revista agenda 2016

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produzir ARARAQUARA SÃO CARLOS RIBEIRÃO PRETO CAMPINAS EDIÇÃO 2016

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Page 1: Revista agenda 2016

produzir

ARARAQUARA • SÃO CARLOS • RIBEIRÃO PRETO • CAMPINASEDIÇÃO 2016

Page 2: Revista agenda 2016

“Quando o objetivo é grande, não existe passo pequeno.”

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Page 3: Revista agenda 2016

4 AGENDA 2016

EDITORIAL

André Coutinho Nogueira é graduado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco-USP. Como diretor do Grupo EP, aposta na imprensa e nos meios de comunicação como uma via de trabalho criativo, para mudanças positivas.

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Inspiração para um futuro feito por nós

Caro leitor,Há três anos, tivemos a ideia de realizar a primeira edição

da Agenda Ribeirão. O objetivo era conceber um evento que envolvesse as iniciativas pública e privada para o debate em torno dos principais problemas e desafios de Ribeirão Preto. Como imprensa livre, acreditávamos, era nosso papel não só mostrar no dia-a-dia quais eram estes problemas e desafios, como sempre fizemos, mas também contribuir para solucioná-los.

Desafio posto e equipe envolvida, trabalhamos para fazer a primeira edição em 2014. Foi um sucesso Na segunda edição trouxemos o economista Eduardo Gianetti da Fonseca como palestrante, convidamos especialistas para o debate e abrimos o evento ao público interessado. Para que as propostas pudessem ser colocadas em prática, políticos, empresários, gestores públicos e privados também compareceram. O resultado foi um enorme engajamento de todos os participantes e muitas propostas interessantes e concretas para o sonho coletivo de uma Ribeirão Preto melhor.

Com o êxito, passamos a planejar a realização de Agendas também nas outras cidades da área de cobertura da EPTV: incluímos Araraquara no circuito em 2015 e, a partir deste ano de 2016, São Carlos e Campinas passaram a contar com o evento. Em todas as edições e cidades, sentimos que nosso papel foi cumprido e que a participação da sociedade civil organizada foi fundamental para que o sonho de um futuro melhor fosse compreendido, discutido e planejado. O próximo passo neste processo, a execução das propostas, cabe a todos e cada um de nós.

Nesta nova edição da Revista das Agendas, apresentamos em maior profundidade um resumo dos eventos nas quatro cidades, cujo principal tema foi Economia e Cidades Criativas. Esperamos que o conteúdo nos sirva de inspiração para o exercício da cidadania e a busca de um futuro melhor. E que novas Agendas surjam todos os anos, renovando nossas ações e nossos projetos!

‘Em todas as edições, sentimos que nosso papel foi cumprido e que a participação da sociedade civil foi fundamental...’ i g u a t e m i r i b e i r a o p r e t o . c o m . b r

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Page 4: Revista agenda 2016

6 AGENDA Araraquara 2016

O PROBLEMA

7 AGENDA Araraquara 2016

A falta de diálogo entre instituiçõesEm Araraquara, o Agenda foi realizado no Sesc, no dia 29 de abril. Entre os assuntos discutidos, um se destacou: a necessidade de manter abertos e ampliados

os canais de comunicação entre poder público e sociedade; além disso, também se falou da gradativa perda de importância dos conselhos municipais.

AMANDA ROCHA / TRIBUNA ARARAQUARA

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9 8 AGENDA Araraquara 2016AGENDA Araraquara 2016

A radiografi a feita pelos participantes do Agenda Araraquara deste ano apontou para alguns problemas que afetam a cidade. Um dos principais está ligado à falta de diálogo entre quem toma as decisões e quem é afetado por elas.

O gerente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Charles Bonani, foi além e reclamou a inclusão de novos atores no diálogo social do município. “A periferia ainda está muito distante das questões centrais,fora da agenda do município, parece outra cidade. E, quando temos esse distanciamento, a gente cria ilhas que acabam levando ao subdesenvolvimento”, disse.

O cientista político Rafael Orsi, da Unesp de Araraquara, também falou sobre a exclusão social, mas de modo mais amplo do que o apresentado por Bonini. “Nós todos falamos de renovação, ou melhor, da falta dela, da necessidade de surgirem novos quadros, novos pensamentos e críticas, mas não temos um projeto que dê à juventude a importância que ela deve ter no projeto de construção da cidade”, afi rmou.

PLANO DIRETOR No seminário, público e debatedores destacaram um ponto que é, ao mesmo tempo, problema (por não ser seguido) e solução (pela sua capacidade de mudar a realidade): o Plano Diretor, o documento que organiza o crescimento e desenvolvimento da cidade

2005foi o ano da revisão do Plano Diretor de

Araraquara, considerado uma referência nacional;

em 2014 foi feita nova revisão dessa peça

Ao falar sobre o que considera alguns problemas de Araraquara, o arquiteto e urbanista Luiz Antonio Falcoski destacou um ponto que pode explicar as questões levantadas tanto pelo gerente do Ciesp como pelo professor da Unesp: o enfraquecimento do que considera “espaços privilegiados de discussões”. “Lamentavelmente, os conselhos municipais já não são mais espaços de discussão e de produção de conhecimento coletivo. Isso a gente tem de recuperar com urgência, porque os conselhos são, sobretudo, inteligência e massa crítica”, afi rmou.

O também cientista político e professor da Unesp Araraquara, MIlton Lahuerta, destacou um ponto que já havia sido apontado na apresentação do palestrante, Alejandro Castañé: a excessiva centralização das críticas no poder público. “O esporte favorito do Brasil é falar mal do poder público e dos políticos. Porém, quando se quer soluções, todo mundo vai esperar soluções do poder público e, quanto mais centralizado ele for, maior a expectativa por essas soluções”, disse.

AMANDA ROCHA / TRIBUNA ARARAQUARA

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11 AGENDA Araraquara 2016 11 10 AGENDA Araraquara 2016AGENDA Araraquara 2016

O que é Inteligência Coletiva?“É a capacidade emergente que um coletivo tem de reunir e articular competências e conhecimentos individuais, para reelaborá-los em benefício comum. Um processo de produção de conhecimento e o resultado da colaboração e a interação dos participantes conscientes com uma vontade explícita de busca compartilhada de soluções para os problemas que os afetam” . Pierre Lévy

Dicas para trabalhar com inteligência coletiva1) Valorização da diversidade2) Engajamento efetivo = Refl exão + ação3) Informações múltiplas e compartilhadas4) Transversalidade5) Cada um com seu papel6) Respeito às regras pactuadas7) Integridade

Por que é importante pensarmos em políticas específi cas para as cidadesElas ocupam apenas 2% de toda a área terrestre do planeta

MAS7) Integridade

específi cas para as cidadesespecífi cas para as cidades

Detêm

70% da economia

global

Consomem

60% da energia

elétrica produzida

Produzem

70% das emissões

de gases, relacionados

com o aquecimento

global

Produzem

70% do lixo mundial

Evolução da população urbana no mundo

________________1976

37,9%

________________1996

45,1%

________________2016

54,5%

% de urbanização do Brasil

______________________________________2015

86%204 milhões de habitantes

______________________________________2039

89%223 milhões de habitantes

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______________________________________

86%86%86%204 milhões 204 milhões 204 milhões de habitantesde habitantes

______________________________________

89%89%89%223 milhões de habitantes

______________________________________

223 milhões de habitantes

O que é o Global Power City Index (Índice de Cidades com Impacto Global)

O GPCI é um índice criado pelo Instituto para Estratégias Urbanas (Japão), que avalia e cria um ranking das maiores cidades do mundo de acordo com os seus ‘magnetismos’, ou seja, o seu conjunto de características que lhes permite atrair empresas e indivíduos criativos e

mobilizar os seus recursos, transformando-os em segurança econômica e social e desenvolvimento ambiental. Esse índice avalia a força de 40 das mais

importantes cidades do mundo de acordo com seis principais requisitos (Economia, Pesquisa e Desenvolvimento, Interação

Cultural, Capacidade de proporcionar qualidade de vida, Meio Ambiente e Acessibilidade).

Relação de Cidades com os maiores GPCIs

1º Londres

2º Nova York

3º Paris

4º Tóquio

5º Singapura

6º Seul

7º Hong Kong

8º Berlim

9º Amsterdam

10º Viena

38º São Paulo

O que tem a ver inteligência

coletiva com o GPCI?De acordo com Alejandro Castañés,

uma das referências nacionais nesse assunto, um dos caminhos

mais efi cientes para que uma cidade aumente o seu “magnetismo” é o

desenvolvimento de processos que decorram da inteligência coletiva.

Exemplos de inteligência coletiva

A enciclopédia online Wikipedia e o sistema operacional Linux são, provavelmente, os exemplos mais conhecidos do uso de inteligência

coletiva. Mas, além deles, um bom exemplo de como profi ssionais de

diversos setores trabalham em conjunto na produção de algo é a rede espanhola La Colaboradora,

de Zaragoza.

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13 12 AGENDA Araraquara 2016AGENDA Araraquara 2016

Inteligência coletiva e o futuro da sua cidade

O DEBATE

Em um mundo cada vez mais urbano e competitivo, uma das armas mais efi cientes das cidades será a capacidade de unir o trabalho de profi ssionais de diversas áreas como forma de apresentar respostas criativas para problemas locais. Mas, antes disso, a questão que fi ca é: como atrair esses profi ssionais?

Há pouco mais de oito anos, o Instituto para Estratégias Urbanas, do Japão, criou um índice destinado a medir a capacidade das 40 maiores cidades do mundo em atrair empresas e profi ssionais criativos. O mesmo indicador também avalia de que forma o trabalho desses profi ssionais e a existência das empresas se convertem em ganhos econômicos e sociais para a cidade.

No ano passado, o ranking era liderado, respectivamente, por Londres, Nova York e Paris. São Paulo, na 38ª posição, era a única cidade da América do Sulk presente na relação.

O Índice de Cidades com Impacto Global 2015 (GPCI, na sigla em inglês), foi usado pelo gestor de desenvolvimento argentino, Alejandro Castañé, para mostrar como o uso da inteligência coletiva, a criatividade e a capacidade de gerar inovação podem ser decisivos para tornar uma cidade socialmente mais justa e economicamente mais sólida .

Alejandro Castañé foi o palestrante convidado da segunda edição do Agenda Araraquara. O evento teve como tema o conceito de inteligência coletiva e foi realizado no dia 29 de abril, no Sesc Araraquara, para uma platéia de mais de 150 pessoas.

Para Castañé, a inteligência coletiva vai além da soma das capacidades individuais. O processo é coletivo, afi rma, mas a diferença está na variável “diversidade”. “É uma diversidade mais ampla, de critérios, de olhares, da capacidade de escutar outras pessoas - que não as do mesmo grupo - e aceitar o que é dito”, afi rmou.

