abismo humano nº8
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Revista Abismo Humano nº8TRANSCRIPT
Editorial
8 A Associação de Artes 'Abismo Humano’ dedica-se ao
aproveitamento da tendência artística presente nas novas
camadas jovens e a integrar, junto da arte, os valores locais,
bem como ao entretenimento, educação e cultura de forma a
ocupar os espaços livres na disposição dos seus associados.
Para tal a associação compromete-se a contactar vários
artistas, tanto na área da pintura, da literatura, escultura,
fotografia, cinematográfica, ilustração, música e artesanato,
de forma a expor as suas obras tanto num jornal de
lançamento trimestral, consagrado aos sócios, como na
organização de eventos, como tertúlias, exposições, festas
temáticas, concertos e teatros. A associação das artes
compromete-se igualmente a apoiar o artista seu colaborador,
com a montagem de, por exemplo, bancas comerciais e com a
divulgação do trabalho a ser falado, inclusive lançamentos,
visando assim proteger a arte do antro de pobreza ingrata e
esquecimento que tantas vezes espera as mentes criativas
após o seu labor.
Os eventos, que são abertos ao público, servem inclusive o
propósito de angariar novos sócios, sendo que é privilégio do
sócio, mediante o pagamento da sua quota, receber o jornal
da associação, intitulado de “Abismo Humano”. Este jornal
possui o objectivo de divulgar as noticias do meio artístico
bem como promover os muitos tipos de arte, dando atenção à
qualidade, mais do que à fama, de forma a casar a qualidade
com a fama, ao contrario do que, muitas vezes, se pode
encontrar na literatura de supermercado. Afiliada às várias
zonas comerciais de cariz artístico, será autora de promoção
às mesmas, deixando um espaço também para a história,
segundo as suas nuances artísticas, unindo a vaga jovem ao
conhecimento e à experiência passada.
Abismo Humano
Abismo Humano 2
Sumário
Abismo Humano
Editorial
Sumário
Manifesto
Ruínas Circulares
Hieróglifos Existênciais
Flauta de Pã
Labirintos Prosaicos
Captações Imaginárias
Moda
Desenho
Pintura
Ilustração
Fotografia
Publicidade
Liberdade
Obscuridade
Pedro Sazabra
página 6
Moda
Ana Abrunhosa
página 18
Moda
Ana Abrunhosa
página 21
Desenho
The Rapists
página 24
Pintura
Sofia Ferreira
página 31
Ilustração
Andreia Silva
página 33
Fotografia
Mário R. Cunha
página 36
2
3
4
5
8
13
15
22
29
33
35
47
3
Manifesto Abismo Humano
O Abismo Humano compromete-se a
apresentar a sapiência, o senso artístico,
e o cariz cultural e civilizacional
presente no gótico contemporâneo tanto
como nas suas raízes passadas.
O Abismo Humano toma o compromisso
de mostrar o que têm tendência a
permanecer oculto por via da exclusão
social, e a elevar o abominável ao estado
de beleza, sempre na condição solene e
contemplativa que caracteriza o
trabalho da inteligência límpida e
descomprometida.
O Abismo Humano dedica-se a explorar
as entranhas da humanidade, e é essencialmente humanista, ainda que esgravatando o
divino, e divino é o nome do abismo no humano.
O Abismo Humano é um espaço para os artistas dos vários campos se darem a
conhecer, e entre estes, preferimos as almas incompreendidas nos meios sociais de
maior celebridade.
O Abismo Humano é um empreendimento e uma actividade da Associação de Artes, e
por isso tomou o compromisso matrimonial para com as gémeas Ars e Sophia, duas
amantes igualmente sôfregas (impávidas), insaciáveis (de tudo saciadas) e
incondicionais (solo fértil à condição).
O Abismo Humano compromete-se a estudar o intercâmbio da vida e da morte, da
alegria e da tristeza, do amor partilhado e da desolação impossível, do qual o Abismo
Humano é rebento.
Como membro contra-cultura, o Abismo Humano dedica-se à destruição da ignorância
que cresce escondida, no seio das subculturas, cobrindo-as à sombra do conformismo e
da futilidade.
