uniabeu pÓs- graduaÇÃo em gestÃo escolar documento … · 2015-08-27 · anexo vi- fotos da...

31
UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR GESTÃO PARTICIPATIVA E VIOLÊNCIA : REFLEXOS NA BAIXADA FLUMINENSE / RJ por RACHEL JAKUBOWICZ Monografia apresentada à UNIABEU como requisito parcial para a obtenção do título de Pós-Graduado em Gestão Escolar . Orientadora : Profª Arminia de Coutinho Nilópolis 2002 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: others

Post on 11-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

UNIABEU

PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

GESTÃO PARTICIPATIVA E VIOLÊNCIA : REFLEXOS

NA BAIXADA FLUMINENSE / RJ

por

RACHEL JAKUBOWICZ

Monografia apresentada à UNIABEU como

requisito parcial para a obtenção do título de

Pós-Graduado em Gestão Escolar .

Orientadora : Profª Arminia de Sá Coutinho

Nilópolis

2002

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

Page 2: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

“ Não há nada melhor que despertar

o prazer e o amor pelo estudo ; caso

contrário , só se formam bons

carregadores de livros .”

Michel Montaigne.

Page 3: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

Dedico este trabalho ao Excelentíssimo

Prefeito Antônio de Carvalho e a Srª

Jorgina Sanches , que nos proporcionou

maior capacitação para o desempenho

de minha missão.

Page 4: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que em meu sonho e prece nunca deixou de ser real, meu

mais profundo e sentido agradecimento.

A minha mestra Arminia de Sá Coutinho, cuja inteligência e cultura tem

colocado a serviço do ensino e do qual tenho obtido os maiores conhecimentos,

dizer-lhe muito obrigado é muito pouco e não expressa tudo aquilo que quero .

Ao diretor Dilson e sua equipe que me ajudou na conquista da realização deste

projeto, através de seus conhecimentos e ajuda do qual me foi extremamente

necessário, o meu muito obrigado .

Page 5: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

RESUMO

O presente estudo consiste numa pesquisa, levantamento e análise dos principais

aspectos e fatores da crescente violência que instalou-se na Baixada Fluminense,

principalmente no município de Belford Roxo .

Procurou-se investigar, analisar e buscar através da Proposta de Gestão Escolar

Participativa possíveis soluções conjuntas para o combate a violência, que envolvia os

alunos do Ensino Fundamental da E.M. Jardim Gláucia no ano de 1999, e comparar com

dados atuais.

Ao longo dos questionários aplicados aos professores, pessoal extra-classe ,

Orientadores e Direção, foi possível observar o perfil sócio-econômico da mesma,

características que envolvem os alunos e a posição da direção em relação aos alunos

violentos e comparar os resultados atuais com os dados de 1999.

A pesquisa conta com a fundamentação teórica-metodológica de alguns autores como

LUCK(1996) e sua contribuição quanto o conceito de gestão participativa e importância

para o êxito do processo pedagógico, LIKERT(1971) destaca o envolvimento de

funcionários no processo decisório dos assuntos relacionados a escola, DUCKER(1976)

chama a atenção a eficácia do administrador para o bom desempenho da organização,

FIORI(1981) afirma que a pré-escola introduz características de socialização no

desenvolvimento do ser humano, RAPPAPORT(1981) e FERRERINI(1985) ressaltam a

família como um dos elementos principais na formação psicossocial da criança,

RIZZO(Revista Nova Escola, 1998), destaca a influência da mídia com suas programações

violentas, estimulando a agressão no cotidiano dos adolescentes.

Os professores já perceberam que se faz necessário uma revisão nos conteúdos de

forma que os mesmos enfoque a preservação e a valorização da vida e a formação de novos

hábitos e atitudes para a passividade na escola.

Page 6: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

Devido a violência prejudicar o ambiente educacional e consequentemente o

rendimento escola, propõem-se a interação escola-aluno-comunidade através de ações

continuas construtivas condizentes com a melhoria do processo pedagógico.

A gestão participativa resulta da competência e vontade de compreender e decidir em

torno das questões que afetam a organização.

Espera-se que com esta abordagem proponha-se a passividade no ambiente escola,

assim como na comunidade local e mobilize professores de outras escolas do município

para a construção de uma Escola sem violência.

Page 7: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................11

CAPÍTULO I –VIOLÊNCIA, FAMÍLIA E ESCOLA..............................13

CAPÍTULO II - GESTÃO PARTICIPATIVA E VIOLÊNCIA........17

CAPÍTULO III- REFLEXO DA VIOLÊNCIA NO PROCESSO

EDUCACIONAL...........................................................................................23

CONCLUSÃO...............................................................................................28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................30

Page 8: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

LISTA DE ANEXOS

ANEXO I - QUADRO DO NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS DA E.M.

JARDIM GLÁUCIA 1999 e 2002

ANEXO II - LEVANTAMENTO DO NÚMERO DE ALUNOS/1999

ANEXO II-A-LEVANTAMENTO DO NÚMERO DE ALUNOS/2002

ANEXO III - ENTREVISTA COM O DIRETOR DA ESCOLA

ANEXO IV- QUESTIONÁRIO

ANEXO V - GRÁFICOS

ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002

Page 9: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

INTRODUÇÃO

No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a violência

nas escolas apresenta situações alarmantes, levando ao desespero pais,

mestres, alunos e sociedade a pensar em como agir diante de tão sério

problema. Os telejornais diariamente anunciam comunidades escolares

lamentando a perda ou o ferimento de alunos e professores. É a banalização da

violência que tem se situado nem espaço que deveria ser socializador e

integrador.

