reforco sismico de edificios de betao armado

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  • 8/8/2019 Reforco Sismico de Edificios de Betao Armado

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    Reforo Ssmico de Edifcios de Beto Armado

    Pedro Miguel Neves Alegria da Silva

    Dissertao para a obteno do Grau de Mestre em

    Engenharia Civil

    Jri

    Presidente: Prof. Pedro Guilherme Sampaio Viola Parreira

    Orientador: Prof. Jlio Antnio da Silva Appleton

    Vogal: Prof. Mrio Manuel Paisana dos Santos Lopes

    Setembro de 2007

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    AGRADECIMENTOS

    Esta dissertao foi desenvolvida no mbito do Mestrado Integrado em Engenharia

    Civil, do Instituto Superior Tcnico.

    Ao Prof. Jlio Appleton, orientador cientfico desta dissertao, manifesto a minha

    sincera gratido pelas frutferas discusses empreendidas e pela disponibilidade demonstrada.

    Cristina Ventura, por toda a assistncia e pacincia.

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    RESUMO

    Actualmente, existe uma grande preocupao em tornar as construes resistentes s

    aces ssmicas. O Eurocdigo 8 parte 3, Avaliao e Reforo de Estruturas sujeitas Aco

    Ssmica, resulta dessa consciencializao.O objectivo principal desta dissertao o de caracterizar o comportamento ssmico de

    edifcios de beto armado e descrever os procedimentos regulamentares.

    Com esse intuito efectuada uma breve evoluo histrica da regulamentao e sero

    analisadas as deficincias de dimensionamento e de pormenorizao que contriburam para o

    colapso local ou global de edifcios de beto armado.

    O Eurocdigo 8 parte 1 analisado e sero retiradas as disposies regulamentares relevantes

    para o reforo ssmico de edifcios existentes. Neste captulo destaca-se a filosofia de

    dimensionamento patente nos Eurocdigos, denominada por Capacity Design que tem como

    principal objectivo evitar as roturas frgeis, tirando partido da ductilidade da estrutura e da sua

    capacidade de dissipar energia.

    O objectivo da parte 3 do Eurocdigo 8 garantir que as estruturas existentes possuam

    capacidade resistente suficiente que lhes permita suportar as exigncias ssmicas. Para tal, so

    definidas exigncias de desempenho associadas a estados de dano, regras para avaliao

    estrutural que traduzam adequadamente as caractersticas do edifcio, mtodos de anlise e

    critrios de verificao.

    Posteriormente, so definidas as tcnicas de reforo ssmico mais correntes, as suas

    vantagens e desvantagens, bem como as suas condies de aplicabilidade.

    Finalmente, avaliada a capacidade ssmica de um edifcio de beto armado e so analisadas

    diferentes alternativas para o seu reforo ssmico.

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    ABSTRACT

    In our days exists a big concern regarding the seismic resistance of structures. Because

    of that awkwardness a new set of codes were developed, such as the Eurocode part 3:

    Assessment and Seismic Retrofit of Structures.The main purpose of this dissertation is to define the seismic behaviour of concrete buildings

    and to characterize the ruling proceedings.

    With that point in mind, a brief historical evolution of the regulations is defined and the damage

    regarding misconception in design and in detailing that led to local or global collapse of concrete

    buildings, are analysed.

    The part 1 of the Eurocode 8 is under examination and the relevant guidelines regarding the

    seismic retrofit of existing buildings are underlined.

    One of the focuses in this chapter is the design philosophy displayed in the Eurocodes,

    referenced as Capacity Design. Its main purpose is to avoid the brittle collapse and failure of

    structures, taking advantage of their ductility properties and in its ability to dissipate energy.

    The objective of the Eurocode 8 part 3 is to guarantee that existing buildings have enough

    capacity to endure the seismic demands. For that reason certain guiding principles are defined,

    performance requirements corresponding to limit states, rules for structural assessment that

    reflect the buildings characteristics, methods of analysis and compliance criteria.

    Afterwards, the most standard techniques of seismic retrofitting are described, their advantages

    and disadvantages, as well as their applicability conditions.

    Finally, the seismic capacity of a concrete building is assessed and the alternatives for the

    retrofit are discussed.

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    PALAVRAS-CHAVE

    Eurocdigo

    Aco ssmica

    Reforo ssmicoEdifcios

    Beto armado

    Capacidade

    KEYWORDS

    Eurocode

    Seismic action

    Seismic retrofitting

    Buildings

    Concrete

    Capacity

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    Notaes

    NSPT Nmero de pancadas para atingir uma profundidade de 30 cm no ensaio SPT

    s,30 Velocidade mdia das Ondas ssmicas secundrias

    cu Coeficiente de resistncia no drenada do solo

    )(TSe Espectro de resposta elstico horizontal

    )(TSDe Espectro de resposta horizontal em deslocamento

    )(TSVe Espectro de resposta vertical

    )(TSd Espectro de clculo horizontal

    gd Deslocamento de clculo a nvel do solo

    T Perodo de vibrao de um sistema linear de um nico grau de liberdade

    ga Acelerao de clculo para um solo de classe A

    BT Limite inferior dos perodos que correspondem ao patamar de acelerao

    espectral constante

    CT Limite superior dos perodos que correspondem ao patamar de acelerao

    espectral constante

    DT Valor a partir do qual o deslocamento espectral se torna constante

    S Parmetro do solo

    Coeficiente de correco do amortecimento viscoso

    vga Acelerao vertical de clculo para um solo de classe A

    Coeficiente que corresponde ao limite inferior do espectro de clculo horizontal

    q Coeficiente de Comportamento

    EdA Aco ssmica de dimensionamento

    EkA Aco ssmica de referncia

    I Factor de Importncia

    Factor de converso

    kG Valor caracterstico das cargas permanentes

    ikQ , Valor caracterstico da aco varivel i

    ikiQ ,,2 Valor quase permanente da aco varivel i

    iE, Coeficiente de combinao associado aco varivel

    Coeficiente de amortecimento viscoso

    M Massa efectiva total da estrutura

    i

    M Massa do n i

    g Acelerao de gravidade

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    bF Fora de corte basal

    i Deslocamento lateral do grau de liberdade i devido a uma anlise elstica

    linear de uma estrutura

    Fi Foras laterais aplicadas ao nvel dos pisos i

    k Nmero de modos a considerarn Nmero de pisos acima do solo

    Tk Perodo de vibrao do modo k

    EE Mximo valor do efeito aco ssmica considerada

    de* Deslocamento objectivo

    eaS (T*) Valor espectral da acelerao correspondente a T*

    m* Massa equivalente num sistema de 1 GDL

    F* Fora no sistema de 1GDL

    d* Deslocamento no sistema de 1GDLcRd,M Momentos flectores de dimensionamento das colunas que confluem nessa

    ligao

    bRdM , Momentos flectores de dimensionamento das vigas que confluem nessa

    ligao

    Di Exigncias ssmicas

    Ci Capacidades resistentes

    Rcio entre exigncias e capacidades

    E Valores das exigncias expressas em deformaes

    VE Valores das exigncias expressas em esforo transverso

    VE, CD Valor de esforo transverso relativo

    y Valor da deformao de cedncia

    u,m Valor da deformao de colapso

    u,m- Desvio face deformao ltima

    VRd , VRm Resistncia ao corte com/sem segurana do material e factores de segurana

    VR,,EC2 Resistncia ao corte do elemento com carregamento monotnico

    VR,,EC8 Resistncia ao corte do elemento com carregamento cclico e aps a cedncia

    por flexo ser atingida

    y Curvatura de cedncia na extremidade do elemento

    vL Rcio momento/esforo transverso na seco de extremidade

    zaV Variao de tenso no diagrama de momentos flectores

    z Brao interno do elemento

    h Altura da seco transversal

    y Deformao de cedncia

    ,dd Distncias armadura de traco e compresso

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    bd Dimetro da barra

    yf , bf Tenso de cedncia no ao e no beto, em MPa

    el Coeficiente reduo elstico

    Esforo normal reduzido

    b Largura da zona comprimida

    N Esforo normal de compresso

    , Percentagem mecnica de armadura de traco e compresso

    cf , ywf Resistncia compresso do beto (MPa) e a resistncia de cedncia dos

    estribos

    sx Percentagem de armadura paralela direco x do carregamento

    sh Espaamento dos estribos

    d Percentagem de armadura de reforo diagonal, em cada direco diagonal

    Factor de eficcia de confinamento

    b0, h0 Dimenses do beto confinado no aro

    bi Espaamento das armaduras longitudinais na zona central, contidas

    lateralmente por estribos

    mu Deformao ltima

    u Curvatura ltima da seco de extremidadedbL Dimetro da armadura de traco

    Altura da zona comprimida

    CA rea da seco transversal

    pl

    Representa a exigncia de ductilidade (em deslocamento)

    tot Percentagem de armadura longitudinal

    WV Contribuio da armadura de esforo transverso para a resistncia ao corte

    ngulo entre a diagonal e o eixo da colunaVj Esforo transverso adicionalexercido pela cinta de ao

    tf Espessura das placas/cintas de ao

    b Largura das cintas de ao

    Vf Contribuio do FRP na resistncia ao corte do elemento

    f Rcio FRP paralelo direco de carregamento

    ffuf ,, A tenso resistente e o mdulo de elasticidade do FRP

    fu ,

    Extenso ltima do FRP

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    NDICE

    CAPITULO 1. INTRODUO .....................................................................................................1

    1.1. DEFINIO DO PROBLEMA............................................................................................1

    1.2. OBJECTIVOS E ORGANIZAO DA DISSERTAO .............................................................3CAPITULO 2. COMPORTAMENTO DE EDIFCIOS DE BETO ARMADO SUJEITOS ACO SSMICA.......4

    2.1. INTRODUO..............................................................................................................4

    2.2. COMPORTAMENTO SSMICO DE EDIFCIOS DE BETO ARMADO ..........................................5

    2.2.1. Aspectos relacionados com as condies exteriores ao edifcio .......................6

    2.2.2. Aspectos relacionados com as condies interiores dos edifcios.....................7

    2.2.2.1. Deficincias relacionadas com o sistema estrutural......................................8

    2.2.2.1.1. Regularidade em alado........................................................................8

    2.2.2.1.2. Regularidade no plano horizontal...........................................................92.2.2.2. Deficincias relacionadas com os elementos .............................................10

    2.2.2.2.1. Diafragmas estruturais.........................................................................10

    2.2.2.2.2. Mecanismos de rotura em colunas.......................................................10

    2.2.2.2.3. Ligaes viga-coluna...........................................................................12

    2.2.2.2.4. Elementos secundrios e elementos no estruturais............................12

    CAPITULO 3. ANLISE E DIMENSIONAMENTO SSMICO DE EDIFCIOS DE BETO ARMADO.