Retratamos a tremura na mão do amor, a noite ardente, e a dança dos que já foram ao
piano do foi para sempre.
André Consciência
Imagem - Tatiana Pereira
Abismo Humano 4
Ruínas Circulares
Pedro Sazabra e Carlos
Sobral compõem os
Inkilina Sazabra, com o
s e u p r i m e i r o
lançamento, “A Divina
Maldade”.
“A Divina Maldade”
musica o livro da
autoria de Pedro
Sazabra, “Liberdade, Obscuridade”, e captura influências
várias dentro do metal industrial. Podemos perceber um
motor de fundo com a potência de uns Bizarra
Locomotiva, a narrativa rasgada e maldita dos Mão
Morta e a melancolia dos Nine Inch Nails, reunindo as
várias inspirações na personalidade única que são os
Inkilina Sazabra.
O álbum relata uma série de estórias, correspondentes aos
capítulos do livro, com quinze temas todos eles colando a
atenção auditiva e imaginativa do autor ao seu ambiente.
A agressividade inicial empurra-nos para o mundo da
Divina Maldade, a meio estamos já conformadamente
perdidos no mundo de Euclides e o final descobre-nos
soturnos e pensativos.
Abismo Humano
A Divina Maldade
www.myspace.com/inkilinasazabra
5
Ruínas Circulares
Pedro Sazabra e Carlos Sobral
“Liberdade, Obscuridade” trata de uma série de
peripécias que acontecem em redor de Euclides e por
influência do mesmo. Euclides é um trapaceiro
sobrenatural que injecta doses de loucura controlada, e
por vezes descontrolada, na vida alheia. É um livro, na
literatura nacional, imprescendível para os amantes do
horror psicológico, com a loucura temática de um H. P.
Lovecraft por perto, uma pincelada da negritude
expansiva de Edgar Allan Poe, e a audácia de Isidore
Ducasse, interagindo o livro com o próprio leitor, sendo
Abismo Humano
Liberdade, Obscuridade
6
Ruínas Circulares
que o mesmo se torna numa das vitimas de Euclides. Para
além de tudo isto, Pedro Sazabra brinda-nos com um uso
da linguagem que lhe é especifico só a ele. Nada melhor,
pois, do que vos deixar com um excerto.
André Consciência
“Euclides, esse insaciável, vejo-o agora sentado junto ao
paredão, a fitar a frágil mulher que quase arrasta os pés
para conseguir andar no seu magro corpo... oh!!! Fatalidade
inesperada, numa fracção de segundos a frágil mulher, sem
que ninguém se desse conta, excepto eu e Euclides, empurra
uma bela moça para as frias àguas do rio Tejo. Os
transeuntes, na maior parte turistas que por ali se passeiam,
não se aventuram a mergulhar nas frias águas do rio Tejo,
para salvar a bela moça que vive este momento de infortúnio.
O rio, de repente, fica ligeiramente revolto e de forte
corrente. Alguns transeuntes olham em volta para tentar
perceber quem foi que provocou tal malvadez, de empurrar a
bela moça ao rio. A mulher, frágil aos olhos deles, não foi,
decerto, dada a sua condição bastante frágil, tímida e
desprezante aspecto. Dizem ser demasiado fraca para tal
acto. Dois homens já lutam mesmo com fortes murros entre si
enquanto se acusam mutuamente.”
Abismo Humano
Liberdade, Obscuridade
7
Flauta de Pã
(Re)nego-me
Quando penso no que repenso
bloqueio com o sentimento que me gela o corpo
sensação pedante do vazio e desilusão
aperceber-me do hoje decadente
em construções do passado hilariante
castelos no ar assentes em escombros
escultura esculpida a barro
preenchida pelas minhas entranhas fétidas
do ódio e da revolta
em cacos desfeitos no chão
que pisas
libertos das correntes que os continham
espalham-se no ar pútrido
da multidão inócua
em máscaras cinzentas que caminham
entre ti
através de ti
sonhos refeitos
redescobertos na fúria do renegado
Abismo Humano
Hieróglifos Existênciais
8
Flauta de Pã
(Re)nego-me
suportada por mais uma pill
que te mantém
como estátua contrafeita à venda no mercado
um cêntimo é quanto pagarei
para que me compres e me estilhaçes
contra as paredes brancas
num acesso de fúria desmedida
renego-me!