A influência da televisão pode induzir a inacreditáveis atos de

brutalidade, como se fosse à coisa mais normal, o que certamente poderá

prejudicar a formação das crianças e dos jovens.

As crianças entendem a ficção como a realidade e são ainda

mais prejudicadas por essas demonstrações de crueldade e tem a

inocência natural substituída por uma visão deformada do mundo.

Casos como o de dois meninos camuflados que atiraram em

pelo menos 15 pessoas numa Escola ginasial de Arkansas nos Estados

Unidos, ainda choca o país que passou de casos com uma única vítima

para execuções múltiplas, fuzilamentos indiscriminados de grande número de

pessoas. Em uma Escola Estadual de São Paulo, há tempos atrás uma

professora saiu com os olhos roxo da classe, agredida por um aluno que

insistiu em entregar um trabalho fora do prazo. São fatos que deixam à

sensação de que a violência no país escapa ao controle da sociedade.

A escolha pelo tema em 1999, foi devido à violência que atingia

as escolas e apresentava índices alarmantes, principalmente nas áreas mais

carentes como o Município de Belford Roxo. O interesse de investigar,

analisar e buscar através de uma Gestão Escolar Participativa, possíveis

soluções conjuntas para o combate e a prevenção da violência, que envolviam

Page 10: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

os alunos da Escola M. Jardim Gláucia. Hoje retorno ao tema, pois tenho

necessidade de comparar dados anteriores com os atuais. Observei que o

trabalho realizado pela atual gestão apresenta resultados diferentes do

passado. Existe uma parceria com a comunidade, apesar de ser, ainda, uma

comunidade muito perigosa. O respeito e amor pela escola estão presentes

na conservação do prédio e no comportamento dos alunos e pais.

A Escola Municipal Jardim Gláucia localizada no bairro Jardim

Gláucia em Belford Roxo, RJ não vive situação diferente das outras escolas.

Situada entre duas favelas, a do Graxe e a do Gogó da Ema, reflete uma

visão negativa de Belford Roxo conhecida como a cidade mais violenta do

mundo. A população estudantil conta com crianças e adolescente expostos

diariamente à violência da comunidade local e até presentes em atos

violentos como o de uma aluna que perdeu toda sua família em uma

chacina no bairro. O índice de agressões entre alunos e professores é

bastante significativo, ainda este ano invadiram e roubaram alguns materiais

da escola. A direção procura amenizar os fatos através do diálogo, mas

procura não se envolve diretamente para evitar outros tipos de reações

mais violentas.

Esses jovens vêm transformando a rebeldia natural da

adolescência em algo além da conta, da ética e da lei, tomados por

desejos consumistas, muitas vezes embalados pelo combustível das

drogas.

Diante da evolução desta realidade a gestão participativa aborda

o trabalho de direção, pais, alunos, professores e comunidade no

estabelecimento de objetivos, na solução de problemas, na tomada de

decisão e na melhoria do processo pedagógico, através da reformulação do

currículo. Propiciar transformações, resultando em um maior desenvolvimento

do aluno como ser integral.

Page 11: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

A organização da monografia comporta uma introdução, três capítulos

e uma conclusão. A introdução inclui o problema a ser investigado, o objetivo

do estudo e a justificativa para realização do mesmo. O capítulo I, denominado

Violência, Família e Escola, apresenta o resultado de uma revisão da literatura

sobre a violência na escola e as possíveis causas e o papel da família e da escola

na prevenção da mesma.

O capítulo II, intitulado Gestão Participativa e Violência numa visão

prospectiva, revisamos o conceito de gestão participativa e o seu papel no

combate e prevenção da violência na escola.

O capítulo III, denominado Reflexo da Violência no Processo

Educacional, tem como objetivo apresentar, analisar e interpretar os dados

obtidos na pesquisa a luz do referencial bibliográfico.

A monografia tem Conclusões que, em uma visão prospectiva,

terem considerações sobre a problemática da violência na escola municipal

em Belford Roxo, Rio de Janeiro.

CAPÍTULO I

VIOLÊNCIA E ESCOLA

Page 12: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

Alunos armados nas salas de aulas, crianças que matam a tiros seus

colegas de turma, professores intimidados e até assassinados são histórias

estampadas nos noticiários com freqüência assustadora nas escolas.

Estudantes portando armas dia-a-dia matam e ferem colegas. Como

por exemplo, a matança de estudantes de Arkansas nos Estados Unidos, na

porta da escola, executada por dois primos, de 13 e 11 anos, para se vingar da

ex-namorada de um deles. Não só chocou a opinião pública mundial, mais do

que isto, pela intencionalidade e frieza, chamou a atenção para a brutalidade

que se expande no universo infanto-juvenil, indiscutivelmente refletem a violência

na sociedade em geral.

