a maçonaría e política

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:A Maçonaría e Política

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A Maonaria e Poltica

V:.M:.MQI em todos os vossos graus e qualidades..

Todos os governos so obscuros e invisveis"Francis Bacon

A Poltica a arte e a doutrina do governo dos Estados. O homem um animal gregrio, e a sua existncia atravessa toda a sociedade. No curso da histria, o problema do governo ideal dos homens, a criao de uma sociedade justa, livre, e que preste ao homem a possibilidade de desenvolver as suas capacidades de viver em paz e felicidade. Este tema tem ocupado as mentes dos maiores pensadores. Vou ento passar em revista algumas das ideias expressas por respeitados filsofos.

Os pitagricos instruem que o indivduo deve subordinar-se sociedade, e que deve atuar tendo como meta o bem do Estado, respeitando as autoridades e as leis, sacrificando o bem pessoal pelo bem da comunidade. Scrates observou os defeitos do Estado ateniense, e manteve com obstinao, que era prefervel os cidados submeterem-se a uma lei ruim, em vez criar uma rutura na estabilidade do Estado. Scrates preferiu morrer de forma injusta a fugir do castigo, escapando da priso.

Plato, considerava que o homem bom um bom cidado. O bem, para ele, no pode ser o bem individual, mas sim o coletivo. O Estado deve ser estruturado de forma que possibilite a todos uma boa vida. As leis so necessrias, s porque alguns indivduos se recusam a colaborar para o bem do Estado, Plato acreditava que o Estado deve ser governado pelas pessoas mais inteligentes e esclarecidas, os filsofos governantes, cujas decises, ningum iria atrever-se a por em dvida. As suas ideias esto contidas no livro "A Repblica". interessante notar que nenhum desses pensadores da antiguidade opunha-se escravido. Mas tambm verdade, que na Bblia no encontramos qualquer censura escravido.Aristteles, tal como Plato, postulou um Estado essencialmente autocrtico como estado ideal. Os homens, sustentava Aristteles, so diferentes uns dos outros em muitos sentidos. Portanto, a construo do Estado deve conferir-lhes direitos de acordo com as suas diferenasAs ideias destes filsofos eram tericas e no tinham relao com o que sucedia na realidade nas cidades-estado gregas. A tirania em diferentes formas, o crescente individualismo e o egosmo dos gregos, conduziram a debilidade gradual dos seus Estados, at carem nas mos dos Macednios.

Em Roma, nem a Repblica, nem o Imprio, se caracterizaram pela democracia. O Senado romano era uma instituio essencialmente aristocrtica, e quando foi aberto plebe j foi no tempo do Imprio, quando o Senado no cumpria nenhuma funo efetiva de governo.Durante a Idade Mdia, o princpio de autoridade reinava em todo o seu esplendor. A Monarquia e o Papado, nas suas respetivas reas, controlavam todos os aspetos da vida. A sociedade estava rigidamente estratificada. Toms de Aquino, por exemplo, mantinha que o supremo objetivo do Estado o bem do grupo. E isto s pode ser alcanado se a sociedade estiver fortemente unida e for capaz de se apresentar solidamente unida frente aos inimigos. Portanto, a Monarquia e o Governo centralizado, eram para ele a melhor forma de Governo. O Chefe do Estado deveria obedecer ao poder eclesistico.

No Renascimento, Nicolas Maquiavel na Itlia e Thomas Hobbes na Inglaterra, separados por cem anos, tiveram muitos pontos em comum, considerando a sociedade com uma viso crtica e utilitria. Por um lado o materialismo de Hobbes, que sustentava o direito do homem fazer o que quisesse e utilizar qualquer meio que lhe conviesse, e por o outro lado Maquiavel, que se baseava em princpios de convenincia sem nenhuma relao com a tica.

Em contraposio, pensadores como John Locke sustentavam que o homem , por natureza bom, e que naturalmente o homem tende a viver em paz na sociedade, cujas leis constituem um Contrato Social aceite por todos os membros do grupo. O fim principal da lei segundo Locke, ser o de manter o grupo social, e deve portanto, limitar-se aos assuntos de bem comum da sociedade, deixando todos os outros assuntos ao livre arbtrio das pessoas, Adam Smith deu aplicaes econmicas s teorias polticas de Locke.

Com Georg Hegel e o seu idealismo alemo, chegamos ao conceito da histria da evoluo para um Estado perfeito, na qual a vontade individual, se confundiria com a vontade da sociedade. Existe uma razo universal, que se manifesta ora em uma nao ora em outra, desenvolvendo as teorias hegelianas, baseados em uma anlise dialtica da histria. Hegel, considerava que certas naes ou grupos de indivduos, so por natureza superiores a outros e portanto deveriam domin-los.

