parte ii – potencial eólico - ingenieroambiental.com20de%20gera%e7%e3o%20e%f3... · ano, nem as...
TRANSCRIPT
GERAÇÃO EÓLICA
Parte II – Potencial Eólico
Por ser renovável e ser produzida naturalmente, a energia eólica não provoca
impactos ao meio ambiente. Atualmente a tecnologia dos aerogeradores para a produção
eólica se encontra totalmente desenvolvida a nível comercial, ela está sendo vista como
uma alternativa viável e eficaz para suprimento de energia em escala comercial. Além
disto, a geração de energia através dos ventos não produz subprodutos perigosos, exige
pouco tempo para implantação e é confiável tecnologicamente, além de apresentar
modularidade e ser inesgotável.
Neste capítulo serão abordados os seguintes pontos:
1 – Circulação geral dos Ventos
2 – Equipamentos e medições em energia eólica
3 – Histogramas e distribuição de Rayleigh e Weibull
4 – Identificação de locais adequados para produção de energia eólica.
5 – Apresentação do programa WAsP
1 – Circulação Geral dos Ventos
1.1 - Origem dos ventos
A energia eólica é uma fonte de energia alternativa renovável que representa
uma forma viável de abastecimento de energia elétrica. Esse tipo de geração de energia
é uma forma secundária da energia solar, já que uma parte da radiação que atinge à
Terra causa o movimento das camadas da atmosfera, como o vento ela está disponível
no mundo inteiro, com maior ou menor intensidade.
Assim, o vento é uma forma cinética de energia solar. O modelo global de vento
se origina devido ao aquecimento desigual da superfície da terra pelo sol. A terra e seu ___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
12
envelope de ar, a atmosfera, recebe mais calor solar próximo ao Equador do que nas
regiões polares. Mesmo assim, as regiões equatoriais não ficam mais quentes a cada
ano, nem as polares ficam mais frias. É o movimento do ar ao redor da terra que
ameniza a temperatura extrema e produz ventos na superfície tão úteis para a geração de
energia. É este movimento do ar combinado com a rotação da terra que forma as
correntes de vento.
Como todos os gases, o ar se expande ou aumenta de volume quando aquecido, e
contrai e diminui de volume quando resfriado. Na atmosfera o ar quente é mais leve e
menos denso do que o ar frio e se eleva a altas altitudes quando fortemente aquecido
pelo sol. O ar aquecido próximo ao Equador fluirá para cima, e então, na direção dos
pólos onde o ar próximo à superfície é mais frio. As regiões terrestres próximas aos
pólos agora têm mais ar, pressionando-as, e o ar da superfície mais fria tende a deslocar
dessas áreas e movimentar-se na direção do Equador. (Fig. 2.1)
As correntes ascendentes do equador são mais intensas do que as das outras
zonas da terra, por isso produzem ventos de 30 a 50 km horários e a rotação da terra,
interfere com a direção dos ventos, entre os pólos e o equador, provocando uma
resultante inclinada em relação a perpendicular pelo equador.
Perturbações magnéticas solares produzem os ventos de grandes altitudes,
conhecidos pelos aeronautas como tempestades de céu claro, depois estudos mais
acurados, comprovaram existirem as correntes de grandes altitudes, utilizadas para
economizar combustível nos vôos intercontinentais.
Os centros de baixa pressão que ocorrem na superfície da terra, produzem
correntes ascendentes de cerca de 50 km/hora e ventos de superfície de igual
intensidade, convergentes para o centro de baixa pressão, que, influenciados pelos
desvios da rotação da terra, geram movimentos rotacionais, conhecidos como furacões,
tão comuns na região do equador.
Muita energia está sendo constantemente transferida do sol pelos ventos da terra,
no entanto, apenas ventos das camadas atmosféricas mais baixas são acessíveis para a
conversão de sua energia.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
13
Figura 2.1 – Circulação global do vento
Na figura 2.1, acima, pode-se ver duas grandes circulação de correntes de vento.
