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50,00MT Director: Lourenço Jossias | Editor: Nelo Cossa | Maputo, 18 de Maio de 2021 | SAI ÀS TERÇAS |Ano XIV | Nº 724 À porta do conclave do “glorioso”, Raúl Domingos denuncia financiamento ilícito PUBLICIDADE Saída da Technip FMC é mau sinal para Moçambique “Frelimo tem fortes ligações com traficantes de drogas” A lotaria do MDM Silvério Ronguane, José Domingos, Lutero Simango ou Luís Boavida https://t.me/Novojornal

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50,00MT

Director: Lourenço Jossias | Editor: Nelo Cossa | Maputo, 18 de Maio de 2021 | SAI ÀS TERÇAS |Ano XIV | Nº 724

À porta do conclave do “glorioso”, Raúl Domingos denuncia financiamento ilícito

PUBLICIDADE

Saída da Technip FMC é mau sinal para Moçambique

“Frelimo tem fortes ligações com

traficantes de drogas”

A lotaria do MDM

Silvério Ronguane, José Domingos, Lutero Simango ou Luís Boavida

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2 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 | Destaques

Frelimo tem fortes ligações com traficantes de droga

Raúl Domingos denuncia financiamento ilícito do partido no poder

Em 2019, a Frelimo ainda lidava com acusações de um processo eleitoral fraudulen-to, quando, a partir de Lon-dres, foi aberta a caixa de Pandora que revelou os se-gredos das suas campanhas eleitorais. Segundo um executivo da empresa libanesa, Jean Bous-tani, a Frelimo recebeu finan-ciamento para a sua vitoriosa campanha que levou também o seu candidato, Filipe Nyu-si, à Ponta Vermelha. A pompa com que Filipe Nyusi, na altura um discre-to ministro da Defesa, fez-se conhecer para chegar à Presi-dência, em 2014, foi financia-da por dinheiro também pro-veniente das dívidas ocultas, segundo relatos da imprensa internacional. Fala-se de 10 milhões de dólares de finan-ciamento. A informação consta de um documento de 157 páginas assinado pelo dono daque-la empresa naval, Iskandar Safa, submetido ao Tribunal Superior de Justiça inglês que julga o caso das dívidas ocultas de Moçambique. Iskandar Safa alega que os pagamentos foram a pedido de Armando Guebuza, então Presidente da República e da Frelimo. Estas solicitações foram feitas a Jean Boustani para que a Privinvest fizesse donativos para cobrir os cus-tos da campanha eleitoral de Nyusi e da Frelimo para as eleições gerais de 2014. Mas não foi esta a primeira vez que o financiamento da campanha da Frelimo chegou por rotas estranhas. Já antes, Mohamed Bachir Sulemane, classificado como barão de droga pelos Estados Unidos da América (EUA), foi um dos financiadores do Con-gresso da Frelimo realizado em Quelimane.Mas há mais apoios de em-presários que vêem na asso-ciação com a Frelimo uma forma de encobrir actos ilíci-

tos e não sentir a mão dura do Estado por falha no cum-primento das obrigações fis-cais ou se beneficiar de con-cursos públicos ou ajustes directos. O apoio às campa-nhas é feito através da alo-cação de material físico, de ajuda financeira ou de expo-sições de leilão de bens va-liosos do partido ou dos seus membros. Este panorama contribui para a falta de transparência no financiamento de parti-dos políticos, para injustiças eleitorais, assim como para a privatização do espaço polí-tico e acomodação de confli-tos político-militares.É na esteira deste emara-nhado de tráfico de influên-cias que o antigo número dois da Renamo e actual membro do Conselho de Estado, Raúl Domingos, disse que a democracia em Moçambique está ameaça-

da. “Quando a democracia multipartidária de um país é sustentada através de fun-dos provenientes do contra-bando, lavagem de dinheiro, drogas, raptos e contratos para negócios em paraísos fiscais, deve-se afirmar que a democracia está ameaçada”, afirma. Domingos, líder do PDD, socorreu-se de relatos da imprensa internacional e de depoimentos de figuras proeminentes da Privinvest para defender que “o partido Frelimo terá recebido apoio financeiro para financiar as eleições gerais de 2014. Es-tas suspeitas adoçam outras nuances sobre o relaciona-mento do partido Frelimo com o dono do Grupo MBS, Momade Bachir Sulemane, que foi referido pela justiça americana como barão de droga”. Acrescentou que “todos sa-

A origem do financiamento dos partidos políticos é controversa. A Frelimo está sem-pre à porta do escândalo. De Brooklyn, em 2019, ficamos a saber dos USD 10 mi-lhões da Privinvest. Agora, Raúl Domingos, recentemente nomeado para membro do Conselho de Estado, escancara ainda mais a ferida e revela o relacionamento e as ligações da Frelimo com barões de droga.

bemos que o dono do Gru-po MBS tem ligações com o partido Frelimo e foram várias as vezes que Momade Bachir Sulemane declarou

apoio financeiro às campa-nhas eleitorais da Frelimo”, destacando que “o crime or-ganizado está intimamente ligado ao poder e ao tráfico de drogas. Ao longo de vá-rios anos nunca se desco-briu quem são os traficantes, porque a Frelimo tem fortes ligações com o tráfico de drogas e outras formas de fi-nanciamento ilícito”. Raúl Domingos, que fala-va no Webinnar organizado pelo Instituto Eleitoral para Democracia Sustentável em África (EISA), defendeu ain-da que pouco se sabe a res-peito da origem dos fundos com que a Frelimo financia as suas actividades, por isso torna-se passível a prática de crimes contra o Estado.

“Quotização dos membros da Frelimo é pouco significa-

tiva” – Egídio Guambe

Por sua vez, o cientista polí-tico do EISA, Egídio Guam-be, que apresentou o tema “Dinheiro e política: Propostas de transparência

no financiamento de parti-dos políticos”, referiu que o suporte da quotização dos membros da Frelimo é pou-

Neuton Langa

Egídio Guambe

Empresários vêem na associação com a Frelimo uma forma de encobrir actos ilícitos

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 3MAGAZINE Independente |Destaques

co significativo, sendo ape-nas suficiente para custear as despesas correntes. Guambe aponta as doa-ções como a principal fonte de renda da Frelimo, mas é pouco clara devido a origem, natureza e valor doado que é pouco conhecido. É nes-se contexto que nascem os Sponsors ou políticos inves-tidores, que são as principais fontes dos partidos políticos, com a intenção de controlar a arena política para viabili-zação dos seus projectos pri-vados, propiciando a crimi-nalização do espaço público ou do Estado. “Infelizmente, este tipo de financiamento geralmente se associa a al-gum nível de criminalização, seja através do tráfico de in-fluência ou fuga ao fisco. No seu extremo, este financia-mento pode potencialmen-te contribuir para sustentar conflitos militares, sob auspí-cio de apoio aos partidos po-líticos”, anotou. Por outro lado, temos os ac-tores político-administrativos ou corretores partidários, que são membros da Frelimo que se valem dos seus cargos ad-ministrativos de entrada de receitas, como a Autoridade Tributária, o Instituto de Se-gurança Social, as autarquias e Empresas Públicas (EDM e Aeroportos). Os quadros político-administrativos bem posicionados nestes sectores aproveitam-se das suas posi-ções para servirem de actores de ponte aos corretores parti-dários, usurpando os recursos públicos para financiar acti-vidades partidárias, ao mes-mo tempo que se aproveitam para benefícios individuais, sob imaginação de protecção partidária, quase em troca de garantia de manutenção dos postos e cargos. O exemplo mais recente é a tendência observável, nos últimos dias, de processos--crime contra as autoridades municipais, e não só.Guambe apontou a lgu -mas propostas de reforço da transparência ao finan-ciamento partidário, o que passaria por auditorias sis-témicas às finanças dos par-tidos políticos. Os partidos não devem funcionar como ilhas isoladas que se auto-fi-nanciam sem mecanismos de prestação de contas. “Con-trariamente ao previsto em termos legais, quase todos os partidos não publicam as suas contas para conheci-mento público, muito menos são auditadas. Instaurar um sistema coerente de auditoria financeira dos partidos polí-ticos, sobretudo em períodos próximos às eleições, permi-

tiria que não fossem vias fá-ceis de tráfico de influência ou instrumentalização de in-teresses adversos”, observou, indicando a necessidade de se mapear os interesses dos fi-nanciadores dos partidos po-líticos e potenciais efeitos ne-gativos sob gestão do Estado. “Não só deve ser conheci-da a fonte de financiamento como também é importan-te mapear os interesses por detrás dos financiadores. Há um risco considerável de cap-tura do espaço político pelos grupos económicos e seus in-teresses subjacentes”, decla-rou.Guambe defende que deve--se reforçar os mecanismos de controlo do cumprimento dos indicadores de transparência de fundos dos partidos polí-ticos. “A experiência mostra que, apesar de existirem al-guns mecanismos de garantia de monitoria de financiamen-to, o cumprimento continua aquém dos princípios de uma boa gestão e níveis de trans-parência devidamente alinha-dos com as boas práticas in-ternacionais”, argumentou.

“Estou empenhado na orga-nização do Comité Central”

– Roque Silva

Como mandam as regras do jornalismo, buscamos o con-traditório. O MAGAZINE

convidou o Secretário-geral da Frelimo, Roque Silva, para reagir às acusações de Raúl Domingos, tendo res-pondido que “eu não gostaria de falar desse assunto ao te-lefone”. Insistimos mostrando dis-ponibilidade de ir ao seu encontro, mas Roque Silva argumentou que estava em-penhado na organização da IV Sessão do Comité Cen-tral, que se realiza no próxi-mo fim-de-semana, 22 e 23 de Maio. “Quando eu tiver vagar será informado”, sen-tenciou.

O Tribunal de Grande Ins-tância de Kinshasa, na Re-publica Democrática do Congo (RDCongo), conde-nou à morte 29 dos 41 réus implicados em confrontos com a Polícia na semana passada, à margem do fim do Ramadão, segundo noti-cia Angola Press.Os condenados foram con-siderados culpados de cons-piração criminosa, rebelião, agressão e tentativa de ho-micídio.Mas o Tribunal declarou-se incompetente para julgar quatro outros réus por se-rem menores de idade, en-quanto outros cinco foram absolvidos.Na quinta- fe i ra passa-da, dois campos rivais da Comunidade Islâmica do Congo (COMICO) defron-taram-se no Estádio dos

Mártires, por ocasião da celebração do fim do Rama-dão.Segundo fontes oficiais, 46 polícias ficaram feridos, dos quais oito em estado grave e um em terapia intensiva.Onze veículos de interven-ção policial foram seriamen-te danificados, um dos quais totalmente carbonizado.Por outro lado, quatro civis ficaram feridos, incluindo uma mulher de 81 anos que morreu devido aos ferimen-tos no hospital.As mesmas fontes explicam que este é um conflito de li-derança contínuo entre duas alas da COMICO.Apesar do envolvimento do governador da cidade de Kinshasa, na véspera da celebração do fim do Rama-dão, os dois campos não al-cançaram um acordo.

Vinte e nove pessoas condenadas a pena de morte na RDCongo

Nem mesmo a recente nomeação ao Conselho de Estado silencia Raúl Domingos

Roque Silva

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4 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 | Destaques

Universidades devem ensinar aos estudantes a pensar por si própriosDefende o sociólogo Elísio Macamo

Adiado mais uma vez debate da Lei da Comunicação Social

O argumento dos parlamenta-res para o adiamento do debate desta matéria prende-se com o facto de permitir o alargamen-to do debate à escala nacional e colher mais consensos pelos diversos grupos de interesse, nomeadamente a classe dos profissionais da comunicação social e as diversas ordens profissionais. Segundo Sérgio Pantie, chefe da bancada parlamentar da Frelimo, um dos pressupos-tos fundamentais do debate é que a reforma da lei em ne-nhum momento deve colocar em causa as conquistas do povo moçambicano do direi-to de ser informado e forma-do com verdade, patriotismo que garantem a coesão e uni-dade da pátria. “Auguramos que os debates que serão feitos em torno destas matérias garantam uma adequação das propos-tas à realidade moçambica-na, respondendo aos desafios que se colocam ao País”, frisou Pantie durante o en-

cerramento da III Sessão Or-dinária do Parlamento mo-çambicano. De acordo com a proposta do Governo, os órgãos de comu-nicação social podem ser con-denados por difamação sem que haja prova da verdade dos factos se o ofendido for o Presidente da República ou

um chefe de Estado estran-geiro ou seu representante. Os órgãos de comunicação social que tenham, num perío-do de cinco anos consecutivos, três condenações por crime de difamação ou injúria, corre-riam futuramente o risco de ser suspensos por até um mês, no caso de um diário.

Mais uma vez, a Assembleia da República (AR) encerrou a sessão com o adiamento do debate da Lei da Comunicação Social e Radiodi-fusão, um instrumento que está na AR há mais de 10 anos. Mas o instrumento sobre regalias para os funcionários parlamentares não teve o mesmo azar.

Esta proposta, ora adiado o seu debate, não foi ao todo consensual, tendo dividido as três bancadas, com o MDM a considerar que a proposta inviabiliza um dos grandes

ganhos da democracia moçam-bicana, mais concretamente a liberdade de imprensa. Fernando Bismarque, deputa-do e porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), considera ainda que o impedimento de transmis-são de canais internacionais no nosso território é um retroces-

so muito grande e demonstra que há uma patrulha ideológi-ca e captura da imprensa na-cional, e isto é um perigo para a democracia.Recorde-se que sobre este as-sunto, Ernesto Nhanale, direc-tor executivo do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA), em Moçam-bique, garantira que fizeram um dossier à parte sobre as emissões internacionais.“Nós fizemos dois pareceres, um para a Lei da Comuni-cação Social em geral e tam-bém a questão da Lei da Ra-diodifusão. Penso que todos nós, como actores, temos que levantar esses aspectos que devem ter uma análise mais aprofundada. A Assembleia da República convidou-nos a comentar esses detalhes e há vários aspectos que configu-ram uma limitação à liberda-de de imprensa”, assegurou.O MISA - Moçambique con-sidera “inconstitucionais” vá-rios artigos das propostas de lei sobre comunicação social. O responsável do MISA - Moçambique acrescenta que “há vários aspectos discutí-veis” nas novas leis, nomea-damente quanto à “atribui-ção da carteira profissional, criação da entidade regula-dora, e esta questão da ra-diodifusão”.

Elísio Muchanga

O sociólogo e académico Elí-sio Macamo defende a necessi-dade das universidades não se limitarem a transmitir conhe-cimento ou habilidades técni-cas, mas também a ensinar aos estudantes a pensarem por si próprios, dotando-os, para tal, da capacidade teórica, concei-tual e metodológica de interpe-lação crítica da realidade.Para Elísio Macamo, o ensi-no superior em Moçambique deve ser concebido não como a produção de soluções práticas para os problemas de desen-volvimento, mas como um es-paço onde se cultiva o hábito e a postura de abordagem do mundo como um mistério a ser desvendado.“Isso pressupõe a resistência à ideia de que os problemas já são conhecidos. Pessoas que pensam por si próprias são in-

dispensáveis à sociedade, e as universidades comprometidas com esse desiderato são abso-lutamente necessárias”, disse o académico, que foi um dos oradores da segunda sessão do ciclo de palestras alusivo aos 25 anos da Universidade Politéc-nica, que decorreu recentemen-te, em formato híbrido.O ciclo de palestras teve como lema “Celebrar a Universidade, Perspectivar o Ensino Supe-rior no Século XXI”, e visava reflectir sobre a mobilidade e internacionalização em tempos de pandemia.A propósito, a académica Hi-lária Matavele apontou a falta de normas específicas nas insti-tuições de ensino superior como um dos principais “entraves” à mobilidade académica. “Temos instrumentos normativos (lei, regulamentos, entre outros)

mas faltam normas de opera-cionalização. Há disparidades, por exemplo, nas unidades de crédito, há pessoas que fazem a mobilidade e quando regressam (à instituição ou ao País) não conseguem ter transferidas as aprendizagens”.Por isso, “é necessário melhorar e harmonizar o entendimento

dos processos e conceitos, criar condições para a implementa-ção em termos de capacidade, dar atenção às normas, princi-palmente as que dizem respeito às instituições, criar uma visão estratégica e reforçar as po-líticas nacionais e internacio-nais conducentes à promoção da mobilidade para que ela,

de facto, ocorra”.Ainda sobre este tema, a se-cretária-geral da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), Cristi-na Sarmento, referiu que a pandemia está a afectar, ne-gativamente, o processo de mobilidade académica na Co-munidade dos Países de Lín-gua Portuguesa (CPLP).“Continuamos a ter a mobi-lidade, mas em formato vir-tual e híbrido. Por causa da Covid-19, os procedimentos administrativos e a emissão de vistos de viagem torna-ram-se morosos. Estamos confiantes de que o processo de mobilidade não vai ser travado e temos a expecta-tiva de que a pandemia vai abrandar, o que vai, certamen-te, facilitar a nossa movimenta-ção”, sublinhou.