Para Castañé, no entanto, há outros elementos comuns a todos os processos de inteligência coletiva que devem ser levados em conta para compreender o processo de inteligência coletiva. “Podemos citar, por exemplo, o engajamento efetivo, ou seja, a vontade e possibilidade de participar em um processo de cidadania ativa, a refl exão seguida de ação, isto é, não adianta pensar e não fazer, compartilhar as informações e o conhecimento, envolver diversos setores (especialmente quando se trata de pastas públicas), liberdade de pensamento e expressão, respeito às regras pactuadas (sejam explícitas ou tácitas) e transparência”, concluiu.

Quem éALEJANDRO CASTAÑÉProfessor de Economia Criativa e Cidades da Universidade Cândido Mendes (RJ) e Economia Criativa e Cidades da Fundação Getúlio Vargas (SP), também desenvolve projetos de inteligência coletiva e inovações urbanas e já colaborou em diversas iniciativas das Nações Unidas

AMANDA ROCHA / TRIBUNA ARARAQUARA

ESPAÇO DE DISCUSSÃOO Agenda Araraquara foi realizado no dia 29 de abril,

no Sesc e reuniu cerca de 150 pessoas; evento aconteceu pela segunda vez na cidade

Poder público deve aprender a escutar a comunidade

Se a inteligência é coletiva, qual é o papel do poder público na elaboração de respostas criativas aos problemas locais? Para Alejandro Castañé, antes de mais nada, é preciso que os gestores públicos percebam que quem mais conhece a cidade é o cidadão. “A partir daí, é preciso aprender a escutar os cidadãos e estimulá-los a participar, aproveitando não só seu conhecimento da cidade, mas a sua criatividade e seu sentimento de pertencimento”, disse.

Para ele, há diferentes modos de aproximar o poder público da sociedade, entre eles o uso das tecnologias digitais, sobretudo as plataformas colaborativas. “Elas podem servir de apoio a iniciativas de resgate do espaço público, como um local de troca de conhecimento e geração de novas formas de aprendizagem”, afi rmou.

No entanto, Castañé destaca que participação também gera responsabilidades do cidadão com os demais atores sociais. “Muitas vezes vemos iniciativas baseadas nos direitos de grupos, mas não se discutem os deveres que cada um de nós com a nossa cidade.”

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14 AGENDA Araraquara 2016

As discussões sobre reforma urbana devem acontecer de forma independente da pauta política.LUIZ ANTONIO FALCOSKIARQUITETO E URBANISTA

FALCOSKI

Reforma urbana deve envolver todos os atores sociais e ser apartidária

Um dos pontos destacados pelo arquiteto, urbanista e professor da Universidade teve a ver com a necessidade de Araraquara ser alvo de uma reforma urbana. No entanto, ele enfatizou dois pré-requisitos: em primeiro lugar, a possibilidade de que esse processo envolva todos os atores sociais, depois, que as discussões sobre ele ocorram independentemente da política partidária e que tenham continuidade no tempo. “As discussões a respeito da criação de uma agenda sobre esse tema têm de acontecer independentemente da discussão partidária, devem estar desconectadas da pauta política”, concluiu.

Para Falcoski, as conseqüências da não-realização dessa reforma já podem ser percebidas, por exemplo, no distanciamento das periferias e em formas de segregação sócio-espacial.

Essa discussão, segundo ele, pode estar além até dos planos diretores. “Talvez essas formas apresentadas aqui sobre inteligência coletiva e com a participação de todos os atores da sociedade a gente consiga fazer essa pauta funcionar”, completou.

DEBATEDORES Além de Alejandro Castañé, fi zeram parte do Agenda Araraquara o professor de Arquitetura e Urbanismo, Luiz Antonio Falcoski, e os cientistas políticos Milton Lahuerta e Rafael Orsi

AMANDA ROCHA / TRIBUNA ARARAQUARA

15 AGENDA Araraquara 2016

ORSI

LAHUERTA

A relação do cidadão com a cidade tem de ir além de uma relação utilitarista

É preciso articular a relação entre poder público, empresariado e universidades

Um dos pontos mais importantes do debate foi levantado pelo também cientista político da Unesp, Rafael Orsi, ao falar sobre a relação do cidadão com a cidade. Hoje, segundo ele, os cidadãos não vivem na cidade, apenas passam por ela. Ou seja, eles têm com a cidade uma relação basicamente utilitarista, marcada pela não-criação de laços estreitos com ela.

“Assim, de maneira inconsciente, percebemos que há uma decepção com a cidade que não se realiza, com um ideal de cidade que promete elevada qualidade de vida, na autonomia, liberdade e igualdade e que não é cumprido”, disse.

Para ele, “somos uma sociedade que ergue muros o tempo todo, físicos e simbólicos, que separa as pessoas e separa pensamentos, perspectivas, sobretudo daquele que é diferente”.

Uma das saídas apontadas por Orsi diz respeito ao tema do Agenda Araraquara 2016: o uso da inteligência coletiva como uma forma de fazer com que a cidade possa se preparar para o futuro.

Um dos pontos destacados pelo professor de Ciência Política, Milton Lahuerta, foi a necessidade de se trabalhar, “de forma mais produtiva”, a relação entre poder público de Araraquara, empresariado e universidade. “Precisamos articular os saberes daqueles que fazem a política e que gerem a cidade com o meio empresarial e com o saber da universidade. Estamos muito afastados”, disse.

Para o professor da Unesp é imprescindível que administração municipal, empresariado e o saber acadêmico façam uma lista do que chamou de questões decisivas para a cidade e, a partir daí, criar uma agenda de futuro, uma relação de temas prioritários que possam nortear - e ordenar - o crescimento e desenvolvimento da cidade nas próximas décadas.

A necessidade de se aprimorar as relações entre o saber das universidades e a realidade enfrentada diariamente pela administração municipal já tinha sido um dos pontos destacados no ano passado, durante o Agenda Araraquara 2015.

AçãoPara o palestrante do Agenda Araraquara,

pensar não é nada sem o fazer. “Um grama de fazer é melhor do que

um quilo de falar”

LocalPara Alejandro Castañé, é vital que se conheçam

exemplos bem-sucedidos de outros locais; no entanto, a base da

elaboração de políticas públicas deve ser o

cidadão, porque ninguém conhece melhor a

realidade local do que ele.

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17 16 AGENDA Araraquara 2016AGENDA Araraquara 2016

cidades cidades cidades cidades cidades criativascidades criativascidades

AS SOLUÇÕES

A cidade deve produzir as suas próprias saídas Para o argentino desenvolvedor de projetos, é importante que se conheçam experiências externas, mas a solução para problemas locais deve ser buscada entre os próprios cidadãos

Autoestima. Esse foi um dos pontos destacados pelo palestrante Alejandro Castañé como uma das formas de Araraquara criar o seu projeto de cidade. O primeiro passo para que isso aconteça é “que os moradores fortaleçam o seu sentido de pertencimento” com a cidade. E, sobretudo, com respeito às diferenças. “Você, como cidadão, pode concordar ou divergir, mas autoestima é importante para a cidade”, disse.

De acordo com Castañé, a solução para os problemas locais não deve ser buscada em exemplos já existentes, embora elas possam servir de inspiração para a elaboração de soluções locais. “A realidade da cidade ninguém conhece melhor que vocês e só vocês conhecem seus problemas e necessidades, melhor do que ninguém”, disse. “Por isso, é importante que se tenha em mente que as soluções são locais”, concluiu. 38º lugar

É a posição de São Paulo, em um total de 40, no índice de cidades com capacidade de atrair empresas e talentos criativos

cidadaniaativavav

PLANO DIRETOR, SEMPRE ELE O urbanista Luiz Antonio Falcoski foi um dos responsáveis pela elaboração do Plano Diretor de Araraquara, em 2005, um dos mais elogiados do País. “Posso ser otimista ao imaginar que ele pode ser a ferramenta para a realização de reformas urbanas com inovação”, disse. Ao mesmo tempo, Falcoski também defende o aumento da participação da sociedade nas discussões sobre o futuro da cidade. “Grande parte desses instrumentos de democratização da participação já está prevista no Estatuto da Cidade, basta aplicá-los”, disse.

QUALIFICAR A PARTICIPAÇÃOMilton Lahuerta afi rmou que um dos pontos que devem ser pensados com urgência é o fortalecimento da participação política, sobretudo da juventude. No entanto, segundo ele, ela deve ser qualifi cada. “Não basta pôr mais pessoas em um processo de deliberação, porque isso pode ser objeto de manipulação, gerar demandas particulares e corporativas e não apontar para soluções inovadoras”, disse. “É um tema complexo, porque não se trata de manter uma sociedade governada por uma elite, mas de preparar os indivíduos, sobretudo a juventude, para a participação”, concluiu.

POLÍTICAS PARA A JUVENTUDEO cientista político Rafael Orsi também destacou a necessidade de se ampliar o papel da juventude no “projeto de cidade”. Segundo ele, não fazem sentido as críticas sobre a falta de renovação da classe política quando confrontadas com a falta de projetos para que essa renovação aconteça. “Nós costumamos falar de cidades daqui a vinte anos e não falamos com aqueles que serão os tomadores de decisão daqui a vinte anos. E, então, reclamamos da falta de renovação, de novos quadros, de novos pensamentos, mas não envolvemos a juventude nessa renovação”, disse.

MARCOS LEANDRO / TRIBUNA ARARAQUARA

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19 18 AGENDA Araraquara 2016AGENDA Araraquara 2016

GPSUma idéia apresentada no debate foi a adoção, em

Araraquara, do guia GPS (Gestão Pública Sustentável), uma espécie de cartilha com informações para

prefeituras sobre planejamento, gestão e tomada de decisões na administração pública. O GPS contém

ainda indicadores e planos de metas que estão ligados ao desenvolvimento sustentável.

596 ACRESO número de terrenos baldios no bairro nova-iorquino do Brooklyn foi o ponto de

partida do projeto 596 Acres, elaborado para lhes dar um fi m social. O número,

aliás, se refere à quantidade de terra pública considerada disponível pela Prefeitura de

Nova York no bairro. O 596 Acres (2,4 milhões de metros quadrados) tornam públicos os dados sobre essas áreas e

organiza comunidades para que possam dar uma destinação social a esses terrenos ou, até mesmo, comprá-los. A iniciativa hoje já é replicada em outras cidades americanas,

como Los Angeles.

INSTITUTO DO DIREITO À CIDADEO Instituto Direito à Cidade foi criado em 2013 dentro da

UFSCar e é formado por 11 núcleos de pesquisa, que trabalham em seis grandes áreas (social, econômica, política, cultural,

urbana e ambiental). Vinculado ao Observatório Cidadania, Cultura e Cidade, tem duas características importantes: a

multidisciplinaridade e a aproximação dos seus trabalhos de agentes públicos. Existe um núcleo independente em Araraquara.