A primeira circulação, chamada de Circulação Rossby, acontece nas regiões
temperadas, tanto no hemisfério norte, como no hemisfério sul. Estas regiões estão
compreendidas entre os paralelos 30 e 60º norte e sul, respectivamente. Esta circulação
tem a forma de onda, e tem origem pelo movimento de ar quente que se dirige para os
pólos e o ar frio se dirigindo para a região subtropical.
A circulação Hadley fica compreendida entre os paralelos 30º N e 30º S. Esta
circulação transporta massas de ar tropical quente e úmida, resultando em uma
constante movimentação de ar na direção nordeste e sudeste. Esta inclinação de direção
é devido ao movimento de rotação da terra.
Além destas duas grandes circulações, ainda existem outras duas grandes
circulações: as monções e os ciclones tropicais.
- As monções: Grandes movimentos de massas de ar devido à diferença de
temperatura entre o continente asiático e o oceano Índico, como também a
diferença de temperatura entre o continente africano e o oceano Atlântico. ___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
14
- Os ciclones tropicais: Grandes massas de ar quente e seco se elevando na região
do equador induzem fortes perturbações no clima com ventos de alta velocidade,
de até 60 m/s, no sudeste asiático (hemisfério sul) são denominados de tufão, e
na região do caribe (hemisfério norte) são conhecidos como furação.
1.2 - Circulação Local dos Ventos
A força motora primária da brisa do mar é a diferença de temperatura entre a
terra e o mar. (Fig. 2.2). Quando essa diferença é grande e diurna, podem ser esperadas
brisas marinhas relativamente fortes durante as horas da tarde e no começo da noite. As
brisas marinhas mais intensas são encontradas naquelas regiões subtropicais secas, ao
longo da costa oeste de continentes onde haja um oceano frio. É precisamente nessas
regiões que o vento predominante é geralmente fraco e a brisa marinha local é na
verdade quase a única fonte de energia eólica por grande parte do ano.
A topografia, ou características físicas do solo, pode influenciar fortemente as
características do vento. As montanhas impedem a passagem uniforme dos ventos, o ar
canalizado ao redor ou através das aberturas que freqüentemente aumenta os ventos
fortes locais, ideais para geradores de energia eólica. Na figura 2.3 pode ser visto
diversos fatores que influenciam a velocidade do vento, tais como: temperatura,
rugosidade, obstáculos e efeito aerodinâmico.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
15
Figura 2.2 – Produção da Brisa do Mar – Aquecimento desigual entre o mar e a terra.
Figura 2.3 – Fatores que influenciam a velocidade do vento
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
16
1.3 - Características do vento
Conforme se pode notar nas figuras 2.2 e 2.3, a quantidade de energia disponível
no vento (massa de ar em deslocamento) varia de acordo com as estações e as horas do
dia. A topografia e a rugosidade do solo também tem grande influência na distribuição
de freqüência de ocorrência de velocidade do vento em um local.
Há três componentes do que determinam a potência do Sistema de Conversão de
Energia Eólica:
1) Velocidade do Vento
2) Características do Vento relacionado à topografia
3) Densidade do ar.
1.3.1 – Velocidade do Vento
Dos três fatores que determinam o potencial eólico disponível, a velocidade do
vento é sem dúvida, a mais importante, uma vez que a produção de energia eólica
aumenta com o cubo da velocidade do vento. Por exemplo, se em um determinado local
se tem uma velocidade de vento de 4 m/s, e havendo um aumento de velocidade de
25%, a velocidade do vento assume o valor de 5 m/s. A produção de energia sobe de
100% para 195,31%, ou seja um incremento de mais de 95%.
