campanha do paraguay - marechal visconde de maracaju - 1867 1868 - portalguarani

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    Marechal Visconde de Maracaj

    CAMPANHA DO PARAGUAY(1837 O XS68)

    ft

    ?687131922: 1RBA

    IMPRENSA MILITARESTAPO-MAIOR DO EXECITORIO DE JANEIRO1924

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    Marechal Visconde de Maracaj

    CAMPANHA DO PARAGDAY(X867 O 1868)

    IMPRENSA MILITARESTADO-MAIOR DO EXERCITORIO DE JANEIRO1922

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    A MEU IDOLATRADO PAIGeneral Jcs Antnio da penseca Galvo.

    A 13 de Junho de 1S66 terminastes vossa preciosa vidanos desertos de Mano Grosso, no rio ffegro, affluente doParaguay, no Cominando em Chefe das Foras expedicio-nrias contra o governo do Paraguay.O que soffrestes nessa longa e penosa marcha, desdea cidade de Ouro Preto, e, principalmente, do Coxim a rioNegro, no se pde descrever; s muita coragem, abne-gao e patriotismo venceram to grandes obstculos edifficuldades.

    Fostes uni verdadeiro martyr do dever e dedicao, craros vos comprehendero!As occasies fugiram, quando podeis mostrar vossaprompta intelligencia, perspiccia e tino. mas destes o su-blime exemplo de affrontar, na idade de 64 annos, to r-duas operaes de guerra, dizendo-nos, em uma de -nossascartas: "A guerra encontrou-me com a espada cinta, cno serei eu quem d o exemplo de rcforuiar-mc, quandopaisanos marcham para uma campanha de honra".

    Sc no vos distinguistes pela illustrao, todos os quevos conheceram de perto admiraram vossas eminentes qua-lidades e virtudes, e as maiores do soldado, como o 7'alor,que provastes nas campanhas da Independncia, de Per-nambuco, do Sul, quando a Cisplatiua sublevou-se, em

    contra o Brasil e do Paraguay, e nas commoes in-testinas por que passou nosso faie depois de 1831.

    Vosso fallecimcnto surprehendeu-me trs dias depoisdo mallogrado e tremendo combate de Curupaity. quandoalguns camaradas j sabiam de minha desgraa, e togrande dor eurti-a em Curuz.

    Apenas tivestes junto ai' vosso leito um 'ridofilho, que, brigadas .expedidon e, mais tarde, trasl pre-ciosos ossos I de de S. Paulo,

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    L, na manso dos justos, descansa, com minha santami, vossa fiel e dedicada companheira, que, por milagre,resistiu a tanta dor.Dedicando vossa Memoria este trabalho Campanhado Paraguay, nos annos de 1867 e 1868, fao como umaprova da amisade e admirao que sempre vos tributou (*)

    Vosso filho dedicadoRUFINO.

    Rio de Janeiro, 25 de Dezembro de 1892.(1) Vide annexo 1.

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    AO LEITORDurante toda a campanha do Paraguay tomei diariamente

    notas, que eram lanadas em meu Dirio, noite, excepto quan-do me recolhia tarde barraca e nos dias de combate.

    No obstante o desejo e mesmo necessidade que tinha deorganisar essas notas para publical-as, restabelecendo, comotestemunha ocular, a verdade de diversos factos, que foramadulterados, no pude fazel-o at agora por falta de tempo;pois em seguida campanha do Paraguay, estive testa de va-rias commisses, que no me deixavam tempo.

    Depois dos acontecimentos de 15 de Novembro de 1889,tendo eu sido reformado pelas razes que o Pais conhece, deicomeo a este trabalho, que ora entrego ao publico.

    Podia fazer uma narrao da campanha nos annos de 1867e 1868 vista das referidas notas, porm preferi muitas vezestranscrevel-as de meu Dirio e do das Commisses de enge-nheiros, que dirigi, bem como diversas ordens do dia do Exer-cito, por exprimirem melhor a impresso dos acontecimentos.Nunca tive o habito de jactar-me dos servios que prestei,sendo por isso uns ignorados e outros at oceultos por algunsque se tornaram meus inimigos pelo facto de terem sido pro-tegidos por mim; e por isso tinha desejo c mesmo necessidade,como disse acima, de restabelecer a verdade de alguns factos,sendo um d'elles o que diz respeito estrada militar do Gro-Chaco.

    Como Chefe da commisso de engenheiros e Quartel Mes-tre General no podia oceupar-me dos detalhes do servio, quedeterminava; porm dirigia-os c inspeccionava constantemente,e sempre satisfao dos Generaes. sob cujas ordens servi du-rante os cinco annos da campanha.

    Ficando bem elucidada n'esta memoria o que oecorreu so-bre a direco e construco da estrada militar do (iro-Chaco

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    c outros pontos da campanha do Paraguay, peza-mc entretantooceupar-me d' esses servios, quando trato de num; porm necessrio restabelecer a verdade, e quando hoje nenhuma van-tagem podem trazer-me os servios que prestei na referidacampanha.

    No admira, pois, que no antigo Senado se commettessemciu/anos a respeito da estrada militar do Gro-Chaco, comoaconteceu tambm no importante resumo da Historia do Brasil,em nota. pelo illustrado Dr. Mattoso Maia. que de certo cor-rigir esse engano e o da tomada da trincheira de Saucc.

    As plantas que acompanham este trabalho so as mesmas,com algumas correces, do Atlas publicado pelo Sr. EmlioCarlos Jourdan. excepto as designaes que vontade foramfeitas pelo mesmo senhor, por serem as que mandei organisar,como Chefe das Commisses de engenheiros, remettendo cpiasd'cllas ao valente e illustrado General Argollo. depois Viscondede Itaparica, Commandantc do 1" e 2" Corpo do Exercito, c aotambm illustrado General Commandantc do Corpo de enge-nheiros, como tudo consta d'esta memoria e de minha F deofficio.

    Aproveito a occasio para juntar no fim dos annexos oRelatrio, que apresentei em 15 de Fevereiro de 1875 ao Mi-nistrio de Estrangeiros sobre a demarcao de limites com aRepublica do Paraguay, bem como a communicao que fie ao"Jornal do Commcrcio" sobre a antiga questo das Misses, pu-blicada na sua gazetilha de 24 de Julho de 1891, por interessa-rem aos que se oceupam d'esses estudos.

    Conclui este trabalho em fins de 1890, porm submetten-do-o apreciao de meu irmo o Desembargador Manuel doNascimento da Fonseca Galvo, e acceifando suas judiciosasconsideraes, rcctifiqitei-o com alguma demora por terem so-brevindo acontecimentos graves em pessoas de minha famlia.

    V. DE MARACAJIT.

    Rio de Janeiro, Dezembro de 1892.

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    CAMPANHA PO PARAGUAY1867 E 1868

    PRIMEIRA PARTEMarcha de flanco Acampamento de Tuyu-cu Passagem de Curu-

    paity Combate de cavallaria Reconhecimento da Barranca doTayi Combates de S. Solano e do Potreiro Ovelha Occupaoda Barranca do Tayi.

    SEGUNDA PARTEPassagem de Humayt Ataque ao forte do Estabelecimento e abor-

    dagem aos couraados Ataque trincheira de Sauce Occupaodo Polygono.

    TERCEIRA PARTESitio e occupao da fortaleza de Humayt Rendio de sua ex-gtiar-

    nio Marcha do exercito brasileiro e subida da esquadra.QUARTA PARTE

    Estrada militar do Gro-Chaco Combates de dezembro de 1868Fuga do dictador Lopez Rendio da guarnio de AngusturaConcluso.

    Pelo Marechal ref.Rufino Enas Gustavo Galvo,

    Visconde de Maracaj.1893

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    I a PARTEMarcha de flanco, acampamento de Tuyu-cu, passagem deCurupaity, combate de cavallaria, reconhecimento daBarranca do Tayi, combates de S. Solano e do PotreiroOvelha, e occupao da mesma Barranca.MARCHA DE FLANCO, ACAMPAMENTO DO TUYU-CUE, PASSAGEM

    DE CURUPAITY E COMBATE DE CAVAELARIA

    O Exercito alliado tinha sido repellido com grandesperdas no dia 22 de 7bro de 1866 das formidveis for-tificaes de Curupaity.

    Foi um terrivel ataque desde meio dia at s 4 horasda tarde, atirando os Paraguayos a principio bombas egranadas, depois uma chuva forte e sem interrupo demetralhas contra o Exercito alliado, que se achava emcampo descoberto e atravessado de banhados.Ainda hoje lembro-me da emoo que senti quandorecolhemo-nos ao forte de Curuz, notando como os ba-talhes ficaram reduzidos, e no posso deixar de trans-crever a expressiva Ordem do Dia n. 88, de 10 de 8brodo bravo Tenente-General, reformado, Visconde de Porto-Alegre, depois Conde, sobre to rude combate.

    Quartel General, no Forte Curuz, 10 de 8bro de1866.

    Ordem do Dia n. 88Soldados ! Reconhecer e tomai' Be fosse possvel, a

    posio de Curupaity, foi o nosso empenho na jornadade 22 de 7bro.O Estandarte Brzileiro no tremulou sobre os murosd'aquelle Forte, mas ainda assim bem merecestes daPtria, que solicita vos contempla !

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    Cincoenta e oito boccas de fogo convenientementecollocadas e treze- mil homens de infantaria, arremea-vam-nos abobadas de balas.Os insuperveis fossos revestidos com os accessoriosque a arte ensina, davam animo aos escravisados soldadosdo tyranno Lopez.Sobre essa posio assim artilhada e defendida, in-vestistes com denodo.Ao vosso lado pelejaram os valentes Argentinos,elles e vs cumpriram com admirvel intrepidez o sacri-fcio que a Ptria exige, que a honra ordena e a liber-dade espera.Muitos dos nossos conterrneos encontraram mortegloriosa sobre as ultimas baterias inimigas ! Honra aesses bravos, cuja memoria jamais perecer.O vcuo de vossas fileiras attesta com eloqunciairrespondivel, quo mortifera fofa peleja; e o vossodenodo conteve o inimigo em suas posies, observandoadmirado a mais tranquilla das retiradas. Quatro horastinha durado o combate.Soldados ! Ainda quando o movimento do dia 22,pudesse ser considerado um revs para as armasalhadas -- elle retemperou os nossos nimos, sem dimi-nuir o brilho das nossas armas. Os bravos que tomaramparte n/aquelle glorioso combate, podem com arrogantealtivez dizer ao mundo : em Curupaity ficou illesa ahonra da Bandeira Brasileira !

    Das partes que abaixo vo transcriptas constam osnomes d'aquelles que mais se distinguiram, e cujos ser-vios chegaram ao alto conhecimento de S. M. o Impe-rador (1).Xo havendo uniformidade de vista nas operaes

    militares, resolveu, e muito bem, o Governo Brasileiroconcentrar em um s cominando as foras de terra emar. Recahiu a nomeao no illustre marechal do exer-cito Marquez de Caxias, depois Duque, que dispunhade bastante prestigio militar e politico.No dia 18 de novembro de 1866 assumiu o veteranogeneral o commando em chefe de todas as foras bra-sileiras de terra e mar em operaes contra o Governodo Paru.uuay, no acampamento de Tuyuty.

    (1) Exercia, eu. ento, somente o cargo de chefe da commisso de enge-nheiros, desde o sitio de Uruguayana.

