solidao e o mar_v8-baixa

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por Stéphanie Zarif Oberholzer solidão e o FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO FACULDADE DE ARTES PLÁSTICAS Curso de Design de Moda São Paulo, 2015

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Page 1: Solidao e o mar_V8-baixa

por Stéphanie Zarif Oberholzer

solidão e o

FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADOFACULDADE DE ARTES PLÁSTICAS

Curso de Design de Moda

São Paulo, 2015

Page 2: Solidao e o mar_V8-baixa

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Design de Moda da Fundação Armando

Alvares Penteado, como requisito à obtenção do

certificado de conclusão.

Orientadoras: Prof.ª Monayna Pinheiro

(Desenvolvimento de Coleção) e Prof.ª Maíra

Zimmermann (Conceituação do Projeto em Moda).

solidão e o

por Stéphanie Zarif Oberholzer

São Paulo, 2015

Page 3: Solidao e o mar_V8-baixa

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Design de Moda

da Fundação Armando Alvares Penteado, como requisito à obtenção do

certificado de conclusão.

Orientadoras: Prof.ª Monayna Pinheiro (Dessenvolvimento de Coleção) e Prof.ª

Maíra Zimmermann (Conceituação do Projeto em Moda).

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso, em sessão pública

realizada em ___/___/2015 considerou o(a) candidato(a):

____________________________

Orientadora

Fundação Armando Alvares Penteado

_____________________________

Professor (a)

Fundação Armando Alvares Penteado

____________________________

Professor (a)

Fundação Armando Alvares Penteado

por Stéphanie Zarif Oberholzer

solidão e o

São Paulo, 2015

Page 4: Solidao e o mar_V8-baixa

“Como um pescador no seu barco, tranquilo e pleno de

confiança em sua embarcação, no meio de um mar desmesurado

que, sem limites e sem obstáculos, levanta e derruba montanhas

cheias de espuma, mugindo e bramindo, o homem individual,

no meio de um mundo de dores, permanece sereno e impassível

porque se apoia confiadamente em si mesmo,

‘principium individuationis’.”

(NIETZCHE apud CILENTO, 2008, online)

Page 5: Solidao e o mar_V8-baixa

RESUMO

Tendo como objetivo a criação de uma coleção de roupas femininas, este trabalho

buscou compreender pessoas que preferem a solidão do oceano a terra. Por

razões familiares e coletivas, foi possível entender sobre o que essas pessoas

sentem quando estão em contato com o mar, onde a solidão é a companhia

constante. O clássico “O Velho e o Mar” (1952), escrito pelo americano Ernest

Hemingway, e o livro “Cem Dias Entre Céu e Mar” (1985), escrito pelo brasileiro

Amir Klink, serviram como referências para entender essa convivência do homem

com o mar. A atmosfera que engloba um veleiro e o artista brasileiro José Pancetti,

serviram de apoio para ilustrar o tema central do estudo. A coleção navega entre

a rigidez dos elementos que compõem um barco a vela (leme, quilha e o casco, por

exemplo) e a leveza do vento em contato com as velas.

Palavras-chave: veleiro, solidão, sobreposição, coleção, moda.

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ABSTRACT

Having as objective the creation of a women´s fashion collection, this work seeks

to understand more about people who prefer the loneliness of the ocean rather than

the earth´s. Due to family and collective reasons, it was possible to understand more

about the feeling of these people, who are in constant contact with the sea, and

loneliness is their company. The classic, “The Old Man and the Sea” (1952), written by the

american Ernest Hemingway and the book “One Hundred Days Between Sky and Sea”

(1985), written by the brazilian Amir Klink, were used as references to understand the

coexistence of man at sea. Surroundings of a sailboat, as well as the brazilian artist José

Pancetti, helped illustrate the main subject of this study. The collection navigates between

the sailboat´s stiffness (rudder, keel and the hull, for exemple) and the lightness of the

wind in touch with the sail.

Keywords: sailboat, loneliness, overlay, collection, fashion.

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• INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 131. SOLIDÃO E O MAR ........................................................................................................................................................................15 1.1 O mar ................................................................................................................................................................................................................................15

1.2 A solidão .......................................................................................................................................................................................................................16

1.3 As conexões entre a solidão e o mar ..................................................................................................................20

1.4 “O velho e o mar” ..........................................................................................................................................................................................22

1.5 “Cem dias entre céu e mar” .........................................................................................................................................................27

2. A COLEÇÃO .........................................................................................................................................................................................................31

2.1 Conceito de Criação ...................................................................................................................................................................................31

2.2 Justificativa de Contemporaneidade .............................................................................................................................35

2.3 Mind map .................................................................................................................................................................................................................37

2.4 Mood board ..........................................................................................................................................................................................................38

2.5 Extração de formas ...........................................................................................................................................................................42

2.6 Cartela de cores ...........................................................................................................................................................................................46

2.7 Harmonia de cores ....................................................................................................................................................................................47

2.8 Cartela de materiais e aviamentos ..................................................................................................................................48

2.9 Silhuetas .....................................................................................................................................................................................................................58

2.10 Croquis e desenhos planificados ......................................................................................................................................66

2.11 Mapa da coleção .........................................................................................................................................................................................140

2.12 Modelos confeccionados ...............................................................................................................................................................145

2.13 Documentação do processo de criação e produção ........................................................................158

2.14 Lookbook ...............................................................................................................................................................................................................161

2.15 Fotografias conceituais ..................................................................................................................................................................175

•CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................................187

•REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................189

•ANEXO ....................................................................................................................................................................................................................................193

SUMÁRIO

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1312

A principal motivação ao montar uma coleção de roupas femininas baseada no

tema “Solidão e o Mar” foi o encontro entre uma forte herança familiar e o interesse

coletivo pelo mar. O meu avô materno sempre teve uma afinidade com o mar. Desde os

14 anos de idade, ele velejava e, após a sua aposentadoria, experimentou a vivência de

permanecer mais tempo em contato com as águas. Normalmente ficava em seu barco

atracado no Iate Clube do Guarujá e quando era necessário ia a São Paulo.

Para muitas pessoas, a vida no mar representa solidão. Geralmente para quem

mora em terra firme, pode ser difícil entender aqueles que optam por viver em alto

mar. Para grande parte da sociedade o oceano significa estar só, mesmice, marasmo e

até mesmo uma imersão no autoconhecimento, o que pode ser assustador. Já pessoas

em terra firme estão em contato com outras, mesmo quando distantes fisicamente.

No entanto, podemos afirmar que esse pensamento é dúbio, pois como disse um

desconhecido “Solidão é estar entre mil pessoas e sentir-se só”. Logo, podemos concluir

que um indivíduo pode estar em alto mar e não se sentir só, e uma em terra firme

sentir-se, pois solidão é uma condição interior do ser humano.

O livro “O Velho e o Mar” (1952), de Ernest Hemingway (1899 - 1961), mostra um

novo sentido para solidão por meio do personagem Santiago, um homem que convive

muito bem só, com seus sonhos e pensamentos. Podemos notar que o personagem

sente prazer na solidão proporcionada por seu barco, seus anzóis e a riqueza do mar.

Isso acontece pois ele não tem medo de estar em contato com si mesmo, seus medos,

seus sonhos e sua coragem para superação. Santiago é um grande exemplo de quem

sabe administrar a solidão e estar bem consigo mesmo, como disse Martha Medeiros:

Estar com alguém só para não estar sozinho é solidão mal administrada. Muitas pessoas

que vivem em formigueiros humanos como São Paulo se sentem muito mais solitárias do

que Almir Klink em suas excursões glaciais. Solidão não se cura com o amor dos outros. Se

cura com amor próprio. (MEDEIROS, 2008, p. 19)

Além do livro “O Velho e o Mar”, o livro “Cem Dias Entre Céu e Mar” (1985),

de Amir Klink (1955 - presente), empreendedor de expedições marítimas e escritor

INTRODUÇÃO

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1514

brasileiro. Assim como Hemingway, Klink concorda que a vida é rica no oceano: “E, isolado,

também não estava. Ao redor, tudo era sinal de vida. Gaivotas e aves marinhas de todo

tipo, as ondas com quem discutia, pilotos e fiéis dourados aumentando dia a dia. […].

Tudo, menos solidão!” (KLINK, 1985, p.108). Logo, podemos notar que para esses homens

o contato com a natureza é o encontro com o aconchego, com a paz e o verdadeiro eu.

Outra pessoa que merece ser comentada nessa pesquisa é José Pancetti, nascido

em 1902 em Campinas, interior de São Paulo e morto em 1958 no Rio de Janeiro. Foi um

artista que descobriu sua paixão por pintar quadros quando se tornou marinheiro no Brasil.

Teve muito contato com o mar e dele extraiu força para pintar, tinha orgulho de ser

marinheiro, e seu amor pela marinha foi retribuído. Participou de um grupo de pintores

dentro da “Companhia de Praticantes e Especialistas em Convés”, onde pintou cascos,

camarotes e pontes de comando de navios.

Seu trabalho foi tão marcante que a “Companhia de Praticantes Especialistas de

Convés” definiu uma cor com seu nome: o “Verde Pancetti”. Sua obra é composta por

paisagens, retratos, autorretratos, naturezas-mortas e marinhas. Inicialmente elaboradas

de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos,

sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a

abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar. Sua obra “Praia do Leme” contribuiu para a

paleta de cores da coleção a ser realizada.

A solidão e o mar são complementares, afinal, para alguém estar realmente em

contato com o mar precisa estar também em contato com si mesmo, precisa estar

só. Assim, é possível trabalhar uma coleção bem estruturada com a leveza apenas

nos detalhes.

1. SOLIDÃO E O MAR

1.1 O MAR

Há pessoas que veem a imensidão do mar como algo negativo, sem fim ou um

afogamento de vida recusando sempre o contato com o mesmo. Para estas pessoas, o

oceano geralmente significa morte.