).(..21 3 EPFVAP ρ=
1.3.2 - Características do Vento relacionado à topografia
A velocidade do vento é fortemente afetada pela topografia local, bem como sua
turbulência. Os modelos de simulação computacional procuram levar em conta estes
dados orográficos, mais só levam em consideração pequenas elevações e terreno pouco
complexo.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
17
Portanto, um bom conhecimento do local, com a instalação de um sensor de
medição de velocidade de vento poderão indicar realmente se um local é ou não
adequado para se instalar um parque eólico.
A seguir, listaremos algumas orientações relacionando a velocidade do vento e
um acidente geográfico:
• Serra;
• Precipício;
• Vales, e
• Obstáculos em terreno plano: Construções e Árvores.
1 ) Serra
As serras podem funcionar como um perfil aerodinâmico, acelerando as
correntes de vento que nela chegam. Como isto se pode ter três vantagens em se instalar
um aerogerador em uma serra:
a) Funciona com uma torre;
b) Pode evitar parcialmente os efeitos não aconselháveis do esfriamento próximo
do solo, e
c) A encosta da serra pode acelerar o fluxo de ar sobre ela, aumentando a energia
disponível.
Na figura 2.4 mostra como se comprime o ar quando se aproxima de uma serra e
forma uma camada mais fina que o faz se acelerar.
Fig. 2.4 – Perfil do vento sobre influência de uma serra ___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
18
Além deste aspecto, a orientação da serra em relação à direção predominante do
vento é também um fator importante para determinação da intensidade da aceleração do
vento. A figura 2.5 mostra estas diversas situações:
Figura 2.5 – Influência da posição da montanha em relação a direção predominante do
vento.
(A) – Vento principal perpendicular ao eixo da serra – Melhor situação.
(B) – Vento principal obliquo ao eixo da serra – Situação boa.
(C) – Vento principal paralelo ao eixo da serra – Situação razoável.
(D) – Vento principal perpendicular ao eixo de uma serra côncava – Situação boa, e
(E) – Vento principal perpendicular ao eixo de uma serra convexa – Situação menos
aconselhável que a anterior.
A figura 2.4 indica como o vento se comprime no topo de uma serra, fazendo
com que a velocidade do vento seja aumentada. Na figura 2.6 mostra como varia
esta velocidade de vento, para uma serra ideal, em suas várias partes.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
19
Figura 2.6 – Variação percentual da velocidade do vento em uma serra ideal
Mesmo havendo o afeito acelerador de uma serra, deve-se tomar cuidado com a
diminuição da velocidade do vento em seu topo se o mesmo for plano, como mostra a
figura 2.7.
(1) – Redução de velocidade normal, devido à rugosidade do terreno.
(2) – Aumento da velocidade pelo efeito acelerador da serra.
(3) – Diminuição de velocidade devido à forte turbulência. (descolamento da camada limite)
Figura 2.7 – Redução de velocidade sobre um platô
2 ) Precipício
Um precipício é qualquer escarpa com largura suficiente (10 vezes maior do que
sua altura) de modo a obrigar que a maior quantidade de sua massa de ar circular por
sobre o seu topo.
Os fatores que influenciam o fluxo de ar sobre os precipícios são sua rampa,
tanto a barlavento como a sotavento, sua altura e a rugosidade do terreno à sotavento.
A figura 2.8 mostra o comportamento do fluxo de ar em precipícios com várias
formas.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
20
Figura 2.8 – Fluxo de ar sobre precipícios com diversas formas de rampa.
Como são vários fatores que combinados complexamente afetam a velocidade de
vento, a melhor estratégia é realizar medições de vento durante várias situações de
velocidade de vento, para se determinar adequadamente à conveniência de um local.
