sinais dos apóstolos - walter j. chantry

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    dos  Apóstolos

    ' § sobre o penteeostatismo 

    - antigo e moderno -

     W alter «I* Chantry 

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    SINAIS DOS APOSTOLOS

    Observações sobre o pentecostalisj 

    - antigo e moderno -Qxío;

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    Título original:Signs of the Apostles

    Editora:

    The Banner of Truth Trust

    Primeira edição em inglês:1973

    Tradução do inglês:

    Edgard Leitão

    Revisão:Antonio Poccinelli

    Capa:

    Sergio Luiz Menga

    Primeira edição em português:1996

    Impressão:

    Imprensa da Fé

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    ÍNDICE

    PrefácioRegistro de sinais e maravilhasFormulação exata da questão

    Operadores de milagres enviados por Deus Milagres no Velho Testamento ..............

     Milagres messiânicos

     Milagres apostólicos..............................

    São completas as Escrituras?Uma questão pertinente ........................

    Uma resposta evidente ..........................Os dons na Igreja Primitiva .........................

    Uma admoestação Princípios gerais sobre os dons Os dons não são sinais da graça O amor no exercício dos dons 

    Os dons desaparecerão da Igreja Supervisão dos dons temporários Um propósito para as línguas 

    Por que os cristãos procuram os “dons”? A atração atual.......................................

     A atração em Corinto ............................

     A resposta bíblica

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    7. O batismo com o Espírito ....................................... 808. Quando o Espírito vem .........................'.................. 92

    O Espírito de santidade ....................................... 93

    O Espírito de verdade....................................... 100

    9. A experiência preocupante..................................   10910. Uma palavra positiva.............................................11211. O Espírito e os a vi vamentos.................................. 119

    Apêndice................................................................ 129Bibliografia sele ta ................................................... 135

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    fins do século XIX a suspeitosa tese de que “só é real aquilo que pode se observar e medir” e seu descendente legítimo do início desteséculo no seio da sociedade norte-americana, o pragmatismo utilitarista

     para o qual só é valioso o que produz resultados, que rende lucros,

    têm contribuído a configurar, dentro dos diferentes movimentosmissionários, aperigosa ideologia (supostamente extra-bíblica) segundoa qual os cristãos, as igrejas locais e as missões têm de mostrarresultados tangíveis, “evidências” observáveis. Desse modo se chegouao absurdo paradoxo de que uma filosofia eminentemente materialista

     prefigura os princípios que vão reger o desenvolvimento espiritual de

    crentes e congregações. Daí a freqüente ênfase atual em fenômenosobserváveis como as línguas, curas, milagres, profecias, formasruidosas de adoração, que hão de ser mostradas como “evidências”da “plenitude do Espírito Santo”.

    Assim as coisas, as ênfases carismáticas atuais, longe de ser frutode ponderado estudo e investigação nas Escrituras, são mais a

    conseqüência dum crescente “materialismo espiritual” que reivindicaresultados tangíveis, em oposição ao princípio ensinado pelo próprioSenhor Jesus ao afirmar: “...o vento sopra onde quer, e ouves a suavoz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai; assim é todoaquele que é nascido do Espírito” (João 3:6,8).

    Por outro lado, seria bom recordar o apóstolo Paulo, quando se

    dispõe a fazer uma exposição didática sobre os dons espirituais aoscrentes de Corinto, e inicia sua dissertação dessa maneira: “Não quero,irmãos, que sejais ignorantes acerca dos dons espirituais” (1 Cor.12:1). Aquela igreja havia se especializado, ao menos um grupo, na

     prática dos dons espirituais. Mas aqueles cristãos estavam cometendoerros graves. Haviam chegado, inclusive, a maldizer o Senhor Jesus

    no curso de suas pretendidas práticas espirituais (1 Cor. 12:2-3). As

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    freqüentes falhas em que estavam incorrendo eram conseqüêncianatural de uma prática ignorante, desprovida de princípios sadios queformaram seu conteúdo. Jerônimo afirmaria séculos mais tarde:“Ignorar as Escrituras é ignorar a Deus” . Empreender práticas de

    aparência cristã sem o conhecimento pertinente das Escrituras é expor-se a cometer erros, impulsionar práticas anti-bíblicas e gerar heresiasdas mais diversas tonalidades. Nada há que substitua o conscienciosoestudo da Bíblia para conduzir a um sólido conhecimento da reveladavontade de Deus referente às mais diversas facetas da vida cristãcotidiana.

    Walter J. Chantry apresenta uma análise documentada sobre anatureza do pentecostalismo à luz do duplo contexto histórico e bíblico,ao qual é mister acrescentar o mérito de uma permanente exposiçãoescriturística que, com o rigor de uma contextualizada hermenêutica,garante a objetividade das conclusões e a coerência das mesmas como espírito do ensino apostólico, uma vez que a genuína construção da

    Igreja de Cristo há de ser feita “sobre o fundamento dos apóstolos edos profetas” (Ef. 2:20). Com efeito, o sistemático da exposição bíblicaque o autor apresenta, capítulo após capítulo, é tal que permite tomá-lo como um autêntico paradigma hermenêutico.

    Esta é uma obra que não pode faltar no gabinete pastoral detodo pastor sério e responsável. Já é hora de ir tomando definições e

    assumindo o único compromisso possível para um pastor, um ministrodo evangelho, um missionário de Cristo, um mestre de teologia ouum professor bíblico - o compromisso com a verdade. E urgente queas nossas igrejas retornem à realidade vivenciada pela igreja à qualescreve o idoso apóstolo João: “O ancião à senhora eleita e aos seusfilhos, a quem amo na verdade; e não só eu, mas todos os que

    conheceram a verdade, por causa da verdade que permanece em

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    nós, e estará para sempre conosco... Muito me regozijei porque acheia alguns de teus filhos andando na verdade, conforme o mandamentoque recebemos do Pai... qualquer que se extravia, e não persevera nadoutrina de Cristo, não tem a Deus; o que persevera na doutrina de

    Cristo, esse tem ao Pai e ao Filho. Se algum vem a vós, e não trazesta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe digais: bemvindo!” (2João).

    Os erros se propagam rápida e amplamente, e aqueles que osdifundem o fazem com agressividade, diligência e eficiênciacomprovadas. E necessário que os discípulos de Cristo, portadores

    e amantes da verdade, tomem, uma vez mais na história, consciênciada exortação sagrada: “Amados, pela grande solicitude que tinhade escrever-vos acerca de nossa salvação, senti-me obrigado acorresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardesdiligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”(Judas 23).

    A Deus seja a glória, e em Sua graça queira o Senhor em Suasoberana vontade utilizar este livro como valioso instrumento para aedificação de Sua Igreja “sobre o fundamento dos apóstolos e dos

     profetas”.

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    REGISTRO DE SINAIS E MARAVILHAS

    O protestantismo está sendo seriamente abalado pelo movimentocarismático. Há séculos têm existido pequenos gmpos que reivindicam

    a possuir os dons de profecia e o poder de operar milagres; mashistoricamente os cristãos os têm reputado por seitas falsas ouextremistas. *

    A aurora do século XX serviu de marco natural para o surgimento das igrejas pentecostais. Devido à apostasia geral desde oliberalismo teológico no princípio deste século, os pentecostais tiveram

    uma acolhida reservada e cautelosa como evangélicos. Sua crençanum Deus sobrenatural e a Palavra divinamente inspirada os colocouem posição de aliados úteis para o fundamentalismo.

    A partir da Segunda Guerra Mundial, a experiência de fenômenos“miraculosos” se estendeu mais além dos domínios das igrejas

     pentecostais e o movimento alcançou crescimento vertiginoso. As

     práticas conhecidas freqüentemente sob o rótulo de “evangelho pleno”

    * O catolicismo romano tem dado lugar à execução de atos maravilhososatravés de seus “santos”. Mas o protestantismo tem se manifestado firmecontra a aceitação dos milagres hodiernos operados por homens, como sefossem provenientes de Deus.

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    tem se infiltrado agora na maioria das denominações. Recentemente,o “avivamento carismático” , como o denominam os simpatizantes,ganhou enorme prestígio. Na realidade a maioria dos cristãos vacilamem chamar o movimento de heterodoxo ou anti-bíblico.

    Poucos são os assuntos que universalmente interessam aosamericanos (norte-americanos e latino-americanos), mas os dramáticos“milagres” hodiernos conseguiram fazê-lo. Os meios de comunicaçãoseculares não vacilam em divulgar as pretensões espetaculares queenvolvem línguas e curas. Os pastores são interrogados freqüentementequanto a sua opinião com respeito a estes fenômenos, mesmo por

     pessoas que de outra forma não revelam interesse pela religião. Euma das primeiras perguntas com as quais o ministro se defronta emsuas visitas. Até os céticos estão curiosos.

     Nas igrejas, grande número de leigos têm buscado e recebidoos “dons”. Sua busca tem sido estimulada por grupos avulsos à Igreja.Surpreendentemente, em tais grupos, surgem clérigos que estão

    dirigindo o movimento. Os leigos que “os recebem” ofereceminformações estimulantes a seus amigos cristãos, animando-os a

     participar “das bênçãos do Pentecoste”.Pessoas que têm sido cristãs por muitos anos, de repente afirmam

    terem recebido dons e passado por experiências extraordinárias. São poucas as igrejas que têm escapado deste poderoso impacto. Mesmo

    os perspicazes e os cautelosos se tornam confusos devido à abundânciade notícias sobre eventos sobrenaturais. Que opinião deveriam ter osmembros das igrejas acerca deles?