    CONSIDERAES GERAIS ...........................................................................................................13

    3.1. OBJECTIVOS ............................................................................................................133.2. DIFERENCIAO DA FIABILIDADE.................................................................................14

    3.3. CRITRIOS DE VERIFICAO ......................................................................................15

    3.4. ACO SSMICA .......................................................................................................16

    3.4.1. Zonas Ssmicas e Fonte Sismognica............................................................16

    3.4.2. Tipos de solos................................................................................................17

    3.4.3. Representao da Aco Ssmica..................................................................18

    3.4.4. Espectro de resposta elstico horizontal ........................................................18

    3.4.5. Espectro de resposta elstico vertical.............................................................20

    3.4.6. Espectro de dimensionamento para a Exigncia de No Colapso ..................20

    3.4.7. Deslocamento de dimensionamento do solo ..................................................22

    3.4.8. Representaes alternativas da aco ssmica ..............................................22

    3.5. COMBINAO DE ACES ..........................................................................................23

    3.6. MTODOS DE ANLISE...............................................................................................23

    3.6.1. Anlise Esttica Linear...................................................................................24

    3.6.2. Anlise Dinmica Linear.................................................................................25

    3.6.3. Anlise Esttica No Linear ...........................................................................26

    3.6.4.

    Anlise Dinmica No Linear .........................................................................27

    3.7. FILOSOFIA DE DIMENSIONAMENTO ..............................................................................28

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    3.8. ISOLAMENTO SSMICO DE BASE ..................................................................................29

    CAPITULO 4. AVALIAO SSMICA E REFORO SSMICO DE EDIFCIOS DE BETO ARMADO .............33

    4.1. INTRODUO............................................................................................................33

    4.2. EXIGNCIAS DE DESEMPENHO PARA ESTRUTURAS EXISTENTES ......................................33

    4.3. CRITRIOS DE VERIFICAO.......................................................................................34

    4.4. INFORMAO SOBRE A AVALIAO ESTRUTURAL ..........................................................35

    4.5. AVALIAO ESTRUTURAL ..........................................................................................36

    4.5.1. Aco ssmica, combinao de aces e modelao estrutural......................37

    4.5.2. Mtodos de anlise........................................................................................37

    4.6. VERIFICAO DA SEGURANA PARA O REFORO DE ELEMENTOS DE BETO ARMADO .......38

    4.7. MODELOS DE CAPACIDADE PARA A AVALIAO DO REFORO DE ELEMENTOS DE BETO

    ARMADO ..............................................................................................................................40

    4.7.1. Elementos de beto armado sujeitos a flexo simples e composta.................404.7.2. Elementos de beto armado sujeitos ao corte................................................42

    CAPITULO 5. TCNICAS DE REFORO E DE INTERVENO ........................................................44

    5.1. INTRODUO............................................................................................................44

    5.2. TIPOS DE INTERVENES ..........................................................................................44

    5.3. REFORO SSMICO DE ELEMENTOS DE BETO ARMADO EXISTENTES .............................45

    5.3.1. Reforo por Encamisamento..........................................................................45

    5.3.2. Reforo por adio de chapas de aos e perfis metlicos...............................49

    5.3.3. Reforo por introduo de pr-esforo exterior...............................................505.3.4. Introduo de elementos resistentes ..............................................................50

    5.3.5. Isolamento ssmico de base ...........................................................................51

    CAPITULO 6. CASO DE ESTUDO.............................................................................................53

    6.1. APRESENTAO DO EDIFCIO .....................................................................................53

    6.2. AVALIAO SSMICA ..................................................................................................54

    6.3. MODELAO E ANLISE .............................................................................................58

    6.4. AVALIAO DAS CAPACIDADES ...................................................................................59

    6.4.1. Avaliao da capacidade resistente dos pilares ao Corte. ..............................606.4.2. Avaliao da capacidade de deformao dos pilares......................................62

    6.4.3. Avaliao da capacidade resistente dos pilares Flexo Composta...............63

    6.4.4. Avaliao da capacidade resistente das vigas Flexo..................................64

    6.4.5. Verificao da capacidade resistente actual das lajes. ...................................67

    6.5. REFORO SSMICO DO EDIFCIO. INTRODUO DE PAREDES RESISTENTES ......................68

    I. Clculo dos esforos resistentes. .......................................................................68

    II. Definio dos esforos condicionantes...............................................................69

    III. Verificao da Segurana Flexo composta. ...................................................69

    IV. Verificao ao Corte (rotura frgil)..................................................................70

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    V. Introduo de paredes resistentes 4,0x0,35m2 na direco transversal. Nova

    iterao. .....................................................................................................................70

    VI. Verificao Flexo composta. Pilares. .........................................................70

    VII. Verificao ao Corte (rotura frgil). Pilares. ....................................................71

    VIII. Verificao da segurana flexo das vigas. .................................................716.6. DIMENSIONAMENTO DAS PAREDES RESISTENTES..........................................................73

    6.7. COMPARAO COM A SITUAO INICIAL.......................................................................76

    6.7.1. Frequncias e modos de vibrao..................................................................76

    6.7.2. Anlise dos deslocamentos............................................................................77

    6.7.3. Anlise dos esforos nos elementos. .............................................................78

    6.8. OUTRAS ALTERNATIVAS PARA O REFORO SSMICO DO EDIFCIO.....................................79

    CAPITULO 7. CONCLUSES ..................................................................................................80

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    NDICE DAS FIGURAS

    CAPTULO 2

    Figura 2. 1: Registo da componente horizontal do sismo da cidade do Mxico de 1985 [33].___6

    Figura 2. 2: Sismo da cidade do Mxico de 1985: Colapso tipo pancake (imagem daesquerda), choque entre dois edifcios adjacentes (imagem da direita) [33]._________________6

    Figura 2. 3: Sismo da Cidade do Mxico em 1985: A liquefaco do solo originou o

    afundamento do edifcio (figura da esquerda) [15]._______________________________________7

    Figura 2. 4: Sismo de Kobe em 1995: Rotura das fundaes (figura da direita) [15].__________7

    Figura 2. 5:Registo da acelerao horizontal registada durante o sismo de Northridge de 1994

    com Magnitude de 6,7 [14].___________________________________________________________8

    Figura 2. 6: Sismo da Cidade do Mxico 1985: Soft Storey [33]. ________________________8

    Figura 2. 7: A colocao das paredes resistentes provoca uma deslocao do centro de rigidez

    C.R. relativamente ao centro de massa C.M.____________________________________________9

    Figura 2. 8: Sismo de Northridge de 1994: Rotura por corte de uma coluna [14].____________11

    Figura 2. 9: Sismo de Northridge de 1994: Colapso de coluna interior [14]._________________11

    Figura 2. 10: Rotura na ligao entre coluna e viga e espaamento muito grande das cintas [28].

    __________________________________________________________________________________12

    CAPTULO 3

    Figura 3. 1: Zonamento em funo da aco ssmica prxima e da aco ssmica afastada,

    respectivamente, para um perodo de retorno de 475 anos [3]. ....................................................16

    Figura 3. 2: Avaliao da perigosidade ssmica em PGA (agR) [3]. ...............................................17

    Figura 3. 3: Espectros de reposta elstico recomendados para a aco ssmica tipo 1 e tipo 2

    [3]. .......................................................................................................................................................18

    Figura 3. 4: Acelerograma artificial para a Aco Ssmica do tipo 1, Terreno tipo 1, Zona

    Ssmica A do RSA. ............................................................................................................................22

    Figura 3. 5: Mecanismos de dissipao de energia em edifcios. .................................................28

    CAPTULO 5

    Figura 5. 1: Encamisamento com beto armado e com ao [18]. .................................................46

    Figura 5. 2: Encamisamento/ Reforo com FRP [30]. ....................................................................48

    Figura 5. 3: Reforo de uma viga ao esforo transverso [28]. .......................................................49

    Figura 5. 4: Aplicao de pr-esforo exterior a colunas [28]. .......................................................50

    Figura 5. 5: Reforo por introduo de contraventamentos metlicos [15]...................................51

    Figura 5. 6: Comparao entre uma estrutura de base fixa e uma de base isolada. ...................51

    Figura 5. 7: Sistemas de isolamento base [24]. ..............................................................................52

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    CAPTULO 6

    Figura 6. 1: Planta do edifcio em estudo. .......................................................................................53

    Figura 6. 2: Planta de pilares. ...........................................................................................................53

    Figura 6. 3: Planta de vigas. .............................................................................................................54

    Figura 6. 4: Pormenorizao de um pilar tipo P1. ...........................................................................55

    Figura 6. 5: Pormenorizao de um pilar tipo P2. ...........................................................................55

    Figura 6. 6:Pormenorizao de uma laje tipo. .................................................................................56

    Figura 6. 7: Esquema de pormenorizao da viga H1. ..................................................................56

    Figura 6. 8: Esquema de pormenorizao da viga H2. ..................................................................57

    Figura 6. 9: Modelo estrutural...........................................................................................................58

    Figura 6. 10: Modos de vibrao da estrutura.................................................................................58

    Figura 6. 11: Esforos transversos resistentes para os pilares tipo P1 e P2. ...............................60

    Figura 6. 12: Avaliao da capacidade resistente flexo na zona dos apoios da viga H2 no

    piso 3. .................................................................................................................................................66

    Figura 6. 13: Avaliao da capacidade resistente flexo da viga V3 no piso 2. ........................67