PARLAMENTO JOVEMDesenvolvido pela Câmara de Araraquara, é de responsabilidade da Escola do Legislativo e está voltado para alunos do 9º ano do ensino fundamental e/ou do 2º ano do ensino médio das redes

municipal, estadual e particular. O objetivo é fazer com que, durante um dia, eles saibam como é o processo legislativo, como se faz e como é a tramitação de um projeto de lei e as principais

características do Poder Legislativo.

LA COLABORADORALa Colaboradora é um espaço de trabalho voluntário compartilhado, em Zaragoza, que torna possível a colaboração entre empreendedores e projetos empresariais. Todos os serviços têm o mesmo valor e o tempo gasto por um profi ssional em um projeto, que não o seu, é “depositado” em um banco de horas. Com esse crédito, ele pode solicitar o trabalho de outro voluntário, pelo mesmo número de horas.

UM LABORATÓRIO PARA EXPERIÊNCIAS URBANASO Participatory City foi um projeto conjunto da BMW com o Museu Guggenheim, que existiu entre 2011 e 2014 em Nova York, Mumbai e Berlim. O objetivo era conhecer as cem principais tendências urbanas do futuro. Na prática era um grande “think tank”, instituto destinado a explorar novas idéias e desenvolver projetos “visionários” para a vida nas cidades.

CODE FOR AMERICAA iniciativa surgiu em 2009, nos Estados Unidos. É uma ONG formada por profi ssionais de diversas áreas, sobretudo tecnologia, que desenvolvem aplicativos destinados a aproximar a gestão pública das comunidades. O objetivo é sempre procurar manter parcerias com administrações públicas, sobretudo as municipais, para torná-las mais transparentes, efi cientes e abertas à participação da sociedade.

REINVENTAR PARISO projeto cria iniciativas para tornar a capital francesa mais criativa e atraente. Entre elas estão um concurso para arquitetos desenvolverem projetos inovadores em áreas conhecidas - defi nidas pela Prefeitura - e a adoção de ferramentas digitais que permitem participação do cidadão em certos níveis de decisões dos gestores municipais.

202Era o número de integrantes da rede La Colaboradora em 2015; juntos, participaram de mais de 2 mil projetos, em 5 mil horas de trabalho

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O PROBLEMA

AGENDA São Carlos 2016 21

Cultura não é perfumaria! A série de seminários Agenda estreou este ano em São Carlos, com o tema “Cidades Criativas”. A convidada foi a economista Ana Carla Fonseca, uma das referências

nacionais no tema. E, do debate que se seguiu, chegou-se à conclusão que não é possível ter uma cidade criativa sem uma relação muito forte com cultura.

AGENDA São Carlos 2016

DIVULGAÇÃO PREFEITURA DE SÃO CARLOS

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23 22 AGENDA São Carlos 2016AGENDA São Carlos 2016

Qual é a receita para que uma cidade se torne criativa e fortemente marcada pela inovação? As receitas são variadas, mas um ingrediente sempre se destaca: investimentos permanentes em cultura e inovação. Essa foi uma das conclusões que surgiram durante o Agenda São Carlos 2016, seminário que discutiu os problemas e buscou apontar soluções para o desenvolvimento da cidade.

Realizado no Sesc, no dia 12 de maio, o evento teve como palestrante a economista e urbanista Ana Carla Fonseca, uma das referências nacionais em cidades criativas, o sociólogo Jacob Carlos Lima, professor titular no Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos e Renato Luiz Sobral Anelli, arquiteto e livre Docente pela Escola de Engenharia de São Carlos.

A síntese do debate foi feita pelo sociólogo da UFSCar. “A nossa história refl ete uma ideia de desenvolvimento com forte viés econômico, que desconsiderou um outro elemento, que foi a cultura. Na nossa história - e isso não é uma exclusividade de São Carlos - cultura sempre foi vista como perfumaria, algo secundário”, disse.

BUSCA INTERIORA busca da própria identidade, de um conjunto de características que tornam São Carlos única, na mente de quem mora nela e de quem a visita, deve ser uma das prioridades dentro do projeto de torná-la uma cidade criativa 1994

foi quando nasceu o conceito de economia

criativa, herdado do projeto australiano

‘Creative Nation’

A cultura foi destacada pelos participantes como um dos principais elementos para que uma cidade se transforme em criativa. E, no caso de São Carlos, um dos primeiros passos para que isso ocorra, segundo Ana Carla Fonseca, é descobrir quais são as singularidades locais, aquelas características que a defi nem de forma inequívoca na mente de quem mora e de quem a visita. “Essa busca pela alma de São Carlos, aquilo que lhe é singular, é o que vai indicar qual a direção que pretende tomar rumo a uma cidade criativa”, disse.

A cultura é essencial, também, para que um local se torne interessante para atrair a matéria-prima de uma cidade criativa, que são os talentos criativos. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos há dois anos mostrou que um dos pontos que os talentos criativos mais buscam em uma cidade, ao lado de uma infra-estutura que lhes permita obter bons salários, é a diversidade cultural.

Assim, longe de ser perfumaria, qualquer projeto de desenvolvimento para o século 21 passa pela capacidade das comunidades e dos seus gestores de investir em cultura.

MASTRANGELO REINO / A CIDADE

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24 AGENDA São Carlos 201624 AGENDA São Carlos 2016 25 AGENDA São Carlos 2016

Cidades Criativas“Uma cidade criativa é uma cidade que surpreende, que atiça a curiosidade, o questionamento, o pensamento alternativo e, com isso, a busca de soluções. Em uma cidade criativa, independentemente da sua história, há a prevalência de três elementos: inovações e cultura e conexôes.”Ana Carla Fonseca/Peter Kageyama,

em Cidades Criativas – Perspectivas

300 milÉ o número de pessoas atualmente empregadas em setores considerados

criativos na Argentina

2016

300 mil300 mil300 mil300 mil300 milÉ o número de pessoas É o número de pessoas É o número de pessoas É o número de pessoas É o número de pessoas atualmente empregadas atualmente empregadas atualmente empregadas atualmente empregadas em setores considerados em setores considerados em setores considerados em setores considerados

criativos na Argentinacriativos na Argentinacriativos na Argentinacriativos na Argentina

Bergen, NoruegaA SEGUNDA MAIOR CIDADE DA NORUEGA TINHA UM PROBLEMA. Localizada aos pés do deslumbrantes fi ordes noruegueses, tinha sido “amaldiçoada” com um clima assustador, com dias e dias de chuvas sem fi m, o que, evidentemente, não era nada bom para o turismo. No entanto, em um determinado momento, a comunidade percebeu que dos limões era possível fazer ótimas limonadas. Atualmente, essa ligação da cidade com a água sem fi m tornou-a em um centro internacional de aquacultura, pesca, tecnologia submarina e, claro, turismo (quando não chove). Afi nal, por ano, mais de trezentos navios de cruzeiro visitam a cidadezinha, trazendo mais de meio milhão de passageiros para conhecer os famosos fi ordes.

Exemplos

Campanha Smart Ideas for Smarter CitiesCriada pela gigante IBM para a cidade de Paris, a ideia era mostrar que ideias simples mas inovadoras podem fazer com que as pessoas se relacionem de modo mais afetivo entre elas e com a própria cidade. Tudo foi feito em cima de outdoors da multinacional, que foram além do seu uso tradicional e transformaram-se, por exemplo, em abrigos para chuva, bancos de rua e plataformas que tornam mais fácil o deslocamento das pessoas por pisos com degraus, por exemplo.

DO QUE UMA

CIDADE PRECISA PARA SER

CRIATIVA?

1INOVAÇÕES

3CULTURA

2CONEXÕES

veja nas páginas 40 e 41

veja nas páginas 54 e 55

700 milÉ o número de patentes de produtos de alto valor

agregado, registradas pela China, até 2015. O país quer evoluir do Made in China para o Designed in China.

2030é o prazo dado pelo gigante asiático para transformar o

perfi l dos produtos fabricados no país, ganhando mais valor.

As áreas prioritárias são novas energias, conservação

energética e proteção ambiental, biotecnologia, novos materiais, nova TI, manufaturas de ponta e

veículos de energia limpa.

1) INOVAÇÕESInovações podem ser entendidas como a criatividade aplicada à solução de problemas à solução de problemas ou à antecipação de oportunidades. Embora a associação mais recorrente seja a inovações tecnológicas, a criatividade urbana é sustentada por inovações das mais diversas ordens, como sociais, culturais e ambientais.

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26 AGENDA São Carlos 2016 27 AGENDA São Carlos 2016

Não basta ser criativo, tem de gerar riqueza

O DEBATE

Palestra da economista e urbanista Ana Carla Fonseca mostrou que os produtos da criatividade têm de ser reconhecidos como inovadores para que possam agregar valor; sem isso, há apenas boas ideias

A sua cidade está pronta para ser criativa? O Agenda São Carlos 2016 - que aconteceu pela primeira vez este ano - debateu o conceito de cidades criativas, com a palestra da urbanista e consultora da ONU, Ana Carla Fonseca.

Entre as conclusões apresentadas por ela estiveram, por exemplo, as mudanças profundas que vão ocorrer nos ambientes e nas formas de trabalho. Ela também destacou que a criatividade será indispensável para a produção da riqueza de uma cidade ou região. Acima de tudo, será o diferencial em um mundo que já é marcado pela forte concorrência. Para Ana Carla, as cidades têm de estar preparadas para criar o próprio desenvolvimento, independente do Estado e da União.

Durante mais de uma hora, ela falou sobre a importância de as cidades criarem um ambientes propícios à criatividade, diversidade e inovação, pré-requisitos para se transformarem em locais criativos. Com alguns políticos na plateia, Ana Carla destacou a importância dos agentes públicos na implantação de projetos ligados à criatividade.

Essa “boa governança”, como foi defi nida pela palestrante, pressupõe a capacidade de o Poder Público adotar um procedimento imprescindível para tornar criativa uma cidade: planejamento. Afi nal, segundo ela, não basta saber o que se quer, mas que caminhos terão de ser percorridos para que se alcance a meta pretendida. E, se nesse percurso, toda a sociedade estiver envolvida, melhor ainda.

Um dos exemplos citados por ela como emblemáticos dessa interação poder público e sociedade acontece em Dublin (Irlanda). Há pouco mais de três anos, o governo local criou uma área na região central da cidade, destinada a servir de “test-drive” para projetos que podem vir a ser aplicados na cidade toda: pode ser um projeto de “parklets” (áreas que transformam vagas de estacionamento nas ruas em locais de convivência), novos semáforos etc.

Uma vez testados pelos moradores e aprovados, essas ideias são implantadas na cidade toda. Caso não sejam aprovados, deixam de ser aplicados e a cidade consegue uma economia substancial de recursos.

