capitalismo monopolista

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IMPERIALISMO AO PÉ DA LETRA Os dicionários da língua portuguesa definem, num contexto generalizado, o significado da palavra império como: (1 - Nação regida por um imperador), (2 – Autoridade, comando e domínio) e (3 – Grande empresa ou conjunto de empresas de um único dono). Capitalismo monopolista, imperialismo e fascismo O capitalismo, enquanto sistema econômico, atravessou três etapas com características distintas. A primeira fase, conhecida como capitalismo comercial (1400-1760), foi marcada pelo mercantilismo, com base no acúmulo de metais preciosos, no colonialismo, no monopólio de mercados e no protecionismo das tarifas alfandegárias. A segunda, denominada capitalismo industrial (1760-1860), distinguiu-se pelo liberalismo, fundamentado na livre concorrência e na ausência de entraves ao comércio e à produção. Finalmente a terceira, designada como capitalismo financeiro ou monopolista (1870 a nossos dias), é assinalada pelo imperialismo, apoiado no capital financeiro (fusão dos capitais bancário e industrial), na concentração de indústrias em monopólios, na exportação de capitais e na divisão do mundo pelas grande potências em ares de dominação ou de influência direta. O imperialismo, considerado política econômica de uma etapa do processo capitalista, não se explica e não se expressa unicamente em âmbito econômico, embora aí esteja sua raiz. É acompanhado de modificações no plano político, social e cultural, em um processo de interação e influência recíproca, que determinam uma nova articulação do sistema capitalista em todos os níveis. Essas modificações abalaram as relações políticas em escala internacional, levando à Primeira Guerra Mundial. Além disso, provocaram transformações internas nas organizações de governo, entre as quais a atribuição de novas funções ao Estado capitalista. O Estado liberal, policiador da livre concorrência, cedeu lugar ao Estado intervencionista, determinador das relações econômicas, no plano interno, e da corrida pela partilha do mundo em esferas de dominação, no plano externo. O fenômeno fascista localiza-se nesta etapa de capitalismo, marcado, entre outras alterações, pela modificação do papel do Estado. Os primeiros países europeus que efetivaram a Revolução Industrial conseguiram realizar a transição do capitalismo liberal para o capitalismo financeiro ou monopolista com uma intervenção do Estado relativamente suave, mantendo as liberdades democráticas fundamentais mesmo nos períodos de mais aguda crise econômica. Já as nações que entraram tardiamente na fase industrial e na corrida colonial-

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Uma pesquisa escolar que aborda o tema capitalismo monopolista

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Page 1: Capitalismo monopolista

IMPERIALISMO AO PÉ DA LETRA

Os dicionários da língua portuguesa definem, num contexto generalizado, o significado da palavra império como: (1 - Nação regida por um imperador), (2 – Autoridade,

comando e domínio) e (3 – Grande empresa ou conjunto de empresas de um único dono).

Capitalismo monopolista, imperialismo e fascismo

O capitalismo, enquanto sistema econômico, atravessou três etapas com características distintas. A primeira fase, conhecida como capitalismo comercial (1400-1760), foi marcada pelo mercantilismo, com base no acúmulo de metais preciosos, no colonialismo, no monopólio de mercados e no protecionismo das tarifas alfandegárias. A segunda, denominada capitalismo industrial (1760-1860), distinguiu-se pelo liberalismo, fundamentado na livre concorrência e na ausência de entraves ao comércio e à produção. Finalmente a terceira, designada como capitalismo financeiro ou monopolista (1870 a nossos dias), é assinalada pelo imperialismo, apoiado no capital financeiro (fusão dos capitais bancário e industrial), na concentração de indústrias em monopólios, na exportação de capitais e na divisão do mundo pelas grande potências em ares de dominação ou de influência direta.

O imperialismo, considerado política econômica de uma etapa do processo capitalista, não se explica e não se expressa unicamente em âmbito econômico, embora aí esteja sua raiz. É acompanhado de modificações no plano político, social e cultural, em um processo de interação e influência recíproca, que determinam uma nova articulação do sistema capitalista em todos os níveis.

Essas modificações abalaram as relações políticas em escala internacional, levando à Primeira Guerra Mundial. Além disso, provocaram transformações internas nas organizações de governo, entre as quais a atribuição de novas funções ao Estado capitalista. O Estado liberal, policiador da livre concorrência, cedeu lugar ao Estado intervencionista, determinador das relações econômicas, no plano interno, e da corrida pela partilha do mundo em esferas de dominação, no plano externo.

O fenômeno fascista localiza-se nesta etapa de capitalismo, marcado, entre outras alterações, pela modificação do papel do Estado.

