade enquanto patrimônio genético e biotecnológico, além de

exercerem uma enorme influência no balanço químico dos oceanos e no ciclo de carbono da natureza

(Sale 1991, Nybakken & Bertness 2005).

Apesar de tamanha importância, tais ecossistemas encontram-se atualmente em severo declínio

em varias regiões do planeta (Pandolfi et al. 2008), principalmente em virtude de distúrbios de natureza

antrópica, em escalas globais e locais, como o aquecimento global, poluição, sobrexplotação pesqueira

(Bellwood et al. 2004), que ocasionam a degradação dos ambientes recifais e culminam na a perda de

habitat, espécies, funcionalidade e resiliências desses ecossistemas (Airoldi et al. 2008, Martins et al.

2012, Sundstrom et al. 2012). Assim, nas últimas décadas vêm aumentando os esforços em se

determinar o atual estado ecológico dos ambientes recifais (Albayrak et al. 2006, Sandin et al. 2008,

Lasagna et al. 2014) e no estabelecimento de programas de monitoramento dessas áreas (Gomes et al.

1994, Wilkinson 2002, Wilkinson et al. 2003, Jokiel et al. 2004). Estes programas obtiveram um relativo

sucesso na conservação da biodiversidade marinha e no gerenciamento pesqueiro, sendo uma poderosa

ferramenta para os gestores ambientais e governos, são as Áreas de Proteção Marinha – APM’s (Jones

et al. 2001, Selig & Bruno 2010)

A preocupação mundial relativa à conservação dos ambientes recifais refletem no Brasil com o

crescente interesse acerca do desenvolvimento de ações e programas direcionados para a conservação

dos ecossistemas recifais (Prates & Ferreira 2006, Carvalho & Kikuchi 2013, Macedo et al. 2013). De

acordo com o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (Brasil 1988), os recifes devem estar entre os

Page 14: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

3

ecossistemas prioritários à conservação e proteção. Mas recentemente, o país se tornou signatário da

Convenção sobre Diversidade Biológica se propondo que, até 2020, 10% da sua área marinha sejam

contempladas por APMs (MMA 2010). Isso representa um grande desafio visto que a área recifal

brasileira se estende por cerca de 3000 km ao longo da plataforma continental (Leão & Dominguez

2000) e que somente 1,6% da Zona Econômica Exclusiva do Brasil encontram-se sobre proteção de

AMPs (MMA 2010). Tendo em vistas a grande faixa costeira do Brasil e as diferentes realidades

regionais, oceanográficas e características físicas, químicas e biológicas que ela abrange, o conhecimento

acerca das formações recifais brasileiras ainda é escasso em várias regiões do país (Moura 2000, Castro

& Pires 2001). Visto que os ecossistemas recifais brasileiros se encontram em situação crítica e sobre

forte impacto antrópico (Dias, 2002), o reconhecimento de áreas prioritárias para a conservação tem se

tornado uma prioridade para políticas públicas e o monitoramento dos ambientes recifais primordial

para se avaliar a qualidade dos ecossistemas recifais brasileiros.

As áreas recifais da região de Pirangi, litoral oriental do Rio Grande do Norte, vêm sofrendo

diversos impactos nos últimos 10 anos devido à atividade de turismo crescente e desordenada, pescarias

predatórias e aumento de moradores veranistas no litoral (Amaral et al. 2006). Segundo o mapa de áreas

prioritárias para conservação, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, os recifes de Pirangi são

classificados quanto a sua prioridade de conservação, com “extremamente alta” (código de área

nacional: MC-760), no qual se recomenda a necessidade de realização de um inventário da

biodiversidade e criação de uma Unidade de Conservação (MMA 2007).

Diante do que foi exposto, o presente trabalho tem como objetivo geral contribuir diretamente

para a ampliação e geração de conhecimento científico na região, sobretudo no que diz respeito aos

recifes submersos de Pirangi, de modo a estabelecer uma base de dados (baseline) do atual estado

ecológico em que se encontram, servindo como um estado de referência para futuros estudos

ecológicos e buscando auxiliar na definição de locais que necessitem de manejo e conservação,

fornecendo informações científicas necessária para amparar as tomadas de decisões na área ambiental.

Page 15: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

4

ARTIGO 1

Page 16: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

5

E se o recife não for de coral? Composição e padrão

das comunidades de recifes de arenito do nordeste

brasileiro

RESUMO

Os recifes brasileiros apresentam características únicas e distintas que os diferenciam dos recifes

coralíneos do Caribe e do Indo-Pacífico. Entretanto, os métodos atualmente utilizados para o

monitoramento destes recifes são derivações de estudos realizados principalmente dos recifes de corais.

Nesse estudo, vamos caracterizar os principais descritores regionais da formação de sete recifes

costeiros do Rio Grande do Norte, sua diversidade e principais grupos funcionais encontrados. Foram

acessadas informações acerca da cobertura do substrato, megafauna de invertebrados bentônicos,

comunidades coralíneas, ictiofauna recifal e parâmetros físico-químicos da água. Foram contabilizados

2001 organismos da megafauna de invertebrados bentônicos e a cobertura do substrato composta

principalmente por algas folhosas, calcárias e algas filamentosas. Os principais grupos de invertebrados

encontrados foram às esponjas, corais pétreos, ascídias e poliquetas. Nas comunidades coralíneas foram

contabilizadas 381 colônias das espécies Siderastrea stellata e Montastrea cavernosa, em sua maioria entre 5-

10cm de diâmetro. Foram contabilizados 8910 peixes, em um total de 79 espécies. Mais de 50% dos

peixes pertencem à Família Haemulidae. Houve um domínio de indivíduos com tamanhos de 11 a 20

cm e, em termos de abundância relativa, um grande registro de espécies invertívoras. Em relação à

biomassa de peixes, obteve um total aproximado de 26030g/40m2 e uma importância dos grupos

trófico dos invertívoros e carnívoros. A ausência de importantes invertebrados herbívoros de grande

porte e a baixa abundância de espécies de peixes herbívoros levanta a possibilidade de que as

comunidades de corais possam estar sendo controladas por um processo de competição espacial com

macroalgas e poríferos. A baixa abundância de corais pétreos demonstra indícios de que o papel

funcional de estruturador e produtor primário exercido comumente pelos corais em recifes do Caribe e

Indo-Pacíficos pode estar sendo realizado por outros organismos bentônicos, em especial macroalgas e

esponjas. Assim, diante da realidade evidenciada neste estudo, o paradigma atualmente aceito do que

constitui um recife “saudável” pode não ser o mesmo quando se trata dos recifes tropicais do nordeste

brasileiro e a métrica utilizada para determinar a saúde recifal (alta cobertura de corais) precisa ser

reavaliada, direcionando estudos para o entendimento do papel das algas e as esponjas na estrutura e

dinâmica desses ecossistemas recifais. A falta de um conhecimento cietífico de outrora para região traz

grande importância no em se estabelecer uma base de referencia para avaliações futuras.

Page 17: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

6

INTRODUÇÃO

Os sistemas recifais estão entre os ecossistemas mais diversos e produtivos do planeta (Connell

1978). Os bens e serviços ecológicos providos por estes ecossistemas são importantes componentes

econômicos, sociais e culturais de muitos países tropicais costeiros (Moberg & Folke 1999).

Atualmente, muitas pesquisas vêm demonstrando que tais sistemas se encontram em declínio em

diversas regiões do planeta, principalmente por problemas relacionados à sobreexplotação pesqueira,

poluição marinha, mudanças climáticas e acidificação dos oceanos (Pandolfi et al. 2003). Logo, vem

surgindo uma necessidade urgente pela elaboração de políticas públicas que visem à proteção e

conservação dos ambientes marinhos (Claudet et al. 2008).

Dentre os sistemas recifais mais estudados encontram-se os recifes coralíneos, em especial os

localizados na região do Caribe e Indo-Pacífico (Paulay 1997). Pesquisas vêm debatendo a capacidade

de resiliência desses sistemas recifais em suportar impactos naturais e/ou antrópicos, a partir do

reconhecimento de organismos chaves que conferem uma maior estabilidade a esses ecossistemas

(Nyström et al. 2000, Hughes et al. 2003) e que os impactos sobre esses organismos podem infuenciar,

por exemplo, no balanço competitivo entre corais e algas dos recifes coralíneos ( Bellwood et al. 2004,

Cheal et al. 2010). Os corais são reconhecidos como importantes estruturadores de ambientes recifais

(Kuffner et al. 2013), sendo responsáveis por conferir abrigos a inúmeras espécies de peixes e

invertebrados (, Leal et al. 2013), além do seu importante papel na produtividade recifal (Silva 2009).

Devido tamanha importância dos corais, a herbivoria tem sido vista como um processo particularmente

importante para a manutenção dos recifes coralíneos, uma vez que ela media a competição entre os

corais e as macroalgas (Mumby 2006, Burkepile & Hay 2008). Assim, os organismos herbívoros, como

peixes e ouriços, são capazes de suprimir o crescimento das algas ou remove-las influenciando nos

padrões sucessionais das comunidades recifais (Edmunds & Carpenter 2001, Bellwood et al. 2006).

Outro componente biológico importante considerado em estudos de recifes coralíneos são os animais

coralívoros, que podem impactar negativamente as colônias de corais, tais como as estrelas-do-mar

(Mendonça et al. 2010), os peixes borboletas (Chaetodontidae, Pratchett 2005, 2007) e os peixe

papagaios (Scaridae, Rotjan & Lewis 2006). Além dos predadores de topo que podem controlar o

crescimento populacional de suas presas, gerando efeitos top-down capazes de reestruturar a comunidade

local ( Heithaus et al. 2012).

Assim, baseando-se nas estimativas de abundância de organismos recifais selecionados pode-se

determinar a origem do impacto antrópico causador do distúrbio, como por exemplo, a partir da

resposta de um indicador biológico específico, ou se definir o estado de saúde do ecossistema recifal

com base na representatividade coletiva dos indicadores biológicos (Hodgson & Liebeler 2002). Por

Page 18: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

7

essa razão, uma descrição apurada de como as diferentes comunidades recifais encontram-se

estruturadas é uma informação crucial para a elaboração de uma base de referência necessária para que

se possa avaliar os efeitos naturais e antropogênicos sobre os sistemas recifais, antes que mais

mudanças ocorram (Sandim et al. 2008).

Atualmente muitas pesquisas têm sido realizadas buscando compreender o padrão de

distribuição das espécies das comunidades recifais brasileiras com o objetivo de fornecer um

conhecimento de base que possibilite um adequado manejo e monitoramento desses recifes (Ferreira et

al. 2004, Floeter et al. 2006, 2007, Luiz Jr et al. 2008, Krajewski & Floeter 2011).

Apesar dos modelos de monitoramento utilizados na maior parte dos estudos no Brasil serem

derivações de métodos realizados em recifes de corais do Caribe e da Grande Barreira de Corais da

Austrália (Ferreira & Maída 2006), os recifes brasileiros apresentam características únicas que os

diferenciam destes recifes coralíneos destas regiões(Maida & Ferreira 1997, Leão & Dominguez 2000),

Em sua maioria, são estruturas não biogênicas recobertas por uma grande abundância de algas e com

uma baixa riqueza e abundância de espécies de corais, levando a formação de um padrão de zonação

diferente dos encontrados nos recifes de corais de outras partes do mundo (Branner 1904, Laborel

1969, Moura 2003).

Além disso, os estudos que abordam os aspectos das comunidades recifais brasileiras são

considerados recentes, não havendo informações qualitativas passadas para que se possa estabelecer um

quadro comparativo entre as comunidades recifais de outrora e atuais (Fernandes 2000). Apesar do

incremento das pesquisas científicas acerca das áreas recifais brasileiras, o conhecimento ainda é escasso

em várias regiões do país, em virtude principalmente da grande faixa costeira brasileira que abriga

diferentes realidades regionais, oceanográficas e características físicas, químicas e biológicas (Wolanski

1994, Castro & Pires 2003). Na região Nordeste do Brasil, os ambientes recifais costeiros estão entre os

ecossistemas mais ameaçados (Leão et al. 2003) e no estado do Rio Grande do Norte, pouco ainda se

sabe sobre esses ambientes. Grande parte do conhecimento científico do estado é proveniente de

estudos nos recifes da costa norte (APA dos Corais), que buscam mapear e descrever suas feições

geomorfologias (Viana et al. 1991, Lima & Amaral 2001; Stattegger et al. 2006, Santos et al. 2007), mas

com pouca ênfase nos aspectos ecológicos acerca das comunidades recifais (Garcia 2009, Souza 2012;

Martinez et al. 2012). Na região de Pirangi, costa oriental do estado do Rio Grande do Norte, recentes

trabalhos vêm buscando aprimorar o conhecimento científico da região, visto que se trata de um local

de grande interesse turístico, submetendo-se a elevadas pressões antrópicas (Azevedo et al. 2012).

Page 19: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

8

Este estudo visa, portanto, caracterizar os principais descritores regionais da formação de

recifes costeiros presentes no litoral leste do Estado do Rio Grande do Norte, sua diversidade e os

principais grupos funcionais encontrados. Levando-se em consideração que os recifes avaliados

manterão o padrão similar de composição dos recifes de outras áreas do Nordeste, a Hipótese 1 deste

estudo é que as formações recifais estudadas deverão apresentar um padrão de composição da

comunidade bentônica já anteriormente descritos para os recifes brasileiros, nos quais haverá uma baixa

riqueza de espécies de corais e alta abundância de algas e esponjas. A Hipótese 2 é de que a ictiocenose

dos recifes de Pirangi será dominada por peixes herbívoros e invertívoros, seguindo o padrão para

baixas latitudes proposto por Ferreira et al. 2004.

Page 20: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

9

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi conduzida em complexo de recifes subtidais costeiros espacialmente espalhados

pela região de Pirangi e proximidades, na costa oriental do Estado do Rio Grande do Norte, região

nordeste do Brasil (Fig. 1). Os sítios de amostragem estão localizados entre 8 a 16 km da costa, em

profundidades que variam de 15 a 28m. A plataforma continental ao longo do litoral oriental do Rio

Grande do Norte é mais larga ao Norte, estreitando-se para o Sul até defronte a capital Natal. A praia

de Pirangi situa-se a aproximadamente 20 km ao sul da capital Natal, de maneira que a plataforma

continental da região de estudo se estende por cerca de 30 km.

O litoral oriental do Estado recebe ao longo de todo ano influência estável e moderadora dos

ventos alísios, provenientes do quadrante SE, que sopram do oceano e auxiliam na manutenção de

temperaturas médias anuais entre 24 e 26 °C, e umidade relativa em torno de 80% (Nimer 1989). O

clima regional é tropical quente e úmido e as taxas médias anuais de precipitação atingem cerca de 1500

mm (Maída & Ferreira 1997). A região apresenta duas estações climáticas ao longo do ano, à estação

seca de Julho a Março e a estação chuvosa de Abril a Junho (Maida & Ferreira, 1997).

Fig.1: Mapa dos sítios amostrais, litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte. Barreirinhas (15.6m - 8.98km); Cabeço do Leandro (16.8m - 8.30km); Mestre Vicente (20.3m - 9.92km); Pedra do Félix (20.9m - 13.76km); Pedra do Lima (25.7m - 13.56km); Pedra do Felipe (25.8m - 16.30km) e Pedra do Velho (28m - 14.83km).

Page 21: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

10

COLETA DE DADOS

As expedições de amostragem ocorreram no período do verão, entre os meses de Janeiro a

Abril e Dezembro de 2013, com a utilização do mergulho autônomo (SCUBA) para coletar de dados.

Em cada sítio foram amostradas informações referentes à porcentagem de cobertura do substrato, a

composição da megafauna de invertebrados bentônicos e da ictiofauna recifal. Os dados foram

acessados através do censo visual em transecções lineares (Munro, 2005) dispostas apenas sobre a

porção consolidada da estrutura recifal. Cada parâmetro da comunidade foi amostrado sobre o mesmo

transecto, mas com dimensões variadas em virtude do tipo de informação amostrada. No total foram

realizadas 26 transecções lineares, de maneira que: Barreirinha (N=6), Cabeço do Leandro (N=6),

Pedra do Felipe (N=3), Pedra do Felix (N=3), Pedra do Velho (N=3), Pedra do Lima (N=3) e Mestre

Vicente (N=2).

Os dados físico-químicos da água foram mensurados por meio de um multiparâmetro (Horiba

U-52). As informações de transparência da coluna d’água foram medidas por estimativa visual vertical

do disco de Secchi, a partir do barco. A visibilidade da coluna da água foi obtida pela máxima distância

horizontal da trena observada pelo mergulhador. A variação da profundidade dos sítios foi registrada

com computador de mergulho e calculada a média para cada sítio amostral. Para minimizar o viés do

coletor, todas as medidas de transparência, visibilidade e profundidade foram feitas por um único

mergulhador. A distância do sítio de amostragem em relação à costa foi mensurada pela mínima

distância horizontal, em imagens de satélite, através Google Earth 7.1 (Google, Inc. Mountain View,

CA, USA). Os dados físico-químicos da água não foram utilizados nas análises multivariadas devido a

pouca variabilidade dos resultados encontrados, utilizado apenas as informações de profundidade e

distância da costa.

A cobertura do substrato recifal foi avaliada pelo método de transecção em pontos – PIT,

adaptado do programa de monitoramento de recifes de corais Reef Check Brasil (Ferreira & Maída

2006). A cobertura do substrato foi contabilizada em transcecções de 20m sobre a qual, a cada 0.20m,

era registrado o tipo de cobertura localizado no ponto justo abaixo do transecto, dentro de nove

categorias: algas folhosas, algas calcárias, algas filamentosas, esponjas, corais pétreos, corais moles, areia,

cascalho e rocha. As informações referentes à megafauna de invertebrados bentônicos sésseis e móveis

foram coletadas em transectos de 20x2m (40m2) através do censo visual dos grupos de invertebrados de

importância ecológica para a saúde recifal, adaptado de Ferreira & Maída (2006). Foram definidos 11

grupos de invertebrados: Ascídias, Caranguejos, Camarão palhaço, Corais (duros e moles), Esponjas,

Estrelas-do-mar, Gastropodes, Lagostas, Ouriços (preto e satélite) Poliquetas e Polvos. Os corais

escleratíneos foram identificados por espécies e contabilizados em abundâncias por classes de tamanho

Page 22: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

11

(<5cm, 6-10cm, 11-20cm, 21-30cm, 31-40cm, 41-50cm e >50cm). As informações de abundância total

do número de colônia de corais por sítios, sem discernir quanto à espécie, foram utilizadas nas análises

de megafauna de invertebrados bentônicos.

A comunidade de peixes recifais foi amostrada em transecções de 30x5m (150m2) através de

censo visual. As abundâncias das espécies foram registradas em seis classes de tamanhos (<5cm, 6-

10cm, 11-20cm, 21-30cm, 31-40cm, >40cm). Adicionalmente, ao término da amostragem espacial

(transecções), foram realizadas buscas ativas de 10 minutos para otimizar o registro do número de

espécies (Hill & Wilkinson 2004). Todas as espécies registradas foram categorizadas em grupos tróficos

de acordo com estudos de comunidades de peixes recifais brasileiras (Carvalho-Filho 1994, Ferreira et

al. 2004, Floeter et al. 2006, 2007, Luiz Jr et al. 2008, Chaves et al. 2010, Júnior et al. 2010, Krajewski &

Floeter 2011), e também pelo banco de dados online Fishbase (Froese & Pauly 2013). A biomassa das

espécies de peixes foi estimada pela transformação comprimento-peso: W = a.Lb, onde a e b são

constantes da equação de crescimento alométrico obtidas do Fishbase para cada espécie de peixe. No

caso de espécies que não continham informações de crescimento, foram utilizadas as constantes de

outra espécie de mesmo gênero. Os comprimentos dos peixes foram calculados como o ponto médio

de cada classe de tamanho, conforme utilizado em Krajewski & Floeter (2011). Para os indivíduos

registrados na classe de tamanho >40cm, foi utilizado o comprimento médio (Fishbase) encontrado

para a espécie da qual o indivíduo representa. Contudo, aquelas espécies que durante o censo

apresentaram indivíduos maiores que 40cm, mas que segundo o Fishbase apresentam um comprimento

médio menor que 40cm, foi estabelecido para o cálculo de biomassa um o comprimento mínimo de

41cm.

ANÁLISE DOS DADOS

As porcentagens das diferentes categorias de substrato e as abundâncias relativas dos grupos de

invertebrados bentônicos foram comparadas através do teste não-paramétrico Kruskal-Wallis (Kruskal

& Wallis 1952), seguido do teste a posteriori de Mann-Whitney, com correção de Bonferroni (Zar 2010).

