postal 1160 - 8 abr 2016

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Doentes com cancro da mama sentem falta de acompanhamento > p. 7 Obra da loja IKEA e centro comercial arrancam em Loulé ECONOMIA > 3 D.R. ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR 1,60 PUB D.R. > A promessa é de Sebastião Teixeira, responsável pela Polis Litoral Ria Formosa, que garante tudo pronto até ao início da época balnear, isto é 15 de Junho. Autarcas, esses, sem resposta oficial aos of ícios enviados à Polis, estão duvidosos quanto à exequibili- dade dos prazos. p. 4 Polis promete obras na Praia de Faro concluídas até Junho MÓNICA MONTEIRO Associação Semear Saúde: Portimão novamente à espera de visto no PAEL AUTARQUIAS > 5 D.R. Estações da biodiversidade: Algarve vai ser líder a nível nacional EM FOCO 2 CONSTRUÇÃO DA LOJA IKEA E CENTRO COMERCIAL ARRANCAM EM LOULÉ 3 POLIS GARANTE CONCLUSÃO DAS OBRAS DA PRAIA DE FARO ATÉ JUNHO 4 PAEL DE PORTIMÃO NOVAMENTE À ESPERA DA LUZ VERDE DO TRIBUNAL DE CONTAS 5 REDE VIÁRIA RENOVADA EM LUZ DE TAVIRA E SANTO ESTÊVÃO 8 CLASSIFICADOS 9 Tavira continua aposta na rede viária > 8 OBRAS D.R. > 5 > 2 /postaldoalgarve 40.780 Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1160 • Quinzenário à sexta-feira • 8 de Abril de 2016 • Preço 1,50

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Page 1: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

Doentes com cancro da mama sentem falta de acompanhamento

> p. 7

Obra da loja IKEAe centro comercial arrancam em Loulé

ECONOMIA

> 3

d.r.

ÀS SEXTAS EMCONJUNTO COM OPÚBLICO POR €1,60

PUB

d.r.

> A promessa é de Sebastião Teixeira, responsável pela Polis Litoral Ria Formosa, que garante tudo pronto até ao início da época balnear, isto é 15 de Junho. Autarcas, esses, sem resposta oficial aos ofícios enviados à Polis, estão duvidosos quanto à exequibili-dade dos prazos. p. 4

Polis promete obras na Praia de Faro concluídas até Junho

mónica monteiro

Associação Semear Saúde:

Portimão novamente à espera de visto no PAEL

AUTARQUIAS

> 5

d.r.

Estações da biodiversidade:

Algarve vai ser líder a nível nacional

EM FOCO 2 CONSTRUÇÃO DA LOJA IKEA E CENTRO COMERCIAL ARRANCAM EM LOULÉ 3 POLIS GARANTE CONCLUSÃO DAS OBRAS DA PRAIA DE FARO ATÉ JUNHO 4

PAEL DE PORTIMÃO NOVAMENTE À ESPERA DA LUZ VERDE DO TRIBUNAL DE CONTAS 5 REDE VIÁRIA RENOVADA EM LUZ DE TAVIRA E SANTO ESTÊVÃO 8 CLASSIFICADOS 9

Tavira continua aposta na rede viária

> 8

OBRASd.r.

> 5

> 2

Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1156 • Quinzenário à sexta-feira • 5 de Fevereiro de 2016 • Preço € 1,50

/postaldoalgarve 40.780

Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1160 • Quinzenário à sexta-feira • 8 de Abril de 2016 • Preço € 1,50

Page 2: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

em foco

2 | 8 de Abril de 2016

Ô Um louva-a-deus fotografado na estação da biodiversidade da Boca do Rio em Vila do Bispo

Ricardo Claro / Mónica Monteiro [email protected]

“O ALGARVE vai ser até ao final deste ano a região do país com maior número de estações da biodiversidade da rede EBIO”, a revelação foi feita ao POSTAL por Patrícia Garcia Pereira, pre-sidente da TAGIS e investigadora no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Neste momento com cinco es-tações - Boca do Rio (Vila do Bis-po), Pico Alto (Silves), Barranco do Velho e Tôr (Loulé) e Ribeira de Alportel (São Brás de Alpor-tel) -, a região tem actualmente o mesmo número destes equipa-mentos que a Beira Litoral, mas até ao final deste ano, com a abertura das estações da Ribeira de Quarteira (Albufeira), Praia da Amoreira (Aljezur) e Barragem da Bravura (Lagos), será a líder nacional.

O QUE SÃO AS ESTAÇÕES DA BIODIVERSIDADE As estações da biodiversidade são percursos pedestres curtos de até três qui-lómetros, sinalizados com um conjunto de painéis informativos que dão aos visitantes informa-ções sobre as riquezas biológicas a observar no local. As estações são criadas pela TAGIS - Centro de Conservação das Borboletas de Portugal e integram a rede nacio-nal EBIO criada para agregar sob um mesmo ‘guarda-chuva’ todos estes equipamentos, bem como, aglutinar toda a informação so-bre os mesmos e toda a recolha de dados de observação realizada pelos visitantes.

A nível nacional a rede EBIO dispõe de 24 estações da biodi-versidade espalhadas por todo o Portugal continental.

CHAMAR AS PESSOAS A DESEM-PENHAREM UM PAPEL ACTIVO Mais do que conhecer os per-cursos das estações e a sua bio-diversidade, o que estes equipa-

mentos pretendem é envolver as pessoas no processo de conheci-mento, tirando-as do seu papel de mero espectador da paisagem e da natureza.

“As estações são recursos fixos em locais de elevado património natural em que o grande objeti-vo é promover a participação das pessoas na observação e registo da biodiversidade, portanto as estações servem para as pessoas terem um papel activo”, refere a responsável da TAGIS.

Em cada estação, continua a bióloga, “existem nove painéis, sendo que o primeiro apresen-ta uma introdução e um mapa do percurso pedestre e os outros oito têm conteúdos específicos para servir de guia de campo, que chama a atenção das pesso-as para espécies a observar”.

“O que queremos é tornar os percursos mais interessantes, in-formativos e interactivos com os visitantes”, refere, acrescentando que se pretende que as pessoas “vão passear, mas que façam o registo das espécies que vêem e coloquem, no portal on-line BioDiversity4All (http://www.biodiversity4all.org/) as fotos dos exemplares que encontram e a informação que recolhem, aju-dando assim a complementar o banco de dados de acesso pú-blico e contribuindo para a mo-nitorização ambiental daquele percurso”. “É esta a filosofia do projecto”, remata.

QUANTO CUSTA UMA ESTAÇÃO As estações da biodiversida-de criadas pela TAGIS custam aproximadamente cinco mil euros, contando já com o traba-lho científico e de campo, o ma-terial, os painéis e a impressão, a edição da informação, o design gráfico e a tradução para inglês, uma vez que os painéis são todos bilíngues.

Exactamente o valor dispendi-do pela Câmara de Aljezur para a criação da estação da Praia da

Amoreira, que abrirá antes do Verão naquele concelho.

José Amarelinho destaca que este investimento foi “integral-mente suportado pela Câmara”, mas que será largamente com-pensado pelo impacto da criação de mais uma valia ambiental / turística.

O presidente da Câmara afir-mou ao POSTAL que a medida se insere na política da autarquia de “implementar uma cultura de desenvolvimento sustentável no concelho, que passa muito pelas questões ambientais - de facto, o turismo de natureza encaixa perfeitamente nesta estratégia de desenvolvimento - e mostra um outro Algarve, que se pre-servou, sustentável e com valo-res naturais”.

“É um investimento que vai beneficiar os alojamentos local, de turismo em espaço rural e de habitação turística. Esta é afinal a nossa rede de alojamento, uma rede turística que ultrapassa cada vez mais a sazonalidade”, refere o autarca, sublinhando

que, “esta é uma rede que de facto funciona durante todo o ano e que já não é só geradora de riqueza em Agosto”.

“Assim se ajuda a economia local e outra coisa muito im-portante é que se criam novos targets, muito específicos, de pessoas que estão ligadas às caminhadas e a este tipo de turismo que tem a ver com a preservação e contemplação da natureza. São pessoas que ficam alojadas nas nossas unidades hoteleiras de baixa densidade, obviamente, e isso é muito in-teressante para nós”, remata o presidente aljezurense.

SÃO BRÁS CONSIDERA A CRIA-ÇÃO DA ESTAÇÃO DA RIBEIRA DE ALPORTEL UMA APOSTA GA-NHA Quem já tem uma estação a funcionar é São Brás de Alportel e Vítor Guerreiro, presidente da câmara local, considera este in-vestimento “uma aposta ganha”.

“A estação de biodiversidade para nós é muito importante porque vai ao encontro da pre-

servação de algo que nós temos como muito valioso, a fauna e a flora. Monitorizando a estação de biodiversidade como temos feito também nos aperceber-mos da forma como vai estando o ecossistema, nomeadamente aquela área”, diz o autarca.

Vítor Guerreiro acrescenta que a estação “é muito im-portante para conseguirmos captar turistas e visitantes, ser-vindo também, e muito, para sensibilizar as camadas mais jovens. Temos uma parceria com a Quinta Pedagógica do Peral e temos levado lá as nos-sas turmas, dando aos alunos a oportunidade de estudar mais sobre a natureza do concelho”.

Quanto aos custos de ma-nutenção, a Câmara consi-dera que são aceitáveis face aos benefícios. O presidente recorda que “no ano passado os painéis foram remodelados devito ao desgaste provocado pelo sol”, mas sublinha que “a estrutura tem sido respeitada” pelos visitantes.

O IMPACTO REGIONAL E O FUTU-RO DA REDE DE ESTAÇÕES Para Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, “as estações são muito importan-tes para que as pessoas tenham acesso a informações qualifica-das e científicas sobre a nossa fauna e flora, que interessam aos adeptos destas temáticas”.

“As estações contribuem cla-ramente para ajudar um turista que se desloca até à região para apreciar uma determinada es-pécie no âmbito da fauna a ter uma informação mais comple-ta e assim as pessoas vão daqui com a certeza de que a região se preocupa em ajudar naquilo que é o hobby desses turistas”, reforça.

O responsável pela pasta do turismo na região conclui que “o que é importante é agarrar todas as possibilidades e pro-mover turismo que atraia as pessoas não só no Verão mas também numa altura mais cal-ma, entre Outubro e Maio, e isto é fundamental para uma região que se quer afirmar com uma sustentabilidade que não seja só de seis meses mas do ano todo”.

Quanto ao futuro, dia 23 de Maio será inaugurada a estação da Ribeira de Quarteira, faltan-do depois as da Barragem da Bravura, em Lagos, sem data de abertura prevista, e da Praia da Amoreira, em Maio ou Junho.

“Para termos toda a diversi-dade da região era importante ter uma estação em Monchique, na Ria Formosa, e no Sapal de Castro Marim. Já foram enviadas as propostas mas ainda não tive-mos grandes respostas”, refere a responsável da TAGIS.

Um desafio lançado às au-tarquias para criarem estrutu-ras que constituem verdadeiras mais-valias para os respectivos concelhos e para a região com um investimento relativamente baixo e com elevada capacidade de retorno.

Algarve vai ser a região com mais estações da biodiversidade no paísRegião terá até ao final do ano oito equipamentos do género e passa a liderar em número de estações da biodiversidade a rede nacional EBIO

foto: rui andrade

Ô Um dos painéis informativos utilizados

nas estações da biodiversidade

Page 3: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

8 de Abril de 2016 | 3

região

Construção da Loja IKEA e centro comercial arrancam em LouléIKEA revela primeiras marcas âncora que vão integrar o complexo comercial IKEA. Primark, Zara, Massimo Dutti e Pingo Doce são alguns dos pesos pesados da área de distribuição que vão marcar presença no novo gigante comercial

Ricardo [email protected]

OS EDIFÍCIOS DA LOJA IKEA E DO CENTRO COMERCIAL do complexo comercial IKEA em Loulé, junto ao Estádio do Algar-ve, vão entrar na fase de constru-ção, apurou o POSTAL junto de uma fonte ligada à obra contro-lada pela IKEA Centres Portugal.

A notícia avançada pelo POS-TAL ON-LINE em primeira mão na passada semana confirmou--se na segunda-feira desta sema-na, com a maquinaria pesada destinada ao início da constru-ção a chegar ao local da obra.

“A fase de construção de infra--estruturas gerais já está muito avançada e os dois lotes desti-nados a receber a loja IKEA e o centro comercial estão pron-tos para serem entregues aos empreiteiros que vão construir cada um destes edifícios”, referiu ao POSTAL a fonte que prefere o anonimato.

“Os dois lotes estão já terra-planados e preparados para se iniciarem as obras e os respec-tivos empreiteiros já estão a instalar no local os contentores destinados a receber as respecti-vas equipas técnicas, bem como uma cantina que vai ser criada dentro do espaço de obra para os trabalhadores”, acrescentou.

O POSTAL pôde constatar no local que os lotes estão efectiva-mente definidos e que os con-tentores em questão estão já na zona da obra onde futuramente nascerão os parques de estacio-namento a céu aberto

PRIMARK VAI TER LOJA E CHEGA ASSIM AO SOTAVENTO O gran-de trunfo do complexo IKEA para atrair consumidores é em definitivo a loja IKEA, a única na região e que disponibilizará aos visitantes mobiliário e decoração a baixo custo, criando uma nova centralidade comercial regional em Loulé.

Mas nem só desta aposta se faz o negócio e a IKEA Centres Portugal anunciou já que entre as marcas âncora a estar presen-tes no complexo estará a pode-rosa Primark, que arrasta muitas pessoas até Portimão, onde tem por enquanto a sua única loja no Algarve. A marca de roupa que aposta no segmento ‘low cost’ abrirá a loja no compelxo comercial IKEA e passa assim a estar presente no Sotavento.

Marcas como a Zara são apre-sentadas como estando presen-tes na área comercial, bem como a Worten, a Massimo Dutti, a Mango e a Sfera, a par do Pingo Doce, o supermercado do gi-gante nacional da distribuição alimentar Jerónimo Martins.

Um conjunto de peso para todos os concorrentes da região na área das grandes superfícies comerciais e, muito em parti-cular, para o Forum Algarve em Faro, que vê nascer a menos de 10 minutos de viagem de carro um colosso de oferta comercial.

PRINCIPAL ENTRADA FAR-SE--Á ATRAVÉS DE PASSAGEM IN-FERIOR À EN 125-4 Além disso pode já perceber-se claramen-te a estrutura de arruamentos internos do complexo comer-cial IKEA, estando também já construídas parte das rotundas que permitirão a ligação entre as várias áreas do complexo co-mercial que acolherá além da

loja IKEA e do centro comercial, um outlet e duas lojas comer-ciais de grande dimensão (lojas stand alone) com, respectiva-mente, 11.453 e 8.682 metros quadrados.

Em construção está já tam-bém a passagem inferior que permitirá a entrada no comple-xo comercial ao trânsito oriun-do da A22 (Via do Infante) e da EN 125-4 (que liga o Estádio do Algarve a Loulé) no sentido Faro - Loulé.

A passagem inferior está a ser construída sem corte de trânsito da EN 125-4, recorrendo-se ape-nas a um estreitamento de via, permitindo a construção faseada deste que será o principal acesso ao complexo comercial IKEA.

ABERTURA EM 2017 FAR-SE-Á COM LOJA IKEA E CENTRO CO-MERCIAL A abertura do com-plexo comercial IKEA prevista para 2017, durante o primeiro semestre do ano, far-se-á em princípio com a inauguração do centro comercial (com 110 lojas) e da loja IKEA propriamente dita (com uma área de 21.300 metros quadrados).

Estes dois edifícios foram os primeiros a obter licenciamento pela Câmara de Loulé e podem, agora que os lotes “estão defini-dos, terraplanados e subidos à cota final de construção”, avan-çar em pleno.

Já com o processo de licencia-mento a decorrer, como disse ao POSTAL o presidente da Câmara

de Loulé, Vítor Aleixo, está o edi-fício do outlet, com mais 110 lo-jas e que ficará localizado a nor-deste do complexo comercial e que só avançará para construção mais tarde.

“O lote que receberá o outlet ainda está em fase de acaba-mento dos trabalhos de terra-planagem e que se saiba ainda não está escolhido o empreitei-ro para a respectiva construção”, acrescentou ao POSTAL a fonte ligada ao processo de construção daquele que será o maior com-plexo comercial do Algarve.

IKEA APOSTA NUM UNIVERSO DE 380 MIL CONSUMIDORES A MENOS DE MEIA-HORA DE DIS-TÂNCIA EM CARRO O complexo

IKEA terá, quando iniciar a sua actividade, a mais privilegiada rede de acessos viários de todas as áreas comerciais do Algarve.

De acordo com a IKEA Centres Portugal, o universo de consumi-dores da estrutura será de 157 mil habitantes a uma distância de zero a dez minutos e de 222 mil habitantes a entre 10 e 30 minutos de viagem.