Ao analisar o mar sob diferentes perspectivas podemos notar que para alguns

ele traz um sentimento de tristeza. Como por exemplo, no livro de Jó 38:16 é feita a

associação entre “a profundidade do oceano” e “o mundo dos mortos”. Já na cultura celta

e germânica, o caminho para o reino dos mortos é conduzido pelo oceano. No romantismo

(1808 - 1836) o oceano representa a força sinistra da natureza, assim como o significado

se manteve por muitas épocas em vários países, como em poesias de Shakespeare

(1564 - 1616) e textos de Eminescu (1850 - 1889).

A criação do universo é um mistério até os dias de hoje. Dentre toda a natureza, o

mar se destaca pela sua magia e desperta curiosiadade quanto à sua existência. É possível

notar que há forte relação entre sua água e os sentimentos dos homens no trecho abaixo:

O mar é símbolo da dinâmica da vida. Tudo sai do mar e tudo retorna a ele: lugar dos

nascimentos, das transformações e dos renascimentos. Águas em movimento, o mar

simboliza um estado transitório entre as possibilidades ainda informes as realidades

configuradas, uma situação de ambivalência, que é a de incerteza, de dúvida, de

indecisão, e que pode se concluir bem ou mal. Vem daí que o mar é ao mesmo tempo

a imagem da vida e a imagem da morte. (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2012, p. 592)

Usando como base a citação dos dois autore francêses Jean Chevalier (1906 -

1993) e Alain Gheerbrant (1920 - 2013), podemos dizer que o mar tem tanta vida e

movimento quanto à vida terrestre, nele existe um mundo de fecundidades. O oceano é

um ecossistema repleto de nascimentos e mortes, no entanto pessoas distantes dessa

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1716

realidade não percebem e apenas veem desânimo e solidão. A partir disso podemos notar

que grande parte da sociedade está afastada e fora de sintonia com o meio ambiente.

Com o crescimento dos grandes centros urbanos o contato com a natureza e o mar

se torna cada vez mais superficial, pessoas vão à praia apenas para lazer, sem se dar

conta de toda a riqueza que as cercam, e com isso acabam interferindo e prejudicando o

ecossistema que para alguns é tão importante.

Indivíduos que escolhem viver próximos ao oceano, ou em alto mar, costumam

passar mais tempo em contato com a natureza, suas belezas e riquezas. Ao mesmo

tempo em que essas pessoas estão dispostas a viver a vulnerabilidade de chuva,

frio, vento, tempestade e sol, há o prazer de desfrutar de bons momentos e belas

paisagens. Elas geralmente tornam-se um pouco mais sensíveis à biodiversidade e aos

acontecimentos diários, assim como nossos antecessores indígenas, que sabiam de forma

respeitosa conviver com a natureza, utilizar seus recursos e sinais sem esgotá-los,

preservando-a em sua essência. O respeito e compreensão do meio ambiente é maior

por pessoas que estão em contato direto com o mesmo se comparado com as que

vivem em grandes cidades, diariamente em escritórios, dentro de veículos ou metrôs.

Essa diferença de cenário cotidiano entre quem vive em cidades e quem vive no oceano

influencia a relação da percepção do tempo e do espaço.

1.2 A SOLIDÃO

O mundo moderno oferece inúmeras formas de socialização e integração para o

ser humano, principalmente nos centros urbanos. Os meios de comunicação nunca foram

tão eficientes e práticos e, ainda assim, há muitos indivíduos que sofrem com a solidão,

isolados em um “mundo próprio”. Estar só é diferente de sentir-se só. O sentimento de

isolamento é algo profundo e muitas vezes perturbador, pode vir do interior do homem,

não depende somente de fatores externos. É possível constatar isso quando nos

sentimos sós, mesmo estando rodeados de muitas pessoas.

A solidão é um dos ingredientes essenciais para a criatividade. O britânico Charles

Darwin (1809 - 1882) fazia longas caminhadas pelo bosque e recusava convites para

festas. O californiano Steve Wozniak (1950 - presente) inventou o primeiro computador

Apple sentado sozinho em um cubículo na Hewlett Packard, onde então trabalhava.

Para algumas pessoas o momento de solitude é o instante de entrar em contato com

as próprias idéias sem interferências externas. A sociedade nos prepara para fazer

muitas coisas ao mesmo tempo, o famoso multasking, mas é quando estamos sós que

podemos refletir sobre o que fazemos, como o fazemos e quem realmente somos.

São nos momentos solitários que encontramos grandes soluçõese ou fazemos grandes

descobertas. Arquimedes (287a.C. - 212 a.C.) estava sozinho em sua banheira quando

“Eureka!” descobriu a solução de um problema matemático. Logo, a solidão, muitas vezes

significa se abrir ao pensamento próprio e original. (DÍEZ, 2015, online)

O filósofo coreano Byung-Chul Han (1959 - presente), defende a necessidade

de recuperar nossa capacidade contemplativa para compensar nossa hiperatividade

destrutiva. Segundo ele, somente tolerando o tédio e o vácuo seremos capazes de

desenvolver algo novo e de nos desintoxicarmos de um mundo cheio de estímulos e de

sobrecarga informativa. Han preza as palavras do antigo político romano Catão (234a.C.

- 149a.C.): “Esquecemos que ninguém está mais ativo do que quando não faz nada, nunca

está menos sozinho do que quando está consigo mesmo”. (CATÃO apud DÍEZ, 2015, online)

A solidão é a arte do encontro com o vazio existencial. Esse vazio tem duplo

sentido. Um é o da existência, da busca de um significado metafísico, o outro é o da

ausência, da perda de algo importante. A liberdade é uma descoberta solitária e por isso

muitos tentam evitá-la.

Embora o afastamento da sociedade gere angústia, ele nos coloca diante do nosso

próprio “mundo interior”. A solidão também pode ser uma experiência de transcendência,

que pode significar traçar um caminho ou percurso para o mais além do meu eu humano,

é descobrir aquilo que era desconhecido (DICIONÁRIO INFORMAL, 2009, online). Em seu

livro sobre a Escola da Ponte, de Portugal, o escritor brasileiro Rubem Alves (1933 - 2014)

cita que os mestres zen não pretendiam ensinar coisa alguma na forma como entendemos

na educação ocidental. O que desejavam era levar seus discípulos a “desaprender” o que

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1918

sabiam, a ficar livres de qualquer filosofia para assim permitir despertar a lucidez na

solidão. (ALVES apud BUENO, 2015, online)

O psiquiatra austríaco Viktor Frankl (1905 - 1997), criador da terapia do sentido

existencial, desenvolveu esse método de tratamento nos porões do holocausto nazista

em meio à dor, ao sofrimento, à solidão e à morte. O afastamento, assim como a doença,

muitas vezes pode ser o caminho para crescimento e também amadurecido do ser

humano. É preciso ter a coragem de aprender com ela e não apenas rejeitá-la. Desprezar

o isolamento é o mesmo que ignorar nossos defeitos. É como se a doença deixassse de

existir a partir do momento que não falarmos mais sobre ela. Há pessoas que fazem

de tudo para evitar falar sobre a solidão, sobre a doença, mas no fundo é apenas uma

tentativa de fugir da realidade (BUENO, 2015, online). Afinal, por mais que se interaja

socialmente, não será possível evitar a certeza de ser só. (CAMON, 2002, online)

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889 - 1976) afirma em seu livro “Ser e

Tempo” (1927) que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um

de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento

da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos

distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento

de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos

a origem de nossa existência. O homem se torna autêntico quando aceita o afastamento

como o preço da sua própria liberdade. O ser autêntico é aquele que responde pela

sua existência, o ator principal, o arquiteto de sua própria obra-prima, de sua vida. E

se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de

desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Com isso abre mão de sua própria

existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros

e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria

história. (HEIDEGGER apud DÍEZ, 2015, online)

Como mencionado anteriormente, para Heidegger, estar só é a condição original de

todo o ser humano, cada um de nós é só no mundo. Mas para seu discípulo, o filósofo

francês Jean Paul Sartre (1905 - 1980), “O homem por si só não pode se conhecer em

sua totalidade. Só através dos olhos de outras pessoas, pode reconhecer neles o que têm

de igual. E cada um precisa desse reconhecimento” (SARTRE apud MORSKI, online). Assim

temos que, se por um lado nossa condição original é estar só, por outro, necessitamos da

presença de outros seres para nos conhecermos.

Para a sociologia, o indivíduo em grupo difere do indivíduo isolado. Considera-se que

não existe indivíduo isolado ou isolável, a não ser sob formas de patologias sociais. A

formação da personalidade não é possível fora do contexto social. Viver é quase somente

conviver. (DEMO apud MORSKI, online)

Há isolamentos que são desejados pelo próprio indivíduo, em alguns momentos da

vida, mas há aqueles em que o indivíduo é isolado socialmente como forma de punição

por alguma falta praticada contra a família ou os colegas. O sentimento de solidão pode

gerar uma série de transtornos psicológicos, sofrimento emocional, problemas orgânicos,

prejudicando a qualidade de vida das pessoas, gerando a infelicidade. Lemos com

frequência resultados de pesquisas como essa da BBC Brasil: “Pessoas solitárias têm

saúde mais precária”. (UOL, 2007, online)

O homem é um dos seres da natureza que não consegue sobreviver nos primeiros

momentos da vida, sem os cuidados de outros, de acordo com a biologia. Tal dependência

não é apenas de ordem prática, como alimento, abrigo, água, mas também de ordem

afetiva: diálogo, amor, fé, companheirismo. Já está comprovado cientificamente que

o isolamento humano total (a falta de contato ou de comunicação entre grupos ou

indivíduos) por um longo período, produz o chamado Homo Ferus. Tal “animal” não teria

adquirido, durante os primeiros anos de vida, fatos essenciais para sua interação na

sociedade: personalidade e cultura. O ambiente social, o meio familiar, o convívio com

certos grupos, a pertença de classe, tudo isso influi pesadamente na formação do

indivíduo e da própria sociedade. (DEMO apud MORSKI, online)

Apesar da tecnologia disponível no mercado ter a função de agilizar a comunicação,

aproximar as pessoas, economizar tempo, percebemos que muitas ficam ainda mais

isoladas em casas, apartamentos, conectadas com o mundo, mas sozinhas, entre quatro

paredes, numa solidão “virtual”.