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 5MAGAZINE Independente |Destaques

Silvério Ronguane, José Domingos ou Lutero Simango para liderar a capoeira do “Galo”

Os possíveis sucessores de Daviz Simango, na opinião de Ismael Mussá e Dércio Alfazema

Lutero Simango Luís Boavida

A reunião do Conselho Na-cional terá seis pontos de agenda, com destaque para a apreciação e aprovação do perfil dos candidatos a pre-sidente do MDM. Na magna reunião também será agen-dado o Congresso extraordi-nário para a eleição do presi-dente do partido. O MAGAZINE conversou com o primeiro e antigo Se-cretário-geral do MDM, Is-mael Mussá, que defendeu que a base da escolha do novo presidente do MDM de-veria estar assente no slogan “Moçambique para todos”. “Isto significa que a escolha deve recair em alguém que não seja familiar dos Siman-gos, muito menos que seja al-guém da província de Sofala. Seguindo esses princípios, po-de-se eliminar o debate sobre a familiarização do partido e o facto do partido estar mui-to focado na região Centro do País, com ênfase na cida-de da Beira”, disse. Mussá afirma que este pris-ma pode permitir que o par-tido se abra um pouco mais para o resto do País, o que seria um sinal claro de que o MDM se revê no seu slogan e os seus objectivos não estão assentes numa região de Mo-çambique. Por outro lado, o nosso en-trevistado defende que o pre-sidente-eleito do partido deve ser um indivíduo com uma preparação técnico- científica bastante sólida para estabe-lecer uma profissionalização no MDM. “Isto é, fazer com que o MDM se torne um par-tido eficiente e com plano estratégico, por forma que o próximo presidente do parti-do não seja vitalício. Isso iria permitir que houvesse alter-nâncias políticas dentro do MDM”, aconselhou, apontan-do que o próximo presidente do partido deverá conhecer e entender a história do parti-do, devido a dinâmica políti-ca no País, de modo a definir os objectivos eleitorais para manter o partido com algu-ma vivacidade na sociedade.

O antigo Secretário-geral explica que o MDM não se deve espalhar muito nas elei-ções gerais, focando-se ape-nas nas eleições autárquicas, para consolidar a sua expe-riência política, governação e reduzir todos os erros come-tidos no passado. Mas tam-bém deve ser um indivíduo capaz de aceitar um debate de reconciliação dentro do partido.Questionado sobre os erros do passado do MDM, Mussá respondeu que “eu não que-ro apontar. Qualquer mili-tante do MDM os conhece, por isso defendo que o novo presidente do MDM deve ser alguém capaz de aceitar fa-zer um debate aberto dentro do partido, de modo a haver uma reconciliação interna com o passado, evitando-se fantasmas”.Em relação aos possíveis candidatos levantados nas últimas semanas, nomeada-mente Luís Boavida, Lute-ro Simango, Albano Carige, José Domingos e Fernando Bismarque, o antigo Secretá-rio-geral disse que o partido deve tentar ser um pouco mais ousado, descartando os nomes que têm aparecido na ribalta, porque o partido já tem e/ou teve experiências dessas figuras na gestão do

partido. “Neste momento deveria verificar se durante a gestão dessas individuali-dades houve sucessos em be-nefício do partido”, disse. Mussá aponta Silvério Ron-guane como uma figura que é de fora do eixo de Sofala e de fora do eixo da família Simango. “Ronguane seria mais consentâneo com o slo-gan do partido ´Moçambi-que para todos´, por ser um indivíduo com capacidade técnico-científica capaz de imprimir dinâmicas dentro do partido, acima de tudo aceitar a reconciliação den-tro do MDM, por forma que o novo presidente não seja vitalício”, observou. Desta-cou que com a saída de figu-ras como Manuel de Araújo e Venâncio Mondlane o leque de opções internas ficou ex-tremamente reduzido. Por-tanto, deve-se evitar a elei-ção de figuras de Sofala ou da família Simango porque isso não vai ajudar o partido a crescer.

O MDM está em decadência política

Por seu turno, o analista político Dércio Alfazema de-fende que o novo presidente do MDM deve ser um indi-víduo capaz de tirar o par-

Ao realizar a IV Sessão Ordinária do Conselho Nacional do Movimento Demo-crático de Moçambique (MDM), agendada para os dias 29 e 30 de Maio, estarão criadas as condições para a realização do Congresso extraordinário para escolher o sucessor de Daviz Simango. O antigo Secretário-geral do MDM, Ismael Mussá, defende que o novo líder do partido deve ser uma figura fora do eixo de Sofala.

Neuton Langa

tido da decadência política em que se encontra, tradu-zida no número de assentos na Assembleia da República e nos municípios sob gestão

do MDM. Em relação aos nomes, Alfa-zema aponta José Domingos e Lutero Simango como figu-ras capazes de granjear sim-patia dentro do MDM, aci-ma de tudo são competentes para tirar o partido da de-cadência. Aliás, o MDM fez a sua história através duma gestão municipal transparen-te, criativa e inovadora, tan-to que nos municípios onde estiveram a governar fizeram história, como é o caso de Nampula.Questionado sobre os prós

e contra a eleição de Lutero Simango, Alfazema defen-deu que “Lutero é membro fundador do MDM e possui uma experiência política in-

questionável. Por isso, Si-mango não pode ser discri-minado pelo simples facto de ser irmão mais velho do falecido líder do partido”.Em relação a Luís Boavida, o analista político refugia--se no facto de Boavida es-tar distante dos holofotes, consequentemente fora do ambiente político, o que pode ser uma desvantagem. Porém, Boavida tem as suas qualidades como político, devido a sua experiência como deputado pela banca-da parlamentar da Renamo.

José Domingos

Ismael Mussá

Silvério Ronguane

Dércio Alfazema

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6 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

Competição e controlo de narrativas na assistência humanitária às vítimas do terrorismo em Cabo Delgado

Tenho visto e lido muita coisa so-bre a assistência humanitária em Cabo Delgado. Coube-me a sorte de também ir ver de perto como as várias instituições intervenientes

coordenam para dar resposta urgente aos tão necessitados.O que constatei não foge muito às minhas sus-peitas, sempre que lesse os jornais ou visse as notícias na Televisão: há sim uma tremenda competição e tentativa de controlo de narrati-vas sobre como tem sido a assistência humani-tária às vítimas do terrorismo. Os protagonistas dessa guerra são, sem dúvidas, as organizações não-governamentais nacionais, internacionais, inclusive algumas organizações do Sistema das Nações Unidas. Por razões de decoro e salvaguarda da reputação institucional não irei mencionar os nomes, cin-gindo-me aos factos. O meu principal argumen-to é de que as organizações não-governamentais devem se autodisciplinar e responder às necessi-

Egídio Vaz

dades dos moçambicanos vítimas do ter-rorismo dentro de um quadro normativo e regulador que tem nas instituições do Estado moçambicano sua principal refe-rência orientadora. Se concordarmos que a coisa mais importante do trabalho de tais organizações é salvar vidas e minorar o sofrimento do povo, então há espaço para melhorar. Tentarei com exemplos concretos demons-trar como a resposta poderia ser melhor e o fardo mais leve se estas organizações seguissem a cartilha do INGD e de outras instituições do Estado moçambicano en-volvidas na resposta à crise humanitária.

Dos números dos envolvidos Dentro e fora de Moçambique existe um maior interesse em conhecer o número das vítimas do terrorismo em Cabo Delgado. Nisto, existem várias fontes de informação. Em Cabo Delgado, cada organização diz o seu número, seja para mobilizar mais apoios, seja para engordar os orçamentos. Em todo o território nacional existem nes-te momento 723.087 deslocados internos. Destes, 723.087 pessoas provêm de Cabo Delgado apenas e os restantes provêm da zona Centro do País, devido aos ataques de Mariano Nyongo. Estes são dados do INGD - Instituto Na-cional de Gestão e Redução do Risco de Desastres. O INGD está implantado em todo o território nacional e recolhe os da-dos primários a partir do terreno, ao passo que as outras organizações estão em locais por eles próprios escolhidos. Por exemplo, por razões de segurança, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) não pode trabalhar em Palma, Mocímboa da Praia, Quissanga ou certas zonas de Macomia. Mas o Estado deve estar lá. O mesmo acontece com muitas organizações não--governamentais, que escolheram Pemba,

Montepuez ou mesmo Metuge, pelas mes-mas razões. Para melhorar o seu orçamento e garan-tir mais financiamento, essas organizações estabelecem-se perto de centros de impren-sa e enviam comunicados empolados para o Mundo. Se as organizações confiassem e usassem as estatísticas do Estado poupa-vam tempo com os seus próprios levanta-mentos e estariam muito mais engajadas no trabalho produtivo.

Da coordenação do trabalhoUm comportamento estranho que notei foi que algumas organizações preferem con-tornar o Estado, indo elas se instalar di-rectamente em bairros de reassentamento ou centros de acomodação. Por exemplo, estive no dia 11 de Abril num bairro de reassentamento no distrito de Montepuez. Fiquei perplexo quando uma trabalhadora de uma organização internacional se apro-ximou à administradora do distrito e per-guntou quem ela era. Ou seja, estava claro que aquela técnica não conhecia sequer a administradora, muito menos teria procu-rado falar com ela para melhor se inteirar da situação. É que o povo tem dono. O dono é o Estado. E o Estado é incontor-nável. Foi quando se destapou o segredo. Muitas ONGs querem contornar as estruturas do Estado. Para elas, basta que a nível de Maputo se obtenha a luz verde para tra-balhar em Cabo Delgado, é suficiente para não mais se preocupar em colaborar com as estruturas locais. Se as organizações que pretendem ajudar trabalhassem em estreita colaboração com as estruturas locais do Estado se evitaria a duplicação de esforços e o trabalho esta-ria muito bem dividido, evitando assim a realização das mesmas acções por organi-zações diferentes no espaço geográfico. Outro exemplo é o que pude ver no Cen-

tro de Trânsito de Pemba, que alberga não mais que 200 famílias. Nesse centro, organizações caridosas oferecem comida quente. Aí nenhum deslocado é permitido cozinhar. Mas, algumas organizações vão lá doar farinha de milho, feijões ou óleo de cozinha. A questão é que esses produtos são normalmente entregues às famílias nas vésperas da sua transição para os bairros de reassentamento. E não em centros de acomodação. Se as organizações tivessem buscado os conselhos do INGD poderiam melhorar a eficácia da assistência humani-tária.

Da comunicação socialA comunicação social também pode aju-dar a comunicar a assistência humanitária em Cabo Delgado, buscando informações de fontes fidedignas. Por exemplo, no dia 12 de Maio, citando a Organização Inter-nacional de Migração, a TVM noticiou que mais de 500 mil pessoas necessitavam de ajuda em Cabo Delgado. Não que a OIM não fosse credível, mas seria prefe-rível se tivesse se aproximado ao INGD, pois é ele que coordena toda a actividade relativa à assistência humanitária, incluin-do a própria OIM. Em Cabo Delgado existem 723.087 deslo-cados internos, dos quais 38.422 estão nos centros de acomodação, distribuídos pelos distritos de Chiure, Ancuabe, Montepuez, Nangade e Metuge. Existem 607.524 pessoas vivendo em casas de familiares, conhecidos ou em casas arrendadas. E 70.845 deslocados internos já vivem em bairros de reassentamento. Todas essas pessoas já beneficiaram de assistência do Estado moçambicano através das suas agências. É importante que a comunicação social busque informações fidedignas, sob o risco de caírem na cilada, fazendo propaganda para organizações e interesses específicos.

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A Empresa Magazine Mulitimdia, SA, avisa os estimados cliente que tenham facturas em atraso, relativas as assinaturas de jornais de 2020, para procederem a sua regularização, no prazo maximo de trinta (30) dias, de modo a não afectar o fornecimento de jornais no próximo ano de 2021, cujo processo de ronovação já iniciou.

FICHA TÉCNICA

Impressão: Sociedade do Notícias S.A

Opinião

Publicidade e Marketing:Telemóvel: 820152830/877684840 Aléxia Chongo (82 5781 322/ 840560354)Email: [email protected]: [email protected]

Revisão: Cipriano Siquela e Paulo Jossias

Grafismo: Samuel Dias (84 756 5575)

Colaboradores:Isaura Pinto, Simeão Cuamba e Lionel Papane

Fotografia: Nilton Cumbe (845854285) eAntónio Nhangumbe (826633814)

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 7MAGAZINE Independente |

O País celebrou ontem a pas-sagem dos 46 anos da cria-ção da Polícia

da República de Moçam-bique (PRM), instituição fundamental na defesa e conso l idação do Estado moçambicano.A celebração da data acon-tece num contexto sensí-vel da vida do País, com inúmeros desafios a serem colocados à Polícia, no-meadamente o combate ao terrorismo, o combate ao tráfico de drogas, o comba-te ao crime organizado e à corrupção, começando pela corrupção no seio da pró-pria corporação, que amiú-de tem sido reportada.Estes desafios exigem uma PRM organizada e coor-denada, como disse o Pre-sidente Nyusi, com outras Forças de Defesa e Segu-rança, pois a missão é dura e complexa e requer uma conjugação de esforços, de tácticas e de estratégias.

Cobrindo um país exten-so que vai do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Ín-dico, a PRM realiza o seu trabalho no contexto das condições di f íce is que a nossa economia propicia. A nossa Polícia precisa de recursos humanos bem pre-parados. Precisa de recur-sos materiais à altura e de homens de diferentes espe-cialidades, bem formados e bem equipados.Não se pode ex ig i r me-lhores resultados à PRM quando os recursos a ela alocados são escassos ou quase nulos. Não se pode exigir bons resultados a uma Polícia que nem tem meios de investigação, nem tem meios de transporte e nem tem homens bem pre-parados tecnicamente.Volvidos 46 anos após a sua criação, a PRM não luta, hoje em dia, apenas com os pilha-galinhas, ou seja, criminosos de meia ti-gela. A nossa Polícia, hoje, luta contra criminosos so-

f ist icados em diferentes áreas, exigindo-se que sofis-tique também os seus mé-todos de acção e se agigan-te em meios materiais e em quadros.No Norte do País, concre-tamente em Cabo Delgado, o País está a ser agredido por terroristas nacionais e estrangeiros, que cometem barbaridades sem olhar a meios. Só uma Polícia bem treinada e equipada pode lograr sucessos no combate ao terrorismo. Só uma Po-lícia bem coordenada com outras forças de Defesa e Segurança pode produzir resultados.Um pouco por todo o País, especificamente nas fron-teiras, a Polícia enfrenta o crime global de tráfico de drogas. Só uma Polícia bem treinada e equipada pode neutralizar em tempo útil as poderosas redes de traficantes de drogas que usam até serviços do Es-tado para fazer andar esta verdadeira indústria.