A palestranteANA CARLA FONSECAAdministradora pública, mestre em Administração e Doutora em Urbanismo pela Universidade de São Paulo e professora e coordenadora de cursos de pós-graduação em economia, cultura e cidades na Fundação Getúlio Vargas/SP, na Universidade Candido Mendes/RJ e na Universidad Nacional de Córdoba

MASTRANGELO REINO / A CIDADE

O DEBATEA palestrante Ana Carla Fonseca durante a sua apresentação

sobre cidades criativas, no Sesc São Carlos; plateia acompanha as discussões do Agenda 2016

Cidadania ativa e a geração ‘nem nem’

Na palestra do dia 12 de maio, Ana Carla Fonseca falou de cidades criativas, mas também de um componente indispensável para que elas surjam, que é a cidadania ativa.

O termo defi ne cidadãos que se comprometem de forma ativa com a comunidade onde vivem e cuja atuação vai além da reivindicação de direitos constitucionais.

Durante a participação do público, umas das questões foi sobre formas que devem ser encontradas para despertar a chamada “geração nem nem” (nem estuda e nem trabalha) da crescente apatia em que se encontra.

Ana Carla disse ter uma perspectiva otimista em relação à quebra essa apatia, sobretudo por causa da recessão. “A crise tira das pessoas a possibilidade de não fazerem nada, afi nal eles têm de pagar as contas”, disse.

A “conversão” dessas pessoas a uma cidadania menos apática pode servir de exemplo, segundo Ana Carla, para que outras na mesma situação decidam também começar a partir, de modo mais ativo, das decisões da sua comunidade.

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28 AGENDA São Carlos 2016 29 AGENDA São Carlos 2016

Sempre se desconsiderou a importância do elemento cultural, a cultura sempre foi vista como perfumaria.JACOB LIMASOCIÓLOGO

JACOB LIMA

Tão importante como atrair talentos criativos para a cidade é mantê-los

O sociólogo da UFSCar sustentou o uso da cultura como uma forma de se fazer com que os talentos criativos se fi xem à cidade. O problema, segundo ele, está na existência de uma visão tradicional de da cultura como algo superfi cial, quase sem importância.

“Uma das coisas que se percebe é que, em todas as fases do desenvolvimento econômico do País, sempre se desconsiderou a importância do elemento cultural, a cultura sempre foi vista como perfumaria”, afi rmou.

De acordo com o sociólogo, criar uma política de atração de investimentos e talentos criativos não é sufi ciente para fazer com que São Carlos se torne uma cidade criativa. Esse é o passo mais importante, mas deve ser sucedido por outro, igualmente vital. “Tão importante como atrair essas pessoas é fi xar essas pessoas no local onde trabalham, criar um ambiente, inclusive, onde essa criatividade efetivamente aconteça. E isso não se dá só com um laboratório ou obtendo espaços de trabalho, mas com toda a cidade participando”.

CULTURA Jacob de Lima defendeu políticas públicas de criação e fortalecimento da cultura, como forma de se poder fi xar os talentos criativos atraídos para trabalhar na cidade

MASTRANGELO REINO / A CIDADE

RENATO ANELLI

O saber produzido pelas universidades deve ser melhor aproveitado pela cidade

O professor titular do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, Renato Anelli, sustenta que a Universidade deve ser um foco de discussão dos problemas locais e de apresentação de soluções (tecnológicas e sociais) para a cidade. “Não é que ela vá resolver todos os problemas da cidade, mas a universidade tem de cumprir o seu papel de ser um laboratório de experimentação, um celeiro de ideias, fomentar o debate”, afi rmou.

Ainda sobre as universidades, Anelli disse que é necessária uma “conversa” mais frequente entre essas instituições com o poder público e o setor privado. A ausência desse canal de comunicação faz com que muito do que é produzido nos vários campi das universidades locais seja pouco conhecido. “Há muitos trabalhos que fi cam restritos aos laboratórios ou em disciplinas e é preciso que se tornem mais conhecidos. Esses trabalhos poderiam afl orar com mais facilidade”, completou.

ACADEMIAProfessor da USP

sustenta que é preciso que a comunidade esteja mais atenta ao que vem

das universidades

20,3% foi o percentual de

jovens, dos 15 aos 29 anos, que não estudavam

nem trabalhavam, em 2013, segundo o IBGE

MASTRANGELO REINO / A CIDADE

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30 AGENDA São Carlos 2016 31 AGENDA São Carlos 2016

DIVULGAÇÃO PREFEITURA DE SÃO CARLOS

cidades cidades cidades cidades cidades criativascidades criativascidades

AS SOLUÇÕES

Por que as pessoas não fi cam nas suas cidades?Uma das questões apontadas por Ana Carla Fonseca no Agenda São Carlos disse respeito ao êxodo de moradores de cidades do interior, aos fi ns de semana, rumo a centros mais populosos

Afi nal, por que as pessoas deixam as suas cidades aos fi ns de semana para irem fazer compras ou se divertir em cidades maiores? Esse foi um dos pontos abordados por Ana Carla Fonseca e cuja resposta passou por dois conceitos já apresentados: o resgate da autoestima e a busca pela alma da cidade.

“Como é possível um ambiente ser favorável de segunda a sexta e não funcionar aos fi ns de semana?. Tem alguma coisa errada. O que existe na cidade que pode ser resgatado?”, perguntou.

Segundo Ana Carla, é preciso que locais como São Carlos achem o que há de singular nas suas histórias, festas e outras manifestações culturais e populares, para que se tornem fatores de atração. “Isso depende muito de sistematização e de um olhar sobre nós mesmos”, disse. Criativos

Uma pesquisa feita pela Economist junto a executivos de grandes empresas mostrou que 42% deles acham que, na próxima década, a automação poupará somente os trabalhos criativos.

cidadaniaativavav

OFICINAS CULTURAISUma das propostas apresentadas pela plateia durante o Agenda disse respeito à criação da secretaria municipal de Cultura e de diversos itens ligados a ela. Um deles seria a utilização mais frequente e racional dos recursos presentes no Fundo Municipal de Cultura, para o fi nanciamento de atividades que possam auxiliar na criação do que Ana Carla chamou de “alma” da cidade.Outro ponto destacado foi a volta e o uso mais intensivo das ofi cinas culturais, sobretudo como uma forma de se criarem ligações mais fortes entre a população mais jovem com a sua cidade.

PATRIMÔNIO HISTÓRICOOutra sugestão que veio da plateia foi a criação de uma política municipal de patrimônio histórico. Uma das críticas mais comuns feitas durante o Agenda doi a “tradição” brasileira de derrubar prédios velhos, sem preocupação com a sua importância para a história local. A ligação do cidadão com a cidade, aliás, passaria, no caso de São Carlos, pela restauração da parte antiga da cidade, inclusive como uma forma de se tornar a cidade diferente das demais. Uma ponto comum surgido no debate foi que as cidades estão cada vez mais indistintas.

INCLUSÃO SOCIALDurante o debate de Ana Carla Fonseca, Jacob Carlos Lima e Renato Anelli, uma das conclusões surgidas foi sobre a inclusão social. Para os participantes, esse processo deve ser visto como uma necessidade, algo que surja como consequência da aplicação de políticas públicas e não como uma coisa dada, um favor. Para Lima, “isso é importante porque inverte a questão da inclusão social, que é pensada quase como uma caridade. Essa inversão coloca as pessoas não apenas como consumidores, mas como novos produtores que podem dar novas direções para as cidades”.

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32 AGENDA São Carlos 2016 33 AGENDA São Carlos 201632 AGENDA São Carlos 2016

LOUCOS DE BARBACENABarbacena (MG) tinha uma fama duvidosa:

por ter um manicômio famoso na terra, a

imagem da cidade era associada à loucura, ao desvario, algo que obviamente não era motivo de orgulho

dos moradores. Há alguns anos, a cidade chegou à conclusão que era preciso tirar essa história a limpo:

em 1996 surgiu o Museu da Loucura, que

guarda informações do primeiro hospital psiquiátrico mineiro. Dez anos depois foi criado o Festival da Loucura, que conta com apresentações

artísticas, mas também com discussões

científi cas com grandes nomes da psiquiatria.

SAMPA CRIATIVA

Uma proposta do projeto Sampa Criativa prevê que praticantes de corridas de rua funcionem como fi scais de problemas como bueiros

entupidos, fugas de gás ou semáforos quebrados. Eles usam celulares ou relógios com GPS e, ao

passarem por algum local com problemas, enviariam

uma mensagem para a concessionária de serviço público correspondente,

com informações sobre o problema e as coordenadas

com a localização.

LIGAÇÕES POLÍTICASA Poderopedia é

uma grande rede de informações, criada por jornalistas chilenos em 2012, que se propõe a criar um mapa de quem é quem no mundo dos negócios e da política. O objetivo é tornar a

relação público-privada mais transparente, assim como revelar “potenciais

confl itos de interesse entre os líderes políticos, cívicos e empresariais”.

A experiência da Poderopedia recebeu

vários prêmios internacionais e deu tão certo que foi estendida a Colômbia e Venezuela.

#EuVotoÉ o nome de um aplicativo da Câmara de São Paulo que permite aos eleitores opinarem sobre projetos de lei em andamento

FRUTA FEIAO projeto Fruta Feia

foi criado em Portugal e visa reduzir as

toneladas de alimentos de qualidade que são

desperdiçados por não serem esteticamente

bonitos, embora mantenham todas as características

nutritivas. Os integrantes do Fruta

Feia compram os produtos que seriam

descartados por produtores, com preços

bastante inferiores aos de mercado, e

montam cestas que são vendidas a comunidades

carentes, também por preços bastante inferiores. Em três anos, a Cooperativa Fruta Feia já evitou o desperdício de quase

300 toneladas de frutas e hortifrútis.

PAGUEI UM SUBORNO

O portal indiano “I Paid a Bribe” foi criado há cinco

anos, para denunciar corrupção de servidores públicos. A plataforma

permite a elaboração de relatórios com detalhes do suborno às autoridades.

A identifi cação é opcional. Um equipe de 50

voluntários verifi ca os relatórios e notifi cam as

autoridades. O portal também tem uma área

para as pessoas indicarem o nome e função de

um funcionário público honesto.

ORQUÍDEAS DE MARIPÁ

Maripá é uma cidadezinha paranaense de seis mil habitantes. Conhecida

como Cidade das Orquídeas, tinha a

economia fortemente ligada à agricultura, mas os moradores queriam que fosse conhecida de outra forma. E, o que a pequena localidade tinha

de diferente? Após muitas conversas, descobriu-se que todo mundo adorava orquídeas e resolveram criar um festival. Isso foi há duas décadas. Hoje, a cidade organiza uma das maiores feiras de orquídeas do Estado,

reunindo mais de 25 mil pessoas nos seus três

dias de duração.

