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Alexàndra Maria Januário Figueiredo de Barros Os VALORES E O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE: APLICAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA A UMA AMOSTRA DE ADULTOS TRABALHADORES 1 Lísb.oa; 1997 J

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Alexàndra Mar ia Januário Figueiredo de Barros

O s VALORES E O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE:

APLICAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA A UMA AMOSTRA DE ADULTOS TRABALHADORES

1

Lísb.oa;

1997

J

Alexandra Maria Januário Figueiredo de Barros

OS VALORES E O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE:

APLICAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA A UMA AMOSTRA DE ADULTOS TRABALHADORES

B I B L I O T E C A

0

Lisboa -m-h

OS VALORES E O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE:

APLICAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA A UMA AMOSTRA DE ADULTOS TRABALHADORES

í

Dissertação de mestrado em Psicologia (Orientação e Desenvolvimento da Carreira) apresentada a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa

Nota Prévia

N O T A P R É V U

Este trabalho sintetiza, de alguma forma, os vários componentes

do meu percurso profissional, conciliando o meu interesse pela

psicometria e pelo estudo das características metrológicas das provas

psicológicas cora o interesse em. explorar duas áreas de estudo da

Psicologia com evidentes ligações: a Psicologia da Orientação e, mais

especificamente, a Psicologia das Carreiras aplicada aos adultos em

contexto de trabalho e o estudo da personalidade. Por outro lado, como

disse um dia Ortega Y Gasset (1994), " . . . a minha vida é achar-me eu no

mundo; e não assim vagamente, mas neste mundo, no de agora (...)"> e

assim não posso deixar de considerar as circunstâncias que me levaram à

escolha deste tema. O curso de Mestrado que agora concluo inicia-se num

contexto em que, coincidentemente, a procura da convergência caracteriza

esses dois campos do conhecimento, com a publicação do livro

Convergence in Career Development Theories (Savickas & Lent, 1994a),

e com a génese de um modelo compreensivo da personalidade, que reúne

o consenso de muitos psicólogos ligados ao estudo da personalidade - o

modelo dos cinco factores. Embora não totalmente consensual, este

modelo teria, pelo menos, o mérito de ter estimulado um enorme número

de investigações centradas na correspondência entre vários instrumentos

de medida - de interesses, de personalidade normál, de personalidade

clínica - e o modelo dos cinco factores ou na avaliação da sua

aplicabilidade a diversos campos da Psicologia desde a clínica ao coiitêxto

-de-lfâBaiHô. ~

Nota Prévia

Por outro lado, a Psicologia Vocacional vinha, desde há uns anos,

a dar uma importância crescente aos valores no percurso de vida do

indivíduo que constitui a sua carreira (nas suas vertentes longitudinal e

latitudinal, aplicando-se quer ao trabalho quer aos outros papeis que o

sujeito desempenha ao longo da sua vida). A frequência deste Curso de

Mestrado vem a coincidir com o momento em que o projecto internacional

WIS: Work Importance Study (que, entre outros objectivos, levou à

criação de uma Escala de Valores) culmina com a publicação, em 1995, do

livro Life roles, values and careers. International Findings of the Work

Importance Study (Super & Sverko, 1995). Essa obra cedo me chegou às

mãos pela mão de quem esteve tào intimamente implicado no projecto

dirigindo a participação portuguesa e que foi, precisamente, o coordenador

do curso de Mestrado Prof. Doutor Ferreira Marques e o orientador

científico deste trabalho.

Neste sentido, e integrando este conj unto de circunstâncias

motivadoras, o tema deste trabalho pareceu-me estimulante de três pontos

de vista:

1. permitir relacionar uma das variáveis menos estudadas na

Psicologia Vocacional - os valores - (mas que recentemente e,

concretamente em Portugal, tem motivado vários estudos) com o modelo

dos cinco factores da personalidade.

2. permitir estudar dois promissores instrumentos de medida - a

Escala de Valores WTS e o NEO-PI-R - numa amostra portuguesa.

3 7 Ciiuüai eüiey duly c u i i j u m ^ de variáveis " - Calores e

características de personalidade - numa amostra de adultos trabalhadores.

Nota Prévia

sabendo que grande parte dos estudos com a Escala de Valores WIS se

efectuou com sujeitos adolescentes e que a década de 90 nos promete

maior ênfase no estudo dos adultos em virtude das grandes mudanças

verificadas no mundo do trabalho.

No entanto, ao segundo objectivo a que me propus, correspondeu

uma dificuldade: contactado o editor, vim a saber que só poderia adaptar a

versão reduzida - NEO-FFI - da mesma prova, uma vez que a versão

integral - NEO-PI-R j á estaria a ser adaptada pela I V Margarida Lima da

F.P.C.E. da Universidade de Coimbra. Entretanto, como todos os itens do

NEO-FFI fazem parte do NEO-PI-R era-me imposta a utilização da

tradução exacta feita na Universidade de Coimbra pelo Prof Doutor

António Simões e pela Dr" Margarida Lima e j á aprovada pelos autores.

No entanto, esta dificuldade foi depressa superada pela enorme boa

vontade destes dois investigadores f>ortugueses que disponibilizaram

imediatamente o trabalho até aí realizado. Para ambos, os meus

agradecimentos.

Para a Dr" Margarida Lima, no entanto, um obrigada muito

especial por toda a colaboração que me deu, mantendo-me informada

sobre os dados que, na preparação da sua dissertação de doutoramento, foi

recolhendo sobre a prova e que foram amplamente citados neste trabalho e

cujo mtercâmbio foi assistindo à evolução das tecnologias: primeiro, por

carta, ou telefone e, por fim, já por e-mail.

Pensando ainda nas muitas horas - incontáveis - que dediquei à

elaboração desta dissertação e do amplo espectro de emoções que nesse

período fiii vivendo, gostaria de, muito sinceramente, agradecer a algumas

Nota Prévia

outras pessoas que tomaram possível ou, de alguma forma me apoiaram

ou ajudaram, na sua concretização e finalização.

Em primeiro lugar, o meu agradecimento ao Prof. Doutor Ferreira

Marques: ao coordenador, como aluna deste Curso de Mestrado pela

forma como o curso decorreu e por todas as oportunidades que me foram

dadas de contactar com o trabalho (e com as figuras) de investigadores

portugueses e estrangeiros com tanto impacto no meio científico; ao

professor, que sempre põe tanto empenho no desenvolvimento pessoal e

curricular dos seus alunos, incentivando a progressão dos nossos

trabalhos; e ao orientador, não só pela orientação deste trabalho e pelos

ensinamentos que m e transmitiu mas pela sempre tão grande

disponibilidade demonstrada e pela forma discreta mas muito atenta como

me apoiou nalgumas fases mais difíceis deste percurso.

Ao meu marido, Jaime, ao lado de quem tenho partilhado a vida

desde há dezasseis anos e ao nosso filho Afonso que cria, em mim, uma

força que a tudo dá sentido e que toma tudo possível (e que tanto se privou

das nossas brincadeiras enquanto preparei esta dissertação).

A minha mãe que sempre me ajudou na difícil tarefa de conciliar o

papel de mãe com a preparação deste trabalho.

A todos os meus colegas do curso de Mestrado, com quem

partilhei muitas horas de aulas mas também muitas experiências e algumas

angústias.

Ao Dr. António Menezes Rocha, pela perspectiva experiente da

Psicologia Aplicada que me tem transmitido^

Nota Prévia

A todo? os colegas de trabalho que me foram acompanhando

neste (longo!) percurso desde o nascer da ideia até ao seu

desenvolvimento, em todas as fases do trabalho e muito especialmente

aos que, como professores, me acompanharam no Curso de Mestrado.

Permito-me uma palavra especial à Prof. Doutora Maria Eduarda

Duarte pela sua sempre grande disponibilidade para emprestar toda a

literatura científica a que vai tendo acesso e ao Dr. Mário Ferreira e ao

Dr. Frederico Marques, sempre dispostos a uma empenhada partilha

dos seus vastos conhecimentos de Estatística.

Ao Sr. Alves e a todos os funcionários que colaboraram na fase

final de reprodução e encadernação deste trabalho.

Aos meus avós, aos meus irmãos e aos meus amigos, com

quem divido tantas emoções boas e más, e que ajudam a dar à vida

esta dimensão de partilha que a toma tão intensamente vivida.

E, por fim, ao meu pai que, embora já não esteja entre nós há

quase 20 anos, continua a morar no meu coração, e a não me deixar

esquecer que as tarefas nunca são demasiado grandes e que, por

respeito a nós próprios e àqueles que amamos, devemos promover

sempre o nosso desenvolvimento pessoal, fazendo mais e o melhor

que nos for possível.

Afinal, talvez o Rei de Salém tivesse razão ao dizer ao pastor

" . . . e quando alguém quer uma coisa, todo o universo conspira para

que se realize esse seu desejo. . ." (Coelho, 1996).

INTRODUÇÃO

Introdução

O desenvolvimento de carreira, enquanto percurso do indivíduo

ao longo de toda a sua vida, tem sido amplamente estudado nas últimas

décadas. Ao interesse dos investigadores por esta área de conhecimento

tem correspondido uma marcada evolução conceptual que acompanha a

passagem da designação de Psicologia Vocacional, centrada na

orientação vocacional, para Psicologia das Carreiras, mais centrada no

aconselhamento e na orientação de carreira dos indivíduos. Este

movimento não se limita aos conceitos mas reflecte o alargamento do seu

objecto de estudo às várias dimensões da caireira, integrando para além

dos aspectos ligados ao trabalho, os tempos livres, o percurso educativo

do sujeito ou a forma como interagem os papeis que ele desempenha sem

esquecer, no entanto, os pontos de transição que vão surgindo ao longo da

vida. Também a intervenção tem acompanhado estas mudanças, com

práticas que deixaram de se centrar na orientação pontual de jovens tendo

em conta a sua escolha profissional, passando a um aconselhamento

continuado. Este processo de aconselhamento actua mais no sentido de

estimular o desenvolvimento da carreira dos indivíduos, (considerando

aspectos como a integração de papeis, o estilo de, vida, a maturidade para

a carreira, o trabalho e o ajustamento ao trabalho, a adaptabilidade, a

flexibilidade e as competências para lidar com a mudança e as transições

ou a preparação para as diferentes decisões a tomar ao longo da vida) do

que de tratar pontuahnente problemas já instalados em momentos de

-tomada de decisão, em geral impostos exteriormente pelo Sistema de

^ ^ E n s i H õ f w p ê l ã ^ c e s s i d a d e de ingressar""0u de alterar a süa-posição no

mundo do trabalho. Dessa forma, o objecto do seu estudo deixa de ser

11

Introdução

exclusivamente o jovem ou o indivíduo na transição para o mundo do

trabalho para, progressivamente, ir englobando as várias idades e fases de

desenvolvimento do Homem, começando na infância e incluindo as fases

de reforma e pós-reforma, e ainda integrando os vários papeis que ele

desempenha na vida.

Em simultâneo, e perante a diversidade de modelos teóricos que

permitem fundamentar a prática da Orientação, Osipow (1990) levanta a

questão da convergência de alguns dos mais relevantes modelos da

Psicologia das Caneiras e Super (1992, cit. em Savickas & Lent, 1994b)

lança a ideia de um projecto cujo propósito fosse facilitar a convergência

das teorias e estimular a investigação no sentido da unificação dos

diferentes modelos. A década de 90 tem, assim, testemunhado a procura

de convergência entre as teorias, contribuindo para unificar os esforços

dos diversos teóricos desta área do conhecimento, no sentido de procurar

pontos de contacto com os outros modelos da Psicologia das Carreiras.

O impacto deste movimento acaba por ser bastante significativo

pois embora não tenha concretizado o objectivo básico de uma ciência

unificada, este esforço traduzir-se-á, necessariamente, pela influência que

teve nas construções cognitivas dos seus protagonistas, numa referência

para investigações posteriores, definindo um marco neste domínio da

Psicologia. Como dizem Savickas & Lent (1994c), "esta atmosfera de

diálogo e debate pode ajudar a alimentar um sentido de missão partilhada,

üm Zeilgcist que promove a convergência mas também a diversidade" (p.

"•270). ^ ^ ^

Introdução

Foi neste enquadramento teórico, de procura de consensos e de

convergência, que nasceu o projecto do presente trabalho, focado em

algumas variáveis relacionadas com o comportamento vocacional do

adulto, nomeadamente valores e traços de personalidade, mas sem pôr de

parte uma perspectiva desenvolvimentista e compreensiva, na linha dos

trabalhos de Super quer em relação à forma como considera o

desenvolvimento do indivíduo quer ainda à forma como equaciona as

relações entre as diferentes variáveis ligadas aos comportamentos e às

escolhas vocacionais (1950/1988, 1963, 1968ab, 1973b, Í976b, 1984,

1985, 1990, 1994, 1995a).

Apesar do seu impacto tardio na Psicologia das Carreiras, onde o

conceito de interesse estimulou, desde muito mais cedo, a investigação

sobre a carreira e o seu desenvolvimento, o conceito de valor assumiu,

nas últimas décadas, um lugar de relevo num projecto internacional -

Estudo sobre a Importância do Trabalho (WIS) - que envolvia vários

países, entre os quais Portugal. De forma a operacionalizar e a estudar o

conceito de valor, os países participantes desenvolveram um instrumento

de medida dos valores - Escala de Valores WIS (WIS Values Scale).

Por outro lado, ao m'vel da Psicologia das Carreiras, a avaliação

da personalidade continua a ser uma das áreas mais negligenciadas, com a

ausência de instrumentos de medida que permitam avaliar variáveis

relevantes para o comportamento do indivíduo no trabalho (Lowman,

1991).

Foi-tendo-em-conta, por um-ladòrO protagonismo teórico-que o

conceito de valor assume, na presente década, em relação aos vários

13

Introdução

aspectos da vida do indivíduo e às suas escolhas, e por outro lado, o

menor interesse que a medida da personalidade tem levantado neste

campo do conhecimento, que se pretendeu, com este trabalho, estudar

valores e características de personalidade, e relacionar os dois tipos de

variáveis. Além disso, tendo este curso de Mestrado em Orientação e

Desenvolvimento da Carreira tido início em 1993, em pleno movimento

de investigação para a convergência dos modelos, pensou-se que a

personalidade também deveria ser estudada numa perspectiva

compreensiva. De facto, no domínio do estudo da personalidade, os anos

80 e 90 têm vindo a testemunhar uma grande profusão de trabalhos

empíricos, em que assenta o ressurgimento da teoria dos traços, donde

vem a sair uma linguagem comum que conceptualiza cinco dimensões

globais da personalidade e que poderá, de acordo com McCrae & Costa

(1996), "formar o núcleo de uma teoria da personalidade que sirva de

modelo referência a uma nova geração de teorias baseadas

empiricamente" (p. 54). Esse movimento, particularmente a partir dos

trabalhos de McCrae & Costa, considerados por Goldberg (1995) como

"os mais prolíficos e influentes proponentes do modelo dos cinco

factores" (p.35) tem vindo a protagonizar a investigação sobre a

personalidade. Ao devolver aos traços, o seu papel de constructos centrais

no estudo da personalidade, os modelos que procuram identificar uma

taxonomia das dimensões básicas dos traços (Krahé, 1992), poderiam ser

a M s e de um esforço de convergência dos diferentes modelos teóricos e

dos=diferentes=^instrumentos de medida-ut i l izados para m ê d i F a

personalidade.

14

Introdução

Por outro lado, contrastando com o grande número de estudos

sobre valores com populações de jovens, as populações de adultos têm

sido menos estudadas. No entanto, numa época em que as populações, na

Europa, tendem a ser menos jovens e a enfrentar novos problemas

relacionados com as grandes mudanças verificadas na sociedade que,

reflectindo-se a um m'vel mdividual, manifestam-se também em toda a

economia e, consequentemente, em todos os grupos que dela fazem parte,

a opção pelo estudo dos adultos pareceu reflectir bem as preocupações

desta década.

O objectivo deste trabalho é, assim, o de procurar estudar os

valores, tal como eles são avaliados pela Escala de Valores WIS, de

sujeitos adultos trabalhadores, as suas características de personalidade, de

acordo com as dimensões da personalidade preconizadas pelo modelo dos

cinco factores, e a relação entre estes dois tipos de variáveis. As

características metrológicas dos dois instrumentos utilizados - a Escala de

Valores WIS e o NEO- Five Factor Inventory são também estudadas com

base nos dados obtidos.

O trabalho que agora se apresenta organiza-se, assim, em sete

capítulos. No capítulo 1 - O desenvolvimento de carreira no adulto -

pretende-se sintetizar, em linhas gerais - os principais aspectos

envolvidos na Psicologia das Carreiras aplicada aos adultos bem como as

linhas evolutivas mais marcantes que a têm dominado nos últimos anos.

N o capítulo 2 - Os valores - analisa-se em três pontos, o conceito

de" valor ~e, especificamente, o 'desenvolvimento do instrumento de

15

Introdução

medida utilizado, bem como alguns estudos com ele desenvolvidos em

Portugal e noutros países.

No capítulo 3 - 0 modelo dos cinco factores da personalidade -

começa por caracterizar-se o modelo, sintetizando a forma como evoluiu

e alguínas distinções básicas face a modelos conceptualmente muito

próximos. Nos dois pontos seguintes, descreve-se a evolução do

instrumento utilizado, na sua versão integral e reduzida e, por fim, a

adaptação portuguesa deste instrumento.

No capítulo 4 - Valores e traços de personalidade: relações entre

personalidade, variáveis motivacionais e carreira - sintetizam-se alguns

dos raros estudos que relacionam os dois conceitos, embora também se

aborde a relação entre o modelo dos cinco factores e outras variáveis

motivacionais - que estabelecem com os valores uma relação hierárquica

- como os interesses e as necessidades. Finalmente, e tendo em conta o

enquadramento teórico dado pelos quatro primeiros capítulos,

estabelecem-se 17 hipóteses que serão estudadas a partir dos dados

obtidos, umas referentes aos valores e à estrutura da própria Escala de

Valores WIS, outras referentes à personalidade ou à estrutura do NEO-

FFI, outras ainda referentes às relações entre valores e personalidade ou

entre os dois instrumentos utilizados.

No capítulo 5 - Metodologia geral - expõe-se a metodologia geral

seguida para o estudo das hipóteses, caracterizando-se a amostra, os

instrumentos utilizados e as suas propriedades, tal como explicitadas-nas

suas versões-originãis^ou adaptaçôes~portuguesas e os procedimentos

seguidos para as aplicações e tratamento dos dados obtidos.

16

Introdução

O capítulo 6 - Estudo psicométrico dos instrumentos utilizados -

organiza-se em dois grandes pontos: o estudo da versão portuguesa da

Escala de Valores WIS e o estudo da adaptação portuguesa do NEO-FFI,

com base nos dados recolhidos neste trabalho. Este estudo é feito tendo

em conta, basicamente, a análise de itens e o estudo da garantia e da

estrutura factorial dos instrumentos, bem como as relações entre as suas

diferentes escalas e termina com uma síntese dos elementos recolhidos.

No capítulo 7 - Apresentação e discussão dos resultados referentes

às hipóteses - as hipóteses definidas no capítulo 4 são analisadas à luz

dos dados referidos no capítulo 6, naquilo que se refere às características

psicométricas dos instrumentos, mas ainda de dados recolhidos a partir de

tratamentos estatísticos específicos ao estudo dessas hipóteses.

Por fim, apresentam-se as conclusões gerais deste trabalho,

integrando os dados recolhidos e discutindo-os com base na metodologia

utilizada. Levantam-se também algumas questões, suscitadas pelos

resultados obtidos, que poderiam servir de base a investigações futuras.

17

CAPITULO 1

O DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA NO ADULTO

o Desenvolvimento de Carreira do Adulto

Grande parte dos trabalhos sobre o comportamento e o

desenvolvimento da carreira até ao início da década de 40, centrou-se

preferencialmente nas primeiras duas décadas da vida do indivíduo,

raramente considerando a vida adulta. Foi no período que se seguiu à 2 '

Guerra Mundial que os investigadores começaram a dirigir a sua atenção

para a carreira no^ adulto, embora tomando como centrais os temas da

reforma e da pré-reforma e ignorando, praticamente, as outras fases da

vida do adulto (Herr e Cramer, 1996). Surgiram modelos que

conceptualizavam o desenvolvimento individual numa série de estádios

contemplando aspectos sociais e psicológicos (por exemplo, Erikson,

1950/1976, 1982/1994), Levinson, Danow, Klein, Levinson & McKee,

1978). Também a Psicologia Vocacional, à semelhança do que se passou

noutros domínios da Psicologia, viu surgir modelos desenvolvimentistas

defendendo a existência de estádios, aqui centrados sobre os aspectos

ligados à carreira e abrangendo toda a vida do indivíduo, incluindo várias

fases da idade adulta (por exemplo. Super, 1957, 1963, 1968a, Super,

Crites, Hummel, Moser, Overstreet, & Wamath, 1957).

A partir dos anos 70, o interesse pelos adultos e pelo seu

desenvolvimento de carreira alargou-se por influência de aspectos que,

para Campbell e Hefferman (1983), são principalmente demográficos

com o aumento do número de adultos e variáveis ligadas à organização

social como a instabilidade da economia, as taxas crescentes de divórcio,

a-proliferação de oportunidades educativas e de novos estilos de v idara

mudança na-estruturá"da família e"a"entrada das mulheres no"mundo do

trabalho.

19

Capítulo 1

Foi assim que nas últimas décadas a Psicologia das Carreiras

tomou o adulto como objecto de estudo, embora a abordagem das suas

características e/ou das mudanças por que passa ao longo da vida não

tenha o mesmo impacto nos seus vários modelos teóricos. Enquanto

alguns deles praticamente ignoram a idade adulta (por exemplo,

Ginzberg, 1984, 1988), outros incluem-na em pé de igualdade com as

outras etapas da vida do indivíduo (por exemplo, Super, 1976ab, 1984,

1990) e outros ainda dão-lhe um lugar preferencial (por exemplo, Dawis

& Lofquist, 1977,1978) .

Este interesse pela carreira do adulto foi surgindo também em

relação com a evolução dos conceitos. O conceito de carreira, como

sinónimo de vocação ou de profissão, é profusamente usado nessa

acepção durante os anos 20, 30 e 40 (McDaniels & Gysbers, 1992). No

entanto, na literatura as palavras vocação e profissão vão sendo %

substituídas por carreira, tendo a década de 50 presenciado grandes

alterações conceptuais, em parte sustentadas pelos resultados de um

importante estudo longitudinal, iniciado em 1951, sobre o

desenvolvimento vocacionai, dirigido por Donald Super - Career Pattern

Study. Surge, então, o conceito de desenvolvimento vocacional

considerado como o "processo de crescimento e de aprendizagem

subjacente à evolução do comportamento vocacional do indivíduo^

(Super, et ai, 1957, p. 31). O desenvolvimento vocacional começa,

assim, a ser visto " como começando cedo e p rosse^ indo até tarde na

vida do indivíduo"r(Super , 1957, pp, 184-185). A escolha profissional

vai abandonando o lugar de conceito central da Psicologia Vocacional,

20

o Desenvolvimento de Carreira do Adulto

passando antes a ser considerada como uma das tarefas com que o

indivíduo se confronta numa determinada fase da sua vida.

O modelo de Super adopta as designações dos estádios da vida -

Crescimento, Exploração, Estabelecimento, Manutenção e Declínio - tal

como tinham sido definidos por C. Buehler (cit em Super, 1957), embora

conceptualizasse ainda a carreira como uma sequência de lugares

ocupados pelo indivíduo no seu pape! de trabalhador. Só mais tarde o

autor vem a elaborar um glossário onde o conceito de carreira passa a ser

definido nos moldes actuais como: "uma sequência de posições ocupadas

pelo indivíduo através da sua vida pré-profissional, profissional e pós-

profissional" (Super, 1976a, p. 21). Essa carreira não inclui apenas os

papeis relacionados com o trabalho mas também os outros papeis que o

indivíduo assume na sua vida (Super, I976ab; Super, 1980). Esboça-se

aqui uma concepção da carreira que envolve o indivíduo na sua

totalidade, quer numa dimensão longitudinal (a das fases da sua vida),

quer numa dimensão latitudinal (a dos diferentes papeis que

desempenha), ideia que só mais tarde vem a ser sintetizada graficamente

no Arco-íris da Carreira (Super, 1976b, 1980, 1984, 1990, 1995a). A

partir dos anos 80, j á os termos carreira e desenvolvimento da carreira

substituíram quase totalmente os conceitos de vocação e desenvolvimento

vocacional quer na literatura quer na prática (McDaniels & Gysbers,

1992), o que alarga inequivocamente o objecto do seu estudo. E assim

que, associada a esta evolução dos conceitos, também a intervenção deixa

de ser considerada""uma actuação*momentânea para 'passar 'a"ser vista

como uma intervenção compreensiva que pode assumir várias formas

21

Capítulo 1

com vista a favorecer e optimizar o desenvolvimento da carreira do

individuo, em qualquer das fases do seu desenvolvimento pessoal,

incluindo toda a vida adulta e abarcando contextos escolares e

organizacionais. O comportamento vocacional do indivíduo aparece

agora inserido num sistema mais vasto que é o do seu comportamento em

geral e o ajustamento vocacional no seu ajustamento global, passando o

papel de trabalhador e a sua importância a ser conceptualizados em

relação cora todos os outros papeis que o indivíduo desempenha na sua

vida e o seu percurso individual a ser considerado desde o nascimento até

à morte.

Assim, a idade adulta, em geral considerada como uma fase de

estabilidade passa a ser vista, pelo contrário, como caracterizada por

diversas mudanças quer a nível físico quer a nível psicológico, o que

inclui alguns aspectos da personalidade do indivíduo, o seu

comportamento vocacional, a relação entre os diferentes papeis que ele

desempenha num dado momento e o auto-conceito. Hopson & Scally

(1980) fazem uma importante síntese destas mudanças, a partir da revisão

dos conceitos envolvidos nos diferentes modelos de desenvolvimento do

adulto.

Partindo dos estádios que define em 1957, Super preconiza que o

desenvolvimento vocacional do adulto se processa em etapas. O estádio

de Crescimento (do nascimento aos 14 anos), que se estende desde o

nascimento até cerca dos 14 anos,"e seguido pelo estádio de Exploração,

cacterizado pela exploração do eu e das profissões, cristalização das

escolhas, sua especificação e implementação. O estádio de Exploração

7')

o Desenvolvimento de Carreira do Adulto

começa na adolescência mas pode continuar pela vida adulta, sendo

apontadas pelo autor as referências etárias entre os 15 e os 24. A fase de

Estabelecimento, habitualmente entre os 25 e os 44 anos. caracteriza-se

pela estabilização na área escolhida, consolidando a sua posição e

progredindo. Entre os 45 e os 64 anos, o indivíduo passaria pela fase de

Manutenção, sendo a sua preocupação fundamental a manutenção da

posição conquistada na fase anterior. A fase de Declínio - a partir dos 65

anos - seria caracterizada pelas tarefas desenvolvimentistas de desacelerar

e reformar-se (Super, 1976b). Cada uma destas fases implica subestádios

baseados nas tarefas desenvolvimentistas típicas de cada período.

Contudo, em Super, os limites etários são apenas referências, j á

que não é a idade cronológica que determina a progressão do indivíduo

ao longo dos estádios, podendo estes prolongar-se muito para além das

idades apontadas em função do percurso individual dos sujeitos, e da

interacção de variáveis pessoais e situacionais. Se o desenvolvimento dos

indivíduos se faz, em geral, através da sequência destas cinco fases - o

maxiciclo - vão ocorrendo ao longo da carreira miniciclos, no sentido em

que o indivíduo, em qualquer fase da sua carreira, pode voltar aos

estádios anteriores quer em função das novas escolhas que vai fazendo

quer ainda em função da saliência que outros papeis que não o de

trabalhador (estudante, tempos livres, cidadão, cônjuge, casa ou pai/mãe)

vão tomando na sua vida (Super, 1984, 1990). Este processo é designado

como reciclagem (Super. 1984, p. 200):

~ Ligãdõ^à~noção~do desenvolviinênto do indivíduo num-percurso

desde o nascimento até à morte e à existência de tarefas que deverão ser

23

Capítulo 1

realizadas em cada fase, surge o conceito de maturidade vocacional

(1957, 19680,1980/81/82,1983), a discussão da sua aplicação ao adulto

(Super & Kidd, 1979) e a proposta do conceito de adaptabilidade como

resposta aos problemas teóricos que a aplicação do conceito de

maturidade levanta no caso dos adultos (Super & Knasel, 1981).

Assim, no caso do adulto, a adaptabilidade vocacional, definida

como "as atitudes e informação necessárias para a prontidão a reagir ao

confronto com o trabalho e as condições de trabalho em mudança"

(Super, Thompson & Lindeman, 1988, p. 5). inclui cinco dimensões -

Planeamento, Exploração, Informação, Tomada de Decisão e Orientação

para a Realidade. O conceito, exprimindo a ideia de um processo em que

o indivíduo é um agente activo, vê assim retirado o significado de

"maturação ou crescimento", necessariamente implicado quando se fala

de maturidade e inadequado quando se lida com adultos.

Para utilização no processo de aconselhamento da caneira em

adultos, é proposta uma medida deste conceito, na forma de um

questionário designado Inventário de Preocupações de Carreira (Super,

Thompson & Lindeman, 1988) traduzido e adaptado para Portugal por

Duarte em 1987. Este instrumento de medida não considera as cinco

dimensões do modelo mas apenas as duas componentes atitudinais -

Planeamento e Exploração, dimensões fundamentais para a

adaptabilidade profissional e vocacional, já que foi considerado que só

dèveriãi ísêrávaliados " . . .os aspectos da máturidade vocacional cõmims

à maioria dos adultos...sacrificando a multidimensionalidade pela

un iversa l idade . . (Super & Kidd, 1979, pp. 262-263).

24

o Desenvolvimento de Carreira do Adulto

Contudo, a adaptabilidade do sujeito e a sua avaliação deve ter em

conta a Saliência dos papeis. De facto, " se o trabalho não é importante, a

prontidão para fazer escolhas profissionais e para lidar com as tarefas

vocacionais não pode ser adequadamente avaliada; estes indivíduos não

têm razões para a exploração ou o planeamento vocacional, para aprender

a tomar decisões na carreira ou para adquirir informação profissional...

podem, ser maduros e adaptáveis noutros aspectos...mas não estar

conscientes ou interessados pelo mundo do trabalho e as carreiras

profissionais" (Super, 1985, p. 17).

O auto-conceito e a sua implementação assume uma importância

fundamental na teoria de Super (Super, 1950/1988, 1957), começando

por ser a base de uma perspectiva simples que defendia que a escolha

profissional representaria a tentativa de implementar, de forma realista,

satisfatória e adequada, o auto-conceito numa profissão. Posteriormente,

Super passa a referir-se aos auto-conceitos (relativos a cada um dos

papeis que o indivíduo desempenha no espaço da vida), considerando-os

características da personalidade e definindo o processo do

desenvolvimento de carreira como o processo de desenvolver e

implementar auto-conceitos (Super, 1990, p. 207). Embora se refira, em

geral, ao auto-conceito ou aos auto-conceitos, Super afirma preferir a

designação constructo pessoal, por salientar a focagem dupla do

indivíduo no íW/e na situação (Super, 1981, 1984, 1990).

Émbora com um enquadramento muito v ^ o e abrangente, este

modelo está longe de ser aceite e utilizado em exclusivo pela maioria dos

conselheiros e coexiste com vários outros modelos de importância

25

Capítulo 1

significativa quer ao nível teórico quer ao nível da intervenção (por

exemplo, Bordin, 1990; Dawis & Lofquist, 1977, 1978; Dawis, 1994;

Holland, 1973, 1985; Krumboltz, 1981, 1994). No entanto, o modelo de

Super, marcando claramente a evolução dos conceitos ligados à carreira e

ao adulto, assume um lugar privilegiado enquanto modelo de Psicologia

das Carreiras de natureza "conciliadora" ou "eclética", num sentido muito

caro à procura de convergência característica dos anos 90. O próprio

Super (1990, 1994) refere-se ao seu modelo como um modelo segmentai

em que se reúnem contribuições de diferentes autores - as diferentes

pedras do seu Arco Normando. Estas várias teorias que constituem os

segmentos do Arco Normando seriam unidas pela teoria da aprendizagem

interactiva e que reuniria a aprendizagem social no sentido de Bandura

mas também "a aprendizagem nos encontros com objectos, factos e

ideias" (Super, 1990, p. 204). Nele coexistem as duas dimensões - life-

span - longitudinal e relacionada com o maxiciclo e a dimensão

transversal - life-space - definida pela "constelação de posições ocupadas

e de papeis desempenhados pela pessoa" (Super, 1984, p. 203). A carreira

assume, aqui, o seu sentido mais amplo (Super, 1976a, 1980, 1984,1990)

e enquadra uma intervenção que pode ser dirigida a adultos em qualquer

fase do seu trajecto de vida. Provavelmente, a intervenção com adultos

virá a assumir cada vez mais um lugar de relevo, em função de factores

demográficos, como o aumento da esperança de vida e o envelhecimento

dá população "nos países ocidentais, mas também de aspectos '^muito

ligadòs ao trabalho, á competividade das economias e à necessidade de

resolver problemas que têm marcado a década de 90: o desemprego, a

26

o Desenvolvimento de Carreira do Adulto

necessidade de promover a adaptabilidade e a empregabilidade dos

indivíduos, a judando-os a lidar com a transição, o interesse económico e

social de promover a educação e a formação ao longo de toda a vida do

indivíduo e a necessidade de responder à própria globalização da força de

trabalho (Herr, 1996; Herr & Cramer, 1996; Osipow, 1991).

Numa época em que o "factor chave na capacidade de um país

para competir na crescente economia global é a qualidade da sua força de

trabalho, definida pela sua educação, competências para lidar com

números, flexibilidade, capacidade de aprendizagem e empregabilidade"

(Herr & Cramer, 1996, p . l ) , em que a aplicação das tecnologias se

relaciona com importantes mudanças na organização, nas formas de

comunicação e no conteúdo do próprio trabalho, com implicações

evidentes nas competências requeridas ao trabalhador, é possível que as

investigações futuras se interessem, cada vez mais, pelo adulto.

27

CAPITULO 2

OS VALORES

Os Valores

2.1. O conce i to d e v a l o r e a s u a m e d i d a

O início do interesse pelo estudo psicológico dos valores tem sido

associado à obra de Spranger. Para Marques (1983) este interesse surge

com a publicação da T edição de Lenbensformen, onde Spranger

descreve seis tipos ideais de indivíduos e de orientações fundamentais:

Teorético (a descoberta da verdade, a ciência e a filosofia); Económico (a

procura do útil, as necessidades do corpo, a produção económica e o

comércio); Estético (a forma e a harmonia, os aspectos artísticos da vida);

Social (o amor pelos outros e o altruísmo); Político (o poder) e Religioso

(a compreensão mística do mundo inteiro na sua unidade e a relação com

essa totalidade). Para Super (1995b), o começo do estudo sistemático dos

valores situa-se em 1931, data da edição original do Study of Values de

Allport, Vemon e Lindzey, instrumento de medida dos valores que se

baseia directamente nos tipos de Spranger.

O conceito de valor, central nas teorias da motivação e tão

frequentemente usado como parte da linguagem corrente, tem sido alvo

de definições variadas e nem sempre concordantes.

Se por um lado, quando se fala de motivação, se encontram

definições quer em termos de necessidades, de traços de personalidade,

de valores e/ou de interesses, por outro, as distinções entre estes

diferentes conceitos não são simples de estabelecer e muitas vezes essas

definições sobrepõem-se. Foi fi-equente a utilização dos conceitos de

interesse e de valor indiscriminadamente como se se tratassem de

sinónimos e além disso, muitas das definições de valor surgidas seriam

facilmente assimiláveis ao conceito de interesses.

29

Capítulo 1

Numa revisão sobre valores pessoais, satisfação profissional e

comportamento profissional, Katzell (1964, cit. em Descombes, 1977, p.

288), traduz esta falta de diferenciação teórica entre os conceitos

englobando valores, interesses, desejos e objectivos numa mesma

categoria de "elementos motivacionais" que têm em comum implicarem

uma expressão de preferência ou de atracção por uma variedade de

estímulos.

O conceito de valor tem sido tomado na acepção de crença, de

interesse, de necessidade ou mesmo de atitude. Exemplo desta

indefinição conceptual que durante muitos anos caracterizou a utilização

destes conceitos, o próprio Study of Values (Allport, Vernon e Lindzey,

1960) define, em subtítulo, o instrumento como uma medida de

interesses. Como outro exemplo desta indiferenciação de conceitos, pode

citar-se a síntese de Super e Crites, (1962) inserida num capítulo sobre a

medida dos interesses onde coexistem dados sobre o SVIB: Strong

Vocational Interest Blank de Strong, o Kuder Preference Record ou o

Study of Values de Allport, Vemon e Lindzey. Também uma obra de

Zytowsky (1973) entitulada Contemporary^ approaches to interest

measurement, inclui capítulos sobre instrumentos de medidas de valores

como o WVI; Work Values Inventory de Super ou o MIQ: Minnesotta

Instrument Questionnaire de Gay, Weiss, Hendel, Dawis e Lofquist.

Contrastando com esta relativa indiferenciação conceptual, alguns

autores defmiram "valores" a partir da sua.relação com.outros conceitos:-

Katz (1963, cit. em Descombes, 1977, p. 287) considerou os valores

como "expressões externas características e como manifestações,

30

Os Valores

influenciadas culturalmente, das necessidades"; Lofquist e Dawis (1978),

a partir do estudo factorial do MIQ construído para avaliar 20

necessidades vocacionais, encontraram seis dimensões de referência que

consideraram valores, representando o que há de comum nas diferentes

necessidades e sendo definidas como necessidades de 2' ordem.

Também Super (1973a) procurou clarificar a defmição dos

diferentes conceitos ligados à motivação através de uma concepção

hierárquica em que aqueles são diferenciados e explicados em fimção da

relação que estabelecem entre si. Na base do modelo está o conceito de

necessidade definida como "a falta de algo que, se estivesse presente,

contribuiria para o bem estar do indivíduo e que é acompanhada por um

impulso {drive., no. Q^^mai) para fazer algo em relaçáo a ela" (Super,

1973a, p. 189). Os outros elementos fundamentais deste sistema

hierárquico de motivações- traços, valores e interesses - derivam das

necessidades.

As necessidades levam à acção e esta, por sua vez, leva a modos

de comportamento ou traços que se dirigem a objectivos formulados em

termos genéricos (valores) ou em termos específicos (interesses). Os

traços são definidos como fornias (estilos) de agir para satisfazer uma

necessidade numa determinada situação, os valores como os objectivos

que o indivíduo procura atingir para satisfazer uma necessidade e os

interesses como as actividades específicas e os objectos através dos quais

se podem atingir os valores e satisfazer as necessidades. Pela sua relação

mais directa com as actividades e os objectos específicos, os valores e os

interesses " aparecem—como va r i á^ i s muito —mais— próximas—do

comportamento educacional ou profissional do que os traços ou as

31

Capítulo 2

necessidades. Por sua vez, os interesses estão ainda mais próximos do

comportamento do que os valores ou as necessidades (Super, 1973a). Já

anteriormente, Super (1957; Super & Crites, 1962) definira os interesses

a partir de quatro categorias: interesses expressos, interesses manifestos,

interesses testados e interesses inventariados.

Quer sejam mais centradas em modelos psicológicos, em modelos

filosóficos ou em modelos sociológicos, e apesar das diferenças,

sobressaem em todas estas conceptualizações alguns aspectos em

comum, nomeadamente o reconhecimento de que os valores funcionam

como critérios face aos quais o indivíduo faz as suas avaliações. Essas

avaliações equacionam a importância relativa das coisas para a pessoa

nos diferentes aspectos da sua vida incluindo o trabalho. Estabelece-se

assim uma íntima relação entre os valores e as questões da satisfação e da

motivação no trabalho.

Muito significativos são os trabalhos surgidos nas décadas de 50 a

70, centrados no estudo da satisfação profissional e da motivação no

trabalho, e ligados à indústria e às organizações. E assim que aparecera

modelos como o modelo hierárquico da motivação de Maslow

(1954/1970), a teoria bifactorial de Herzberg (Herzberg, Mausner &

Snyderman, 1959), a teoria das expectativas de Vroom (1964) ou a teoria

do ajustamento ao trabalho de Dawis e Lofquist (1977, 1978).

Maslow (1954/1970) preconiza um modelo de motivação com

grande impacto teórico, identificando os tipos de necessidades que

podem rnõtivãr õ cõm^rtamêntò do indivíduo e repfesentando-as nürhá

organização Hierárquica, na foirna de uma pirâmide.

32

Os Valores

A ligação de Herzberg ao problema da motivação é evidente, já

que o autor faz o levantamento dos factores de satisfação que funcionam

como factores de motivação intrínseca e os factores extrínsecos que

fVincionam não como elementos de satisfação mas antes como geradores

de insatisfação profissional e que são também designados por

"higiénicos" (Herzberg et ai, 1959).

Também Vroom (1964), centrado na mesma questão, desenvolve

uma abordagem cognitiva da motivação em que relaciona a satisfação

cora variáveis cognitivas como as expectativas dos resultados e o valor

antecipado desses resultados - as valências, atribuindo aos valores um

papel fundamental quer ao nível das escolhas quer ao oível da satisfação

no trabalho.

Na teoria do ajustamento ao trabalho - TWA - de Dawis e

Lofquist, desenvolvida na Universidade de Minnesota, a satisfação

profissional ocupa um lugar central bem como a sua relação com as

necessidades e os valores. Os autores preconizam um modelo que

pretende, entre outros objectivos, prever a satisfação dos indivíduos no

trabalho a partir da correspondência, ou corresponsividade

{corresponsiveness, no original) para acentuar o seu carácter dinâmico,

entre os reforços proporcionados pelo trabalho e as necessidades

vocacionais dos indivíduos (Dawis & Lofquist, 1978). Como se referiu

atrás, neste modelo, os valores são considerados necessidades de 2 '

ordem (Dawis, 1994; Lofquist & Dawis, 1978).

Um dos instrumentos de medida dos valores que tem estado na

base de muitas pesquisas sobre a relação entre a satisfação profissional e

as necessidades em adultos - o já referido MIQ: Minnesota Importance

33

Capítulo 2 -—

Questionnaire - surge no âmbito destes estudos, tendo por objectivo a

' avaliação da satisfação do sujeito a partir das suas necessidades

psicológicas ou dos .seus valores.

Também para Ginzberg (cit. em Super, 1962. p. 231), a satisfação

é considerada como estando directamente relacionada com os valores,

podendo distinguir-se três fontes de satisfação profissional ligadas aos

valores - satisfações intrínsecas (prazer na actividade e no alcance de

objectivos específicos), satisfações extrínsecas (ligadas ao prestígio e a

aspectos monetários) e satisfações concomitantes (ligadas ao ambiente de

trabalho).

Para avaliar os valores, têm sido construídos alguns instrumentos,

na forma de medidas verbais, estruturadas e de auto-avaliação,

questionários a que os sujeitos respondem de acordo cora as suas próprias

percepções. Como instrumento de medida, o Study of Values foi um dos

primeiros a utilizar a escolha forçada e pares de itens comparados,

produzindo resultados que reflectem as diferenças intraindividuais e não

tanto as diferenças intergrupais (Dawis, 1990), o que adquire grande

significado para o estudo dos sistemas de valores do indivíduo encarados

de uma forma ipsativa mais do que normativa. Outros inventários

surgiram posteriormente como é o caso dos já mencionados MIQ ou

WVI.

Contudo, em relação ao conteúdo dos itens, os instrumentos

existentes nem sempre abordam o mesmo objecto de estudo. Alguns

podem ser classificados como medidas dos valores gerais que se aplicam

à totalidade da pessoa e da vida, de que é exemplo o Study of Values e

34

Os Valores

outros como medidas dos valores do trabalho como acontece com o WVI

ou com o MIQ.

Este tipo de categorização decorre de duas linhas de investigação

sobre os valores em geral ou sobre os valores do trabalho, havendo nas

listas de valores do trabalho algumas dimensões como a supervisão

técnica ou a política de empresas que poderão ser de difícil avaliação em

jovens que ainda não Iniciaram a sua vida activa.

Como antes se referiu, os valores, quer os valores da vida era geral

quer os valores do trabalho, aparecem agrupados, pelos diferentes

autores, com base em diferentes sistemas de classificação. O sistema de

valores do indivíduo é, assim, definido de acordo com a taxonomia

desenvolvida por cada um dos autores, o que, por vezes, pode dificultar o

seu estudo e a comparação entre diferentes trabalhos empíricos. Essas

taxonomias são, por vezes, apresentadas com base numa classificação em

três categorias. É o caso de Centers (1949, cit. em Kidd & Knasel, 1979),

autor de uma das mais conhecidas taxonomias de valores, que considera

recompensas extrínsecas a Segurança, a Estima, o Lucro e a Fama;

concomitantes extrínsecos o Poder, a Liderança e a Independência, e

recompensas intrínsecas a Experiência Interessante, o Serviço Social, e a

Auto-Expressão.

Super (1962) considera que, do ponto de vista filosófico, a

classificação dos valores em três categorias parece ser adequada.

Também Kidd e Knasel (1979), a partir de uma importante revisão

bibliográfica, apresentam uma listagem exaustiva dos valores do trabalho

considerados pelos diferentes autores, seguindo este tipo de

categorização. Para eles, apesar da diversidade e da falta de unanimidade

35

Capítulo 2

nas listas de valores do trabalho que os diferentes autores apresentam

para os adultos, existe algum acordo entre todos. Assim, são quase

sempre referidos os valores Estatuto, Salário. Promoção,

Reconhecimento, Condições de Trabalho, Politica e Administração da

Empresa, Colegas, Supervisão, Independência e Conteúdo do Trabalho.

Promoção, Reconhecimento, Políticas de Empresa e Supervisão

aparecem mais frequentemente no sistema de valores de Indivíduos que

já tenham experiência de trabalho.

Outras importantes taxonomias de valores do trabalho são as de

Donald Super, correspondente às 15 escalas do WVI e a de Gay, Weiss,

Hendel, Dawis e Lofquist, correspondente às 20 necessidades do MIQ.

Apesar da diversidade de classificações, é possível estabelecer

correspondência entre os valores destas diferentes taxonomias. Por um

lado, a taxonomia do WVI deriva, em grande parte, da taxonomia de

Centers (Kidd & Knasel, 1979). Por outro lado. Marques (1983) encontra

correspondência entre alguns dos valores do WVI e os valores de

Spranger: o valor Altruísmo do WVI seria correspondente ao Social de

Spranger; o valor Estético seria equivalente para os dois autores, o valor

Estimulação Intelectual de Super corresponderia ao Teorético de

Spranger; o Prestígio de Super ao Político de Spranger e a Recompensa

Económica do WVI ao Económico de Spranger.

A classificação usada no WVI em relação aos valores do trabalho,

vera a dar lugar a uma outra ligada quer aos valores em geral quer aos

valores do trabalho, e que encontra a sua origem no projecto WIS {Work

Importance Study). O projecto WIS, projecto internacional iniciado em

1979 e coordenado por Donald Super, reúne os esforços de vários países

36

Os Valores

e, embora não centrado apenas nos valores, vem dar um forte impulso no

seu estudo. Como objectivos globais, os participantes propunham-se dar

um significativo contributo na investigação da importância relativa do

papel de trabalhador, em jovens e adultos, no contexto dos outros papeis

e no estudo dos valores que os indivíduos procuram atingir nos principais

papeis que desempenham, e especialmente no papel de trabalhadores

(Marques, 1982a; Nevill & Super, 1986). Pretendia-se, assim, estudar e

clarificar os constructos de saliência do trabalho e as suas relações com a

motivação e os valores do trabalho. (Super, 1980).

Na r conferência do WIS, que decorreu em Cambridge

(^glaterra) em Março de 1979, planeou-se o desenvolvimento do

projecto que, norteado pelos objectivos já definidos, viria a decorrer em 4

fases:

fase: revisões de literatura (nacionais e internacionais) e

planeamento do estudo piloto.

2" fase: estudo piloto para o desenvolvimento dos instrumentos de

medida dos valores e da saliência dos papeis.

3" fase: estudo principal ou definitivo.

4" fase: eventual follow-up. (Marques, 1982a; Marques &

Miranda, 1995).

Em Portugal, toma o nome de Estudo sobre a Importância do

Trabalho e é desenvolvido por um grupo de investigação dirigido pelo

Prof. Doutor Ferreira Marques e sediado na Faculdade de Psicologia e de

Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

Partindo dos dados reunidos nos trabalhos desenvolvidos pelos

diversos países, surge um modelo teórico que enquadra um novo sentido

37

Capítulo 2

para o conceito de motivação, baseado nos conceitos de valores e de

saliência dos papeis. Nesse modelo, valor é considerado como " um

objectivo (estado psicológico, relação ou condição material) que se

procura atingir ou obter", podendo os valores ser realizados no

desempenho de diferentes papeis. À noção de valor de trabalho aplica-se

a mesma defmição mas referida especificamente ao desempenho do papel

de trabalhador (Super, 1980, p. 82).

De acordo com esta conceptualização teórica, a satisfação é vista

em função dos valores mas também da relação que estes estabelecem

com a saliência dos papeis, podendo ser encontrada satisfação para os

valores quer no papel de trabalhador quer noutros papéis que o indivíduo

desempenha na sua vida (estudo, família, comunidade, tempos livres). No

mesmo papel, o indivíduo em diferentes estádios da sua vida pode

realizar valores diferentes. Por outro lado, um mesmo valor também pode

ser realizado em diferentes papeis quer no mesmo, quer em diferentes

estádios da vida. A saliência dos papeis e mais concretamente, a saliência

do trabalho poderá ser uma variável pelo menos tão importante como a

classe social ou o nível profissional, para analisar a satisfação no trabalho

dos indivíduos.

Para permitir operacionalizar e estudar estes conceitos e as suas

implicações foram desenvolvidos dois instrumentos de medida

intemacionais: um para avaliar a saliência dos papeis - Inventário de

Saliência de Actividades {WIS Salience Inventory) e outro para avaliar os

valores - Escala de Valores WIS (fVIS Values Scale). Esta Escala de

Valores, numa primeira fase, começou por ser constituída por itens gerais

e itens referentes ao trabalho mas, na sua edição revista, passou a centrar-

38

Os Valores

se nos valores da vida em geral, embora continue a ter itens relativos aos

lrabalho(e mesmo uma escala específica - Condições de Trabalho). O seu

desenvolvimento será abordado com mais detalhe no ponto seguinte.