A estes somam-se 262 mil con-sumidores a uma distância de 30 a 60 minutos e, finalmente, 215 mil consumidores potenciais a uma distância de viagem de carro de 60 a 90 minutos. Tudo num total de 756 mil consumi-dores potenciais, que vão desde Alvalade no Alentejo, a norte, a Almonte, em Espanha, a Leste, abrangendo todo o Algarve e parte importante do sul do Bai-xo Alentejo.

Ao futuro IKEA poderá chegar-se de carro através da A22 para as deslocações de maior distância, quer para os consumidores da província de Huelva, na Andaluzia, e do so-tavento algarvio, quer para os consumidores oriundos barla-vento e do Alentejo. A A22 será ainda acesso preferencial para os habitantes das zonas nordes-te do concelho de Faro e de São Brás de Alportel, uma vez que o troço da A22 entre o nó de São Brás e o nó do Estádio da Via do Infante é gratuito.

Para as populações que vivem a menor distância o complexo conta com acessos através da EN 125-4, oriundos de Loulé (cidade e zona norte do concelho), Faro e Olhão.

Os residentes nas zonas de Almancil, Quarteira, litoral do concelho de Loulé, e Albufeira poderão chegar facilmente ao IKEA através da EN 125, utili-zando a futura variante do Troto, que liga as Quatro-Estradas de Loulé ao Estádio Algarve e que se encontra em fase avançada de construção.

Ô Maqueta do complexo comercial IKEA, da direita para a esquerda a loja IKEA, o centro comercial ao centro e o outlet no extremo esquerdo

fotos: ricardo claro / d.r.

PAEL de Portimão novamente à espera da luz verde do Tribunal de Contas pág. 5

Ô Os lotes que receberão a loja IKEA e o centro comercial Ô Os contentores destinados aos trabalhadores das obras

Page 4: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

Ricardo Claro / Ivo [email protected]

SEBASTIÃO TEIXEIRA, respon-sável pela Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, afirmou ao POSTAL que “todas as obras em curso na Praia de Faro estarão terminadas até ao início da época balnear”, o que no concelho de Faro signifi-ca até 15 de Junho.

A promessa do responsável pelo Programa Polis é a respos-ta às preocupações manifestadas pelos autarcas farenses Rogério Bacalhau e Steven Piedade, res-pectivamente presidente da Câ-mara e da Junta de Freguesia do Montenegro.

Os receios de que a obra possa derrapar para plena época alta surgiram na comunicação so-cial no final da passada semana, coincidência ou não, após a pu-blicação pelo POSTAL on-line de uma notícia referente às obras de construção do passadiço contí-guo ao acesso à ponte da Praia de Faro, de requalificação do próprio acesso e de construção do parque de estacionamento exterior à praia.

“TUDO ESTÁ A CORRER DENTRO DA NORMALIDADE”, DIZ SE-BASTIÃO TEIXEIRA Sebastião Teixeira afirma a conclusão das obras até ao início da época balnear, fundando a afirmação no facto de “estar a correr tudo dentro da normalidade”.

O responsável da Polis diz que

“os trabalhos não estão parados”, numa resposta a Steven Pieda-de, mas que “os trabalhadores estão a trabalhar nos estaleiros na construção das estruturas de betão que permitirão criar duas passagens hidráulicas por debai-xo do acesso à ponte”.

“Os trabalhos regressarão ao local da obra até ao fim da sema-na [hoje sexta-feira]”, acrescenta Sebastião Teixeira.

UMA OBRA DIFÍCIL DE CONCLUIR DENTRO DOS PRAZOS Mas a ver-dade é que as dúvidas continu-am a ser muitas quanto à execu-ção da obra no apertadíssimo prazo avançado por Sebastião Teixeira.

Segundo o calendário das intervenções, o parque de esta-cionamento exterior, que está

a ser criado junto ao aeroporto - na curva de entrada no aces-so à ponte - tem uma execução de 150 dias ou cinco meses, en-quanto para o acesso à praia e criação do passadiço pedonal e ciclável a execução está fixada em 210 dias, ou seja, sete meses.

Ora, com os trabalhos a arran-carem no local no início de Mar-ço, a simples contagem dos res-pectivo prazos fazem com que o parque só seja previsível estar concluído no início de Agosto e o acesso e passadiço no início de Outubro.

Aos prazos e mesmo que se acelere a obra aumentando a força de trabalho - recorde-se que no acesso à ponte e segun-do Steven Piedade, “os trabalhos estão parados há três semanas” - a verdade é que o local onde a

obra do acesso está a ser execu-tada, uma zona lagunar sujeita ao efeitos e problemas das ma-rés, constituirá sempre um risco para o cumprimento de prazos apertados.

No entanto, Sebastião Teixei-ra, confrontado pelo POSTAL sobre se existe ou não um plano de contingência para possíveis

dificuldades, diz que “não há qualquer plano de contingên-cia” porque a obra está a decor-rer normalmente.

A tudo isto soma-se o aumen-to exponencial de utilizadores da praia até ao início da época bal-near, em particular aos fins-de--semana, e caso a obra se atrase a concentração motard tornará a situação caótica caso decorra ainda com trabalhos em curso no acesso à ponte.

ROGÉRIO BACALHAU PEDE AN-TECIPAÇÃO DOS TRABALHOS RELATIVOS AO ACESSO À PRAIA O autarca farense Rogério Ba-calhau enviou à Sociedade Polis um ofício onde manifesta a sua preocupação com a situação e adiantou ao POSTAL que soli-citou a antecipação da obra no que respeita ao acesso à ponte propriamente dito. “Solicitei que se fizesse um reescalonamento da obra e que em termos de ca-lendarização se desse priorida-de à requalificação do acesso à praia e gradualmente se deixas-se para mais tarde a construção do passadiço ciclável e pedonal”, afirma.

“Espero que as obras terminem dentro do prazo, de forma a que nós possamos chegar à praia com toda a comodidade sem ter de passar por algum transtorno”, diz o presidente que reconhece que “sem obras temos alguns cons-trangimentos, mas com obras eles duplicarão, no mínimo”.

STEVEN PIEDADE ALERTA AUTO-RIDADES PARA QUE “ACORDEM E COMECEM A TRABALHAR” Quem também tem muitas dúvidas face à probabilidade das obras acabarem dentro do prazo é o presidente da Junta de Freguesia do Montenegro que oficiou a Sociedade Polis,

pedindo esclarecimentos e fez publicamente “um alerta para ver se as autoridades acordam e começam a trabalhar”, disse ao POSTAL.

O autarca reforça que “há sensivelmente três semanas que abriram o buraco que lá está e a obra ainda não teve evolução, estou apreensivo e preocupado porque já estamos em Abril e a época (balnear) começa a 15 de Junho, com a concentração mo-tard a realizar-se em meados de Julho”.

Ainda sem resposta oficial da Polis até à hora de fecho desta edição do POSTAL os autarcas mantêm as dúvidas

região

4 | 8 de Abril de 2016

Polis garante conclusão das obras da Praia de Faro até JunhoAutarcas farenses com sérias dúvidas mantêm preocupação e pedem esclarecimentos a Sebastião Teixeira

fotos: d.r.

Ô As obras já obrigam à circulação alternada de trânsito no acesso à ponte da Praia de Faro

Congresso internacional debate interdisciplinaridade na UAlg pág. 6

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Ô Steven Piedade

Ô Rogério Bacalhau

Page 5: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

região

8 de Abril de 2016 | 5

d.r.

Falta acompanhamento no cancro da mama pág. 7

Ô Isilda Gomes continua a investir no que é imprescindível

PAEL de Portimão novamente à espera da luz verde do Tribunal de ContasIsilda Gomes novamente em suspenso de uma decisão para poder injectar liquidez na autarquia e livrar-se da pesada herança de Manuel da Luz

Ricardo [email protected]

A CÂMARA DE PORTIMÃO viu por fim aprovada a sua can-didatura ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), no âmbito do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), sendo assim a últi-ma autarquia a receber a apro-vação do Governo ao pedido de

empréstimo solicitado ao Esta-do. Porém, esta aprovação care-ce ainda do aval do Tribunal de Contas, o que mantém em sus-penso a efectividade da entrada de dinheiro fresco na autarquia e o efectivo pagamento das dívi-das aos fornecedores.

“O montante do empréstimo rondará os 137 milhões e vai ser-vir para combater uma dívida de

cerca de 145 milhões de euros”, confirmou ao POSTAL Isilda Go-mes, presidente da autarquia.

A câmara portimonense já se confrontou com várias tentativas frustradas de ver resolvida esta questão e só na última, feita há cerca de um ano, foi aprovada pelas Comissão Executiva e de Acompanhamento do FAM, pelo que a aprovação por parte do Tri-

bunal de Contas pode encerrar um longo processo de seis anos.

O visto de aprovação do Tri-bunal de Contas será solicitado após a aprovação do programa pelos órgãos autárquicos e essas reuniões estão marcadas para a próxima semana, avançou ao POSTAL Isilda Gomes.

VISTO DO TRIBUNAL DE CONTAS SEM CERTEZAS A responsável pela autarquia diz não ter ne-nhuma convicção relativamente, quer ao chumbo, quer à aprova-ção da candidatura pelo Tribu-nal de Contas, referindo que a única realidade é que o plano de ajustamento municipal foi apro-vado pela comissão de acompa-nhamento, mais nada.

Apesar das dificuldades por que tem passado, a presidente afirma que se continua a inves-tir naquilo que é indispensável e imprescindível, como jardins, ar-ruamentos, ou parques infantis, mesmo que não existam novas medidas de angariação de recei-tas. Antes pelo contrário, refere a autarca, tínhamos a taxa munici-pal de protecção civil e prescin-dimos dela”.

A autarquia vai, com este em-préstimo, saldar as dívidas herda-das do anterior executivo lidera-do pelo socialista Manuel da Luz, tendo contactado os credores com créditos superiores a 20 mil euros, no sentido de tentar reduzir os va-

lores reclamados e de renegociar os prazos de amortização.

Mais de três milhões da dí-vida inicial de 150 milhões foi entretanto saldada em Maio do ano passado por decisão de Isilda Gomes, o que permitiu o pagamento a centenas de cre-dores. Esta situação só foi pos-sível em virtude da prioridade que foi assumida pelo executivo municipal de afectar uma parte significativa da colecta do IMI ao pagamento de dívidas antigas, permitindo deste modo a injec-ção na economia local de cerca de 3,65 milhões de euros.

Recorde-se que grande parte

da dívida reporta-se a forneci-mentos à Câmara de Portimão e à empresa municipal Portimão Urbis entre 2010 e 2014.

No final de 2012, a Câmara de Portimão registava uma dívida a fornecedores de 133 milhões de euros e, segundo a Direcção-Ge-ral das Autarquias Locais, era o município pior pagador do país, demorando em média cerca de dois anos e meio a efectuar os pagamentos.

A situação tem registado me-lhorias, mas o peso de uma he-rança de dívida monstruosa não tem tornado nada fácil o traba-lho de Isilda Gomes.

FEIRA DE VIAGENS

Algarve é ‘Região Convidada’ do Mundo AbreuO ALGARVE É A “REGIÃO CON-VIDADA” do Mundo Abreu, uma das maiores feiras de viagens de venda directa ao pú-blico da Europa, que no fim de semana de 9 e 10 de Abril ocu-pará todo o pavilhão 3 da FIL, em Lisboa.

Expositor de primeira linha nas várias edições do evento, a Região de Turismo do Algarve (RTA) renova, assim, a aposta na promoção interna do maior

destino de férias dos portugueses – onde realizaram cerca de 3,9 milhões de dormidas no último ano – e assume maior visibilida-de na campanha de comunica-ção multimeios do evento.

Em 2016, a oferta turística do Algarve ocupará um espaço central exclusivo na feira, de 700 metros quadrados, onde a RTA marca presença com um balcão de atendimento e uma zona lounge. Além disso, a brochura

com ofertas de férias Portugal Sensacional, já em distribuição, dedica mais de duas dezenas de páginas ao “mais popular des-tino turístico de Portugal, e um dos mais conhecidos da Europa”.

A feira decorre no sábado (9 de Abril), das 11 às 22 horas, e domingo, das 11 e as 20, sendo esperada “uma corrida às reser-vas de férias no Algarve dos mais 120 mil visitantes esperados pela organização”, revela a RTA.

NOTARIADO PORTUGUÊSJOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA

NOTÁRIO em TAVIRACertifico:

Que no dia 01-04-2016, a folhas 116, do livro de notas para es-crituras diversas número 182–A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, ANTÓNIO FERNANDES MARTINS, NIF 168.550.539, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e mulher ANTÓNIA CARDEIRA FERNANDES MARTINS, NIF 168.550.520, natural da referida freguesia de Cachopo, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, re-sidentes na Rua José Sousa Carrusca, número 7, 2.º Esq.º, Faro, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios, todos sitos na freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e não descritos na Conservató-ria do Registo Predial de Tavira, a saber:

UM – Urbano, composto por edifício térreo, destinado a ha-bitação, sito em Grainho – Cachopo, com a superfície coberta de setenta e seis metros quadrados e a superfície descoberta de sessenta e dois metros quadrados, que confronta do norte e poente com caminho público, do sul com Fernando Teixeira Rodrigues e outro e do nascente com João Fernandes Martins e outro, inscrito sob o artigo 2.232;

DOIS – Rústico, sito em Várzea da Oliveira, que consta de terra cultura, pastagem e uma oliveira, com a área de noventa metros quadrados, que confronta do norte com caminho, do sul com ribeiro, do nascente com Manuel Mendes e do poente com Antó-nio Fernandes, inscrito sob o artigo 8.629;

TRÊS – Rústico, sito em Umbria da Junqueira, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte e poente com herdeiros de António Fernandes, do sul com caminho público e do nascente com José da Conceição, inscrito sob o artigo 7.761;

QUATRO – Rústico, sito em Barro, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de cento e cinquenta metros quadrados, que confronta do norte com herdeiros de António Fernandes, do sul com Manuel Rodrigues, do nascente com José Teixeira e do poente com Augusto da Conceição, inscrito sob o artigo 7.857;

CINCO – Rústico, sito em Chada, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de quatrocentos e quarenta metros qua-drados, que confronta do norte com Augusto da Conceição, do sul com José Conceição, do nascente com António Miguel e do poente com Manuel Jacinto, inscrito sob o artigo 8.015;

SEIS – Rústico, sito em Pocinho, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte com herdeiros de Manuel João Martins, do sul com herdeiros de António Fernandes, do nascente com José de Sousa e do poente com Manuel Rodrigues, inscrito sob o artigo 8.064;

SETE – Rústico, sito em Pocinho, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de oitocentos e sessenta metros qua-drados, que confronta do norte com António Fernandes, do sul e nascente com herdeiros de António Fernandes e do poente com

José de Sousa, inscrito sob o artigo 8.085;

OITO – Rústico, sito em Sanfalhinho, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte com herdeiros de José Teixeira, do sul com Manuel Rodrigues, do nascente com herdeiros de António Fer-nandes e do poente com herdeiros de Manuel J. Martins, inscrito sob o artigo 8.081;

NOVE – Rústico, sito em Serro das Desmadeiras, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de quatrocentos e oitenta metros quadrados, que confronta do norte com ribeiro, do sul e poente com António Fernandes e do nascente com António Gonçalves, inscrito sob o artigo 8.291;

DEZ – Rústico, sito em Serro das Desmadeiras, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros qua-drados, que confronta do norte e sul com herdeiros de Manuel J. Martins, do nascente com herdeiros de António Fernandes e do poente com Manuel Rodrigues, inscrito sob o artigo 8.296;

ONZE – Rústico, sito em Serro das Madeiras, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de quinhentos metros qua-drados, que confronta do norte com Manuel Martins Maria, do sul com Manuel Rodrigues, do nascente com Manuel Jacinto e do poente com António Fernandes, inscrito sob o artigo 8.301;

DOZE – Rústico, sito em Sanfalhinho, que consta de terra cul-tura, pastagem e sobreiro, com a área de noventa metros qua-drados, que confronta do norte com ribeiro, do sul com Francisco Fernandes, do nascente com Francisco Mendes e do poente com Bárbara Maria, inscrito sob o artigo 8.560;

TREZE – Rústico, sito em Várzea da Cerca, que consta de terra de pastagem e sobreiro, com a área de duzentos metros qua-drados, que confronta do norte com ribeiro, do sul com Rosaria Maria, do nascente com Custódio Fernandes e do poente com Manuel Mendes, inscrito sob o artigo 8.586;

CATORZE - Rústico, sito em Soalheira da Ribeira, que consta de terra cultura, pastagem e uma azinheira, com a área de nove-centos e noventa metros quadrados, que confronta do norte com António Fernandes, do sul com António Gonçalves, do nascente com Manuel Jacinto e do poente com Custódio D. Martins, ins-crito sob o artigo 8.796.

