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A G R O I N D Ú S T R I A

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por Mariana Perozzi

Pamonha é alternativa de renda para pequenos agricultores

A perspectiva de aumento do desem-prego rural, em decorrência da mecani-zação da colheita da cana-de-açúcar,leva à necessidade de alternativas eco-nômicas para minimizar a perda da ren-da e o êxodo de trabalhadores em dire-ção aos centros urbanos. O impacto damecanização da cana deve ser forte:uma colheitadeira substitui, em média,80 cortadores. Além disso, estima-se aredução de 12% na área plantada comcana no município de Piracicaba, pólode produção sucroalcooleiro no estadode São Paulo, número que equivale aossolos com declividade superior a 10%,onde as máquinas não passam. O impac-to das demissões seria agravado por-que a maioria dos trabalhadores tempouca escolaridade e praticamentenenhuma qualificação técnica.

Frente a este cenário, o Departamen-to de Agroindústria, Alimentos e Nutriçãoda Escola Superior de Agricultura Luizde Queiroz (Esalq/USP), sob a coordena-ção da professora Marta Helena FilletSpoto, vem trabalhando para otimizara produção industrial de pamonhas nodistrito de Tanquinho, pertencente aomunicípio de Piracicaba. O projeto,financiado pela Fundação de Amparoà Pesquisa no Estado de São Paulo(Fapesp), está pautado na necessida-de de se diversificar a produção agrí-cola do município e prevê a instalaçãode uma agroindústria para produçãode pamonhas até o final de 2006, con-siderando que o milho verde é a segun-

da cultura mais importante da região.A escolha deste produto também tembase no aspecto cultural que envolve apamonha: "Grande parte dos turistasque vêm à cidade querem consumir afamosa pamonha de Piracicaba'", diza professora Gilma L. Sturion, que inte-gra o projeto.

Os objetivos principais são geraremprego e renda, a partir da inserção dospequenos produtores rurais numa ati-vidade econômica sustentável, além demelhorar a qualidade e aumentar a ofer-ta da pamonha. Para isso, o Depar-tamento vem realizando o estudo deparâmetros microbiológicos, físico-quí-micos e sensoriais, análises que possi-bilitarão viabilizar a otimização indus-trial do processo empregado atualmen-te e a comercialização em larga escala.

O projeto teve início em 2004, quan-do, numa primeira fase, foram levanta-das informações sobre a produção demilho verde na cidade, as técnicas empre-gadas na produção artesanal e comer-cialização da pamonha em Piracicaba.

A partir daí, elaborou-se a proposta paraa segunda fase (2005-2006), que envol-ve a instalação da agroindústria e o estu-do das demais variáveis relacionadas.

Segundo dados da pesquisa, 107,28toneladas de milho foram destinadas àprodução de pamonha e curau, em 2003,em Piracicaba. Este número equivale a63,5% da oferta total do produto no muni-cípio (168,94 toneladas em 2003). O res-tante é distribuído em espigas nos super-mercados (19,1%, ou 32,35 t), mercadomunicipal (4,1%, ou 6,38 t) e pelos ven-dedores ambulantes (0,7%, ou 1,25 t).

Os estudos do Departamento deAgroindústria, Alimentos e Nutriçãoconcluíram que as características arte-sanais da pamonha deverão ser man-tidas, mas com o emprego de práti-cas corretas de manejo e conservaçãoda matéria-prima (Boas Práticas deFabricação) e do produto final. A pos-sibilidade de comercializar o produ-to também em outras regiões exigeque se analise formas que ampliem aconservação da pamonha: refrigera-da, refrigerada a vácuo ou congelada,visando disponibilizar ao consumi-dor um alimento mais seguro.Atualmente, a pamonha é produzidainformalmente nos domicílios, ven-dida à temperatura ambiente nas ruase deve ser consumida no mesmo diaem que é preparada. Em relação àmatéria-prima, três híbridos de milhoverde serão avaliados para identifi-car o mais produtivo.

PROJETO PREVÊ OTIMIZAÇÃO INDUSTRIAL

E PRODUÇÃO EM LARGA ESCALANO DISTRITO DE TANQUINHO, EM PIRACICABA (SP)

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res rurais e do pessoal operacional daagroindústria, incluindo os pamonhei-ros da região, com foco em boas práti-cas de manipulação e processamentode alimentos. O projeto também contacom a parceria do Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pequenas Empresas

(Sebrae), que tem ministrado cursossobre empreendedorismo, gestão e ali-mentos seguros aos produtores.

Parte do maquinário para o funcio-namento do projeto já foi adquirido.Metade dos R$ 180 mil, investidos pelaFapesp, foi empregado para a aquisiçãodesses equipamentos, que estão insta-lados na planta-piloto da Esalq, emPiracicaba, para testes. Nessa fase foiconstatada, por exemplo, a necessidadede alteração no design das máquinas,para facilitar sua higienização.

O projeto também recebeu recursosda prefeitura de Piracicaba e do CentroRural de Tanquinho. Funcionários des-sas entidades parceiras colaboram como trabalho dos professores da Esalq,assim como alunos de pós-graduação egraduação dos cursos de ciência e tec-nologia de alimentos e de ciências dosalimentos, respectivamente.

Em operação, a agroindústria deve-rá consumir cerca de 2 mil espigas demilho verde por dia, para a produção de1,5 mil pamonhas, em média, explica aprofessora Gilma Sturion.

"A atual falta de profissionalizaçãona produção da pamonha no municípiosuscitou a necessidade de se investirem capital humano", ressalta GilmaSturion. Por isso, o Departamento deAgroindústria, Alimentos e Nutriçãopromoverá o treinamento dos produto-

O milho da região é amatéria-prima para as

pamonhas produzidas emprojeto da Esalq (USP)

Mulheres ligadas ao projeto coordenado pela Esalq preparam pamonha artesanalmente

Luiz Carlos Rodrigues

Fernando Petermann

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