A questão é dramática, às vezes desesperadora. O comportamento

agressivo das crianças deixou de se limitar às camadas mais pobres. Vários

fatores concorrem para a multiplicação de episódios tão violentos. A sensação

generalizada é que cada vez mais o jovem se torna violento, pela deterioração

dos bairros, desemprego para mão-de-obra desqualificada, desestruturação

familiar, envolvimento com as drogas e principalmente pelo estímulo a agressão

nos programas assistidos no cotidiano, mostra que as crianças e os jovens podem

ser influenciados em suas ações, ponto de vista, em seus valores a partir do que

é exposto na mídia.

O autor RIZZO(1998), relata a forte influência da mídia,

especialmente à televisão sobre as relações sociais e familiares, seja ela em

maior ou menor grau que muitas vezes gera impacto negativo sobre as crianças.

RIZZO (ibid.), afirma que é impossível negar que a mídia contribui para

deformar a percepção da realidade. A violência tanto física quanto psicológica

está presente em quase todos os programas, a linguagem da propaganda em

qualquer meio de comunicação é sempre a da sedução e do convencimento,

criando necessidades imaginárias, produzindo frustrações, para quem não tem

meios de adquirir os artigos anunciados, portanto, aquele que não tem uma boa

formação pode chegar a praticar atos ilícitos para satisfazer suas necessidades.

Page 13: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

Em geral as crianças dedicam quase à metade do seu período,

assistindo a programações ou jogando videogames, ou seja, absorvem todo o

conteúdo que lhes são proporcionados, seja ele bom ou ruim. Essas influências

podem fazer-se notar apenas em longo prazo, quando exposto seu

comportamento agressivo diante de alguma situação.

As crianças não sabem fazer uso do que vêem para entender de que

forma a violência gera sofrimento, e essa é a grande questão, a informação sem

reflexão. Alguns pais preocupam-se com a possibilidade de seus filhos ficarem

dessensibilizados para o valor da vida humana, de que a agressividade se torne

um estilo de vida e de que a televisão venha prejudicar-lhes o desenvolvimento de

vários outros interesses, principalmente os estudos.

RIZZO( ibid. ), em seu texto destaca a importância desta reflexão e

direciona a escola e a família como agentes para a formação de telespectadores

conscientes capazes de ver a televisão com relação de ética e cidadania, mas

ressalta que o desafio de ensinar a ver com esse olhar exige um conhecimento

mais aprofundado desse poderoso meio de comunicação.

Estabelecer a diferença entre ficção e realidade, discutindo modelos de

comportamento, ou seja, esclarecendo o que é certo e errado talvez seja um dos

procedimentos. A escola nas suas atividades poderia passar vídeos educativos

que transmitissem mensagens socialmente positivas, com igualdade de classes,

raças e sexos, através de um trabalho interdisciplinar. A família poderia impor

limites, e não permitir que as crianças vejam televisão em qualquer ocasião que

quiserem sem nenhuma indicação. A participação fazendo companhia aos filhos

na hora de ver TV também é importante, pois o conteúdo visto pode ser discutido,

as reações e eventos ou personagens podem ser ventiladas.

Mas, vale lembrar que a televisão não incide da mesma maneira sobre

todas as crianças, depende das condições a que lhes são proporcionadas a

assisti-lá.

Page 14: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

RAPPAPORT ( 1981) referindo-se as práticas de criação infantil ela

destaca a classe social a que pertence à família como determinante do tipo de

atitude que mais tarde será adotado pelos filhos. Se os pais da classe média

usam uma disciplina orientada para o amor, onde os estados interiores da

criança são valorizados, se há uma interação democrática. Os pais da classe

baixa preocupam-se mais com os padrões de conduta, ressaltam a importância

da obediência à autoridade e a baixa tolerância à agressão dirigida aos próprios

pais.

Para RAPPAPORT (ibid.), a família deveria proporcionar a interação

afetiva dos pais com a criança, pois se trata de determinarem a importância dos

sentimentos interiores de relações interindividuais para assim, permitirem ao

mesmo o desenvolvimento pleno de suas capacidades cognitivas e de relações

sociais e emocionais.

Quando a criança ou adolescente não consegue receber estimulação

afetiva, quando não há uma pessoa que lhe transmita amor ou demonstre o

quanto ela é importante o que pode acontecer um retrocesso a nível afetivo, o que

muitas vezes ocorre com crianças agressivas, pois voltam-se para si e procuram

algo que lhes dê prazer e sentido a vida o que para elas é uma forma de fuga.

As razões primordiais para a violência acredita-se ainda que são

resultados do ambiente familiar e social que as crianças vivem. Fatores como

pouca atenção dos pais ou exposição a um ambiente que se tolera ou se estimula

à violência aumentam os riscos de que as crianças se tornem pessoas violentas.

Ainda em RAPPAPORT(ibid.) o papel da família como agentes

socializadores é fundamental. Suas características de personalidade bem como o

clima criado na família pela prática de criação infantil são decisivos para

determinar o desenvolvimento social dos filhos.

Muitos pais segundo o autor, espancam seus filhos descontando sobre

eles talvez toda ira de seu desejo inconsciente de espancar o mundo diante de

Page 15: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

seus problemas, e os filhos funcionam neste momento como ‘válvula de escape’.

Uma criança que vive em um lar onde as discussões, brigas e outras cenas

agressivas são constante, onde o relacionamento das pessoas se dá de modo

agressivo, poderá desenvolver esse padrão de reação, pois é o único que lhe

está sendo apresentado. Já a criança que vivência um relacionamento familiar

onde às pessoas resolvem seus conflitos pelo diálogo, onde a interação da

família é afetuosa poderá não ter reações tão agressivas diante de alguma

frustração.