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    Em 9 de fevereiro do anno seguinte coube ao mesmogeneral o cominando em chefe dos Exrcitos Alliados,porque o illustre general D. Bartholomeu Mitre volviaa Buenos Ayres por causa de negcios internos da Re-publica Argentina, da qual era Presidem*', assumindoo cominando em chefe do Exercito Argentino o generalU. Juan A. Gelly y Obes.O marechal U. Francisco Sola no Lopez era o eom-mandante em chefe do Exercito d Republica do Pa-raguay e seu presidente, porm dispunha da Republica,como senhor absoluto, sendo por isso considerado dicta-dor, que de facto era.Depois de oito mezes gastos em organizar o exercito,que carecia de reforo (1), munies, cavalhada e meiosde transporte, deliberou o marechal Marquez de Caxiassitiar a fortaleza de Humayt. occupando a via principalde communicao.

    Os combates anteriores, principalmente o de Curu-paity, haviam demonstrado que no era fcil investircontra suas fortificaes para tomal-as de assalto; porisso poz-se elle em marcha em 20 de julho, contornandoas posies do inimigo, que se achava entrincheirado naslinhas do extenso polygono, que traara em torno d'a-quella fortah za.

    Tendo obtido licena para retjrar-sc para o !io deJaneiro o Sr. marechal de campo Polydoro da FonsecaQ. Jordo, depois Visconde de Santa Thereza. foi no-meado no dia 11 de maio de 1867 o marechal de campoAlexandre (i. de Argollo Ferro, depois Visconde deItaparica. para commandar interinamente o 1" corpo doexercito (2).No dia 27 de junho, tarde, communicou-me o [Ilus-trado general Argollo que tinha recebido ordens do ge-neral em chefe de estar preparado para marchar como corpo de exercito de seu commando.

    Fiz ento os pedidos de munio precisa para. a 1 ; >ou uma Lgua, e tinha sidouma fazenda de criao de Lopez. Dia- antes do com-bate tinha sido oocipada pela nossa cavallaria.No dia 8 uma fora de 90 homens da cavallariaargentina fez um reconhecimento ao rinco denominadodos Laranjaes, onde derrotou uma fora inimiga, tambmde cavallaria de L50 homens, matando-lhe 50, per-dendo apenas oa argentinos um soldado o tendo 8 fe-ridos.

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    Depois do meio dia fez a vanguarda signal de par-lamentario, indo o coronel Camar, hoje marechal Vis-conde de Pelotas, saber o que havia. Regressando, veioacompanhado do secretario Gould, da legao ingleza emBuenos Ayres, que foi apresentado ao general Mitre,commandante em chefe do Exercito Alliado, sendo de-pois ao general Marquez de Caxias, commandante emchefe do Exercito Brasileiro.O mesmo secretario regressou para o acampamentode Lopez no dia 13 a uma hora da tarde.

    Constou no exercito que Lopez tinha proposto reti-rar-se do Paraguay por 5 annos, sujeitando-se ao arra-zamento da fortaleza de Humayt, e a outras condiesdo tratado da triplice alliana, pedindo porm para ficaro Paraguay dispensado de pagar as despezas da guerra.Xo dia 16 ainda de setembro desceu' de Curupaitya canhoneira ingleza Doctovell, levando a bordo o re-ferido secretario Gould.

    RECONHECIMENTO DA BARRANCA DO TAYIPelo que acabamos de expor parece que Lopez com-prehendeu a m situao em que se achava, porm,constando -lhe que se faliava em nova revoluo na Re-publica Argentina, concebeu elle esperanas de obtermelhores vantagens, julgando que tal acontecimento obri-

    garia, como j se tinha dado, a retirada do generalMitre com parte das foras argentinas, enfraquecendo osalliados e forando-os a serem mais condescendentes ; porisso prolongava a guerra, affectando desejar a paz. Con-tinuaram, pois, as operaes militares.Os generaes Mitre e Marquez de Caxias, vendo que oinimigo recebia supprimentos pela direco do PotreiroOvelha e villa do Pilar, deliberaram fazer um reconhe-cimento a essas posies com foras de cavallaria, acom-panhando-as ura engenheiro para fazer outro technico.No dia 18 de setembro de 1867 chamou-me a seuquartel-general o marechal Marquez de Caxias, e dis-se-me que tinha eu de seguir com uma diviso de caval-laria sob o cominando do brigadeiro Andrade Neves (de-pois Baro do Triumpho), afim de, como engenheiro,fazer um reconhecimento e levantar a planta do ter-reno que percorresse a expedio at margem do Pa-

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    raguay, podendo levar commigo mais outro official deengenheiros de minha confiana. De vspera j me haviacommunicado isso o general Argollo. Escolhi para meauxiliar o 1 tenente Bernardino de Senna Madureira,que era membro da commisso de engenheiros do 1corpo do exercito.Xo mesmo dia 18, tarde, partiu para S. Solano areferida diviso e outra tambm de cavallaria argentinasob o cominando do general Hornos, que deviam operarde combinao. A diviso brasileira elevava-se a 1.500homens e a argentina a 800.Ao romper do dia 19 moveram-se do S. Solano asduas columnas, a brasileira ponte da Sanga Honda,e a argentina pela direita, afim de fazerem junconas proximidades da villa do Pilar.No dia 21 de setembro, tarde, chegaram de re-gresso a So Solano as duas columnas, tendo prestadoimportantes servios.Achava-se essa posio occupacla por uma brigadade infantaria brasileira com algumas boccas de fogo, de-fendida por trincheiras.Logo depois que cheguei a S. Solano, segui paraTuyu-cu e apresentei-me com o 1 tenente BernardinoMadureira ao general em chefe Marquez de Caxias,expondo resumidamente o que tinhamos feito, fazendoeu notar a convenincia de occupar-se sem demora abarranca do Tayi, nica posio que havia at l sobrea margem esquerda do rio Paraguay para apertar ositio de Humayt, pela qual, alm do rio, passava pr-ximo da bocca do rinco d Tayi a nica estrada, deque dispunha Lopez.Passo agora a transcrever o Relatrio, que apresen-tei sobre a expedio e reconhecimento at villa doPilar, habilitando assim o leitor a apreciar com justiaos successos posteriores desta campanha (1).

    Commisso de engenheiros do 1 corpo do exer-cito, Tuyu-cu, 24 de setembro de 1867.

    Olmo. o Exmo. Sr.Tendo sido nomeado para marchar com a B* divde cavallaria, sob o commando do Exmo. brigadeiro Jos(1) Em annexo vo trauscri]. - da parte do general An-drade Neves.

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    Joaquim de Andrade Neves, afim de fazer o reconheci-mento at villa do Pilar, segui, acompanhado do 1 te-nente de engenheiros Bernardino de Senna Madureira,escolhido por mim para auxiliar-me, na tarde do dia18 com a mesma diviso, reforada com mais dois corposde cavallaria, sendo um delles de carabineiros, elevan-do-se a fora a 1.500 homens.Fez-se alto junto a S. Solano, onde pernoitou-se,bem como uma columna de 700 argentinos, tambm decavallaria, sob o commando do general Hornos, que che-gou noite.Ao romper do dia 19 moveram-se as duas columnas,a brasileira em direco ponte da Sanga Honda, e aargentina pela direita, afim de fazerem junco nasimmediaes da villa do Pilar. Fazia a nossa vanguardao 11 corpo de cavallaria.A's 8 horas fez alto a 2a diviso naquella ponte,afim de dar descano aos ariimaes, continuando a mar-cha s 8 horas e 48 minutos; e de novo fez alto nabocca do rinco Ovelha (1) s 10 horas. Perto desterinco mandou o Exmo. commandante avanar para afrente os corpos ns. 1 e 7, marchando os trs na seguinteordem: o 1 pela direita, o 7o pelo centro, e o 11 pelaesquerda, que devia entrar no rinco, onde bateu o ini-migo, que deixou em nosso poder 70 cavallos e mais de100 (cem) rezes e perdeu um homem, escapando -se quasitoda sua fora pelos mattos e esteiros.Infelizmente morreu de uma bala nesse encontroem uma pequena trincheira o intrpido alferes Valentim,do 7 corpo.Da bocca do rinco Ovelha teve ordem de voltar o9 corpo do cominando do tenente-coronel Amaral Fer-rador, com os animaes tomados, e de ficar perto daponte da Sanga Honda, fazendo acompanhar para Tuyu-cu os mesmos animaes, somente por um piquete, poronde no houvesse mais receio.

    Em consequncia da demora do corpo 11 no rincos poude a diviso continuar a marchar a 1 (uma) horada tarde, e ouvindo -se logo depois tiros de artilhariana direco da villa do Pilar, fez o Exmo. brigadeiroseguir immediatamente para a frente 700 homens sob ocommando do coronel Camillo Mercio a apresentar-se( 1 ) Este rinco denominado pelos paraguavos pelo nome de PotreroOvelha.

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    ao general Hornos, a quem mandou prevenir que como resto da diviso marchava ao trote.A 1 (uma) lgua, da villa, viu-se pela nossa direitauma columna de cavallaria que se retirava, e pouco de-

    pois veio ao nosso encontro um prprio do referido co-ronel, declarando que o general Hornos, tendo reconhe-cido que a villa estava abandonada e que o inimigo acha-va-se do outro lado do arroio Nhembuc com duas peasde artilharia e uma fora grande, tomara a resoluode retirar-se, e que ia acampar.No tinha sido essa a combinao, e sim de fazeremjmico as duas columnas perto da villa, porm comoj fosse tarde, resolveu o Exmo. commandante da 2a di-viso de cavallaria tambm acampar, o que fez esquerdada columna argentina, junto ao esteiro Ibahay.Acampava-se quando appareceu o general Hornos,que repetindo ao Exmo. brigadeiro o que lhe tinha man-dado communicar, terminou dizendo que considerandoconcluido o objecto cia expedio, podia-se regressar nodia seguinte. O Exmo. brigadeiro mostrou-se contra-riado de no ter o general Hornos esperado para fazera junco combinada, e todos os commandantes e maisofficiaes mostraram o maior desejo de ir villa.

    Nesse dia marchou a diviso pouco mais de 6 (seis)lguas 16.680 braas, a saber:De S. Solano ponte da Sanga Honda 4.380;Ua Sanga Honda bocca do rinco Ovelha 3.4-20;Da bocca do rinco a uni ponto em frente a Tayi

    3.700;Do Tayi ao Esteiro Ibahy - - 5.180.