Que adquiriram os prédios em data imprecisa do ano de mil no-vecentos e noventa e três, por partilha amigável e verbal, nunca reduzida a escritura pública, por óbito do pai da justificante mu-lher, António Fernandes, casado que foi com Maria Isabel, sob o regime da comunhão geral de bens, residente que foi no sitio do Grainho, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira. Que adquiri-ram os prédios por usucapião.

Tavira, em 01 de Abril de 2016

A funcionária por delegação de poderes;

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3

Conta registada sob o nº. PAO420/2016 Factura nº. 0427

(POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)

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6 | 8 de Abril de 2016

Congresso internacional debate interdisciplinaridade na UAlgMais de 200 participantes vão analisar a temática no domínio das ciências sociais e humanas

Ô Uma iniciativa do CIEO / UAlg

região

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Rede viária renovada em Luz de Tavira e Santo Estêvão pág 8

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A Associação Semear Saúde – associa-ção sem fins lucrativos, que tem como função a promoção da saúde, preven-ção e apoio a doentes oncológicos e outros, procura voluntários nas seguin-tes áreas:

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A UNIVERSIDADE DO ALGARVE realiza nos dias 5 e 6 de Maio o “Congresso Internacional sobre Interdisciplinaridade em Ciên-cias Sociais e Humanas” e a or-ganização espera a presença de cerca de 200 participantes, bem como mais de duas centenas de comunicações.

A iniciativa é do Centro de In-vestigação sobre Espaços e Orga-nizações, sediado na Universida-de do Algarve, que integra várias dezenas de investigadores de di-versas universidades portuguesas e estrangeiras. O Centro é presi-dido por Saul de Jesus, tem o seu foco geral nas Ciências Sociais e comporta investigações realiza-das no âmbito de diversas áreas científicas específicas, como a Economia, a Gestão, a Sociolo-gia, a Psicologia, a Educação, o Turismo, o Desporto, a Saúde, a Geografia e a Arquitectura.

O congresso tem o objectivo

de criar oportunidades para o desenvolvimento de interac-ções entre os investigadores de diversos domínios científicos das ciências sociais e humanas, e permitir complementaridades no desenvolvimento de projec-tos de investigação em conjunto.

A organização considera que a interdisciplinaridade é cada vez mais importante para o de-senvolvimento da ciência e para encontrar resposta para os pro-blemas que a própria investiga.

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8 de Abril de 2016 | 7

semear saúde

Falta acompanhamento no cancro da mamaApós a cirurgia, vários pacientes testemunham uma dura realidade

A REDUÇÃO DAS DORES arti-culares, da fadiga e dos vómitos e náuseas são alguns dos bene-fícios da prática de exercício fí-sico, em doentes afectados pelo cancro da mama, apontados pela fisioterapeuta Sara Rosado numa palestra promovida pela Associação Semear Saúde rea-lizada na sua sede no passado sábado à tarde em Tavira.

A fisioterapeuta, especializada na área oncológica, lamentou a falta de informação sobre o tema e enalteceu esta iniciativa da Se-mear Saúde.

Das cerca de duas dezenas de pessoas presentes, o sentimen-to geral foi o da grande falta de acompanhamento após o trata-mento do cancro da mama. Bri-tes Rosa, doente oncológica há mais de um ano, esteve presente e defendeu que “não é só ter o cancro, ser operada, ir para casa, ir às consultas e voltar para casa.

Falta alguém que nos ajude por-que senti e ainda sinto muita fal-ta de acompanhamento após o tratamento e aqui encontro [na Semear Saúde] uma ajuda que não tenho noutro sítio”.

Para a presidente da Associa-ção Semear Saúde, Cláudia Bri-to, a escolha desta sessão de es-clarecimento “Exercício Físico no Cancro da Mama” que deu início a um ciclo de palestras mensais organizadas pela associação, de-veu-se em parte pela pertinência do tema que foi objecto de estu-do no seu mestrado na área da saúde e pela boa colaboração da fisioterapeuta Sara Rosado com a Semear Saúde.

No final da palestra, o res-taurante tavirense vegetariano Bistrot O Porto foi distinguido com um Certificado de Reco-nhecimento pelo excelente tra-balho na área da alimentação saudável.

INVESTIGADOR VEM DE LON-DRES FALAR SOBRE CANCRO NA SEMEAR SAÚDE A segunda palestra está agendada para o próximo dia 30 de Abril entre

as 16 e as 19 horas, no mesmo local, e é intitulada “Cancer – o que realmente é e como pode ser tratado”. A participação é gratui-ta e necessita de inscrição prévia

através do e-mail: [email protected].

O palestrante Cesar Van Lou-icci (Cancer Researcher – Lon-don), no âmbito das Palestras 2016 Inglaterra – Portugal – Brasil, baseado no Estudo Dalva 2010/15, vai falar sobre as causas de alguns tratamentos naturais não estarem a resultar, sobre o que há de errado nos estudos científicos de determinados fi-toterápicos, frutas, tubérculos, verduras e legumes e sobre a diferença entre as frutas antio-xidantes e anti-cancerígenos.

Do tema principal vão desta-car-se questões como “o que é realmente o cancro e o que não é”, “o cancro tem cura” e “o que é a biomedicina genómica natu-ropática e o que tem feito pelo cancro.

O espaço da Associação Seme-ar Saúde é composto por quatro gabinetes para consultas indivi-

duais de termografia, naturopa-tia, iridologia, homeopatia, oste-opatia, biomagnetismo, técnicas de libertação emocional EFT, re-flexologia, reiki e cura reconectiva e outras duas salas de formação e uma sala destinada às terapias, como o reiki, yoga e meditação, implantados numa área de 250 metros quadrados.

Embora a sua missão se desti-ne a todos os pacientes e doentes em geral, a Semear Saúde está a desenvolver um projeto inovador na área da promoção da Saúde e da prevenção das doenças onco-lógicas na região do Algarve. Para acompanhar diariamente a sua atividade nas redes sociais deixa-mos aqui os três seguintes links: facebook.com/associacaoseme-arsaudefacebook.com/OncologiaInte-grativafacebook.com/groups/semear-saude

mónica monteiro

Contactos: 281 320 902 das 14:30 às 18:[email protected]

/associacaosemearsaude

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Ô Restaurante Bistrot O Porto foi distinguido na área da alimentação saudável

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8 | 8 de Abril de 2016

Rede viária renovada em Luz de Tavira e Santo EstêvãoObras arrancam em Maio

Ô Jorge Botelho aposta na melhoria das redes viárias do concelho

A REDE VIÁRIA da freguesia da Luz de Tavira e de Santo Estê-vão vai ser alvo de melhora-mentos, revelou a Câmara de Tavira, liderada por Jor-ge Botelho.

A obra, que compreende a pavimentação de diversos troços de caminhos muni-cipais, foi adjudicada à em-presa José de Sousa Barra & Filhos, Lda., terá início em Maio, estima-se que tenha um prazo de execução de 150 dias, custando à autar-quia tavirense 142 mil e 307 euros + IVA.

Os trabalhos contemplam a conservação e pavimenta-ção do Troço da EM 514-3

(entroncamento da escola até ao cruzamento com CM 1342); Troço do CM 1342 (desde o cruzamento com a EM 514-3 até ao cruzamen-to do reservatório de água); Troço da Estrada das Antas (acesso à Lux Tavira Residen-ce); Rua Principal do Livra-mento – Bairro dos Pesca-dores; Caminho Municipal entre CM 1334 e o CM 1337 (Belmonte) e Colocação de terminal na guarda metáli-ca de segurança rodoviária existente no caminho muni-cipal em Estiramantens.

“A intervenção visa col-matar as irregularidades e o mau estado de conservação

destas vias, através da apli-cação de camada de des-gaste de betão betuminoso na plataforma, pintura de sinalização horizontal e le-vantamento de caixas de in-fra-estruturas até à cota final do pavimento. Prevê-se que, nalguns troços, caso venha a verificar-se necessária, a pla-taforma poderá ser também alargada”, explica a autar-quia tavirense em comuni-cado de imprensa.

“Os trabalhos surgem no seguimento do objectivo tra-çado pela Câmara Municipal no sentido de beneficiar a circulação viária no conce-lho”, conclui.

região

ricardo claro

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MUNICÍPIO DE TAVIRAEDITAL Nº 16/2016

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 22 de março de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por unanimidade a proposta número 49/2016/CM, referente a Atribuição de apoio financeiro - 2016 - Associa-ção - SSVP - Sociedade de São Vicente de Paulo - Portugal;

2. Aprovada por unanimidade a proposta número 50/2016/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação da Academia de Música de Tavira - audições de dança;

3. Aprovada por unanimidade a proposta número 51/2016/CM, referente a Atribuição de apoio ao Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia;

4. Aprovada por unanimidade a proposta número 52/2016/CM, referente a Protocolo a celebrar com a Fábrica da Igreja de São Tiago de Tavira - 2016/2017;

5. Aprovada por unanimidade a proposta número 53/2016/CM, referente a Concessão de isenção de pagamento de entra-das no Museu Municipal de Tavira no Dia Internacional dos Museus, 18 de maio de 2016;

6. Aprovada por unanimidade a proposta número 54/2016/CM, referente a Adesão à Rota da Dieta Mediterrânica;

7. Aprovada por unanimidade a proposta número 55/2016/CM, referente a Matriz de classificação das candidaturas à atri-buição de uma habitação em regime de arrendamento apoiado, no âmbito do Regulamento do Regime de Acesso, Atribuição e Gestão do Parque Habitacional;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 56/2016/CM, referente a abertura do concurso por inscrição para atribuição de habitações em regime de arrendamento apoiado, no âmbito do Regulamento do Regime de Acesso, Atribuição e Gestão do Parque Habitacional;

9. Aprovada por maioria a proposta número 57/2016/CM, referente a Loja n.º 3 do Mercado da Ribeira – Transmissão de posição contratual;

Para constar e produzir efeitos legais se publica o pre-sente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 22 de março de 2016

O Presidente da Câmara Municipal,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)

DESPORTO

Jogos de Quelfes arrancam em Tavira

A CERIMÓNIA DE ABERTURA dos VII Jogos de Quelfes terá lugar este sábado, pelas 18 horas, no Pavilhão Municipal Dr. Eduardo Mansinho, dan-do início ao mais emblemá-tico evento de promoção do olimpismo em Portugal, di-reccionado para o 1.º Ciclo do Ensino Básico.

A sessão inaugural conta com a presença dos representantes dos concelhos participantes, do presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Cons-tantino, e do presidente do Co-mité Paralímpico de Portugal, Humberto Santos.

O programa inclui a contagem decrescente para o início dos Jo-gos, desfile com as bandeiras de Portugal e Espanha, hinos dos respectivos países e hino olímpi-co, desfile dos alunos, juramento dos participantes e juízes, visuali-zação do vídeo da cidade de Ta-vira e da Estafeta Chamada para os Jogos. A cerimónia atinge o seu ponto alto, no final, com a chegada dos atletas que trans-portam, desde Olhão, a chama para o acendimento da pira.

Em ano de Jogos Olímpicos, esta edição decorre, até dia 23 de Abril, em Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel, Tavira e Aya-monte, sob a chancela oficial da Academia Olímpica Internacio-nal, do Centro Internacional da Trégua Olímpica, assim como da família olímpica e paralímpica nacionais.

No dia 17 de Abril, o Municí-pio de Tavira, em parceria com o Clube Náutico, dinamiza a prá-tica de vela, no Sítio das Quatro Águas. 230 alunos de agrupa-mentos escolares, Jardim-Escola João de Deus e Fundação Irene Rolo participam, ao longo de duas semanas, nos diferentes concelhos aderentes, em moda-lidades como basquetebol, atle-tismo, natação, futebol, andebol, boccia, lenço grego e vela.

OPERAÇÃO ‘CENSOS SÉNIOR 2016’

GNR identifica idosos que vivem sozinhosA OPERAÇÃO “CENSOS SÉNIOR 2016” da Guarda Nacional Re-publicana vai decorrer duran-te o mês de Abril, em todo o território nacional, para iden-tificar a população idosa que vive sozinha e ou isolada.

Em comunicado, a GNR avança que a operação deste ano irá actualizar os registos das edições anteriores, bem como identificar novas situ-ações, além de, pela primeira vez, ir fazer um levantamento das pessoas portadoras de de-ficiência, informando as enti-dades competentes das situa-ções de potencial perigo.

De acordo com a guarda, durante a operação vão ser igualmente realizadas acções de sensibilização para que a população em questão “adop-te comportamentos de segu-rança que permitam reduzir o risco de se tornarem vítimas de crimes”.

Os militares da GNR vão fazer ainda a divulgação do programa “Residência Segu-ra”, que permite recolher os elementos necessários para a elaboração do mapa da região, com a localização georreferen-ciada de todas as residências

aderentes ao projecto.Esta identificação geográfica

tornará mais eficazes as acções de patrulhamento e a vigilân-cia dos militares da GNR, tor-nando mais célere a resposta em casos de urgência.

Na operação “Censos Sénior 2015, a GNR sinalizou 39.216 idosos, dos quais 23.996 vi-viam sozinhos, 5.205 viviam isolados, 3.288 viviam sozi-nhos e isolados, enquanto 6.727 não estavam enqua-drados nas situações anterio-res, mas encontravam-se em situação de vulnerabilidade fruto de limitações físicas e/ou psicológicas.

Lusa

Ô Operação actualizará registos

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Page 9: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

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8 de Abril de 2016 | 9

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Central P. Mourinha Moderna Carvalho Rosa Nunes Amparo Arade

Algarve Mª Paula Mª Paula Mª Paula Mª Paula Mª Paula Mª Paula

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NotáriaRita Costa

CERTIFICO, PARA EFEITOS DE PUBLICAÇÃO:Que neste Cartorio, em Lisboa, da Notaria Ana Rita Ribeiro da Costa Pinto Caliço, sito na Rua do Salitre, n.º 119, foi outorgada uma escritura de justificação notarial, lavrada no dia vinte e um de Março de dois mil e dezasseis, a folhas sessenta e uma do Iivro sessenta e um deste Cartorio, na qual António José Seita de Avelar, NIF 211 081 213, e Miguel Seita de Avelar, NIF 211 081 205, ambos solteiros, maiores, naturais da fre-guesia de São Domingos de Benfica, concelho de Lisboa, e residentes na Rua Cidade de Sao Paulo, número 11, 12º direito, Portela, Loures, declararam ser, com exclusão de outrem, donos e legítimos possuidores do predio urbano denominado Iote 17 B, sito em Pedras D’El Rei, freguesia de Tavira (Santiago), concelho de Tavira, descrito na Conservatoria do Registo Predial de Tavira sob o número três mil cento e sessenta e dois, da dita freguesia, inscrito na matriz da freguesia de Santa Luzia sob o artigo 477, com aquisição registada a favor da sociedade Atrium- Empreendimentos Urbanos e Turisticos, S.A.R.L..

- Declararam ser os únicos herdeiros sobrevivos de António José Teixeira de Avelar e

mulher, Maria Otília Venâncio Seita de Avelar, conforme habilitações de herdeiros.

- Declararam que António José Teixeira de Avelar adquiriu o referido imóvel aos her-deiros de Igidio Zanella e mulher, Giuseppina Bressan, tendo, anterionnente, Igidio Zanella adquirido o referido imóvel àsociedade Atrium - Empreendimentos Urbanos e Turisticos, S.A.R.L..

Lisboa, 21 de Março de 2016.

A Notária

Ana Rita Ribeiro da Costa Pinto Caliço

(POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016) VENDE-SEou ARRENDA-SE

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da barragem, situados na Assecaa 3 minutos da cidade de Tavira

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Contacto: 918 201 747

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Cartório Notarial em Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 16 de Março de 2016, exarada a folhas 19 e seguinte do Livro n.º 76-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

Maria Adelina de Jesus Rodrigues Alexandre, NIF 180784439 e marido Manuel Bernardino Alexandre Rodrigues, NIF 136813453, ambos naturais do concelho de Tavira, ela da freguesia de Tavira (Santa Maria), e ele da freguesia de Cachopo, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no Sítio de Vale Covo, 8800-213 Tavira, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio rústico, composto por terra de cultura, que confronta de norte com Marcelino Viegas, de sul e poente com casas de habitação e de nascente com Custódio Martins, com a área total de duzentos e trinta metros quadrados, no Sítio da Casinhola na freguesia da União das Fre-guesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 22915, que teve origem no artigo 22092 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira.

- Que esse prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, já no estado de ca-sados entre si, por compra meramente verbal, em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e cinco, e nunca reduzida a escritura pública feita a José Domingues Rodrigues, solteiro, maior, residente que foi em Monte do Cerro, Vale Covo, Tavira, não tendo deste modo título que lhes permita fazer o registo do prédio em seu nome.