2.2. O D e s e n v o l v i m e n t o da Esca la d e V a l o r e s W I S

Como já foi referido no ponto 2.1, a construção de uma Escala de

Valores no âmbito do projecto WIS baseou-se numa 1' fase de revisões

bibliográficas sobre o tema conduzidas nos diferentes países que

participam no projecto. Isso tomou possível o levantamento e a

integração do que tinha sido feito anteriormente, dentro das limitações

inerentes à dificuldade de efectuar comparações entre estudos baseados

em instrumentos e taxonomias diferentes (Marques, 1983).

Os dados de síntese da revisão de literatura foram analisados e

discutidos na T Conferência de planeamento que decorreu em Cambridge

em Dezembro de 1979. Desses trabalhos saiu uma taxonomia de valores,

num total de 22 que viria a ser revista até que da 4 ' Conferência, em

Dubrovnik em Outubro de 1980, saiu a versão experimental da Escala de

Valores WIS com 21 valores comuns a todos os países e mais duas

escalas opcionais. Esta taxonomia comporta algumas alterações face às

designações utilizadas na T Conferência que são expostas com detalhe

em Dxiarte (1984). Todo o processo de evolução é descrito, de forma

pormenorizada, em Knasel, Super & Kidd (1981).

Na sua 1' edição, a Escala de Valores WIS incluía as seguintes

escalas: Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético,

Altruísmo, Relacionamento e Interacção, Autoridade, Autonomia,

Criatividade, Recursos Económicos, Segurança Económica, Meio

39

Capítulo 2

Ambiente, Estimulação Intelectual, Estilo de Vida, Participação na

Tomada de Decisão, Prestígio, Responsabilidade, Risco e Segurança,

Espiritual, Relação com os Superiores e Variedade. Os valores

Actividade Física e Identidade Cultural eram optativos e não foram

considerados nas investigações portuguesas.

Cada escala tinha dez itens, de modo a que os cinco primeiros

itens de cada escala se referissem aos valores ou satisfações procurados

na vida em geral. Os outros cinco referiam-se especificamente ao

trabalho. No caso da versão portuguesa - constituída por 21 escalas, os

itens desde o 1 ao 105 constituíam as subescalas dos valores gerais e os

itens do 106 ao 210, as subescalas de valores do trabalho. Face a cada

item o sujeito deveria classificar, numa escala de 1 - nada Importante a 5

- muito importante, o grau de importância que cada valor ou satisfação

tinha para si. A pontuação final de cada valor resultava do somatório dos

pontos dados pelo sujeito a cada um dos respectivos itens (Marques,

1982a, 1983; Marques & Miranda, 1995).

Era Portugal, a Escala de Valores assim construída foi aplicada a

953 estudantes do 9® ano, a 322 estudantes do 12° ano e a 156 adultos

trabalhadores. Foram analisados a média e o desvio-padrão das escalas,

as intercorrelações entre escalas, para cada uma das amostras e os

coeficientes alfa de Cronbach para as três amostras. Foi ainda realizada

uma análise em componentes principais com rotação varimax à matriz de

intercorrelações das amostras do 9° e do 12° anos. Embora os resultados

refeientes aõ cüêficientê alfa fossem bastante satisfatórios paia todas as

escalas (situaiTdo-se entre 0765T'0T9'l"nõ 9° ano, entre 0.66T0T93 no 12®

ano e entre 0.79 e 0.93 nos adultos), os dados obtidos a partir do

40

Os Valores

tratamento estatístico realizado sugeriram o interesse de agrupar algumas

das escalas (Marques, 1982b; Marques, 1983).

Os resultados revelaram que, nos dois níveis escolares, as médias

mais elevadas correspondiam às escalas Utilização das Capacidades,

seguida pela Realização e pelo Estilo de Vida, por ordem decrescente. A

média mais baixa era a relativa à escala Autoridade, seguida (em ordem

crescente) da escala Recursos Económicos e da escala Risco e Segurança

(Marques, 1983). Ainda no mesmo estudo, encontraram-se diferenças

significativas ao nível 0.01 entre as médias obtidas por rapazes e por

raparigas quer na amostra do 9® ano quer na do 12° ano. As mais elevadas

eram referentes às escalas Estético, Altruísmo e Espiritual no caso das

raparigas e a Autoridade e Recursos Económicos no caso dos rapazes. Se

se considerar o nível de probabilidade de 0.05, aparecia, em ambas as

amostras, uma diferença significativa na escala Relacionamento e

Interacção com médias mais elevadas para as raparigas. Esta mesma

tendência encontrava-se, mas apenas para a amostra do 9® ano, nas

escalas Participação na Tomada de Decisão e Variedade. Na escala

Utilização das Capacidades e Realização verifícavam-se também

diferenças significativas (a p< 0.05) entre as médias dos dois sexos e a

favor do sexo feminino, mas apenas para a amostra do 12° ano.

Contudo, para os dois sexos e quer no 9® quer no 12® ano, a média

mais elevada correspondia à escala Utilização das Capacidades e a mais

baixa a Autoridade.

P à f ã õ s ã d u l t õ s / ã s médias mais elevadas apareciam também nas

escalas Üt i I i^ãÕ~aãr"Cãpcidãdès7 'Rea l ização e Promoção. As mais

41

Capitulo 2

baixas referiam-sc às escalas Risco e Segurança. Responsabilidade c

Autoridade.

A análise cm componentes principais dos resultados obtidos para

o 9° ano (com rotação posterior da matriz de intercorrclaçòes, pelo

método varimax) extraiu cinco factores: um factor \ que se relaciona com

os valores Utilização das Capacidades. Realização, Estimulação

Intelectual, Responsabilidade e Criatividade; um factor 2 definido

principalmente pelos valores Recursos Económicos, Segurança

Económica, Prestígio e Promoção; um factor 3 defmido pelos valores

Estilo de Vida, Autonomia e Variedade; um factor 4 definido pelos

valores Altruísmo, Relacionamento e Interação e Estético; e um factor 5

definido pela escala Risco e Segurança.

O Quadro o® 2.2.1. sintetiza os dados encontrados na análise cm

componentes principais dos dados referentes à amostra do ano. sendo

estes apresentados por ordem decrescente da sua saturação no factor.

A amostra do 12® ano conduziu a resultados semelhantes, com

inversão entre os factores 3 c 4 (Marques, 1983).

A partir dos dados obtidos em Portugal e em cinco outros países

pela aplicação da escala a grandes amostras de sujeitos de vários níveis

etários e com diferentes graus de escolaridade, a escala foi revista em

Outubro de 1981 na Conferência de Lisboa. Não foram mantidas quaUo

escalas - Estimulação Intelectual, Participação na Tomada de Decisão.

Responsabilidade e Espiritual. A escala Relacionamento e Interacção foi

subdividida em InteTacção Social e Relações Sociais, ficando esta última

a substituir a escaíTRelação com os Superiores; por outro lado. a escala

Meio Ambiente passou a centrar-se apenas nas Condições de Trabalho,

42

Os Valores

QUADRO N* 2 . 2 . 1 . ANÁLISE EM COMPONENTES PRINCIPAIS. ESC.AL*. DE V . < L O R £S V.1S.

Amostris/Factores eocoDtrados 9* aao

Factor 1 Utilizaçio das Capacidades. Realização. Esiimulaçio (ntelectuaJ.

Responsabilidade Cnaiividade (Espiritual)

Factor 2 Recursos Economicos Segurança Económica

Prestigio Promoçio

(.Autoridade) Meio .Ambiente

CRelações com superiores)

Factor 3 Estilo de Vida .Autonomia Variedade

Factor 4 .Altruísmo Relacionamento e Uiietacçio

(Espinitual) Estético

(Relações com os superiores)

Factor 5 Risco e Segurança (.Autoridade)

( ) saturação elevada a n mais do que um factor

A escala Actividade Física deixou de ser optativa. Foi ainda incluída uma

escala de Desenvolvimento Pessoal e reunidas as escalas Recursos

Económicos e Segurança Económica numa só escala. Além disso, os

elevados coeficientes de consistência interna encontrados a partir dos

trabalhos de aplicação da 1" versão em vários países (em geral, superiores

a 0.8), tomaram possível reduzir cada escala a um total de 5 itens. Para

possibilitar comparações internacionais, e de entre os 5 itens que

constituem cada escala, decidiu-se que os primeiros 3 seriam comuns a

todos os países e que desses, 1 ou 2 seriam referentes ao trabalho,

excepto no caso da escala Condições de Trabalho em que obviamente

todos os itens cumpririam esta condição.

Depois desta revisão, a 2 ' edição da Escala passou, então, a

considerar 18 escalas: Utilização das Capacidades, Realização,

Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade,

43

Capitulo 2

Económico, Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física,

Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e

Condições de Trabalho.

Passaram a ser opcionais as escalas Identidade Cultural (tal como

na versão de 1981) e a escala Capacidade Física. As respostas passariam

a ser dadas numa escala de 4 pontos (Marques, !982a; Marques, 1995;

Marques & Miranda, 1995).

Esta versão revista inclui dezoito valores, a que correspondem as

seguintes definições, adoptadas no Serviço de Orientação Escolar e

Profissional da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade de Lisboa:

UTILIZAÇÃO DAS CAPACIDADES - utilizar e desenvolver as suas

capacidades e conhecimentos.

REALIZAÇÃO - fazer as coisas bem; sentir que faz (ou fez) as coisas

bem.

PROMOÇÃO - ter mobilidade em termos de progredir na carreira e de

melhorar o nivel de vida.

ESTÉTICO - aumentar e gozar a beleza das coisas quer naturais quer

feitas pelo homem.

ALTRUÍSMO - ajudar as outras pessoas.

AUTORIDADE - dizer aos outros o que têm que fazer, chefiar ou

dirigir.

AUTONOMIA - tomar decisões por si mesmo, ser independente na

sua esfera de acção.

OÜATIVIDADE - desenvolver ideias novas ou fazer coisas novas.

44

Os Valores

ECONÓMICO - ter um alto nível de vida, bom ordenado, estabilidade

de emprego.

ESTILO DE VIDA - trabalhar e viver como quer, de acordo com as

suas ideias.

DESEWOLVTMENTO PESSO.-U. - ter ideias sobre o que fazer na vida,

encontrar satisfação pessoal no seu trabalho.

ACTTVTD.ADE FÍSICA - fazer muita actividade física, no desporto, no

trabalho, etc.

PRESTÍGIO - ser admirado e considerado.

RISCO - ser capaz de aceitar riscos ou fazer coisas arriscadas.

LNTER.ACÇÃ0 SOCIAL - estar com outras pessoas enquanto faz

qualquer coisa ou trabalha.

RELAÇÕES SOCLUS - estar com amigos ou pessoas de quem gosta,

falar com os outros.

VARIEDADE - haver diversidade no que faz, mudar de actividades.

CoríDiçôES DE TRABALHO - ter boas condições no local de trabalho

(espaço, luz, etc).

N o decurso da 3* fase do projecto, a versão revista da Escala de

Valores WIS foi aplicada a 1199 estudantes do 10° ano, a 1189

estudantes do 12® ano abarcando as populações rurais e urbanas das

regiões portuguesas de noroeste, nordeste e sul, e a 580 estudantes do

ensino superior distribuídos por cursos cujos conteúdos se relacionavam

com cinco tipos de Holland: realista, investigativo, artístico,

empreendedor e convencional (Marques, 1995). Os estudos sobre a

garantia do instrumento conduziram a índices bastante satisfatórios que

serão analisados com maior detalhe no capítulo 5.

45

Capítulo 1

A escala de Valores WIS, versão revista, enquanto instrumento de

medida construído a partir de um projecto comum de vários países e com

itens comuns às suas diferentes versões constitui, assim, um meio

privilegiado para estudar os valores, permitindo analisar o efeito de

variáveis até aqui difíceis de considerar como a nacionalidade, através de

comparações transnacionais.

2.3. I n v e s t i g a ç ã o s o b r e os va lores . A lguns e s t u d o s coro a Escala de V a l o r e s W I S e m P o r t u g a l e n o u t r o s pa íses

A investigação sobre os valores começa mais tardiamente do que a

investigação sobre os interesses. A esse facto se refere Super quando

afirma que o Work Importance Study assume como um dos seus

objectivos superar a falta de investigação dedicada aos valores

comparativamente com a dedicada aos interesses (Super, 1983).

Muitos trabalhos de investigação têm sido dedicados ao estudo

dos valores, mas mantendo por base diferentes preocupações teóricas e

diferentes metodologias de abordagem.

Descombes (1980) refere-se a esta diversidade de trabalhos,

identificando três correntes no estudo dos valores entre 1925 e 1975:

1. A corrente dos pioneiros (até cerca de 1960) onde se

enquadram os primeiros estudos sobre valores e particularmente os j á

citados trabalhos de Spranger e de Allport. Nesta fase, a distinção entre

conceitos era pouco nitida e à medida dos valores faltava formalização.

2. A corrente que tem a sua origem entre 1960 e 1970 e que

ainda encontra muitos seguidores, caracterizada pela preocupação de

classificar os valores e de elaborar instrumentos de medida mais precisos;

46

Os Valores

3. Uma terceira corrente, iniciada nos anos 70 e 80 que se

define a partir do estudo sistemático dos valores, através de instrumentos

formais.

Embora a maioria dos estudos se centre em populações de

estudantes, existem também alguns trabalhos conduzidos com adultos

trabalhadores. Para Descombes (1980), muitas vezes o estudo dos valores

do trabalho incide sobre aspectos globais (Ex: "importância do trabalho")

e não sobre valores específicos. Contudo, há também uma bem definida

linha de estudos desenvolvidos com adultos que se relacionam com a

satisfação profissional e os factores nela envolvidos.

A relação entre valores e variáveis demográficas como o sexo, a

idade ou o m'vel sócio-económico, embora preferencialmente abordada

com amostras de crianças e adolescentes, também tem sido alvo de algum

interesse em estudos com adultos.

Nas décadas de 50 a 70, e para além do desenvolvimento dos

modelos atrás referidos de Maslow (1954/1970), Herzberg ei ai (1959),

Vroom (1964) ou Dawis e Lofquist (1977, 1978), interessados pela

questão da satisfação no trabalho, surgem outros trabalhos que pretendem

analisar quer os factores intervenientes no processo de satisfação

profissional quer a relação dessa satisfação com outras variáveis.

Contudo, esta revisão de literatura centrar-se-á nos estudos desenvolvidos

com a Escala de Valores WIS em Portugal e noutros países.

O grupo social de origem do indivíduo tem sido uma das variáveis

que mais interesse tem despertado na sua relação com os valores do

trabalho.

47

Capítulo 2 .

Um muito recente estudo realizado na Croácia por Sverko,

Jemeic' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic' (1995), em que se estratificou a

amostra de trabalhadores a partir de diferentes grupos profissionais e

analisando posteriormente as diferenças de médias, parece indicar que

nos m'veis mais elevados se privilegia a Auto-Actualizaçào enquanto que

os profissionais não qualificados ou pouco qualificados dão prioridade

aos valores Utilitários e aos valores Sociais. Estas conclusões parecem ir

no sentido de estudos clássicos nesta área (por exemplo, Centers &

Bugental, 1966; Friedlander, 1963, 1966) que indicavam que os aspectos

extrínsecos do trabalho eram escolhidos mais frequentemente pelos

sujeitos de níveis profissionais mais baixos enquanto os aspectos

intrínsecos eram mais valorizados pelos grupos de níveis profissionais

mais elevados. Também no mesmo sentido vai o estudo realizado com a

escala de valores WIS na Bélgica por Coetsier e Claes (1995), tendo sido

encontrada uma correlação positiva e significativa entre o m'vel

profissional e os valores que os autores designam por Auto-Realizaçào e

Desafio e negativa entre o m'vel profissional e os valores de Progresso

Material na Carreira. Resultados semelhantes foram encontrados no

Canadá, com o mesmo instrumento de medida, pela análise de diferença

de médias entre grupos profissionais diferentes. Nos m'veis profissionais

mais altos, é maior a média de Autonomia, enquanto que nos mais

baixos, é o valor Económico que surge com médias mais altas (Casserly,

Fitzsimmons & Macnab, 1995).

Por outro lado, apesar destes resultados de estudos recentes com a

escala de valores WIS, a hipótese básica de nos m'veis profissionais mais

baixos se privilegiarem os aspectos extrínsecos, face à valorização dos

48

Os Valores

intrínsecos nos níveis superiores, acaba por nào ser contrariada na medida

em que o instrumento de medida utilizado pressupõe um nível médio de

leitura, o que coloca todos os sujeitos nos níveis profissionais médios e

altos (èverko & Super, 1995).

As diferenças de valores em fiançào da variável sexo, tão

frequentemente descritas junto dos adolescentes, com a preferência dos

"rapazes pelas vantagens materiais, pelo poder, pela direcção de outros e

pela independência e das raparigas pelo serviço social e pelo contacto

com os colegas" (Descombes, 1980, p. 76), pouco têm sido abordadas

com adultos.

Alguns estudos, conduzidos em Portugal com a escala de Valores

WIS, também apontam no sentido de haver algumas diferenças

significativas entre os sexos.

A partir da aplicação da Escala de Valores WIS, Forma Revista, a

estudantes do 10® e do 12° anos, Duarte (1984) encontra como médias

mais elevadas, quer para rapazes quer para raparigas, as relativas às

escalas Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal e

Realização (por ordem decrescente). As mais baixas surgem nas escalas

Risco, Autoridade e Prestígio (por ordem crescente), na amostra do 10®

ano e Risco, Prestígio e Autoridade ( t ambém por ordem crescente) na do

12® ano. Aparecem algumas diferenças significativas entre sexos, com

média mais alta para o sexo feminino nas escalas Altruísmo e

Desenvolvimento Pessoal (a p<0.01 no 10° ano e a p<0.05 no 12°) e

ainda na escala Realização, mas apenas na amostra do 12* ano e a um

nível de significância inferior a 0.05. Médias superiores surgem para o

sexo masculino na escala Autoridade (a p< 0.05 e nas duas amostras) e

49

Capítulo 2

nas escalas Promoção e Económico apenas no 10" ano e com um nível de

significância inferior a, respectivamente, 0.05 e O.Ol.

Num outro estudo português, efectuado por Teixeira (1988, 1995)

foi aplicada a Escala de Valores W^S, Fomia Revista a uma amostra de

366 jovens, 277 raparigas e 89 rapazes, entre os 15 e os 21 anos (mas

maioritariamente com 16 e 17 anos), a frequentar o i l ® ano em escolas

oficiais da zona de Lisboa. As médias mais elevadas aparecem também

nas escalas Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal e

Realização (quer na amostra total quer na subamostra dos rapazes e na

subamostra das raparigas), surgindo as médias máís^ baixas nas escalas

Risco, Autoridade e Prestígio (por ordem crescente), na amostra total e na

subamostra das raparigas, mas com inversão das posições das escalas

Autoridade e Prestígio na subamostra dos rapazes.

Dos dezoito valores avaliados só dois apresentam diferenças

significativas entre as médias obtidas pelos dois sexos: a escala

Altruísmo, com média significativamente mais elevada para as raparigas

(a p<0.01) e a escala Autoridade, com vantagem para os rapazes (a

p<0.05), diferenças essas que já t inham sido identificadas em estudos

atrás referidos (Duarte, 1984; Marques, 1983).

Devido às diferenças entre a constituição das amostras masculina

e feminina que poderiam afectar os resultados, a autora retirou da amostra

total das. raparigas um grupo de elementos com composição semelhante à

amostra dos rapazes, quer em termos de número (n=89) quer em relação à

distribuição nas áreas de estudo e nas componentes vocacionais que

frequentavam e encontrou também algumas diferenças significativas

entre os dois grupos. Identificou, novamente, uma diferença significativa

50

Os Valores

a p<0.05 com média superior para o sexo feminino na escala Altruísmo, e

uma diferença também significativa a p<0.05 na escala Actividade Física,

com uma média superior para os rapazes (Teixeira, 1988; 1995).

Teixeira (1988, p. 98) interpreta esta superioridade da média

masculina na escala Actividade Física a partir da importância atribuída às

actividades de tempos livres nos rapazes desta idade.

Em relação à generalidade dos trabalhos referidos parece haver

algum acordo no que diz respeito à existência de diferenças significativas

entre as médias dos estudantes dos dois sexos. Em geral, os resultados

apontam para médias superiores nos rapazes nos valores relacionados

com aspectos económicos e autoridade, e para médias superiores nas

raparigas, em valores relacionados com o altruísmo ou os aspectos

estéticos.

Estudos recentes com a Escala de Valores WIS, realizados noutros

países (Casserly, Fitzsimmons & Macnab, 1995; Coetsier & Claes, 1995;

Homowska & Paluchowski, 1995; Langley, 1995; Sverko, Jeraeic',

Kulenovic' & Vizek-Vidovic' , 1995; Trentini. 1995) apontam também no

mesmo sentido. Assim, as médias obtidas pelas amostras do sexo

feminino tendem a ser mais elevadas nas escalas que avaliam valores de

Orientação para o Grupo - e muito especificamente em Altruísmo - e as

médias obtidas para o sexo masculino, tendem a ser mais altas para os

valores mais ligados a valores utilitários - e muito especificamente em

Autoridade.

A variável sexo parece, assim, associar-se a diferenças na forma

como os indivíduos hierarquizam os valores. Ás diferenças entre médias

que aparecem com maior regularidade, apontam para uma maior

51

Capitulo 2

orientação para os valores materiais nos homens e uma maior acentuação

dos valores orientados para as pessoas nas raparigas, o que não se pode

deixar de relacionar com a socialização de acordo com os estereótipos

sociais e especificamente com o papel psicossexual que a sociedade

atribui a cada um dos seus membros.

A relação entre valores e idade tem sido também muito estudada

mas fundamentalmente ao nível da adolescência. Super não encontra

diferenças significativas entre os grupos mas verifica algum aumento das

médias de Altruísmo e Estético do T para o 12'' ano (Super, 1970).

Kidd e Knasel (1979) e Descombes (1980) revêem os estudos que

relacionam estas duas variáveis, e as conclusões gerais apontam para a

existência de raras diferenças significativas entre níveis escolares, com

uma considerável consistência entre os valores nos diferentes níveis de

ensino, apesar de alguns estudos (por exemplo, Post-Kammer, 1987)

encontrarem uma certa tendência dos valores intrínsecos para

apresentarem médias mais altas nos uiveis de escolaridade superiores.

Também Witjing, Arnold e Conrad (1978) numa pesquisa transversal que

envolveu 1404 estudantes dos 6°, 9^ 10° e 12° graus de ensino,

verificaram que os valores tendem a estabilizar a partir do 9° ano de

escolaridade. Krau (1995) refere mesmo que esta estabilidade, que tem

lugar no meio da adolescência, por volta do 9° ano de escolaridade, é

ainda mais saliente no caso dos valores rejeitados. Parece, assim, haver

poucas alterações na forma como os valores são hierarquizados pelo

indivíduo, a partir de um certo grau de ensino (ou de uma certa idade),

sendo esta estabilidade mais nítida nos valores que aparecem no topo ou

no fim das hierarquias de médias.

52

Os Valores

Estudos recentes com a Escala de Valores WIS, realizados em

diversos países revelam uma grande semelhança nas hierarquias de

médias encontradas nas amostras de diferentes níveis de ensino (Casserly,

Fitzsimmons & Macnab, 1995; Coetsier & Claes, 1995; Krau, 1995;

Sverko, Jemeic' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic', 1995; Trentini, 1995).

Um estudo não publicado de 1985 de Yates (cit. em Nevill, 1995b)

relaciona os estádios de desenvolvimento dos sujeitos com valores,

verificando grande semelhança na forma como os sujeitos entre os 17 e

os 25 e entre os 25 e os 35 anos hierarquizam os valores. Assim, ambos

os grupos valorizam mais Realização, Utilização de Capacidades e

Promoção, embora os mais velhos privilegiem também Segurança

Económica, Recompensas Económicas e Desenvolvimento Pessoal. Os

sujeitos entre os 36 e os 45 acentuam a preferência pelos aspectos

materiais enquanto que os mais velhos - 46 aos 62 valorizam mais

Autonomia, Estético, Altruísmo, Relações Sociais, Desenvolvimento

Pessoal, Criatividade e Prestígio.

Também cora adultos, Coetsier e Claes (1995) verificam que os

valores de Auto-Realização, de Progresso Material na Carreira,

Actividade Física e Variedade se correlacionam, negativa e

significativamente (a p<0.05) com a idade.

Outras variáveis potencialmente relacionadas com o sistema de

valores do indivíduo mas a que tem sido dada menos atenção, são o

conteúdo das experiências profissionais ou a fi-equência de determinados

curricula.

Embora a relação entre o sistema de valores do indivíduo e o

envolvimento em determinadas experiências escolares ou profissionais

53

Capítulo 2

nào seja clara a partir dos estudos empíricos realizados (pela própria

complexidade e sobreposição das variáveis envolvidas) parece evidente

que, da mesma forma que o sistema de valores pode influenciar as

escolhas, também o facto de viver determinadas experiências influenciará

o próprio sistema de valores. Neste sentido vão todos os modelos que

assentam no conceito de aprendizagem e na sua importância para

determinar os comportamentos vocacionais do indivíduo, quer se utilize a

designação aprendizagem interactiva como em Super (1990, p. 204) ou

aprendizagem instrumental como em Mitchell e íCrumboltz (1990,

pp.t45-146) ou em Krumboltz e Nichols (1990, pp.162-163). A

concepção desta Interactividade entre as diferentes experiências como

determinante dos valores do indivíduo, e especificamente, dos valores do

trabalho, é sintetizada por Kidd e Knasel (1979, p. 31) na seguinte

afirmação: " as diferenças nos valores do trabalho podem ser explicadas

não só pelas diferenças individuais nos valores quando é feita a escolha

do curriculum ou profissão, mas também por factores situacionais que

reforçam certos valores".

Desde o imcio da 2" fase do Projecto WIS muitos estudos têm,

assim, utilizado a escala de Valores dele surgida. Em Portugal, embora as

populações de estudantes tenham sido mais exaustivamente estudadas

que as de trabalhadores adultos, há também a referir alguns estudos com

amostras de adultos.

Num dos primeiros trabalhos realizados em Portugal sobre os

valores de adultos, já referido no ponto 2.2, a edição de 1981 da Escala

de Valores WIS foi aplicada a 156 trabalhadores com idades entre os 20 e

os 29 anos, com um mínimo de 6 meses e um máximo de 5 anos de

54

Os Valores

experiência de trabalho. As três médias mais elevadas surgiram nas

escalas Utilização das Capacidades, Realização e Segurança Económica,

enquanto que as três escalas com médias mais baixas foram Risco e

Segurança, Responsabilidade e Autoridade (Marques, 1983).

Outro estudo, conduzido em 1992 por Rafael, consistiu na

aplicação da Escala de Valores (2^ edição) a uma amostra de 414 sujei tos

adultos a frequentar o curso de formação inicial de professores, na sua

maioria com idades até aos 34 anos (e maioritariamente com menos de 20

anos) e 65 adultos a frequentar o curso de profissionalização em serviço,

já com dois ou mais anos de experiência profissional (na sua maioria com

idades entre os 25 e os 34 anos). Tal como acontecia noutros estudos j á

referidos (Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995), na amostra total os

resultados mais elevados referiam-se às escalas Desenvolvimento

Pessoal, Utilização das Capacidades e Realização e os mais baixos a

Risco, Autoridade e Prestígio. A comparação das médias entre sexos

levou a conclusões, de algum modo, diferentes dos resultados obtidos

noutros estudos: as médias mais altas surgem em Desenvolvimento

Pessoal, Utilização das Capacidades e Estilo de Vida para o sexo

masculino e Desenvolvimento Pessoal, Realização e Utilização das

Capacidades para o sexo feminino. Aparecem diferenças significativas a

p<0.01 entre as médias obtidas por homens e mulheres em Realização,

Promoção e Económico, com médias superiores na amostra feminina e a

p<0.05 em Prestígio e Variedade também com média mais elevada para o

sexo feminino (Rafael, 1992). Contudo, como na amostra utilizada os

sexos estavam representados de forma muito desigual (76 sujeitos do

sexo masculino e 403 do sexo feminino) e todos os elementos eram

55

Capítulo 2

membros do mesmo grupo profissional, estas conclusões assumem aqui

um significado bastante limitado. Em relação à idade, o autor verificou

que, com a idade, parecia decrescer a importância de valores como

Realização, Prestígio e Relações Sociais e aumentar a importância dos

valores Estético e Altruísmo. No entanto, a realização de uma ANOVA

apenas confirmou estatisticamente a diminuição da importância das

escalas Prestígio e Relações Sociais, sendo significativa a sua variação

com a idade a p<0.01 e a p<0.05, respectivamente. A comparação dos

dados em função da experiência profissional dos sujeitos do curso de

origem ou da frequência do curso de formação inicial ou de

profissionalização em exercício indica pouca influência destas variáveis

na diferenciação quer dos valores mais importantes quer dos valores

menos importantes.

Outro estudo também desenvolvido em Portugal com sujeitos

adultos foi conduzido por Duarte (1993) que aplicou a escala de Valores

(2" edição), o Inventário de Preocupações de Carreira e o Inventário de

Saliência de Actividades a 881 homens, todos empregados da mesma

empresa mas pertencentes a diferentes grupos profissionais. N o que diz

respeito especificamente aos valores, a autora encontrou para a amostra

total médias mais altas nas escalas Realização, Utilização das

Capacidades e Condições de Trabalho (por ordem decrescente) e médias

mais baixas nas escalas Risco, Variedade e Autoridade (por ordem

crescente) (Duarte, 1993). Contudo, se se considerarem diferentes grupos

etários, há algumas diferenças na forma como os valores sSo

hierarquizados. Nos subgrupos com idades inferiores a 24 anos e com

idades entre os 25-29 anos, as três médias mais elevadas são as

56

Os Valores

mesmas que na amostra total. As mais baixas sâo também semelhantes às

da amostra total embora em vez de Variedade apareça a escala Prestígio

também com uma média muito baixa. Também nos grupos etários entre

os 30-39, entre os 40-45 e entre os 46-49 as médias mais altas aparecem

em Utilização das Capacidades, Realização e Condições de Trabalho. As

mais baixas são, para os três subgrupos, as de Risco e Variedade, sendo

ainda a de Autoridade muito baixa no subgrupo entre os 30-39 e a de

Actividade Física nos outros dois subgrupos .

Nos subgrupos dos sujeitos mais velhos, as diferenças com a

amostra total são mais marcadas. Nos sujeitos entre os 50 e os 55 anos, as

médias mais altas surgem nas escalas Condições de Trabalho, Realização

e Altruísmo e as mais baixas em Risco, Variedade e Actividade Física tal

como acontecia nos sujeitos entre os 40 e os 49 anos. Para o subgrupo

entre os 56 e os 59 anos, as médias mais baixas aparecem em Risco,

Variedade e Prestígio e as mais altas era Realização, Condições de

Trabalho e Estético. Embora baseados num baixo número de sujeitos

(n=24), tem algum interesse considerar ainda os resultados dos sujeitos

com idades iguais ou superiores a 60 anos. Neste subgrupo, as médias

mais altas surgiam nas escalas Realização, Altruísmo e Condições de

Trabalho e as mais baixas em Risco, Variedade e Actividade Física como

acontecera nos grupos de sujeitos entre os 40 e os 55 anos (Duarte, 1993).

Nos sujeitos até aos 49 anos, a hierarquização de médias de

valores é bastante semelhante nos extremos (os valores mais importantes

e os menos importantes), apesar de algumas ligeiras diferenças entre os

subgrupos principalmente nas médias mais baixas. Contudo, neste estudo

aparecem, em todos os grupos etários, a Realização e as Condições de

57

Capítulo 2 -

Trabalho com médias mais elevadas. A estes resultados poderá não ser

alheia a interferência de variáveis como a cultura de empresa que, neste

caso, não se pode negligenciar, uma vez que todos os sujeitos

desenvolvem a sua actividade profissional na mesma organização.

A autora comparou também as hierarquias de médias de valores

dos diferentes agrupamentos profissionais dentro da empresa, verificando

que, em todos eles, o valor Realização surgia no conjunto dos que têm as

médias mais elevadas e o Risco nos valores com médias mais baixas.

Utilização das Capacidades e Condições de Trabalho são também escalas

com médias elevadas em quase todos os grupos (Duarte, 1993).

Tirando partido das características da Escala de Valores WIS e da

forma como foi desenvolvida, há já alguns importantes estudos que

procuram comparar os dados obtidos nos diferentes países e em

diferentes grupos etários, tanto em relação à estrutura como à

hierarquização dos valores em cada uma das amostras.

Sverko (1992, cit. em Marques, 1989) conduziu comparações das

estruturas de valores encontradas em amostras semelhantes mas de países

diferentes (Portugal, Austrália, Estados Unidos e Jugoslávia) e encontrou

uma estrutura factorial semelhante. Esses factores foram designados

Orientação para a Auto-Actualização, Orientação Utilitária. Orientação

Social e Orientação para a Expressão Individual (Marques, 1989).

Esta estrutura é semelhante à encontrada por Marques (1983).

Embora, neste caso, a escala Risco apareça excluída do factor 4 ajudando

ela própria a defmir um 5° factor, os factores 1,2, 3 e 4 são praticamente

equivalentes.

58

V-'

Os Valores

Estudos mais recentes, na Bélgica, com amostras de estudantes do

secundário (n=442), estudantes do ensino superior (n=172) e adultos

(n=770) encontraram hierarquias similares nas três amostras aparecendo

com médias mais elevadas as escalas Desenvolvimento Pessoal,

Utilização das Capacidades, Relações Sociais e Estético e com médias

mais baixas Risco e Autoridade. Numa análise em componentes

principais, estes autores encontraram 5 factores que designam por Auto-

Realizaçào (definido principalmente por Utilização das Capacidades e

Desenvolvimento Pessoal), Progresso Material na Carreira (definido

principalmente por Económico, Promoção, e Realização), Orientação

para o Grupo (definido principalmente por Interacção Social, Relações

Sociais, Altruísmo e Estético), Desafio (incluindo Risco e Autoridade) e

Autonomia (definida por Autonomia e Estilo de Vida) (Coetsier & Claes,

1995).

No Canadá, a amostra total (de Língua fiancesa ou inglesa)

compreendia 10 120 sujeitos com idades entre os 14 e os 65 anos,

incluindo 6 382 adultos. Também utilizando a Escala de Valores WIS,

verificaram que, no caso dos adultos, as médias mais altas apareciam nas

escalas Desenvolvimento Pessoal, Utilização das Capacidades,

Realização e Relações Sociais. A escala Risco aparecia, mais uma vez,

entre as mais baixas. Os resultados das populações escolares eram

bastante semelhantes. Numa análise em componentes pincipais, os

autores encontraram também cinco factores: um 1® factor designado

Desenvolvimento Pessoal e Realização, com saturações mais altas em

Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Prestígio e

Desenvolvimento Pessoal; um 2® factor de Orientação Social, definido

59

Capítulo 2 -—

principalmente por Altruísmo, Interacção Social e Relações Sociais; um

3° factor designado Independência, com saturações mais altas em

Autonomia, Criatividade, Estilo de Vida e Variedade; um 4° factor -

Condições Económicas - defmido principalmente por Económico,

Condições de Trabalho e Identidade Cultural; e um 5° factor, defmido

principalmente por Actividade Física, Capacidade Física e Risco

(Casserly, Fitzsimmons & Macnab, 1995).

Na Croácia, e também com a Escala de Valores WIS, a amostra

estudada era constituída por 4 314 sujeitos, incluindo 344 adultos

trabalhadores. Através de vários métodos de análise factorial e de

rotação, os autores encontraram consistentemente 5 factores: Orientação

para a Auto-Actualização, Orientação Utilitária, Orientação Social,

Orientação para a Expressão Individual e ainda Orientação para a

Aventura. A análise dos resultados obtidos revela que em todas as

amostras croatas, as médias mais altas correspondem a Desenvolvimento

Pessoal, Utilização das Capacidades, Realização e Relações Sociais. Os

valores que apresentam médias mais baixas são, por ordem crescente

Autoridade, Risco, Prestígio e Identidade Cultural (Sverko, Jemeic',

Kulenovic' & Vizek-Vidovic', 1995).

Com o objectivo de sintetizar os dados recolhidos cora a versão

revista da Escala de Valores WIS em dez países num total de 18.318

estudantes, Sverko (1995) procurou estudar a estrutura factorial da escala

através de uma análise em componentes principais com rotação varimax

da matriz. Encontrou cinco componentes principais com eigenvalues

superiores a 1. Analisou, em seguida, 19 amostras de 7 países: 9 de

estudantes do ensino secundário, 6 de estudantes do ensino superior e 4

60

Os Valores

de adultos e encontrou uma estrutura semelhante nas diferentes amostras.

Apareceram, assim, cinco factores que o autor considera como

orientações dos valores e que são muito semelhantes aos que encontrara

no estudo das amostras croatas (Sverko, Jemeic', Kulenovic' & Vizek-

Vidovic', 1995):

Factor 1, bastante; constante em todas as amostras : Orientação

Utilitária (Ut) que se define por cinco valores extrínsecos: Económico,

Promoção, Prestígio, Autoridade e Realização. Relaciona-se com a

importância das condições económicas e do progresso material na

carreira.

Fac tor 2: Orientação para a Auto-actualização (sA) que se

define basicamente pela Utilização das Capacidades, Desenvolvimento

Pessoal e Altruísmo, (embora Realização, Estético e Criatividade também

apareçam com saturações elevadas nalgumas amostras). Relacionam-se

com valores importantes para a auto-realização e o desenvolvimento

pessoal.

Fac tor 3: Orientação para a Expressão Individual (In) definida

a partir do Estilo de Vida e da Autonomia (nalgumas amostras, também

aparecem saturações importantes em Criatividade e Variedade).

Relaciona-se com a importância de um estilo de vida autónomo.

Fac tor 4: Or ientação Social (So), definida principalmente a

partir da Interacção Social e das Relações Sociais (nalgximas amostras a

Variedade e o Altruísmo também aparecem com saturações elevadas) que

se relaciona com a orientação para o grupo.

Factor 5: Orientação para a Aventura (Av) ou Desafio que se

defme principalmente a partir do Risco. Nalgumas amostras, a

61

Capítulo 2

Autoridade e a Actividade Física surgem também com saturações

elevadas.

Embora semelhantes, as estruturas factoriais não são idênticas em

todas as amostras. Existe, no entanto, um importante grau de semelhança

ou de invariância DOS factores encontrados nos diferentes países,

principalmente quando se consideram as amostras de estudantes do

secundário que, sendo as mais numerosas, sâo também as melhor

organizadas (Sverko & Super, 1995).

No que diz respeito à comparação entre as hierarquias de médias

de valores em diferentes países, Marques (1983, cit. em Nevill, 1995a, p.

339 e em Nevill & Super, 1986, p.l 1) aplicou a 1* versão da Escala de

Valores a 231 estudantes portugueses do 11° ano e comparou esses

resultados com os obtidos por 196 estudantes americanos do 11® e do 12®

graus de ensino. Os dados encontrados mostraram que os estudantes

americanos apresentavam médias significativamente mais elevadas nas

escalas Promoção, Autoridade, Económico, Prestígio e Actividade Física

do que os portugueses. Em contrapartida, os estudantes portugueses

tinham médias superiores em Utilização das Capacidades, Realização,

Criatividade, Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal e Relações

Sociais do que os americanos. Estes resultados levaram o autor a concluir

que os estudantes americanos privilegiam os valores mais materiais e

activos e que os portugueses privilegiam os valores mais pessoal e

socialmente orientados, embora se admita poder aqui existir uma

influência de factores sócio-económicos, já que os estudantes portugueses

frequentavam escolas mais selectivas. Na comparação entre rapazes e

raparigas dos dois países, Marques verificou que as raparigas portuguesas

62

Os Valores

atribuíam maior importância ao Altruísmo e ao Desenvolvimento Pessoal

do que os rapazes e que estes últimos atribuíam maior importância à

Autoridade e à Actividade Física. Entre os estudantes americanos, as

escalas com médias mais altas, no caso das raparigas, eram Realização e

Estético, e no caso dos rapazes, correspondiam à escala Risco.

Ainda no que diz respeito à comparação entre hierarquias de

valores, mas agora utilizando as diferentes amostras dos vários países

participantes no Estudo para a Importância do Trabalho, uma comparação

dos resultados 2 obtidos, proporcionou o que Sverko (1995) designou por

uma comparação normativa, por oposição à análise ipsativa dos

resultados obtidos em cada país. Para isso, as médias de cada uma das

amostras dos vários países foram convertidas em resultados z, subtraindo-

se a média total da média de cada amostra e dividindo o resultado pelo

desvio-padrão da amostra total. Assim, os resultados que o autor

comparou representam o desvio da média de cada amostra de cada país

em relação à média total em unidades de desviopadrão, para cada um

dos valores medidos pela Escala de Valores WIS.

Nestas análises, verifica-se que, embora quase sempre apareçam

resultados muito elevados em Desenvolvimento Pessoal, Utilização das

Capacidades e Realização e resultados baixos em Autoridade, Prestígio e

Risco, (Sverko & Super, 1995) há diferenças importantes entre os dados

referentes aos vários países. Assim, o Estilo de Vida e a Autonomia

aparecem acima da média total nas amostras australianas, juntamente

com baixos resultados em Estética, Criatividade, Autoridade, Risco e

Condições de Trabalho. Na Bélgica (Flandres), as escalas Estético,

Relações Sociais, e Interacção Social têm médias muito elevadas

63

Capítulo 2

enquanto a Realização, Altruísmo, Autoridade, Económico, Actividade

Física e Prestígio têm médias baixas. No Canadá, aparecem resultados

elevados em Autoridade, Económico, Prestígio e em Relações Sociais.

Na Croácia surgem resultados elevados em Altruísmo, Relações Sociais e

Estético e baixos em Autonomia, Estilo de Vida, Autoridade e Prestígio.

Em Itália, em amostras apenas de estudantes, surgem resultados

altos em Criatividade, Desenvolvimento Pessoal, Autonomia, Estilo de

Vida e Interacção Social e resultados muito baixos em Económico,

Promoção, Autoridade, Prestígio e Estético. No Japão aparecem

resultados acima da média total em Estético, Criatividade e Risco e

baixos na maioria das outras escalas, com os resultados mais baixos de

todos os países na valorização da progressão e dos valores materiais. Na

Polónia, apenas representada por uma amostra de estudantes

universitários, surgem resultados elevados nos valores de expressão

individual e baixos nos valores utilitários, especialmente em Promoção e

Autoridade. Na África do Sul, onde se dispunha de três amostras de

estudantes do secundário com Línguas diferentes, aparecem aspectos

comuns entre todas. Surgem, assim, resultados acima da média em todos

os valores de orientação utilitária e ainda em Estético e Actividade Física

e o resultado mais baixo de todos os países em Relações Sociais. Nos

Estados Unidos, surgem resultados acima da média total na orientação

utilitária, para a expressão individual e aventura e abaixo da média na

orientação para a auto-actualização. Em Portugal, encontram-se

resultados altos na orientação para a auto-actualização, especialmente nos

valores Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal e

Criatividade e nas médias dos valores Realização e Promoção e

64

Os Valores

resultados baixos em Autoridade, Económico e principalmente em

Prestígio -onde têm o resultado mais baixo de todos os países (Sverko

1995).

Em relação aos dados obtidos por Marques com a 1" edição da

Escala de Valores WIS (1983, cit. em Nevill, 1995a, p. 339 e em Nevill e

Super, 1986, p. 11) na comparação entre amostras de americanos com

portugueses, as conclusões parecem ir no mesmo sentido: os estudantes

portugueses privilegiam mais os valores pessoais e os americanos

valorizam mais os aspectos materiais. . .

No caso dos estudos realizados com a Escala de Valores WIS com

estudantes portugueses, quer nos rapazes quer nas raparigas, as médias

mais elevadas aparecem quase invariavelmente nas escalas Utilização das

Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal e as mais baixas nas

escalas Autoridade, Risco e Prestígio.

As semelhanças e as diferenças nas hierarquias de valores dos

diferentes países sugeriram a hipótese de se poderem constituir grupos

homogéneos de países que partilhassem sistemas de valores semelhantes

pelo que, com base no método de análise classificatóría, se identificaram

três grupos ou clusters:

1. um primeiro agrupamento que agrega todos os países europeus

e duas amostras australianas onde, logo a seguir ao Desenvolvimento

Pessoal e à Utilização das Capacidades se valorizam as Relações Sociais

e o Estilo de Vida Autónomo e se desvaloriza a Autoridade que aparece

com médias muito baixas.

2. um segundo agrupamento que reúne todas as amostras

canadianas, da África do Sul, dos Estados Unidos e uma amostra da

65

Capítulo 2

Austrália. O padrão de valores deste grupo, que se decidiu designar Novo

Mundo, caracteriza-se por resultados altos nos valores utilitários, com

valorização da progressão material, do prestígio e das recompensas

materiais e resultados baixos era Criatividade e Estética.

3. um terceiro agrupamento que reúne as três amostras japonesas e

onde surgem muito valorizadas Estética e Criatividade, juntamente com

resultados muito baixos nos valores utilitários (Sverko 1995).

Um outro estudo conduzido por Trentini e Muzio (1995), também

utilizando o método de análise classificatória, encontrou grupos de países

ou clusters, mas aqui para cada um dos tipos de amostras considerados,

nomeadamente para estudantes do secundário, para estudantes do ensino

superior e para adultos. Apesar desta diferença na metodologia utilizada,

os resultados obtidos têm alguma semelhança com as conclusões de

ãverko.

No caso dos jovens do secundário, os autores encontraram três

agrupamentos;

1. Um grupo onde aparecem as amostras canadianas e

americanas, a que se juntam as amostras australiana, belga, croata e sul

africana, onde é atribuída grande importância aos valores Promoção e

Económico, aparecendo resultados baixos em Autonomia, Criatividade e

Estilo de Vida.

2. Um segundo grupo que agrega as amostras portuguesas e

italianas, dando grande importância à Realização e às Relações Sociais,

correspondendo baixos resultados a Autoridade e I^sco.

66

Os Valores

3. Um terceiro grupo onde só aparecem as amostras

japonesas com grande valorização dos aspectos Estético e Risco e baixa

valorização de Realização e Relações Sociais.(Trentini & Muzio, 1995)

Para os estudantes do ensino superior, os autores encontram

apenas dois grandes grupos de países:

1. Um primeiro grupo constituído pelas amostras americanas

e canadianas que têm resultados elevados nas escalas Promoção,

Autoridade, Económico e Prestígio e baixos em Criatividade, Estilo de

Vida, Desenvolvimento Pessoal e Variedade.

2. Um segundo grupo constituído por dois subgrupos. O

primeiro agrupa as amostras croata, italiana e portuguesa que valorizam

mais a Realização, as Relações Sociais e as Condições de Trabalho e

atribuem pouca importância ao Prestígio. O segundo subgrupo agrega as

amostras japonesa, belga e polaca e comparativamente com os outros

grupos, atribui mais importância aos valores Risco e Estético e menos

importância a Promoção e Condições de Trabalho.

Tal como acontecera no grupo do ensino secundário, as médias

mais altas referem-se a Desenvolvimento Pessoal e Utilização das

Capacidades, e as mais baixas a Autoridade e Risco (Trentini & Muzio,

1995).

No caso dos adultos, como só se dispunha de 4 amostras, os

resultados são menos significativos. Contudo, verifica-se que os sujeitos

belgas atribuem grande importância à Interacção Social e pouca

importância à Realização. Os croatas valorizam mais Relações Sociais,

Condições de Trabalho e Altruísmo e atribuem pouca importância a

Autoridade e Estilo de Vida. Os canadianos têm médias altas em

67

Capítulo 2

Autoridade e baixas em Risco e Estético. Os japoneses preferem

Criatividade, Risco, Estético e Estilo de Vida e têm médias mais baixas

em Promoção, Relações Sociais e Altruísmo (Trentini & Mu2Ío, 1995).

A partir destes dados, os autores concluem que os países

norteamericanos e a Africa do Sul tendem para um "código patemal" e

uma orientação instrumental por oposição aos países europeus que

adoptam um "código maternal" e uma orientação expressiva. Para eles, o

"código paternal" é definido pela valorização de Autoridade, Prestígio e

Risco enquanto o "código matemal" se define a partir de valores como

Relações Sociais, Interacção Social e Condições de Trabalho. Por outro

lado, o posicionamento dos diferentes países pode ser definido a partir de

dois eixos: um "eixo vertical onde se opõem os códigos "maternal" e

"patemal" e um eixo horizontal onde se opõem a orientação

"instrumental" e a orientação "expressiva", sendo a primeira definida por

valores como Promoção e Económico e a segunda por valores como

Estilo de Vida e Desenvolvimento Pessoal. De acordo com estes critérios,

os japoneses teriam uma orientação "expressiva" e um "código patemal"

enquanto a Austrália teria uma orientação "instrumental" e um "código

matemal" (Trentini & Muzio, 1995, pp. 249-251).

No processo de análise classificatória, verifica-se que as amostras

consideradas agrupam-se primeiramente com base na pertença ao mesmo

país ou na semelhança geocultural, mais do que na base de critérios como

o sexo, o nive) escolar, a origem étnica ou a identidade linguística

(Sverko, 1995; Trentini & Muzio, 1995). Sverko (1995) refere mesmo

que a maior parte dos clusters que se formam mais cedo, agrupam

diferentes amostras do mesmo país.

68

Os Valores

O factor que parece estar relacionado com este agrupamento de

países diferentes poderá ser a semelhança geocultural, designação que os

autores utilizam para referir a proximidade geográfica ou a semelhança

das tradições culturais (Sverko & Super, 1995)

Contudo, apesar das diferenças relativas entre as hierarquias de

médias de valores encontradas em cada um dos países, pode considerar-

se que as semelhanças são ainda maiores que as diferenças, uma vez que

a quase generalidade dos grupos consideram Utilização de Capacidades e

Desenvolvimento Pessoal muito importantes, atribuindo a menor

importância a Risco, Prestígio e Autoridade (Trentini & Muzio, 1995).

69

CAPITULO 3

O M O D E L O DOS C I N C O F A C T O R E S DA PERSONALIDADE

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

3 .1 . F u n d a m e n t o s d o m o d e l o

Embora alguns estudiosos da Psicologia da personalidade tenham

mostrado como, muitas vezes, o conhecimento dos traços de

personalidade de um indivíduo é pouco preditivo em relação aos seus

comportamentos específicos, muitos outros reconhecem nos traços uma

forma importante de caracterizar e compreender a variabilidade humana

com base em dimensões comuns (para uma revisão completa do tema ver

Epstein & O'Brien, 1985).