Depois de 46 anos da sua criação, a Polícia enfrenta o crime de raptos e seques-tros, um verdadeiro cartel que actua à luz do dia, ba-nalizando o Estado e en-fraquecendo a já débil eco-nomia nacional, a partir do momento que os alvos principais dos raptos são empresários e investidores nacionais e estrangeiros, que são obrigados a aban-donar o País. Um grandio-so desafio o combate aos raptos que também exige homens altamente forma-dos e capacitados, e meios de investigação e produção de provas sofisticados.Não haverá bons resu l -tados nestes desafios se o factor Homem não for de-vidamente levado em con-ta. Só polícias bem forma-dos podem produzir bons resultados na prevenção e combate ao crime. Só po-lícias comprometidos com a ética e deontologia pro-fissional podem ter suces-so nestes desafios. 46 anos

é idade madura, quase a caminhar para a velhice, pelo que não se pode di-zer que a nossa PRM seja uma cr iancinha. Já tem exper iência de batalhas igualmente importantes e desafiantes do passado, a partir das quais se possa orgulhar e projectar o fu-turo.Um futuro de vitórias no combate ao crime. Um fu-turo que seja referenciado pelas próximas gerações. No contexto actual, é ne-cessário, sim, purificar as fileiras, pois sabe-se que um exército infiltrado não ganha batalhas. Uma Po-lícia corrompida e infiltra-da é meio caminho andado para o fracasso da missão, como diria Samora Machel, o fundador da nossa PRM. Desejamos sucessos à nossa PRM, pois muito de bom tem feito pela Pátria, mas muito ainda está por se fa-zer nesta sensível missão de lutar contra o crime. Bem-haja a nossa PRM!

Purificar as fileiras na PRM, 46 anos depois!

Inventário de ironias

Editorial

Estou a pedir comida. Sin-to muita fome. Entrou para varanda do bar entre a Karl Marx e Maguiguana. Passos quase mudos. Como se não pertencesse àquele lugar, como se não deves-se estar ali e já estivesse preparado para ser enxo-tado. Não parecia ter mais do que oito anos, com uma máscara-protectora preta no rosto e uma verde nas mãos, daquelas usadas nas festas que nos ensinaram a desperdiçar abóboras. Chamo-o para sentar. Peço no menu o que ainda era capaz de pagar. Sentado na cadeira, as pernas não tocam o chão, ficam a flu-tuar, a lembrar o acto final de um suicídio. Não como

desde que amanheceu. Pedi no supermercado e disse-ram que não tinham. Fala baixo. Não sei se pela fome ou pela timidez. Chama-se Lisandro, 10 anos, anda na 4ª Classe, na Escola Pri-mária do Nkovo, uma es-cola no centro da cidade, mas que parece destinada a meninos que não deviam viver na cidade. Olha-me com certo espanto. O ham-búrguer demora. Meu pai vive na Malhangalene. Eu vivo com minha mãe e mi-nha irmã no Alto-Maé. O hambúrguer demora. En-tro para o bar, quero saber o que está a acontecer. O problema é das batatas, de-moram a cozer, boss. Volto à mesa. Continua senta-

do, as pernas a flutuarem. Máscara preta no rosto, a de Hulk – o super-herói verde e grandalhão da Mar-vel - na mão. O que fazias aqui? Estava a brincar. Teus amigos? Foram para casa. Finalmente o ham-búrguer chega. Come ape-nas as batatas. É lento a colocar a mão no prato e a levá-la à boca. O hambúr-guer afinal quer levar para casa. Talvez para dividir com a mãe e com a irmã. O sol deixa-se invisível, mas a lua está ainda a fa-zer o caminho para impor a noite. Caminhamos pela Maguiguana até ao Alto--Maé. O portão do prédio em que vive – uma grelha de ferro fechada com cha-

pas de zinco já enferruja-das - está fechado. Bate à porta. Uma. Duas. Três vezes. Ninguém aparece. Aproxima-se uma moça que também quer entrar. É vi-zinha, presumo. Mas não troca palavras com Lisan-dro, que continua a bater à porta. A vizinha tenta ligar para alguém. Mas não com-pleta a chamada. A porta é aberta. No quintal do pré-dio algumas dependências. Uma moça de bruços sob uma capulana, vestida de branco, parece-me que faz exercícios. Subimos pelas escadas, as traseiras, que dão às cozinhas das flats. Passamos um, dois, três, quatro, cinco andares. Os cheiros das ementas do jan-

tar misturam-se enquanto subimos. Chegamos final-mente ao terraço, a escuri-dão nos absorve. Lisandro. É a voz da mãe como que saída de uma concha va-zia, sentada numa esteira, não lhe consigo distinguir o rosto. A lua ainda é apenas um fio a expelir um feixe de luz. A casa é apenas um compartimento. Não tem mais de cinco metros de comprimento e três de lar-gura. Tudo escuro. Lisan-dro está entregue. Tens de acabar essa comida. É uma voz feminina e autoritária saída de uma das flats. Já não quero – é uma criança que soluça, estes espasmos depois de longos períodos de choro.

Esta semana escrevo eu...

Elton Pila

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8 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

Quinoselo MachuteA actuação da Polícia da República de Mo-

çambique (PRM) num Estado de Direito e De-mocrático, diferentemente de um Estado ditato-rial, deve atender a três requisitos fundamentais. Ter uma prestação democrática das práticas de policiamento aceites na esfera pública e um su-porte popular, adesão ao Estado de Direito e a Polícia deve comportar-se seguindo procedimen-tos justos ao serviço do público.

Vieira PauletaPara melhorar o actual problema que a assola

a PRM e os cidadãos em geral importa aludir à reorganização da actual estrutura orgânica, criando-se uma força intermediária nos coman-dos distritais mais desenvolvidos do País, com enfoque nos distritos com histórico de conflito político-armado, incluindo as capitais provin-ciais. Para além de dar uma resposta rápida, a Polícia deve actuar de forma proporcional.

Quarenta e seis anos da PRM e os desafios que se impõem Voz do Povo

Órnia MoisésA actuação da PRM deve pautar pela preser-

vação da ordem e tranquilidade pública, respei-tando os direitos e liberdades do cidadão, pois a actuação da Polícia é vigiada por várias insti-tuições democráticas. A Polícia deve ter sempre em conta os desafios globais que se colocam ac-tualmente na segurança do Estado, caracteriza-dos por maior circulação de pessoas, expansão do crime organizado transnacional e do terrorismo.

Lúcia AdolfoOs desafios da PRM devem ser os aci-

dentes de viação que têm ceifado muitas vidas humanas e destruído diversas infra--estruturas, não descurando o novo fenó-meno dos raptos e sequestros, a falsifica-ção de documentos de identificação e de viagem. As novas formas de criminalidade aumentam a pressão sobre os serviços de investigação

Opinião

Munique Martins

E no pós-pandemia, qual o futuro da educação?

É urgente uma educação mais personalizada, que permita o desenvolvimento

de soft skills e competências técnicas cada vez mais valo-rizadas no mercado de tra-balho.Esta é uma das interrogações do momento. Com tantas mu-danças nas nossas rotinas, de que forma estas irão transfor-mar o sector da educação tal como o conhecemos? A crise da Covid-19 começou por provocar uma disrupção total no mercado de trabalho: se, por um lado, fez desaparecer algumas profissões, fez também emergir novos pos-tos de trabalho, sobretudo na área da tecnologia, com a maio-ria das empresas obrigadas a mudarem para o digital.Neste sentido, dada a força do universo tecnológico, é necessá-rio refletir que caminho deverá o sector da educação seguir, para, por um lado, dar resposta às la-cunas no mercado de trabalho e, por outro, combater o desempre-go e o excedente de profissionais de sectores que viram a sua ati-vidade enfraquecer em período pandémico. Sejam novas meto-dologias de ensino a ganhar vida

ou mudanças no próprio currícu-lo escolar, estas são algumas das tendências que acredito deverão marcar a educação no pós-Co-vid-19 e que já se fazem sentir nos dias de hoje:1. Um ensino mais prá-tico – Para facilitar a entrada num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, é necessá-rio criar mais “doers” e menos “followers”. Ou seja, é necessá-rio passar de um ensino teórico, para um ensino cada vez mais prático, onde a base está em en-sinar a “por as mãos na massa”. Neste sentido, temos assistido a um aumento de alternativas ao ensino tradicional que pres-supõem dotar os alunos com as competências mais valorizadas no mercado laboral. Exemplo disso são os bootcamps, cursos curtos, intensivos e especializa-dos, cujo objetivo principal é a inserção no mercado, que têm vindo a aumentar a sua base de alunos. De acordo com o rela-tório Tech Careers da Landing Jobs, deste ano, as entradas no mercado tecnológico através da realização de bootcamps cresce-ram de 3,2% para 4,8% durante 2020, não só entre pessoas que pretenderam reforçar as suas competências tecnológicas, como

entre pessoas de áreas tecnológi-cas em busca de uma nova car-reira.2. Promoção de literacia digital e tecnológica – No rela-tório “Nove Ideias para a Ação Pública – Educação, Aprendiza-gem e Conhecimento num mun-do pós-covid-19”, a UNESCO aponta a literacia científica e tecnológica como o cerne do de-senvolvimento do currículo, bem como a importância dos recursos educativos e ferramentas digi-tais de livre acesso para todos. É assim fundamental, capacitar a comunidade escolar com com-petências digitais e tecnológicas, que permitam aos professores adaptar mais rapidamente as suas metodologias ao ensino à distância e criar formas inovado-ras de ensinar em sala de aula, e aos alunos conseguir acompa-nhar a evolução do mercado de trabalho e ter acesso a novas ferramentas de aprendizagem.3. Um ensino mais hu-mano e personalizado – A pro-ximidade entre professores e estudantes também foi posta à prova neste último ano, com o ensino à distância a mostrar a importância das relações in-terpessoais. Como tal, é preciso criar um maior sentimento de

empatia nas escolas, principal-mente para preparar os alunos para momentos de crise como este. Nenhum estudante é igual ao outro e, por isso, o ensino deve ser mais personalizado e focado no desenvolvimento das soft skills de cada um, pois, além das competências técni-cas, estas são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho. Competências como proatividade, resiliência e cria-tividade fazem muitas vezes a diferença entre o sucesso e o fracasso no crescimento pessoal e profissional de um aluno. Nes-se sentido, a escola deve deixar de ser apenas uma obrigação, igual para todos, mas sim um espaço de valorização pessoal, um espaço de partilha, que de-seja saber as necessidades dos seus estudantes e prepará-los para o futuro, de acordo com as exigências do mercado.4. Uma aprendizagem mista entre o remoto e o físico – apesar dos desafios que o ensi-no à distância trouxe para pro-fessores e alunos, também abriu novas oportunidades. O ensino remoto encurtou a distância en-tre geografias e democratizou o acesso ao ensino em diferentes áreas, pelo que o futuro deverá

ser ditado por uma aprendi-zagem mista que combinará momentos assíncronos com momentos síncronos, permitin-do que os alunos interajam uns com os outros, com seus pro-fessores e com o conteúdo edu-cativo, tudo em simultâneo.Se olharmos com atenção para o contexto escolar atual, ve-mos como os currículos não mudaram nos últimos 50 anos. No entanto, o mundo mudou, sobretudo durante a crise que vivemos nos dias de hoje. Como tal, este contexto exige uma reflexão profunda sobre como queremos educar e for-mar a sociedade num período pós-pandemia. É urgente uma educação mais personalizada que permita o desenvolvimen-to de soft skills e competências técnicas cada vez mais valori-zadas no mercado de trabalho. É urgente criar novas metodo-logias de ensino e começar a olhar para o formato bootcamp e curso intensivo como um cami-nho a seguir e não apenas como um complemento às escolas tra-dicionais. É urgente adaptar a educação que conhecemos hoje e preparar jovens e adultos para um “admirável mundo novo”.

Observador.pt

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 9MAGAZINE Independente |Publicidade

Prémio Jovem Criativo

• É uma iniciativa da Secretaria de Estado da Juventu-

de e Emprego, implementada pelo Instituto Nacional

da Juventude, que se realiza anualmente, em parceria

com o movimento associativo juvenil e demais inter-

venientes dos sectores público e privado, visando re-

conhecer e distinguir jovens que se destacam pelo seu

contributo no desenvolvimento do País.

Objectivos:

• Reconhecer jovens cujas acções impactam no desen-

volvimento da comunidade;

• Promover a competitividade na livre criação artística e

tecnológica no seio da juventude moçambicana;

• Estimular e divulgar acções de jovens nas áreas de

empreendedorismo, da inovação tecnológica e da cria-

ção artística.

Grupo-Alvo

• Jovens dos 15 aos 35 anos de idade

Áreas de Concurso

• Empreendedorismo;

• Inovação tecnológica;

• Criação artística.

Locais para o acesso ao Regulamento do Prémio e para o

Levantamento das Fichas de Candidatura

O acesso ao Regulamento do Prémio Jovem Criativo, assim

como o levantamento das fichas de

candidatura podem ser feitos nos seguintes locais:

• Instituto Nacional da Juventude;

• Serviços Provinciais de Justiça e Trabalho

• Serviços de Justiça e Trabalho da Cidade de Maputo

• Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia

• Centros de Emprego

• Distritos Municipais da Cidade de Maputo

• Página Web da SEJE: www.seje.gov.mz

• Locais de Submissão de Candidaturas

• Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tec-

nologia

• Distritos Municipais da Cidade de Maputo

Prazo

Os concorrentes devem submeter as suas propostas a

partir de 03 de Maio até 4 de Junho de 2021

nos locais supracitados

Fases

• A Fase distrital decorre de 03 de Maio a 04 de Ju-

nho de 2021

• A Fase Provincial decorre de 12 de Julho a 9 de

Agosto de 2021

• A Fase Nacional decorre de 09 de Agosto a 29 de

Outubro de 2021

Júri

Para avaliação das candidaturas foram nomeados júris

independentes para cada uma das três fases.

O júri da fase nacional é presidido por Moreira Chongui-

ça, e composto pelos seguintes membros:

Sázia Sousa, Chivambo Mamadhusen, Assif Osman e

Mazuze Culpa.

Premiação

Na fase Nacional serão premiados 5 concorrentes em

cada uma das áreas, totalizando 15

vencedores.

JUVENTUDE, NOSSA AGENDA!