89.473É o número de relatórios já verifi cados pelo site indiano “I Paid a Bribe”, desde a sua criação, em agosto de 2011

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Ribeirão PretoA cidade que abriu o projeto Agenda, em 2014, foi a terceira a realizar o seminário em 2016. Em 3 de junho, o auditório da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) recebeu Ana Carla Fonseca, Matheus Delbon (professor da Faap) e a historiadora Lilian Rosa para falarem sobre os problemas, as soluções possíveis para a cidade e exemplos que vêm dando certo em outros locais.

AraraquaraO evento no Sesc Araraquara foi o primeiro da série Agenda 2016. Cerca de 150 pessoas acompanharam a palestra “Cidade, Espaço de Inteligência Coletiva, apresentada pelo professor de Economia Criativa e Cidades da Universidade Cândido Mendes (RJ) e Economia Criativa, Alejandro Castañé.

CampinasCampinas recebeu o Agenda pela primeira vez e também fechou o ciclo de

quatro seminários . O seminário foi realizado no Hotel Vitória, no dia 24 de junho. Além de Ana Carla Fonseca, o seminário teve como debatedores o

secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Campinas, Fernando Pupo, e o economista e professor da Unicamp, Miguel Juan Bacic

São CarlosSão Carlos foi a segunda sede do Agenda 2016. No dia 12 de junho, o

Sesc recebeu a economista e urbanista Ana Carla Fonseca, que abriu a série sobre cidades criativas, que também foi apresentada em Ribeirão

Preto e Campinas. Ana é considerada uma das referências nacionais

na área e teve como colegas de debate o sociólogo Jacob Carlos Lima

(UFSCar) e Renato Luiz Sobral Anelli (USP São Carlos).

ARARAQUARA • SÃO CARLOS • RIBEIRÃO PRETO • CAMPINAS

EDIÇÃO 2016

Page 19: Revista agenda 2016

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O PROBLEMA

AGENDA Ribeirão 2016 37

O que você espera de Ribeirão Preto?Uma pesquisa feita pelo Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC) mostrou que o ribeirão-pretano, na sua maioria, tem uma

relação de uso com a sua cidade; a consequência disso é que se corre o risco de que ela se torne uma cidade de passantes, sem vínculos nem identidade.

MILENA AUREA / A CIDADE

AGENDA Ribeirão 2016

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38 AGENDA Ribeirão 2016 39 AGENDA Ribeirão 2016

Em um momento da sua palestra no auditório das Faculdades Armando Alvares Penteado, em Ribeirão Preto, a economista e urbanista Ana Carla Fonseca, apresentou uma lista das 24 marcas mais valiosas do mundo. Entre os nomes estavam gigantes como Apple, Microsoft, Google e IBM, ao lado de empresas como Coca-Cola e Pepsi, McDonalds e Disney.

Segundo Ana Carla, o valor associado a essas marcas tem duas origens: uma é o uso da tecnologia como forma de produzir inovação, como é o caso das quatro primeiras; a outra é o uso de narrativas na construção de ícones culturais, onde Coca-Cola e Disney podem ser consideradas os melhores exemplos. Neste caso, o valor atribuído às duas empresas não está relacionado com o saber técnico usado para construir um produto inovador. A história dessas corporações e a sua capacidade de se tornar algo presente, de forma marcante, no cotidiano das pessoas, conferiu-lhes esse valor.

Para Ana Carla, a apresentação da lista das marcas de maior valor no mundo e, sobretudo, o que as torna tão valiosas, teve o objetivo de

MARCA A criação de uma cidade criativa está assente, sobretudo, na sua capacidade de diferenciar das demais. Um dos passos mais importantes para que isso aconteça é a necessidade de se criar uma marca própria, que identifi que Ribeirão Preto de forma única. 6 mil

Habitantes tem a população de Maripá

(PR), onde a Festa das Orquídeas chega a reunir mais de 25 mil visitantes

mostrar que, assim como uma grande empresa, cidades ou regiões também são capazes de se transformar em marcas de valor. “Como é que aproveitamos a nossa tecnologia ou as narrativas locais para agregar valor à marca Ribeirão Preto? Essa é a pergunta que tem de ser feita.”

Dois exemplos citados por ela e que respondem a essa questão foram os de Maripá (PR), com o Festival de Orquídeas, e Barbacena (MG), com o Festival da Loucura. (Veja arte nas páginas 32 e 33). As duas cidades conseguiram utilizar olhar para si mesmas e criar eventos que não só resgatam a autoestima e produzir riqueza.

O advogado Matheus Delbon destacou um exemplo oposto, do município de Valentim Gentil (SP). A cidade é um importante polo moveleiro do Estado e tem a economia atrelada a produtos de baixo padrão, praticamente sem valor agregado. Delbon sustenta que o ponto em comum foi achado, que é a ligação dos moradores com o mobiliário. No entanto, ele garante que o futuro do município liga-se à sua capacidade de se diferenciar. A sugestão foi criar um instituto que introduza o design como uma forma de aumentar o valor agregado dos produtos locais.

WEBER SIAN / A CIDADE

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41 40 AGENDA Ribeirão 2016AGENDA Ribeirão 201640 AGENDA Ribeirão 2016 41 AGENDA Ribeirão 2016

A grande questão“Como uma cidade pode explorar sua criatividade do melhor modo possível, evitando incrementar polarizações quando se torna muito visível? Apesar de essa ser uma preocupação predominante (embora, supreendentemente, não unânime) as respostas são em sua maioria pouco conclusivas”.Ana Carla Fonseca/Peter Kageyama,

em Cidades Criativas – Perspectivas

A grande questão“Como uma cidade pode explorar sua criatividade do melhor modo possível, evitando incrementar polarizações quando se torna muito visível? Apesar de essa ser uma preocupação predominante (embora, supreendentemente, não unânime) as respostas são em sua maioria pouco conclusivas”.Ana Carla Fonseca/Peter Kageyama,

em Cidades Criativas – Perspectivas

“Como uma cidade pode explorar sua criatividade do melhor modo possível, evitando incrementar polarizações quando se torna muito visível? Apesar de essa ser uma preocupação predominante (embora, supreendentemente, não unânime) as respostas são em sua maioria

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Do que uma cidade precisa para ser criativa?

324No Orçamento Participativo Escolar da Câmara Municipal de Lisboa de 2012, 324 alunos do 9º ano de escolaridade estiveram envolvidos no Orçamento Participativo Escolar. O grau de participação e de envolvimento dos alunos com a cidade impressionou os integrantes da administração pública.

1992Foi o ano de fundação dos Economuseus, rede que hoje tem cerca de 70 integrantes no Canadá e em sete países da Europa.

EXEMPLO DOS ECONOMUSEUSA Rede Economuseus (Économusée) foi criada no Canadá em 1992 e é uma organização não-governamental que transforma empresas de cunho familiar em economuseus. O termo defi ne uma rede de produtores rurais de pequeno porte e artesãos que comercializam produtos feitos com métodos tradicionais. Hoje, a rede tem cerca de 70 integrantes no Canadá e em sete países da Europa.

Para fazer parte da rede, o produtor rural ou artesão deve preencher determinados critérios de qualidade e, como empresa, deve ter alguns espaços obrigatórios. Entre eles, estão uma área de recepção onde os visitantes são acolhidos e recebem informações a respeito do conceito de economuseu; espaços onde os visitantes possam ver os produtores ou microempresários trabalhando e possam interagir com eles; centro de documentação e uma butique. Todos os economuseus têm uma identifi cação visual comum em todo país (e, mais recentemente, em outros nove países). A ideia visa preservar o conhecimento tradicional de maneira a fortalecer a diversidade cultural.

Exemplo de Orçamento Participativo escolarO OPE é uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa (órgão público equivalente às prefeituras no Brasil) com o objetivo de desenvolver, nos jovens com idade escolar, valores como “responsabilidade cívica, a educação para a cidadania e o seu envolvimento na vida da comunidade”, assim como o desenvolvimento de formas de participação política. A 5ª edição, que decorreu no ano letivo 2014/2015, envolveu 540 alunos de oito escolas do 1º ciclo. Na edição de 2011, por exemplo, mais do que propostas ligadas às escolas onde estudam, os alunos sugeriram à municipalidade a construção de um centro de acolhimento para pessoas necessitadas, espaços de lazer e até um “mini” lar para animais abandonados.

“Uma cidade criativa demanda infraestuturas que vão além do hardware – edifícios, ruas ou saneamento. Uma infraestrutura criativa é uma combinação de hard e soft, incluindo a infraestrutura mental, o modo como a cidade lida com oportunidades e problemas; as condições ambientais que ela cria para gerar um ambiente e os dispositivos que fomenta para isso, por meio de incentivos e estruturas regulatórias.Charles Landry

2) CONEXÕESAs conexões se dão em diversas dimensões: histórica, entre o passado da cidade, que forma a sua identidade e sua estratégia de futuro, desenhando a cidade que se quer ter; geográfi ca, entre bairros e zonas, o que é especialmente importante nas grandes cidades, não raro fragmentadas; de governança, com a participação dos setores público, privado e da sociedade civil, cada um com seu papel muito claramente defi nido; de diversidades , aglutinando pessoa com distintos pontos de vista, profi ssões, culturas, comportamentos; entre local e global, preservando as singularidades da cidade, sem por uisso se isolar do mundo

DO QUE UMA

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42 AGENDA Ribeirão 2016 43 AGENDA Ribeirão 2016

Qualidade de vida é vital para uma cidade que se quer criativa

Cidadãos ativos fazem a cidade mais criativa

O DEBATE

Na terceira edição do Agenda Ribeirão, o tema em discussão foi a relação entre cidades criativas e cidadania ativa; a conclusão: um local pode se tornar criativo a partir do preenchimento de determinadas condições, mas o engajamento ativo dos cidadãos torna esse processo muito mais legítimo

Em Ribeirão Preto, a edição local do seminário Agenda foi realizada no dia 3 de junho. O evento fez parte de um ciclo regional de debates, iniciados há três anos em Ribeirão Preto, que também incluiu Araraquara, em 2016 e 2015. São Carlos e Campinas estrearam o seminário neste ano. A 3ª Edição do Agenda Ribeirão teve como convidada Ana Carla Fonseca, que apresentou a palestra “Cidades Criativas e Cidadania Ativa”.

Além dela, também participaram do debate a historiadora Lilian Rosa, vice-presidente do Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais (IPCCIC) e Matheus Delbon, advogado e professor do curso de pós-graduação em Gerente de Cidade, da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).

O Agenda Ribeirão 2016 foi realizado no auditório da Faap, em evento que contou com a presença do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB). O seminário teve três horas de duração e foi acompanhado por cerca de 250 pessoas.

Cidade criativaAfi nal, do que uma cidade precisa para se tornar criativa? Para Ana

Carla Fonseca, é preciso que criem as condições para o surgimento de três componentes fundamentais: inovação, cultura e conexões (conheça mais detalhes sobre eles nas páginas 24 e 25, 40 e 41 e 69 e 70). “No primeiro caso [inovações], é preciso que a cidade esteja constantemente preparada para se reinventar, que consiga encontrar soluções locais inovadoras para os seus problemas”, disse.