    . De s. Solano bocca do rinco Ovelha seguiu-sesempre pela estrada, que ba, encontrando-se banhados,cujos passos atravessaram-se sem difficuldade, '-veptoo primeiro, logo depois de 8. Solano, que tinha 5 1 2 pal-mos de profundidade, jegundo, depois da -Honda, por atolar. Estea e todos oe oUfcroa v&omencionados no itinerrio e na planta junlDa bocca do rinco Ovelha deixou a diviso atrada e seguiu por um grande rinco, formado ^elospaattos que acompanham o rio Paraguay e por um cordode capes e de mattoa pela direita, alargando-se consi-

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    deravelmente at sahir em uma plancie immensa, quevae at muito prximo da villa do Pilar.Nesse caminho at em frente barranca do Tayi pderodar artilharia, porm dahi em diante ao sahir na pla-

    ncie, o terreno alagado, e em tempo de aguas diffi-cilmente praticvel infantaria e artilharia.Logo que se passa a ponte da Sanga Honda, encon-tra-se a linha telegraphica, que de novo foi inutilizada,cortando -se o fio em diversos pontos.Por dentro do rinco Ovelha estabeleceu o inimigooutra linha telegraphica sobre pequenos postes, a qualsahe -no fundo do mesmo rinco e entra no grande.Essa linha foi tambm inutilizada, e dirige-se, bem comoa outra, villa do Pilar.A ponte da Sanga Honda de madeira de lei, tem15 palmos de comprimento e 21 de largo. Actualmenteo vo excellente, porm, no tempo das aguas, s naponte poder-se- passar.A sanga afflue no Paraguay, e suas aguas so boas.A vrzea do Pilar um extenso campo de batalha,na qual podem manobrar grandes exrcitos.No dia 20 ao toque de alvorada, ensilhou a divisoos cavallos, e ao romper do dia reuniu o Exmo. com-mandante, os das brigadas e corpos, e mandou cha-mar-me, declarando que estava resolvido ir ao Pilar,reconhecer a villa e a posio que o inimigo occupavana margem direita do arroio Nhembuc, visto no que-rer dar parte sem primeiramente ter conhecimento exactode tudo : todos ns applaudimos to louvvel resoluo.,e immediatamente deu elle ordem para marcharmos aoPilar, prevenindo ao general Hornos da deliberao to-mada. Este general veiu ao nosso acampamento e de-clarou que era uma excurso intil, mas no podendoabalar a convico da Diviso Brasileira, disse que .pu-nha disposio do Exmo. commahdante da mesma di-viso uma fora de 200 argentinos, e que nos aguar-daria para regressarmos.A's 7 horas da manh seguiram 600 homens dosmais bem montados, ficando o resto da diviso ao mandodo coronel Caetano Gonalves, com ordem de avanarse fosse preciso, bem como a columna argentina.Pouco depois das 8 horas, aquella fora, a que seincorporou a argentina, fez alto, junto villa do Pilar,e depois de reconhecer-se a sua posio e do porto do

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    Nhembuc, occupado pelo inimigo com duas boccas defogo, resolveu o Exmo. brigadeiro deixar o lio corpode cavallaria, do cominando do tenente -coronel ManuelRodrigues de Oliveira, na villa, para chamar a attenodo inimigo, e seguir com as demais foras sob o cominandodos coronis Xiederawer e Camillo Mercio, afim de ata-car o inimigo pela retaguarda. Tive ordem de ficar como lo tenente Madureira na villa com aquelle corpo, afimde fazer o reconhecimento da mesma e auxiliarmos ocommaaidante do mesmo corpo.

    Atravessar o Nhembuc a nado, atacar o inimigo,desbaratal-o e tomar as duas peas, foi para a nossacavallaria um divertimento. Durou o ataque de Nhem-buc meia hora, pouco mais ou menos, e quando na,margem opposta os nossos cantavam um triumpho, otenente-coronel Rodrigues de Oliveira avisado de quese approximava um vapor, que s 9 1/2 horas princi-piou a fazer fogo contra ns.O infatigvel tenente-coronel mandou prevenir aoExmo. brigadeiro da approximao do vapor, e com osclavineiros preparou-se para receber o inimigo. O vasochegando ao porto fez tiros de metralha e de. fuzilariacontra os nossos, que tiveram ordem de simular umaretirada, e illudido assim, o inimigo, penetrou na villa,e quaaido suppunha este cantar victoria, entrou pela po-voao o bravo tenente-coronel Rodrigues de Oliveiracom um esquardo de lanceiros, postado de antemojunto mesma, e carregando sobre o inimigo, levou-oem numero superior a 100 (cem) homens at o porto,onde foram aprisionados uns e mortos outros, lanando-sea maior parte no rio, que foi recolhida pelo vapor. Denovo metralhou este vapor os clavineiros, repetindo obombardeamento para os pontos onde percebia foranossa. Este combate durou uma hora, pouco mais oumenos.O servio do reconhecimento que fazamos na villafoi interrompido por esse combate, e quando de novocontinuvamos, foi outra vez avisado o mesmo tenente-coronel, que vinham mais dois vapores com gente, re-bocando um delles uma chata. O intrpido tenente-co-ronel mandou avisar de novo ao Exmo. brigadeiro epedir o 21 corpo, armado de carabinas.O vapor que tinha feito o desembarque, pairava aie acima do porto, bombardeando-nos sempre, e um dos

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    dois que chegaram e que mais se approximou, fazia omesmo, ficando a chata encoberta pela ilha em frente,a qual principiou a lanar-nos algumas granadas.Vendo eu que os dois vapores tinham parado abaixoda villa, pedi ao tenente-coronel Rodrigues de Oliveira,occupado com o que se passava em frente mesma,que destacasse alguns piquetes para observarem se osvapores desembarcavam gente para atacar-nos pela re-taguarda e retardarem as tentativas do inimigo, atque chegassem os carabineiros; porm o inimigo a prin-cipio hesitaiido e percebendo ao depois o corpo quetnhamos mandado vir, no fez mais desembarque.

    Seno ficasse na villa o corpo 11 sob o commaridode to valente e activo tenente-coronel, o inimigo teriatomado conta do estreito passo do Nhembuc, e a re-tirada, de nossa cavallaria teria sido feita com grandesprejuisos.Vendo que o inimigo no se animava a fazer novodesembarque, deu ordem o Exmo. commandante da di-viso para regressarmos para o acampamento, o queteve logar s 2 horas e 50 minutos da tarde.Tendo feito com o 1 tenente Madureira o reconhe-cimento da villa e de suas immediaes, segui da mesmapara ligal-a ao passo de Ibahay.

    A.'s 1 2 horas da tarde chegamos ao acampamentodo Ibahay, tendo havido grande demora por causa dosferidos, que vinham em carretas, tomadas ao inimigo.

    Do Ibahay ao Pilar ha pouco mais de 1 1/2 lgua 4.500 braas, e de S. Solano ao Pilar pouco mais,8 (oito lguas) pelo caminho percorrido.Nos combates de Nhembuc e da villa do Pilarficaram em nosso poder cerca de 80 prisioneiros, 2boccas de fogo e grande quantidade de munies e dearmamentos, duas bandeiras, tomadas no primeiro com-bate, e mais 4, encontradas na villa.

    Muitas famlias que se encontravam do outro ladodo Nhembuc e nas immediaes da villa foram respei-tadas, empregando-se todo o desvelo em tranquilizaressas infelizes. Depois de tranquilizadas e de lhes ga-rantirmos que seus compatriotas, nossos prisioneiros pelasorte da guerra, seriam bem tratados, e que em breveregressariam por estar prxima a paz, visto no poderLopez conservar-se mais, fizemos acompanhar as quese achavam na villa por um velho at o porto de Nhem-

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    buc, onde embarcaram-se em algumas canoas para ooutro lado do arroio, afim de reimirem-se s outras fa-mlias, que l estavam.No se poude calcular o numero dos mortos, porquea maior parte do inimigo lanou-se ao rio Paraguaye ao arroio Nhembuc, orando -se a fora que se achavado outro lado em mais de 300 homens.Tivemos um morto e vinte feridos, que foram tra,-tados, bem como os feridos prisioneiros, com todos oscuidados pelos trs mdicos e um pharmaceutico, queacompanharam a expedio, levando nas ambulnciaso necessrio.A villa do Pilar importante, e regula com a ci-dade de Corrientes, porm sua edificao melhor ede mais gosto.Vimos duas praas principaes e diversos edifciospblicos, como a igreja, a casa do governo, um grandequartel e a estao telegraphica. Todos estes edifciosso de um s pavimento, avantajando-se a casa do go-verno, que apresenta uma fachada de 12 columnas.Vimos tambm alguns particulares de bom gosto.As ruas correm a rumo de N. S. e de E. O , for-mando quadras.A barranca do rio elevada e prpria para asses-tar-se artilharia, bem como a posio da margem di-reita do Nhembuc, onde o inimigo tinha collocado asduas boccas de fogo, que Comamos e que defendiam oporto do mesmo nome, enfiando a rua que passa pelafrente da igreja da villa do Pilar. Esta igreja nadatem de notvel, apresentando uma porta e duas janellas,e ao lado tem uma torre, qual Subiram nossos soldadose repicaram os sinos.Xos arredores da villa ha muitos pomares de la-ranjeiras.A povoao pelo lado do N. banhada pelo arroioNhembuc, pelo S. por uma sangra muito barranoe por O. pelo rio Paraguay.A villa do Pilar de fcil defesa, sobretudo auxi-liada por vapores, e preciso estar Lopez em seiapuros para abandonar io importante povoao apouca distancia de Humayt.Em nossa retirada, quando faziamos o reconheci-mento para ligar a villa ao esteiro Ibahay, encontramosum pequeno edifcio, munido de um para raio, que com-

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    quanto prximo mesma, vimos que devia servir paradeposito de plvora, pelo que pedi ao tenentc-coronelRodrigues de Oliveira, que mandasse arrombar as pe-sadas portas, e caso encontrasse plvora, mandasse lan-ai-a ao rio.O cemitrio consta de um cercado e tem alguns t-mulos, que chamam a atteno.A's 2 horas da madrugada do dia 21 estava toda adiviso com os cavllos ensilhados e prompta em vir-tude de ordem do Exmo. commandante. afim de repellirqualquer tentativa do inimigo.A's 6 1/2 horas da manh apartamo-nos da divisoe seguimos com duzentos homens para irmos reconhecera barranca do Tayi, sobre o rio Paraguay, tomando adiviso a estrada por causa dos feridos e das viaturas.Cem (100) desses homens, sob o cominando do majorDinarte Corra de Mello, acompanharam-me at ditabarranca, ficando os outros 100 de observao e escol-tando o gado tomado fora do rinco, onde entramos,para ir quella barranca.

    Percebendo os nossos exploradores uma fora ini-miga de infantaria e sendo prevenido o bravo majorDinarte, seguiu na frente a perseguil-a com os clavi-neiros, com os quaes trocou alguns tiros aquella fora,que se entranhou no matto.No pudemos calcular a quanto se elevava ella, porconservar-se encoberta no matto, mas pareceu-nos pe-quena.Quando a guarda inimiga, postada sobre a barrancado Tayi, avistou os nossos clavineiros, embarcou emalgumas canoas e passou-se para o Chaco, trocando comelles alguns tiros. Depois que desembarcou houve departe a parte outro tiroteio.A barranca alta e apropriada para uma bateriaforte, que assestada cortar pelo rio Paraguay a com-municao entre Humayt e a capital.

    Essa barranca ainda mais azada para aquelle fimdo que a do Pilar, no s pela sua elevao, como porficar mais prxima deste nosso acampamento. Na bar-ranca do Tayi no ha matto, porm tem acima e abaixopela margem do rio.

    Estabelecida uma bateria no Tayi e occupando nsa Sanga Honda, no pde Lopez manter-se mais emHumayt. por achar-se nos ltimos apuros, o que prova

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    o abandono de uma villa to importante como a doPilar a pequena distancia daquella fortaleza.A occupao dos referidos pontos nos trar o do-mnio da campanha at o rio Tibiquary com todas asestradas, podendo estabelecer-se na villa do Pilar umgoverno provisrio (1), que chamar ,as muitas famlias,que se acham entre o arroio Nhembuc e o mesmo rioTibiquary, fazendo-se a occupao do Chaco pelo Pilar.Quando chegamos barranca do Tayi, subia umvapor. Nella havia uma olaria e .grandes ranchos, sendoestes provavelmente destinados guarda, pelo que man-dei incendial-os. Ao deixarmos o rinco ainda vamoso incndio.Do Tayi dirigimo-nos bocca do rinco Ovelha,onde devamos fazer junco com a diviso, a qual tevlogar perto da Sanga Honda.Ahi encontramos o 9 corpo de cavallaria, e frentede um esquadro o commandante do mesmo corpo, te-nente-coronel Amaral Ferrador, que nos declarou estarde observao a uma fora inimiga de infantaria, quese achava nos grandes macegaes.A diviso fez alto adiante da Sanga Honda para dardescano aos animaes, e estando terminada a nossa com-misso, declarou-nos o Exmo. brigadeiro que podamosregressar para Tuyu-cu.Acompanha este o itinerrio de S. Solano at avilla do Pilar (2), bem como a planta da extenso per-corrida com a minuciosidade possvel era to rpidadigresso.Antes de terminar, peo permisso a V. Exa. paracumprir com um dever, que fao com toda a satisfao.O joven e intelligente 1 tenente de engenheirosBernardino de Sem ia Madureira muito auxiliou-me, pa-tenteando sempre zelo e interesse no cumprimento deseus deveres, e durante o ataque da villa do Pilai-, ebombardeamento feito pelos vapores inimigos, acompa-nhou-inc sempre e portou-se bem.Deus guarde a V. Exa., Ulmo. e Exmo. Sr. generalAlexandre Gomes do Argollo Ferro, commandante dolo corpo do exercito.o major Uufino Enas ansiar,, Galvo.