    Figura 6. 14: Introduo de paredes resistentes.............................................................................68

    Figura 6. 15: Introduo de paredes resistentes na direco transversal.....................................70

    Figura 6. 16: Envolvente dos momentos flectores na viga H2 aps a introduo de paredes

    resistentes. .........................................................................................................................................72

    Figura 6. 17: Comparao dos momentos flectores negativos na viga H2 aps a redistribuio

    de esforos.........................................................................................................................................72

    Figura 6. 18: Paredes resistentes.....................................................................................................73Figura 6. 19: Distribuio das paredes resistentes e pilares fictcios. ...........................................73

    Figura 6. 20:Evoluo da resistncia ao corte do pilar P2C. .........................................................78

    Figura 6. 21:Armadura necessria para verificar a segurana flexo composta do pilar P2C. 78

    Figura 6. 22:Comparao dos momentos actuantes e resistentes na viga H2. ...........................79

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    NDICE QUADROS

    CAPTULO 3

    Quadro 3. 1: Classes de importncia. Valores recomendados. .....................................................14

    Quadro 3. 2: Aco ssmica prxima (tipo 2). .................................................................................21Quadro 3. 3: Aco ssmica afastada (tipo 1). ................................................................................22

    CAPTULO 4

    Quadro 4. 1: Nveis de anlise e correspondentes mtodos de anlise [2]. .................................36

    Quadro 4. 2: Critrios de verificao para avaliao do reforo de elementos de beto armado

    [2]. .......................................................................................................................................................39

    CAPTULO 6

    Quadro 6. 1: Percentagem de participao de massa modal. .......................................................59

    Quadro 6. 2: Coeficientes ssmicos..................................................................................................59

    Quadro 6. 3: Quadro resumo dos resultados dos pilares. ..............................................................61

    Quadro 6. 4: Quadro resumo dos resultados dos pilares. ..............................................................61

    Quadro 6. 5: Verificao das condies de aplicabilidade dos mtodos lineares. .......................61

    Quadro 6. 6: Verificao das condies de aplicabilidade dos mtodos lineares. .......................62

    Quadro 6. 7: Quadro resumo da capacidade de deformao do pilar tipo P1. .............................62

    Quadro 6. 8: Quadro resumo da capacidade de deformao do pilar tipo P2. .............................63

    Quadro 6. 9: Clculo da armadura principal de flexo composta para o pilar P1B......................63

    Quadro 6. 10: Clculo da armadura principal de flexo composta para o pilar P2B....................63

    Quadro 6. 11: Quadro resumo das Capacidades e Exigncias, ratio = sd/um,para a viga H1.

    ............................................................................................................................................................64

    Quadro 6. 12: Quadro resumo das Capacidades e Exigncias, ratio = sd/um, para a viga H2.

    ............................................................................................................................................................64

    Quadro 6. 13: Critrios de aplicabilidade para a viga H1. ..............................................................65

    Quadro 6. 14: Critrios de aplicabilidade para a viga H2. ..............................................................65Quadro 6. 15: Quadro resumo do comportamento flexo, =Msd/Mrd, da viga H2. ...................65

    Quadro 6. 16: Quadro resumo da capacidade de deformao da viga V3 no piso 2. .................66

    Quadro 6. 17: Armadura de flexo existente (cm2).........................................................................69

    Quadro 6. 18: Esforos actuantes nos pilares P1 e P2. .................................................................69

    Quadro 6. 19: Clculo da armadura principal de flexo composta para o pilar P1. .....................69

    Quadro 6. 20: Clculo da armadura principal de flexo composta para o pilar P2. .....................69

    Quadro 6. 21: Anlise da resistncia ao corte para os pilares P1 e P2. .......................................70

    Quadro 6. 22: Clculo da armadura principal de flexo composta para o pilar P1. .....................71

    Quadro 6. 23: Clculo da armadura principal de flexo composta para o pilar P2. .....................71

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    xv

    Quadro 6. 24: Anlise da resistncia ao corte para os pilares P1 e P2. .......................................71

    Quadro 6. 25: Caractersticas das paredes resistentes..................................................................73

    Quadro 6. 26: Esforos de dimensionamento para as paredes resistentes. ................................74

    Quadro 6. 27: Armadura adoptada para os pilares fictcios. ..........................................................74

    Quadro 6. 28: Armadura longitudinal adoptada para a alma das paredes. ..................................74Quadro 6. 29: Armadura transversal adoptada para as paredes resistentes. ..............................75

    Quadro 6. 30: Verificao de tenso mxima nas bielas. ..............................................................75

    Quadro 6. 31: Coeficientes de rigidez. .............................................................................................76

    Quadro 6. 32: Deslocamentos inter-pisos para a situao inicial. .................................................77

    Quadro 6. 33: Deslocamentos inter-pisos para a soluo reforada.............................................77

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    xvi

    NDICE ANEXOS

    Anexo 1:Parmetros para a definio da componente horizontal da aco ssmica [3]. .............85

    Anexo 2: Factores parciais para o estado limite ltimo [4]. ............................................................85

    Anexo 3: Valores das propriedades dos materiais e critrios de anlise e de verificaes de

    segurana [2]. ....................................................................................................................................86

    Anexo 4: Armadura longitudinal e transversal para o pilar tipo P1. ...............................................86

    Anexo 5: Armadura longitudinal e transversal para o pilar tipo P2. ...............................................87

    Anexo 6: Esforos resistentes para a viga H1.................................................................................88

    Anexo 7:Esforos resistentes para a viga H2..................................................................................89

    Anexo 8: Clculo da capacidade resistente ao corte do pilar P1. ..................................................90

    Anexo 9: Clculo da capacidade resistente ao corte do pilar P2. ..................................................91

    Anexo 10: Deformaes ltimas para a viga H1. ............................................................................92

    Anexo 11: Deformaes ltimas para a viga H2. ............................................................................93Anexo 12: Deformaes ltimas para o pilar P1.............................................................................94

    Anexo 13: Deformaes ltimas para o pilar P2.............................................................................95

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    1

    Capitulo 1. Introduo

    1.1. Definio do problema

    A engenharia ssmica constitui um campo de estudo relativamente novo, no qual se

    conjuga uma grande quantidade de informao cientfica que transversal a diferentes reas.

    Nos ltimos 50 anos notou-se uma crescente preocupao relativamente aos riscos inerentes a

    aces ssmicas em grandes reas urbanas. Como resultado directo dessa consciencializao,

    novos mtodos de anlise e de dimensionamento foram criados de modo a tornar as estruturas

    sismicamente mais resistentes e seguras.

    Contudo, e apesar da melhoria dos nveis de desempenho ssmico de edifcios, estas tcnicas

    ainda no so suficientes para reduzir as perdas para nveis aceitveis. Terramotos emgrandes reas urbanas, como o de Northridge (Los Angeles, 1994), o de Kobe (Japo, 1995) e

    os sismos na Turquia, Grcia e Taiwan em 1999, demonstraram a vulnerabilidade de edifcios

    que se julgavam resistentes.

    Em Portugal, o desenvolvimento de regulamentos ssmicos comeou em 1955 durante a

    celebrao dos 200 anos do terramoto de 1755, foi nessa altura que surgiu o RSCCS,

    Regulamento da Segurana das Construes contra os Sismos". O documento explicitava as

    exigncias que uma estrutura teria que satisfazer de modo a satisfazer a segurana pblica.

    A sua publicao deu-se em 1958 e as principais novidades que ele introduziu foram:

    Zonamento ssmico do territrio em 3 zonas.

    Obrigar realizao de uma verificao especfica para as foras laterais.

    Estabelecer algumas condies qualitativas para introduo em edifcios de pequeno porte,

    de elementos de confinamento, cintagem, da melhoria das ligaes, introduo de

    montantes de beto armado, etc.

    Este documento em conjunto com o RGEU, Regulamento Geral das Edificaes Urbanas,

    implementado em 1950, estabelecia as condies necessrias s estruturas para resistir aossismos [23].

    Em 1960, foi publicado o RSEP, Regulamento de Solicitaes em Edifcios e Pontes, que

    definia todas as aces a considerar para as aces dos sismos, sobrecargas, aco do vento,

    temperatura, etc.

    Por esta altura, em Portugal e no resto da Europa, verificou-se um grande crescimento na

    construo em beto armado como um reflexo da fase ps-guerra. Este aparecimento de

    edifcios de beto armado foi caracterizado pelo aparecimento de muitos edifcios de 10 a 15

    andares, maioritariamente com sistema estrutural porticado.

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    2

    No ano de 1966 aprovado o REBA, Regulamento de Estruturas de Beto Armado, dirigido

    para o projecto de estruturas de beto armado e incluindo algumas das disposies descritas

    no RSCCS de 1958 [38].

    Apesar do aparecimento destes regulamentos as estruturas eram dimensionadas sem

    considerao rigorosa das aces ssmicas pois o principal critrio de dimensionamento era areduo da rea de compresso mnima.

    A reduzida cintagem, as baixas taxas de armaduras longitudinais e transversais, as

    insuficientes pormenorizaes, a amarrao insuficiente das armaduras longitudinais, a

    interrupo das armaduras principais em zonas criticas, a baixa capacidade resistente do beto

    e caminhos de carga descontnuos, entre outros, so exemplos de deficincias estruturais em

    edifcios de beto armado deste perodo.

    Somente em 1983 com o aparecimento de nova regulamentao, RSA e REBAP, so

    considerados os efeitos das aces ssmicas de um modo mais prximo das exigncias reais.

    O RSA, Regulamento de Segurana e Aces, que estabelece os princpios gerais de

    segurana a verificar no projecto estrutural das construes e que define as aces a

    considerar.

    O REBAP, Regulamento de Estruturas de Beto Armado e Pr-esforado, que substitui o

    antigo REBA e contempla tambm as estruturas de beto pr-esforado. Este documento

    foi baseado no Model Code (1978) preparado pelo Comit Euro Internacional do Beto

    Armado e sintetiza um acordo entre os diferentes pases europeus estabelecendo um

    conjunto de regras comuns a todos os pases.

