capitulo i manejo

Upload: clinaldo-guedes

Post on 05-Jul-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    1/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 1

    CAPITULO I

    INTRODUÇÃO

    1.  – CONCEITUAÇÕES

    Fauna é o conjunto de espécies animais que vivem em uma certa área

    ou ambiente. Ao se qualificar a fauna como silvestre restringe-se o conceito

    aos animais selvagens, ou seja, não domesticados. Para conceituarmos

    conservação e manejo de fauna é necessário, primeiramente,

    compreendermos o que é realmente conservação. Este termo é

    freqüentemente definido como o “uso racional ou responsável dos recursos

    naturais”. Mas esta colocação é bastante questionável, já que “racional” e

    “responsável” são valores humanos algo subjetivos. Com uma considerável

    flexibilidade filosófica que torna muito difícil visualizar as fronteiras entre o

    racional e o irracional, entre o responsável e o irresponsável. Deixando de lado

    estas dificuldades, poderíamos conceituar conservação da natureza de uma

    forma mais objetiva como “um conjunto de medidas adotadas nas atividades de

    exploração dos recursos naturais visando garantir a qualidade e quantidade

    destes mesmos durante certo prazo”. Compreendida desta forma, a

    conservação seria um largo espectro de práticas que se estendem desde a

    intocabilidade até o uso intensivo dos recursos naturais. Variando amplamente

    a quantidade e qualidade dos recursos que se desejam conservar durante um

    prazo de tempo igualmente variável. Dentro desta escala, as práticas de

    preservação seriam um setor da conservação onde se buscam manter os

    recursos naturais por um prazo o mais dilatado possível e nos mais elevados

    níveis de qualidade e quantidade. Dentro desta visão, o manejo da fauna étambém conservação e pode ser, em muitos casos, até mesmo preservação da

    fauna. Giles (1971) define manejo de fauna (wildlife management) como a

    “ciência e a arte de modificar as características dos habitats, das populações

    de animais silvestres e do homem bem como das interações entre os mesmos,

    nas práticas de exploração dos recursos faunísticos”. 

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    2/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 2

    2  – IMPORTANCIA E OBJETIVOS DO MANEJO DE FAUNA:

    Os benefícios avindos da conservação e do manejo da fauna silvestre

    podem ser classificados em ecológicos, sócio  –  econômicos, científicos e

    éticos. Estas quatro categorias não são facilmente separáveis entre si e, com

    muita freqüência uma certa pratica adotada pode implicar simultaneamente em

    diversas categorias de benefícios.

    Do ponto de vista ecológico, os animais compreendem um segmento

    chave dos ecossistemas, responsável pela sustentação de seu equilíbrio

    fundamental. A classificação dos animais no nível trófico dos consumidores e,

    portanto, dependente dos produtores pode facilitar uma visão distorcida que

    subestime sua importância nos ecossistemas. A maioria das plantas tropicais,

    por exemplo, dependem de alguma forma dos animais, seja como

    polinizadores ou como dispersores de seus propágulos. Os animais são ainda

    fundamentais para os solos, contribuindo para manter muitas de suas

    propriedades, como a estrutura e os níveis de aeração, alem de participarem

    ativamente da ciclagem de nutrientes.

    Do ponto de vista sócio  – econômico a fauna constitui um valiosíssimo

    patrimônio genético e cada banco genético preservado em condições naturais

    deve ser visto como recurso natural ainda fora do alcance da capacidade

    criadora do homem e, portanto, irrecuperável no caso de extinção. A fauna

    silvestre vista como recurso econômico pode ser fonte de diversos produtos,

    como alimentos (carne, ovos, ração, etc.), medicamentos (soros, vacinas etc.)

    e materiais diversos (pele, couro, plumas, penas, ossos, peças ornamentais,

    etc.). A fauna propicia também outros benefícios de ordem sócio  – econômica,

    em especial a recreação, seja nas formas ativas, como a caça e a pesca, ounas passivas, como a observação, a fotografia ou a filmagem dos animais em

    seu habitat natural. Atividade turística envolvendo animais silvestres já

    constitui, por exemplo, a segunda fonte de divisas de paises como Quênia e a

    Tanzânia. Os animais silvestres são também uma fonte permanente de

    alternativas para a domesticação e de meios para o melhoramento de raças já

    domesticadas.

    Do ponto de vista científico, o estudo dos animais silvestres emcondições naturais permite. a cada dia, que o homem amplie sua compreensão

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    3/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 3

    do universo em que se insere e também de si mesmo, observando nos animais

    os fundamentos biológicos do próprio comportamento humano. Além dos

    estudos ecológicos, os animais contribuem ainda para outras importantes áreas

    da ciência aplicada, especialmente para as pesquisas das áreas médica,

    veterinárias, agronômicas, alimentícias e pedagógicas. Os aspectos científicos

    fundamentam atividades educativas que vinculam a formação intelectual do

    homem aos animais, que com ele compartilham o espaço vivo do planeta.