- Que, assim, justificam o referido prédio, porquanto, há mais de vinte anos, de forma pú-blica, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem titulares do respetivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando da cultura, amanhando e limpando a terra, e dele retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO, o que invocam.

Tavira e Cartório, em 16 de Março de 2016.

O Notário,

Bruno Torres Marcos

Conta registada sob o n.º 2/693

(POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)

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10 | 8 de Abril de 2016

SANTA MARIA – TAVIRASANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

MARIA EDUARDA CEREIJA NETO 06-08-1926 / 24-03-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a to-dos quantos se dignaram acompanhar o seu ente que-rido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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SANTA MARIA - TAVIRASANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

MANUEL FRANCISCO20-02-1920 / 23-03-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SANTA CATARINA FONTE DO BISPO

JOSÉ ANTÓNIO JOAQUIM

NASCEU 14/08/1931 – FALECEU 20/03/2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm muito reconhecidamente agradecer a todas as pessoas que comparece-ram no funeral do seu ente querido, que se rea-lizou no dia 22 de Março de 2016, saindo da igreja paroquial de Santa Catarina Fonte do Bispo, seguindo para o cemitério local.

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ANTÓNIO SERAFIM10-06-1929 / 25-03-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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ORAÇÃO DAS 13 ALMAS BENDITASÓ Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, a vós peço pelo amor de Deus que meu pedido seja atendido. Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, a vós peço pelo sangue que Jesus derramou, que meu pedido seja atendido. Meu Senhor Jesus Cristo que vossa proteção me encha com vossos braços e me proteja com vossos olhos. Ó Deus, de bondade, Vós fostes meu defensor na vida e na morte, peço que me livres das dificuldades que me afligem. Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, alcançada a graça que vos peço, ficarei muito devota e mandarei publicar esta oração e mandarei celebrar uma missa. Rezarei 13 Padres-nossos e 13 Ave-Marias durante 13 dias. Peço desculpa pelo atraso e agradeço graça recebida. M. A. C.

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Cartório Notarial em Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notaria-do que, por escritura pública de Justificação outorgada em 5 de Abril de 2016, exarada a folhas 18 e seguinte do Livro n.º 77-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

MARIA VITORINA RODRIGUES GONÇALVES, NIF 149738935 e marido MANUEL MA-TEUS PEREIRA GONÇALVES, NIF 149738943, ambos naturais da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, resi-dentes em Gião, caixa postal 501-Z, 8700-074 Moncarapacho, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do prédio rústico composto por terra de cultura, com a área de duzentos e oitenta e cinco metros quadrados, que confronta de norte com Manuel Nascimento e outro, de sul e nascente com José Sebastião e de poente com José António Garcia, sito em Vale da Estrada, freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 366, que teve origem no artigo 343 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 4,37 €, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira.

- Que este prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, já no estado de casados, por doação meramente verbal nunca reduzida a escritura em meados do ano de mil novecentos e noventa, em data que não sabem precisar, feita pelo avô da justificante mulher, José António, viúvo, residente que foi em Picota, Tavira, atualmente falecido.

- Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem vio-lência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre o prédio atrás identificado, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando das culturas, ama-nhando e limpando a terra e dela retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO.

Tavira e Cartório, em 5 de Abril de 2016.

O Notário,

Bruno Torres Marcos

Conta registada sob o n.º4/869

(POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)

Page 11: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

opinião

Sobe

& d

esce Obras na Praia de Faro

A confirmar-se a promessa de Sebastião Teixeira, da Sociedade Polis, as obras na Praia de Faro estarão prontas até ao início da época balnear. Boas notícias, mas a dúvida continua até ver para crer como São Tomé (Ler pág. 4).

Portimão suspenso...

A situação repete-se e a Câmara de Portimão volta a estar suspensa da decisão do Tribunal de Contas sobre o PAEL. Isilda Gomes é uma verdadeira resiliente perante uma herança pesada de Manuel da Luz (Ler pág. 5).

Em data imprecisa entre as décadas de 1970 e 1980, ine-gavelmente fruto da ascensão do individualismo, houve mu-danças de paradigma na repre-sentação política, na comuni-cação comercial, na indústria do entretenimento, na moldu-ra das relações públicas e no tratamento da personalidade influente (executivo, autar-ca, responsável desportivo…) como um triunfador graças à comunicação social. A acres-centar a tudo isto, assistimos

à tirania do instante, ao culto da urgência, à civilização do espectáculo em que o ser hu-mano, a sociedade em geral e os próprios partidos políticos exigem distintivos de persona-lização. Estes fenómenos ain-da são mais trepidantes com as exigências das redes sociais. Da representação política pas-sámos à política da represen-tação. Temos que deslumbrar, saber comunicar bem, pode muito bem acontecer que um erro grave na comunicação des-trua a carreira do político, da vedeta, da pessoa pública.

“Como falar correctamente e sem inibições”, por Reinal-do Polito, Pergaminho (Ber-trand), 2015, é um livro sobre a oratória no tempo que passa. Há quem julgue que a oratória era uma arte em que gregos e romanos fizeram estilo, caso de Demóstenes e Cícero; a orató-ria religiosa também fez época,

basta ver os púlpitos das cate-drais e das igrejas, ia-se àquele ofício religioso também por causa do orador. O que este especialista em comunicação vem dizer é que falar para o público pode ser um dom mas não sendo há que desenvolver um conjunto de dotes e vencer inibições. Dirigir-se ao público não é uma actividade exclusi-va de políticos, religiosos, ven-dedores ou comunicadores da rádio e televisão, muitíssimas profissões exigem certos dotes oratórios e treinos para vencer medos: para usar conveniente-mente a memória, para explo-rar a inspiração, para mostrar determinação e saber escutar o público, recorrendo a uma dic-ção e a uma postura que assegu-rem a atenção de quem ouve.

E há também o saber orga-nizar a narrativa que nos leva a uma reunião, a um meio de co-municação social, a uma con-

ferência, como se organiza tal discurso. Onde Reinaldo Polito se revela um ás a ensinar a falar em público é quando expõe as técnicas de comunicação: a fase preparatória, o assunto central, a conclusão, o autor comparti-menta com mestria as sequên-cias como devemos organizar o nosso discurso.

E temos as técnicas oratórias, ninguém desconhece a sua in-fluência: os recursos audiovi-suais e quais as regras básicas para produzir um bom recurso visual; como, em consonância com a nossa exposição, estar preparado para responder a perguntas da plateia. Dentro da oratória podemos estar ne-cessitados de apresentar um discurso: como devemos trei-nar para ler em público, como improvisar um discurso, como desencantar guiões que funcio-nem como recursos de apoio; e há os discursos de circunstân-

cia que podemos mentalmente esquematizar, desde fazer uma saudação ou uma despedida ou até mesmo apresentar um orador. E temos as questões práticas que não devem ser iludidas: como usar microfone, como fazer uma apresentação por videoconferência ou como montar uma apresentação.

Como também anota o au-tor, o escrever tem certos para-lelismos com o discursar, pois há que distinguir o artigo da revista científica de um artigo numa coluna no jornal diário, são duas formas de chegar ao público diferentes mas em caso algum precisamos de um bom conteúdo, de ideias claras e lu-minosas e de oferecer uma pro-sa que cative e seja instigante.

A aquisição da fala é natural, a expressão verbal pode ser um dom mas também requer poli-mento, uma constante aprendi-zagem, adaptações.

8 de Abril de 2016 | 11

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 023 031 E-mail: [email protected]: www.postal.pt

Director: Henrique Dias(CP 3259).

Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388).Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defe-sa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco.Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social)Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT.Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem--somos/Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:7.615 exemplares

A arte da palavra na era digitalE-mail da redacção:

[email protected]

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada

Beja SantosAssessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL

Pouco passava das nove. A manhã estava quente em Albufeira. Pedi a meia de lei-te escura e deixei-me estar a

ler, tranquila, ainda alheada das atrocidades acabadas de ocorrer.

- Viste os sapatos que ela le-vou ao funeral?

As senhoras da mesa ao lado varriam com tom de crítica to-dos os conhecidos comuns.

- Vi. Inadmissível! Mas não vou criticar porque estamos na semana santa!

Engasguei-me. Engasguei--me e reservei para depois aquela frase macabra, saben-do que mais tarde, como tan-

tas vezes acontece, chegaria a outra parte da crónica e, com ela, a chave que daria sentido a tudo.

Foi mesmo agora, ao fim da tarde, enquanto distraidamen-te via um filme.

- Só encontramos o caminho da nossa vida quando para-mos de o procurar. - disse-lhe ela.

“Quando paramos de o pro-curar…”, repeti.

Por mais que nós, humanos mental e emocionalmente sau-

dáveis, desejemos encontrar justificações para as atrocida-des que ocorrem, não pode-mos! Não por não sermos inte-lectualmente capazes, mas por o nosso modus operandi não ser distorcido como o das tais se-nhoras do café.

Andamos a procurar respos-tas que não existem. Andamos a procurar a fé nos sítios erra-dos. Pior: andamos a subjugá--la a receitas formatadas de falsos puritanismos.

Mantém-se em mim a náu-

sea que o terrorismo sempre nos causa.

E também continuo nause-ada com a imagem da tal se-nhora que só não falou pior das “amigas” por estarmos na semana santa…

Talvez tenhamos mesmo que parar de procurar.

Talvez o sentido de tudo nos chegue aos poucos, quan-do aceitamos com fé que o único caminho certo para nós é aquele que nos torna melhores.

Parar de procurar

Ana Amorim Dias - [email protected]

; A – Aquele escritor teve a adesão de quase todos os alunos do sétimo ano. � B – Aquele escritor teve a aderência de quase todos os alunos do sétimo ano. � C – Aquele escritor teve a aderência de quaze todos os alunos do sétimo ano. � D – Aquele escritor teve a adesão de quase todos os alunos do setimo ano.

� A – Passei as férias no sul. � B – Passei as férias no Sul. � C – Passei as ferias no sul. � D – Paçei as férias no Sul.

>> ASSINALE A FRASE CORRETA

Page 12: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

d.r.

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Empresas vão recrutar estudantes na ‘UAlg Careers Fair’Feira visa facilitar a procura de emprego

O COMPLEXO PEDAGÓGICO DO CAMPUS DA PENHA, em Faro, recebe nas próximas terça e quarta-feira a primeira edição da “UAlg Careers Fair”. Esta fei-ra, que visa contribuir para a inserção de estudantes e diplo-mados da UAlg no mercado de trabalho, já tem confirmadas mais de 30 empresas e entida-des, facilitando a procura de emprego e o desenvolvimento de uma carreira profissional.

Os alunos e diplomados da UAlg que pretendam parti-cipar na “UAlg Careers Fair” podem inscrever-se até esta sexta-feira.

A iniciativa, organizada pela UAlg e pela Associação Acadé-mica, terá vários espaços ex-

positivos, sessões de apresen-tação das empresas, sessões de recrutamento, workshops com sessões práticas sobre a temática da empregabilidade, almoços de networking, entre outras actividades.

O evento, patrocinado pela Pine Cliffs Resort, Gar-vetur e Vilamoura World, já tem também confirmada a participação das seguintes empresas: Talenter™, Grupo Jerónimo Martins, ToInovate Consulting, Zoomarine, Lidl Portugal, Decathlon, Vitae Professionals, Leroy Merlin, Norauto, Go Work RH Saúde, Grupo Moneris, Jumbo, Aki, EasySensing, Pitch Studios, Quinta do Lago, Grupo Visa-

beira, Tranquilidade, Talent City, Lusíadas, Dengun, e NAU Hotels & Resorts.

A 1ª “UAlg Careers Fair” tem como parceiros a ANJE - Asso-ciação Nacional de Jovens Em-presários, o Instituto de Em-prego e Formação Profissional, a Caixa Geral de Depósitos, o Santander Totta, a Toastmas-ters International e a Comissão Vitivinícola do Algarve.

De salientar que a UAlg tem actualmente cerca de oito mil estudantes em várias áreas de formação. Anualmente, o nú-mero de diplomados ascende a mais de 1.500, nos diferen-tes ciclos de estudos (licencia-turas, mestrados e doutora-mentos). De forma a manter a

alta taxa de empregabilidade dos seus diplomados, a acade-

mia algarvia pretende que a “UAlg Careers Fair” se afirme

como a maior feira de empre-go do sul do país.

Ô A Universidade do Algarve tem actualmente cerca de oito mil estudantes em várias áreas de formação

últimaTiragem desta edição:7.615 exemplares

O POSTAL regressa no dia

22 de Abril

PRÉMIOS SERÃO ENTREGUES NA FATACIL

Concurso de Vinhos do Algarve escolhe os melhores do anoO IX CONCURSO DE VINHOS do Algarve vai realizar-se na pró-xima segunda-feira, no Con-vento de São José, em Lagoa.

O evento, organizado pela Comissão Vitivinícola do Al-garve, em parceria com a Câ-mara de Lagoa e a Associação de Escanções de Portugal, pre-meia os melhores vinhos algar-vios engarrafados.

O concurso é aberto a vi-nhos brancos, rosados e tintos produzidos na Região Vitiviní-cola do Algarve, com direito a Denominação de Origem Pro-tegida Lagos, Lagoa, Portimão e Tavira e Indicação Geográfica Algarve.

Conforme explica a orga-nização, “podem ser subme-tidos a concurso mais que um vinho de cada categoria. No entanto, os vinhos que já te-nham sido premiados não se-rão admitidos”. Para este ano, a organização estima “a ava-liação de mais 90 referências, superando a participação em edições anteriores dos produ-tores algarvios”.

“Ambicionamos superar a taxa de participação do ano passado e assegurar a inscrição

de mais de 20 produtores, ul-trapassando as 90 referências de vinhos à prova. Este é um evento importante, na medida em que distinguimos a qua-lidade e variedade dos nossos vinhos”, afirma Carlos Gracias, presidente da Comissão Viti-vinícola do Algarve. “A nossa missão é a consolidação da imagem do vinho algarvio e iniciativas como esta provam que a aposta da região na viti-vinicultura é uma aposta para ganhar”, conclui.

De salientar que os vinhos admitidos são avaliados em prova cega, efectuada por

um conjunto de provado-res constituídos em painéis. Cada painel de jurados é constituído por um número mínimo de cinco provadores e um presidente.

No final, aos vinhos seleccio-nados serão atribuídas as me-dalhas de Ouro, Prata e Bronze e ainda a Grande Medalha de Ouro, para o melhor Vinho do Algarve.

Os prémios serão entregues em cerimónia posterior, por ocasião da Fatacil 2016.

Mais informações disponí-veis em: http://www.vinhosdo-algarve.pt.

d.r.

Ô Vinhos admitidos serão avaliados em prova cega

Page 13: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

www.issuu.com/postaldoalgarve7.615 EXEMPLARES

Mensalmente com o POSTAL

em conjuntocom o PÚBLICO

ABRIL2016n.º 91

D.R

.

Fernando Silva Grade ‘pinta’ 30 anos de história em Faro

p. 5

O Amante Japonês:

Isabel Allende regressa aos romances de fôlego p. 4

D.R.

O Jardim de Epicuro

p. 7

D.R.

Espaço AGECAL:

Sobre a dança contemporânea

p. 3

Sala de Leitura:

Amália ao sul (II)

D.R.

p. 8

D.R.

Filosofia dia-a-dia:

A luz das conversas: património e Design

p. 10

Espaço ao Património:D.R.

Page 14: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

08.04.2016 2 Cultura.Sul

AGENDAR

DiVaM é o programa de Dinamização e Valorização dos Monumentos desenvol-vido pela Direção Regional de Cultura do Algarve desde 2014, que tem como princi-pais objetivos a promoção, divulgação e valorização do património cultural da re-gião, oferecendo a todos os residentes e visitantes, um conjunto de iniciativas cul-turais, de dinamização, de fruição e vivência nos mo-numentos diretamente tute-lados pela Direção Regional.

“O Espírito do Lugar” é o mote para o programa des-te ano, apresentado em ce-rimónia pública na Ermida de Nossa Senhora de Gua-dalupe, no passado sábado. Durante a cerimónia foram assinados os protocolos de colaboração com as várias associações envolvidas nas 52 actividades culturais, que farão do DiVaM 2016 um acontecimento cultural a ser desfrutado ao longo do ano, pelas comunidades

locais, residentes e visitan-tes dos monumentos que acolhem as iniciativas.

O programa conta ainda com a parceria de vários municípios algarvios e da Universidade do Algarve, oferecendo um leque diver-sificado de atividades cul-turais que vão desde per-formances, música, artes plásticas a atividades para os mais novos e para as fa-mílias.

A dinâmica desenvolve--se como habitualmente em 7 monumentos que estão afetos à Direção Regional de Cultura do Algarve - Cas-telo de Aljezur, Fortaleza de Sagres, Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, Mo-numentos Megalíticos de Alcalar, Castelo de Paderne, Castelo de Loulé e Ruínas Ro-manas de Milreu.