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

SECRETARIA DE ESTADO DA JUVENTUDE E EMPREGO

INSTITUTO NACIONAL DA JUVENTUDE

ANÚNCIO DE CANDIDATURAS À VII EDIÇÃO DO PRÉMIO JOVEM CRIATIVO 2021

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10 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 | Nacional

Degradação acelerada da via condiciona vida dos moradores de Mulotane e outros bairros

A estrada que liga a localida-de de Mulotana ao bairro de Mahlampsene aguarda pela reabilitação já há muito tem-po. Os enormes buracos, os desvios para tentar proteger a suspensão das viaturas é o cenário que se vive desde a travessia do rio até à Admi-nistração de Mulotana, que por sinal localiza-se junto à terminal dos transportes de passageiros.Cansados de esperar por so-luções que demoram chegar, os transportadores retiraram as suas viaturas, deixando os residentes de Mulotana à mercê dos “My love” e ou-tras viaturas que, dado ao seu nível de degradação, es-tão impedidos de circular noutras rotas. Catarina Emane é residente do bairro de Zilinga, estan-

do obrigada a deslocar-se ao bairro de Mulotana quase todos os dias úteis, pois é lá onde trabalha, mas reconhe-

ce que não tem sido fácil esta jornada e a situação agrava--se em épocas chuvosas, onde os poucos proprietários das

carrinhas de caixa aberta (My love) que arriscam em meter as suas viaturas na-quele bairro são obrigados a agravar a tarifa de transpor-

te, passando dos 13 meticais normalmente cobrados para 20 meticais.“Recordo-me que quando o País recebeu uma parte do lote dos machimbombos dis-tribuídos às associações ti-vemos transportadores que tentaram fazer a rota Mulo-tana-Baixa, mas isso foi sol de pouca dura pois dadas as condições da estrada não tardou muito para retira-rem as suas viaturas e volta-mos a ficar à mercê dos My love”, disse Catarina Emane.Acrescentou que vezes sem conta tentou desistir do seu trabalho em Mulotana, mas porque não tem outras opor-tunidades noutros pontos faz das tripas o coração e con-tinua a viajar em condições arriscadas nos famosos “My love”. Pendurada no “My love”, depois de uma ginástica “ti-

tânica”, Saquina Machalele, de 60 anos de idade, disse que “vocês viram como foi difícil eu subir neste carro, não faço isso por vontade

própria, mas porque não te-nho outra solução e são estes transportes que circulam por aqui, um e outro carro, que já não são permitidos circu-lar noutras rotas dado o seu estado de degradação, o que também coloca em causa a nossa integridade física”, ex-plicou.Saquina Machalele disse que vive em Mulotana há mais de duas décadas e não se justifica que com o nível de expansão que se tem vindo a assistir nos últimos anos este bairro não tenha uma estra-da condigna, ou pelo menos esta de terra batida não be-neficie de uma intervenção regularmente, de modo a permitir que as pessoas pos-sam ir e vir sem muitas difi-culdades.

Viaturas registam avarias constantes

A degradação acelerada da via que liga Mulotana a outros bairros está a condicionar a vida dos moradores do distrito de Boane, e não só. O MAGAZINE testemunhou quão a via de terra batida está degradada, situação que se agrava quando chove, desmotivando a circulação dos transportes semi-colectivos de passageiros.

Aida Matsinhe

Catarina Emane Saquina Machalele

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 11MAGAZINE Independente |Nacional

Logo à entrada do distrito de Boane, na zona do rio, para quem vem do bairro de Ma-hlampsene, o nível de degra-dação já denuncia o martírio que se vive em Mulotane. Aliás, ao longo do percurso a nossa reportagem teste-munhou que de facto não é possível ir e vir a Mulotane sem encontrar um carro que teve que interromper o seu percurso por causa de uma avaria mecânica.Tal como avançaram os pas-sageiros quando estávamos na terminal de Mulotana, que é quase impossível che-gar à zona do rio sem ver um carro avariado, o MAGAZI-NE Independente testemu-nhou no local o sofrimento vivido pelos transportadores.Próximo das bombas de abastecimento de combustí-vel encontramos César Ma-tola, transportador de mate-rial de construção, que opera em Mahlampsene, deitado de baixo da viatura tentando encontrar uma solução para sair deste bairro. “Estou aqui já há 20 minutos. Veja só que estou com avaria no meu carro, estava a andar a uma velocidade mínima possível com o intuito de garantir uma viagem tranquila. Mas infelizmente quebrou a pon-teira e só posso ver se con-sigo alguém para soldar por-que o valor que cobrei neste frete nem sequer me permite chamar um reboque”, disse visivelmente agastado.Prosseguiu afirmando que “vim descarregar chapas de zinco e cobrei de Mahlamp-sene para Mulotane apenas mil meticais, mas já tenho um prejuízo de mais de três mil meticais. Muitas vezes eu

não aceito meter o meu car-ro nesta rota, mas hoje, in-felizmente, até agora (12:10 horas) este é o primeiro frete que faço, arrisquei e dei-me mal”.Preocupados com a lentidão na reabilitação e cansados de esperar por uma solução, os transeuntes da estrada que liga Mulotana e Mahlampse-ne questionamꓽ “Porquê em Dezembro vieram descar-regar pedra e areia na zona próximo à casa branca mas até aqui não se fez nada?”Na mesma ginástica de repa-rar os danos causados pelo estado de degradação da via encontramos Bruno Wamus-se, da Empresa de Trans-portes JJU. Com os pneus rebentados e sem concerto, Wamusse disse que a grande dificuldade que se enfrenta nesta rota tem a ver com o estado em que se encontra a via.Só para ter uma ideia, segun-do Wamusse, “este é o úni-co machimbombo que ainda está a resistir na rota Baixa--Mulotana. Mas fazemos isso por responsabilidade social, porque dependendo do esta-do em que a via se encontra não compensa”. Segundo Wamusse, se a es-trada estivesse em bom es-tado os 30 meticais que co-bram da Baixa a Mulotana estavam muito bom e seria rentável. “Conforme vê, os nossos pneus estão danifi-cados, vínhamos da Baixa e aqui na zona da ponte os pneus rebentaram. Deve ima-ginar que os passageiros nem sequer pagaram pela viagem porque ainda não tinham chegado ao destino e estas avarias têm sido frequentes,

aliás, não é normal sair da terminal de Mulotana a Ma-hlampsene sem encontrar um carro avariado”.Segundo os automobilistas

que fazem a rota Mulotana--Mahlampsene, são pelo me-nos 15 minutos de carro a andar a uma velocidade ra-zoável, mas porque a estrada está totalmente degradada a viagem consome cerca de 45 minutos.

Via degradada impacta no processo de ensino-aprendi-

zagem

“O trajecto da minha casa até à Escola Secundária de Bili é de mais de uma hora, pois até a semana passada para conseguir chegar à es-cola primeiro tínhamos que apanhar um chapa para Ma-hlampsene e de lá apanhar outro para Bili. Felizmente, desde sexta-feira (9) passa-

mos a contar com os carros que partem da terminal de Mulotana-Sede a Mulotana--Bili, e esperamos ver os pro-blemas dos atrasos resolvi-dos”, afirma a fonte.Mas, segundo Martins Ma-hiane, de 15 anos de idade e aluno da 10ª classe, é im-portante que se olhe para a reabilitação da estrada por-que vezes sem conta chegou atrasado à escola porque os

chapas não estavam a circu-lar, sendo frequente quando chove.

Francisco Matola faz par-te dos transportadores que abraçaram a nova rota Mu-lotana-Bili, na expectativa de ver os problemas das avarias constantes resolvidas e aju-dar os alunos da escola se-cundária.Com menos de uma semana a operar na rota recém-criada, Matola justificou que esta foi criada para responder às ne-cessidades de alguns passagei-ros, na sua maioria alunos que frequentemente atrasavam às aulas e por vezes viam-se obri-gados a faltar.Segundo a fonte, as crianças eram obrigadas a apanhar dois chapas para chegar a escola, ou então tinham que percor-rer longas distâncias a pé, mas para esta fonte a solução de boa parte dos residentes deste ponto de Boane centra-se na reabilitação da estrada.“Os preços de produtos de primeira necessidade aqui em Mulotana são altos e a jus-tificação dos comerciantes é de que os custos de transpor-te são elevados”, acrescenta Francisco Matola.

Arranque das obras de cons-trução previsto para Junho

Júlio Mbembele, chefe do quarteirão 8 na povoação de Mulotana-Sede, assegu-

rou que do trabalho levado a cabo entre as estruturas do bairro e as autoridades mu-nicipais foi avançado que há um projecto desenhado para a construção e reabilitação da estrada que liga Mulota-Sede a Mahlampsene, cujo arranque das obras está previsto para Junho.Segundo o chefe do quarteirão, as obras consistem na pavi-mentação de uma parte da es-trada, ou seja, da sede da loca-lidade de Mulotana até à zona da Elina, e terraplanagem da outra parte, que vai ligar o rio até à zona da Elina.

“Conforme vê, os nossos pneus estão danificados, vínhamos da Baixa e aqui na zona da ponte os pneus rebentaram. Deve imaginar que os passageiros nem sequer pagaram pela viagem porque ainda não tinham chegado ao destino e estas avarias têm sido frequentes, aliás, não é normal sair da terminal de Mulotana a Mahlampsene sem encontrar um carro avariado”.

Bruno Wamusse

Francisco Matola

Júlio Mbembele

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12 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

Continua por resolver o último e trágico enigma do Império colonial portuguêsCentrais

Dia 23 de Abril de 1971, Porto de Nacala, na província ultrama-rina portuguesa de Moçambique, cerca das 17 e 30 horas. O navio da marinha mercante Angoche, propriedade da Companhia Mo-çambicana de Navegação (sub-sidiária da Companhia Nacional de Navegação), levantou ferro para mais um rotineiro serviço de cabotagem. Aquele navio fa-zia viagens costeiras regulares entre Lourenço Marques (actual Maputo) e os portos do territó-rio (Beira, Quelimane, António Enes, Ilha de Moçambique, Na-cala e Porto Amélia), transpor-tando carga mista – víveres, combustíveis e equipamento mi-litar.Quando, pelas cinco e meia da tarde daquele dia 23 de Abril, saiu do Porto de Nacala, o An-goche, além de farinha, açúcar e gasóleo, ia carregado com mate-rial de guerra, desde 100 bombas de 50kg e cargas inertes para bombas napalm a caixas de ma-terial aeronáutico e máquinas de engenharia militar. A tripu-lação era constituída por nove civis portugueses (boa parte dos quais originários da Ericeira) e 14 moçambicanos. Nesta viagem, aos 23 tripulantes juntou-se um funcionário português de meia--idade dos Caminhos de Ferro de Moçambique, que acabara de ser transferido de Nacala para Porto

Amélia (actual Pemba), destino um pouco a Norte para o qual o Angoche se dirigia. O único passageiro a bordo tinha pedido uma “boleia” (com o seu carro incluído) que o comandante do navio, Adolfo Bernardino, auto-rizara.Em Porto Amélia, o material de guerra transportado pelo Ango-che era suposto ser desembar-cado para seguir, por terra, até Mueda, na zona de Cabo Delga-do, onde ocorriam os combates mais violentos entre as forças portuguesas e os guerrilheiros da FRELIMO (Frente de Liberta-ção de Moçambique). O navio devia ter chegado ao destino às cinco da manhã do dia seguinte. Mas nunca chegou. E nesse momento, faz agora 50 anos, começou o último e trági-co enigma do Império colonial português. O Angoche foi alvo de uma sabotagem à bomba e os 23 tripulantes e único passageiro desapareceram sem deixar rasto, até hoje.Pelas 7 e 30 horas da manhã de 24 de Abril, o Angoche seria avistado com fogo a bordo e à deriva pelo petroleiro Esso Port Dickson, de bandeira panamia-na. O navio de cabotagem estava a 30 milhas da costa moçambi-cana, entre Quelimane e a Bei-ra, muito para Sul da sua rota. Como determina a lei interna-cional marítima, o comandante do Esso Port Dickson tomou de

imediato posse do Angoche, uma vez que se encontrava abandona-do em alto mar. À medida que apagava o incên-dio, a tripulação do petroleiro viu manchas de sangue no navio mercante português, e encon-trou, vivos, um cão e um gato (que se soube depois serem as mascotes do Angoche). Mas não havia ninguém a bordo – apenas roupas, sapatos, coletes de salva-ção, relógios de pulso e tabaco espalhados pelo convés. Em 1975, uma comissão de in-vestigação, que incluía um re-presentante dos familiares das vítimas portuguesas do ataque ao Angoche confrontou-se com o desaparecimento do dossier so-bre a sabotagem elaborado pela PIDE/DGS.

Certidões de óbito sem corpos

Sem vestígios dos 23 tripulantes e do único passageiro do Ango-che, nem do material de guerra que a embarcação transportava, o qual desapareceu por comple-to, a PIDE/DGS, a Polícia polí-tica do Estado Novo, escrutinou, em Lourenço Marques, o salva-do do navio. E, no princípio de Maio, Lisboa recebeu a informa-ção de que tinham sido encontra-das evidências de duas explosões no Angoche, desencadeadas por cargas presumivelmente coloca-das em Nacala, antes da partida,

Faz agora 50 anos que o navio mercante português “Angoche”, carregado com material de guerra, foi sabotado à bomba ao largo de Moçambique, e os 23 tripulantes e único passageiro desaparece-ram sem deixar rasto, até hoje. Conheça a história deste dramático mistério.

e accionadas por relógio.Segundo as informações trans-mitidas pela direcção da PIDE/DGS em Lourenço Marques, uma das explosões tinha sido provocada por cargas reforçadas com granadas de fosfato coloca-das junto à chaminé de estibor-do, por cima da ponte de co-mando, que ficou completamente destruída, incluindo os sistemas de comunicações do navio. A se-gunda carga, continuava o rela-tório, explodiu dentro do ventila-dor das máquinas.De seguida, a comunicação da Polícia política estabelecia uma divisão de consequências das ex-plosões que viria a sustentar de-pois as diversas versões que apre-sentou quanto aos responsáveis pelo ataque. Dizia que, ao con-trário das instalações destinadas aos tripulantes brancos, na ré do navio, que foram “completa-mente pulverizadas”, o comparti-mento dos 14 tripulantes negros dava sinais de ter sido precipita-damente abandonado. Hoje sabe--se, porém, que a colocação das cargas explosivas naqueles locais teve outros objectivos e revela a superior preparação técnica e profissional de quem executou a sabotagem. Já lá iremos.A 15 de Junho de 1971, o presi-dente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, apresentou ao País, pela RTP, a versão oficial sobre o caso do Angoche. Disse que alguns tripulantes teriam morrido vítimas das explosões. E que os sobreviventes ter-se-iam atirado ao mar, para escapar ao incêndio, sendo depois comidos por tubarões. Marcelo Caetano omitiu que

Os tripulantes do petroleiro “Esso Port Dickson” só encontraram a bordo do “Angoche” um cão e um gato, vivos – eram as mascotes do navio

uma das duas baleeiras salva-vidas do Angoche não estava no navio, quando o Esso Port Dickson o en-controu. Hoje, aquela comunicação de Marcelo Caetano é sobretudo en-tendida pela necessidade de apressar a passagem das certidões de óbito dos 23 tripulantes e do único passa-geiro do Angoche, face à inexistência de corpos para as justificar.