    As sociedades parecem claramente vulneráveis a esta invasãoneopentecostal. A maioria intentou permanecer neutra quanto os temasdas línguas e das curas. Visto que as associações que não estimulam

    oficialmente os sinais e as maravilhas deste século, também não as

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    repelem, freqüentemente elas abrigam no seu meio alguns oficiais edirigentes que testificam possuir dons miraculosos e, recentemente,muitas organizações evangélicas nos Estados Unidos têm passado

     para uma posição pentecostal.As organizações de estudantes se encontram especialmente

    inclinadas ao fascínio “carismático”. Com freqüência cada vez maior,os jovens debatem sobre o valor de tais experiências. E até osseminários e institutos bíblicos estão se vendo francamente inundados

     por excitantes ondas “carismáticas”.As principais publicações evangélicas periódicas, em suas normas

    editoriais assumem posturas favoráveis ao movimento ou tentam permanecer neutras. Praticamente qualquer livraria evangélica distribuicom entusiasmo obras pentecostais como, por exemplo, A Cruz e o Punhal, sem restrição alguma. * As juntas missionárias se encontramem posição conflitante com respeito ao assunto. Muitas delas têmelementos dentro do seu pessoal que crêem ardentemente nas

    modernas visões, línguas e curas. Algumas missões não enviarão taismissionários aos diferentes campos; não obstante mesmo essas vacilamquando se trata de condenar práticas neopentecostais como sendoanti-bíblicas. Suas livrarias distribuem literatura pentecostal. No campomissionário, a pressão exercida quanto à unidade entre todos osevangélicos abafa qualquer crítica que pudesse fazer-se ao movimento.

    Os missionários que assumem uma posição firme contra osmodernos realizadores de milagres têm encontrado as igrejas de seuscampos fortemente influenciadas por zelosos “apóstolos” dos donsmiraculosos. Algumas igrejas, fruto do esforço missionário, estão sendodivididas por causa de tais práticas, enquanto outras têm sido

    * O livro é vendido na catedral católica romana de Westminster.

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    completamente arrebatadas das mãos dos missionários pelos propagandistas do “evangelho pleno”. Ao regressarem ao seu paísde origem, missionários têm de defrontar-se com as igrejas que ossustentam, as quais vão incrementando sua simpatia pelo “movimentocarismático”.

    Com toda a clareza, o protestantismo enfrenta o desafio deresponder a sérias interrogações. A Igreja, o mundo e talvez sua próprioconsciência perguntam: “Que é tudo isso? Que nos ensina a Bíblia arespeito de línguas e curas?” O momento não é mais apropriado paracair numa vaga neutralidade. Nem para apoiar-se no aparentemente

     piedoso, mas evasivo, pronunciamento: “Não desejo opor-me a umagenuína obra de Deus”. O assunto que exige resposta é este: “Poderiaser de Deus este dramático desenvolvimento atual de acontecimentos?”

    Os pentecostais têm muita razão quando afirmam que, se estassão obras do Espírito, não é possível rechaçá-las. Por que não

     participar de feitos de vulto? Você não quer, como cristão, todas as

     bênção de Deus? Não anela que sua igreja seja como as igrejas do Novo Testamento?

    Estas são indagações que não podem ser ignoradas, pois,evidentemente, tanto as línguas como os milagres foram práticas comunsnas igrejas dos tempos bíblicos. Eram, nessa época, eventos de tãofreqüente ocorrência que os membros escreviam sobre os milagres

    como algo natural. E, sem dúvida, os dons sobrenaturais foram benéficos para as igrejas primitivas. Por que não haveriam de servaliosos hoje?

    Além disso, este movimento do século XX adotou um nome queatrai a nossa atenção. E um desafio. A expressão “evangelho pleno”implica que as igrejas têm andado durante muito tempo, coxeando

    com mais ou menos 80% do evangelho. Acaso não queremos receber 

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    toda a bênção que Cristo tem para nós e Sua Igreja? Porventura nãoseria a igreja que mais se assemelhe com as igrejas de Pedro e dePaulo em experiência e em doutrina aquela que, com maior

     probabilidade, gozará da presença de Deus? Não ousemos ignorar as modernas pretensões dos operadores

    de milagres. Podemos ter eliminado da nossa mente o assunto, porémisso não é honesto. O assunto, nem por isso, desapareceu.

    Seriam paralelos os acontecimentos atuais aos dos Atos dosApóstolos? Precisamos reexaminar as Escrituras em relação a estetópico tão pertinente, a fim de podermos responder a todas estas

    interrogações.

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    FORMULAÇÃO EXATA DA QUESTÃO

    Alguma vez você tentou definir a palavra ‘ ‘milagre’ ’ ? Para a mentesantificada não é difícil ver o poder de Deus em toda parte. A criação

    incessantemente provê demonstrações impressionantes do poder doCriador. As Escrituras Sagradas nos ensinam que este mundo não éum mecanismo independente. O Filho de Deus é quem “sustentatodas as coisas com sua palavra poderosa” (Heb. 1:3). “Nele todasas coisas subsistem” (Col. 1:17). Toda a fascinante majestade docéu e da terra é um mural que testifica do Seu poder.

    Plante um grão de milho na terra e o mesmo se multiplicará cincomil vezes. Isso não é menos maravilhoso que o fato de que cinco

     pãezinhos tenham alimentado a cinco mil homens. No entanto, porser de comum ocorrência, faz com que os homens lhe dêem poucaimportância. O nascimento de uma criança é tão assombroso comoa ressurreição dos mortos por Jesus Cristo. Um ser ainda inexistente

    é trazido à vida em virtude do poder divino na concepção e nonascimento. E simplesmente a raridade da ressurreição que torna areunião da alma e do corpo em algo tão surpreendente aos olhoshumanos.

    Às vezes os cristãos usam a palavra “milagre” freqüentementecomo sinônimo de “o sobrenatural”. Fala-se do “milagre do

    nascimento” ou do “milagre da primavera”, porque devemos nos

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    admirar com a revelação do poder do Criador em tais eventos.De igual modo, os crentes descrevem a invisível, mas poderosa,

    obra da graça de Deus sobre a alma como “o milagre do novo

    nascimento”. Isso pode ser aceito como linguagem poética, pois todasestas coisas são o efeito direto da poderosa ação divina. Entretanto,estritamente falando, tais coisas não são milagres. Numa exatadefinição do termo, é necessário referir-se apenas à operação deDeus que ocorre no plano físico, fenômeno incomum para aexperiência humana e inexplicável em termos dc agentes físicossecundários. A ação habitual de Deus neste mundo pode ser efeitodo poder divino tanto como os milagres, porém para sermosexatos, é necessário referirmos à Sua atividade normal como

     providência, em vez de chamá-la de milagre.Os eventos providenciais costumeiros revelam a glória de Deus,

    mas o pecado cegou os olhos mortais para a sua percepção. Em suaímpia rebelião, os pecadores fecham os olhos a essa contínua revelaçãodo sobrenatural. Deus tem realizado feitos incomuns, com o objetivode surpreender os pecadores, requerendo sua atenção e extraindodeles o reconhecimento de Sua grandeza. O mesmo poder, ocultona ação ordinária de Deus através da providência, se revelaextraordinariamente nos milagres.

     No entanto, c incorreto afirmar que os milagres sejam violações

    das leis naturais. Ainda que as potências miraculosas estejam acimae além das forças que o nosso Criador emprega no curso da nossaexperiência cotidiana, não  se encontra em conflito com o poder

     providencial. Um milagre marca uma interrupção no padrão normalda operação divina mediante Sua ação extraordinária.

    Igualmente é um equívoco afirmar que um milagre é Deus agir

    desprovido de meios. As vezes é o poder de Deus sendo manifestado

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    é: “Deveria Deus estar fazendo milagres hoje?” e sim “Deveriam os homens estar realizando milagres sob a autoridade de Deus?” Éimperativo que esta distinção seja levada em conta no decorrer dequalquer discussão sobre o movimento do “evangelho pleno”.

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    OPERADORES DE MILAGRES ENVIADOS POR DEUS

    As Escrituras dispõem de um enorme reservatório de informação

    sobre homens investidos com o poder de operar maravilhas. Quemeram eles? Por que possuíam tão maravilhosos dons? Só a Bíblia pode oferecer adequada orientação a nosso pensamento e capacitar-nos para avaliar as modernas pretensões sobre línguas e curas.

     Milagres no Velho Testamento

    Em relação ao registro bíblico, José foi a primeira pessoa investidacom dons extraordinários da parte de Deus. Este homem de Deusfoi evidentemente um profeta. Podia com a inspiração divinainterpretar sonhos e predizer o curso futuro da história. Todos osseus dons se achavam diretamente empenhados em profetizar, isto é,em proclamar a verdade divinamente inspirada.

    O primeiro homem operador de milagres que a Bíblia mencionaé Moisés. De fato, ele está em primeiro lugar, no Velho Testamento,entre aqueles do grupo especial que realizam milagres. “E nunca maisse levantou profeta em Israel como Moisés... em todos os sinais e

     prodígios que Jeová o enviou a fazer na terra do Egito” (Deut. 34:10

    11). ^Por que Deus enviou Moisés a operar maravilhas? Em Êx. 4 :1

    5 se encontra uma resposta explícita a essa pergunta. Moisés se achava

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    vacilante para aproximar-se dos hebreus no Egito com a palavra deDeus. Ora, ele já havia falhado lamentavelmente em seu intento paraganhar respeito como líder, ao matar o capataz injusto. O argumentoque apresentou a Deus foi o fato de que o povo não o reconhecia

    como profeta enviado pelo Todo-poderoso. Moisés podia prever acena ao chegar ao Egito e dizer: “O Deus de vossos pais me envioua vós” (Êx. 3:13). “Eles não me crerão; pensarão que sou umimpostor”, pensou ele. “Dirão: o Senhor não te apareceu” (Êx. 4:1).

    Precisamente por isso, Deus dotou a Moisés do poder de operarmilagres, “Para que possam crer que o Senhor Deus de seus pais...

    te apareceu” (Êx. 4:5). Os poderes miraculosos, foram, então, as credenciais de que Moisés dispunha para provar que era um profetaenviado por Deus com uma mensagem divinamente revelada. Eramas maravilhas, portanto, testemunho de Deus de que Moisés realmenteestava falando a palavra da verdade. Este princípio é de universalaplicação para os milagres do Velho Testamento. Unicamente os que

    eram inspirados por Deus para transmitir Sua palavra realizavammilagres. Este era um dom outorgado exclusivamente aos profetas.

    Entretanto, isso não significa que o único propósito dos milagresé o de testificar que os profetas têm uma comissão divinamenteconferida. As poderosas manifestações de Deus também revelam anatureza da sua ação salvadora. Sob este ponto de vista, os milagres

    contém uma mensagem em si mesmos. Contudo, em primeirainstância, foram sinais e maravilhas empregados para chamar aatenção sobre a mensagem dos profetas, sem a qual os eventosmaravilhosos seriam um enigma mais do que um meio de instrução.