Para explorar a relação da cobertura do substrato entre os sítios estudados, foi empregada uma análise

de Análise de Componentes Principais (ACP), com a média de cada categoria de substrato

transformada por arcoseno(√x) (Gotelli & Ellison 2011). Somente foram consideradas as categorias de

substrato que apresentaram uma abundância relativa acima de 1%. Correlações de Spearman’s Rho

foram utilizadas para explorar a relação da cobertura do substrato e da abundância das colônias de

corais com a profundidade média dos recifes e com a distância da costa. Para identificar a influência

dos principais descritores ambientais sobre a distribuição das principais espécies de peixes, foi utilizado

uma Análise de Correspondência Canônica (ACC) com os principais componentes da cobertura do

Page 23: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

12

substrato, da megafauna de invertebrados bentônicos e a profundidade. Foram utilizadas as dez

espécies mais abundantes que apresentaram uma frequência de ocorrência acima de 10%. O interesse

principal da análise foi focar na relação entre os descritores, de maneira que os ângulos entre eles

refletissem suas correlações (scaling 2). Foi preferido utilizar na ACC uma média ponderada dos scores

das espécies (Weighted Averages Scores – WA scores), em virtude de sua maior robustez contra erros

randômicos presentes nas variáveis (Oksanen 2013). Adicionalmente também foi realizada uma

extrapolação da riqueza de espécies de peixes observada na área. Para isso foram utilizados os índices

de Chao1, Jacknife1, ACE (Abundance-curve Coverage Estimator) e curvas de rarefação.

As análises de Kruskal-Wallis, ACP, ACC e as demais construções gráficas foram conduzidas

no Software R versão 2.15.2 para Windows (R Core Team 2012), utilizando-se do pacote vegan

(Oksanen 2012). Os testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni e as correlações de

Spearman’s Rho foram rodada pelo Software PAST versão 2.04 para Windows (Hammer et al. 2001).

Os cálculos dos estimadores de riqueza e diversidade foram conduzidos no Software EstimateS versão

9.1.0 para Windows (Colwell 2013), com 999 randomizações sem substituição dos indivíduos. Foi

utilizado um formula para a correção do viés no cálculo para o índice de Chao 1 (Colwell 2013). Foi

realizada uma extrapolação da curva de rarefação (três vezes do total amostras) utilizando métodos

paramétricos publicados em Colwell et al. 2012.

RESULTADOS

VARIÁVEIS AMBIENTAIS

A visibilidade e transparência média durante o período de amostragem foi, respectivamente,

9.57m (± 4.68) e 14.33m (± 3.29). Houve pouca alteração na temperatura da água e tampouco variou

em relação à profundidade dos sitios (média = 28.78 °C; σ = 0.14). Demais parâmetros exibiram

respostas similares (salinidade=33.07 ±0.23 ppm; condutividade=54.21 ±0.38 mS/cm; total de sólidos

dissolvidos=32.51 ±0.23 g/L; gravitação especifica da água=20.85 ±0.14 σt; pH=7.21 ± 0.92; oxigênio

dissolvido=6.80 ±1.99 ml/L; turbidez=0.68 ±0.68 NTU; potencial de oxi-redução=226.57 ±62.80

mV).

CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS SÍTIOS QUANTO À COBERTURA DO SUBSTRATO

De maneira geral, os sítios de amostragem foram caracterizados por um elevado domínio de

algas (72.15±18.65%) e uma baixa cobertura de corais pétreos (0.72±1.08%). Em todos eles, não só as

algas como também as esponjas (13.62±8.43) apresentaram porcentagem de cobertura maior que a dos

corais. As principais categorias encontradas foram às algas folhosas e as algas calcárias (Fig. 2A). O teste

Page 24: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

13

de Kruskal-Wallis demonstrou existir diferença significativa entre as medianas dos grupos de substratos

avaliados (Kruskal-Wallis: H=144.43, df=8, p<0.001). As porcentagens de cobertura das algas folhosas

variaram de 7-65%, enquanto as algas calcárias de 4-49%, algas filamentosas 0-34%, esponjas de 5-35%

e os corais 0-4% (Tabela 1). As algas folhosas recobriram 60 vezes mais de superfície de área do que os

corais e são os organismos dominantes em 65% dos transectos. As principais macroalgas encontradas

foram às algas pardas: Dictyopteris delicatula, D. plagiogramma, D. justii, Dictyota cervicornis, D. ciliolata, D.

meitensii e Lobophora variegata.

Tabela 1: Porcentagem global (±DP) das categorias de cobertura do substrato e a abundância relativa da comunidade de coral, por classe de tamanho. Valores obtidos, respectivamente, pelo método de transecção em pontos (PIT) e por censo visual em transectos de 20x2m (40m2).

Alga folhosa (%) 39.50 ±16%

Alga calcária (%) 23.78 ±15%

Alga filamentosa (%) 8.87 ±9%

Esponjas (%) 13.62±8%

Corais (%) 0.72 ±1%

N° de espécies de corais 2

Abundância de colônias 381

Corais <5cm (%) 23.10±4.07%

Corais 5-10cm (%) 37.80±6.99%

Corais 10-20cm (%) 23.88±4.85%

Corais 20-30cm (%) 5.51±1.27%

Corais de 30-40cm (%) 8.66± 4.40%

Corais 40-50cm (%) 1.05±0.61%

Corais >50cm (%) 0±0%

Os dois primeiros eixos da Análise de Componentes Principais - ACP (Fig. 3) explicam 95% da

variação dos dados multivariados, sendo que o primeiro componente descreve grande parte da variância

encontrada (74%). Tal componente é formado pelas variáveis algas folhosas (AF) e algas calcárias (AC),

que são negativamente correlacionadas, sendo a porção positiva da PC1 descrita pela AF e a porção

negativa do gráfico pela variável AC. No eixo dois (PC2), os principais descritores foram alga

filamentosa (AT) e esponjas (SP), que descrevem, respectivamente, a porção positiva e negativa do

Page 25: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

14

espaço ordenacional. O ângulo perpendicular da variável SP indica existir baixa correlação com as

variáveis do eixo um. Os sítios Pedra do Lima (LIM), Pedra do Félix (FLX) e Mestre Vicente (VIC)

estão positivamente relacionados, perante o eixo 1, com a abundância de algas calcária (AC), enquanto

Pedra do Felipe (FEP) e Cabeço do Leandro (CAB) com uma maior presença de algas folhosas (AF).

No eixo 2 da ACP, a Pedra do Fêlix (FLX) é explicada pela presença de esponjas e Barreirinhas (BAR)

pelo vetor das algas filamentosas (AT). Para a Pedra do Velho (VEL) não foi possível visualizar

nenhum padrão no espaço multidimencional da ACP. A variável cascalho foi negativamente

relacionada com a profundidade (Spearman’s Rho: p=0.03), todas as demais não apresentaram

correlações significativas com a profundidade dos sítios, nem com a distância destes da costa.

Figura 2: A. Gráfico boxplot com a abundância relativa da cobertura do substrato. AC: Algas calcárias; AF: Algas folhosas; AR: Areia; AT: Algas filamentosas; CC: Cascalho; CD: Coral pétreo; CM: Coral mole; RC: Rocha e SP: Esponja. B: Gráfico boxplot com a abundância dos grupos da megafauna de invertebrados bentônicos. ASC - Ascídias; CAM – Camarão palhaço; CAR – Caranguejos; CLD – Corais duros; CLM – Corais moles; ESP – Esponjas; LAG – Lagostas; PLV – Polvos e POL – Poliquetas. As diferentes letras em minúsculo representam grupos distintos (p< 0.05).

Page 26: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

15

Figura 3: Gráfico Biplot da ACP da cobertura do substrato, em scaling 2. Vetores: AC – alga calcária; AF – alga folhosa; AT – alga filamentosa; SP – espojas. Sítios: BAR – Barreirinhas; CAB – Cabeço do Leandro; FEL – Pedra do Felipe; FLX – Pedra do Félix; LIM – Pedra do Lima; VEL – Pedra do Velho; VIC – Mestre Vicente.

CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS SÍTIOS QUANTO À MEGAFAUNA DE

INVERTEBRADOS BENTÔNICOS

Foram contabilizados 2023 organismos pertencentes à megafauna de invertebrados bentônicos,

dos quais, em ordem decrescente de abundância relativa média (±DP), foram representados por:

Esponjas (60.5±41.44 ind.), Corais pétreos (14.08±15.4 5ind.), Ascídias (5.67±6.03 ind.), Lagostas

(1.67±2.66 ind.), Poliquetas (0.96±2.03 ind.), Corais moles (0.21±0.83 ind.), Polvo (0.17±0.48 ind.),

Caranguejos (0.08±0.28 ind.) e Camarão palhaço (0.04±0.20 ind.). Não houve nenhum registro de

espécimes de ouriços e estrela-do-mar durante as atividades de campo. A análise de Kruskal-Wallis

encontrou diferenças significativas (H=131.73, df=8, p<0.001) entre os grupos estudados (Fig. 2B). Os

dois principais grupos de invertebrados foram às esponjas e os corais escleractíneos, sendo o primeiro o

mais dominante (p<0,01) e tendo mais que o triplo da abundância de corais. A densidade das esponjas

variou de 0.54-4.25 ind./m2, com uma média de 1,53 ind./m2 para a região de estudo e com 88.5% de

representação nos transectos realizados.

Page 27: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

16

COMUNIDADES DE CORAIS ESCLERATÍNEOS

Foram registradas 381 colônias de corais escleractíneos, em sua maioria entre 5-10cm de

diâmetro (48.89%). Apenas as espécies Siderastrea stellata (Verril, 1868) e Montastrea cavernosa (Linnaeus,

1766) foram registradas na área de estudo, sendo a primeira espécie dominante (96.59%). A correlação

de Spearman’s mostrou não haver nenhuma correlação significativa da abundância das colônias de

corais com as variáveis de profundidade e distância da costa.

ICTIOFAUNA RECIFAL

Foram contabilizados 8890 peixes, distribuídos em 79 espécies e 29 famílias, com apenas nove

registradas pela busca ativa (Suplementar 1). As estimativas globais de riqueza da região encontram-se

sintetizadas na Tabela 2.

Tabela 2: Informações amostrais e estimadores de riqueza das espécies de peixes dos sítios amostrados.

Área total amostrada 3900m2

Registros 8890 ind.

N° de famílias 31

N° de espécies 70 (+9)

Densidade geral (ind./40m2) 91.18

Média de espécies por transecto 18 (±7.78)

Chao 1 77 (± 6.44)

Jacknife 1 84 (± 3.98)

ACE 85 (± 3.89)

Mais de 50% dos peixes contabilizados pertenceram à Família Haemulidae. Destaca-se também

a elevada abundância de Pomacentridae (Figura 4A). Grande parte dos exemplares registrados (43.79%)

foi classificada na categoria de tamanho de 11 a 20 cm (Gráfico 4B). Dezenove espécies apresentaram

uma abundância relativa maior que 1%, com suas respectivas densidade representada no Gráfico 4C. As

espécies com os maiores valores de densidade foram a Haemulon squamipina, H. aurolineatum, Chromis

multilineata, H. plumierii. Espécies de peixes pertencentes à Família Haemulidae são comedores de

invertebrados bentônicos e tem como hábitos a formação de cardumes, sendo a categoria trófica

invertívora a mais representativa na região de estudo (>70%), ver Figura 4D. Em termo de biomassa, a

espécie Mulloidichthys martinicus foi a que apresentou o maior valor de biomassa (5.24 kg/40m2). As 19

espécies com maiores valores de biomassa encontram-se representadas na Figura 4E. Os invertívoros

permaneceram como a categoria trófica mais representativa na análise de biomassa total, com

15.64kg/40m2, e os carnívoros como o segundo grupo dominante, com 5.49kg/40m2 (Fig. 4F).

Page 28: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

17

Page 29: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

18

Figura 4: A. Abundância relativa das 29 famílias registradas no estudo. Os valores acima da barra representam o número de espécie encontrado por família. B. Abundância relativa das espécies de peixes por classe de tamanho. C. Densidade das 19 principais espécies de peixes (abundâncias relativas >1%) e respectivos grupos tróficos (Haemulon squamipinna, Haemulon aurolineatum, Chromis multilineata, Haemulon plumierii, Mulloidichthys martinicus, Anisotremus virginicus, Haemulon sp., Holocentrus adscensionis, Bodianus rufus, Thalassoma noronhanum, Myripristis jacobus, Pareques acuminatus, Halichoeres poey, Acanthurus chirurgus, Pempheris schomburgkii, Abudefduf saxatilis, Lutjanus alexandrei, Cephalopholis fulva, Sparisoma axillare). D. Abundância relativa das espécies de peixes por categoria trófica. E. As 19 espécies com maiores valores de biomassa e respectivas categorias tróficas (Mulloidichthys martinicus, Ginglymostoma cirratum, Anisotremus virginicus, Holocentrus adscensionis, Myripristis jacobus, Kyphosus sectatrix, Haemulon plumierii, Haemulon squamipinna, Haemulon aurolineatum, Chaetodipterus faber, Carangoides bartholomaei, Lutjanus alexandrei, Pempheris schomburgkii, Chromis multilineata, Cantherhines macrocerus, Mycteroperca bonaci, Holacanthus ciliaris, Dasyatis americana, Ocyurus chrysurus). F. Biomassa total (kg/40m2) por categoria trófica. CAR: Carnívoros; HERB: Herbívoros; INV: Invertívoros; ONIVO: Onívoros; PISC: Piscívoros; PLANC: Planctívoros.

CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA E AMBIENTAL DOS SÍTIOS DE AMOSTRAGEM

O modelo global da análise de componentes principais explica 63% da variação do conjunto de

dados multivariados de peixes, onde o primeiro componente (CCA1) é responsável por 24% e o

segundo (CCA2) por 22% da explicação. Pela análise do gráfico (Fig. 5), nota-se a correlação negativa

entre os descritores alga calcária (AC) e profundidade, de maneira que sítios mais rasos apresentam

maior abundância de algas calcárias. A megafauna de esponjas (Esp) e as algas folhosas (AF) são

negativamente relacionadas à megafauna de coral e cobertura de algas calcária e esponjas. Essa

contradição entre as esponjas decorre do método empregado para a avaliação, pois a análise de

megafauna maximiza a detecção de organismos conspícuos de grande tamanho e de diferentes formas

de crescimento. Organismos esses que não são detectados pelo método de PIT, no geral, apenas

esponjas incrustantes. A abundância de Haemulon aurolineatum mostrou-se relacionada à presença de

algas filamentosas (AT), enquanto o H. squamipinna e H. plumierii à megafauna de esponjas. A

distribuição das demais espécies de peixes foi influenciada pela presença de corais, esponjas e algas

calcárias (comunidade bentônica).

Page 30: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

19

Figura 5: Gráfico da Análise de Correspondência Canônica para as dez espécies de peixes mais abundantes (frequência de ocorrência > 10%) e os principais componentes da cobertura do substrato, megafauna bentônica e profundidade (setas pretas: Algas folhosas – AF, Algas calcárias – AC, Algas filamentosas – AT, Esponjas – SP, Megafauna de corais – Coral, Megafauna de esponjas – Esp e Profundidade – Prof ) e. Espécies: Anisotremus virginicus, Bodianus rufus, Chromis multilineata, Haemulon aurolineatum, Haemulon plumierii, Haemulon squamipinna, Holocentrus adscensionis, Mulloidichthys martinicus, Myripristis jacobus, Thalassoma noronhanum.

DISCUSSÃO

De uma forma geral, os resultados descrevem os recifes submersos de Pirangi e proximidades

como formações recifais recobertas principalmente por algas e esponjas, sendo os corais pétreos

elementos raros nessa composição, tanto em abundância como em número de espécies, fato este que

corrobora a Hipótese 1 do trabalho. Tal característica é de maneira geral compartilhada entre vários

recifes brasileiros, que normalmente apresentam um baixo número de espécies de corais e uma

prevalência de colônias com formas massivas (Costa et al. 2004; Figueiredo et al. 2008; Chaves et al.

2010; Medeiros et al. 2010; Krajewski e Floeter 2011). A Figura 6 traz um quadro comparativo da

riqueza de espécies de corais registradas em outras áreas recifais brasileiras.

Page 31: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

20

Figura 6: Riqueza de espécies de corais e hidróides pétreos de recifes brasileiros. Recifes: FN=Fernando de Noronha/PE (Pires et al. 1992), AT=Atol das Rocas/RN (Echeverría et al. 1997), AS= Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Amaral et al. 2000), BA= Recifes ao sul da Bahia/BA (Chaves et al. 2010), JP=João Pessoa/PB (Medeiros et al. 2010), PG=Porto de Galinhas/ PE (Barradas et al. 2010), TA=Tamandaré/PE (Ferreira & Maída 2006), MG=Maragogi/AL (Ferreira & Maída 2006), MA=Maracajaú/RN (Souza 2012), PR= Parrachos de Pirangi/RN (Azevedo et al. 2011), ML=Parcel do Manuel Luiz/MA (Amaral et al. 2007), AB=Abrolhos/BA (Figueiredo 2000). * - Correia (2011) registrou 13 espécies de corais para toda a costa de Alagoas. ** - O trabalho não descrimina entre corais e hidróides.

Na figura comparativa a região de Pirangi aparece com a menor diversidade de toda costa

brasileira, entretanto, apesar da baixa riqueza de corais registrada para os recifes rasos de Pirangi

(Azevedo et al. 2011) e para os recifes submersos, registrados pelo presente trabalho, sabe-se que na

região ocorrem um total de cinco espécies de corais pétreos: Sidesrastrea stellata, Montastrea cavernosa, Favia

gravida, Mussismilia hartii, Porites astreoides, e uma espécie de hidróide calcário Millepora alcicornis

(observação pessoal), sendo que as 3 últimas foram registradas apenas em áreas rasas (até 5 m). Este

número é bastante baixo quando comparado às recifais brasileiras com maior riqueza de espécies de

corais são o Parcel do Manuel Luiz (12 espécies) e os recifes de Abrolhos (15 espécies) (Fig. 6).

Contudo, quando se compara a fauna de corais brasileira com a dos recifes verdadeiramente de corais

de regiões do Caribe e Indo-Pacífico, percebe-se o notório empobrecimento dos recifes brasileiros. Por

exemplo, a riqueza regional de espécies de corais em recifes do oceano Pacífico, Índico e na província

caribenha, variam, respectivamente, de 19-411, 46-201 e 19-50 espécies (para mais detalhes ver, Karlson

& Cornell 1998), enquanto a província brasileira detém apenas 18 espécies de corais escleractíneos

(Maída & Ferreira 1997).

Page 32: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

21

Não somente em relação à riqueza de espécies, como também as baixas porcentagens de

cobertura de corais encontradas nesse estudo, também já foram relatadas para outros recifes brasileiros.

Em recifes costeiros rasos de João Pessoa/PB, os corais foram responsáveis por 16% da cobertura

recifal (Medeiros et al. 2010). Em Porto de Galinhas/PE foram 7.2% (Barradas et al. 2010), e em

Tamandaré/PE a menor proporção de cobertura (~0.25%) foi obtida para os organismos formadores

de recifes, algas calcárias e corais (Chaves et al. 2013). Contudo, o melhor quadro comparativo pode ser

visualizado em Krajewski & Floeter (2011), que estudando recifes de 12 a 20 metros de profundidade

do Arquipélago de Fernando de Noronha, também encontrou de maneira geral uma baixa cobertura de

corais (0-5%), muito similar às porcentagens encontradas pelo presente estudo (0-4%), em sítios de

amostragem a 15-28m.

De acordo com o primeiro grande monitoramento das áreas recifais brasileiras (Ferreira &

Maída 2006), as regiões com maiores coberturas de corais foram os recifes rasos de Marcajaú/RN (15-

30%) e os recifes de Abrolho/BA (25-35%), sendo este considerado o único recife de coral do

Atlântico sul (Paulay 1997, Castro & Pires 2001). Mas uma vez, quando comparado ao padrão Indo-

Pacífico, Gomez et al. (1994) registraram para 85 recifes da região uma cobertura de corais pétreos que

variou de 20.2-60.4% (média: 34.1%±10.8). Em um panorama mais global para a cobertura de corais

duros da região, Gomez et al. 1991 sumarizou informações de três grande programas de monitoramento

é obteve que 5% dos recifes da região se encontram em excelente estado (75-100%) e mais de 25% em

boas condições (50-74.9%), o restante esta dividido entre razoavelmente (25-49.9%) e pobre (0-24.9%).

Assim, mesmo no atual estresse em que se encontram os recifes do Caribe e do Indo-Pacíficos, o

elevado número de espécies e de coberturas de corais pétreos marcadamente os diferenciam do padrão

encontrado para recifes brasileiros, sendo assim este estudo considera o emprego do termo “recifes de

corais” inadequado para os sistemas recifais avaliados neste estudo.

O alto registro e a elevada abundância do coral pétreo Siderastrea stellata (Verril 1868) também

foi um padrão compartilhado com outras áreas recifais do nordeste brasileiro (Barradas et al. 2010,

Azevedo et al. 2011, Correia 2011, Souza 2012). A espécie S. stellata é um coral escleractíneo

zooxantelado endêmico de águas brasileiras que formam colônias maciças mais ou menos esféricas,

sendo muito comuns em águas costeiras rasas e quentes (< 5m), mas podendo ser encontradas, como

evidenciado nesse estudo, até profundidades de 28m. Entretanto o predomínio de colônias de pequeno

diâmetro em áreas fundas não era o padrão esperado, de acordo com Leão et al. (1997). Além disso, o

principal fator norteador da calcificação das colônias de S. stellata é a temperatura, apresentando um

ótimo de calcificação na faixa de 28-30°C (Silva 2009), temperatura encontrada inclusive no sítio de

amostragem mais profundo (28m) avaliado neste estudo. Assim, o pequeno diâmetro das colônias de S.