Inês Guerreiro
Abismo Humano
Hieróglifos Existênciais
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Flauta de Pã
As(sombra)ção
Nasci no tempo errado
no local errado
no país errado
demasiado e escasso
vivo no tempo enganado pelo tempo
entre marionetas comandadas pela ignorância
ou não
estranheza de ser quem sou
tentando viver um papel que não é o meu
neste palco de vultos
escritos em papel de seda
rasgado pelo meu pensamento
ponho a máscara
mergulho para dentro da minha garrafa
fechada
para que não me toques
não me ouças
vês-me inalcançável
algo diferente do que te habituaste
Abismo Humano
Hieróglifos Existênciais
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Flauta de Pã
As(sombra)ção
a conviver
mas estou aqui
vivo
junto de ti
sim sou eu quem te assombra
na memória oca petrificada
pela imobilidade.
Inês Guerreiro
Abismo Humano
Hieróglifos Existênciais
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Labirintos Prosaicos
O Livro de DRUM
ORIGINAL LIBER DRUM
1 – Ú
2 – UR comigo presente no charco
3 – HÓ comigo à beira do céu
4 – AR comigo na fossa de fogo
5 – Fiz quatro do nada do topo de DRUM
6 – Recolhi do vácuo um cheiro perdido, DRUM
7 – DRUM DRUM DRUM DRUM
8 – Ú topo era falso, ardeu e caiu
9 – A torre negra de metal vivo encerra carnes putrefactas,
peles putrefactas, lábios, línguas, traqueias apodrecidas
10 – Não existi sem mim no final, comecei e parei, continuei
pelo trilho dos pântanos sem fim, na face esquerda de DRUM
os sapos ensinaram-me a coaxar
11 – Dos fumos, dos fogos ergui a vida de sabor metálico,
refinada com o enxofre e os céus em chamas
12 – As aranhas púrpura construíram palácios na minha boca.
Palácios de seda e cetim, rubis e pérolas pendentes no
escarlate desmaio das princesas rupestres
13 – UR a maçã falou com olhos de réptil
14 – A boca morde a cauda, o círculo é perfeito, antes agora
depois são os três primeiros engenhos a cair do topo da torre
15 – UR na cidadela amarela, duas almas gritantes e o abrir
do Ventre
16 – Plásticos os cacos das estrelas entretêm os elfos, o Vinho
correu e a taça quebrou
17 – Rasguei grilhões gritando palavras e o ouro vermelho
correu além do silêncio
Abismo Humano
Hieróglifos Existênciais
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Labirintos Prosaicos
O Livro de DRUM
ORIGINAL LIBER DRUM
18 – HÓ a criatura verde do antigo andar, na floresta
triangular os salgueiros cantaram
19 – O corvo lembrou-se da donzela azul e cortei-lhe a
cabeça
20 – Nas nuvens todo o mundo é um pranto de delícias, um
desfile branco de sopros que cingem os Deuses do Céu,
palácio e tempestade
21 – O mármore mente cifras e signos dos anjos, a esfinge
com dentes só pode mentir, montanhas de pedra do pó da
distância a verdade
22 – O topo da montanha era uma dança de dinamites e
espelhos, corei na presença da menina branca e precipitei-me
da falésia
23 – AR rasgante a queda nos espinhos da morte, línguas da
agonia queimada sobre o metal aquecido
24 – AR As Asas abertas batem um coração de fogo
25 – Bestas sem uso correm, uivam, gritam, urram, pela mata,
pela noite, pela lua, pela face queimada, pelo deserto de
ventos vermelhos e bebem das areias o tempo o espaço o céu
a terra, as almas de tudo
26 – O metal guinchou de dor e o som dissolveu tímpanos a
gosmas vermelhas, o metal ardeu, não ouvi nada mas sorri
27 – O sangue correu por baixo, pelos túneis dos reis anões
nas tumbas dos deuses submersos, há fogo no fundo de tudo e
a pedra e o sangue têm fome de olhos, olhos de fogo
28 – Bruxa robot tem manhas de aço, suplica em beeps a
senha do destino, é sucata na Visão de uma chama que arde
púrpura do coração, os castelos de UR fumegam Urze e as
Abismo Humano
Hieróglifos Existênciais
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Labirintos Prosaicos
O Livro de DRUM
ORIGINAL LIBER DRUM
nuvens de HÓ bebem leite e mel, DRUM
29 – Ú silêncio sagrado das vestes de prata, AR suplício da
feiticeira azul sob a espada vermelha, Nada retive do que