    O aspecto ético (ou moral) da conservação da natureza e, por extensão

    da fauna, tem sido objeto de polêmica filosófica. Há quem considere que a

    relação do homem com a natureza é meramente utilitarista, e que sua postura

    diante da mesma será, portanto, inescapavelmente egoísta, ou, na melhor das

    hipóteses, antropocêntrica. Nesta visão, todo esforço conservacionista é visto

    como parte da luta pelo bem estar individual ou grupal. onde o Verde e os

     Animais são protegidos para alguma forma de usufruto do homem. Contudo, há

    também aqueles que, não desprezando a aspecto utilitarista e antropocêntrico

    da conservação da natureza, admitem a existência de sentimentos fraternos, e

    de identidade do homem para com a natureza - a biofilia - sentimentos estes

    que poderiam participar da sua vontade básica nas iniciativas,

    conservacionistas. Porém,. Pode-se perguntar até que ponto uma postura ética

    / altruísta em geral não visa a realização do próprio individuo?

    3.  – ASPECTOS TRADICIONAIS DO MANEJO DE FAUNA

    O manejo de fauna, por definição, opera em três níveis conjugados entre

    si: o animal, o ambiente e o homem. Portanto, envolve áreas de conhecimento

    muito variadas, como ecologia, a zoologia, a economia, a administração, asociologia, etc., por necessidade de se trabalhar com equipes

    multidisciplinares, que podem envolver biólogos, engenheiros florestais,

    veterinários, economistas, zootecnistas, etc.. A engenharia florestal é uma das

    profissões que oferece boas condições para atuação nesta área, graças aos

    aspectos biológicos, técnicos, administrativos, econômicos e ecológicos da

    formação de seus profissionais. Não se deve deixar de dizer, entretanto, Que o

    sucesso profissional maior, como em qualquer outra área, é alcançadoprincipalmente pelos dedicados, que apreciem o que façam.

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    4/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 4

    O Brasil encontra-se em situação muito incipiente no manejo de sua

    fauna silvestre, num estágio anterior mesmo ao de vários países da África.

     Apesar de a caça, a pesca e outras formas de aproveitamento da fauna serem

    mais antigos no Brasil que o próprio Cabral, o manejo de fauna, feito de forma

    organizada planejada e regulamentada é, no momento, uma prática

    relativamente distante de nossa realidade em geral. Em primeiro lugar, o

    manejo de fauna é uma ciência aplicada e, como tal, muito dependente da

    ciência básica (ou pura). Desta forma, considerando que a ecologia de nossos

    animais silvestres, especialmente os vertebrados, é muito mal conhecida,

    quase qualquer prática de manejo deverá partir do quase nada: estamos nos

    tombos dos primeiros passos. Entretanto, é preciso caminhar. A tradição em

    manejo de fauna desenvolvida em países do Primeiro Mundo está adaptada a

    ecossistemas muito mais simples e melhor conhecida que os tropicais, a uma

    fauna bem menos diversa e a sociedades humanas muito mais desenvolvidas.

    O aproveitamento desta experiência, apesar de possível e necessário. tem

    suas limitações. Some-se a isto o fato de que a cultura nacional cultiva há

    ainda muito pouco tempo e em reduzidos segmentos sociais os valores que

    envolvem a conservação da natureza, o que contribui. por enquanto., muito

    pouco para a afirmação política e social de grupos profissionais mais

    expressivos que estejam interessados neste campo de trabalho. Contudo, esta

    situação não é estática e uma onda renovadora tem se avolumado nos últimos

    anos, indicando consideráveis possibilidades futuras.

    Dentro desta realidade, julgamos conveniente que um curso de manejo

    de fauna, no presente momento, tenha uma ênfase em ciência básica,

    reafirmando a necessidade de desenvolver conhecimento, sobretudo sobre a

    ecologia dos nossos animais silvestres, já que estaremos formando eventuaispioneiros que irão desenvolver, oportunamente, suas próprias aptidões no

    campo prático, após explorarem e o conhecimento básico mínimo e necessário.

    4.  – HISTORICO DAS RELAÇOES DO HOMEM COM A FAUNA SILVESTRE:

     A interação entre a espécie humana e demais espécies animais

    remonta, certamente, as linhagens mais antigas dos Hominidae. Se ancestraismais antigos, como os  Australopitecus ( A. afarensis, A. africanus, A. robustus,

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    5/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 5

    e A. boisei ) apresentavam uma dieta vegetariana, é bem provável que estes

    mesmos interagissem diretamente com outros animais, pelo menos como

    presas de grandes carnívoros. A alimentação carnívora na linhagem humana

    surge, no período pliopleistocenico, com o Homo habilis. Durante algum tempo,

    os paleoantropólogos supuseram que o Horno habilis fosse o primeiro “homem

    caçador”, mas achados mais recentes provaram que tais  hominídeos nunca

    dependeram da caça de grandes animais corno fonte protéica. O Homo habilis,

    assim como as hienas, chacais e abutres exploravam a carniça abandonada

    por grandes predadores. Apesar de já utilizarem alguns instrumentos cortantes

    e contundentes, estes eram provavelmente empregados no retalhamento da

    carne, que era levada para consumo em sítios mais seguros.

     A caça com abate de grandes presas surgiu com uma linhagem humana

    mais moderna: o Homo erectus  no Pleistoceno Inferior. A caça de grandes

    animais implicava, para o Homo erectus, numa acentuada cooperação entre

    indivíduos e posterior partilha da carne, indicando já um considerável nível de

    sociabilidade. A tecnologia deu grandes passos neste período, com a

    domesticação do fogo, o refinamento da indústria lítica (artefatos de pedra) e

    um início de preocupações estéticas.