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2120

O psicoterapeuta brasileiro Flávio Gikovate cita que a solidão é boa, que ficar

sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações

afetivas são ótimas, são como ficar sozinho: ninguém exige nada de ninguém e ambos

crescem. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer

um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a

harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo. (GIKOVATE

apud DÍEZ, 2015, online)

De forma ousada, Freud (1856 - 1939) afirma que as grandes decisões no domínio

do pensamento e as descobertas que envolvem trabalho intelectual “só são possíveis

ao indivíduo que trabalha em solidão” (FREUD apud TATIT; ROSA, 2013, online). Segundo

estudos baseados nas teorias de Lacan (1901 - 1981), a solidão não é apenas o refúgio

em um mundo individual e próprio, de indiferença, como as pessoas imaginam. (LACAN

apud TATIT; ROSA, 2013, online)

1.3 AS CONEXÕES ENTRE A SOLIDÃO E O MAR

Indivíduos que optam por viver boa parte de sua vida em alto mar geralmente

sabem lidar melhor com a solidão, e a veem de forma positiva como uma maneira de

se conhecer melhor. Cada pessoa vê o isolamento no mar com um olhar diferente que

depende da sua vivencia emocional e experiência de vida. Para alguns a vivencia no mar é

relacionada ao marasmo, para outras significa crescimento e novas descobertas, como

já dizia o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez.

Solidão

Aberto em mil feridas, cada instante,

qual minha fronte,

tuas ondas, como os meus pensamentos,

vão e vêm, vão e vêm,

beijando-se, afastando-se,

num eterno conhecer-se,

mar, e desconhecer-se.

(JIMÉNEZ, 2015, online)

Existem pessoas que se sentem aflitas e vazias quando estão à deriva no mar.

Este sentimento geralmente vem do fato de estarem em um local que não se sabe ao

certo quão fundo é, e o que exatamente vive nas profundezas do oceano, ou seja, é uma

situação que foge do controle das pessoas. A imensidão do céu e do mar causam uma

sensação de exílio e insignificância para alguns. Porém, os que escolhem essa vida, buscam

e encontram um crescimento pessoal com seres e com um mundo antes desconhecido.

Um sopro de vida

Faça com que a solidão não me destrua

Faça com que minha solidão me sirva de companhia.

Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar

Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim

Me sentir como se estivesse plena de tudo.

(LISPECTOR, 2015, online)

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2322

Um exemplo de que estar só em alto mar é uma das portas para o alto

conhecimento é quando a luz do sol incide sobre o mar, tornando-o um espelho natural.

Podemos analisar esse processo de reflexão que leva o indivíduo ao encontro consigo

mesmo levando em consideração as leis da física e os fenômenos de reflexão da luz,

apresentadas a princípio pelo matemático grego Euclides de Alexandria (330 a.C - 260

a.C.) e também por Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.). (BASSALO, 2015, online)

Além disso, podemos observar o Mito de Narciso, da mitologia grega, que se

apaixona pela sua própria imagem. Narciso só conseguiu olhar seu reflexo de forma

superficial, se apaixonou pela aparência apenas e não por sua alma e própria companhia.

Diferente dele, uma pessoa que está acostumada a ficar só sabe da importância de

entrar em contato com a própria solidão de forma profunda e dessa forma consegue

ver os reais significados desse reflexo, encarar seus próprios defeitos, encontrar a real

liberdade, paz de espírito e harmonia, disponíveis apenas dentro de si.

1.4 “O VELHO E O MAR”

O livro “O Velho e o Mar” de Hemingway teve uma profunda influência nesse trabalho,

pois narra à luta solitária pela sobrevivência de um homem em alto-mar mostrando tanto as

dificuldades quantos os prazeres e as alegrias enfrentadas no oceano.

Depois de passar quase três meses sem fisgar um peixe, escarnecido pelos

colegas de profissão, o velho Santiago é incentivado pelo jovem Manolin a pescar em

alto-mar, sozinho, em seu pequeno barco. Ele quis provar aos outros e a si mesmo que

ainda é um bom pescador. É em completa solidão que ele trava uma luta de três dias com

um peixe imenso, um animal quase mitológico, que lembra um ancestral literário, a baleia

Moby Dick. No decorrer da leitura, o leitor embarca no monólogo interior de Santiago,

em suas dúvidas, sua angústia, sentindo os músculos retesados, as mãos cobertas de

sangue, a boca salgada e com gosto de carne crua.

Ao ler a obra, é possível notar que a vida se complementa de opostos. O velho vive

numa constante sensação de conflitos internos: velho x criança, sofrimento x prazer,

sonho x fracasso, matar ou morrer, “la mar” - feminino: mar generoso, “el mar” -

masculino: mar cruel.

Na sociedade em que vivemos o idoso é visto como “excluído” e necessitado de

cuidados especiais. Ele não tem autonomia e sua sabedoria não é valorizada em nossa

cultura. Apesar disso, o velho tem consciência de sua importância para a sociedade, que

insiste em descartá-lo, criando no seu interior um grande vazio o que influência no seu

isolamento. No livro, Santiago afirma que os idosos às vezes, sentem-se solitários, isso

pode ser justificado na frase: “Pessoas da minha idade nunca deviam estar sozinhas”.

(HEMINGWAY, 1952, p. 51)

Enquanto alguns idosos se conformam com esta situação de exclusão, outros lutam

contra essa realidade, pois neles ainda habitam suas crianças internas. Pessoas que

nascem com ela, serão sempre seres com o espirito jovem tendo disposição para se

arriscar por toda a vida, como Santiago.

O nome “Santiago” significa se autoconhecer no sofrimento, e é isso mesmo que

acontece na obra, Santiago quer mostrar suas forças, mas para isso precisa resgatar

o lado “menino” que existe dentro dele, que não envelhece, e vai à busca do encontro

consigo mesmo. O mar é o local apropriado para se interiorizar, pois representa a

travessia da vida, é um lugar tranquilo que o leva a refletir e recordar as lembranças.

O encontro do velho com a criança que mora dentro de si, é que lhe dá a capacidade

de se aventurar, a coragem de persistir nos seus sonhos, proporcionando a disposição

de se arriscar, de usar a criatividade na solução dos problemas, de ter esperança,

espontaneidade, enfim, de ir à busca do que lhe dá prazer: “pescar”.

Embora a criança lhe dê a motivação, e forças emocionais para lutar, prosseguir e

não desanimar, ele precisa também das forças físicas de seu tempo de menino, porém

a carcaça envelheceu, o seu corpo e seus braços não correspondem mais aos seus

desejos. Ao longo do livro, Santiago se queixa da câimbra na mão esquerda e considera

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2524

esse sofrimento uma traição do corpo. Ele admite ser útil a força física do menino

Manolin, como mostra a citação abaixo:

Gostaria tanto de ter aqui o garoto - repetiu em voz alta. Mas o garoto não está aqui,

pensou. Você só tem a você mesmo e agora o melhor que tem a fazer é chegar a

aquela outra linha, no escuro ou não, cortá-la e depois ligar os dois rolos de reserva.

(HEMINGWAY, 1952, p. 55)

Santiago segue sua jornada e enfrenta momentos sofridos e prazerosos. Para ele,

a felicidade só será alcançada se antes passar pelo sofriemento. A consciência de que

tem um objetivo a ser atingido o faz levantar mesmo com dor e prosseguir rumo ao seu

alvo. Ele encontra forças, pois entende que nasceu para ser um pescador e assim, mesmo

sangrando, não desiste da batalha. Para ele essa luta significa encontrar a paz interior.

Em meio à batalha com o “o peixe grande”, que representa seu sonho maior,

ele consegue pescar os “peixes menores”, que o alimentam e lhe dão a sustentação

para continuar. Superar os problemas mais simples serve de fortalecimento para os

desafios maiores, são eles que constroem os degraus para se chegar ao objetivo, e

conquistar a vitória.

O sofrimento faz parte da vida, é um caminho inevitável, as lutas e batalhas físicas

e emocionais são indispensáveis para o nosso crescimento. Ao mesmo tempo em que

Santiago sentia angústia, ele tinha prazer em estar travando aquela disputa, pois sabia

que tinha nascido para pescar. Se não existisse o conflito, não haveria o entusiasmo

dá vitória, a felicidade da conquista dos desafios superados, portanto, é através do

sofrimento que se origina o prazer.

Neste duelo está presente o sonho e o fracasso, pois para que um possa vencer, o

outro tem que perder. Vivemos numa sociedade competitiva, não basta ser bom, tem que ser

o melhor. Para conquistar o sonho é preciso vencer o “peixe grande”, vencer os desafios,

vencer a concorrência, que por sinal é muito grande. A sociedade se preocupa com o resultado

final e não com a travessia, o nosso valor é a nossa capacidade, a nossa preparação.

Na obra o velho diz: “Gostaria de poder alimentar o peixe, pensou. Ele é como se

fosse meu irmão. Mas tenho de matá-lo e ganhar forças para fazê-lo” (HEMINGWAY,

1952, p. 62). O idoso sente dó do peixe, mas sabe que precisa ser melhor, ele tem que

sobreviver, é matar ou morrer, estamos numa corrida contra o tempo. O peixe grande a

ser enfrentado pode até mesmo ser uma pessoa que você gosta como aconteceu com o

velho Santiago, querer pescá-lo não significa ser este um inimigo.