    Alguns pensam que os juizes, como Sansão e Sangar, eramexceções à regra mencionada, de que só os profetas possuíam o

     poder de operar milagres.

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    Todavia, tal conclusão não tem base evidente. Ainda que ahistória sagrada registra somente os feitos heróicos e às vezesmiraculosos desses homens, ela é incompleta. Embora não existamdados explícitos, sabemos que esses juizes não apenas libertaram o

     povo da opressão, mas também governaram a nação (Juizes 2:1619). Os juizes eram dirigentes nacionais (Deut. 17:9) a quem as

     pessoas recorriam para dirimir casos de jurisprudência de difícilsolução. Pelo menos nesse sentido os juizes, como Sansão, herdaramuma posição mosaica de governo nacional. Quando Josué ocupouuma posição semelhante, ele se tornou às vezes em instrumento de

    comunicação divina - por exemplo, quando o pecado de Acã foidescoberto, assim como na ocasião de renovar o pacto com Israel,

     já bem perto de sua morte. O último e maior dos juizes, Samuel,quando apareceu no cenário histórico, evidenciou ser acima de tudoum profeta. Os que necessitavam de uma revelação divina se dirigiama ele, como fez Saul quando buscava as jumentas do seu pai. Afirmar

    que todos os juizes desde Josué até Samuel falaram de forma profética, seria asseverar mais do que se pode provar pelas Escrituras.Mas esperar que o Senhor tivesse Seus profetas durante esse períodode escassa revelação não é um sonho extravagante. Que o povo deDeus tivesse um governante estritamente secular era algo chocante

     para Samuel. Seria isso porque todos os juizes anteriores foram

    também profetas, não obstante a estatura deles ser inferior à dele?Quando Elias se levantou no monte Carmelo para pedir fogo do

    céu que consumisse o sacrifício, seu propósito era validar diante do povo o seu ministério profético. Ele orou assim: “Senhor Deus deAbraão, de Isaque e de Jacó, seja manifesto hoje que Tu és Deus emIsrael, e que eu sou teu servo, e que segundo a tua palavra fi z  

    todas estas coisas” (1 Reis 18:36). Ele considerava o milagre como

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    uma confirmação para o povo de que o homem por cuja mediaçãose operava era um profeta de Deus. Elias não era movido por ambição

     pessoal ou desejo de aplauso. No entanto o profeta desejavaardentemente que as multidões escutassem com atenção a Palavra

    inspirada que os chamava ao arrependimento.Em Sal. 74:9 aparece um texto importante sobre este assunto.

     No meio do lamento pela desolação do povo de Deus, o salmistadiz: “Já não vemos os nossos sinais; não há mais profeta, nem entrevós que saiba até quando.” A poesia hebraica é conhecida por suasfrases paralelas que expressam idéias sinônimas em forma sutilmente

    diferente. O verso poético anterior tem três frases paralelas, cadauma das quais expressa a mesma idéia básica, porém ao mesmotempo cada uma acrescenta algo mais ao pensamento. Noutras

     palavras, a ausência de sinais é equivalente à ausência de um profeta,que também é o mesmo que não ter uma resposta autorizada à

     pergunta: “Até quando estará Deus ausente de nós?” Esta é uma

    categórica confirmação do princípio já estabelecido de que unicamente profetas operam milagres. Quer dizer, onde ocorrem milagres,deveríamos esperar ouvir a Palavra de Deus. Quando não há profetas,não haverá sinais.

     Milagres Messiânicos

     No Novo Testamento, os milagres servem precisamente aos mesmos propósitos como no Velho Testamento. A evidência a respeito éesmagadora. Jesus realizou muitos milagres para provar que era ogrande profeta prometido em Deut. 18:15- “Do meio de ti, entreteus irmãos, um profeta semelhante a ti, a quem levantará o Senhorteu Deus; a ele ouvireis.” Apenas Jesus foi “como Moisés” na

    realização de maravilhas. Na verdade, Seus sinais inclusive

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    suplantaram os poderosos milagres realizados por Moisés. Emborainúmeros benefícios tenham sido conferidos aos homens através dosmilagres de Jesus, o propósito primordial deles não era promovercompassiva ajuda à sociedade. Primeiramente e acima de tudo, tinhama finalidade de chamar a atenção para a autoridade divina do Seuensino. Ainda que grandes verdades se encontrem inseridas nos atosmiraculosos de Jesus, esses não poderiam ser cabalmente entendidossem as Suas declarações proféticas, para as quais os milagres serviramde testemunho.

    João apresentou seu Evangelho como um catálogo de sinais deJesus Cristo. “Fez ainda Jesus muitos outros sinais em presença dosseus discípulos, os quais não estão escritos neste livro. Estes, porém,foram escritos...” (João 20:30-31). Por que foram registrados osSeus milagres? “Para que creiais que Jesus é o Cristo.” Para que osleitores pudessem ver que Ele é o Messias, o maior dos profetas, e

     para que pudessem receber Suas palavras como palavras de vida.

    Precisamente dessa maneira nosso santo Senhor falou a respeitode Suas próprias maravilhas. “Se não faço as obras de meu Pai, nãome creiais. Mas se as faço, ainda que não creiais em mim, crede nasobras, a fim de que conheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”(João 10:37-38). Nosso Senhor chamou a atenção para Seus atos

     portentosos como uma comprovação da Sua autoridade de profeta.

    Embora muitos permanecessem cegos ante os maravilhosos sinaisoperados por Jesus, muitos outros por causa deles concluíram queEle era um profeta. Um homem chamado Nicodemos tinha algumasinquietações teológicas que o perturbavam, e concluiu que Jesus

     poderia dar-lhe respostas plenamente autorizadas. Por isso ele seaproximou de nosso Senhor, dizendo: “Rabi, sabemos que és mestre

    vindo de Deus” (João 3:2).

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    Como chegou este doutor das Escrituras à tal conclusão? Oque o levou a depositar confiança nas palavras de Cristo? O citadotexto nos fornece a base de sua conclusão: “porque nenhum homem

     pode fazer os sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” . Eleconfiava em que Cristo podia esclarecer suas dúvidas medianteexplicações cheias de autoridade, devido Ele realizar milagres.

    Logo que Jesus alimentou miraculosamente a cinco mil pessoas,a multidão que observou o sinal chegou à conclusão correta: “Esteverdadeiramente é o profeta que havia de vir ao mundo” (João 6:16).Estavam convencidos que só os profetas faziam milagres. Outramultidão raciocinou em termos semelhantes em João 7:31: “Muitosda multidão creram nele, e diziam: o Cristo, quando vier, fará maissinais do que os que este tem feito?” Havendo sido testemunhasoculares dos Seus atos portentosos, estavam firmemente convencidosde que Ele devia falar a verdade e ser o Cristo. O Cristo devia fazeros maiores milagres, porque se esperava que Ele falasse a verdade

    mais plena e claramente. “Quando Ele vier nos declarará todas ascoisas” (João 4:25). *

    Do sermão de Pedro no dia de Pentecoste fica claro que, namente dos discípulos de Cristo, este fora o significdo central dosSeus milagres. O apóstolo recriminou os judeus que crucificaram onosso Senhor por não haverem crido nEle. Sua incredulidade era

    inexcusável. “Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus diante devós...” (Atos 2:22). Como lhes havia testificado o Pai que Cristo era

    * Outro exemplo notável é o registro da ressurreição do filho da viúva de Naim: quando as pessoas presenciaram o estupendo prodígio, exclamaramadmiradas: '“Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu

     povo” (Luc. 7:16). Nota do tradutor.

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    um mensageiro aprovado por Deus? “Com maravilhas, prodígios esinais que Deus realizou entre vós por meio dele.” Pedro estava,efetivamente, dizendo às grandes multidões que os milagres de Jesusrequeriam que elas se sentassem aos Seus pés para receber ainstrução. Todavia, ao recusar o reconhecimento das sua credenciaisevidentes como profeta, crucificaram o Senhor da glória.

     Milagres Apostólicos

    Os milagres registrados no Novo Testamento, efetuados por homens,semelhantes aos efetuados por Cristo, confirmavam também a

    autoridade profética dos que eram porta-vozes de Deus em Suainfalível Palavra. Em 2 Cor. 12:12 Paulo se refere aos milagres como“os sinais do apostolado”. No contexto o que ele está fazendo édefender sua própria autoridade apostólica. “Os sinais do meuapostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, porsinais, prodígios e maravilhas”. Ele considerava os dons milagrosos

    como prova estabelecida por Deus com respeito ao ministérioapostólico. O apostolado implicava em ser instrumento de revelaçãodivina, pois os apóstolos eram porta-vozes autoritativos de Deus eautores das Escrituras no novo pacto, do mesmo modo como os

     profetas haviam sido no pacto antigo.Em Gál. 3:5 Paulo apelou para a sua capacidade de realizar

    milagres, como evidência de que ele, em vez dos judaizantes, eradigno de crédito. Ele havia trazido o evangelho operando milagres.Em contraste, os que tentavam obrigar a igreja a retornar ao antigo

     pacto, não os haviam realizado. Portanto era um absurdo que a igrejaabandonasse a Paulo por causa dos novos mestres. Novamente, emRom. 15:18-19, Paulo se refere às maravilhas que Deus havia operado

     por seu intermédio como prova da sua apostolicidade.

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    Hebreus 2:1 - 4 é trecho de vital importância para a compreensãoda doutrina cristã dos milagres. No primeiro capítulo da Epístola jáse havia demonstrado que Jesus foi o maior de todos os profetas.Deus, anteriormente, havia falado várias vezes e de di versas formas;mas agora, nos fala através do Seu próprio Filho, concedendo umarevelação muito superior. Por essa razão o capítulo 2 inicia: “Portanto,é necessário que com mais diligência atendamos às coisas que temosouvido”. Compete-nos prestar cuidadosa atenção e obediência àmensagem que nos foi dirigida, pois, se os que tiveram oportunidadede ouvir profetas de menor porte foram julgados por desprezar amensagem do Velho Testamento, como escaparemos nós dacondenação por rejeitarmos as palavras do Filho de Deus?