     As formas primitivas do homem atual - o Homo sapiens neanderthalensis 

    e o Homo sapiens sapiens (Cro-Magnon) - também foram grandes caçadores

    que enfrentaram inclusive os rigores de vários períodos glaciais do Pleistoceno.

    Os testemunhos da importância da caça nestas sociedades primitivas foram

    deixados nos restos arqueológicos - armas e ossos das presas - e nas pinturas

    rupestres, que representavam, em sua maioria, cenas de caçada de animais

    selvagens: mamutes, veados, rinocerontes, bisões, cavalos e ursos. Estas

    pinturas, conforme hoje se suspeita, tinham um profundo conteúdo mágico-religioso com fins propiciatórios (o sucesso das caçadas). Data também deste

    período a primeira associação protocooperativa do homem com outro animal: o

    cachorro. Acompanhando os grupos humanos, este descendente dos lobos

    primitivos adaptou-se ao aproveitamento dos restos alimentares, enquanto

    fornecia ao homem a proteção adicional do alarme contra predadores e contra

    grupos humanos hostis. Alem disso, os valores adaptativos das duas espécies

    - homem e cão se complementavam nas caçadas.

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    6/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 6

     As sociedades nômades e seminômades primitivas foram responsáveis

    pela domesticação de dois animais de carga, úteis em seus deslocamentos: o

    camelo e o cavalo. Com o processo de sedentarização que deu origem ás

    Grandes Civilizações agricultoras, outros animais foram sendo incorporados

    aos sistemas humanos, cornos aconteceu com o boi, a cabra, a galinha, o

     jumento, o elefante, a lhama e o iaque. Nascia a pecuária. Além no alimento

    (carne, leite e ovos), do transporte e de outras formas de trabalho. alguns

    animais foram domesticados nesta época para fins ornamentais e afetivos, por

    exemplo, os pássaros e peixes.dando origem aos chamados animais de

    estimação. Por outro lado, outros animais, como o pardal e o rato, foram

    associando ao homem trazendo-lhe prejuízos mais ou menos graves, o último

    deles suscitou a domesticação de seu predador por excelência: o gato.

    Diversos animais integraram o universo religioso dos povos antigos. Seja

    como símbolos ou como divindade nas religiões zoomoticas. O Egito antigo

    sacrificava o falcão, o crocodilo, o chacal e a íbis; a Pérsia, o gato e a cabra; a

    China, o dragão; e o México pré colombiano, o quetzal. Entre os povos da

    Índia, se tinham no boi, no macaco e no elefante os animais sagrados e

    algumas seitas, o respeito aos animais foi incorporado ao preceito de Ahimsa,

    ou não agressão à vida. A palingênese hindu admite inclusive a metempsicose,

    ou seja, a possibilidade de transmigração das almas humanas para corpos de

    animais e vice-versa. A mitologia grega criou diversos entes

    artropozoomorficos, como os sátiros, o minotauro, o centauro, o grifo e a

    medusa. A esfinge greco-egípcia ficou como um símbolo à natureza dual da

    condição humana. Ao mesmo tempo homem e animal, um enigma. Roma, que

    adotou o universo mítico grego, associou sua fundação ao leite de uma loba e

    introduziu o uso aos animais nos espetáculos circenses.Entre os judeus, vários animais eram utilizados como sacrifício a Jeová,

    enquanto para os cristãos, esta tradição deveria ser encerrada com o sacrifício

    definitivo do Cordeiro (Jesus). O cristianismo adotou o peixe como símbolo da

    fé dos pescadores da Galiléia e a pomba como manifestação do Espírito de

    Verdade. Na feitiçaria, os animais também eram utilizados para diversos fins,

    como a leitura da sorte nas vísceras. Muitos deles foram associados ao

    demônio, em especial o bode e o gato. Desde então, até os dias de hoje, osanimais freqüentam o universo mítico-religioso e o anedotário humano. No

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    7/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 7

    Brasil por exemplo. o folclore registra .inúmeros contos sobre animais e outros

    seres míticos, como o curupira (protetor dos animais da floresta) a mula-sem-

    cabeça. o boitatá e o lobisomem. Há crenças populares de grande penetração

    como, por exemplo a da cobra que mama no peito das mães (ou das vacas)

    com o rabo na boca das crianças (ou dos bezerros) ou da transformação dos

    ratos em morcegos.

    Desde a Antiguidade, a relação do homem com a fauna silvestre vem

    enfrentando também um problema sério. Os animais em geral, como outros

    recursos da natureza, passaram a sofrer uma crescente ameaça provocada

    pela degradação ambiental promovida pelo homem. Citando apenas exemplos

    anteriores idade Moderna, o homem acelerou a desertificação do Saara (antes

    uma estepe) e do Crescente Fértil (vales do Nilo e do Tigre / Eufrates) e

    conseguiu extinguir (ou quase) da Europa o leão e o urso o bisão e o lobo. Na

    idade Média, foram tomadas as primeiras iniciativas no sentido de se proteger

    a fauna, já que a nobreza européia sentiu muito cedo as ameaças que

    pairavam sobre um de seus esportes prediletos: a caça à raposa, a lebre, ao

    cervo, ao gamo e ao faisão. Desta forma, a caça em diversos feudos foi vetada

    aos servos. que ficavam também obrigados a proteger os animais e os

    bosques de caça de seus senhores. Campanhas foram feitas para o extermínio

    de predadores, especialmente o lobo, enquanto estoques cinegéticos eram

    criados em cativeiro para reintrodução ou enriquecimento nos bosques.

