hércules 56

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Um Grupo de jovens insatisfeitos com o governo militar, arquitetou e executou uma das ações mais audaciosas contra a ditadura, o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick para a troca de 15 prisioneiros políticos. E o filme documentário Hercules 56 retrata com depoimentos de quem participou da ação e dos libertos por ela.

Mas o que é Hercules 56?

O nome do filme se refere à matrícula do avião militar que transportou para o México os presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick.

O filme pode ser divido em três partes: •A primeira a apresentação dos presos e em uma mesa redonda os militantes que planejaram a ação relembrando os fatos.•A segunda parte, o sequestro do embaixador a libertação dos presos e a chegada no México. •A terceira parte é a estadia no México, a viagem para Cuba e as consequências da ação para o movimento.

Primeira Parte

Em 1969, o Brasil vivia a ditadura militar estava em seu segundo ditador, Artur Costa e Silva, que em dezembro de 1968 instaurou o Ato Inconstitucional 5 (AI-5). Gerando descontentamento, revolta nos jovens, que inconformados com a situação política do Brasil. Com a prisão de quatro lideranças do movimento estudantil, com a morte do estudante Edson Luiz em 29/03/1968, com os relatos de tortura, assassinatos de militantes, e os militares com o poder de prender e matar quem quiser, fez com que movimento DI-GB decidir que era a hora de fazer algo mais drástico.

VELORIO DE EDSON LUIZ

TORTURA

PRESOS LUIS TRAVASSOS (PRESIDENTE UNE), VLADMIR PALMEIRA (PRESIDENTE UME-RJ), JOSÉ DIRCEU (PRESIDENTE UEE-SP) E CERCA

DE 700 ESTUDANTES NO CONGRESSO CLANDESTINO DA UNE EM OUTUBRO DE 1968

Relata Franklin Martins que ele e Cid Queiroz estavam passando de carro por uma rua, discutindo qual tipo de ação eles deveriam realizar, quando Cid comentou: “Sabe quem passa aqui todos os dias o embaixador dos Estados Unidos” e que ele (Franklin) sugeriu: “Porque não o capturamos e revindicamos a troca dele pelo Luis” e seguiram viagem.

Eles queriam fazer a ação na semana da pátria, para combater as propagandas, e também porque veio a noticia que Costa e Silva estava doente e foi estabelecida a Junta Militar para governar o país, eles perceberam que esta era a hora pois a ditadura estava fragilizada e se esperasse para fazer a ação, a ditadura poderia se reestruturar e seria mais difícil realiza-la, então decidiram adiantar alguns dias.Então definiram o Manifesto escrito por Franklin Martins que fez uma advertência aos torturadores no final do texto dizendo “Agora é olho por olho dente por dente”. E o mais complicado a definição da lista dos presos, eles queriam uma lista com nomes de diversas militâncias, então foram escolhidos 13 porem eles queriam mais dois nomes e ficaram em duvida, foram varias discussões até chegar aos 15.

Quem são esses 15 nomes?

Gregório Bezerra preso em 1964 com 64 anos, militante do PCB.

Mario Zaconatto preso aos 23 anos em 1969, militante do PCB e Corrente MG.

José Ibrahim, preso aos 23 anos, em abril de 1969, sindicalista, metalúrgico e militante do VPR

José Dirceu era presidente da UEE-SP, militante do DI-SP e do Molipo, preso aos 22 anos em outubro de 68.

Ricardo Vilas preso em maio de 69 aos 20 anos, militante do DI-GB/MR-8.

Vladimir Palmeira preso em outubro de 1968 com 24 anos, presidente da UME-RJ e militante do DI-GB/MR-8.

Maria Augusta Carneiro, presa em maio de 1969 com 22 anos, militante da DI-GB/MR-8.

Flavio Tavares, preso aos 35 anos, em agosto de 1969, militante do MNR e do MAR.

Ricardo Zarattine preso em fevereiro de 1969 com 34 anos, militante do PCB, PCR.

Agonalto Pacheco preso em junho de 1969 aos 42 anos, militante do PCB e ALN.

Onofre Pinto preso em março de 1969 com 32 anos, militante do MNR-MPR

Ivens Marchetti militante do PCB, da Dissidência de Niterói/ MR-8 preso em abril de 1969 aos 39 anos.

Luis Travassos presidente da UNE preso em outubro 1968.

Rolando Frati militante do PCB, metalúrgico

João Leonardo Rocha preso em janeiro de 1969 aos 30 anos, militante da ALN.

SEGUNDA PARTE

Na segunda parte do filme, a DI-GB/MR-8 juntamente com a ALN capturam o embaixador e o levam para o cativeiro e fazem duas exigências a libertação dos 15 presos e a leitura do manifesto. Franklin diz que para ele, o que doeu mais nos militares não foi o sequestro e sim eles terem que ler o manifesto em todas as rádios, emissoras de TV, e publicar em todos os jornais. Eles tinham certeza do sucesso da ação, pois era politicamente segura, porque o EUA não iria permitir que algo acontecesse com o embaixador.

Alguns dos ex presos contando suas reações ao saber se seu nome estava na lista

Tavares diz que estava com um radio ligado e quando ouviu seu nome, desligou o radio rapidamente e chamou um capitão para levar o aparelho, pois ele tinha esquecido.

Maria Augusta disse: “No momento em que eu soube que estava na lista, me veio uma sensação de gratidão.”