Em relação à cultura, a economista explicou que esse é um “item fundamental, que pode trazer valor agregado às cidades e que permite a criação de ambientes muito mais lúdicos”.

Por fi m, por conexões, ela destacou a capacidade de uma cidade em se ligar com a própria história, com as diversas regiões que a formam (bairros, por exemplo), com outras regiões (municípios) e, por fi m, entre as diversas instâncias de governo. O modo como vão funcionar depende, diretamente, do grau de envolvimento dos cidadãos.

ROTEIRO DA CRIATIVIDADEA economista e urbanista Ana Carla Fonseca, durante a sua

apresentação sobre cidades criativas no Agenda Ribeirão 2016, dia 3 de junho, no auditório principal da Faap

A sua cidade quer ser criativa? Tecnologia e a capacidade de gerar inovação são pontos importantes. No entanto, se não forem feitos investimentos na qualidade de vida dos cidadãos, a receita desanda.

Na sua apresentação, a economista Ana Carla Fonseca citou o estudo de uma agência norte-americana de recrutamento de talentos, apontando o que esse profi ssional prioriza na busca por um local de trabalho. O trabalho mostrou que itens como ‘qualidade de vida’ e ‘diversidade [cultural, étnica etc.]’ têm tanto peso na escolha de um local de trabalho como ‘perspectivas de carreira’. “Não adianta só investir em economia se não ocorrerem investimentos em qualidade de vida. Sem isso, o talento cai fora”, disse.

E, para Ana Carla, o meio mais efi ciente de se aumentar a qualidade de vida nas cidades é com a prática da cidadania ativa. “Pode parecer utópico, mas se as pessoas não se adonarem das cidades, elas acabam se tornando reféns de quem está sentado na cadeira da gestão municipal, seja de que partido for”, concluiu.

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“Pode parecer utópico, mas se as pessoas não se adonarem das cidades, elas acabam se tornando reféns de quem está sentado na cadeira da gestão municipal, seja de que partido for”ANA CARLA FONSECA

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44 AGENDA Ribeirão 2016 45 AGENDA Ribeirão 2016

Quando você é usuário de algo, você usa e vai embora, não se estabelece uma relação de troca.LILIAN ROSAHISTORIADORA

LILIAN ROSA

Pesquisa aponta relação frágil de ribeirão-pretano com a cidade

Durante o Agenda Ribeirão, a historiadora e vice-presidente do IPCCIC, Lilian Rosa, apresentou um dado preocupante. Uma pesquisa com a duração de dois anos, realizada por um grupo de trabalho multidisciplinar do instituto, mostrou que o ribeirão-pretano não tem uma relação de pertencimento com a cidade.

“Uma característica que o nosso diagnóstico mostrou é que o cidadão tem com a cidade uma relação de uso: ele é usuário do transporte, do hospital, da escola. Isso nos assustou, porque quando você é usuário de algo, você usa e vai embora, não se estabelece uma relação de troca”, disse.

Uma das sugestões apresentadas pela pesquisadora do IPCCIC teve a ver com o tema da palestra: cidadania ativa. “Precisamos pensar a cidade de maneira transdisciplinar, atuar aqui, na nossa casa, na nossa cidade, na nossa região e, a partir daqui, resolver os nossos problemas e conseguirmos nos conectar com o global para fi nalmente obtermos uma cidadania ativa”, concluiu.

PERTENCIMENTO Parte da apresentação da vice-presidente do IPCCIC teve a ver com um trabalho feito pelo instituto que mostra: o ribeirão-pretano age mais como morador do que como cidadão

WEBER SIAN / A CIDADE

MATHEUS DELBON

Professor defende fortalecimento do empreendedorismo social

Uma das ideias defendidas durante o Agenda Ribeirão pelo professor do curso de pós-graduação de Gerente de Cidade da Faap, Matheus Delbon, disse respeito ao terceiro setor, em especial o empreendedorismo social. Para ele, esse será o ator responsável pela implantação de mudanças necessárias no país. “O terceiro setor, o empreendedor social, os institutos, ONGs e entidades desse gênero são a única forma de termos avanços sólidos”, afi rmou.

Para ele, o Brasil já possui uma base legislativa que permite não apenas a criação da fi gura do empreendedor social como também o estabelecimento de parcerias com o poder público, com o objetivo de propor soluções. “Se formos esperar do poder público as soluções que precisamos podemos esbarra na falta de criatividade”, disse.

Segundo o professor da Faap, a valorização do papel desse terceiro setor passa, também, pela necessidade de ele se profi ssionalizar. “Temos de superar a visão de que quem tem uma ONG ou instituto tem de trabalhar de graça”, concluiu.

NOVA VISÃOPara Delbon, o terceiro

setor é a principal ferramenta para a

criação de soluções sociais para o país

Humaitáé um pequeno município

do Amazonas, que já venceu três vezes

o Prêmio Prefeito Empreendedor do Sebrae, por iniciativas inovadoras

WEBER SIAN / A CIDADE

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46 AGENDA Ribeirão 2016 47 AGENDA Ribeirão 2016

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AS SOLUÇÕES

A criatividade como motor para cidades melhoresRevitalização do Centro, telhas solares, orçamento participativo escolar, as possibilidades do uso da criatividade para criar cidades melhores são infi nitas. Conheça algumas, a seguir.

Uma organização não-governamental de Ribeirão Preto trabalha na ideia de lançar um projeto que prevê a revitalização da região central da cidade. No entanto, na contramão do senso comum, a ideia é começar o processo de renovação tendo como base as pessoas e não as instituições ou os seus símbolos.

A ideia é fazer com que o Centro receba projetos ligados a cadeias produtivas. A liga entre os projetos e de cada um com a cidade chama-se “identidade cultural”.

A mais óbvia é o café. “Ele sempre foi um referencial para Ribeirão Preto. Ao se falar em café, fala-se de Ribeirão Preto”, afi rmou a presidente do IPCCIC, Adriana Silva.

Além do fruto, outras cinco cadeias produtivas são apresentadas no Projeto Centro: sorvete, música, literatura, gastronomia e moda. Holanda

Uma prisão do século 19 foi transformada em um hotel butique, onde os hóspedes dormem em antigas celas. O local funcionou 150 anos como uma prisão, fechada em 2007.

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CARTEIRO AMIGO NA ROCINHA Na Rocinha (foto), uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, uma solução criada pela comunidade está funcionando como Correios. A empresa Carteiro Amigo, criada em 2000, entrega as correspondências nas casas de moradores de uma maneira simples: os moradores se inscrevem para o serviço com um valor mensal de R$16 por família e usam o endereço da empresa como seu próprio. Quando suas correspondências chegam, um carteiro do Carteiro Amigo entregam-nas em suas portas. Segundo informações da empresa, cerca de 30 mil casas usam o serviço.

TELHAS SOLARES ITALIANASDuas empresas italianas aproveitaram a difi culdade da maioria das pessoas em aceitar os grandes painéis solares e criaram uma alternativa interessante: telhas solares. Feitas em cerâmica, como as tradicionais, cada uma tem quatro células fotovoltáicas acopladas. Segundo um dos fabricantes, um telhado completo ou parcialmente coberto com essas telhas pode satisfazer as necessidades de energia de uma família. O problema, por enquanto, é o custo dos produtos, que proporcionalmente ainda é superior ao de um painel solar no país.

CELEIRO CHILENO DE BOAS IDEIASO Chile é um celeiro de boas ideias. Uma delas, a Start-Up Chile, é um programa criado pelo governo em 2010, com o objetivo de atrair empreendedores com ideias inovadoras, obviamente usando o Chile como plataforma global. Em um ano, o país recebeu de 200 a 250 empresas. Como funciona? O governo chileno avalia os projetos e os selecionados recebem uma verba que pode chegar a US$ 40 mil. Se os empreendedores forem estrangeiros ganham um visto de um ano. O resultado? Cerca de 250 mil negócios já foram abertos desde então.

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SOU ARTISTAEm 2014, o artista curitibano Dan Querolo fundou a startup “Sou Artista”. O objetivo era fazer com que artistas pudessem agir também como empreendedores. A plataforma funciona como um grande banco de dados onde profi ssionais de todo o país podem se cadastrar gratuitamente, apresentarem os seus portfólios e concorrerem a oportunidades de trabalho. A empresa também oferece informações sobre economia criativa e mercado cultural.

PROJETO PITCH GOV A ideia do governo do Estado de São Paulo é simples: contratar startups com novos projetos que visem melhorar os serviços públicos para a população. O processo de seleção foi feito por meio da apresentação de um problema concreto, existente no serviço público, e as melhores soluções foram escolhidas.

SMART CITIES PARISParis é uma cidade linda. Mas, apesar disso, por que o parisiense é tão mau-humorado? Para a IBM, a resposta estava na falta de locais que pudessem colocar o nativo em contato com a sua cidade e com outros moradores. A saída foi criar uma série de outdoors inovadores, que podiam ser usados como bancos para descanso, abrigos contra o mau tempo e, até, como rampas para evitar os degraus das muitas escadarias da cidade. A ideia foi premiada em diversos concursos.

CAÇAMBA SOCIAL EM RIBEIRÃOEm funcionamento este ano, em Ribeirão Preto, o programa “Caçamba Social”. O objetivo da administração municipal é acabar com os bolsões irregulares de entulho. As primeiras quatro caçambas foram instaladas na zona Oeste da cidade, identifi cadas por cores e destinadas ao descarte de materiais recicláveis, madeiras e resíduos da construção civil. A lei que criou o projeto também autoriza o Executivo municipal a receber caçambas de empresas privadas para disponibilizá-las em bairros.

CHEGA DE ESTILINGUESEm Sergipe, um projeto de uma escola em Lagoa Seca promove a troca de estilingues e gaiolas por cadernos e livros escolares. A ideia é realizada em conjunto com Curso de Observação de Aves de Mata Atlântica, que levou os alunos a observar os animais e aprender mais sobre eles.

MALARIA SPOTPesquisadores da Universidade de Madrid lançaram uma campanha coletiva para ajudar a diagnosticar a malária. Por meio de um jogo, o internauta tem um minuto para identifi car o maior número possível de parasitas e com isso vai melhorando sua compreensão sobre a doença.

LIXO EM SÃO FRANCISCOA cidade de São Francisco quer reaproveitar todo o lixo reciclável até 2020. Hoje, a cidade é uma das principais referências do país em reciclagem e compostagem. Na última década, a taxa de reciclagem aumentou 80%. O segredo: envolver todos os cidadãos.