    Desde o inicio da Revolução Industrial a questão da proteção da fauna

    tem merecido cada vez mais atenção devido ao dramático processo de

    degradação das áreas primitivas do planeta, acelerado pela explosão

    demográfica humana, pela expansão do capitalismo industrial e pelo

    aprimoramento das técnicas de exploração dos recursos naturais. Desde oséculo XVIII já se registrou a extinção de cerca de 120 espécies de mamíferos

    e 150 de aves, provocada, é lógico, pelo homem. No princípio, a causa da

    conservação da fauna silvestre era uma iniciativa de pequenos setores das

    classes dominantes dos países industrializados do ocidente, mas foi ganhando

    as classes populares destes mesmos e, nos dias de hoje, penetra com força no

    Terceiro Mundo, onde os impactos humanos sobre a fauna tem sido dos mais

    críticos. Tais preocupações, antes restritas a certos povos, tornaram de âmbitointernacional, regidas por organismos como a Union Internationale pour la

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    8/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 8

    Conservacion de la Nature et de ses Resources (UICN), fundada em 1948, e o

    World Wildlife Fund (WWF). criado em 1961.

     A situação brasileira é uma das mais críticas no mundo neste momento.

    Várias populações de animais silvestres já se encontram ameaçadas de

    extinção e este quadro deve-se principalmente à destruição dos habitats

    promovida pelo avanço da fronteira agrícola sobre a região do cerrado e sobre

    a Amazônia. A caça predatória ilícita também vem crescendo no país,

    principalmente a que procura atender às pressões do mercado internacional de

    peles e couro. As dificuldades para se fazer valerem as leis e o estado de

    abandono dos parques e reservas no Brasil contribuem para agravar o quadro

    de riscos que pesa sobre o recurso faunístico do país. As esperanças têm sido

    depositadas principalmente no crescimento dos valores conservacionistas entre

    a população e a sua conversão em uma força de pressão política cada vez

    maior.

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNA 

    CONSERVAÇÃO 

     Atitude daquele que é hostil a inovações, tradicionalismo, resguardar de

    dano, decadência ou prejuízo.

    PRESERVAÇÃO 

    Livrar de algum mal, defender, manter livre de perigo ou dano.

    MANEJO = trabalhar com; dirigir, administrar; dispor; ter conhecimento de

    FAUNA = conjunto de animais próprios de uma região

    MANEJO DE FAUNA = São todos e quaisquer procedimentos que envolvem

    animais, estejam eles livres na natureza ou contidos em cativeiro, por tempo

    determinado ou por toda vida.

    MANEJO DE FAUNA in situ = São todos e quaisquer procedimentos que

    envolvem animais, que estejam contidos em cativeiro, por tempo determinadoou permanentemente.

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    9/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 9

    MANEJO DE FAUNA ex situ = São todos e quaisquer procedimentos que

    envolvem animais, que estejam livres na natureza.

    CIÊNCIAS AFINS DA CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNA

    A IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO E DO MANEJO DE FAUNA PARA A

    ENGENHARIA FLORESTAL 

    ESTRUTURA E DINÂMICADAS POPULAÇÕES ANIMAIS 

    PROPRIEDADES DOS GRUPOS POPULACIONAIS 

    "Teorema da Indeterminação": 

     Ao se estudar uma população heterogênea pela utilização de

     propriedades populacionais (e não individuais) os valores individuais obtidos

    estarão sempre sujeitos a um fator de incerteza independente da precisão e/ou

    exatidão do método e dependente do grau de heterogeneidade da população

    em estudo.

    DINÂMICA DAS POPULAÇÕES

    Distribuição espacial dos indivíduos

    Refere-se a distribuição ou dispersão espacial dos indivíduos de uma

    comunidade ou população no espaço, geralmente um espaço bidimensional

    (plano). Reconhecem-se três formas gerais de padrão espacial. Padrãocompletamente aleatório: a localização dos indivíduos não tem nenhum padrão

    identificável sendo completamente aleatória. Padrão agrupado ou agregado: os

    indivíduos se agregam formando grupos ou regiões com maior densidade de

    indivíduos. Padrão regular: os indivíduos se localizam seguindo alguma forma

    de regularidade o que resulta em zonas de exclusão de indivíduos. Existe uma

    gradação contínua do extremo do padrão mais agregado ao extremo do padrão

    mais regular, sendo que regularidade e agregação têm graus variados.

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    10/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 10

    Somente o padrão completamente aleatório pode ser concebido como um

    ponto nessa gradação contínua.

    Diz-se também da forma como os indivíduos ocupam o local de

    ocorrência dispersando-se dentro de extratos específicos no ambiente em que

    vive, como exemplo de uma mata, vista a partir do solo e dividida por metros

    acima para definir a ocupação do espaço.

    Densidade populacional

    É a medida expressa pela relação entre a população e a superfície do

    território, ou seja, número de habitantes pela área que ocupam.

    Crescimento populacional

    Quando o número de nascimentos em uma população supera o número

    de mortes, ocorre um crescimento da população, portanto uma mudança na

    densidade populacional.