Page 33: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

22

stellata encontrado neste estudo, de maneira geral, poderia ser resultado do processo de competição

espacial com algas e esponjas, que se apresentam em maior número e abundância, e possuem histórias

de vida de rápido crescimento, afetando negativamente o desenvolvimento das colônias de corais. Tal

fato já foi constatado no estudo de Venera-Ponton e colaboradores (2011) que demonstraram que a

presença de algas ao redor de corais juvenis reduz o crescimento da colônia. Essa característica recifal,

com uma presença abundante de esponjas e algas com baixa riqueza de corais, em manchas e de

pequenos centímetros, foi similarmente registrada para os recifes da Risca do Zumbi, localizados a 20m

de profundidade e 24 km da costa do estado do Rio Grande do Norte (Feitoza 2001).

Em comparação à baixa cobertura de corais pétreos, o abundante recobrimento por macroalgas

é o padrão mais comumente encontrado para os substratos recifais do nordeste brasileiro (Villaça &

Pitmbo 1997, Figueiredo et al. 2008). Em geral, são as algas folhosas, em especial do grupo das algas

marrons, dos gêneros Sargassum spp., Dictyota spp, Dictyopteris spp. e Padina spp. (Figueiredo 2000,

Barradas et al. 2010, Azevedo et al. 2011, Martinez et al. 2012, Chaves et al. 2013) e as algas turf,

compostas por inúmeras espécies, sendo basicamente algas filamentosas e outras espécimes delicadas

(Figueredo et al. 2008), que dominam as formações recifais brasileiras. Os padrões de cobertura desses

dois componentes recifais são encontrados em diferentes graus de porcentagem para os variados recifes

brasileiros, mas sempre mantêm uma elevada proporção em relação aos corais. Ao sul de Porto

Seguro/BA, as algas turf são frequentemente dominantes (20-40% - Figueiredo et al. 2008), o mesmo

para o Parque Nacional Marinho de Abrolho/BA em que as algas turf dominam 25-80% do substrato e

em outras áreas do parque é dominado (50-90%) por algas marrons (Figueiredo 2000). Esse domínio de

macroalgas na cobertura dos substratos recifais é um fenômeno relativamente comum em recifes

localizados perto de áreas urbanas em diversas regiões do mundo (Wismer et al. 2009), em especial as

algas marrons em recifes rasos (McCook 1997).

Ainda que os sítios de amostragem de Pirangi tenham sido dominados por macroalgas, foi

distinguido três diferentes tipos de padrões dominantes de cobertura recifal, macroalgas, algas calcárias

e esponjas. A respeito desses padrões, pesquisas demonstram que recifes com grande presença de algas

calcárias em sua composição bentônica estão relacionados a formações recifais saudáveis e de baixo

estado de degradação, visto que elas são um importante fator chave na estruturação da composição de

espécies (Bosence 1983, 1984), além de serem importantes para a consolidação da estrutura física dos

recifes (Figueiredo 2000). Já recifes com domínio de algas folhosas e filamentosas são tidos como

componentes negativos para a saúde recifal, uma vez que competem com os corais e algas calcárias por

espaços para colonização, podendo inibir o recrutamento e o crescimento de corais (Birkeland 1977,

Venera-Ponton et al. 2011), e a sobrevivência das algas calcárias (Steneck 1997, Fabricius & De’ath

Page 34: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

23

2001). Contudo, as algas também podem dominar um recife saudável onde todos os processos

ecológicos essenciais permaneçam intactos (Vroom et al. 2006; Vroom & Braun 2010).

Em termo de porcentagem de cobertura, os corais escleractíneos foram inexpressivos,

entretanto quando avaliados sob a óptica da megafauna de invertebrados bentônicos figuraram como o

segundo componente mais abundante, dos sítios estudados. O método de transecção de pontos, em

intervalos de 0.5m ao longo do transecto, é atualmente empregado no programa Reef Check (Hodgson

& Liebeler 2002) de monitoramento de recifes de corais do Indo-Pacífico, Caribe e outras regiões,

também utilizado e adaptado para os recifes brasileiros, Reef Check Brasil (Ferreira & Maída 2006). De

acordo com a metodologia do programa a caracterização de um recife saúdavel é feita baseado na

cobertura de coral duro, utilizando-se percentagens muito altas para recifes com status de “Bom” e

“Excelentes” (Gomez et al. 1994). Assim, diante da realidade dos recifes brasileiros apresentarem baixa

abundância de corais com colônias espacialmente dispersas, o emprego do método de transecção em

pontos pode subestimar a real abundância das espécies de corais encontradas nas formações recifais do

Brasil, sendo a utilização do censo visual em transecções ou cintos o método mais adequado para o

registro das colônias de corais em baixas abundâncias, como realçado no presente estudo e já discutido

por Nadon & Stirling, 2006.

Apesar da grande abundância de corais na análise de megafauna, as esponjas ainda se

apresentaram quatro vezes mais abundantes, ressaltando-as como principal componente da megafauna

de invertebrados bentônicos dos recifes de Piragi e proximidades, fato também já relatado para os

recifes do litoral norte do Estado (Muricy et al. 2008) e para recifes do Caribe (Diaz & Rützler 2001).

Sua importância como componente estrutural e funcional decorre da sua alta diversidade de espécies,

grandes abundâncias de indivíduos e em elevada biomassa que, normalmente, se encontram nos

ecossistemas recifais (Wulff 2001). Sua morfologia confere inúmeros abrigos para uma série de outros

animais, tais como peixes (Rocha et al. 2000, Santavy et al. 2013), ofiúros (Henkel & Pawlik 2005,

Clavico et al. 2006), caranguejos (Bezerra & Coelho 2006), poliquetas e camarões (Diaz & Rützler 2001),

podendo assim sustentar uma abundante e diversa criptofauna de invertebrados (Carrera-Parra &

Vargas-Hernández 1997) que normalmente são desconsiderados ou subestimados pelos métodos de

amostragem. Em relação à fauna bentônica móvel, houve um baixo registro de lagostas nos sítios de

amostragem, mesmo durante as buscas ativas. Tais organismos são bons indicadores do estado de

depredação humana dos recifes uma vez que estes animais são alvos universais da pesca por todo o

mundo (Hodgson & Liebeler 2002).

A não ocorrência de ouriços nos sitos de amostragem pode ser um reflexo do estrato de

profundidade em que os sítios amostrais se encontram. Espécies como a Echinometria lucunter são

Page 35: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

24

comumente avistadas em águas rasas de até 5m (McPherson 1969), enquanto a Diadema antillarum é

conhecida por habitar águas costeiras rasas entre 0 à 400m, mas sendo mais comum em profundidades

menores que 50m (Gondim et al. 2013). A alta abundância de macroalgas encontradas no presente

estudo pode ser um reflexo da baixa abundância de tais organismos pastadores. Ou talvez, essas

espécies não sejam boas indicadoras para recifes situados entre 10-50m de profundidade.

Em relação à ictiofauna, a curva de rarefação extrapolada (3x o número total de amostras) para

estimar a riqueza de espécies de peixes na região resultou em 85 espécies, demonstra que o número de

espécies registradas pelo estudo constitui de uma parcela representativa da ictiofauna da região. Por

medida de comparação, a Tabela 3 trás uma síntese das informações quantitativas de trabalhos

realizados em áreas recifais do Nordeste e ilhas oceânicas brasileiras.

Em termos de riqueza de espécies e de famílias de peixes recifais, a região estudada encontra-se

dentro do padrão para os recifes brasileiros (Feitoza 2001). De maneira geral, as famílias Labridae e

Haemulidae são as mais ricas em espécies e as mais abundantes em recifes do Nordeste brasileiro,

quando comparada aos demais recifes da costa (Floeter et al. 2001). Para esse estudo a Família Labridae

(8 sp) foi à segunda com maior numero de espécies, sendo a de maior número a Pomacentridae (9 sp).

Já a Família Haemulidae se sobressaiu como a mais dominante em termos de número de indivíduos,

com uma abundância relativa de 50.6% (4508 peixes). A família Haemulidae é uma indicadora eficiente

para efeitos de pesca em ambientes recifais (Ferreira et al. 2004), por exemplo a espécie Haemulon

aurolineatum se beneficiam da ausência de predadores e por razão são tão dominantes em recifes

impactados pela pesca (Ferreira & Maída 2006).

Foi encontrado um domínio de peixes da categoria trófica invertívora, conforme esperado para

o padrão de baixas latitudes proposto no trabalho de Ferreira e colaboradores (2004). De maneira geral,

esse é o principal grupo trófico de peixes em recifes tropicais e subtropicais (Ebeling & Hixon 1991,

Wainwright & Bellwood 2002). A classe dos peixes herbívoros, contudo não exibiu o padrão esperado

para baixas latitudes (Ferreira et al. 2004), o que torna a hipótese 2 parcialmente aceita para a região de

estudo. O domínio de invertívoros (61.64%) também foi encontrado para os recifes profundos (17-

25m) da costa da Paraíba (Honório et al. 2010) e em outras regiões do nordeste brasileiro os peixes

herbívoros foram os mais dominantes, ver Tabela 3. Na costa do Rio Grande do Norte, o recife de

Maracajaú também foi dominado por peixes herbívoros (31.57%), mas com os invertívoros como a

segunda classe mais abundante (31.15%). Desta forma, pode-se inferir que o domínio de peixes

invertívoros para a região de estudo é suportado pela alta abundância de esponjas que conferem abrigo

a inúmeras espécies de invertebrados.

Page 36: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

25

Em termos de biomassa, a categoria trófica dos invertívoros também foi preponderante sobre

as demais, contudo o grupo dos carnívoros se apresentou bastante expressivos logrando o segundo

lugar. Os predadores exercem um importante papel nos ecossistemas recifais, pois são capazes de

modificar a estrutura, biomassa e a composição de nutrientes da comunidade de produtores primários

através da remoção direta dos peixes herbívoros ou indiretamente pela indução de mudanças

comportamentais (Preisser et al. 2005, Burkholder et al. 2013). As espécies de maior contribuição para a

elevada biomassa de carnívoros foi tubarão lixa (Ginglymostoma cirratum), que também é comumente

avistado em recifes da Paraíba, mas não é abundante, sendo espécie alvo da pesca artesanal e da caça

sub (Honório et al. 2010). O G. cirratum é um carnívoros bentônicos com dietas direcionadas para

macroinvertebrados e pequenos peixes (Júnior et al. 2010), não sendo o responsável direto pelo controle

populacional dos hemulídeos. Talvez, por essa razão a espécie não foi incorporadas no programa de

monitoramento dos recifes brasileiros como indicadore de saúde recifal (Ferreira & Maída 2006). A alta

abundância de peixes da família Haemulidae pode ser decorrente da baixa abundância de seus

predadores em virtude da pesca na região.

A influência da pesca sobre a ictiofauna da região não só é evidenciada pela baixa abundância de

peixes carnívoros, como também pela baixa proporção de herbívoros, uma vez que os mesmos também

são importantes alvos da pesca (Ferreira & Maída 2006, Cunha et al. 2012, Nunes et al. 2012). O efeito

da pesca se torna bastante evidente quando se compara com a abundância de peixes herbívoros em

áreas recifais protegidas, como o Parcel do Manuel Luiz, Maragogi, Maracajaú, Tamandaré e Fernando

de Noronha (Tabela 3). Uma consequência da baixa abundância de peixes herbívoros é o grande

domínio de algas no substrato recifal, umas vez que estas por serem oportunistas levam vantagens

quando há uma redução na pressão de herbivoria (Vroom et al. 2006). A abundância de algas folhosas

em certos recifes de Pirangi e região deveriam servir de atrativo para espécies de peixes herbívoros,

contudo uma vez que a comunidade fital é dominada principalmente por espécies da ordem

Dictyotales, tal abundância não representa riqueza de recurso alimentar, pois as algas dessa ordem são

em sua maioria consideradas impalatáveis para muitos grupos de animais e geralmente não sendo

consumidas por grandes herbívoros com peixes e ouriço (Littler & Littler 1983, Hay et al. 1987, Steneck

& Dethier 1994). Talvez tais fatos possam justificar o não encontro do padrão latitudinal esperado,

conforme Ferreira et al. (2004).

De acordo com o padrão observado nos recifes de Pirangi e região, pode-se inferir que o baixo

recobrimento de corais pétreos, deixa a cargo de outros organismos o papel funcional de estruturador e

produtor primário exercido comumente pelos corais em recifes do Caribe e Indo-Pacífico. A baixa

pressão de herbivoria, decorrente da pouca abundância de peixes herbívoros e ausência de importantes

Page 37: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

26

invertebrados pastadores, sugere que as comunidades de corais possam estar sendo controladas por um

processo de competição espacial com as macroalgas e esponjas, justificando assim sua baixa

abundância. Por sua vez, a alta abundância de algas e esponjas sustenta as grandes populações de peixes

invertívoros ao fornecer habitat para a criptofauna de invertebrados bentônicos, além das algas

contribuírem para a produção primária recifal e das esponjas acoplarem a produtividade planctônica da

coluna d’água com a produtividade secundária bentônica. A presença de diferentes padrões de

comunidades recifais na região pode ser decorrente da complexidade estrutural intrínseca de cada

formação recifal e/ou dos variados graus de pressão antrópica que cada recife em particular deve estar

sujeitos, uma vez que as características oceanográficas entre os recifes apresentam pouca variação intra-

sazonal.

Assim, diante da realidade evidenciada neste estudo, o paradigma atualmente aceito do que

constitui um recife “saudável” pode não ser o mesmo quando se trata dos recifes tropicais do nordeste

brasileiro e a métrica utilizada para determinar a saúde recifal (alta cobertura de corais) precisa ser

reavaliada na tentativa de se aperfeiçoar as métricas vigentes e buscar novos parâmetros para

monitoramento da saúde recifal com base em descritores presentes nas realidades regionais e locais,

focando em pesquisas que busquem entender o papel das algas e das esponjas na estrutura e dinâmica

dos ecossistemas recifais do nordeste brasileiro.

Page 38: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

27

Tabela 3: Informações amostrais e quantitativas das comunidades de peixes recifais do nordeste e ilhas oceânicas brasileiras. Regiões: MA=Maranhão; RN=Rio Grande do Norte; PB=Paraíba; PE=Pernambuco; AL=Alagoas; BA=Bahia; IO=Ilhas Oceânicas. Recifes: PML=Parcel do Manuel Luiz; MJ=Maracajaú; CA=Cabeço Amarelo; RFP=Recifes Fundos da Paraíba; TAM=Tamandaré; MG=Maragogi; CSB=Costa Sul da Bahia; FN=Fernando de Noronha; TRD=Trindade; RFP=Recifes fundos de Pirangi e região. Método: E=Censo Visual Estacionário; T=Censo Visual em Transecto. FSP: Família com maior número de espécies (n° de espécies). FAB: Família mais abundante (n° de indivíduos). ESA: Espécie mais abundante (abundância relativa/densidade). Espécies: Acanthurus chirurgus; Harengula clupeola; Chromis multilineata; Stegastes fuscus; Thalassoma noronhanum; Halichoeres poeyi; Haemulon squamipinna. CTD: Categoria trófica dominante (abundância relativa/densidade). Referência: a – Rocha & Rosa 2001; b – Feitosa et al. 2002; c – Feitoza 2001; d – Presente estudo; e –

Honório et al. 2010; f – Chaves et al. 2013; g – Silva et al. 2010; h – Chaves et al. 2010; i – Krajewski & Floeter 2011; j – Pinheiro et al. 2011;. ϯ - Áreas recifais protegidas legalmente (Na CSB, apenas um dos recifes amostrados é protegido). α – As famílias Haemulidae e Serranidae também apresentaram 5 espécies. β – Soma dos peixes herbívoros móveis e sésseis.

REGIÕES

MA RN RN RN PB PE AL BA IO IO

Recifes(s) PMLϯ MJϯ CA RFP RFP TAMϯ MGϯ CSBϯ FNϯ TRD

Prof.(m) 12-18 1-2 9-15 15-28 17-25 0.5-2.5 ─ 6-18 0.5-20 7-29

Método E T E T E T T E T T

Área/Tempo 7.5m/ 5’ 90x6m 7.5m/ 5’ 30x5m 5m/ 15’ ?x2m 200m2 2-3m/ 5’ 20x2m 20x2m

Censos 15 32 50 26 120 120 12 150 91 252

N° Ind. 945 17.525 8.097 8.910 99.320 4.567 ─ 1.802 8.195 ─

N° Sp. 49 56 71 71 114 42 31 54 60 76

N° Fam. 20 30 30 31 47 20 13 23 28 ─

Sp/censo ─ ─ 18.04±7.88 ─ 8.00 ─ ─ ─ 11.71±0.34 15.70±0.30

Ind./40m2 ─ ─ 91.38±4.73 ─ ─ ─ ─ ─ 90.65±6.64 98.70±3.00

FSP Labridae

(11)

Scaridae

(5)α

Carangidae

(13)

Pomacentridae

(9)

Labridae

(10) ─

Haemulidae

(6) ─ ─

Labridae

(11)

FAB ─ Calcular Pomacentridae

(3144)

Haemulidae

(4508 – 50.6%) ─ ─

Pomacentridae

(584) ─ ─ ─

ESA A. chirurgus

(19.75%)

H. clupeola

(27%)

C. multilineata

(20.6%)

H. squamipinna

(17.55%)

(16.22 ind./40m2)

─ ─ S. fuscus

(59.82%)

S. fuscus

(8.65 ind./28m2)

T. noronhanum

(17.58 ind./40m2)

H. poeyi

(10.12 ind./40m2)

CTD Herbívoro

(42%)

Herbívoro

(31.57%)

Planctívoro

(41.3%)

Invertívoro

(70.63%)

Invertívoro

(61.64%)

Herbívoroβ

(24 ind./m2)

Herbívoro

(60.26%)

Herbívoro

(43-64.11%)

Planctívoro

(37%)

Planctívoros

(~40 ind./40m2)

Referência a b c d e f g h i j

Page 39: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

28

REFERÊNCIAS

Amaral, F. D.; Hudson, M. M.; Silveira, F. L.; Migotto, A. E.; Pinto, S. M. & Longo, L. (2000). Cnidarians of Saint Peter and

St. Paul Archipelago, Northeast Brazil. Proceedings 9th International Coral Reef Symposium, Bali, Indonesia.

Amaral, F. D.; Hudson, M. M.; Steiner, A. Q. & Ramos, C. A. C. (2007). Corals and calcified hydroids of the Manuel Luiz

Marine State Park (State of Maranhão, Northeast Brazil). Biota Neotropica 7, 73-81.

Azevedo, C. A. A.; Carneiro, M. A. A.; Oliveira, S. R. & Marinho-Soriano, E, (2011). Macroalgae as an indicator of the

environmental health of the Pirangi reefs, Rio Grande do Norte, Brazil. Brazilian Journal of Pharmacognosy 21,

323-328.

Barradas, J. I.; Amaral, F. D.; Hernández, M. I. M.; Flores-Montes, M. J. e Steiner, A. Q. (2010).Spatial distribution of

benthic macroorganisms on reef flats at Porto de Galinhas Beach (northeastern Brazil), with special focus on corals

and calcified hydroids. Biotemas 23, 61-67.

Barreto, A. V.; Zani-Teixeira, M. L.; Ivo, C. T. C.; Katsuragawa, M. (2009). Biometric relationships of the spotted lobster,

Panulirus echinatus, from Tamandaré coastal reefs, Pernambuco State, Brazil. Journal of the Marine Biological

Association of the United Kingdom 89, 1601-1606.

Baskett, M. L.; Micheli, F. & Levin, S. A. (2007). Designing marine reserves for interacting species: insights from theory.

Biological Conservation 137, 163–179.

Bellwood, D. R.; Hughes, T. P.; Folke, C. & Nystrom, M. (2004). Confronting the coral reef crisis. Nature 429, 827-833.

Bellwood, D. R.; Hughes, T. P. & Hoey, A. S. (2006). Sleeping functional group drives coral reef recovery. Current Biology

16, 2434–2439.

Bezerra, L. E. A. & Coelho, P. A. (2006). Crustáceos decápodos associados a esponjas no litoral do Estado do Ceará, Brasil.

Revista Brasileira de Zoologia 23, 699-702.

Birkeland, C. E. (1977). The importance of rate of biomass accumulation in early successional stages of benthic

communities to the survival of coral recruits. Proceedings of the 3th International Coral Reef Symposium 1, 15–

21.

Bosence, D. W. J. (1983). Coralline algal reef frameworks. Journal of the Geological Society 140, 365-376.

________ (1984). Construction and preservation of two coralline algal reefs, St. Croix, Caribbean. Palaeontology 27, 549-

574.

Branner, J. C. (1904).The Stone Reefs of Brazil, their Geological and Geographical Relations, with a Chapter on the Coral

Reefs. Bulletin of the Museum of Comparative Zoology at Harvard College.Geological Series, vol. VII, 275p.

Burkepile, D. E. & Hay, M. E. (2008). Herbivore species richness and feeding complementarity affect community structure

and function on a coral reef. Proc Natl Acad Sci USA 105,16201–16206.

Burkholder, D. A.; Heithaus, M. R.; Fourqurean, J. W.; Wirsing, A. & Dill, L. M. (2013). Patterns of top-down control in a

seagrass ecosystem: could a roving apex predator induce a behaviour-mediated trophic cascade ? Journal of Animal

Ecology 82, 1192-1202.