Nietzsche considerou que a fora fundamental que governa a histria, a ansia do poder, e ela mais forte em quem vence, e quem vence merece todos os direitos e regalias. No ser possvel nesta prancha, realizar uma anlise profunda da teoria de todos estes pensadores, e muitos outros que mereciam ser estudados. Pelo que vou apenas definir as principais tendncias, que se podem notar: uma desde Plato at Marx e Nietzsche, que considera o indivduo como um ser subordinado ao grupo, e que deve buscar a sua felicidade individual no bem geral da sociedade, sob a direo e a tutela de um governo central, absoluto e autocrtico, e outra, desde os Estoicos at John Dewey, que considera o indivduo como Supremo rbitro do seu prprio destino, e que recusa o uso do indivduo como meio para alcanar um objetivo posterior, qualquer que este seja.Se voltarmos agora a olhar a nossa Instituio, comeando com a declarao de que a Maonaria no uma organizao poltica, nem tem uma ideologia poltica, devemos sem dvida, reconhecer que os Ideais Manicos implicam claramente uma posio poltica. Quando afirmamos que nossa Instituio luta contra a tirania, defende a liberdade de conscincia, promove a igualdade e a fraternidade entre todos os homens, sem distino de raa, religio ou posio social, estamos descrevendo um delineamento poltico. Os Maons do Sculo XVIII, compreendiam perfeitamente esta posio implcita nas Doutrinas Manicas. Os movimentos libertadores do final do sculo XVIII e princpio do Sculo XIX, e que resultaram na independncia das colnias americanas, tanto no norte como no sul, na revoluo francesa, na unificao da Itlia, encontraram na doutrina e nas Lojas Manicas um local propcio para o seu desenvolvimento e evoluo. Sem dvida, temos que distinguir o sentido da atitude da Ordem em Inglaterra, por um lado, e da Europa Continental e Amrica por outro.

Recordando a delicada situao poltica imperante na Inglaterra no comeo do sculo XVIII, quando a Maonaria Moderna recebeu sua estrutura atual. A Guerra Civil estava fresca ainda na memria. O regicdio e o posterior restabelecimento da Casa dos Stuarts, com as prolongadas guerras entre parlamentaristas e monarquistas, haviam comovido e quase desordenado a sociedade inglesa. Era natural ento, evitar os temas que pudessem dividir os Irmos, por um lado, e que pudessem atrair a averso das autoridades civis e eclesisticas, por outro.

No Continente Europeu, tais restries no eram aplicveis. A condenao Papal, no tornou mais fcil, a tarefa dos Maons que desejavam dar expresso prtica aos ideais democrticos da Ordem. Estando a Igreja Catlica, identificada normalmente com a Monarquia, a tendncia natural de quem combatia as ditas instituies, foi a de ser atrado at nossos Templos.

Uma pergunta que devemos fazer, sem arranjar subterfgios na resposta, at que ponto realmente democrtica a Maonaria nas suas diversas manifestaes e Instituies?Para comear, nas nossas Lojas no admitimos 50% da populao do mundo: as pessoas do sexo feminino, verdade que temos tratados de amizade com obedincias femininas ou mistas, mas se uma mulher quiser entra na nossa loja, a loja no poder permitir. (Pessoalmente se fosse dado a escolher ter mulheres como membros integrantes da loja eu preferia no ter, mas tambm no tenho o direito de escolha).Em muitas obedincias ou Grande Lojas o ingresso est limitado s pessoas que professam o cristianismo, como o caso da Sucia. Em muitos pases as pessoas de raa negra, no podem ser admitidas em Lojas Regulares. Mesmo nos Estados Unidos, o pais que faz a apologia da democracia, os negros tiveram que criar suas prprias Lojas, como o caso de "Prince Hall" entre outras, nas quais, e vale a pena citar, est proibido o ingresso de brancos.

Finalmente, entre as condies para o ingresso s nossas Lojas, tem vrias que se podem considerar como seletivas no sentido negativo. O Candidato por exemplo deve contar com meios econmicos suficientes para assumir os gastos, que representa pertencer Ordem. O Candidato deve expressar sua crena em um Deus e na Imortalidade da Alma, se bem que esta segunda condio, raramente mencionada, e existe s no papel, ou ento baseiam-se nas constituies de Anderson de 1723 (quase 300 anos!). Todas estas restries mostram que apesar de reconhecermos o Princpio da Igualdade Universal de todos os seres humanos, em termos prticos admitimos a Desigualdade e a Diferena entre as pessoas.