Tsunami de versões

A PIDE/DGS desdobrou-se ao lon-go do tempo em diversas teses sobre os responsáveis pela sabotagem do navio mercante. Uma das primeiras versões referia um ataque de reta-liação de forças da Tanzânia, trans-portadas em lanchas, após acções de unidades de operações especiais militares sul-africanas, que em Lindi, perto da fronteira daquele país com Moçambique, investiram sobre bases da FRELIMO. O cenário batia cer-to com a chamada “estratégia total” do regime do apartheid de Pretória, que definia como inimigos todos os movimentos de libertação, de for-ma a controlar a África Austral e a manter a guerra afastada das suas fronteiras. Mas os informadores da PIDE/DGS na capital tanzaniana, Dar-es-Salaam, nunca confirmaram aquela versão.Os mandantes do ataque ao

In “visão”

Navio de cabotagem da Companhia Moçambicana de Navegação, o Angoche partiu de Nacala para mais uma rotineira viagem até Porto Amélia (atual Pemba) – onde nunca chegou

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 13MAGAZINE Independente |

Continua por resolver o último e trágico enigma do Império colonial portuguêsCentrias

‘Angoche’ pode ter sido a chefia militar portuguesa ou sul-africana

Carlos Matos Gomes, Coronel do Exército e escritor

Depois surgiu uma tese segundo a qual o Angoche teria sido abor-dado, após as explosões, por um submarino soviético, que recolheu o armamento e capturou os tripu-lantes, entregando-os a seguir à FRELIMO. De acordo com esta versão, os tri-pulantes portugueses foram man-tidos em cativeiro durante anos na principal base da guerrilha moçambicana na Tanzânia, a de Nachingwea, um pouco a Norte de Lindi, e por fim assassinados.Aqui já nada bate certo. Desde 11 de Novembro de 1965, quan-do Ian Smith declarou unilateral-mente a independência branca da Rodésia, o Reino Unido estabele-ceu um bloqueio naval no Canal de Moçambique, com fragatas apoiadas pela Royal Air Force, por forma a impedir a chegada de petróleo ao regime rebelde e racista de Salisbúria. E a Arma-da britânica tinha ainda bases na África do Sul e no Quénia. Por tudo isto, a presença de um sub-marino soviético no Índico, ao lar-go de Moçambique, sem que fosse detectado, entra na categoria do inverosímil.Por fim, a PIDE/DGS agarrou-se à versão de que a sabotagem do Angoche tinha sido executada por militares portugueses colocados na base de Nacala e militantes da ARA (Acção Revolucionária Ar-mada), ligada ao Partido Comu-nista Português. A prova estaria no facto de os explosivos usados no ataque ao navio mercante se-rem do mesmo tipo dos que fo-ram utilizados pela ARA numa acção de sabotagem na base aérea de Tancos, na madrugada de 8 de Março de 1971, que destruiu helicópteros e aviões de treino. Mas as acirradas investigações da Polícia política sobre os militares suspeitos nunca deram resultado algum. E a alegada semelhança dos explosivos, como indício úni-co, ficou muito longe de explicar a tragédia do Angoche.Houve ainda um acontecimento, na Beira, que momentaneamente captou a atenção da PIDE/DGS. Uma mulher portuguesa, que ali trabalhava em bares de alter-ne, faleceu após cair do 5º andar que habitava no prédio conheci-do como “Miramortos”, por se situar nas traseiras do cemitério da cidade. Correram rumores de que a mulher conhecia segredos comprometedores sobre o caso do Angoche, por ser amante de um oficial da Marinha de guerra por-tuguesa que estaria envolvido no ataque, ou que pelo menos teria

sabido dos preparativos da sabo-tagem. A pista, porém, depressa seria abandonada. Nem sequer se chegou à conclusão clínica sobre se a mulher se suicidara ou fora assassinada.

Guerra suja?

Depois do 25 de Abril de 1974, o caso do Angoche foi alvo de mais uma averiguação. A 18 de Junho de 1975, um despacho da Presi-dência do Conselho de Ministros criava uma comissão de investiga-ção constituída pelo primeiro-te-nente Luís Paiva de Andrade (em nome da Armada), comandante Manuel Forbes Beça (represen-tante da Marinha Mercante) e Francisco Grainha do Vale (do Ministério dos Negócios Estran-geiros). Juntou-se-lhes Jorge Go-mes Rodrigues, representante dos familiares das vítimas portugue-sas – Adolfo Bernardino, coman-dante, João Silva Tavares, ime-diato, José Estrela, contramestre,

António Sardo, 1º maquinista, João Pascoal, 2º maquinista, Flo-riano Matias, 3º maquinista, Raúl Tormenta da Silva, telegrafista,

José Coelho, electricista, e Carlos Soares, padeiro.O relatório dos trabalhos daque-la comissão seria inconclusivo. Os seus membros confrontaram--se com a falta do dossier Ango-che elaborado pela PIDE/DGS, que se suspeita ter muito mais informações sobre o caso do que aquelas que são conhecidas. Os documentos estavam na sede da Polícia política, em Lisboa, e tam-bém eles desapareceram sem dei-xar rasto.Agora, passados 50 anos, o trá-gico mistério do navio mercante voltará à baila com a publicação, em breve, do 13º romance de Carlos Vale Ferraz (pseudónimo literário de Carlos Matos Gomes, coronel reformado do Exército), intitulado Angoche – Os Fantas-mas do Império (ed. Porto Edito-ra). A obra tem um intróito, com o título Pressentimentos do que Aconteceu, em que o autor expli-ca que partiu de factos comprova-

dos para a ficção, e que, com essa conjugação, relata o que julga que poderia ter sucedido.“Fantasmas do Império” porquê?

“São as operações secretas que os Estados realizam para atingirem os seus objectivos”, responde à VISÃO Carlos Matos Gomes. “A guerra tem sempre uma compo-nente subterrânea, muito mais suja”, acrescenta.Matos Gomes, que combateu como oficial dos Comandos nos três teatros da Guerra Colonial (Moçambique, Angola e Guiné), diz que quem colocou os explosi-vos no Angoche pô-los nos sítios fulcrais do navio. “Por um lado, cortou as comunicações do navio e, por outro, eliminou a capacida-de de condução da embarcação, uma vez que deixou de haver li-gação entre a ponte de comando e a casa das máquinas e o leme”, explica.Foi, pois, trabalho de profissio-nais altamente treinados. Mas isso pode querer dizer o quê, colo-cando a hipótese da “guerra suja” no caso do Angoche? “Do meu ponto de vista, para se encontrar responsáveis tem de se procurar

saber quem é que lucrava com o ataque ou que objectivos podiam estar por detrás de uma operação deste género”, diz Matos Gomes.

“Havendo um ataque da Tan-zânia a um navio mercante de Portugal em águas territoriais portuguesas, isso justificava uma intervenção das nossas forças no interior tanzaniano”, exemplifica.O chamado “direito de perse-guição” foi sempre uma tensa questão com que Portugal se de-frontou durante a Guerra Colo-nial, nota o militar. “Houve com frequência comandantes-chefes segundo os quais, dentro da ló-gica do pensamento militar, se éramos atacados de determina-do ponto, devíamos perseguir os inimigos até às suas bases, mesmo no estrangeiro, de onde partiam as investidas”, acres-centa. Existe, depois, a visão dos governantes, aos quais cabe medir as consequências políticas desse tipo de acções militares. E que têm de ser pressionados “a tomar determinadas atitudes”.Resumindo para encurtar ra-zões: “Os mandantes do ata-que ao ‘Angoche’ pode ter sido a chefia militar portuguesa ou sul-africana”, diz Matos Gomes. Esta última “porque a fronteira da guerra da África do Sul era a fronteira Norte de Moçambi-que”. Da mesma forma, “a fron-teira Norte da África do Sul do lado do Atlântico era a fronteira de Angola”. Como atrás já se

Quem pôs as duas bombas no “Angoche” sabia bem o que fazia. As explosões, acionadas por relógio, cortaram as comunicações do navio e eliminaram a capacidade de o conduzir

escreveu, ao regime do apar-theid interessava ter a fronteira do conflito o mais afastada pos-sível do seu território.Esta é uma das opções que Car-los Vale Ferraz (ou Carlos Ma-tos Gomes) explana no seu novo romance, ficando ao critério do leitor a escolha da “mais lógica e passível de ter acontecido” na tragédia do Angoche.Para concluir, só falta dizer que o salvado do navio foi vendido, em Março de 1972, a sucateiros de Lourenço Marques. Acabou demolido.

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14 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

A LAM – Linhas Aéreas de Moçambique está a proceder à vacinação dos seus traba-lhadores contra a Covid-19. A campanha de vacinação começou na semana passada nas delegações de Pemba e Quelimane. A acção prosseguiu na sede da empresa, em Maputo, onde estão a ser beneficia-dos trabalhadores da “fron-tline” e os que têm mais de 60 anos de idade. A admi-nistração da vacina na LAM abrangerá todas as áreas e delegações, concretizando-se assim o plano que resulta do bom en-tendimento entre as Linhas Aéreas de Moçambique e o Ministério da Saúde, que tem enviado equipas dos seus pro-fissionais à empresa para procederem a vacinações.Em comentário sobre o processo de va-cinação, o director-geral da companhia, João Carlos Pó Jorge, elogiou a ade-são dos trabalhadores e recomendou as áreas de trabalho e representações, por onde esteja a decorrer a vacinação, para que tomem providências para ga-rantir o envolvimento de todos os tra-

balhadores nesta acção.“É gratificante ter esta abertura do Ministério da Saúde, a quem agradece-mos imenso por nos incluir na lista de empresas com prioridade para a admi-nistração da vacina contra a Covid-19 aos seus trabalhadores. Há muito que desejávamos conseguir tomar esta va-cina. Agora é uma realidade, as condi-ções estão criadas, obedecendo a regras estabelecidas, que é o facto de a vaci-nação decorrer por fases. É gratificante notar a adesão e recomendamos que todos tomem a vacina”, acrescentou.

A Sasol procedeu, há dias, à entrega de 250 mil litros de combustível e 42 mil litros de combustível ao Ministério da Saúde. Apesar de o País registar uma redução considerável do número de ca-sos positivos da Covid-19, internamen-tos e óbitos, quando comparado com os meses anteriores, o surgimento e circu-lação de novas estirpes no mundo, em particular nos países vizinhos, coloca Moçambique em alerta permanente no reforço das medidas de prevenção, face ao eventual surgimento de uma tercei-ra vaga.

Intervindo na ocasião, o ministro da Saúde, Ar-mindo Tiago, agradeceu o gesto da petrolífera, salien-tando que “as doações da Sasol são de extrema im-portância no reforço da ca-pacidade nacional de pre-venção, combate e controlo da Covid-19. Vão assegu-rar que os profissionais de Saúde tenham condições condignas de trabalho e di-minuir o seu risco de con-trair a infecção pelo novo coronavírus”.Segundo o director-geral

da Sasol, Ovídio Rodolfo, “foram inú-meros os esforços que a Sasol desenca-deou, desde o início desta pandemia, junto dos colaboradores e comunidades onde actua, tendo desde cedo apoiado o Governo com uma quantidade con-siderável de desinfectantes à base de álcool. O apoio feito em combustível iniciou em Julho de 2020 com a impor-tação das primeiras quantidades, com o apoio do Ministério dos Recursos Mi-nerais e Energia, da IMOPETRO e da Petromoc, entidades a quem devemos a nossa especial gratidão”.

O reconhecimento resulta dum estu-do realizado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Inter-nacional (USAID) sobre os Recursos Marinhos e Costeiros em Moçambique, que considera a Baía de Nacala um lo-cal de referência pelo potencial do seu ecossistema marinho e costeiro. Divulgada em Abril deste ano, a pes-quisa, que se intitula ‘Avaliação de Mercado dos Recursos Marinhos e Costeiros de Moçambique’, compara o ecossistema da Baía de Nacala a locais como os arquipélagos das Quirimbas e de Bazaruto e a Reserva Especial de Maputo, entre outros.

De acordo com a análise da USAID, a vida marinha na Baía de Nacala é di-versa e habitada por muitas espécies raras: “As ervas marinhas, espalhadas pelos corais, são um viveiro único para uma série de espécies, incluindo peixes--rã, rinoptias, cavalos-marinhos, peixes--cachimbo e outras espécies difíceis de encontrar em outras partes de Moçam-bique.”Desde o início das suas operações, a Nacala Logistics tem estado a investir em recursos e tecnologias para a pre-servação do meio ambiente e de es-pécies nativas na Baía de Nacala. Os projectos ambientais da Nacala Logis-

tics, como o desenvolvimento de recifes artificiais e a con-servação dos mangais, contri-buem para a protecção da vida marinha e melhoram a paisa-gem oceânica.Segundo Paulo Bueno, Gerente de Meio Ambiente da Nacala Logistics, “os nossos projec-tos orgulham-nos por aliar a conservação da biodiversidade marinha e o incremento dos recursos pesqueiros para a sub-sistência da comunidade local.”

A Vale-Moçambique investiu, no ano passado, mais de 290 milhões de meti-cais na aquisição de produtos e serviços em empresas nacionais. O investimen-to, cujo objectivo é reforçar a aposta no conteúdo local, corresponde a 17% do total da verba direccionada a des-pesas da mineradora, anunciou a mul-tinacional. Com base no seu compromisso com o conteúdo local, a Vale permite que haja maior inclusão na cadeia de valor das empresas estabelecidas em Moçam-bique, promovendo um desenvolvimen-to sustentável que beneficia a economia local.Pelo menos 52% dos fornecedores con-tratados em 2020 são empresas locais, que com o apoio da Vale melhoram gradualmente a qualidade dos produtos e serviços que fornecem à empresa. Todos os anos, a minera-dora realiza o ‘Vale Day’, uma iniciativa destinada a fornecedores e potenciais fornecedores para que pos-sam visitar e conhecer as instalações da empresa, bem como todo o processo que envolve a produção do carvão mineral. Ao conhe-

cer o processo de produção do carvão, os fornecedores identificam as princi-pais necessidades da empresa e, desta forma, conseguem elaborar propostas de procurement mais assertivas. Em 2020, a Vale-Moçambique convi-dou 100 gestores de pequenas e médias empresas nacionais para participarem em duas sessões virtuais com o propó-sito de dar a conhecer o seu processo produtivo e acções sociais, de conteúdo local e de sustentabilidade, oportuni-dades de refeitório, cadastro e cadeia de suprimentos. Os fornecedores pas-saram, igualmente, a conhecer o mo-delo da empresa para a elaboração de propostas técnicas e comerciais para o aprovisionamento de produtos e servi-ços.

Decorre vacinação contra a Covid-19 na LAM

MISAU recebe apoio da Sasol para combate à Covid-19 Nacala Logistics orgulha-se pelo

ecossistema da Baía de Nacala

Vale investe mais de 290 milhões em conteúdo local

Marcas em Movimentohttps://t.me/Novojornal

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 15MAGAZINE Independente |

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16 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

Índico Seguros pretende dominar o mercado segurador no País

Economia

Com um capital social de 336 milhões de meticais e lucros de 120% em 2020

Moçambique deve alinhar as suas prioridades de desenvolvimento com a Zona de Comércio Africana

Com 10 anos no mercado de seguros, em dois anos, a Índico Seguros foi eleita a segunda melhor seguradora do País. Em 2020, mes-mo com as restrições da pandemia da Covid-19, a Índico Seguros encaixou um lucro de 120% e um capital social de 336 milhões de meticais.

O ano passado foi atípico devido à Covid-19, que fragilizou a eco-nomia do País, empurrando 57 mil trabalhadores ao desempre-go. No pico da pandemia, 2.245 empresas encerraram as portas. Mas nem tudo correu mal, o mercado de seguros conseguiu reinventar-se. É o caso da Índico Seguros, que conseguiu expandir a sua rede de clientes em 120%. Durante o ano de 2020, a Índico Seguros conseguiu terminar a ex-pansão dos seus serviços em to-das as capitais provinciais, tendo iniciado uma nova expansão nos distritos turísticos e/ou de refe-rência em algumas províncias, tal como a abertura da nova agência da Índico Seguros no distrito de Vilankulo, província de Inhambane. Por outro lado, a seguradora lan-çou um serviço inovador denomi-nado Agência Móvel, que percor-re toda a região Sul em busca de clientes, com preços atractivos, com destaque para o seguro au-tomóvel válido por 30 dias.Aliás, somente na componente seguro automóvel a Índico Se-guros possui uma carteira de 54 milhões de clientes, tendo obtido um lucro de 667 milhões de me-ticais, correspondente a 67% dos lucros. Estes números também representam um crescimento fi-nanceiro de 50%, só em 2020. Para além dos encorajadores lucros que a seguradora obteve em 2020, esta decidiu inovar no mercado, apostando no seguro de saúde, que é um serviço com-plexo devido aos altos níveis de risco, que variam entre os 100% e 63%. Mas a Índico Seguros op-tou por este segmento de merca-do devido ao cash flow gerado no seguro de saúde. E para desafiar e dominar o mercado de seguro de saúde, a Índico Seguros contratou dois médicos que trabalham a tem-po inteiro, estabeleceu parcerias com um grupo de hospitais de renome na Índia, África do Sul e Portugal, de modo a responder às necessidades do mercado.