    (1) Somente a 23 de Julho de 1869 foi estabeleci.!., effl As-umpo ogOTcrno provisrio, quando Paraguay cstav.i quaai deatruido.(_ i Sinto no ter encontrado entre os meus | minuta deste iti-nerrio para transcrevel-o.

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    Com relao occupao da barranca do Tayi, vema propsito transcrever alguns tpicos da nota pagina244 da traduco feita em Buenos Ayres por D. LewisY. A. Estrada, do livro de Jorge Thompson, sobre aguerra do Paraguay.A ida de occupar o Tayi, .no foi o resultado deuma casualidade, como se poderia deduzir do texto;pelo contrario, foi uma operao meditada muito tempoantes de levar-se ao cabo. O general em chefe (1) or-denou em 18 de setembro que partisse uma expediocombinada, composta de foras argentinas e brasileiras,as primeiras sob o cominando do general Hornes e assegundas sob o cominando do general Neves. Um ar-tigo de suas instruces dizia, ainda que a expediotivesse j3or objectivo apparente a villa do Pilar, seuverdadeiro objectivo era explorar o Potreiro Ovelha,sobre o rio Paraguay, e apoderar-se clelle, porm muiprincipalmente fazer um reconhecimento minucioso doPasso Tayi, pelo que se ordenava ao general Neves,levasse comsigo um dos melhores engenheiros, para quelevantasse uma planta exacta daquella posio.

    Peito o reconhecimento, o chefe brasileiro remetteuao general Mitre uma excellente planta do Tayi, levan-tada pelo engenheiro (2) de sua columna e ento orde-nou-se a occupao permanente da posio.No foi assim, e pareceu-me que no se ligou im-portncia occupao da barranca do Tayi, pois quetendo sido feito o reconhecimento em 21 de setembro,s foi occupada no dia 2 de novembro, depois que oinimigo desembarcou nella alguma fora e tratava defortificar-se, no obstante as ponderaes que fiz ver-balmente e em meu relatrio. Alm de que a Ordemdo Dia n. 131, de 27 de setembro de 1867, que tratado combate do Pilar no se occupa do Tayi.A barranca do Tayi era a nica posio que sepodia occupar no rio Paraguay, acima de Humayt,

    (1) D. Bartholomeu Mitre.(2) O engenheiro da columna foi o major Rufino E. G. Galvo.Em annexo transcrevo o que me declarou o ento secretario do generalem chefe marquez de Caxias.

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    para completar-se por terra o bloqueio do polygono,porque Laurel fica pouco abaixo daquella barranca e en-cravada no matto, e o Potreiro Ovelha um grande ba-nhado de muito matto (1).COMBATE DE S. SOEAXO E DO POTREIRO OVELHA

    Antes de tratar destes dois combates, devo declararque no dia 24 (setembro) soube-se que o inimigo atacavao nosso comboio, que tinha partido cedo de Tuyuty.A primeira noticia foi dada pelo bravo e lllustradotenente-coronel de engenheiros Dr. Jos Carlos de Car-valho, chefe da commisso de engenheiros e quartel-mestre general, junto ao commando em chefe, que tinhaido acompanhar, como era de costume, o comboio quepartia de Tuyu-cu at encontrar o do Tuyuty.A Ordem do Dia n. 135, de 9 de outubro, tratadesse combate de conformidade com as communicaesdo general Visconde de Porto Alegre.

    Nelle perdemos 8 officiaes e foram feridos 23, emais 19 praas mortas e 260 feridas, alm de 4 offi-ciaes e 139 praas extraviadas.

    Ficou-se ignorando o prejuiso do inimigo, por tersido o combate em terreno pantanoso e coberto de raa-cegas.

    Fez-se no dia 25 duas ascenses no balo que pos-sue o Exercito Brasileiro. Os trs distinctos enge-nheiros que foram no balo, pouco observaram por causado nevoeiro e vento na camada superior da atmosphera.Passo a transcrever as notas de meu Dirio sobre

    o dia 3 de outubro, junto a S. Solano.3 de outubro Pela manh o movimento quoti-diano da cavallaria inimiga era destacar alguns pique-

    tes, e conservar-se depois fora das trincheiras para darpasto aos cavallos; porm hoje pelas 8 1/2 horas damanh, tocou uma espcie de alvorada, e em seguidadeu viva por 3 vezes, o que foi mais tarde repetido.Depois dos vivas a cavallaria ipimigpa veio aando, e logo que se approximou da nossa principiou(1) Vide planta n. 1.

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    a trotar, observando-se do mangrulho (1) de Tuyu-cu,onde me achava com o general Argollo, as cargas denossa cavallaria e a retirada precipitada da inimiga,quando s 11 horas recebeu o general em chefe Marquezde Caxias, que acabava de chegar de S. Solano, umtelegramina communicando que o inimigo atacava a nossadireita com infantaria.Deu ento a respeito suas ordens, e antes de re-gressar para S. Solano recebeu outro telegramma, com-municando ter sido derrotado o inimigo.

    Para aquelle logar partiu a galope o general Ar-gollo, acompanhando-o eu, e l chegando soube da der-rota do inimigo.O combate foi engajado pela 6a diviso de cavallaria,cuja fora no excedia a 400 homens, sob o cominandodo valente coronel da G. N. Antnio Fernandes Lima,contra outra inimiga de mil homens, mais ou menos,sob o commando do major Caballero, depois general.Aquella diviso foi auxiliada pela Ia e 2a tambm decavallaria, e pelo 50 corpo de voluntrios, e carregoucom tanta impetuosidade a cavallaria inimiga, que adesbaratou completamente.O inimigo perdeu 600 homens, aprisionamos cercade 200 e tomamos oito estandartes.Ns perdemos 26 homens, e tivemos mais de 90feridos e 20 contusos. Entre os feridos conta-se o in-trpido major Dinarte, que tanto distinguiu-se no re-conhecimento barranca do Tayi.Os paraguayos denominam este combate pelo nomede Isl -Tayi.

    Choveu por diversas vezes, porm foi extraordinrioo temporal que houve ao romper do dia 6, repetindo-seao escurecer, de forte chuva e vento, cahindo grandequantidade de pedras,O temporal lanou por terra grande numero de bar-racas e estragou alguma munio de artilharia, furandoas pedras um encerado, que cobria uma viatura. O 31corpo de voluntrios, que soffreu grande parte do tem-poral em marcha de Tuyu-cu para S. Solano, ficoucom 17 mil cartuchos inutilizados.

    (1) Mirante, construdo ordinariamente sobre alguma arvore.

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    Xo dia 20 (outubro) mandei, por ordem do generalArgollo fazer uni ligeiro entrincheiramento na frente, direita e esquerda do mangrulho, que ficava pr-ximo do quartel-general do cominando em chefe, e col-locar ramos de arvores sobre os parapeitos, fingindoum bosque para mascarar uma fora de cavallaria, queno projectado ataque da manh seguinte devia cahirsobre o flanco ou retaguarda da cavallaria inimiga,quando fosse atacada pela nossa em S. Solano.No dia 21, pouco depois das 10 1/2 horas do dia,avanou a nossa cavallaria para atacar a inimiga, emnumero de mais de mil homens, partindo do bosqueartificial do mangrulho a 5a diviso de cavallaria, sobo cominando do intrpido general Victorino, depois Barode S. Borja, e de S. Solano a 2a, sob o commando dodenodado general Andrade Neves, que devia ser auxi-liado pela Ia e 6a diviso, todas de cavallaria.O general Argollo partiu cedo para S. Solano, acom-panhando-o eu com os meus empregados, ficando o ge-neral em chefe de observao no mangrulho do bosqueartificial.Foi a brigada do valente coronel Astrogildo, depoisbrigadeiro honorrio e Baro do Acegu. pertencente referida 5a diviso, a primeira fora de nossa caval-laria, que atacou a do inimigo, seguindo-se a 2a diviso,e a outra brigada da 5.Antes do meio dia estava completamente derrotadaa cavallaria inimiga, deixando no campo cerca de 600mortos, e ficando em nosso poder 150 para mia vos, doisestandartes, grande quantidade de munies, armamento,cavallos e algumas mulas.

    Os cavallos eram pequenos, e as mulas eram apro-veitadas para montaria.A cavallaria brasileira perdeu 10 homenBj e tevemais de 80 feridos e 30 contusos.

    Este combate denominado pelos paraguayos como nome de Tatayib, e Lopez decretou unia medalhapara cominemoral-o.A cavallaria inimiga foi commandada pelo tenente-coronel aballero, de novo promovido, em seguida a estecombate, ao posto de coronel.Com este grande combate e o de 3, bambem de ou-tubro, ficou a cavallaria inimiga quasi destruda,se aventurou desde ento atacar a nossa, seno incor-

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    porada infantaria, como aconteceu no dia 3 de novem-bro em Tuyuty, commandada pelo referido coronel Ca-ballero.Sobre este combate de Tatayib, transcrevo a res-pectiva Ordem do Dia.

    Cominando em chefe de todas as foras brasileirasem operaes contra o Governo do Paraguay.Ordem do dia n. 144

    Tendo a cavallaria inimiga, depois da derrota quesoffreu no dia 3 do corrente, continuado a apparecerdiariamente fora de seus entrincheiramentos, sobre oflanco direilo de Humayt, avanando para as nossasposies, medida que ia progressivamente augmen-tando em numero ; projectou S. Exa. o Sr. Marquez,marechal e commandante em chefe, dar-lhe um golpedecisivo que tivesse por fim, cortando-lhe a retiradapara o recinto daquella praa, fazer-lhe o maior damnopossivel.