    Os edifcios posteriores a 1983 apresentam nveis de desempenho aceitveis e um

    comportamento superior a edifcios de beto armado construdos em perodos anteriores,

    embora na maior parte dos casos no sejam alcanados os nveis de desempenho exigidos

    pelo Eurocdigo 8, nomeadamente em termos de resistncia e de ductilidade.

    O conceito dos Eurocdigos, surge com o intuito de permitir a harmonizao da

    regulamentao e diminuir as barreiras tcnicas existentes em cada pas europeu e entre eles.

    O Eurocdigo 8 vem preencher uma lacuna existente na regulamentao anterior, vistocontemplar um anexo dedicado ao Reforo Ssmico de Edifcios. Tambm pela primeira vez

    so definidas normas para o Isolamento Ssmico de Estruturas na seco 10 do Eurocdigo 8

    parte 1 [1].

    O objectivo, implcito aos regulamentos de reforo ssmico, efectuar uma melhoria estrutural

    dos edifcios existentes para que atinjam o patamar de segurana exigido a edifcios novos.

    Como bvio, este objectivo tecnicamente e economicamente invivel de executar para

    todos os edifcios que se encontram em elevado risco de colapso e para aqueles que

    apresentam deficincias graves e que necessitam de interveno. Ser por isso necessrio

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    identificar os edifcios que merecem ser reabilitados, e, atravs de tcnicas de avaliao,

    reconhecer os pontos fracos e fortes da estrutura, e, com base nessa informao, aumentar os

    seus nveis de desempenho para nveis aceitveis [7].

    1.2. Objectivos e organizao da dissertao

    O objectivo desta dissertao explicar e descrever as metodologias e disposies

    regulamentares, verso final do Eurocdigo 8-parte 3: Reforo e Avaliao Ssmica de

    Estruturas de Beto Armado, aplicando-as a um caso prtico, onde ser determinada uma

    soluo de reforo ssmico. Pretende ainda caracterizar o comportamento ssmico de edifcios

    de beto armado e descrever as principais tcnicas de reforo ssmico.

    A dissertao constituda por 7 captulos distintos, onde o captulo 1 (presente captulo)expe o trabalho e define os objectivos da tese e organizao.

    O captulo 2 pretende analisar o comportamento de estruturas de beto armado quando

    sujeitas aco ssmica, as deficincias ao nvel da pormenorizao e dimensionamento, bem

    como os factores condicionantes do comportamento ssmico das estruturas.

    O captulo 3 tem como objectivo a apresentao das consideraes gerais preconizadas pelo

    Eurocdigo 8, com vista avaliao e anlise de estruturas existentes. Deste modo, recolhe-se

    a informao definida na parte 1 do Eurocdigo 8-Dimensionamento de Estruturas Aco

    Ssmica, que seja significativa para a Avaliao e Reforo de Estruturas Existentes.

    O captulo 4 avalia o desempenho de estruturas existentes e analisa as formulaes

    apresentadas na parte 3 do Eurocdigo 8, Reforo ssmico de estruturas de beto armado.

    O captulo 5 tem como propsito a apresentao das tcnicas de reforo e de interveno.

    Descrevem-se as tcnicas mais correntes, tais como o isolamento ssmico, o reforo de

    elementos e a introduo de elementos resistentes.

    No captulo 6 avaliada a capacidade resistente de um edifcio existente aco ssmica e

    dimensionada uma soluo de reforo ssmico

    No captulo 7 apresentar-se- a concluso e algumas consideraes finais.

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    Capitulo 2. Comportamento de edifcios de beto armado sujeitos

    aco ssmica

    2.1. Introduo

    Perceber e estudar a resposta dinmica do sistema estrutural, e como essa resposta

    afectada pelas caractersticas globais e locais do sistema, melhora a percepo sobre a

    avaliao de edifcios existentes e ajuda a desenvolver tcnicas de reforo ssmico. [M. N.

    Fardis, 2003]

    A aco ssmica pode ser traduzida por um conjunto de deslocamentos dinmicos ou por uma

    quantidade de energia transmitida estrutura. A este fenmeno corresponde um conjunto de

    exigncias s quais a estrutura dever ter capacidade para resistir. Por vezes, essas

    capacidades resistentes so excedidas o que torna a estrutura vulnervel.

    A vulnerabilidade das estruturas no um conceito absoluto, pois uma mesma estrutura pode

    ser vulnervel a um tipo de aco ssmica e sismicamente resistente a um outro tipo. Logo, a

    resposta ssmica de estruturas depende do tipo de aco ssmica e das condies intrnsecas

    estrutura, como o perodo fundamental de vibrao e a capacidade de dissipao de energia.

    fundamental dominar estes conceitos para que a estrutura reforada apresente os nveis de

    desempenho pretendidos.

    As estruturas so dimensionadas para que as capacidades resistentes, nomeadamente a

    resistncia e a rigidez, sejam maiores que as exigncias impostas pela aco ssmica. Este

    balano garantindo, tomando em considerao o princpio da dissipao de energia e o

    comportamento inelstico da estrutura.

    Ao dimensionar uma estrutura, para que ela permanea com comportamento elstico durante o

    seu tempo de vida, no se beneficia das suas caractersticas inelsticas o que encarece

    bastante a estrutura. A considerao desse comportamento inelstico permite a reduo das

    ordenadas espectrais do espectro de dimensionamento, o que possibilita a diminuio da

    capacidade resistente de clculo. Essa reduo depende essencialmente da ductilidade

    disponvel e do perodo de vibrao da estrutura. O Eurocdigo 8 quantifica a ductilidade em

    termos do coeficiente de comportamento, que para edifcios de beto armado varia entre 1 e 5

    [1] [8].

    A influncia do perodo fundamental no comportamento da estrutura grande e a sua

    diminuio implica um acrscimo de acelerao espectral, o que se reflecte num aumento da

    exigncia.

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    O princpio da capacidade de dissipao de energia subentende que as estruturas devem

    possuir capacidade de dissipar a energia transmitida pela aco ssmica, mantendo o nvel de

    desempenho pretendido. Para que tal suceda as estruturas devero disponibilizar ductilidade

    suficiente, que permita a redistribuio de esforos e capacidade de deformao, para que se

    evitem roturas frgeis.A capacidade de deformao deve estar presente em todo o sistema estrutural e no apenas

    nos denominados elementos primrios, que tm a funo de resistir as aces horizontais. Os

    elementos secundrios, que tm a funo de suportar as cargas verticais, devem ter tambm

    capacidade de se deformarem juntamente com os elementos primrios sem perderem a sua

    capacidade de suportar as cargas gravticas.

    Estes propsitos so atingidos sobredimensionando as zonas crticas, colunas e ns viga-

    coluna, e conferindo-lhes maior capacidade de dissipao de energia. Esta filosofia de

    dimensionamento denominada por Dimensionamento das Capacidades Resistentes

    Capacity Design e pretende no s garantir a segurana da estrutura mas tambm prever e

    controlar o seu comportamento [9].

    2.2. Comportamento ssmico de edifcios de beto armado

    O comportamento ssmico de uma estrutura depende de vrios factores, entre os quais se

    destacam a regulamentao, a concepo e a modelao da estrutura, as caractersticas

    dinmicas da estrutura, a idade da estrutura e a histria de carregamento, o tipo de solo de

    fundao e os aspectos relacionados com o tipo de utilizao da estrutura.

    As caractersticas dinmicas da estrutura j foram abordadas de modo sucinto na seco

    anterior e a regulamentao vigente ser exposta nos captulos seguintes, 3 e 4.

    Nesta seco, pretende-se caracterizar o comportamento de edifcios de beto armado

    existentes quando sujeitos a aces ssmicas raras e fortes. interessante observar os efeitos

    que aces ssmicas de grande magnitude tiveram em edifcios de beto armado, pois uma

    boa percepo dessas deficincias permite o aperfeioamento de tcnicas e de conhecimentos,

    nomeadamente ao nvel da concepo do reforo ssmico.

    com essa finalidade que se faz a distino entre as condies interiores e exteriores aoedifcio, que conduzem ao comportamento deficiente de elementos ou ao colapso total do

    edifcio, apresentando os mecanismos de rotura mais relevantes.

    As condies externas esto relacionadas com as condies da envolvente, da interaco com

    edifcios adjacentes, das condies do solo de fundao, etc.

    As condies internas esto mais ligadas s caractersticas intrnsecas do edifcio e no

    envolvente. Para uma melhor caracterizao, as condies sero divididas em duas seces

    distintas: deficincias ao nvel do sistema estrutural e deficincias ao nvel dos elementos.

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    2.2.1. Aspectos relacionados com as condies exteriores ao edifcio

    O sismo da cidade do Mxico em 1985 um bom exemplo da influncia das condies

    externas no colapso de edifcios. Esta aco ssmica caracterizou-se pela sua extrema

    violncia e longa durao, o que suscitou o comportamento frgil de diversos tipos de edifcios,

    sobretudo de beto armado, com 6 a 12 pisos, que ficaram muito danificados. Umas das

    grandes causas desse comportamento foi a amplificao do movimento do solo pelas camadas

    aluvionares que constituem o vale da cidade do Mxico, tendo sido atingidas aceleraes

    mximas na ordem dos 0,2g com forma sinusoidal e de grande durao [17].

    Figura 2. 1: Registo da componente horizontal do sismo da cidade do Mxico de 1985 [33].

    O dano tpico neste sismo foi o colapso generalizado denominado como pancake, como

    ilustrado na figura 2.2. A rotura dos pilares, devido s condies exteriores, originou o colapso

    de todo o edifcio, deixando os escombros sem espao para sobreviventes. Ficaram patentes

    as roturas frgeis de pilares que no permitiram a redistribuio de esforos e cuja resistncia

    residual no foi suficiente para equilibrar as grandes deformaes impostas pela resposta em

    ressonncia.

    Figura 2. 2: Sismo da cidade do Mxico de 1985: Colapso tipo pancake (imagem da esquerda),choque entre dois edifcios adjacentes (imagem da direita) [33].