A criança com dúvidas a respeito do amor que a família tem por ela

desenvolve sentimentos negativos ou de dúvidas a respeito de sua posição como

pessoa, influenciando nas suas relações sociais, ou seja, pode torna-se um jovem

incompreensivo e revoltado que se liberta descarregando sua fúria sobre outras

pessoas disseminando o ambiente que freqüenta, através de atos ilícitos e de

vandalismo.

FERRARINI(1985) chama a atenção quanto à participação ativa da

família com relação à atenção dispensada aos filhos, não basta tão somente dar-

lhes roupa e comida, é importante a presença física e espiritual como

conselheiros e amigos nas horas boas e más.

Quando na família falta amor e compreensão, diálogo com os filhos,

esta mesma assume a característica mais próxima do mundo que as crianças

detestam e então, o ignoram. Este mundo a que se refere é o “ mundo adulto “

que parece ao jovem mentiroso e covarde, cheio de contradições e injustiças.

Page 16: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

CAPÍTULO II

GESTÃO PARTICIPATIVA E VIOLÊNCIA

A gestão participativa LUCK (1998), envolve professores,

funcionários, pais, alunos e comunidade que estejam interessados nos

objetivos da escola, bem como na melhoria do processo pedagógico.

De acordo com este conceito pressupõe-se o trabalho associado de

pessoas analisando situações, decidindo sobre as questões pertinentes à

escola e agindo sobre elas em conjunto. Trata-se de um processo de

desenvolvimento e aperfeiçoamento, de ação coletiva, de espírito de equipe,

devendo ser esse o grande desafio educacional.

Segundo o autor, não há uma única maneira de se implantar um

sistema participativo, mas identifica-se alguns princípios como os diretores

Page 17: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

dedicam uma quantidade de tempo à capacitação profissional e ao

desenvolvimento e acompanhamento escolar e a experiências pedagógicas

caracterizadas pela reflexão-ação, ou seja, refletir sobre as questões da escola

para posteriores ações.

Essas ações consequentemente proporcionarão a qualidade

pedagógica, maior interação da direção com os funcionários e comunidade

favorecendo assim a motivação escolar como um todo. Para tanto, se faz

necessário que o administrador seja dinâmico, otimista, tenha força de trabalho e

acima de tudo seja eficaz.

Quanto à eficácia escolar, DUCKER (1976) observa desde as

características mensuráveis da escola até o desempenho dos alunos. A

eficácia em outras palavras é um hábito, adquirido através da repetição de

tarefas, ou seja, da prática. São normas práticas, no entanto difíceis de serem

executadas, mas o autor afirma que a eficácia pode ser aprendida.

As pesquisas sobre eficácia escolar realizadas no Northwest

Regional Education Laboratory nos Estados Unidos, indicam que as

características organizacionais das escolas são responsáveis por 32% do

desempenho dos alunos. Em algumas escolas dos Estados Unidos, Nova

Zelândia, Austrália, Suécia e Alemanha o movimento de reforma participativa é

fortemente difundido e é orientado pela preocupação quanto à eficácia escolar

com a aprendizagem significativa de seus alunos, de modo que conheçam seu

mundo, a si mesmos e tenham instrumentos adequados para enfrentarem os

desafios da vida. Supõe-se que estas estimativas expliquem a importância da

autogestão nas escolas para a produção de melhores resultados em termos de

aprendizagem, socialização e cultura.

A abordagem de gestão participativa pode trazer benefícios

significativos para as escolas em que a gestão de pessoas se dê de tal forma

que encoraje a criatividade, como o trabalho em equipe, na resolução do desafios

cotidianos. Se houver um forte sentimento de alcançar os objetivos e melhoria

da organização, consequentemente se obterá resultados positivos de

Page 18: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

crescimento da escola, comportamento e melhor desempenho dos alunos e

professores.

A gestão escolar democrática, em seus conceitos sugerem que a

abordagem participativa proporciona aos dirigentes de escolas serem mais

profissionais capazes de trabalhar para construir a organização.

O planejamento participativo e o relacionamento dos professores

que promovem o senso de unidade e propósito no ambiente escolar são

características importantes das escolas eficazes. ( Apud LORTIE, 1975).

A descentralização segundo VIANNA (1986 ), tem sido um tema

recorrente na área da administração pública. Gestão escolar, autonomia

escolar, processo decisório escolar, são todos os termos utilizados para

descrever a abordagem participativa para a gestão descentralizada do sistema

de ensino.

A gestão escolar democrática produz ênfase visando construir a

autonomia da escola, quanto mais poderes os indivíduos ou grupos tem para

realizar as tarefas, mais descentralizada e democrática é a administração

escolar.

Portanto, reitera o autor, o processo de autonomia escolar ocorre

em longo prazo, para que a comunidade escolar desenvolva um plano de

ação para a escola, voltado para a identificação de sua missão central, dos

objetivos educacionais específicos das atividades prioritárias relacionadas

com seu plano de desenvolvimento educacional.