    Depois de haver tomado as providencias necessriaspara o bom xito desta empreza, no dia 20 do corrente,reunindo neste quartel-general os Exmos. Srs. comman-dantes da la, 2a , 5a e 6 a divises de cavallaria, ordenou-lhes S. Exa., que no dia seguinte;, estivessem com asmesmas divises formadas em differentes pontos, demodo que, a um signal convencionado, fosse a forainimiga atacada simultaneamente de frente pela Ia e 6a,e de flanco pela 2a e 5a , competindo tambm a estacortar-lhe a retirada, avanando para tal fim do pontoem que o nosso acampamento mais se, approxima dareferida praa, tendo por vanguarda uma brigada, com-mandada pelo Sr. coronel. Astrogildo Pereira da Costa,provisoriamente organizada com os corpos 11, 19 e 24,commandados pelos Srs. tenentes-coroneis Manoel Ro-drigues de Oliveira, Joo Nunes da Silva Tavares aAppollinario de Souza Trindade, e da qual fazia tambmparte o piquete da guarda de pessoa de S. Exa., com-mandado pelo Sr. capito Joaquim Pantaleo Telles deQueirozAo Exmo. Sr. brigadeiro Victorino Jos Carneiro.,commandante desta diviso, competia tambm comman-

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    rechal de campo Argollo Ferro, no flanco direito, eS. Exa. o Sr. general em chefe no centro "da nossa linha,s 11 horas menos um quarto, mandou o mesmo Exmo.Sr. general em chefe executar os signaes convencionadospara o ataque simultneo, e fez avanar a 5a diviso com-ina ndada pelo Exmo. Sr. brigadeiro Victorino Jos Car-neiro Monteiro, a qual transpoz o . banhado que lhe ficavaem frente e seguiu a galope com a referida brigada emsua vanguarda, levando esta na testa da columna o pi-quete da guarda de S. Exa.Esta fora foi a primeira que se entresachou coma do inimigo, por ter-se adiantado na marcha e sustentoucom ella um renhido e mortfero combate, onde aindauma vez sobresahiram o denodo e bravura daquelles Srs.commandant.es, to bem secundados pelos seus briosossubordinados.A 2a diviso, commandada pelo Exmo. Sr. briga-deiro Jos Joaquim de Andrade Neves, chegou a tempode proteger aquella, sustentar com arrojo a luta, e der-rotar completamente o inimigo, coadjuvada por parte daIa diviso, commandada pelo Exmo. Sr. brigadeiro JooManoel Menna Barreto, chegando tambm a 6a , commandada pelo Sr. coronel Antnio Fernandes Lima, emtempo de prestar importante servio na perseguio dosderrotados e captura dos prisioneiros.Pela primeira vez, fizeram as baterias do flancodireito de Humayt tiros de canho sobre as nossas ca-vallarias, que no ardor da peleja se approximaram muitodesta praa, afim de evitar que o inimigo, perseguido ederrotado, se refugiasse em seu recinto.O combate, que durou pouco mais ou menos umahora, foi de funestas consequncias para a fora inimiga,que, derrotada completamente, tiveram os que a com-punham de pagar com a vida a resistncia tenaz queoppunham a renderem-se prisioneiros.Bem poucos destes lograram evadir-se, favorecidospelos accidentes do terreno e a proteco efficaz daquellaartilharia.O campo da aco ficou juncado com perto de 600cadveres dos seus, canindo em nosso poder tO prisio-neiros, sendo 8 officiaes, grande quantidade de arma-mento, cavallos e munies, 2 estandartes e 5 carretas,das quaes 3 foram inutilizadas.Tivemos fora de combate 2 officiaes e 8 praas mor-tas; e, alm disto, 85 feridos, sendo 32 destes levemente.

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    No numero dos prisioneiros contam-se 9 e dos segundos6 officiaes. Houve tambm 30 contusos. como tudoconstadas relaes abaixo transcriptas.O Exmo. Sr. marechal de campo Alexandre Gomesde Argollo Ferro, em vista das instruces que recebeu,tendo feito marchar de S. Solano e postar-se na estradaque liga este ponto a Humayt, uma fora commandadapelo Sr. coronel Carlos Bethes de Oliveira Nery, com-posta de 4 batalhes de infantaria e 4 boccas de fogo,afim de proteger as nossas cavallarias. seguiu para ocampo de combate acompanhado de seu estado-maior edos Srs. coronel Andr Alves Leite de Oliveira Bello emajor Rufino Enas Gustavo Galvo, deputados, aquelledo ajudante-general e este do quartel-mestre generaljuntos ao 1 corpo do exercito, os quaes bem cumpriramos deveres inherentes a estes cargos.Ainda esta vez, S. Exa. o Sr. Marquez, marechalcommandante em chefe, congratula-se com as foras sob

    o seu cominando pelo brilhante triumpho alcanado pelanossa arrojada cavallaria, e manda louvar a todos osSrs. commandantes de brigadas, os estados-maiores destase das divises, commandantes de corpos e mais Srs. offi-ciaes e praas que tomaram parte activa neste combate,e com especialidade aos seguintesExmo. Sr. marechal de campo Alexandre Gomes deArgollo Ferro, pelas aceitadas providencias que tomou.Exmos. Srs. brigadeiros: Victorino Jos CarneiroMonteiro, Joo Manoel Menna Barreto, Jos Joaquimde Andrade Neves e coronel Antnio Fernandes Lima,pela pericia com que se houveram no cabal desempenhodas ordens que receberam, tendo tido o primeiro e oterceiro occasio de mais esta vez patentearem a sua jexperimentada bravura e denodo.Os Srs. coronel Astrogildp Pereira da Costa; te-nentes-coroneis Hippolyto Antnio Ribeiro, Manoel Ro-drigues de Oliveira, Manoel Cypriano de Moraes e JooNunes da Silva Tavares; majores em commisso IsidoroFernandes de Oliveira. Jos Loureno Vieira Souto eManoel Jacintho Ozorio. capites Joaquim Pantaleo Tel-les de Queiroz e alferea gnacio de oliveira Bueno, porterem igualmente cumprido com distinco os seus de-veres, patenteando ainda desta vez a sua bravura e re-conhecido arrojo.

    Pelo- actos de bravura praticados por varias pide differentes corpos, determina s. Exa. que sejam

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    mesmas praas louvadas em seu nome pelos respectivosSrs. commandantes, e promovidos os soldados a cabos,e estes a furriis.Outrosim, manda o mesmo Exmo. Sr. promover aospostos abaixo declarados os seguintes Srs. officiaes, queentraram neste combate e no dia 3 do corrente.A coronis, por actos de bravura em todos os com-bates em que tm se achado, os tenentes-coroneis ManoelRodrigues de Oliveira e Manoel Cypriano de Moraes.

    A'quelle mesmo posto, por actos de bravura no com-bate de 21 do corrente, o tenente-coronel Joo Nunes daSilva Tavares. Idem, por actos de bravura no combatede 3 do corrente, o tenente-coronel Sezefredo CoelhoAlves de Mesquita.A majores, por actos de bravura, os majores emcommisso Isidoro Fernandes de Oliveira, no combatede 11 (1), Joaquim Loureno Vieira Souto, no de 3; Ma-noel Jacintho Ozorio e capito Pantaleo Telles de Quei-roz, no de 21 do corrente.

    A tenente, por actos de bravura neste combate, oalferes do 10 corpo Ignacio de Oliveira Bueno.A alferes, o sargento-ajudante do 6 corpo, ama-nuense deste quartel-general, Alfredo de Miranda Ri-beiro Cunha, que, se offerecendo para entrar em combate,seguiu effectivamente s ordens do Sr. commandante dabrigada da vanguarda da 5a diviso, e portou-se commuita bravura.

    O coronel Joo de Souza da Fonseca Costa, chefedo estado-maior.Pela planta n. 2, extrahida do livro sobre a Guerrado Paraguay, pelo tenente-coronel Jorge Thompson, umdos principaes engenheiros de Lopez, que junto, por dartambm uma ideia geral do territrio paraguayo de

    Tuyuty barranca do Tayi, com os respectivos entrin-cheiramentos, v-se os logares em que se deram os com-bates Isla-Tavi e Tatavib, de 3 e 21 de outubro de1867 (2).

    (1) Parece que houve engano, e que devem ser supprimidas estas palavras.(2) Thompson, de nacionalidade ingleza, muito parcial e injusto nesselivro contra os alliados. especialmente contra ns; mas tendo estado elle ao ser-vio de Lopez. julguei conveniente juntar a sua planta de Humayt e trans-crever alguns tpicos do livro, como esclarecimentos.

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    Reconhecendo-se que a occupao de Tuyu-cu e deS. Solano no era sufficiente para estabelecer completositio a Humayt, porque Lopez, alm do rio Paraguay,abastecia-se ainda do interior do Paiz, constando que oprincipal deposito de gado era o Potreiro Ovelha ; delibe-rou por isso o Marquez de Caxias, de accordo com ogeneral Mitre, commandant.e em chefe dos exrcitos allia-dos, occupar este potreiro e um ponto na margem do rio.No dia 27 mandou chamar-me o velho Marquez deCaxias, e disse-me que me encarregava de fazer umnovo reconhecimento ao Potreiro Ovelha e barrancado Tayi, e que para esse fim me incorporasse a umafora de 4. mil homens, metade de cavallaria e a outrametade de infantaria, e 4 boccas "de fogo, que teria departir no dia 29 de S. Solano. Com effeito parti paraeste logar no dia 28 com a commisso de engenheiros,composta do capito Ayres Ancora, e os los tenentesBernardino Madureira, Galvo de Queiroz, Cursino doAmarante e de um contingente de 50 homens do bata-lho de engenheiros.A expedio poz-se em marcha na alvorada do dia29, sob o commando do general Joo Manoel MennaBarreto, e junto ponte da Sanga Honda deixou elledois corpos de cavallaria para guardar a retaguarda daexpedio e observar o inimigo.

    Continuando a marchar a expedio, o general re-cebeu aviso da vanguarda de que o inimigo occupavaa entrada de um caminho, que penetrava no PotreiroOvelha.Reconheceu-se ser um desfiladeiro, atravessado porum corte, defendido por uma trincheira e um fosso cheiode agua, tendo os flancos sobre banhados.To forte posio foi impetuosamente atacada por

    foras de cavallaria e infantaria e duas boccas de fogo,pouco depois das 7 horas da manh, desprezando-se asregras para os ataques dos desfiladeiros.Os nossos prejuisos foram grandes, e maiores seriamse a commisso de engenheiros no tivesse aberto, de-baixo de fogo do inimigo e atravs de um banhado, umapicada esquerda do desfiladeiro, eontornando-o, e peiaqual penetraram algumas companhias do 21 de volunt-rios, sob o commando do major Deodoro, depois mare-chal.

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    Pela mesma picada seguiram outras foras de infan-taria. inimigo abandonou o desfiladeiro, logo que per-cebeu sua retaguarda atacada, e soffreu prejuisos.A confuso no desfiladeiro foi extraordinria e dif-ficihnente podiam os nossos soldados mover-se.O distincto tenente-coronel Dr. Jos Carlos de Car-valho, chefe da commisso de engenheiros e deputadodo quartel-mestre general junto ao commando em chefe,que expontaneamente se achou no combate, communi-cou-me a m impresso que teve.Foi um combate to rude, que tivemos 76 mortos,cerca de 200 feridos e 23 confusos.O inimigo deixou no logar do combate '87 mortose 56 feridos. Fizemos 50 prisioneiros e cahiram emnosso poder 1.500 rezes.

    Diz o tenente-coronel Jorge Thompson, em seu livrosobre a Guerra do Paraguay, que o numero de para-guayos que occupavam as trincheiras do desfiladeiro doPotreiro Ovelha era de duzentos; porm, vista do nu-mero de mortos e feridos e prisioneiros, no possivelque fossem os paraguayos em to diminuto numero.Nesse mesmo dia, tarde, mandou o commandanteda expedio uma brigada de cavallaria villa do Pilarpara reconhecer se ella e a barranca do Tayi estavamoccupadas.No dia 31 chegou ao acampamento do Potreiro Ove-lha o illustre veterano general em chefe, Marquez deCaxias, que foi ver o logar ao combate para verificaro que tinha occasionado o grande prejuiso que tivemos.Sabendo elle que o inimigo ho tinha occupado abarranca do Tayi pelo reconhecimento que o brigadeiroMenna Barreto tinha mandado fazer, recebi ordem pararegressar com a commisso de engenheiros paraTuyu-cu.

    Por que estas novas hesitaes em occupar Tayi,quando a occupao do Potreiro Ovelha j nos haviacustado tanta gente ?Por que, logo aps o primeiro reconhecimento barranca do Tayi, no foi occupada, quando prximoa ella sabia-se que passava a unca estrada de que podiaLopez dispor ?Talvez houvesse receio de estender muito a linhado sitio, enfraquecendo seus diversos pontos.