    A seguir, o versículo 4 chama nossa atenção para os milagres. Amensagem a qual devemos prestar atenção “começou a ser anunciada

     pelo Senhor” - Ele próprio. Contudo, “nos foi confirmada pelos quea ouviram”. Essas testemunhas de primeira mão (oculares) ou

    apóstolos que haviam estado pessoalmente “convivendo conoscotodo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós” (Atos1:21), tinham um ministério de confirmação. E em Hebreus 2:4 lemos:“Testificando Deus juntamente com eles com sinais e prodígios ediversos milagres do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade”.Outra vez os milagres no Novo Testamento são escrituristicamente

    enfocados como o divino selo de aprovação referente à mensagemdos apóstolos, que não era outra coisa senão o registro inspiradodas coisas que eles viram e ouviram enquanto estavam com Jesus.Recordar essas maravilhas deveria ser suficiente para tornar mais

     profundo o nosso respeito quanto a autoridade das suas palavras eincentivar-nos para dar-lhes uma atenção maior.

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     No entanto, que se pode dizer com respeito aos cristãoscomuns (que não eram apóstolos), através dos quais também foramrealizados milagres na Igreja do Novo Testamento? E fato inegávelque, embora os apóstolos fossem os principais operadores demilagres, muitos outros crentes compartilharam com eles os dons de

     profecia, de cura, etc. O livro dos Atos e 1 Coríntios, capítulos12-14 mencionam uma longa lista de dons extraordinários exercidos

     por muitos irmãos da Igreja Primitiva.Um incidente registrado no livro de Atos nos liga diretamente

    com o assunto de cristãos que, embora não apóstolos, agiram comautoridade apostólica. Em Atos 8:4-13 encontramos Filipe operandomilagres e anunciando o evangelho em Samaria. Grande número creuem Cristo e foi batizado como resultado do seu ministério. Quando asurpreendente informação sobre os novos convertidos chegou aJerusalém, Pedro e João foram comissionados a ir lá e confirmar aobra. Logo que os apóstolos chegaram a Samaria, oraram a fim de

    que os convertidos pudessem receber o Espírito Santo. Certamenteos verdadeiros convertidos já tinham o Espírito Santo em seuscorações, porquanto “se alguém não tem o Espírito de Cristo, essetal não é dele” (Rom. 8:9). Todavia, mediante a oração e a imposiçãodas mãos por parte dos apóstolos, o Espírito desceu sobre os novosconvertidos com dons miraculosos. Esta interpretação pode ser

    constatada pela imediata reação de Simão. Ele pôde ver que eleshaviam recebido o Espírito. Daí pediu que lhe vendessem o poderapostólico de transmitir o Espírito mediante a imposição das mãos.

    Impõe-se aqui uma pergunta: por que Filipe não podia repartiresses dons extraordinários? Ele havia operado milagres. Mas, pareceter sido uma prerrogativa dos apóstolos, unicamente, o repassar esses

    dons a outros. Cada ocasião registrada em que alguém na Igreja

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    recebeu tais dons, ocorreu sob o ministério direto de um apóstolo.De modo que mesmo a prática geral da operação de milagres e donsextraordinários, dentro da Igreja, servia como testemunho daautoridade profética dos apóstolos.

    Simão Mago reconheceu imediatamente que os sinais poderososde outros evidenciavam a autoridade única dos apóstolos, e pediu,conseqüentemente, que lhe vendessem uma entrada nesse grupo

     privilegiado. Todos os que operavam milagres pelo poder de Deus,os realizavam mediante a imposição das mãos dos apóstolos. Outrosque operavam sinais, como Filipe, sem ser apóstolo, não podiatransmitir esses dons.

    As Escrituras também nos falam de obras milagrosas executadas por falsos profetas. Entretanto, mesmo no domínio satânico, osmilagres são destinados a assegurar a fé na mensagem comunicada

     por quem os executa. Essa é a razão por que são chamados “prodígiosda mentira” (2 Tess. 2:9) porque induzem os homens a crerem nas

    mentiras dos falsos mestres. O Novo Testamento indica que podemosesperar a continuidade dos falsos profetas acompanhados de seussinais fraudulentos. Surgirão até falsos cristos.

    E inegável, a partir do estudo da Bíblia, a conclusão de que anenhum verdadeiro servo de Cristo será dado o poder de realizarmilagres a menos que se encontre diretamente associado com a

     profecia. Onde quer que vejamos homens operando milagres peloEspírito de Deus, esperaremos também que os acompanhe umacomunicação inspirada das palavras de Deus. Os milagres são aconfirmação de Deus da missão divina daqueles que nos trazem novasrevelações. Estamos na obrigação de considerar os que operammilagres e transmitem essa habilidade a outros, não só como

     pregadores, mas sim como verdadeiros profetas de Deus. A evidência

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     bíblica requer que modifiquemos nossas interrogações. Não podemosmeramente perguntar: “deveriam os homens operar milagres na Igrejahoje?” Interrogar desse modo equivale realmente a perguntar: “Deve

    haver profetas na Igreja atual? Deve haver pessoas que estejamcomunicando diretamente a verdade revelada de Deus?” Naturalmente, esperamos que os homens preguem a Palavratransmitida pelos apóstolos e pelos profetas. Todavia, seria lícito quehoje procurássemos mais revelação?

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    SERIAM COMPLETAS AS ESCRITURAS?

    Uma Questão Pertinente

     Não devemos nos enganar quanto ao impulso central do “avivamento

    carismático’ ’ que oferece à Igrej a uma nova perspectiva da autoridadee da verdade absoluta. Os dons mais proeminentes entre as maravilhasdo moderno movimento pentecostal são “falar em línguas”,“profetizar”, “sonhar”, e “ter visões”. Nenhum desses dons pode serconcebido à parte do conceito de uma revelação infalível vinda deDeus, dada por quem possua os referidos dons.

    “Falar em línguas” é nada menos que ter as faculdades falantestão completamente sob o controle do Espírito Santo que uma pessoa

     possa articular uma linguagem desconhecida por si mesma. As palavras não são escolhidas conscientemente por quem fala, mas aocontrário articula palavras diretamente dadas por Deus.Independentemente da linguagem falada, o falar em línguas é  uma

    forma de profecia. *

    * A palavra “profecia” é usada mais comumente nas Escrituras para qualquer

    mensagem transmitida da parte de Deus. Ocasionalmente, como em 1Coríntios,capítulo 14, se usa no sentido mais técnico. Refere-se à comunicação de umarevelação divina em linguagem que os ouvintes entendem comumente. Nessa

     passagem é distinta do “falar em línguas”. De qualquer modo, ambas sãoformas de comunicação divina para o homem.

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    Devido o rei Saul pronunciar certa vez um discurso extático,surgiu o provérbio em Israel: “Está também Saul entre os profetas?”(1 Sam. 10:12). Qualquer que fale dessa maneira deve ser identificadocomo agente da revelação divina. Com certeza, as pessoas que dizemter recebido sonhos e visões da parte de Deus sustentam que osmesmos são comunicações inspiradas da verdade divina.

     No pentecostalismo contemporâneo, até o dom de cura serve para realçar a autoridade de quem o possui. Multidões inteiras seapegam às opiniões dos que realizam milagres porque seus “dons”indicam que eles “estão cheios do Espírito Santo”. A implicação de

    tal lógica é clara. Como pode alguém atrever-se a duvidar dasdoutrinas dos operadores de milagres? Ainda que alguém raciocinassea partir das Escrituras, nem por um milagre ele poderia sustentar asua posição. Muitos preferem confiar nos ensinos dos homens emrazão dos seus “dons” . “Acaso alguém que pode fazer coisas tão

     poderosas ensinaria doutrinas falsas?” - interrogam os fascinados.

    Um estudo das reuniões “carismáticas” revela que a Palavra deDeus é tida em pouca estima. Os que assistem são mais cativados

     pelas palavras dos profetas do século XX do que pelos ensinos deCristo e Seus apóstolos registrados nas Escrituras. São as mensagensem línguas ou de profecias o que emociona os participantes com aconvicção de que Deus tem falado em suas reuniões.

     Na medida em que aumentam os “dons” diminui a exposição daPalavra de Deus. As reuniões são constituídas de “testemunhos”,“compartilhar experiências”, com apenas referência ocasional à santaPalavra de Deus. Muitos dos que seguem este movimento

     permanecem tristemente ignorantes acerca dos rudimentos da fé pornegligenciarem a Palavra. Eles vivem das experiências emocionais e

    visíveis e não da verdade. Mesmo aqueles que gastam horas inteiras

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    folheando a Bíblia, não o fazem com o propósito de assimilar averdade, mas na esperança de granjear uma nova experiência parasuas almas vazias e famintas da verdade.

    Sem sombra de dúvida, os grupos “carismáticos” acrescentaram

    suas novas revelações à Bíblia como sendo verdade infalível, revelada por Deus, segundo se vê no testemunho de David J. du Plessis, oqual por vários anos foi secretário da Conferência Mundial de IgrejasPentecostais, cuja conferência reúne representantes de toda partedo mundo. Provavelmente não haja ninguém mais diretamenteresponsável pela proliferação da influência carismática nos diferentes

    círculos denominacionais. Em seu livro O Espírito me Ordenou Ir *começa com a explicação de que é basicamente uma série demensagens gravadas que ele redigiu posteriormente. A atitude deleem referência ao seu próprio livro se torna evidente em afirmaçõescomo estas: “para mim foi um privilégio redigir e preparar para

     publicação, neste formato, aquelas revelações que recebi dEle (o

    Espírito) enquanto ministrava em conferências”. “Os amigos insistiramcomigo para que eu publicasse as coisas que eu havia dito, ou melhor,as coisas que o Espírito Santo havia dito através de mim. Tratar deescrever sobre estas coisas não seria o mesmo que citar maisdiretamente as declarações pronunciadas sob a unção do Espírito.”Ainda que ele afirme que o Senhor inspirou suas mensagens para

    conferências específicas, suponho que negaria que deveriam sercanonizadas, no entanto assinala: “estou seguro de que todos podemosaprender do que o Espírito Santo tem dito a outros”. Uma vez queos dirigentes reivindicam tão categoricamente: “Assim diz o Senhor”,não é de surpreender que seus jovens seguidores, sem vacilar,

    * “Logos International Foundation Trust” - Londres, 1970

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    imponham seus ensinos aos seus irmãos com insistência de que seudiscernimento, conhecimento, direção, juízo ou exortação vêmdiretamente do Espírito com toda a autoridade e força incontrovertíveldo céu. Sem tais pretensões, é impossível sustentar a possessão de

    muitos dos dons relacionados em 1Coríntios, capítulo 12.Sei que alguns dirigentes pentecostais negariam de coração que

    as revelações contemporâneas sejam a verdade infalível, equivalenteàs Escrituras em sua autoridade, porém essa é a impressão essencialtransmitida por qualquer reivindicação de possuir os “dons”.

