aulas 6, 7 e 8 max weber –dominação e poder; ação social ... · aulas 6, 7 e 8 max weber...

18
Aulas 6, 7 e 8 Max Weber – dominação e poder; ação social; religião e Estado

Upload: others

Post on 07-Jul-2020

20 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Aulas 6, 7 e 8Max Weber – dominação e

poder; ação social; religião e Estado

1 – Weber (1864-1920) aspectos metodológicos e visão de mundo

- Contexto alemão – unificação nacional; hierarquia e autoridade; elitismo –critica romântica a racionalização da sociedade capitalista

- Tema: o capitalismo ocidental; a racionalização da vida; burocratização- Método: crítica ao materialismo histórico; lógicas autônomas de

funcionamento dos elementos da sociedade (economia, religião, política, cultura); Foco no INDIVÍDUO: verdadeira unidade de análise sociológica

- método tipológico e o histórico: “método compreensivo”- Não há uma lógica objetiva de continuidade nos processos históricos- O caráter peculiar das coisas- Separação do científico do político – caráter interpretativo e não normativo

• A economia exerce uma influência racionalizadora sobre as pessoas (as sociedades) • O capitalismo ocidental é dominado pela ascensão da ciência e da burocracia

(Estado): organizações racionais de grande escala

• Dominação; poder; coesão social

• Indivíduo -> já que não vale a estrutura – cria esquema para analise sociológica – ação concreta = uma complexa inter-relação de ações individuais

2 – Aspectos teóricos fundamentais

2.1) Processo de Racionalização (e sociedade) / Surgimento e expansão da Burocracia (Estado)

2.2) A “objetividade” do conhecimento nas Ciências Sociais

2.4) Relações sociais de Autoridade (dominação legít.)

2.5) Religião (e economia)

2.1) Processo de Racionalização (e sociedade)

- A sociedade moderna trouxe novos padrões de ação social. Processo histórico “coletivo” de desenvolvimento da ciência, da burocracia e da tecnologia moderna

- Afastamento das crenças tradicionais- Cresce a ação fundamentada em cálculos racionais e instrumentais, levando em

conta a eficiência e o conhecimento técnico (custo-benefício; viabilidade)- Processo de Desencantamento do Mundo: a maneira como o pensamento

científico-racional no mundo moderno vai varrendo as forças místicas e religiosas do passado

- O Estado moderno seria o exemplo acabado deste fato. Ele estaria baseado em duas bases concretas: a) monopólio da violência; b) difusão da dominação racional-legal e, portanto, do aparato burocrático como modelo de administração.

- A disseminação da lógica burocrática para cada vez mais esferas da vida social criaria uma “jaula de ferro” inescapável

• Riscos também para o destino da democracia, confrontada com a dominação burocrática e procedimental pelas regras do regime

• O progressismo do Iluminismo do séc. XVIII (avanço científico, aumento da riqueza e da felicidade, rejeitando costumes tradicionais e superstições) também mostrava o seu lado obscuro e perigoso

-2.2) A “objetividade” do conhecimento nas Ciências Sociais

• neutralidade – Uma ciência empírica jamais pode se propor a fornecer normas e ideais obrigatórios, dos quais devem derivar receitas para a prática

• parcialidade = Por ser infinita e complexa, a realidade não é passível de apreensão na sua totalidade. • Todos os fenômenos sociais possuem causas econômicas, históricas, culturais e

psicológicas (subjetivas) A quantidade de causas para cada fenômeno é infinita e não há como definir cientificamente qual é mais importante, pois isto seria um julgamento de valor • A ação individual é a realidade empírica para Weber . Compreensão dos

antecedentes causais da ação. A busca positivista e materialista por leis gerais teria o efeito de negar a complexidade e as singularidades da realidade

metodologia própria

• Ação Social • Ação social refere-se a qualquer ação que leva em conta ações ou reações de outros

indivíduos e é modificada baseando-se nesses eventos. Em suas palavras: “A ação humana é social na medida em que, em função da significação subjetiva que o indivíduo que age lhe atribui, toma em consideração o comportamento dos outros e é por ele afetada no seu curso”. • 1. Ação social racional com relação a fins (instrumental), na qual a ação é

estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim; • 2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a ação,

mas o valor, seja este ético, religioso, político ou estético; • 3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como

orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc., e • 4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos

arraigados. (Observe que as duas últimas são irracionais).