     A taxa de mudança da densidade populacional durante uma umidade de

    tempo é:

    DN =N t   – N t-1 = nascimentos  – mortos = N t-1(B-D) 

    onde N t  é a densidade da população no período atual, N t -1  é a densidade no

    mesmo tempo do período anterior, B é o número de nascimentos per individual

    durante o período e D é o número de mortes per capita durante o período de

    tempo*.

    *As taxas per-capita de mortalidade são calculadas por um intervalo finito de

    tempo, t , e precisam também incluir a mortalidade dos indivíduos vivos no

    começo do período de tempo (os pais, N t -1) e aqueles nascidos durando o

    período de tempo (as proles, B). Por isso, a taxa per-capita total é realmente D p 

    + DoB, onde DP  e a taxa per-capita de mortalidade dos pais e Do é a taxa per-

    capita de mortalidade das proles. Ambas D p  e Do  são probabilidades de

    mortalidade durante um período finito de tempo, com valores sempre entre 0 e

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    11/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 11

    1). Por isso, a mudança total  da densidade populacional durante um intervalo

    de tempo é:

    N t  = N t -1[1 + B - (D p + DoB)] = N t -1 - D pN t -1 + BN t -1- DoBN t -1 

    Crescimento Exponencial

    O crescimento exponencial é sinônimo do  primeiro principio da

    dinâmica populacional , com o termo "princípio" implicando que é uma

    propriedade fundamental de todos os sistemas populacionais, ou de fato, todas

    as entes que se reproduzem (taxas de juros e cristais).

    O crescimento exponencial pode ser visto melhor considerando umaameba que reproduz por fissão (divisão assexuada) uma vez por dia:

    Tempo Números de Amebas

    Dia 0 1

    Dia 1 2

    …  … 

    Dia 10 1024

    …  … 

    Dia 20 1,000,000

    …  … 

    Dia 30 1,000,000,000

    O crescimento exponencial discreto  se caracteriza pelas mudanças

    durante um intervalo fixo de tempo. Por exemplo, a equação: 

    NT = NT-1 G 

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    12/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 12

    É uma equação de crescimento discreto porque o número em qualquer

    período de tempo (t ), é calculado do número num instante discreto do tempo.

    Por isso, G é a taxa anual de crescimento. G = 1+ B -D é a taxa finita per capita

    de mudança, e B e D são respectivamente as taxas per capitã de natalidade e

    mortalidade. Essa equação é uma equação de crescimento é computado pela

    diferencia entre as densidades populacionais em dos pontos distintos do

    tempo. Essa equação pode ser resolvida sob a condição que G é constante:

    NT = N0Gr  

    O crescimento exponencial continuo  se caracteriza pelas mudanças

    que ocorrem instantaneamente, ou quando os tempos entre as observaçõesficam pequenos. O crescimento populacional contínuo e definido por uma

    equação diferencial  

    dN/dt = RN  

    Onde dN  / dt  é a taxa de mudança populacional durante um instante de

    tempo e R  é a taxa instantânea per capita de mudança Essa equação pode ser

    integrada usando cálculo; ou um rearranjo dela de modo que somente N  apareça ao lado esquerdo 

    (1/N)dN - Rdt  

    e integrando no tempo, temos

    ln N t  = C R t  

    com C  sendo o constante da integração. Se deixamos C  = ln N 0, obtemos

    lnN t  = lnN 0  R t  

    ou

    Nt = N0eRt 

    Lembre que R  e G  são equivalentes pela transformação logarítmica

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    13/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 13

    R = ln G  

    Natalidade

    É a relação entre o número de nascimentos ocorridos em um ano e o

    número de habitantes. Obtemos essa taxa tomando os nascimentos ocorridos

    durante um ano, multiplicando-se por 1000 e dividindo o resultado pela

    população absoluta, ou seja:

    Mortalidade

    É a relação entre o número de óbitos ocorridos em um ano e o número

    de habitantes. Obtemos essa taxa tomando os óbitos ocorridos durante um

    ano, multiplicando-os por 1000 e dividindo o resultado pela população absoluta,

    ou seja:

    Migração

    Uma migração ocorre quando uma população de seres vivos se move

    de um ambiente para outro, normalmente em busca de melhores condições de

    vida, seja em termos de alimentação, de temperatura, de trabalho (nos seres

    humanos), ou para fugirem a inimigos que se instalaram no seu ambiente.

     As migrações podem ser temporárias, quando a população regressa ao

    seu ambiente de origem, ou permanentes, quando a população se instala

    indefinidamente no novo ambiente.

    Migrações temporárias são conhecidas em muitas espécies de animais e

    podem ter periodicidades muito diferentes, desde as migrações diárias,

    normalmente verticais do plâncton na coluna de água (ver biologia marinha),

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    14/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 14

    anuais como as das andorinhas e de outras aves e de muitos animais

    terrestres, ou plurianuais como as das enguias e de outros peixes.

    Em alguns casos, movem-se por falta de comida, geralmente causada

    pelo inverno. Pássaros sempre migram de lugares frios para quentes. A mais

    longa rota de migração conhecida é a da Gaivina do Ártico Sterna paradisaea,

    que migra do Ártico para o Antártico e retorna todo ano.

    Baleias, borboletas, vespas e roedores também fazem migrações. A

    migração periódica dos gafanhotos é um grande fenômeno, retratado na bíblia.