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    Como quer que fosse, s foi occupada a barranca doTayi no dia 2 de novembro., aps um combate, comoveremos adiante.A ordem do dia sobre o referido combate do PotreiroOvelha, foi a seguinte:Cominando em chefe de todas as foras brasileirasem operaes contra o Governo do Paraguay.Quartel-general em Tuyu-cu, 9 de novembro de 1867.

    Ordem do dia n. 152S. Exa. o Sr. Marquez, marechal e commandanteem chefe, tendo aviso de que o inimigo, ha muito con-centrado no seu grande polygono fortificado, continuavaentretanto a prover-se de recursos pela via de commu-

    nicao, que dirigindo-se ao interior do Paiz, passa pelologar denominado Potreiro Ovelha, sendo este o centroonde costumava a ter reserva de rezes e cavalhadas,guardadas por foras de cavallaria e infantaria ; re-solveu, com prvio assentimento de S. Exa. o Sr. ge-neral em chefe dos exrcitos alliados, mandar procedera novo reconhecimento dos terrenos adjacentes mar-gem esquerda do Paraguay, e occupar, no s aquellaimportante posio, como tambm a de Tayi, sobre areferida margem, afim de fechar completamente o sitio,devendo o reconhecimento estender-se at villa doPilar.Para tal effeito, fazendo, no dia 28 do corrente, com-parecer neste quartef-generaf o Exmo. Sr. brigadeiroJoo Manoel Menna Barreto, encarregou S. Exa. destahonrosa e importante commisso, dando-lhe as neces-srias instruces e ordenando que ficasse sua dispo-sio uma fora de quatro mil homens de todas as armas,organizada do modo seguinte:Uma commisso de engenheiros, com 50 sapadores,encarregada no --o da rectificao do anterior reconhe-mento, mais tambm 'lo todo o trabalho technico res-pectivo, dirigida polo Sr. major Rufino Enas GustavoGalvo.

    Tniii bateria do i boccas do fogo raiadas, comman-dada poio Sr. capito Jos Thomaz Theodosio Gonalves.

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    A Ia e 2a divises de cavallaria, commandadas, estapelo Exmo. Sr. brigadeiro Jos Joaquim de AndradeNeves, e aquella pelo Sr. coronel Manoel de OliveiraBueno.Uma brigada de infantaria, commandada pelo Sr.coronel Salustiano Jeronymo dos Reis, composta dosbatalhes lo, 2, 7, 8 e 9o de linha, 24 e 33 corposcie voluntrios da Ptria.O pessoal do servio medico, dirigido pelo Sr. ci-rurgio-mr de brigada Dr. Silvrio de Andrade Silva,composta de mais nove facultativos, dous pharmaceuticose um capello.Todo o material que tinha de acompanhar esta ex-pedio constando do parque, ambulncias e arsenal ci-rrgico, devidamente organisado pelo Sr. tenente-coro-nel Jos Carlos de Carvalho, deputado do Quartel Mes-tre General, junto a este cominando em chefe, foi en-tregue e confiado direco do Sr. major Manoel An-tnio da Cruz Brilhante.Ao anoitecer do referido dia 28, marcharam paraS. Solano alguns batalhes, que faltavo para o com-pleto da citada brigada de infantaria, o pessoal de en-genheiros, do corpo de sade e todo o material mencio-nado ; pondo-se em marcha, no dia seguinte, ao signalde alvorada, toda a fora expedicionria ahi reunida,em direco ao Potreiro-Ovelha.Chegando ponte do arroio Fundo, deixou o Exmo.Sr. Brigadeiro Menna Barreto, 2 corpos da 2a Divisode cavallaria, guardando esta posio, e conseguinte-mente a retaguarda da fora, que continuava a mar-char, conforme lhe fora determinado por S. Ex. . oSr. Commandante em chefe.Ao approximar-se d'aquelle ponto objectivo, obser-vando a vanguarda da expedio, uma linha de atira-dores que parecia ser tambm a vanguarda de algumafora importante do inimigo, ordenou o mesmo Exmo.Sr. Brigadeiro, que avanassem os nossos atiradores, pro-tegidos por dous regimentos de cavallaria, emquanto se-guia elle com o grosso da columna,Meia lgua no havia ainda marchado, quando re-cebeu aviso de achar-se o inimigo postado na emboca-dura de um estreito caminho, que parecia, por entreo matto, guiar ao acampamento do grosso da fora re-spectiva.

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    Este desfiladeiro, cavado atravez de espessa cor-tina de matto, era interrompido por uma larga corta-dura e batido na sahida pelos fogos de um entrinchei-ramento com ante-fosso cheio de agua, e flancos apoia-dos em profundos banhados; e por elle unicamente sechegava ao logar em que o grosso da fora inimiga seachava, occupando uma posio ainda mais forte pelacombinao de obstculos inertes e activos.Esta posio foi atacada de frente pelos batalhes2, 7, e 33o, e de flanco pelo 8, 9 e 24, ficandoo 1 de proteco em logar que lhe promettia acudirpromptamente a estes em occasio precisa.Os trs primeiros transpuzeram o desfiladeiro, ven-cendq todos os obstculos que encontraram debaixo domais vivo fogo de fuzilaria do inimigo, e praticando actosde bravura, que muito os distinguem, guiados pelo Sr. Co-ronel Salustiano Jeronyino dos Reis, tendo cada umd'elles sua frente, os respectivos commandantes, osSrs. Majores Jos Ferreira de Azevedo, Genuino Olym-pio de Sampaio e Tenente-Coronel Francisco Agnellode Souza Valente.

    Os Srs. tenentes -coronis Hermes Ernesto da Fon-seca, Francisco de Lima e Silva e major Manoel Deo-doro da Fonseca, commandantes dos outros trs, 8, 9e 24, contornando o flanco esquerdo, atravessando comalguns officiaes e praas seus commandados, profundose estensos banhados, surprehenderam pela retaguardaas foras do inimigo, que combatiam encobertas ;parapeito da fortificao, e entremeiados com ellas tra-varam renhida luta a arma "branca, e conseguiram asse-nhorear-se da posio, matando a maior parte dos quea defendiam, inclusive o commandante de toda a fora,e fazendo 50 prisioneiros, entre os quaes se conta umofficial.

    Dos poucos que Lograram evadir-se, muito- acharama morte perseguidos pela nossa cavalia ria.

    Duas bccas de fogo dirigidas pelo Sr. capito JosThomaz Theodoro Gonalves, no comeo da. aco fi-aerara alguns tiro- proveitosos contra a trincheira inimiga. e para oceupar posio conveniente para. tal Fim,teve-se de vencei" muitOf embaraos, para a remoodoa quaes, alm do.- offieiaee e praas da- respectivasguarnies, muito concorreram alguns officiaes e pi ida nossa cavallaria.

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    A Ia Diviso desta arma, tendo empenhado no co-meo da aco o 2 e 3 regimentos, que fizeram avanguarda da expedio, respectivamente commandadospelos Srs. tenente-coronel Joo Sabino de Sampaio MennaBarreto e major Justiniano Sabino da Rocha, destar-ouno fim delia a 2a Brigada, commandada pelo Sr. co-ronel Tristo Jos Pinto, composta do referido 3 regi-mento e do 15 corpo provisrio da Guarda Nacional,commandado este pelo Sr. tenente-coronel Joo Fran-cisco Jardim, afim de seguir em explorao at villado Pillar, passando pela posio do Tayi.Ao approximar-se deste ponto, que se achava guar-dado por uma pequena fora inimiga, conseguiu estaevadir-se com o auxilio de canoas sobre o rio Paraguay,podendo ser este lo5ar explorado por um esquadro declavineiros do 15 corpo.A referida villa foi tambm abandonada pela guar-nio que a defendia, a qual refugiou-se a uma chata,que se achava sobre o mesmo rio, podendo impune-mente uni esquadro do 3 regimento percorrel-a emtodas as direces.A 2a 'Diviso guardou durante o combate, o flancodireito da posio atacada, afim de evitar que o inimigopudesse por ahi acommetter, como presumia o Exmo,Sr. brigadeiro Menna Barreto; e no se tendo realisadoesta hypothese, depois de tomada a citada posio, avan-ou a 3a Brigada, commandada pelo Sr. coronel JooNiederauer Sobrinho; e o 6 corpo provisrio da GuardaNacional, commandado pelo Sr. major Isidoro Fernan-des de Oliveira, alcanou uma fora de cavallaria ini-miga, que destroou completamente, e bem assim algu-mas praas de infantaria, tambm inimiga, que seguiamem retirada, as quaes foram feitas prisioneiras por estemesmo corpo.

    Os officiaes que compuzeram a commisso de enge-nheiros e dirigiram os sapadores, debaixo do fogo mor-tifero do inimigo, major Rufino Enas Gustavo Galvo,capito Ayres Antnio de Moraes Ancora e primeirostenentes Bernardino de Senna Madureira, Innocencio Gal-vo de Queiroz e Manoel Pinto Curcino do Amarante,prestaram importantes servios.O corpo de sade cumpriu religiosamente o seu de-ver, e bem assim o Sr. capello alferes padre Amaro

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    Theot Castor Brasil, segundo informa o Exrao. Sr. bri-gadeiro Menna Barreto.Entre os que praticaram actos de bravura neste com-bate, segundo as partes dadas pelos respectivos 'Srs. com-mandantes, sobresaem os seguintes Srs. : alferes em com-misso Horcio Benedicto de Barros, que conduzindo abandeira do 2o batalho, transpoz, j levemente ferido,

    o anti-fosso da fortificao inimiga no intuito de escalaro parapeito, sendo ento gravemente ferido no brst ituiu-o na pda bandeira, e procurando effectuar a passagem de flan-co, caiu mortalmente ferido, e suecumbiu pouco depois-,lutando j com o inimigo brao a brao, contornandoo flanco do parapeito. O desejo de gloria deste bravobenemrito da Ptria, era tal, segundo informa o Com-mandante, que exercendo o logar de quartel-mestre docitado batalho, offereceu-se com instancia para mar-char, e assim procedia sempre que tinha de entrar oseu batalho em combate.

    Alferes Augusto Jlio Lacaze, que conduzindo a ban-deira do 33 corpo de voluntrios, transpoz tambm comella o fosso, e ahi lutou contra o inim we-mente ferido no peito, entregou-a ao 8r. capito do mesmocorpo J . mi t i d* rem, que sendo depois tam-bm contuso, restituiu-a inclume ao seu commandaO cabo de esquadra Joaquim Villela i Jtro Tavari ildado Jo to I tacio da Oonce ttboa doj batalhOj os quaee, i peia de morto soriosament

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    Sr. alferes Costa e Souza, apossou-se o primeiro, dabandeira que empunhava este bravo official, e o se-gundo, defendeu-a com o jogo da baioneta contra osbotes do inimigo, e lograram transmittil-a intacta ao seucommandante.Terminada a aco, foi o primeiro cuidado cio Exmo.

    Sr. brigadeiro Menna Barreto, dispor tudo para asse-gurar a posio importante que acabava gloriosamentede occupar sobre a principal via de cominunicao ede abastecimento do inimigo, mandando vigiar a posiodo Tayi sobre a margem do rio, pelo 1 corpo provi-srio de cavallaria, commandado pelo Sr. coronel Ca-millo Mercio Pereira, at que podesse ser ella tambmoccupada.