roubei ao abismo, pelos desertos cromáticos dou-me ao Sol, à
Lua, aos céus profundos, DRUM
30 - DRUM DRUM DRUM DRUM
Choque Plúmbeo
Abismo Humano
Hieróglifos Existênciais
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Moda
Ana Abrunhosa
http://anaabportefolio.blogspot.com
Abismo Humano
Captações Imaginárias
15
Moda
Ana Abrunhosa
http://anaabportefolio.blogspot.com
Abismo Humano
Captações Imaginárias
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Moda
Ana Abrunhosa
http://anaabportefolio.blogspot.com
Abismo Humano
Captações Imaginárias
17
Moda
Ana Abrunhosa
http://anaabportefolio.blogspot.com
Abismo Humano
Captações Imaginárias
18
Moda
Ana Abrunhosa
http://anaabportefolio.blogspot.com
Abismo Humano
Captações Imaginárias
19
Moda
Ana Abrunhosa
http://anaabportefolio.blogspot.com
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Captações Imaginárias
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Moda
Ana Abrunhosa http://anaabportefolio.blogspot.com
Abismo Humano
Captações Imaginárias
21
Desenho
«Death by Sardination»
marcador s/ papel
1.70m x 2.10m
2011
TheRapists ( Jaime Raposo + Cláudia Sampaio)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
22
Desenho
«Death by Sardination»
TheRapists ( Jaime Raposo + Cláudia Sampaio)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
23
Desenho
«Death by Sardination»
TheRapists ( Jaime Raposo + Cláudia Sampaio)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
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Desenho
«Death by Sardination»
TheRapists ( Jaime Raposo + Cláudia Sampaio)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
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Desenho
«Death by Sardination»
TheRapists ( Jaime Raposo + Cláudia Sampaio)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
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Desenho
«Death by Sardination»
TheRapists ( Jaime Raposo + Cláudia Sampaio)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
27
Desenho
«Death by Sardination»
TheRapists ( Jaime Raposo + Cláudia Sampaio)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
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Pintura
Sofia Ferreira ([email protected] http://sofiaciente.tumblr.com/)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
29
Pintura
Sofia Ferreira ([email protected] http://sofiaciente.tumblr.com/)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
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Pintura
Sofia Ferreira ([email protected] http://sofiaciente.tumblr.com/)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
31
Pintura
Sofia Ferreira ([email protected] http://sofiaciente.tumblr.com/)
Abismo Humano
Captações Imaginárias
32
Ilustração
Andreia Silva
Abismo Humano
Captações Imaginárias
33
Ilustração
Andreia Silva
Abismo Humano
Captações Imaginárias
34
Fotografia
Corações de Pedra, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
35
Fotografia
O Paciente Anjo da Morte, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
36
Fotografia
(st), Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
37
Fotografia
Eat Me Drink Me, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
38
Fotografia
Deus Nos Abandonou, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
39
Fotografia
Hard Candy, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
40
Fotografia
Sex Sells, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
41
Fotografia
Os Mecanismos do Tempo, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
42
Fotografia
Marie Goes Around, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
43
Fotografia
Urbs a Carcer est, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
44
Fotografia
Insonso Incenso, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
45
Fotografia
My Soul to Take, Mário R. Cunha
http://xcunhaxfotografia.pt.vu
Abismo Humano
Captações Imaginárias
46
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