DiVaM 2016 com uma nova

Identidade Visual

Este ano o DiVaM apre-senta uma nova identidade visual, com uma imagem mais atual e contemporânea. Pretende-se seduzir públicos habituais, circunstanciais ou

novos, estimulando a vonta-de da descoberta do progra-ma cultural.

De forma a fidelizar pú-

blicos, o programa DiVaM apresenta-se agrupado em ciclos temáticos: “Música no DiVaM”, “Patri Per Form” -

ciclo de artes performativas, “DiVaM para os + e – peque-nos”, “DiVaM ao ar livre” , “Derivas Continentais” ciclo que junta artes plásticas e ar-tes performativas - e ainda o ciclo “Amatores in situ”.

O ciclo de palestras “Ama-tores in situ – O Mundo an-tigo visto por aqueles que o amam” dá continuidade a uma anterior edição, que teve lugar nas ruínas roma-nas de Milreu em 2013/2014, mas a sua integração no Di-VaM 2016 constitui uma novidade. Organizado em parceria com a Faculdade de Ciências Humanas e So-ciais da Universidade do Algarve, este ciclo pretende dinamizar o conhecimen-to da Antiguidade Clássica, através da Literatura, Arte, Filosofia e Arqueologia, no espaço arqueológico de Mil-reu e contribuir para apro-ximar o “dito” ao “visto”. A primeira palestra teve lugar na passada quinta-feira sob o tema “A identidade femi-nina na Antiguidade sob o olhar de Medeia”, pela Pro-fessora Dra. Ana Alexandra Alves de Sousa.

Direção Regional de Cultura do Algarve

Sociedade Recreativa Progresso Olhanense

A Sociedade Recreativa Pro-gresso Olhanense, fundada em 1918, é a mais antiga coletivi-dade em acividade em Olhão e

uma das mais antigas do país. Perto de completar o seu pri-meiro centenário, considerada de Utilidade Pública, prova a sua vitalidade e capacidade em acompanhar a evolução dos tempos,s recuperando o seu lugar como referência de cultu-ra e recreio do nosso concelho. Honra feita à nova direção, elei-ta em finais de 2014, presidida por Francisco do Ó, que soube congregar os esforços necessá-rios para regularizar a situação

financeira e implementar uma dinâmica cultural que serve o in-teresse e as necessidades actuais dos sócios e da população.

Exemplos disso são as activi-dades regulares que resultam da iniciativa da colectividade e das parcerias estabelecidas com enti-dades da terra como a GORDA ou a MOJU, para além do Município.

Nesse sentido, são já conhe-cidos os bailes de Carnaval da MOJU, desenvolvidos naquele espaço e que representam o re-

cuperar de uma tradição que diz muito à colectividade e ao nosso concelho. Também o teatro, en-quanto atividade regular, com a Gorda e o grupo da Casa da Juventude, volta a ser uma rea-lidade, nesta que chegou a ser a melhor sala de teatro de Olhão, onde residiram grupos de refe-rência regional como o GATO e posteriormente o Teatro da Vida.

Ainda este ano, perspectiva-se o reinício das sessões de cinema, em colaboração com o Cineclu-

be de Olhão, trazendo de volta a esta casa mais uma das suas grandes referências de outros tempos.

Para já, prepara-se um progra-ma recheado de actividades, de música e poesia, no âmbito das comemorações do 25 de Abril. Em Maio, integrado no MOSTRA--TE, terá lugar, entre outras activi-dades, a estreia da peça de teatro da Casa da Juventude.

Fiquem atentos. Vai valer a pena!

Editorial Missão Cultura

Direção Regionalde Cultura do Algarve

Juventude, artes e ideias

“PORTUGAL EM AGUARELAS”Até 16 ABR | Galeria Municipal de AlbufeiraExposição de Tom Whitelaw retrata na sua maioria paisagens de Portugal, revelando o gosto do pintor pela luz, pelas paisagens coloridas, pelo pormenor e pela perspectiva perfeita

“MÃE SOBERANA DE UM POVO”Até 29 MAI | Convento de Santo António - LouléVasco Célio, Luís da Cruz e Fernando Mendes apre-sentam um conjunto de fotografias da Festa da Mãe Soberana realizadas ao longo das últimas três décadas

foto: drcalg/r. parreira

Fechámos o mês de Março, mais precisamente no dia 27 de Março, com o Dia Mundial do Teatro e o mês que agora se nos apresenta, Abril, traz consi-go mais duas datas de relevo no campo das datas comemorativas.

A 29 de Abril o Dia Mundial da Dança e a 30 o Dia Mundial do Jazz.

A importância dos dias que as-sinalam as diferentes formas de expressão artística é altamente discutível, como o é a importân-cia de qualquer outro dia nacio-nal, internacional ou mundial destinado a assinalar o que quer que seja.

Há quem olhe para estas datas com desdém e mesmo considere que já há 'dias de tudo e de nada' e que a respectiva proliferação lhes retitou o peso e a visibilida-de e quem defenda a sua existên-cia como marcos anuais capazes de galvanizar as atenções em tor-no de realidades para as quais se deve 'olhar' com especial cuida-do e ponderação.

Independentemente das opi-niões, na área da cultura as da-tas relativas à comemoração dos dias de cada uma das artes são sempre momentos para poder-mos assistir a espectáculos te-máticos, fazendo - muitas vezes - entrar na programação dos es-paços culturais espectáculos que ali não teriam espaço, não fosse o dia comemorativo. Só por isso, se outro valor maior se lhes não encontrar, já faz com que estes dias valham a pena.

Entretanto, e a título de mero exemplo, para estas datas Faro prepara no Dia Mundial da Dan-ça o Festival de Flamenco de Faro, no Teatro das Figuras, e um im-perdível concerto de Zé Eduar-do, no Dia Mundial do Jazz, no Teatro Lethes.

Vale ou não vale a pena?!

Da importância dos dias...

Ricardo [email protected]

Jady Batista Coordenadora Editorial do J

DiVaM 2016 abre portas ao “Espírito do Lugar”

Apresentação do DiVaM 2016 termina com concerto de 'Jovens Talentos Algarvios',

na Ermida de Nª Sra de Guadalupe

Novo logótipo do DiVaM 2016

Page 15: POSTAL 1160 - 8 ABR 2016

08.04.2016  3Cultura.Sul

Espaço AGECAL

A dança foi desde sempre nas dife-rentes civilizações uma manifestação cultural ligada ao ritual. A ligação do corpo à natureza era mais próxima e as manifestações do corpo, por exal-tação eram espontâneas, naturais. A Natureza como suporte da condição humana e a cultura como extensão da natureza humana.

Com a mecanização do trabalho, a Indústria, a distância entre corpo e natureza aumentou e com ela o ritu-al desapareceu. As manifestações do corpo passam a ser performativas, de carácter profissional com a passagem da dança para o palco. A dança social no adro da igreja ou na corte, deixou de existir espontaneamente e passou a haver diferenças entre quem dança e quem assiste. Isto acontece após o rei-nado de Louis XIV, séc. XVII, em Fran-ça, onde a dança foi instituída. Com as escolas de dança, nasce o ballet,

sistematizando a linguagem técnica da dança.

Até ao Séc. XXI têm acontecido di-ferentes transformações a nível social, político e cultural que implicaram mudanças também na dança. A par-tir do séc. XX quando Isadora Duncan cria as primeiras coreografias com pés descalços, roupas leves e em espaços ao ar livre, a dança reivindicou para si a natureza como força criadora, ligan-do-se intimamente à vida. Associada

a esta estética, está fortemente ligada a ideia de democratização do corpo, sem aceitar um espartilho que o con-dicionava a um só padrão.

Isadora Duncan foi extremamente importante na mudança da dança segundo o modelo clássico do ballet. Acreditava claramente na dança como forma de transformação social, como reforma educativa. Influenciando-se nos modelos estéticos da Grécia anti-ga, Isadora dançou com movimentos

leves, simples, ligados à vida, ao dia à dia e à escuta do pulsar da natureza, dos ritmos das estações. A ideia da dança foi-se transformando e espa-lhando a sua forma dos EUA até à Europa.

Esta libertação do corpo, associa também a utilização do chão como superfície passível de utilização. Mary Wigman introduz o chão como su-perfície dançável e posteriormente Trisha Brown cria também estruturas

de movimento em que todo o movi-mento parte do chão até à vertical.

A dança contemporânea é a filha mais nova de todos estes e outros movimentos que surgem no Séc. XX e que aliam as técnicas ao respeito pelo corpo, à sua organicidade, ali-nhamento, em que se respeitam dife-renças em relação à forma, se aceita a pessoa como ser pensante e actuante e não mero elemento estético.

A dança contemporânea não tem fronteiras, assume com prazer a ideia de que um corpo tem voz, mo-vimento, ideias, memória, por isso dança o que pesquisa, o que pensa, é reivindicativa, social e politicamen-te, manifesta-se. Apesar de ter já um século esta transformação, em Por-tugal ainda se alia muito a ideia de “dança” ao ballet e ainda se dão os primeiros passos nesta transformação das realidades. Como agente cultural, a corpodehoje iniciou um trabalho na descentralização das artes e dan-ça mais especificamente, saindo de Lisboa até ao Algarve e trabalha re-gularmente em Tavira, com oficinas regulares e pontuais de dança, pro-movendo a ideia de democratização do corpo e da dança e cruzamentos disciplinares. Aproxima a dança da vida, das pessoas, seguindo este ideal dança | natureza.

Grande ecrã

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | [email protected]

SESSÕES REGULARES | CINE-TEATROANTÓNIO PINHEIRO | 21 HORAS

14 ABR | SADILESHTETO (O JULGAMENTO: FRONTEIRA DE ESPERANÇA), Stephan Ko-mandarev – Bulgária/Alemanha/Croácia 2014 (105’) M/1221 ABR | EL BOTÓN DE NACAR (O BOTÃO DE NÁCAR), Patricio Guzmán – França/Es-panha/Chile/Suiça 2015 (82’) M/12

23 ABR | 678 (CAIRO 678) - Entrada gra-tuita: versão original legendada em por-tuguês + inglês - Mohamed Diab – Egípto 2010 (100’) M/14

28 ABR | THE LOOK OF SILENCE (O OLHAR DO SILÊNCIO), Joshua Oppenhei-mer – Dinamarca/Indonésia/Noruega/Fin-lândia/Rússia/Israel/França/E.U.A./Alema-nha/Holanda 2014 (103’) M/16

60 anos de Cineclube de FaroO mês de Abril é especial

para o Cineclube de Faro (CCF), cumpriu-se na passada quarta-feira, dia 6, mais um aniversário desde a realização da primeira sessão oficial do CCF. “Douro, Faina Fluvial”, de Manoel de Oliveira, foi o filme escolhido para iniciar a activi-dade desta associação cultural que agora completa 60 anos.

As comemorações decor-rem ao longo de todo o ano, no entanto, têm também espe-cial relevância no programa de actividades deste mês.

O diálogo entre o cinema português e o seu público é o mote para um ciclo que re-úne quatro obras de especial relevância. A homenagem que Manuel Mozos faz a João Bénard da Costa, figura que se confunde com o cinema em Portugal, abre este ciclo, seguindo-se um dos mais badalados títulos do cinema português mais recente, “Pos-to Avançado do Progresso”, de Hugo Vieira da Silva.

A história do CCF confunde--se com o cinema e com a fi-gura de Manoel de Oliveira e desta forma a exibição do seu filme póstumo configura-se também como um momento não só de homenagem ao cine-asta, mas também de celebra-ção do CCF e da sua história.

Por último, o documentário de Maya Kosa e Sérgio da Costa, “Rio Corgo”. Pelo meio um ciclo dedicado a filmes únicos que também celebram 60 anos de

existência, a colaboração com as comemorações oficiais do 25 de Abril com “O Medo à Es-preita”, de Marta Pessoa (com a presença da realizadora), o fil-me francês do mês ou “Sicario” em Vila Real d eSanto António.

A terminar, espaço ao ci-nema de animação, juntan-do novos e menos novos com “Paddington”, de Paul King (2014). 60 anos caramba, uma vida de sonhos!

Cineclube de Faro

João Bénard da Costa

fotos: d.r.

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

IPDJ | 21.30 HORAS12 ABR | POSTO AVANÇADO DO COMAN-DO, Hugo Vieira da Silva, Angola/Portugal, 2015, 120’, M/1426 ABR | RIO GORGO, Maya Kosa & Sérgio da Costa, Portugal, 2015, 95’

TEATRO MUNICIPAL DE FARO | 21.30 HORASVISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES, Ma-noel de Oliveira, Portugal, 1982, 68’, M/12

25 ABR | COMEMORAÇÕES 25 ABRIL, MU-SEU MUNICIPAL - 16 HORAS - O MEDO À ESPREITA, Marta Pessoa,2 Portugal, 2015, 86’ (presença da realizadora)

Sobre a dança contemporânea

Ana Borges,Coreógrafa e professora de dança; Corpodehoje; sócia da AGECAL

d.r.

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08.04.2016 4 Cultura.Sul

O Amante Japonês: um romance de fôlego

O Amante Japonês é finalmen-te um retorno aos romances a que Isabel Allende nos tinha acostumado. Depois de algu-mas obras mais juvenis (O ca-derno de Maya) e uma estranha tentativa de incursão no thril-ler policial (O jogo de Ripper), cuja história se parecia arrastar sem qualquer chama, a auto-ra (sobre quem já se escreveu aqui) regressa às suas histórias de grande fôlego que imedia-tamente puxam o leitor para dentro do seu mundo roma-nesco muito particular, tecido numa escrita fluída, desenhan-do um universo semi histórico, semi intemporal e levando-nos a conviver com personagens ca-rismáticas e cheias de vida.

A narrativa de O Amante Japo-nês (cujo título evoca esse outro romance de Marguerite Duras, O Amante) segue um plano em que alternam dois planos tem-porais, o presente e o passado, o que por outro lado traz uma oscilação entre a perspectiva de uma jovem chamada Irina Bazili e a de Alma Belasco, a elegante senhora que se instala na Lark House, o lar de idosos onde tra-balha Irina.

Alma Belasco nasceu na Po-lónia, mais precisamente em Varsóvia, em 1939. Com a II Guerra Mundial a deflagrar, é enviada pelos pais, como for-ma de a manter em segurança, para a Califórnia, onde irá ser acolhida pelos tios que vivem numa opulenta mansão de São Francisco. A decisão revela-se acertada, pois como sabemos, Varsóvia foi uma cidade que acabou completamente destru-ída, como palco de guerra entre as duas grandes frentes da Ale-manha e da Rússia.

Mas é com Irina que o roman-ce se inicia, talvez por ser através desta personagem que vamos passar a conhecer melhor Alma Belasco e poder descobrir a sua história, justamente no mo-mento em que esta é entrevista-da e depois admitida: «Irina Ba-zili começou a trabalhar na Lark House, nos arredores de Berke-ley, em 2010. Acabara de fazer vinte e três anos e tinha poucas

ilusões, pois andava, desde os quinze anos, a saltitar de em-prego para emprego e entre uma cidade e outra.» (pág. 9). Mas conforme a intriga se adensa e Seth, o neto de Alma Belasco, mais tarde, se apai-xona por Irina, percebemos que esta jovem proveniente da Europa de Leste também tem o seu passado obscuro e esconde um segredo.O Amante Japonês é a histó-

ria de uma octogenária que, ao aproximar-se dos derradeiros instantes da sua vida, recorda a amizade, que mais tarde se tor-nará no amor de uma vida, que partilhou com Ichimei Fukuda, o filho do jardineiro dos tios: «Conhecera-o no magnífico jar-dim da mansão de Sea Cliff, na primavera de 1939. Na época, ela era uma menina com me-nos apetite do que um canário, que de dia andava calada e de noite chorava, escondida nas entranhas de um armário de três espelhos no quarto que os tios tinham decorado para ela (...)» (pág. 49). Mas neste ro-mance Isabel Allende não cria espaço para o amor romântico das suas outras obras e a classe social pode falar mais forte.

O humor irreverente da escri-ta de Isabel Allende sempre foi um dos seus fortes, característi-ca que se acentuou mais depois dos seus primeiros romances, como se pode comprovar em alguns dos momentos deste ro-mance: «Na opinião de Seth, no início de 2010, de repente, em cerca de duas horas, alguma coi-sa afectou a personalidade da avó. Sendo ela uma artista de êxito e um modelo no cumpri-mento dos deveres, afastou-se do mundo, da família, dos seus amigos, e refugiou-se numa residência geriátrica que nada tinha a ver com ela, passando também a vestir-se como uma refugiada tibetana (...).» (pág. 42). Ou quando a nora pergun-ta a Alma o que irão dizer às pessoas, esta responde pronta-

mente: «- Digam que estou ve-lha e louca. Não estarão a faltar à verdade» (pág. 43).