O velho não menospreza o seu adversário, pelo contrário, considera que os peixes

têm seu valor. Isso pode ser justificado através da frase: “O homem não vale lá muito

comparado aos grandes pássaros e animais. Eu por mim gostaria muito mais de ser aquele

peixe lá embaixo na escuridão do mar”. (HEMINGWAY, 1952, p. 70)

Mesmo depois de ter pescado o peixe, não é permitido parar no tempo,

pois quando achamos que está tudo bem, de repente aparece um tubarão para

enfrentarmos. Tudo parece não ter fim, o velho, às vezes não dormia e não comia, a

luta era constante, vence um obstáculo, logo surgem outros. A vitória não é permanente,

o fracasso também faz parte da vida, tira-nos do comodismo, mostra que somos

imperfeitos e que precisamos ser lapidados. Não devemos encarar o insucesso como

uma derrota, e sim como uma lição que nos ensina a ser mais fortes e persistentes

nos objetivos almejados. Temos que vencer os tubarões de cada dia, eles estão sempre

prontos para nos atacar, a vitória (sangue) chama a atenção do inimigo (tubarão), e

incomoda os adversários que virão com toda a fúria tentar minar o seu sucesso, tirarem

proveito da situação (comer parte da carne), para isso você precisa estar preparado

para não ficar no meio do caminho, apenas com os ossos secos e as cicatrizes na mão.

Nesse caso, podemos associar o Velho com o Super-Homem (Übermensch) estudado por

Nietzsche, que tem a determinação absoluta como característica, além da confiança em

sua intuição, e solidão ativa, corajosa. (NIETZSCHE apud SCHILLING, 2002, online)

A luta é individual, cada pessoa vem sozinha ao mundo, atravessa a vida como uma

pessoa separada, e finalmente morre sozinha.

Page 15: Solidao e o mar_V8-baixa

2726

A solidão é um sentimento interno, é o momento em que sente que está só, até

mesmo estando cercado de pessoas. Como não poderia ser diferente, o velho

Santiago faz a travessia pelo mar da vida, sozinho, curtindo a solidão e a aventura

no alto mar. A fase de passagem pelo mar o faz refletir e agradecer a Deus,

porque mesmo atravessando por um período difícil, sua situação era melhor do que

a de outras pessoas. “As aves têm uma vida mais dura que a nossa.” As muitas

experiências ali vividas, serviram para a manifestação e o fortalecimento de suas

próprias forças diante dos problemas e dificuldades, tornando sua base mais forte e

sólida. (CAMPOS, 2008, online)

Como a escritora Marli Savelli de Campos comenta sobre Santiago, a solidão do

mar não trouxe consigo tristeza nem marasmo, pelo contrário, trouxeram superação

e aprendizado. Foi à deriva que o eu-lírico manifestou a sua admiração pela riqueza

marítima. Ele acredita que em alto-mar nunca estamos sozinhos, como podemos notar na

frase “Voltou à procura do pássaro porque gostara da sua companhia. Mas o pássaro

tinha desaparecido” (HEMINGWAY, 1952, p. 59). Ou ao longo da sentença: “O velho olhou

para o norte e viu um bando de patos bravos delineando-se no céu sobre o mar. Depois

desapareceu e tornou a aparecer ao longe. Na verdade, no mar alto, nunca se está

completamente só”. (HEMINGWAY, 1952, p. 63)

O título “O Velho e o Mar” remete-nos a ideia de que a vida está passando. O velho

já passou por praticamente todas as fases da existência humana, e o mar representa

essa travessia que proporcionou a ele grandes experiências vividas, às vezes o mar é

bom, outras vezes é ruim, temos que aprender a conviver com o bem e com o mal. Ernest

Hemingway, consegue transmitir uma lição de vida ao apresentar a luta desesperada de

Santiago, que se resume ao “desejo de vencer”. Ensina-nos que em certos momentos é

preciso ceder o controle da direção, deixar-se levar pela maré, sem resistência.

Assim como a felicidade é passageira, o sofrimento não é eterno, sem dor não existe

prazer, nos momentos de dificuldades precisamos enxergar os lindos peixes coloridos

que nos rodeiam, pois são eles que iluminam e dão coloração para a vida, senão a

história escrita por você ficará em “preto e branco”. (CAMPOS, 2008, online)

A situação pode estar difícil, mas não devemos desanimar diante dos obstáculos,

é preciso ter perseverança, pois o sofrimento não vem para nos derrotar e sim

para nos tornar mais fortes. É preciso passar pela luta para se chegar à vitória, e

entender que nem sempre podemos vencer, mas no fim sempre podemos tirar uma

lição da batalha travada.

1.5 “CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR”

O livro “Cem Dias Entre Céu e Mar” é o relato de uma travessia incomum feita

pelo velejador brasileiro Amir Klink: a viagem iniciou-se no dia 10 de Junho e terminou

no dia 18 de Setembro de 1984. Durante esse período, Klink atravessou o Atlântico Sul,

tendo como partida o porto de Lüderitz, na Namíbia, e, como chegada Salvador, na Bahia.

Durante o tempo que ficou no mar, entre a África e o Brasil, Klink escreveu sobre seu

dia-a-dia no minúsculo barco a remo - que percorreu cerca de 6500 quilômetros - os

temores e sentimentos da vida em alto mar, os preparativos da viagem e os problemas

que ocorreram durante a expedição.

Um amigo de Amyr alertou o navegador de que tudo aquilo não valeria nada se não

virasse um livro. Em uma recente entrevista, Klink comentou “Para mim, escrevê-lo foi

algo tão ou mais interessante que a própria viagem e hoje ele é mais importante do que

a travessia”. (CASARIN, 2014, online)

No relato de sua viagem, que empreendeu sozinho, Klink escreveu muito sobre a

sua relação com a natureza a sua volta e o respeito que tinha por ela. Peixes dourados

que acompanharam o barco a remo por boa parte da viagem, a inesperada visita de

Page 16: Solidao e o mar_V8-baixa

2928

baleias e até de tubarões no meio da noite, assim como as gaivotas e as ondas foram as

únicas companhias do viajante durante cem dias:

E, assim, entre discussões e mal-entendidos com as ondas, passei a conviver

suportavelmente com os seus humores. Senti que não deveriam ser xingadas quando

me enfurecia, pois sempre respondiam à altura. (KLINK, 1985, p. 77)

Outra questão recorrente no livro é a da solidão. Amyr Klink escreveu seus

temores com relação ao mau tempo do mar e ao esgotamento de provisões de viagem,

mas, curiosamente, a solidão não fazia parte desses temores: “E, isolado, também não

estava. Ao redor, tudo era sinal de vida. Gaivotas e aves marinhas de todo tipo, as ondas

com quem discutia, pilotos e fiéis dourados aumentando dia a dia […] Tudo, menos

solidão!”. (KLINK, 1985, p. 108)

Para passar por esse momento em alto mar, com a companhia apenas do

céu, baleias, tubarões e do mar, Klink se preparou o máximo que pôde: estudou as

possibilidades do mar e trajetos, a melhor forma de construir seu barco, cuidou da

alimentação e de seu psicológico, afinal, 100 dias em alto mar, e sozinho, não é algo fácil

de se concretizar, e ele sabia disso.

Em vários trechos da obra comentou sobre o isolamento, mas sempre de forma positiva

e como uma experiência que pode engrandecer o ser humano. Para lidar com o afastamento,

e o permanente contato consigo mesmo, encontrou a amizade e a saudade como forma de

completar, e de certa forma, preencher, sua solidão. Como mencionou no livro, após dois

meses em alto mar, começou a repensar o sentido que aprendera sobre o exílio.

Para o autor, após um longo tempo afastado e debruçado em sua própria solidão,

passou a olhar esse sentimento como um estado interior do ser humano, e não a

ausência e a distância de pessoas, como grande parte da sociedade entende.

Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um

estado interior que não depende da distância... nem do isolamento; um vazio que invade

as pessoas... E que a simples companhia ou presença humana não pode preencher.

Solidão foi a única coisa que eu não senti, depois que parti...nunca...em momento algum.

Estava, sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e de

pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração.

Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem

um amigo, mesmo que só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão;

poderá morrer de saudades, mas não estará só. (KLINK, 1985, p.108)

Ao analisar o livro “Cem Dias Entre Céu e Mar”, podemos notar semelhanças entre

as situações vivenciadas por Amyr Klink com as do personagem de Hemingway, Santiago,

no livro “O Velho e o Mar”. Ambos passaram por um período isolado no oceano, onde

apenas o mar era a companhia. Eles enfrentaram o exílio de maneira equilibrada como

um passo para conquistas e o conhecimento de si próprio. Esse afastamento que os dois

enfrentaram mostra que não há somente o isolamento como um sentimento negativo,

associado ao sofrimento, existe também a solitude no qual o homem se descobre, e

este não imputa medo ou desespero. Enquanto a solidão negativa traz uma sensação

desagradável, o distanciamento com consciência e sabedoria faz parte na transformação

e autoconhecimento do ser humano.

Page 17: Solidao e o mar_V8-baixa

3130

2 . A COLEÇÃO

2.1 CONCEITO DE CRIAÇÃO

Por meio do olhar sensível e poético dos que amam o mar, surgiram ideias para que

fosse realizada a elaboração de uma coleção de roupas femininas. O elemento principal

de inspiração foi o barco a vela.

O vento, a lua e o sol influenciam consideravelmente na superfície dos oceanos devido à

fluidez, com grande liberdade de movimento da água. Esse fenômeno das marés e o vento que

bate nas velas refletem no balanço do veleiro, o que o deixa sempre inquieto. Quando está na

terra, o barco parece sem vida, é só mais um objeto. Porém, na água, mesmo estando solitário

no meio de uma imensidão azul, ele ganha existência e mostra que tem diversas funções: ajuda

na locomoção, contribui para o comércio local, é usado como objeto de fuga para os cansados,

e de prazer para aqueles que apreciam velejar.