    Neste sismo, verificou-se que as juntas estruturais tinham aberturas insuficientes, tendo sido

    notada a grande frequncia do choque entre edifcios adjacentes de caractersticas dinmicas

    diferentes, pouding. A figura 2.2 mostra como a existncia de pisos desnivelados em edifcios

    adjacentes particularmente grave, pois os pilares no se encontravam dimensionados para ochoque do diafragma horizontal do edifcio adjacente.

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    A irregularidade em planta de um quarteiro de edifcios, situao tpica de construes antigas,

    outro exemplo da influncia das condies exteriores no comportamento ssmico de edifcios.

    Os pilares exteriores do lado do quarteiro virado para a rua so muito mais flexveis que os

    interiores, o que conduz ao colapso desses elementos (irregularidade de rigidez), gerando-se

    importantes modos de toro. Este tipo de incidentes, em conjunto com outros tipos defenmenos, contribuiu em muito para o agravamento das falhas ao nvel da concepo dos

    edifcios.

    Figura 2. 3: Sismo da Cidade do Mxico em 1985: A liquefaco do solo originou o afundamento doedifcio (figura da esquerda) [15].

    Figura 2. 4: Sismo de Kobe em 1995: Rotura das fundaes (figura da direita) [15].

    As condies de fundao inadequadas originam uma perda da capacidade resistente ao corte

    do solo, podendo gerar grandes deformaes, rotura das fundaes ou fenmenos como a

    liquefaco (figura 2.3).

    Regra geral quando se verificam estas situaes a reabilitao do edifcio invivel, quertecnicamente, quer economicamente. A figura 2.4 retrata como as condies de fundao

    inadequadas conduziram rotura das fundaes.

    2.2.2. Aspectos relacionados com as condies interiores dos edifcios

    No mbito das condies internas de um edifcio devem ser considerados os factores que

    condicionam o seu comportamento ssmico, como as exigncias que a estrutura apresenta ao

    nvel da capacidade resistente, de ductilidade e de deformao.Estas exigncias requerem capacidade de dissipao de energia sem degradao exagerada

    das suas capacidades resistentes, devendo evitar-se as concentraes de tenses em zonas

    singulares da estrutura, que no se encontram dimensionadas para absorver cargas

    excessivas. Na concepo do reforo ssmico estes aspectos devem ser tomados em

    considerao, devendo aproveitar-se ao mximo a ductilidade da estrutura e evitar roturas

    frgeis.

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    2.2.2.1. Deficincias relacionadas com o sistema estrutural

    O sismo de Northridge em 1994 exemplificativo de algumas falhas ao nvel do sistema

    estrutural, como a irregularidade de rigidez e de massa, e a interrupo de caminhos de cargas.

    Estas deficincias proporcionam a acumulao de tenses e de deformaes em zonassingulares, que no se encontram dimensionadas para suster tamanhos carregamentos e

    deformaes, o que, em muitas situaes, provocou o colapso da estrutura ou de parte dela.

    Porm, somente dois edifcios de beto armado com grande porte atingiram o colapso. Este

    facto deve-se s elevadas frequncias geradas pelo sismo: 3.5 a 4.0 Hz [15].

    Figura 2. 5:Registo da acelerao horizontal registada durante o sismo de Northridge de 1994 comMagnitude de 6,7 [14].

    2.2.2.1.1. Regularidade em alado

    A irregularidade vertical uma das causas mais usuais para o colapso de edifcios de beto

    armado. Est associada reduo abrupta da rigidez e fraca ductilidade dos elementos

    verticais.

    As deformaes induzidas pelo sismo tendem a concentrar-se no piso menos rgido,

    denominado por piso vazado ou soft-storey, se existir. Se esse soft-storey for constitudo por

    elementos pouco dcteis, o piso pode atingir o colapso. Outras deficincias, como a falta de

    rigor na pormenorizao, ajudam a agravar esta situao.

    Figura 2. 6: Sismo da Cidade do Mxico 1985: Soft Storey [33].

    Estes soft-storey so comuns em edifcios residenciais em zonas urbanas, onde o primeiro

    piso geralmente usado para fins comerciais ou para garagens, razo pela qual as paredes,

    estruturais e no estruturais, so geralmente descontnuas.

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    Os recuos de edifcios em altura so outro exemplo de irregularidades verticais. A parte inferior

    da estrutura at parte recuada funciona como se estivesse contraventada, deixando a parte

    superior, imediatamente a seguir parte recuada do edifcio, mais susceptvel a deformaes.

    Ao nvel da parte recuada existe uma acumulao de tenses importante, que poder originaruma grande transferncia de foras. Esta transferncia para os elementos resistentes inferiores

    feita atravs do diafragma do piso recuado.

    Num caso extremo, a base do edifcio pode fornecer energia suficiente para que essa parte

    recuada entre em ressonncia com a base. A parte recuada pode ento entrar em movimento

    com amplitudes exageradas e originando a rotura.

    2.2.2.1.2. Regularidade no plano horizontal

    Alm da regularidade em altura tambm importante garantir a regularidade estrutural no

    plano horizontal. Quando o centro de gravidade e o centro de rigidez no so coincidentes

    geram-se excentricidades no plano horizontal e os modos de toro ganham protagonismo

    (figura 2.7).

    Figura 2. 7: A colocao das paredes resistentes provoca uma deslocao do centro de rigidez C.R.relativamente ao centro de massa C.M.

    Os elementos mais danificados so aqueles que se encontram mais afastados do centro de

    rigidez da estrutura, tambm denominado por lado flexvel da estrutura [7]. Estas tores

    excessivas podero originar o colapso de pilares exteriores e provocar fendilhao excessiva

    dos elementos, estruturais e no estruturais.

    O objectivo do reforo numa estrutura sensvel toro consiste em equilibrar e uniformizar a

    rigidez, e assegurar a diminuio dos efeitos dos modos vibratrios de toro, por exemplo,

    atravs da introduo de elementos resistentes.

    O Eurocdigo 8 parte 1 estipula que a resistncia e a rigidez toro tm de ser garantidas.

    Para alm disso, define critrios para a regularidade em planta e em alado, classificando asestruturas como sendo Regulares ou No Regulares. Essa designao ir afectar o

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    dimensionamento ssmico da estrutura, condicionando o tipo de modelo estrutural a utilizar, o

    mtodo de anlise e o valor do coeficiente de comportamento [1].

    2.2.2.2. Deficincias relacionadas com os elementos

    As deficincias ao nvel dos elementos estruturais e no estruturais tm um papel crucial no

    desempenho da estrutura. As deficincias mais comuns registam-se ao nvel do

    dimensionamento e das pormenorizaes de elementos estruturais, como as colunas, ligaes

    viga-coluna e os diafragmas estruturais.

    2.2.2.2.1. Diafragmas estruturais

    A funo dos diafragmas assegurar a transmisso de cargas entre o plano horizontal e os

    elementos estruturais, e distribuir as cargas entre os elementos verticais. Quando esses

    diafragmas se prolongam por grandes extenses entre elementos primrios, podem ficar

    sujeitos a momentos flectores e a esforos transversos muito elevados, originando o

    comportamento inelstico do diafragma.

    Como este comportamento inelstico no costuma ser considerado no dimensionamento, pode

    surgir um comportamento estrutural que no o pretendido e originar o colapso do piso.

    A rotura destes elementos acontece quando so menos resistentes que os elementos

    pertencentes ao sistema estrutural resistente lateral, tornando-os vulnerveis [7].O Eurocdigo 8 parte 1 preconiza que a condio de diafragma ao nvel de cada piso tem de

    ser garantida e correctamente dimensionada [1].

    2.2.2.2.2. Mecanismos de rotura em colunas

    Os mecanismos de rotura mais comuns em colunas so o corte e a flexo. Apesar de distintos,

    por vezes complicado fazer a distino entre eles, pois ambos tm lugar junto na base do

    pilar e envolvem o esmagamento do beto.As colunas geralmente possuem baixa capacidade de redistribuio de esforos e de

    ductilidade. A capacidade de deformao de um pilar influenciada pelo nvel de esforo axial

    actuante e pela quantidade de armadura transversal na zona das deformaes plsticas.

    O nvel de esforo axial de compresso pode tornar-se extremamente elevado provocando a

    rotura por flexo e a perda da capacidade resistente vertical.

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    11

    Figura 2. 8: Sismo de Northridge de 1994: Rotura por corte de uma coluna [14].

    O mecanismo de colapso por corte caracteriza-se pela rotura frgil das colunas e origina o

    esmagamento do beto (figura 2.8). Regra geral deve-se deficiente pormenorizao das

    armaduras, nomeadamente ao espaamento das cintas.

    O espaamento das cintas dever ser tal que pelo menos uma ou duas cintas intersectem uma

    fenda. As cintas devem ser ancoradas com um dobra de pelo menos 135 ou recorrendo asoldadura [7].

    Estes procedimentos no so comuns em construes antigas, nem em construes novas. A

    sua inexistncia conduz a deficientes condies de ancoragem que provocam o

    desprendimento das cintas e a rotura por corte das colunas.

    A rotura frgil de uma coluna conduz perda da sua capacidade resistente, esta situao

    implica uma redistribuio de esforos para outras colunas, o que pode implicar o colapso

    sucessivo dessas colunas at se atingir o colapso, total ou parcial, do piso [7].

    A figura seguinte demonstrativa de como o colapso de uma coluna interior provocou ocolapso de parte do edifcio.

    Figura 2. 9: Sismo de Northridge de 1994: Colapso de coluna interior [14].

    As falhas ao nvel das pormenorizaes, o excessivo espaamento da armadura transversal, a

    insuficiente espessura do beto de recobrimento, a existncia de colunas curtas, a assimetria

    ao nvel da rigidez, so situaes a evitar pois promovem os fenmenos de rotura frgil. Uma

    adequada pormenorizao e um correcto dimensionamento baseado nos regulamentos

    correntes ajuda a retardar ou a atenuar as roturas frgeis.

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    28/111

    12

    2.2.2.2.3. Ligaes viga-coluna

    As ligaes viga-coluna so zonas sensveis da estrutura pois esto sujeitas a grandes

    concentraes de tenses e de deformaes. Frequentemente encontram-se mal

    dimensionadas em edifcios antigos, sobretudo por falta de armadura transversal.