Queremos ser a melhor seguradora do País

Segundo o Administrador Finan-ceiro da Índico Seguros, Olívio Melembe, em 2020 a segurado-ra foi eleita a melhor do País, devido à qualidade de serviços que oferece aos seus clientes, como também foi eleita a séti-

ma melhor empresa de Moçam-bique, com base na pesquisa da KPMG.Questionado sobre o crescimen-to da seguradora na ordem dos 120% num ano atípico como 2020, Melembe disse que “nós como seguradora assumimos o

risco, sendo essa a razão da nos-sa existência- aceitar sempre o risco, mas também devemos ter capacidade financeira para cobrir estes riscos”. Olívio Melembe apontou ainda que estiveram acima dos indica-dores prudenciais impostos pelo Instituto de Supervisão de Segu-ros, sendo este um factor claro

de confiança a nível do mercado, no qual a Índico Seguros agrega valor às famílias e empresas. O Administrador Financeiro da Índico Seguros disse ainda que a seguradora pretende ser a me-lhor e maior do País, porque em dois anos conseguiram ser eleitos a segunda melhor seguradora do País. “E quero acreditar que de-

A vice-ministra da Indústria e Comércio, Ludovina Bernardo, defende que a oferta tarifária e a lista de compromissos que Mo-çambique vai liberalizar, no âm-bito da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), devem estar em linha com as prioridades de desenvolvimento nacional e as políticas e estraté-gias em vigor no País.Criada em Março de 2018, em Kigali, Ruanda, durante a X Ci-meira Extraordinária da União Africana, com o objectivo de introduzir um mercado único de mercadorias e serviços, a fim de aprofundar a integração eco-nómica do continente, a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) está em vigor desde o dia 1 de Janeiro de 2021.Apesar de ter sido um dos pri-meiros países a assinar o acordo de adesão, Moçambique ainda não o ratificou, estando em curso estudos de avaliação do impacto, bem como a elaboração da estra-tégia nacional de implementação que permitirão ao País tirar me-lhores vantagens a médio e longo

prazo.“A ratificação não é apenas uma decisão política. A estratégia nacional de implementação da Zona de Comércio Livre Conti-nental Africana que o Governo vai adoptar deverá ter um plano de acção realista e faseado. Mo-çambique pretende continuar a construir a sua geografia de de-senvolvimento económico multi-lateral integrando cada vez mais a sua economia em África e no mundo, aproveitando as lições dos outros processos de integra-ção”, disse a governante.Segundo Ludovina Bernardo, Moçambique pretende ser uma referência competitiva dos ser-viços de logística e infra-estru-turas portuárias, corredores de desenvolvimento, turismo, industrialização, especialização e modernização tecnológicas, pesquisa aplicada, distribuição estratégica de energia, inclu-são e participação das micros, pequenas e médias empresas (MPME), desenvolvimento da capacidade empreendedora de jovens e mulheres, facilitação

de comércio como parte estru-turante da melhoria do am-biente de negócios, entre outras áreas.Apesar dos desafios, segundo a vice-ministra da Indústria e Comércio, a Zona de Comér-cio Livre Continental Africana afigura-se importante e traz inúmeras oportunidades para Moçambique, em particular no que diz respeito à competitivida-de existente nos sectores priori-tários, ao incremento de receitas e à competitividade diferenciada do sector privado nacional.Ludovina Bernardo falava du-rante a III Mesa-Redonda Eco-nómica Moçambique-União Europeia, que decorreu semana passada, na cidade de Maputo, sob o lema “A Zona de Comércio Livre Continental Africana: um Factor de Mudança para o Con-tinente e para Moçambique”.Importa realçar que a III Mesa--Redonda Económica Moçambi-que-União Europeia estava inse-rida nas actividades da Semana da Europa, e, em particular, da celebração do dia 9 de Maio, Dia

da Europa.Na ocasião, o embaixador da União Europeia em Moçambi-que, António Sánchez-Benedito Gaspar, considerou que a cria-ção de um mercado único no continente africano é um pro-cesso irreversível, sendo por isso necessário que Moçambique se preocupe em saber como e o que fazer para tirar benefícios des-te “projecto tão ambicioso de criar uma zona integrada de comércio livre de barreiras em África”.“O século XXI vai ser de Áfri-ca. O processo de crescimento económico antes da Covid-19 era muito forte, sendo que seis das 10 economias que mais cresciam no mundo eram afri-canas, incluindo nos últimos anos. Estou certo de que esta tendência vai manter-se. Mo-çambique está muito bem po-sicionado para aproveitar estas oportunidades porque possui muitos recursos humanos, mate-riais e uma localização geográfica estratégica, que são aspectos fun-damentais”, referiu o diplomata.

Segundo a vice-ministra da Indústria e Comércio

vido aos índices que temos vindo a alcançar possamos ser a melhor seguradora de Moçambique”, re-feriu.Por outro lado, o PCA da Ín-dico Seguros, Mário Sitoe, disse haver condições no mercado de modo que nos próximos três anos a seguradora possa ser eleita a melhor e maior de Moçambique. “Olhando para a prevalência da Covid-19 no mundo e o início do processo de vacinação que vai ajudar no fortalecimento da imunidade das pessoas acredita-mos que a actividade económica possa florescer cada vez mais”, disse o PCA, estabelecendo um paralelismo com as restrições da Covid-19, em que a seguradora conseguiu superar os índices de 2019 em 2020. “Aliás, a actividade seguradora é compatível com os impactos da pandemia porque as pessoas ade-rem aos diversos tipos de seguro, com destaque para o seguro de saúde”, enfatizou.

Mário Sitoe

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 17MAGAZINE Independente |

Saída da Technip FMC é o prenúncio do fim da exploração do gás

Segundo a economista Mapisse e o deputado Bismarque

CONSILMO quer trabalhadores por conta própria no sistema de protecção social

Economia

Até aqui, pelo menos duas empr e s a s s ubcon t r a t a -das pela Total para o seu projecto de gás natural li-quefeito começaram a des-montar e remover a infra--estrutura em Palma.Trata-se da francesa Tech-nip FMC que encarregou uma empresa sul-africana,

a Bridge Maritime, de des-montar e retirar o equipa-mento para as Ilhas Mayot-te, no Oceano Índico, onde a Total espera criar uma base logística para as suas operações offshore em Mo-çambique, dada a deterio-ração da situação de segu-rança na província de Cabo Delgado.Para além da Technip, a Saipem, outra subcontra-tada da Total, estará tam-bém a retirar o seu equi-pamento da península de Afungi.Segundo a economista e es-pecialista em indústria ex-tractiva, Inocência Mapis-se, a saída da Technip põe em cheque todas as expec-tativas ao nível económico e social e empresarial.De acordo com a especia-lista em indústria extracti-va, a saída destas empresas vem contrariar duas infor-mações importantes, sendo que a primeira delas foi da saída temporária da Total, justificada por força maior, até que se restabelecesse a estabil idade, informação que foi secundada pelo Ins-

tituto Nacional de Petró-leos. Para Mapisse, o facto da Technip estar a desmontar as infra-estruturas mos-tra que esta saída não é tão temporária como se fez passar a informação e pode criar um efeito dominó. “Desmontar equipamentos significa custos, que podem ser de transporte e depois

da remontagem. Mais do que isso, existe um outro custo que é implícito que é o custo de expectativas”, disse Mapisse, frisando de seguida que este desmante-lamento da infra-estrutura pela Technip passa uma mensagem ao empresariado nacional e também a nível internacional, pondo em causa a classificação finan-ceira de Moçambique nos vários ratings internacio-nais.Mapisse salienta que a de-sassociação da Tecnip da Eni, que é neste momento a única pomba que Moçambi-que tem na mão, por ser o único projecto que tomou o FID, é muito crítica e mos-tra que alguma coisa não vai bem e que o calendário do projecto será definitiva-mente afectado.

“É um mau sinal”- Fernando Bismarque

Por seu turno, o deputado Fernando Bismarque afirma ser um mau sinal a saída da Technip FMC do projecto da Eni.

A retirada da Technip FMC do projecto de gás liderado pela Eni mos-tra que o regresso da exploração do recurso não será para breve e põe em causa a classificação financeira de Moçambique nos vários ratings internacionais, defende a economista Inocência Mapisse e o deputado Fernando Bismarques.

“É um mau sinal e demonstra que não será reatado em breve o projecto da Total”, frisou o deputado, salientando que isto remete a uma reflexão profun-da sobre a questão da estabi-lidade no Norte do País. De acordo com Bismarque, isto mostra que o País devia pôr o orgulho de lado e acei-

Estimativas da Confederação Nacional dos Sindicatos Livres de Moçambique (CONSILMO) indicam que pelo menos 17 mi-lhões de pessoas, que perderam emprego, encontraram no sector informal uma saída, desafiando o sistema de protecção social a en-contrar melhores estratégias para a integração dos Trabalhadores por Conta Própria. Falando à imprensa, Jeremias Timana, Secretário-geral da CONSILMO, disse que os sin-dicatos livres estão a trabalhar com o intuito de garantir maior integração dos Trabalhadores por Conta Própria e por conta de outrem no sistema de protec-ção social.Estima-se que cerca de 17 mi-lhões de pessoas que perderam emprego tenham encontrado a solução de trabalho no sector in-formal, segundo avançou há dias a Confederação Nacional dos Sindicatos Livres de Moçambi-que, no âmbito da divulgação da campanha de advocacia para a adopção de uma Estratégia Na-cional de Segurança Social Obri-gatória no País. O Secretário-geral da CONSIL-MO reconhece que existem ainda muitos cidadãos assalariados e/ou a trabalhar por conta própria que ainda não estão abrangidos pela Segurança Social, estando por conseguinte em situação de vulnerabilidade a riscos sociais, daí a necessidade de maior en-volvimento da sociedade nesta campanha de consciencialização para a adesão à Segurança Social

obrigatória.Dados do Ministério do Traba-lho e Segurança Social indicam que o comportamento dos di-versos indicadores e acções que influenciaram o mercado de tra-balho nas dimensões de protec-ção social, no período referente ao segundo trimestre de 2020, registou um aumento de 8,9% e de 27,1% em relação ao período anterior e homólogo, respectiva-mente. Os mesmos dados indicam que no concernente ao total dos Tra-balhadores por Conta Própria activos no Sistema de Segurança Social, ao longo do trimestre em análise, a sua inscrição registou uma redução de 23,1% e 24,0% em relação ao trimestre anterior e homólogo, respectivamente, sendo de destacar Maputo-cida-de que registou um aumento de 61,3% no período anterior. Os dados do MITESS revelam que Maputo- cidade e Maputo-

-província contribuíram com 32,4% e 15,7% do total de traba-lhadores inscritos no período em análise, respectivamente, e Tete com apenas 2,5%. Os dados em alusão referem igualmente que a cidade de Ma-puto concentrou 16,5%, seguida de Inhambane e Maputo-provín-cia com 15,6% e 15,4%, respec-tivamente, enquanto Niassa con-tribuiu com apenas 2,1%.Outrossim, a distribuição dos Trabalhadores por Conta Pró-pria activos no sistema por re-giões mostrou que o Sul concen-tra 60,8%, o Centro 31,2% e o Norte 7,9% do total. Os mesmos dados do INSS indicam que o INSS cobre actualmente mais de 1.600.000 trabalhadores por conta de outrem e por conta pró-pria; mais de 100.000 mil pensio-nistas de diversos ramos, e paga por ano cerca de 14.000 casos de subsídios, mostrando-se hoje es-tar a caminho da sua maturida-de e robustez financeira para res-ponder cabalmente a sua missão.Importa salientar que o Sistema de Segurança Social Obrigató-ria, gerido pelo INSS, foi criado pela Lei nº 05/89, de 18 de Se-tembro, com o objectivo de ga-rantir a subsistência dos traba-lhadores em situação de falta ou diminuição de capacidade para o trabalho, nos casos de doença, maternidade, invalidez e velhice, assim como a subsistência dos familiares sobreviventes, em caso de morte dos referidos trabalha-dores ou pensionistas.

Aida Matsinhe

Cerca de 17 mil trabalhadores encontraram no sector informal uma saída

Elísio Muchanga

tar o apoio.Mais a fundo, Bismarque sa-lienta que a situação em Cabo Delgado revela que durante muito tempo ignorou-se o in-vestimento nas FADM e ape-trechou a FIR para intimidar os jornalistas e a população, em detrimento das FDS. “Não se olhou para o inves-timento, formação e capaci-tação nas Forças de Defesa e Segurança e politizou-se o Exército, e o resultado é esteꓽ temos um Exército fragiliza-do”. “Isto revela que a situação

está longe de voltar à norma-lidade. A saída das empresas subcontratadas só prova que a narrativa do Governo de que a saída é temporária cai em saco vazio”, diz o deputa-do.No entanto, o académico Sil-vério Ronguane lamenta a saída da Technip e salienta que todos os esforços para que a situação não saísse do controlo ruíram, havendo ne-cessidade de redobrar esforços para estancar o terrorismo na província, o que passa por ob-ter apoio, seja da SADC.

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18 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

O futuro do gás continua adiado e parece que a viagem de Filipe Nyusi a França é para tentar tornar este futuro mais próximo do pre-sente. Mas antes de aviar as malas para Paris, o Presidente da República deixou-nos mais uma pérola. Não tão inspirada como quando disse que os leões invadiam machambas para comer maçarocas, mas com a mesma virulência que criticou “…os estrangeiros que bem protegidos levam de ânimo leve o sofrimento de quem os protege”. Esta frase foi o primeiro tiro dos ata-ques contra o Bispo de Pemba forçado a voltar ao Brasil-Natal. Desta vez, diante de todo Corpo Diplomático acreditado no País, deixou mais uma pérola de fazer inveja ao Inimigo Público. Outra vez o tema foi Cabo Delgado, foi ajuda externa. “Havendo vontade que um país soberano tenha, um país com bandeira… (não pode) usar meninos de recados para falar com o Governo, salvo se a diplomacia esteja a falhar neste país”. E depois ficamos todos a perguntar-nos se esta coisa de não querer “meninos de recados” também vale para os que falam em nome dele, incluindo os que são directores não executivos, um eufemismo de salário pago por nada. Joseph Hanlon também costuma a ser acusado de menino de recado e deve estar a divertir-se com Ivone Soares depois das convulsões da declaração sobre o que move a insurgência com a qual fizemos capa há duas semanas. A declaração rendeu um texto de 100 mil laudas de um outro menino do recado - com idade já para ser avó - num exercício infrutífero de disparar contra o correio depois de a mensagem ter seguido viagem. E esta semana os canos vão estar apontados para Raúl Domingos, que diz que o comando vermelho é mes-mo comando vermelho. Todos dirão que é ingrato, afinal o “tacho” Conselho de Estado podia lhe ocupar à boca. Roberto Chitsondzo, que sabe bem das nossas he-ranças, deve estar a falar sobre isso nesta conversa que também vemos Teodato Hunguana, um histórico da Frelimo que anda desaparecido. Lá para as bandas da Bela Rosa outros ventos sopram a pedir mudança. Com a morte da Renamo e do MDM, será esta uma alternativa a Frelimo? A ver vamos. Mas, enquanto o CC - de Conselho Constitucional e não de Comité Central – for um braço jurídico de quem está no poder, será caminhar sobre brasas com um balde de água na cabeça. Já nem com a Ordem dos Advogados se pode contar, o bastonário está tão apagado que nos faz pensar no preço do silêncio.