A rigidez dos elementos que compõem um veleiro (leme, quilha e o casco, por

exemplo) reflete em uma coleção bem estruturada. A leveza do vento em contato com

as velas pode ser retratada em alguns tecidos. A exploração dessa dualidade resulta em

uma coleção feminina, que visa abordar mulheres entre 25 a 40 anos.

Algumas peças mostram os efeitos que o vento produz nas velas sobrepostas

umas sobre as outras, que dependendo da direção, criam-se impressões diferentes.

Essa proposta é representada na coleção, com as sobreposições de tecidos. Algumas

justaposições apresentam movimento podendo ser percebido no caminhar de quem

veste a roupa.

Os tecidos utilizados na coleção foram: punho, compact cotton span, piquet, sarja,

two way, linho, crepe, crepe georgette de seda, gazar de seda pura, tule e teares

manuais (remetendo as redes de pesca). Para dar um ar rústico e desgastado as

roupas, alguns tecidos foram cortados a fio deixando as peças levemente desfiadas.

Também foram utilizados materiais como: cordões, aviamentos em ouro velho, além

de botões e ornamentos de madeira. O ouro velho retrata o desgaste causado pela

maresia no metal e a madeira simboliza o casco do valeiro.

Page 18: Solidao e o mar_V8-baixa

3332

A extração das silhuetas foi feita a partir de um exercício de colagem, realizado

por meio do livro “Navegación a Vela” que apresenta imagens de diferentes tipos de velas

presentes nos barcos (vela latina, vela bermuda, vela guayra, entre outras). Além das formas,

bolsos, recortes, palas, detalhes e acabamentos também surgiram por meio deste estudo.

Durante o desenvolvimento da coleção as cores foram escolhidas por memória

afetiva juntamente com o estudo da variação de cores presentes no mar.

As primeiras cores escolhidas foram o azul e o amarelo, pois estas pertenciam

ao barco Áries, da família Zarif. A partir do azul e o amarelo, surgiram duas nuances

de amarelo e três nuances de azul. Também foi incluso na cartela de cor o preto, pois

ao ser vendido o barco logo foi pintado desta cor, significando o luto da família ao se

desfazer do item. A tonalidade cinza aparece como uma cor desejo. Ela significa para

a coleção uma passagem do luto, ou seja, da solidão total para uma aceitação de estar

consigo mesmo.

A cor visível do mar é azul pois essa é a tonalidade que as partículas de areia e

os microrganismos mais comuns na sua superfície refletem quando são atingidos pela

luz solar. Se houverem outras partículas, a cor refletida será diferente. Nas costas e

nas proximidades das ilhas, porém, o tom costuma ser verde. Isso acontece por causa

dos pigmentos amarelos presentes na matéria orgânica de algas e vegetais. Ao misturar

azul com amarelo, surge o verde. No mar, aparecem várias nuances de azuis e verdes.

Assim, além do azul também foi utilizado na cartela á cor verde.

A obra “Praia do Leme” do artista José Pancetti também influenciou na escolha

da cartela de cor, que apresenta tons de azul, amarelo e marrom. Os tons de marrom

se destacam na obra e refletem a cor do casco de um barco a vela. O casco é rústico

assim como a vida no mar.

Imagem: Autor: José Pancetti, obra: Praia do Leme, 1955.

Fonte: Site Pintores do Rio, online.

Page 19: Solidao e o mar_V8-baixa

3534

2.2 JUSTIFICATIVA DE CONTEMPORANEIDADE

O ser humano nunca teve tanto acesso à informação e possibilidades para

se interligar. Apesar da tecnologia disponível no mercado ter a função de facilitar

a comunicação, aproximar as pessoas, economizar tempo, percebemos que muitas

ficam ainda mais isoladas em casas, apartamentos, conectadas com o mundo, mas

sozinhas, entre quatro paredes, numa solidão “virtual”. Esse distanciamento geralmente

compromete a convivência social, pois o homem passa a ser mais individualista e tem

dificuldade em saber lidar com o coletivo.

Os novos hábitos da realidade online juntamente com uma rotina corrida,

principalmente nas grandes cidades, faz com que o isolamento se torne cada vez mais

presente no dia a dia das pessoas. No entanto, a falta de contato físico com o próximo,

muitas vezes não é notada, mas ela existe.

Atualmente, o exílio é mascarado pelas redes sociais e pelo convívio superficial

dos indivíduos. Devido ao tamanho afastamento que as tecnologias provocam o ser

humano não consegue nutrir-se o suficiente de “calor humano”, e essa carência muitas

vezes compromete a saúde física e mental do mesmo. O real sentimento de ausência,

que muitas vezes não é sentido facilmente pelas pessoas, é para muitos, um fator

determinante para os estados de melancolia e de depressão.

Apenas quando percebemos a solidão, é possível encará-la de forma positiva ou

negativa. Somente quando se tem a consciência de que se isolar ocasionalmente pode

ser algo proveitoso, é que entramos em contato com nós mesmos, nossas ideias e a

nossa essência. Para alguns, essa situação gera medo, pânico, e para outros paz e maior

consciência de si mesmos.

Page 20: Solidao e o mar_V8-baixa

3736

2.3 MIND MAP

Page 21: Solidao e o mar_V8-baixa

3938

2.4 MOOD BOARD

barco do vovô João

Fotos: acervo pessoal

Page 22: Solidao e o mar_V8-baixa

4140

um dos passeios

de barco com

meu primo

Fotos: acervo pessoal

Page 23: Solidao e o mar_V8-baixa

4342

2.5 EXTRAÇÃO DE FORMAS

Page 24: Solidao e o mar_V8-baixa

4544

Page 25: Solidao e o mar_V8-baixa

4746

2.7 HARMONIA DE CORES

2.6 CARTELA DE CORES

Page 26: Solidao e o mar_V8-baixa

4948

2.8 CARTELA DE MATERIAIS E AVIAMENTOS

SARJAFornecedor: Tecidos Sta. Catarina

Cor: Marrom avermelhado

Composição: 97% algodão e 3% elastano

Largura: 1,40

Preço: R$ 18,90 o metro

SARJAFornecedor: MITTUS

Cor: Marrom

Composição: 97% 3% elastano

Largura: 1,40

Preço: R$ 38,00 o metro

LINHO MISTOFornecedor: MITTUS

Cor: Cinza

Composição: 65% poliéster 35% linho

Largura: 1,40

Preço: R$ 68,00 o metro

LINHO MISTO ENCERADOFornecedor: MITTUS

Cor: Azul marinho

Composição: 100% poliéster

Largura: 1,40

Preço: R$ 68,00 o metro

LINHO RÚSTICOFornecedor: MITTUS

Cor: Azul bic

Composição: 100% poliéster

Largura: 1,40

Preço: R$ 49,00 o metro

LINHO RÚSTICOFornecedor: MITTUS

Cor: Azul claro

Composição: 100% poliéster

Largura: 1,40

Preço: R$ 49,00 o metr

Page 27: Solidao e o mar_V8-baixa

5150

TWO WAYFornecedor: MITTUS

Cor: Amarelo escuro

Composição: 100% poliéster

Largura: 1,40

Preço: R$ 38,00 o metro

CREPEFornecedor: MITTUS

Cor: Amarelo claro

Composição: 100% poliéster

Largura: 1,40

Preço: R$ 59,00 o metro

PIQUETFornecedor: MITTUS

Cor: verde

Composição: 65% poliéster 35% algodão

Largura: 1,40

Preço: R$ 49,00 o metro

COMPACT COTTON SPAN

Fornecedor: FOCUS

Cor: Preto

Composição: 97% algodão 3% elastano

Largura: 1,40

Preço: R$ 17,30 o metro

GAZAR DE SEDA PURAFornecedor: MITTUS

Cor: Azul marinho

Composição: 100% seda

Largura: 1,40

Preço: R$ 68,00 o metro

CREPE GEORGETTE DE SEDA

Fornecedor: GJ

Cor: Azul claro

Composição: 100% seda

Largura: 1,35

Preço: R$ 98,00 o metro

Page 28: Solidao e o mar_V8-baixa

5352

PUNHOFornecedor: TRITEX

Cor: Marrom

Composição: 100% poliéster

Largura: 80 centímetros

Preço: R$ 56,10 o quilo

TULEFornecedor: Armarinho Aslan

Cor: Preta

Composição: 70% poliéster 30% elastano

Largura: 1,40

Preço: R$ 65,0 o rolo com 50 metros

FORRO DE ALPACA Fornecedor: Mauá tecidos

Cor: Creme

Composição: 75% algodão 25% poliéster

Largura: 1,40

Preço: R$ 7,90 o metro

FORRO DE ALPASEDAFornecedor: Mauá tecidos

Cor: Azul claro

Composição: 100% acetato.