    Figura 2. 10: Rotura na ligao entre coluna e viga e espaamento muito grande das cintas [28].

    As regras de boa concepo ssmica convencionam que se devem evitar elevadas

    concentraes de tenses e de deformaes em elementos e em zonas limitadas, como o

    caso dos ns viga-coluna. Por exemplo, num caso de numa estrutura porticada, uma

    distribuio uniforme de rigidez e resistncia, entre elementos horizontais e verticais, aumenta

    o nmero de zonas onde se efectua a dissipao de energia.

    As zonas de amarrao so tambm zonas crticas da estrutura por no estarem localizadas

    em zonas com esforos baixos como deveriam. Em edifcios mais antigos, esto por vezes

    localizadas em zonas com esforos elevados, o que combinado com a aco ssmica pode

    provocar a rotura no mecanismo de amarrao.

    2.2.2.2.4. Elementos secundrios e elementos no estruturais

    Os elementos secundrios devem possuir capacidade de deformao suficiente para

    acompanharem o movimento lateral da estrutura. Caso contrrio quando forem solicitados para

    suster as cargas gravticas j tero perdido a sua capacidade resistente e a estrutura atingir o

    colapso. A rotura destes elementos origina a perda da capacidade de suster cargas verticais,

    que pode conduzir a um colapso progressivo do edifcio, total ou parcial.

    Esta situao deve ser prevista no projecto, de modo a que se ocorrer o colapso de um

    elemento secundrio seja possvel a redistribuio de esforos para elementos adjacentes.

    igualmente importante considerar na fase de projecto os elementos no estruturais, como

    paredes de alvenaria e ncleos de escadas. Estes elementos muito rgidos, se no forem

    tomados em considerao, podem alterar o funcionamento do sistema estrutural e suscitar

    comportamentos para os quais a estrutura no se encontra dimensionada. A interaco entre

    elementos estruturais e no estruturais pode tambm resultar em danos para ambos [7].

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    29/111

    13

    Capitulo 3. Anlise e dimensionamento ssmico de edifcios de betoarmado. Consideraes gerais

    3.1. Objectivos

    O EN 1998-1: 2004 abrange o dimensionamento e construo de obras em zonas

    ssmicas e procura assegurar a proteco de vidas humanas, a limitao dos danos e garantir

    que as estruturas mais importantes para a proteco civil permaneam activas.

    As estruturas em regies ssmicas devem ser dimensionadas e construdas de modo a que as

    exigncias de comportamento, referentes aos danos da estrutura, sejam cumpridas com o

    adequado nvel de fiabilidade. Com esse intuito, o Eurocdigo 8 parte 1 preconiza dois nveis

    de exigncias de desempenho:

    Estado de Dano ou estado Limite de No Colapso: EDNC.

    Estado de Dano ou estado Limite de Limitao de Danos: EDLD.

    O estado de No Colapso garante a proteco da estrutura quando sujeita a aces ssmicas

    raras, atravs da preveno do colapso global ou local da estrutura. Deve assegurar a

    integridade estrutural e a capacidade de carga residual com deformaes moderadas,

    mantendo a sua capacidade de suster as cargas verticais, e possuindo suficiente resistncia

    lateral residual e rigidez de modo a proteger vidas.

    O estado de Limitao de Danos garante o controlo e a reduo de danos em elementos

    estruturais e no estruturais, quando sujeitos a aces ssmicas frequentes. Garante ainda que

    o sistema estrutural, ao nvel global e local, fique sem deformaes permanentes, retendo a

    totalidade da sua capacidade resistente e rigidez.

    O EN 1998-1: 2004 considera duas aces ssmicas diferentes, a Aco Ssmica de

    Dimensionamento definida para o EDNC e a Aco Ssmica de Servio definida para o EDLD,

    sendo que cada estado limite dimensionado e pormenorizado para resistir aco ssmicaadequada. Para o EDNC tem que se evitar o colapso da estrutura para a aco ssmica de

    dimensionamento e no EDLD a estrutura ter que resistir aco ssmica de servio, de maior

    probabilidade de ocorrncia, sem a ocorrncia de danos e a consequente limitao de uso [1].

    Aco Ssmica de Dimensionamento (preveno do colapso local) com probabilidade

    de excedncia de 10% em 50 anos (perodo de retorno mdio = 475 anos).

    Aco Ssmica de Servio (limitao de danos) com probabilidade excedncia de 10%

    em 10 anos (perodo de retorno mdio = 95 anos).

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    14

    A aco ssmica de referncia, para estruturas correntes, a aco ssmica de

    dimensionamento e o seu perodo de retorno mdio denominado como perodo de retorno de

    referncia, TNCR [1].

    3.2. Diferenciao da fiabilidade

    Os Eurocdigos atribuem s autoridades nacionais a responsabilidade de definir um conjunto

    de parmetros, NDP1, com o intuito de se reduzirem os custos e melhorar a segurana atravs

    de uma maior adequao dos parmetros envolvidos.

    Esta adequao alcanada mediante a utilizao de nveis de risco especficos a cada

    territrio, quer ao nvel da aco ssmica, quer ao nvel das propriedades geotcnicas locais.

    Com base nesta linha de raciocnio os nveis de risco so deixados ao critrio das autoridades

    nacionais, sendo que o Eurocdigo 8 recomenda para tais casos valores de referncia.

    Os edifcios so classificados em 4 classes de importncia (de I a IV), a cada classe

    corresponde um determinado factor de importncia 1 , consoante as consequncias que o seu

    colapso ter para a vida humana, na sua importncia para a segurana pblica e na proteco

    civil no perodo posterior ao sismo, e nas consequncias econmicas e sociais do colapso.

    Quadro 3. 1: Classes de importncia. Valores recomendados.

    Classes deimportncia

    Edifcios

    Factor de

    importncia

    1

    Factor de

    converso

    I Menor importncia para a segurana pblica 0,8 0,5

    IIEdifcios correntes que no pertenam s outras

    categorias1,0 0,5

    III

    Edifcios cuja resistncia ssmica importante no

    ponto de vista das caractersticas associadas ao

    colapso, como escolas

    1,2 0,4

    IV Importncia vital para a segurana publica e paraa proteco civil como hospitais

    1,4 0,4

    Quando se pretende melhorar o comportamento da estrutura multiplica-se a aco ssmica de

    referncia pelo factor de importncia pretendido 1 . O Quadro 3.1 indica os valores desse

    coeficiente em funo da classe de importncia do edifcio.

    1National Determined Parameters.

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    15

    Em simultneo definido um ratio , denominado como factor de converso, que reflecte a

    diferena entre nveis de risco e tem como objectivo efectuar a converso da aco ssmica de

    dimensionamento na aco ssmica de servio [13].

    3.3. Critrios de Verificao

    Critrio de verificao para EDLD

    O Eurocdigo 8 preconiza que a verificao da segurana ao estado de dano Limitao de

    Danos deve ser expresso em termos de deformaes, isto , atravs do controlo de

    deformaes ou dos deslocamentos. O limite da deformao inter pisos permitido, devido

    aco ssmica de servio, corresponde a:

    h005,0d = , se os elementos no estruturais so frgeis2 e ligados estrutura.

    h0075,0d = , se os elementos no estruturais forem dcteis.

    h010,0d = , se os elementos no estruturais no forem obrigados a acompanhar as

    deformaes globais da estrutura, ou se no existirem elementos no estruturais. O

    limite de 1% serve tambm para proteger os elementos estruturais de deformaes

    inelsticas significativas devidos aco ssmica de servio [13].

    Em que,pisobase

    s

    topo

    s dd )(d = . Onde, sd o deslocamento retirado de uma analiseelstica linear com espectro de dimensionamento e multiplicado pelo coeficiente de

    comportamento q , e h a distncia entre pisos [1].

    Critrio de verificao para EDNC

    O nvel de desempenho No Colapso considerado como o estado limite ltimo ao qual a

    estrutura deve ser dimensionada. Como tal devero ser verificadas as seguintes condies:

    O sistema estrutural dever possuir capacidade resistente e de dissipao de energia, de

    acordo com as partes relevantes do EN 1998-1: 2004 [1].

    O sistema estrutural dever verificar os critrios de estabilidade, de acordo com as

    partes relevantes do EN 1998-1: 2004 [1], quando sujeito aco ssmica de

    dimensionamento.

    Deve ser verificada a capacidade resistente, das fundaes e do solo de fundao, aos

    efeitos da aco ssmica na superstrutura.

    2Os elementos dcteis so aqueles que esto sujeitos flexo simples ou flexo composta e oselementos frgeis so aqueles que so sensveis aos mecanismos de esforo transverso (ver captulo 4desta dissertao).

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    16

    Devem ser considerados os efeitos de 2ordem e o comportamento no linear dos

    elementos, de acordo com o estipulado nas partes relevantes do EN 1998-1: 2004 [1].

    3.4. Aco Ssmica

    O objectivo desta seco consiste em definir a aco ssmica que ir ser utilizada na anlise

    estrutural e no dimensionamento de edifcios de beto armado, de acordo com as regras

    especificadas nas partes relevantes do Eurocdigo 8 [1].

    A Pr-Norma Portuguesa de 2007 define a aco ssmica, para o territrio Portugus, com

    base na casualidade ssmica e nas caractersticas sismo-genticas locais. Assim, a aco

    ssmica funo da Zona Ssmica, do Tipo de Solo e da Fonte Sismognica.

    3.4.1. Zonas Ssmicas e Fonte Sismognica

    As zonas ssmicas so introduzidas para definir os diferentes nveis de risco em cada zona,

    valor que constante dentro de cada zona, assunto da exclusiva competncia das respectivas

    autoridades nacionais.

    A Pr-Norma Portuguesa [3] estipula as seguintes zonas ssmicas em funo da perigosidade

    ssmica3 e da fonte sismognica, para a aco ssmica prxima, tipo 2, e para a aco ssmica

    afastada, tipo 1, respectivamente.

    Figura 3. 1: Zonamento em funo da aco ssmica prxima e da aco ssmica afastada,respectivamente, para um perodo de retorno de 475 anos [3].