Entretanto, como forma orientativa quando se escolhe um precipício, deve-se ter
em conta os seguintes pontos principais:
1) Evidentemente os melhores precipícios são aqueles que estão sobre um forte
fluxo de ar, sem anteparos – (como árvores ou outro obstáculo);
2) Além disto, a melhor situação de um precipício é quando seu eixo está
perpendicular a direção principal do vento (Fig.2.5 (A));
3) Para precipícios com mais de trinta metros, deve-se ter cuidado, pois a
turbulência costuma ser grande;
4) Os lugares muito perto de sua base devem ser evitados;
5) Para precipícios tipo (D), deve-se ter muito cuidado, já que a indução de
turbulência é mito grande;
6) A deformação de árvores e vegetação pode revelar o padrão de vento nas
proximidades de um precipício, e
7) Os melhores locais normalmente se encontra entre 0,25 e 2,5 vezes a altura do
precipício à barlavento, desde que sempre se possa evitar á área de intensa
turbulência, durante todas as condições de vento.
3 ) Vales
O comportamento do fluxo de ar em um vale depende de fatores, tais como: a
orientação do vale em relação à direção principal do vento, rampa, altura e largura das
serras adjacentes e a rugosidade do vale.
O comportamento de fluxo de ar que ocorrem em sistemas Vales x Serras é
muito influenciado pela temperatura. O ciclo de aquecimento e resfriamento diurno
resulta é um fluxo de ar fraco. Durante à tarde, o vento alcança a sua maior velocidade,
pouco depois do por do sol, os ventos dos vales diminuem de intensidade. Na metade da
noite, as serras estão mais frias que as terras baixas, neste caso o vento na serra alcança ___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
21
sua máxima velocidade, este processo vai até pouco depois do nascer do sol. Os ventos
das serras são geralmente mais fortes do que os dos vales.
Entretanto existem também vales que não estão associados diretamente com
serras ou montanhas, nestes casos, a grande vantagem desta situação é o direcionamento
que o vale exerce sobre a direção do vento, canalizando-o, muito embora esta
velocidade só será efetivamente acelerado se houve um estreitamento do vale que force
uma compressão da massa de ar, de sorte que produza uma aceleração.
4 ) Obstáculos em terrenos planos
Os obstáculos alteram o fluxo de ar a sotavento, reduzindo a velocidade de
vento, bem como aumentam as trocas rápidas de sua direção e intensidade (produção de
turbulência).
Portanto áreas sobre os efeitos dos obstáculos devem ser evitadas, uma vez que
há uma redução da potência eólica, bem como uma redução da vida útil de pequenos
aerogeradores (aumento de fadiga).
4.1 ) Construções
As edificações também produzem uma zona de interferência, conforme pode se
ver na figura 2.9.
Figura 2.9 – Zona de interferência devido a uma edificação
Como se pode ver há duas vezes a altura da edificação os efeitos de turbulência e
redução de velocidade já podem ser observados. Esta zona se estende por cerca de vinte
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
22
vezes a altura do prédio na direção de sotavento, com uma altura de cerca de duas vezes
a altura da edificação.
Caso se deseje instalar um aerogerador nestas proximidades deve-se respeitar os
limites acima descritos, que se detalha a seguir:
• a barlavento, a uma distância de mais de duas vezes a altura da edificação;
• a sotavento, a uma distancia mínima de, pelo menos vinte vezes a altura da
edificação, e
• caso que queira instalar o aerogerador diretamente à sotavento, sua altura deve
ter pelo menos duas vezes a altura da edificação.
4.2 ) Árvores
Uma fileira de árvores ou uma pequena floresta causa igualmente alterações no
fluxo normal de vento. Esta zona de influência está mostrada na figura 2.10 abaixo.
Portanto as áreas de influência das árvores devem ser evitadas para se obter o melhor
rendimento dos geradores eólicos.
Caso haja árvores separadas, a zona de influência é maior, porém seus efeitos
são menores. As distâncias que se deve considerar são aproximadamente iguais às das
edificações.
Figura 2.10 – Zona de influência provocada por árvores
A interferência causada pela ação quer por acidentes geográficos, edificações ou
árvores têm como efeito, como já mencionado anteriormente, a produção da redução da
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
23
intensidade do fluxo de ar. Falou-se também que a esta diminuição de velocidade de
vento está associação a geração de uma zona de turbulência. Portanto faz-se necessário
definir o que seja turbulência.