    Historicamente os cristãos têm crido que a Bíblia é aúnica norma

    de fé e prática. A oposição a seitas que realizam milagres e falam emlínguas tem se baseado neste alto conceito sobre as Escrituras. Nossadoutrina acerca das Escrituras nos dá confiança na única autoridade e absoluta suficiência das Escrituras através das quais o EspíritoSanto guia nossas mentes à verdade, conduz nossa vida neste mundoe nos leva a uma comunhão verdadeira com Deus. Esta convicção

    implica necessariamente que Deus não está dando atualmentenenhuma revelação adicional através de profetas.

    Como estabelece acuradamente a Confissão de Fé deWestminster o ponto de vista da maioria dos protestantes atravésdos séculos: “Todo o conselho de Deus, concernente atodas as coisasnecessárias para a Sua própria glória, e para a salvação, fé e vida do

    homem é expressamente estabelecido na Bíblia ou pode ser deduzidodela por legítima e necessária conseqüência e nada haverá de acrescentar-se, seja por novas revelações do Espírito Santo, ou 

     por tradição dos homens”, capítulo I, art. VI. Cremos que nãodevemos esperar mais revelações de Deus. O Velho e o NovoTestamentos estão completos e são suficientes para suprir todas as

    nossas necessidades. Unicamente a Bíblia é nossa autoridade!

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    Os “carismáticos” apaixonados estão minando a confiança nasuficiência das Escrituras. Busca-se, para edificação, a revelaçãodireta na profecia e nas línguas. Alguns negariam que suas novasmensagens acrescentam algo ao cânon existente das Escrituras.Segundo eles, apenas recebem direção na hora quanto à porção dasEscrituras em que devem enfocar a atenção da igreja. Ou só recebemadvertências com relação a calamidades providenciais. Ou unicamentedireção específica em assuntos da igreja local, ou problemas pessoais.De qualquer maneira, é uma mensagem recente “dos céus” que provêa orientação desejada naquela circunstância, e não das Escrituras.

    A prática pentecostal é realmente uma negação à suficiência dasEscrituras. Os entusiastas neopentecostais afirmam implicitamente quea Bíblia não é capaz de fazer com que um homem esteja “inteiramenteinstruído para toda a boa obra” (2 Tim. 3:17). Não buscam apenas ailuminação do Espírito Santo no estudo da Palavra de Deus. Procuramuma palavra de Deus adicional, uma outra fonte de verdade. Para

    eles, a Bíblia não é suficiente. Ao esperar uma nova mensagem doscéus, os pentecostais crêem que profetas modernos se encontramespalhados pelo mundo hoje.

    Inclusive, entre aqueles que não participam dessa conclusão àsvezes se encontra uma atitude quanto aos milagres, que equivale auma falta de confiança na Palavra de Deus. Isto pode ser observado,

     por exemplo, no livro de Henry W. Frost, Cura Miraculosa. *Aocomentar sua expectativa em relação ao aumento dos milagres, Frostdestaca: “Pode-se prever com confiança que, à medida que a presenteapostasia cresça, Cristo manifestará Sua divindade e senhorio cadavez mais através de sinais miraculosos, incluindo curas. Não devemos

    * Publicado em português pela “PES” - Publicações Evangélicas Selecionadas

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    dizer, portanto, que a Palavra é suficiente.Níüuvàl mente, o é paratodos que a conhecem e crêem. Mas não é assim para os que não aouviram, ou tendo-a ouvido, não creram. Para tais pessoas, podeser necessário um apelo dramático e no plano em que seja mais fácilde entender, por exemplo, no plano físico. O missionário noestrangeiro, portanto, pode ter em mente, no caso de enfermidadede outros, que talvez Deus Se agrade em torná-lo um operador demilagres”.

    Poucos daqueles dedicados ao moderno movimento de operaçãode milagres, mediante a instrumentalidade humana, têm sido tão

    moderados como o Dr. Frost em suas opiniões. Entretanto, temosaqui uma explícita negação da suficiência das Escrituras para oevangelismo. E, infelizmente, parece que há atitudes semelhantes

     profundamente arraigadas no “avivamento carismático”. Os homenstêm esquecido que o próprio Senhor disse: “Se não ouvirem a Moisése aos profetas, tampouco acreditarão ainda que algum dos mortos

    ressuscite” (Luc. 16:31). Muitos hoje vão além do Dr. Frost, buscando uma palavra adicional, não somente um sinal recente paratornar a Bíblia mais crível. Mas, em qualquer dos dois casos, há umadefinida desconfiança a respeito da santa Palavra de Deus.

    Interrogamos: onde acharam nossos pais espirituais essa doutrina,segundo a qual não podemos esperar novas revelações do Espírito

    em nossa época? De onde surgiu a idéia de que as Escrituras sãoautosuficientes como norma e padrão de verdade e como fonte deguia em todo assunto prático? Ao escutar os pentecostais falandosobre estes assuntos, recebe-se a impressão de que esta antigadoutrina protestante é uma relíquia do sistema católico-romano. Osreformadores não foram suficientemente longe em seu empenho de

    livrar a Igrej a do diabólico obscurantismo da teologia medieval. Agora

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    se levantaram novas forças para completar a Reforma, a fim de dar àIgreja o “evangelho pleno”.

    Muito pelo contrário, as corrupções da igreja católica romanasurgiram da proliferação de autoridades adicionais às santas Escrituras.A igreja romana elevou ao nível das Escrituras as visões dos seusmembros e os decretos dos seus papas. E foi este afastamento deuma total aderência às Escrituras que ocasionou todos os males daigreja de Roma. Por outro lado, o princípio fundamental da Reformafoi o grito “Sola Scriptura” emitida pelos estudiosos das Escrituras.O “movimento carismático” não segue a linha da Reforma; pelo

    contrário, lança um golpe nocivo às raízes dela. Se possível, oscarismáticos destruiriam o fundamento protestante da confiançasomente nas Escrituras.

    Uma Resposta Evidente

    Evidentemente nossos antecessores protestantes extraíram suas

    doutrinas diretamente do Novo Testamento. Hebreus 1:1-3 contrastaa profecia do Velho Testamento com a revelação do NovoTestamento. A comparação intenta trazer à luz a superioridade darevelação da verdade feita pelo Novo Testamento. A verdade doVelho Testamento foi escrita em diversas épocas no decorrer de umdilatado período da história humana. Houve, portanto, uma progressiva

    comunicação da verdade através de muitos mensageiros que viveramseparados por muitos séculos. Além disso, o Velho Testamento secaracteriza por métodos diversos de comunicar a mensagem de Deusaos homens. Houve sonhos, vozes celestiais, anjos mensageiros,etc.

    Tudo isso se encontra em marcante contraste com o novo período

    de revelação em que temos entrado. Chegamos a “estes últimos dias”.

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     No primeiro século depois de Cristo, quando foi escrita a Epístolaaos Hebreus, os “últimos dias” haviam chegado. O contraste entre amaneira pela qual foi dada a revelação “aos pais” e o modo pelo qualagora finalmente era dada, necessariamente implica que a revelação

    não continuará sendo dada gradualmente através de séculos dedesenvolvimento, nem mediante uma incontável multidão demensageiros. Como veremos, à medida que prosseguirmos, arevelação destes últimos dias foi dada numa geração; na realidadeveio na sua plenitude através de uma Pessoa.. A revelação da verdade, dada por Deus, alcançou seu glorioso

    clímax quando Cristo esteve sobre a terra. “Deus nos tem falado pormeio de seu Filho”. Na Pessoa de Jesus Cristo a revelação haviachegado ao seu término, com caráter de prontidão dramática. OFilho de Deus encarna tudo quanto o Pai tem que dizer aos homens.

     Nada necessário foi reservado para épocas posteriores. Não é possível conceber uma revelação maior. Cristo é a última verdade e

    a revela plenamente. Ele é o esplendor personificado da glória doPai. Todo o véu foi removido. Ele é a imagem expressa da Pessoado Pai e perfeitamente revelado. Ele é o grande ponto final à conclusãoda comunicação de Deus aos homens. A passagem respira umafinalidade. Cristo, o Filho de Deus, é o grande final da revelação.

    Tão completo é Ele como revelação de Deus, e tão suficiente

    foi Seu trabalho como profeta, que os apóstolos e seus livros do Novo Testamento são vistos em Heb. 2:1-4 como meras confirmaçõesdo que o Grande Profeta já havia dito. Os escritos apostólicos são oeco do que haviam escutado dos lábios do nosso sagrado Senhor.Quando o Espírito Santo desceu sobre eles em inspiração, foi paratrazer à sua memória o que Jesus havia ensinado antes, e iluminar

    -lhes em relação ao significado de Seus ensinos (João 14:26). O sol

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    da revelação brilhou em Jesus Cristo. Os escritos dos apóstolos nãoeram novos raios de luz, mas reflexos da glória que brilhou no Filhode Deus.

    Esta perspectiva da revelação que faz com que todo o processochegue ao final em Cristo Jesus se encontra presente noutras passagensdo Novo Testamento. O Evangelho de João está especialmentesaturado deste tema. João 1:1 identifica Jesus como a “Palavra”deDeus. Ele é Deus. E a mais completa e exaustiva expressão de Deus.E a plena verdade divina. Por esta razão podia afirmar em João 14:6:“Eu sou a verdade”. Ele é a verdade total; a última palavra. João

    1:14 indica que quando esta Palavra Se fez carne, os apóstolos viramSua glória “cheia de verdade”. Outros profetas haviam apresentado

     partículas da verdade. Ele, pelo contrário, estava cheio da verdade. Ninguém jamais viu a Deus, mas o unigénito Filho que eternamentehabita na presença do Pai, declarou plenamente o Pai (João 1:18).Qualquer coisa, depois das palavras de Cristo, resultará como um

    anticlímax. Ele foi o único apto, digno, para comunicar aos homenstoda a verdade que eles podem receber a respeito do Pai. E Elecumpriu perfeitamente essa missão.