    Tivemos neste combate as seguintes perdas, comose v das relaes abaixo transcriptas : mortos 76, sendo9 officiaes ; feridos 285, sendo 20 levemente, destes 5e daquelles 11 officiaes; contusos 23, sendo 5 officiaes;e 7 praas extraviadas. Dando o total 391 fora de com-bate.

    Infelizmente, alm destes, teve o Exercito de soffrermais uma grande e irreparvel perda na pessoa do muitobravo e distincto coronel Manoel Rodrigues de Oliveira,que succumbiu, victima de uma apoplexia fulminante,poucas horas depois do combate, onde, como em todos osoutros, se havia portado com a sua j to reconhecida eadmirvel bravura.

    S. Ex. o Sr. Marquez, marechal e commandanteem chefe, por esta occasio congratula-se com as for-as sob seu cominando, e manda elogiar a todos Srs.officiaes e praas, cujos nomes ficam mencionados, eos que o so nas partes dadas pelos seus respectivoscommandantes, em vista do modo porque to bem cum-priram os seus deveres, e com especialidade aos se-guintes :Exmo. Sr. brigadeiro Joo Manoel Menna Barreto,pelo acerto com que dirigiu a aco, patenteando maisesta vez o seu reconhecido valor e intrepidez.Os Srs. coronel Salustiano Jeronymo dos Reis, te-nentes-coroneis Hermes Ernesto da Fonseca e FranciscoAgnello de Souza Valente e Francisco de Lima e Silva,majores Manoel Deodoro da Fonseca, Genuino Olympiode Sampaio e Jos Ferreira de Azevedo, pela pericia

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    e denodo com que se houveram, patenteando tambmmais esta vez a bem merecida reputao de que gozam.O Sr. tenente-coronel Jos Carlos de Carvalho, queachando-se presente no momento do combate, teve occa-sio de prestar importantes servios, distinguindo-se pelasua calma e valor.O Sr. capito em commisso Franklin TupynambMaribondo da Trindade, que tendo frente do seupeloto flanqueado a mencionada fortificao, bateu-secom o inimigo arma branca, resultando-lhe disto gra-ves ferimentos; e sendo o mesmo Sr. capito, alferesdo Exercito, manda S. Ex. o Sr. general em chefe, nestadata, promovel-o ao posto de tenente do mesmo Exer-

    cito, conservando aquella commisso de capito.Pelos actos de bravura praticados pelos Srs. : te-nente Joo Barbosa Cordeiro Feitosa, alferes HorcioBenedicto cie Barros e Augusto Jlio Lacaze, todos exer-cendo estes postos por commisso, manda o mesmo Exmo.

    Sr. promover aos mesmos postos effectivaniente.Pelo mesmo motivo so tambm promovidos a 1 sar-gento, o cabo de esquadra Joaquim Villela de CastroTavares, e a cabo de esquadra, o soldado Joo Estacioda Conceio, ambos do 2 batalho de infantaria.

    O coronel Joo de Souza da Fonseca Costa,Chefe do Estado-Maior.OCCUPAO DA BARRANCA DO TAYI

    Lopez ao saber da tomada do desfiladeiro do Po-treiro Ovelha, tratou de assegurar a estrada de Tayi,nica que lhe restava ainda para eommunicar-se como interior do paiz, d'onde recebia soccorros pivri,,s paramanuteno de Humayt.No dia 1 de novembro (1867) noite, mandou diamar-me o general em chefe, Marquez de Caxias, e de-pois 'Ir ter-me feito diversas perguntas sobre a. barrancado Tayi. disse-me que o inimigo tinha, desembarcadoahi

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    dem ao general Joo Manoel Menna Barreto para ata-car o inimigo e occupal-a.Nao me causou admirao a occupao dessa bar-ranca pelo inimigo, pelo que declarei no Relatrio que

    apresentei sobre o reconhecimento delia, e pelo que dissedepois.E no sei o que mais admire, se a nossa falta emno ter occupado e fortificado essa posio, ou a deLopez, quando devia saber que a nossa occupao lhetraria a perda do rio Paraguay e da estrada, que pas-sava pela bpcca do rinco do Tayi, e ia ter fortalezade Humayt, bem como a do ramal, que penetrando nomesmo rinco dirige-se para Laurel (!).Xo dia seguinte, s 9 e meia horas da manh, poucomais ou menos, recebeu o general em chefe, Marquezde Caxias, communicao de ter sido occupada pela ex-pedio sob o cominando do intelligente e impetuosobrigadeiro Menna Barreto, a barranca do Tayi, apsum curto combate.O inimigo deixou no logar do combate 240 mortos,alm dos que morreram afogados no rio, 70 prisionei-ros, e dois vapores, sendo um incendiado e outro metti-do a pique.

    Nosso prejuizo foi de 31 homens e de 57 feridos.Segundo Jorge Thompson, que foi encarregado porLopez de fortificar a barranca, a fora paraguaya com-punha-se de um batalho de 400 homens, de 3 peas

    de artilharia de campanha e de 3 vapores.Calcule-se agora, qual seria a nossa situao se Lopeztivesse j fortificado a barranca do Tayi ?A's 2 horas da tarde do referido dia 2 de novem-bro, parti para essa barranca com uma commisso deengenheiros sob minha direco, fazendo parte delia ocapito Ayres Ancora e os primeiros tenentes MoraesJardim e Bernardino Madureira. Chegamos s 7 horasda noite, traamos e comeamos logo a fortificao, au-xiliando-nos nesse servio os primeiros tenentes Gal-vo de Queiroz e Cursino do Amarante, que ahi j seachavam com um contingente do batalho de engenhei-ros. Trabalhou-se durante toda a noite, e continuou-sesem interrupo a fortificao.

    Cl) Vide plantas ns. 1 e 2.

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    Com a occupao da barranca do Tayi, achando -seLopez sitiado, esperava-se que elle atacasse essa posi-o para retomal-a, ou que atacasse Tuyu-cu ou Tuyuty,e por isso, conservou-se a expedio com toda a vigi-lncia.Com effeito, o inimigo escolheu de preferenciaTuyuty, que era a nossa base de operaes, e no diaseguinte atacou essa posio com foras superiores, ele-vando-se a mais de oito mil homens das 3 armas.O 2 corpo do Exercito, sob o cominando do hericogeneral Visconde de Porto Alegre, de pouco mais oumenos tambm de oito mil homens promptos, cobriu-sede gloria e resistiu com toda a coragem ao inimigo,alcanando victoria (*),O inimigo deixou no campo de batalha 2.227 mor-tos, grande quantidade de espingardas, muitos estan-dartes, etc. e fizemos 139 prisioneiros.Nosso prejuzo foi de 228 mortos, 976 feridos e 133confusos, tendo-se extraviado 14 officiaes e 380 praas.

    Sob to gloriosa e importante victoria, alcanadapela segunda vez em Tuyuty, transcrevo a respectivaOrdem do Dia n. 165.Commando em Chefe de Todas as Foras Brasileirasem operaes contra o Governo do Paraguay.Quartel-General em Tuyu-cu, 12 de dezembro de

    1867.

    Ordem do Dia n. 165S. Ex. o Sr. Marquez, marechal e commandante em

    chefe, manda fazer publico para que chegue ao conhe-cimento das foras sob seu cominando, a noticia abaixotranscripta, relativa ao combate, que no dia 3 de novem-bro ultimo, sustentaram cm Tuviity. as loiras do 2corpo do Exercito contra as do inimigo, que tentaraminvadir e apoderar-se daquella importante posio.Da participao dada pelo Exmo. Sr. tenente-generalVisconde de Porto Alegre, commandante

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    Rodrigues da Silveira, commandante de um piquete do41 do voluntrios, collocado direita do centro da li-nha avanada do entrincheiramento daquelle acampa-mento, observou, que um outro piquete, pertencente alegio paraguaya, situado em um prximo laranjal, seretirava em debandada, sem dar um s tiro; e pro-curando reconhecer a causa deste movimento inespe-rado, notou que uni grande troo de infantaria inimigaavanava naqueila direco.Dando logo aviso dessa occurrencia ao seu comman-dante, o Sr. major Estevo Caetano da Cunha, mandoueste fazer o signal respectivo, e rompeu fogo, ponclo-etambm em retirada com o citado corpo, em vista dasuperioridade em numero do inimigo, que continuando aavanar, apoderou-se successivamente dos dois reductosoccupaaos por foras argentinas, situados sobre a collinaimmediata ao ponto por onde penetrara; e dirigiu-se emseguida para o nosso grande reducto central, levandosempre em sua frente, alm do mencionado corpo, oo 42 e 40 praas do 46 tambm de voluntrios, osquaes oppunham resistncia, disputando passo a passoo terreno.

    Duas outras columnas inimigas, que ao mesmo tempoavanavam pela direita, contornando a nossa linha, con-seguiram apoderar-se tambm do reducto argentino, col-locado no extremo da mesma linha, e do que lhe fica direita, guarnecido pelo 4 batalho de artilharia a p,armado com um canho a Withworth, de calibre 32;no sem a grande e herica resistncia da parte darespectiva guarnio e do seu commandante o Sr. majorErnesto Augusto da Cunha Mattos, que, tendo podido re-tirar-se com os seus commandados, deixou de o fazer,pr entender de certo, que soffreria em seus brios seabandonasse a posio em que o haviam collocado.

    O total da fora invasora foi calculado em mais deoito mil homens, e operou dividida em cinco commnas,das quaes trs de infantaria e duas de cavallaria. Aquel-las, com mais de seis mil homens, depois de haveremse apoderado das citadas posies, dirigiram-se para ogrande reducto central, para onde o Exmo. Sr. tenente-general Visconde de Porto Alegre, que promptamenteacudiu aos pontos ameaados, fez convergir os corposde infantaria 28o, B6o, 37o, 4io ? 420 e 430 de voluntriosda Ptria, o citado contingente de 4Q praas do 46

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    e os do 3 batalho de artilharia a p e 1 corpo pro-visrio da mesma arma a cavallo, que no se achavamde guarnio nas baterias da linha avanada da es-querda, elevando-se a fora total destes corpos e con-tingentes a dois mil homens, pouco mais ou menos.Com to diminuta fora, e o 14 corpo provisrio deeavallaria, mandado vir a toda a pressa do Passo daPtria, sustentou o mesmo Exmo. Sr. tenente-generalVisconde de Porto Alegre, por espao de trs horas, oimpetuoso ataque simultaneamente dado contra o salientemais avanado do mesmo reducto pela face do norte, todaa face de leste e parte do sul, e durante o qual conse-guiu o inimigo incendiar e saquear uma parte grandedo commercio, cujo acampamento demora exfra-muros.As nossas foras destinadas a proteger o comboio,que naquelle dia devia seguir para este acampamentocompostas do 5 corpo de caadores a cavallo, 12 e 13corpos de eavallaria da Guarda Nacional, 32, '45o, 4Soe 52 corpos de infantaria de voluntrios da Ptria, equatro boccas de fogo, sob o cominando do Exmo. Sr.brigadeiro Jos Luiz Menna Barreto, e que se achavampostadas sobre a estrada em distancia que no puderamobservar o movimento do inimigo, Suspeitando o ataquepelo cho dos primeiros tiros, contramarcharam ; e en-contrando j o inimigo de posse dos citados reduetosavanados, tiveram de sustentar vivo e mortfero com-bate para reconquistar estas posies, sendo logo nocomeo da aco ferido gravemente na bocca o mesmoExmo. Sr. brigadeiro, pelo que teve de succedel-o nocommando o Sr. coronel Antnio da Silva Paranhos,que continuou a sustentar o ataque para o mesmo fim.