A gestão participativa promove também a seleção de professores e

diretores para a melhoria da qualidade de ensino o que consequentemente

aumenta a autonomia da escola. No entanto, sabe-se que o ensino público

possui uma escassez de recursos para melhora do seu orçamento, neste

sentido atua a comunidade escolar como um todo para assumirem as

Page 19: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

questões delegadas a escola e, fazerem crescer a qualidade do ensino e a

melhoria do desenvolvimento de estudantes com baixo desempenho e para

alunos de risco dentro da comunidade escolar.

A importância do gestor escolar é assumir a liderança para que se

faça cumprir esse programa bem como os demais objetivos educacionais e

sociais da escola. Para o autor os lideres devem expressar alto grau de

confiança e receptividade com relação aos outros, como também, de

tolerância em situações difíceis, permitindo que a comunidade escolar sintam-

se mais confiantes o suficiente para compartilhar informações abertamente e

para solicitar e ouvir o ponto de vista de outros membros da comunidade.

O diretor de escola eficaz trabalha pacientemente, para construir

habilidades e desenvolver a experiência da equipe educadora ao prover as

orientações e instruções necessárias, o apoiar e, finalmente aos delegar as

decisões.

Segundo VIANNA (1986), elementos de liderança como: enfoque

pedagógico do diretor, criação de ambiente positivo, disciplina em sala de aula

imposta pelo professor, acompanhamento continuo das atividades escolares

por parte da comunidade, consenso sobre os valores e objetivos,

planejamento de longo prazo, estabilidade e manutenção do corpo docente

como apoio em âmbito municipal para a melhoria escolar, são alguns dos

fatores indispensáveis para as dimensões de liderança relacionado com as

escolas eficazes.

Solucionar problemas e tomar decisões são a alma da gestão

escolar participativa, afirma LIKERT (1971) e não se constitui em função

técnica isolada. Consiste-se de duas funções básicas: funções seqüenciais de

planejamento, pessoal, organização e controle e funções continuas de

soluções de problemas e tomada de decisões.

Em se tratando de professor, sabe-se que o magistério é descrito

como uma atividade profissional coberta de problema dentre os quais o

Page 20: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

principal são os baixos salários e o reconhecimento social, responsáveis

pela desmotivação do profissional. Em contraste com a administração

científica e os modelos clássicos e burocráticos a gestão participativa

aborda estes tipos de problemas.

LIKERT (ibid. ) sugere que no processo de solucionar problemas, é

necessária uma abordagem estruturada e ordenada, ao mesmo tempo em que

flexível dinâmica e otimista. Sem esta abordagem a equipe escolar pode

sentir-se oprimida pela enormidade e, estonteada com a dispersão dos fatores

interferentes, vale lembrar que todo este dinamismo, flexibilidade e otimismo é

essencial por parte de toda equipe.

Supõe-se que a participação das pessoas envolvidas nas questões

em discussão seja reconhecida como uma condição indispensável para que o

processo decisório, assim como sua implementação sejam eficazes. O gestor

deve procurar reunir-se com o corpo docente e avaliar o nível do problema e

até que ponto eles querem se envolver e chegar a um consenso com relação

aos seus pontos de vista e como este envolvimento se processará.

Quando não há consciência dos problemas da unidade escolar, os

mesmos correm o risco de serem trazidos à tona para serem solucionados e,

então, são agravados. A participação e consulta permitem então, acelerar a

implantação da solução e a tomada de decisão.

No processo decisório devem interagir as ações relacionadas com

as tarefas e com as pessoas, pois quando a busca de solução é relacionada

com pessoas o processo de decisão enfatiza a mediação entre opiniões e a

sua organização como grupo de ação, ressalta LIKERT (ibid.). Reconhe-se,

no entanto, que ambas as linhas de ação combinadas são necessárias para

a solução de problemas, uma vez que é imprescindível ter um olho nas

situações e atividades e outro na reação das pessoas, na sua capacidade

de se orientar e se articular coletivamente para resolvê-las, na sua

interpretação de significados e no seu envolvimento.

Page 21: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

Ter consciência do problema, diagnosticá-lo, defini-lo e gerar

alternativas são etapas da participação, pois permite concentrar a atenção na

existência do problema, traz soluções para que o mesmo seja corretamente

diagnosticado, ajuda a ganhar a aceitação e o envolvimento dos interessados

no problema e incorpora o conhecimento profissional dos professores nos

níveis de decisão da escola e dos diretores nos níveis de decisão municipais

ou estaduais.

Para FIORI (1981) o período escolar a partir dos 06 anos é o período

que a criança inicia-se no mundo das letras introduzindo-se progressivamente e

formalmente constituindo-se em uma etapa do desenvolvimento humano. No

entanto, também é período de descobertas e transformações, a criança da pré-

escola desprende-se da proteção dos pais para o contato com outras crianças,

com um mundo que até então para ela era indiferente.

Quando passa para fase ginasial, ou seja, da infância para a

puberdade geralmente ele já se encontra familiarizado, mas sofre com as

crises de escolha dentro do mundo, nesta fase é que surgem as

preocupações, o adolescente precisa estar desde criança preparado para

essas transformações para que não entre em conflito com si próprio.

A criança além de desprender-se da proteção da família, está

exposto às cobranças exteriores, necessita cumprir horários, tarefas, modelos

de relações sociais e a escola lhe será o ponto de partida para estas

cobranças, afirma FIORI (1981).