Os meninos de recados

Magazinadas Texto: Elton PilaFotos: Nilton Cumbe

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 19MAGAZINE Independente |

Adelina Pinto

Fica difícil o que desejar para alguém tão espe-

cial como tu. Amigos já tens aos montes, que Deus conserve a família linda e competência no que fazes. Só posso desejar que Deus

multiplique tudo de bom que já possuis e

que realizes os sonhos d o t e u coração, aqueles que somente tu sabes dizer. Por mais um ano de vida sempre com dedicação, um feliz aniversário com muito êxito porque hoje quem brilha és tu. Parabéns!

Princesa do tio, parabéns pelo teu aniversário

cheio de paz! Que os sentimentos mais puros se concreti-zem em gestos de bondade e que os amiguinhos en-

contrem abertas as portas do teu cora-

ção. Que possas guar-dar deste aniversário

as mel- hores lembranças e que tudo contribua para a tua felicidade. Desejo-te a maior alegria e contes muitos anos e que eu atravesse todos eles ao teu lado.

Que o teu dia seja tão lindo quanto o teu sorriso e tu,

e que ofereças tanta felicidade quando a tua amizade. Que a alegria te acom-panhe por todos os momentos e que Deus continue gui-

ando todos os teus passos e iluminar cada

vez mais os teus pensa-mentos. Faças com que a

tua simpatia possa contagiar ainda mais pessoas, pois tu és uma pessoa de muito brilho e a humildade merece que a tua luz seja compartilhada. Votos da tua tia Lexa.

Maida

Telma

Latifa

Marlen

Ana

Nada melhor que este dia seja como o sol

a brilhar com toda a intensidade, plenitude e ma-gia. Nada mel-hor que o teu irmão mostrar as qualidades

que mereces. Desejo-te toda a

felicidade do mun-do. Que neste dia tão

e s - pecial o Senhor esteja na tua frente para te mostrar o caminho certo. Que possas guardar deste an-iversário as melhores lembranças e que este e muitos aniversários te tragam muitas alegrias!

É um grande privilégio ter alguém como tu,

mas para dizer a verdade sem-pre olhei para ti como se fosses minha irmã. Aprendi con-tigo o valor da simplicidade

e humildade e sou uma pessoa

melhor graças a ti. Q u e todos os dias da tua vida possam ser presenteados pelo destino com toda a felicidade que o teu coração transportar. E quando o mundo tentar mudar e transportar algo que tu não és lembra-te que o nosso sentimento por ti nunca mudará. Parabéns!

Eu poderia ficar a vida inteira falando das

tuas qualidades como irmã, prima e também como ser humano. Passaria se qui-sesse mil vidas, agradecendo

tudo que tu fizeste por mim. Foi con-

tigo que adoptei a compaixão um do outro

para ser uma pessoa melhor. Não deixarei passar nem um dia sem re-conhecer que hoje não seria o mesmo ser humano se tu simplesmente não tivesses sido essa pessoa que hoje me tornei.

Colega e amigo, o teu aniversário

passou sem te desejar para-béns. Porque e s t i v e m o s à procura, navegamos pelo mundo

na esperança de uma men-

sagem especial para ti e somente

hoje é que conseguimos. Afinal fazer aniversário é ter a chance de fazer novos amigos, ajudar mais pes-soas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas. Parabéns neste dia tão grandioso!

Stella

Eusébio

Helena Não sei se declaro, hom-

enageio ou agradeço. Se for para declarar diria que não há nada para contar. Se for homenagear gostaria de oferecer-te o brilho das estre-

las e o caminho do calor do sol e tu ficarias

muito mais consciente desse meu gesto. Mas prefiro

agradecer a Deus pela tua amizade, dizer a Ele que foi o melhor presente que recebi na minha vida. Que tu és um ser iluminado que consegue trazer o mundo com carisma. Parabéns!

Hoje celebraremos em grande estilo e com

tudo que tu tens direito, pois não existe no mundo filha mais aten-ciosa, carinhosa e presente que tu. Eu não me

lembro de passar um dia inteiro sem

a tua companhia, por pouco tempo que

fosse. O tempo passa rápido e muitas vezes estamos tão ocupados vivendo momentos que acabamos esquecendo que dele depende o nosso futuro. Votos da tua mãe Maida.

Ayla

Aniversariantes & Noivos email:[email protected], [email protected] ou WhatsApp 842793140

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20 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

CulturaJapone Arijuane

A poesia é uma janela aberta à terra prometida

São seis anos que separam “Dentro da Pedra ou a Me-tamorfose do Silêncio” e este “Ferramentas para Desmontar a Noite”. O que significou este tempo?

Amadurecimento e aprimora-mento do método poético, a poesia é para mim um método de vida. Neste período estive a ler e a reler, o que me permitiu, como uma abelha, extrair o pólen das flores que murcham em bi-bliotecas e compor o mel, este livro. Um livro que pretende saquear o ventre da noite e dar vidas a coisas inanimadas den-tro da noite. Ainda este intervalo permitiu--me ver as coisas de um ponto de vista distante, sem, no en-tanto, estar fora delas. Foi e é um tempo necessário para meu processo de criação, que é deve-ras introspectivo.

Um processo de criação intros-pectivo, mas sentimos neste livro um sujeito poético muito atento ao que lhe acontece à volta…

É como diz Vinicius de Mo-raes: “com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poe-sia”. Eu vou misturando o passado e o presente para ver se chego ao profético, como chegou Craveirinha. (risos)

Quem leu “dentro da pedra…” encontra um outro Japone neste “Ferramentas para desmontar a noite”. Como lhe chegaram as vozes para este segundo livro?

Pode ser que sim, pode ser que não. O facto é que, neste livro, tentei ser outro, sem, no entan-to, deixar de ser eu mesmo. É um livro feito de várias vozes que conversam entre si e juntas procuram uma outra voz, mais autêntica, a da liberdade. Perguntas-me onde as encon-tro? São vozes que me invadem o quotidiano, vozes que mesmo

silenciosas fazem barulho, vozes do passado e do presente, vozes de um país que não pára de cho-rar. Vozes plantadas de terror de Cabo Delgado a Gorongosa, vozes libertas na hora do almoço na Sommershield.

Porque queria ser outro neste livro. A voz do primeiro já não lhe identifica?

Na verdade, nunca deixei de ser eu, apenas aprimorei mais ainda este “eu”, cavei mais fun-do a minha existência, despi--me de todos outros “eus” e fui ao encontro das raízes do que sou de facto e, introspectiva-

mente, julgo ter-me achado. Não é tarefa fácil, como é ób-vio, por isso precisei seis anos garimpando dentro de mim até chegar ao tutano do meu “eu” poético.

Olho “Ferramentas para desmontar a noite” ocorre-me “Para uma cartografia da noi-te” de Taruma e “Descrição das sombras” de Bonde. Afinal, que encanto tem a noite?

Podia também falar de “No coração da noite” de Arman-do Artur e outras noites que andam por aí, algumas mais noites que as outras, mas não

Seis anos depois do primeiro livro, Japone Arijuane tirou do prelo “Ferra-mentas para desmontar a noite”. Um livro pejado por esta angústia de quem vive num país ensombrado e assombrado pelos fantasmas das guerras e tudo o que ela permitiu. Mas também pelas promessas desvanecidas da madruga-da de Junho em nome do culto de personalidade que as guerras legam.

Elton Pila

há relação. Para mim a noite é uma incógnita, pode ser que seja para outros e o seu encan-to reside precisamente nesse misticismo. Julgo que ninguém conhece a noite ao ponto de descrevê-la de cor. É a noite onde deixamos as aparências e tornamo-nos a essência de nós próprios, nós enquanto seres in-significantes que somos, despi-dos de vaidades e egos, a noite é o lado lúdico da vida. Um en-saio à morte. Porém, no livro, a noite aparece como a metáfo-ra de tudo que nos desmonta a felicidade: a guerra, a pobreza, o nepotismo, a corrupção, todo esse ensaio para a loucura que esse país de loucos nos impõe.

A noite é uma metáfora em que cabe tudo. Afigura-se um espaço de medos, angústias, ódios, mas também de silêncio, prazer, descanso. Que relação tem com a noite para ao ponto de a querer desmontar?

Uma relação de ruptura, de desmontar, o que remete, logo a posterior, ao montar de novas luzes, uma clarida-de às coisas belas da vida. É um desmontar para montar o amor, o amor à vida, o amor aos outros, que somos todos nós; o amor às coisas; o amor ao próprio amor. O amor é tudo que nos pode libertar deste abismo que, metafori-camente, chamo de “a noite”, meu caro!

Parece-me “Ferramentas para desmontar a noite de Junho” o título completo do livro, os poemas desta parte, mas tam-bém de grande parte do livro, mostram um sujeito poético de-siludido com os rumos do país, longe das promessas que ani-maram a luta que sugeria outra vida no pós-independência. Mas Japone nasceu em 87, 12 anos depois da independência, que relação tem com esse período?

Nossas vidas, todos nós en-quanto seres humanos oriundos desta parte da terra chamada Moçambique, independente-mente da nossa idade, funda-mentam-se neste mês, o da independência, neste Junho utópico que nos embalou o co-ração e hoje nos embaraça a alma. Era suposto que toda essa suposição que nos impõe a viver ficasse para história. A independência não faz sentido algum quando se coloca em causa as liberdades fundamen-tais do homem, nem a igualda-de faz sentido quando não exis-te a equidade. Este é um livro que quer dizer poeticamente o que com poesia já não se diz.

“… é preciso amadurecer o sol/ reinventá-lo às costas da noite”, a poesia é este espaço de rein-venção da vida, da realidade?

A poesia é uma janela aber-ta à terra prometida, a terra que nos foi prometida ao nas-cermos e que nós promete-mos aos nossos filhos quando nascem. Podemos, poetica-mente, reinventar a realida-de, mas importa transformá--la, precisamos transformar a realidade, adequá-la ao nosso bem-estar, mas enquanto es-crevermos para o silêncio das livrarias e o mofo das biblio-tecas difícil será transformar essa realidade que vivemos.

Há um verso assim “estamos todos mortos dentro do nosso silêncio/ urge amassar gritos para acordar o pão”. Neste livro parece-me mais comprometido com o carácter político, sem desprimor do estético, da Arte, da Poesia. O que lhe levou a esta consciência?

A realidade actual exige essa consciência. É preciso que as pessoas saibam que quando fal-ta pão, transporte, educação, de forma endémica e sistemáti-ca, é um problema de políticas doentias. Alguém substituiu os neurónios pelo estômago na hora da decisão, e é estranho como isso é tão óbvio e muita gente finge não saber.Neste livro procurei não falar de borboletas e tulipas, mas de aspectos que assombram o nosso dia-a-dia e minam-nos o futuro, enquanto humanos e, em particular, moçambicanos. Porém, sinto que há neste livro um investimento maior à pró-pria poesia em si, não adianta falar de adversidades político--sociais sem usar a poesia, como disse no início dessa con-versa, a poesia é para mim um método de vida.

No actual contexto, como diria Brecht, falar de árvores é quase um crime, como se fechássemos os olhos às injustiças?

Principalmente, para um país como este onde parece haver uma apetência para atrocida-des. Acredito que a única res-ponsabilidade revolucionária de um poeta é escrever bem e melhor, se não o fizer, alegando questões alheias a esse propósi-to, então esse poeta deve, ime-diatamente, resignar-se e aban-donar a poesia. E porque me vejo com essa responsabilidade cabe a mim apenas cumpri-la, trazendo poeticamente essas ferramentas para desmontar a noite que nos assombra.

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 21MAGAZINE Independente |

Agenda CulturalA Fundação Fernando Leite Couto acolhe a peça teatral “Pois é, Vizinha”, no dia 20 de Maio pelas 18:30H. É Uma comédia que nos apresenta as relações humanas de forma clara e directa, fazendo com que repensemos a nossa própria vida.

A banda Ghorwane vai reabrir a temporada de con-certos do Centro Cultural Franco Moçambicano no dia 21 de Maio, com o espectáculo “Timissela”.

O Centro Cultural Brasil Moçambique vai apresentar no dia 21 de Maio, pelas 18H, a conversa do Jorge Dias e Genivaldo Amorim, desta vez a palavra do ar-tista terá o tema “Cultura no meu quintal”.

Vai decorrer no dia 24 de Maio, pelas 18H, no Cen-tro Cultural Franco Moçambicano a apresentação do filme com título “Como meninos”, de Julien Hallard (Franca, 2017), falado em francês com legenda em português.

zz Tembo – Dá forca ao Homemzz Diabetes zz Hemorróideszz Sorte no Trabalhozz Tensão Altazz Sucessos nos negócioszz Impotência sexualzz Ejaculação precocezz Recuperar amor perdidozz Mulher ter sorte com homemzz Pessoa que faz xixi na camazz Dá sorte a pessoas que não temzz Resolve conflitos conjugaiszz Asmazz Paralisiazz Menstruação prolongadazz Dores das pernas

zz Protege o corpo e empresaszz Faz subir de cargozz Faz acabar problemas do tribunalzz Resolve problemas de gravidezzz Resolve problemas de amorzz Tira maus espíritoszz Devolução de bens roubadoszz Sucessos nos exameszz Diminuir barriga (estética)zz Borbulhas no pénis zz Comichãozz Dores das ancas e dores de cabeçazz Ser apertado com espíritos anoitezz Sonhar a fazer sexozz Deixar de fumar

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Mas em contraponto Charles Baudelaire diz que a poesia deve ter como objectivo apenas ela mesma, sob o risco de ser uma merda. Como olha isso?

Bom, para mim, esta é uma definição primária do que é e o que dever ser e como escrever a poesia, quando se chega ao que é a poesia de facto, apenas é. Mário Quin-tana diz que “a poesia não se entrega a quem a define”. Para mim o que é poesia já o é, independentemente do que trate. O que eu tento fazer é dar sentido poético a um leque de fenómenos do meu dia-a--dia (do passado e presente), que acabam sendo fenómenos de todos nós. Indago, poe-ticamente, as questões que afligem a alma, questões que gostaria ver de outra forma, como diz Balzac “o amor é a poesia dos sentidos. Ou é su-blime ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia-a-dia”.Bom, se eu fosse um cidadão num país normal, um país em que as questões de estô-mago estivessem já ultrapas-sadas, num país onde não se ouvem disparos, onde não existissem vilas e distritos in-teiros sendo tornados reféns da pólvora e da estupidez humana, nem pessoas sendo transportadas como gado, te-nho certeza que minha poesia

seria diferente. Isto porque, enquanto artista vivo numa sociedade com suas carências e características, e sempre, querendo ou não, essas mar-cas reflectem-se na minha arte. É como diz esta Pessoa chamada Fernando “Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflecte o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos

alegres é triste”.

A dado momento escreve “O amor são os outros” e parece uma antítese de “o inferno são os outros”. Tem ainda fé na humanidade?

Tenho fé e esperança na hu-manidade e no homem e no futuro, senão não me matava a escrever livros.

“… perdido a pescar o velho e o mar sem infortúnio da espin-garda”, uma referência a Ernest Hemingway cuja vida é uma prova de que a literatura não cura as dores da alma.

Para os que a consomem, a literatura pode curar as do-res da alma, ou seja, a poesia quando bem conseguida tem a função terapêutica, porém, para quem a faz dá-se um sentido inverso, às vezes, que são todas vezes, vivemos as angústias dos outros, e são essas dores alheias que carre-gamos que nos sobem à alma ao ponto de se desejar o bei-jo fatal de uma espingarda, como fez o velho Hemingway. Todavia, hoje, mais do que nunca, o mundo precisa da poesia para se curar dessa loucura instalada na nossa vista e destilada na hora do telejornal e nas redes sociais. Para se curar desse vírus chamado pânico e angústia que nos foi instalado no ros-to.