Essas diferenças nas posições teóricas em relação à Psicologia dos

traços, se por um lado espelham os diferentes enquadramentos teóricos

dos seus autores, por outro têm também correspondido a momentos

históricos característicos, com a década de 70 a protagonizar a sua

contestação e as décadas de 80 e 90 a assistir ao seu ressurgimento, em

grande parte apoiado na ampla aceitação que tem merecido o chamado

modelo dos cinco factores. O modelo dos cinco factores de personalidade

é uma versão da teoria dos traços que representa hierarquicamente a

estrutura da personalidade, com base em cinco factores globais que

agrupariam outros factores mais específicos. Habitualmente referidas

como "Big Five", essas cinco dimensões básicas, que sintetizariam as

diversas expressões comportamentais do indivíduo, podem ter

designações ou significados distintos, de acordo com diferentes

investigadores.

Embora não seja o primeiro estudo a descrever um modelo de

cinco factores para a personalidade, o trabalho de Tupes & Christal

71

Capítulo 3

Recurrent Personality Factors Based on Trait Ratings (1961/1992) é

considerado fundamental na génese deste modelo por duas razões

básicas: ter sumariado a investigação anterior e servido de base a estudos

posteriores (McCrae, 1992). Editados pela primeira vez em 1961 e

reeditados em 1992, os resultados do projecto de Tupes & Christal nào

tiveram o impacto científico que hoje se lhes reconhece por terem sido

publicados em notas técnicas da Força Aérea Americana, entidade que

nos anos 50 e 60 financiou um programa de investigação sobre

personalidade, motivação e avaliação do temperamento. N o entanto,

trabalhos anteriores dos mesmos autores (Tupes & Christal, 1958, cit em

Christal, 1992) tinham já estudado a estrutura factorial dos traços de

personalidade, identificando os mesmos cinco factores que vieram

também a encontrar nos trabalhos de 1961.

Assim, com uma origem discreta nos trabalhos de Tupes e

Christal (1961/1992) mas também nos de Fiske (1949) e nos de Norman

(1963), e depois de ignorado durante a década de 70, onde praticamente

toda a investigação sobre personalidade foi abandonada como

consequência das criticas às teorias dos traços de personalidade

preconizadas por Mishel (1968, 1973, cit. em Mishel, 1990), o modelo

dos cinco Actores da personalidade tem vindo a dominar a investigação

sobre a personalidade nas décadas de 80 e de 90 (para uma revisão

completa do tema, ver por exemplo, Digman,1990, 1996; Goldberg,

1993; John,1990; McCrae & Costa, 1996; McCrae & John, 1992,

Wiggins & Pincus, 1992). Essa época de interregno, a que Digman chama

a "era do cepticismo" (Digman, 1996, p. 11), foi marcada pela convicção

72

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

de que os traços resultavam fundamentalmente de construções cognitivas

dos indivíduos que tendiam a ter um conceito estável de si próprio e dos

outros. Também se defendia a especificidade do comportamento em

relação às situações, com referências ao chamado "coeficiente de

personalidade, resultado inferior ou igual a 0.30, correspondente à

validade preditiva das medidas dos traços" (p. 12) deixando aos traços

um poder explicativo mínimo.

O percurso histórico do modelo dos cinco factores está

intimamente ligado à chamada hipótese lexical, considerada por Costa &

McCrae (1995a) "o orientador mais frutífero de um modelo

compreensivo da personalidade" (p. 23), tendo sido a partir de análises

baseadas na linguagem comum que se estabeleceu a base para a

conceptualizaçào deste modelo.

Partindo da premissa que os traços de personalidade, pela sua

importância nas relações interpessoais, deveriam estar codificados na

linguagem natural, vários autores fizeram um levantamento de palavras

relacionadas com personalidade (Allport & Odbert, 1936 cit. em John,

1990; Norman, 1967, cit. em John, 1990), para delas extraírem

dimensões mais amplas da personalidade, configurando aquilo a que se

chamou a hipótese lexical. Estes trabalhos serviram de base a análises

factoriais de que se destacam os trabalhos de Thurstone (1934, cit. em

Goldberg, 1995), e os de Cattell (1943, 1945, cit. em Goldberg, 1995)

que, partindo da listagem de Allport & Odbert, e através de uma rotação

oblíqua, encontra 12 factores. Outros autores (Fiske, 1949; Tupes &

Cristal, 1961/1992; Norman, 1963), partindo dos trabalhos de Cattell mas

73

Capítulo 3

não conseguindo replicar a estrutura em 12 factores por ele descrita,

encontram antes cinco grandes factores, através de uma rotação

ortogonal. Mais tarde, e depois de um interregno na década de 70 em que

o interesse pela psicologia dos traços foi questionado, Goldberg (1982)

mostra novo interesse pela hipótese lexical e encontra também cinco

dimensões semelhantes às referidas por Norman (1963).

Foram sendo desenvolvidos muitos outros estudos que

procuraram identificar estas cinco dimensões, ou relacioná-las com

inventários, questionários de personalidade ou escalas de adjectivos

(Boyle, 1989; Caprara, Barbaranelli,& Comrey, 1995; Church, 1994;

Church & Burke, 1994; Costa & McCrae, 1988a; Costa & McCrae.

1995b; Kline & Barrett, 1994; McCrae & Costa, 1985ab; McCrae &

Costa, 1989b; Noller, Law & Comrey, 1987) ou com escalas de

diagnóstico clínico (Avia, Sanz, Sánchez-Bemardos, Martinez-Arias,

Silva & Grana, 1995; Costa, Busch, Zonderman & McCrae, 1986;

Montag & Levin, 1994a).

Estas diferentes origens - embora sobreponíveis a dado momento

- no estudo do léxico ou no estudo dos questionários e medidas da

personalidade, estabelece uma das principais bases que diferenciam

algumas variantes deste modelo,

Duas das suas mais importantes variantes configurara dois

modelos distintos (embora, por vezes, sejam referidos como

equivalentes), e são designados como o modelo dos "cinco grandes" {Bi^

Five model) ou como o modelo dos cinco factores {five-factor model.

FFM). O modelo dos "cinco grandes" derivou dos estudos sobre o léxico

74

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

e, em função dessa sua origem, centra-se em atributos da personalidade,

assumindo-se como um modelo descritivo mais do que explicativo. O

modelo dos cinco factores - adiante referido como FFM - embora derive

parcialmente do modelo dos cinco grandes (donde foram retiradas

directamente as dimensões Amabilidade e Conscienciosidade), assenta

em análises factoriais de descrições da personalidade obtidas quer a partir

de medidas de self-report quer a partir de classificações feitas por

observadores exteriores. Este último modelo assume-se como um modelo

explicativo, mais do que descritivo, considerando que os cinco factores

correspondem a dimensões biológicas (Saucier & Goldberg, 1996).

Assim, no modelo dos cinco factores, defendido por McCrae &

Costa, considera-se que os traços têm um valor explicativo, embora não

sejam os únicos responsáveis pelos comportamentos e sejam causas

indirectas e distantes destes. Os traços, definidos como "dimensões das

diferenças individuais nas tendências para manifestar padrões

consistentes de pensamentos, sentimentos e acções" (McCrae & Costa,

1990, p.23), são constructos hipotéticos mas admite-se que tenham uma

base biológica. Para os autores, a palavra-chave da sua definição - como

mais tarde referem - é a palavra '"tendências" pois salienta o carácter

disposicional do conceito distinguindo-o dos padrões de comportamento

específico que, por vezes, se associam à ideia de traço. Por outro lado, e

embora não se confundindo com comportamentos específicos, a natureza

de tendência subjacente do traço justifica os padrões consistentes das

acções, mas também dos pensamentos e sentimentos do sujeito. Ao longo

do tempo, os traços interagem com o meio produzindo as chamadas

75

Capítulo 3

adaptações características (onde se incluem as atitudes, os motivos, as

crenças, os valores, os hábitos ou as formas de relação com os outros). Os

comportamentos específicos ocorreriam a partir da interacção das

adaptações características com a situação, e embora sejam manifestações

dos traços subjacentes, ocupam mveis diferentes (McCrae & Costa, 1994;

McCrae & Costa. 1995; McCrae & Costa, 1996).

Apesar das distinções entre os dois modelos, os aspectos comuns

são mais salientes do que as diferenças. Contudo, como já se referiu, as

designações dos "cinco factores" têm variantes, sendo o Factor I,

designado por I, Surgência ou Extroversão, o 2® factor por II ou

Amabilidade, o 3° por IH ou Conscienciosidade, o 4° por Estabilidade

Emocional ou por Neuroticismo e o 5° por V, Cultura, Intelecto ou

Abertura à Experiência (Goldberg, 1995). Estas designações relacionam-

se com a origem do modelo, havendo um sistema de classificação com

origem na tradição lexical e outro decorrente dos estudos com

questionários. No 1® caso, utilizam-se com firequência as designações 1:

Extroversão ou Surgência, II - Amabilidade; ID: Conscienciosidade; IV:

Estabilidade Emocional; V: Cultura. No 2® caso, as designações mais

utilizadas são, em geral, Extroversão; Amabilidade; Conscienciosidade;

Neuroticismo e Abertura à Experiência (McCrae & John, 1992). É em

relação a este último factor que tem surgido maior controvérsia (McCrae,

1990), opondo-se a designação de Intelecto ou Cultura originária da

hipótese lexical à de Abertura à Experiência. Saucier (1992) sugere que o

conteúdo dos dois factores seria muito semelhante, embora com uma

parte não sobreponível (precisamente aquela em que se baseiam as

76

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

designações). No entanto, existiria uma grande parte de conteúdo comum

às duas versões deste 5® factor, o que justificaria correlações superiores a

0.50 entre as duas. Essa parte comum poderia, para este autor, ser mais

adequadamente designada por Imaginação, ou Criatividade ou

Originalidade.

A designação dos factores a partir de letras e não de números foi

preferida por McCrae e Costa por considerarem que seria de mais fácil

compreensão o seu significado (Saucier & Goldberg, 1996). Assim, N

lembraria Neuroticismo, Negativos (afectos), Nervosismo, E,

Extroversão, Entusiasmo, Energia, O, Abertura {Openness em inglês) ou

Originalidade, A, Amabilidade ou Altruísmo e C, Conscienciosidade,

Controlo ou Limites {Constraint, em inglês). John (1990, p. 96) sugere

ainda as vantagens mnemónicas de se reparar que, em anagrama, se está

perante o oceano {OCEAN) das dimensões da personalidade.

Estas dimensões teriam poios opostos que, devido à sua origem

no léxico, tenderiam a consistir em opostos semânticos (MacDonald,

1995).

Estudos sobre o léxico têm sido realizados em língua inglesa

(Goldberg, 1990, 1992) e em vários países e/ou línguas não inglesas

como Holanda (Brokken, 1978, cit. em John, Angleitner & Ostendorf,

1988; Hofstee, de Raad & Goldberg, 1992; de Raad, Hendricks &

Hofstee, 1992, estes últimos na integração das cinco dimensões com o

modelo circumplexo), Rússia (Digman & Shmelyov, 1996), Alemanha

(Ostendorf, 1990, cit. em Digman & Shmelyov, 1996), Itália (Caprara,

Barbaranelli & Livi, 1994); China (Yang & Bond, 1990; McCrae, Costa

77

Capitulo 3

& Yik, 1995, cit em McCrae & Costa, 1995); Japão (Isaka, 1990) e

Filipinas (Church & Katigbak, 1989).

A mesma estrutura de personalidade em cinco factores -embora

com variações - também tem sido identificada com crianças (por

exemplo, Digman & Inouye, 1986; Digman & Shmelyov, 1996), com

sujeitos de várias culturas (por ex: Church & Katigback, 1989; Paunonen,

Jackson, Trzebinski & Fosterling, 1992). e em situações de auto e hetero-

avaliação, sendo referido um importante acordo entre observadores

(McCrae, 1994; McCrae & Costa, 1985b; McCrae & Costa, 1987).

Além disso, essas cinco dimensões parecem manter-se estáveis ao

longo de vários anos (Costa & McCrae, 1986; Costa & McCrae, 1994;

McCrae, 1993; McCrae & Costa. 1990). Em estudos mais recentes.

McCrae (1993), reafirma a estabilidade das dimensões de personalidade,

especificando que, em geral, as tendências básicas da personalidade

seriam muito estáveis. As adaptações características (onde se incluem

hábitos, atitudes, crenças e valores) seriam menos estáveis ja que

resultam da interacção entre as tendências básicas e o meio social

(McCrae, 1993).

A própria utilidade do modelo e das suas dimensões básicas tem

ainda sido equacionada em diferentes domínios da Psicologia, quer na

prática quer na validação de instrumentos de medida, em contexto clínico

(por exemplo, Butcher & Rouse, 1996; Costa & McCrae , 1986, 1987;

McCrae. 1991; Montag & Levin, 1994a; Petot, 1994; Widiger & Trull,

1992), em contexto de trabalho ou de aconselhamento de carreira (por

exemplo, Costa, 1996; Costa, McCrae, & Holland, 1984; Costa. McCrae,

78

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

& Kay,1995; Gortfredson, Jones, & Holland, 1993; Holland, Johnston,

Asana & Polys, 1993; Lowman, 1991; Montag & Levin, 1994b;), no

contexto da saúde em gera! e do bem-estar psicológico (Costa & McCrae,

1987; McCrae & Costa, 1986; Smith & Williams, 1992).

Para além da validade empírica do modelo, ainda se pode referir

aquilo que o modelo tem de intuitivo, parecendo corresponder à

experiência connosco próprios e com os outros, tomando explícita a

'Heoria da personalidade implícita que está codificada na linguagem sobre

a personalidade que usamos" (McCrae & John, 1992, p. 188).

A parcimônia do modelo dos cinco factores, pelas vantagens que

apresenta a avaliação da personalidade com um pequeno número de

dimensões, tem também levado à construção de instrumentos de medida

dos cinco domínios da personalidade, de que sao exemplos significativos

o NEO-PI - NEO Personality Inventory, actualmente com uma versão

revista, (Costa & McCrae, 1992b), o BFQ - Big Five Questionnaire

(Caprara, Barbaranelli, Borgogni & Perugini, 1993; Caprara, Barbaranelli

& Livi, 1994) e o PPQ - Professional Personality Questionnaire (Kline

& Barrett, 1994; Kline & Lapham, 1991).

Os anos 90 têm, assim, assistido ao reconhecimento do potencial

dos traços como enquadramento que permitiria organizar a análise das

diferenças individuais a partir de um número restrito de dimensões

Krahé,1992). Parece nítido que o modelo dos cinco factores protagoniza

esse movimento. No entanto, e apesar do seu enorme impacto científico e

da sua ampla aceitação, pode-se afirmar com Lévy-Leboyer (1994) que

"o consenso sobre os 'Big Five' é impressionante mas não é total" (p.73).

79

Capítulo 3

Se existe um consenso relativo quanto ao número de traços a considerar

para uma descrição abrangente da personalidade, aparecendo cinco

factores de m'vel mais elevado, a estrutura da personalidade analisada a

outros m'veis da hierarquia condu2 a conceptualizações diferenciadas por

parte dos vários investigadores. Assim, como sintetizam Goldberg e

Digman (1994) "a níveis inferiores da hierarquia, o número desses

factores varia enormemente" (p. 227). De facto, outros autores propõem

outro tipo de estrutura: Eysenck (1991, 1992, 1993, 1994) defende uma

estrutura da personalidade em três factores, havendo, para além de N e de

E (comum aos dois modelos) um factor de Psicoticismo, de ordem

superior, que agruparia os factores A e C. No entanto, esta ideia é

contestada por Costa & McCrae (1995b) com base nas baixas correlações

que se encontram entre A e C e no diferente padrão de correlações de

cada uma destas variáveis com as 21 diferentes escalas do EPP {Eysenck

Personality Profiler), que supostamente medem os 3 traços primários

considerados por Eysenck. No outro extremo aparece a formulação de

Cattell com o conhecido teste factorial 16 PF {Sixteen Personality Factor

Questionnaire)y com os j á referidos 12 factores resultantes de rotação

oblíqua sobre análises do léxico, acrescidos de 4 escalas adicionais

encontradas em questionários.

Também o nível das facetas levanta algumas questões, levando

alguns autores (por exemplo, McCrae, 1990) a referir que nem sempre a

análise do vocabulário conduz à discriminação das facetas de todas as

cinco dimensões. É o caso de algumas das facetas da dimensão Abertura

à Experiência (Abertura á Fantasia, Estética e Sentimentos) que estão mal

80

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

representadas no vocabulário natural, sugerindo a necessidade de

considerar outros elementos da linguagem, para além dos adjectivos,

como frases ou expressões (McCrae, 1990). Além disso, nem sempre há

acordo dos diferentes autores sobre o factor a que corresponde cada

adjectivo. E o caso do adjectivo 'caloroso' {yvarmth) que é considerado

uma faceta da Extroversão por Costa & McCrae (1992b) enquanto John

(1990) e Goldberg (1992) o consideram relacionado com o factor

Amabilidade.

O modelo tem, assim, sofrido inúmeras críticas, quer porque a sua

concepção da personalidade pode ser considerada superficial para

permitir diferenciar suficientemente os sujeitos, quando está em causa a

necessidade de uma avaliação completa da personalidade, quer por não

haver consenso em relação à estrutura factorial encontrada, ao número ou

ao significado dos diferentes factores (ver por exemplo, Boyle, 1989;

Brand, 1994; Cattell, 1993; Costa & McCrae, 1995b; Church, 1994;

Church «fe Burke, 1994; Eysenck, 1991, 1992, 1993, 1994; Goldberg &

Rosolack, 1994; Kline & Barrett, 1994; Jackson, Ashton, & Tomes,

1996; Jackson, Paunonen, Fraboni & GofEin, 1996; Livneh & Livneh,

1989; Montag & Levin, 1994a; Zuckerman, 1992; Zuckerman, Kuhlman

& Camac, 1988; Zuckerman, Kuhlman, Joireman, Teta & Kraft, 1993),

quer ainda por não haver consenso face ás facetas características de cada

domínio (por exemplo, Costa & McCrae, 1992b; Goldberg, 1992; John,

1990).

Contudo, McCrae & Costa (1989c), consideram que avaliar os

cinco grandes factores deverá ser apenas o primeiro passo de uma

81

Capítulo 3

avaliação completa da personalidade. Também outros autores reforçam o

interesse de um modelo hierárquico da personalidade deste tipo, em que

havendo um pequeno número de dimensões básicas, estas se decompõem

em facetas ou subdimensões, permitindo maior especificidade no estudo

da personalidade dos indivíduos (Lévy-Leboyer, 1994; Petot, 1994;).

McCrae & Costa (1996) consideram que praticamente todas as

teorias da personalidade se debruçam sobre os mesmos elementos e que

uma teoria completa e compreensiva da personalidade, deve considerar

sempre cinco categorias de elementos: as tendências básicas, as

adaptações características, o auto-conceito, a biografia objectiva e as

influências externas. Para além disso, deverá também ter em conta os

processos dinâmicos que caracterizam as interrelações desses elementos

Os traços de personalidade seriam tendências básicas, disposições que

definem as potencialidades do indivíduo, actualizadas nas adaptações

caracteristicas que resultam da interacção do indivíduo com o meio. Os

valores tal como os interesses seriam adaptações características.

Neste sentido, o FFM não pretende, pois, reduzir a cinco as

variáveis explicativas de toda a variabilidade individual, mas antes servir

de base para uma teoria compreensiva da personalidade onde sejam

abordadas as relações entre os diferentes elementos. As cinco dimensões

da personalidade assim descritas correspondem ao mais alto mVel de

abstracção, situando-se no topo de uma hierarquia de dimensões da

personalidade, recuperáveis através de métodos estatísticos baseados na

análise factorial (Goldberg, 1990; Goldberg & Digman, 1994).

82

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

No momento actual, o FFM reveste-se, assim, de um importante

papel como "ura modelo significativo e robusto dos atributos de

personalidade" (Digman, 1996, p. 16), reunindo em tomo de si grande

parte da investigação sobre personalidade e a aceitação de muitos dos

investigadores neste domínio da Psicologia. Usando a metáfora de

Peabody & Goldberg (1989, p. 565), pode-se considerar que o modelo

dos cinco factores "seria uma peça de música clássica, com um tema e

variações sobre esse tema".

Não sendo uma teoria da personalidade, pode - como sugerem

McCrae & Costa (1996) - ser o núcleo de uma nova geração de teorias de

personalidade com base empírica. Este lugar privilegiado advém-lhe, por

um lado, do facto de poder reclamar para si uma cobertura de todo o

domínio das diferenças individuais, em função da sua origem no léxico e

nas linguagens naturais (MacDonald, 1995). Além disso, tem a seu favor

a forma como evoluiu, resultando da aplicação de procedimentos de

análise factorial sobre descrições da personalidade. Nesse sentido,

estabelece ura corapromisso cora o rigor dos métodos quantitativos. Ao

partir de descrições da personalidade feitas f>elo próprio ou por

observadores, assume ainda a racionalidade do homem, capaz de

compreender o seu comportamento e o dos outros e de se comportar de

forma consistente com as suas crenças e desejos conscientes.

Desta forma, o FFM propõe-se como um quadro de referência, um

núcleo de onde poderá partir a nova geração de teorias da personalidade,

assumindo-se como modelo compreensivo, suficientemente amplo para

abranger todo o comportamento humano, suficientemente parcimonioso.

83

Capítulo 3

para trabalhar com um número reduzido de variáveis, conseguindo assim,

um compromisso entre a explicação da enomie variabilidade do

comportamento humano e a focagem num nivel de abstracção ainda

utilizável na prática.

3.2. O desenvo lv imeoto d o N E O - P I - R (Revised N E O Personality Inventory) e d o N E O - F F I (NEO-Five Factor Inventory)

O NEO-PI-R é um instrumento que permite avaliar a

personalidade do adulto em cinco escalas domínio e em 30 escalas

facetas (seis facetas para cada domínio), num total de 240 itens.

A construção desta escala foi baseada numa prévia revisão da

literatura, a partir da qual se procurou identificar os traços e disposições

que os diferentes autores consideravam importantes na avaliação da

personalidade. A comparação de diferentes sistemas de caracterização da

estrutura da personalidade levou Costa e McCrae a centrarem a sua

atenção nos factores de ordem superior - Neuroticismo (N) e Extroversão

(E) em relação aos quais havia um acordo generalizado - definindo o que

viriam a ser os domínios da sua escala. A partir desta primeira

formulação, os autores acrescentam-lhe um novo domínio a que chamam

Abertura à Experiência {Openness to Experience'. O) e definem seis

facetas ou traços para medir cada um destes três domínios. £ nesta escala

- designada NEO Inventory - que surgiu em 1978, que teve origem o

NEO-PI-R.

Nesta versão da escala avaliavam-se, assim, três domínios da

personalidade: N (Neuroticismo), E (Extroversão) e O (Abertura à

84

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

Experiência) e 18 facetas relacionadas com esses três domínios. As

escalas de facetas correspondem aos traços mais específicos dentro de

cada um dos cinco domínios, pressupondo-se a importância da sua

avaliação a partir da constatação de que indivíduos com o mesmo

resultado num dos factores podem ter perfis muito distintos a partir de

diferenças nas facetas desse factor. Em 1983, foram acrescentados 18

itens que constituíam duas escalas breves para avaliação de mais dois

domínios da personalidade: A (Amabilidade) e C (Conscienciosidade).

Em 1985, esta versão do NEO-Inventory é publicada com a designação de

NEO Personality Inventory - NEO-PI. Esta versão avalia os mesmos

cinco domínios da personalidade que o NEO-PI-R, mas não inclui escalas

de facetas para os dominios Amabilidade e Conscienciosidade que eram,

assim, avaliados apenas por escalas globais (Costa & McCrae, 1992b). A

versão revista surge em 1990, sendo acrescentadas escalas de facetas para

os domínios A e C, com base em revisões de literatura sobre o tema.

Partiu-se dos 36 itens da escala A e da escala C do NEO-PI e foram

elaborados mais 152 itens que permitissem medir as facetas

correspondentes. Tanto no NEO-PI como na sua forma revista, as

respostas eram dadas numa escala de Likert de 5 pontos, desde discordo

fortemente até concordo fortemente. Def)0is de análise factorial sobre os

itens, de análises de itens, de análises da consistência interna e da

avaliação da validade convergente e discriminante das escalas em fimção

de critérios externos, foram escolhidos os 8 itens destinados a avaliar

cada uma das facetas das escalas A e C. A selecção final dos itens

apoiou-se em três critérios: 1. a saturação dos itens no factor

85

Capítulo 3

correspondente 2. a necessidade de manter todos os itens que consti tuíam

o NEO-FFI: NEO Five Factor Inventory (forma reduzida do NEO-PI ) e a

imposição de que não mais do que 6, de entre os oito itens de cada escala,

fossem cotados na mesma direcção (positiva ou negativa) (Costa, McCrae

& Dye, 1991). Para além da adição de escalas de facetas para as escalas A

e C, foi também aperfeiçoada a composição das facetas dos outros três

domínios, de forma a aumentar a consistência interna e a validade de

algumas escalas. No total foram substituídos 10 dos itens originais dos

domínios N, E e O. Contudo, os dados de validade das escalas sofreram

poucas alterações já que as correlações entre as escalas do NEO-PI e as

suas versões revistas variam entre 0.93 e 0.95 (Costa & McCrae, 1992b).

Embora existam duas formas do NEO-PI-R _ a forroa S para self-

report (auto-avaliação) que funciona como um questionário de

personalidade, era que é o próprio sujeito que responde sobre si próprio, e

a forma R _ para ser respondida por uma terceira pessoa era relação a um

detenninado indivíduo - quando nada é dito em contrário está a referir-se

a forma S. A forma R é escrita na terceira pessoa e existe no feminino

(para mulheres) e no masculino (para homens). Embora inicialmente

tivesse por objectivo validar a Forma S, a Forma R acabou por ser

considerada uma forma paralela do NEO-PI-R que poderia ter interesse

aplicar como forma de avaliação da personalidade de um indivíduo. Esta

versão surge ou como alternativa à Forma S (Costa & McCrae, 1992b)

ou como um meio de obter mais informação, proporcionando uma

interpretação mais válida do perfil do sujeito, quando os seus resultados

86

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

são analisados em conjunto com os resultados obtidos pela auto-avaliaçâo

do sujeito (McCrae, 1994).

Na base da construção do NEO-PI-R está uma visão hierárquica

do modelo dos cinco factores, era que os domínios medem os factores de

nivel mais elevado e as facetas medem traços específicos que não são

exaustivamente descritos pelos cinco factores globais: ". . .considerámos

os domínios como colecções multifacetadas de tendências cognitivas,

afectivas e comportamentais que podem ser agrupadas de muitas formas

diferentes, e usámos o termo faceta para designar os traços de nivel

inferior correspondendo a esses agrupamentos" (Costa & McCrae,

1995a, p. 23). As análises factoriais sobre os itens de cada domínio que

conduziram ao desenvolvimento das escalas de facetas bem como a

literatura existente sobre personalidade, permitiram que esses

agrupamentos não fossem combinações arbitrárias de elementos, mas

antes uma combinação dos elementos que covariavam de forma mais

próxima. A escolha das facetas a avaliar dentro de cada domínio teve

ainda em conta outros critérios: as facetas deviam representar aspectos

bastante distintos do domínio e deviam abranger um leque de aspectos de

dimensão semelhante às outras facetas (Costa & McCrae, 1995a).

Os cinco domínios da personalidade avaliados e as suas facetas

são descritos a seguir, de acordo com as designações adoptadas na versão

portuguesa (Lima & Simões, 1995) e com as características referidas no

manual da versão original (Costa & McCrae, 1992b).

N E U R O T I C I S M O {neuroücism)'. Esta dimensão da personalidade

relaciona-se com a tendência para experimentar emoções negativas como

87

Capítulo 3

o medo, a tristeza, a vergonha, a raiva ou a culpa. Os indivíduos com

resultados altos nesta escala tendem a ter pensamentos irracionais, a ser

menos capazes de controlar os seus impulsos e a ter dificuldade em lidar

com o stress. Pelo contrário, os indivíduos com um baixo resultado em N

tendem a ser calmos e capazes de enfi-entar situações difíceis sem grande

perturbação.

E X T R O V E R S Ã O (extroversion): Esta dimensão da personalidade

relaciona-sc fundamentalmente com o comportamento interpessoal do

indivíduo e avalia o grau em que o sujeito tem as características dos

extrovertidos, considerando-se introvertidos não tanto os sujeitos cujas

características são opostas a estas (hostis, tímidos, infelizes ou

pessimistas) mas apenas os indivíduos que não têm as características dos

extrovertidos. Os autores consideram que os extrovertidos são sociáveis,

gostam de estar em grupo, sâo assertivos, faladores, activos, gostam de

estímulos e de excitação. Tendem também a ser bem-dispostos, enérgicos

e optimistas.

A escala E tem fortes correlações com o interesse por actividades

empreendedoras (Costa, McCrae & Holland, 1984, p. 397).

A B E R T U R A À E X P E R I Ê N C I A (openness): Os elementos desta

dimensão são basicamente a imaginação activa, a sensibilidade estética, a

atenção aos estímulos internos, a preferência pela variedade, a

curiosidade intelectual e a independência no julgamento. Os indivíduos

com resultados elevados nesta dimensão tendem a ser curiosos acerca do

mundo exterior e interior, a defender valores não convencionais e ideias

novas. Procuram experiências novas, vivendo as emoções com

88

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

intensidade. Por outro lado, os que têm resultados baixos nesta dimensão

tendem a ser mais conservadores, preferindo o que já lhes é familiar em

detrimento do que é novo ou diferente. Apresentara um leque mais

estreito de interesses e tendera a viver as emoções de forma menos

intensa. Esta dimensão é descrita pelos autores como distinta do factor

Cultura de Norman (1963), embora positivamente correlacionada com

ela, sendo omitidos os aspectos relacionados com inteligência ou

capacidade intelectual (McCrae, 1987; McCrae & Costa. 1985b).

A M A B I L I D A D E (agreeableness): Esta dimensão, basicamente

relacionada com o comportamento do indivíduo face aos outros, define o

continuum entre o indivíduo agradável, altruísta, simpático e disponível

para ajudar os outros, acreditando que os outros também são assim

(sujeitos com resultados elevados em A) e o indivíduo desagradável,

antagonista, egocêntrico, que desconfia das intenções dos outros e que

tende mais para a competição que para a cooperação. Esta dimensão

"revela-se também para além do comportamento interpessoal,

influenciando a auto-imagem e ajudando a moldar atitudes sociais e a

própria filosofia de vida do indivíduo" (Costa, McCrae & Dye, 1991, p.

888).

CONSCiENCiosroADE {conscientiousness)\ Esta dimensão da

personalidade relaciona-se fundamentalmente com o auto-controlo no

sentido de capacidade para planear, organizar e concretizar tarefas. Os

sujeitos com resultados elevados em C tendem a ser determinados,

pontuais, escrupulosos, cumpridores e a ter grande força de vontade. Os

89

Capítulo 3

que têm baixos resultados nesta mesma escala são menos rigorosos no

cumprimento das tarefas e na aplicação dos princípios morais.

Para cada um destes domínios existem seis facetas que são

designadas pela letra inicial da escala a que pertencem e por um número

que as diferencia entre si. As facetas correspondentes a cada escala

apresentam-se a seguir. A designação utilizada é a portuguesa (Lima &

Simões, 1995), seguida entre parentesis da original (Costa & McCrae,

1992b) e de uma breve descrição do que a escala avalia.

As facetas da dimensão Neuroticismo são:

N I : Ansiedade {anxiety): os indivíduos ansiosos tendem a ser

medrosos, apreensivos, tensos e preocupados. Os indivíduos com baixos

resultados nesta faceta tendem a ser calmos e relaxados.

N2: Hostil idade {angry hostility)-, os sujeitos hostis tendem a

sentir raiva, frustração e irritação. Esta escala mede a tendência dos

indivíduos para sentir hostilidade, independentemente de a exprimirem

ou não.

N3: Depressão {depression): os indivíduos com pontuações altas

nesta escala tendem a sentir tristeza, culpa, solidão e ausência de

esperança. Desencorajam-se com facilidade.

N4: Auto-conscienciosidade (self-conscientioiisness)\ os

indivíduos com resultados elevados nesta escala tendem a sentir vergonha

e embaraço, junto dos outros, sendo sensíveis ao ridículo e tendendo a

sentir-se inferiores.

N5: Impulsividade {impulsiveness): o indivíduo impulsivo tende

a ter baixa resistência aos seus desejos, mesmo que depois venha a

90

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

lamentar ter cedido aos seus impulsos. Pelo contrário, o indivíduo que

tem resultados baixos tende a ser auto-controlado.

N6: V u l n e r a b i l i d a d e {vulnerability): os indivíduos vulneráveis

sentem-se incapazes de lidar com o stress, tendendo a ser dependentes e a

entrar facilmente em pânico. Os sujeitos com baixos resultados nesta

escala, era geral, consideram-se capazes de lidar com situações difíceis.

As facetas da escala Extroversão são:

E l : Calor {warmth): os indivíduos com pontuações altas nesta

escala tendem a ser amigáveis, gostando genuinamente das pessoas e

criando facilmente vínculos afectivos com os outros. Os que têm baixos

resultados tendem a ser mais formais e reservados.

E2: G r e g a r i e d a d e (gregariousness): o indivíduo gregário prefere

a companhia dos outros; pelo contrário, o indivíduo com imia baixa

pontuação nesta escala, em geral, não procura - e até pode evitar - estar

com os outros.

E3: Asse r t iv idade {assertiveness): os indivíduos assertivos

tendem a ser dominantes e afirmativos. Assumem frequentemente a

liderança de grupos.

E4: Ac t iv idade {activity): o indivíduo activo teodenciabnente é

enérgico, rápido e com necessidade de estar sempre ocupado.

E5: Procura de excitação {excitement-seeking): o indivíduo com

resultados elevados nesta escala tende a procurar estímulos e excitação,

gostando de ambientes cheios de cor e ruído.

E6: Emoções positivas {positive emotions): esta faceta avalia a

tendência para experimentar emoções positivas como a felicidade, o

91

Capítulo 3

amor, a alegria e a excitação. Os indivíduos com baixo resultado nesta

escala são menos exuberantes.

As facetas da escala Abertura à Experiência são:

0 1 : Fantasia {fantasy)-, os indivíduos com resultados altos nesta

escala tendencialmente têm imaginação e elaboram fantasias, sonhando

acordados. Acreditam que a imaginação contribui para uma vida rica e

criativa. Os que têm pontuações baixas tendem a ser mais prosaicos e

ligados à realidade.

0 2 : Estética {aesthetics)-, os indivíduos com resultados altos

nesta escala tendem a apreciar profundamente a arte e o lado estético das

coisas, ao contrário dos que obtêm resultados mais baixos. Podem não ter

qualquer aptidão específica para a arte mas apreciam-na.

0 3 : Sentimentos (feelings): os indivíduos com resultados altos

nesta escala valorizam e estão atentos aos seus próprios sentimentos e

emoções. Tendem a extremar mais os seus estados emocionais, ao

contrário dos que têm resultados baixos que tendem a ter um leque de

emoções mais restrito.

0 4 : Acções {actions)', os indivíduos cora resultados altos nesta

escala tendem a procurar a novidade e a variedade, ao contrário dos que

têm baixos resultados que tendera a resistir à mudança e a seguir a sua

rotina.

0 5 : Ideias {ideas): esta faceta relaciona-se com a curiosidade

intelectual de modo que os indivíduos com resultados altos nesta escala

tendem a admitir e considerar ideias novas e não convencionais. Os que

92

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

tém resultados baixos, em geral, têm uma curiosidade mais restrita, sem

grande interesse por desafios intelectuais.

0 6 : Valores (values): a abertura a valores relaciona-se com a

abertura para reexaminar valores sociais, políticos e religiosos, podendo

ser considerado o oposto do dogmatismo (Rokeach, 1960, cit. em Costa

& McCrae, 1992b, p. 17). Os indivíduos com resultados altos tendem a

ter um "espírito aberto", ao contrário dos que têm baixos resultados que

tendem a ser conservadores e rígidos nas suas convicções.

As facetas da escala Amabilidade são:

A l : Confiança (trust): os indivíduos com resultados altos nesta

escala tendem a acreditar que os outros são honestos e bem

intencionados, ao contrário dos que têm baixos resultados que tendem a

ser cínicos, cépticos e a suspeitar dos outros.

A2: Rec t idão (straightforwardness): os indivíduos cora

resultados altos nesta escala são francos, sinceros e ingénuos, enquanto

que os que têm baixos resultados tendem a actuar, perante os outros, de

uma forma menos franca e mais calculista. Contudo, como os autores

salientam (Costa & McCrae 1992b, p. 17), é importante não confundir

um resultado baixo nesta escala com desonestidade ou com manipulação

dos outros, tirando daí ilações sobre o seu comportamento no trabalho ou

em outros ambientes.

A3: A l t ru í smo (altruism): esta escala relaciona-se com o

interesse e a preocupação com os outros. Os que têra resultados altos

tendem a ser generosos e a estar disponíveis para ajudar os outros. Os que

93

Capítulo 3

têm resultados baixos tendem a estar mais centrados em si próprios,

evitando envolver-se com os problemas dos outros.

A4: Complacência {compliance): os indivíduos com resultados

altos nesta escala tendem a evitar o conflito com os outros, inibindo a

agressão, esquecendo e perdoando com facilidade. Pelo contrário, os que

têm resultados baixos sào agressivos e competitivos, tendendo a exprimir

a sua raiva quando se zangam.

AS: Modést ia {modesty): os indivíduos com pontuações altas

nesta escala tendem a ser humildes e não preocupados consigo próprios, o

que não significa que tenham uma baixa auto-confiança ou uma baixa

auto-estima. Os que têm pontuações baixas tendem a ser arrogantes e

narcisistas.

A6: Coraçâo-mole {tender-mindedness): esta escala relaciona-se

com as atitudes de simpatia e de preocupação com os outros, de forma

que os indivíduos com resultados altos nesta escala tendem a enfatizar o

lado humano das situações. Os que têm resultados baixos tomam as

decisões de fornia mais racional e lógica, pouco determinadas por

sentimentos de piedade.

As facetas da escala Conscieneiosidade são as seguintes:

C l : Competência {competence): o indivíduo com um resultado

elevado nesta escala tende a acreditar na sua capacidade, sensibilidade,

prudência e eficácia, sentindo-se bem preparado para a vida. O que tem

um resultado baixo, pelo contrário, tende a duvidar das suas capacidades

e a sentir-se inapto e mal preparado para a vida. Como é referido por

Costa, McCrae & E>ye, 1991), esta é a escala que apresenta maiores

94

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

correlações positivas com a auto-estima e com um locus de control

interno.

C2: Ordem {order): os indivíduos com resultados altos nesta

escala tendem a ser organizados, arrumados, mantendo as coisas limpas e

nos seus lugares, enquanto que os que têm resultados no outro extremo

tendem a ser desorganizados e pouco metódicos.

C3 : Dever (dutifulness): o indivíduo com um resultado elevado

nesta escala tende a ser cumpridor dos seus deveres e obrigações,

aderindo escrupuJosamente aos seus princípios. Pelo contrário, o que

obtém um baixo resultado pode ser menos cuidadoso no cumprimento

das suas obrigações, podendo ser difícil confiar nele.

C4 : Luta pela aquisição (achievement striving): o indivíduo com

um resultado alto nesta escala tem, em geral, um elevado nivel de

aspiração e trabalha muito para o atingir, ao contrário do que tem um

baixo resultado que tende a ter falta de ambição, podendo mesmo ser

preguiçoso.

C5 : Auío-disciplina {self-discipline): os indivíduos com

resultados altos nesta escala tendem a ser auto-motivados na execução de

uma tarefa, sendo persistentes e resistindo às distracções. Os que têm

resultados baixos, ao contrário, tendem a desistir facilmente sendo

facilmente desmotivados.

C6: Deliberação (deliberation): os indivíduos com resultados

altos nesta escala tendem a ser cautelosos, pensando e planeando

cuidadosamente as coisas antes de agir. Os que têm baixos resultados

tendem a ser espontâneos e a agir sem avaliar as consequências.

95

Capítulo 3

Este instrumento, quer nas suas primeiras versões, quer na sua

versão revista, tem sido estudado em muitos outros países, como, por

exemplo, em Itália (Caprara, Barbaranelli & Comrey, 1995), em Espanha

(Silva, Avia, Sanz, Martinez-Arias Grana & Sanchéz-Bemardos, 1994);

em Israel (Montag & Levin, I994ab) e em Portugal (Lima & Simões;

Lima, no prelo).

Dados referentes às propriedades métricas da escala, e

especificamente para a versão revista : NEO-PI-R, são apresentados com

detalhe no manual da versão original (Costa & McCrae, 1992b).

Em relação à consistência intema, com base no coeficiente alfa de

Cronbach, os resultados apresentados situam-se entre 0.56 e 0.92. Assim,

o coeficiente alfa para os cinco domínios varia entre 0.86 e os 0.92 para a

Forma S e entre 0.89 e 0.95 para a Forma R. No caso das facetas, os

coeficientes encontrados são mais baixos, variando entre 0.56 e 0.81 para

a Forma S e entre 0.60 e 0.90 na Forma R (Costa & McCrae, 1992b).

Em relação à validade da prova, os autores consideram que, mais

do que estudar a estrutura interna das escalas do inventário, interessa

considerar a validade dos factores encontrados como medidas das cinco

dimensões da personalidade. Nesse sentido, propõem uma metodologia

que permita relacionar os factores obtidos por análise factorial com

critérios externos de forma a que eles sejam interpretados não em função

da saturação das variáveis em cada um deles mas em função da sua

relação com esses critérios (McCrae & Costa, 1989a).

No caso do NEO-PI, em que eram avaliados os cinco domínios

da personalidade, mas não existiam escalas de facetas para os domínios A

96

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

e C, os autores consideraram que as rotações convencionais não poderiam

conduzir a uma solução óptima, dado que três dos cinco factores tinham

seis marcadores enquanto que dois tinham apenas um, propondo como

alternativa uma rotação validimax que conduziria a uma rotação directa

dos factores de fonna a tomar máxima a validade convergente e a

discriminante. A base desta rotação validimax é a rotação ortogonal

Procusta de Schõnemann (1966), método através do qual se procura que

transformando ortogonalmente (com uma transformação T), uma matriz

A numa matriz B, a soma dos quadrados da matriz residual (B-AT) seja

minima, "forçando os dados, tanto quanto possível, a conformar-se a uma

estrutura prédeteraiinada" (p. 10), i.e. a aproximar-se de uma matriz alvo.

Na rotação Procusta ortogonal, procura-se que a soma dos quadrados da

matriz residual seja mínima i.e. "os factores sâo rodados para minimizar

as somas dos quadrados dos desvios face a uma matriz alvo, sob a

restrição de manter a ortogonalidade" (McCrae, Zonderaian, Costa,

Bond, & Paunonen, 1996, p. 558). De acordo com este procedimento, os

factores são interpretados directamente de acordo com critérios externos

e não pela saturação das variáveis nos diferentes factores. Assim,

partindo da matriz de correlações entre os factores e as variáveis

referentes a critérios externos, procura-se a rotação que toma máximas as

correlações convergentes e mínimas as correlações discriminantes. Para

os autores, esta estratégia é possível desde que se esteja a lidar com

componentes ortogonais e com correlações baseadas na mesma amostra

em que foram obtidos os factores e desde que se disponha de vários

critérios externos, como dados sobre os mesmos sujeitos obtidos através

97

Capítulo 3

de outros questionários, de colegas, dos cônjuges ou ainda através de

classificações feitas pelo próprio entrevistador (McCrae & Costa, 1989a).

Neste caso, os autores dispunham de seis medidas alternativas dos cinco

factores a partir de diferentes instrumentos e observadores e dirigiram a

rotação de forma a tomar máximas as 30 correlações convergentes e a

tomar mínimas as 120 correlações divergentes com essas medidas

alternativas (Costa & McCrae, no prelo).

Por outro lado, a análise em componentes principais encontrou

cinco factores com eigenvalues superiores a 1 e que, no seu conjunto,

explicam 63% da variância. Depois de rotação varimax verifica-se que 16

das vinte escalas do NEO-PI surgem com saturações elevadas no factor

esperado de acordo com o modelo, apresentando com estes correlações

desde 0.75 a 0.97. As correlações dos factores validimax com os

domínios N, E. O, A , C são, respectivamente, de 0.94, 0.96, 0.92, 0.81 e

0.79 (McCrae &Costa, 1989a).

Com o NEO-PI-R, e j á depois da introdução das escalas de facetas

para as escalas A e C e da revisão do próprio inventário, a análise em

componentes principais cora rotação varimax conduz a cinco factores que

correspondem também aos factores preconizados pelo modelo. As

correlações dos factores com os domínios N , E, O, A e C são,

respectivamente 0.91, 0.89, 0.95, 0.95 e 0.89 (Costa & McCrae, 1992b).

A análise em componentes principais com rotação varimax das 30

facetas conduz a cinco factores com eigenvalues superiores a 1 que, no

seu conjunto, explicam 58% da variância. Depois da rotação, todas as

escalas de facetas têm a sua saturação mais elevada no factor que seria de

98

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

esperar de acordo com o modelo e embora haja seis saturações

secundárias importantes, elas são compreensíveis. Assim, por exemplo,

as saturações de Actividade em C, de Altruísmo em E e de Hostilidade

em A, reflectem o facto de que as pessoas conscienciosas se mantêm

activas, que as pessoas extrovertidas são amistosas e amigas de ajudar e

que as pessoas pouco amáveis são, muitas vezes, hostis (Costa, McCrae

&Dye , 1991).

No entanto, quando se extraem os trinta factores correspondentes

às escalas de facetas a partir dos itens, apenas quinze das facetas são

recuperadas e três dos factores são abrangentes representando N, C e uma

combinação de itens de A e de E. Em contrapartida, quando se realiza a

análise ortogonal Procusta a solução obtida é muito mais satisfatória com

206 dos 240 itens a obterem as suas saturações máximas no factor

esperado de acordo com o modelo. Em simultâneo, as 30 correlações

convergentes entre os factores e os resultados correspondentes na escala

de facetas variam entre 0.54 e 0.89, com uma mediana de 0.72. Pelo

contrário, e tal como esperado, as 870 correlações discriminantes são

muito inferiores, atingindo um máximo de 0.34 (Costa, McCrae & Dye,

1991). Para McCrae & Costa (1995, cit. em Lima, no preh\ estes

resultados não são inesperados j á que os autores consideram que partir

dos itens para uma análise factorial coloca muitos problemas, uma vez

que os itens têm muita variância de erro, estão contaminados pela

aquiescência e são difíceis de interpretar. No entanto, algujis autores

interpretam estes dados, referindo que como as facetas foram

racionalmente deduzidas pelos autores na construção do questionário

99

Capítulo 3

(tendo depois sido construídos e seleccionados os itens para as avaliar), a

integridade estrutural do modelo não é tão forte ao nível das facetas e dos

itens como é ao nível dos domínios (Church & Burke, 1994; Goldberg &

Digman, 1994).

No que diz respeito aos coeficientes teste-reteste a longo-prazo

encontram-se resultados entre 0.30 e 0.80 ao longo de intervalos que

podem chegar aos 30 anos (Costa & McCrae, 1986). Encontram-se

coeficientes entre 0.68 e 0.83 para o teste-reteste com intervalos de seis

anos (quer em auto, quer em hetero-avaliação) para N, E, e O e entre 0.63

a 0.79 para A e C, com um intervalo de três anos (Costa & McCrae,

1988b).

As correlações das escalas N, E, O, A e C com a idade são pouco

expressivas, variando entre os 0.09 e os 0.17. Se forem consideradas as

facetas, apenas E5: Procura de Excitação tem uma correlação com a idade

superior a 0.30 (-0.34). Contudo, os indivíduos mais velhos tendem a ter

pontuações ligeiramente mais baixas em N, E e O e ligeiramente mais

altas em A e em C (Costa & McCrae, 1992b).

No que diz respeito à relação entre as dimensões da personalidade

e as habilitações literárias dos sujeitos, apenas se encontra uma

associação consistente e positiva com Abertura à Experiência.

A análise das diferenças entre sexos sugere que as mulheres têm

resultados mais altos que os homens em N e em A, embora as diferenças

sejam muito ligeiras (Costa & McCrae, 1992b).

O estudo da validade do instrumento compreende a correlação de

medidas de auto e de hetero-avaliação, com avaliações feitas pelos

00

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

cônjuges, pelos pares (por exemplo, Costa & McCrae, 1992b; McCrae &

Costa, 1987) ou por outras pessoas em contacto directo com os sujeitos

como o seu supervisor hierárquico (por exemplo, Piedmont & Weinstein,

1993) e o estudo das correlações do NEO-PI-R com vários outros

instrumentos de medida da personalidade. Podem-se incluir aqui alguns

dos já referidos trabalhos que têm caracterizado o estudo da

personalidade nos anos 80 e 90 e que procuram encontrar as cinco

dimensões de personalidade noutras provas psicológicas.

Também o estudo das correlações entre as escalas de domínios

referidas por Costa, McCrae & Dye (1991) revela algumas relações

previsíveis a partir do modelo. Assim, é moderadamente elevada a

correlação de E e O (0.43), e verifica-se uma importante correlação

negativa entre N e C (-0.49) e entre A e N (-0.25). A correlação entre A e

C é de apenas 0.13. Costa & McCrae (1992b) encontram resultados

semelhantes: 0.40 entre E e O, -0.53 entre N e C e -0.25 entre A e N.

Outras importantes correlações referidas no Manual associam E e C com

um coeficiente de 0.27, N e E com -0.21 e A e C com 0.24.

Enquanto o NEO-Pl-R é constituído por 240 itens, o NEO-FFl,

NEO-Five Factor Inventory é uma versão reduzida com 60 itens que

analisa a personalidade dos sujeitos nos mesmos cinco domínios mas sem

escalas de facetas. Qualquer das versões inclui três itens adicionais

{validity check items) que perguntam ao sujeito se respondeu ao

questionário com honestidade, se respondeu a todos os itens e se marcou

correctamente as suas respostas. Para McCrae e Costa (1983), a utilidade

das escalas de sinceridade que existem em testes como o EPI; Eysenck

01

Capítulo 3

Personality Inventory é duvidosa já que, pelas suas características,

seriam precisamente os indivíduos mais conscienciosos, cooperantes e

bem ajustados que obteriam resultados nestas escalas que fariam supor

um enviesamento das respostas no sentido da desiderabilidade social,

como aliás se verifica nalguns estudos (por exemplo, Avia, Sanz,

Sánchez-Bemardos, Martinez-Arias, Silva & Grafia, 1995). Além disso,

alguns trabalhos fazem supor que a auto-distorção dos resultados no

sentido daquilo que é socialmente desejável não é um problema com a

dimensão que lhe tem sido dada, pois esse enviesamento não parece

afectar as correlações das respostas com critérios externos de validação,

ao contrário das "respostas sem cuidado" que afectam seriamente os

resultados (Hough, Eaton, Dunnette, Kamp & McCloy, 1990).