Os primeiros anos da adolescência, quando os jovens “ se dão “ com

novos amigos, exercem uma grande influência. De certa forma, a chegada da

puberdade parece um “renascimento “. As crianças desejam e precisam deixar

o passado para trás e encontrar sua própria identidade. Isso significa, às

vezes, abandonar antigas amizades e laços com professores e outros adultos,

assim como formas de agir adquiridas há muito tempo. Os métodos para tomar

Page 22: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

decisões e solucionar problemas que já foram aprendidos quando crianças

mais novas continuam sendo úteis, mas os adolescentes irão tomar novas

decisões baseadas em novas informações e com novos objetivos.

Os jovens dessa idade podem lidar com abstrações e com o futuro.

Percebem que suas ações terão conseqüências, e sabem que seu

comportamento irá afetar outras pessoas. Freqüentemente, eles têm a seu

próprio respeito uma imagem ambígua: não estão seguros de si ao crescer e

sofrer transformações adequadas costumam ter conflitos com os adultos, são

desconfiados e tendem a não se sentir “ OK ". Nesse momento, um forte apoio

emocional e um bom modelo de comportamento adulto são extremamente

importantes.

A adolescência é uma fase difícil, principalmente para os pais que

não sabem como agir com o filho em processo de transformação e para os

próprios adolescentes que buscam seu lugar no mundo. É o seu

desenvolvimento físico, psicomotor, social emocional que lhe forem impostas.

Mas, se encontra atrasado no seu desenvolvimento e perturbado

emocionalmente, o mundo do aprendizado lhe será impenetrável, fonte de

frustrações diante das cobranças que não poderá atender.

Demonstrações de lutas, esperteza de disponibilidades econômicas e

de coragem caracterizarão a luta, no entanto, não são raros os casos de

agressão e segregação no qual incidem tanto os jovens de hoje em seu espírito

competitivo de demonstrar seus “poderes “ e acabam prejudicando outros

colegas, mas existe um grupo sadio, a união e a perseverança

predominarão de acordo com o seu desenvolvimento social e emocional.

Page 23: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

CAPÍTULO III

REFLEXO DA VIOLÊNCIA NO PROCESSO

EDUCACIONAL

Este Capítulo denominado Reflexo da violência no processo

educacional, tem como objetivo apresentar o esboço dos procedimentos

metodológicos adotados, a análise e interpretação dos dados obtidos.

Na descrição da metodologia adotada na pesquisa, utilizou-se uma

entrevista semi-estruturada e um questionário fechado com o atual diretor da

Escola Municipal Jardim Gláucia, onde se procurou investigar aspectos

relevantes da escola, dos alunos e da comunidade para comparação dos dados

obtidos na pesquisa realizada em 1999.

O contato inicial com o gestor foi feito em Maio de 2002.

Para se efetuar a coleta dos dados foi utilizada uma “ entrevista semi-

estruturada “ ( LANDSHEERE, 1976 p. 83) cujo roteiro se encontra no Anexo 03.

A análise e a interpretação dos resultados sobre reflexo da violência no

processo educacional, foram interpretados à luz da revisão da literatura nos

capítulos I e II.

Como procedimento de pesquisa de campo foi elaborado um

questionário e uma entrevista semi estruturada com o atual diretor, onde se

procurou investigar aspectos relevantes da escola, alunos e comunidade para

comparação dos dados obtidos em 1999.

Page 24: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

Quanto à comunidade local, não houve alteração dos dados em

relação a 1999 quanto ao nível sócio-econômico e a formação da comunidade.

O número de funcionários ( Anexo 01) sofreu uma redução por

causa do regime de dupla regência. Em relação ao número de alunos e turmas

aumentou (Anexo 2 – A ), pois algumas salas foram adaptadas para sala de

aula, devido ao Programa de Complementação de Aprendizagem Média

(PROCA).

Segundo o relato do atual Diretor( Anexo 03), há uma convivência

social maior com a comunidade em relação à Gestão anterior, pois o objetivo

da gestão atual é fazer uma prevenção da violência que vem ocorrendo

ao redor da escola.

Segundo o questionário ( Anexo 04 ) aplicado ao diretor a uma

amostra, funcionários e equipe pedagógica num total de 56 pessoas, não

houve alteração nos dados de 1999, porque a renda das famílias continua muito

baixa e o índice de desemprego é grande.

Quanto ao combate e a prevenção da violência através da Gestão

participativa, vários aspectos devem ser analisados e trabalhados a longo

prazo. A idéia de implantação da proposta está sendo analisada com base na

coleta de dados para determinação dos procedimentos viáveis para na solução

do problema. De acordo com a elaboração dos gráficos observou-se em uma

visão geral as principais dificuldades que atingem aos alunos, escola e

comunidade.

Os Gráficos apresentam os mesmos dados que o ano de 1999,

o nível sócio-econômico da comunidade continua um índice da ordem de

40% de pessoas sem nenhuma renda, 27% possui renda inferior a um salário

mínimo, 25% possuem renda de um salário mínimo e, só 8% possui renda

superior a dois salários mínimos. Notou-se que o desemprego é a principal

Page 25: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

dificuldade da comunidade, que pode resultar em atitudes negativas frente aos

problemas, pois a maior parte da população encontra-se ociosa. (Gráfico 1.0)

A estrutura familiar dos alunos, segundo informações continua

apresentando 50% de pais separados, 25% de pais desconhecidos, 15% de

crianças órfãos e, 10% filhos de pais separados, o que leva a crer que famílias

desestruturadas são também uma das causas para a formação agressiva dos

jovens e adolescentes. (Gráfico 1.1).