A turbulência se caracteriza por rápidas perturbações ou irregularidades na
velocidade do vento, em sua direção ou em ambos. É comum indicar a turbulência como
sendo o desvio padrão da velocidade horizontal do vento, pela velocidade média do
vendo, o que resulta na seguinte expressão da Intensidade da Turbulência (TI):
ventodo média Velocidadee velocidadda padrão DesviociadaTurbulên eIntensidad =
Turbulências com TI igual ou menor á 10% são consideradas turbulências baixas
Para turbulências moderadas, este índice assume o intervalo entre 10 a 25%. Acima
deste valor, a turbulência é considerada alta, e indesejável.
1.3.3 – Densidade do Ar
Este é o último fator que afeta a potência disponível do vento. Temperaturas
baixas produzem densidades de ar mais altas. Maior densidade significa maior
quantidade de moléculas (massa) de ar em um determinado volume de ar dado, portanto
maior quantidade de energia cinética (eólica) será transferida às pás do aerogerador.
Para regiões onde haja variações de temperatura ao longo de um ano, estima-se
em 25% a variação de potência devido à variação da densidade do ar.
Outro aspecto que interfere na densidade é a altitude. Para cada 330 m de
elevação sobre o nível do mar, a densidade diminui 4%
2 – Equipamentos e medições em energia eólica
O vento sendo um fenômeno natural, influenciado por diversos fatores, tais
como variação de temperatura, orografia, rugosidade do solo, obstáculos, como por
exemplo: árvores, edificações, etc, é necessário, portanto, que haja uma medição
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
24
adequada para se poder avaliar corretamente o potencial eólico de um determinado
local, já que a potência eólica é extremamente sensível à velocidade do vento.
A velocidade do vento se mede com um equipamento denominado anemômetro.
Existem vários tipos deles, mas o largamente utilizado é o anemômetro de conchas.
2.1 - Anemômetro de concha
Como já mencionado, os anemômetros de concha são largamente utilizados por
muitas razões. Eles são bem conduzidos na direção principal do vento, tendem a ter
custos mais atrativos que outros modelos, além de ser mais robusto.
Apesar destas vantagens, eles apresentam limitações gerais deste tipo de
equipamento, quais sejam:
• Não possui sensibilidade do ângulo de ataque fora do plano horizontal;
• Resposta dinâmica;
• Não linearidade da calibração e variação na calibração causada pela fricção
mecânica ou devido a forma das conchas, ainda em alguns casos: sensibilidade
em mudanças na calibração com a direção horizontal do vento.
Portanto quando especificado ou selecionado este tipo de anemômetro, deve-se ter
em mente estes efeitos, tanto em nível de suas causas ou conseqüências.
2.1.1 - O que é um anemômetro de concha
Consiste de três conchas hemisféricas ou cônicas , montadas em um rotor
horizontal, que por sua vez está encaixado em um eixo vertical que move um gerador de
sinal.
Sua correta medição não depende da direção do vento, isto é, o vento pode vir de
qualquer direção que haverá uma medição igualmente correta no plano horizontal. Desta
maneira, dentro do sistema padrão de coordenadas x, y e z, com suas componente de
velocidade de u, v e w, o anemômetro de conchas é projetado primariamente para medir
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
25
a velocidade horizontal da velocidade, √ (u2 + v2) e não a magnitude do vetor na
horizontal .
Para medições de velocidade de vento em terrenos inclinados, ou quando em
medições de testes em aerogeradores, o rotor dos anemômetros tem a característica de
balançar, por isto, pode-se argumentar que o anemômetro ideal é aquele que meça não a
velocidade horizontal, mas sim a velocidade total, desde que esta velocidade é de fato a
real e disponível que será utilizada pelos aerogeradores para a produção de energia.
Infelizmente nenhum anemômetro existente no mercado possui, perfeitamente, este tipo
de comportamento, embora esta questão esta sendo discutido.