    João 14:7-10 apresenta um incidente, bastante instrutivo, da vidade nosso Senhor. Jesus havia dado a notícia aos discípulos de queEle tinha de partir. Para consolar os Seus devotos amigos, que

    haviam sacrificado tudo pelo privilégio de estar com Ele, nosso Senhorafirmou que eles conheciam o Pai e O haviam visto. Mas Filipe nãoestava satisfeito. No versículo 8 ele pede uma visão gloriosa do Pai,a qual seria suficiente. Talvez ele sentia que nenhum deles haviaalcançado as alturas dos santos primitivos como Moisés, quecontemplou as costas do Todo-poderoso. Se eles pudessem ter tão

    -somente uma experiência extática semelhante!

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    Jesus ficou muito inquieto com a petição de Filipe. “Estou hátanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quemme vêam im vêoPai”. Que tremenda repreensão! Acaso Filipe nãodeveria ter visto tudo que era possível ver da glória de Deus? Comquanto entusiasmo Moisés teria trocado a sua visão para escutar as

     palavras do Filho de Deus! Jesus é a glória viva de Deus, a encarnaçãoviva da Sua Pessoa. A busca de Filipe, procurando algo mais, eraum insulto para o Filho de Deus.

    Um insulto semelhante é manifesto através do desejo atual deobter mais revelações. E uma indicação de que os que buscam o“carisma” não estão percebendo a glória de Deus na face de JesusCristo. Embora as palavras de Jesus Cristo tenham estado com eles

     por muito tempo, eles persistem em buscar algo mais para conhecero Deus vivo. Estão perdendo a maravilhosa realidade de que asEscrituras são a total e suficiente revelação dada pelo Espírito deDeus. Alguns olhos obscurecidos lêem os próprios ditos do Filho de

    Deus, mas tiram a vista deles.Porventura não seria uma visão algo mais maravilhoso para Filipe

    do que simplesmente falar com o Filho de Deus? Hoje, não seriamsonhos e línguas algo mais satisfatório do que meramente prestaratenção às palavras do Salvador? Devemos estar tão inquietos comoo nosso Senhor. Os pentecostais estão desprezando

    inconscientemente a revelação de Deus em Cristo, como insuficiente.Constantemente seu grande ânimo provém de fora da Palavra deDeus. Suas práticas proclamam aos quatro ventos “deve haver algomais” . Se não fosse assim, dariam à Palavra de Cristo sua devotaatenção em suas reuniões e implorariam a assistência do EspíritoSanto para ajudá-los a compreendê-la.

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    Quando Jesus estava preste a partir desta terra, Ele orou assimao Pai: “Acabei a obra que me encarregaste de fazer” (João 17:4).Qual era a tarefa que Ele havia terminado tão perfeitamente? Oversículo 8 nos diz em parte: “Tenho-lhes dado as palavras que medeste”. A indicação aqui é que não há outras palavras mantidas emreserva para serem pronunciadas em outra época. João 15:15 o dizmais explicitamente: “Todas as coisas que tenho ouvido de meu Paivô-las tenho dado a conhecer”. Precisamente como a exclamaçãodEle na cruz: “Tudo está consumado” significou que nada mais Lherestava a fazer, como sacerdote, para assegurar a redenção do Seurebanho, assim também estes versículos proclamam a conclusão doSeu perfeito ministério profético.

    Antes do Pentecoste os apóstolos tinham uma deficiência queos impedia de entender a verdade. O resplendor da glória do Pai

     brilhava sobre eles, mas não se achavam preparados para captar tal plenitude e totalidade da verdade. Não podiam compreender o ápice

    da revelação embora ele estivesse ante os seus olhos. Não é quehouvesse falha na comunicação da verdade. A dificuldade consistiana sua incapacidade pessoal de recebê-la. Todavia o Espírito viria

     para ensinar-lhes as coisas que haviam aprendido de Cristo e paracapacitá-los a registrar infalivelmente estes ensinamentos nasEscrituras. Conforme Jesus prometeu: “Quando o Espírito vier, Ele

    vos guiará a toda a verdade” (João 16:13). O Senhor cumpriu a Sua promessa de dar toda a revelação aos apóstolos. Hoje a Igrejarealmente necessita de maior medida do Espírito Santo para podercompreender as palavras de Cristo - e para isso todos nós devemosorar. Contudo, ela não necessita novas mensagens dos céus. Comoafirma acertadamente um hino:

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    “Quão firme alicerce fo i dado à fé   De Deus em Sua eterna palavra de amor!

    Que mais Ele poderia em Seu livro acrescentar,

    Se tudo a Seus filhos o tem dito o Senhor?”

    Pergunto: o que se pode acrescentar a Cristo, a encarnação daverdade? A Igreja está construída sobre o firme fundamento dosapóstolos e dos profetas (Ef. 2:20). No entanto, o moderno “povocarismático” parece crer que muito ficou sem ser dito pelos apóstolos.“Se queremos que a Igreja floresça, então o fundamenta da verdade

    tem de ser ampliado”, eles nos dizem.A ausência de um apreço único pelas Escrituras não é assunto

    de pouca importância. A falta de uma completa confiança na Bíblia,da parte dos neopentecostais, deve ser grandemente deplorada. Nãover em Jesus a revelação final da verdade, é o erro maiúsculo queabrirá as portas da Igreja à multidão de heresias ensinadas em nome

    da verdade. Todo movimento autêntico iniciado pelo Espírito de Deusconduz os homens às palavras de Cristo, que foram autenticadas porSua própria inspiração.

    Alguns têm ridicularizado um apelo a Apoc. 22:18-19, ao discutira conclusão do cânon (o final das mensagens divinas provenientesdo Senhor). Entretanto, no contexto de tudo quanto a Bíblia diz acerca

    de Jesus como o profeta final, o clímax da revelação, as palavras sãomuito significativas. É este mesmo Cristo Jesus que fala no capítulofinal da Bíblia: “Se alguém acrescentar a estas coisas, Deus lheacrescentará as pragas que estão escritas neste livro”. Nosso Senhorfaz este comentário nos versículos finais do último testemunhoconfirmando Sua revelação. O Salvador deu a advertência através

    do último apóstolo vivo, na conclusão de seu ministério.

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    OS DONS NA IGREJA PRIMITIVA

    A participação na corrente “carismática” implica em negar aautoridade única e a suficiência das Escrituras. Ora, essa afirmação

     pode suscitar definidas interrogações em sua mente. Por que, então,houve práticas carismáticas evidentes nas igrejas do NovoTestamento? Será que a Igreja Primitiva estava menosprezando arevelação recebida de Cristo quando praticava a profecia e o falarem línguas? Estava negando a autoridade única e a suficiência dasEscrituras? Se foi assim, por que é tão vital agora? Acaso uma

    importante passagem da Bíblia, ou seja, 1Coríntios, capítulos 1214, não indica que tais práticas são normais para uma igrejaverdadeira?

    Respostas a algumas destas perguntas se acham implícitas noscapítulos precedentes, e tornar-se-ão mais claras ao tratar-se da

     passagem de Coríntios. É consenso geral que na igreja de Corinto se

    apresentava o exercício de muitos dons sobrenaturais ou miraculosos.Havia “a palavra de sabedoria”, “a palavra de conhecimento”, “a fé”,“acura”, “aoperação de milagres”, “aprofecia”, “o discernimentode espíritos”, “diversas classes de línguas”, “a interpretação de línguas”(1 Cor. 12:8-10), dos quais a maioria envolvia revelação divina. Erammanifestações do Espírito Santo. Na realidade, isso negava a

    autoridade única das Escrituras. A Bíblia não eraa única palavra

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    verbalmente inspirada, recebida por aquela igreja, pois tambémrecebia a verdade de Deus através destes dons.

    Além disso, tal método de edificação dos santos em Corinto

    negava a suficiência das Escrituras, como estas existiam naquelaépoca, e por uma boa razão. O Salvador havia vindo. A Igreja do Novo Testamento havia sido formada. Os filhos de Deus já nãocontinuavam vivendo sob a antiga aliança. Entretanto, o NovoTestamento ainda não havia sido escrito. A plena revelação da verdadeem Jesus Cristo ainda não havia sido entregue à Igreja em forma

    escrita pelos “que a ouviram” (Heb. 2:3). Não teria sido bom parauma geração inteira dos servos de Deus viver isolados da graça everdade magnificentes que vêm através de Jesus Cristo, enquanto oslivros do Novo Testamento fossem escritos e colecionados. Por estarazão, foram outorgadas revelações transitórias à Igreja, para suaedificação, enquanto o Espírito Santo lembrava os apóstolos de tudoque se relacionava com Cristo (João 14:26). Os crentes tinham queviver em Cristo, mesmo antes que os apóstolos pudessem fazê-10conhecido plenamente.

    Durante o período de formação do Novo Testamento, os donsantes mencionados, ao ser exercitados nas igrejas apostólicas, serviade sinais dos quais Deus dava testemunho da autoridade divina dosapóstolos. Foram eles que levaram esses dons espirituais

    extraordinários às igrejas, por imposição de mãos, de modo que osdons, ao serem exercitados na Igreja, serviram de testemunho daautoridade dos que escreveram o Novo Testamento.

    Os dons de profecia e línguas, nos tempos apostólicos, tinhamum efeito oposto aos seus equivalentes na época atual. A existênciados dons miraculosos na Igreja Primitiva atribui honra às Escrituras

    completas. A mensagem profética registrada no Novo Testamento é

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    tão vital que a Igreja não pode viver sem ela. À proporção que ela iasendo escrita, era necessário dar as mesmas verdades mais ou menosnuma outra forma para a edificação da Igreja. E o exercício dos dons

    miraculosos dá testemunho sobre a importância profunda da missãoapostólica de confirmar o que Jesus havia começado a dizer (Heb.2:3). Por conseguinte, estes milagres atestavam sobre a autoridadeúnica e a suficiência das Escrituras, quando estas estivessemcompletas.