A comunidade local mantém uma porcentagem 60% de pessoas

carentes, 35% de pessoas violentas e 5% de pessoas bem estruturadas

emocionalmente e socialmente. Os resultados refletem a carência e a falta de

estrutura, um fator relevante para apontar o comportamento violento diante das

dificuldades por eles vivenciadas. (Gráfico 1.2).

A faixa de idade onde a violência é mais sentida, 14% de crianças

de 07 a 10 anos, 17% de 11 a 14 anos e 75% maiores de quatorze anos.

Os alunos maiores de 14 anos são os mais propensos a atitudes agressivas,

o que reafirma o período de mudanças biológicas e emocionais com o mais

crítico. (Gráfico 2.0).

Os tipos de violência mais comuns atualmente na escola são: 66%

de brigas e agressões entre alunos, 29% de desrespeito a professores e

funcionários e 5% de violência nas proximidades da escola. As brigas entre

alunos são os mais freqüentes, evidencia-se um trabalho voltado à valorização

da amizade com base no amor e na solidariedade. (Gráfico 3.0).

As atitudes da direção frente aos fatos que envolvam violência, 7%

informaram que não se envolvem 25% disseram que informa o fato a

família, 65% responderam que a direção sempre recorre a órgãos superiores

para que tomem as providências adequadas de acordo com cada caso.

(Gráfico 4.0).

Page 26: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

A interferência da comunidade local na escola quanto à violência é

menor que o ano de 1999, 20% de interferência nos horários de aula, 10%

responderam que impedem a permanência de alunos e funcionários na escola e

18% acabam evadindo, o prédio está bem conservado, destruição do prédio e

equipamentos 10% . Estes índices não prejudicam os alunos e o bom

funcionamento da escola, pois o aluno assistiu a maior parte das aulas e

cumpri o calendário escolar. (Gráfico 5.0).

O relacionamento comunidade e direção, 21% tem um

relacionamento regular e 79% bom. Apesar de todos os problemas

existenciais, existe um bom relacionamento, o que facilita a ação coletiva.

(Gráfico 6.0).

Acredita-se que quando o nível social é muito baixo, parece não haver

nenhuma preocupação dos pais com relação à responsabilidade pela

socialização dos filhos, devido às condições de vida que lhes são impostas.

Segundo relato dos professores da escola Municipal Jardim Gláucia, a

maioria de seus alunos, são filhos de pais separados, de classe baixa e

comunidades muito carentes tanto economicamente quanto afetivamente e que

enfrentam grandes dificuldades em orientar e controlar o desenvolvimento dos

seus filhos, pois se restringem a prover necessidades básicas de nutrição das

crianças, quando não desempregados e tendem a considera-se sobrecarregados

com as exigências das crianças, e isso influi no rendimento do aluno e nas suas

atitudes em sala de aula ou com outros colegas. Os pais não dispõem de

subsídios necessários a formação dos filhos e o induzem a própria autonomia.

Sabe-se que toda escola possui um documento chamado de

Regimento Escolar no qual dispõe sobre a organização e funcionamento da

Unidade escolar. No caso da escola não consegue despertar no aluno o espírito

da cooperação necessária para a boa disciplina escolar podem ser utilizadas

algumas sanções como: repreensão, advertência, suspensão ou desligamento

Page 27: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

definitivo do colégio, ficando assegurado ao aluno o direito de defesa e recurso

junto ao Conselho Estadual de Educação.

Segundo o diretor da Escola Municipal Jardim Gláucia, ainda não

houve nenhum caso de alunos que tivessem que desligar totalmente da unidade,

mas no ano passado um aluno da 8ª série desrespeitou seriamente um professor,

sendo necessário suspensão e posteriormente seu encaminhamento ao

Conselho Tutelar do Menor, onde até hoje a diretora apresenta relatórios com

relação ao comportamento do aluno, que foi transferido para outro turno.

As ocorrências mais comuns são desentendimentos entre alunos por

motivos sem importância, neste caso a primeira medida é o diálogo com o

aluno para posteriormente contactar os pais, para tomarem ciência do problema.

Externamente já houve casos de traficantes do bairro, mandarem

fechar a escola durante 03 dias, neste caso a direção acatou a ordem para evitar

maiores confrontos e, quando isto acontece quem sai mais prejudicado são os

alunos que ficam sem Ter aulas e os funcionários que ficam impedidos de

freqüentarem o trabalho. Nos casos mais graves a escola procura recorrer aos

órgãos superiores para que tomem as devidas providências.

Segundo o diretor da Escola Municipal Jardim Gláucia, a interação

com a comunidade é importante e se faz necessária para ajudar a promover

a paz na escola.