SANTANDER CITY BRAINA prefeitura espanhola de Santander criou uma plataforma on-line de ideias, aberta e transparente, para que moradores ou não da cidade possam apresentar suas ideias. Há duas linhas principais de foco: sugestões que podem colaborar com o desenvolvimento local como Cidade Inteligente e ideias que possam ser incorporadas ao Plano Diretor da cidade.

$ 2.655.924,46de euros é o impacto social do projeto La Colaboradora, em Zaragoza, na Espanha.

$ 3,17euros é o retorno social de cada euro investido no programa Zaragoza Activa.

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O PROBLEMA

AGENDA Campinas 2016 51

Tecnologia sem o humano não bastaUm dos caminhos - talvez o mais importante - para uma cidade se tornar criativa é a disseminação do uso da tecnologia no cotidiano de sua gente; no entanto,

para a economista Ana Carla Fonseca, no Agenda Campinas 2016, é preciso que ela seja direcionada para criar soluções que melhorem a cidade e o cidadão

MASTRANGELO REINO / A CIDADE

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Como será o trabalho nos próximos anos? Esses foi um dos principais temas da palestra da economista Ana Carla Fonseca, durante a sua apresentação no Agenda Campinas 2016. Uma das respostas possíveis, segundo ela, passa por um estudo feito pela revista britânica The Economist.

Considerada a Bíblia das publicações econômicas no mundo, a revista tem uma divisão chamada chama-se Intelligence Unit, que é uma espécie de “think tank” que trabalha com tendências e projeções sobre os caminhos da economia no mundo.

No ano passado, essa Unidade publicou um estudo de 32 páginas, chamado “O Futuro do Trabalho no Século 21”, que projetava, sobretudo, o impacto da tecnologia nas relações e formas de trabalho até 2030. O estudo foi desenvolvido a partir de duas principais fontes de informações: a primeira foi um grupo de dez acadêmicos e especialistas mundiais na área de trabalho; a segunda foi uma pesquisa realizada pela Unidade de Inteligência com 533 executivos das principais empresas do mundo, entre eles vários brasileiros.

TECNOLOGIAUm dos pontos levantados pela economista e urbanista Ana Carla Fonseca, durante o Agenda Campinas, teve a ver com o crescente uso e sofi sticação da tecnologia digital nas nossas vidas e o seu impacto sobre o tipo de emprego a que estamos acostumados 42%

foi o percentual de executivos entrevistados pela The Economist que

acham que a automação vai tornar obsoletos

diversos tipos de trabalho

Após a compilação dos dados, o resultado foi assustador, em relação ao cenário atual das relações de trabalho. Em todas elas, o ponto comum teve a ver com o impacto da crescente sofi sticação da tecnologia digital na sociedade. Por exemplo, um das conclusões apontou, que, na próxima década e meia, o uso recorrente da tecnologia, sobretudo a móvel, “vai dissolver o conceito de trabalho, tal como o conhecemos atualmente”.

O ponto em questão foi que o uso crescente de telefones inteligentes e a difusão cada vez maior da banda larga terão um impacto direto no emprego do tipo “8h às 17h”, cinco vezes por semana. O trabalho mostrou que essa opinião foi partilhada por 47% dos executivos entrevistados e uma das principais tendências apontadas pelos especialistas.

Outro possível caminho mostrado pelo estudo da The Economist apontou que o uso crescente da tecnologia vai redirecionar os tipos de emprego existentes hoje para áreas ligadas à criatividade e inteligência social.

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DO QUE UMA

CIDADE PRECISA PARA SER

CRIATIVA?

1INOVAÇÕES

3CONEXÕES

2CULTURA

veja nas páginas 40 e 41

veja nas páginas 24 e 25

3) CULTURA “A cultura se insere na cidade criativa sob quatro formas mais visíveis: por seu conteúdo cultural per se, compreendendo produtos, serviços, patrimônio, (material e imaterial) e manifestações de caráter único; pelas indústrias criativas, abrangendo as cadeias culturais, da criação à produção, do consumo ao acesso, com impacto econômico da geração de emprego, renda e arrecadação tributária; ao agregar valor a setores tradicionais, dando-lhes diferenciação e unicidade, em um contexto mais amplo de economia criativa, a exemplo do impacto da moda sobre as indústrias têxtil e de confecções ou da arquitetura sobre a construção civil; ao formar um ambiente criativo, pela convivência de diversidades e manifestações, fonte de inspiração para olhares e ideias diferentes, em espacial pelas artes.”Ana Carla Fonseca

O valor da cultura“Em um mundo no qual os ciclos de desenvolvimento de produtos estão cada vez mais curtos e os bens e serviços estão crescentemente padronizados, os ativos intangíveis (incluindo a cultura) convertem-se em diferenciais econômicos. Embora produtos, serviços e ideias gerados pela criatividade individual possam ser copiados, (ainda que ilegalmente ou graças a desbalanços no atual sistema de Direitos de Propriedade Intelectual) sua fonte não pode sê-lo. Essa é uma das razões pelas quais o talento criativo passa a ser tão cobiçado pelas cidades”Ana Carla Fonseca

BOM EXEMPLOA cidade de Nantes, na costa leste francesa, é considerada atualmente uma das dez mais interessantes para se morar naquele país. No entanto, no fi nal dos anos 1980, com a crise que afetou os estaleiros navais, então a atividade econômica mais importante do local, a cidade viveu períodos de crise. Em 1988, o socialista e fi lósofo Jean-Marc Ayrault foi eleito prefeito com uma plataforma inusitada: reerguer a auto-estima dos moradores. Uma das formas encontradas para isso foi investir nada menos do que 10% do orçamento municipal em cultura. Esse ação mudou completamente o perfi l da cidade, que chegou a ser considerada, em 2004 pela revista Time, “a cidade com mais vida na Europa”. Ayrault foi eleito sucessivamente prefeito de Nantes até 2008.

Alma da cidade: A BUSCA PELAS

SINGULARIDADES

Qual é a alma da sua cidade? O que ela tem que nenhuma outra tem e que

a faz ser reconhecida como única? A busca pela alma da cidade tem a ver com a auto-estima e, por isso, é um dos pontos mais importantes no caminho de uma cidade rumo à criatividade. “Essa essência é o que

caracteriza a cultura da cidade e essa cultura, quando a gente fala do valor das marcas, pode trazer tanto muito

agregado ao que existe de proposta de produtos, de serviços, de atratividade

e dessa região como um todo”.

BARRACAS, BAIRRO DE BUENOS AIRESO bairro de Barracas, na região Sul de Buenos Aires, virou um caso de sucesso mundial, ao passar de uma região degradada para um local de referência cultural. Afi nal, o que foi feito ali? O nome do bairro vem de um conjunto de barracões do século 18 que, com o tempo, fi caram abandonados e ajudaram a aumentar o processo de degradação da área. Há alguns anos, no entanto, a administração portenha tomou uma decisão paradoxal: utilizou essa região, completamente sem vocações e abandonada e incentivou a instalação de estúdios de design e a vinda de artistas de diversas áreas. Com o passar do tempo, Barracas deixou de ser uma das piores áreas de Buenos Aires para se tornar uma referência municipal de criação e design.

Investir em cultura é, acima de tudo, um exercício da capacidade de fazer novas contas. Ana Carla Fonseca

DETALHESO crescimento de pequenas

plantas no asfalto rachado pode ser o ponto de partida para se

criar algo inesperado

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Palestrante destacou modelos de sucesso

O DEBATE

Ana Carla Fonseca, consultora da ONU, participou do Agenda Campinas, no dia 24 de junho. Experiências de cidades como Buenos Aires e Paris foram mostradas como exemplos do que pode ser feito em favor de metrópoles e seus moradores, no que diz respeito à criatividade e cidadania

Campinas recebeu, no dia 24 de junho, a 1ª edição do Agenda Campinas, com o tema “Cidades Criativas e Cidadania Ativa”. O evento ocorreu no Hotel Vitória, na Nova Campinas e teve o objetivo de discutir iniciativas de desenvolvimento econômico, inteligência coletiva e empreendimentos criativos.

O diretor do Grupo EPTV e da OA Eventos, realizadora do Agenda Campinas, André Coutinho Nogueira, ressaltou na abertura a importância da discussão com o objetivo de gerar propostas que ajudem no desenvolvimento. De acordo com ele, a realização do Agenda é uma maneira de incentivar essa discussão e suscitar ideias na população.

O governador Geraldo Alckmin, que também falou na abertura, destacou a importância de Campinas como centro de inovação tecnológica, com suas universidades e estímulos a startups. “É preciso criar alternativas, geração de empregos e inovação. Nada melhor do que Campinas, uma das maiores cidades brasileiras e o maior polo tecnológico da América Latina, para dar exemplo do que seja uma cidade criativa”, afi rmou.

O prefeito Jonas Donizette ressaltou que a Prefeitura busca se aprimorar para acompanhar o desenvolvimento tecnológico e a interação com a população. Ele citou a utilização das redes sociais adotadas pela administração, nas quais os moradores podem indicar problemas e propor soluções para as questões urbanas. “O poder público precisa se reinventar, visando estar no mesmo compasso que a sociedade, para que ambos caminhem lado a lado na melhoria da cidade”, declarou.

Durante sua palestra, Ana Carla Fonseca apresentou práticas motivadoras adotadas em outros países, como a França, a Argentina e a Colômbia. Nesses locais, o foco foi ter a inteligência coletiva como protagonista, utilizando as contribuições e ideias dos próprios moradores. “Muito se investe em tecnologia, mas são os cidadãos que estão inseridos na cidade e entendem suas necessidades”, afi rmou. Além de Ana Carla, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Campinas, Fernando Pupo, e o economista e professor da Universidade Estadual de Campinas, Miguel Juan Bacic, participaram como debatedores do Agenda.

AUTORIDADESO governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Jonas Donizette

(PSB) participaram do Agenda Campinas. Ambos destacaram como Campinas pode ser modelo de criatividade

Do que uma cidade precisa para se tornar mais criativa?

Ana Carla Fonseca lembrou que são necessárias três características gerais adaptáveis a contextos específi cos para que uma cidade possa ser defi nida como “criativa”: inovações, conexões e cultura. “São necessárias inovações das mais diversas ordens, de nanotecnologia a tecnologias sociais. É preciso oferecer possibilidades para conexões entre o público e o privado, entre áreas da cidade. Mas nada disso trará resultado sem cultura, entendida como manancial de atividades com impacto econômico e como formadora de um ambiente propício à criatividade.”

A especialista destacou que, para gerar lucros, é preciso reconhecer a criatividade como recurso econômico e oferecer elementos para o desenvolvimento cultural das pessoas. Entre os exemplos citados está Buenos Aires, na Argentina, que investiu na recuperação da região de Puerto Madero, implantou o Observatório das Indústrias Culturais e se candidatou ao título de Cidade de Design, concedido pela Unesco em 2005.