Carrera-Parra, L. F. & Vargas-Hernández, J. M. (1997). Comunidad críptica de esponjas del arrecifes de Isla de Enmedio,

Veracrux, México. Revista de Biologia Tropical 45, 311-321.

Carvalho-Filho, A. 1994. Peixes Costa Brasileira. São Paulo, Editora Marca D'água, 2ª ed., 304p.

Castro, C. B. & Pires, D. O. (2001). Brazilian coral reefs: what we already know and what is still missing. Bulletin of

Marine Science 69, 357-371.

Page 40: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

29

Chaves, L. C. T.; Nunes, J. A. C. C. & Sampaio, C. L. S. (2010). Shallow reef fish communities of south Bahia coast, Brazil.

Brazilian Journal of Oceanography 58, 33-46.

Chaves, L. T. C.; Pereira, P. H. C. & Feitosa, J. L. L. (2013). Coral reef fish association with macroalgal beds on a tropical

reef system in North-eastern Brazil. Marine and Freshwater Research. http://dx.doi.org/10.1071/MF13054.

Cheal, A. J.; Aaron MacNeil, M.; Cripps, E. Emslie, M. J.; Jonker, M.; Schaffelke, B. Sweatman, H. (2010). Coral-macroalgal

phase shift or reef resilience: links with diversity and functional roles of herbivorous fishes on Great Barrier Reef.

Coral Reef 29, 1005-1015.

Claudet, J.; Osenberg, C. W.; Benedetti-Cecchi, L.; Domenici, P.; Garcia-Charton, J. A.; Perez-Ruzafa, A.; Adalamenti, F.;

Bayle-Sempere, J.; Brito, A.; Bulleri, F.; Culioli, J. M.; Dimech, M.; Falcon, J. M.; Guala, I.; Ilazzo, M.; Sanchez-Meca,

J.; Somerfield, P. J.; Stobart, B.; Vandeperre, F.; Valle, C. & Planes, S. (2008). Marine reserves: size and age do matter.

Ecology Letters 11, 481–489.

Clavico, E. E. G.; Muricy, G.; Gama, B. A. P.; Batista, D.; Ventura, C. R. R. & Pereira, R. C. (2006). Ecological roles of

natural products from the marine sponge Geodia corticostyifera. Marine Biology 148, 479-488.

Colwell, R. K.; Chao, A.; Gotelli, N. J.; Lin, S. Y.; Mao, C. X; Chazdon, R. L. & Longino, J. T. (2012). Models and estimators

linking individual-based and sample-based rarefaction, extrapolation and comparison of assemblages. Journal of Plant

Ecology 5, 3-21.

Colwell, R. K. (2013). EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from sample. Version

9. http:// www.purl.oclc.org/estimates/

Connell, J. H. (1978). Diversity in tropical rain florest and coral reef. Science 199, 1302-1310.

Connell, J. H., Hughes, T. P., Wallace, C. C., Tanner, J. E., Harms, K. E. & Kerr, A. M. (2004). Long-term study of

competition and diversity of corals. Ecological Monographs 74, 179–210.

Correia, M. D. (2011). Scleractinian corals (Cnidaria: Anthozoa) from reef ecosystems on the Alagoas coast, Brazil. Journal

of the Marine Biological Association of the United Kingdom 91, 659-668.

Costa, C. F.; Coutinho, F. S.; Sassi, R. & Lubamdo de Britto, A. C. V. (2004). Microsymbionts of Siderastrea stellata (Cnidaria,

Scleractinia) in coastal reefs of Cabo Branco, State of Paraíba, northeastern Brazil. Tropical Oceanography 32, 171-

179.

Cunha, F. E. A; Carvalho, R. A. A. & Araújo, M. E. (2012). Exportation of reef fish for human consumption: long-term

analysis using data from Rio Grande do Norte, Brazil. Boletim do Instituto de Pesca – São Paulo 38, 369-378.

Diaz, M. C. & Rützler, K. (2001). Sponges: an essential component of Caribbean coral reefs. Bulletin of Marine Science

69, 535–546.

Ebeling, A. W. & Hixon, M. A. (1991) Tropical and temperate reef fishes: comparison of community structure. In: Sale, P.

F. (ed.) The ecology of fishes on coral reefs. Academic Press, San Diego, CA. 509–563pp.

Echeverría, C. A.; Pires, D. O.; Medeiros, M. S. & Castro, C. B. (1997). Cnidaria of the Atoll das Rocas. Proceedings of the

8th International Coral Reef Symposium 1, 443-446.

Edmunds, P. J. & Carpenter, R. C. (2001). Recovery of Diadema antillarum reduces macroalgal cover and increases abundance

of juvenile corals on a Caribbean reef. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of

America 98, 5067–5071.

Fabricius, K. & De’ath, G. (2001). Environmental factors associated with the spatial distribution of crustose coralline algae

on the Great Barrier Reef. Coral Reefs 19, 303–309.

Feitosa, C. V.; Pimenta, D. A. S. & Araújo, M. E. (2002). Ictiofauna recifal do Parrachos de Maracajaú (RN) na área dos

flutuantes: Inventário e estrutura da comunidade. Arquivos de Ciências do Mar 35, 39-50.

Page 41: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

30

Feitoza, B. M. (2001). Composição e estrutura da comunidade de peixes recifais da Risca do Zumbi, Rio Grande do Norte.

Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Paraíba.

156p.

Fernandes, T. (2000). Recifes de corais ameaçados. Impacto da ação humana gera iniciativas de conservação. In: Revista

Ciência Hoje. www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n277.htm

Ferreira, C. E. L.; Floerter, S. R.; Gasparini, J. L.; Ferreira, B. P.; Joyeux, J. C. (2004). Trophic structure patterns of Brazilian

reef fishes: a latitudinal comparison. Journal of Biogeography 31, 1093-1106.

Ferreira, B. P. & Maída, M. (2006). Monitoramento dos Recifes de Coral do Brasil. Série Biodiversidade 18. Brasilia, MMA.

250p.

Figueiredo, M. A. (2000). Recifes de corais ou recifes de algas? Ciência Hoje 28, 74-76.

Figueiredo, M. A. O.; Horta, P. A.; Pedrini, A. G. & Nunes, J. M. C. (2008). Benthic marine algae of the coral reefs of Brazil,

a literature review. Oecologia Brasiliensis 12, 258-269.

Floeter, S. R.; Guimarães, R. Z. P.; Rocha, L. A.; Ferreira, C. E. L.; Rangel, C. A. & Gasparini, J. L. (2001). Geographic

variation in reef-fish assemblages along the Brazilian coast. Global Ecology & Biogeography 10, 423-431.

Floeter, S. R.; Halpern, B. S.; Ferreira, C. E. L. (2006).Effects of fishing and protection on Brazilian reef fishes. Biological

Conservation 128, 391-402.

Floeter, S. R.; Krohling, W.; Gasparini, J. L.; Ferreira, C. E. L.; Zalmon, I. R. (2007). Reef fish community structure on

coastal islands of southeastern Brazil: the influence of exposure and benthic cover. Environmental Biology of

Fishes 78, 147-160.

Froese, R. and Pauly, D. (ed.). (2013). FishBase. World Wide Web electronic publication.www.fishbase.org, version

(08/2013).

Garcia, T. M.; Matthews-Cascon, H. & Franklin-Junior, W. (2009). Millepora alcicornis (CNIDARIA: HYDROZOA) as

substrate for benthic fauna. Brazilian Journal of Oceanography 57, 153-155.

Gomez, E. D. (1991). Coral reef ecosystems and resourse of the Philippines. Canopy Int. 16, 1-12.

Gomez, E. D.; Aliño, P. M.; Yap, H. T. & Licuanan, W. Y. (1994). A Review of the Status of Philippine Reefs. Marine

Pollution Bulletin 29, 62-68.

Gondim, A. I.; Dias, T. L. P. & Christoffersen, M. L. (2013). Diadema ascensionis Mortensen, 1909 (Echinodermata:

Echinoidea) not restricted to Oceanic Islands: evidence from morphological data. Brazilian Journal of Biology 73,

431-435.

Gotelli, N. J. & Ellison, A. M. (2011). A primer of ecological statistics. Sunderland, MA: Sinauer Associates, Inc.

Hammer, O.; Harper, D. A. T. & Ryan, P. D. (2001) PAST: Paleontological Statistics software package for education and

data analysis. Palaeontologia Electronica 41, 1 – 9.

Hay, M. E.; Fenical, W. & Gustafson, K. (1987). Chemical defense against diverse coral-reef herbivores. Ecology 68, 1581-

1591.

Heck Jr, K. L. M. & Valentine, J. F. The primacy of top-down effect in the shallow benthic ecosystems. Estuaries and

Coast 30, 371-381.

Heithaus, M. R.; Wirsing, A. J. & Dill, L. M. (2012) The ecological importance of intact top predator populations: a synthesis

of 15 years of research in a seagrass ecosystem. Marine and Freshwater Research 63, 1039–1050.

Henkel, T. P. & Pawlik, J. R. (2005). Habitat use by sponges-dwelling brittlestars. Marine Biology 146, 301-313.

Page 42: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

31

Hill, J. & Wilkinson, C. (2004). Methods for Ecological Monitoring of Coral Reef. Australian Institute of Marine

Science, Townville, Australia. 117p.

Hodgson, G. & Liebeler, J. (2002). The Global Coral Reef Crisis – Trends and Solutions. Reef Check Foundation. Los

Angeles, LA: Institute of the Environment. 78 p.

Honório, P. P. F.; Ramos, R. T. C. & Feitoza, B. M. (2010). Composition and structure of reef fish communities in Paraíba

State, north-eastern Brazil. Journal of Fish Biology 77, 907-926.

Hughes, T. P.; Baird, A. H.; Bellwood, D. R.; Card, M.; Connolly, S. R.; Folke, C.; Grosberg, R.; Hoegh-Guldberg, O.;

Jackson, J. B.; Kleypas, J.; et al. (2003). Climate change, human impacts and the resilience of coral reefs. Science 301,

929–933.

Johnsson, R.; Neves, E.; Franco, G. M. O. & da Silveira, F. L. (2006). The association of two gall crabs (Brachyura:

Cryptochiridae) with the reef-building coral Siderastrea stellata Verrill, 1868. Hydrobiologia 559, 379–384.

Júnior, J. G.; Mendes, L. F.; Sampaio, C. L. S. & Lins, J. E. 2010. Biodiversidade marinha da Bacia Potiguar –

Ictiofauna. Museu Nacional, Rio de Janeiro.

Karlson, R. H. & Cornell, H. V. (1998). scale-dependent variation in local vs. regional effects on coral species richness.

Ecological Monographs 68, 259-274.

Krajewski, J. P. & Floeter, S. R. (2011). Reef fish community structure of the Fernando de Noronha Archipelago (Equatorial

Western Atlantic): the influence of exposure and benthic composition. Environmental Biology of Fishes 92, 25-40.

Kruskal, W. H. & Wallis, W. A. (1952).Use of ranks in one-criterion analysis of variance. Journal of the American

Statistical Association 47, 583-621

Kuffner, I. B.; Hickey, T. D. & Morrison J. M. (2013). Calcification rates of the massive coral Siderastrea siderea and crustose

coralline algae along the Florida Keys (USA) outer-reef tract. Coral Reef 32, 987–997.

Laborel, J. (1969). Les peuplements de Madréporairesdês cotes tropicales du Brésil. Ann. Univ. D’Abidjan, serie E

(Ecologie) 3, 260p.

Leal, I. C. S.; Pereira, P. H. C. & Araújo, M. E. (2013). Coral reef fish association and behaviour on the fire coral Millepora

spp. in north-east Brazil. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 93, 1703–1711.

Leão. Z. M. A. M.; Kikucho, R. K. P. & Engelberg, E. F. (1997). Internet guide to the corals and hydrocorals of Brazil. Em:

http://www.cpgg.ufba.br/guia-corais/. Acessado: 24.Fev.2014.

Leão, Z. M. A. M. & Dominguez, J. M. L. (2000). Tropical coast of Brazil. Marine Pollution Bulletin 41, 112-122.

Leão, Z. M. A. M.; Kikuchi, R. K. P. & Testa, V. (2003). Corals and coral reefs of Brazil. In: Cortés, J. (ed.). Latin

American Coral Reefs, Elsevier Science B. V., 1-44.

Lima, W. S. G. & Amaral, R. F. (2001). Mapeamento dos recifes de Corais de Maracajaú/RN com o uso de Fotografias

Aéreas de Pequeno Formato. Pesquisas em Geociências 28, 417-425.

Lins-Oliveira, J. E.; Góes, C. A. & Pinheiro, A. P. (2009). Bioecologia de Lagosta no Arquipélago de São Pedro de São

Paulo. In: Mohr, L. V. et al. (org.). Ilhas Oceânicas Brasileiras: da pesquisa ao manejo. volume II. Brasilia, MMA/

Secretária de Biodiversidade e Floresta. 502p.

Littler, M. M. & Littler, D. A. (1983). Evolutionary strategies in a tropical barrier reef system: functional-form groups of

marine macroalgae. Phycologia 19, 229-237.

Luiz Jr, O. J.; Carvalho-Filho, A.; Ferreira, C. E. L.; Floeter, S. R.; Gasparini, J. L. & Sazima, I. (2008). The reef fish

assemblage of the Laje de Santos Marine State Park, Southwestern Atlantic: annotated checklist with comments on

abundance, distribution, trophic structure, symbiotic associations, and conservation. Zootaxa 1807, 1-25.

Page 43: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

32

Maida, M. & Ferreira, B. P. (1997). Coral reefs of Brazil: an overview. Proceedings of the 8th International Coral Reef

Symposium 1, 263-274.

Martinez, A. S.; Mendes, L. F. & Leite, T. S. (2012). Spatial distribution of epibenthic molluscs on a sandstone reef in the

Northeast of Brazil. Brazilian Journal of Biology 72, 1-12.

McCook, L. J. (1997). Effects of herbivory on the zonation of Sargassum spp. Within fringing reefs of the central Great

Barrier. Reef Marine Biology 129, 713-722.

McPherson, B. F. (1969). Studies on the biology of tropical sea urchins, Echinometria lucunter and Echinometria viridis. Bulletin

of Marine Science 19, 194-213.

Medeiros, P. R.; Grempel, R. G.; Souza, A. T.; Ilarri, M. I. & Rosa, R. S. (2010). Non-random reef use by fishes at two

dominant zones in a tropical, algal-dominated coastal reef. Environmental Biology of Fishes 87, 237-246.

Mendonça, V. M.; Jabri, M. M. A.; Ajmi, I. A.; Muharrami, M. A.; Aremi, M. A. & Aghbari, H. A. A. (2010). Persistent and

Expanding Population Outbreaks of the Corallivorous Starfish Acanthaster planci in the Northwestern Indian Ocean:

Are They Really a Consequence of Unsustainable Starfish Predator Removal through Overfishing in Coral Reefs, or a

Response to a Changing Environment? Zoological Studies 49, 108-123.

Moberg, F. & Folke, C. (1999). Ecological goods and services of coral reef ecosystems. Ecological Economics 29, 215–

233.

Monteiro, L. C. & Muricy, G. (2004). Patterns of sponge distribution in Cagarras Archipelago, Rio de Janeiro, Brazil.

Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 84, 681-687.

Mora, C. (2008). A clear human footprint on the Caribbean coral reefs. Proceedings of the Royal Society B 275, 767–773.

Moraes, F. C.; Vilanova, E. P. & Muricy, G. (2003). Distribuição das Esponjas (Porifera) na Reserva Biológica do Atol das

Rocas, Nordeste do Brasil. Arquivos do Museu Nacional 61, 13-22.

Moura, R. L. (2003). Brazilian reefs as priority areas for biodiversity conservation in the Atlantic Ocean. Proceedings 9th

International Coral Reef Symposium 2, 23-27.

Mumby, P.J. (2006). The impact of exploiting grazers (Scaridae) on the dynamics of Caribbean coral reefs. Ecological

Applications 16, 747–769.

Munro, C. 2005. Diving Systems. In: A. Eleftheriou & A. Mclntyre (eds.). Methods for the study of Marine Benthos.3th

edição. Oxford, UK: Blackwell Science, p. 112-159.

Muricy, G. (1989). Sponges as pollution-biomonitors at Arraial do Cabo, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de

Biologia 49, 347-354.

Muricy, G.; Esteves, E. L.; Moraes, F.; Santos, J. P. da Silva, S. M.; Klautau, M. & Lanna, E. (2008). Biodiversidade Marinha

da Bacia Potiguar: Porifera. Museu Nacional, Série Livros 29. 156p.

Nadon, M-O.; Stirling, G. (2006) Field and simulation analyses of visual methods for sampling coral cover. Coral Reefs,,

25:177-185.

Nimer, E. (1989). Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Departamento de

Recursos Naturais e Estudos Ambientais. 422p

Nunes, J. A. C. C.; Medeiros, D. V.; Reis-Filho, J. A.; Sampaio, C. L. S. & Barros, F. (2012). Reef fishes captured by

recreational spearfishing on reefs of Bahia State, northeast Brazil. Biota Neotropica 12, 179-185.

Nybakken, J. W. & Bertness, M. D. (2005). Marine Biology: An Ecological Approach, 6thedição. Benjamin Cummings,

São Francisco, Califórmia.

Page 44: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

33

Nyström, M.; Folke, C. & Moberg, F. (2000). Coral reef disturbance and resilience in a human dominated environment.

Trends Ecol Evol 15, 413–417.

Oksanen, J. (2013). Multivariate Analysis of Ecological Communities In R: Vegan tutorial. 43p.

http://cc.oulu.fi/~jarioksa/opetus/metodi/vegantutor.pdf/

Oksanen, J.; Blanchet, F. G.; Kindt, R.; Legendre, P.; Minchin, P. R.; O'Hara, R. B.; Simpson, G. L.; Solymos, P; Stevens,

M. H. H. & Wagner, H. (2012). vegan: Community Ecology Package. R package version 2.0-5. http://CRAN.R-

project.org/package=vegan

Paddack, M. J., Reynolds, J. D., Aguilar, C., Appeldoorn, R. S., Beets, J., Burkett, E. W., Chittaro, P. M., Clarke, K., Esteves,

R., Fonseca, A. C., Forrester, G. E., Friedlander, A. M., García-Sais, J., Gonz´alez-Sans´on, G., Jordan, L. K. B.,

McClellan, D. B., Miller, M. W., Molloy, P. P., Mumby, P. J., Nagelkerken, I., Nemeth, M., Navas- Camacho, R., Pitt,

J., Polunin, N. V. C., Catalina Reyes-Nivia, M., Robertson, D. R., Rodríguez Ramírez, A., Salas, E., Smith, S. R.,

Spieler, R. E., Steele, M. A., Williams, I. D., Wormald, C., Watkinson, A. R. & Côté, I. M. (2009). Recent region-wide

declines in Caribbean reef fish abundance. Current Biology 19, 590–595.

Pandolfi, J. M. et al. (2003). Global Trajectories of the Long-Term Decline of Coral Reef Ecosystems. Science 301, 955-

958.

Paulay, G. (1997). Diversity and distribution of reef organisms. In Birkeland, C. (ed.). Life and death of coral reefs.

Chapman and Hall, New York. pp. 298-353.

Pinheiro, H. T.; Ferreira, C. E. L.; Joyeux, J. –C.; Santos, R. G. & Horta, P. A. (2011). Reef fish structure and distribution in

a south-western Atlantic Ocean tropical island. Journal of Fish Biology 79, 1984-2006.

Pires, D. O.; Castro, C. B.; Migotto, A. E. & Marques, A. C. (1992). Cnidários bentônicos de Fernando de Noronha, Brasil.

Boletim do Museo Nacional 354, 1-21.

Pratchett, M. S. (2005). Dietary overlap among coral-feeding butterflyfishes (Chaetodontidae) at Lizard Island, northern

Great Barrier Reef. Marine Biology 148, 373-382.

__________. (2007). Dietary selection by coral feeding butterflyfishes (Chaetodontidae) on the Great Barrier Reef,

Australia. Raffles Mus. Bull. Zool. 14, 171-176.

Preisser, E. L.; Bolnick, D. I. & Benard, M. F. (2005) Scared to death? The effects of intimidation and consumption in

predator-prey interactions. Ecology 86, 501–509.

R Core Team (2012) R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical

Computing, Vienna, Austria.ISBN 3-900051-5-07-0.http://www.R-project.org/

Rocha, L. A.; Rosa, I. L. & Feitoza, B. M. (2000). Sponges-dwelling fishes of northeastern of Brazil. Environmental

Biology of Fishes 59, 453-458.

Rocha, L. A. & Rosa, I. L. (2001). Baseline assessment of reef fish assemblages of Parcel Manuel Luiz Marine State Park,

Maranhão, north-east Brazil. Journal of Fish Biology 58, 985-998.

Rotjan R. D. & Lewis, S. M. (2006). Parrotfish abundance and selective corallivory on a Belizean coral reef. J. Exp.

Mar.Biol. Ecol. 335, 296-301.

Sandin, S. A.; Smith, J. E.; DeMartini, E. E.; Dinsdale, E. A.; Donner, S. D.; et al. (2008). Baselines and Degradation of Coral

Reefs in the Northern Line Islands. PloS ONE 3: e1548. doi:10.1371/journal.pone.0001548.