A escola possui um Conselho de apoio, composto por professores,

direção e alguns membros da comunidade que em reuniões periódicas,

tomam decisões com relação à Unidade no que diz respeito à melhoria do

prédio e compra de materiais de consumo. Essas reuniões ajudam a

estabelecer mais integração e conhecimento de ambas as partes. Foi

sugerida pela equipe técnica pedagógica a implantação de um Conselho

intitulado “Clube de mães” com o objetivo de organizar palestras, debates,

vídeos, atividades que exponham situações que envolvem violência para

Page 28: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

posterior debate de como tudo poderia ser evitado, para que despertem nos

alunos a convivência passiva em grupo e pelo menos minimizar os índices de

agressão.

A direção procura adquirir o respeito dos moradores para que com

base nesse envolvimento possa conscientizá-lo dos danos causados pela

violência seja ela de qualquer espécie. Possibilita a ceder o espaço a

Associação de Moradores do bairro para promover eventos como: passeio,

festas e encontros nos fins de semana, com a condição de não causar nenhum

dano à escola.

Enfim, tenta estabelecer um convívio pacifico com a comunidade sem

quebrar as regras do local ditadas pelos traficantes, pois temem represálias.

Sabe-se que para aquisição de pleno êxito do projeto deve superar

todas as barreiras, mas trata-se de um processo em longo prazo, adquirido

pouco a pouco através de ações esclarecedoras condizentes com a realidade

social que envolve a escola.

CONCLUSÃO

Vários são os fatos que podem colaborar para elevação da

violência, dentre eles os meios de comunicação, principalmente a televisão,

jornais e revistas, que agem de modo não intencional, mas de qualquer forma

irresponsavelmente, proporcionando condições para o aumento da violência,

pois expõem as crianças diariamente a imagens de crueldade, que as

Page 29: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

mesmas armazenam essas imagens em seu inconsciente e tendem a praticar os

mesmos atos na vida real.

O alto índice de agressividade entre alunos atinge números

preocupantes e significativos, resultantes de uma série de fatores condizentes

com a realidade social e econômica no qual eles vivem.

A criança e o adolescente precisam ser socializados de tal forma

que adotassem posicionamentos menos individualistas, que pensem mais no

grupo e nas outras pessoas adequando-se a patamares civilizados de

convivência em família e em sociedade. A escola Jardim Gláucia vem

desenvolvendo um trabalho junto à comunidade, através de Seminários e

Palestras envolvendo alunos e comunidade. A criação de um Conselho de

Pais e alunos, onde eles participam das tomada de decisões da escola. O

esporte é trabalhado de maneira eficaz, pois consegue tirar os alunos das

ruas. A caixinha de sugestões deixa bem claro, que se trata de uma escola

descentralizadora. O Diretor organiza Festas para trazer a comunidade e

ajudar comprar algumas para U.E .

Aos dirigentes escolares caberia, face ao problema adotarem um

abrangente programa de redução de violência, envolvendo prevenção,

intervenção que incorpore medidas que podem combater as causas básicas

da violência estudantil.

A Gestão Participativa pode trazer benefícios para que a escola,

através da gestão de pessoas, cresça e encoraje a criatividade e a

determinação na resolução de desafios cotidianos. A escola deveria analisar o

problema e adotar estratégias viáveis para a solução.

Em seu posicionamento a Escola Municipal Jardim Gláucia considera

fatores como: a revisão do planejamento curricular, trabalhando conteúdos e

atividades voltadas para a formação de hábitos e atitudes, destacar a

importância do amor, da solidariedade e da convivência passiva em grupo, um

“Clube de mães” que organizem debates, palestras, vídeos, abertos e

Page 30: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

comunidade e principalmente aos familiares dos estudantes, conscientizando

toda comunidade escolar dos danos desnecessários causados por atos

violentos.

Atualmente a Escola tem um projeto montado pela equipe

pedagógica e direção, que ajuda a combater a violência dentro da escola,

Palestras, Seminários e Debates sobre drogas, com a ajuda de profissionais na

área de saúde. Encontros de grupos estudantis de outras unidades para

promover Jogos e Festas. Encontros de Pais e Amigos da Escola, para

debater sobre os problemas que mais afligem os alunos e a comunidade.

Criação de Grêmio Estudantil e do Conselho de pais de alunos.

Envolver a comunidade escolar no desempenho da Unidade, ajuda a

aprimorar a eficácia educacionais capazes de gerar melhorias dos objetivos

educacionais e sociais da escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUCKER, F. O gerente eficaz . São Paulo: Cultural , 1976.

FERRARINI, E. Tóxico e Alcoolismo. São Paulo : Paulina ,1985 .

LANDSHEERE. G.de Introduction à la Recherche en Education. Ted. Paris

Armand- colin Bourrelier, 1976

LIKERT, R . Novos Padrões de Administração . São Paulo : Pioneira, 1971 .

Page 31: UNIABEU PÓS- GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR DOCUMENTO … · 2015-08-27 · ANEXO VI- FOTOS DA ESCOLA /2002 . INTRODUÇÃO No Brasil, predominante nos grandes centros urbanos, a

LUCK, H . A Escola Participativa. Rio de Janeiro: DP & A, 1996 .

RAPPAPORT, C. R. FIORI, et alii. Psicologia do Desenvolvimento - A idade

escolar e a adolescência. 4 v., São Paulo : Editora Pedagógica e Universitária.,

1981.

RIZZO, S. O Poder da Telinha, Revista Nova Escola. N.118 (p.10-15). São

Paulo : Editora Abril, Dezembro 1998.