Outra das principais qualida-des da escrita de Isabel Allende é o seu estilo narrativo ao jeito mágico realista que, apesar de ter tido o seu expoente máximo em A Casa dos Espíritos, ainda se respira entre as páginas desta obra, conforme se pode verifi-car logo no início do romance, quando o empregador de Irina a prepara para algumas das par-ticularidades do seu trabalho na Lark House: «- Por último, meni-na Bazili, devo mencionar-lhe a questão dos fantasmas, porque certamente será a primeira coi-

sa que lhe dirá o pessoal haitia-no./- Não acredito em fantas-mas, senhor Voigt./- Felicito-a por isso. Eu também não. Os de Lark House são uma mulher com um vestido de tule cor-de-rosa e um menino de três anos..» (pág. 14). A opinião de Irina sobre os fantasmas, aliás, iria mudar muito em breve...

Esta obra percorre ainda diversos episódios históricos e questões significativas mas sempre num contexto muito suave, sem verdadeiramente aprofundar esses temas ou momentos da história da Hu-manidade, como a diáspora

judaica, o ataque surpresa do Império Japonês a Pearl Harbor ou o racismo. Talvez pelo facto de não ser um facto histórico muito conhecido, a descrição do que se sucede nos Estados Unidos da América nos meses seguintes ao ataque a Pearl Harbor é um dos momentos mais fortes do romance, onde se descreve a forma como, por se temer um novo ataque por parte do Japão e como meio de prevenir ataques de ódio aos asiáticos pela própria popula-ção americana, todos os japo-neses que viviam na costa do Pacífico, isto é, cerca de vinte mil homens, mulheres e crian-ças, são evacuados por “razões de segurança militar” para dez campos de concentração em zo-nas isoladas do interior do país.

O romance abre-se ainda numa galeria de personagens curiosas e inspiradoras, que justificam sempre uma apre-sentação detalhada, como, por exemplo, Kathy, a psicó-loga da Lark House: «Os anos de imobilidade e o esforço tremendo para sobreviver tinham reduzido o tamanho de Cathy, que parecia uma menina na volumosa cadeira elétrica, mas irradiava uma enorme força, suavizada pela bondade que sempre tivera e que o acidente multiplicara. O seu permanente sorriso e o cabelo muito curto davam-

-lhe um ar travesso, que con-trastava com a sua sabedoria de monge milenar. O sofri-mento físico libertara-a dos defeitos inevitáveis da perso-nalidade e tinha-lhe lapida-do o espírito como um dia-mante. Os derrames cerebrais não afetaram o seu intelecto, mas, tal como ela dizia, tro-caram-lhe os fusíveis e em consequência disso aguçou--se-lhe a intuição e podia ver o invisível.» (pág. 208).

O romance pode até es-tar recheado de estereótipos e lugares comuns (os judeus ricos, a máfia da Europa de Leste, a serenidade dos japo-neses) mas ler Isabel Allende é um daqueles prazeres quase culposos embora perfeitamen-te justificados se considerar-mos como a voz da autora é original e criativa. Falta ainda o grande fôlego narrativo de outras obras suas, como Filha da Fortuna, mas é um livro que prende, entretém e seduz o leitor até ao fim, num tom ligeiro, mediante um humor muito próprio e um sentido prático da vida que daria para escrever alguns livros de auto-ajuda, sem nunca cair no de-licodoce daquilo que se pode entender como chic literatu-re (literatura feminina). Em suma, é impossível não nos deliciarmos com quem sabe contar uma história.

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

Letras e Leituras

fotos: d.r.

A escritora chilena Isabel Allende

Autora regressa às histórias de grande fôlego com 'O Amante Japonês'

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08.04.2016  5Cultura.Sul

Panorâmica

‘Trajectos’ apresenta antologia da obra de Fernando Silva Grade

São 30 anos de percurso artísti-co mostrados em jeito de antologia da obra pictórica de Fernando Silva Grade.

A abertura da exposição que es-tará patente no Museu Municipal de Faro e na Galeria ARCO, também situada na Cidade Velha, teve lugar ontem e os dois espaços vão aco-lher 25 óleos do artista, sobre tela e sobre madeira.

“Não se tratando de uma retros-pectiva no sentido estrito do ter-mo, é uma antologia que percorre as fases mais importantes do meu percurso na pintura”, disse ao Cul-tura.Sul o artista.

Dezassete dos quadros expostos são oriundos de colecções privadas e, por isso mesmo, Fernando Silva Grade, reconhecido aos privados que cederam as suas obras para integrar a mostra, sublinha “o es-forço para reunir as obras que fos-sem marcas de cada uma das fases que atravessei na minha carreira”.

Um artista com forte intervenção cívica

O artista plástico, também conhe-cido pela sua intervenção no qua-dro das questões ambientais e de urbanismo e na área mais alargada

da cidadania, reconhece que esta exposição é como “um desenho de traços largos dos caminhos percor-ridos na pintura que fui fazendo ao longo destas três décadas”.

"Museu municipal não podia deixar de acolher esta mostra

de um artista emblemático do concelho"

O também autor do livro “O Al-garve tal como o destruímos” é visto pelo director do Museu Municipal de Faro, Marco Lopes, como “um ar-

tista do concelho que pela sua rele-vância não poderia o museu deixar de acolher no seu espaço”.

“As várias linguagens artísticas e as variadas temáticas abordadas pelos 25 quadros que integram a mostra são mais uma oportunida-de para o museu cumprir a sua fun-ção primordial de dar destaque ao património e cultura do concelho de Faro”, reforça Marco Lopes.

Apresenta-se assim ao público em dois espaços, traços emble-máticos da obra multifacetada do pintor, criando uma lingua-

gem expositiva que visa mostrar a sua evolução e os momentos e es-colhas por si criados para expressar a sua arte.

Uma exposição que é simultaneamente um convite

a percorrer a Cidade Velha entre o Museu Municipal

e a Galeria ARCO

“O museu ao associar-se nes-ta exposição à Galeria ARCO cria também uma dinâmica dentro da Cidade Velha entre dois espaços

que, embora próximos, vão criar sinergias acabando por participar na geração de um percurso para os visitantes todo ele feito rodeado por património e cultura”, refere o responsável pelo museu da cidade.

Na galeria ARCO, sem actividade galerista há bastante tempo, recu-pera-se assim a função de outrora numa parceria entre o museu, o pintor e as associações ALFA e Ar-Quente, que cederam os seus espa-ços para acolher a exposição de um dos artistas ilustres de Faro.

Um homem e artista marcante

A exposição - cumpre dizê-lo - mostra o trabalho artístico de um homem cujo perfil interventivo, atento e preocupado merece des-taque na sociedade farense e algar-via. Trata-se de um rosto que marca em muitos momentos a face visível das lutas pela conservação e pro-tecção da cultura e do património colectivo do Algarve e que é uma referência em termos de interven-ção cívica em prol do bem comum.

A Cidade Velha mostra agora uma paleta com 30 anos de his-tória na pintura de um homem e artista a quem decerto a cidade e a própria região muito devem, um momento marcante na carreira de Fernando Silva Grade e uma opor-tunidade rara de melhor compre-ender o artista num todo dese-nhado para vivenciar um caminho feito na arte de pintar.

A não perder até 22 de Maio no Museu Municipal de Faro e na Ga-lera ARCO, dois espaços na Vila Adentro unidos para mostrar um único artista, Fernando Silva Grade.

Ricardo ClaroJornalista / [email protected]

Fernando Silva Grade expõe 25 telas no Museu Municipal de Faro e na Galeria ARCO

fotos: ricardo claro

Óleo sobre madeira 195x130cm, 2010, série Pedreiras Óleo sobre tela 195x1300cm, 2008, série Mosaicos

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08.04.2016 6 Cultura.Sul

Saul Neves de JesusProfessor catedrático da UAlg;Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

Como se podem integrar a fotografia e a pintura na produção artística?

Artes visuais

Muitas vezes, os espetadores da produção artística em artes visuais, ao observarem certos trabalhos, questionam-se so-bre “O que é isto? Como foi feito?”. Isto porque, frequente-mente, as obras artísticas pro-duzidas não são compreendidas pelo observador/espetador. Isto diz respeito ao assunto/tema, mas também à técnica de produ-ção utilizada. Assim, as técnicas contemporâneas de produção artística levam a que, por vezes, não se compreenda facilmente como são realizadas algumas obras. Temos como exemplo al-guns nus femininos produzidos nos anos 50-60 (ver figura 1).

A imagem do lado esquerdo, intitulada “Nu azul IV” (1952), foi feita por Henry Matisse re-correndo à colagem, enquanto a do meio, “Silhueta feminina” (1950), foi produzida por Ro-bert Rauschenberg, consistindo na exposição à luz de papel fo-tográfico onde se deitou uma mulher nua. Nenhuma destas é pintura. A única pintura é a do lado direito, “ATN 13” (1960), embora tenha sido produzida de forma pouco ortodoxa, pois tratava-se de uma técnica uti-lizada por Yves Klein em que,

durante 40 minutos, vestido de smoking, aplicou tinta azul so-bre três mulheres nuas, para de seguida se encostarem, como “pincéis vivos”, às telas pendu-radas, enquanto a orquestra to-cava a “Sinfonia Monotónica” de Klein (20 minutos de som con-tínuo ininterrupto, seguido de silêncio de igual duração). Esta Performance de “Antropome-trias da Época Azul” foi realizada na Galeria Internacional de Arte Contemporânea de Paris.

Desta forma, a arte contempo-rânea veio abrir as possibilidades relativamente às formas de pro-dução artística e às combinações possíveis na utilização de diver-sas técnicas.

Uma das modalidades de expressão e produção artística cada vez mais frequente na arte contemporânea traduz uma uti-lização simultânea da fotografia e da pintura.

Os trabalhos que utilizam si-

multaneamente a fotografia e a pintura podem ser produzidos através da técnica de colagem. Esta consiste na composição fei-ta a partir do uso de matérias ou objetos apropriados do mundo real para serem colados na tela, contribuindo para a criação de um motivo ou imagem. Surgiu no âmbito da arte moderna, nomeadamente com o cubis-mo sintético (1912-13), sendo conhecidos, como exemplos, os trabalhos de Picasso intitulados “Natureza morta com cadeira de palha” (1912) e “Guitarra, jornal, vidro e frasco” (1913). No entan-to, só posteriormente se começa-ram a usar fotos nas produções com colagem, embora estas fos-sem inicialmente um elemento acessório na pintura de uma tela.

Assim, sobre a forma de ar-ticular fotografia e pintura na mesma tela podemos distin-guir entre várias técnicas (ver figura 2).

Desde aquelas que utilizam um estilo Pop Art, como na ima-gem do lado esquerdo (Janszen, 2010), em que a fotografia é impressa na tela e se pinta sobre essa imagem, aquelas em que é utilizada a técnica de pintar a partir da fotografia impres-sa na tela, como no segundo exemplo da figura (Bradford, 2008), aquelas em que a técni-ca é pintar e colar fotografias na tela num sentido decorati-vo, como no terceiro exemplo (Vance, 2008), ou aquelas em que a técnica é pintar sobre fo-tografias, constituindo estas o fundo do trabalho produzido, como no exemplo do lado di-reito (Almeida, 1975). Helena Almeida é uma das mais reco-nhecidas artistas portuguesas

que se dedicaram à fotografia, tendo simultaneamente utili-zado técnicas de pintura. O seu trabalho centra-se sobretudo em fotografias a preto e bran-co tiradas a si própria, sobre as quais realiza pontuais inter-venções pictóricas em acrílico. A série de imagens “Inhabited painting” (“Pintura habitada”), realizadas em 1975, é uma das mais conhecidas.

A técnica que temos utilizado nos trabalhos de foto-pintura que temos produzido a partir de 2006 tem sido um pouco di-ferente destas, pois colamos as fotos impressas em papel foto-gráfico na tela e pintamos a par-tir daí o resto da tela, podendo também ser pintada parte das fotografias para que seja melhor

conseguida a integração do ele-mento fotografia no todo que é o trabalho realizado. O obje-tivo seria que a fotografia e a pintura quase que se diluíssem uma na outra, formando um todo em que quase não seria perceptível onde termina uma e começa a outra. Por exemplo, no trabalho “Sombras no mar” (2007) é mostrado o início do procedimento, em que temos a foto colada na tela, e o final do processo, em que a parte da tela que estava em branco já está pintada, dando continuidade à fotografia através da pintura na tela (ver figura 3). Esta con-tinuidade leva a que, por vezes, também seja pintada parte da fotografia, deixando de haver li-mites rígidos entre a fotografia e a pintura, para ambas contribu-írem para o produto final.

Assim, há várias formas pos-síveis de combinação possível na articulação da fotografia e da pintura na produção artís-tica em artes visuais, não tendo que um elemento ser predomi-nante em relação ao outro, pois ambos contribuem para o todo que é a obra de arte produzida, sendo o todo mais do que a mera soma das partes.

Nota: Algumas das reflexões apresentadas neste artigo encon-

tram-se no livro “Construção de um percurso multidisciplinar,

integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus

([email protected])

Figura 1: Imagens de nus femininos utilizando diferentes técnicas das artes visuais

fotos: d.r.

Figura 3: Quadros em que foi utilizada a técnica de colagem, em cima “Sombras no mar” (Jesus, 2007)

AGENDAR

“PLAZA SUITE”15 ABR | 21.30 | Cine-Teatro LouletanoAlexandra Lencastre e Diogo Infante são os prota-gonista de uma comédia sobre o amor, encarnando as desventuras de dois casais, muito diferentes, que enfrentam momentos cruciais nas suas vidas

“BAILARTE FLAMENCO”30 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - FaroEspectáculo de cante, guitarra, cajón e baile, que tem como protagonistas Ramón Martínez, Eva la Yerba-buena e Cristina Hoyos

Figura 2: Imagens de trabalhos produzidos em que são utilizadas diferentes técnicas na combinação entre fotografia e pintura

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08.04.2016  7Cultura.Sul

Há vários anos que a foto-grafia é usada como terapia ou como forma de comple-mento da mesma.

O registo mais antigo que existe do uso de técnicas de terapia com base em foto-grafias data de 1856 pelo Dr. Hugh Diamond. O de Fotogra-fia Terapêutica é ainda mais antigo, data de 1844 pelo Dr. Thomas Kinkbride.

Mais recentemente, a Drª. Judy Weiser, considerada pioneira no uso destes méto-dos na terapia, em 1973 usou fotografias nas suas consultas com crianças surdas e é tam-bém autora do livro “Photo-therapy Techniques Exploring the Secrets of Personal Snap-

shots and Family Albums”.A diferença “Fototerapia”

e “Fotografia Terapêutica” é a seguinte: a “Fototerapia” é o uso de fotografias numa sessão de terapia conduzida por um profissional, em que as mesmas são usadas por exemplo: para despertar e confrontar diversos tipos de sentimentos e memórias e ajudar o paciente a lidar com os mesmos.

A “Fotografia Terapêutica” é o uso de actividades fotográ-ficas como forma de terapia que podem ser iniciadas e conduzidas pela própria pes-soa sem a assistência de um terapeuta ou que podem ser usadas como complemento de uma terapia conduzida por um profissional. Podem ain-da também ser usadas para o sujeito expressar algum tipo de sentimento, preocupação ou defender uma causa social.

Estas duas formas de usar a fotografia na terapia podem ser executadas em separado ou então em conjunto (ex: um “paciente” realiza actividades

fotográficas como forma de exprimir um sentimento com o qual não consegue lidar de

outra forma e o resultado des-sas actividades (as fotografias) é usado numa terapia condu-

zida por um profissional para o ajudar a lidar com esse mes-mo sentimento).

Fontes: phototherapy-center.com;

preconsciouseye.com

Espaço ALFA

A fotografia na terapia

Tânia GuerreiroMembro da ALFA

Filosofia dia-a-dia

O que é que mais deseja nesta vida? Ser feliz? Haverá alguém que queira aumentar o seu sofri-mento e diminuir o seu prazer? Se todos queremos mais alegria e menos tristeza por que moti-vo as nossas vidas não parecem experienciar-se desse modo? Se-remos todos vítimas de um des-tino cruel? Ou andaremos a fazer qualquer coisa de muito errado?

Em 306 a.C., Epicuro (341-270 a.C.) adquiriu em Atenas uma casa grande rodeada de um enorme jardim. Ali se instalou com um grupo de amigos e segui-dores, vivendo em comunidade uma vida frugal. Pouco a pouco a fama deste filósofo que ensinava como viver uma vida feliz chegou aos sítios mais recônditos. Jovens

provenientes de distantes regiões começaram a acampar no jar-dim, escutando avidamente os ensinamentos do excelso sábio. Em troca cuidavam do jardim e da horta. Assim nasceu uma das mais proeminentes escolas filo-

sóficas da Antiguidade que ficaria para sempre conhecida como O jardim de Epicuro.