Ana Mafalda Leite fala, no pre-fácio, de um Sísifo. Lembrou--me de uma frase que Patra-quim colocou à boca de Albert Camus: é preciso imaginar Sísifo feliz. Imagino o labor poético como este empurrar a pedra para o alto sem nunca a termos fixa. É feliz enquanto escreve?

Em parte, sou e isto depende muito do texto, há textos an-gustiantes e que são precisos vivê-los escrevendo-os e ou-tros mais alegres. Contudo, sou mais feliz quando leio, so-bretudo quando leio o que eu mesmo escrevo e surpreendo-

-me com isto, felizmente isso acontece sempre que volto aos meus dois livros até aqui lançados. Julgo a leitura ser a graciosidade da literatura, aliás, sem a leitura não há literatura, por isso sou feliz lendo e surpreendendo-me co-migo mesmo e com os outros quando os leio, os outros sim, aqueles que fazem parte da minha família poética. Quais? Alguns já cá estão citados.

O teu livro de prosa teve men-ção honrosa no Prémio Eugénio Lisboa. Uma prova de que a poesia não te acantona ou que está no caminho certo da prosa?

Bom, na verdade a poesia con-tinua, mesmo na prosa, como disse: a poesia é meu método de vida. Durante esse tempo de militância literária, apesar de me apaixonar pela poesia, nunca me desgrudei da prosa, li mais prosa que a poesia, e vi-nha já dando sinais disso, escre-vendo crónicas e contos, então decidi avançar para uma em-preitada mais densa. O prémio Eugénio de Lisboa serviu para medir a qualidade desse atrevi-mento. O que hoje me tranquili-za é saber que consegui chamar atenção do júri com o primeiro livro e lá já vão outros ainda inéditos, estou a aprimorar mais a técnica, a ler os clássicos, a experimentar técnicas poéticas na prosa, e julgo-me ter alguma coisa para mostrar.

Os dias que vivemos são dias de poesia ou de prosa?

São dias para literatura e a arte no geral. Precisamos reinventar novos mundos e os novos mundos a arte tem de sobra.

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22 MAGAZINE Independente Terça-feira | 18 de Maio 2021 |

DesportoChaquir Bemat já não é treinador do Ferroviário de Nampula

Ciclismo no “Africano” do Egipto

Mais uma chicotada no Moçambola

Fer. Maputo vence Costa do Sol no “clássico” da ronda

Mussá Osman novo treinador do Matchedje de Maputo

Mais uma chicotada no Moçam-bola. Chaquir Bemat já não é trei-nador do Ferroviário de Nampula, alegadamente por maus resulta-dos. Nos cinco jogos realizados, o jovem técnico conseguiu apenas uma vitória, somando três pontos e deixando o clube na 12ª posição do campeonato.

Moçambique, mesmo com o des-calabro da modalidade do ciclis-mo, deverá participar no campeo-nato africano de ciclismo de pista, em juniores, a ter lugar no Egipto, em Setembro do ano em curso, se-gundo deu a conhecer Dalilu Calu, presidente da Federação Moçam-bicana de Ciclismo (FMC).

A formação principal do Matched-je de Maputo já trabalha sob as ordens do experiente técnico Mussá Osman, contratado recen-temente para substituir Danito Nhamposse, que deixou o clube militar para orientar o Incomáti de Xinavane.

Carlos Manuel, ou simplesmente mister Caló, é o novo treinador da equipa principal de futebol da União Desportiva do Songo (UDS). Caló substitui Nacir Ar-mando que na semana passada foi dispensado do comando técnico da equipa, alegadamente por maus resultados.

O Ferroviário de Maputo venceu o Costa do Sol, detentor da 6ª jornada do Moçambola-2021. O Fer. de Lichin-ga goleou o Matchedje de Mocuba, por 4-0. O Fer. de Nacala bateu a LDM, por 1-0. O Incomáti venceu o Ferroviá-rio de Nampula, por 1-0.O Textáfrica empatou com a UDSꓽ o Black Bull venceu o Desportivo por 3-0 e o Fer. da Beira venceu a ADV, 1-0.

Vai germinar um altíssimo Centro Técnico no Zimpeto

Que pode virar cidadela desportiva

Alfredo Langa

O Governo, através do Secre-tário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, feli-citou a Federação Moçambi-cana de Futebol (FMF) por esta colocar à disposição as instalações da Academia Má-rio Esteves Coluna (AMEC) da Namaacha ao serviço do desporto, sendo que a SED, por sua vez, vai entregar as referidas instalações ao Co-mité Olímpico de Moçambi-que (COM) como novo gestor e transformá-las em Centro de Alto Rendimento. Foram signatários do compromisso o presidente da FMF, Feizal Sidat, e a directora-geral do Fundo de Promoção Despor-tiva (FPD), Amélia Cabral Chavane. Entretanto, semana passada, a FMF recebeu oficialmente da Secretaria de Estado do Desporto (SED) um espaço de 10 hectares, no perímetro exterior do Estádio Nacional do Zimpeto. O local destina--se à implantação, de raiz, de um Centro Técnico Nacional para lapidar, potencializar e profissionalizar o futebol mo-çambicano. A assinatura do termo de en-trega foi feita pela directora--geral do Fundo de Promoção Desportiva (FPD), Amélia Chavane, e o pelo presidente da FMF, Feizal Sidat.

Com um total de 15 mil me-tros quadrados, prevê-se, naquele espaço, a edificação de diferentes tipos de infra--estruturas desportivas e ad-ministrativas, como campos de treino de futebol com di-mensões padrão (um de rel-va natural e outro de relva sintética), campo de futebol de praia, piscinas, pavilhão multiusos, hotéis, lojas e par-que de estacionamento para servir ao desporto moçambi-cano, em particular o futebol. Na ocasião, o presidente da FMF realçou que “com este projecto estaremos a dar um passo gigantesco rumo à mo-dernização do nosso patrimó-nio desportivo ao conceito da profissionalização dos nossos

métodos de trabalho, assim como ao enquadramento do nosso futebol no contexto in-ternacional”.Por seu turno, o Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, referiu-se à cedência do espaço como “o primeiro passo para a revi-talização do desporto, o que vai permitir que os resultados apareçam e para a formação de atletas de eleição”. O dirigente sublinhou a sua expectativa de ver outras modalidades e federações a ganhar com mais uma infra--estrutura de qualidade e a esperança de bons resultados e alegrias aos moçambicanos a partir daquele empreendi-mento.

A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) recebeu oficialmente da Secretaria de Estado do Desporto (SED) um espaço de 10 hectares, no perímetro exterior do Estádio Nacional do Zimpeto. O local destina-se à implantação de raiz de um Centro Técnico Nacional para lapidar, poten-cializar e profissionalizar o futebol moçambicano.

Planta do Centro Técnico a ser instalado no Zimpeto

Momento da assinatura da cedência de espaço no Zimpeto

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18 de Maio 2021 | Terça-feira 23MAGAZINE Independente |

Moçambique parte com um árbitro e xadrezistas para o Malawi

O País vai participar no “Africano” de xadrez indi-vidual, entre os dias 17 e 28 de Maio, em Lilongwe, no Malawi. O referido campeo-nato será qualificativo para o Mundial da modalidade, a ter lugar na Rússia. O combinado nacional será composto por 4 xadrezistas e um árbitro internacional da modalidade. Neste contexto, partem esta segunda-feira os xadrezistas Donaldo Paiva, actual campeão nacional, Wil-ton Calicoca e Person Abran-tes. Em femininos, a actual campeã nacional Vânia Vilhe-te. Para além destes xadrezistas, o País estará representado na classe da arbitragem. O árbitro internacional Alberto Malange foi nomeado para ajuizar as partidas da maior competição africana da moda-lidade. Este constitui o maior evento de xadrez do continente africa-no em 2021, onde os melhores classificados em ambos os gé-neros irão representar o conti-nente no campeonato do Mun-do. Esta participação constitui uma grande oportunidade de exposição de Moçambique a África e ao Mundo.

O País vai participar em se-niores masculinos e femininos. Antes da partida para o Ma-lawi, os xadrezistas promete-ram trazer bons resultados, re-conhecendo que não será fácil o apuramento ao Mundial. Para Donaldo Paiva, falando ao MAGAZINE, “só por estar neste ´Africano´ já é muito gratificante. Estarei a ombrear com os melhores jogadores africanos mas com nome mun-dial. Vou fazer o melhor resul-tado, quiçá sair com o título”, enquanto Person Abrantes está confiante no bom desem-penho. “A minha expectativa é pontuar e conseguir uma boa classificação que possa permitir o meu apuramento ao Mun-dial. Parece difícil mas não é impossível”. Entretanto, Vânia Vilhete, a nossa melhor xadrezista da ac-tualidade, frisou que “a minha expectativa é enorme e tudo farei para ter um bom desem-penho. Houve muita melhoria em termos de participação. Estes eventos tinham poucas mulheres, mas agora o núme-ro elevou, o que é um bom si-nal. Lutarei para ocupar uma boa posição, sem descartar a ambição de apuramento ao Mundial”.

Abineiro Ussaca quer melhorias na finalização

Moçambique acolhe CAN de futebol de praia de 2022

Moçambique encontra-se a cumprir um estágio competi-tivo em Portugal, para depois seguir viagem ao Senegal onde vai participar no CAN de fute-bol de praia. A selecção moçambicana de futebol de praia ficou inserida no Grupo B do CAN-Senegal 2021, com o Egipto, Marrocos e Seychelles, segundo ditou o sorteio realizado recentemen-te no Cairo. A estreia de Mo-çambique será a 24 de Maio, diante do Egipto. Nos dias sub-sequentes defronta Marrocos e Seychelles. O Grupo A é constituído pelo anfitrião Senegal, cinco vezes campeão africano e actual de-tentor do título, a República Democrática do Congo, Tan-zânia e Uganda. O CAN abre a 23 de Maio com o Senegal, o principal candidato, a medir forças com a RDCongo. A final está marcada para o dia 29 do mesmo mês. No quadro da sua prepara-ção, a formação moçambica-na encontra-se a efectuar um estágio desde o passado dia 8 de Maio, em Portugal, mais concretamente no distrito de Aveiro. Num breve balanço da primeira semana de estágio, o seleccionador nacinal Abineiro Ussaca, enviado em áudio ao MAGAZINE, disse que “o ba-lanço é positivo, mas em contas gerais foram bons os jogos de controlo e acredito que conse-guimos alcançar o objectivo principal, que são a melhoria principalmente na parte da bola, e também a manutenção da parte física. São aspectos

que provavelmente já estão melhor”. Acrescentou que “agora falta a parte da finalização. Estamos a criar muitas oportunidades, mas estamos a marcar muito pouco. Continuamos a jogar em cima com o mesmo nível, isso é o que mais importa. Con-tinuamos a trabalhar para que se mantenha o mesmo nível. Fisicamente estamos ao nível do que desejávamos, agora é só

continuar a fazer a manuten-ção da parte física e melhorar a parte da finalização”.De referir que nesta décima edição apenas o Senegal já ven-ceu a competição. A Nigéria, duas vezes campeão, Madagás-car e Camarões, que levanta-ram o troféu uma vez, são os grandes ausentes. E Moçambi-que, à semelhança do Uganda e RDCongo, fazem a sua estreia na competição.

O seleccionador nacional de futebol de praia Abineiro Ussaca, no seu primeiro pré-balanço do estágio da selecção nacional de futebol de praia em Portugal, no distrito de Aveiro, mostrou-se satisfeito com a componente técnica dos seus atletas, mas ainda triste com a parte da finalização.

Abineiro Ussaca (de vermelho), recebendo dicas de um treinador português

Em breve balanço do estágio em Portugal rumo ao CAN do Senegal

Alfredo Langa

O Comité Executivo da Confederação Africana de Futebol (CAF) elegeu Mo-çambique como país anfi-trião do Campeonato Afri-cano das Nações (CAN) de futebol de praia de 2022.

Depois do apuramento iné-dito ao CAN-2021, prova a decorrer de 23 a 29 de Maio, em Dakar, Senegal, Moçam-bique acrescentou mais um ponto na particular histó-ria de futebol de praia, ao

ver eleita a sua candidatura para acolher a prova conti-nental no próximo ano. A competição deverá decor-rer no mês de Outubro, na turística cidade de Vilanku-lo.

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Secretário-geral do ANC processa seu partido

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Magashule também solicita ao tribunal o levantamento da sua suspensão do cargo pelo partido no poder, no documento submetido se-mana passada, 13 de Maio, pelos seus advogados, di-vulgado na imprensa sul--africana, em que processa o líder do partido e chefe de Estado, Cyril Ramaphosa, a secretária-geral adjunta, Jessie Duarte, e o partido no poder, o Congresso Nacional Africano.O dirigente político do ANC solicita à Justiça sul-africana que declare que Ramaphosa seja suspenso do cargo de lí-der do partido no poder.Magashule argumenta que a decisão do partido, de que os membros acusados de crimes graves em tribunal se devem “afastar” do cargo, “coloca em causa” o princípio consti-tucional de que uma pessoa é considerada inocente até ser julgada.Magashule quer que o caso seja ouvido com “urgência” até dia 1 de Junho pelo Tri-bunal Superior de Gauteng, em Joanesburgo.Na segunda-feira, o Congres-so Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) instruiu Ace Magashule, suspenso na semana passada, a apresen-tar um pedido de desculpas público por ter dirigido uma carta de suspensão ao líder

do partido, o Presidente Cyril Ramaphosa, salien-tando que iria instituir uma ação disciplinar no caso de Magashule ignorar a decisão do partido.Ace Magashule, que ignorou esta semana a decisão do partido, alegou que “suspen-deu Cyril Ramphosa, porque enfrenta acusações de com-pra de votos durante a sua campanha política `CR17` para a presidência do parti-

do no poder”.O secretário-geral do ANC foi suspenso temporariamen-te pela direcção do partido, o comité nacional executivo (NEC, na sigla em inglês), por se recusar a afastar do cargo devido a um caso que enfrenta na justiça sul-afri-cana por fraude e corrupção pública.Na semana passada, em entrevista ao canal público SABC, Magashule alegou

também que os órgãos do Estado, nomeadamente o Ministério Público (NPA, na sigla em inglês), “estão a ser usados” pelo partido no poder em “batalhas faccio-nais”.Magashule é acusado de 20 crimes por fraude, corrup-ção e lavagem de dinheiro num caso de corrupção pú-blica relacionado com um projecto de amianto de mais de 255 milhões de rands, na

O secretário-geral suspenso do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), Ace Magashule, processou judicialmente o partido no poder na África do Sul contestando a constitucionalidade da decisão de o afastar do cargo. Magashule exige a suspenção do presidente Cyril Ramaphosa

província do Estado Livre, centro do país, onde exerceu o cargo de governador do partido no poder até à sua nomeação para o cargo de secretário-geral do partido.Em Novembro, o tribunal sul-africano de Bloemfontein concedeu-lhe liberdade con-dicional mediante o paga-mento de uma fiança de 200 mil rands.Numa reunião da direc-ção do partido, realizada no último fim-de-semana, o “braço de ferro” entre Ace Magashule, aliado do ex-pre-sidente Jacob Zuma, e Cyril Ramaphosa, ameaçou a inte-gridade do partido no poder na África do Sul, cujos diri-gentes enfrentam múltiplos escândalos de corrupção pú-blica no país após cerca de três décadas de governação desde a queda do anterior regime do `apartheid`.Na reunião, o ex-presidente Thabo Mbeki, que foi o se-gundo chefe de Estado do país de 1999 a Setembro de 2008, sem terminar o se-gundo mandato, advertiu o ANC para se preparar para uma divisão do antigo movi-mento de libertação, devido a “ideologias irreconciliá-veis”, sublinhando que “o movimento está à beira do colapso”, segundo uma gra-vação da reunião que trans-pirou para a imprensa. AP

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