Também para McCrae & Costa (1983), a partir do cálculo das

correlações entre os resultados referentes a um indivíduo a partir das suas

próprias respostas e a partir das respostas dadas pelos seus cônjuges,

verifica-se que corrigir os resultados com -base nas pontuações obtidas

pelos mesmos sujeitos em escalas de veracidade doutras provas diminui a

validade dos resultados face a um critério externo (neste caso, as

avaliações feitas pelos cônjuges). Nesse sentido, as escalas de

desiderabilidade social deveriam ser designadas escalas de "necessidade

de aprovação social" ou " de adaptação social" ou "de naiviíé social",

estando, na realidade, a avaliar um traço de personalidade tal como as

outras e não uma tendência para "mentir".

As escalas baseadas em respostas pouco frequentes, cujo

objectivo é detectar a tendência para enviesar os resultados, foram

02

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

também recusadas pelos autores por considerarem que a presença de

questões desse tipo são, muitas vezes, detectadas pelos respondentes

como "armadilhas", afectando a relação de cooperação entre avaliador e

avaliado (Costa & McCrae, no prelo).

Contudo, para analisar a validade das respostas do sujeito, e antes

de se cotar a prova, deve verificar-se como o sujeito respondeu aos

validity check items e deve ainda fazer-se uma inspecção visual à folha de

respostas de forma a verificar se está presente algum dos padrões de

respostas que os autores identificaram como muito improváveis em testes

válidos: respostas discordo fortemente em mais do que 6 itens

consecutivos, discordo em mais do que 9 itens consecutivos, neutro em

mais do que 10 itens consecutivos, concordo em mais do que 14 itens

consecutivos ou concordo fortemente em mais do que 9 itens (Costa &

McCrae, 1992b).

O NEO-FFI só existe na forma S e foi desenvolvido como uma

forma reduzida do NEO-PI. Os itens que o constituem mantêm-se

inalterados desde o início embora as normas já tenham sido revistas. A

selecção dos itens foi feita a partir da extracção de cinco componentes

principais dos 180 itens do NEO-PI, forma original, com base nas

aplicações do instrumento feitas em 1986 numa amostra de 983 homens e

mulheres. Foi depois efectuada uma rotação pelo método validimax de

modo a maximizar a validade convergente e discriminante, de acordo

com os mesmos pressupostos, atrás referidos, utilizados para o NEO-PI-

R.

103

Capítulo 3

Para cada um dos cinco domínios - Neuroticismo, Extroversão,

Abertura à Experiência, Conscienciosidade e Amabilidade - escolheram-

se como itens preliminares os 12 itens com maior saturação positiva ou

negativa no factor correspondente. A escolha fmal foi feita com base na

substituição de alguns destes itens com o objectivo de diversificar o

conteúdo dos itens, eliminar itens com importantes saturações

secundárias e garantir que não houvesse mais do que dois terços dos itens

de cada escala a ser cotados no mesmo sentido, para assim controlar o

efeito de aquiescência nas respostas (Costa & McCrae, 1992b).

Qualquer dos instrumentos pode ser aplicado a populações com

idade igual a superior a 17 anos, desde que estes não sofram de

perturbações que possam afectar a sua capacidade para ser avaliados

através de medidas de auto-avaliação, por exemplo, de psicose ou de

demência (Costa & McCrae. 1992b).

A correspondência entre os itens do NEO-PI R e os itens que

constituem a versão do NEO-FFI é apresentada nos Quadros n® 3.2.1. a n®

3.2.5.

QU.\DRO N® 3.2.1. CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS RENS DO N E O - F F I E OS rrENS DO NEO-PI-R PAÍU o DOMÍNIO N - ESCALA NEUROTICISMO N ' r r E M NTTEM FACETA A QI;E NEO-FR NEO-PI- R PERTENCE

FTEM 1 FTEM 1 NI l l h M 6 FTEM 136 N4 rTEMII PTEM 86 N6 r r E M I 6 rrEM 11 N3 FTEM 21 r r E M 9 i NI rrEM26 rrEM4i N3 riEM 31 FTEM 61 NI rrE.M 36 rrEM6 N2 rTEM4l rrEM 221 N3 m - M 46 rrEM 71 N3 rrEM 51 r rEM 26 N6 PTEM 56 PTEM 76 N4

104

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

QUADRON® 3.2.2. CORRESPOKDÉNCIA ENTRE o s RRENSDONEO-FFI EOS ITENS DO N E O -PI-R PARA o DOMÍNIO DOMÍNIO E - ESCALA EXTROVERSÃO:

NTTEM N* ITEM FACETA A QUE IVEO-M NXO-PI- R PERTENCE

f T E M l i i t M Í ; E2 r r E M ? rrEM 237 E6

rrEM «2 n:EM 147 E6 rrEM 17 r iEM 122 El PTEM 22 r rEM 142 ES rrEM 27 r rEM 67 E2 rrEM 32 rrEM 107 E4 RTEM37 rrEM 177 E6 RTEM42 LLKM E6 rrEM 47 rrEM 197 E4 rrEM 52 l l b M 2 2 / E4 rrEM 57 HTM 162 E3

QUADRO N® 3.2.3. CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS FTENS DO NEO-FFI E OS ITENS DO N E O -PL-R PARA O DOMÍNIO O - ESCALA ABERTLFRA À EXPERIÊNCIA

N* FFEM NEO-FFI

N- fTEM NEO-PI- R

FACETA A QUE PERTENCE

rrEM3 FTEM 93 01 rrEM 8 fTEM 78 04

rrEM u rrEM 98 02 rrEM 18 rrEM 28 06 rrEM 23 FTEM 128 02 rrEM 28 riEM 108 04 rrEM 33 rrEM 163 03 rrEM 38 n ^ 8 8 06 rrEM 43 riEM 188 02 rrEM 48 IlbM l / J 05 IThM i>i rrEM 203 05 n ^ 5 8 IlhM 2J 05

3.2.4. CORRESPONDÊNCIA ENTRE o s rrENS DO NEO-FFI E o s RRE> PL-R PARA 0 DOMÍNIO A - ESCALA AMABQJDADE

NTFEM NEO-FFI

NTTEM NEO-PI- R

FACETA A QUE PERTENCE

RREM4 rrEM 44 A3 rrEM9 rrEM 229 A4 rrEM 14 rrEM 14 A3 rrEM 19 rrEM 19 A4 rrEM 24 rrEM4 Al rrEM 29 rrEM 64 Al rrEM 34 FTEM 164 A3 rrEM 39 rrEM 74 A3 rrEM 44 rrEM 59 A6 rrEM 49 rrEM í04 A3 ITEM 54 rrEM 109 A4 rrEM59 rTEM39 A2

De acordo com os autores, qualquer destas cinco escalas avalia

dimensões que se aproximara da distribuição normal, devendo ser

consideradas dimensões contínuas, aparecendo os resultados dos sujeitos

num dos pontos desse contínuo (Costa, McCrae, 1992b).

• Í B I B L I O T E C A ) - ;

105

Capítulo 3

QUADRO N® 3.2.5. CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS ITENS DO N E O - F F I E OS ITENS DO N E O -P I - R PARA O DOMÍNIO C • ESCALA CONSCCENCIOSDADE

N T R E M N-RREM FACETA A QUE NEO-FFI .\EO-PI- R PERTENCE

FTEM 5 ITEM 40 C2 fTEM 10 ITEM 25 C5 ITEM 15 ITEM 70 C2 FFEM 20 ITEM 15 C3 ITEM 25 ITEM 50 C4 ITEM 30 rTEM 55 C5 ITEM 35 ITEM 110 C4 r r E M 4 0 rrEM 135 C3 ITEM 45 r rEM45 C3 rTEM 50 rTEM 85 C5 rTEM 55 ITEM 130 C2 fTEM 60 ITEM 200 C4

O NEO-FFI consiste, assira, em cinco escalas de 12 itens cada,

num total de 60 itens e a sua aplicação não tem limite de tempo. Apesar

do NEO-FFI ter sido desenvolvido a partir do NEO-PI antes deste ser

revisto, todos os itens que o constituem fazem parte do NEO-PI, versão

revista (NEO-PI-R). Ao contrário do NEO-PI-R, o NEO-FFI não inclui

escalas de facetas mas apenas escalas de domínios que correspondem às

cinco grandes dimensões da personalidade - N, E, O, A e C.

As características psicométricas do NEO-FFI serão apresentadas,

no capítulo 5, ponto 5.1.2.

Embora a versão integral do NEO-PI apresente melhores índices

quer de validade quer de garantia que o NEO-FFI, quando necessário por

economia de tempo ou de recursos, o NEO-FFI revela-se uma alternativa

muito aceitável. McCrae & Costa (1991b) recomendam mesmo a sua

utilização em aconselhamento, como uma introdução ao modelo até que

os utilizadores adquiram sensibilidade à interpretação dos factores e à sua

utilidade nos processos de aconselhamento.

106

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

3.3, A a d a p t a ç ã o p o r t u g u e s a do N E O - P I - R

A adaptação portuguesa do NEO-PI-R foi conduzida por Lima (no

prelo), tendo inicialmente sido feita a tradução do questionário por 4

pessoas separadamente, escolhidas pelo seu conhecimento da língua e

pela sua formação no domínio da Psicologia. Depois de discutidas e

resolvidas as divergências, a 1' versão do NEO-PI-R traduzida foi

passada a uma amostra de conveniência constituída por 20 adultos e a

partir dos dados obtidos, foram reformulados alguns itens mais confusos.

A versão resultante foi depois retrovertida para a língua inglesa de forma

a ser aprovada pelos autores (Costa & McCrae) e pelos editores PAR

{Psychological Assessement Resources). Depois das emendas

determinadas pelos mesmos autores, surgiu a 2 ' versão do NEO-PI-R em

português que, depois de revista por uma linguista, deu origem à 3'

versão que foi utilizada no estudo piloto. A amostra definitiva foi

constituída por 2000 sujeitos. Consideraram-se apenas os dados dos

sujeitos cujos questionários cumpriam os critérios determinados, i.e. que

não apresentavam excesso de itens omissos e que não davam qualquer

indício de terem sido respondidos de forma não séria. A amostra utilizada

partiu da escolha aleatória de 6 concelhos, de entre os 16 do distrito de

Leiria, tendo os dados recolhidos sido baseados em 10 fi-eguesias. Em

relação ao sexo, a amostra foi constituída por 1133 (56.82%) sujeitos do

sexo feminino e 861 (43.18%) do sexo masculino. A classificação dos

sujeitos em grupos profissionais determina que 23.1% sejam

considerados como pertencentes a um m'vel sócio-económico baixo, 34,

107

Capítulo 3

3% a um nível médio, 3.3% a um m'vel alto, 28.8% ao grupo dos

estudantes e 10.3% ao grupo das domésticas. A idade dos sujeitos variava

entre os 17 e os 84 anos com uma média de 32.2 e um desvio-padrào de

14.89. A escolaridade dos sujeitos variou desde um nível de ausência

total de escolaridade (analfabetismo) a 20 anos de escolaridade, com uma

média de 9.5 anos de escolaridade (Lima, no prelo).

A análise dos dados compreendeu a análise factorial dos dados,

estudos de precisão e estudos de validade.

A análise factorial dos dados teve várias fases. Na primeira, a

autora aplicou uma análise em componentes principais sobre as respostas

aos 240 itens, seguida por rotação varimax da matriz de intercorrelações

tendo obtido 5 factores com eigenvalues superiores a 1 e que, no seu

conjunto, representam 21% da variância total.

A análise em componentes principais seguida de rotação varimax

das escalas de facetas, com imposição de uma estrutura de cinco factores

conduz a cinco factores com eigenvalues superiores a l e , que no seu

conjunto, explicam 54% da variância. A análise factorial foi realizada

sobre a amostra total (n=2000) mas também sobre duas subamostras: uma

de 288 estudantes entre os 16 e os 20 anos e outra de adultos não

estudantes com idades entre os 21 e os 84 anos. Tanto a rotação varimax

como a rotação Procusta conduziram a soluções adequadas à estrutura

que seria de esperar de acordo com o modelo (5 factores que explicam,

respectivamente, 54% e 55,4% da variância total) (Lima, no prelo).

De acordo com esta autora, a rotação Procusta com os dados

obtidos com amostras portuguesas, conduz a resultados muito

108

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

semelhantes aos encontrados na amostra americana. De facto, quase todas

as facetas têm as suas saturações máximas no factor previsto, com

excepção de E3 - Assertividade com a saturação mais elevada em A (-

0.47) e não em E (0.34) e E4 - Actividade com uma saturação muito

ligeiramente superior em C (0.34) do que em E (0.33). Aparecem

algumas saturações secundárias significativas de algumas facetas com

domínios a que não pertencem. Contudo, estas saturações são

compreensíveis de acordo com a definição das escalas e ainda com o

facto de que, embora o modelo dos cinco factores seja visto como um

sistema de coordenadas ortogonais, não tem uma estrutura simples e não

assume que todos os traços de personalidade definem um único factor, já

que há traços com saturações secundárias noutros domínios (Costa &

McCrae, 1992a; Costa & McCrae, 1995a). Para estes autores, omitir

facetas relevantes para a avaliação da personalidade por terem saturações

em mais que um factor seria contraproducente e embora, quer as

estruturas circumplexas quer as estruturas simples sejam modelos úteis

para compreender as relações entre traços, não seria desejável impor uma

estrutura aos dados contrariando outros critérios relevantes (Costa &

McCrae, no prelo).

Numa análise era componentes principais com rotação varimax

das trinta facetas mas sem imposição de número de factores. Lima (no

prelo) encontra quinze factores em que apenas os cinco primeiros têm

eigenvalues superiores a 1 e que, no conjunto, dão conta de 49% da

variância.

109

Capítulo 3

Os estudos de validade conduzidos por Lima (no prelo)

compreenderam a comparação dos dados obtidos com as respostas dadas

pelos mesmos sujeitos a outros questionários.

Numa amostra de 219 sujeitos foram aplicados, para além do

NEO-PI-R, o Questionário de Personalidade EPQ (Eysenck e Eysenck,

1975, cit. em Lima, «o prelo), o Inventário de Interesses Vocacionais -

IIV (Ferreira, 1991, cit. em Lima, no prelo) baseado no modelo

Hexagonal de Holland (1973/1985), a escala de Satisfação com a Vida

SWLS (Diener et ai, 1985, cit. em Lima, no prelo), o Questionário de

Agressividade AQ (Buss & Perry, 1992, cit. em Lima, no prelo) e a

escala de Afectividade Positiva e Negativa PANAS (Watson, Clark &

Tellegen, 1988, cit. em Lima, no prelo).

A generalidade das 6 facetas do Neuroticismo está positiva e

significativamente correlacionada com a escala N- Neuroticismo - do

EPQ e a correlação da escala de domínio N do NEO-PI-R com a escala N

do E P Q é de 0.75 (p=0.0001). As seis facetas de Extroversão também se

correlacionam positiva e significativamente com a escala E - Extroversão

do EPQ. A correlação da escala de domínio E com a escala E do EPQ é

de 0.7 (p=0.0001). Por sua vez, a correlação da escala E do NEO-Pl-R e a

escala N do EPQ foi de -0.33 (p=0.0001). Foram ainda encontradas

correlações negativas e significativas entre A e C e a escala P -

Psicoticismo do EPQ, com os resultados de -0.3 (p=0.0001) e de -0.22

(p<0.001), respectivamente (Lima, no prelo).

Foi também encontrada uma correlação positiva e significativa

entre os Interesses Artísticos do HV e o domínio O (0.38 com p=0.0001)

110

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

e ainda com a faceta 0 2 - Estética (0.42 com p=0.0001) do NEO-PI-R.

Mais nenhuma das facetas ou domínios deste último questionário

apresenta correlações com escalas do ETV superiores a 0.30 (Lima, no

prelo).

A relação entre a escala SWLS e as escalas do NEO-PI-R aponta

para a constatação, teoricamente previsível, de que os sujeitos com

maiores resultados em N são menos satisfeitos com a vida (-0.39 com

p-0 .0001) enquanto que os que se sentem mais satisfeitos com a vida

têm maiores resultados em E (0.36 com p=0.0001) - especialmente nas

facetas E3 - Assertividade (0.32), E4 - Actividade (0.3) e E6 - Emoções

Positivas (0.33) - e em C (0.32 com p=0.0001) - especialmente nas

facetas C l - Competência (0.41) e C4 - Luta pela Aquisição (0.32) (Lima,

no prelo).

A escala N do NEO-Pl-R e, muito em particular, a faceta N2 -

Hostilidade apresentam correlações positivas e significativas (a p<0.001)

com o Questionário de Agressividade, com 0.35 e 0.44 respectivamente e

uma correlação negativa e significativa (também a p<0.001) com A (-

0.33) (Lima, no prelo). Outras facetas significativamente relacionadas

com os resultados deste Questionário são N5 - Impulsividade (0.31), A2 -

Frontalidade (-0.32) e A4 - Complacência (-0.32).

As relações entre o NEO-PI-R e o PANAS vão no sentido

esperado: encontram-se correlações significativas o resultado no PANAS

e os domínios N (-0.52, a p<0.0001), E (0.23, a p<0.05) e C (0.31, a

p=0.0015) e com a faceta E6 - Emoções Positivas (0.21, a p<0.05).

Capítulo 3

As correlações das diferentes escalas de domínio são

significativas a p<0.001 entre C e N (-0.39) e entre E e O (0.54), e

significativas a p<0.01 entre C e A (0.32). Entre N e E e entre C e E

aparecem também correlações significativas a p<0.05, de -0.23 e 0.21,

respectivamente.

Todos estes elementos, e muito especificamente a análise de itens

e o estudo das escalas de domínios, resultantes da adaptação portuguesa

deste instrumento permitem compreender melhor os dados obtidos com o

NEO-FFI, uma vez que todos os itens desta versão reduzida fazem parte

do NEO-PI-R.

De acordo com as aplicações feitas em Portugal, com o NEO-Pl-

R, a cerca de 2000 sujeitos, obteve-se uma matriz das correlações entre os

itens e o total das escalas a que pertencem. Com os dados obtidos por

Lima (comunicação pessoaJ), podemos considerar que, na generalidade,

os itens que constituem o NEO-FFI apresentam índices de correlação

corrigida com o total da escala a que pertencem, satisfatórios. Por vezes,

os itens apresentam uma correlação satisfatória com a faceta a que

pertencem mas não com o domínio, embora noutros casos, apresentem

correlações insatisfatórias nos dois casos. A maioria deles apresenta

correlações com o domínio superiores a 0.20 e mesmo a 0.30. As

excepções mais relevantes aparecem na escala E e A.

As correlações de cada item com o total da escala domínio a que

pertencem no NEO-PI-R (Lima, comunicação pessoal) bem como com as

escalas de facetas (Lima, no prelo) encontram-se discriminadas a seguir

nos Quadros n° 3.3.1. a n° 3.3.5.

112

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

QUADRO N® 3.3. L. CORRELAÇÃO DOS FT^NS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES AOS DO N E O - — -

ESCALA .NTUROTICLSMO NTREM N E O - M

V r r i M .NEO-PI-R

FACETA A QFE

PERTE.NCE

CORRELAÇÃO CORRIGIDA

RREM-FACETA

CORRELAÇÃO CORRJCÍDA

RREM-DOIMÍNLO 11 LM 1 FTEM 1 NI 0.2! 0.16 rrEM6 rTEM i 36 N4 0.38 0.47 rTE-Mll rPEMSé N6 0.24 0.44 I1LMI6 rrEM n N3 0,36 0.41 rrEM2i ITEM 91 NI 0.36 0.44 rTEM26 IlLM 4] N3 0.44 0.43 rTEM3l ITEM 61 NI 0.37 0.44 rrEM36 rTEM 6 N2 0.21 0.30 llbM4l rrEM 221 N3 0.42 0.49 rrEM46 fTEMTl N3 0.39 0.46 FTEMSl rTEM 26 N6 0.36 0.45 rrEM56 rTEM 76 N4 0,25 0.32

No domínio Neuroticismo aparecem correlações entre os itens e a

escala total a que pertencem que se situam entre .16, resultado mínimo e

que corresponde ao item 1 e .49 para o item 41 do NEO- FFI, com média

de 0.40 e desvio-padrão de 0.09. À maioria dos itens correspondem,

assim, dados satisfatórios.

QUADRO 3.3 .2 . CORRELAÇÃO DOS ITENS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES AOS DO N E O - F F I - ESCALA EXTROVERSÃO - COM A FACETA E O DOMÍNIO

ESCALA EXTRO\TRSÃO NTTEM NEO-RN

NTTEM NEO-PI-R

FACETA A QUE

PERTENCE

CORRELAÇÃO CORRIGIDA

ITEM-FACETA

CORRELAÇÃO CORRIGROA

FFEM-DOMÍNIO rrEM2 FTEM 37 E2 0.42 0.42 FTEM? FTEM 237 £6 0.34 0.38 rrEM 12 ITEM 147 E6 0.02 0.02 rrEM 17 FFEM 122 El 0.42 0.40 rrEM 22 FTEM 142 E5 0.37 0.44 rrEM 27 FTEM 67 E2 0.27 O.IS FTEM 32 FTEM 107 E4 0.20 0.39 rrEM 37 rrEM 177 E6 0.36 0.45 rTEM 42 FFEM 87 E6 0.29 0.30 FTEM 47 FFEM 197 E4 0.27 0.23 rrEM 52 FTEM 227 E4 0.27 0.37 FTEM 57 rrEM 162 E3 0.21 0.11

No domínio Extroversão, encontram-se resultados entre 0.02,

resultado mínimo e correspondente ao item 12 do NEO-FFI e 0.45, com

uma média de 0.31 e um desvio-padrão de 0.14. Esta é a escala em que

aparecem ilens com correlações corrigidas item-total mais insatisfatórias,

com 0.11 corrrespondente ao item 57 e 0.18 correspondente ao item 27

do NEO-FFI.

13

Capítulo 3

QUADRO N » 3 . 3 . 3 . CORRELAÇÃO DOS ITENS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES AOS DO

ESCALA ABERTURA À F .XPFRr^Nr iA N* ITEM NEO-FFl

ITEM 3

N* I T E M NEO-PI-R

FACETA A QUE

P E R T E N C E

CORRELAÇÃO CORRIGtDA

ITEM-FACETA

C O R R E L A Ç Ã O C O R R I G U 3 A I T E M -

DOMÍNIO

ITEM 8 ITEM 78 0 4 0.17 0.40 ' 0.18

ITEM i 3 ITEM 98 0 2 0,33 0 25 ITEM 18 ITEM 28 0 6 0.23 0 33 ITEM 23 ITEM 128 0 2 0.56 0.51 ITEM 28 FTEM 108 0 4 0.16 0 21 ITEM 33 ITEM 163 0 3 0.19 0.3! ITEM 38 ITEM 88 0 6 0.26 0.29 ITEM 43 ITEM 188 0 2 0.50 0.44 ITEM 48 ITEM 173 0 5 0.33 0.39 ITEM 53 ITEM 203 0 5 0.43 0.42 ITEM 58 ITEM 23 0 5 0.38 0.43 .

QUADRO N" 3 . 3 . 4 . CORRELAÇAO DOS ÍTENS DO N E O - P Í - R CORRESPONDENTES

ESCALA AMABILIDADE N* ITEM NEO-FFl

i r i T E M NEO-PI-R

FACETA A QUE

P E R T E N C E

CORRELAÇÃO CORRIGIDA

ITEM-FACETA

C O R R E L A Ç Ã O CORRIGIDA

11 t lM-DOMÍNIO ITEM 4 ITEM 44 A3 0.34 0,36 ITEM 9 ITEM 229 A4 0.29 0.39

ITEM 14 ITEM 14 A3 0.23 0.24 ITEM 19 ITEM 19 A4 0.15 0,31 ITEM 24 ITEM 4 Al 0.37 0.30 ITEM 29 ITEM 64 AI 0.19 0,06 ITEM 34 ITEM 164 A3 0.34 0,25 ITEM 39 ITEM 74 A3 0.27 0.30 ITEM 44 ITEM 59 A6 0,10 0.33 ITEM 49 ITEM 104 A3 0.36 0.34 ITEM 54 ITEM 109 A4 0.28 0.26 ITEM 59 ITEM 39 A2 0,42 0.41

QUADRO 3 . 3 . 5 . CORRELAÇÃO DOS ITENS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES

ESCALA CONSCIENCIOSIDADF N T T E M NEO-FFI

N* I T E M NEO-PI-R

FACETA A QUE

P E R T E N C E

CORRELAÇÃO CORRIGIDA

ITEM-FACETA

C O R R E L A Ç Ã O CORRIGIDA

ITEM-DOMINIO

ITEM 5 . ITEM 40 C2 0,47 0.45 ITEM 10 ITEM 25 C5 0.39 0.46 ITEM 15 ITEM 70 C2 0.46 0,42 ITEM 20 ITEM 15 C3 0.41 0.42 ITEM 25 ITEM 50 C4 0.40 0.47 ITEM 30 ITEM 55 C5 0,35 0.39 ITEM 35 FTEM 110 C4 0.42 0,43 ITEM 40 ITEM 135 C3 0.42 0.42 ITEM 45 ITEM 45 C3 0.19 0.28 ITEM 50 ITEM 85 C5 0.40 0.51 ITEM 55 ITEM 130 C2 0.47 0.52 ITEM 60 ITEM 200 C4 0.34 0.37

No domínio Abertura à Experiência, encontram-se correlações

entre 0.18 e 0.51, com média de 0.35 e um desvio-padrão de 0.1.

114

o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade

No domínio Amabilidade, as correlações variam entre 0.06 e 0.39,

com média de 0.30 e um desvio-padrão de 0.09. Todos os itens

apresentam correlações com o total da escala satisfatórias com excepção

do item 29 do NEO-FFI que embora tenha uma correlação de 0.19 com a

faceta a que pertence, tem uma correlação insignificante com o total da

escala. E aliás a este item que corresponde o mínimo referido de 0.06.

No domínio Conscienciosidade, as correlações variam entre 0.28

e 0.52, com média 0.44 e desvio-padrâo.06.

Em síntese, os dados referentes à adaptação portuguesa do NEO-

PI-R permitem considerá-lo um instrumento promissor nesta área de

estudo, mantendo em Portugal, de um modo geral, as características

metrológicas que apresenta na versão original. O estudo completo da

adaptação deste instrumento é apresentado em Lima (no prelo). Por outro

lado, a análise dos itens que constituem o NEO-FFI (todos retirados

directamente do NEO-PI e presentes na sua versão revista), a partir dos

dados obtidos por Lima com cerca de 2000 sujeitos, permite considerar

que, na sua maioria, os itens são satisfatórios. A correlação corrigida de

cada um dos itens com o total da escala é igual ou superior a 0.30 em

quase todos os casos. As excepções são o item 1, pertencente à escala N

do NEO-FFi, os itens 12, 27 e 57 da escala E, os itens 8, 13, 28 e 38 da

escala O, os itens 14, 29, 34 e 54 da escala A e o item 45 da escala C.

Contudo, muitos destes apresentam correlações corrigidas com o total da

escala superiores a 0.20, o que de acordo com o critério de Kline (1986),

permite considerar o item satisfatório. Estão nesta situação o item 47 da

escala E, os itens 13, 28 e 38 da escala O, o 14, 34 e o 54 da escala A e o

115

Capítulo 3

45 da C. Desta forma, os itens que aparecem com índices menos

favoráveis são o item 1 de Neuroticismo, os itens 12, 27 e 57 de

Extroversão, o item 8 de Abertura à Experiência e o item 29 de

Amabilidade. No estudo das características metrológicas do NEO-FFI,

aplicado a uma amostra de adultos trabalhadores, apresentado no capítulo

6, estudar-se-ão as semelhanças com os dados aqui referidos.

16

C A P I T U L O 4

V A L O R E S E T R A Ç O S DE PERSONALIDADE: RELAÇÕES ENTRE

PERSONALIDADE, VAiUÁVEIS M O T I V A C I O N A I S E CARREIRA

Capítulo 4

4.1. O es tudo d a r e l a ç ã o e n t r e os va lo res e o u t r a s va r i áve i s mot ivac iona i s e a p e r s o n a l i d a d e

Desde que em 1909 Frank Parsons publicou o seu livro "Choosing

a Vocation", abordando a importância de se acompanharem os jovens na

sua transição da escola para o mundo do trabalho, que a Psicologia das

Carreiras equacionou como fundamentais as variáveis do indivíduo. Para

Parsons, deviam ser consideradas três vertentes: a análise do próprio -

autoanálise, a análise das profissões e a orientação dos jovens {guidance,

no original) no processo de ajustamento a que chama true reasoning

(Walsh & Osipow, 1990, p. vii). Desde aí, e apesar da marcada evolução

nos conceitos utilizados, estes três aspectos, embora com outras

designações, passaram a fazer parte integrante da generalidade das

formulações teóricas posteriores. Contudo, o contexto em que estas

variáveis foram consideradas e avaliadas e mesmo a sua importância

relativa tem sido perspectivada de diferentes formas pela Psicologia

Vocacional. Nos vários modelos, e desde autores como Dawis & Lofquist

(1977, 1978; Dawis, 1994) e Holland (1973. 1985) que se interessaram

pelo ajustamento indivíduo-trabalho, a autores mais centrados numa

• perspectiva desenvolvimentista como Super (1957, 1963, I968ab, 1973b,

1976b, 1980/81/82, 1981, 1983, 1984, 1985, 1990, 1995a) ou Bordin

(1990), as variáveis do indivíduo assumem um papel central. Mesmo

Krumboltz (Krumboltz, 1994; Krumboltz & Nichols, 1990), mais

interessado na explicação dos mecanismos gerais responsáveis pela

génese dos diferentes comportamentos vocacionais, não nega a

importância das variáveis do indivíduo, embora as equacione como

118

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

crenças ou construções cognitivas do indivíduo, resultantes das

generalizações feitas pelo indivíduo a partir das suas experiências.

N o entanto, apesar do papel preponderante que as variáveis do

indivíduo sempre têm assumido, nem todas elas foram alvos preferenciais

da atenção dos investigadores e assim, na história da Psicologia das

Carreiras, os interesses começaram a ser estudados muito antes dos

valores. Ginzberg foi um dos autores que teve um importante papel no

reconhecimento da importância dos valores no desenvolvimento de

carreira do indivíduo. Quer na primeira versão da sua teoria, nos anos 50,

quer mais tarde quando revê algumas das conclusões que tirara,

principalmente as que se relacionam com o processo de irreversibilidade

da escolha, Ginzberg encara os valores como determinantes da escolha

vocacional tal como os interesses ou as capacidades funcionando como

elemento de síntese e como fundamento dessa escolha e permitindo ao

indivíduo ligar a acçào presente com os seus objectivos. Para ele, os

valores influenciam também todo o processo de desenvolvimento do

indivíduo, na reavaliação da(s) escolha(s) feita(s) e na ponderação das

decisões profissionais que se tomam continuamente ao longo da carreira,

funcionando como critério face ao qual se procüra a existência de

satisfação ou de insatisfação (Ginzberg, 1984). Também para Super - e

embora no seu modelo não exista um estádio defmido a partir da

emergência dos valores como acontece em Ginzberg - o conceito de valor

é muito importante para os processos de intervenção e de aconselhamento

da carreira: "conhecendo a estrutura de valores que motiva um indivíduo

119

Capítulo 4

e tendo informação sobre os valores que mais se realizam nas diferentes

profissões e meios de trabalho, o conselheiro, o psicólogo ou o director

de pessoal tem uma base importante para o aconselhamento ou para a

tomada de decisão" (Super, 1970, p.4). Numa formulação mais recente,

Super (1990, 1995ab) representa graficamente o seu modelo de

desenvolvimento da carreira com recurso a um arco normando, já

referido no capítulo 2, onde os valores surgem como características da

personalidade que juntamente com outras características como as

necessidades, os interesses, os traços e os auto-conceitos ajudam a

determinar a natureza do padrão de carreira do indivíduo e acabam por

ser determinantes da satisfação no trabalho e na vida (Super, 1990).

A influência da personalidade no comportamento vocacional dos

indivíduos foi também reconhecida desde muito cedo por autores como

Super (1957; Super & Crítes, 1962) na medida em que dificuldades ao

nível da personalidade foram vistas como podendo condicionar o

ajustamento às situações de trabalho ou de formação. Assim, logo numa

das suas primeiras formulações, Super afirma que "a continuidade na

carreira não é a mera estabilidade no emprego. Pelo contrárío, consiste no

desenvolvimento da carreira ao longo de linhas que sejam consistentes

com a experíéncia passada do indivíduo e com o desenvolvimento da sua

personalidade" (Super, 1957, p. 131).

Também numa das suas últimas publicações, Super (1994),

exactamente no sentido da convergência das teorías que caracteriza a

década de 90, vem referir a relação íntima que existe entre a perspectiva

pessoa-meio e a perspectiva desenvolvimentista, afirmando que "os

120

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

traços são desenvolvimentistas e, desenvolvendo-se com a experiência,

são aprendidos" (p. 73).

Contudo, a esta importância dos traços, reconhecida na teoria, nào

tem correspondido um interesse igual na prática do aconselhamento,

ficando implícito que relacionar traços de personalidade específicos com

preferências específicas teria pouco interesse prático directo.

Numa conceptualização mais centrada na integração destes dois

tipos de variáveis, McCrae e Costa (1991a) referem ser importante que o

aconselhamento de carreira tenha em consideração, para além das

variáveis relacionadas com a motivação, as características de

personalidade do indivíduo, devendo as suas escolhas ser feitas e

discutidas tendo em conta o contexto mais vasto da personalidade total

do indivíduo. A importância destas dimensões da personalidade no

desempenho e no ajustamento profissional do individuo, levou alguns

autores a considerarem que a Conscienci os idade "pode eventualmente vir

a ser considerada como o traço motivacional mais importante no domínio

do trabalho" (Schmidt e Hunter 1992, p. 91, cit. em Brown & Watkins,

1994). Também a já estudada relação negativa do Neuroticismo com a

satisfação profissional e com o stress relacionado com o trabalho sugere

que a integração das variáveis Neuroticismo e Conscienciosidade pode

ajudar as teorias a predizer o sucesso e a satisfação no trabalho (por

exemplo, Brief, Burke, George, Robinson & Webster, 1988;

Schaubroeck, Ganster & Fox, 1992). Outros autores vão ainda mais longe

e relacionam o Neuroticismo cora queixas somáticas e com a génese da

121

Capítulo 4

doença o que, necessariamente, traz também implicações para o

ajustamento do indivíduo ao trabalho (Costa & McCrae, 1987).

Além disso, a investigação recente no estudo da personalidade

aponta para o facto das cinco dimensões da personalidade defmidas pelo

FFM poderem estar relacionadas com algumas variáveis relativas ao

comportamento vocacional dos indivíduos como os interesses, as

necessidades ou os valores.

Esta relação tinha há muito sido reconhecida quer por autores

como Holland quer ainda por vários autores de inventários de

personalidade como o já referido 16 PF de Cattell ou o GZTS: Guilford

Zimmerman Temperament Siirvey que incluíram nas suas provas itens

relacionados com interesses, assumindo assim que as escolhas

vocacionais podem ser indicadoras de disposições de personalidade

(Costa, McCrae & Holland, 1984).

A relação interesses-personaüdade tem sido bastante abordada na

investigação. No entanto, destacam-se aqui os trabalhos realizados com o

NEO-PI, por ser um instrumento construído de forma a garantir que o

conteúdo dos seus itens não fosse sobrepom'vel com critérios externos

relevantes e, especificamente, que não reflectissem interesses

profissionais: "in particular, an attempt was made to avoid items

reflecting occupational interests" (Costa, McCRae & Holland, 1984, p.

392), constituindo um meio privilegiado de abordar o tema. Um destes

trabalhos foi realizado por Costa, McCrae & Holland (1984) ainda com a

versão não revista do NEO-PI, com uma amostra de 241 homens, entre os

122

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

25 e os 89 anos e de 153 mulheres entre os 21 e os 86 anos. As

correlações entre os dados obtidos nas escalas do

NEO-PI e nas escalas do SDS: Self-Directed Search de Holland apontam

para correlações importantes entre interesses Investigativos e Artísticos e

o domínio da personalidade Abertura à Experiência (respectivamente

0.33 e 0.49, para homens e 0.40 e 0.53 para mulheres, significativos a

p<0.001) e entre interesses Empreendedores e Sociais e o domínio de

personalidade Extroversão, com correlações significativas a p<0.001

(respectivamente 0.65 e 0.50 para homens e 0.51 e 0.43 para mulheres).

Estas correlações referem-se aos totais mas também se encontram, para

os dois sexos, quer se considerem as actividades, as competências, as

preferências profissionais ou as capacidades auto-avaliadas como

medidas dos interesses. A importância de equacionar os dois tipos de

variáveis - interesses e dimensões da personalidade - revela-se na

evidência de algumas relações entre elas. Assim, a dimensão

Amabilidade parece diferenciar os Extrovertidos que preferem profissões

Empreendedoras (baixo A) dos Extrovertidos que preferem profissões

Sociais (alto A). Por outro lado, resultados altos na dimensão O parecem

relacionar-se com um leque mais amplo de interesses do indivíduo.

Posteriormente, Gottfi-edson, Jones e Holland (1993) analisaram

também a relação entre interesses e as cinco dimensões da personalidade,

numa amostra de 479 homens, com idades entre os 16 e os 31 e 246

mulheres entre os 17 e os 35 anos. A medida da personalidade foi

também baseada no NEO-PI , mas já na sua versão revista o que implica a

123

Capitulo 4

obtenção de resultados referentes às cinco dimensões da personalidade e

de seis traços específicos dentro de cada uma delas. Utilizou-se também o

VPI: Vocational Preference Inventory de Holland para avaliar as seis

dimensões de Holland: realista, investigativa, artística, social,

empreendedora e convencional. Os resultados obtidos vão no mesmo

sentido dos referidos por Costa, McCrae e Holland (1984) verificando-se

que Extroversão aparece positivamente relacionada com os interesses

sociais e empreendedores (0.19 e 0.23, significativas a p<0.05), para a

amostra masculina. As escalas Investigativa e Artística correlacionam-se

positiva e significativamente (também a p<0.05) com a dimensão

Abertura à Experiência (0.25 e 0.34, respectivamente). Amabilidade não

apresenta relações importantes com qualquer das escalas do Vocational

Preference Inventory e Conscienciosidade apresenta uma correlação

positiva e significativa com a escala Convencional (0.25, significativa a

p<0.05). Os resultados apresentados referem-se à amostra masculina uma

vez que na amostra feminina as correlações nunca ultrapassam os 0.23. Já

mais recentemente, e aí utilizando o NEO-FFI como instrumento de

avaliação dos cinco factores e o SDS: Self-Directed Search de Holland,

os autores Tokar & Swanson (1995), encontram resultados semelhantes

com a dimensão Abertura à Experiência a diferenciar os tipos artísticos e

investigativos dos convencionais, a dimensão Extroversão a diferenciar

os tipos empreendedores dos realistas. Não se verifica, neste caso, o dado

encontrado por Gottfi^dson, Jones e Holland (1993) que limitava as

correlações para a amostra feminina a 0.23. Surgem correlações muito

elevadas entre a Extroversão e os tipos Social e Empreendedor (0.40 e

124

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

0.50, respectivamente, no caso das mulheres e 0.45 e 0.56, para os

homens) e entre Abertura à Experiência e o tipo Investigative e Artístico

(0.45 e 0.53, respectivamente para as mulheres e 0.57 para os homens só

com o tipo Artístico). Também a relação da dimensão Amabilidade

diferencia claramente homens de mulheres, com uma correlação positiva

e significativa a p<0.01 com o tipo Social, para o sexo feminino mas não

para o sexo masculino.

De um modo geral, estes estudos (Costa, McCRae & Heiland,

1984; Gottfredson, Jones e Holland, 1993; Tokar & Swanson.1995)

apontam para o facto da personalidade ter uma relação importante com os

interesses, mas não de forma a que uma das medidas possa substituir a

outra.

A relação entre personalidade e necessidades do indivíduo

também tem suscitado vários trabalhos de investigação. Um dos

primeiros estudos nessa área data de 1958. tendo sido utilizado o EPPS:

Edwards Personality Preference Scale, como forma de avaliar as

necessidades de Murray e o CPI: California Psychological Inventory,

como medida da personalidade. Os resultados obtidos mostram várias

correlações significativas a p<0.05 e a p<0.01 entre as escalas das duas

provas, revelando uma clara correspondência entre a medida das duas

variáveis, com correlações no sentido esperado (Dunnette, Kirchner &

DeGidio. 1958). Exemplo desta correspondência são as relações positivas

e significativas encontradas entre as escalas Dominância (0.34),

Sociabilidade (0.35), Presença Social (0.31), Auto-aceitação (0.29) (todas

125

Capitulo 4

significativas a p<O.Ol), Capacidade para obter um Estatuto (0.23) e

Eficiência Intelectual (0.21) (ambas significativas a p<0.05) do

California Psychological Inventory, com as necessidades de Exibição

avaliadas pelo Edwards Personality Preference Scale ou a correlação

negativa (-0.31), significativa a p<0.01, entre Dominância, avaliada pelo

California Psychological Inventory e Submissão, avaliada pelo Edwards

Personality Preference Scale. Também Sociabilidade (0.41), Dominância

(0.34), Auto-Aceitação (0.29) e Capacidade para obter um Estatuto (0.26)

do California Psychological Inventory apresentam correlações positivas e

significativas a p<O.OÍ com Dominância do Edwards Personality

Preference Scale. Outras importantes correlações relacionam negativa

(-0.31) e significativamente (a p<O.Ol) a Boa Impressão (-0.42), a

Responsabilidade (-0.36), ou a Dominância (-0.26) avaliadas pelo

California Psychological Inventory com a Dependência avaliada pelo

Edwards Personality Preference Scale.

Todas estas relações aparecem no sentido que seria teoricamente

previsível a partir da própria definição das escalas. Contudo, o elevado

número de escalas do California Psychological Inventory dificulta a

interpretação destes dados numa perspectiva mais consonante com a

caracterização de uma estrutura da personalidade em cinco factores.

O estudo da relação entre necessidades e a personalidade avaliada

com base no modelo dos cinco factores é mais recente e um dos mais

importantes trabalhos neste domínio, de Costa e McCrae (1988a), aborda

126

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

a relação entre as necessidades de Munay avaliadas pelo PRF -

Personality Research Form de Jackson, na versão de 1984 e as cinco

dimensões da personalidade avaliadas com o NEO-PI, na versão de 1985.

A análise dos resultados obtidos com uma amostra de 123 homens (com

idades entre os 22 e os 90 anos) e de 173 mulheres (com idades entre os

24 e os 81 anos) revela correlações elevadas e significativas entre as duas

categorias de variáveis. Para citar apenas as mais relevantes (todas

significativas a p<0.00l), a dimensão Neuroticismo apresenta correlações

positivas com Agressão (0.41), Defensividade (0.33), Impulsividade

(0.33), Dependência (0.31) e Reconhecimento Social (0.28). O domínio

Extroversão apresenta correlações positivas com Afiliação (0.62),

Exibição (0.58), Dominância (0.49), Prazer (0.45), Apoio e

Desejabilidade (0.35), Sensitividade e Mudança (0.32). Também

positivas são as correlações entre Abertura à Experiência e Sensitividade

(0.55), Compreensão (0.54), Mudança (0.40) e Autonomia (0.22). O

domínio Amabilidade encontra-se mais fortemente correlacionado com

Apoio (0.46), Afiliação (0.28) e Desejabilidade (0.21). Apresenta

também uma alta correlação negativa com Agressão (-0.48). A

Conscienciosidade aparece positivamente correlacionada com Ordem

(0.60), Realização e Desejabilidade (0.46), Resistência (0.42) e Estrutura

Cognitiva (0.33) e negativamente com Impulsividade (-0.39).

' A tradução do nome das escalas foi baseada na adaptação portuguesa do Personality Research Form de Jackson (1989)

feiía por Teixeira (1996).

127

Capítulo 4

Se se considerar uma solução a cinco factores numa análise em

componentes principais conjunta das escalas do Personality Research

Form e do NEO-PI, em que cada factor é defmido por uma das escalas do

NEO-PI e por, pelo menos três escalas do Personality Research Form, as

correspondências entre as escalas que saturam no mesmo factor são

teoricamente previsíveis e explicáveis. A análise dessas satuxações

permite dizer que os indivíduos cora alto Neuroticismo, têm necessidades

elevadas de Reconhecimento Social, são Defensivos e Dependentes; os

que têm Extroversão elevada têm necessidades de Afiliação, de Exibição

e de Prazer; os que têm resultados elevados em Abertura à Experiência

têm ' necessidades de Mudança, de Estimulação Intelectual, de

experiências estéticas (Sensitividade), de Autonomia e apresentam

resultados baixos em-Evitamento do Risco; os indivíduos com resultados

altos em Amabilidade gostam de ajudar as pessoas (Apoio) e tendem a

não agredir os outros (baixo resultado em Agressão) e a não serem

dominadores (baixo resultado em Dominância), mas antes a serem algo

submissos (Submissão); os que têm resultados elevados em

Conscienciosidade valorizam a Ordem, a Realização, são persistentes

(Resistência), são cautelosos (baixa Impulsividade) e racionais (Estrutura

Cognitiva). Como se poderia concluir a partir da análise das correlações

entre escalas, muitas das escalas do Personality Research Form

apresentam saturações secundárias importantes. No entanto, para os

autores também estas são teoricamente compreensíveis (Costa &

McCrae, 1988a).

128

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

Resultados muito semelhantes foram encontrados no estudo das

correlações entre as escalas do Edwards Personality Preference Scale

com as do MEO-PI (ainda na versão de 1985). A amostra utilizada foi

constituída por 223 mulheres e 107 homens estudantes universitários,

com idades entre os 17 e os 22 anos e embora o objectivo do estudo fosse

basicamente testar a validade do Edwards Personality Preference Scale,

ele traz dados relevantes para o tema que se está a tratar. Encontram-se,

assim, correlações importantes entre algumas escalas do Edwards

Personality Preference Scale, na forma normativa (pois os autores

concluem que na forma ipsativa, os índices de validade de várias escalas

ficam muito reduzidos) e as dimensões de personalidade avaliadas pelo

NEO-PI. O domínio Neuroticismo também aparece correlacionado

positiva e significativamente (a p<0.001) com Agressão (0.47),

Submissão (0.46) e Dependência (0.36). Extroversão apresenta

correlações positivas e significativas a p<0.001 com Afiliação (0.54),

Apoio (0.45). Exibição (0.36), Dominância e Mudança (0.33). A maior

correlação entre Abertura à Experiência e as escalas do Edwards

Personality Preference Scale é referente a Intracepção (0.51), seguida de

Autonomia (0.41), e Mudança (0.38), significativas a p<0.001. Ordem

apresenta uma correlação negativa (-0.32) com a dimensão Abertura à

Experiência e positiva (0.68) com a dimensão Conscienciosidade, ambas

significativas a p<0.001. Outras importantes correlações positivas de C

com as escalas do EPPS surgem com Resistência (0.63) e Realização

(0.28), significativas a p<0.001. A dimensão Amabilidade correlaciona-se

129

Capítulo 4

positiva e significativamente a p<0.001 com Afiliação (0.44) e com

Apoio (0.35), e negativamente ao mesmo nível de significância com

Agressão (-0.53) (Piedmont, McCrae & Costa. 1992).

Ainda um outro estudo que relacionou a medida das necessidades

de Murray com o NEO-PI utilizou as ACL; Adjective Check List Scales,

de Gough e Heilbrun, encontrou correlações semelhantes às encontradas

com o Personality Research Form numa amostra de 410 adultos. As

diferenças mais importantes referem-se ao facto da escala Afiliação do

Adjective Check List Scales ter uma correlação mais elevada (mas

também positiva) com A (0.33) do que com E (0.30), e da escala

Autonomia do Personality Research Form se relacionar principalmente

com a dimensão Abertura à Experiência (0.22) enquanto que a escala

Autonomia das Adjective Check List Scales se relaciona

ftmdamentalmente com um baixo resultado em A (-0.54) e apenas

moderadamente com O (0.18). Todas estas correlações são significativas

a p<0.001. Para os autores, as diferenças referidas têm a ver com a

natureza dos itens que constituem estas duas escalas nas Adjective Check

List Scales, pois aqui a escala Autonomia inclui itens mais centrados na

assertividade, agressividade, hostilidade e arrogância enquanto a escala

Afiliação inclui também itens relacionados com cooperação, optimismo e

tranquilidade (Piedmont, McCrae & Costa, 1991).

A integração destes três conjuntos de dados (Costa & McCrae,

1988a; Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Piedmont, McCrae & Costa,

1992) indica que as necessidades de Agressão, Submissão, Dependência

e Defensividade se relacionam principalmente com o domínio

1 3 0

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

Neuroticismo, que as necessidades de Afiliação, Exibição, Apoio,

Dominância e Prazer se relacionam principalmente com o domínio

Extroversão, que as necessidades de Mudança, Sensitividade e

Compreensão se relacionam principalmente com O, que as necessidades

de Apoio e Afiliação se relacionam fundamentalmente com o domínio

Amabilidade e que as necessidades de Realização, Resistência e de

Ordem se relacionam fundamentalmente com Conscienciosidade.

Em resumo, e integrando os dados dos vários estudos referidos,

poder-se-á concluir que os indivíduos com valores altos em N

manifestam resultados altos na necessidade de Reconhecimento Social,

de Defensividade e de Dependência. Os que têm resultados altos em E.

têm resultados elevados em relação às necessidade de Afiliação. Exibição

e Prazer. Os indivíduos com resultados altos em O valorizam as

necessidades de Mudança, Compreensão, Sensitividade e Autonomia,

tendo baixos índices de Evitãmento do Risco. Os que apresentam

resultados altos em A têm baixos resultados em Agressão e Dominância e

altos em Apoio e Submissão. Os que têm resultados altos em C valorizam

a Ordem, a Realização, a Resistência, a Racionalidade (Estrutura

Cognitiva), revelando baixos índices de Impulsividade.