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“São necessárias inovações das mais diversas ordens, oferecer possibilidades para conexões entre o público e o privado, entre áreas da cidade. Mas nada disso trará resultado sem cultura, entendida como manancial de atividades com impacto econômico e como formadora de um ambiente propício à criatividade”

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58 AGENDA Campinas 2016 59 AGENDA Campinas 2016

Temos que atuar para que as pessoas se envolvam e mudem a realidade.FERNANDO PUPOECONOMISTA

MAIS E MELHOR

Para Fernando Pupo, é necessário ‘reinventar a participação popular’

Debatedor do Agenda Campinas, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Campinas, Fernando Pupo, apresentou os problemas e os diferenciais de Campinas, a partir do conceito de cidade criativa. Ele destacou a importância do Aeroporto Internacional de Viracopos, das instituições de ensino como fomentadoras de projetos inovadores e da notoriedade da região como polo tecnológico. O secretário também apresentou planos, como a transformação de Campinas em uma cidade aeroportuária, e a consolidação da fama de maior incentivadora às startups. Porém, dentre os planos traçados, reforçou a existência de grandes desafi os, como a transformação da ciência em tecnologias para a sociedade e a participação efetiva da população. “Temos que reinventar a participação popular. Estamos fazendo revisão do plano diretor e uma pesquisa mostrou que só 18% da população sabe que isso está acontecendo e só 8% estão participando. Temos que atuar para que as pessoas se envolvam e mudem a realidade do que é importante para elas. Temos que aproveitar nossas vocações da melhor forma possível”, destacou.

FERNANDO PUPO Economista e secretário Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Campinas

MASTRANGELO REINO / A CIDADE

DESENVOLVIMENTO URBANO

Bacic sustenta que diversidade de visões vai facilitar a identifi cação de problemas

O economista Miguel Juan Bacic deixou a Argentina e mudou-se para Campinas em 1977 para realizar uma especialização na cidade. Hoje, é professor titular da Unicamp, com experiência em áreas como políticas de desenvolvimento local, empreendedorismo e economia solidária.

No Agenda, ele destacou a importância do desenvolvimento urbano como caminho a ser trilhado pelo poder público junto aos cidadãos. “Quando falamos de economia criativa, falamos da oportunidade do trabalho de pessoas da sociedade para mudar o espaço público. É a colaboração de ideias que cria uma estrutura social integrada, heterogênea.”

Ele esclareceu ainda que o papel da participação social deve se aprofundar, passando a atuar também no diagnóstico dos problemas sociais e de mobilidade. De acordo com Bacic, é preciso contar com uma variedade cada vez maior de pessoas que identifi quem problemas. “Com a participação de pessoas com pontos de vistas diferentes, sempre serão geradas novas perspectivas, o que aumenta a efi cácia para se pensar uma solução”.

UNICAMPMiguel Juan Bacic é

professor do Instituto de Economia da Unicamp

RAIO-XCampinas representa 5,9% do Produto Interno Bruto

(PIB) do Brasil, graças a um complexo de cerca de

15 mil indústrias, 50 mil empresas de serviços e 60 mil empresas comerciais.

MASTRANGELO REINO / A CIDADE

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PERRI / DIVULGAÇÃO UNICAMP

cidades cidades cidades cidades cidades criativascidades criativascidades

AS SOLUÇÕES

A força de Campinas para ser cidade criativaMaior do que várias capitais, cidade já tem 1º lugar no Índice de Bem-Estar Urbano, além de ser responsável por PIB estimado em mais de R$ 42,7 bilhões

Se depender da economia, Campinas tem vantagens para buscar soluções criativas. Com população que encheria 14 estádios do Maracanã, a cidade se sobressai: no interior, tem “cara” de Capital. São cerca de 1,1 milhão de habitantes, segundo o IBGE, classifi cando-a não apenas como 2ª não-capital mais populosa do País, como também entre as dez com maior Produto Interno Bruto (PIB): são R$ 42,7 bilhões.

Ao avaliar fornecimento de energia, iluminação pública, coleta de lixo e tempo de deslocamento, a região foi a única a receber classifi cação “boa ou excelente” pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Observatório das Metrópoles. Apesar das desigualdades apresentadas, com mais de 400 mil pessoas em condições “ruins ou muito ruins”, fi cou com o primeiro lugar no Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu), de 2013. 63 MIL

foi o número de migrantes e imigrantes que Campinas recebeu nos últimos anos, em busca de trabalho, qualidade de vida ou qualifi cação profi ssional.

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NOVO MODELO DE EXPANSÃO ECONÔMICA A revista Focus, especializada no setor de tecnologia de informação e armazenamento de dados, classifi cou Campinas como “Vale do Silício brasileiro”, em 2015. Para o empresário da área de desenvolvimento de software Bill Coutinho, essa classifi cação atrai atenção para novos investimentos, mas, ao mesmo tempo, obriga à expansão em termos de modelo econômico. “Temos que criar o nosso próprio modelo de desenvolvimento, atendendo às nossas necessidades e desafi os, que são muito diferentes dos EUA”, afi rmou.

UNIVERSIDADES TORNAM-SE DIFERENCIAISA presença de grandes universidades como a Estadual de Campinas (Unicamp) e PUC-Campinas, além de diversos centros de pesquisa, são diferenciais, pois, com a formação de novas empresas por alunos e pesquisadores, gera-se um desenvolvimento natural, que dialoga com o poder público e atrai mais empreendedores. Além disso, crescem os talentos interessados em estudar na cidade. A Unicamp teve aumento de 84,7% de estrangeiros em seu vestibular em 2016. Em 2015, recebeu cerca de mil alunos em intercâmbio.

MAIS QUALIDADE DE VIDA COM MAIS TECNOLOGIAA Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo, em busca de interação entre cidadãos e novas tecnologias, está elaborando o Planejamento Tecnológico de Cidade Inteligente, que pressupõe melhoria na qualidade de vida por meio de ferramentas high-tech, que auxiliam na interação e na participação dos cidadãos. “O objetivo é que ciência, tecnologia e inovação evoluam e resultem no desenvolvimento econômico e social, garantindo dinamismo mesmo em situações de crise”, explicou Fernando Pupo.

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DO DILEMA À SOLUÇÃO Ao se conhecerem

na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos,

Gabriel Braga e André Penha conversaram sobre seus dilemas e

criaram uma imobiliária totalmente on-line. Com imóveis em Campinas e São Paulo, o objetivo

é facilitar o contato entre prestadores de serviços e usuários,

desde o agendamento de visitas à análise de

documentos. A empresa conta com rede de afi liados (síndicos, porteiros, entre

outros), que indicam quando um imóvel está disponível. O número de contratos cresce

30% ao mês, com 2 mil agendamentos de visitas

por semana.

APP INCENTIVA AÇÕES

POSITIVAS Os empresários Breno

Pinheiro, Bruno Pinheiro e Thiago Vignoli criaram uma

plataforma para compartilhar pequenos gestos e ações

positivas. O aplicativo permite customizar dois bonecos e

enviar mensagem de carinho para qualquer pessoa. A

nova versão, “Welo Fables of Love”, permite compartilhar histórias com um adicional: enviar “presentes” pagos,

podendo ser doados a instituições.

COMIDA PARA QUEM

PRECISACansado de chegar do

trabalho e ainda ter que preparar o jantar ou só encontrar opções gordurosas, Rafael

Leite decidiu abrir, com o irmão e a cunhada,

refeições balanceadas e que, em 7 minutos no

micro-ondas, estivessem prontos para consumo. Utilizando a técnica de

ultracongelamento, os alimentos não têm

conservantes e nenhum item industrializado. “Tem cliente que diz que agora sobra mais tempo para

brincar com o fi lho ou que perdeu de 5 a 7kg em um

mês”, conta Rafael.

20,9%É o percentual de concentração de indústria da Região Administrativa de Campinas no Estado, segundo a Fiesp

CO-WORKING A Associação Campinas Startups (ACS) é uma

entidade sem fi ns lucrativos, fundada em 2010, criada

por empreendedores de Campinas que

queriam trocar ideias e encontrar soluções para problemas comuns. O objetivo é elevar o grau

de maturidade dos negócios. A principal

ferramenta utilizada é o co-work, com reuniões focadas em gestão e

troca de experiências. A ACS tem hoje mais de 35 associados e é uma das primeiras iniciativas

do setor no Brasil.

SINCUBADNa Unicamp, a Incubadora

de Empresas de Base Tecnológica (Incamp)

oferece, além do espaço físico para a criação de

novas empresas, suporte para que cheguem ao

mercado com sucesso. Também realiza encontros de capacitação, palestras e eventos. Atualmente, há 16 empresas incubadas.

Quase 30 já estão no mercado após passarem pelo processo. A Incamp foi fundada em 2001.

SCOOPEInvestir em novos negócios e em cidadania também

signifi ca estar atento às demandas do meio ambiente. Para isso, as cooperativas, que

reúnem trabalhadores que trabalham com reciclagem,

têm importância fundamental, à medida que são responsáveis

por empregos e também por garantir que milhares

de quilos de materiais sejam reaproveitados.

Em Campinas, os trabalhadores contam

ainda com a Reciclamp, que reúne seis

cooperativas. Desde que foi fundada, em 2008, ela auxilia e fortalece

negociações para a venda de materiais.

14,6%São estabelecimentos da indústria de transformação, seguido por confecções de vestuário e acessórios, com 11,1% e pelo setor de máquinas e equipamentos, com 9,1%.

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O Grupo EPTV produz e veicula conteúdo de credibilidade. Possui um forte vínculo com a comunidade das áreas em que atua.

Está no interior de São Paulo e Minas Gerais com operações nas áreas de TV (por meio de quatro emissoras EPTV); rádio (CBN Ribeirão, rádio Jovem Pan Ribeirão e Jovem Pan Araraquara); jornais impressos (jornal A Cidade, de Ribeirão Preto, e Tribuna de Araraquara) e portais de notícias (A Cidade On/Ribeirão e A Cidade On/Araraquara).

A Oceano Azul também integra o grupo e produz eventos como o “Agenda”, painel que debate anualmente problemas e soluções para Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e Araraquara.

ORGANIZADORES

EXPEDIENTE

Antonio Carlos Coutinho NogueiraJosé Bonifácio Coutinho Nogueira FilhoAndré Coutinho NogueiraJosé Bonifácio Coutinho Nogueira Neto

Coordenação: Paulo Brasileiro e Josué Suzuki Edição: Rosana ZaidanComercial: Marco VallimMarketing: Fernanda Freitas e Amanda Graffi ettiTextos/Edição: José Manuel Lourenço e Duílio Fabbri (Campinas)Edição de fotos: Mariana MartinsTratamento de imagens: Franciely FlamariniEditor de arte: Daniel Torrieri

GRUPO EPTV

REVISTA AGENDA

2016

RIBEIRÃO PRETO 90,5FM

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66 AGENDA 2016 67 AGENDA Campinas 2016

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