Os primeiros países europeus que efetivaram a Revolução Industrial conseguiram realizar a transição do capitalismo liberal para o capitalismo financeiro ou monopolista com uma intervenção do Estado relativamente suave, mantendo as liberdades democráticas fundamentais mesmo nos períodos de mais aguda crise econômica. Já as nações que entraram tardiamente na fase industrial e na corrida colonial-imperialista do final do século XIX mostraram-se mais propensas à instauração dos regimes fascistas. Nestas, o Estado totalitário serviu para acelerar o processo de monopolização interna do capitalismo e estimular ao mais alto grau o expansionismo, características básicas da política econômica imperialista. Para tanto, a ideologia fascista forneceu as diretrizes políticas fundamentais de organização de um Estado radicalmente intervencionista, buscando, em curto espaço de tempo, implementar as transformações que, em países como Grã-Bretanha, França e Estados Unidos, já se processavam havia tempos.

Assim, as crises econômicas particulares que atravessavam os países no momento em que se estabeleceu o fascismo, o ressentimento gerado pelos tratados do pós-guerra, a radicalização dos movimentos operários e camponeses, o temor da burguesia européia diante do exemplo da Revolução Russa de 1917, a desunião dos partidos

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não-fascistas são aspectos que contribuíram diretamente para possibilitar a ascensão do fascismo. Todos esses fatores, entretanto, devem ser analisados levando-se em conta as alterações políticas e econômicas num nível mais amplo.

Origens do fascismo na Itália

Em 1914, no início do conflito mundial, a Itália rompia com a Tríplice Aliança e declarava sua neutralidade na guerra, mas já em 1915 abandonava seu não-alinhamento e enfileirava-se ao lado da tríplice Entente.

Em 1918, ao fim das operações militares, o custo da participação italiana na guerra atingia o montante de 15 bilhões de dólares, uma dívida de 4 bilhões de dólares com os Estados Unidos e Grã-Bretanha, 500 mil mortos e 700 mil feridos. Das vastas compensações territoriais que lhe haviam sido prometidas, a Itália recebeu apenas Trentino, o Tirol do Sul e a Veneza-Giulia, pertencentes à Áustria. A Itália achava-se “vencida no campo dos vencedores”.

A inflação, o desemprego, agravado pelo retorno de um milhão de soldados, a alta do custo de vida e a queda da produção industrial desencadearam no pós-guerra uma crise sem precedentes na história da Itália. O Partido Socialista ampliava sua base de apoio, conquistando em 1919, um terço das cadeias da Câmara. Os negócios encontravam-se parcialmente paralisados pelas contínuas greves e ausência de mercados externos.

Nesse contexto, em março de 1919, Benito Mussolini, ex-militante socialista, funda o Partido Fascista e forma as Esquadras, tropas de choque do partido que utilizavam a violência para atacar seus adversários. Opondo-se tanto à democracia liberal quanto ao socialismo, o fascismo apresentou-se como defensor do ultranacionalismo, do totalitarismo e da ordem.

Em 21 de junho de 1921, Mussolini, eleito deputado, iniciava assim o seu primeiro discurso parlamentar: “Digo-vos imediatamente e com este supremo desprezo que tenho pelas etiquetas que o meu discurso vai sustentar teses reacionárias. Não sei se o meu discurso será parlamentar na sua forma, mas, pela sua substância, será incontestavelmente antidemocrático e anti-socialista...”.

Diante da agitação política e social e da consequente ameaça de revolução socialista, o fascismo fortaleceu-se com o apoio da classe média e o financiamento de grandes banqueiros, industriais e latifundiários.

Em 1919, o número de grevistas foi de aproximadamente um milhão; em 1920 já era de dois milhões. O número de filiados à Confederação Geral do trabalho atingiu, em 1920 2 milhões e 300 mil trabalhadores. Nas eleições de 1919, enquanto aumentava o número de deputados socialistas,os fascistas não conseguiram eleger nenhum representante para a Câmara. A lista de candidatos fascistas, que incluía o compositor Toscanini e o escritor futurista Marinetti, recebera menos de 2% de votos em Milão, maior reduto do partido. Todavia, os fascistas superaram esses reveses e, a partir de 1921, começaram sua ascensão.

Origens do nazismo na Alemanha

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Em 11 de novembro de 1918, após o fim da monarquia na Alemanha, o novo governo republicano,encabeçado pelo Partido Social-Democrata, conclui com os aliados o armistício de Compiègne. Confirmava-se, dessa forma, a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Pouco depois, o humilhante Tratado de Versalhes impunha àquele país cláusulas que reduziram sua área territorial e arrasaram sua economia. É nesse contexto que se desenvolve o nazismo, a forma mais extrema, cabal e típica do fascismo.

Em 1918, a economia alemã estava arruinada: comparada com 1913, a produção industrial diminuíra 57% e a agrícola, 50%. Tal situação de crise propiciava a instauração do caos político-social. Em fins de 1918, o setor mais radical do Partido Social-democrata, a Liga Espartaquista, rompeu com o setor moderado e fundou o Partido Comunista. Em 1919, os espartaquistas desencadearam em Berlim uma insurreição contra o governo social-democrata. O levante-fracassou, resultando na execução de seus principais líderes, Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo.