No geral, as relações claras entre os traços de personalidade e as

necessidades "sugerem, assim, a possibilidade da estrutura dos traços

motivacionais poder ser considerada parte de uma estrutura de traços

mais ampla que também inclui afectos, atitudes e comportamentos

característicos" (Costa & McCrae, 1988a, p. 264). EsU ideia está de

131

Capitulo 4

acordo com o modelo de desenvolvimento da carreira de Super (1990,

1995a), antes citado, em que as necessidades, juntamente com outras

variáveis como os interesses ou os valores aparecenfi como características

da personalidade.

Tal com acontecia com os interesses, embora exista convergência

entre a medida das necessidades e as dimensões da personalidade, as duas

medidas não se substituem mutuamente (Piedmont, McCrae & Costa,

1991).

De acordo com a concepção hierárquica da motivação (Super,

1973a; Nevill & Super, 1986; Super, 1995b), os valores são variáveis

mais próximas dos traços e das necessidades do que os interesses. Nesse

caso, será de esperar que as relações entre valores e personalidade sejam

mais relevantes do que entre personalidade e interesses.

Contudo, os estudos que relacionara personalidade com valores

são muito mais raros, centrando-se em geral nas diferenças entre grupos e

não nas diferenças individuais (Fumham, 1984).

Trabalhos que abordem a relação entre personalidade e valores

são praticamente inexistentes e os que existem ou se centram na relação

entre características específicas da personalidade e valores específicos,

como é o caso dos estudos que relacionam a religiosidade com as

dimensões da personalidade (por exemplo. Heaven. 1990) ou na relação

entre valores e personalidade e outras variáveis específicas como por

exemplo, as atitudes face à autoridade (por exemplo, Heaven & Fumham,

1991) ou a delinquência (Heaven, 1996). Contudo, um dos objectivos

deste trabalho é analisar a relação entre as dimensões da personalidade e

1 3 2

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

os valores dos indivíduos, tal como foi feito por autores como Fumham

(1984), Rim (1984, 1985) ou Heaven (1993) mas utilizando instrumentos

de medida mais actualizados e mais consonantes com as perspectivas

teóricas actuais na busca de modelos compreensivos e da convergência

entre modelos, quer em relação à personalidade quer em relação aos

valores. Os procedimentos estatísticos a executar assemelham-se mais

aos utilizados, nos estudos anteriormente referidos, que relacionam

interesses ou necessidades com as dimensões da personalidade.

Utilizando a lista dos 18 valores de Rokeach e o EPQ: Eysenck

Personality Questionnaire de Eysenck. Rim (1984) com uma amostra de

100 sujeitos com idades entre os 20 e os 26 anos, procurou estudar a

relação entre as dimensões da personalidade e a forma como os valores

eram ordenados de acordo com a sua importância. As suas conclusões

apontam para a existência de uma relação entre um elevado Neuroticismo

(acima da mediana) e valores como Amar (lovingl Obediência

(obedient), um Mundo de Beleza {a world of beauty). Reconhecimento

Social {social recognition) e Auto-Respeito {self-respect) e entre um

baixo Neuroticismo (abaixo da mediana) e Ambicioso (ambitious). Capaz

(capable). Imaginativo (imaginative). Ideias Largas (broad-minded) e

Amizade Sincera {true friendship). Os sujeitos com resultados acima da

mediana em Extroversão, classificavam como mais importantes os

valores Ambicioso, Capaz, Perdoar (forgiving). Liberdade (freedom).

Mundo de Beleza, Reconhecimento Social. Auto-Respeito e Igualdade

(equality), enquanto que os que t inham resultados abaixo da mediana na

133

Capítulo 4 -

dimensão E valorizavam principalmente Ideias Largas, Obediência e

Sensatez {wisdom). Os sujeitos com resultados acima da mediana em P -

Psicoticismo, classificavam Independente, Imaginativo, Harmonia

Interior, Salvação {sahation). Vida Confortável {confortable life) e

Amizade Sijicera como mais importantes para si. Pelo contrário, os que

tinham resultados abaixo da mediana em P consideravam mais

importantes Educado (polite). Limpo (dean). Obediência, Segurança

Nacional {nacional security) e Segurança da Família {family security).

Também em 1984, um outro investigador interessado pela relação

entre personalidade e valores e utilizando também o Eysenck Personality

Questionnaire como medida da personalidade, e os valores de Rokeach,

avaliados pelo Rokeach Value Survey, aplicou os dois instrumentos a uma

amostra de 70 jovens entre os 16 e os 18 anos, verificando que os sujeitos

Introvertidos emocionalmente instáveis (de acordo com os resultados do

Eysenck Personality Questionnaire) atribuíam muita importância a

Liberdade e Auto-Respeito, que os classificados como Extrovertidos

valorizavam mais uma Vida Excitante do que os considerados

Introvertidos e que os sujeitos cujos resultados os tinham classificado

como Neuróticos valorizavam mais Harmonia Interior e menos uma Vida

Confortável do que os que tinham sido classificados como Não-

Neuróticos (Fumham, 1984). Os seus resultados são relativamente

semelhantes aos de Rim e é o próprio Rim que, mais tarde, e em resposta

a críticas que lhe tinham sido feitas por Fumham, procura integrar os

resultados dos seus estudos com os de Fumham, concluindo que, apesar

1 3 4

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

das grandes diferenças entre as amostras e as metodologias utilizadas nos

estudos dos dois autores, há semelhanças importantes. Assim, os valores

que mais diferenciam os sujeitos com resultados altos e baixos de

Neuroticismo são Auto-Respeito, Amizade Sincera e Reconhecimemo

Social; os que melhor diferenciam os sujeitos com resultados altos e

baixos em Extroversão são Liberdade, Auto-Respeito, e Reconhecimento

Social. Os que mais diferenciam os sujeitos com resultados elevados e

baixos em Psicoticismo são Harmonia Interior e Amizade Sincera (Rim,

1985).

Dois estudos recentes que relacionam valores com personalidade,

mas ainda utilizando o EPQ como medida da personalidade foram

realizados por Heaven (1993) com uma amostra de 89 estudantes de

Psicologia e por Heaven e Furaham (1991) com uma amostra de 185

estudantes. Para medir os valores utilizou-se o SVI: Social Values

Inventory de Braithwaite e Law. Nestes estudos, os valores foram

considerados variáveis dependentes, tendo-se verificado que as

dimensões de personalidade explicavam 57.42% da variância dos

resultados do SVI, no T estudo e 47.64% no 2® estudo, o que situa as

dimensões de personalidade como razoáveis preditoras dos valores dos

indivíduos. Mais especificamente, os autores concluem que os indivíduos

com um elevado Psicoticismo valorizam pouco as Relações Interpessoais,

o Crescimento Pessoal, a Harmonia Interior e uma Orientação Positiva

para os Outros. No que diz respeito às dimensões N e E, os dados obtidos

135

Capítulo 4

vêm confirmar as relações encontradas noutros trabalhos (Fumham,

1984).

Utilizando o NEO-PI, na versão de 1985 como medida da

personalidade, o que deixa de limitar as dimensões da personalidade

avaliadas aos três factores de Eysenck, os investigadores Luk e Bond

(1993) partem da suposição que a personalidade do indivíduo o predispõe

para valorizar mais determinados objectivos e elaboram dez hipóteses

específicas que relacionam os factores do NEO-PI com os 10 tipos de

valores que Schwartz (1992) considera emergirem em diversas culturas

(Auto-Direcção, Estimulação, Hedonismo, Realização, Poder, Segurança,

Conformidade, Tradição, Benevolência e Universalismo). Para verificar

as suas hipóteses, aplicam a uma amostra de 114 estudantes chineses,

com idades entre os 17 e os 22 anos, o NEO-PI, o NEO-Supplement e o

Schwartz Value Survey. A dimensão Neuroticismo revelou-se um fraco

preditor dos valores, levando à rejeição de quase todas as hipóteses que a

relacionavam com valores específicos. As mais fortes associações entre a

dimensão N e os valores encontram-se numa correlação positiva com

Segurança (0.20) e numa negativa com Estimulação (-0.16), ambas

significativas a p<0.05. A dimensão Extroversão correlaciona-se positiva

e significativamente a p<0.01 com Estimulação e com Benevolência

(0.25 e 0.24, respectivamente) e negativamente cora Tradição (-0.20,

p<0.05). A dimensão O correlaciona-se fortemente com o Universalismo

(0.37, p<0.01) e com Autonomia (0.17, p<0.05) e negativamente com

Poder (-0.26, p<0.01) e com Conformidade (-0.16, p<0.05), o que apenas

apoia parcialmente as hipóteses dos autores. A dimensão Amabilidade

1 3 6

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

parece ser o melhor preditor dos valores, uma vez que as correlações

encontradas com os domínios dos valores apoiam as hipóteses

formuladas. Assim, A encontra-se correlacionada positiva e

significativamente (a p<0.01) com Benevolência, Tradição e

Conformidade (0.45, 0.40 e 0.17, respectivamente) e a p<0.05 com

Universalismo (0.17). Encontram-se correlações negativas e também

significativas a p<0.01 com Realização (-0.40), Hedonismo (-0.37) e

Poder (-0.36) e significativas a p<0.05 com Autonomia (-0.18). A

dimensão Conscienciosidade correlaciona-se positivamente com

Conformidade (0.20, p<0.05) e negativamente com Auto-Direcção (-0.23,

p<0.01) e com Hedonismo (-0.20, p<0.05). Contudo, os dados aqui

obtidos dificilmente serão generalizáveis para a população portuguesa,

tendo em conta as diferenças culturais entre os países. Embora a China

não tenha feito parte do Estudo sobre a Importância do Trabalho, os

resultados obtidos por Trentini & Muzio (1995) e por Sverko & Super

(1995), revelam a importância das variáveis relacionadas com as

tradições culturais no sistema de valores dos indivíduos, o que faz supôr

que as relações encontradas com amostras europeias ou americanas

possam ser muito diferentes das encontradas com sujeitos chineses no

estudo de Luk & Bond (1993).

4.2. F u n d a m e n t a ç ã o e a p r e s e n t a ç ã o d a s h ipó teses

Quase todos os estudos referidos, embora revelando associações

claras entre valores e personalidade, foram realizados com amostras

137

Capítulo 4

reduzidas - o que não permite a análise do efeito de variáveis como o

sexo ou as habilitações - e com instrumentos pouco actuais se

considerarmos as evoluções teóricas verificadas nos anos 90 quer ao

m'vel dos valores, com os resultados obtidos internacionalmente com o

projecto WIS quer ao nível da personalidade com o reconhecimento de

um modelo de personalidade compreensivo como o Modelo dos Cinco

Factores. E nesse contexto que este trabalho se propõe analisar o sistema

de valores dos sujeitos, as suas características de personalidade e as

relações entre os valores e a personalidade, utilizando instrumentos de

medida mais consonantes com as evoluções teóricas verificadas. Nesse

sentido, utilizar-se-á a Escala de Valores WIS como medida dos Valores,

por ser um instrumento internacional com uma versão portuguesa. Para

avaliar a personalidade, optou-se pela versão reduzida do NEO-PI de

Costa & McCrae. Esta escolha teve em consideração a posição de Kline

(1993) que admite poder ser este, o melhor instrumento de medida dos

cinco factores e de Ostendorf & Angleitner (1994) que, num estudo

comparativo de diferentes instrumentos propostos para medir os cinco

factores, referem como sendo o NEO-PI-R o inventário de personalidade

mais compreensivo. Serão estudadas as hipóteses que a seguir se

apresentam.

Em relação aos valores:

Hipótese 1: tendo em conta os dados obtidos quer em Portugal

(Duarte, 1984; Rafael, 1992; Teixeira, 1988), quer em estudos

internacionais (Sverko & Super, 1995), espera encontrar-se as médias

mais elevadas nas escalas de Desenvolvimento Pessoal, Utilização das

1 3 8

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

Capacidades e Realização e as mais baixas nas de Risco, Autoridade e

Prestígio:

Hipótese 2: embora se possam encontrar diferenças significativas

entre os valores dos indivíduos de diferentes grupos etários (Coetsier &

Claes, 1995; Duarte, 1993), a proximidade das idades dos indivíduos que

constituem a amostra, permite prever que não se encontrem diferenças

importantes nas médias obtidas nas diferentes escalas pelos sujeitos com

idades entre os 18 e os 25 e pelos sujeitos com idades entre os 26 e os 35,

particularmente no caso das escalas onde cada grupo obtém as médias

mais altas e as mais baixas (Casserly, Fitzsimmons & Macnab, 1995;

Sverko, Jemeic ' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic'. 1995; Trentini, 1995;

Yates, 1985, cit. emNevi l l , 1995b).

EUpótese 3: pode esperar-se que, em geral, os valores com médias

mais elevadas e mais baixas sejam os mesmos para homens e para

mulheres. Pode, no entanto, esperar-se encontrar diferenças significativas

na escala Altruísmo, a favor do sexo feminino e na escala Autoridade,

com vantagem para os homens (Duarte, 1984; Homowska &

Paluchowski, 1995; Langley, 1995; Marques, 1983; èverko, Jemeic',

Kulenovic ' & Vizek-Vidovic' , 1995; Teixeira, 1988, 1995; Trentini,

1995).

Hipótese 4: uma vez que o nível profissonal dos sujeitos é

semelhante, pode esperar-se que não existam diferenças importantes entre

as médias obtidas em cada escala pelos dois grupos definidos pelas

habilitações literárias, especificamente no caso em que os grupos obtêm

139

Capítulo 4

as médias mais altas e mais baixas (Sverko, Jemeic', Kulenovic' &

Vizek-Vidovic', 1995).

Hipótese 5: tendo em conta alguns estudos portugueses com

esta Escala (Duarte. 1984; Marques, 1995; Rafael, 1992; Teixeira, 1988,

1995), e os estudos internacionais decorrentes do projecto WIS (Sverko,

1995; èverko & Super, 1995), pode esperar-se que uma análise em

componentes principais das diferentes escalas que constituem a Escala de

Valores WIS conduza a uma solução de quatro ou cinco factores com

eigenvalues superiores a 1.

Em relação às características de personalidade avaliadas, pode

esperar-se que:

Hipótese 6: não existam diferenças importantes entre os

sujeitos .dos dois.grupos d e M d p s pelas habilitações literárias, embora se

possa esperar que no grupo com maior escolaridade seja mais elevada a

média de Abertura à Experiência, dado que a literatura refere a existência

de uma relação positiva entre a escolaridade e essa dimensão da

personalidade (Costa & McCrae, 1992b; Lima, no prelo).

Hipótese 7: como alguns estudos sugerem, as médias obtidas

pelo sexo feminino sejam mais elevadas em N-Neuroticismo, A-

Amabilidade e C - Conscienciosidade que as obtidas pelo sexo

masculino, enquanto que as obtidas pelos homens tendam a ser mais

elevadas em E-Extroversão (Costa & McCrae, 1992b ; Lima, no prelo).

Hipótese 8: embora alguns estudos encontrem uma relação

negativa en^e a idade e as características de personalidade N, E e O e

uma relação positiva entre a idade e as características A e C (Costa &

1 4 0

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

McCrae, 1992b; Lima, no prelo), a proximidade dos grupos etários que

constituem a amostra e a estabilidade das características de personalidade

no adulto (Costa & McCrae, 1986; Costa & McCrae, 1988b; McCrae,

1993; McCrae & Costa, 1990), fazem prever que não se encontrem

diferenças importantes entre as médias dos sujeitos com idades entre os

18 e os 25 anos e os com idades entre os 26 e os 35.

Hipótese 9: dado que o NEO-FFI se propõe medir os cinco

domínios da personalidade em cinco escalas, espera-se que uma análise

em componentes principais dos itens do NEO-FFI conduza a cinco

factores correspondentes às escalas das provas (Costa & McCrae, Í992b;

Costa, McCrae & Dye, 1991; Lima, no prelo).

No que diz respeito à relação entre valores e personalidade, e de

acordo com os dados sugeridos pela defmição das próprias escalas (Costa

& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e por trabalhos que relacionam

as dimensões da personalidade com os valores ou com outras variáveis

motivacionais como os interesses ou as necessidades, pode esperar-se

que:

Hipótese 10: dado a fraca relação do Neuroticismo com os

valores encontrada por alguns autores, (por exemplo, Luk & Bond, 1993),

não apareçam relações significativas consistentes entre N e as escalas da

Escala de Valores U^S, com excepção de uma relação inversa entre N e

alguns valores de Orientação para a Expressão Individual como

Variedade, relacionada com as necessidades de segurança encontradas

nos Neuróticos ou como Autonomia, aqui considerada como o inverso

141

Capítulo 4

das necessidades de Dependência, referidas em estudos que relacionam as

necessidades de Murray com variáveis de personalidade (Costa &

McCrae. 1988a; Piedmont, McCrae & Costa, 1992).

Hipótese 11: considerando a própria definição das escalas (Costa

& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que

relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões

da personalidade, pode-se esperar que apareça uma relação positiva quer

de Extroversão quer de Amabilidade com os valores que Sverko (1995)

designa como de Orientação Social (Costa & McCrae, 1988a; Costa,

McCrae & Holland, 1984; Gottfredson, Jones & Holland, 1993; Luk &

Bond, 1993; Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Tokar & Swanson,

1995).

Hipótese 12: considerando a própria definição das escalas (;

Costa & McCrae, 1992b; Nevill. & Super, 1986) e alguns estüdos que

relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões,

da personalidade, pode-se também esperar que apareça uma relação

positiva entre Extroversão - que inclui facetas como Actividade ou a

Procura de Excitação - e valores relacionados com a necessidade de

estimulação como Variedade ou valores de Orientação para a Aventura

como Risco (Costa & McCrae, 1988a; Costa, McCrae & Holland, 1984;

Fumham, 1984; Gottfredson, Jones & Holland, 1993; Luk & Bond, 1993;

Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Rim, 1985; Tokar & Swanson, 1995).

Hipótese 13: considerando a própria definição das escalas e das

facetas de O - Fantasia, Estética, Sentimentos, Acções, Ideias, Valores -

(Costa & McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que

1 4 2

Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira

relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões

da personalidade, pode prever-se encontrar uma relação positiva entre

Abertura à Experiência e valores como Estético, Criatividade, Variedade

Utilização das Capacidades ou Desenvolvimento Pessoal (Costa &

McCrae, 1988a; Costa, McCrae & Holland, 1984; Gottfredson, Jones &

Holland, 1993; Luk & Bond, 1993; McCrae, 1987; Piedmont, McCrae &

Costa, 1991; Tokar & Swanson, 1995).

Hipótese 14: considerando a própria definição das escalas (Costa

& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que

relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões

da personalidade, pode prever-se que apareça uma relação inversa entre

Conscienciosidade - que no NEO-FFI apenas inclui itens das facetas de

Ordem, Dever, Luta pela Aquisição e Auto-Disciplina - e a valorização

da não conformidade às regras. SupÕe-se, assim, que apareçam

correlações negativas entre C e os valores com elevadas saturações no

factor de Orientação para a Expressão Individual, de acordo com a

definição de èverko (1995), mais relacionados com a liberdade individual

ou com a não conformidade às normas vigentes e de que Estilo de Vida é

um exemplo (Costa & McCrae, 1988a; Gottfredson, Jones & Holland,

1993; Luk & Bond, 1993; Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Tokar &

Swanson, 1995).

Hipótese 15: considerando a própria definição das escalas (Costa

& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que

relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões

143

Capítulo 4

da personalidade, supõe-se que apareça uma relação positiva entre

Conscienciosidade - que inclui uma faceta de Luta pela Aquisição e outra

de Auto-Disciplina - e alguns dos valores que Sverko (1995) define como

de Orientação Utilitária relacionados com o desejo de fazer bem e de

progredir como Promoção ou Realização (Brown & Watkins, 1994;

Costa & McCrae, 1988a; Gottfredson, Jones & Holland, 1993; Piedmont,

McCrae & Costa, 1991; Tokar & Swanson, 1995).

Hipótese 16: considerando a própria definição das escalas (Costa

& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que

relacionam valores ou outras variáveis motivacionais cora as dimensões

da personalidade, pode-se prever que apareça uma relação positiva entre

Conscienciosidade - que inclui uma faceta de Luta pela Aquisição e

Auto-Disciplina - e alguns dos valores que Sverko (1995) define como de

Orientação para a Auto-Actualização como Utilização das Capacidades

ou Desenvolvimento Pessoal (Brown & Watkins, 1994; Costa & McCrae,

1988a; Gottfi-edson, Jones & Holland, 1993; Piedmont, McCrae & Costa,

1991; Tokar& Swanson, 1995).

Hipótese 17: tendo em conta a distinção teórica entre os

conceitos de valor e de dimensão da personalidade e as relações previstas

entre as escalas de cada um dos instrumentos de medida utilizados, pode-

se esperar que uma análise em componentes principais às escalas dos dois

instrumentos, em conjunto, permita identificar factores semelhantes aos

previstos pela hipótese 5, e ainda um ou vários factores distintos de

personalidade.

1 4 4

CAPITULO 5

M E T O D O L O G I A GERAL

Capítulo 5

5.1. Instrumentos ut i l i zados

O trabalho desenvolvido teve por objectivo fundamental o estudo

dos valores e das dimensões da sua personalidade, tal como concebidas

pelo modelo dos Cinco Grandes Factores, bem com a relação entre estas

duas variáveis em adultos trabalhadores. Procurou-se também recolher

dados sobre as propriedades métricas dos instrumentos utilizados para a

sua medida, neste tipo de população.

A prova escolhida para a medida dos valores foi a Escala de

Valores WIS (2" edição), por ser construída em Portugal, estar bastante

bem estudada na população portuguesa e resultar de estudos muito

recentes conduzidos a nível internacional. Esta última característica tem a

vantagem adicional de permitir comparar os dados obtidos com estudos

feitos noutros países com o mesmo instrumento.

— P a r a avaliar as cinco grandes dimensões da personalidade,

utilizou-se o NEO-FFI: NEO Five Factor Inventory, versão reduzida do

NEO-PI (R): NEO Personality Inventory Revised. Este instrumento, a lém

de ter sido concebido para operacionalizar o modelo dos cinco factores

{Five Factor Model), tem sido amplamente estudado ao nível

internacional, estando, neste momento a ser adaptado pela Dr* Margarida

Lima e pelo Prof Doutor António Simões na Universidade de Coimbra.

Contudo, por limitações práticas relacionadas com a não conclusão a

tempo dos trabalhos de adaptação do NEO-Pl (R) à data do inicio das

aplicações e por dificuldades postas pelo editor da prova (PAR:

1 4 6

Metodologia Geral

Psychological Assessment Resources, ínc.)^ optou-se por utilizar a versão

reduzida do mesmo instrumento.

5,1,1. Escala de Valores W I S (2" edição)

Esta edição da Escala de Valores WIS deriva, como já se referiu

no ponto 2.2, da revisão da Escala de Valores, versão de 1981, a partir

dos resultados obtidos pelos diferentes países participantes no projecto

WIS.

Tal como também já foi referido no capítulo 2, esta 2® edição, no

caso da versão portuguesa, é constituída por 18 escalas, cada uma com 5

itens num total de 90 itens. A apresentação dos itens é feita segundo uma

ordem que determina que ao 1° item da 1® escala se siga o 1® item da 2°

escala, depois o 1® item da 3" escala e assim sucessivamente de modo a

que o item 19 seja o 2® da 1® escala, o 20, o 2' da 2' escala etc. Esta

sequência permite que, na folha de resposta, todos os itens da mesma

?

escala apareçam na mesma linha. A pontuação de cada escala será dada

pelo somatório das pontuações dadas pelo sujeito a cada um dos itens que

a constitui.

Destes cinco itens, os três primeiros são comuns a todos os países,

o que faz com que os itens 1 a 54 sejam os "intemacionais" e os itens 55

a 90 sejam os "nacionais". Todas as escalas têm itens relacionados com

os valores do trabalho e itens relacionados com os valores da vida em

geral. Apenas na escala Condições de Trabalho, todos os itens se referem

a valores do trabalho (Marques, Alves, Duarte & Afonso, 1985).

O material da prova consiste num caderno onde estão as

instruções e os itens numerados e uma folha de resposta. 147

Capítulo 5

Na frente do caderno, estão as instruções. Nas três restantes

páginas são apresentados os itens. Na V página do caderno explica-se a

forma de responder, incluíndo-se a escala com base na qual os sujeitos

devem dar as suas respostas.

Essa escala tem 4 pontos, em que o valor mínimo é 1 e o máximo

4 e cujo significado é o seguinte:

1. pouca ou nenhuma importância

2. alguma importância

3. bastante importante

4. muito importante

Na frente da folha de respostas, pede-se ao sujeito que indique

nome, sexo, idade, data de nascimento, data da prova, habilitações

literárias, escola e ano que frequenta, estado civil, localidade onde reside,

a sua situação actual em relação a estudo, tarefas de casa e emprego,

estudos e profissão do pai e da mãe. No caso dos sujeitos que estão ou j á

estiveram empregados, são-Íhes pedidos alguns dados face à sua

profissão actual ou à sua última profissão, consoante estejam empregados

ou desempregados, nomeadamente, a profissão e as funções que

desempenha ou desempenhou, a empresa onde o faz e há quanto t empo

trabalha.

No verso da folha de respostas, volta a apresentar-se a escala que

os sujeitos deverão utilizar para dar as suas respostas. Estão

representados os 90 itens, cada um dos quais seguido pelas opções de

resposta de I a 4 que o sujeito deve assinalar.

1 4 8

Metodologia Geral

O estudo das características metrológicas da prova foi feito quer

na versão americana, publicado no Manual (Nevill & Super, 1986) quer

na versão portuguesa.

Em Portugal, e tal como também já se referiu no capítulo 2, este

estudo foi feito com base no chamado estudo principal. A 2° edição da

versão portuguesa da Escala de Valores WIS foi, assim, aplicada a 1199

estudantes do 10° ano e a 1189 estudantes do 12® ano. Estes estudantes

vinham de populações rurais e urbanas de diversas regiões geográficas de

Portugal Continental: noroeste, nordeste e sul. Foi também aplicada a 580

estudantes do ensino superior de diferentes cursos, procurando

representar-se os cinco tipos de Holland (Marques, 1995).

Foram calculados os valores do alfa de Cronbach para as amostras

do ensino secundário quer em relação aos cinco itens da escala

portuguesa quer apenas em relação aos três itens comuns às escalas de

todos os países participantes no projecto.

Na amostra do 12° ano, para as escalas de três itens, os

coeficientes alfa de Cronbach são todos superiores a 0.60 havendo alguns

a atingir os 0.70. Na amostra do 10° ano os coeficientes alfa assumem

valores mais baixos, principalmente quando são calculados com base em

apenas três itens (Marques, 1995),

Em relação à validade da prova, a forma como os itens foram

escritos - por um mínimo de três especialistas, de acordo com as

defmições acordadas - garante uma boa validade facial. Além disso, todos

os itens foram revistos nas reuniões de directores dos projectos dos vários

países. O facto da construção se ter baseado em extensas revisões

149

Capítulo 5

bibliográficas e no levantamento das taxonomias de valores

anteriormente surgidas e dos itens terem sido seleccionados com base nas

correlações item-escala e em análises factoriais, significa que a

metodologia adoptada no desenvolvimento da prova teve em conta não só

a questão da sua validade mas ainda a sua consistência interna e a

independência das escalas (Nevill & Super, 1986).

No estudo principal do projecto WIS, foram também calculadas

as correlações entre as diferentes escalas quer considerando apenas os

três itens comuns a todas as versões quer considerando os cinco itens da

versão portuguesa.

No caso das escalas com três itens, as intercorrelações variam

entre -0.3 e -0.8, para a amostra do 10° ano, e 0.02 e 0.03, para a amostra

do !2® ano nas escalas Estilo de Vida e Económico com a escala

Altruísmo e 0.55, no 10° ano e 0.64, no 12° ano, entre Promoção e

Económico.

Considerando as escalas com os 5 itens, os valores obtidos são

bastante semelhantes cora as correlações menores a surgirem entre as

escalas Estilo de vida e Altruísmo (com valores muito baixos também

para a relação entre Altruísmo e as escalas Económico, Autonomia ou

Autoridade) e as maiores a surgirem entre as escalas Interacção Social e

Relações Sociais (0.63, para o 12° ano e 0.65 para o 10° ano), mantendo-

se elevados os coeficientes de correlação (também superiores a 0.60)

entre as escalas Económico e Promoção. Com valores iguais ou

superiores a 0.50 surgem, na amostra do 10° ano as correlações entre

Utilização das Capacidades e Realização; Promoção e Autoridade;

1 5 0

Metodologia Geral

Prestígio com Promoção, com Autoridade e com Económico; Altruísmo

com Estético e Autoridade com Económico. N o grupo do 12® ano, as

escalas que apresentam correlações iguais ou superiores a 0.50 mas

inferiores a 0.60 são Autoridade com Promoção, Altruísmo com Estético,

Desenvolvimento Pessoal com Utilização das Capacidades e Prestígio

com Promoção, Autoridade e Económico (Marques, Miranda, Pinto &

Afonso, 1984).

Também nas amostras portuguesas consideradas no estudo

principal do projecto WIS, e para as escalas com 5 itens, foi realizada

uma análise em componentes principais seguida de rotação pelo método

varimax, sendo considerado o critério de eigenvalue superior a 1 para

determinar o número de factores. Desse modo, encontraram-se, para a

amostra do 10® ano, 4 factores que explicam 53% da variância.

O primeiro factor inclui os valores de orientação pessoal -

Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal, Realização e

Estético, o 2® factor relaciona-se com os valores materiais - Económico,

Promoção, Prestígio e Autoridade, o 3® factor com os valores de

expressão individual - Autonomia, Risco e Estilo de Vida e um 4® factor,

com os valores de orientação social - Interacção Social, Altruísmo e

Relações Sociais - e ainda com Actividade Física e Variedade (Marques,

1995).

Para a amostra do 12° ano surgem também quatro factores mas

que sugerem uma interpretação algo diferente: um primeiro factor onde

aparecem simultaneamente valores de orientação pessoal

(Desenvolvimento Pessoal, Estético e Utilização das Capacidades) e

151

Capítulo 5

valores de orientação social (Altruísmo, Interacção Social e Relações

Sociais); um 2® factor e um 3® factores correspondentes aos 2® e 3°

factores da amostra do 10® ano e um 4® factor onde aparecem os valores

Risco, Actividade Física e Variedade (Marques, 1995).

Para a amostra do Ensino Superior aparecem cinco factores que

explicam 63.2% da variância: o primeiro factor agrupa a Utilização das

Capacidades, Desenvolvimento Pessoal, Realização e Estético com

Autonomia e Estilo de Vida. O 2® factor relaciona-se com os valores

materiais - Económico, Promoção, Prestígio e Autoridade; o 3® factor

agrupa os valores orientação social - Interacção Social, Altruísmo e

Relações Sociais, como acontecia no 4® factor da amostra do 10® ano mas

sem Actividade Física e Variedade; o 4® factor inclui Risco e Variedade

como no 12® ano e um 5® factor onde têm saturações mais elevadas as

escalas Actividade Física e Condições de Trabalho (Marques, 1995).

O Quadro n® 5.1.1.1.sintetiza os resultados encontrados na análise

em componentes principais no estudo principal deste instrumento. Os

valores são apresentados por ordem decrescente da saturação no factor.

Alguns estudos feitos em Portugal e já anteriormente citados,

permitiram também recolher dados sobre as características psicométricas

da Escala de Valores, na aplicação com adultos.

N o que diz respeito à precisão da Escala de Valores, Rafael

(1992) e Duarte (1993) calculam os coeficientes a de Cronbach das

escalas a partir de amostras de adultos.

Rafael (1992) encontra, para a amostra total (n=479) coeficientes

alfa de Cronbach entre 0.58 e 0.86. O valor mais baixo corresponde à

1 5 2

Metodologia Geral

escala Desenvolvimento Pessoal, logo seguida por 0.59 em Utilização das

Capacidades e por 0.66 em Relações Sociais. Os mais altos surgem nos

valores Altruísmo e Risco, ambos com 0.86 e em Estético com 0.83.

QUADRO N® 5 . l . 1.1. RESULTADOS DA ANÁLISE EM COMPONENTES PRINCIPAIS (MARQLFES,

10* ano 1 2 ' a o o Ensino Superior Factor 1 Utilização das

Capacidades, Desenvolvimento

Pessoal Realização

Estético

Altruísmo Interacção Social Relações Sociais Desenvolvimento

Pessoal Estético

Utilização da.s Capacidades

Utilização das Capacidades,

Desenvolvimento Pessoal

Realização Estético

Autonomia Estilo de Vida

Factor 2 Económico Autoridade Promoção Prestígio

Económico Autoridade Promoção Prestígio

Económico Autoridade Promoção Prestígio

Factor 3 Estilo de Vida Autonomia

Risco

Estilo de Vida Autonomia

Risco

Interacção Social Altruísmo

Relações Sociais

Factor 4 Interacção Social Altruísmo

Relações Sociais Actividade Física

Variedade

Risco Actividade Física

Variedade

Risco Variedade

Factor 5 Actividade Física Condições de

Trabalho n=1199 n=1189 n=580

Duarte (1993), na amostra masculina (n=881), encontra

coeficientes alfa entre 0.63 e 0.82. Os mais elevados correspondem às

escalas Criatividade (.82), Estético (.81) e Altruísmo (0.78) e os mais

baixos às escalas Realização (0.66), Interacção Social (0.66) e Relações

Sociais (0.63). A maior parte dos coeficientes (11 em 18) são iguais ou

superiores a 0.70 e os restantes situam-se entre 0.63 e 0.69.

Dados sobre as intercorrelações das escalas com amostras de

adultos portugueses, são referidas em Rafael (1992) e Duarte (1993).

Rafael (1992) encontra resultados muito próximos dos obtidos no estudo

153

Capítulo 5

principal do projecto com as amostras do ensino secundário. Os

coeficientes de correlação encontrados variam de -0.01 entre as escalas

Económico e Altruísmo a 0.69 entre Estilo de Vida e Autonomia. Com

valores iguais ou superiores a 0.60 surgem, para além das já referidas, as

escalas Interacção Social e Relações Sociais com um coeficiente de 0.66,

Promoção e Económico com 0.62, Estilo de Vida e Desenvolvimento

Pessoal com 0.61 e Utilização das Capacidades e Realização com 0.60.

Com valores superiores a 0.50 encontrou correlações entre as escalas

Utilização das Capacidades e Criatividade; Realização e Promoção;

Criatividade e Variedade; Estético e Altruísmo; Autonomia e

Desenvolvimento Pessoal; Autoridade e Prestígio; Promoção e

Autoridade; Promoção e Prestígio; Relações Sociais e Variedade. As

correlações mais baixas encontraram-se, para -além das escalas- já

referidas, entre os valores Económico e Interacção Social com um

coeficiente de correlação de 0.08, entre Autonomia e Interacção Social

com 0.09 e entre Autoridade e Relações Sociais com 0.10.

Duarte (1993), na amostra masculina de adultos (n=881), encontra

correlações entre as escalas que variam entre 0.19 (entre as escalas

Utilização das Capacidades e Risco, Altruísmo e Estilo de Vida e entre

' Autonomia e Condições de Trabalho) e 0.71 (entre as escalas Estético e

Altruísmo). Encontrou coeficientes de correlação iguais ou superiores a

0.60 entre as escalas: Utilização das Capacidades e Realização (0.62),

Realização e Promoção (0.62), Estético e Altruísmo (0.71) e Interacção

Social e Relações Sociais (0.64). A autora encontrou correlações iguais

ou superiores a 0.50 mas inferiores a 0.60, entre as escalas Utilização das

154

Metodologia Geral

Capacidades e Promoção, Utilização das Capacidades e Criatividade,

Utilização das Capacidades e Desenvolvimento Pessoal, Realização e

Criatividade, Promoção e Estético, Promoção e Autoridade, Promoção e

Criatividade, Promoção e Económico, Promoção e Desenvolvimento

Pessoal, Promoção e Prestígio, Estético e Actividade Física, Estético e

Económico, Estético e Altruísmo, Estético e Prestígio, Altruísmo e

Actividade Física, Autoridade e Autonomia, Autoridade e Prestígio,

Autonomia e Criatividade, Autonomia e Estilo de Vida, Autonomia e

Desenvolvimento Pessoal, Criatividade e Desenvolvimento Pessoal,

Económico e Desenvolvimento Pessoal, Estilo de Vida e

Desenvolvimento Pessoal, Interacção Social e Variedade e, por fim.

Relações Sociais e Variedade. Os coeficientes mais baixos, para além do

resultado de 0.19 já atrás referido, encontram-se ainda entre as escalas

Autoridade e Condições de Trabalho e Estilo de Vida e Condições de

Trabalho. Contudo, na sua maioria as correlações entre as escalas são de

moderadas a elevadas, com valores superiores a 0.30.

Também em Rafael (1992) e Duarte (1993), são apresentados

resultados obtidos no estudo factorial da escala de Valores WIS, com

amostras de adultos portugueses, aplicada a adultos.

No seu estudo com adultos a fi-equentar cursos de formação de

professores, Rafael (1992) fez uma análise em componentes principais

com rotação varimax da matriz e encontrou 5 factores com eigenvalue

superior a 1 que explicam 66.8% da variância total dos resultados.

Considerando as saturações iguais ou superiores a 0.50, o autor encontrou

um factor 1 defmido pelas escalas Promoção, Económico, Prestígio,

155

Capítulo 5

Realização e Autoridade (todas com saturações superiores a 0.60), um

factor 2 definido pelas escalas Estilo de Vida, Autonomia e

Desenvolvimento Pessoal (também com saturações superiores a 0.60),

um factor 3 defmido por Altruísmo, Estético, Utilização das Capacidades

e Criatividade, um factor 4 definido pelas Relações Sociais, Interacção

Social e Variedade e um factor 5 definido principalmente por Risco mas

também por Actividade Física e Autoridade.

Duarte (1993), também com adultos, encontra 4 factores e não 5:

um factor 1 definido principalmente pelas escalas Utilização das

Capacidades, Realização, Promoção, Criatividade, Económico e

Desenvolvimento Pessoal, um factor 2, definido por Altruísmo,

Interacção Social, Relações Sociais, Condições de Trabalho, Estético e

Actividade Física, um factor 3 definido por Estilo de Vida, Autonomia,

Variedade e Desenvolvimento Pessoal e um factor 4 defmido por

Autoridade, Prestígio e Risco.

O Quadro 5.1.1.2. apresenta a síntese dos dados destes dois

estudos. As escalas são apresentadas por ordem decrescente da sua

saturação no factor.

Embora a escala de Valores WIS tenha sido mais estudada com

populações de estudantes, os dados encontrados em relação às suas

propriedades psicométricas, são bastante satisfatórios cora adultos,

garantindo-lhe um lugar privilegiado entre os instrumentos de medida de

valores actualmente existentes. Contudo, face á relativa escassez de

dados referentes a populações adultas, utilizaram-se as respostas da

amostra total do presente estudo para analisar as características

1 5 6

Metodologia Geral

metrológicas da prova. Esses elementos são apresentados no capítulo 6,

no ponto 6.1.

QUADRO N® 5.1.1.2. SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS NA ANÁLISE EM

adultos (RaCael, 1992, p. 161)

adultos (Duarte, 1993, p.370)

Factor 1 Promoção* Económico*

Prestígio* Realização*

(Autoridade)*

Realização* Utilização das Capacidades*

Promoção* Criatividade

(Desenvolvimento Pessoal) Económico

Factor 2 Estilo de Vida* Autonomia*

Desenvolvimento Pessoal*

Altruísmo* Interacção Social* Relações Sociais*

Estético Actividade Física

Condições de Trabalho Factor 3 Altruísmo*

Estético* Utilização das Capacidades

Criatividade

Estilo de Vida* Autonomia* Variedade*

(DesenvoKimento Pessoal) Factor 4 Relações Sociais

Interacção Social Variedade

Autoridade* Prestígio*

Risco* Factor 5 Risco*

Actividade Física (Autoridade)

n=479 (Homens e Mulheres) n=881 (Homens) * saturações iguais ou supenores a 0.60

( ) escala que aparece em mais do que um factor

5.1.2. N E O Five-Factor Inven to ry : N E O - F F I

Como atrás se referiu, o NEO-FFI é uma forma reduzida do NEO-

PI -R constituída por 60 dos seus 240 itens. Ambos peraiitem avaliar a

personalidade dos indivíduos em cinco domínios: Neuroticismo (N) ,

Extroversão (E), Abertura à Experiência (O), Amabilidade (A) e

Conscienciosidade (C). Contudo, o NEO-FFI não permite avaliar as

facetas dentro de cada domínio como acontece no NEO-PI -R.

A versão portuguesa do NEO-FFI mantém os mesmos 60 itens do

instrumento americano. Como já se referiu neste capítulo, por indicação

do editor PAR: Psychological Assessment Resources, Inc., foi utilizada a

157

Capítulo 5

tradução feita por Lima e Simões (1995), já aprovada pelos autores. A

partir desta tradução, foi elaborado o material da versão portuguesa. Este

consiste num caderno e numa folha de respostas. Na frente do caderno,

estão as instruções e nas duas páginas seguintes apresentam-se os 60 itens

numerados. A folha de resposta foi concebida de acordo com o modelo

americano, de modo a ser uma folha dupla com papel químico incluído.

Desta forma, a folha onde o sujeito escreve as respostas tem, para além

do cabeçalho, os números correspondentes a cada item estando cada item

seguido pelas iniciais das altemativas de resposta: DF • Discordo

Fortemente, D - Discordo, N - Neutro, C - Concordo e CF - Concordo

Fortemente. A sequência dos itens segue em linha e não em coluna, de

forma a que todos os itens do mesmo domínio apareçam na mesma

coluna na folha de respostas. No cabeçalho é pedido ao sujeito que

escreva o seu nome, sexo, idade, profissão, habilitações literárias e data

do exame. Quando o sujeito assinala a sua opção, esta fica

automaticamente registada na folha de baixo (colada à primeira de forma

a que o sujeito não possa ver o que tem escrito). A folha de baixo, em vez

das altemativas de resposta DF a CF tem inscrito, o número de pontos

que corresponde a cada resposta (de O a 4 ou de 4 a O consoante o item

esteja feito na forma afirmativa ou negativa).

A cotação é assim realizada a partir do simples somatório de

pontos em cada coluna depois de arrancada a folha de cima onde o sujeito

registara as suas respostas. Cada coluna corresponde a um dos cinco

domínios da personalidade. As respostas omissas devem ser cotadas

como correspondendo à resposta neutra.

1 5 8

Metodologia Geral

Os autores recomendam que, antes de se cotar qualquer prova, se

verifique como o sujeito respondeu aos três validity check items. Só se

devem cotar as provas em que os sujeitos não deixaram mais que 9 itens

em branco. Em todo o caso, qualquer escala em que haja mais do que 4

respostas omissas deve ser interpretada com muito cuidado (Costa &

McCrae, 1992b).

O estudo das características metrológicas do instrumento na

versão americana incluiu a precisão e a validade e é apresentado no

Manual (Costa & McCrae, 1992b).

As correlações das escalas do NEO-FFI com as escalas de

domínio do NEO-PÍ-R foram obtidas numa amostra de cerca de 400

homens e 300 mulheres que participou num estudo longitudinal sobre o

envelhecimento {Augmented Baltimore Longitudinal Study of Aging,

designada abreviadamente por ABLSA) e foram de 0.92, 0.90. 0.91, 0.77

e 0.87, respectivamente para N, E, O, A e C. Isto permite utilizar o NEO-

FFI com alguma garantia de estar a avaliar os mesmos domínios que com

o NEO-PI-R. As maiores reservas surgem com a escala Amabil idade já

que a correlação entre as escalas das duas versões é de 0.77, resultado

muito inferior ao que aparece para qualquer dos outros domínios. A

amostra designada por Employment Sample (n=1539), consistindo de

sujeitos empregados numa grande empresa americana, foi utilizada para o

estudo da consistência interna do NEO-FFI, com base no coeficiente alfa

dc Cronbach. Foraiu cncunlrados coeficientes de 0.86, 0.77, 0.73, 0.68 e

0.81, para N, E, O, A e C, respectivamente. Num dos raros estudos que

utilizam o NEO-FFI, como medida dos cinco factores, os coeficientes a

159

Capítulo 5

de Cronbach, com uma amostra de 243 mulheres canadianas e estudantes

universitárias, são muito semelhantes a estes correspondendo, pela

mesma ordem, a 0.87, 0.84, 0.73, 0.75 e 0.81 (Holden & Fekken. 1994).

Já mais recentemente, num estudo com uma amostra de 601

indivíduos, o coeficiente a de Cronbach encontrado para as cinco escalas

do NEO-FFl estão também muito próximos destes, com 0.84, 0.75, 0.74,

0.75 e 0.83, respectivamente paxa N , E, O, A e C (Mooradian & Nezlek,

1996). Estes coeficientes podem ser considerados satisfatórios, sendo o

mais baixo o referente à escala A, embora sejam inferiores aos

correspondentes ao NEO-PI-R.

Como não existe versão R (para avaliação por observadores, por

contraponto à forma S, para self-report) para o NEO-FFl, foram

calculados os resultados correspondentes a uma forma R, utilizando as

respostas dadas aos itens correspondentes DO NEO-Pl-R forma R pelos

cônjuges ou por pares dos sujeitos sobre os próprios sujeitos. Isto

permitiu que se obtivessem as correlações entre os resultados obtidos

pelo sujeito no NEO-FFI em auto-avaliação e os resultados obtidos em

flmção da avaliação de outros sujeitos. As correlações obtidas entre as

auto-avaliaçôes e as avaliações dos cônjuges são de 0.52, 0.64,0.65, 0.63

e 0.44, respectivamente para N, E, O, A e C, enquanto que as correlações

entre as auto-avaliações e as avaliações de pares são mais baixas,

variando entre os 0.33 e os 0.48 (0.36, 0.39, 0.48, 0.40, 0.33,

respectivamente para N, E, O, A e C), mas todas significativas a p<0.001.

Estes resultados constituem bons indicadores de validade inter-

observadores.

1 6 0

Metodologia Geral

As correlações entre as respostas dos sujeitos ao NBO-FFI e a

avaliação feita três anos anos com base em adjectivos, são bastante mais

altas, com 0.62 para N, 0.60 para E, 0.56 para O, 0.57 para A e 0.61 para

C. (Costa & McCrae, 1992b).

Outros dados referentes à analise de itens e ao estudo da

adaptação portuguesa do NEO-PI - R (de onde são retirados todos os

itens do NEO-FFI) foram já apresentados e referidos no ponto 3.3.

Apesar de todos os seus itens já terem sido estudados na

adaptação portuguesa do NEO-PI -R, os dados referentes à amostra total

deste estudo foram também considerados para fazer um estudo das

características metrológicas da prova. Os resultados obtidos serão

descritos no ponto 6.2.

5.2. Constituição da amostra e descrição das aplicações

Como se pretendia estudar valores, personalidade e as suas

relações em populações de adultos trabalhadores, estabeleceram-se como

critérios para constituição da amostra que os indivíduos tivessem idades

entre os 18 e os 35 anos, tivessem experiência profissional e que

residissem na área da Grande Lisboa. Como há estudos que referem

diferenças de personalidade entre os desempregados e os trabalhadores

no activo, embora não nos valores (Searis, Braucht e Miskimins, 1974,

cit em Descombes, 1980^ p. 22) decidiu-se que todos os sujeitos da

amostra deveriam ser trabalhadores no activo.

Com vista a uniformizar a amostra procurou-se que os sujeitos

desenvolvessem funções da mesma natureza embora pudessem ter níveis

profissionais distintos. Nesse sentido, a amostra foi constituída a partir de

161

Capítulo 5

sujeitos não licenciados, com pelo menos o 11® ano de escolaridade e sem

licenciatura concluída, podendo ter finalizado cursos de nível Bacharelato

como o de Secretária, Assistente Administrativo ou Contabilista -

subgrupo Administrativos - e sujeitos licenciados em Economia ou

Gestão de Empresas - subgrupo Licenciados. Todos os sujeitos tinham

experiência profissional.

Procurou-se tomar equivalentes a proporção de homens e

mulheres em cada amostra. No entanto, no subgrupo Administrativos o

sexo feminino aparece em muito maior proporção, uma vez que a maior

parte dos sujeitos que cumpriam as outras condições para constituição da

amostra - ter este tipo de função e estar dentro dos níveis de escolaridade

e etários já definidos - eram do sexo feminino. Tentou-se ainda que o

número de sujeitos no subgrupo Administrativos e no subgrupo

Licenciados fosse semelhante.

Os sujeitos foram escolhidos de entre indivíduos que tinham,

alguma vez. dentro dos últimos 3 anos, enviado espontaneamente um

curriculum vitae para uma empresa de consultoria internacional a actuar

no mercado português há cerca de 20 anos. A partir dos seus dados

pessoais - e desde que cumprissem os critérios referidos - foram

convocados por carta onde lhes era pedido para se deslocarem à empresa

para se abrir um processo pessoal onde ficassem registados os seus dados

pessoais e profissionais. Era-lhes, então, pedido que preenchessem um

questionário biográfico - que permitiu confirmar e actualizar os dados do

curriculum - e os dois questionários - Escala de Valores WIS (2' edição)

e NEO-FFL Tal como em qualquer aplicação de provas de personalidade,

162

Metodologia Geral

interesses ou valores foi salientado o facto de não haver respostas certas

nem erradas nem perfis melhores ou piores, sendo importante que os

sujeitos respondessem com toda a sinceridade.

Os sujeitos foram convocados em grupos de 10-15 indivíduos

sendo a aplicação feita em grupo. As aplicações decorreram entre Abril e

Junho de 1995 e foram realizadas em Lisboa nas instalações da empresa

de consultoria. Todas as aplicações foram conduzidas pela autora, tendo

havido o cuidado de tomar uniformes as condições de aplicação. No

imcio, e j á depois dos sujeitos serem encaminhados para uma sala onde

seria feita a aplicação, era-lhes confirmado o que já se tinha dito na carta

de convocação: não se tratava de nenhum processo de recrutamento e

selecção mas tão só de uma oportunidade de ficarem com processo na

empresa para futuros contactos. A aplicação das provas não era precedida

nem seguida de qualquer entrevista ou conversa individual.

Os dois instrumentos foram sempre aplicados pela mesma ordem,

começando-se pelo NEO-FFI e acabando com a Escala de Valores WIS.

As instruções eram lidas em voz alta depois dos sujeitos preencherem o

cabeçalho da folha de resposta correspondente à prova a aplicar. Os

sujeitos foram avisados de que, se no decorrer da prova tivessem algxima

dúvida, deveriam fazer sinal á examinadora que os esclareceria

individualmente. Contudo, de um modo geral, não houve quaisquer

dúvidas a apontar.