Santavy, D. L.; Courtney, L. A.; Fisher, W. S.; Quarles, R. L. & Jordan, S. J. (2013). Estimating surface area of sponges and

gorgonians as indicators of habitat availability on Caribbean coral reefs. Hydrobiologia 707, 1-16.

Santos, C. L. A.; Vital, H.; Amaro, V. E. & Kikuchi, R. K. P. (2007). Mapeamento dos recifes submersos da costa do Rio

Grande do Norte, NE Brasil: Macau a Maracajaú. Revista Brasileira de Geofísica 25, 27-36.

Page 45: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

34

Silva, A. M. (2009). Calcificação e metabolismo líquido em Siderastrea stellata (verril, 1868), Cnidária, Scleractinia no recife de

Coroa Vermelha, Bahia. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sistemas Aquáticos Tropicais da

Universidade Estadual de Santa Cruz. 65p.

Silva, C. J. F.; Dantas, N. C. F. M.; Amorim, A. F.; Silva-Júnior, A. C. B. & Feitosa, C. V. (2010). Estrutura de peixes recifais

de Maragogi – Alagoas. XIII Simpósio de Biologia Marinha, Santos, Brasil.

Souza, I. M. M. (2012). Monitoramento de corais após severo branqueamento e dinâmica entre espécies. Dissertação de

Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 61p.

Steneck, R. S. & Dethier, M. N. (1994). A functional group approach to the structure of algal-dominated communities.

Oikos 69, 476-498.

Steneck, R. S. (1997) Crustose corallines, other algal functional groups, herbivores and sediments: complex interactions

along reef productivity gradients. Proceedings of the 8th International Coral Reef Symposium 1, 695–700.

Stattegger, K., Caldas, L. H. O. & Vital, H. (2006). Holocene Coastal Evolution of the Northern Rio Grande do Norte

Coast, NE Brazil. Journal of Coastal Research 39, 151-156

Venera-Ponton, D. E.; Diaz-Pulido, G.; McCook, L. J. & Rangel-Campo, A. (2011). Macroalgae reduce growth of juvenile

corals but protect them from parrotfish damage. Marine Ecology Progress Series 421, 109-115.

Viana, M. L.; Solewicz, R.; Cabral, A. P. & Testa, V. (1991). Sandstream on the Northeast Brazilian Shelf. Continental Shelf

Research 2, 509–524.

Villaça, R. C. & Pitombo, F. B. (1997). Benthic communities of shallow-water reefs of Abrolhos, Brazil. Revista Brasileira

de Oceanografia. 45(1/2), 35-43.

Vroom, P. S.; Page, K. N.; Kenyon, J. C. & Brainard, R. E. (2006). Algae-Dominated Reefs. American Scientist 94, 430-

437.

Vroom, P. S. & Braun, C. L. (2010). Benthic composition of a healthy subtropical reef: baseline species-level cover, with an

emphasis on algae, in the Northwestern Hawaiian Islands. PLoS ONE 5 (3): e9733.

doi:10.1371/journal.pone.0009733

Wainwright, P. C. & Bellwood, D. R. (2002) Ecomorphology of feeding in coral reef fishes. In: Sale, P. F. (ed.) Coral reef

fishes: dynamics and diversity in a complex ecosystem. Academic Press, San Diego, CA. 33–55pp.

Wilkinson, C. R. & Evan, E. (1989). Sponge distribution across Davies Reef, Great Barrier Reef, relative to location, depth,

and water movement. Coral Reef 8, 1-7.

Wilkinson, C. R. & Cheshire, A. C. (1990). Comparisons of sponge populations across the Barrier Reefs of Australia and

Belize: evidence for higher productivity in the Caribbean. Marine Ecology Progress Series 67, 285-294.

Wismer, S. Hoey, A. S. & Bellwood, D. R. (2009). Cross-shelf benthic community structure on the Great Barrier Reef:

relationships between macroalgal cover and herbivore biomass. Marine Ecology 376, 45-54.

Wolanski, E. (1994). Physical oceanographic processes of the Great Barrier Reef. CRC' Press, Boca Raton. Florida. 194

p.

Wuff, J. (2001). Assessing and Monitoring Coral Reefs Sponges: Why and How? Bulletin of Marine Science 69, 831-846.

Zar, J. H. (2010). Biostatistical Analysis, 5th edição. Pearson Prentice-Hall, Upper Saddle River, NJ. 944 pp.

Page 46: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

35

Suplementar 1: Composição total das espécies de peixes amostradas em sete formações recifais do litoral leste do estado do Rio Grande do Norte.

Família e espécie Grupo Trófico <5cm 6-10cm 11-20cm 21-30cm 31-40cm >40cm Total Dens. (ind./40m2)

Biomassa (g/40m2)

Bio.

Rank

ACANTHURIDAE Acanthurus bahianus Herbívoro 4 5 3 3 2 1 18 0.18 41.33 30 Acanthurus chirurgus Herbívoro 1 71 47 13 0 0 132 1.35 70.66 24 Acanthurus coeruleus Herbívoro 1 3 0 4 0 0 8 0.08 19.21 42

BLENNIIDAE Ophioblenus trinitatis Onívoro 8 5 0 0 0 0 13 0.13 0.30 68

CARANGIDAE Carangoides bartholomaei Piscívoro 0 0 0 0 0 16 16 0.16 373.34 11 Caranx latus Piscívoro 0 0 11 0 0 0 11 0.11 9.86 48

Selene vômerϯ Carnívoro Busca ativa

CHAETODONTIDAE Chaetodon striatus Invertívoro 0 3 4 0 0 0 7 0.07 5.45 54

CIRRHITIDAE Amblycirrhitus pinos Invertívoro 10 25 0 0 0 0 35 0.36 0.89 60

DASYATIDAE

Dasyatis americana Carnívoro 0 0 0 0 0 5 5 0.05 172.83 18 Dasyatis marianae Carnívoro 0 0 0 0 2 0 2 0.02 34.429 33

ECHENEIDAE

Echeneis naucrates Carnívoro 0 0 0 0 0 1 1 0.01 10.14 47

EPHIPPIDAE Chaetodipterus faber Invertívoro 0 0 32 14 0 10 56 0.57 458.32 10

GINGLYMOSTOMATIDAE Ginglymostoma cirratum Carnívoro 0 0 0 0 0 4 4 0.04 3192.23 2

GOBIIDAE Coryphopterus glaucofraenum Invertívoro 9 10 0 0 0 0 19 0.19 0.56 63

HAEMULIDAE

Anisotremus surinamensis Invertívoro 0 0 20 1 0 0 21 0.22 12.34 45 Anisotremus virginicus Invertívoro 0 0 5 8 230 30 273 2.80 1943.58 3 Haemulon aurolineatum Invertívoro 0 120 1238 0 0 0 1358 13.93 661.22 9

Page 47: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

36

Suplementar 1: Continuação.

Família e espécie Grupo Trófico <5cm 6-10cm 11-20cm 21-30cm 31-40cm >40cm Total Dens. (ind./40m2)

Biomassa (g/40m2)

Bio.

Rank

Haemulon plumierii Invertívoro 22 125 422 425 0 0 994 24.85 1557.21 7 Haemulon squamipina Invertívoro 0 30 1134 416 2 0 1582 39.55 1210.40 8 Haemulon sp. Invertívoro 260 0 0 0 0 0 260 6.50 0.62 62

HOLOCENTRIDAE

Holocentrus adscensionis Invertívoro 0 0 68 43 34 75 220 5.50 1673.78 4 Myripristis jacobus Invertívoro 0 0 73 37 65 0 175 4.37 1652.15 5

KYPHOSIDAE Kyphosus sectatrix Herbívoro 0 0 0 10 0 50 60 0.62 1557.52 6

LABRIDAE

Bodianus rufus Invertívoro 79 78 43 10 1 0 211 2.16 71.18 23

Clepticus brasiliensisϯ Planctívoro Busca ativa

Halichoeres bivittatus Invertívoro 0 7 2 0 0 0 9 0.09 1.44 58 Halichoeres brasiliensis Invertívoro 10 28 32 2 0 0 72 0.74 20.79 40 Halichoeres dimidiatus Invertívoro 10 29 4 0 0 4 47 0.48 39.84 32 Halichoeres penrosei Invertívoro 0 0 1 0 0 0 1 0.01 0.46 66 Halichoeres poeyi Invertívoro 41 78 8 0 0 0 127 1.30 19.33 49 Halichoeres radiatus Invertívoro 3 41 1 2 0 0 47 0.48 8.66 50 Thalassoma noronhanum Invertívoro 91 101 33 0 0 0 225 2.31 19.98 41

LUTJANIDAE

Lutjanus alexandrei Carnívoro 0 0 42 46 17 14 119 1.22 310.03 13

Lutjanus analisϯ Carnívoro Busca ativa

Lutjanus jocu Carnívoro 0 0 10 4 1 0 15 0.15 31.09 35 Ocyurus chrysurus Carnívoro 0 0 2 22 3 0 27 0.28 87.65 20

MONACHANTIDAE Cantherhines macrocerus Invertívoro 0 0 0 11 7 7 25 0.26 187.20 16

Cantherhines pullus Onívoro 0 2 0 0 0 0 2 0.02 0.35 67

MULLIDAE

Mulloidichthys martinicus Invertívoro 0 4 13 1 0 400 418 4.29 5299.27 1

Pseudupeneus maculatus Invertívoro 0 27 13 0 2 2 44 0.45 55.82 27

MURAENIDAE

Gymnothorax miliaris Carnívoro 0 0 0 1 0 0 1 0.01 0.46 65

Page 48: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

37

Gymnothorax funebrisϯ Carnívoro Busca ativa

Suplementar 1: Continuação.

Família e espécie Grupo Trófico <5cm 6-10cm 11-20cm 21-30cm 31-40cm >40cm Total Dens. (ind./40m2)

Biomassa (g/40m2)

Bio.

Rank

OSTRACIIDAE

Acanthostracion quadricornis Onívoro 0 0 2 1 0 0 3 0.03 4.24 55

Acanthostracion polygonius Onívoro 0 0 1 2 0 0 3 0.03 8.14 51

PEMPHERIDAE

Pempheris schomburgkii Planctívoro 0 0 56 60 0 0 116 1.19 216.91 14

POMACANTHIDAE

Pomacanthus paru Onívoro 0 0 4 1 1 2 8 0.08 54.74 28

POMACENTRIDAE

Abudefduf saxatilis Onívoro 0 64 48 0 0 0 112 1.15 61.17 26

Chromis multilineata Planctívoro 178 815 271 0 0 0 1264 12.96 215.78 15

Holacanthus ciliaris Invertívoro 4 6 0 15 9 1 35 0.36 178.16 17

Holacanthus tricolor Invertívoro 1 1 5 3 1 0 11 0.11 25.81 37

Microspathodon chrysurus Herbívoro 0 0 1 1 0 0 2 0.02 6.44 52

Stegastes fuscus Herbívoro 0 6 0 0 0 0 6 0.06 0.89 61

Stegastes leucostictus Herbívoro 0 1 0 0 0 0 1 0.01 0.11 69

Stegastes pictus Herbívoro 43 5 0 0 0 0 48 0.49 2.97 57

Stegastes variabilis Herbívoro 9 11 0 0 0 0 20 0.19 1.25 59

PRIACANTHIDAE

Priacanthus arenatus Carnívoro 0 0 9 0 0 0 9 0.09 5.58 53

SCARIDAE

Scarus zelindae Herbívoro 0 0 0 1 0 2 3 0.03 32.86 34

Sparisoma sp. Herbívoro 2 0 0 0 0 0 2 0.02 0.00 76

Sparisoma amplum Herbívoro 0 3 3 1 0 0 7 0.07 3.38 56

Sparisoma axillare Herbívoro 20 51 10 3 2 3 89 0.91 48.21 29

Sparisoma frondosum Herbívoro 4 18 1 0 0 2 25 0.26 17.87 43

Sparisoma radians Herbívoro 23 25 6 3 1 0 58 0.59 26.65 36

SCIAENIDAE

Odontoscion dentex Carnívoro 0 5 36 31 0 0 72 0.74 71.62 22

Page 49: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

38

Suplementar 1: Continuação.

Família e espécie Grupo Trófico <5cm 6-10cm 11-20cm 21-30cm 31-40cm >40cm Total Dens. (ind./40m2)

Biomassa (g/40m2)

Bio.

Rank

Pareques acuminatus Carnívoro 0 61 111 3 0 0 175 1.79 77.04 21

SCOMBRIDAE Scomberomorus brasiliensis Carnívoro 0 0 0 0 0 3 3 0.03 66.80 25

SCORPAENIDAE

Scorpaena brasiliensisϯ Carnívoro Busca ativa

Scorpaena plumieri Carnívoro 0 0 0 3 1 0 4 0.04 24.03 39

SERRANIDAE

Alphestes afer Invertívoro 0 1 6 10 0 0 17 0.17 24.95 38

Cephalopholis fulva Carnívoro 16 34 60 18 1 0 125 1.28 41.15 31

Epinephelus adscencionis Carnívoro 0 1 1 2 1 0 5 0.05 11.62 46

Mycteroperca bonaci Piscívoro 0 0 0 0 0 2 2 0.03 181.74 19

Paranthias furciferϯ Planctívoro Busca ativa

Rypticus saponaceus Carnívoro 0 0 1 0 0 0 1 0.01 0.51 64

SPARIDAE

Callamus sp. Invertívoro 0 0 0 4 0 0 4 0.04 15.12 44

SPHYRAENIDAE

Sphyraena barracudaϯ Carnívoro Busca ativa

Sphyraena picudillaϯ Carnívoro Busca ativa

TETRAODONTIDAE

Canthigaster figueiredoiϯ Invertívoro Busca ativa

Os nomes em negritos destacam as espécies de maiores abundâncias (acima de 1%). ϯ espécies registradas fora da área de transecção, por busca ativa. As famílias estão dispostas em ordem alfabética.

Page 50: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

39

ARTIGO 2

Page 51: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

40

Comparação ecológica entre recifes de arenito no

nordeste brasileiro, enfocando seu estado de

conservação

RESUMO

Nas últimas décadas os recifes de corais vêm sofrendo severos declínios em várias regiões do planeta. A

degradação recifal pode provocar grandes mudanças na estrutura e dinâmica das comunidades recifais.

Diante disso, têm se aumentado o número de programas de monitoramento por todo o mundo, e no

Brasil esse interesse também tem crescido. Os recifes brasileiros apresentam características peculiares

que os distinguem dos recifes coralíneos, contudo o conhecimento acerca das formações recifais

brasileiras ainda é escasso em várias regiões do país. O presente trabalho tem como objetivo

caracterizar os recifes subtidais de Pirangi quanto aos seus componentes, comparando quanto ao uso e

estado ecológico atual, visando assim subsidiar propostas futuras de manejo e então, conservação das

áreas recifais na região. Foram estudados sete recifes submersos da região de Pirangi, RN, com

profundidade variando de 15 à 28 m. Neles foi coletada informações acerca da cobertura do substrato,

complexidade de habitat, megafauna de invertebrados bentônicos, comunidades coralíneas, ictiofauna

recifal. A respeito do uso dos recifes foram realizados entrevistas direcionadas aos atores atuantes na

região, como a pesca e o mergulho. Foi elaborado um índice (ESAS) para a classificação dos recifes

quanto ao estado de conservação. Os recifes foram caracterizados por grande domínio de esponjas e

não diferiram quanto os estado de saúde das colônias de corais. Eles diferiram quanto à rugosidade do

substrato, complexidade de habitat, cobertura bentônica do substrato, na composição e.biomassa de

peixes e no estado de conservação. Os valores de ESAS correlacionaram positivamente com a riqueza

de peixe e a biomassa de predadores dos recifes. O recife de melhor estado de conservação (maior

ESAS) apresentou os maiores valores de biomassa de peixes e variedade de grupos da megafauna. Os

corais petros apresentaram menor influencia na determinação do estão de conservação dos recifes que

as esponjas. A ictiofauna não sofreu influencia local dos níveis de presença antropica dos recifes (pesca

e mergulho), demostrando que os processos bottow-up da estrutura recifais são mais fortemente

relacionados com a estrutração da comunidade local de cada formação recifal. Entretanto, como

medida de conservação da região propõe-se a elaboração de uma área de proteção marinha que engloba

todas as formações recifais, de maneira a assegurar o atual estado das populações de peixes a partir de

uma regulamentação do uso a área, visto que a proteção dos recifes em escala local não refletiu em uma

resposta favorável a biomassa geral e a diversidade de peixes.

Page 52: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

41

INTRODUÇÃO

O substrato recifal de diversos recifes de corais do mundo está sendo cada vez mais dominados

por algas (Done 1992, Hughes 1994). Muitos estudos vêm discutindo os possíveis mecanismos

responsáveis por essa transição nos ecossistemas recifais (Bellwood et al. 2004). A maioria deles aponta

que tais mudanças são em sua maioria decorrentes de distúrbios globais, como por exemplo, mudanças

climáticas (Hughes et al. 2003) e atividades locais de origem antrópica, como a sobrepesca e a

eutrofização (Jackson et al. 2001, McCulloch et al. 2003), resultando em indicadores, como

branqueamento e doenças de corais. A sobreexplotação pesqueira sobre organismos-chave do

ecossistema também pode ocasionar um efeito top-down na cadeia trófica do recife e provocar

mudanças na composição das comunidades bentônicas recifais (Dulvy et al. 2004, McClanaham et al.

2012). Tais organismos exercem papéis cruciais na dinâmica das comunidades recifais, como é o caso

dos herbívoros, que têm demonstrado serem importantes reguladores das relações entre algas e corais

(Bellwood et al. 2004, Burkholder et al. 2013). Isso porque a herbívora é reconhecidamente um fator

chave na estruturação da comunidade fital dos recifes de corais (Cheal et al. 2010), pois controlam o as

populações de algas e favorecem os corais no processo competitivo por espaço no substrato recifal

(Venera-Ponton et al. 2011). Assim, a abundância de algas é vista como uma potencial ameaça para a

qualidade ecológica de um ambiente recifal coralíneo (Sandim et al. 2008), geralmente associadas a

ecossistemas de baixa diversidade funcional e pouca qualidade dos serviços ecológicos (Bellwood et al.

2004, Martins et al. 2012).

Tal panorama está associado à afirmação de que a maioria dos recifes tropicais rasos é formada

principalmente a partir do carbonato de cálcio secretado pelas espécies de corais (Birkeland 1997).

Assim, uma maior presença dos corais bioconstrutores promoveria não só o aumento de produtividade

proporcionada pelas zooxantelas associadas aos corais, mas também ao aumento na complexidade

estrutural do recife, proporcionando a co-existência de espécies através do particionamento de nicho e

fornecimento de refúgios contra predadores e estressores ambientais, fatores estes que podem

influenciar profundamente na biodiversidade associada e consequente, na riqueza funcional do

ecossistema (Coker et al. 2012, Leal et al. 2013). Uma vez que a cobertura de corais está associada

diretamente a complexidade arquitetônica do recife, e tal complexidade confere importantes serviços

ambientais aos humanos, o declínio da cobertura de corais representaria um declínio na complexidade

estrutural dos recifes desdobrando-se em consequências ecológicas e sócio-econômicas substanciais

(Conservation International 2008, Alvarez-Filip et al. 2009)

Assim, nas últimas décadas vêm aumentando o número de programas de monitoramento em

áreas recifais em diversas regiões do planeta (Gomes et al. 1994,Wilkinson et al. 2003, Jokiel et al. 2004)

Page 53: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

42

para se averiguar o atual estado ecológico em que se encontram. Uma vez constatado o estado de

“saúde” recifal, os gestores dispõem de algumas ferramentas para o manejo das áreas. Entre elas

destacam-se Áreas de Proteção Marinhas (APM) as quais têm sido benéficas na restauração de

populações de peixes e invertebrados sobrepescados, por meio de normas que limitam a pesca e outras

atividades extrativistas (Jones et al. 2001, Selig & Bruno 2010). As APMs podem beneficiar

indiretamente os corais ao restaurar a cadeia trófica do recife, conferindo uma maior estabilidade ao

ecossistema a distúrbios e diretamente, ao prevenir praticas de pescas destrutivas, dano por ancoragem

e poluição (Selig & Bruno 2010).

A preocupação mundial voltada a estes ambientes reflete-se no Brasil com o crescente interesse

acerca do desenvolvimento de ações e programas direcionados à conservação dos ecossistemas recifais

(Prates & Ferreira 2006, Carvalho & Kikuchi 2013, Macedo et al. 2013). Em 2010, o país se tornou

signatário da Convenção sobre Diversidade Biológica propondo até 2020, 10% da sua área marinha seja

contemplada com a criação de APMs (MMA 2010). Isso representa um grande desafio nacional

considerando que somente 1,6% da Zona Econômica Exclusiva do Brasil encontram-se incluída em

AMPs (MMA 2010).