    O nvel de risco ssmico local ou perigosidade ssmica pode ser representado por uma curva de

    risco, ou casualidade ssmica, que representa a probabilidade de excedncia associada aos

    diferentes nveis dos parmetros sismolgicos usados.

    Geralmente esse grau de risco descrito em termos da Acelerao de Pico no Solo, PGA,

    podendo ser tambm representado por meio da velocidade PGV, do deslocamento PGD e da

    durao para um dado perodo de exposio [13].

    3 A avaliao da perigosidade ssmica realizada em termos de PGA para as aces ssmicas prxima eafastada.

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    17

    A figura 3.2 representa a avaliao da perigosidade ssmica, em PGA, para a aco ssmica

    prxima e afastada, respectivamente.

    Figura 3. 2: Avaliao da perigosidade ssmica em PGA (agR) [3].

    3.4.2. Tipos de solos

    A influncia das condies e do tipo de solo na resposta ssmica de estruturas pode ser

    quantificada atravs da definio de diferentes tipos de solo, cada um com diferentes

    propriedades mecnicas. Cinco tipos de solos foram definidos A, B, C, D e E, descritos

    segundo os perfis estratigrficas e segundo os parmetros definidos no EN 1998-1: 2004 [1].

    Os parmetros utilizados para definir e classificar os tipos de solos so:

    Velocidade mdia das ondas ssmicas secundrias (s,30)

    Resultados obtidos atravs do ensaio SPT (NSPT)

    Coeficiente de resistncia no drenada do solo (cu)

    A classificao abrange solos desde os solo Tipo A, rochas e outros tipos semelhantes de

    formaes que se caracterizam por velocidades das ondas ssmicas transversais maiores que

    800 m/s, at aos solos tipo E, como os aluvies com espessura a variar entre os 5 e os 20

    metros. As classes intermedirias apresentam uma diminuio progressiva das caractersticas

    anteriormente definidas.Adicionalmente foram definidas duas categorias extras, classes S1 e S2. A classe S1 inclui

    camadas de espessuras mnimas de 10 metros de argilas ou areias com elevado ndice de

    plasticidade. A classe S2 engloba os restantes tipos de solos que no se integram nas

    anteriores classes, como argilas sensveis e solos susceptveis a comportamento de

    liquefaco. Logicamente este tipo de solos o mais susceptvel de atingir a rotura devido

    aco ssmica, produzindo amplificaes no solo anmalas e efeitos de interaco solo-

    estrutura graves. Este tipo de solos requer estudos especiais segundo o Eurocdigo 8 [1].

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    18

    O uso destes critrios de classificao de solos pode significar uma excessiva simplificao das

    caractersticas estratigrficas dos solos podendo ser realizados estudos suplementares no

    sentido de melhorar e de aproximar os resultados com a realidade presente no local [1].

    3.4.3. Representao da Aco Ssmica.

    A aco ssmica num dado ponto de Portugal pode ser representada atravs de 2 tipos de

    espectros de resposta elsticos, o espectro de resposta tipo 1 e o espectro tipo 2, de modo a

    ter em considerao as diferentes condies ssmicas.

    Figura 3. 3: Espectros de reposta elstico recomendados para a aco ssmica tipo 1 e tipo 2 [3].

    As estruturas devem ser dimensionadas considerando o tipo de aco ssmica mais

    condicionante para o edifcio em causa.

    3.4.4. Espectro de resposta elstico horizontal

    As componentes horizontais da aco ssmica podem ser dadas pelas seguintes equaes,

    para um amortecimento igual a 5% e com a possibilidade de recorrer a um factor de correco

    do amortecimento, 4.

    =

    =

    =

    +=

    2D

    DC

    CB

    B

    5.2)(0.4TT

    5.2)(TTT

    5.2)(TTT

    )15.2(1)(TT0

    T

    TTSaTSs

    T

    TSaTS

    SaTS

    T

    TSaTS

    DCge

    Cge

    ge

    Bge

    (E3. 1)

    4 EN 1998-1: 2004, clusula 3.2.2.2 (3).

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    19

    Em que eS representa o valor do espectro de resposta elstico para um determinado perodo

    de vibrao T de um sistema de um grau de liberdade. Os efeitos do solo so tomados em

    considerao no factor de solo S, que por definio igual a 1 para o solo tipo A.

    A acelerao de dimensionamento ga corresponde situao de referncia, para o solo tipo A,

    de acordo com a equao seguinte.

    gR1g aa = (E3. 2)

    A aco ssmica de dimensionamento num solo tipo A, para estruturas de importncia corrente,

    denominada como aco ssmica de referncia. E representada pelo parmetro que define

    o grau de risco de referncia, isto , o valor da acelerao de pico no solo gRa 5.

    A acelerao de pico no solo de referncia adoptada pelas autoridades nacionais corresponde

    ao perodo de retorno de referncia, TNCR, para a aco ssmica de dimensionamento, para aexigncia de no colapso, para estruturas de importncia corrente.

    Uma vez definido o valor espectral elstico )(TSe , a equao seguinte (E3.6) permite obter o

    valor espectral do deslocamento elstico )(TSDe .

    ( )2

    2)(

    =

    TTSTS eDe (E3. 3)

    Esta relao apenas vlida para estruturas com perodos de vibrao menores que 4

    segundos, caso essa condio no se verifique deve definir-se um espectro de resposta maisrefinado.

    O regulamento permite combinar os efeitos da aco ssmica, em ambas direces horizontais,

    considerando que o sismo nunca ocorre somente numa direco.

    a. EyEdx EE 30,0""+ (E3. 4)

    b. EyEdx EE ""30,0 + (E3. 5)

    Em que, ""+ significa combinado com, EdxE e EdyE representam os efeitos da aco ssmica

    nas respectivas direces. Posteriormente, dever ser considerada a combinao mais

    gravosa para a estrutura.

    Alternativamente, os efeitos da aco ssmica podem ser considerados atravs da raiz

    quadrada da soma dos quadrados (SRSS):

    22 "" EyEdx EE + (E3. 6)

    5 Clausula 3.2.1 (2) EN 1998-1: 2004.

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    20

    3.4.5. Espectro de resposta elstico vertical

    A componente vertical da aco ssmica pode ser determinada pelo espectro de resposta

    elstico vertical VeS .

    =

    =

    =

    +=

    2D

    DC

    CB

    B

    0,3)(0.4TT

    0,3)(TTT

    0,3)(TTT

    )10,3(1)(TT0

    T

    TTaTSs

    T

    TaTS

    aTS

    T

    TaTS

    DCvgVe

    CvgVe

    vgVe

    BvgVe

    (E3. 7)

    Os tipos de aco ssmicas, tipo 1 e tipo 2, so os mesmos que definidos anteriormente para a

    componente horizontal.

    A componente vertical deve ser considerada apenas se o valor de acelerao de pico no solo,

    vga , for superior a 0,25g e se a estrutura em anlise verificar uma das seguintes condies [29]:

    1. Elementos estruturais com um desenvolvimento em planta superior a 20 metros

    2. Consolas horizontais maiores que 5 metros

    3. Elementos horizontais pr-esforados

    4. Elementos porticados

    5. Estruturas com isolamento base

    Os efeitos da componente vertical da aco ssmica podem ser combinados com os efeitos da

    componente horizontal da aco ssmica caso sejam ambos relevantes para o sistema

    estrutural.

    a. EdzEyEdx EEE ""30,0""30,0 ++ (E3. 8)

    b. EdzEyEdx EEE 30,0""30,0"" ++ (E3. 9)

    c. EdzEyEdx EEE 30,0""""30,0 ++ (E3. 10)

    Em que, ""+ significa combinado com, EdzE representa os efeitos da aco ssmica na

    direco vertical.

    3.4.6. Espectro de dimensionamento para a Exigncia de No Colapso

    O espectro de dimensionamento resulta da afectao do espectro de resposta elstico pelo

    coeficiente de comportamento respectivo. Este coeficiente permite efectuar uma reduo dos

    resultados obtidos numa anlise elstica linear para os resultados de uma anlise no linear. O

    coeficiente de reduo uma medida da capacidade de dissipao de energia da estrutura.

  • 8/8/2019 Reforco Sismico de Edificios de Betao Armado

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    21

    Este mtodo permite que se evitem as anlises no lineares, muito complexas, e que o

    comportamento inelstico da estrutura seja estimado de um modo simples.

    As equaes que definem o espectro de resposta de dimensionamento )(TSd , para a direco

    horizontal, so as seguintes:

    =

    =

    =

    +=

    g

    DCg

    d

    g

    Cg

    d

    gd

    Bgd

    a

    T

    TT

    qSa

    TS

    a

    T

    T

    qSa

    TS

    qSaTS

    qT

    TSaTS

    2D

    DC

    CB

    B

    5,2

    )(TT

    5,2

    )(TTT

    5,2)(TTT

    )3

    25,2(

    3

    2)(TT0

    (E3. 11)

    Em que, 6 o coeficiente que corresponde ao limite inferior do espectro de clculo horizontal.

    O valor mnimo definido para o coeficiente de comportamento 1=q e o mximo valor

    recomendado, para a componente vertical da aco ssmica, 5,1=q . Contudo, a adopo de

    valores superiores possvel segundo a clusula 3.2.2.5 (7) do EN 1998-1: 2004 [1].

    Na direco vertical so usadas as mesmas equaes para a definio do espectro de

    dimensionamento, apenas substituindo vga por ga e tomando o factor do solo S igual a 1.

    Onde, vga obtidomultiplicando ga por 0,9 e por 0,45, respectivamente, para a aco ssmica

    prxima e para a aco ssmica afastada [1].

    Os restantes parmetros so definidos de forma idntica ao referido anteriormente para a

    direco horizontal.

    Os valores dos parmetros das aceleraes mximas nominais ga , vga (cm.s-2), do factor do

    solo S, e dos perodos dependentes das condies geotcnicas ( BT , CT , DT ) so os definidosnos quadros seguintes, segundo a Pr-Norma Nacional de 2007 [3].

    Quadro 3. 2: Aco ssmica prxima (tipo 2).