    Aos primeiros indicios do combate, chegados tam-bm a este acampamento, com os estampidos dos tirosde artilharia e infantaria, determinou S. Ex. Sr. Mar-quez, marechal commandante em chefe, que o Sr. tnente-coronel Jos Carlos de Carvalho, deputado doQuartel-Mestre-General, junto a este commando em 'lie 1 ''.se dirigisse para o p;iss Ipohy, com uma brigada deinfantaria, commandada pelo Br*, tenente-coronel Jdo Rego Banos Falco, provisoriamente i omcorpos de voluntrios da Ptria 27o, 340 e i'.i".forada com duas boccas de fogo raiadas de campanhae uma estativa de foguetes de guerra, bem provida, afimde proteger o comboio ali reunido, e seguir com clle

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    para aquelle corpo de (exercito, logo que visse distopossibilidade.

    Continuando, porm, a se succederem os tiros, de-nunciando claramente um ataque formal, mandou S. Ex.sustar a sahida do comboio, e determinou que marchasseimmediatamente, em proteco do mesmo corpo de exer-cito, a 5a Diviso de cavallaria, commandada pelo Exmo.Sr. brigadeiro Victorino Jos Carneiro Monteiro, reunidaquella brigada de infantaria e mais fora mencionada,ficando toda ella sujeita ao cominando deste Sr. bri-gadeiro, o que effectuou sem perda de tempo.O inimigo vendo-se por fim forado a abandonar asua ousada empresa, poz-se na mais desordenada fuga,e na occasio em que j ali transpunha a linha avan-ada do entrincheiramento, chegou a "fora auxiliar sobo cominando do Exmo. Sr. brigadeiro Victorino, a qualapenas concorreu para tornar mais completa e precipi-tada a mesma fuga.

    "Durante o combate conservaram-se de guarnio naextrema esquerda da linha avanada no Potreiro Pires,os batalhes de infantaria 11 de linha, 29 e 47 de vo-luntrios da Ptria, direita destes, sobre a mesmalinha o 54, e no centro at o lanrajal o 6 de linhae sendo por duas vezes rigorosamente atacada aquellaextrema, commandada pelo Sr. tenente-coronel Luiz Igna-cio Leopoldo de Albuquerque Maranho, foi victoriosa-mente repellido o inimigo, deixando crescido numero demortos : havendo o Sr. tenente-coronel, segundo in-forma o Exmo. Sr. general Visconde de Porto Alegre,se conduzido com valor e discreo nesta defesa.Alcanam as perdas do inimigo, neste combate, a2.227 mortos, que foram contados na occasio de dar-se-lhes sepultura, e 139 prisioneiros, dos quaes 121 feridos

    :

    um estandarte, algumas caixas de guerra, 2.357 espingar-das e algumas lanas e espadas.De nossa parte temos a deplorar a perda de 13 offi-ciaes e 215 praas, mortas; 88 officiaes e 88"8 praas,feridas ; 30 officiaes e 103 praas confusas ; 14 officiaese 380 praas extraviadas; como se v das relaes abaixotranscriptas.Foram retomadas todas as nossas boccas de fogo,que o inimigo tentara transportar dos reduetos avan-ados, de que se achou momentaneamente de posse, in-clusive a de Withworth de calibre 32, que tendo ficado

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    em um banhado entre as suas e as nossas linhas, foidepois levada desta posio por foras inimigas, durantea noite do mesmo dia; concorrendo, para isso, to so-mente, o desleixo e incria dos officiaes a quem se tinhaencarregado o servio da remoo desta pea para asua primitiva posio no reducto da extrema direita.

    S. Ex. o Sr. Marquez, marechal, commandante emchefe, manda elogiar ao Exmo. Sr. tenente-general Vis-conde de Porto Alegre, pela herica e brilhante defesaque oppoz ao ousado plano do inimigo, sustentandoaquella importante posio, no obstante haver sido sur-prehendido por foras superiores em numero, patenteandoainda esta vez a sua nunca desmentida bravura.

    Outrosim, manda S. Ex. transcrever os nomes dosseguintes officiaes, que segundo informa o mesmo Exmo.Sr. tenente-genera Visconde de Porto Alegre, mais sedistinguiram no cumprimento de seus deveres : mare-chal de campo Jos da Victoria Soares de Andra, bri-gadeiros Alexandre Manoel Albino de Carvalho e JosLuiz Menna Barreto, coronis Francisco Gomes de Frei-tas, Vasco Alves Pereira e Antnio da Silva Paranhos,tenentes-coroneis Fernando Machado de Souza e Lan-dulpho da Rocha Medrado, que ialleceu gloriosamente;majores Manoel de Almeida (rama Lobo d' Ea, Sebas-tio de Souza e Mello, Caetano da Costa Arajo e Mello.Estevo Caetano da Cunha e Jos Maria Eduardo. lendoos trs ltimos morrido gloriosamente em consequen

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    general Visconde de Porto Alegre, salvou a base deoperaes.No obstante to grande derrota do inimigo, a ex-pedio do Tayi mantm toda a vigilncia, continuando acommisso de engenheiros a trabalhar sem interrupodia e noite at o dia 6 (novembro), em que conseguiufechar o forte, que levantou.Este forte era estrellado, tendo sobre a margem do

    rio trs baterias, guarnecidas com dez boccas de fogoraiadas de calibre 12. A do centro foi denominada Dois de Novembro, pela victoria que ahi alcanamosnesse dia, a da direita Vinte e Nove de Outubro, pelado Potreiro Ovelha, tambm pela nossa victoria nessedia, e a da esquerda Vinte e Um de Setembro, em me-moria, do dia em que fui a essa barranca reconhecel-a.O forte foi denominado S. Gabriel, pelo comman-dante da expedio general Joo Manoel Menna Bar-reto, em memoria ao bravo marechal de campo JooPropicio Menna Barreto, Baro de S. Gabriel, o heroede Paysand. e podia conter mais de dois mil homens.

    A's 8 horas da manh do referido dia 6 foi iadaa gloriosa bandeira brasileira na "bateria do centro Dois de Novembro , com toda a solemnidade, for-mando toda a cavallaria e infantaria, e salvando as trsbaterias com 21 tiros.Durante os dias 7, 8 e 9 continuavam com todo

    o esforo os trabalhos do forte para dar-lhe mais so-lidez, e a derrubada dos mattos contiguos para evitaremboscada do inimigo, bem como a obstruco das pi-cadas, que se dirigiam ao forte inimigo de Laurel.No dia 10, noite, chegou ao forte do Tayi o generalArgollo, commandante do 1 corpo do Exercito, tra-zendo uma brigada de infantaria e duas boccas "de fogo.e assumiu o commando das foras.

    No dia seguinte o mesmo general depois de ter per-corrido o acampamento e o forte publicou uma Ordemdo Dia, elogiando-me e aos outros membros da com-misso de engenheiros, bem como aos officiaes do con-tingente do batalho de engenheiros, pelos trabalhos doforte e outros.Com pequeno intervallo falleceram na tarde de 16,de cholera morbus, no acampamento de Tayi, o valente1 tenente Bernardino de Senna Madureira, distincto

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    membro da commisso de engenheiros, e o bravo coronelAndr Alves de Oliveira, Bello, deputado do ajudante-general do 1 corpo do Exercito.Foram duas perdas muito sensveis, e no 1 tenenteBernardino Madureira perdi um amigo e companheirode trabalhos, especialmente no reconhecimento da bar-ranca do Tayi, na construco do forte na mesma bar-ranca, e no combate do Potreiro Ovelha.

    No cemitrio junto a esse forte foram elles enter-rados, ao lado de outros bravos ceifados por to cruelepidemia.No obstante a completa derrota do inimigo em Tuyu-ty, no dia 3 de novembro, receiava eu que de novo ata-casse Lopez a mesma posio, a de Tuyu-cu ou de Tayi,.por achar-se sitiado pela margem esquerda do rio Pa-raguay, ou ento que a"brisse uma communcao peioGro-Chaco, onde se observavam queimadas, no obstanteser territrio baixo e alagado, e constar que era atintransitvel; assumpto este, a respeito do qual variasvezes me entretive com o illustrado general Argollo, queme disse, faria constar ao general em chefe a nossadesconfiana ; porm, nada se intentou ento, nem 'de-pois que a diviso de couraados forou as baterias deHumayt, aehando-se pouco acima de Tayi o rio Ynmeho.

    Os paraguayos, entretanto, no deixaram de sondarnossos acampamentos com o tino e a astcia prpriosdos selvagens americanos, que no se deixam presentir.Dotados de tal subtileza e de espantosa rapidez de mo-vimentos atravessavam por entre estreitas veredas qosmattOs, emboscavam-se e atacavam de surpresa algumpiquete ou ponto nosso, e desappareciam apenas se fa-ziam sentir. Nossa gente, apesar dessas repetidas embos-cadas e surpresas, continuava a aventurar-se sem tomarrodas as cautelas, como se ver pela transcripo abaixode meu Dirio.30 de novembro Depois da descoberta seguiua margem opposta (Chaco) uni piquete de 8 homens,''ii mandados por um subalterno, e Logo

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    Regressando o escaler, trouxe trs feridos dos nos-sos, sabendo-se que o inimigo tinha aprisionado outrostrs.

    Logo aps quelle acontecimento viu-se partir deLaurel duas chalanas, talvez com o fim de levarem osprisioneiros.O general Argollo fez seguir depois para o legarda emboscada uma fora de 50 homens para reconhece-o,a qual deu sobre outra inimiga, que fugiu, deixandoum prisioneiro e um morto. Aquelle declarou que aforya paraguaya tinha ido de Laurel a uma hora danoite, em numero de noventa (90), com o fim de fazeralguns prisioneiros, provavelmente para darem infor-maes.

    2 ,ie dezembro Ao romper deste dia, ouvindo-setiros de fuzilaria em direco a Laurel, seguiu o gene-ral Argollo, a quem acompanhei, para o arroio Caim-boc (*), em cuja margem direita se tinha feito umapicada, que era guarnecida por praas do 26 de vo-luntrios.

    Ahi chegando, soubemos que o major Sebastio Tam-borim, commandante do batalho, o fiscal e mais doisofficiaes acompanhados de diversas praas, que foramlogo depois da descoberta alm da outra margem fioreferido arroio, tinham sido victimas de uma emboscada,morrendo todos elles e varias praas, sendo algumasaprisionadas.A facilidade com que ia nossa gente se aventura,tem lhe sido por vezes fatal.O referido commandante, acompanhado daquelles of-ficiaes e praas, tinha subido a uma casa de cupim nogrande rinco, que se estende alm da margem esquerdado Caimboc para Laurel, e observava esta posio ini-miga com um binculo, quando foi com elles cercadopelos paraguayos.

    Sobre aquelle arroio, que fica a 1.500 metros deTayi, tinha mandado eu fazer uma ponte, e na retaguardaunia trincheira para defendel-a.No dia 4 chegou ao forte o bravo e infatigvel pra-tico da Armada Fernando Etchebarne, trazendo uma

    (1) Este arroio e a posio de Laurel esto consignados na planta n. 1.

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    grossa corrente para ser atravessada nesse ponto dorio Paraguay. No dia seguinte, deu-se comeo sua col-locao, embarcando previamente uma fora de cem pra-as para o Gro-Chaco, afim de fazer um reconheci-mento.

    Seguiu depois para o mesmo logar outra fora tam-bm de cem praas coiu o referido pratico, e fizeramuma profunda e grande escavao na qual enterraramum forte madeiro, ligado a uma das extremidades dacorrente, ficando terminado o trabalho no dia 14.

    No dia 16 apresentei ao general Argollo a planta doforte, levantada pela commisso de engenheiros.Por esse tempo constava que