Reuniram os 13 que estavam no Rio e em São Paulo no Galeão, fizeram a foto, o clima no aeroporto era de muita tensão, eles ficaram por horas no sol quente esperando para entrar no avião. Quando o avião partiu fizeram ainda duas paradas, para pegar Gregório Bezerra e Zaconato, este os militares não queria libertar, então a aeronáutica invadiu a cadeia, arrombou a cela e o retirou, levou de jatinho até Belém onde embarcou no Hercules 56.

“En México mandamos nosotros”

A chegada dos 15 na Cidade do México no dia 07/09/1969 foi marcada por grande tumulto de jornalistas, e também pela presença do vice-presidente do México Luis Echevirría que não permitiu que eles fossem entregues como presos para embaixada brasileira, Conta Tavares que ele entrou no avião e disse:” En México mandamos nosotros” “Saque las esposas e rápido porque em México nó permitimos algemas.”. “Aí mudou a historia éramos imigrantes para o México, e não prisioneiros”,

Enquanto isso, no Brasil ...

Os ex-militantes afirmam que a captura foi simples, porem o complicado foram os 4 dias do sequestro, manter a casa em segredo dos militares, manter o armamento seguro pois poderia explodir a casa. Lembraram que durante esses dias 2 militares bateram a porta perguntando quem morava ali. Porem o medo que algo acontecesse com o embaixador em caso de confronto, os militares desistiram da investigação e realizaram as exigências do DI-GB/MR-8 e ALN.

Charles Elbrick era o que nos EUA eles chamam de liberal, eles estabeleceram uma relação intercultural e respeitosa com embaixador, mais este sabia que poderia morrer.

“Pronto os 15 já estão no México e agora como libertá-lo em segurança tanto para eles como para Elbrick?” diz Franklin. Eles não tinham um plano para isso. Decidiram então libertá-lo a tarde, no finalzinho do jogo, eles iriam sair e deixa-lo no maracanã. Franklin e Claudio contam que quando estavam a caminho do estádio viram um carro com metralhadora se aproximar do carro aonde estava o embaixador, e que combinaram de se aproximar do carro e fazer uma manobra jogar uma granada enquanto Franklin dava uma rajada de metralhadora, porem o motorista do carro do embaixador fez uma manobra que assustou os militares que recuaram.O embaixador Charles Elbrick chegou de taxi em sua residência no inicio da noite do dia 07/09/1969.

Chegada do Embaixador a sua residência em 07/09/1969

Terceira Parte

A vida no México para os 15 não era de liberdade, ele viviam sob proteção total das autoridades mexicanas. Conta Ricardo Vilas que eles não saiam do Hotel Del Bosque, e quando saiam era em grupo e escoltados, eles tinham muito medo de algum atentado.

O clima era de insegurança, Maria Augusta e Vladimir queriam ir para Cuba, fazer treinamentos para a luta armada. Ricardo Vilas não queria a luta mais queria sair do México, Foi então que Fidel Castro pediu que todos fossem a Cuba, e assim 14 embarcaram chegando a Havana no dia 29/09/1969, recebidos por Fidel Castro no aeroporto.

Fidel Castro recebe os 14 no aeroporto em Havana.

A estadia em Cuba era boa, tinha uma vida tranquila, poderiam fazer os treinamentos que quisessem, tinha comida, casa e como convidados do país tinham certa regalia.

Conta Ibrahim que ele queria trabalhar, mas os cubanos não entendiam o porquê dele trabalhar já que nada lhe faltava, ele respondeu que como ele iria conhecer o comunismo deles se não tivesse essa experiência. Dirceu, Maria Augusta, Vladimir fizeram o treinamento, mas disseram que não era garantia que iriam sair vivos em uma guerrilha.

No Brasil, a ALN e MR-8 sofriam as consequências das falhas na ação, primeiro eles não tinham um plano de fuga ou de segurança após a libertação do embaixador, segundo, eles fizeram de cativeiro a gráfica do movimento, e não a retiram da casa, então foi fácil chegar aos lideres da ação, Toledo que era um dos lideres da ação não avisou ao comandante do movimento Marighela sobre a ação, eles não tinham uma equipe de apoio para dar suporte, esconderijo no fim da ação. Mas o pior erro de todo o movimento, foi a falta de unidade entre as militâncias.

Represália

A represaria contra o movimento, foram assassinados sob tortura, Virgilio Gomes da Silva (Jonas) morto em setembro de 1969 e Joaquim Camâra Figueiredo (Toledo) morto em outubro de 1970. Marighela também foi assassinado. O governo começou a articular melhor as ações de captura dos militantes.

A ditadura percebeu que a junta militar era um erro, e subiu a presidência, Emílio Garrastazu Médici, que foi responsável pela eliminação das guerrilhas comunistas rurais e urbanas. Apoiado no Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, a repressão às manifestações populares e às guerrilhas foi bastante pesada. Carlos Marighela, por exemplo, foi assassinado no governo Médici.

A maior conquista da ação foi desmascarar o governo, mostrar para todo o Brasil, o que estava acontecendo na cochia do planalto.

Referências Bibliográficas

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=909. Acessado dia 15 de novembro, ás 20h30min.http://pt.wikipedia.org/wiki/Ato_Institucional_N%C3%BAmero_Cinco Acessado dia 15 de novembro ás 21h00min. http://pt.wikipedia.org/wiki/Em%C3%ADlio_Garrastazu_M%C3%A9dic Acessado dia 16 de novembro as 21h18min.

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