A área recifal brasileira se estende em formações descontinuas por cerca 3000 km ao longo da

plataforma continental, do nordeste até o sudeste baiano (Leão & Dominguez 2000). Tendo em vista a

grande faixa costeira do Brasil e as diferentes realidades regionais com características físicas, químicas e

biológicas distintas, o conhecimento acerca das formações recifais brasileiras ainda é escasso em várias

regiões do país (Moura 2000, Castro & Pires 2001). Muitos fatores têm contribuído para a degradação

dos ambientes recifais no Brazil, como excesso de sedimento proveniente do continente em virtude do

elevado grau de desmatamento costeiro, adensamento populacional em zonas costeiras e turismo

descontrolado (Moura 2000). Assim o reconhecimento de áreas prioritárias para a conservação tem se

tornado uma prioridade para políticas públicas e o monitoramento dos ambientes recifais primordial

para avaliações consistentes a cerca da qualidade dos ecossistemas recifais (Moura 2000). Contudo os

sistemas recifais brasileiros apresentam características únicas que os diferenciam dos recifes coralíneos

típicos de regiões do Caribe e do Indo-Pacífico (Maida & Ferreira 1997; Leão & Dominguez 2000,

Grimaldi et al., em preparação). Parte desses recifes é composta por uma estrutura de base geológica

(sedimentar) sobre a qual se encontra grande abundância de algas e esponjas, e baixa riqueza e

abundância de corais, com predomínio para formas massivas (Branner 1904; Laborel 1969; Moura

2003; Grimaldi et al., em preparação).

É possível que outros grupos de organismos possam estar exercendo o papel funcional de

estruturador e produtor, nos recifes brasileiros (Grimaldi et al., em preparação). Desta forma, o presente

Page 54: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

43

trabalho tem como objetivo caracterizar os recifes subtidais de Pirangi quanto aos seus componentes

(estruturais, biológicos e uso antrópico), comparando quanto ao uso e estado ecológico atual, visando

assim subsidiar propostas futuras de manejo e então, conservação das áreas recifais na região. Espera-se

que a classificação gerada com base nos descritores seja retratada na biodiversidade de bentos e peixes

associados, de forma que os recifes classificados com melhor estado ecológico, apresentem uma maior

diversidade e biomassa de peixes, em especial piscívoros e carnívoros, além de uma maior riqueza de

grupos bentônicos. Em função da baixa porcentagem de cobertura coralínea nos recifes em questão

(Grimaldi et al., em preparação), espera-se que outros descritores relacionados a estrutura dos recifes

tenham maior peso no aumento da qualidade ecológica do recife, uma vez que estes teriam uma função

ecológica de promover o aumento e variabilidade de habitat, função análoga à dos corais em recifes

coralíneos.

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

Este estudo foi realizado em sete formações recifais submersas da costa leste do Estado do Rio

Grande do Norte, nordeste brasileiro (Fig.1). A região apresenta diversas manchas recifais de base

areníticas espalhadas e ainda desconhecidas pela ciência. Os sete recifes estudados variam quanto ao

extrato de profundidade em que se encontram e a distância em relação à costa, sendo eles: Barreirinhas

(15.6m - 8.98km), Cabeço do Leandro (16.8m - 8.30km), Mestre Vicente (20.3m - 9.92km), Pedra do

Félix (20.9m - 13.76km), Pedra do Lima (25.7m - 13.56km), Pedra do Felipe (25.8m - 16.30km) e Pedra

do Velho (28m - 14.83km). A visibilidade média durante a época de seca (Julho – Março) é cerca de 9.5

m e a transparência por volta de 14m (Grimaldi et al., em preparação). A temperatura da água dos

recifes não apresenta variações significativas ao longo da estação, tampouco variam com as diferentes

profundidades, e permanecem em média a 28°C (Grimaldi et al., em preparação). As características

oceanográficas entre os recifes apresentam pouca variação intra-sazonal, sendo os parâmetros físico-

químicos da água praticamente constantes durante a estação (Grimaldi et al., em preparação).

Page 55: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

44

Fig.2: Mapa com a localização espacial dos recifes estudados, litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil.

COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi efetuada diretamente em cada formação recifal a partir de expedições de

mergulho com equipamento autônomo (SCUBA). A amostragem foi realizada entre os meses de

Janeiro a Abril e Dezembro de 2013, sendo restrita a época de melhores condições oceanográficas para

a realização da atividade. Ao total foram realizadas 26 transecções lineares, distribuídas da seguinte

forma: Barreirinhas (n=6), Cabeço do Leandro (n=6), Pedra do Felipe (n=3), Pedra do Felix (n=3),

Pedra do Velho (n=3), Pedra do Lima (n=3) e Mestre Vicente (n=2). Cada amostra foi distribuída

aleatoriamente sobre a porção consolidada de cada recife, mas com dimensões que variaram em virtude

do parâmetro amostrado (ver mais abaixo). Para cada recife foram obtidos dados referentes à

porcentagem de cobertura do substrato, composição da megafauna de invertebrados bentônicos,

ictiofauna recifal, complexidade estutural dos recifes e comunidade de corais pétreos. Além disso,

também foi feita a descrição do uso dos recifes por meio de entrevistas com pescadores locais e dos

responsáveis da empresa de mergulho atuante na região.

Complexidade de Habitat dos Recifes

A complexidade de habitat de cada recife foi descrita utilizando-se o método de Habitat

Assessment Score - HAS, adaptado de Gratwicke & Speight (2005). O método utiliza-se de seis

parâmetros (rugosidade, variedades de forma de crescimento, números de refúgios por classes de

tamanho, altura, porcentagem de cobertura viva e substrato duro) estimados de maneira visual, onde

Page 56: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

45

cada item recebe uma pontuação e os habitats mais complexos apresentam maiores valores na escala de

pontuação. Todos os parâmetros foram obtidos em quadrantes de 1m2, intercalados e igualmente

espaçados em cinco pontos da trena (20m). Também foram realizadas medidas de rugosidade com uma

corrente de aço de um metro de comprimento na área do quadrante do HAS. O índice de rugosidade

foi obtido através da razão entre o comprimento da irregularidade do substrato e o comprimento da

corrente estendida. O valor do índice varia de 0 a 1, e valores próximos a 1 são obtidos em ambientes

de baixa rugosidade.

Cobertura do Substrato

Avaliada através do método de transecção em pontos – PIT, adaptado do programa de

monitoramento de recifes de corais Reef Check Brasil (Ferreira & Maída 2006). A partir do censo visual

de nove categorias de substrato pré-definidas (algas folhosas, algas calcárias, algas filamentosas,

esponjas, corais pétreos, corais moles, areia, cascalho e rocha), foi registrado, pontualmente a cada

0.20m, o tipo de substrato ao longo do transecto de 20 m.

Megafauna de Invertebrados Bentônicos

Os grupos da megafauna de invertebrados bentônicos foram contabilizados por censo visual em

transecções de 20x2m (40m2). Foram selecionados 11 grupos de invertebrados ecologicamente

importantes para a saúde recifal e de importância econômica (Ferreira e Maída 2006), sendo eles:

Ascídias, Caranguejos, Camarão palhaço, Corais (duros e moles), Esponjas, Estrelas-do-mar,

Gastropodes, Lagostas, Ouriços (preto e satélite) Poliquetas e Polvos.

Comunidade de Corais Pétreos e Estado de Saúde

Durante o censo da megafauna foi contabilizada a abundância e a riqueza de colônias de corais

pétreos, em classes de tamanho (<5cm, 6-10cm, 11-20cm, 21-30cm, 31-40cm, 41-50cm e >50cm), além

da determinação do estado de saúde de cada colônia (Saudável, Branqueada, Doente e Morta). As

informações de abundância total do número de colônia por recifes, sem discernimento quanto à

espécie, foram utilizadas nas análises de megafauna de invertebrados bentônicos, uma vez que mais de

95% pertence a uma única espécie (Grimaldi et al., em preparação).

Comunidade de peixes recifais

O censo de peixes foi realizado em transecções de 30x5m (150m2) contabilizando o número de

indivíduos por espécies. Os indivíduos foram contabilizados em seis classes de tamanhos (<5cm; 6-

10cm; 11-20cm; 21-30cm; 31-40cm; >40cm). Adicionalmente, ao termino dos censos visuais, foram

realizados censos por busca ativa, em sessões de 10 minutos, visando otimizar a coleta de dados a cerca

Page 57: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

46

da riqueza espécies de peixes nos recifes. As espécies registradas foram agrupadas em grupos tróficos

seguindo estudos previamente realizados em comunidades de peixes brasileiras (Carvalho-Filho 1999;

Ferreira et al. 2004; Floeter et al. 2006, 2007; Luiz Jr et al. 2008; Chaves et al. 2010; Júnior et al. 2010;

Krajewski & Floeter 2011) e informações complementares quanto ao hábito alimentar, pelo banco de

dados online Fishbase (Froese & Pauly 2013). A biomassa de peixes foi estimada pela transformação

comprimento-peso: W = a.Lb, onde a e b são constantes da equação de crescimento alométrico obtidas

do Fishbase para cada espécie de peixe. Os comprimentos dos peixes foram calculados como o ponto

médio para cada classe de tamanho, conforme utilizado em Krajewski & Floeter (2011). Para indivíduos

registrados na classe de tamanho >40 cm, foi utilizado o comprimento médio da espécie de acordo

com o Fishbase. Contudo, as espécies que, de acordo com o Fishbase, apresentam o comprimento

médio da espécie menor que 40 cm, se estabeleceu o comprimento de 41 cm para o cálculo de

biomassa.

Uso Antrópico dos Recifes

O registro da atividade pesqueira foi baseado no método de Conhecimento Ecológico Local

(BERKES et al. 2006). Este método é aplicado junto à comunidade pesqueira em seus principais pontos

de concentração. Foram realizadas entrevistas e conversas semi-estruturadas com os pescadores em

seus pontos de desembarque mais comuns e também com atravessadores e donos de peixarias. Os

questionários foram aplicados aos pescadores em diversos momentos. Já a atividade de mergulho foi

registrada diretamente com o responsável da operadora, a partir do caderno de registro dos mergulhos.

Determinação do Estado Ecológico

Com base nos dados obtidos acerca da estrutura (HAS e Rugosidade), biologia (porcentagem de

colônias de corais pétreos saudáveis e abundância relativa acumulada da megafauna de corais pétreos e

esponjas) e uso antrópico (número de atividades presentes) das formações recifais, buscou-se classificá-

los quanto ao atual estado ecológico de conservação. Para isso, elaborou-se um simples método de

avaliação, denominado aqui de E.S.A.S. (Ecological Status Assessment Score). Cada um dos cinco atributos

utilizados recebeu uma pontuação que varia de 1 a 5, de acordo com o valor obtido do atributo

mensurado (Tabela 1). Para cada atributo, a pontuação 5 corresponde ao melhor cenário possível. O

estado ecológico é então determinado pela média aritmética das pontuações logradas por cada recife,

em cada um dos atributos, de maneira que os resultados mais próximos a 1 correspondem aos recifes

em pior estado ecológico e os próximos a 5, aqueles em melhores condições de conservação.

Page 58: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

47

Tabela 1: Pontuação para a avaliação do estado ecológico dos recifes (E.S.A.S). a: Pesca de linha; b: Caça subaquática;

c: Mergulho autônomo; d: Nenhuma atividade antrópica.

E.S.A.S.

1 2 3 4 5

Índice de Rugosidade 1 – 0.80 0.79 – 0.60 0.59 – 0.40 0.39 – 0.20 0.19 – 0

HAS 1 – 1.81 1.82 – 2.63 2.64 – 3.45 3.46 – 4.27 4.28 – 5

Corais saudáveis (%) 0 – 19 20 – 39 40 – 59 60 – 79 80 – 100

Megafauna formadora de habitat (%SP+%CD)

0 – 19 20 – 39 40 – 59 60 – 79 80 – 100

Presença Antrópica a, b & c a & b a & c ou b &c a ou b c ou d

A escolha do Habitat Assessment Score (Gratwicke & Speight 2005) como um dos fatores

incorporados no ESAS se deu em virtude deste método agrupar os principais parâmetros da

complexidade de um habitat (não específico), em uma metodologia de rápida aplicação, fundamental

para a avaliação de áreas recifais mais profundas e com limitação do tempo de fundo. O emprego do

índice de rugosidade como medida complementar ao HAS deve-se ao simples fato de a rugosidade ser

avaliada pelo HAS de maneira comparativa com ilustrações e não por categorias de medidas.

O impacto antrópico foi incorporado ao ESAS apenas pelo número de atividades humanas

presentes em cada recife, atribuindo diferentes pesos as mesmas, em função do seu impacto ao

ambiente. A pesca, por ser uma atividade extrativista de impacto direto sobre a comunidade recifal

(Cooke & Cowx 2004; Dulvy et al. 2004) foi considerada negativamente com maior peso do que a

presença de atividade de mergulho autônomo. As modalidades de pesca (pesca de linha e caça-

subaquática) foram consideradas equiparavelmente iguais em termo de impacto, conforme estudos

mostram (Frisch et al. 2008).

A incorporação das esponjas como componente da megafauna fomentadora de habitat, foi

considerada, pois o grupo constitui um dos principais componentes estruturais dos recifes da região por

estarem presentes em elevadas abundâncias (Grimaldi et al., em preparação) e por serem

reconhecidamente importantes na formação de habitats e no aumento da complexidade recifal em

outras regiões (Diaz & Rutzler 2001, Wulff 2001).

Page 59: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

48

ANÁLISE DOS DADOS

Para testar se existem diferenças significativas entre os valores de complexidade do habitat

(HAS) e do Índice de Rugosidade registrado por cada formação recifal, foi empregado uma Análise de

Variância unifatorial (ANOVA one-way) com os valores médios por transecto. A cobertura bentônica do

substrato entre cada recife foi comparada por um Procedimento de Permutação Multi-Resposta

(MRPP), utilizando-se da distância de Bray-Curtis e 999 permutações (McCune & Grace 2002). Para

realização da análise, as porcentagens de cobertura foram previamente convertidas em proporções e

transformadas por arcoseno (Gotelli & Ellison 2011). O MRPP é um procedimento não-paramétrico

muito similar ao ANOSIM (Análise de Similaridade), contudo é mais recomendado quando há mais de

dois grupos de entidades para os quais se deseja testar se há diferença (Oksanen et al. 2012). O teste

calcula a média das distâncias dentro dos grupos (δ) do padrão observado e então utiliza procedimentos

de permutação para decidir se essa distância é significativamente maior do que o esperado pelo acaso

(Sarker et al. 2014). Ele fornece uma estatística de concordância “A” que descreve a homogeneidade

dentro do grupo, o comparando ao esperado pelas aleatorizações (McCune & Grace 2002). As médias

das abundâncias dos grupos de invertebrados bentônicos de megafauna foram comparadas por uma

ANOVA unifatorial, com os dados transformados por log(x+1) (Gotelli & Ellison 2011). Também foi

empregado uma Análise de Variância das médias dos estados de saúde das colônias de corais pétreos

por área recifal, com dados normalizados.

Para cada recife foram obtidos índices ecológicos de Riqueza de espécies (S), Diversidade de

Shannon-Wiener (H’), Diversidade de Simpson (D) e Equitabilidade de Pielou (J). Para se averiguar

diferenças significativas entre a ictiofauna dos diferentes recifes, foi empregada uma MRPP, utilizando

uma matriz de distância de Bray-Curtis, com 999 procedimentos de permutações, com a matriz de

abundância não normalizada. A análise não-paramêtrica de Kruskal-Wallis foi empregada para

diferenciar os valores de biomassa de peixes entre os recifes (Kruskal & Wallis 1952), com os valores de

abundância transformados por log(x+1) e não normalizados (Gotelli & Ellison 2011).

Para testar a hipótese 2 do trabalho, a megafauna fomentadora de habitat foi avaliada

isoladamente para as colônias de corais pétreos e para as esponjas, e os valores de ESAS obtidos foram

testados por uma análise de Kruskal-Wallis. A influência dos valores de corais e esponjas foi testada

sobre o valor global de ESAS dos recifes, para saber se as diferenças por eles causadas são significativas

(ANOVA).

As análises de variância (ANOVA) e a análise de Kruskal-Wallis foram rodadas pelo Software

PAST versão 2.04 para Windows (Hammer et al. 2001). Todas as demais análises multivariadas, índices

ecológicos, e as construções gráficas conduzidas no Software R versão 2.15.2 para Windows (R Core

Page 60: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

49

Team 2012). Os índices ecológicos e o MRPP foram calculados a partir do pacote vegan (Oksanen

2012),

RESULTADOS

COMPLEXIDADE ESTRUTURAL DOS RECIFES

De maneira geral, os valores de HAS apresentados pelos recifes estudados oscilaram entorno de

3.42 (±0.45) pontos, sendo a menor média alcançada no recife Pedra do Félix (2.93±0.44) e a maior em

Pedra do Felipe (3.96±0.21). De todas as 13 variedades de forma de crescimento avaliadas pelo método

HAS (peducular, massiva, lobosa, filamentosa, em fita, ramificada, cilíndrica, tubo, leque, placa,

incrustante e outras), apenas o crescimento em forma de “Placa” não foi registrado em nenhum dos

recifes de estudo. As formas de crescimento com maiores frequências de ocorrência nos quadrados de

amostragem foram: Incrustante e Ramificada (ambas com 97.8%), em forma de Fita (75.6%),

Filamentosa e Massiva (ambas com 67.4%). Mestre Vicente foi o recife que apresentou o maior registro

de variedades de formas de crescimento, sendo encontrado sete tipos dentro de 1m2. Os índices de

rugosidade do substrato recifal apresentaram diferenças significativas (F=3.409, df=6, p<0.05) entre as

áreas de estudo. O substrato de maior rugosidade média foi registrado na Pedra do Felipe (0.44), já os

recifes Pedra do Velho (0.19) e Pedra do Fêlix (0.18) foram às formações recifais que apresentaram o

platô menos rugoso. A Tabela 2 traz informações para cada recife, correspondente aos valores médios

obtidos em cada um dos seis parâmetros avaliados, juntamente com os valores de HAS. O resultado da

ANOVA exibiu diferenças entre a complexidade de habitat dos recifes (F=2.83, df=6, p<0.05).

Tabela 2: Valores médios dos seis parâmetros avaliados pelo HAS e os respectivos valores de HAS para cada formação recifal. Parâmetros: RUG=Rugosidade, ALT=Altura, REF=Refúgios por classe de tamanho, CobV=Cobertura Viva, SubD=Substrato Duro, FormC=Variedades de formas de crescimento. Recifes: BAR=Barreirinhas, C.LEA=Cabeço do Leandro, FEP=Pedra do Felipe, VEL=Pedra do Velho, FLX=Pedra do Félix, LIMA=Pedra do Lima, M.VIC=Mestre Vicente. Números em negrito representam os maiores valores encontrados. (±SD).

Recifes RUG ALT REF CobV SubD FormC HAS

BAR 3.40 (±0.47) 3.27 (±0.95) 3.23 (±0.56) 4.60 (±0.36) 4.63 (±0.39) 2.50 (±0.41) 3.61 (±0.27)

C.LEA 3.20 (±0.43) 2.97 (±0.48) 2.46 (±0.76) 4.17 (±0.36) 4.66 (±1.72) 2.77 (±0.13) 3.31 (±0.40)

FEP 4.00 (±0.35) 4.33 (±0.83) 3.60 (±0.20) 4.53 (±0.31) 4.53 (±0.50) 2.73 (±0.12) 3.96 (±0.21)

VEL 2.80 (±1.06) 2.00 (±1.06) 2.07 (±0.99) 4.47 (±0.12) 4.93 (±0.12) 2.27 (±0.31) 3.09 (±0.59)

FLX 2.13 (±0.95) 1.53 (±0.42) 1.67 (±0.81) 4.67 (±0.23) 4.80 (±0.35) 2.80 (±0.20) 2.93 (±0.44)

LIMA 3.47 (±0.61) 3.07 (±0.99) 2.40 (±0.87) 4.40 (±0.53) 4.13 (±0.90) 2.60 (±0.20) 3.34 (±0.37)

M.VIC 3.60 (±0.57) 2.80 (±0.28) 3.40 (±0.28) 4.60 (±0.28) 4.80 (±0.28) 3.20 (±0.28) 3.73 (±0.33)

Page 61: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

50

COBERTURA DO SUBSTRATO RECIFAL

Os recifes Mestre Vicente, Pedra do Lima e Pedra do Félix apresentaram porcentagem de

cobertura de algas folhosas (60.40%, 56.77%, 42.24%, respectivamente) no mínimo três vezes maior

quando comparadas aos valores de porcentagem de cobertura de algas calcárias. O recife de Mestre

Vicente exibiu uma porcentagem nove vezes maior de algas folhosas comparadas ás algas calcárias (Fig.

2). Já a Pedra do Felipe exibiu um domínio de algas calcárias (45.21%) com o dobro de porcentagem de

cobertura em relação às algas folhosas (Fig. 2). O recife com maior porcentagem de cobertura de algas

filamentosas foi a Pedra do Félix, com 25.80% (Fig. 2). O teste MRPP diferiu significativamente os

recifes em relação a suas porcentagens de cobertura bentônica, diferindo-os do esperado pelo acaso

(δ=0.7102, A=0.1626, p=0.001).

Figura 2: Porcentagem de cobertura do substrato das sete formações recifais estudadas. AC=Algas calcária, AF=Algas folhosas, AT=Algas filamentosas, CD=Corais pétreos, CM=Corais moles, SP=Esponjas, RC=Rocha nua, CC=Cascalho, AR=Areia. BAR=Barreirinhas, C.LEA=Cabeço do Leandro, FEP=Pedra do Felipe, VEL=Pedra do Velho, FLX=Pedra do Félix, LIMA=Pedra do Lima, M.VIC=Mestre Vicente.