    Emigração 

    É o ato e o fenômeno espontâneo de deixar seu local de ocorrência

    (residência) para se estabelecer numa outra região. Visto da perspectiva do

    lugar de origem.

     As razões que levam os organismos a emigrar são muitas,

    principalmente condições desfavoráveis, a precária situação alimentar,

    perseguições por predadores, entre outras.

    Imigração

    É o ato e o fenômeno espontâneo de entrada em local de ocorrência

    (residência) para se estabelecer. Com ânimo permanente ou temporário e com

    a intenção de trabalho e/ou residência, de organismos vivos, de um local para

    outro, visto da perspectiva do lugar de chegada.

     As causas das flutuações das populações:

     As flutuações das populações acontecem por diversos fatores, que

    dependem ou não da densidade apresentada.

    Fatores dependentes da densidade

    Competição: intra ou interespecíficas é pela alimentação e pelo território,

    podendo acarretar a morte do indivíduo.

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    15/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 15

    Predatismo: Vejamos uma cadeia alimentar:

    Reduzindo a população de predadores, aumentará a população de

    presas; conseqüentemente, o alimento vegetal não será o bastante para

    sustentar as presas, que também terá sua população reduzida devido ao

    aumento da mortalidade e da fome.

    Com o aumento dos predadores, o consumo das presas será maior,

    ocasionando a redução dessa população, e conseqüentemente a população de

    predadores também será reduzida devido ao aumento da mortalidade e dafome.

    Parasitismo: Os parasitas transmitem doenças (endêmicas), caso esta mesma

    doença se espalhe causará uma epidemia, se o alastramento for denominado

    mundial causará uma pandemia. Com o contágio dos parasitas obtemos vários

    doentes, os mesmos correm o risco de morte fazendo com que os parasitas

    diminuam a sua população por não obterem organismos para hospedar.

     Alimentação: Quanto maior o consumo de alimentos maior e mais rápido será:

    - o desenvolvimento do indivíduo;

    - o amadurecimento sexual;

    - o aumento da fecundidade;

    - aumento da reserva de gordura no organismo;

    - e o canibalismo é reduzido entre as espécies.

    Ocorrendo menos consumo de alimentos o efeito na espécie será o contrário.

    Fatores independentes da densidade 

    Trata-se de fatores como: temperatura, luz própria, umidade, etc., podendo

    influenciar diretamente ou indiretamente.

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    16/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 16

    Direta: Uma temperatura mais úmida possibilita a fertilidade, e

    conseqüentemente a natalidade. Já a temperatura demasiadamente fria e seca

    possibilita a mortalidade.

    Indireta: Em temperaturas mais frias as populações de insetos são reduzidas,

    pois o frio favorece a mortalidade e os alimentos se tornam insuficientes,

    ocasionando a fome.

    Doenças: ocorrem em geral deforma cíclica, e algumas vezes funcionam

    controlando o crescimento do números de indivíduos em uma determinada

    população de uma determinada área e local, podendo depois de um período

    desaparecer

    ESTRUTURA DAS POPULAÇÕES 

    Padrões internos de distribuição

    Tipos de distribuição

     Aleatório: ocorre onde o ambiente é muito uniforme e não há tendência

    a agregação

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    17/31

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    18/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 18

    2. População em manchas: conjunto de populações entre as quais a

    grande fluxo de indivíduos ou gênico (definição básica).

    3. Modelo intermediário: há um núcleo central formado por populaçõesdensamente conectadas que colonizam populações periféricas.

    Quatro modelos de metapopulações: A) Continente-ilha; B) População

    em manchas; C) Metapopulação em desequilíbrio e D) Combinação de A e B.

    Os círculos escuros representam manchas ocupadas. As linhas indicam

    movimento de dispersão. Linhas pontilhadas são os limites das populações.

    Modificado de Harrison & Hastings (1996).

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    19/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 19

    COMPORTAMENTO ANIMAL

    É o resultado da interação de influências genéticas e ambientais.

    Etologia é o estudo das regras de conduta, mais ou menos complexas,

    dos animais em liberdade, com o objetivo de resolver problemas de

    sobrevivência e reprodução.

    TERRITORIALIDADE

     A tentativa de influenciar e controlar as ações alheias através do reforço do

    controle sobre uma área geográfica e os objetos nela contidos. De fato aparece

    ligada à agressividade elevada nas espécies animais que possuem um sistema

    de localização, em que machos se reúnem para comparar territórios, uma vez

    que os confrontos agressivos entre machos pela posse de territórios é uma pré-

    condição para o acasalamento.

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    20/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 20

    OBJETIVOS DO MANEJO DE FAUNA

    •  Comercial;

    •  Científico;

    •  Conservação;

    •  Consumo próprio;

    •  Controle;

    •  Concorrência com o tráfico;

    •  Testar alternativas econômicas e alimentares.

    CAPTURA E MARCAÇÕES DE ANIMAIS SILVESTRES

    •  Dependendo do porte, agressividade, estilo de vida e hábito podem ser

    utilizadas diversas formas para capturar espécimes da fauna (alçapão,

    gaiolas, laço, jaulas, redes e outros);

    •  As marcações de animais silvestres devem levar em consideração, uma

    série de fatores principalmente no bem estar animal e de sua aceitação

    no grupo que frequenta, bem como a o tipo, a necessidade e

    longevidade da marcação a ser usada.

    DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

    É um processo utilizado desde a pré-história, o qual consiste na seleção

    e adaptação de certos seres vivos, considerados úteis para suprir

    necessidades humanas, para a vida em associação íntima com os seres

    humanos e com outras espécies. Ao longo de milhares de anos, esse processoacarretou modificações em várias características originais dos seres vivos

    domesticados, chegando muitas vezes ao desenvolvimento de dezenas de

    raças.

    MANEJO DE ANIMAIS EM AMBIENTE CONFINADO

    •  Hábitos alimentares e de higiene: são de prioridade máxima na

    manutenção da saúde e bem estar geral da espécie a ser confinada, com

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    21/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 21

    estrita observância ao objetivo do cativeiro (reintrodução, manutenção,

    exposição, reprodução, estudos diversos, outros);

    •  Formação de grupos: deve ser realizado com o máximo de cuidado pois a

    formação de um grupo ou a introdução de um novo membro em um grupo

    pré-existente pode ter conseqüências danosas para as espécimes em

    questão.

    CUIDADOS COM A PROLE

     Animais quando em confinamento, tendem a modificar vários hábitos

    comuns na natureza desde aqueles envolvidos na formação do grupo até os

    reprodutivos, passando pelos cuidados e ensinamentos a serem transmitidos

    ao novo membro do grupo, bem como a rejeição que pode ocorrer de modo

    bastante violento quando em cativeiro.

    EXPLORAÇÃO RACIONAL DE ANIMAIS SILVESTRES

      Científica

      Exposição

      Lazer

      Caça

      Trabalho

    LEVANTAMENTO FAUNÍSTICO

    •  Medidas de diversidade ecológica

     –   Riqueza de espécies;

     –   Heterogeneidade;

     –   Equitatividade.

    •  Os primeiros naturalistas observaram que as áreas tropicais abrigavam

    um maior número de espécies de plantas e animais se comparadas às

    áreas temperadas;

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    22/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 22

    •  A biologia da conservação gerou um recente interesse em saber como

    medir a diversidade de plantas e animais nas comunidades;

    RIQUEZA DE ESPÉCIES

    •  McIntosh (1967) foi o primeiro a empregar o termo riqueza de espécies; 

    •  O mais antigo e mais simples conceito de diversidade de espécies é a

    riqueza de espécies: o número de espécies na comunidade;

    •  O problema básico desta medida é que freqüentemente não é possível

    enumerar todas as espécies em uma comunidade natural.

    Os mapas mostram os hotspots com maior riqueza de espécies (A),

    espécies endêmicas (B) e espécies ameaçadas (C). Como não há

    superposição entre os três, a seleção de áreas protegidas deve levar em

    conta a complementaridade entre eles.

    Podem ser:

    •  Método da rarefação;

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    23/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 23

    •  Estimativa de Jackknife;

    •  Estimativa da curva Espécie-Área.

    MÉTODO DA RAREFAÇÃO

    •  A comparação da riqueza de espécies exige a adequação a um tamanho

    amostral comum;

    •  Rarefação é um método estatístico usado para estimar o número de

    espécies esperado em uma amostra casual de indivíduos retirada de

    uma comunidade;

    •  O método da rarefação responde a questão: Se a amostra tivesse

    consistido de n indivíduos (n

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    24/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 24

    S = estimador de riqueza de espécies Jackknife

    s = número total de espécies observado em n quadrados 

    n = número total de quadrados amostrados

    k = número de espécies únicas

    ESTIMATIVA DA CURVA ESPÉCIE – ÁREA

    •  Desde que o número de espécies tenda a aumentar com a área

    amostrada, é possível ajustar a linha de regressão e usá-la para predizer

    o número de espécies em uma área de tamanho particular;

    •  Este método é útil somente para comunidades que tenham dados

    suficientes para construir uma curva espécie – área.

    Onde: S = número de espécies (= riqueza de espécies)

     A = área amostrada

    a = y interceptado pela regressão

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    25/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 25

    MEDIDAS DE HETEROGENEIDADE

    Medidas mais robustas de diversidade por envolver RIQUEZA de espécies

    e EQUITATIVIDADE;

    •  As medidas de diversidade por meio de índices de heterogeneidade têm

    procedido por dois caminhos relativamente distintos:

    • 

    - O primeiro emprega a teoria da amostragem estatística para investigar como

    as comunidades são estruturadas.

    - O segundo usa a teoria da informação para conhecer a respeito da estrutura

    das comunidades.

     A IDÉIA É OBTER ALGUMA MEDIDA DA ORGANIZAÇÃO DA

    COMUNIDADE COM BASE NA ABUNDÂNCIA RELATIVA DAS DIFERENTES

    ESPÉCIES.

    TEORIA DA AMOSTRAGEM ESTATÍSTICA

    •  Série geométrica (comunidades com alta dominância)

    •  Log-normal (comunidades com espécies dominantes e raras)

    •  Broken stick (comunidades mais equitativas)

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    26/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 26

    a) Relação rank/abundância  – modelos teóricos de abundância de espécies:

    série geométrica, Lognormal e Broken stick. b) dados empíricos apresentados

    por meio da relação rank/abundância.