    Entretanto, a partir da conclusão do Novo Testamento e a mortedos apóstolos, os milagres e revelações possuem outra implicaçãodiferente. Agora sugerem que até a -palavraapostólicaé  insuficiente,da mesma maneira que as línguas e a profecia na Igreja Primitivaimplicavam que as Escrituras do Velho Testamento eram insuficientes.Posto que os próprios apóstolos nos afirmam que eles revelaramcompletamente a Jesus Cristo, desejar revelações adicionais, alémdas Escrituras, é querer ir além de Cristo; é declarar que os apóstolosfalharam em sua missão e que o Espírito Santo precisa compensarmediante línguas e profecias as deficiências da palavra apostólica. A  clara implicação de tudo isso é que a Igreja deve ser alicerçada sobreos apóstolos e os profetas como também sobre mensagens modernas.Pois bem, se é desnecessária uma revelação adicional, por que haveriao Espírito de dar dons de revelação? Desde que as Escrituras foram

    completadas, sua autoridade é única e sua mensagem suficiente. Ea Epístol a aos Coríntios testifica disso.

    Uma Admoestação

    “Não quero, irmãos, que ignoreis acerca dos dons espirituais.Sabeisque éreis gentios, deixáveis conduzir aos ídolos mudos, segundo éreis

    guiados. Portanto, vos faço saber que ninguém que fale pelo Espírito

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    de Deus chama anátema Jesus; e ninguém pode chamar a JesusSenhor, senão pelo Espírito Santo” (1 Cor. 12:1 -3).

    Paulo inicia sua lição sobre os dons com uma admoestaçãointeressante. “Não quero que ignoreis”. Este é uma assunto simples e

     básico. É apedra angular sobre a qual muito vai ser edificado. Ninguémnegará que é possível abordar este tema dos milagres e dos donsextraordinários de forma impensada. Os mais sábios entre os próprios

     pentecostais reconhecem que muitos são fascinados com umemocionalismo irracional nas reuniões “carismáticas” - assimchamadas. Mas o cristão deve ser um homem pensante. O Espíritode Deus não embota o intelecto. Pelo contrário, Ele estimula o

     pensamento. Os crentes não devem ser ignorantes com respeito aotema das manifestações espirituais.

    O apoio a essa admoestação vem por meio de contraste. Paulorecorda aos coríntios a sua experiência anterior no paganismo ocultista.Eles adoravam ídolos, objetos inânimes. Todavia os poderes satânicos

    se achavam presentes, com influência controladora sobre os homens.Muitos eram obrigados a submeter-se. Era uma força irracional. Esseé o sentido dos termos “arrastados” ou “impulsionados”, *à luz docontraste. As reuniões caracterizadas pelo emocionalismo sem sentidonão são de Deus. E obra de demônios conceder aos homenssentimentos irracionais e conduzi-los a uma atividade extraordinária

    que a mente não consegue compreender. Aqui temos uma soleneadmoestação para qualquer cristão em meio a uma geraçãoconfundida. Em todos os cultos e reuniões é necessário manter umamente ativa e com discernimento. Alguns sugerirão que a lógica é

    * Ver Charles Hodge para uma comparação desta palavra com “guiados peloEspirito de Deus” (Exposição de I Coríntios, página 240 no inglês).

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    fria. Contudo, o irracional é satânico. No versículo 3 nos é dada uma norma através da qual podemos

    avaliar vários espíritos. E note-se que é uma medida doutrinária.Particularmente, questiona o que um espírito diz com referência a

    Jesus Cristo. Imediatamente chegará a lembrança de 1João 4:1-2:“Amados, não creiais a todos os espíritos, mas provai os espíritos,se são de Deus...” Muito mais será comentado a respeito deste assuntono capítulo 8. O critério de avaliação não é constituído pelossentimentos, mas o escrutínio feito mediante a verdade. David J. duPlessis esqueceu-se disso. Em O Espírito me Ordenou Ir, ele testifica:

    “Vinte e quatro dirigentes ecumênicos estavam comodamentesentados ao meu redor... Eu poderia recordar dias em que desej asse

     pôr meus olhos em tais homens para denunciar a sua teologia e rogaro juízo de Deus sobre eles, em virtude do que eu considerava suasheresias e falsas doutrinas. Aí estava uma oportunidade maravilhosae eles me diziam: “Seja devastadoramente franco”. Orei: “Senhor,

    que queres que eu faça?”“Naquela manhã algo me ocorreu. Após breves palavras de

    introdução sentia repentinamente me sobrevir um sentimento cálido.Soube que era o Espírito Santo tomando posse de mim, mas o queEle queria de mim? Em lugar do velho espírito amargo de crítica econdenação em meu coração, agora sentia tão grande amor e

    compaixão por esses dirigentes de igrejas, que eu preferiria morrer por eles à julgá-los. De repente soube que o Espírito Santo estava nocontrole, pois eu estava fora de mim, no entanto, sóbrio como um

     ju iz” (2 Cor. 5:13).“Graças a Deus, desse dia em diante, eu sabia o que significava

    ministrar no “caminho mais excelente” (1 Cor. 12:31). Esta é,

    certamente, a maneira do Espírito Santo” (pág. 16). Desde esse dia

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     parece que du Plessis nunca mais se levantou para reprovar os liberais por seus desvios da verdade. Tornou-se amigo deles e lhes dizia: “AIgreja não necessita de melhores teólogos, porém de homens cheios

    de fé e do Espírito Santo” (pág. 18). Isso recorda as palavras tristesdo Sal. 78:9 - “Os filhos de Efraim, armados de arcos, retrocedemno dia da batalha”.

    Com vigilância doutrinária, as pessoas se afastariam rapidamenteda maioria das reuniões carismáticas. É pela ignorância que omovimento ganha impulso. Que haja eco nos ouvidos dos crentes:

    “Não quero que permaneçais ignorantes” (1 Cor. 12:1).

     Princípios Gerais sobre os Dons

    “São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres?Todos fazem milagres? Recebem todos poderes para curar? Todosfalam em línguas? Interpretam-nas todos?” (1 Cor. 12:29-30).

    Através de todo o resto do capítulo 12, a Igreja é comparada aum corpo, do qual Jesus Cristo é a cabeça comunal e o EspíritoSanto vivifica a cada membro. Todas as manifestações do Espírito etodos os ministérios são para o bem comum (versículo 7). A seguirPaulo menciona e destaca a diversidade dos membros, isto é, adiversidade dos seus dons e ministérios, um ensino que destróiefetivamente uma premissa fundamental dos pentecostais.

    Muitos neo-pentecostais crêem que é possível a uma pessoaser batizada com o Espírito Santo sem que fale em línguas. Qualquerdos dons neste capítulo pode significar o batismo. De sua parte, os

     pentecostais insistem em que as línguas são a prova de haver tidoessa experiência. No mínimo, neste ponto, os neo-pentecostais estãomais perto da posição bíblica. No versículo 30, Paulo interroga: “Falam

    todos em línguas?” A resposta é óbvia: nem todos falam em línguas.

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    Estes “todos” aqui se refere a todos os membros do corpo, queforam batizados pelo Espírito (versículo 13). Os pentecostais tratamde sofismar esta clara declaração de Paulo, afirmando que a pergunta

    realmente é: “Falam todos em línguas nas reuniões da igreja?” Masessa não é a pergunta. Paulo nem sequer faz qualquer referência aoscultos públicos até o capítulo 14. Esse “todos” do versículo 30 refere-se aos membros do coipo, de cujo coipo continuam sendo membros,quer reunidos ou não em adoração pública. Este texto  por si só invalida biblicamente a doutrina pentecostal de que todos os crentes

     batizados com o Espírito Santo manifestam seu batismo falando emlínguas. Os pentecostais estão em direto conflito com o ponto devista paulino, segundo o qual as manifestações do Espírito Santo nocorpo são bem diversas. Nem todos falam em línguas, como nemtodos são apóstolos (versículo 29).

    Os Dons Não São Sinais de Graça

    “Se eu falasse línguas humanas e angélicas, e não tivesse amor, seriacomo o metal que soa ou o címbalo que retine. Se tivesse profecia eentendesse todos os mistérios e toda a ciência e tivesse toda a fé, detal modo que removesse os montes, e não tivesse amor, nada seria.Se repartisse todos os meus bens com os pobres e entregasse o meucorpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada meaproveitaria” (1 Cor. 13:1-3).

    Ao iniciar o capítulo 13 da Primeira Epístola aos Coríntios, Pauloestabelece uma verdade que golpeia as próprias raízes de todas asvariantes dos modernos ensinos carismáticos. Aqui, o pai da igrejade Corinto ensina que os dons miraculosos não são sinal de saúdeespiritual naquele que os possui. E possível falar em línguas, profetizar,

    exercer o dom da fé, sofrer e dar-se sacrificialmente, e entretanto

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    não ser nada. Há exemplos nas Escrituras de homens que possuíramdons extraordinários, mas estiveram profundamente vazios da graçade Deus. Judas é um exemplo característico. Nosso Senhor deu ênfase

    ao tremendo engano resultante de supor-se que os dons espirituaisevidenciam o bem-estar espiritual daqueles que os possuem. Isto éafirmado em Mat. 7:22-23: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor,Senhor, não profetizamos em teu nome e em teu nome expulsamosdemônios, e em teu nome operamos milagres? E então lhes declararei:

     Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais ainiqüidade”. Muitos fazem milagres neste mundo, contudo perecerãono vindouro.

    Paulo se referiu a esta possibilidade no capítulo 12:2 ao recordaraos cristãos que até os pagãos apresentavam maravilhosasmanifestações de poder. Agora, em 13:1 -3, ele afirma que os donsespirituais externos não são índice, de maneira alguma, do estadoespiritual de uma pessoa. Pelo contrário, as graças espirituais internas,gravadas na alma, são os sinais da grandeza espiritual. Não são osdons do Espírito, porém os frutos do Espírito, que constituem a medidade santidade, de utilidade para o Senhor, e de prosperidade espiritualna alma. O amor é a prova preeminente. Os dons em Corinto nãoforam dados como sinais para assegurar à igreja sobre sua saúde evigor espirituais. Como Paulo acentua no capítulo 12, eles lhes foram

    outorgados para a edificação de todo o corpo.Que aconteceria ao movimento carismático se não fosse mais

    ensinado nem sugerido que os dons miraculosos são um sinal de bem-estar espiritual? Esta é a chave que revela toda a atitude domovimento. David du Plessis mesmo admite que os pentecostais

     perdem sua efetividade quando deixam de insistir em que as línguas

    são sinais de bênção espiritual, sinal do batismo no Espírito Santo. A

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    Palavra de Deus nos diz que é possível todos os dons sem amor. É possível possuir os dons e não ser nada. As graças, e não os dons,são a evidência da vitalidade espiritual. Elas se encontram interiormente

    e não em demonstrações externas.