COMPONENTES BIOLÓGICOS

Quanto à megafauna de invertebrados bentônicos, todos os recifes estudados apresentaram

domínio de esponjas (Anova: F=63.88, df=8, p<0.001). As maiores densidades de poríferos foram

Page 62: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

51

encontradas para os recifes Mestre Vicente (170 ind./40m2), Pedra do Lima (88 ind./40m2), Pedra do

Félix (69.6 ind./40m2). Quanto aos corais pétreos, o Cabeço do Leandro foi a única formação recifal

que exibiu densidade de corais pétreos semelhantes à de esponjas (36 ind./40m2) e apresentou a maior

abundância de colônias de corais dentre os estudados. As demais categorias de invertebrados

bentônicos apresentaram-se com baixa abundância em todos os recifes avaliados (Fig.3). Em relação à

riqueza dos grupos de invertebrados bentônicos, os recifes mais ricos foram: Cabeço do Leandro, com

8 táxons e Pedra do Felipe, com 7. Nas demais formações ocorreram apenas quatro (4) dentre os 11

grupos avaliados.

Figura 3: Densidades (ind./40m2) dos grupos da megafauna de invertebrados bentônicos para cada formação recifal. ESP=esponjas, ASC=ascídias, LAG=lagostas, POL=poliquetas, CLM=corais moles, CAR= caranguejos, CAM=camarões palhaço, PLV=polvos e CLD=corais duros. BAR=Barreirinhas, C.LEA=Cabeço do Leandro, FEP=Pedra do Felipe, VEL=Pedra do Velho, FLX=Pedra do Félix, LIMA=Pedra do Lima, M.VIC=Mestre Vicente.

Não houve diferença significativa quanto ao grau de saúde das colônias de corais entre os

recifes estudados (Anova: F=2.292, df=6, p=0.07). A maioria dos recifes exibiu mais de 50% das

colônias Saudáveis, exceto a Pedra do Fêlix, com 54% das colônias branqueadas e 46% mortas. Os

recifes Mestre Vicente, Pedra do Lima e Barreirinhas, também apresentaram proporções de corais

branqueados consideráveis, respectivamente 42%, 40% e 34% (Fig. 4).

Page 63: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

52

Figura 4: Porcentagem referente ao estado de saúde das colônias de corais pétreos para os sete recifes estudados. SAU=Saudável, BRA=Branqueado, DOE=Doente, MOR=Morto. BAR=Barreirinhas, C.LEA=Cabeço do Leandro, FEP=Pedra do Felipe, VEL=Pedra do Velho, FLX=Pedra do Félix, LIMA=Pedra do Lima, M.VIC=Mestre Vicente.

Em relação à ictiofauna, na Pedra do Felipe foi registrada a maior riqueza de espécies (50 sp) e a

maior abundância de indivíduos (2773 peixes), quando comparada com as demais áreas recifais. Já os

maiores valores dos índices de diversidade e equitabilidade de espécies foram obtidos para o recife de

Barreirinhas. A Tabela 3 sumariza as principais informações de cada um dos sete recifes estudados. A

composição das comunidades de peixes locais de cada recife diferiu significativamente, entre os

mesmos (MRPP: δ=0.7547, A=0.1145; p=0.001). Em termos de abundância, os recifes foram

dominados por espécies formadoras de cardumes, em especial por hemulídeos (Tabela 3).

Page 64: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

53

Tabela 3: Síntese das características dos recifes estudados. Índices ecológicos da ictiofauna: S=Riqueza de espécies, H=Diversidade de Shannon-Wiener, D=Diversidade de Simpson, J=Equitabilidade de Pielou. Categorias tróficas: CAR=Carnívoros, HER=Herbívoros, INV=Invertívoros, ONIVO: Onívoros, PISC=Piscívoros, PLAN=Planctívoros. Recifes: BAR=Barreirinhas, C.LEA=Cabeço do Leandro, FEL=Pedra do Felipe, VEL=Pedra do Velho, FLX =Pedra do Fêlix, LIMA=Pedra do Lima, M.VIC=Mestre Vicente.

RECIFES BAR C.LEA FEL VEL FLX LIMA M.VIC

Profundidade (m) 15.6 16.8 25.8 28 20.9 25.7 20.3

Distância da costa (Km) 8.98 8.30 16.30 14.83 13.76 13.56 9.92

HAS 3.61 3.31 3.96 3.09 2.93 3.34 3.73

Rugosidade 0.73 0.75 0.56 0.81 0.82 0.71 0.72

Cobertura dominante AF

(37.95%)

AF

(31.68%)

AC

(45.21%)

AF

(42.24%)

AF

(42.24%)

AF

(60.40%)

AF

(56.77%)

Ab.relativa Esponjas 80.21% 39.12% 58.90% 80.25% 93.30% 89.49% 92.14%

Ab.relativa Corais 5.90% 39.49% 26.48% 14.81% 5.80% 8.47% 5.15%

% Coral Saudável 58% 65% 74% 75% 0% 60% 47%

Índices ecológicos

S 45 37 50 32 31 27 30

H 2.91 2.47 2.62 1.29 1.35 2.09 1.69

D 0.92 0.82 0.87 0.46 0.50 0.76 0.69

J 0.76 0.68 0.67 0.37 0.39 0.64 0.50

Família dominante

(sp)

Pomacentridae

(9)

Labridae

(6)

Labridae

(7)

Labridae

(7)

Labridae

(5)

Labridae

(6)

Labridae

(5)

Ab.total de Peixes 649 617 2773 1367 1452 894 1138

Biomassa total (kg) 137.07kg 202.68kg 1250.54kg 57.7kg 81.79kg 60.42kg 377.01kg

Sp. mais abundante P.schomburgkii

(92)

H.aurolineatum

(238)

C.multilineata

(770)

H.squamipinna

(1000)

H.aurolineatum

(1000)

H.plumierii

(403)

H.plumierii

(481)

Sp. maior biomassa G.cirratum G.cirratum M.martinicus H.squamipinna H.aurolineatum H.plumierii K.sectatrix

Page 65: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

54

(77.81kg) (155.62kg) (510.30kg) (17.78kg) (51.39kg) (27.08kg) (148.13kg)

Categoria Trófica (N°sp/Biomassa)

CAR 6

(83.97kg)

7

(161.43kg)

9

(115.30kg)

7

(13.54kg)

5

(3.56kg)

4

(12.86kg)

8

(12.73kg)

HER 13

(3.48kg)

8

(1.86kg)

8

(17.53kg)

3

(1.17kg)

5

(0.87kg)

7

(5.28kg)

5

(148.17kg)

INV 19

(24.37kg)

18

(37.22kg)

25

(1057.74kg)

21

(42.99kg)

17

(64.16kg)

11

(34.26kg)

15

(214.91kg)

ONIVO 4

(0.75kg)

3

(1.77kg)

4

(9.08kg) ─

2

(0.55kg)

1

(0.42kg) ─

PISC 1

(2.28kg) ─

2

(45.94kg) ─ ─

1

(5.91kg)

1

(0.96kg)

PLAN 2

(22.23kg)

1

(0.41kg)

1

(4.95kg)

2

(0.02kg)

2

(12.65kg)

1

(1.69kg)

1

(0.24kg)

Page 66: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

55

A biomassa total de peixes também variou de maneira significativa entre os recifes (Kruskal-

Wallis: H=77.19; p<0.001), com valores mínimos de 57,7kg para Pedra do Velho até os valores de

1250.54kg registrados para Pedra do Felipe. Exceto para os recifes Pedra do Velho, Pedra do Félix e

Pedra do Lima, a análise dos recifes sob a ótica da biomassa revelou outras espécies importantes, que

foram encobertas nas análises com abundância devido as espécies formadoras de cardumes. Assim, o

tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) apresentou-se dominante, quanto à biomassa, nos recifes de

Barreirinhas e Cabeço do Leandro, o herbívoro Piranjica (Kyphosus sectatrix) em Mestre Vicente, e o

invertívoros saramunete Mulloidichthys martinicus, na Pedra do Felipe. Quanto às categorias tróficas,

Barreirinhas e Cabeço do Leandro registraram os Carnívoros como a categoria de maior biomassa,

todos os demais recifes exibiram os Invertívoros como grupo dominante (Tabela 3). Contudo, é

importante destacar que o recife Pedra do Felipe também apresentou elevada biomassa de peixe nas

categorias Carnívoros e Piscívoros (Tabela 3).

PRESENÇA DE ATIVIDADES ANTRÓPICAS

Os resultados das entrevistas indicaram que os recifes estudados estão sob influência de três

atividades de origem antrópica, a pesca de linha, a caça submarina e o mergulho recreativo com

equipamento autônomo.

A pesca de linha e anzol está associada às épocas de baixa turbidez da água, sendo praticada

principalmente abordo de pequenas embarcações (3-4m) com propulsão a motor de rabeta e vela.

Dentre os recifes estudados, os pescadores citaram principalmente a Pedra do Lima, Pedra do Felipe e

Pedra do Félix como as mais frequentadas pela pesca com linha de mão. A caça-subaquática está

concentrada principalmente no período de verão e em meses de boa condição de visibilidade. Os

mergulhadores de caça subaquática em sua maioria não são habitantes locais e se deslocam

principalmente da capital para realização desta atividade quando fretam barcos de pesca dos pescadores

locais, até três vezes por semana, capturando entre 15 e 200 Kg de peixe por dia. Geralmente são

explorados recifes conhecidos pelos pescadores locais, em profundidades que variam dos 10 aos 25

metros e os principais pesqueiros são os recifes de Barrerinhas, Mestres Vicente, Cabeço do Leandro.

Existe somente uma operadora de mergulho SCUBA atuando na região e os principais recifes visitados

são: Barreirinhas e Mestre Vicente, devido à profundidade, proximidade entre eles e proximidade da

costa, o que reduz o tempo de navegação e torna a logística mais acessível. Esporadicamente também

são visitados os recifes Cabeço do Leandro e Pedra do Velho (como uma prática de mergulho

Page 67: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

56

profundo durante o curso de mergulho), mas devido à baixa frequência de visitas dos mesmos, ambos

não foram considerados na determinação do E.S.A.S.

Determinação do estado ecológico dos recifes e sua relação com biodiversidade local

Os estados ecológicos (ESAS) dos recifes foram significativamente diferentes (Kruskal-Wallis:

H=17.22, p<0.001). Pedra do Felipe foi o recife que apresentou o melhor valor global de ESAS (4.00

pontos). Quando tratado isoladamente, os valores de ESAS para a megafauna fomentadora de habitat

diferiram significativamente (Kruskal-Wallis: H=28.3, p<0.001) entres corais (1.54±0.66) e esponjas

(3.96±1.16), tendo o último uma maior influencia na determinação do estado ecológico recifal. A maior

influência das esponjas também foi refletida nos valores globais de ESAS de cada formação recifal,

sendo maiores do que os obtidos pelos corais pétreos (ANOVA: F=41.97, df=1, p<0.001). A figura 5

traz os valores médios de ESAS obidos para cada um dos cinco parâmetros avaliados, juntamente com

as médias globais.

Figura 5: Valores médios de ESAS. O gráfico em barras representa os valores dos cinco parâmetros acessados. A linha descreve os valores globais de ESAS de cada formação recifal. RUG=rugosidade, HAS=complexidade do habitat, C.S.=porcentagem de colônias de corais pétreos saudáveis, M.F.H.=megafauna formadora de habitat (corais duros + esponjas), I.A.=Presença antrópica. BAR=Barreirinhas, C.LEA=Cabeço do Leandro, FEP=Pedra do Felipe, VEL=Pedra do Velho, FLX=Pedra do Félix, LIMA=Pedra do Lima, M.VIC=Mestre Vicente. Linhas representam os valores globais de ESAS, considerando a megafauna formadora de habitat: esponjas+corais duros (verde), somente esponjas (azul) e somente corais duros (vermelho).

Page 68: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

57

As regressões encontraram relações significativamente positivas entre o estado ecológico dos

recifes com riqueza de espécies de peixes e a biomassa de predadores (piscívoro+carnívoros) (Fig. 6).

Figura 6: Regressões lineares entre o estado ecológico do recife e suas características biológicas. Riqueza de espécies de peixe (S), Diversidade de Shannon-Wiener (H’), Biomassa total de peixes e Biomassa de predadores (carnívoros e piscívoros).

DISCUSSÃO

A classificação do estado ecológico dos recifes (ESAS) elaborada neste estudo buscou

incorporar os principais fatores estruturais abióticos, bióticos e antrópicos inerentes aos sistemas

avaliados, que pudessem refletir na comunidade local, em sua diversidade, riqueza e biomassa de

espécies. As diferenças significativas encontradas nestes fatores justificam o uso dos mesmos para

traçar uma classificação que relacione a complexidade, estrutura e uso dos recifes com a biodiversidade

local nestes recifes. Diversos estudos ecológicos têm sido desenvolvidos na tentativa de se avaliar o

estado ecológico de ambientes marinhos pela elaboração de índices que incorporem descritores

antrópicos e/ou biológicos em sua avaliação (Jameson et al. 2001, Bem-Tzvi et al. 2004, Deter et al.

2012, Rodgers et al. 2012), como importante medida para políticas públicas voltadas a conservação

ambiental (Westra et al. 2000).

Page 69: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

58

A incorporação da complexidade de habitat no índice utilizado é justificada por ser um

componente importante na estruturação das comunidades ecológicas, pois promove um maior número

de refúgios contra predadores e estressores ambientais, permitindo a coexistência de espécies de nichos

compartilhados (Bruno & Bertness 2001; Price et al. 2011; Kovalenko et al. 2012). A complexidade de

habitat pode ser mensurada por uma gama de componentes que a definem, para o propósito deste

trabalho foram então utilizados a rugosidade do substrato (Walters & Wethey 1996, Chabanet et al.,

1997) e o Habitat Assessment Score (Gratwicke & Speight 2005) como fatores incorporados no ESAS.

Colocar algum exemplo relacionando bentos com complexidade de habitat.

Em relação aos fatores bióticos utilizados no índice, a porcentagem de colônias de corais

pétreos saudáveis foi selecionada como principal fator, pois tal a alta produtividade associada a estes

animais está fortemente relacionada à presença de zooxantelas no tecido dos corais (Birkeland 1997). A

baixa percentagem de colônias branqueadas neste estudo pode ser resultado da baixa variação intra-

sazonal das condições físico-químicas da água durante o período de estudo (Grimaldi et al., em

preparação). Já a função de fomentador de complexidade do habitat (Leal et al. 2013), avaliada no

ESAS, baseou-se na inclusão dos corais com as esponjas. A incorporação das esponjas como

bioconstrutores neste estudo, decorre do fato desses organismos estarem presentes em alta abundância

em todos os recifes avaliados (Grimaldi et al., em preparação), e há estudos que atestam que muitos

macrobentos utilizam as esponjas como habitat, aumentando assim a biodiversidade do recife (Carrera-

Parra & Vargas-Hernández 1997, Wulff 2001).

Conforme previsto pela Hipótese 2, os corais apresentam pouca influência na determinação do

estado ecológico dos recifes, resultado já discutido por Grimaldi et al. (em preparação), em função da

baixa abundância de corais encontrada para a região em detrimento da alta concentração de esponjas

que poderiam ser consideradas melhores descritores para as condições ecológicas do recifes estudado.

O reflexo da relação positiva entre os estados ecológicos dos recifes e a biomassa de predadores

se torna evidente quando se contrasta o recife de melhor estado com o que obteve o menor valor,

como é o caso dos recifes Pedra do Felipe (ESAS=4.00) e Pedra do Fêlix (ESAS=2.80). O primeiro foi

caracterizado por uma elevada biomassa de peixes piscívoros e carnívoros, registrando 15 vezes mais

biomassa total de peixes do que em Pedra do Fêlix. Curiosamente, ambos os recifes são áreas de pesca

de linha e mesmo sobre influencia da mesma atividade a biomassa da ictiofauna foram marcadamente

distintas. Este resultado pode ser um indício de que nos níveis de pesca atuais a comunidade de peixes

pode ainda estar sendo influenciada mais fortemente por processos bottom-up, como as diferenças nos

níveis de rugosidade e complexidade de habitat entre os recifes, e, justamente, a Pedra do Felipe foi à

formação recifal que apresentou os maiores valores de rugosidade e HAS.

Page 70: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

59

Outra evidência do efeito bottom-up relacionado aos parâmetros estruturais dos recifes é o fato

de o recife com melhor estado ecológico apresentar aos maiores valores de riqueza de espécies de

peixes. Uma vez que uma maior complexidade estrutural presente nos recifes de alto ESAS promove

um maior número de abrigos para as espécies de peixes de pequeno porte, e de comportamento mais

bentônico, estes grupo responderia mais fortemente o índice utilizado. Como de maneira geral os

recifes são dominados por grandes abundâncias de peixes nectônicos (Grimaldi et al. em preparação), e

os índices de diversidade consideram em seu cálculo tais informações, a diferença entre os recifes só

poderia ser apreciada levando-se em conta a fauna de peixes bentônicos, que são fortemente associados

ao substrato recifal, e assim diretamente influenciados pela complexidade do recife. Diante do que foi

exposto, a métrica mais sensível as variações nos estados ecológica do recife seria a riqueza de espécies.

Contudo, os efeitos top-down sobre os recifes podem estar sendo subestimados pelo emprego do

ESAS, uma vez que o único fator considerado na avaliação do estado ecológico que refletiria um efeito

top-down no ecossistema foi à presença de atividades antrópicas. Este único fator, baseado apenas em

presença ou ausência e seus respectivos pesos, o que pode estar gerando pesos desiguais nos

parâmetros botton-up e top-down avaliados pelo ESAS. Assim, deve-se buscar novos parâmetros que

contrapesem aos componentes bottom-up avaliados no ESAS, de maneira que o estado ecológico dos

recifes não reflita com maior peso as características estruturais intrínsecas dos recifes. Apesar do

presente estudo não ter encontrado efeito evidente da presença antrópica influenciando a ictiofauna

recifal, a baixa abundância de peixes carnívoros e herbívoros registrada nos recifes, em relação a outras

áreas recifais brasileiras pode ser indícios da pressão de pesca atuando na ictiofauna regional da área

(Grimaldi et al. em preparação). Um excelente indicador disso é a alta abundância registrada de peixes

da família Haemulidae, que se beneficiam da ausência de predadores e por esta razão são tão

dominantes em recifes impactados pela pesca (Ferreira et al. 2004, Ferreira & Maída 2006). Assim, um

estudo de maior abrangência capaz de determinar de maneira quantitativa a pressão de uso antrôpico

nos recifes, seria nescessário para esclarecer de maneira apropriada os efeitos top-down exercidos pela

pesca sobre a comunidade de peixes recifais.

Baseado nos resultados encontrados e visando um planejamento de ações e medidas de manejo

e conservação da área, com o objetivo de assegurar o atual estado dos recursos naturais, se propõe que

as áreas recifais em melhor estado ecológico seja protegida de modo que possam servir de atracadouro

seguro para as espécies de peixes e, ao mesmo tempo, exportador de indivíduos para as demais áreas

recifais do entorno. Contudo, se faz necessário que todos os demais recifes sejam englobados em uma

única e grande unidade de conservação que regulamente a atividade pesqueira para que não haja uma

sobrexplotação das espécies de peixes em um ritmo maior do que os recifes protegidos sejam capazes

de suprir.

Page 71: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

60

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as informações ecológicas levantadas pelo estudo, nas sete formações recifais (15-28m)

de Pirangi/ RN, pode-se obter as seguintes conclusões:

1. De maneira geral os recifes dominados por uma densa comunidade fital de macroalgas e uma

grande presença de esponjas, sendo os corais elementos raros nessas composições. Tal

característica provoca um questionamento acerca da utilização terminológica “recife de coral” para

designar as formações recifais brasileiras e faz uma reflexão quanto à utilização dos corais como

importante parâmetro para a caracterização do estado de conservação e monitoramento das áreas

recifais estudadas. Para que os programas de monitoramento brasileiro possam cobrir as diferentes

realidades regionais, devem-se aperfeiçoar os métodos vigentes e buscar novos parâmetros para o

monitoramento, como exemplo do presente estudo, a inclusão das esponjas.

2. Uma vez que houve um grande predomínio de peixes invertívoros, pode-se pressupor a existência

de uma rica e abundante macrofauna de invertebrados, suportada pela elevada presença das

esponjas e algas. Seria de interesse pesquisas que buscassem acessar essas informações a respeito da

criptofauna associada às esponjas e algas, uma vez que normalmente são desconsiderados ou

subestimados pelos métodos de amostragem.

3. O índice para a determinação do estado ecológico dos recifes (ESAS) refletiu fortemente os fatores

bottow-up da complexidade de habitat de cada recife sobre a comunidade de peixes, contudo não

respondeu as variações locais da presença antrópica. Faz-se necessário um aprimoramento no

índice que incorpore dados quantitativos relativos à pressão antrópica (pesqueira e recreacional)

que atua sobre as formações recifais. Apesar disso, em escala regional a ictiofauna aparente indícios

de sobrepesca, com baixa abundância de peixes carnívores e herbívoros, e marcante presença de

hemulídeos

4. Para o planejamento de ações e medidas de manejo e conservação da área, seria de interesse

assegurar o atual estado dos recursos naturais, protegendo os recifes de melhor estado

ecológico, de modo que os mesmo possam servir de atracadouro seguro para as espécies de

peixes e ao mesmo tempo, exportador de indivíduos para as demais áreas recifais do entorno.