Largura: 1,40

Preço: R$ 7,90 o metro

Page 29: Solidao e o mar_V8-baixa

5554

CZANETTI

Ponteira em ouro velho

Preço: R$ 0,60 a unidade

SILVA SANTOS

Cós de alfaiataria

Preço: R$ 95,00 rolo com 20 metros

Composição: 100% poliéster

REI DO ARMARINHO

Botão 12 mm

Preço: R$ 8,64 a caixa com 144 unidades

FABI AVIAMENTOS

Cordão

Preço: R$ 5,00 o rolo com 30 metros

Composição: 100% algodão

AVIAMENTOS

ALTERO

Argola em ouro velho

Preço: R$ 2,00 a unidade

MALULI ARMARINHOS

Botão de pressão em ouro velho

Preço: R$ 95,00 a caixa com 100

unidades

MALULI ARMARINHOS

Entretela de malha

Preço: R$ 8,90 o metro

Composição: 100% poliiéster

MAGMA

Entretela especial usada em calçados

Preço: R$ 45,00 a placa

Page 30: Solidao e o mar_V8-baixa

5756

MALULI ARMARINHOS

Entretela dupla face

Preço: R$ 12,00 o metro

Composição: 100% poliamida termoreativo

MALULI ARMARINHOS

Ilhós em ouro velho

Preço: R$ 87,55 a caixa com 200 unidades

TECIDOS STA. CATARINA

Zíper invisível

preço 20 cm: R$ 1,20 a unidade

Preço 30 cm: R$ 1,30 a unidade

Preço 35 cm: R$ 1,45 a unidade

Preço 50 cm: R$ 2,20 a unidade

Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade

CRZANETTI

Mosquetão em ouro velho

Preço: R$ 3,85 a unidade

CRZANETTI

Mosquetão em ouro velho

Preço 4 cm: R$ 1,05 a unidade

Preço 6 cm: R$ 2,65 a unidade

ALI EXPRESS

Botão triangular 20 cm

Preço: R$ 28,68 a caixa com 100

unidades

Page 31: Solidao e o mar_V8-baixa

5958

2.9 SILHUETAS

Page 32: Solidao e o mar_V8-baixa

6160

SILHUETAS

Page 33: Solidao e o mar_V8-baixa

6362

Page 34: Solidao e o mar_V8-baixa

6564

Page 35: Solidao e o mar_V8-baixa

6766

CROQUIS2.10 DESENHOS

PLANIFICADOS

Page 36: Solidao e o mar_V8-baixa

6968

Page 37: Solidao e o mar_V8-baixa

7170

vários tipos de velas

em um veleirotear

3 botões

zíper invisível

tear

zíper invisível

Page 38: Solidao e o mar_V8-baixa

7372

efeitos que o vento produz nas velas sobrepostas umas sobre as outras

1 botão

zíper invisível embaixo dos

recortes

tear

tear

Page 39: Solidao e o mar_V8-baixa

7574

leveza do vento

em contato com

as velas

zíper invisível

mosquetão

ponteira

ilhós

mosquetão

ponteira

ilhós

zíper invisível

tecido duplo

textura textura

tecido duplo

codão codão

Page 40: Solidao e o mar_V8-baixa

7776

zíper invisível

zíper invisível

revél revél

Page 41: Solidao e o mar_V8-baixa

7978

manga feita com tear

tear

zíper invisível

recorte

tear

zíper invisível

recorte

Page 42: Solidao e o mar_V8-baixa

8180

cores do barco Áries zíper invisível

Ilhós

zíper invisível

Ilhós

zíper invisível

cordãocordão

Page 43: Solidao e o mar_V8-baixa

8382

zíper invisívelzíper invisível

zíper invisívelzíper invisível

revél revél

nervuras nervuras

Page 44: Solidao e o mar_V8-baixa

8584

moulage:liberdade de movimento

da água

fechado na costura

fechado na costura

5 botões forrados 5 botões forrados

textura textura

2 botões forrados

zíper invisível lateral

saia cortada no viés

zíper invisível lateral

saia cortada no viés

2 botões forrados

textura textura

Page 45: Solidao e o mar_V8-baixa

8786

3 botões

zíper invisívelzíper invisível

Page 46: Solidao e o mar_V8-baixa

8988

cores inspiradas na obra “Praia do Leme”

zíper invisível abre de baixo

para cima

recorte cintura

botão forrado

zíper invisível

argola

Ilhós

zíper invisível abre de baixo

para cima

ombro

fechado na costura

mosquetão

ponteira

rolotê de

tecidomosquetão

ponteira

rolotê de

tecido

ombro

codão

cordão cordão

tecido para prender argola

Page 47: Solidao e o mar_V8-baixa

9190

3 botões de pressão

zíper invisível zíper invisível

Page 48: Solidao e o mar_V8-baixa

9392

metais desgastado pela maresia

Ilhós

zíper invisível zíper invisível

argola

cordão

zíper invisível zíper invisível

tecido para prender argola

Page 49: Solidao e o mar_V8-baixa

9594

acessórios naúticos/ corda de barco

IlhósIlhós

zíper invisível

mosquetão

rolotê de

tecido

ponteira

rolotê de

tecido mosquetão

ponteiracordão cordão cordão cordão

Page 50: Solidao e o mar_V8-baixa

9796

sobreposição de tecidos

3 botões de presssão 3 botões de presssão

zíper invisível

Page 51: Solidao e o mar_V8-baixa

9998

3 botões de pressão

zíper invisível

Ilhós

Ilhós

zíper invisível

3 botões de pressão

cordão

Page 52: Solidao e o mar_V8-baixa

101100

cores do mar

zíper invisível

2 botões de pressão

Page 53: Solidao e o mar_V8-baixa

103102

aviamentos em ouro velho

Ilhós

zíper invisível

argola

cordão

tecido para prender argola

Page 54: Solidao e o mar_V8-baixa

105104

passagem da solidão total (preto) para

uma aceitação de estar consigo mesmo (cinza)

zíper invisível

recorte

top interno

zíper invisível

top interno

nervuras nervuras

Page 55: Solidao e o mar_V8-baixa

107106

rede de pesca

1 botão de pressão

zíper invisível

revél

revél

Page 56: Solidao e o mar_V8-baixa

109108

invisível invisível

revél revél

zíper invisível

revél

zíper invisível

revél1 botão triangular

Page 57: Solidao e o mar_V8-baixa

111110

zíper invisível

cordão cordão

Page 58: Solidao e o mar_V8-baixa

113112

zíper invisível zíper invisível

zíper invisível zíper invisível

Page 59: Solidao e o mar_V8-baixa

115114

gola de madeira

simboliza o casco do valeiro

botão de pressão

Ilhós gola com textura de madeira

gola de gazar de

seda cortada a fio

abotoamento interno com

botão de pressão

pequena prega

colete inteiro sem costura lateral

recortes

zíper invisível zíper invisível

calça sem cós acabamento com

revél de alfaiataria

argola

corte circular e franzido

corte circular e franzido

codão

Page 60: Solidao e o mar_V8-baixa

117116

mandeira com

formato de vela

zíper invisível zíper invisível

mosquetão

ponteira

rolotê de

tecido

rolotê de

tecido mosquetãoponteira

cordão cordão cordão cordão

nervuras nervuras

Page 61: Solidao e o mar_V8-baixa

119118

justaposições

de tecidos3 botões de pressão

zíper invisível zíper invisível

Page 62: Solidao e o mar_V8-baixa

121120

revél

zíper invisível

revél

3 botões triangulares

Page 63: Solidao e o mar_V8-baixa

123122

triângulos se

movimentam

ao andar assim

como o barco ao

navegar

zíper invisívelzíper invisível

revél revél

Page 64: Solidao e o mar_V8-baixa

125124

2 botões de pressão

zíper invisível

2 botões de pressão

zíper invisível

nervuras nervuras

Page 65: Solidao e o mar_V8-baixa

127126

saia barco

zíper invisível

Page 66: Solidao e o mar_V8-baixa

129128

zíper invisível zíper invisível

3 botões de pressão3 botões de pressão

Page 67: Solidao e o mar_V8-baixa

131130

pigmentos amarelos presentes na matéria orgânica de algas e vegetais

zíper invisível zíper invisível

Ilhós

Ilhós

nervuras nervuras

cordão cordão

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133132

velas sobrepostas

zíper invisível

Page 69: Solidao e o mar_V8-baixa

135134

2 botões costura no ombro

costura no ombro 2 botões

invisível invisível

revél revél

2 botões costura no ombro ombro costura no ombro ombro2 botões

zíper invisível

revél

zíper invisível

revél

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137136

tear tear

zíper invisível

Page 71: Solidao e o mar_V8-baixa

139138

saia bem

estruturada:

rigidez do casco

zíper invisível zíper invisível

recorte

abertura

zíper invisível

sem cós sem cós

preso a mão com tecido

mosquetão

ilhós

ponteira

codão codão

Page 72: Solidao e o mar_V8-baixa

141140

2.11 MAPA DA COLEÇÃO

Page 73: Solidao e o mar_V8-baixa

143142

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145144

2.12 MODELOS

CONFECCIONADOS

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147146

FICHA TÉCNICAReferência: 0004

Tamanho: 38

Coleção: Solidão e o Mar

Descrição: Vestido assimétrico todo forrado de alpaseda, com recortes e aplicações de texturas duplas cortadas a fio e encaixadas em todas a linhas de costura. Saia com tecido duplo, pala virada pra cima como um punho de camisa. Cordão preso com mosquetão nos ilhóses (frente e costas) do vestido.

Tecidos

123

Aviamentos

Forro de Alpaseda Mauá Tecidos

zíper invisível60 cm

mosquetãoponteira

ilhóstextura dupla tecido 3

tecido 1

tecido 2

entretela de malha

entretela de malha

tecido 1

tecido 2

Frente

Costas

MALULI ARMARINHOS

Entretela de malha

Preço: R$ 8,90 o metro

Composição: 100% poliester

TECIDOS STA. CATARINA

Zíper invisível Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade

FABI AVIAMENTOS

CordãoPreço: R$ 5,00 o rolo com 30

metrosComposição:

100% algodão

GJCrepe georgette de seda cordão

textura dupla tecido 3

Nome Cor FornecedorLinho misto encerado Azul marinho

Linho misto Azul claro

MALULI ARMARINHOSIlhós em ouro

velhoPreço: R$ 87,55 a

caixa com 200 unidades

CZANETTIPonteira em ouro velho

Preço: R$ 0,6 a unidade

MITTUS

MITTUS

Azul claro

Azul claro

CRZANETTIMosquetão em ouro

velhoPreço 6 cm: R$ 2,65

a unidade

Page 76: Solidao e o mar_V8-baixa

149148

FICHA TÉCNICAReferência: 0009

Tamanho: 38

Coleção: Solidão e o Mar

Descrição: Vestido todo forrado de alpaca, com recorte no pequeno quadril, a saia do vestido é cortada no viés e a barra possui texturas duplas feitas em 2 cores cortadas inteiras e pressas a mão.Bolero de um ombro só com texturas duplas feitas em 2 cores cortadas inteiras e pressas a mão.