163

Capítulo 5

5.3. Caracter ização da amostra em função do sexo, idade e nível de escolaridade

Foram convocados, no total, 400 indivíduos dos dois subgrupos

tendo comparecido no total 227. Embora tivessem estado presentes na

aplicação das provas, não foram considerados os resultados de 13

indivíduos que foram excluídos da amostra: 2 porque não cumpriam o

critério das habilitações, 7 porque estavam desempregados e 4 porque já

tinham ultrapassado o limite de idade definido. A amostra total ficou,

assim, constituída por 214 adultos trabalhadores, em que 94 (43.92%) são

do sexo masculino e 120 (56.08%) do sexo feminino.

Como o leque etário dos sujeitos era muito amplo - entre os 18 e

os 35 anos - e para garantir que a diversidade de idades não resultaria em

diferenças importantes nos resultados dos sujeitos, constituíram-se dois

subgrupos de idade, em que um era formado pelos sujeitos que tinham

idades entre os 18 e os 25 anos e o outro por sujeitos com idades entre os

26 e os 35 anos. Esta subdivisão teve em consideração os limites

habitualmente considerados como referência da Fase de Exploração e da

Fase de Estabelecimento (Super, 1976b), constituindo mais um dado a

tomar em consideração nos resultados.

O Quadro n° 5.3.1. apresenta o número de homens e mulheres de

cada subgrupo etário na amostra total.

Q U A D R O NT 5.3.1. COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA TOTAL (N=2 14). ADULTOS

SEXO IDADE IDADE TOTAIS I 8 £ I £ 2 5 35 2 X 2 26

MâK n 56 94 Fem 53 67 120

TOTAIS 91 123 214

1 6 4

Metodologia Geral

Dos 214 sujeitos que constituem a amostra total, 109 são

licenciados (50.94%) e 105 são administrativos não licenciados

(49.06%). Contudo se considerarmos estas percentagens dentro dos

subgrupos Administrativos e Licenciados, 51.38% (56 em 109) são

homens e 48.62% (53 em 109) são mulheres no subgrupo Licenciados.

Na subamostra de Administrativos, a proporção é mais desigual com

36.19% (38 em 105) homens e 63.81% (67 em 105) mulheres (Quadro

5.3.2).

Q U A D R O N® 5.3.2. COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA LICENCIADOS E ADMINISTRATIVOS

SEXO HABUJTAÇÓES u c . GEST/ECON

HABILITAÇÕES ADMIN. NÂO UC

M i s c 56 51.38 38 36.19 Fcm 53 48.62 67 63.81

TOTAIS 109 100 105 100

Em relação à idade os dois subgrupos definidos pelas habilitações

literárias têm uma distribuição diferente com 37.62% (41 em 109) de

sujeitos do subgrupo mais novo e 62.38% (68 em 109) de sujeitos do

subgrupo mais velho para os Licenciados. No caso dos Administrativos,

há 47.62% (50 em 105) de sujeitos entre os 18 e os 25 anos e 52.38% (55

em 105) de sujeitos entre os 26 e os 35 anos, como se ilustra no Quadro

n° 5.3.3.

Q U A D R O N" 5.3.3. COMPOSIÇÃO DAS SUBAMOSTRAS LICENCIADOS E

IDADE HABILrrAÇÔES LIO. GEST/ECON

y . HABARTAÇÔES ADMDS'. NÃO LIC

%

41 37.62 50 47.62 35 ^ X 2 26 68 62.38 55 52.38 TOTAIS 109 100 105 100

A composição das subamostras em relação ao sexo e à idade dos

sujeitos que as constituem é sintetizada nos Quadros 5.3.4 e 5.3.5.

165

Capítulo 5

Q U A D R O N® 5 . 3 . 4 . CONtPOSIÇÂO DA SUBAMOSTR.^ LICENCL-^DOS EM RELAÇÃO AO SEXO

E À DADE IDADE SEXO MASCULINO SE.XO FT.VHMNO TOTAÍS

1 8 £ Z < 25 IS 26 41 35 > X > 26 41 27 68

TOTAIS 56 53 109

Q U A D R O N"» 5 . 3 . 5 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA ADNÍIMSTR.ATIVOS EM R£LAÇÃO AO

SEXO E Á DADE IDADE SEXO MASCULDVO SEXO FE.vnMNO TOTAIS

i8 S X < 25 23 27 50 35 Ã I 2 26 IS 40 55 TOTAJS 38 67 105

Contudo, a aparente disparidade entre as idades dos sujeitos que

constituem as diferentes subamostras (quer as definidas pelo sexo quer as

definidas pelo nível de escolaridade) pode ser melhor analisada em

função de medidas de tendência central e de desvio. Os Quadros n° 5.3.6.

a 5.3.9. apresentam esses dados.

Q U A D R O W 5 . 3 . 6 . COfvOOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA LICENCIADOS (N=1 0 9 ) EM RELAÇÃO

à IDADE E.M n j N Ç Ã O DA MÉDL^, MEDL\NA, LIMITES MÁXIMO E .MÍNIMO E DESV10-PADR.Ã0 .M^dit Mcdi ina Mi oi mo Miximo Dovio-

p s d r i o 26.65 27.00 22.00 34.00 2.56

Q U A D R O W 5 . 3 . 7 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA AD?ví^NlSTR.^T^VOS ( N = l 0 5 ) EM

RELAÇ.^O Ã © A D E EM FUNÇÃO DA MÉDL^ MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E MÍNIMO E

DESVIO-PADRÃO Média Mcdiaaa M i a i o o Máiitno Desvio-

pad r io 26.33 26.00 18.00 35.00 3.82

Q U A D R O N ' 5 . 3 . 8 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA MASCL^INA {N=94) EM R£LAÇÃO À

Média .Mediana Míqíqm MÍZJIDO De$>i&-padr io

26.54 26.00 21.00 34.00 2.98

Q U A D R O N® 5 . 3 . 9 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA FEMININA ( N = l 2 0 ) EM RELAÇÃO Ã

i d a d e EM R-^NÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LtMTTES MÁXIMO E MÍNIMO E DESVlO-P.fDRÃO .Média Mediaoa Mioiaio MÁliOM Dtjvio-

p a d r i o 26.46 26.00 18.00 35.00 3.44

Pode, então, concluír-se da semelhança entre as diferentes

subamostras constituídas a partir das variáveis consideradas - sexo e nível

de escolaridade. A caracterização face à idade é semelhante nos

1 6 6

Metodologia Geral

diferentes grupos o que permite compará-los, sem dar especial relevo à

intervenção da variável idade.

Para melhor se compreender o que significa a pertença ao grupo

dos mais novos (18 < idade <25) e ao grupo dos mais velhos (35 > x ^

26) procurou-se também caracterizar a idade de cada ura destes grupos

em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-

padrão. Os Quadros n° 5.3.10 e 5.3.11. apresentam esses dados.

Q U A D R O 5 . 3 . 1 0 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS MAIS NOVOS (1 8 í IDADE <25) (N=9 1) EM RELAÇÃO À IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMTTES MÁXIMO E

MÍNIMO E DESVIO-PADRÃO MédU Mediana Míaimo Mi i imo Desvio-

p a d r i o 23.58 24.00 18.00 25.00 1.45

Q U A D R O N® 5 . 3 . 1 1 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS MAIS VELHOS ( 3 5 > X ^ 2 6 ) ( N = l 2 3 )

EM RELAÇÃO À © A D E EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMFTES MÁXIMO E MÍNIMO E

DESVIO-PADRÃO Média Mediana Miai mo Miximo Desvio-

p a d r i o 28.65 28.00 26.00 35.00 2.40

Para melhor caracterizar a amostra, estudaram-se ainda a média,

mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrao das idades dos

sujeitos das subamostras Administrativos e Licenciados, quer para os

subgrupos dos mais novos como para o subgrupo dos mais velhos. Os

Quadros n° 5.3.12. a 5.3.15. sintetizam esses dados.

Q U A D R O 5 . 3 . 1 2 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS MAIS NOVOS ( ! 8 í

ID.\DE 5 2 5 ) ( N = 5 0 ) EM RELAÇÃO À ID.\DE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES

MÁXIMO E NÍÍNIMO E DESVIO-PADRÃO

Média Mediana Mioimo MiliCDO Desvio-padrSo

23.12 23.00 18.00 25.00 1.62

QUADRO N® 5 . 3 . 1 3 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS LICENCIADOS MAIS NOVOS (1 S^ÍDADE ^ 2 5 ) ( S = 4 1 ) EM RELAÇÃO Ã IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E

MÍNIMO E DESVIO-PADRÃO Média Mcdiaoa Míaimo Miximo Des>io-

p a d r i o 24.15 24.00 22.00 25.00 0.94

167

Capítulo 5

QUADRO 5 . 3 . 1 4 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS MAiS VELHOS ( 3 5 £ X

> 2 6 ) ( N = 5 5 ) EM RELAÇÃO Ã [DADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA. MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E

Média Mediasa Mini mo Máximo p a d r i o

29.26 29.00 26.00 35.00 2.74

Q U A D R O N " 5 . 3 . 1 5 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS LICENCIADOS MAIS VELHOS ( 3 5 S X S 2 6 ) ( N = 6 8 ) EM RELAÇÃO Á ID.\DE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E

MédU Media aa Mínimo Máximo Desvio* p a d r i o

28.17 28.00 26.00 34.00 L97

Por fim, nos Quadros 5.3.16. a 5.3.19. apresenta-se a

caracterização das subamostras masculina e feminina, considerando as

habilitações literárias, em relação à idade.

Q U A D R O 5 . 3 . 1 6 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS LICENCIADOS DO SEXO FEMININO

( N = 5 3 ) EM RELAÇÃO Á idadb EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXINtO E

Média Mediana Mínimo Máximo Desvio-pad r lo

25.77 26.00 22.00 31.00 1.90

Q U A D R O N® 5 . 3 . 1 7 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS DO SEXO FEMINTNO ( N = 6 7 ) EM RELAÇÃO Á IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, UMTTES MÁXIMO E

Média Mediana Míoimo Máximo Desvio-p a d r i o

27.00 27.00 18.00 35.00 4.22

Q U A D R O 5 . 3 . 1 8 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS UCENCIADOS DO SEXO MASCULINO

( N = 5 6 ) EM RELAÇÃO Á IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E

Média Metliaaa Mínimo Máximo Desvio-p a d r i o

27.48 27.ro 22.00 34.00 2.84

Q U A D R O N® 5 . 3 . 1 9 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS DO SEXO

MASCULINO ( N = 3 8 ) EM RELAÇÃO Á IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES

Média Mediana Mínimo Máximo Deivio-pad r io

25.16 25.00 21.00 32.00 2.65

5.4. T r a t a m e n t o d o s d a d o s

Os dados recolhidos, para cada sujeito, compreenderam sexo,

idade, habilitações, respostas ao NEO-FFI, respostas á Hscala de Valores

WIS (2'' versão) e foram processados com o programa STA TISTICA for

Windows.

1 6 8

Metodologia Geral

Com os dados obtidos, começou por se fazer uma análise dos

resultados obtidos no NEO-FFI para estudar as características

metrológicas da adaptação portuguesa desta versão reduzida do NEO-PI-

R. Esses resultados serão analisados no capítulo 6, ponto 6.2.

Tendo em conta, o pequeno número de estudos existentes com

adultos com a Escala de Valores WIS, foi também feito o estudo

psicométrico deste instrumento. Os dados são apresentados no ponto 6.1.

No capítulo 7, apresentam-se os resultados obtidos com cada uma

das provas utilizadas, e as correlações encontradas entre valores e

dimensões da personalidade, bem como a análise das hipóteses

formuladas em 4.2, em fimçào dos dados recolhidos.

169

CAPITULO 6

ESTUDO P S I C O M E T R I C O DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

6.1. E s t u d o p s i c o m é t r i c o da Esca l a de V a l o r e s W I S (2* ed i ção )

Como foi referido no capítulo anterior, embora a versão

portuguesa, revista, da Escala de Valores WIS tenha sido alvo de muitos

estudos com estudantes (Duarte, 1984; Marques, Miranda, Pinto &

Afonso, 1983; Teixeira. 1988, 1995; Marques, 1995) há poucos trabalhos

com populações de adultos (Duarte, 1993; Rafael, 1992). Desta forma,

comparativamente com os dados que existem sobre a aplicação da Escala

a jovens adolescentes, os dados obtidos com adultos são em muito menor

número, incidindo sobre amostras mais reduzidas e, muitas vezes, com

desigualdades muito acentuadas entre o número de elementos de cada

sexo ou de cada grupo profissional ou etário.

Por essa razão, optou-se por estudar também as características

metrológicas da Escala, considerando a amostra total constituída por 214

adultos trabalhadores.

6.1.1. Estudo da garantia e análise de itens

Para avaliar a precisão de cada uma das 18 escalas que constituem

a Escala de Valores WIS, utilizou-se o critério da consistência interna

com base no coeficiente alfa de Cronbach. Os Quadros n° 6.1.1.1. a n°

6.1.1.18 sintetizam esses dados.

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 1 . ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA UTILIZAÇÃO DAS

Escala Utilizaçlo das Capacidades AJfa de Croobacb para a escalaH).78

r r E M Alfa de Croobacb se o item for elimioado

>MS1 0.74 W1S19 0.75 W1S37 0.74 W1S55 0,73 V\TS73 0.76

171

Capítulo 5

QUADRO N® 6. J. I .2 . ALFA DE CRON'BACH PAR.\ A ESCALA REALIZAÇÃO E SE CADA LIA DOS SEUS TTENS FOR ELIKQNAD0(N=2 14)

Cscal* Realhaçio A i f j de CrvQbacb par i a n c a U ^ . 7 6

n x M AUa de Croabacb se o item for eUmioado

WTS2 0.73 W1S20 0.73 WISJ8 0.73 WIS56 0.72 WIS74 0.74

A L f A DE CRONBACH PAÍL\ A ESC.ALA PROMOÇÃO E

SEUS i r t N S FOR ELIMINADO ( N - 2 1 4 ) E x a U Prvmoçio

A i f j d e C n a b a c b p i n a e$cal3>0.7S ITEM Alfa de Croobacb se o

item for climiaado 0.75

W1S21 0.69 0.71

WIS57 0.74 VV1S75 0.70

ALFA DE CRONBACH P.AR.A A ESCALA ESTÉTICO E S

SEUS 1 TbNS FOR ELINÍP^.ADO ( N - 2 1 4 ) DcaJa Eslèdco

Aifa dc CroQbach para a e$cala-O.SO r r i M Alfa de Croobacb se o

irem for eliminado WIS4 0.79

WIS22 0.77 W1S40 0,75 W1S58 0.76 • -WIS76 0.76

QUADRO N* 6 .1 . L .5. ALFA DE CROKBACH PAR.^ A ESCALA ALTRLISMO E SE CADA UM

DOS SEUS FTENS FOR EUMINADO(N=214)

Escala AJtmbcDO Alfa de Croabacb para a escala»O.Sl 11 LM Alia de CroDbacb se o

item for eliinioado UTS5 079

W1SZ3 0.7Í NVTS41 0.77 SVTS59 0.77 \\TS77 077

ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA ALTTORIDAD

DOS SEUS fTENS FOR ELIMINADO CN=214) Escala Aatorídade

Alfa de Croabacb para i e»<alaH).SO ITEM Alfa de Croobacb se o

item for eliauosdo WTS6 0.78

WTS24 0.75 WTS42 0.75 \MS60 0.77 UTS7t 0.76

1 7 2

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 7 . ALFA DE CROKBACH PARA A ESCALA ALTTONOMIA E SE C.\DA UM DOS SEUS ITENS FOR E U M I N A D 0 ( N = 2 14)

E K I I I Aotooomi* Al f t de CroDbacb para a c K a l a ^ . 7 9

I T E M Alfa de Cronbach sc o item for elimiaado

W I S ? 0,76 WIS25 0.75 WIS43 0.74 W1S61 0.77 W1S79 0.75

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 8 . ALFA DE CROKBACH PARA A ESCALA CRIATIVDADE E SE CADA UM

Escala Crucfvidade Alfa de Croobacb p t r a a escata^.SO

I T E M Alfa de Croobacb se o item for elímíoado

W1S8 0.77 WIS26 0.77 W1S44 0 7 6 WIS62 0.76 VTLSSO 0.77

QUADRO N® 6 . L. 1.9. ALFA DE CRONBACH PAR.^ A ESCALA ECONÓMICO E SE CADA UM

DOS SEUS ITENS FOR ELRFLNADO ( N = 2 1 4 ) Escala CcoBÓmico

Alfa de Croobacb para a escala=0.77 I T E M AJfa de Croobacb se o

Item for elimioado WIS9 0,74

WIS27 0.73 WIS45 0.76 WIS6J 0.73 vnssi 0 7 3

0 . ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA E s m o DE

UM DOS SEUS I i HNS FOR ELIMINADO C N - 2 1 4 ) Escala Estilo de Vida

Alfa de Croobacb para a e s c a l a i . 7 7 I T E M Alfa de Croobacb se o

item for elimiaado WISIO 0.76 W1S2Í 0.73 WIS46 0.74 WIS64 0.73 WIS«2 0.73

QUADRO N® 6 . 1 . L. 11. ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA DESENVOLVIMENTO PESSOAL

Escala DcseovoMmeoto Pessoal Alfa de Croobacb para a escala '0 .73

ITEM Alfa de Croobacb se o item for elimioado

W l S l l 0.73 0.68

V^TS47 0.72 NVTS65 0.68 w i s & i 0 7 0

73

Capítulo 5

QÜ.M)RO N* 6 . 1 . 1 . 1 2 . ALFA DE CRONBACH PARA A ESC. \L \ A c n v r o A O E FÍSICA E SE

CKAII Acthidade Ftiíca Aifft de Creobacb para a escalft>0.76 I T E M Alfa de Cre ibach se o

i t e o for eUmiDado W1S12 0.72 U1S30 0.72 WIS4S 0.72 WIS66 0 7 6 WlSft4 0.74

. ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA PRESTÍGIO E

SEUS 11 BNS FOR ELIMINAD0(N-2 14)

Escala P ra t í c io AI£a de Croobach p a n a escalaH).7S I T E M Alfa de Croabach it 9

Uem for elimioado WIS13 0.74 WIS31 0 7 6 UTS49 0 7 6 W1S67 0 7 3

0 7 6

14. .ALFA DE CRONBACH PARA A ESC.ALA RJSCO E si

SEUS ITENS FOR ELIMINADO ( N = 2 1 4 )

Escala Rbco Alfa de Croobacb para a escala*0.79 I T E M Alia de Croabacb se •

item for efimiaado WIS14 0 7 6 WIS32 0.75 WLS50 0 7 6 WIS68 0.75 ^ 1 S 8 6 0.7S

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 1 5 . A L F A DE CROKBACH PARA A ESCALA INTERACÇÃO SOCIAL E SE

CADA L ' M DOS SEUS [TENS FOR E L I M I N A D 0 ( N = 2 1 4 )

Escala Iiiteraccio Social Alfa de Croobacb para a e s c a l a i . 7 S

FTEM Alfa de Cro ibacb st o item for cümioado

WTS15 0.74 WTS3J 0 7 3

0 7 3 WTS69 0.76 ^ T S 8 7 0.75

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 1 6 . A L F A DE CRONBACH PARA A ESCALA RELAÇÕES SOCIAJS E SE CADA

UM DOS SEUS ITENS FOR ELIMINADO ( N = 2 1 4 )

Escala Relaçdcs Sociais .Alfa de Croobacb para a e s c a l a i . 7 6

FTEM Alfa de Croabacb se o item for etimioado

H 1 S 1 6 0 74 WTSW 0 72 NMS52 0 74 >MS70 071 VMSS8 0 73

1 7 4

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QU.MDRO N* 6.1.1.17. ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA VAJUEDADE E SE CADA UM DOS SEUS FTENS FOR ELIMINADO ( N = 2 1 4 )

Escal* Var iedade Alfa de CroDbacb pa ra a e » c a l a ^ . 7 7

I T E M AUa de C r o o b a c b se o iteoi f o r eUmíoado

\VIS17 0.72 W I S J 5 0.74 WIS53 0.73 WIS7I 0.74 W1S89 0.69

QUADRO N® 6. L. 1.18. ALFA DE CROKBACH PARA A ESCALA COKDIÇÕES DE TRABALHO E SE CADA UM DOS SEUS ITENS FOR ELIMINADO (N=2 14

Escala CoDdiç6cs de T r a b a l h o Alfa de Cronbach pa ra a e s c a l a i . 7 9

r T E M Alfa de C r o o b a c b w o item f o r el imiaado

WIS18 0.75 WIS36 0.75 W1S54 0.75 W1S72 0.74 WIS90 0.78

A análise dos quadxos 6 . l . l . l . a 6.1.1.18 permite concluir que os

coeficientes alfa de Cronbach das escalas são elevados, variando entre

0.73 para a escala Desenvolvimento Pessoal e 0.81 para a escala

Altruísmo. Verifica-se também que, face à eliminação de qualquer dos

itens, o coeficiente diminuiria o que indicia uma boa qualidade dos itens.

Apenas no caso de se eliminar o item 3 na escala Promoção, o 11 na

escala Desenvolvimento Pessoal ou o 66 na escala Actividade Física, o

alfa de Cronbach permaneceria praticamente inalterado.

Ainda como forma de avaliar a homogeneidade de cada uma das

escalas e de analisar os itens que as constituem, foram calculadas as

correlações entre cada item e todas as escalas. Os Quadros n® 6.1.1.19 a

n° 6.1.1.24 apresentam os dados encontrados, omitindo o algarismo das

unidades (que é sempre 0). Os sombreados indicam a correlação entre o

item e a escala a que pertencem. Os valores_assinalados com são

significativos a p<0.01 e os assinalados com * são significativos a

p<0.05.

175

Capítulo 5

Como se pode ver pela análise dos quadros 6.1.1.19 a 6.1.1.24,

em todos os casos, os itens apresentam a mais elevada correlação com a

escala a que pertencem, sendo esta significativa a p< 0.01, variando entre

0.60 e 0.80 para a escala Utilização das Capacidades, entre 0.64 e 0.70,

para Realização, entre 0.45 e 0.74, para Promoção, entre 0.62 e 0.84 para

Estético, entre 0.76 e 0.88 para Altruísmo, entre 0.65 e 0.84 para

Autoridade, entre 0.67 e 0.77 para Autonomia, entre 0.74 e 0.81 para

Criatividade, entre 0.57 e 0.77 para Económico, entre 0.58 e 0.75 para

Estilo de Vida, entre 0.46 e 0.68 para Desenvolvimento Pessoal, entre

0.49 e 0.76 para Actividade Física, entre 0.66 e 0.80 para Prestígio, entre

0.64 e 0.82 para Risco, entre 0.59 e 0.75 para Interacção Social, entre

0.60 e 0.76 para Relações Sociais, entre 0.61 e 0.72 para Variedade e

entre 0.61 e 0.80 para Condições de Trabalho. Os coeficientes

encontrados são quase sempre superiores a 0.50, com excepção do item 3

com uma correlação de 0.45 com a escala Promoção de que faz parte, do

item 11 que apresenta uma correlação de 0.46 com a escala de

Desenvolvimento Pessoal e do item 66 com uma correlação de 0.49 com

a escala Actividade Física.

Apesar destes dados apontarem claramente para o facto dos itens

de cada escala aparecerem como muito satisfatórios, de acordo com este

critério, decidiu-se ainda calcular as correlações corrigidas item-total para

verificar se estas condições se mantinham.

1 7 6

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QUADRO N® 6. L. L. 19. CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 1 A 30 E AS ESCALAS L A 9 DA ESCALA DE VALORES W I S (N=214)

ITEM

Q

Utílbacio C l p a c

R c a l i z Promofie Cs lfli<« A J c r u i s m e Aoloríd Auloaom C r i a t í v C c o D Ò o i i e o

Q

WlSl .71 '* .24** . 1 8 " .14* .16* .11 .06 , 2 0 " .01

Q

W1S2 .17* . 6 5 " .30** ,08 .03 ,13 .12 .10 . 2 0 "

Q

\VIS3 .30* ' .43** . .45** ,19** ,13 .12 ,22** .21** .11

Q

WIS4 .08 .12 ,05 .62 '* • .40** .01 .11 .10 .07

Q

\VIS5 .12 .02 -.05 .47** , .76** -.08 -.02 .22** -.08

Q

\VIS6 .20* • .15* .22** .11 .11 .65*' .09 .10 .19**

Q

WIS7 . 2 6 " .20** .22** . 2 5 " .14* .16* . 6 7 " , 3 4 " ,18**

Q

WIS8 .31** . 2 3 " . 2 0 " .21** .21** .19** .29** . .74** .05

Q

W1S9 .23** .32** .53** -.04 -.15* .45** ,26** .19** .66**

Q

\VIS10 ,23** .27** .21** .21** .12 .04 .30** ,18** .13

Q

W I S H .25** .17* .13 .13 ,16* -.0! .16* .25** -.01

Q

WIS12 .24 • • .10 .15* .15* .23** .02 .06 .20** .03

Q

VV1S13 .16* . 3 2 " .34** -.02 -.09 .27** .22** .13 .25**

Q

\V1S14 . 2 1 " ,18** ,25** ,17* .15* .21** .18** ,26** .04

Q

WIS 15 .09 .14* .16* .18** .25** .22** .14* .24** .05

Q

WIS16 .03 .14* .11 .17* .15* .03 .10 .08 .10

Q

WIS17 . 2 3 " .19** .25** .29** .30** .06 . 2 2 " .47** -.01

Q

WIS18 . 1 1 .Í8** .15* .23** .20** .01 .28** .29** .18**

Q

WIS19 . . 6 8 " . 3 5 " .31** .26** .25** .12 .27** .30** .15*

Q

WIS20 . 3 2 " ' .64** .44** .23** .16* ,29** .21** .29** .31**

Q

WIS21 .28** . 4 0 " ' ..74** .11 .02 . 3 8 " .39** .30** .43**

Q

WIS22 .19** . 2 3 " .19** . 7 4 " .33** .12 .17* .24** .12

Q

WIS23 . 2 2 " . i6* .06 ,56** .. ,80** . .09 ,20** .37** - 0 5

Q

WIS24 .18** .21** ,44** .00 -.05 . . , 8 0 " .34** .21** .35**

Q

WIS25 .18** . 3 3 " .41** .12 .11 .41** . .76** .46** .37**

Q

WIS26 .38** . 2 6 " .33** ,28** ,34** .12 .38** . ia** .12

Q

WIS27 .09 . 2 9 " ,43** .08 - 0 6 .30** .31** .18** .11**

Q

WIS28 .24** .31** .31 ** .20** .10 .46** .25** .26**

Q

WIS29 .19** . 3 0 " .26** .19** .14* .09 .23** .21** .19**

Q

WIS30 . 2 5 " .16* .16* .20** .26** .02 .12 .25** .05

Q UADRON ® 6 . 1 . 1 . 2 0 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 E AS ESC ESCALA DE VALORES W I S ( ^ = 2 1 4 )

ALAS 1 A 9 DA Q

ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA

Q

U t i l i z i { i «

C a p a e

R e a l i z ProBOfio E n i i k o A l t r u i t a o A D l o r i d A a u o o a C r í a l i v E c o n ó m i c o

Q

WIS31 . 2 0 " .16* .34 «r ,14* ,04 ,41** ,35** .25** .24* •

Q

WIS32 .19** .12 ,24** .22** .11 .21** .16* .28** .02

Q

WIS33 . 2 6 " .24** \19** . 2 4 " .36** .19** .15* .26** .06

Q

WIS34 .10 .14* .10 ,21** .20** -.05 .15* ,13 ,17*

Q

WIS35 . 2 2 " .13 .13 .20** .29** .13 .21** .39** .15*

Q

WIS36 .09 . 2 3 " .12 .18** .13 -.03 .24** .18** .17*

Q

WIS37 .74** .41** . 3 1 " , 2 7 " .21** .19** .25** ,36** .07

Q

WIS38 . 3 8 " , 6 6 " , . .44** .17* .12 .19** .32** .24** .32** WIS39 . 2 5 " . 4 4 " .7.1 **,. .11 -.07 .31** .29** .19** .46** WIS40 . 2 9 " . 2 6 " ,14* .84** . .50** .05 .16* .25** .10 WIS41 . 2 3 " . 2 3 " ,12 .61** .84** , .01 .21** .32** .03 WIS42 .13 .22** .40** .05 .01 .84** .43** .26** .32** WIS43 .14* .24 • • .32** .24** .15* .27** .77** .31** .28** WIS44 .34** . 2 2 " .28** .22** .32** .21** .50** . 8 i r * . ,19** WIS45 .08 .17* .18** .23** .20* • .08 .15* .04 . .57?* WIS46 .10 .13 .23** .21** .16* .10 .30** .19** .17* WIS47 .30** , 4 1 " ,34** .13 .07 .06 .19** .12 ,13 WIS48 .16* .05 .07 .28** . 2 1 " .14* .15* .17* .09 WIS49 .23** . 3 6 " .35** .17* .10 ,22** ,12 .16* .32** WIS50 .11 .15* .18** .26** .12 .18** .21** .20** .02 WIS51 . 2 1 " ,14* . 1 9 " .33** . 2 9 " .04 .13 .25** .08 NVIS52 .2í** . 4 3 " .24* • .27** .28** .02 .12 .19** .18** WIS53 . 2 3 " .13 .23** .05 .16* .26** .29** .39* * .11 WIS54 .06 .18** .20** ,09 .11 .20** .23** .08 .29** WIS55 . 8 0 " . 4 2 " .34* • .23** .20** .19** .17* .38** ,11 WIS56 . 3 2 " . . 7 0 " .40** .29** .24** .09 .19** .17* .21** WIS57 .22** .45** ..54** .18** .15* .20** .19** ,24** ,29** WIS58 . 3 0 " . 2 0 " ,14* .8or* .67** .03 .25** .21** ,10 WIS59 . 2 5 " .15* ,03 .54** . 8 8 " .00 .12 .32** .00 WIS60 . 2 1 " . 3 5 " .45** ,09 .01 .73** ,42** ,29** ,33**

177

Capítulo 6

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 1 . CORRELAÇÕES ENTRE TODOS o s ITENS61 A 9 0 E AS ESCALAS 1 A 9

I T E M CORRELACÃO ITEM-ESCALA U l U õ a f l o

C l M C

R e a l i z P r o a o f i a CfUtico A l ( r s l > m « A u u r i d A u t O D o a C r i j t i v C c o a i a i c e

W1S61 .13 .20 '* .25** .10 .08 .29** . .67". . 2 5 " .30** WIS62 .35** .19** .30** .22** .28 '* .21** .39** .80** ,15* \VIS63 .07 .35** .32** ,12 .01 .17* ,30** .06 .75*' . \VIS64 .16* .23** .31** .34** .20* • .13 .54** .28** .32** WIS65 .26** .22** .21** .38** .32** ,06 .27** .22** ,18** WIS66 .09 .09 .11 .21** .20** -.01 ,20** .15* .19** \VIS67 .19** .30* • .40** .22** .12 .31** .35** .30** .37** \VIS68 .04 .07 .23** .28** .19** .20** .13 .21** -.00 VV1S69 .11 .07 ,10 .30 '* .27** .11 ,26** .20** .07 VVIS70 .17* .23** .21»* .37-* .32** .01 .21** .25** .24* • WIS71 .08 .19** ,15* .25** .23** .06 .26** .39** ,15* VVIS72 .10 . i8** .16* ,25** .18** .11 .25** .16* .19** WIS73 .60Í* .21** .29** .17* .12 .18** .16* .32** .16* WIS74 .34** . 3 9 " .07 ,01 ,20** ,26** ,20** .34** \VIS75 .27** .29* • ,07 .03 .42** .25* ' .21** .31** WIS76 .28** .18* ' .18** . .81** , 6 6 " .13 .21** ,31** ,10 WIS77 .26** .16* .12 .58** .s3** .07 .20** ,36** .00 WIS78 .13 .13 .32** .09 .02 . .19** .26** .12 .29** WIS79 .23** .29 '* .33** .20** .15* .35** .71** .46** .24** WIS80 .34** .30** , 3 3 " .26** .36** ,26** .39** .80** .16* WIS81 .03 ,31** .30** .05 - 0 9 .31** .28*» .11 .70** WIS82 .09 .25** .26** .17* ,08 .12 .41** .18** .28** WIS83 .21** .21** .35** .19** .17* ,18** .48** ,31** .21** WIS84 ,05 .05 .11 ,30** .20** .23** .05 .10 .14* WIS85 .19** .33** .29** .04 -.01 .19* ' .14* .12 .24** WIS86 .08 .14* , 2 5 " .10 .07 ,29** ,13 .10 ,14* \VIS87 .21** .15* .15* .27** .29** .08 .26** .28** .08 \VIS88 .12 .08 .07 .26** .23** .09 .27** .23** .14* W1S89 .13 .12 ,22* • .26** .18** .14* ,40** .34** .20** WIS90 .13 .23** .23** .21** .22*' .15* .18** .19** .34**

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 2 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 1 A 3 0 E AS ESCALAS 10 A 18 DA

ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA DtiJo

d * N i d t

DCKSV. P m « a i

ACTIV. F b k a

h ^ e t t i f i » R i t e * (auric S o c i a l

R d a t i c *

S ó c i a ú

V a r ú d a d c C o a d .

W I S l .02 .23** .13 ,11 -.00 ,16* .05 .09 -.00 WIS2 .12 .14* .03 .24** .07 .06 .12 .14* .12 WIS3 .17* .28** ,09 .22** .13 .12 .11 .19** ,12 WIS4 .24** .19** .08 -.06 .06 .15* .15* .11 .16* WIS5 .07 .13 .17* -.04 .00 .26** .22** .17* .14* WIS6 -.06 - 0 6 ,13 .21** .22** .17* .02 .08 .13 WIS7 ,35** .29** .13 .21** .12 .07 .13 .22** .17* WIS8 .11 .18** .21** .21 *• .21** .19** .11 ,35** .06 VVIS9 .20* • .18** ,03 .36** .09 -.00 .09 .13 .11

WISIO .33** .07 .11 -.00 .07 .18** .14* ,18** W I S H .14* • . .46? ' ; : .02 -.01 -.01 .15* .11 .14* .12 WIS12 .09 .13 ^.74?* .16* .16* . 1 4 * .05 .18** .08 VVIS13 .03 .09 .16* - .77**. .21** .06 .07 .18** .17* \VIS14 .05 .05 .23** .18** . .76** .13 .08 .23** .06 WIS15 .02 .20** .26** .09 .18** .12** .35** .29** .23** WIS16 .25** .23** .12 .04 -.02 .34** . 6 0 " .24** .10 \VISI7 .25** .31** .23* ' .23** .24** .37** .29** .72** . .17* WIS18 .29** .34** .19** .18** .11 .26** .26** .29** .76Í* . W1S19 .25** .34** .13 .19** ,07 .12 .13 .22** .17* WIS20 .17* .21** .13 .32** .19** .17* .18** .18** .25** \VIS21 .31** .34** .15* .42** .24** .20** .14* .29** .18** WIS22 .28** .25** .25** .19** .22** .32** .36** .26** .16* WIS23 .11 .26** .26** .03 .18** .36** ,31** ,33** .16* \V1S24 .11 .12 .08 .29* • .15* .10 .04 .14* .04 WIS25 .33** ,31** .10 .24** .15* .23** .14* .28** ,20** \VIS26 .29** .30** .19** .18** .19** .23** ,16* ,40** .14* W1S27 .30** ,19** ,14* .36* • ,07 .07 .23** .23** .22** WIS28 .74"- • .31** .11 .12 .14* .15* .26** ,30** ,13 WIS29 .26** .61**'.. .18** .12 .06 .24** .17* .24** .23** WIS30 .13 .22** . . 7 6 ; ; , .20** .14* .16* .11 .23** .10

178

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QUADRO N® 6 .1 .1 .23 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 E AS ESCALAS 10 A 18 DA

ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA Ettilo

dc Vida D c t c n v .

P c i t o s I

Activ. Físici

Preilifio RUco lolerac SocUI

ReUttci Sotútt

Viriedade CoDd. Tribalho

WIS31 .15* .13 .16* ..66**^. .25** .07 .00 . 2 8 " .18** W1S32 .02 -.00 .24*» . 2 3 " . .82*.* . .18** .08 .26** .08 WIS33 .07 .29 '* .27** .15* .17* ...15** .35** .28** .17* WIS34 .22** .17* .08 .05 -.05 .34** .69**' .24** .17* WIS35 .2l** .22** .21** .18** .14* .30** ,27** . . 6 8 * * . . .20** W1S36 .15* .24** .15" .20** .08 .21** .22** . 2 1 " •. . .76** , WIS37 .20** .41** .19 '* .14* .16* .21** .11 .16* .12 WIS38 .25** .41** .08 .26** .14* .18** .18** .16* .14* WIS39 .23** .21** .04 .31** .13 .18** .17* .15* .18** VVIS40 . 2 6 " . 3 0 " .33** ,16* .24** .32** .39** .30* * .11 WIS41 .26** . 3 0 " .33** .10 .19** .37** .30** .31** .26** WIS42 .20** .17* .06 ,33** .26** .20** .02 .21** .11 WIS43 .58** ,34** .17* .27** .13 .23** . 2 7 " .38** .30** W1S44 .29** . 3 3 " .14* .26** .26** .32** .29** .49** .26** WIS45 .14* .17* . 2 5 " .2!** -.02 .16* .22** .09 .27** WIS46 .24 • • .17* .07 .05 .17* .27** .25** .22** VVIS47 .23** -.03 .16* -.01 .14* .26** .18** .07 WIS48 .14* .15* .21** .29** ,22** .18** .27** .16* WIS49 .14* . 2 8 " . 1 9 " . . 6 8 * 1 : .10 .16* .20** .15* .11 WIS50 .14* .14* . 2 7 " .25** . . 7 3 " ' . .17* .17* .24** .09 VVIS51 . 2 5 " .28** . 2 3 " .11 .18** . .7.4** . .53** .43** .20** WISS2 .21 • • .40** .15* .29** .16* .43** ...62** . .31** .39** WIS53 . 2 3 " . 2 6 " . 1 9 " .19** .20** .32** .29** •.7.0** , .08 WIS54 .22** .20** .07 .17* .04 .17* .08 .11 ; .73** WISSS .17* .32»' .19** .24** .15* .14* .13 .17* .16* \VIS56 26** .38** .18** . 2 7 " .16* .16* .24** .14* .24** WIS57 . 2 3 " .28**' .18** .20** .10 .21** .29** .20** .22** WIS58 . 3 0 " .30** . 3 6 " .13 .25** .34** .27** .22** .28** WIS59 . 2 1 " .25** .29** .01 .14* .40** .32** .33** .18** WIS60 . 2 6 " . 2 5 " .05 .39** .16* .11 .06 .19** .09

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 4 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 61 A 9 0 E AS ESCALAS 10 A 18 DA

ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA E « ü l o

d e V i d a

D o e o v .

P e s s o a l

A c t i v .

F U i c a

P r a t i t i o R i s c o I i i l e r a c

S o c i a l

R c U f i a

S o c i a i s

V a r i e d a d e C o n d .

T r a b a l h o

WIS61 .42** .37** .10 .20** ,10 .16* .21** .17* .14* WIS62 .26** .35** .32** .23** .23** .34** .22** .60** .28** WIS63 .28** .22** .10 .29** -.02 .06 .21** .03 .37** \VIS64 :'.75*? .52** .23** .23** .04 .21** .25** .21** .24** WIS65 .35** . ."68**.: .26** .15* .08 .31** .29** .21** .26** WIS66 .29** .26** .49,**.. .11 .08 .27** .26** .26** .19** WIS67 .21** .28** .20** 1 .80^1 - ,25** .15* .18** .26** .26** WIS68 .09 .11 .24** .21** ,.81*-*. .19** .15* .19** .11 WIS69 .31** .29** .15* .13 .12 .53** .40** .25** WIS70 .29** .27** .09 .10 .10 .42** . .16** .36** .25** WIS71 .22** .21** .23** .15* .13 .37** .35** : . .'63** .22** WIS72 .20** .25** .18** .24** .12 .21** .25** .20** •...:.80**. • WIS73 .12 .20** .17* .24** .21** .24** .23** .28** .03 WIS74 .28** .30** .00 .26** -.01 .11 .23** .12 .12 WIS75 .27** .26** .11 .34** .29** .07 .05 .14* .09 WIS76 .29** .28** .37** .14* .26** .33** .31** .29** .28** WIS77 .26** .24** .30** .09 .19** .34** .31** .28** .19** WIS78 .06 .09 .16* .27** .31** .13 -.01 .13 .10 WIS79 .44** ,43** .14* .21** .28** .30** .22** .42** .35** W1S80 .26** .32** .16* .17* .19** .28** .21** .46** .20** WIS81 .11** . 1 9 " .01 .16* .08 .05 .14* .12 .16* WIS82 .68*! .38** .15* .16* .10 .25** .25** .27** .23** WIS83 .52** .22** .32** .16* .28** .30** .34** .27** WIS84 .05 .05 . .60**.' .13 .35** .22** .05 .10 .12 WIS85 .12 .21** ,17* .681* .' .10 .19** .19** .17* .29** WIS86 .06 .11 .20** .09 .13 .06 .18** .07 WIS87 .20** .28** .16* ,14* .08 .68**- .38** .42** .28** WIS88 .23** .24 ** .20** .15* .21** .52** : .62*.* .38** .13 WIS89 .32** .23** .18** .22** .21** .39** .37** .28** W1S90 .21** .21** .13 .24** .05 .21** ,34** .22**

179

Capítulo 5

Assim, os Quadros n® 6.1.1.25. c n® 6.1.1.30. apresentam também as

correlações entre cada item e todas as escalas, mas calculadas de modo a

que o total exclua o próprio item. Os sombreados indicam a correlação

corrigida entre o item c a escala a que pertence. O algarismo das unidades

é omitido (é sempre '0). Os coeõcientes assinalados com sâo

significativos a p<0.01 e os assinalados com • são significativos a

p<0.05.

Da análise dos quadros 6.1.1.25 a 6.1.1.30 pode concluír-se que os

resultados obtidos continuam a apontar para o facto das correlações mais

elevadas aparecerem sempre entre o item e a escala a que pertence, cora

coeficientes significativos a p<0.01 e quase sempre superiores a 0.50.

Como excepções surgem os itens 3 e 57 da escaJa Promoção, cora

correlações de 0.36 e 0.44, respectivamente e de 0.43 e 0.45 com

Realização; o item 83 da escala Desenvolvimento Pessoal com uma

correlação com a sua escala de 0.46 e de 0.52 com Estilo de Vida e 0.48

com Autonomia; o item 69 da escala Interacção Social cora uma

correlação de 0.47 com a sua escala e de 0.53 com Relações Sociais; e o

item 88 cora uma correlação de 0.49 com a escala de Relações Sociais de

que faz pane, e de 0.52 com Interacção Social. Há também outros itens

em que, embora a correlação mais alia seja com a sua escala de origem, o

seu valor é inferior a 0.50. E o caso do iiem 10 da escala Estilo de Vida,

com uma correlação iiem-toial de 0.49; o item 45 da escala Económico,

com uma correlação item-total de 0.44; o iiem 73 da escala Utilização das

Capacidades com que estabelece uma correlação de 0.48; os itens 11 e 47

de Desenvolvimento Pessoal, respectivamente com correlações de 0.35,

I S O

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QUADRO N^ 6 .1 .1 .25 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE 0 3 ITENS 1 A 3 0 E AS ESCALAS 1

ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) U t i l i x a ç i o

C i p i c

R e a t i z P r o m o t l o E i U t i e e A l t r n b m o A a u r i d A u t O B O i a C r U t i v E M B Ó B Í C O

WISl .63** .24** .18** .14* .16* .11 ,06 .20** .01 WIS2 .17* .54** .30'* .08 .03 .13 .12 .10 .20** W1S3 .30** .43** ,36f* .19** .13 .12 .22** .21** .11 WIS4 .08 .12 .05 . 5 4 " .40** .01 .11 .10 .07 WIS5 .12 .02 -.05 .at* .71** -.08 -.02 .22** -.08 WIS6 .20** .15* .22** .1 .11 .56** .09 .10 .19** WIS7 .26** .20*' .22** .25** .14* ,16* .58** ,34** .18** VVIS8 . 3 1 " . 2 3 " .20** .21** .21** . 1 9 " .29** .67*' .05 WIS9 .23** . 3 2 " .53** -.04 -.15* .45** .26** .19** , 5 6 " WISIO ,23** .21** .21** .21** .12 .04 .30** .18** ,13 WISH .25** .17* .13 .13 .16* -.01 .16* .25** -.01 WIS12 .24** .10 .15* .15* .23** .02 .06 . 2 0 " .03 WISU .16* . 3 2 " .34** -.02 -.09 .27** .22** .13 .25** WIS14 . 2 1 " .18** .25** .17* .15* .21** .18** . 2 6 " .04 WIS15 .09 .14* .16* .18** .25** .22** .14* .24** .05 W1S16 .03 .14* .11 .17* .15* .03 .10 .08 .10 \VIS17 .23** . 1 9 " .25** .29** .30** .06 .22** .4t* -.01 WIS18 .11 . 1 8 " .15* . 2 3 " .20* • ,01 . 2 8 " .29** .18** WIS19 .60** . 3 5 " .31** .26** .25** .12 .21** .30** .15* WIS20 .32** . 5 3 " .44** .23** .16* .29** .21** .29** .31** VVIS21 .28** .40** . 6 5 " .11 .02 .38** .39** .30** ,43** W1S22 .19** .23** .19** .66** . 3 3 " .12 .17* .24** .12 WIS23 .22** .16» .06 .56** .74** .09 .20»* .31** -.05 WIS24 .18** . 2 1 " .44** .00 -.05 ,74** ,34** .21** .35** WIS25 .18** . 3 3 " .41** .12 .11 .41** ,69** .46** .37** VVIS26 . 3 8 " .26** .33*» .28** ,34** .12 .38** .69** .12 WIS27 .09 . 2 9 " .43** .08 -.06 .30** .31** .18** .71** WIS28 .17* .24** .31** .31** .20** ,10 .46** . 2 5 " .26** WIS29 .19** . 3 0 " .26** .19** .14* .09 .23** .21** .19** WIS30 . 2 5 " .16* .16* .20** .26** .02 .12 .25** .05

ADRO N® 6 .1 .1 .26 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE 0 3 ITENS 31 A 6 0 E AS ESCALAS 1 A 9 DA ESCALA DE VALORES WIS (N=214)

ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) U ü l i z s ç i o

C i p a c

R e « U z P r o B O ( l o C i t í t k o A i i n i i a a A s t o r í d A a t o B o n C r í j t i v CCODÍIBÍCO

WIS31 .20** .16* .34** .14* .04 .41 • • .35** .25** ,24** WIS32 .Í9** .12 .24** .22** .11 .21** .16* .28** .02 WIS33 . 2 6 " . 2 4 " . 1 9 " .24** .36** .19** .15* .26** .06 WIS34 .10 .14* .10 .21** .20** -.05 .15* .13 .17* WIS35 .22** .13 .13 .20** .29** .13 .21** .39** .15* WIS36 .09 . 2 3 " .12 .18** .13 -.03 .24** .18** .17* WIS37 .67** : .41** .31** .27** .21 *• .19** .25** .36** .07 WIS38 .38** . 5 7 " .44** .17* .12 .19** .32** .24* * .32** WIS39 .25** .44** . 6 3 " .11 -.07 .31** .29** .19** .46** WIS40 . 2 9 " . 2 6 " .14* . 8 0 " . . ,50** .05 .16* .25** .10 \VIS41 . 2 3 " . 2 3 " .12 .61** '-.80** .01 .21** .32** ,03 WIS42 .13 . 2 2 " .40** .05 .01 ,79** .43** .26* * .32** WIS43 .14* .24** .32** .24** .15* .27** .n**. .31** .28** WIS44 .34** . 2 2 " . 2 8 " . 2 2 " ,32** .21** .50** .16** .19** WIS45 .08 .17* .18** .23** .20** .08 .15* .04 .44** \VIS46 .10 .13 .23** .21** .16* ,10 .30** .19** .17* WIS47 . 3 0 " .41** .34** .13 .07 .06 .19** .12 .13 \VIS48 .16* .05 .07 .28** .21** .14* .15* .17* .09 WIS49 . 2 3 " .36** . 3 5 " .17* .10 .22** .12 .16* .32** WIS50 .11 .15* .18** .26* * .12 .18** .21'* .20** .02 WIS51 .21** .14* .19** .33** .29** ,04 .13 .25** .08 WIS52 .21*» .43** .24* * .27** ,28** .02 .12 .19** .18** VVIS53 .23** .13 .23** .05 .16* .26** .29** .39** .11 \VIS54 .06 .18** .20** .09 .11 .20* * .23** .08 .29** WIS55 . 7 3 " .42** .34** .23** .20* • .19** .17* .38** .11 WIS56 . 3 2 " .60** • .40** .29** .24** .09 .19** .17* .21** VVIS57 . 2 2 " .45** . 4 4 " .18** ,15* .20** ,19** .24** .29*' VVISS8 . 3 0 " .20** .14* .74?* .67** .03 .25** .21** .10 \VIS59 .25** .15* .03 .54** . 8 5 " .00 .12 .32** .00 WIS60 . 2 1 " . 3 5 " .45** ,09 .01 .61**. .42** .29* * .33**

181

Capítulo 5

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 7 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ITENS 61 A 9 0 E AS ESCALAS 1

ITEM C O R R E L A Ç A O I IKM-ESCALA (SEM 0 PROPRIO ITEM) U ü l i z a f l o C i p i e

R c j l i z Proooflo E f l i t i c o A l e n t i t m o A s t o r í d A S U B O B C r i J Ü v E c o a i m k o