Todo anemômetro ao ser utilizado para medição de vento, de algum modo interfere
no fluxo de vento, e conseqüentemente na própria medição. Assim, o projeto de um
anemômetro deve ser executado de tal forma que esta influência seja minimizada. A
figura 2.11 mostra um anemômetro com boas qualidades, que se pode resumi-las da
seguinte forma:
• longo eixo vertical – minimiza os efeitos de distúrbios do corpo do
anemômetro;
• corpo pequeno – um corpo pequeno e simétrico com um perfil suave
minimiza o distúrbio do fluxo do vento sobre o mesmo.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
26
Figura 2.11 - Característica de um anemômetro ideal.
A figura 2.12 já mostra um anemômetro com baixas qualidades de projeto, tais
como:
• eixo vertical curto – isto possibilita uma grande turbulência devido à
proximidade do corpo do anemômetro;
• corpo grande com cantos – permite um aumento da turbulência, e devido à
assimétrica, sua sensibilidade é afetada para diferentes direções de vento.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
27
Figura 2.12 - Característica de um anemômetro com baixo desempenho.
2.2 – Especificação mínima de um anemômetro para em medições de potência eólica
Um anemômetro utilizado em medições de energia eólica deve possuir
características adequadas para suportar diversas condições ambientes durante a sua
operação. A tabela 2.1 mostra a faixa de operação necessária para uma boa precisão e
avaliação do potencial eólico.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
28
Tabela 2.1 – Características mínima de um anemômetro
Parâmetro Unidade Valor mínimo Valor máximo Velocidade do vento (média de 10 minutos)
m/s 4 16
Intensidade de Turbulência (10 minutos)
% 5 100*(1.13/u + 0.12 )
Temperatura do ar C -10 40 Densidade do ar Kg/m3 0.90 1.35 Inclinação do terreno -10 10
Obs: u é a velocidade de vento predominante
2.3 - Prática de campo
Como um anemômetro é utilizado, pode introduzir erros tão grandes quanto
aqueles causados por erro de calibração ou deficiência de projeto. É bastante claro que
se um anemômetro esta operando na sombra (esteira) do mastro principal da medição
meteorológica, a sua indicação não refletirá a velocidade real do vento. Agora, não é tão
óbvio o fato que o fluxo pode ser distorcido a barlavento da torre ou acima desta, pode
ser significante. Portanto uma adequada distancia deve ser mantida entre o rotor do
anemômetro e sua estrutura de fixação principal para manter tais efeitos em níveis
baixos e aceitáveis.
Para evitar problemas, é inquestionável que a colocação do anemômetro no topo
do mastro é a melhor posição. Mas isto nem sempre pode ser possível, uma vez que se
pode desejar medir a velocidade do vento em diferentes alturas para determinar o perfil
de sua camada limite (distribuição vertical da velocidade do vento).
2.3.1 – Distribuição vertical da velocidade do vento
Como mencionado no item 1.2 – Circulação local dos ventos, a figura 2.3 mostra
que a rugosidade e obstáculos interferem na velocidade do vento. Esta interferência é
cada vez menor à medida que se afasta da superfície do solo. Isto pode ser visto na
figura 2.13, onde para alturas maiores, tem-se velocidades maiores.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
29
Figura 2.13 – Distribuição vertical da velocidade do vento
Como é impossível se medir as velocidades do vento em todas as alturas,
existem métodos utilizados para extrapolar e determinar valores de velocidades de vento
em determinadas alturas, deste que se conheça alguns parâmetros.