• formulação de tipos ideais . Premissa epistemológica: os conceitos não derivam da realidade, mas são construídos para a análise – construção conceitual e analítica que não existe na realidade “na sua forma pura”

• O tipo ideal é um meio, é uma ferramenta, não um fim da análise sociológica. Ele ajuda a compreender os problemas em questão

2.4) Relações sociais de Autoridade (dominação legít.)

ÞOs três tipos puros de dominação legítimaDominação Legítima: dominação exercida com o consentimento do dominado. Este seria um fenômeno essencial para a manutenção da coesão social.

1 – Dominação legal – burocrática

Dominação legal: a obediência está fundamentada na vigência e aceitação da validade intrínseca das normas e seu quadro administrativo é mais bem representado pela burocracia. A ideia principal da dominação legal é que deve existir um estatuto que pode ou criar ou modificar normas, desde que esse processo seja legal e de forma previamente estabelecido. Nessa forma de dominação, o dominado obedece à regra, e não à pessoa em si. A forma mais pura de dominação legal é a burocracia.

2 – Dominação tradicional – patriarcal

Se dá pela crença na santidade de quem dá a ordem e de suas ordenações, sua ordem mais pura se dá pela autoridade patriarcal. O ordenamento é fixado pela tradição e sua violação seria um afronto à legitimidade da autoridade.

3 – Dominação carismática

nesta forma de dominação os dominados obedecem a um senhor em virtude do seu carisma, entendido como as qualidades excepcionais que lhe conferem especial poder de mando. Para Weber, o carisma teria uma força revolucionária na história, pois ele tinha o poder de romper as formas normais de exercício do poder. Por outro lado, a confiança dos dominados no carisma do líder é mutável e esta forma de dominação tende para a via tradicional ou legal.

2.5) Religião (e economia)

- “A Ética protestante e o “espírito” do capitalismo: Articula a metodologia proposta por Weber na análise concreta de um objeto particular: a relação entre conduta religiosa e conduta econômica

- Construir a análise do capitalismo a partir de elementos à primeira vista não-econômicos : capitalismo como espírito, isto é, cultura. Vivenciado.

- Weber observa o capitalismo a partir dos pequenos burgueses que com o tempo vão enriquecendo. Estatísticas mostravam que os Industriais mais ricos tendiam a ser protestantes

- Os protestantes tendiam a ter uma formação técnica e de comércio - Componente chave do protestantismo: o sagrado trazido para a vida cotidiana,

no trabalho cotidiano. “Live to work” – devoção religiosa e conduta econômica racional deixam de ser contraditórios para terem uma relação de afinidade

- Doutrina cômoda substituída por uma incomoda, regulamentada

• Ethos de vida; ética peculiar; Essa ética ressalta o dever profissional e o dever do indivíduo de aumentar o seu capital como fins em si mesmos • Por ser o meio de comprovação da salvação, o trabalho como profissão foi

alçado na modernidade a um status inédito • Se confunde com a própria realização da pessoa enquanto ser humano • Condenação católica da usura era um obstáculo ao espírito do capitalismo • Profissão entendida como dever. Vocação profissional • O trabalho é uma

atividade bem quista por Deus • O espírito do capitalismo de Weber se refere especificamente ao capitalismo europeu ocidental e dos EUA • “Nos EUA o espírito do capitalismo surgiu antes do desenvolvimento do

capitalismo”• “o ser humano não quer por natureza ganhar dinheiro, apenas viver”• é preciso um longo processo educativo para mudar isso - que se construa uma ética em torno da mudança desse valor

• Processo de racionalização: fim do aconchego tradicional – QUEM NÃO SOBE, DESCE• Não foi uma questão de quem tinha mais dinheiro, mas da entrada em cena de

um novo espírito.• “não foram ricaços, mas homens criados na dura escola da vida”• De sua riqueza nada tem para si, a não ser a irracional busca de cumprimento

de seu dever profissional – é isso que o homem pré-capitalista achhavainconcebível e enigmático