WIS61 .13 .20** .25** .10 .08 .29** .59** .25** .30** WIS62 . 3 5 " .19** .30** .22** . 2 8 " .21** . 3 9 " .74** .15* WIS63 .07 .35** .32** .12 .01 .17* .30*» .06 .68** WIS64 .16 ' .23** .31** .34** .20** .13 .54** .28** .32** W1S65 .22 • • .21** .38** . 3 2 " .06 21** .22»* .18** WIS66 .09 .09 .11 .27** .20* • -.01 20** .15* .19** WISÍ7 .19** ,30** . 4 0 " . 2 2 " .12 . 3 1 " .35** .30* ' .37** WIS68 .04 .07 . 2 8 " .19** .20"* .13 .21** -.00 WIS69 .11 .07 .iO . 3 0 " .27** .11 . 2 6 " .20** .07 W1S70 .17* .23** .21** .37** .32** .01 .21** .25** .24** WIS71 .08 .19** .15* .25** . 2 3 " .06 .26** .39** .15* WIS72 .10 .18** .16* .25** . 1 8 " .11 .25** .16* .19** \V1S73 .48** .21** .29** .17* .12 .18** .16* .32*» .16* WIS74 .34** . 5 5 " . 3 9 " .07 .01 . 2 0 " . 2 6 " .20** .34** WIS75 .n** .29** . 5 6 " .07 .03 .42** . 2 5 " .21** .31** \VIS76 .28** .I8** .76** . 6 6 " .13 21** .31** .10 WIS77 .26** .16* .12 . 5 8 " . 7 8 " .07 .20** .36** .00 \V1S78 .13 .13 . 3 2 " .09 .02 .73** . 2 6 " .12 .29** WIS79 .23** .29** . 3 3 " .20** .15* . 3 5 " JL** .46** .24** WIS80 .34** . 3 0 " . 3 3 " . 2 6 " . 3 6 " . 2 6 " .39** .74** .16* W I S Í l .03 . 3 1 " . 3 0 " .05 -.09 . 3 1 " 28** .11 .60** WIS«2 .09 . 2 5 " . 2 6 " .17* .08 .12 . 4 1 " .18** .28** WIS83 2T* . 2 7 " . 3 5 " .19** .17* .18** .48** .31** .27** WIS84 .05 .05 .11 . 3 0 " . 2 0 " . 2 3 " .05 .10 .14* WIS85 .19** . 3 3 " . 2 9 " .04 -.01 .19** .14* .12 .24** WIS86 .08 .14* . 2 5 " .10 .07 .29* • .13 .10 .14* \VIS87 .21*« .15* .15* .27** . 2 9 " .08 26** .28** .08 WISSS .12 .08 .07 . 2 6 " . 2 3 " .09 27** . 2 3 " .14* WIS89 .13 .12 . 2 2 " . 2 6 " .18** .14* .40** .34** .20** WIS90 .13 .23** . 2 3 " . 2 1 " . 2 2 " .15* . 1 8 " .19** .34**

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 8 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ÍTENS 1 A 3 0 E AS ESCALAS

ITEM C O R R E L A C À O ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) Citíl» de Vida

0 « s c n v . P c S M t i

Aetív. Fbica

Pr(*ü|M R i M O l a u n c SMUI S«cbb

Variedade Cend. Trabalho

WISl .02 .23** .13 .11 -.00 .16* .05 .09 -.00 WIS2 .12 .14* .03 .24** .07 .06 .12 .14* .12 WIS3 .17* .28** .09 .22** .13 .12 .11 .19** .12 WIS4 .24** .19** .08 -.06 .06 .15* .15* .11 .16* WIS5 .07 .13 .17* • -.04 .00 .26** .22** .17* .14* WIS6 -.06 -.06 .13 .21** .22** .17* .02 .08 .13 WIS7 .35** .29** .13 .21** .12 .07 .13 .22** .17* WIS8 .11 ,18** .21** .21** .21** .19** .11 .35** .06 WIS9 .20** .18** .03 .36** .09 -.00 .09 .13 .11 WISIO .49** .33** .07 .11 -.00 .07 .18** . !4* .18** W I S H .14* .35** .02 -.01 -.01 .15* .11 .14* .12 WIS12 .09 .13 .67** .16* .16* .14* ,05 .18** .08 WIS13 .03 .09 .16* .70** .21** .06 .07 .18** .17* VVIS14 .05 .05 .23** .18** . 7 0 " .13 .08 .23** .06 WIS15 .02 .20** .26** .09 .18** .64** .35** .29** .23** \VIS16 .25** .23** .12 .04 -.02 .34** . 5 1 " .24** .10 WIS17 .25** .31** .23** .23** .24** .37** .29** .64** .17* WIS18 .29** .34** .19** .18** .11 .26** .26** .29** .70** WIS19 .25** .34** .13 .19** .07 .12 .13 .22** .17* WIS20 .17* .27** .13 .32** .19** .17* .18** .18** .25** WIS21 .31** .34** .15* .42** . 2 4 " .20** .14* .29** .18** WIS22 .28** .25** .25** .19** .22** .32** .36** .26** .16* WIS23 . i l .26** .26** .03 .18** .36** .31** .33** .16* WIS24 .11 .12 .08 .29** .15* .10 .04 .14* .04 WIS25 ,33** .31** .10 .24** .15* .23** .14* .28** .20** WIS26 .29** .30** . 1 9 " .18** .19** .23** .16* .40** .14* VVIS27 .30** .19** .14* .36** .07 .07 .23** .23** .22** WIS28 .66** .37** .11 .12 .14* .15* .26** .30** .13 WIS29 .26** .56** .18** .12 .06 .24** .17* .24** .23** WIS30 .13 .22** .69f* .20** .14* .16* .11 .23** .10

182

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 9 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 E AS ESCALAS

I T E M C O R R E L A Ç Ã O r i EM-ESCALA (SEM O PRÓPRIO ITEM) Cttílo dc Vidi

Daeov. Pctwil Activ. Ftiic» Prctti|io Risco lato-ic SocUI RdifSci Sociiii Variedade Cond. Trabalhe WIS31 .15* .13 .16* . .58** . .25** .07 .00 ,28** .18** WIS32 .02 -.00 .24** .23** .77** .18** ,08 .26** .08 WIS33 .07 .29** .21*' .15* .17* ,.68** . ,35*' .28** .17" WIS34 .22** .I7« .08 .05 -.05 .34** .59** ,24** .17* WIS35 .21** .22** .2I** .18** .14* .30** .27** .60** .20** WIS36 .15* .24 .15* .20** .08 .21** .22** .21** . .69** WIS37 .20** .41** .19** .14* .16* , 2 1 " .11 .16* .12 WIS38 .25** ,41** .08 .26** .14* ,18** .18** .16* .14* \VIS39 .23** .27** .04 .31** .13 .18** .17* ,15* .18** W1S40 .16** .30** .33** .16* .24** .32** .39** .30** .11 WIS41 .26** .30** .33** .10 .19** .37** .30** .31** .26** WIS42 .20** .17* .06 .33** .26** .20** .02 .21** .11 WIS43 .5s** .34** .17* .27** .13 .23** .21** .38** .30** WIS44 .29** .33** .14* .26** .26** .32** .29** .49** .26** WIS45 .14* .17* .25** .21** -.02 .16* .22** .09 .21** \VIS46 .54.** .24** .17* .07 .05 .17* .21** ,25** .22** WIS47 .23** •-43**-; -.03 .16* -.01 .14* ,26** .18** ,07 \VIS48 .14* .15* ;;65** .21** .29** .22** .18** .27** .16* WIS49 .14* .28** .19** -.60** : .10 ,16* .20** .15* .11 WIS50 .14* .14* .21** .25** .66** ' .17* .17* .24 • • .09 WISSl .25** ,28** .23** .11 .I8** .66** .53** .43** .20** WIS52 .21** ,40** .15* .29** .16* .43** ,54** .31** ,39** WIS53 .23** .26** .19** .19** .20** .32** ,29** ".61Í* .08 WIS54 .22** .20** .07 .17* .04 .17* ,08 .11 ,64*t WIS55 .17* .32** .19** ,24** .15* .14* .13 .17* ,16* \V1S56 .26** .38** .18** .21** .16* ,16* .24*' .14* .24** WIS57 .23** .28** .18** .20** .10 ,2!** .29** .20** .22** VVISS8 .30** .30** .36** .13 .25** .34** ,27** .22** .28 '* WIS59 .21** .25** .29** .01 .14* .40** ,32** .33** ,18** WIS60 .26** .25** .05 .39** .16* .11 .06 .19** .09

QUADRO N® 6.1.1.30. CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ITENS 61 A 9 0 E AS ESCALAS

I T E M C O R R E L A Ç Ã O ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) Eitilo de Vida

OeMDv. Pewoal Actív. Fbiea

Preiücio RÍKO [Bterie SMÍII ReUtiet SociiU

Variedade C«ad. Tribilbo WIS61 .42** .31** .10 .20** .10 ,16* .21** .17* ,14* VVIS62 .26** .35** .32** .23** .23** ,34** .22** .60** .28** WIS63 .28** .22** .10 .29** -.02 .06 .21** ,03 .37** WIS64 ,68** .52** .23** .23** .04 .21** . 2 5 " .21** .24** WIS65 .35** .57** , ,26** .15* .08 .31** .29** .2\** .26** \VIS66 .29** .26** .36** .11 .08 .21** .26** .26** .19** WIS67 .21** .28** .20** ,25** ,15* .18** .26** .26** \VIS68 ,09 .11 .24 ** .21** ,75** ,19** ,15* ,19** .11 WIS69 ,31** .29** .15* .13 ,12 -.47** .53** ,40** . 2 5 " VVIS70 ,29** .21** .09 ,10 .10 .42** •,68** ,36** .25** WIS71 .22** .21** .23** ,15* .13 .37** .35** .52**: ' ' .22** WIS72 .20** .25** .18** .24** .12 .21** .25** .20** . ,7.4** W1S73 .12 .20** .17* .24** ,21** .24** .23** .28** .03 WIS74 .28** ,30** .00 .26** -.01 .11 . 2 3 " ,12 .12 WIS75 .21** .26** ,11 ,34** .29** .07 .05 .14* .09 WIS76 .29** .28** .37** .14* .26** ,33** .31** .29** .28** \VIS77 .26** .24** .30** .09 ,19** .34** .31** .28** .19** WIS78 .06 .09 .16* .21** .31** .13 -.01 .13 .10 WIS79 .44** ,43** .14* .21** ,28** .30** .22** ,42** .35** WIS80 .26** .32** ,16* .17* .19** .28** .21** .46** . 2 0 " WIS81 .21** .I9** .01 ,16* .08 .05 .14* .12 .16* \VIS82 .58** .38** .15* .16* .10 ,25** .25** .21** .23** WIS83 .52** . .46** • .22** .32** ,16* .28** .30** .34** .21** WIS84 .05 ,05 .49** - .13 .35** .22** ,05 .10 .12 \VIS85 .12 .21** .17* ,60** .10 .19** .19** ,17* .29** WIS86 .06 .11 .20** .09 .56**- ,13 .06 .18** ,07 VVIS87 .20** .28** .16* .14* .08 .60** • .38** .42** .28** WIS88 .23** .24** .20** .15* .21** ,52** .49** , .38** .13 \VIS89 .32** .23** .18** .22** .21** .39** .37** , 5 1 " .28** WIS90 .21** .21** ,13 .24 • • .05 .21** .34** ,22**

183

Capítulo 5

0.43 e os itens 66 e 84 da escala Actividade Física com 0.36 e 0.49,

respectivamente. Em todo o caso, os coeficientes encontrados continuam

a considerar-se satisfatórios, sendo sempre superiores a 0.30.

As correlações encontradas entre cada item e a escala a que

pertence variam entre 0.48 e 0.73 para Utilização das Capacidades, entre

0.53 e 0.60 para Realização, entre 0.36 e 0.65 para Promoção, entre 0.54

e 0.80 para Estético, entre 0.71 e 0.85 para Altruísmo, entre 0.56 e 0.79

para Autoridade, entre 0.58 e 0.71 para Autonomia, entre 0.67 e 0.76 para

Criatividade, entre 0.44 e 0.71 para Económico, entre 0.49 e 0.68 para

Estilo de Vida, entre 0.35 e 0.57 para Desenvolvimento Pessoal, entre

0.36 e 0.69 para Actividade Física, entre 0.58 e 0.74 para Prestígio, entre

0.56 e 0.77 para Risco, entre 0.47 e 0.68 para Interacção Social, entre

0.49 e 0.68 para Relações Sociais, entre 0.51 e 0.64 para Variedade e

entre 0.52 e 0.74 para Condições de Trabalho.

6.1.2. Intercorrelações das escalas

Foram também calculadas as intercorrelações das dezoito escalas

que constituem a Escala de Valores WIS. Os dados obtidos são

apresentados no Quadro n® 6.1.2.1. O algarismo das unidades foi omitido

e é sempre igual a 0.

Dos resultados obtidos, salienta-se a correlação mais alta (0.67)

entre as escalas Altruísmo e Estético, seguida da correlação entre

Interacção Social e Relações Sociais (0.63) e entre Promoção e

Realização (0.60). Já inferior a 0.60 mas ainda com valores muito altos,

segue-se a correlação entre Estilo de Vida e Autonomia e Variedade e

1 8 4

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

Criatividade (0.59). As escalas Desenvolvimento Pessoal e Estilo de

Vida, Interacção Social e Variedade, Económico e Promoção e

Autonomia e Criatividade também apresentam coeficientes de correlação

elevados (respectivamente 0.53, 0.52, 0.51 e 0.50).

QUADRO 6 . 1 . 2 . 1 • [NTERCORRELAÇÕES DAS ESCALAS ( N = 2 1 4 ) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 i 3 14 15 >6 17 1 8

1 . 4 6

} .41 . 6 0 4 . 3 0 . 2 6 .19

S .26 . 1 8 .07 » . 6 7

( . 2 2 . 2 7 . 4 1 . 0 9 / . 0 2 / 1 7 . 2 6 . 3 5 .42 . 2 5 . 1 8 . 4 0

• . 44 .31 .37 . 3 1 . 3 9 . 2 5 . 5 0

. 1 5 .41 .51 . 1 3 . 0 3 » . 3 9 . 3 7 .17

I I .21 .33 . 3 9 . 3 6 . 2 3 . 1 5 . 5 9 .31 . 34

I I . 4 2 . 46 .44 . 3 5 . 2 9 . 1 5 . 4 7 . 3 8 . 2 8 . 5 3

12 .23 ,13 . 1 1 . 3 7 . 3 3 . 1 3 . 1 8 . 26 . 16 .21 . 2 4

13 . 2 7 .41 .48 . 1 5 . 0 5 ^ . 3 9 . 3 3 .27 . 3 9 . 2 0 . 2 7 . 24

14 . 1 7 . 1 7 . 3 0 2 1 . 1 7 . 2 9 . 2 1 . 2 8 . 0 6 ' . 10 ' .11 . 3 2 . 26

I S . 2 5 .21 .22 3 1 . 4 2 . 1 1 . 2 7 .35 10 . 2 5 . 3 9 .31 . 1 8 .21

U . 1 9 .29 .21 . 3 9 . 36 .03» . 2 7 .27 . 2 5 . 3 6 . 3 9 . 2 0 . 1 8 . 1 5 . 6 3 17 . 26 .23 . 2 9 . 3 1 3 5 . 1 9 4 1 . 5 9 .17 . 36 . 3 9 .31 . 2 9 . 2 9 . 5 2 .47

II . 1 3 .27 .23 . 26 .23 . 1 2 . 3 2 .24 . 3 2 , 2 9 . 34 . 1 9 . 2 8 ,11 . 3 2 . 3 0 . 2 8

1. Utilizaç^ das Capacidades 2. Realização 1 PrptDOçflo 4. Estéüco 5. Altruísmo 6. Amorídade 7. Autonomia S.Chuividade 9. Económico 10, Estilo de Vida 11. Desenvolvimenio Pessoal 12. Actividade Física 13. Prestigio K.Risco 15. Interacção Social 16. Relações Sociais 17. Variedade 18. Coodições de Trabalho Os valores superiores a 0.14 são sigiüfícaãvos 8 p<0,0S Os valores iguais ou superiores a 0. IS s io significatívos a p<0.01

A comparação com outros estudos com adultos (Duarte, 1993;

Rafael, 1992) toma m'tida a grande semelhança dos resultados

encontrados. Como se pode verificar pela análise dos dados, nos casos

em que não há coincidência com os elementos encontrados neste estudo,

os coeficientes que correspondem à correlação^ entre essas escalas,

embora não superiores a 0.50, assumem valores muito próximos,

definindo correlações também elevadas.

6.1.3. Análise em componentes pr íncípais

Foi também efectuada uma análise em componentes principais

com rotação varimax da matriz sobre as dezoito escalas, emergindo 5

componentes principais que, no conjunto, explicam 63.84% da variância B I B L I O T E C A )

85

Capítulo 5

dos resultados. Os resultados encontrados estão sintetizados nos Quadros

n° 6.1.3.1 a6.1 .3 .3 .

QUADRO N^ 6.1.3.1.ESCALA DE VALORES W I S • MATRIZ DOS FACTORES CN=2 14) ESCALAS F A C T O R

1 F A C T O R

2 F A C T O R

i F A C T O R

4 FACTOR

5 Utilização Capac idades 0.55 -0.05 -0.19 0.60 0.03

Real ização 0.62 -0.33 0.09 0.36 •0.24 P r o m o ç i o 0.66 -0.50 -0.08 0.12 •0.58

estét ico 0.58 0.46 -0.08 0.17 •0.31 AJtruisnio 0.50 0.62 -0.11 0.20 •0,16 Auto r ídade 0.44 •0.48 -0.35 -0.20 •0.08 Autonomia 0.67 •0.21 0.16 -0.10 0.39

Cr ia t iv idade 0.66 0.10 -0.19 0.12 0.46 Ecoaóinico 0.50 •0.51 0.23 -0.21 -0.28

Estilo de Vida 0.62 -0.03 0.42 0.02 0.17 Desenvolvi me 0 to Pessoal 0.69 0.01 0.32 0.25 0.07

Actividade Física 0.46 0.25 . -0.35 -0.12 -0.27 PrejtÍEio 0.54 •0.40 •0.20 -0.16 -0.22

Risco 0.40 0.02 -0.64 •0.21 0.00 l a t e r a c ç i o Social 0.61 0.42 0.04 -0.26 0,00 Relações Sociais 0.58 0.35 0.30 -0.24 •0.11

Var iedade 0.67 0.25 -0.07 -0.24 0.37 Condições T r a b a l h o 0.50 0.02 0.28 -0.29 -0.27

O 1® factor com um eigenvalue igual a 5.98 explica 33.24% da

variância total dos resultados. O 2® factor tem um eigenvalue de 2.08 e

explica l i . 5 4 % da variância dos resultados. O 3® factor tem um

eigenvalue de 1.33, explicando 7.38% da variância dos resultados. O 4®

tem um eigenvalue de 1.09 e explica 6.07% da variância dos resultados.

O 5° factor, com um eigenvalue muito próximo' de 1 (1.01), explica

5.61% da variância dos resultados.

QUADRO N^ 6.1 •3.2.ESCALA DE VALORES WIS - MATRIZ DOS FACTORES RODADA(N=2 14) E S C A L A S F A C T O R FACTOR

2 F A C T O R

3 F A C T O R

4 F A C T O R

5 Utilização Capac idades 0.72 ' 0.19 0.12 0.79 0,18

Real ização 0.55 - 0.15 0.00 0.59 0.09 P r o m o ç i o 0.61 - -0.02 0.25 0.45 0.26

Estético 0.07 0.76 0.08 0.30 0.08 Al t ru ísmo -0.15 0.76 0.06 0.27 0.14 Auto r idade 0.43 -0.17 0.55 0.14 0.24 Autonomia 0.36 0.01 0.07 0.17 0.72

Cr ia t iv idade -0.03 0.18 0.28 0.37 0.68 Económico 0,82 • 0.01 0.03 0.04 0.12

EstUo de Vida 0,37 0,22 -0.25 0.18 0.57 Desenvolvimento Pessoal 0.34 0.31 -0.21 0.42 0.46

Actividade Física 0 . i2 0.53 0.42 0,08 0.03 Prest igio 0.60 • 0.06 0.41 0.16 0.10

Risco 0.05 0.21 0.73 0.07 0.14 In te racção Social 0.12 0.62 0.12 -0 .09- 0.44 Relações Sociais 0.28 0.61 -0.12 -0.11 •0 .38

Va r i edade 0.05 0.36 0,25 0.00 0.72 Condições T r a b a l h o 0.52 • 0.40 -0.06 -0,13 0.20

1 8 6

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Util izados

QUADRO N* 6.1.3.3. ESCALA DE VALORES WIS - EíCESVALUES E VARL^CL\ EXPLJCADA(N=J

CompoDcote Prínciptl

Ligenvalue UVarlUcU Explicada

"!;jcVar{locU Explicada Acumulada

1 33.24 33.24 2 2.08 n.54 44.7IÍ i 1.33 7.38 52.16 4 I.M 6.07 58.JJ 5 I.OI 5.61 63.84

O r factor é essencialmente definido pelas escalas Realização,

Promoção, Económico, Prestígio, e Condições de Trabalho. O 2® factor

agrupa as escalas Estético, Altruísmo, Actividade Física, Interacção

Social e Relações Sociais. O 3° factor define-se a partir das escalas

Autoridade e Risco. No 4® factor as escalas com mais elevadas saturações

são Utilização das Capacidades e Realização (embora qualquer delas

também tenha uma saturação alta no factor 1). O 5® factor defme-se a

partir das escalas Autonomia, Criatividade, Estilo de Vida e Variedade. O

Quadro n® 6.1.3.4. sintetiza estes dados.

Utilizando as designações de Sverko (1995) referidas no capítulo

2, ponto 2.3, e embora decorrentes de uma maioria de estudos com

adolescentes, poder-se-á considerar que, na generalidade, o 1® factor

defme-se basicamente a partir de valores de Orientação Utilitária, o 2® a

partir de valores de Orientação Social, o 3® de valores de Orientação para

a Aventura, o 4® de Orientação para a Auto-Actualização e o 5® de

orientação para a Expressão Individual. Utilizando as designações com

que Coetsier & Claes (1995) descreveram também os 5 factores

encontrados numa amostra que incluía adultos, poder-se-ía dizer que o 1®

factor é um factor de Progresso Material na Carreira, o 2®, um factor de

Orientação para o Grupo, o 3® um factor de Desafio, o 4®, um factor de

Auto-Realização e o 5®, um factor de Autonomia. Contudo, as

designações de èverko (1995) parecem preferiveis por caracterizarem os

87

Capítulo 7

factores com expressões mais abrangentes e menos susceptíveis de se

confundir com as próprias escalas da Escala de Valores WIS.

QUADRO N" 6.1 •3.4.FACTOR£S ENC0NT?. \D0S E ESCALAS QUE OS DErtSEM ( N = 2 {4) Factores e o c o o m d o s A d s J t o s ( A d m i A Ú r r a r i v o s e

Lictociadoa em Cat io / IcoDomia)

Factor l Económico" (Utilizaçio das Capacidades)*'

P romoção" Prestigio* "

(Idealização)* Coodições de Trabalho*

Factor 2 Estético** Aluuísroo*"

Interacção Soc ia l " RelaçíVs Soc ia i s" Actividade Física*

Factor J Autoridade* R i s c o "

Factor 4 ( L ' â i Í 2 a ç ã o d a s C a p a c i d a d e s ) * *

(RealizaçSo)* Factor 5 Autotiotnia**

V a r i e d v l f " Criatividade" Esttlo de Vida*

( ) escala com f^nrrrw;^ cíevada an aaais do que I faaor

Comparando com os estudos com adultos realizados por Rafael

(1992) e por Duarte (1993) encontra-se, no presente trabalho, uma

estrutura em 5 factores - tal como Rafael encontrara na amostra de

professores (1992) e não uma estrutura em 4 factores como em Duarte

(1993). Contudo, a composição dos factores apresenta maiores

semelhanças com Duarte (1993). O l" factor é semelhante nos três casos,

agrupando valores de Orientação Utilitária. O 2° factor encontrado neste

estudo é semelhante ao factor 2 encontrado por Duarte (1993) e tem

alguma correspondência com o 4® factor encontrado por Rafael,

configurando um factor de Orientação Social. O 3° factor encontrado no

presente estudo tem alguma correspondência com o factor 4 que Duarte

encontrou no seu esrudo com profissionais de diversas áreas numa

empresa industrial e o factor 5 que Rafael encontrou na amostra dos

professores, podendo ser coosiderado um factor de Orientação para a

Aventura. O 4° factor deste estudo parece ser um factor de Auto-

1 8 8

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

Actualização, não encontrando uma correspondência directa com

qualquer dos factores dos outros dois estudos portugueses, mas revelando

alguma semelhança com o factor 2 de Sverko (1995) e com o factor de

Auto-Realização de Coetsier & Claes (1995). O 5° factor - um factor de

Orientação para a Expressão Individual - corresponde ao factor 3 de

Duarte e. de alguma forma, aos factores 2 e 3 do estudo de Rafael (1992).

Embora não haja uma correspondência directa entre a estrutura factorial

encontrada nesta análise e nos estudos de Duarte e Rafael, a semelhança é

maior com os dados de Duarte (1993), baseados numa amostra muito

diversificada de adultos trabalhadores e ainda maior com os dados

obtidos por Sverko (1995) e por Coetsier & Claes (1995). A amostra

utilizada por Rafael é bastante distinta da que aqui se utilizou a vários

m'veis: a área em que os trabalhadores desempenham a sua profissão é

muito diferente nos dois casos já que se está a comparar professores com

gestores/economistas ou com administrativos. Além disso, no caso de

Rafael a maioria dos sujeitos, embora adultos, ainda não estavam a

trabalhar. Qualquer destes aspectos pode ter implicações na forma como

os sujeitos hierarquizam os valores.

6.1.4. Síntese

Os dados recolhidos revelam coeficientes de consistência interna

elevados em todas as escalas da Escala de Valores WIS com alfa de

Cronbach entre 0.73 e 0.81. A análise dos itens também mostra que, na

maioria dos casos, os itens apresentam a correlação mais elevada com a

89

Capítulo 6 '

escala a que pertencem, mesmo quando o cálculo é feito com o somatório

das escalas sem o próprio item.

A análise em componentes principais com rotação varimax da

matriz encontra componentes semelhantes quer aos cinco factores

referidos por Sverko (1995), em resultado do estudo de diferentes

amostras dos países participantes no projecto WIS, quer aos encontrados

em estudos realizados noutros países com amostras de adultos (por

exemplo, Coetsier & Claes, 1995). Há também algumas correspondências

com dados encontrados em Portugal por Rafael (1992) e por Duarte

(1993), embora a coincidência não seja total.

De um modo geral, os resultados recolhidos com estas amostras

vão no mesmo sentido que os obtidos em estudos anteriores em Portugal,

- quer com outros grupos etários (Duarte, 1984; Marques, Miranda, Pinto

& Afonso, 1984; Teixeira, 1988, 1995), quer com adultos de outros

grupos profissionais, (Duarte, 1993; Rafael, 1992), confirmando as

qualidades métricas deste instrumento de medida dos valores.

6.2. E s t u d o p s i c o m é t r i c o d a a d a p t a ç ã o p o r t u g u e s a d o N E O - F F I

Como atrás se referiu, os dados dos 214 sujeitos foram

considerados uma única amostra para o estudo da adaptação portuguesa

do NEO-FFI, tendo em conta que a constituição de subgrupos, por sexo e

por habilitações literárias, defmiria subamostras cuja dimensão não seria

suficiente para a aplicação de alguns métodos estatísticos, nomeadamente

no que diz respeito ao estudo factorial do instrumento.

1 9 0

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

Como também já foi referido, o NEO-FFl é uma versão reduzida

do NEO-PI-R, de que fazem parte todos os seus itens. Estes itens foram,

assim, estudados, por Lima {no prelo) na adaptação portuguesa que fez

deste instrumento, com uma amostra total de 2000 sujeitos. Em todo o

caso, considerou-sè que poderia ter interesse analisar os dados obtidos

por esta amostra, uma vez que o NEO-FFI nunca tinha sido aplicado a

populações portuguesas, sendo discutível se nestas condições, manterá as

propriedades da versão americana original ou da versão portuguesa

integral. Como já se referiu, as escalas do NEO-FFI, versão original,

apresentam valores de garantia e de validade já inferiores aos obtidos

com a escala total.

No sentido de recolher alguns dados relevantes para o estudo

desta prova, fez-se um estudo da garantia e uma análise de itens, uma

análise das intercorrelações entre as escalas e uma análise em

componentes principais, de modo a recolher dados sobre a estrutura

factorial do instrumento e ainda sobre a sua validade de construção.

6.2.1. Estudo da garan t ia e anál ise de i tens

Em relação aos 12 itens de cada uma das cinco escalas,

calcularam-se as correlações item-escala e as correlações corrigidas entre

cada item e o total da escala sem o próprio item. Calcularam-se ainda,

para cada escala, o coeficiente alfa de Cronbach para a escala total e se

cada um dos seus itens for eliminado.

Da escala Neuroticismo, fazem parte os itens 1,6, 11, 16, 21, 26,

31, 36, 41, 46, 51 e 56. Os dados encontrados são sintetizados no Quadro

n ° 6 . 2 . 1 . 1 .

91

Capítulo 7

Todos os itens apresentam correlações significativas a p<0.05,

quer com o total da escala quer com o total da escala sem o próprio item.

As correlações item-total variam entre 0.33 para o item 1 e 0.67 para os

itens 6 e 21. As correlações corrigidas atingem um mínimo de 0.16 em

relação ao item 1. Todos os outros coeficientes são superiores a 0.30,

com um máximo de 0.59 no caso do item 6.

O alfa de Cronbach é de 0.81. Só no caso do item 1, a sua

eliminação, poderia beneficiar a consistência interna da escala, uma vez

que o alfa passaria a ser 0.83. A eliminação de qualquer dos outros itens

não altera (no caso do item 56) ou, pelo contrário, faz diminuir o

coeficiente.

De acordo com esta análise, pode-se considerar a consistência

interna da escala satisfatória, embora os dados sugiram que o item 1

poderia ser retirado ou reformulado.

QUADRO N® 6.2. I . I .ÍNDICES DE PRECISÃO REFERENTES À ESCALA N (N=214) ESCALA N E U R O T I C I S M O

Alfa de Croabacb para a escala» 0.81

N* item Cor re laç io item-lotal

C o i r e l a ç i o iteiD-total

corrigida (sem 0 própr io

item)

Alia se 0 item for elimioado

I T E M 1 0 . 3 3 " 0.16- 0.83

r r E M 6 0 . 6 7 " 0 . 5 9 " 0.78

r r E M i i 0 . 5 7 " 0 . 4 5 " 0.80

FTEM 16 0 .66 ' 0.57* 0.78

I T E M 21 0.67** 0.57** 0.78

I T E M 26 0 . 6 5 " 0 . 5 6 " 0.79

I T E M 31 0.61 • • 0.5 ! • • 0.79

I T E M 36 0.48* 0.35* 0.80

r r E M 4 1 0.65* • 0.57** 0.79

I T E M 46 0.54" • 0 . 4 4 " 0.80

r t E M S l 0.59* • 0 . 5 1 " 0.79

I T E M 56 0.52*' 0 . 3 7 " 0.81

'significativa a p<0.05 ••significativa a p<0.01

Comparativamente com os dados obtidos a partir da aplicação a

uma amostra de 2000 sujeitos da adaptação portuguesa do NEO-PI-R (de

onde foram retirados todos os itens que constituem a versão reduzida), os

1 9 2

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

resultados encontrados são muito semelhantes, como se pode ver no

ponto 3.3. Na versão integral, a escala de domínio N apresenta um

coeficiente alfa de Cronbach de 0.85 (Lima, comunicação pessoal).

Também os itens correspondentes aos itens do NEO-FFI se revelam todos

satisfatórios, com excepção do item 1 que é também o único a apresentar

uma correlação item-total corrigida inferior a 0.20 (também 0.16) -

Quadro 3.3.1. (pág. 113). Contudo, neste caso, a eliminação do item não

aumentaria o coeficiente alfa de Cronbach. Este item pertencente à faceta

NI - Ansiedade • estabelece com o total da escala de faceta de que faz

parte uma correlação corrigida de 0.21.

Em relação à escala de Extroversão foi feito o mesmo tipo de

tratamento estatístico. Os dados são apresentados no Quadro n® 6.2.1.2.

QUADRO N* 6 . 2 . 1 . 2 . ÍNDICES DE PRECISÃO REFERENTES À ESCALA E E S C A L A E X T R O V E R S Ã O

Alfa de Croobacb pa ra a escala- 0.64

N* ilcm C o r r e l a ç i o ítem-toCal

C o r r e U ç l o ítcm-total corrigida

(sem 0 própr io item)

Alfa s í 0 item for eliminado

r n : M 2 0 . 5 7 " 0 . 4 0 " 0.59 F F E M ? 0.42** 0 . 2 5 " 0.62

r r i M 12 0 .3 l«* 0.09 0.66 I T E M l ? 0 . 5 0 " 0 . 3 9 " 0.60 ITEM 22 0.47** 0 . 3 5 " 0.61 ITEM 27 0.47** 0.28* • 0.62 n X . M 3 2 0.46* • 0 . 2 9 " 0.62

n X M 37 0.57** 0.46" • 0.59 r r E M 4 2 0.57** 0 . 3 8 " 0.59 FTEM 47 0 ,37* ' 0.22 • • 0.63 r r E M 5 2 0 .55* ' 0.46* • 0 6 0 FFEM 57 0.34 • • 0.10 0.66

[ N = 2 1 4 )

'significativa a p<0.05 "s ígnif ícauva a p<0.01

A escala Extroversão apresenta coeficientes de consistência

interna mais baixos que os da escala Neuroticismo. O coeficiente alfa de

Cronbach é 0.64, resultado ainda satisfatório embora nâo'muito elevado.

No caso da forma completa do instrumento, Lima (comunicação pessoal)

193

Capítulo 7

encontrou um coeficiente alfa de Cronbach para a escala de domínio E

mais elevado, de 0.80.

Embora, no caso desta escala, todas as correlações item-total da

escala sejam significativas a um nível de significância inferior a 0.05, as

correlações corrigidas apresentam resultados não significativos no caso

do item 12 com 0.09 e do item 57 com 0.10. Os restantes coeficientes

variam entre 0.22 (item 47) e 0.46 (itens 37 e 52), sendo portanto todos

aceitáveis de acordo com o critério de Kline (1986) que refere 0.20 como

mínimo aceitável. São também os itens 12 e o 57 os únicos cuja

eliminação faz elevar o alfa de Cronbach de 0.64 para 0.66. Estes dados

sugerem que estes dois itens deveriam ser reformulados ou retirados para

melhorar as características metrológicas da escala.

A comparação com os dados obtidos para os itens

correspondentes do NEO-PI-R (apresentados no Quadro 3.3.2., pág. 113)

mostra grandes semelhanças com os dados aqui obtidos. Os itens 147 e

162 do NEO-PI-R (correspondentes, respectivamente, ao item 12 e ao 57

do NEO-FFI) apresentam cora o total da escala E uma correlação

corrigida de 0.02 e de 0.11, respectivamente. Como se verifica pela

análise do Quadro 3.3.2. (pág. 113), na versão integral, o item 67

(correspondente ao item 27 do NEO-FFI) tem também uma correlação

corrigida item-total inferior a 0.20 (0.18), o que não acontece no presente

estudo. Alguns destes três itens apresentam resultados mais satisfatórios

na correlação com a faceta a que pertencem. De facto, o item 162 de E3 -

Assertividade (correspondente ao 57 do NEO-FFI) e o item 67 de E2 -

Gregariedade (correspondente ao 27 do NEO-FFI), estabelecem com a

1 9 4

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

escala de faceta de que fazem parte, uma correlação corrigida de 0.21 e

0.27. respectivamente. Apenas o item 147 que pertence a E6 - Emoções

positivas (correspondente ao 12 do NEO-FFI), estabelece também uma

correlação muito baixa com a sua escala de faceta.

Os resultados obtidos para a escala Abertura à Experiência (O)

estão sintetizados no Quadro n® 6.2.1.3.

ESCALA ABERTUBA À EXPERtÊNOA (0 ) A l í i de Cronbach p a n a escala» 0.5S

N* item C o r r e l a ç l o item-total

CorreUçio item-total

corrigida (sem 0 próprio item)

Alfa se 0 item ror eliminado

ITEM 3 0 . 3 1 " 0.09 0.56

r r E M 8 0.25^* 0 0 3 0 5 7

rTE.M 13 0.44* • 028** 0 5 2

fTE.M 18 0 .37* ' 0 2 2 " 0 5 3

r T E M 2 3 032*^ 0.50

r r E M M 0 . 3 7 " 017* 0.54

r T E M 3 3 0.43 • • 026* • 0.52

r f E M J S 0 0 0 0.59

r r E M 4 3 0 . 6 9 " 0.44

rTEM48 0.48^* 0.30'* 0 5 !

n x M S J 0 . 2 9 - 0 5 4

r r E M S s 0 5 6 ' » a39^* 0 4 8

•sigaificaiiva a p<0.05 ••significativa a p<0-01

Esta escala surge com o mais baixo alfa de Cronbach das cinco

escalas que constituem o NEO-FFI, com um valor de 0.55. Isto não se

verifica na versão integral em que Lima (comunicação pessoal) encontra,

para a escala de domínio O do NEO-PI-R, um coeficiente alfa de

Cronbach de 0.85 (Lima, comunicação pessoal). Contudo, não se pode

deixar de ter em conta que, no caso do NEO-FFI, se está perante uma

forma reduzida. A análise de itens da escala O do NEO-FFI revela três

itens não satisfatórios quer, porque a sua eliminação faz elevar o

coeficiente alfa de Cronbach quer ainda porque as correlações corrigidas

item-total não são significativas. É o caso do item 3, do item 8 e do item

38 que fazem o valor de alfa subir de 0.55 para 0.56. 0.57 e 0.59,

respectivamente. Também pela mesma ordem, as correlações corrigidas

195

Capítulo 7

encontradas são muito próximas de O (0.09, 0.03 e 0.0). Os outros

coeficientes variam entre 0.17 e 0.18 para os itens 28 e 53 - também

inferiores ao que seria desejável, embora significativos a p<0.05, e os

0.53 no caso do item 43. Pelo contrário, como se pode ver no Quadro

3.3.3. (pág. 114), os itens 93 e o item 88 do NEO-PI-R (correspondentes

aos itens 3 e 38 do NEO-FFI) são itens bastante satisfatórios,

estabelecendo cora o total da escala de domínio, uma correlação corrigida

de 0.40 e de 0.29 e com a faceta a que pertencem 0.46 e 0.26,

respectivamente. Apenas o item 78 (correspondente ao item 8 do NEO-

FFI) continua a apresentar uma correlação item-total corrigida pouco

satisfatória (0.18 com o domínio O e 0.17 com a faceta 0 4 - Acções - de

que faz parte), embora claramente superior aos 0.03 aqui encontrados.

O estudo da escala Amabilidade seguiu o mesmo tipo de fases,

sendo os dados obtidos apresentados no Quadro n® 6.2.1.4.

Q U A D R O N^ 6.2.1.4. ÍNDICES DE PRECISÃO REFERENTES À ESCALA A ( N = 2 1 4 )

ESCALA AMA Alfa de Croobacb

BILIDADE (A) para a escala* 0.61

N - l t e m Corre lação Item-total

C o r r t U ç i o item-total

corrigida (sem 0 própr io

item)

Alfa se 0 item for elimioado

r r E M 4 0 . 3 3 " 0 .19 '* 0.61 r r E M 9 0 . 3 ! " 0 . 1 9 " 0.61

r r E M u 0 . 5 2 " 0 . 3 7 " 0.57 rrEMi9 0 . 3 0 " 0.12 0.62 r r E M 24 0 . 5 2 " 0 .34" ' 0.58 r r E M 29 0 . 3 9 " 0.15* 0.63 r r E M 3 4 0 . 4 4 " 0 . 3 3 " 0.59 r C E M 39 0 . 6 1 " 0 . 4 1 " 0.56 r r E M 44 0 . 5 6 " 0.40* • 0.57 r r E M 49 0 . 3 7 " 0.25»* 0.60 r r E M 54 0 . 4 4 " 0.22* • 0.60 r r E M 59 0.46** 0.30** 0.59

*$ignificativa a p<O.OS "signif icat iva a p<0.01

A análise deste quadro sugere uma maior consistência intema

desta escala que da escala Abertura à Experiência com um coeficiente

alfa de Cronbach de 0.61. Todos os itens apresentam correlações

1 9 6

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

significativas com o total da escala. No caso das correlações corrigidas,

apenas o item 19 apresenta u m a correlação não significativa, verificando-

se ainda que a eliminação deste item aumentaria o alfa de 0.61 para 0.62,

o que sugere que este item poderia ser retirado ou reformulado com

benefício para a escala. Outros itens cujas correlações corrigidas não são

satisfatórias, de acordo com o j á referido critério de Kline (1986), embora

sejam significativas a p<0.05, são os itens 4 e 9, ambos com uma

correlação de 0.19 com o total da escala sem o item.

Contudo, a omissão da maioria destes destes itens não aumenta o

coeficiente alfa de Cronbach. Também o item 29 apresenta uma

correlação corrigida baixa - 0 .15 - verificando-se ainda que a sua omissão

poderia melhorar a consistência intema da escala, como se pode deduzir

do aumento do alfa de Cronbach de 0.61 para 0.63. Assim, de acordo

com os dados obtidos com esta amostra, os itens 19 e 29 poderiam ser

reformulados. A análise dos dados obtidos por Lima, e já apresentados no

Quadros 3.3.4 (pág. 114), para os itens correspondentes do NEO-PI-R

nem sempre confirma estas conclusões. Assim, na versão integral, o

coeficiente a é de 0.82. C o m o se pode ver no Quadro 3.3.4. (pág.l 14), os

itens correspondentes aos i tens 4 e 9 do NEO-FFl (44 e 229 do NEO-PI-

R, respectivamente), apresentam correlações item-domínio corrigidas

muilo superiores a 0.31, o que é bastante satisfatório. Também o item 19

do NEO-FFl (e 19 do NEO-PI-R) se revela satisfatório com uma

correlação de 0.30. Apenas se confirma a necessidade de rever o item 29

do NEO-FFl (64 do NEO-PI-R) que na versão integral também apresenta

197

Capítulo 7

uma baixa correlação com o total do domínio (0.06) e a sua eliminação

beneficia a consistência interna avaliada pelo coeficiente a de Cronbach.

Os dados referentes à escala Conscienciosidade são apresentados

no Quadro n° 6.2.1.5.

ESCALA CONSCIEiNCIOSroADE Valor de alfa de Croabacb para a escaJa» 0.76

N* item Correia ç io itenvtotal

Conre laç io item-iotal

corrigida (sem 0 própr io

item)

Vaior do . \ l ía se 0 item Tor

eliminado

r i E M S 0 . 5 8 " 0.47»« 0.74

r r E M 10 0 . 5 7 - 0.46* • 0.74

r r E M 15 0.55*« 0 . 3 7 " 0.75 r r E M 20 0 . 4 4 " 0 .35 '* 0.75

r r E M 25 0 . 5 j " 0.4 0.74

r rEM30 0 . 5 2 " 0.37*« 0.75

r r E M 35 0 . 4 2 " 0 . 2 9 ' • 0.76 I T E M 40 0 . 5 2 " 0.41 • • 0.74

r r E M 45 0.5 0 . 3 5 " 0.75 I T E M 50 . 0 . 6 4 " 0 . 5 5 " 0.73 r r E M 55 0.61 • • 0.49** 0.73 r r E M 60 0.49** 0 . 3 5 " 0.75

•significativa a p<0.05 " s i p i i f i c a a v a a jkO.OI I

Logo a seguir à escala de Neuroticismo, é a escala de

Conscienciosidade que aparece com os melhores coeficientes de

consistência interna, apresentando boa qualidade dos itens. Todas as

correlações (corrigidas e não corrigidas) do item com o total da escala são

significativas a p<0.05 e sempre superiores a 0.20. Praticamente todas -

com excepção do item 35 com uma correlação corrigida de 0.29 - são

superiores a 0.30. A eliminação de qualquer dos itens traduz-se numa

diminuição do valor do coeficiente alfa de Cronbach, com excepção do

item 35 em que ele se revela inalterado. O valor do coeficiente alfa de

Cronbach para a escala é de 0.76. Todos os itens parecem ser

satisfatórios. Na versão integral (NEO-PI-R) e de acordo com os dados de

Lima (comunicação pessoal), o coeficiente alfa de Cronbach assume um

valor de 0.86 e todos os itens correspondentes aos do NEO-FFI

1 9 8

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

apresentam resultados adequados na correlação corrigida item/escala

(Quadro 3.3.5, pág. 114).

De um modo geral, o estudo da garantia e a análise de itens de

cada escala revelam resultados satisfatórios embora moderados. As

escalas Neuroticismo e Conscienciosidade apresentam bons indicadores

de consistência intema sendo os seus itens na generalidade satisfatórios,

embora o item 1 da escala Neuroticismo pudesse ser reformulado. A

escala Abertura à Experiência é a que apresenta indicadores de

consistência intema menos satisfatórios, com um alfa de 0.55 e três itens

que aparentam ter pouca coerência com os restantes itens da mesma

escala. A escala Extroversão e Amabilidade surge com resultados

intermédios, embora a correlação de alguns itens com o total da sua

escala de pertença, possa também sugerir a necessidade de revisão.

As correlações dos itens com os totais de todas as escalas, para a

amostra total são apresentadas nos Quadros n° 6.2.1.6. e n° 6.2.1.7. Os

sombreados indicam a escala a que pertence cada item, facilitando a

leitura. Como se pode ver pela sua análise, cada item apresenta sempre a

correlação mais elevada com a escala a que pertence. Se, em vez da

correlação item-escala, se considerar a correlação entre o item e o total da

escala a que pertence, subtraindo o próprio item, estes resultados

mantém-se, na generalidade, como se pode observar nos Quadros n®

6.2 .1 .8 .en° 6.2.1.9.

Há, contudo algumas excepções, muitas vezes, coincidentes com os itens

que, por outros critérios, já tinham sido considerados como menos

satisfatórios. É o caso dos itens 12, 42, 47 e 57 da escala Extroversão que

199

Capítulo 7

QUADRO N* 6.2. i .6. CORRELAÇÕES EKTRE OS ITENS 1 A 3 0 DO NEO-FR E OS TOTAIS DAS ESCALAS ( N = 2 1 4 )

1 1 N 1 E O A c FFl 1 -0.01 0.11 -0.03 0.08 m -0.09 0.09 0.07 0.08 m 0 . 2 4 " -0.09 -0.06 - 0 1 8 " FF4 •0.06 0.16' -0.07 0 . 2 0 " FF5 -0.04 0.10 -0.07 0.19** 'síms^ FF6 -0.27** -0.07 -0.12 -0.18*' FF7 -0.11 -0.07 0 . 2 1 " 0.03 FF8 -0.12 0.13 0.17* 006 FF9 -0.13 0.10 -0.04 0.14'

FFIO -0.13 0 . 2 0 " •0.01 0.12 m i - 0 . 1 9 " -0.18*" -0.11 -013 FF12 -0.00 0.14* 0.12 -0.02 FF13 0.22'• -0.00 -0.03 0.00 r F l 4 •0.17' 0.12 0.04 0 2 1 " FF15 -0.13 0.02 0.06 0.06 ^msèsã FTlô - 0 . 2 5 " 0.12 -0.15* -0.16« FF17 -00.08 0.20*» 0 . 3 1 " 0.14« FF18 -0.12 0 . 2 7 " 0.15* 0.16' FF19 0.I7» -0.01 -0.03 ^ f m m 0.01 FF20 0.04 0.06 OOi 012 FF21 - 0 . 1 9 " 006 -0.18*' -0.13 FF22 •O.lô' 0.27*« •0.04 0 2 6 " ' FF73 -0.03 0.07 0.08 O.Il F F 2 4 -0 .23" 0.23'* 0.04 s s g ' c r a ^ 0.07 F F 2 5 -0.29'• 0 . 3 3 - 0.03 0.08 FF26 -0.23'* 0.07 -017" -0.24 •• FF27 -0.24" 0.25 • • 0.23** 0.07 FF28 -0.07 0.20** 004 0.12 F F 2 9 -0.34** 0.15* 0.08 004 FF30 -0.17* 0.11 0.10 0.01 nsmís^.