Hellmann apud Molly sugere a seguinte expressão:
α
=
00 HH
VV
e
=ln
1z
0z
α
onde: V0 – é a velocidade observada à altura H0
V - é a velocidade observada à altura H
Z – é a altura média de H e H0
Z0 - é o coeficiente de rugosidade
O coeficiente de rugosidade Z0 é um valor avaliado segundo a característica do
terreno, onde a tabela 2.2 abaixo mostra alguns valores típicos:
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
30
Tabela 2.2 – Rugosidade Z0 com a variação do tipo de superfície
Superfície Rugosidade Z0 [m]
Água ou gelo 0,0004
Grama rala 0,002
Grama alta ou Superfície rochosa 0,05
Pasto 0,20
Distritos ou bairros afastados 0,6
Florestas, cidades 1 - 5
A altura H0 é geralmente a altura da medição de vento, e o coeficiente α varia
entre os valores 0,10 a 0,40.
A variação da velocidade com a altura pode também ser expressa pela seguinte
fórmula:
=
zHzH
VV
0
0
) ln
ln
onde estes valores têm o mesmo significado anterior.
Pelo exposto, vê-se que para a avaliação da performance de uma determinada
turbina é aconselhável que o anemômetro seja instalado no topo do mastro, à altura do
cubo da turbina. Para, além de evitar os problemas causados pelo de interferência da
rugosidade do solo, evitar também os efeitos de turbulência causados pelo mastro, o
anemômetro deve ser instalado em um braço, com uma separação vertical e direção, de
acordo com o tipo de mastro utilizado. Os mastros usados em medições meteorológicas
podem ser cilíndricos ou treliçados.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
31
2.3.2 – Mastros cilíndricos
A distância entre o mastro e o anemômetro reflete o nível de exatidão que se
admite como desejável. Para avaliação de potencial eólico, este nível de exatidão deve
ser alto, uma vez que envolve investimentos com garantia de retorno deste investimento.
A figura 2.13 mostra as zonas de interferência produzidas por uma torre
cilíndrica.
Figura 2.14 – Zonas de interferência em um mastro cilíndrico.
Como se pode notar, a melhor posição de colocação do anemômetro se localiza à
45º em relação à direção principal do vento, uma vez que a turbulência é a menor.
Genericamente se pode observar que na frente do mastro há uma desaceleração
do fluxo do vento, nos lados há uma aceleração, e por trás há uma zona de sombra
(esteira).
2.3.3 – Mastro em treliça
Para o caso de um mastro em treliça, o grau que o fluxo é alterado pelo mastro é
uma função da “porosidade” do mastro, do arraste dos componentes individuais, da
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
32
orientação do vento e da distância entre o mastro e o anemômetro. A figura 2.14 mostra
as zonas de interferência causadas por um mastro treliçado de seção triangular.
Figura 2.15 – Zonas de interferência em um mastro treliçado, com seção triangular.
Como se pode notar, a melhor posição de colocação do anemômetro se localiza à
90º em relação à direção principal do vento, uma vez que a turbulência é a menor.
Como acontece com o mastro cilíndrico, se pode observar que na frente do
mastro há uma desaceleração do fluxo do vento, nos lados há uma aceleração, e por trás
há uma zona de sombra (esteira).
2.4 – Sensor de medição de direção de vento
Além da intensidade da velocidade de vento, medida através de um anemômetro,
faz-se necessário também se medir a direção do vento. Esta medida é de extrema
importância, uma vez que permite posicionar corretamente o anemômetro. A relevância
não se dá só devido a este fato, mas também orientará o adequado posicionamento das
torres dos aerogeradores, já que como foi visto anteriormente, obstáculos à barlavento
provocam perturbações no fluxo de ar – sombra (esteira).
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
33
O sensor de direção de vento é constituído por um gerador de sinal, cujo rotor
possui uma cauda aerodinâmica que o posiciona na direção do vento. Seu corpo é
constituído por um gerador de sinal e possui uma marca de referência que indica o
ponto norte. O norte que se deve direcionar o sensor é o norte verdadeiro, isto, é o norte
magnético acrescido da deflexão magnética. (figura 2.16)
Figura 2.16 – Sensor de medição de direção de vento
3 – Histogramas e distribuição de Rayleigh e Weibull
3.1 – Histograma
Para a avaliação da produção de energia elétrica de uma instalação eólica, da
qual se conhece a curva de potência em função da velocidade do vento, faz-se uso do
histograma da velocidade do vento do local da instalação, conforme mostrado na figura
2.17.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
34 Figura 2.17 – Exemplo de um histograma hipotético
A produção total pode, assim, ser estimada através da equação
E htotal i i= Σ P T
onde T representa o período total considerado, Pi a curva de potência e hi a freqüência
relativa de cada classe de velocidade do vento vi, sendo esta freqüência fornecida por
Tth i
i =
onde ti é o período no qual foi registrada a classe de velocidade do vento vi.