Contudo se faz necessário também que todos os demais recifes sejam englobados em uma única

e grande unidade de conservação que regulamente a atividade pesqueira para que não haja uma

Page 72: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

61

sobrexplotação das espécies de peixes em um ritmo maior do que os recifes protegidos sejam

capazes de suprir.

Page 73: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

62

REFERÊNCIAS

Alvarez-Filip, L.; Dulvy, N. K.; Gill, J. A.; Côte, I. M. & Watkinson ,A. R. (2009). Flattening of

Caribbean coral reefs: region-wide declines in architectural complexity. Proceeding of the Royal

Society B. doi:10.1098/rspb.2009.0339.

Bellwood, D. R.; Hughes, T. P.; Folke, C. & Nystrom, M. (2004). Confronting the coral reef crisis.

Nature 429: 827-833.

Ben-Tzvi, O.; Loya, Y. & Abelson, A. (2004). Deterioration Index (DI): a suggested criterion for

assessing the health of coral communities. Marine Pollution Bulletin 48: 954–960.

Birkeland, C. (ed.) (1997). Life and death of coral reefs. Chapman and Hall, New York. pp. 298-353.

Branner, J. C. (1904). The Stone Reefs of Brazil, their Geological and Geographical Relations, with a

Chapter on the Coral Reefs. Bulletin of the Museum of Comparative Zoology at Harvard

College.Geological Series, vol. VII. 275p.

Bruno, J. F. & Bertness, M. D. (2001). Habitat modification and facilitation in benthic marine

communities. In Marine community ecology (eds M. D. Bertness, S. D. Gaines & M. E. Hay),

pp. 201–218. Sinauer Associates Inc., USA: Massachusetts.

Burkholder, D. A.; Heithaus, M. R.; Fourqurean, J. W.; Wirsing, A. & Dill, L. M. (2013). Patterns of

top-down control in a seagrass ecosystem: could a roving apex predator induce a

behaviour-mediated trophic cascade? Journal of Animal Ecology 82, 1192–1202.

Carrera-Parra, L. F. & Vargas-Hernández, J. M. (1997). Comunidad críptica de esponjas del arrecifes de

Isla de Enmedio, Veracrux, México. Revista de Biologia Tropical 45: 311-321.

Carvalho, R. C. & Kikuchi, R. K .P. (2013). ReefBahia, an integrated GIS approach for coral reef

conservation in Bahia, Brazil. Journal of Coastal Conservation 17:239–252.

Castro, C. B. & Pires, D. O. (2001). Brazilian coral reefs: what we already know and what is still

missing. Bulletin of Marine Science 69: 357-371

Chabanet, P.; Ralambondrainy, H.; Amanieu, M.; Faure, G. & Galzin, R. (1997). Relationship between

coral reef substrata and fish. Coral Reefs 16: 93–102.

Cheal, A. J.; MacNeil, M. A.; Cripps, E.; Emslie, M. J.; Jonker, M. Schaffelke, B. & Sweatman, H.

(2010). Coral-macroalgal phase shifts or reef resilience: links with diversity and functional

roles of herbivorous fishes on the Great Barrier Reef. Coral Reef 29: 1005-1015.

Coker, .D. J.; Graham, N. A. J. & Pratchett, M. S. (2012). Interactive effects of live coral and structural

complexity on the recruitment of reef fishes. Coral Reefs 31:919–927.

Conservation International. (2008). Economic Values of Coral Reefs, Mangroves, and Seagrasses: A Global

Compilation. Center for Applied Biodiversity Science, Conservation International, USA:

Arlington.

Page 74: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

63

Cooke, S. J. & Cowx, I. G. (2004). The role of recreational fishing in the global fish crisis. BioScience 54:

857-859

De Cáceres, M., P. Legendre & M. Moretti. (2010). Improving indicator species analysis by combining

groups of sites. Oikos 119: 1674-1684.

Deter, J.; Descamp, P.; Ballesta, L.; Boissery, P. & Holon, F. (2012). A preliminary study toward an

index based on coralligenous assemblages for the ecological status assessment of

Mediterranean French coastal waters. Ecological Indicators 20: 345–352.

Diaz, M. C. & Rützler, K. (2001). Sponges: an essential component of Caribbean coral reefs. Bulletin of

Marine Science 69: 535–546.

Done, T. J. (1992). Phase shifts in coral reef communities and their ecological significance. Hydrobiologia

247:121–132.

Dufrene, M & Legendre, P. (1997). Species assemblages and indicator species: the need for a flexible

asymmetrical approach. Ecological Monography 67: 345-366.

Dulvy, N. K.; Polunin, N. V. C.; Mill, A. C.; Graham, N. A. J. (2004). Size structural changes in lightly

exploited coral reef fish communities: evidence for weak indirect effects. Canadian Journal of

Fisheries and Aquatic Sciences 61: 466-475.

Dulvy, N. K.; Freckleton, R. P. & Polunin, N. V. C.. (2004) Coral reef cascades and the indirect effects

of predator removal by exploitation. Ecology Letters 7, 410–416.

Ferreira, C. E. L.; Floerter, S. R.; Gasparini, J. L.; Ferreira, B. P.; Joyeux, J. C. (2004). Trophic structure

patterns of Brazilian reef fishes: a latitudinal comparison. Journal of Biogeography 31, 1093-

1106.

Ferreira, B. P. & Maída, M. (2006). Monitoramento dos Recifes de Coral do Brasil. Série Biodiversidade 18.

Brasilia, MMA. 250p.

Frisch, A. J.; Baker, R.; Hobbs, J-P. A. & Nankervis, L. (2008). A quantitative comparison of

recreational spearfishing and linefishing on the Great Barrier Reef: implications for

management of multi-sector coral reef fisheries. Coral Reef 27: 85-95.

Gomez, E. D. Aliño, P. M., Yap, H. T. & Licuanan, W. Y. (1994). A Review of the Status of Philippine

Reefs. Marine Pollution Bulletin 29: 62-68.

Gotelli, N. J. & Ellison, A. M. (2011). A primer of ecological statistics., Sinauer Associates Inc., USA:

Massachusetts.

Graham, N. A. J.; McClanahan, T. R.; MacNeil, M. A.; Wilson, S. K.; Polunin, N. V. C.; Jennings, S.;

Chabanet, P.; Clark, S.; Spalding, M. D.; Letourneur, Y.; Bigot, L.; Galzin, R.; Öhman, M.

C.; Garpe, K. C.; Edwards, A. J.; Sheppard, C. R. C. (2008) Climate warming, marine

protected areas and the ocean-scale integrity of coral reef ecosystems. PLoS ONE 3: e3039.

Page 75: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

64

Gratwicke, B. & Speight, M. R. (2005). The relationship between fish species richness, abundance and

habitat complexity in a range of shallow tropical marine habitats. Journal of Fish Biology 66:

650-667.

Hammer, O.; Harper, D. A. T. & Ryan, P. D. (2001) PAST: Paleontological Statistics software package

for education and data analysis. Palaeontologia Electronica 41: 1 – 9.

Hughes, T. P. (1994). Catastrophes, Phase-shifts, and Large-Scale Degradation of a Caribbean Coral

Reef. Science 265: 1547-1551.

Hughes, T. P.; Baird, A. H.; Bellwood, D. R.; Card, M.; Connolly, S. R.; Folke, C. et al. (2003). Climate

change, human impacts, and the resilience of coral reefs. Science 301: 929-933.

Jackson, J. B. C.; Kirby, M. X.; Berger, W. H.; Bjorndal, K. A.; Botsford, L.W.; Bourque, B. J. et al.

(2001). Historical overfishing and the recent collapse of coastal ecosystems. Science 293:

629–637.

Jameson, S. C.; Erdmann, M. V.; Karr, J. R. & Potts, K. W. (2001). Charting a course toward diagnostic

monitoring: a continuing review of coral reef attributes and a research strategy for creating

coral reef indexes of biotic integrity. Bulletin of Marine Science 69: 701–744.

Jokiel, P. L.; Brown, E. K.; Friedlander, A.; Rodgers, S. K. & Smith, W. R. (2004). Hawai‘i Coral Reef

Assessment and Monitoring Program: Spatial Patterns and Temporal Dynamics in Reef

Coral Communities Pacific Science 58:159–174.

Jones, P. J. S. (2001). Marine protected area strategies: issues, divergences and the search for middle

ground. Reviews in Fish Biology and Fisheries 11: 197–216.

Kovalenko, K. E.; Thomaz, S. M. & Warfe, D. M. (2012). Habitat complexity: approaches and future

directions. Hydrobiologia 685: 1-17.

Kramer, K. L. & Heck, K. L. (2007) Top-down trophic shifts in Florida Keys patch reef marine

protected areas. Marine Ecology-Progress Series 349: 111–123.

Kruskal, W. H. & Wallis, W. A. (1952). Use of ranks in one-criterion analysis of variance. Journal of the

American Statistical Association 47: 583-621.

Laborel, J. (1969). Les peuplements de Madréporairesdês cotes tropicales du Brésil. Ann. Univ.

D’Abidjan, serie E. 260p.

Leal, I. C. S.; Pereira, P. H. C. & Araújo, M. E. (2013). Coral reef fish association and behaviour on the

fire coral Millepora spp. in north-east Brazil. Journal of the Marine Biological Association of the

United Kingdom 93:1703–1711.

Leão, Z. M. A. M. & Dominguez, J. M. L. (2000). Tropical coast of Brazil. Marine Pollution Bulletin 41:

112-122.

Macedo, H. S., Vivacqua, M., Rodrigues, H. C. L., Gerhardinger, L. C. (2013). Governing wide coastal-

marine protected territories: A governance analysis of the Baleia Franca Environmental

Protection Area in South Brazil. Marine Policy 41: 118–125.

Page 76: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

65

Maida, M. & Ferreira, B. P. (1997). Coral reefs of Brazil: an overview. Proceedings of the 8th International

Coral Reef Symposium, 263-274.

Martins, G. M.; Arenas, F.; Neto, A. I. & Jenkins, S. R. (2012). Effects of Fishing and Regional Species

Pool on the Functional Diversity of Fish Communities. PLoS ONE 7: e44297.

doi:10.1371/journal.pone.0044297.

McClanahana,T. R.; Muthiga, N. A.; & Coleman, R. A. (2012). Testing for top-down control: can post-

disturbance fisheries closures reverse algal dominance? Aquatic Conservation: Marine And

Freshwater Ecosystems 21: 658–675.

McCulloch, M.; Fallon, S.; Wyndham, T.; Hendy, E.; Lough, J. & Barnes, D. (2003). Coral record of

increased sediment flux to the inner Great Barrier Reef since European settlement. Nature

421: 727-730.

McCune, B. & Grace, J. B. (2002). Analysis of Ecological Communities. MjM Software Desing, USA:

Oregon.

Ministério do Meio Ambiente - MMA. (2010). Panorama da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no

Brasil. Brasil: Brasília

Moura, R. L. (2000). Brazilian reefs as priority areas for biodiversity conservation in the Atlantic Ocean.

Proceedings 9th International Coral Reef Symposium: 23-27.

Prates, A. P. L. & Ferreira, B. P. (2006). Programs and Legal Instruments for the Conservation of Coral

Reefs in Brazil. Proceedings of 10th International Coral Reef Symposium, 1028-1032.

Price, S. A.; Holzman, R.; Near, T. J. & Wainwright, P. C. (2011). Coral reefs promote the evolution of

morphological diversity and ecological novelty in labrid fishes. Ecology Letter 14: 462-469.

.

Oksanen, J.; Blanchet, F. G.; Kindt, R.; Legendre, P.; Minchin, P. R.; O'Hara, R. B.; Simpson, G. L.;

Solymos, P; Stevens, M. H. H. & Wagner, H. (2012). vegan: Community Ecology Package. R

package version 2.0-5. http://CRAN.R-project.org/package=vegan.

Rodgers, K. S.; Kido, M. H.; Jokiel, P. L.; Edmonds, T. & Brown, E. K. (2012). Use of Integrated

Landscape Indicators to Evaluate the Health of Linked Watersheds and Coral Reef

Environments in the Hawaiian Islands. Environmental Management 50: 21–30.

Sandin, S. A.; Smith, J. E.; DeMartini, E. E.; Dinsdale, E. A.; Donner, S. D.; et al. (2008). Baselines and

Degradation of Coral Reefs in the Northern Line Islands. PloS ONE 3: e1548.

doi:10.1371/journal.pone.0001548.

Santavy, D. L.; Courtney, L. A.; Fisher, W. S.; Quarles, R. L. & Jordan, S. J. (2013). Estimating surface

area of sponges and gorgonians as indicators of habitat availability on Caribbean coral

reefs. Hydrobiologia 707: 1-16

Page 77: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

66

Sarker, S. K.; Rashid, S.; Sharmin, M.; Haque, M. M.; Sonet, S. S. & Nur-Un-NAbi, M. (2014).

Environmental correlates of vegetation distribution in tropical Juri forest, Bangladesh.

Tropical Ecology 55: 177-193.

Selig, E. R. & Bruno, J. F. (2010). A Global Analysis of the Effectiveness of Marine Protected Areas in

Preventing Coral Loss. PLoS ONE 5: e9278. doi:10.1371/journal.pone.0009278.

Venera-Ponton, D. E.; Diaz-Pulido, G.; McCook, L. J. & Rangel-Campo, A. (2011). Macroalgae reduce

growth of juvenile corals but protect them from parrotfish damage. Marine Ecology Progress

Series 421, 109-115

Walters, L. J. & D. S. Wethey, 1996. Settlement and early post-settlement survival of sessile marine

invertebrates on topographically complex surfaces: the importance of refuge dimensions

and adult morphology. Marine Ecology Progress Series 137: 161–171.

Westra, L.; Miller, P.; Karr, J. R.; Ress, W. E. & Ulanowicz, R. E. (2000). In: Pimental, D.; Westra, L. &

Noss, E. F. (eds). Ecological integrity: integrating environment, conservation and health. Island Press,

USA: Washington, DC.

Wuff, J. (2001). Assessing and Monitoring Coral Reefs Sponges: Why and How? Bulletin of Marine Science

69: 831-846.

Page 78: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

67

REFERÊNCIA GERAL

ADEY, W. H. (2000). Coral reef Ecosystems and Human Health: Biodiversity Counts! Ecosystem

health 6: 227-236.

AIROLDI, L., BALATA, D. & BECK, M. W. (2008). The Gray Zone: Relationships between habitat

loss and marine diversity and their applications in conservation. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology 366: 8–15.

ALBAYRAK, S., BALKIS, H., ZENETOS, A., Kurun, A. & Kubanç, C. (2006). Ecological quality

status of coastal benthic ecosystems in the Sea of Marmara. Marine Pollution Bulletin 52:

790–799.

AMARAL, R. F. (org.). (2006). Diagnóstico Ambiental da Área de Pirambúzios. Laboratório de

Estudos Geoambientais, Rio Grande do Norte: Natal.

BARBIER, E. B. (2012). Progress and Challenges in Valuing Coastal and Marine Ecosystem Services.

Review of Environmental Economics and Policy 6: 1-19.

BELLWOOD, D. R., HUGHES, T. P., FOLKE, C. & NYSTROM, M. (2004). Confronting the coral

reef crisis. Nature 429: 827-833.

BRASIL. (1988). Lei N° 7.661, de 16 de Maio de 1988, institui o Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro – PNGC.

BRASIL. (2000). Lei N° 9.985, de 18 de Julho de 2000, institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação - SNUC

CARVALHO, R. C. & KIKUCHI, R. K .P. (2013). ReefBahia, an integrated GIS approach for coral

reef conservation in Bahia, Brazil. Journal of Coastal Conservation 17:239–252.

CASTRO, P. & HUBER, M. (eds.). (2012). Marine Biology. 9th edição. McGraw-Hill Companies,

USA: Massachusetts.

CASTRO, C. B. & PIRES, D. O. (2001). Brazilian coral reefs: what we already know and what is still

missing. Bulletin of Marine Science 69: 357-371.

COSTANZA, R., D’ARGE, R., GROOT, R., FARBERK, S., GRASSO, M., HANNON, B.,

LIMBURG, K., NAEEM, S., O’NEILL, R. V., PARUELO, J., RASKIN, R. G.,

SUTTONKK, P. & BELT van den, M. (1997). The value of the world’s ecosystem services

and natural capital. Nature 387: 253-260.

Page 79: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

68

DIAS, B. (Coord.). (2002). Projeto de conservação e utilização sustentável da diversidade

biológica brasileira: relatório de atividades – PROBIO. Ministério do Meio Ambiente,

Brasil: Brasília.

GOMEZ, E. D. ALIÑO, P. M., YAP, H. T. & LICUANAN, W. Y. (1994). A Review of the Status of

Philippine Reefs. Marine Pollution Bulletin 29: 62-68.

JOKIEL, P. L., BROWN, E. K., FRIEDLANDER, A., RODGERS, S. K. & SMITH, W. R. (2004).

Hawai‘i Coral Reef Assessment and Monitoring Program: Spatial Patterns and Temporal

Dynamics in Reef Coral Communities Pacific Science 58:159–174.

JONES, P. J. S. (2001). Marine protected area strategies: issues, divergences and the search for middle

ground. Reviews in Fish Biology and Fisheries 11: 197–216.

LASAGNAA, R., GNONEA, G., TARUFFIA, M., MORRIB, C., BIANCHIB, C. N.,

PARRAVICINIC, V. & LAVORANO, S.A (2014). A new synthetic index to evaluate reef

coral condition. Ecological Indicators 40: 1–9.

LEÃO, Z. M. A. M. & DOMINGUEZ, J. M. L. (2000). Tropical coast of Brazil. Marine Pollution

Bulletin 41: 112-122.

MACEDO, H. S., VIVACQUA, M., RODRIGUES, H. C. L., GERHARDINGER, L. C. (2013).

Governing wide coastal-marine protected territories: A governance analysis of the Baleia

Franca Environmental Protection Area in South Brazil. Marine Policy 41: 118–125.

MARTINS, G. M., ARENAS, F., NETO, A. I. & JENKINS, S. R. (2012). Effects of Fishing and

Regional Species Pool on the Functional Diversity of Fish Communities. PLoS ONE 7:

e44297. doi:10.1371/journal.pone.0044297.

MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. (2010). Panorama da conservação dos

ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil. Brasil: Brasília.

MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. (2007). Áreas prioritárias para conservação,

utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Série

Biodiversidade 31, Brasil: Brasília.

MOURA, R. L. (2000). Brazilian reefs as priority areas for biodiversity conservation in the Atlantic

Ocean. Proceedings 9th International Coral Reef Symposium 2, 23-27.

NYBAKKEN, J. W. & BERTNESS, M. D. (2005). Marine Biology. An ecological approach. 6th

edição. Benjamin Cummings, USA: San Francisco.

PANDOLFI, J. M., BRADBURY, R. H., SALA, E., HUGHES, T. P., BJORNDAL, K. A., COOKE,

R. G., McARDLE, D., McCLENACHAN, L., NEWMAN, M. J. H., PAREDES, G.,

WARNER, R. R. & JACKSON, J. B. C. (2003). Global Trajectories of the Long-Term

Decline of Coral Reef Ecosystems. Science 301: 955-958.

PAULAY, G. (1997). Diversity and distribution of reef organisms. In: Birkeland, C. (ed.). Life and

death of coral reefs. Chapman and Hall, New York. pp. 298-353.

Page 80: CARACTERIZAÇÃO BIOECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO DAS … · 2019. 6. 2. · i Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Grimaldi,

69

PRATES, A. P. L. & FERREIRA, B. P. (2006). Programs and Legal Instruments for the Conservation

of Coral Reefs in Brazil. Proceedings of 10th International Coral Reef Symposium, 1028-

1032.

SALE, P. F. (ed.). (1991). The ecology of fishes on coral reefs. Academic Press Inc., USA: San

Diego.

SALM, R. V., CLARCK. J. R. & SIIRILA, E. (2004). Marine and Coastal Protected Areas, A guide

for planners and Managers, 3th edição. IUCN, USA: Washingthon DC.

SANDIN, S. A., SMITH, J. E., DeMARTINI, E. E., DINSDALE, E. A., DONNER, S. D.,

FRIEDLANDER, A. M., Konotchick, T., Malay, M., Maragos, J. E., OBURA, D., PANTOS,

O., PAULAY, G., RICHIE, M., ROHWER, F., SCHROEDER, R. E., WALSH, S.,

JACKSON, J. B. C., KNOWLTON, N. & SALA, E. (2008). Baselines and Degradation of

Coral Reefs in the Northern Line Islands. PloS ONE 3: e1548.

doi:10.1371/journal.pone.0001548.

SUNDSTROM, S. M., ALLEN, C. R. & BARICHIEVY, C. (2012). Species, Functional Groups, and

Thresholds in Ecological Resilience. Conservation Biology 26: 305–314.

WILKINSON, C. (2002). The Status of the Coral Reefs of the World: 2002. Australian Institute of

Marine Science and the Global Coral Reef Monitoring Network, Australia: Townsville.

WILKINSON, C., GREEN, A., ALMANY, J. & DIONNE, S. (2003). Monitoring Coral Reef

Marine Protected Areas. A Practical Guide on How Monitoring Can Support Effective

Management of MPAs. Australian Institute of Marine Science & the IUCN Marine

Program, Australia: Townsville.