    Zona ga (cm.s-2)

    BT (s) CT (s) DT (s)

    1 150

    2 100

    3 78

    0,10 0,25 2,00

    6

    Nos Anexos Nacionais dever constar o valor a ser definido em cada territrio. O valor recomendado 0,2.

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    22

    Quadro 3. 3: Aco ssmica afastada (tipo 1).

    Zona ga (cm.s-2

    ) BT (s) CT (s) DT (s)

    1 250

    2 1803 110

    4 70

    0,10 0,60 2,00

    Os valores recomendados pelo Eurocdigo 8 para a anlise das componentes horizontal e

    vertical, para os dois tipos de espectro de resposta elstico e para as diferentes classes de

    solos, encontram-se definidos nas tabelas 3.2 e 3.3 do EN 1998-1: 2004 [1].

    3.4.7. Deslocamento de dimensionamento do solo

    O deslocamento de dimensionamento do solo pode ser estimado a partir da expresso

    seguinte caso no sejam efectuados estudos especiais que indiquem o contrrio.

    DCgg TTSad = 025,0 (E3. 12)

    3.4.8. Representaes alternativas da aco ssmica

    Os tipos de representao alternativa da aco ssmica so definidos como acelerogramas

    artificiais, registados e simulados.

    Os acelerogramas artificiais, como ilustrado na figura 3.4, constituem uma opo preconizada

    pelo Eurocdigo 8 e devem ser gerados de modo a igualar a resposta elstica, para um

    amortecimento viscoso de 5%.

    Figura 3. 4: Acelerograma artificial para a Aco Ssmica do tipo 1, Terreno tipo 1, Zona Ssmica Ado RSA.

    Os acelerogramas artificiais devero satisfazer as condies descritas no EN 1998-1: 2004 na

    clusula 3.2.3.1.2 bem como todas as hipteses inerentes [1].

    O EN 1998-1: 2004 preconiza tambm o recurso a acelerogramas gravados ou simulados,

    desde que as amostras utilizadas consigam reproduzir com exactido as condies

    sismolgicas e geotcnicas locais, e que os seus valores sejam reduzidos para o valor gSa da

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    zona a considerar. Esta representao deve satisfazer igualmente as condies descritas em

    EN 1998-1: 2004 na clusula 3.2.3.1.2 (4) [1].

    No caso de estruturas com caractersticas especiais, como estruturas que apresentem

    diferentes caractersticas dinmicas nas diferentes direces, deve ser utilizado um modeloespacial para definir a aco ssmica [1]. Sendo que estes modelos espaciais devem ser

    consistentes com o espectro de resposta elstica utilizado para a definio da aco ssmica.

    3.5. Combinao de aces

    A aco ssmica deve ser combinada com outras aces de acordo com a seguinte regra:

    ++

    ikiEdjK

    QAG,,2,

    """" (E3.13)

    Em que,

    jKG , Valor caracterstico das cargas permanentes.

    EdA Valor de dimensionamento da aco ssmica.

    ikQ , Valor caracterstico da aco varivel i.

    ikiQ ,,2 Valor quase permanente da aco varivel i. Os valores recomendados dos

    coeficientes i,2 esto definidos no Anexo A1 da Norma EN 1990 [13].

    Os efeitos da aco ssmica devem ser considerados com massas associadas segundo a

    combinao seguinte [1]:

    +i

    ikiEjK QG )*("" ,,, (E3. 14)

    Em que, iE, o coeficiente de combinao associado aco varivel ikQ , .

    3.6. Mtodos de anlise

    No dimensionamento de edifcios sujeitos aos efeitos da aco ssmica e das outras aces

    presentes na combinao ssmica, os mtodos de anlise que se utilizam so:

    a. Anlise Esttica Linear

    b. Anlise Dinmica Linear

    c. Anlise Esttica No Linear

    d. Anlise Dinmica No Linear

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    O mtodo de referncia para o dimensionamento ssmico de edifcios novos o mtodo linear

    dinmico, com recurso ao espectro de dimensionamento e usando um modelo elstico-linear

    [10]. Os restantes mtodos podem ser utilizados caso se verifiquem as condies de

    aplicabilidade.

    3.6.1. Anlise Esttica Linear

    A anlise linear atravs de foras estticas pretende simular as foras de inrcia mximas

    induzidas pela componente horizontal da aco ssmica, atravs de um conjunto de foras

    laterais aplicadas separadamente nas duas direces ortogonais horizontais.

    A aplicao deste mtodo pressupe que a resposta dinmica da estrutura comandada pelo

    primeiro modo de translaco na direco horizontal, na qual a estrutura est a ser analisada, e

    que s possvel proceder a uma simples aproximao desse primeiro modo se a estrutura forregular em altura [13].

    Por conseguinte, o EN 1998-1: 2004 [1] estipula que esta anlise s possa ser efectuada para

    edifcios novos:

    Se o edifcio for regular em altura.

    Se o perodo fundamental 1T no ultrapassar 2 segundos e 4 vezes o perodo de

    transio cT do respectivo espectro elstico de dimensionamento.

    Esta ltima condio garante que o primeiro modo tem um papel determinante na resposta

    ssmica da estrutura. Caso no se verifique tm que se considerar os modos mais elevados, o

    que implica o recurso a uma anlise modal com espectro de resposta [13].

    O EN 1998-1 preconiza que os modos fundamentais, nas direces horizontais de anlise,

    podem ser calculados recorrendo a mtodos da dinmica estrutural ou ento ser aproximados

    por meio de deslocamentos horizontais, is e js , que aumentem linearmente ao longo da altura

    do edifcio.

    Os efeitos da aco ssmica devem ser determinados aplicando nos dois modelos planos e em

    todos pisos as foras horizontais iF . Essas foras horizontais devem ser distribudas pelo

    sistema estrutural resistente lateral assumindo que os pisos so rgidos no seu plano.

    =

    j

    ji

    iibi

    ms

    msFF (E3.15)

    Em que,

    bF Fora de corte basal que deve ser calculada separadamente para direcohorizontal na qual a estrutura esteja a ser analisada.

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    im Massa ao nvel do piso i.

    mSF db )( 1= (E3.16)

    Em que,

    )( 1dS Valor do espectro de dimensionamento quando atingido o valor do perodo

    fundamental 1 na direco horizontal considerada.

    m Massa total do edifcio.

    Factor de correco que funo do nmero de pisos do edifcio e do perodo

    fundamental de vibrao. Se 1 2 c e se o edifcio tiver mais que dois pisos

    =0,85, caso contrrio =1.

    O Eurocdigo 8 estipula que o perodo fundamental, 1 , pode ser determinado atravs do

    mtodo de Rayleigh,

    =

    ii

    i

    ii

    F

    m

    2

    1 2 (E3. 17)

    Em que,

    i Deslocamento lateral do grau de liberdade i calculado atravs de uma anlise

    elstica linear numa estrutura sujeita a um conjunto de foras laterais iF

    aplicadas ao nvel dos pisos i.

    3.6.2. Anlise Dinmica Linear

    Este mtodo deve ser aplicado a todos os edifcios que no satisfaam as condies de

    aplicabilidade referidas anteriormente para os mtodos estticos lineares e pode ser aplicado a

    todo o tipo de estruturas.

    Os modos de vibrao que contribuam significativamente para a resposta global da estrutura

    devem ser considerados. Para que essa exigncia seja satisfeita deve ser verificada uma das

    seguintes condies:

    A soma das massas dos modos de vibrao considerados deve corresponder a pelo

    menos 90% da massa total da estrutura.

    Todos os modos de vibrao com massas superiores a 5% da massa total da estrutura

    devem ser considerados.

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    No caso de modelos espaciais, essas condies devem ser verificadas para todas as direces

    principais ou em alternativa, o nmero mnimo de modos de vibrao a considerar, quando se

    recorre a modelos espaciais, deve satisfazer as seguintes condies:

    nk .3 (E3. 18)

    sTk 20,0 (E3. 19)

    Em que,

    k Nmero de modos a considerar.

    n Nmero de pisos acima do solo.

    kT Perodo de vibrao do modo k.

    Combinao de respostas modais

    O Eurocdigo 8 define que dois modos (i e j) de vibrao podem se considerados

    independentes entre eles, se os seus perodos de vibrao respeitarem a condio:

    ij .9,0 (E3. 20)

    Nessa situao, o mximo valor do efeito aco ssmica considerada, EE , pode ser definido

    como a raiz do somatrio dos quadrados dos efeitos da aco ssmica, EiE , nos diferentes

    modos de vibrao i.

    =2EiE EE (E3. 21)

    Caso, os modos no sejam considerados como independentes, o Eurocdigo 8 preconiza o

    recurso Combinao Quadrtica Completa (CQC).

    3.6.3. Anlise Esttica No Linear

    A anlise esttica no linear, ou Pushover Analysis, constitui o mtodo de referncia para a

    avaliao e reforo de estruturas existentes. Consiste numa anlise esttica no linear sujeita a

    cargas gravticas constantes, com um acrscimo monotnico de cargas horizontais aplicadas

    no centro de massa ao nvel de cada piso. Este mtodo encontra-se incorporado no

    Eurocdigo 8, de acordo com a seguinte formulao:

    No existem condicionantes relativas aplicabilidade do mtodo derivadas da falta de

    regularidade, quer em altura, quer em planta.

    Para a anlise de um edifcio no-regular exigido um modelo espacial.

    Para edifcios denominados como regulares dois modelos so aplicados, um modelo

    uniforme correspondente a um modo de translaco rgida e outro modelo, modal,

    correspondente ao modelo de foras de inrcia do primeiro modo da respectivadireco considerada.

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    As verificaes so sempre realizadas para a direco mais desfavorvel.

    Um dos resultados mais importantes deste tipo de anlises a Curva de Capacidade, que

    representa a relao entre o valor do esforo transverso na base da estrutura V, em funo do

    deslocamento de topo .Esta curva deve ser determinada por meio de uma anlise esttica no linear para valores do

    deslocamento que variam entre 0 e 150% do valor do Deslocamento Objectivo, que define a

    exigncia ssmica, em termos de deslocamentos, derivada de um oscilador de um grau de

    liberdade (equivalente) a funci