    Teoria da informação (número de espécies, número de indivíduos, locais

    ocupados pelos indivíduos de cada espécie, locais ocupados pelos indivíduos

    como indivíduos separados)

    - Índice de diversidade de Simpson 

    - Função Shannon  – Wiener

    - Índice de Brillouin 

    ÍNDICE DE DIVERSIDADE DE SIMPSON

    Simpson sugere que a diversidade é inversamente relatada pela

    probabilidade de que dois indivíduos escolhidos ao acaso pertençam à mesma

    espécie (medida da incerteza).

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    27/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 27

    Onde, ni = número de indivíduos da espécie i na amostra 

    N = número total de indivíduos na amostra = ni

    s = número de espécies na amostra

    FUNÇÃO SHANNON – WIENER

    Medida da quantidade de incerteza ao predizer corretamente a espécie aque pertence o próximo indivíduo coletado em uma amostra;

    Onde:

    H´ = medida da quantidade de incerteza (informação contida na

    amostra de indivíduos)

    s = número de espécies

    pi = proporção do total da amostra per’tencente à espécie i  

    ÍNDICE DE BRILLOUIN

    É mais sensível à abundância de espécies raras na comunidade;

    -  Usado quando a aleatoriedade da amostra não pode ser garantida;

    Onde: H = Índice de Brillouin

    N = número total de indivíduos na população

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    28/31

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    29/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 29

    PRINCIPAIS GRUPOS DE ANIMAIS DOS ECOSSISTEMAS FLORESTAIS

    BRASILEIROS

    •  Na fauna do Ecossitema Amazônia, destacam-se a onça (Panthera

    onca), onça preta (Panthera onca melanica), tucano (Ramphastos sp) o

    bugio ( Alouatta sp), a anta (Tapirus terrestris), o pirarucu ( Arapaima

    gigas), o peixe-boi (Trichechus inunguis), o boto-cor-de-rosa (Inia

    geoffrensis), cobra-papagaio (Corallus caninus);

    •  Nas floresta do Alto Amazônica vive o menor primata do mundo, o

    Sagüi-leãozinho (Cebuella pygmaea);

    •  O rarísimo sauim-de-coleira (Saguinus bicolor ), endêmico da região de

    Manaus, ainda pode ser encontrado em alguns fragmentos florestais noMunicípio de Manaus, como no Parque do Mindú;

    •  São, por exemplo, 261 espécies conhecidas de mamíferos. Mico-leão-

    dourado (Leontopithecus rosalia), onça-pintada (Panthera onca), bicho-

    preguiça, capivara. tamanduá-bandeira, o tatu-peludo , a jaguatirica, e o

    cachorro-do-mato ainda faltariam 252 mamíferos para completar o total

    de espécies dessa classe do reino animal na Mata Atlântica.

    •  No Cerrado são conhecidos mais de 1.500 espécies animais, formandoo segundo maior conjunto animal do planeta. 50 das 100 espécies de

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    30/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

     ___________________________________________________________________ 30

    mamíferos (pertencentes a 67 gêneros) estão no Cerrado. Apresenta

    mais de 830 espécies de aves, 150 de anfíbios (das quais 45 são

    endêmicas), 120 espécies de répteis (das quais 45 são endêmicas).

     Apenas no Distrito Federal há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies de

    borboletas e 500 de abelhas e vespas.

    •  Dentre as que correm risco de desaparecer estão o tamanduá-bandeira,

    a anta, o lobo-guará, o pato-mergulhão, o falcão-de-peito-vermelho, o

    tatu-bola, o tatu-canastra, o cervo, o cachorro-vinagre, a onça-pintada, a

    ariranha e a lontra.

    •  cerca de 1800). A mais espetacular é a arara-azul-grande, uma espécie

    ameaçada de extinção. Há ainda tuiuiús (a ave símbolo do Pantanal),

    tucanos, periquitos, garças-brancas, jaburus, beija-flores (os menores

    chegam a pesar dois gramas), socós (espécie de garça de coloração

    castanha), jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões,

    carcarás e curicacas.

    •  No Pantanal já foram catalogadas mais de 1.100 espécies de

    borboletas. Contam-se mais de 80 espécies de mamíferos, sendo os

    principais a onça-pintada (atinge a 1,2 m de comprimento, 0,85 cm de

    altura e pesa até 150 kg), lobinho, veado-campeiro, veado catingueiro,

    lobo-guará, macaco-prego, cervo do pantanal, bugio porco do mato,

    tamanduá, cachorro-do-mato, anta, bicho-preguiça, ariranha, suçuarana,

    quati, tatu etc.

    •  Entre os répteis, o principal são os jacarés (jacaré-do-pantanal e jacaré-

    de-coroa), cobra boca de sapo (sucuri, jibóia, cobras-d’água e outras),

    lagartos (camaleão, calango-verde) e quelônios (jabuti e cágado).

    •  A região também é extremamente piscosa, foram catalogadas 263espécies de peixes: piranha, pacu, pintado, dourado, cachara,

    curimbatá, piraputanga, jaú e piau são algumas das espécies

    encontradas.

    •  Um total de 876 espécies animais

    •  17 espécies de anfíbios

    •  44 de répteis•  695 de aves

  • 8/15/2019 Capitulo I Manejo

    31/31

    CONSERVAÇÃO E MANEJO DE FAUNAPROF. DR. CARLOS FERNANDO RODRIGUES GUARANÁ 

    •  e 120 de mamíferos

    •  É considerado o menos conhecido e estudado dos ecossistemas

    brasileiros.

    FIM