Tecidos

12

Aviamentos

Crepe

Forro de Alpaca Mauá Tecidos

fechado na

costura

5 botões forrados12 mm

Frente Costas

tecido 1

pence

saia cortada no

viés

2 botões forrados 12 mm

zíper invisível lateral 60 cm

tecido 1

entretela de malha

Frente Costas

REI DO ARMARINHOBotão 12 mm

Preço: R$ 8,64 a caixa com 144

unidades

MALULI ARMARINHOS

Entretela de malha

Preço: R$ 8,90 o metro

Composição: 100% poliester

TECIDOS STA. CATARINA

Zíper invisível Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade

Nome Cor Fornecedor

Creme

Gazar de seda pura Cinza e Azul marinho

tecido 2

textura dupla

tecido 2tecido 2

textura dupla

tecido 2

MITTUS

MITTUS

Amarelo claro

pence

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151150

FICHA TÉCNICAReferência: 0011

Tamanho: 38

Coleção: Solidão e o Mar

Descrição: Macacão frente única com recorte um pouco abaixo da cintura e duas palas presas nesse recorte, uma pala circula toda a cintura e a outra pala é costurada até a pence. Cordão que prende em volta do pescoço (tipo colar). A blusa é forrada de alpaca creme e a calça não é forrada. Cordão preso na argola da blusa de um ombro só e no ilhós da pala costurada até a pence. A blusa é forrada de alpaca marrom e sobreposta ao macacão. Punho tubular, onde foi realizado costuras na horizontal de 1 cm cada para criar textura, fechado duplo como um casulo e sobreposto a blusa.

pence

botão forrado 12

mm

zíper invisível lateral 50 cm

Ilhós

tecido 3

tecido 1

tecido 3

tecido 1

tecido 2tecido 2

tecido 1

tecido 1

mosquetãoponteira

rolotê de

tecido

entretela de malha

entretela de malha

tecido 5

zíper invisível 35 cm abre de baixo para

cima

tecido 5

argola

ombro

fechado na

costura

tecido 4

tecido 4

Tecidos

Forro de Alpaca

12345

Aviamentos

NomeCrepe

Linho misto encerado

Linho rústico

Punho

Sarja

CRZANETTIMosquetão em ouro

velhoPreço 4 cm: R$ 1,05

a unidade

CZANETTIPonteira em ouro velho

Preço: R$ 0,6 a unidade

MITTUS

Tritex

TECIDOS STA. CATARINA

Zíper invisível Preço 30 cm: R$ 1,30 a unidade

Preço 50 cm: R$ 2,20 a unidade

ALTEROArgola em ouro velhoPreço: R$

2,00 a unidade

REI DO ARMARINHOBotão 12 mm

Preço: R$ 8,64 a caixa com 144

unidades

FABI AVIAMENTOS

CordãoPreço: R$ 5,00 o

rolo com 30 metros

Composição: 100% algodão

MALULI ARMARINHOS

Entretela de malha

Preço: R$ 8,90 o metro

Composição: 100% poliéster

MALULI ARMARINHOSIlhós em ouro

velhoPreço: R$ 87,55 a

caixa com 200 unidades

Frente Costas

FrenteFrente

Costas

Costas

Mauá Tecidos

tecido para prender argola

cordão

codão

Amarelo claro

Cor Fornecedor

Azul marinho

Azul claro

Marrom

Marrom

Creme/ Marrom

pence

MITTUS

MITTUS

MITTUS

Page 78: Solidao e o mar_V8-baixa

153152

FICHA TÉCNICAReferência: 0024

Tamanho: 38

Coleção: Solidão e o Mar

Descrição: Colete inteiro sem costura lateral com gola com textura de madeira e forrado de alpaca. Calça com recortes, sem cós, com acabamento em revél de alfaiataria e barra cortada circular e franzida. A calça não é forrada.Cordão preso no ilhós, circula o colete e é preso na argola da parte inferior da gola.

Tecidos

12345

Aviamentos

Linho misto encerado

Forro de Alpaca Mauá Tecidos

corte circular e franzido

recortestecido 1

tecido 1tecido 1

tecido 2

tecido 2

zíper invisível

20cm

Ilhós

textura de madeira

pequena prega

argola

tecido 3tecido 5

tecido 4 (cortado a

fio)

entretela de malhaentretela dupla

face

abotoamento interno com

botão de pressão 14 mm

botão de pressão 14 mm

MALULI ARMARINHOS

Entretela de malha

Preço: R$ 8,90 o metro

Composição: 100% poliester

MALULI ARMARINHOSEntretela dupla

facePreço: R$ 12,00

o metroComposição:

100% copoliamida termoreativo

FABI AVIAMENTOS

CordãoPreço: R$ 5,00 o

rolo com 30 metros

Composição: 100% algodão

TECIDOS STA. CATARINA

Zíper invisível Preço 20 cm:

R$ 1,20 a unidade

Frente Costas

CostasFrente

SILVA SANTOS Cós de alfaiataria Preço: R$ 95,00

rolo com 20 metros Composição: 100%

poliéster

codão

MALULI ARMARINHOS

Botão de pressão em ouro

velhoPreço: R$ 95,00 a caixa com 100

unidades

Linho misto

Gazar de seda pura

Tecidos Sta. Catarina

tecido 2

tecido 1

tecido 2

tecido 3

pence

Nome Cor FornecedorAzul marinho

Sarja Marrom avermelhada

Cinza

Cinza

Linho misto Azul claro

Cinza

MALULI ARMARINHOS

Ilhós em ouro velhoPreço: R$ 87,55 a

caixa com 200 unidades

ALTEROArgola em ouro velho

Preço: R$ 2,00 a unidade

MITTUS

MITTUS

MITTUS

MITTUS

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155154

FICHA TÉCNICAReferência: 0033

Tamanho: 38

Coleção: Solidão e o Mar

Descrição: Vestido todo forrado de alpaca com gola alta, palas 3D embutidas no recorte. A pala principal perto do quadril é solta e presa a mão sobreposta as outras partes do vestido em 3D. Sobreposição de avental bicolor com uma manga. O avental não é forrado.

Tecidos

123

Aviamentos

Crepe

tecido 2

tecido 2

tecido 2

tecido 2

tecido 3 tecido 3

entretela de malha

pence

tecido 1

zíper invisível60 cm

tecido 1

entretela de malha

entretela dupla face

entretela dupla face

Forro de Alpaca Mauá Tecidos

MALULI ARMARINHOS

Entretela de malha

Preço: R$ 8,90 o metro

Composição: 100% poliester

TECIDOS STA. CATARINA

Zíper invisível Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade

MALULI ARMARINHOS

Entretela dupla face

Preço: R$ 12,00 o metro

Composição: 100% poliamida

termoreativo

Frente Costas

Frente Costas

Sarja Tecidos Sta. Catarina

Linho misto

Nome Cor Fornecedor

Cinza

Cinza

Marrom avermelhada

pence

tecido 1

tecido 1

pence

MITTUS

MITTUS

Amarelo claro

Page 80: Solidao e o mar_V8-baixa

157156

FICHA TÉCNICAReferência: 0036

Tamanho: 38

Coleção: Solidão e o Mar

Descrição: Macaquinho frente única com um cordão que prende em volta do pescoço (tipo colar) todo forrado de alpaca marrom.Saia tridimensional (os bolsos e a parte mais longa da saia saem do corpo), sem cós com abertura nas costas, recortes nas laterais com 1 bolso embutido em cada um. A parte mais longa é dupla e a mais curta é forrada de alpaca creme.

Tecidos

12

AviamentosCZANETTIPonteira em ouro velho

Preço: R$ 0,6 a unidade

pence

recorte

abertura

zíper invisível 30 cm

junção das 2 saias parte

interna entretela especial

usada em calçados

tecido 1

tecido 1

tecido 2

tecido 2

preso a mão com tecido

zíper invisível

50cmpence

mosquetãoilhós

ponteira

entretela de malha

entretela de malha

entretela de malha

MAGMAEntretela especial

usada em calçadosPreço: R$ 45,00 a placa

Frente Costas

CostasFrente

Sarja

Sarja

TECIDOS STA. CATARINA

Zíper invisível Preço 30 cm: R$ 1,30 a unidade

Preço 50 cm: R$ 2,20 a unidade

MALULI ARMARINHOS

Entretela de malha

Preço: R$ 8,90 o metro

Composição: 100% poliester

FABI AVIAMENTOS

CordãoPreço: R$ 5,00 o

rolo com 30 metros

Composição: 100% algodão

Forro de Alpaca Mauá Tecidos

cordão

Tecidos Sta. CatarinaNome Cor Fornecedor

Marrom avermelhado

Marrom

tecido 1

Creme/ Marrom

MALULI ARMARINHOSIlhós em ouro

velhoPreço: R$ 87,55 a caixa com 200

unidades

MITTUS

CRZANETTIMosquetão em

ouro velhoPreço: R$ 3,85

a unidade

Page 81: Solidao e o mar_V8-baixa

159158

2.13 DOCUMENTACÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO E PRODUÇÃO

tecidos escolhidos

making of do catálogo

na represa

moulage intuitiva

oficina de madeira

Page 82: Solidao e o mar_V8-baixa

161160

Foto, edição e tratamento de imagem: Luca Pucci

Cabelo: Márcio Akiyoshi

Maquiagem: Stéphanie Zarif

Modelo: Marina Goldfarb

LOOKBOOK

2.14

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163162

Page 84: Solidao e o mar_V8-baixa

165164

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167166

Page 86: Solidao e o mar_V8-baixa

169168

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171170

Page 88: Solidao e o mar_V8-baixa

173172

Page 89: Solidao e o mar_V8-baixa

175174

Foto, edição e tratamento de imagem: Luca Pucci

Cabelo: Márcio Akiyoshi

Maquiagem: Stéphanie Zarif

Modelo: Marina Goldfarb

FOTO2.15

GRAFIASCONCEITUAIS

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187186

CONSIDERACÕES FINAIS

Desde que eu comecei a cursar o sétimo semestre e a desenvolver o meu TCC,

compreendi que precisava optar por um tema prazeroso e que eu me identificasse, pois

seria trabalhado ao longo de um ano e lembrado por um longo tempo. Apesar de inúmeros

temas surgirem, o resultado final da obra não poderia ter sido mais gratificante, pois

para dar vida a uma coleção, eu me inspirei na maior paixão do meu avô materno, João

Zarif: o barco a vela.