    O Am or no Exercício dos Dons

    “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso, não s< trfai inem se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não j^ocitoios seus interesses, não se exaspera, não se ressente do sealegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdad^Nrra^ sofre,tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor.J3^4ÍX K ^

    Ao descrever o amor nos versíc k não fala nocontexto do amor conjugal. Não tem o^Mui urtfa referência geral.Sua aplicação específica se refere^m apigre ja confundida, que

     praticava muitos dons espiritráçs) porçrn que precisava muito maisde graça espiritual. O amor se cneôfllxa onde são vistas a paciência e

    a mansidão (versículo 4). O amor jamais agirá de maneira fanática(isto é que significa aexp^ssao “não se conduz inconvenientemente”)nem busca fT^^tóerafHciite pessoais (versículo 5). O amor odeia o

     pecado e s ^ w ^ w n a verdade (versículo 6). Ocupa-se da santidadee ck d0^n^^(v eja 12:3). Novamente são apresentados profundos

    ' ' ie avaliação para as reuniões carismáticas e até para as

    5es reformadas. Acaso há conduta vergonhosa, exaltação doshòínens, presença do pecado, ausência da verdade? Se for assim,então a tais reuniões falta o amor. Não importa quais sejam os dons

     presentes, falta o essencial. Apesar da presença espetacular demanifestações portentosas, a reunião ou pessoas sem amor secaracteriza pelo fracasso.

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    Os Dons Desaparecerão da Igreja

    “O amor nunca deixa de ser; mas as profecias se acabarão e cessarãoas línguas, e a ciência desaparecerá. Porque em parte conhecemos eem parte profetizamos; mas quando vier o perfeito, então o que é em

     parte se acabará. Quando eu era menino, pensava como menino;mas quando cheguei a ser homem, deixei o que era de menino. Agoravemos por espelho obscuramente; mas então veremos face a face.Agora conheço em parte; mas então conhecerei como também souconhecido” (1 Cor. 13:8-12).

    Os versículos 8-12 fazem referência diretamente ao caráter

    transitório dos dons miraculosos na Igreja. O que temos vistoanteriormente noutras partes das Escrituras nos permite esperar isso.Aqui, simples e categoricamente, Paulo o afirma. O amor perdura;não se acabará. Jamais o amor desaparecerá da Igreja. Entretanto,as “profecias”, as “línguas” e a “ciência”se acabarão. Estes são osdons mencionados em 12:8-10 como “profecia”, “palavra de

    conhecimento” e “diversos gêneros de línguas”. E isso que o apóstolotem em mente. Ele está comparando aqui os dons miraculosos comas graças internas. Ora, seria tolice pensar que o conhecimento, alinguagem e a verdade teriam de desaparecer no sentido absoluto da

     palavra. Mas, por outro lado, Paulo afirma que os dons desaparecerãoda Igreja.

    Quando e porque os dons deveriam desaparecer da Igreja éalgo claramente declarado nos versículos 9-12. A ciência e a profeciaapenas eram formas imperfeitas de revelação. Todavia algo “perfeito”está por chegar. Nesse ponto, a mente se eleva ao céu. E ali ondetemos o estado perfeito. No entanto, a palavra traduzida por“perfeito”, segundo o uso no Novo Testamento, nem sempre significa

     perfeito idealmente. A mesma palavra é usada novamente em 1Cor.

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    14:20, onde é traduzida como “homens”. A idéia, pois, é “idôneo”em contraste com o “infantil”. Que este deve ser o significado em13:10 é absolutamente claro à luz do contraste com o “infantil” doversículo 11. Quer dizer, quando a revelação plenamente adulta eamadurecida vier, então as revelações parciais de um estado deinfância desaparecerão.

    Evidentemente, a idéia deste texto deve ser examinada à luz de2Tim. 3:16-17. “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil paraensinar, para redargíiir, para corrigir e para instruir em justiça, a fimde que o homem de Deus seja perfeito, inteiramente preparado paratoda a boa obra”. Em nenhuma destas duas passagens “perfeito” serefere ao homem glorificado no céu. Refere-se ao homem cabalmente

     preparado para a vida neste mundo - o homem que se desenvolveu plenamente. Quando as Escrituras tivessem sido completadas, entãoa Igreja teria a revelação completa e apta para sua condição terrena.

     Nossa Bíblia havendo sido completada é perfeita no sentido que é

     plenamente suficiente como revelação para todas as nossasnecessidades. O que realmente Paulo afirma é que “quando vier oque é suficiente, o inadequado e parcial desaparecerá. As línguascessarão e o conhecimento se acabará no momento em que o NovoTestamento for completado.”

    Os dons maravilhosos, tal como se encontram catalogados em

    1 Coríntios, capítulo 12, só seriam úteis numa situação inferior. Suautilidade parcial os circunscreveu a um estado temporal. Então, nãohá necessidade de apegar-se a esses dons. Acaso se apega umhomem maduro, plenamente desenvolvido, às forças infantis deexpressão, entendimento e pensamento (v.l 1)? Quando uma pessoasse desenvolve, renuncia as coisas de menino. De modo semelhante,

    as palavras, os pensamentos e a segurança íntima de ter as Escrituras

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    completas deve fazer com que a Igreja cresça e amadureça, deixandode lado a etapa infantil das revelações carismáticas.

     No entanto, muitos se têm deixado extraviar ao comentar oversículo 12. Devido o contraste aparecer tão forte, há uma tendênciade pensar que, novamente, se trata de uma referência ao céu. Muitoscomentaristas declaram que Paulo aqui estabelece um contraste entreo conhecimento presente e o entendimento celestial. Todavia, não ésua preocupação falar aqui da glória. Não. O tema é o tempo e arazão por que os dons miraculosos cessam; “agora” e “então” sempretêm este molde de referência.

    O fato é que os contrastes do versículo 12 não são tão absolutoscomo freqüentemente se supõe. As referências anotadas na Bíbliatêm reconhecido aqui uma dependência com respeito a Num. 12:68. A linguagem é muito semelhante em ambas as passagens. A ocasiãofoi quando o Senhor repreendeu Miriam e Aarão por murmurar contraSeu servo Moisés. “E ele lhes disse: ouvi agora as minhas palavras.

    Quando houver entre vós profeta de Jeová, lhe aparecerei em visão,em sonhos falarei com ele. Não é assim com meu servo Moisés, queé fiel em toda a minha casa. Face a face falarei com ele, e claramentee não por figuras; e verá a aparência de Jeová. Por que, pois, nãotivestes temor de falar contra meu servo Moisés?” Desse modo

     percebemos as figuras empregadas em 1Cor. 13:12- um contraste

    entre a revelação obscura e parcial e um retrato aberto e frontal doSenhor. Aqui não temos um contraste entre profeta e céu, e sim entre

     profeta menor e profeta maior. No Velho Testamento Moisés aparece como o grande profeta

    que falou com Deus “cara a cara” e de modo explícito. Outros profetasreceberam mensagens “por figuras” e “aparências” pelo método

    obscuro das “visões” e “sonhos”. No Novo Testamento Jesus Cristo

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    é apresentado como o grande profeta que habitou no seio do Pai e Orevelou. Sua plena e total revelação do Pai foi registrada nas Escrituras

     pelos apóstolos. Outras revelações “carismáticas” eram equivalentesa ver através de um prisma imperfeitamente transparente (como ossonhos e visões do Velho Testamento). Eles transmitiam apenas umarevelação parcial, “obscuramente” (à maneira de “enigmas”). Emcontraste, receber as Escrituras era colocar-se “face a face” comDeus. Esta era a aproximação íntima de Deus por meio de JesusCristo. O versículo 12 sintetiza a necessidade de que os donsmiraculosos cessem! Mesmo que a cessação fosse coisa futura

    quando Paulo escreveu a Epístola, ela se tornou assunto do passadodepois que João escreveu o Apocalipse. Desde então, os donsmencionados no capítulo 12 já haviam cessado.

    O capítulo 13 conclui com um comentário que demonstra queos versículos 8-13 não contrastam o conhecimento terreno com ocelestial, porque mesmo depois de cessarem as profecias e as línguas,

    a fé e a esperança permanecerão. Não haverá esperança nos céus.“Esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê,como esperará?” (Rom. 8:24). Mas logo que as Escrituras estejamcompletas, ainda a esperança permanecerá na Igreja até o dia deJesus Cristo.

    Uma observação da Igreja atual nos conduz a uma angústia por

    causa de sua debilidade e “fracasso”, seu pecado e frieza. Não faltamas vozes que proclamam: “o de que necessitamos é voltar ao estadoda Igreja nos tempos apostólicos.” Esta forma de raciocinar é quetem produzido a presente busca de dons miraculosos. Tais donsexistiam na infância da Igreja. “Ah, se os tivéssemos agora!” “Muito

     pelo contrário!” - diz o apóstolo. “Não deveis desejar o regresso ao

     período infantil.” Antes que as Escrituras fossem terminadas, a Igreja

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    se encontrava em posição de inferioridade com respeito à verdade.Os crentes não têm razão para regressar à época anterior ao anocem, no qual a Bíblia ainda não estava completa. Não existe motivo

     para desejar mensagens obscuras, quando tem diante de si a verdadedas Escrituras!

     Nos capítulos 12-14 não temos uma passagem que estejaafirmando que os dons miraculosos sejam norma para a Igreja detodos os períodos. Pelo contrário, eles preparam a Igreja para quandoestas manifestações do Espírito tenham cessado por terem sidocompletas as Escrituras. Que homem adulto quereria voltar à

    apreensão infantil da verdade, depois de experimentar a revelaçãocompleta e plena de graça da verdade, nas Escrituras? Todavia issoé precisamente o que os carismáticos nos pedem que façamos. Elesnos convidam a falar de maneira infantil e a examinar obscuros quebra-cabeças, depois que o Senhor e os apóstolos já nos deram umarevelação “face a face” do Pai. As línguas, as profecias, a palavra de

    sabedoria e a fé, foram bastante úteis nos dias da infância. Mas o perfeitamente adequado já chegou; o adulto já está presente. Osdons temporários ce