Do muito que Epicuro escre-veu apenas alguns fragmentos chegaram até nós. Sobreviveram, contudo, três cartas completas en-dereçadas a discípulos. A Heródo-to escreveu sobre física atómica; a Pítocles sobre os fenómenos ce-lestes e a Meneceu a epístola que ficou conhecida até aos nossos dias como A carta sobre a felicidade. Nela se garante que não só a práti-ca de tais ensinamentos conduzi-rá à felicidade plena, mas também a sentir-se como um deus imortal entre os homens mortais.

“Mudam-se os tempos, mu-dam-se as vontades...” mas naqui-lo que é essencial seremos assim tão diferentes de um ser humano do séc. IV a.C.? Olhemos para os nossos medos e para os nossos an-seios e vejamos o que tem Epicuro

a dizer sobre o assunto.A maioria de nós receia acima

de tudo a morte. Epicuro diz-nos que não há que temer a morte pois “quando estamos vivos, é a morte que não está presente; pelo contrário, quando a morte está presente nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos nem para os mortos, já que para aqueles não existe, ao passo que estes já cá não estão”. Por outro lado, há que eleger a qualidade em detrimento da quantidade, “assim como opta pela comida mais saborosa e não pela mais abundante, do mesmo modo [o homem feliz] colhe os doces frutos de um tempo bem vivido, ainda que breve”.

Quando a adversidade nos assalta tendemos a cair no deses-pero, e quando algo que muito desejamos tarda em concretizar--se somos tomados pela ansie-dade. Epicuro trata estes males com um entendimento objec-tivo do tempo futuro, que não é nem totalmente nosso nem não-nosso: “não devemos esperá--lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desespe-

rarmos como se não estivesse por vir jamais”.

E que dizer sobre o desejo, muito frequente hoje em dia, de ganhar o euromilhões? Epicuro aconselha a distinguir bem os desejos porque os há naturais e necessários (ex: alimentação, sono) mas também os há inúteis ou prejudiciais (ex: riqueza, gló-ria). A estupidez de uma avaliação errónea nesta matéria leva direiti-nho à infelicidade! Por outro lado, “desfrutam melhor a abundân-cia os que menos dependem dela; tudo o que é natural é fácil

de conseguir. Difícil é tudo o que é inútil”. Como bem diz o ditado: “não é mais rico quem mais tem, mas aquele que menos necessita”. Há que valorizar as coisas sim-ples, “habituar-se a um modo de vida não luxuoso não só é conve-niente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida”. E se colo-cássemos algumas frases de Epi-curo nas paredes dos centros co-merciais? Talvez não fosse bom para o negócio mas ajudaria à consciencialização de que com-

prar não nos garante felicidade.É frequente o estabelecimento

da equivalência entre a felicidade e o sentimento de prazer. Tam-bém Epicuro afirmava que o fim último é o prazer. Por este moti-vo foi muitas vezes erroneamente interpretado. O excelente filóso-fo não se referia a banquetes ou orgias, pelo contrário, entendia o prazer como “ausência de so-frimentos físicos e de perturba-ção da alma”. Conviria, portanto, “avaliar todos os prazeres e sofri-mentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos” e, so-bretudo, remover as opiniões fal-sas. A vida bem vivida é uma vida examinada em que se investigam as causas de toda a escolha e de toda a rejeição.

Como vimos no princípio deste texto, apesar de cada um de nós ser distinto e inconfundível, talvez sejamos todos mais parecidos do que à partida se supõe. O jardim de Epicuro perdurou durante sete séculos depois da morte do seu fundador, promovendo a felici-dade através da saúde do corpo, da vivência dos prazeres mode-rados e da serenidade do espírito.

O Jardim de Epicuro

Maria João Neves Ph.DInvestigadora da Universidade Nova de Lisboa

d.r.

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08.04.2016 8 Cultura.Sul

Amália Rodrigues actuando no Hotel Algarve (Praia da Rocha), em 1969

d.r.

Rumo ao sul, “passado o Cal-deirão, é como se me tirassem uma carga dos ombros. Sinto--me livre, aliviado e contente, eu que sou a tristeza em pessoa!”, escreveu Miguel Torga no seu li-vro Portugal, de 1950. No Algarve não se via verdadeiramente den-tro da pátria nem fora dela, mas sim “numa espécie de limbo da imaginação, onde tudo é fácil, belo e primaveril” e onde “um poeta tem a sensação de que se pode viver do ar, sem ninguém ter necessidade de pensar sequer no dia de amanhã”. Talvez seja sobretudo essa leveza e volúpia dos sentidos, essa “miragem dum céu deste mundo” (Torga), que tanto fascinaram muitos dos que, ao longo dos tempos, ru-maram a este algarve d’aquém--mar, placa giratória de culturas e imaginários que temperaram e sedimentaram a identidade me-diterrânica.

Terá sido também isso, alia-do a um espírito irrequieto e fervilhante, e a uma saúde mais débil a precisar de outros ares, que levaram a escritora e tradu-tora Fernanda de Castro (1900-1994), casada com António Ferro (homem forte de Salazar na área do fomento cultural su-bordinado aos fins políticos do regime), a cultivar uma ligação estreita com o Algarve, que, se-gundo ela, possuía três milagres: a praia da Rocha, o promontó-rio de Sagres e as amendoeiras em flor. Mantinha mesmo uma casa em Alporchinhos (conce-lho de Lagoa), que alugava ao ano e da qual registou diversas impressões nas suas memórias, recordando a simplicidade, vir-gindade e quase despovoamento do lugar, e remetendo-nos para um Algarve outro:

[…] a praia deserta, o rochedo com 200 ninhos de gaivotas no di-zer dos pescadores, a vinha a perder de vista, as figueiras carregadas de figos doces e pequenos, o cheiro a maresia e as ervas aromáticas, os crepúsculos incomparáveis e um céu carregado de estrelas – em parte alguma via tantas estrelas cadentes –, e ainda o silêncio e os sons que também eram silêncio, marulho

das ondas, pios de gaivotas, adejar de asas.

Ao longo do ano de 1963 Fer-nanda de Castro desdobrou-se em visitas ao Castelo de Silves, Quinta de Mata-Mouros, rio Arade, cais de Portimão, praça pombalina de Vila Real de San-to António, Tavira e suas inúme-ras igrejas, praia da fortaleza na praia da Rocha, Olhão, Albufeira e a outros lugares com o intuito de organizar o I Festival do Algar-ve. Fruto da sua rede privilegiada de relações e contactos, apresen-tou o projecto ao então secretá-rio nacional da informação, Dr. Moreira Baptista, argumentan-do nestes moldes: “Acho que o Algarve começa a ser muito conhecido no estrangeiro, mas a verdade é que, tirando o sol, o mar e as praias, o turista não tem nada que fazer além do banho e das refeições”. Autorizado o evento pela tutela, o staff organi-zador seria composto pelo irmão de Fernanda, Francisco Telles de

Quadros e Castro, a escritora Edi-th Arvelos, a pintora Inês Guer-reiro e o poeta José Carlos Ary dos Santos.

O arrojado evento, que se es-tendeu assim a vários pontos do Algarve, só se concretizaria em 1964, iniciando-se a 12 de Agos-to no Castelo de Silves com um espectáculo cuja primeira parte foi dedicada à música e poesia árabes, com a colaboração es-pecial de Larbi Jacoubi (então director do Teatro Universitá-rio de Tânger) e dos irmãos e músicos Hamza Ouazzani e Abdellatif Ouazzani (príncipes marroquinos). Na segunda e terceira partes foram apresen-

tados, respectivamente, sonetos camonianos e excertos d’Os Lu-síadas, e o poema dramático de Ary dos Santos "Tempo da Len-da das Amendoeiras", o qual ganhou aqui uma importante consagração.

Amália Rodrigues, que acre-ditava nas origens árabes (e ma-rítimas) do fado, encarando-o como expressão de uma queixa, foi uma das protagonistas deste I Festival, dada a proximidade e amizade com Fernanda de Cas-tro. A relação da fadista com o Algarve já remontava aos anos 40 (como atestam várias fon-tes), com passagens pela região para concertos, sobretudo nos casinos mas também em festas de cariz mais popular, sempre com assinalável sucesso para a já então considerada “rainha do fado”. A actuação de Amália na "Festa da Lua", em Armação de Pêra, seria um dos pontos altos do evento, tendo como pano de fundo um mar repleto de bar-

cos engalanados e iluminados, e no meio do areal uma embarca-ção colorida, rodeada por uma guarda de honra de pescadores, de remos ao alto. Fernanda de Castro registou na sua autobio-grafia este momento mágico em que a energia do lu(g)ar, o simbolismo do cenário monta-do para o efeito e a envolvência poética da música se fundiram harmoniosamente:

E, sobre esse barco, pálida, sob a pálida brancura da Lua, Amá-lia, sozinha, de pé, com um ves-tido negro que a tornava ainda mais branca. Na praia, coalhada de gente, um silêncio mortal. Co-meçaram a ouvir-se as guitarras

escondidas na sombra e a voz de Amália, vibrante, pura como um cristal, abalou o silêncio, a noite, a própria Lua que a iluminava. Ha-via uma leve aragem e eu disse à Jacqueline, que tinha vindo passar umas semanas a Alporchinhos:

– Dommage qu’il fasse un peu froid.

Ao nosso lado uma francesa, elegante e muito bela, voltou-se para mim, sorriu e disse:

– Qu’est-ce que ça fait, ma-dame! C’est beau, c’est terrible-ment beau!

Depois de cantar duas horas, Amália andou de grupo em gru-po na praia, dando-se ao povo, agradando-o – um dia confes-saria mesmo que, no fundo, essa era a sua única pretensão –, como tanto apreciava/preci-sava. A organização do festival preparara, sobre a areia, vários repastos típicos: “vilas” de amê-ijoas, ostras e polvos grelhados, azeitonas britadas com orégãos, pão de trigo, queijos de Serpa,

vinho de Lagoa e de Portimão, figos e amêndoas, morgadinhos e dom-rodrigos, aguardente de medronho, etc. O já aludido Lar-bi Jacoubi ficaria visivelmente impressionado com a força e verdade com que a voz de Amá-lia exprimia a tristeza pura e po-ética ou a existencial alegria de viver, tirando do dedo um anel que lhe ofereceu dizendo-lhe: “Como vê, este anel tem como adorno um olho de boneca. Te-nho outro igual em Tânger, com o outro olho da mesma boneca. Use este, que eu vou usar o ou-tro, e assim ficaremos ligados até ao fim da vida”.

Já em 1962 Amália tinha fi-

cado na memória das gentes de Armação durante o período áureo do casino local, por onde passavam, nos períodos estivais, as principais figuras da música nacional. Depois de uma actua-ção em Quarteira, a fadista hon-rou o palco do casino com um espectáculo, mas dada a enor-me e entusiástica afluência de público a actuação acabaria por se realizar no exterior, em pleno Mini-Golf, numa noite marcante que ficou indelevelmente grava-da na memória colectiva. Antes do concerto, e dada a sua aten-ção sensível e deslumbramento por paisagens naturais, Amália, Ary dos Santos e seus amigos terão inclusive desfrutado da beleza da baía a partir do mira-douro da Rocha da Palha. Antes, em 1950, o encenador Filipe La Féria também ficara impressio-nado quando, aos cinco anos, viu pela primeira vez Amália e ouviu o povo que circuzda-va o então Casino Oceano, em

Monte Gordo, a chamar e gritar por ela, o que até levou a que a segunda parte do espectáculo fosse realizada na varanda do edifício com a fadista a cantar para a numerosa população, num gesto de generosidade e dádiva ao seu público.

Revisitando mais uma vez memórias das conversas com o João Belchior, penso que Amália tinha essa capacidade rara (uma espécie de dicotomia quase “es-quizofrénica” e cativante) de convocar a alegria solar, a festa, a dança e o riso com a mesma intensidade e verdade com que cantava a tragédia e derramava lágrimas sobre o mundo, sem

se inclinar ou revelar necessaria-mente uma opção muito clara por um desses registos/dimen-sões – e talvez por isso gostasse tanto de citar o espanhol Anto-nio Machado (1875-1939), um dos seus poetas predilectos: “A todos nos han cantado / en una noche de juerga / coplas que nos han matado…” (do poema “Cante Hondo”).

Na 2.ª edição do Festival do Al-garve, realizada em 1965, Amá-lia voltaria a participar, desta vez cantando em Albufeira numa grande esplanada na praia. Dado o vento e a humidade do ar, a fadista estava preocupada com a sua garganta, tendo em conta até que iria cantar a o ar livre. Daí que Inês Guerreiro, da organização, tenha falado “com um velho marinheiro e com o auxílio deste montou no estra-do uma vela de traineira que, logo que Amália começou a cantar, se ergueu como se o es-trado fosse de facto um barco a fazer-se ao mar”. O belo efeito de cena que a solução originou, protegendo ao mesmo tempo a voz de Amália do vento, foi rece-bido com uma enorme ovação pelas centenas de pessoas (so-bretudo estrangeiros) que esta-vam presentes no local, segun-do também recorda Fernanda de Castro.

Quando, nesse mesmo dia, num momento de maior rela-xamento, a escritora perguntou a Amália o que sentia perante o enorme reconhecimento mos-trado lá fora por plateias cos-mopolitas, a sua reacção ini-cial foi de silêncio, e a resposta foi: “Penso que nada daquilo é comigo, que eu estou ali, sim, mas que não sou eu, que es-tou longe, muito longe, e que estou a cantar, a agradecer e a sorrir como se fosse outra pes-soa, como se de qualquer modo estivesse a receber aplausos que não me eram destinados.”

Amália nunca aprendera a cantar e nem sabia porque cantava, como sublinhava ami-úde. Mas a sua intuição, ouvido e instinto (uma espécie de inte-ligência-bruxa que lhe dizia do bem e do mal) eram porventura os seus traços mais vincados e a sua “única e exclusiva arma”, como até confessou. Porque a canção popular portuguesa talvez seja – como ela definiu, com uma clarividência genial, numa entrevista a Miguel Este-ves Cardoso em 1982 – duas ou três notas que não valem nada e que nos comovem.

(continua na próxima edição)

Amália ao sul (II)Sala de leitura

Paulo PiresProgramador culturalno Município de Louléhttp://escrytos.blogspot.pt

In memoriam João Belchior Viegas À Teresa Oliveira e ao Gonçalo Couceiro

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08.04.2016  9Cultura.Sul

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

AGENDAR

“BEBER’ARTE”Até 7 MAI | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - AlbufeiraA mostra, que presta homenagem ao universo ví-nico, integra serigrafias, litografias, gravuras e pos-ters que pertencem à colecção particular da enófila Ragnhild Olsen

“INSTALAÇÃO PEOPLE”Até 7 MAI | Galeria de Arte da Praça do Mar- QuarteiraPinto da Silva apresenta uma exposição sobre a vida, desde que nascemos, quando espreitamos os pri-meiros raios de luz e precisamos de protecção, até à nossa partida

Abril

Pedro [email protected]

O Dia

Viajar de comboio ou na linha dele na pe-numbra da manhã. Ir de barco ou na rota dele na neblina da tarde. Andar a pé ou na calçada dele na humidade da noite. Adormecer no sofá ou nas margens dele na calada da madrugada

A Gorda volta a atacarAmanhã, sábado 9 de Abril, pelas 21h30.

Desta vez no Cine-Teatro António Pinheiro em Tavira. João Evaristo e Joaquim Parra, trazem «Mê Menine, e a Tua Mãe!?».

No dia mundial do teatro

Quando os ensaios começaram três meses an-tes, Carlota e Henrique eram um casal, assim..., digamos que… feliz. Na peça, uma história de

amor arrebatado, parecia-lhes fácil encarnar aquelas personagens. À medida que se aproxi-mava o dia da estreia a relação amorosa deles ia-se deteriorando ao mesmo tempo que a pai-xão em palco se acalorava. Na noite do dia mun-dial do teatro, foram efusivamente aplaudidos. Foram os últimos a deixar os camarins. Depois à porta do teatro, cada um seguiu sozinho para um dos lados da rua.

Sinónimos de Leitura

De 11 a 22 de Abril, a Biblioteca Municipal Vicente Campinas de Vila Real de Santo António leva a cabo a 5ª edição de «Sinónimos de Leitura».  Esta iniciativa anual gira em torno da leitu-ra, em todas as suas acepções e perspectivas e do universo que a rodeia e a torna possível.  Na Biblioteca, os escritores, os contadores, os editores, os livreiros, artistas, e os leitores de todas as idades, juntam-se numa semana de atividades - leitura da poesia ou da prosa, mas também a do livro científico, a leitura da pin-tura, do cinema, da dança, da fotografia ou do teatro, cruzando-se na leitura do mundo.

A edição deste ano, conta com a presença, entre outros, de Bru Junça, Carlos Brito, Catra-pum Catrapeia, Cristina Valente, Dulce Maria Cardoso, Fernando Évora, Jacinto Palma Dias, Lénia Santos, Luís Carmelo, Luís Ene, Luís Por-tela, Marina Palácio, Nelson Ramiro, Pedro Lei-tão, Pedro Santos, João Pereira e Pedro Tavares, Poetas do Guadiana, Rituais Dell Arte, Rodolfo Castro e Susana de Sousa.