Enquanto a parte de estilo foi tomando forma no sétimo semestre, a parte teórica

não teve grandes avanços. O primeiro obstáculo foi recortar e focar no assunto a ser

pesquisado. No início, havia dificuldade em tornar a pesquisa mais científica e menos

pessoal, afinal o tema abordado teve como principal inspiração a minha vivência familiar

no mar. Foi apenas no oitavo semestre, tendo realizado uma vasta pesquisa, adquiri

maturidade para escrever sobre o tema “solidão” sob o olhar de muitos estudiosos.

Conclui que o sentimento que o isolamento gera é um estado interior do ser humano

que não necessariamente é influenciado por fatores externos. Assim, podemos constatar

que uma pessoa pode estar isolada em alto mar e não se sentir só, e outra pode sentir-

se solitária no meio de uma multidão. Ou seja, para o personagem Santiago, o velejador

Amir Klink, o artista José Pancetti e o meu avô João Zarif o afastamento no oceano é

inspirador.

Estar longe das grandes cidades por um longo período me causa um vazio, pois

o barulho delas me conforta. Não são necessariamente as pessoas que me cercam

diariamente que fazem eu me sentir acompanhada, pois essa sensação vai muito além

delas. Sou adepta da frase de Nietzsche: “Odeio quem me rouba a solidão sem em troca

me oferecer verdadeiramente companhia”. Isto é, prefiro ficar isolada em meu quarto,

do que cercada de pessoas que me tragam falsa presença.

Page 96: Solidao e o mar_V8-baixa

189188

Para finalizar, a vida nos apresenta situações em que a solidão aparece para

que possamos permanecer em contato com nossa intimidade. O objetivo é ficar

mais tempo consigo mesmo e melhorar nosso autoconhecimento. Por isso que muitos

mestres espirituais procuram os locais mais isolados para meditar. Jesus ficou 40 dias

e 40 noites no deserto a fim de conseguir elevar sua consciência e tentar buscar

a verdade dentro dele. O isolamento, quando bem praticado, pode trazer muitos

benefícios para a alma humana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBIBLIOGRAFIA

AUSTER, Paul. A invenção da solidão. São Paulo: Cia das Letras, 1999.

BOND, Bob. Navegación a vela. Madrid: Blume ediciones, 1980.

CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. São Paulo: José Olympio,

2012.

HEMINGWAY, Ernest. O velho e o mar. Estados Unidos: Charles Scribner’s Sons, 1952.

KLINK, Amyr. Cem dias entre o céu e mar. São Paulo: Companhia das letras, 2005.

LURKER, Manfred. Dicionário de simbologia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

MEDEIROS, Martha. Geração bivolt, crônica enfim só. Porto Alegre: Artes e oficina,

2008.

NIETZSCHE, Friederich. Origem da tragédia. São Paulo: Cia das Letras, 1992.

PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand.

Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976.

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metedologia científica: A contrução do conhecimento.

Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

Page 97: Solidao e o mar_V8-baixa

191190

WEBGRAFIA

BASSALO, José Maria. Reflexão da luz e sua lei. http://www.seara.ufc.br/folclore/

folclore242.htm. Acessado em 19/10/2015

BUENO, Marcus. O que você pode aprender com a solidão? http://super.abril.com.br/

comportamento/o-que-voce-pode-aprender-com-a-solidao. Acessado em 26/05/2015.

CAMON, Vardemar Augusto Argerami. A arte de ser solitário – Psicologia existencial.

http://www.redepsi.com.br/2002/07/02/a-arte-de-ser-solit-rio-psicologia-

existencial/. Acessado em 20/10/2015.

CAMPOS, Marli Savelli de. O velho e o mar. https://mscamp.wordpress.com/paginas-

escritas/o-velho-e-o-mar-ernest-hemingway/ Acessado em 29/03/2015.

CARDOSO, Regina. A relação homem x natureza. http://meioambienteebioetica.

blogspot.com.br/2011/01/relacao-homem-x-natureza.html. Acessado 04/11/2015.

CASARIN, Rodrigo. Amyr Klink diz que cem dias entre céu e mar é mais importante

que travessia. http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2014/09/28/

amyr-klink-diz-que-cem-dias-entre-ceu-e-mar-e-mais-importante-que-travessia.htm.

Acessado em 20/10/2015.

CILENTO, Angela Zamora. Clarice Lispector: Perto do coração selvagem. http://

revistapandorabrasil.com/revista_pandora/mujer_poesia/clarice.htm. Acessado em

25/09/2015.

DÍEZ, Silvio. Porque as mentes mais brilhantes precisam da solidão? http://brasil.

elpais.com/brasil/2015/01/29/ciencia/1422546931_773159.html. Acessado em

20/10/2015.

LEVY, Carlos Roberto Maciel. José Pancetti. http://www.artedata.com/crml/crml3001.

asp?ArtID=2. Acessado em 15/03/2015.

MONTEIRO, Rafaela. Como lidar com a solidão nos dias de hoje? http://doutissima.com.

br/2013/10/01/multidao-solidao-16163/. Acessado em 14/11/2015.

MORSKI, Sônia Aparecida Bittencourt. Solidão, um mal da modernidade? http://www.

diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/476-2.pdf. Acessado em 26/10/2015.

SCHILLING, Voltaire. A filosofia mundana. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/

artigos/nietzsche_filosofo.htm. Acessado em 25/09/2015.

TATIT, Isabel; ROSA, Miriam Debieux. Pra não dizer que Freud e Lancan

não falaram da solidão. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S2177-

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http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1334/josé-pancetti. Acessado em

15/03/2015.

http://www.catalogodasartes.com.br/Lista_Obras_Biografia_Artista.

asp?idArtista=2982Acessado em 15/03/2015.

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-as-fases-da-lua-influenciam-as-mares

Acessado em 20/03/2015.

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-a-cor-do-mar-varia-entre-o-azul-e-

o-verde Acessado em 20/03/2015.

Page 98: Solidao e o mar_V8-baixa

193192

ANEXOShttp://academiadefilosofia.org/publicacoes/artigos/a-solidao. Acessado em

10/07/2015.

http://www.pintoresdorio.com/index.php?area=artistas&artista=29. Acessado em

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http://noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2007/09/13/pessoas-solitarias-tem-saude-mais-

precaria-diz-estudo.jhtm. Acessado em 26/10/2015.

http://www.citador.pt/poemas/solidao-juan-ramon-jimenez. Acessado em

26/10/2015.

http://www.jornaldepoesia.jor.br/cli1.html. Acessado em 26/10/2015.

http://www.dicionarioinformal.com.br/transcend%C3%AAncia/. Acessado em

12/11/2015.

OBRAS DE GIUSEPPE GIANINNI PANCETTI

“Uma obra que se dispôs a ser simultaneamente intuitiva e refinada, para a qual a

vivência do mar - olhos entregues à distância de horizontes intermináveis ou ao mergulho

na solidão interior - terá contribuído de modo muito direto no sentido de sua preferência

pela paisagem marítima e pelo auto-retrato. Em qualquer um dos casos, a disposição de ir

aos poucos simplificando e resumindo os detalhes da realidade a registrar na superfície

da pintura, bem como a capacidade de conferir à cor, em amplas chapadas ou marcas

quase instantâneas, poderosa função sugestiva determinaram sempre a evolução de

Pancetti. Sua obra ficou como uma das raras demonstrações, na arte brasileira, de

acerto no registro da paisagem litorânea, especialmente do Rio e da Bahia, captando-lhe

a luminosidade exata e o equilíbrio entre contenção e exuberância. Equilíbrio que os seus

retratos também souberam alcançar, ainda que tendentes mais para o retraimento e a

introspecção”. (PONTUAL, 1976, p. 115)

Autorretrato, 1945.

Page 99: Solidao e o mar_V8-baixa

195194

Obra: Marinha, 1937, técnica: Mista.

Obra: Barcos Ancorados, 1938, técnica: Óleo sobre Tela.

Obra: Barco no Cais, 1937, técnica: crayon sobre papel.

Obra: Arsenal de marinha, 1936, técnica: Óleo sobre tela.

Page 100: Solidao e o mar_V8-baixa

197196

Obra: Marinha, Bahia (Série Mar Grande), técnica: Óleo sobre Tela.

Obra: Marinha, técnica: Óleo sobre cartão colado em Eucatex.

Obra: Marinheiros, 1940, técnica: Aquarela, carvão e colagem sobre papel.

`

Obra: Marinha, técnica: Óleo sobre Tela.

Page 101: Solidao e o mar_V8-baixa

198

Obra: Arraial do Cabo

Obra: Marinha de Saquarema