Em todos os pases onde funciona a Ordem, existem foras de considervel importncia, que trabalham incansavelmente para destruir a nossa Instituio, Alm da Igreja Catlica, caso por demais conhecido, temos os Grupos Marxistas, especialmente os comunistas, para quem a Maonaria uma instituio burguesa. A Maonaria foi proscrita em todos os pases comunistas, com exceo de Cuba, onde tolerada e at protegida pelo regime de Castro. O fanatismo religioso anti Manico, no est circunscrito igreja Romana. Temos bem presente na memria, o exemplo do Iro, onde a ascenso ao poder do Aiatola Khomeini coincidiu com a destruio das Lojas deste pais, e o assassinato de alguns dos mais distintos maons iranianos. Atualmente existe uma Grande Loja do Iro, no exlio, nos estados Unidos, mas no Iro, a Ordem est proibida, e perseguida. Com exceo da Jordnia e do Lbano, os pases rabes tm mantido uma estreita linha anti Manica.

As ditaduras fascistas, que felizmente desapareceram da face da Terra, perseguiram duramente a Maonaria. Sob o Regime Nazi, os Maons foram estigmatizados, como inimigos do povo germnico, juntamente com os judeus e os comunistas. A histria de como as Lojas Alems humanistas capitularam de imediato e se dissolveram na sua maioria por vontade prpria, deprimente (ver The Collapse of Free Mansory in Nazi Germany, 1933-35, de Ellic Howe, Ars Quatuor Coronatorum, Vol. 95, 1982). Cabe aqui citar, que as Trs Grandes Lojas Prussianas que no admitiam judeus como irmos, a Loja Me, Landeslage e a Amistad (Freundschaft), enfrentaram inicialmente uma vergonhosa artimanha, transformando-se em Ordens Crists eliminando qualquer lembrana da Maonaria nos seus rituais e textos, tentando assim chegar a um acordo com as autoridades nazis. Tudo isto no ajudou muito, e em Maio de 1935 as trs, foram dissolvidas de forma sumria, na presena de oficiais da Gestapo. A Maonaria alem de pr-guerra no realizou qualquer esforo, para se opor tomada de poder do Partido Nacional-Socialista.

A interveno da Ordem, na vida pblica de um pas, um fator varivel, que depende tanto dos antecedentes sociais, locais e histricos, como das personalidades envolvidas. Na Frana e na Itlia, a Maonaria tem tido sempre uma atitude ativa na poltica, especialmente no que refere as intervenes dos respetivos Grande Orientes. Nos pases anglo-saxes, a Maonaria abstm-se de toda atividade, que possa ser interpretada como poltica.

No caso dos Estados Unidos, isto no deixa de ser surpreendente levando em considerao, a importncia que revestiu a Ordem, no perodo da Independncia Americana, George Washington, no se envergonhou de usar o seu avental manico durante a colocao da primeira pedra para o edifcio do Congresso, Dos formadores da Declarao de Independncia, muitos deles eram Maons, incluindo personalidades recentes, como Truman e Ford. Sem dvida, a tradio no poltica da Maonaria Inglesa tem-se imposto. Devido a isso, nos ltimos anos existe um renovado ataque Ordem, por parte dos crculos religiosos protestantes extremistas, e dos grupos nacionalistas e anti-semitas, que conservam viva a calnia da conspirao internacional judaico-manica-marxista.

Na Amrica do Sul, por outro lado a Ordem teve e continua tendo participao ativa nos acontecimentos polticos dos povos. Em pases como Chile e Colmbia, onde muitos presidentes tm sido Maons, e onde a Ordem teve grande atividade ao promover entre outras a Educao Universal obrigatria, e a separao da Igreja e do Estado. A Maonaria segue preocupada em estimular uma discusso s relativamente aos problemas polticos que afetam a nao, mantendo assim, absoluta distancia de qualquer lao estritamente partidarista.

Em Portugal, pertencer a Maonaria para quem esta de fora um luxo com tremendos benefcios, e para quem est dentro muitas vezes uma chaga. Apesar de toda a rica histria que a Maonaria possui em Portugal, atualmente apenas vista como um centro de lobbys e interesses, para o qual muito tem ajudado os escndalos em que recentemente tem estado envolvidos maons.

Quando dizemos que um Maom um livre-pensador, pergunto se far lgica restringir certos temas de discusso dentro das nossas oficinas?Por isso a pergunta que se deve colocar se devemos esperar na inatividade, bastar que a situao chegue a um ponto crtico, ou se ao contrrio, devemos atuar agora, quando ainda no se atingiu as decises finais nos muitos aspetos da vida social.

Como Instituio, difcil esperar que a Maonaria Portuguesa produza documentos como uma anlise da situao nacional. Mas como indivduos, nada nos impede de aplicar na prtica os Princpios da Democracia e responsabilidade individual que constitui a base antidogmtica da Maonaria.

Como indivduos, ento no s podemos, como devemos adotar uma atitude ativista na vida pblica do pas, no caso de no querermos que os nossos princpios fiquem no papel, como meros exerccios retricos, sem que cheguem algum dia a converter-se em realidades vividas.

Disse V:.M:.Ronald Reagan 4 | Pgina2012-12-18