Eliminados os radicais, os social-democratas e seus aliados dos partidos moderados tentaram imprimir à Alemanha as bases de um regime democrático semelhante ao britânico e ao francês. Em fevereiro de 1929, foi eleita uma Assembléia Constituinte, formada por maioria socialista, que se reuniu na cidade de Weimar. Foi elaborada uma constituição que entrou em vigor em setembro desse ano eleito o presidente da chamada Republica Weimar.

Entretanto, a derrota na guerra, a humilhação e as dificuldades impostas pelo tratado de Versalhes, a consequente crise econômico-financeira, o temor gerado pelas agitações sociais colocavam o governo social-democrata em uma incomoda situação, pressionado pelos mais variados segmentos da sociedade.

Nessas condições, em 1919, era fundado em uma cervejaria de Munique um partido semelhante ao facista da Itália. Um ano depois ele assumia o nome de Partido Nacional - socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Partido Nazista.

O ex-cabo do exército, Adolf Hitler, assumiu a direção do partido. Em seu livro Mein Kampf ( Minha Luta), Hitler sistematizou os princípios fundamentais da ideologia nazista: repúdio ao tratado de Versalhes, anti-semitismo, anticomunismo, nacionalismo exacerbado, Estado Totalitário, superioridade da raça alemã, necessidade de expansão territorial(espaço vital).

Em meio à queda da produção, ao desemprego, à inflação e à alta do custo de vida, os nazistas tentaram tomar o poder por meio de um golpe de Estado. Em 1923, a ocupação pela França da régio industrial do Ruhr elevou a crise a níveis insustentáveis. O número de desempregados chegou a cinco milhões de pessoas, a inflação desvalorizou o dinheiro alemão a ponto de um dólar valer oito bilhões de marcos. Em novembro, Hitler liderou o Putsch (golpe) de Munique. A tentativa fracassou e Hitler, com outros líderes, foi condenado a cinco anos de prisão, sendo libertado após 12 meses.

O período de 1924 a 1929 caracterizou-se por uma recuperação econômico-financeira da Alemanha e por um refluxo do movimento nazista.

Diferenças entre Fascismo e Nazismo:

Podem parecer iguais, mas não são, as diferenças são bem poucas, mas significativas. O fascismo tem a sua origem na Itália em 1919 com Benito Mussolini, e o nazismo tem a suaorigem na Alemanha em 1918 com o Freier Ausschuss für einen deutschen

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Arbeiterfrieden (Comitê livre para uma paz dos trabalhadores alemães), nos primórdios do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei). O fascismo não era antisemitista no início, só quando Mussolini se uniu a Hitler essa característica foi adicionada. O nazismo almejava a raça perfeita e o fascismo de início não. O nazismo era escancaradamente cruel com os que fugiam dos padrões do regime e o fascismo era um pouco mais enrustido nesse quesito, um pouco mais tolerante.

Além do mais, o nazismo emergiu das classes operárias e o fascismo tem a sua solidez fomentada pela elite. Há características bem socialistas em ambos, mas é possível achar características mais socialistas no nazismo que no fascismo. O controle pela propaganda foi bem melhor articulado no nazismo do que no fascismo.

O que é o símbolo do fascismo

Fascismo vem da palavra italiana fascio, traduzida por feixe; feixes de varas carregadas pelos lictores, oficiais romanos que, ocasionalmente, guardavam neles seus machados. Esses lictores marchavam à frente dos principais magistrados da antiga Roma, cônsules e pretores, tendo a função de afastar, talvez com as varas, a multidão.

 Benito Mussolini viu nesse feixe o emblema do fascismo, símbolo da unidade, da força, da justiça.

Segundo o Novo Dicionário Aurélio, Fascismo é um "Sistema político nacionalista, imperialista, antiliberal e antidemocrático, liderado por Benito Mussolini (1883-1945) na Itália, e que tinha por emblema o feixe (em it., fascio) de varas dos antigos lictores romanos."

Mussolini propõe que todos fossem unidos em torno de um objetivo em comum, atuassem em conjunto e se ajudassem uns aos outros, aí ele volta e dessa vez pega um feixe de gravetos e não consegue quebrar, mostrando que sozinhos eles são quebrados pelo sistema, mas juntos, são invencíveis. Daí vem a palavra fascismo => vem da palavra fácil que em italiano significa feixe => daí, o símbolo do fascismo ser um feixe de gravetos que era o símbolo do Império Romano (houve um resgate, da história do próprio povo, de um símbolo de união). Eles iriam se unir em torno do Estado => as pessoas atuariam em favor do Estado e estes protegeria, mas para isso, as pessoas deveriam abandonar todos os seus interesses individuais, deveriam pensar não o que é melhor para elas, e sim, naquilo que é melhor para o país delas. Esse tipo de idéia foi chamada de Totalitarismo (é uma concepção que mostra às pessoas que nada deve existir fora do Estado, nada existe além do Estado, tudo é o Estado).

fasces, que nos tempos do Império Romano era um símbolo dos magistrados: um machado cujo cabo era rodeado de varas, simbolizando o poder do Estado e a unidade do povo