Das novas nêsperas

Essas árvores plantadas em campos sobran-ceiros ao mar dão frutos tão afrodisíacas como qualquer outro de casca aveludada. Mas não

é senão mesmo o sol, e a temperatura que se insinua pelo dia, que te faz ficar só de roupão turco vestido, sob o alpendre a despelar as no-vas nêsperas, provando da sua polpa suculenta, doce ou ácida…

Edita 35 / 36

O Festival Iberoamericano de La Edición, La Poesía y Las Artes, decorre em Punta Umbria (Huelva) de 29 de abril a 1 de maio. Concentra no Teatro del Mar a grande parte das suas acti-vidades – exposições, mostra de edições/edito-ras e feira de livro, apresentações, concertos. No bar Casa del Ingles 1880 terão lugar os recitais e performance. O evento conta com a participa-ção de vários autores/editores algarvios.

Uberto Stabile, o coordenador deste festival, escolheu este ano precisamente o Algarve para a edição 36, que terá lugar na semana seguinte, em Tavira e V.R. Stº António, entre os dias 5 e 7 de Maio (programa a anunciar brevemente).

o tempo …

o tempo que se esfuma nas dimensões do real, que é o mesmo que essa rotina que nos consome…

“Sextas da Primavera”

Ciclo de 4 concertos na Casa do Povo de Santo Estevão, sempre às sextas-feiras, 22h, traz Lula Pena já a palco, no 15 de abril, seguindo-se até junho Norberto Lobo, B Fachada e Benjamin.

Tem por objectivo levar música e público até ao barrocal do concelho de Tavira, numa pers-pectiva de educação para as artes com base na descentralização, combate à exclusão social, desertificação e envelhecimento. Integrado no programa municipal “Viva a Primavera” elabo-rado em parceria com as associações culturais do concelho, que visa estimular e valorizar a criatividade da comunidade, a iniciativa das or-ganizações e o aparecimento de novos talentos artísticos, num período de renovação da natu-reza que vai do equinócio da Primavera ao pe-ríodo do solstício de Verão.

fotos: d.r.

«(…) não há melhor sítio do que a concha ancestral do mediterrâneo para fazer amigos eternos, mesmo que essa eternidade possa durar o lacónico curso de um só verão apenas.»

Depois de «Postais da Costa Sul» e «Alma», Pedro Jubilot lança agora «Telegramas do Me-diterrâneo», pela editora CanalSonora. O novo livro do autor olhanense radicado em Tavira, será lançado nos encontros «Edita» de Punta Umbria e Tavira. Um pré-lançamento da obra terá lugar a 23 de abril – dia mundial do livro – em local a anunciar, estando já prevista uma das apresentações para 4 de junho na Biblioteca Municipal de Tavira.

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08.04.2016 10 Cultura.Sul

A luz das conservas: património e design

O presente artigo tem como objetivo demonstrar como é possível, através de um proje-to académico de alunos de De-sign de Comunicação, ativar e potenciar o valor estético do património, em particular das composições gráficas desenvol-vidas por ilustradores, tipógra-fos e litógrafos para a comuni-cação visual dos envoltórios das latas de conserva, de algumas fábricas portuguesas dos finais do século XIX, até meados do séc. XIX.

Para a concretização deste projeto houve necessidade de seguir uma metodologia pro-jetual que assentou no Méto-do para o Desenvolvimento de Projetos de Design-Gráfico--Sistemas de identidade visual, de Maria Luísa Peón. Para Peón (2001), a metodologia é o con-junto de métodos utilizados na realização de um objetivo e também seus estudos e análi-ses. A metodologia, portanto, não é o objetivo em si, mas ape-nas uma ferramenta de auxílio na resolução de um problema. Peón explicita a necessidade da criatividade no início do seu método e prevê uma pesquisa qualitativa para avaliação dos resultados preliminares. So-mente com a “aprovação” dos resultados por uma amostra do público-alvo é que o projeto é finalizado e implantado. Este método prevê igualmente uma sequência de etapas sucessivas cronologicamente, denomina-do fluxograma, que resume o processo de projetação. Este fluxograma encontra-se di-vidido em três grandes fases: problematização, conceção e especificação.

A primeira fase consistiu no reconhecimento do problema – desenvolver uma exposição com base numa identidade gráfica gerada pela indústria conserveira existente em Por-tugal, desde o final do século XIX até meados do século XX.

Efetuámos uma recolha e se-leção de envoltórios de várias fábricas portuguesas. Reunidos os exemplares, considerou-se pertinente proceder ao estu-do desse material, através da identificação dos conceitos e elementos fundamentais da representação bidimensional. Para Wong (2007), os elemen-tos que formam uma compo-sição bidimensional, determi-nando a sua aparência e o seu conteúdo, podem ser classifi-cados da seguinte forma: 1. Elementos conceituais, que não são visíveis, porém, pa-recem estar presentes, como ponto, linha, plano e volume; 2. Elementos visuais, que são os traços e manchas que expres-sam os elementos conceituais e os tornam visíveis, com for-mato, tamanho, cor e textura; 3. Elementos relacionais, que dizem respeito à localização e às inter-relações dos formatos de um desenho e são percebi-dos como direção e posição ou

como sentidos, espaço e gravi-dade; 4. Elementos práticos, que estão relacionados com a funcionalidade, o conteúdo e a importância da representa-ção, definindo o “porquê” do desenho.

Após esta recolha, passamos à fase da conceção, dividida em cinco etapas. Na primeira (geração de alternativas), todas as necessidades e restrições do projeto foram levadas em con-sideração para a geração de alternativas e, segundo Peón, quanto mais alternativas, me-lhor. Na etapa seguinte (defini-ção do partido), os conceitos desenvolvidos foram avalia-dos de maneira que se pudes-se escolher aquele que mais traduziu as necessidades do projecto, e que serviu como solução preliminar. Esta so-lução foi mostrada e testada a uma amostra do público-al-vo, a fim de gerar uma valida-ção por parte do mesmo. Na etapa de solução, avaliados

os resultados, é mais uma vez aperfeiçoada a solução final.

Na fase da especificação, foram feitos desenhos téc-nicos e tridimensionais dos elementos do sistema expo-sitivo, desde as peças a expor, como as de divulgação e pro-moção do evento, a maqueta virtual da exposição e as artes finais para impressão.

Por último a implantação. A preparação e pintura das bases dos candeeiros, a pro-dução dos abajures, a insta-lação elétrica, a produção dos materiais promocionais e a montagem da exposição “A luz das conservas”, que esteve patente no Museu de Portimão de março a maio de 2015.

Segundo Costa (2011, p.165), o que define o design gráfico é a sua essência visual, e os olhos não são mais do que terminais do cérebro na sua conexão com o ex-terior. Neste contexto, percebe-se que o design gráfico tenha um du-

plo destino: a sensibilidade estéti-ca e o conhecimento. Percebemos assim, que a atuação por via do design, ao nível da sensibilida-de estética, foi determinante no processo de otimização do património gráfico, de técnicas de desenho tipográfico, regis-tos de marcas, conjugações cromáticas e técnicas de com-posição e impressão, deixado por estes envoltórios.

Considerando o design como uma mistura de conheci-mento, criação e aplicação (Heyli-ghen et al, 2009), tornou-se relevante criar um objeto ex-positivo e simultaneamente útil e funcional. Como Bernd Löbach defende no seu livro “Design industrial: bases para a configuração dos produtos industriais”, um bom produto de design deve atender a três funções básicas: prática, estéti-ca e simbólica. A prática diz res-peito à capacidade do produto em atender a uma necessidade de uso. A estética, não diz res-peito à beleza do produto mas à capacidade de sensibilizar pelo menos um dos sentidos humanos. Além da função percetiva dos elementos esté-ticos, a função simbólica evoca associações à cultura e aos mo-vimentos artísticos da época.

Este projeto envolveu várias áreas de atuação do design, o que tornou a experiência muito válida para quem se prepara para a profissão de designer. O desafio foi supe-rado, a exposição revelou um forte valor estético e fica a ideia de que há muito a fazer pelo património existente nos museus do país.

Referências Bibliográficas:

Costa, Joan. (2011). Design para os olhos – Marca, Cor,

Identidade, Sinalética. Lisboa. Dinalivro.

Heylighen, Ann; Cavallin, Humberto; Bianchin, Matteo.

(2009). Design in Mind. Design Issues, Volume 25.

Lobach, Bernd. (2001). Design Industrial - Bases para a configuração dos produtos industriais. Tradução Freddy

Van Camp. São Paulo: Editora Egard Blucher.

Peón, Maria Luísa. (2011). Sistemas de identidade visual.

Rio de Janeiro: 2AB.Wong, W. (2007). Princípios

da Forma e do Desenho. São Pau-lo. Martins Fontes.

A exposição 'A luz das conservas' esteve patente no Museu de Portimão em 2015

d.r.

Projeto envolveu várias áreas de atuação do design

Ficha Técnica:

Direcção: GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor:Ricardo Claro

Paginaçãoe gestão de conteúdos:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:• Artes visuais:

Saul de Jesus• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Espaço AGECAL:

Jorge Queiroz• Espaço ALFA:

Raúl Grade Coelho• Espaço ao Património:

Isabel Soares• Filosofia dia-a-dia:

Maria João Neves• Grande ecrã:

Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista

• Letras e literatura: Paulo Serra• Missão Cultura:

Direcção Regionalde Cultura do Algarve

• O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot• Panorâmica:

Ricardo Claro• Sala de leitura:

Paulo Pires• Um olhar sobre o património:

Alexandre Ferreira

Colaboradoresdesta edição:Ana BorgesDaniela BrazTânia Guerreiro

Parceiros:Direcção Regional de Cultu-ra do Algarve, FNAC Forum Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.postal.pt

e-paper em:www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul

Tiragem:7.615 exemplares

Espaço ao Património

Daniela BrazDocente de Design de Comu-nicação no Instituto Superior Manuel Teixeira GomesDiretora Criativa na Porquê Design

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08.04.2016  11Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

Luís Ene (autor apresenta-do neste jornal, na edição de fevereiro de 2015) publicou, em fevereiro de 2016, sob a chancela da Lua de Marfim, Escrever é dobrar e desdobrar palavras à procura de um sen-tido, um conjunto de 45 con-tos ao longo de 67 páginas. Alguns têm duas linhas, ou-tros ocupam cinco páginas. Esta variação de dimensão é progressiva e vai permitindo o dobrar e desdobrar de pa-lavras, personagens, assuntos, enfim, o material de que o au-tor dispõe para construir as suas narrativas. Daí que não se estranhe a repetição de frases, o reaparecimento das perso-nagens em contos distintos ou até o mesmo nome em perso-nagens diferentes. São tantos (quase infinitos) os caminhos por onde um texto pode an-dar, que Luís Ene não os quis desperdiçar, exercitando a sua mestria.

Percursos possíveis

Tal como a escrita, a nossa leitura não tem de ser sempre linear, e este livro é um desafio à descoberta dos itinerários que ele nos pode dar: «Descobriu assim que uma história podia aparecer de diversas formas e de diversos tamanhos e, sendo sempre a mesma história, era ao mesmo tempo sempre uma his-tória diferente.» (conto 45, p.66).

E assim há histórias que con-tinuam noutras. Ou há palavras que se dobram e se desenvol-vem em histórias diferentes. Por exemplo, há uma espécie de expansão do conto 1 no con-to 19. O primeiro é pequenino, mas contém os elementos que vão ser reutilizados no conto 19 (e em outros, onde as palavras

«embrulhar» e «desembrulhar são exploradas nos seus diversos sentidos e utilizações»). Conto 1 «‘Um dia embrulhado’. O dia es-tava embrulhado; aproveitei e levei-o comigo, para oferecer a uma amiga muito especial. Era um dia cinzento e triste, perfei-to para a minha amiga, que é dada à melancolia». O conto 19 é maior (ocupa cerca de 1 página), já nos indica o nome da amiga e algumas das suas características. Este conto enquadra o anterior, dando um sentido ao final esco-lhido. Porque a amiga «dizia que os presentes deviam ser espe-ciais, deviam dizer não só algu-ma coisa a quem os recebia mas também a quem os oferecia. Se não se tinha um presente assim, mais valia não oferecer qualquer presente.

O dia estava embrulhado e ele sabia o que fazer com ele. Não hesitou, levou-o para oferecer à Cecília. O dia era cinzento e tris-te, mas a sua amiga era dada à melancolia» (p.12).

A escrita

Deixei, acima, no título desta página, o nome do livro propo-sitadamente incompleto, como tentativa de resumir, naquelas duas palavras, uma das temáti-cas recorrentes do autor, que é a reflexão sobre a escrita e so-bre o ato de escrever.

No conto 25, há uma expli-cação mais completa da forma como faz a escrita acontecer:

«Sentei-me e comecei a es-crever, uma palavra depois da outra, à espera que no final tudo fizesse sentido; um novo sentido que fosse muito além do sentido inicial.

Escrever é dobrar e desdo-brar palavras à procura de um

sentido, escrevi uma vez, ainda que não esteja certo que a fra-se seja realmente minha. Com a escrita nunca se sabe, e eu te-nho sempre dúvidas quanto à autoria do que escrevo, mas, em contrapartida, acredito nas palavras e nas histórias que elas contam, ainda que se escrevam muitas vezes quase sozinhas, até tanto melhor

quanto menos eu interferir. As histórias estão como que em suspensão, é o que acredito, e é preciso encontrá-las e fazê-las aparecer, revelá-las, como uma fotografia.

Escrevi uma frase, depois outra, desdobrei a primeira, dobrei a segunda, e fui dando espaço para a história surgir. Às vezes surgia logo em seu formato final, outras era ape-nas um vislumbre, um quase nada, mas a maior parte das vezes percebia que tinha uma história, ainda que não estives-se a vê-la por completo.

Outras vezes a história não aparecia mesmo, não aparecia mesmo de um todo, como foi o caso» (pp.17-18).

Este tema vai aparecendo pelo livro. No conto 31, apro-veitando a presença do gato Benevides, há uma nova refle-xão sobre a ficção e a confusão que se pode fazer entre escrita e realidade: um momento de metaliteratura (ou metafic-ção), que também nos leva, como leitores, a pensar sobre qual o nosso papel nesta dinâ-mica que se estabelece entre um real alheio que é ficciona-

do e o nosso real, com o qual descodificamos aquela ficção:

«Observo o gato Benevides e de imediato ele entra na mi-nha escrita, como me aconte-ce muitas vezes não só com ele mas com muitas outras re-alidades, porque se podemos eventualmente questionar que toda a realidade seja fic-ção, ainda que percepcionada e construída por nós, dificil-mente se poderá afirmar que a ficção, apesar de invenção, não é construída a partir do real (…). Escusado será expli-car que o gato Benevides que se passeia nesta folha é outro gato que não aquele que ob-servo, ainda que tire a sua ver-dade do gato original» (p.26).

Bem e mal, amor e morte

Os temas dos contos são va-riados, mas há um privilégio de assuntos que nos levam a pensar sobre os limites a que nos leva o amor, independen-temente do objeto da nossa afeição e da própria defini-ção desse sentimento; sobre a morte e a sua presença na vida, mesmo quando a queremos ignorar; sobre o bem e o mal e o quão difícil é definirmos as suas fronteiras. O conto 6 é um perfeito exemplo: «‘O bem e o mal’. Era um homem mau, capaz no entanto de boas ac-ções. Com o tempo, tornou--se um homem bom, capaz no entanto de más acções. Os seus inimigos nunca deram pela diferença. Os seus amigos também não».

Em geral, os contos estão or-ganizados para que nos surpre-endamos com o seu final. São construídos para, eficazmen-te, nos surpreenderem com o uso de uma palavra ou de uma personagem que faça uma re-viravolta. Luís Ene usa de uma forma literal palavras em con-textos que esperaríamos que o sentido fosse o figurado (ou vice-versa), pregando, portanto, partidas à nossa expectativa e trocando-nos as voltas.

Nestes contos vai encontrar muita reflexão com inteligên-cia e humor.

Luís Ene publicou a sua última obra no passado mês de Fevereiro

fotos: d.r.

AGENDAR

“DESCORTINAR”Até 30 ABR | Galeria do Convento do Espírito San-to - LouléTata Regala apresenta um estudo fotográfico sobre o conceito de retrato, onde as palavras vestem e des-nudam

“DO PRINCÍPIO”9 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - FaroO músico Tiago Bettencour faz uma viagem pela sua carreira de mais de dez anos, iniciada com os Toran-ja, onde não vão faltar todos os seus grandes sucessos

«Escrever é…», de Luís Ene

Livro integra um conjunto de 45 contos ao longo de 67 páginas

d.r.

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