artigo completo - revista máxima portugal - 2014

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A Revista Máxima, na sua edição do mês de julho 2014, dedicou um dossier à felicidade em que, no texto de capa, salienta que "A felicidade não é só uma moda New Age: é mesmo o sentido da vida." Integrado no referido dossier, na página 100, encontra-se uma entrevista à mentora do Projeto CIEE- Clube de Inteligência Emocional na Escola®, no qual se pode ler:“É na infância que desenvolvemos muitas das competências de resiliência e autoestima que farão a diferença na idade adulta. Dito isto, fica ainda mais fácil compreender a importância do Clube de Inteligência Emocional na Escola – Aprender a Ser Feliz. Manuela Queirós, a mentora do projeto que já se estende a 20 escolas públicas nacionais, abarcando um universo de 300 alunos com idades a partir dos três anos, explicou à Máxima os métodos e objetivos do programa”.

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100 // JULHO 2014

Quando surgiu o Clube de Inteligência Emocional naEscola? Em 2005, na Escola EB2/3 de S. João daMadeira, com cerca de 35 alunos de várias tur-mas do 5.º e 6.º anos. No ano letivo seguinte, umestudo realizado no âmbito de um mestrado de-monstrou que o treino de competências de Inte-ligência Emocional foi considerado eficaz noincremento dos níveis de inteligência emocional,promovendo o sucesso escolar e a diminuição decomportamentos de agressividade e de indisci-plina. Nos três anos seguintes, travei uma lutacontra um cancro, descobertonum exame de rotina. Duranteos tratamentos de quimiotera-pia utilizei os meus conheci-mentos de inteligência emo cio-nal para gerir os sentimentos demedo, angústia e desespero. Nomeio de tanto sofrimento con-segui encontrar paz, tranquili-dade, bem-estar e felicidade.Esta experiência aliou-se à re-cordação dos alunos dizerem,recorrentemente, que deveriaexistir um clube de inteligênciaemocional em todas as escolasdo país, pois aí aprendia-se a serfeliz. Assim, durante o ano letivode 2009/2010, dediquei-me àelaboração de um projeto para oalargamento do programa a ou-tras escolas. Quais são os objetivos?O principal objetivo é promovera inteligência emocional na es-cola através da educação e de-senvolvimento de competênciasemocionais que proporcionemmais felicidade e bem-estar, deforma a contribuir para o su-cesso escolar e para a diminui-ção de comportamentos derisco e atitudes de indisciplina,agressividade e de desmotiva-ção. Através do desenvolvi-

mento das habilidades da inteligência emocionale das habilidades de bem-estar, pretende-se queo aluno consiga:> Aprender a ser mais feliz.> Gostar de si e ter mais confiança em si próprio.> Aprender a superar os medos.> Diminuir a agressividade, a indisciplina e oscomportamentos de risco.> Respeitar os outros e melhorar o relaciona-mento interpessoal.> Estar mais atento nas aulas.> Estar mais calmo nos testes.

> Melhorar as notas escolares.Como é que trabalham nessesentido? Este programa é direcionadopara a autorregulação emocio-nal que é o elemento essencialda educação da inteligênciaemocional. Pretende-se ensi-nar ao aluno novas formas paraenfrentar os seus estados deânimo negativos, recorrendomais a atividades distrativas,como forma de interromper aatenção focalizada nos proble-mas que são a causa do seumal-estar. Cada sessão está di-vidida em três partes: a inicial,em que se promove o relaxa-mento (através da entoação demantras, mas também de exer-cícios de respiração e concen-tração nos cinco sentidos); afundamental, que é também amais longa, em que identificamas emoções e as suas causas,aprendendo a interpretá-las; ea parte final, em que se trabalhao riso, o humor e as emoçõespositivas. A sessão contemplaainda um relaxamento dinâ-mico e um exercício de gratidãoe pensamento positivo.Qual é a metodologia utilizada?Sessões semanais de 90 minu-

tos (ou 45, para os mais pequeninos), orientadaspor psicólogos e professores (par pedagógico).Que resultados é possível aferir?As crianças revelam:> Maior atenção e concentração nas aulas.> Mais calma e tranquilidade nos testes.> Mais sucesso escolar.> Diminuição dos comportamentos de indisci-plina e agressividade.> Mais facilidade em enfrentar e ultrapassar osmedos.> Maior autoestima e autoconfiança. > Melhor interação com os colegas. > Qualidade do sono. > Mais felicidade.Os adultos referem melhorias na:> Gestão de conflitos a nível laboral.> Relação familiar.> Autoestima.> Capacidade para se acalmarem e relaxarem.> Diminuição da ansiedade e do stress.> Regulação emocional.> Felicidade e bem-estar.A felicidade aprende-se?Sonja Lyubomirsky, professora do Departa-mento de Psicologia da Universidade da Califór-nia, no livro Como ser feliz, apresenta estratégiasque podem ser usadas para aumentar a felici-dade. É realmente possível sermos mais felizes,desde que a pessoa o queira e se empenhe dia-riamente, de forma organizada, nas atividadespropostas pela investigadora, no livro citado.A atenção é uma parte fundamental?A atenção é uma parte fundamental pois, em-bora a gestão emocional seja a peça-chave da in-teligência emocional, ela começa com a atençãoe perceção das nossas emoções. Trata-se dacompetência emocional para identificar as emo-ções com precisão e, posteriormente, ser capazde lhes atribuir um nome e de encontrar umaforma adequada de as exprimir. O enfoque estána precisão da perceção emocional e é funda-mental apurar essa perceção. Assim, para conse-guir desenvolver a inteligência emocional énecessário estar tranquilo, atento e focalizadosem distrações.

Aprender a ser felizÉ na infância que desenvolvemos muitas das competências de resiliência e autoestima que farãoa diferença na idade adulta. Dito isto, fica ainda mais fácil compreender a importância do Clubede Inteligência Emocional na Escola – Aprender a Ser Feliz. Manuela Queirós, a mentora doprojeto que já se estende a 20 escolas públicas nacionais, abarcando um universo de 300 alunoscom idades a partir dos três anos, explicou à Máxima os métodos e objetivos do programa.

A AUTORA DO PROJETOManuela Queirós édoutorada em Investigaçãoem Didáticas Especiais,com acreditação do graude Doutor Europeu, pelaUniversidade de Vigo, em 2004. Na Universidade de Aveiro concluiu omestrado em Ativação do DesenvolvimentoPsicológico, em 2000, e a Pós-Graduação emCiências da Educação, em 1994. É licenciada emEducação Física pela Faculdade de Ciênciasdo Desporto e de EducaçãoFísica da Universidade do Porto, em 1989. Há 41anos que é professora de Educação Física doquadro do Agrupamento de Escolas João da SilvaCorreia em S. João daMadeira. É autora doPrograma MQ - Aprendera Ser Feliz, criou o ProjetoCIEE - Clube de InteligênciaEmocional na Escola do qual é coordenadoranacional.

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