Determinado o histograma da velocidade do vento, procura-se aproximar o mesmo
através de uma função; as duas funções mais utilizadas são:
3.2 - Distribuição de Rayleigh
esta distribuição é fornecida pela equação
hv
v
er
v
v=−
π
π
2 2
4
2
_
_
onde v representa a velocidade média do vento. Para locais que têm disponíveis
apenas valores de velocidades médias, através da distribuição de Rayleigh podem
ser realizados prognósticos aproximados da produção de energia elétrica.
3.3 - Distribuição de Weibull
K
AVK
eAV
AKvf
−−
=
)1(
)(
+=
K
m KA
1
434,0568,0V
constitui uma generalização da distribuição de Rayleigh e é calculada através de
hk
A
v
Aew
k v
A
k
=
− −
( )1
onde k representa o fator de forma e A o parâmetro de escalonamento.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
35
Uma relação aproximada entre os parâmetros A e k e a velocidade média do vento é
dada por
v A k kk_
,, ,≈ +− −0 287 0 6881 0 1 .
O fator de forma pode ser investigado a partir do grau de turbulência TI, que é a
relação entre o desvio padrão da velocidade do vento e a velocidade média do vento;
desta forma, quanto menor a oscilação, maior o valor de k. O valor de k=2 corresponde
à distribuição de Rayleigh.
A figura 2.18 mostra o ajuste das curvas de Reyleigh e Weibull em um
determinado histograma.
Figura 2.18 – Ajuste aproximado de um histograma através das distribuição de Reyleigh
e Weibull
4 – Identificação de locais adequados para produção de energia eólica.
Uma primeira avaliação empírica pode ser avaliada como indicativo de um local
que possua boas características de vento. Tais características podem ser enquadradas em
aspectos culturais, biológicos e naturais. Como aspectos culturais pode-se observar o
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
36
uso em algum tempo de pequenos cataventos para o bombeamento de água, brincadeiras
infantis, como “soltar arraia” e histórias narradas pela população local. Em relação ao
aspecto biológico o fato mais marcante é a deformação das árvores devido à influência
do vento. Nestes casos as árvores têm a copa deformada na direção do vento, e não raro
seu caule acompanha tal deformação. Os aspectos naturais mais visíveis são a erosão
eólica, provocada no relevo, e movimentação de dunas. Neste aspecto, as dunas dão
uma indicação da direção dos ventos, bem como indicam em qual região as velocidades
são maiores.
Após este identificação preliminar, tem-se que proceder medições de vento, que
só assim pode-se garantir uma boa avaliação a qualidade dos ventos existentes naquele
local.
5 – Apresentação do programa computacional WAsP
O programa WasP – Wind Atlas Analysis and Application Program é um
programa desenvolvido para ser utilizado em computadores pessoais para extrapolação
horizontal e vertical de dados de vento. Este programa possui uma série de modelos
para calcular os efeitos dos obstáculos, as mudanças da rugosidade de uma superfície e
variações de altura de um terreno sobre o fluxo de ar.
A análise consiste em transformar uma medição de vento de uma estação
específica em um Atlas de vento da região considerada. Conseqüentemente o Atlas
assim obtido pode ser utilizado para estimar a velocidade de vento e o potencial eólico,
bem como determinar a energia produzida de uma determinada turbina.
___________________________________________________________________ Geração Eólica Alexandre Filgueiras
37