* signifícatíva a p<O.OS sigDíficaiiva a p<O.OI

QUADRO N® 6.2.1 .7 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 DO N E O - F F I E OS TOTAIS

1 1 N 1 E 0 A C FF31 1 - 0 . 1 9 - 0.08 -O.IO -0.15* FF32 0.00 0 . 2 5 - 0.00 0 . 2 6 -FF33 -0.08 0.15' 0.09 004 FF34 -0 .20" 0.30*' -0.08 0 2 3 -tK i5 •0.01 0 . 2 3 - 0.09 0.06 FF36 -0.14* -0.12 - 0 . 2 2 - -0 .23-FF37 - 0 2 5 - 0.02 0.39*' 0 . 3 1 -FT38 0.06 -0.08 •0 .25- -0.04 FF39 -0.06 0 . 2 6 - 0.14* wmím 0.50 FF40 0.15" 0.17* 1 0.13 FF41 -0.30* • -0.1! -0.17* • 0 2 6 -FF42 - 0 3 9 - 0.02 0.18* 013 FF43 008 0.18* 006 006 FF44 -0 .22- 1 0.14- 0.07 0.13 FF45 J 0 . 3 3 - 0.15* 0 . !7 ' mmmi FF46 - 0 . 3 6 - 0.05 -0 .19 - •0.11 7F47 • 0 1 9 - 0.06 005 0.27** FT48 -0.05 0.13 0.14* 0.11 FF49 -0.08 0.28'* 0.02 S I B ^ ^ ^ O.I9«* 1 FF50 •0.24- 0 . 2 3 - 0.05 0.19*' mKmrAi FF51 ^ • 2 8 - -0.08 •0.10 -0.20* • FT52 - 0 2 3 - 0.13 0.15' 045*-FF53 -0 .23- 0 . 2 8 - -0.02 0..10*" FF54 0.02 -0.04 -0.06 -0.06 F F 5 5 •0.15' 0 . I8* ' O.OI 0 . 2 3 - _ FF56 Ó:Õ6' " -0.I4- -0.17' FF57 • 0 2 0 - -0.01 004 011 F F 5 Í OOl 0.07 -0.05 -0.02 FF59 002 -0.02 0.05 1 0.05 FF60 -0.13 0.I8*» 0.06 1 0.03

• significativa a p<0.05 • • significativa a p<0.01

200

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QUADRO N® 6.2. L .8.CORRELAÇÔES CORRJGIDAS ENTRE o s [TENS l A 30 DO NEO-FFI E o s

N t 0 A c F T l -0.01 0.11 -0.03 o.os t K i •0.09 0.09 0.07 0.08 FF3 0 . 2 4 " -0.09 -0.06 •0.18*» F F 4 -0.06 -0.07 0.20** F F 5 •0.04 0.10 -0.07 F F 6 -0.27** -0.07 •0.12 - 0 . 1 8 " F F 7 -O.l l -0.07 0.2 ! • • 0.03 F F 8 -0.12 0.13 0.17» 0.06 F F 9 -0.13 0.10 -0.04 rmm^' 0.14*

FFIO -0.13 0.20** •0.01 0.12 F F l l . 0 . 1 9 " - 0 . 1 8 " -0.11 -0.13 FF12 -0.00 0.14^ 0 . i2 -0.02 FF13 -0.00 -0.03 0.00 FF14 -0 .17 ' 0.12 0.04 mmm: 0.21«* F F 1 5 -0.13 0.02 0.06 0.06 F F 1 6 - 0 . 2 5 " 0.12 •0.16* F H ? -00.08 0 . 3 1 " 0.14^ F F 1 8 -0.12 0.27* • 0.15* 0.16^ m 9 0.17* -0.01 -0.03 mmim 0.01 FF20 0.04 0.06 0.01 0.12 '•mm^ FF21 -0.19** 0.06 -0.13 F F 2 2 -0 .16 ' 0.27* • -0.04 0 . 2 6 " F F 2 3 -0.03 0.07 0.08 0.11 FF24 0.23** 0.07 F F 2 5 - 0 . 2 9 " 0.33* • 0.03 0.08 'mínm F F 2 6 -0.23** 0.07 •Q.2Í" F F 2 7 •0.24*« 02S** 0 . 2 3 " 0.07 FFZS -0.07 0 . 2 0 ' • 0.04 0 . i2 F F 2 9 •0.34** 0.15* 0.08 0.04 F F 3 0 -0.17* 0.11 0.10 0.01

* significativa a pO.OS ** significativa a p<0.0l

ODRO N® 6 . 2 . 1 . 9 . C 0 R R E L A Ç Ô E S CORRIGDAS ENT

O S TOTAIS DAS ESCALAS

R E 0 S I ' l h N S 3 1 A Ó O D O

' > í = 2 1 4 )

N t 0 A c F F 3 1 .0.19** 0.08 -0.10 -0.15 ' F F 3 2 0.00 0 . 2 5 " 0.00 0 . 2 6 " F F 3 3 -0.08 O.IS* 0.09 0,04 F F 3 4 • 0 . 2 0 " 0.30** -0.08 0 . 2 3 " F F 3 5 -0.01 0 . 2 3 ' * 0.09 0.06 F F 3 6 -0.14* -0.12 - 0 . 2 2 " • 0 . 2 3 " F F 3 7 -0.25** Í S S Í S I S S ^ 0.02 0 . 3 9 " 0 . 3 1 " ms 0.06 -0.08 -0.25 '* F F 3 9 -0.06 0 . 2 6 " 0.14* 0.10 r F 4 0 -0.03 0.15* 0.13 F F 4 1 •mmrn. - 0 . 3 0 " -0.11 -0 .17 ' • 0 . 2 6 " F F 4 2 •0 .39 ' • '^mmâ 0.02 0.18* 0.13 F F 4 3 0.08 0.18* 0.06 0.06 F F 4 4 -0.22* • 0.14* 0.07 0.13 F F 4 S -0.29** 0 . 3 3 " 0.15^ 0 .17 ' ^iímmÁ F F 4 6 - 0 . 3 6 " 0.05 - 0 . 1 9 ' ' i -0.11 F F 4 7 -0.19** 0.06 0.05 : 0 . 2 7 " F F 4 8 -0.05 0.13 0.14* O.ll F F 4 9 -0.08 0 . 2 8 " 0.02 0 . 1 9 " F F 5 0 -0.24 • • 0.05 0. t9** mmmíi F T S l . 0 .28 '* -0.08 -0.10 • 0 . 2 0 " F F 5 2 - 0 . 2 3 - m m m o.n 0.15* 0 . 4 5 " F F 5 3 0 . 2 8 " -0.02 FFS4 0.02 •0.04 •0.06 •0.06 F F 5 5 0 . 1 8 " 0.01 0 . 2 3 " FFS6 -0.15* 0.06 -0.14* F F 5 7 • 0 . 2 0 " -0.01 0.04 O.ll F F 5 8 0.01 0.07 -0.05 -0.02 F F 5 9 0.02 -0.02 0.05 0.05 PT60 -0.13 0.06 0.03 1

* significativa a p<O.OS ••significativa a p<O.OI

201

Capítulo 7

apresentam correlações mais elevadas com outras escalas: com Abertura

à Experiência no caso do item 12, com Neuroticismo no caso do item 42,

e com Conscienciosidade no caso do item 47 e com as escalas

Neuroticismo e Conscienciosidade, no caso do item 57. Como se verifica

no Quadro 6.2.1.2. a omissão dos itens 12 e 57 traduz-se numa

melhoria do coeficiente alfa. É ainda o caso dos itens 3 e 8 da escala

Abertura à Experiência que apresentam, respectivamente, uma correlação

mais elevada cora a escala Neuroticismo e c o m a escala Amabilidade.

Também na mesma escala, os itens 18 e 28 apresentam uma correlação

mais elevada cora a escala Extroversão do que cora a escala a que

pertencem, enquanto que o item 38 apresenta a maior correlação com a

escala A e o item 53 com C. Destes seis itens, verifica-se que só em três

casos (o item 3, o item 8 e o item 38), a sua eliminação se traduz num

aumento do coeficiente alfa de Cronbach (Quadro 6.2.1.3.). Na escala

Amabilidade, verifica-se uma correlação ligeiramente mais elevada com

a escala Conscienciosidade para o item 4, considerado satisfatório pelos

outros critérios e com a escala Neuroticismo para o item 19 cuja omissão

se traduzia numa alteração mínima e sem significado do valor do

coeficiente alfa (Quadro 6.2.1.4.). O item 29 apresenta uma correlação

tão elevada com a escala Amabilidade a que pertence, como com a escala

Extroversão e uma correlação negativa ainda mais alta com

Neuroticismo. Também o item 49 apresenta uma correlação ligeiramente

mais elevada com Extroversão do que com a escala a que pertence. Face

a outros critérios, este item revela-se satisfatório. Nas escalas

2 0 2

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

Neuroticismo e Conscienciosidade, todos os itens apresentam a

correlação mais elevada com a sua própria escala.

6.2.2. In t e rco r re l ações das escalas

O estudo das intercorrelações das escalas está sintetizado no

Quadro 6.2.2.1.

Escal* N E 0 A C

N C - 0 . 3 6 " 0 0.01 0 . 2 3 "

A •0.24 • • 0 . 3 0 " 0.05

C -0.26* • 0 . 3 3 " O.ii 0 . 2 1 "

As correlações entre as escalas oscilam entre coeficientes muito

baixos e quase nulos - caso da correlação entre a escala Abertuira à

Experiência e a escala Neuroticismo (0.01) ou Amabilidade (0.05) - e

coeficientes moderadamente elevados e significativos quer a p<0.05 quer

a p<0.01 - como no caso da correlação negativa entre a escala

Neuroticismo e a escala Extroversão com um coeficiente de -0.36. Outros

valores significativos são os que se referem à correlação entre a escala

Extroversão com a escala Amabilidade (0.30) e com a escala

Conscienciosidade (0.33). Também significativos, mas mais baixos e

negativos, são os coeficientes de correlação entre a escala Neuroticismo e

as escalas Amabil idade e Conscienciosidade (-0.24 e -0.26,

respectivamente). A escala Abertura à Experiência apresenta uma

correlação positiva e moderada com a escala Extroversão, de 0.23 e uma

correlação mais baixa com a escala Conscienciosidade (0.11). A escala

Conscienciosidade e a escala Amabilidade apresentam uma correlação

positiva e significativa a p< 0.01, de 0.21. Estes resultados são muito

203

Capítulo 7

semelhantes aos obtidos por Lima {no prelo) em relação às interrelaçôes

das escalas domínio referidas no ponto 3.3.

Estes dados podem ajudar a compreender as correlações

relativamente elevadas de alguns itens com escalas de que não fazem

parte.

Todos os resultados obtidos vão no sentido do que seria esperado

de acordo com o que cada uma das escalas se propõe medir, o que pode

indiciar uma boa validade de construção do instrumento. Contudo, far-se-

á ainda uma análise factorial da prova ao m'vel dos itens, para verificar se

surgem os cinco factores esperados de acordo com a estrutura do

instrumento. Para além de permitir acumular dados sobre a validade do

instrumento, esta análise permitirá também acrescentar dados à análise de

itens feita em 6.2.1

6.2.3. Anál ise em Componea tes Pr íncipais

A análise em componentes principais foi realizada tomando como

variáveis os 60 itens, considerando-se a amostra total (n=214).

Começaram por se encontrar 19 componentes principais com eigenvalues

superiores a 1. Contudo, um scree test revela que apenas os cinco

primeiros explicam uma proporção da variância total significativamente

maior que uma só variável. Assim, em 14 dessas componentes príncipais

apenas um ou dois itens tinham saturações elevadas.

Com base nestes dados foi depois executada outra análise em

componentes principais partindo dos 60 itens do teste, mas impondo uma

estrutura em cinco factores.

204

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

Depois de rodada a matriz pelo método varimax, e a partir da

análise dos itens com elevadas saturações em cada factor foi possível

reconhecer, em cada um destes factores, as escalas do NEO-FFl. Estes

cinco factores, com eigenvalues entre 2.46 e 7.20, justificam 31.81% da

variância total dos resultados.

Os dados encontrados estão sintetizados no Quadro n® 6.2.3.1.

Compooeote Pr íac ip i l

Eigenvalue % Varilocia Explicada

% Varíâocia Explicada Acumulada

1 7.20 )2.0 12.0

2 3.72 6.21 18.21

3 '2 .89 4.82 23.03

4 2.81 4.68 27.71

S 2.46 4.Í0- 31.81

O 1° factor, com ura eigenvalue de 7.20, explica 12% da variância

total dos resultados, o 2° com um eigenvalue de 3.72 explica 6.21%, o 3®

tem um eigenvalue de 2.89 e explica 4.82% da variância dos resultados, o

4® tem um eigenvalue de 2.81 e explica 4.68% e o 5°, cujo eigenvalue é

de 2.46, justifica 4.10% da variância dos resultados.

Pela análise dos itens que saturam no T factor é possível

reconhecê-lo como correspondente à escala Neuroticismo. Todos os itens

que pertencem a esta escala apresentam saturações mais elevadas -

mesmo quando não superiores a 0.5 - no factor l .

O Quadro n® 6.2.3.2. apresenta as saturações dos itens da escala

Neuroticismo no factor 1, especificando ainda o factor em que cada item

apresenta a saturação mais elevada.

Como se pode verificar pela coincidência da 1" e da 2" colunas do

Quadro, no caso desta escala, cada item tem sempre a saturação mais

elevada no factor l . Estes dados, se analisados em conjunto com os dados

obtidos no ponto 6.2.1, indiciam uma adequação de todos os itens á

205

Capítulo 7

escala, mesmo no caso do item 1 que linha apresentado uma baixa

correlação corrigida com o total da escala, dando simultaneamente um

contributo negativo para o coeficiente de consistência interna da escala.

Em todo o caso, é este o item que apresenta a saturação mais baixa no

factor 1, embora seja ainda neste factor que ele apresenta a sua saturação

máxima.

QUADRO N® 6.2.3.2. FACTOR EM QO'E OS FTENS DA ESCALA N APRESENTAM SATURAÇÕES

ESCALA « U R O n C l S M O (N) N* item S a r a r a ^ e M S a f a n ç i o S a t n n ç l o

t k c t a r l inab d o i d a • a i s dcvada ((actor)

I T E M l -0.24 -0.24 factor 1 I T E M 6 -0 6 6 " - 0 . 6 6 " factor 1

I T E M 11 -0 .58 '* • 0 . 5 8 " factor 1 FTEM 16 -0.64** • 0 . 6 4 " factor I FTEM 21 -0.61 • • - 0 . 6 1 " factor 1 FTEM 26 -0.62 • • • 0 . 6 2 " factor 1 I T E M 31 -0.57** - 0 . 5 7 " faaor 1 I T E M 36 ^ . 4 2 •0.42 factor 1 I T E M 41 - 0 . 6 5 " - 0 . 6 5 " factor t I T E M 46 - 0 . 5 0 " - 0 . 5 0 " factor 1 I T E M 51 -0.64** factor 1 I T E M S 6 -0.47 -0.47 factor 1

"superiores a 0.50

A análise dos itens que têm a sua saturação mais elevada no T

factor, permite-nos reconhecê-lo como correspondente à escala

CoDScienciosidade. Também aqui, todos os itens que pertencem á escala

apresentam saturações mais elevadas no factor 2, mesmo quando não

atingem os 0.5.

O Quadro n® 6.2.3.3. apresenta as saturações dos itens da escala

Conscienci os idade no factor 2, especificando também o factor em que

cada item apresenta a saturação mais elevada.

Mais uma vez se verifica aqui a coincidência entre a 1* e a 2'

colunas, o que indica que todos os itens da escala têm a sua saturação

mais elevada no factor que corresponde à escala de que fazem parte.

2 0 6

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

Estes dados vão no mesmo sentido que os encontrados na análise

de itens e no estudo da garantia da prova, em que todos os itens

contribuíam positivamente para a consistência interna do instrumento e as

correlações corrigidas de todos os itens com o total da escala C eram

significativas a p<0.05 e superiores a 0.20.

QUADRO N* 6.2.3.3.FACT0R EM QUE OS FTENS DA ESCALA C APRESEKTAM SATURAÇÕES

ESCALA CONSCIZNaOSIDADE ( O

N* item S a t n n ç l o oo

f i c t o r 2 S a t u n ç â o

a u U clevida Sa tDr t ç io

miU elevid* ( f i c to r )

ITEMS 0.60* • 0 .60" factor 2

ITEM 10 0.57» • 0 .57" factor 2

ITEM 15 0.42 0.42 factor 2

r r E M 20 0.52" 0 5 2 " f a a o r 2

ITEM 25 0.48 0.4S ^ o r 2

ITEM 30 048 0.48 factor 2

r r E M 35 0.39 0.39 factor 2

ITEM 40 0.58^* 0 .58" f a a o r 2

ITEM 45 035 0.35 factor 2

r r E M 50 0.62" 0 .62" factor 2

ITEM 55 0$4*' 0.54 •• factor 2

ITEM 60 046 0.46 factor 2

••jxiperiores t .50

Para os itens da escala Abertura à Experiência, e depois do

mesmo tipo de análise, elaborou-se o Quadro n° 6.2.3.4. que sintetiza os

dados encontrados. A maior parte dos itens da escala apresentam

saturações mais elevadas no factor 3, permitindo-nos reconhecer este

factor como correspondente a essa escala.

QUADRO N® 6.2.3 .4 . FACTOR EM QUE o s ITENS DA ESCALA O APRESEKTAM SATURAÇÕES

ESCALA ABERTURA À EX PE RI É N CL \ ( 0 )

N* item S a n m ç l o BO S a n i r a ç i o mais S a h i r a ç i o (actor 3 etevadâ mais elevada

(factor)

r r E M 3 022 •0.26 factor \ (N)

r r E M 8 0.14 0.28 factor 5 (A)

r r E M 13 043 0.43 factor 3

r r E M 18 040 0.40 factor 3

r r E M 23 0.52* 0.52' factor 3

r rEM 28 032 0.32 faaor 3

r r E M 33 044 0.44 faaor 3

r r E M 38 0.02 •0.32 factor 5 (A)

r r E M 43 0.69* 0.69* factor 3

ITEM 48 049 0 .49-- faoor 3

r r E M 5 3 031 0.31 faaor 3

r r E M 58 055* 0.55* faaor 3

••superiores a .50

207

Capítulo 7

Embora a maioria dos i tens da escala Abertura à Experiência

apresente as saturações mais e levadas neste factor (mesmo quando não

atingem os 0.5), há 3 itens em que isso não acontece. E o caso do item 3

que apresenta uma saturação ligeiramente mais elevada no factor I

(correspondente à escala Neurot icismo) do que no factor correspondente

à escala em que está inserido. Já n o Quadro 6.2.1.8, se tinha verificado

que ele tinha uma correlação mais alta com N do que com a escala a que

pertence. Também nos outros dois critérios considerados na análise de

itens - valor do alfa de Cronbach face à eliminação do item e correlação

item-total corrigida - este item se t inha revelado muito pouco satisfatório.

O mesmo se passa com os itens 8 e 38, apresentando ambos as saturações

mais elevadas no factor 5 correspondente a escala Amabilidade,

parecendo, então, pouco adequados à escala para que foram construídos,

como também como se verificara n o s Quadros 6.2.1.8 e 6.2.1.9, pela sua

mais elevada correlação com A do que com a sua escala de pertença.

A identificação dos itens q u e aparecem com saturações mais

elevadas no factor 4, pode permitir reconhecer alguma correspondência

entre a escala Extroversão e o factor 4. Os dados relativos aos seus itens

estão sintetizados no Quadro n® 6.2.3.5.

Nesta escala, apenas no caso dos itens 2, 7, 17 e 37, as saturações

mais elevadas aparecem no factor 4. Surgem 4 outros itens com

saturações mais elevadas no factor 3 - correspondente à escala Abertura à

Experiência: o item 12 que também se revelara insatisfatório de acordo

com os dois critérios utilizados n o ponto 6.2.1. para a análise de itens

(apresentava uma correlação mais elevada com O do que com a escala a

2 0 8

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

QUADRO N" 6 .2 .3 .5 . F.ACTOR EM QUE OS ITENS DA ESCALA E APRESENTAM S.AR.TI.\ÇOES

ESCALA EXTROVERSÃO (E) N* heni S i r o r a ç l o ao S i m n ç i o S i n i r i ^ i o Qub

f t c l o r 4 m a b cicvidâ elevada (factor) FTE.M: 0.45 0.45 factor 4 FTE.M? 0.65** 0.65* • factor 4

rTE.M 12 0.15 0.26 factor 3 (0) rTEM 17 0 . 5 3 " 0 . S 3 " faaor 4 n X M 22 O.U 0.38 faaor 3 (0) r r E M 2 7 0.19 0.38 faaor 3 ( 0 ) rTEM n 0.23 0.36 factor 3 (0)

0 . 6 3 " 0.63 • • factor 4 r T Z M 4 2 0.33 0.49 factor 1 OO rTXM47 O.U 0.29 factor 2 (C) rTEM 52 0.37 0.47 factor 2 (C) n X M 57 •0.18 0.32 factor ] (N)

••superiores a .50

que pertence) e os itens 22, 27, 32, estes satisfatórios nos outros dois

critérios. OS itens 42 e 57 aparecem com saturação mais elevada no factor

correspondente à escala Neuroticismo (o que também se tinha verificado

com a correlação mais alta destes itens com N do que com a sua escala de

pertença: Quadro 6.2.1.9.)- Os itens 47 e 52, ambos satisfatórios no que

diz respeito ao seu contributo para a consistência interna da escala,

apresentam saturações mais elevadas no factor 2 - correspondente à

escala Conscienciosidade - do que no factor 4. Como se ver no Quadro

6.2.1.9, estes itens apresentavam uma correlação muito elevada com a

escala C: no caso do item 47, superior à que estabelecia com a sua escala

de pertença, e no caso do item 52, apenas ligeiramente inferior.

Assim, a correspondência desta escala com algum dos factores

parece muito menos m'tida que em qualquer dos casos anteriores. As

intercorrei ações entre as escalas referidas no ponto 6.2.2., mostram que as

correlações entre a escala Extroversão e as escalas Abertura à

Experiência, Amabilidade e Conscienciosidade são significativas a

p<0.01, podendo ser consideradas moderadamente elevadas, o que de

alguma forma pode ajudar à compreensão destes resultados.

209

Capitulo 6

Tal como com a escala Extroversão, a escala Amabilidade

também não encontra uma correspondência m'tida num dos factores,

embora a análise dos itens que têm saturações mais elevadas no factor 5,

permita encontrar alguma correspondência entre este factor e a escala A.

O Quadro n® 6.2.3.6. sintetiza os dados encontrados.

QUADRO N® 6 . 2 . 3 . 6 . F A C T O R EM Q U E o s ITENS DA ESCALA A APRESEKTAM SATI.TLAÇÔES

ESCAJ_A AMABILIDADe (A)

N* Item S a t n r t ç i o no S t t i r a ç i o Sa tn raç lo f a c t o r 5 o u ü d e v a d a BUÍS t i o t d a

(factor) m : . M 4 0.09 0.35 factor 4 (E) r r E M 9 0.32 0 3 2 factor 5

r r E . M 14 0.46 0.46 factor 5 r r E M 19 0.17 -0.30 factor 1 (N) r r E M 2 4 0.46 0.46 factor 5

r r E M 29 0.33 0.42 faaor 1 (N) n x M M 0 . i 4 0.44 factor 4 (E) r r E M 39 0.43 0.47 faaor 4 (E) r r E M 44 0.58** 0.58'* factor 5

r r E M 4 9 0.17 0.42 factor 4 ^ r r E M 54 0.37 0.37 factor 5 r r E M 59 0.41 0.41 factor 5

• • supcriofw a .50

Nesta escala, os dois itens que se tinham revelado insatisfatórios,

quer por apresentarem uma correlação baixa com o total da escala quer

px)rque a sua eliminação resultaria num aumento do coefíciente alfa de

Cronbach - item 19 e item 29 - apresentam a saturação mais elevada no

factor 1 que parece corresponder à escala Neuroticismo (aliás, a sua

correlação mais elevada é também com a escala N - Quadro 6.2.1.8.). Os

outros itens - todos satisfatórios perante aqueles dois critérios - têm

saturações mais elevadas quer no factor 4 correspondente à Extroversão

(itens 4, 34, 39 e 49) quer no factor 5 a que parece corresponder a escala

Amabilidade (itens 9, 14, 24, 44, 54 e 59). Apenas no caso do item 49,

também se encontrou a maior correlação item-total com a escala E

(Quadro 6.2.1.9).

2 1 0

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

Os dados obtidos através desta análise revelam algumas

limitações no que diz respeito à validade de construção da escala,

especialmente se tivermos em consideração o que se passa com as escalas

Extroversão e Amabilidade. As restantes três escalas parecem

corresponder claramente a um dos factores. As saturações de alguns itens

nos vários factores, permitiu confirmar alguns dados já recolhidos na

análise de itens feita no ponto 6.2.1, sugerindo que alguns destes

poderiam ser reformulados com benefício para a escala.

6.2.4. Síntese

Os dados recolhidos indicam assim valores de consistência

interna moderados, com necessidade de reformulação de alguns itens. Se

considerarmos três critérios em simultâneo: a correlação corrigida item-

total, o alfa de Cronbacb se for eliminado cada um dos itens e a saturação

do item no factor onde têm saturações mais elevadas os restantes itens da

escala de que faz parte, os itens que precisariam de revisão, seriam:

Escala Extroversão: 12 e 57

Escala Abertura à Experiência: itens 3, 8 e 38

Escala Amabilidade: itens 19 e 29

Os dados das intercorrelações das escalas e da análise em

componentes principais, indicia uma razoável validade de construção.

Estes resultados são consistentes com os encontrados no já referido

estudo de Mooradian & Netzel (1996) que consideram ter a prova uma

estrutura factorial fraca, mas aceitável, em que uma solução a cincò-

factores responde por 35% da variância dos resultados.

21

Capítulo 7

É, assim, possível encontrar uma estrutura factorial da prova em

cinco factores que. na generalidade, poderiam corresponder a cada um

dos cinco domínios da personalidade. De facto, e de um modo geral, os

itens de cada escala tém a saturação mais elevada no mesmo factor.

Das cinco escalas só a escala Extroversão e a escala Amabilidade

não encontram uma correspondência nítida com um dos cinco factores

identificados. Contudo, já a análise das intercorrelações das escalas tinha

mostrado a existência de correlações relativamente elevadas entre as

escalas E, A e O.

Por outro lado, os dados obtidos na adaptação portuguesa do

NEO-PI-R por Lima {no prelo), para os itens correspondentes aos do

NEO-FFI, e considerando apenas o critério correlação item-domínio,

apontam para a conveniência de revisão dos itens 1 de Neuroticismo, 12,

27 e 57 de Extroversão, 8 de Abertura á Experiência e 29 de

Amabilidade.

Isto leva à necessidade de relativizar as conclusões tiradas uma

vez que os dados obtidos, no presente estudo, foram recolhidos com

amostras de sujeitos de características muito específicas quer a nivel de

idade, de habilitações e mesmo de experiência profissional.

Deste modo, a natureza da amostra utilizada e a sua pequena

dimensão não permite que os dados analisados neste estudo do

instrumento, sirvam de base à alteração do instrumento, ou à redução do

número de itens em cada escala. Era todo o caso, parece evidente que se

justifica prosseguir o estudo da adaptação portuguesa do NEO-FFI, com

2 1 2

Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados

amostras melhor dimensionadas e mais representativas da população

portuguesa, à semelhança do que foi feito com o NEO-PI-R.

Contudo, como o objectivo deste trabalho não era o de adaptar a

prova mas sim utilizá-la como medida dos cinco domínios da

personalidade para estudar uma população de adultos e ainda a sua

relação com os valores, decidiu-se não alterar a estrutura da prova. Para

as análises de resultados que se considerarão nos pontos seguintes, foram,

assim, utilizados os resultados de todos os itens das escalas,

independentemente dos dados obtidos indiciarem que eles seriam itens

mais ou menos satisfatórios.

213

CAPITULO 7

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS REFERENTES ÀS

HIPÓTESES

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

7.1. R e s u l t a d o s c o m a esca la d e V a l o r e s W I S

Para testar a hipótese n° 1, que previa que se e D C O o t r a s s e m as

médias mais altas nas escalas de Desenvolvimento Pessoal, Util ização

das Capacidades e Realização e as mais baixas nas escalas de Risco,

Autor idade e Prestígio, foram calculadas as médias das diferentes

escalas na amostra total. O Quadro n° 7.1.1. apresenta o resultado

mínimo, o máximo, a média e o desvio-padrão, de cada uma das escalas,

além do seu posicionamento relativo.

Tal como previsto, as três médias mais elevadas na amostra total

são as referentes à escaJa Utilização das Capacidades, Realização e

Desenvolvimento Pessoal, por ordem decrescente. As três médias mais

baixas apareceram nas escalas Risco, Actividade Física e Autoridade, por

ordem crescente, embora a escala Prestígio - cuja média se esperava que

estivesse nas três mais baixas, de acordo com a hipótese 1 - tenha

também uma média muito baixa, apenas ligeiramente superior à de

Autoridade.

QUADRO N® 7 . 1 . 1 . RESULTADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESVIO-PADRÃO NA ESCALA DE

VALORES W I S NA AMOSTRA TOTAL FN=2L4)

Escalas Média O r d e n a ç i o Mioimo Máximo Desvio-padr io Utüizaçio Capacidades 18.4S 13 20 1.74 Realiza ç i o 18.25 2 14 20 1.66 Prorooçio 16.S6 4 11 20 .2.W Estético 14.90 9 6 20 2.84 AltruíiOM) 14.52 13 5 20 3.13 ADtorídade 12.56 16 6 20 2.94 AutODoinia IS.68 7 10 20 2.42 Criatividade 16.50 5 10 20 2.52 CcoDÓmico 14.83 11 5 20 2.53 Estilo de M d a 14,90 9 9 20 2.49 DeseovoMmcoto Pessoal 17.26 3 >3 20 1.83 Actividade Física 11.73 17 5 19 2.55 Krestício 1 2 . ^ 15 5 20 2.8 I Risco 10.01 18 5 19 2.94 lo t e racç lo SoclaJ 14.58 12 8 20 2.46 Relaç6es Sociais 15.74 6 10 20 2.26 Variedade 14.05 14 8 20 2.52 Coadi fòes de Trabalho 15.38 8 5 20 2.91

215

Capitulo 6

De acordo com a Kípótese n" 2, pode-se e spe ra r que, dada a

p rox imidade d a s idades dos indivíduos que const i tuem a amostra ,

Dão se encont rem d i fe renças impor tan tes nas médias obtidas nas

di ferentes escalas pelos sujei tos mais oovos e pelos sujeitos mais

velhos, pa r t i cu l a rmen te no caso das escalas onde cada grupo obtém

as médias mais al tas e as mais baixas. Para a testar, foi realizado um

teste t comparando as médias obtidas por dois grupos defmidos a partir da

idade: indivíduos entre os 18 e os 25 anos ou entre os 26 e os 35 anos.

Tal como se previra, a divisão da amostra total em dois gnjpos

etários (18-25 anos e 26-35 anos) não se traduz em diferenças

significativas entre as médias dos dois grupos. A única excepção é a

respeitante a Relações Sociais da Escala de Valores WIS com uma média

mais alta para o grupo dos mais novos, com uma diferença significativa a

p < 0.05, como se conclui da análise do Quadro 7.1.2.

Q U A D R O N® 7 . 1 . 2 . DIFERENÇAS EKTT^ AS MÉDLAS OBTIDAS PELOS GRUPOS DOS SUJETTOS

COM ©ADE ENTRE OS 18 E OS 2 5 ANOS E DOS SUJETTOS COM IDADE ENTRE OS 2 6 E OS 35

ANOS NA ESCALA DE VALORES W I S . E K I Í S S Média Média valor dc t

l a j r i tos com idade eatrc sujeitos com idade eotre ss 18 e os 25 aaos os 26 c os 35 aoos

( 0 - 9 1 ) ( i i » l 2 3 ) ü t i l í zaçáo d u Capac idades 18.45 18.45 001 R r a l l z a ç i o 18.48 18.07 r ? 9 P r o m o ç i o 16.75 16.42 i . i s Esté t ico 15.16 14.70 M l AJtni isoM 14.93 14.21 1.68 A n t o rid ade 12.16 12.85 •1.68 AstoDoona 15.64 15.71 -0.21 Cr ia t iv idade 16.66 16.38 0.80 EcoQÓmico 15,02 14.69 0.94 Est i lo de Vida 15.18 14.69 1.41 DcscDVoKIizMDto Pessoal 17.45 17.11 1.33 Actí\-idade Fkica 11.78 11.70 0.23 P r estreio 12.78 13.06 ^ .71 Risco 10.15 9.90 0.62 I f l t e r acç lo Social 14.91 14.32 1.73 Rclaç 6es Sociab 16.25 15.36 2.92* Var i edade 14.33 13.85 1.39 CoodiçAcs dc T r a b a l h o 15.52 15.28 0.58

* signiiícjiiva a p<0 05 ** significativa a p<0 01

2 1 6

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

A realização de uma ANOVA em que se consideram, em simultâneo, as

variáveis idade, sexo, habilitações literárias e as suas possíveis

interacções, vem apenas reforçar os resultados obtidos através da

comparação das médias dos grupos definidos pela idade. O Quadro n°

7.1.3. sintetiza os resultados obtidos em relação ao efeito da variável

idade, podendo encontrar-se um único valor significativo, referente à

escala Relações Sociais com F(l ,206)=6.38; p=0.01.

QUADRO 7 .1 .3 . VALORES DE F PARA L GRAU DE LIBERDADE PAR.-K CADA VARIÁVEL OU

[NTERACÇÃO E 2 0 6 GRAUS DE UBERDADE PARA A VARIÂNCU DE ERRO, REFERENTES ÀS

E k i U S F(1.206) P

U d l i u ç i o das Capacidades 0.10 0.76 Realizaçio 2.3? 0.12 Promoção 0.74 0.39 Estético 0.22 0.64 Al trais mo 1.90 0.17 Aatorídade 1.42 0.24 Aotoooima O.IS 0.67 Criatividade 0.28 0.60 Ccooómico 0.79 0.38 EstUo dc Vida 1.52 0.22 DcseovoMoeoto Pessoal 1,59 0.21 Actividade Física 0.16 0.69 Prestigio 1.36 0.24 Risco 0.00 0.96 la te racç io Social l.Sl 0.22 Relaçdcs Sociais 6.38 0.01 •• Variedade 0.71 0.40 Cottdiçies de Trabalho 0.01 0,94

Tal como previsto, a variável idade parece, assim, diferenciar

pouco os resultados obtidos pelos sujeitos no domínio dos valores.

A hipótese n°3 previa que, em geral, os valores com médias mais

elevadas e mais baixas fossem os mesmos para os dois sexos, embora

se possa esperar que as médias referentes aos sujei tos do sexo

feminino sejam signif icat ivamente super iores oa escala Al t ru í smo e

que as referentes ao sexo mascul ino se jam super iores na escala

Autor idade . Os resultados apoiam parcialmente a predição.

217

Capítulo 7

Assim, quando se subdivide a amostra total em dois subgrupos,

homens e mulheres, as médias mais altas surgem, em qualquer dos

grupos, em Utilização das Capacidades, Realização e Desenvolvimento

Pessoal. Nas mais baixas j á há ligeiras diferenças. Risco, Actividade

Física e Prestígio aparecem com as médias mais baixas no subgrupo dos

homens, e Risco, Actividade Física e Autoridade, com as mais baixas no

subgrupo das mulheres. Tal como previsto, a amostra feminina tem uma

média mais elevada na escala Altruísmo (diferença significativa a

p<O.OI). A amostra masculina obtém uma média mais elevada na escala

de Autoridade, com uma diferença significativa da média feminina

também a um nível de significância inferior a 0.01. A amostra feminina

apresenta ainda uma média significativamente superior (a p<0.05) na

escala Estético, não prevista pela hipótese. Os dados obtidos estão

sintetizados no Quadro n® 7.1.4.

QUADRO N® 7. I .4 . D I F E R E N Ç . ^ ENTR£ AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS HOMENS E

MULHERES NA ESCALA DE VALORES V^^S.

EKAIU

U t f l h j ç i o d t s C t p a c i d t d t a Rc tüzaç io ProB»çio Estético

Média bomeas

18.6S ig. lO 16.78 Í4.44

Alrraismo Aotorídade Aitoeoinia CrúrívidAde Eco ló mico EstOo de Vida DcMivoKiDeoro P m o a l Actividadt r u i u P m t i g i o Rise* l a t t r t c ç i o Social ReUcftci S o d a a Variedade CoBdÍ<6<a de T r i b a J h o

13.93 13.12 15.65 16.63 14.99 14.71 17.06 11.63 12.81 10.14 14.38 15.56 13.84 15.12

* sigtuficaQva a p<0.05

MMta oMlbcrcs

18.29 18.37 16.39 15.26 14.98 Í2 .U 15.70 16.40 M.7J 15 04 17.41 1 1 . 8 2

13.04 9.91 14.72 15.88 14.22 15 59

>'aior de I

1.50 < 1 . 1 8

1.38 - 2 . 1 2 '

-2.49* • 2 . 5 0 " -0.15 0.66 0.80 •0.96 •1,37 -0 54 - 0 . 6 0 0.57 -t.Ol -1.00 -1.08 • 1 . 1 8

" significativa a p<0.01

A partir da realização de uma ANOVA para estudar o efeito das

três variáveis era simultâneo (sexo. idade e habilitações literárias) e da

2 1 8

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

análise do efeito da variável sexo, identificam-se dois resultados

significativos, um referente a Altruísmo para I grau de liberdade para a

situação e 206 graus de liberdade para a variância de erro com F( l , 206)=

6.39; p=0.01 e outro referente a Estético com F(K206)= 4.38; p<0.05.

QÜ.-KDRON*' 7 .1 .5 . VALORES D E F PARA 1 GRAU DE LIBERDADE PAR.A CADA VARJÁVELOUÍNTERACÇ.ÂOE

2 0 6 GR.-KUS DE LÍBERDADE PARA A VARIÂNCIA DE ERRO, REFERENTES ÀS ESCAL.\S DA ESCALA DE VALORES w i s E AO E F E r r o DA VARLÃVEL SEXO ( N - 2 1 4 )

Escalas F( 1.206) P

UHlizaçio das capacidades 2.22 0.14 Realizaçio 0.96 0.33 ProtDOflo 1.67 0.20 Estéríco 4.38 0,04' Alrruismo 6.39 0.01 •• Autoridade 3.61 0.06 AotoDomia 0.15 0.70 Criatividade 0.32 0.57 Ecooómico 1.70 0.19 Estilo de Mda 0.8" 0.35 DescavohiaMDto Pessoal 2.63 o . n Actividade Física 0.47 0.49 Prestigio 0.02 0.89 Risco 0.00 0.96 lo te racç io Social 2.65 0.10 Relac6es Sociais L65 0.20 Variedade 1.37 0,24 Coodiç4c3 de T r a b a l h o 0.73 0.39

A outra diferença identificada pela comparação de médias,

nomeadamente em relação a Autoridade, nào aparece aqui confirmada,

correspondendo-lhe um valor de F(l ,206)= 3.61, embora p seja igual a

0.0589, (arredondado no Quadro n° 7.1.5. para 0.06).

A hipótese n® 4 previa que, uma vez que o nível profissopal dos

sujeitos é semelhante sería de esperar que não se encontrassem

diferenças importantes entre as médias obtidas em cada escala pelos

dois grupos definidos pelas habilitações literárias, especifícamente no

caso em que os grupos obtêm as médias mais altas e mais baixas.

Os dados obtidos são apresentados no Quadro n° 7.1.6.

A hipótese é apenas parcialmente apoiada no sentido em que as

diferenças que se encontram entre os dois grupos nào se referem às

219

Capítulo 7

escalas com médias mais elevadas mas coincidem com uma das escalas

com médias mais baixas. Para os dois grupos, as médias mais alias

referem-se a Utilização das Capacidades, Realização e Desenvolvimemo

Pessoal. As mais baixas correspondem a Risco, Autoridade e Actividade

Física para os administrativos e a Risco, Actividade Física e Prestígio,

para os licenciados. Contudo, encontram-se diferenças significativas nas

QUADRO N"® 7 . L . 6 . DÍFERENÇAS ENTRE AS MEDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS UCENCIADOS E

ADMINLSTRJMTVOS NA ESCALA DE VALORES W I S . Escalas MMia Uceaciados

(b«109) Média

•dmiobtrat ivos ( v - l O S )

valor dc t

Utilizaçio das Capacidades

18.49 18.41 0.32

Realízaçio IS.24 >8.26 •0.08 Prooioç lo 16.72 16.4 1.13 Estético 14.35 15.47 -2.92* Alrnusmo 14.11 14.94 •1.96 A n t o n d a d e 13.10 11.99 2.80* Aolooomia 15.76 15.59 0.52 C r i a t n i d a d e 16.66 16.33 0.95 Ecoaómico 14.55 15.12 •1.66 Estilo dc Vida 14.87 14.92 -015 Descavolvimcoto Pessoa) 17.36 17.15 0.S2 Actividade Física n . 4 4 12.04 -1.72 Prestígio 12.94 12.93 0.03 Risco 10.21 9.8 1.02 Interacção SociaJ 14.64 14.50 0.41 Relaçòes Sociais 15.78 15.70 0.27 Variedade 14.05 14.06 ^ . 0 3 Coodiçòes de Traba lho 14.91 15.88 •2.46**

* significativa > p<O.OS significativa a pO.Ol

médias das escalas Estético e Condições de Trabalho, mais elevadas nos

administrativos (a p<0.05 e a p<0.01, respectivamente) e na média da

escala Autoridade, mais elevada no grupo dos licenciados (a p<0.05). Se

os resultados face a Condições de Trabalho e a Autoridade são

compreensíveis do ponto de vista psicológico, parece difícil explicar a

superioridade do grupo dos administrativos na escala Estético, embora se

possa pôr a hipótese de que decorra da superioridade numérica das

mulheres nesta amostra (que já tinham apresentado uma média

significativamente superior que os homens face ao valor Estético).

220

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

A consideração dos resultados da ANOVA referentes ao efeito da

variável habilitações literárias (Quadro 7.1.7.) conduz a resultados muito

semelhantes aos obtidos com os testes de diferenças de médias, revelando

um efeito significativo da variável na escala Estético com

F{ 1,206)=9.45;p<0.01, na escala Autoridade com F( 1,206)=5.11 ;p<0.05 e

em Condições de Trabalho com F(l,206)=6.33; p-0.01. Aparece também

uma relação da variável com Actividade Física, com ura valor de

F(l,206)=4.90;p<0.05.

QUADRO N® 7. I .7 . VALORES DE F PARA L GRAU DE UBERDADE PARA CADA VARJÁVEL OU

INTERACÇÃO E 2 0 6 GRAUS DE LIBERD.\DE PARA A VARIÂNCIA DE ERRO REFERENTES

ESCALAS DA ESCALA DE VALORES W I S E AO EFEFTO DA VARIÁVEL A\B[LRRAÇÕES

U T E R Ã R L \ S ( N = 2 1 4 ) Esralat F(l ,206) P

Utilízaçio d â j captcidades 0.04 0.83 Realizaçio 0.02 0 8 8 Promoção 0.47 0.49 Estético 9,45 OOO" AJrmúmo 2.96 0.09 Autoridade 5.1! 003* AutoDomU 0 0 3 0.86 Críiti>-idade 0.37 0.54 Ecooimico 1.99 0.16 Estilo dc Mda 0.00 0.99 DeseovoNiowato Pessoal 0.87 0.35 Acti>idade Física 4.90 0.03* Prestigio OOl 091 Risco 0.03 0.86 lo te racç io Social 0.00 0.98 Reltç6cs Sociais 0.07 0.80 Variedade 0.05 0.82 Condiç6e$ de Trabaibe 6.33 0.01 ••

Embora não previsto pelas hipóteses, a ANOVA permitiu revelar

um efeito significativo da interacção de variáveis sobre algumas das

subescalas da Escala de Valores WIS. Assim, na escala Interacção Social

encontra-se um efeito significativo da interacção entre sexo e habilitações

com F( 1,206)=4.50; p<0.05 e entre habilitações e idade com

F(l,206)=4.01;p<0.05. A realização de um test post-hoc LSD {Least

Significant Difference), aplicável quando, na análise de variância, o valor

221

Capituio 7

de .p resultou inferior a 0.05 (McPherson. I990J, revela uma diferença

significativa entre mulheres licenciadas e homens licenciados com

superioridade na média para as mulheres e entre os sujeitos

administrativos mais novos e os mais velhos com superioridade na média

dos mais novos.

Em relação à escala Relações Sociais, a ANOVA também permite

identificar uma interacção entre a variável sexo e as habilitações, com

F(l,206>=5.70;p<0.05, identificando-se, com a realização de um teste

LSD, uma diferença significativa entre o grupo das mulheres licenciadas

com médias mais elevadas que as mulheres administrativas e que os

homens licenciados.

Na escala Risco, a análise posí-hoc da interacção entre sexo e

idade, com um valor de F(1.206)=6.41;p=0.01. através de ura teste LSD,

revela que a média das mulheres mais velhas é inferior quer à das

mulheres mais novas quer à dos homens mais velhos.

Na escala Altruísmo, encontra-se um efeito significativo da

interacção entre as variáveis sexo, idade e habilitações com ura valor

F(1.206)=7.72;p<0.01. A realização de um teste LSD permite concluir

que o grupo das mulheres mais novas e licenciadas apresenta resultados

mais altos nesta escala que as mulheres também licenciadas mas mais

velhas, que os dois grupos de homens licenciados (mais novos e mais

velhos) e que os homens administrativos mais velhos. Por outro lado, as

mulheres administrativas mais velhas têm também resultados superiores

em Altruísmo que os dois grupos de homens licenciados (mais novos e

velhos). As mulheres administrativas mais novas têm resultados

222

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

superiores que os homens do mesmo grupo etário mas licenciados. A

média deste último grupo, por sua vez, é inferior à média dos homens

administrativos mais novos.

Para a escala Estético, o efeito da interacção entre sexo e

habilitações é significativo com F(l,206)=4.15; p<0.05. O teste LSD

revela que os resultados para o valor Estético do grupo dos homens

licenciados são inferiores aos dos três outros grupos. A análise da

interacção entre as três variáveis sexo, habiHtaçÕes e idade, a que

corresponde um rácio F{1,206)=5.14; p<0.05, através de ura teste LSD

revela várias diferenças significativas entre os resultados dos diversos

grupos. Assim, na escala Estético os grupos dos homens licenciados (quer

os mais novos quer os mais velhos) têm resultados inferiores aos dos

homens administrativos mais novos, das mulheres administrativas (quer

mais novas quer mais velhas) e das mulheres licenciadas mais novas. O

grupo dos homens licenciados mais novos revela ainda resultados mais

baixos em Estético que os homens administrativos mais velhos.

Estes resultados, embora não previstos nas hipóteses, vêm

acrescentar alguns elementos aos dados obtidos através do teste-t.

Embora haja algumas interacções entre as variáveis, estas são raras e as

mais fi-equentes reflectem a interacção entre sexo e habilitações.

Tendo em conta estes dados e as diferenças identificadas entre os

grupos definidos pelas variáveis sexo e habilitações literárias, foi feita

uma análise adicional da hipótese 1, em função das subamostras definidas

por estas duas variáveis: mulheres administrativas, homens

223

Capitulo 6

administrativos, mulheres licenciadas em Gestão/Economia e homens

licenciados em Gestão/Economia.

Tal como proposto na hipótese 1, as três escalas com médias mais

elevadas nas quatro subamostras são as mesmas que as da amostra total

embora se ordenem de forma diferente. Na subamostra de administrativos

do sexo feminino (Quadro n® 7.1.8) surge a escala Realização com a

média mais alta seguida de Utilização das Capacidades e de

Desenvolvimento Pessoal. A média mais baixa surge na escala Risco,

logo seguida por Actividade Física e Autoridade.

Q U A D R O N® 7 . L . 8 . RESULT.\DOS MÍNIMO E M Á X I M O , M É D I A E DESVIO-PADR.\O NA

ESCALA DE V A L O R E S W I S N A A M O S T T U D O S . ^ S O N I S T R . ' M I V O S DO SEXO FEMININO

( N = 6 7 )

CicaUs Méd ia O r d e u ç i o MÍOÍGM M á i i m o Desv io -padr io

U r i l i z i f i o d u C a p a c i d t d e s 18 18 2 13 20 1.76 R c i l i z a ç l o I8 3S 15 20 1.49 P r o a x ^ l o 16 12 4 12 20 1.84 Estético 15.45 9 9 20 2.35 A l t r n b i o o 15.12 10 7 20 2.76 A o t o r í d t d e M.90 16 6 19 3.06 AntODomia 15.54 7 10 20 2.51 Cr ia t iv idade 1 6 0 1 5 10 20 2.70 EcQoómJco 14.91 12 8 19 2.36 Estilo de Vida 14.97 11 10 20 2.33 DCSCDVOINÍmento Pessoal 17.27 3 14 20 1 65 Actividade Física 11.90 16 6 18 2.51 Prestígio i : . 8 i 15 5 18 2.80 Risco 9.54 18 5 19 3.14 l o t e n c ç l o SodaJ 14.36 13 8 20 2.36 Relações S o c U b 15.48 8 I I 20 2.17 Var i edade 13.93 14 8 20 2.82 CoDdiçÕ«s de T r a b a l h o 15.92 6 5 20 2.95

Na subamostra de administrativos do sexo masculino, as médias

mais altas e mais baixas aparecem nas mesmas escalas que nas amostras

antes analisadas. De acordo com os dados apresentados no Quadro n®

7.1.9, a mais alta é referente a Utilização das Capacidades, seguida por

Realização e por Desen\olvimento Pessoal (por ordem decrescente). As

mais baixas são, de D O V O , as correspondentes às escalas Risco,

Autoridade e Actividade Física, por ordem crescente.

224

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

Q U . ^ R O N*" 7. \ .9 . RESULTA£X)S MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESVIO-PADRÀO NA ESCALA DE VALORES W I S NA AMOSTRA DOS ADMINISTRATIVOS DO SEXO MASCULINO

( N = 3 8 ) Escalai Média O r d e o a ç i o Mioiaio MixiCDO E>cf\io-padrio

UtiUzaçio d i s Capacidades IS.82 13 20 1.72 Reaiizaçio 18.10 2 14 20 1.78 ProcDOfio 16.90 4 12 20 1.77 Estético «5.50 9 9 20 2.38 Alrniisiuo 14.63 13 9 20 3.08 Aatorídadc 12.16 17 6 19 2.85 Antooomia 15.68 8 10 20 2.35 Criatividade 16.90 4 11 20 2.19 Ccooómico 15.50 9 l i 20 2.19 Estilo de Mda 14.S4 11 9 20 2.89 DcseovoIvioKato Pcssoai 16.95 3 13 20 1.87 Acthidadc Fisicj 12.29 16 5 17 2.76 Prestigio 13.16 15 6 19 2.94 Risco 10.26 18 5 15 2.48 Interacção Social 14.76 12 8 20 2.40 ReiaçÒes Sociais 16.08 6 10 20 2.36 Variedade 14.29 14 10 20 2.12 CoDdiç6es de Trabalho 15.82 7 10 20 3.24

OS resultados obtidos nas duas amostras de administrativos, no

que diz respeito à forma como hierarquizam os valores, são muito

semelhantes.

O mesmo tipo de análise face às amostras de licenciados revela

também poucas diferenças entre os sexos. Os resultados obtidos para a

subamostra de licenciados do sexo feminino estào sintetizados no Quadro

n® 7.1.10. Verifica-se que, neste grupo de sujeitos, as médias mais

elevadas são as referentes a Utilização das Capacidades, Realização e

Desenvolvimento Pessoal, por ordem decrescente e as mais baixas

correspondem a Risco, Actividade Física e Autoridade, por ordem

crescente.

225

Capítulo 7

QUADRO N® 7. I . 10. RESULT.MXJS MÍNÍMO E MÁXWO. MÉDIA E DESMO-PADRÂO NA

Cica iu Média Ordeoaç io .MÍDÍCBO MiiJmo Desvio-padrio

Uti l iziçi» d u Capac id ides 1843 1 >4 20 1.75 R t t l u a ç i » 1840 2 14 20 1 72 Promoção 16.74 5 13 20 2.05 Cttétíeo 15 02 11 6 20 3 02 Altruísmo 14.8! 12 20 3 28 Autorí(Ud« 12.40 16 20 2 75 AntODoaiis 15 91 7 10 20 2.13 Críarívidaik 16.89 4 10 20 2.46 Ccooómice 14.45 14 9 20 2 36 Cirilo d« Vida 15.13 10 9 20 2 3 9 Deseovohimtato PesMal 17.58 3 13 20 . 1.60 Acri>'iilad« Fbica 11.72 J7 5 17 2.29 Presrieio 13.34 15 8 20 2.67 Risco 10.38 18 5 19 3.08 lo te racç io Social 15.19 8 9 20 2.53 Rdaç&es S«dai5 16.38 6 12 20 1.94 Variedade 14.S8 13 9 19 2.22 Condições dc Traba lho 15.19 8 20 2.65

Na subamostra dos licenciados do sexo masculino, a escala

Prestígio ocupa o lugar que nas outras amostras era ocupado por

Autoridade. Aparecem, assim, como três médias mais baixas as de Risco,

Actividade Física e Prestígio, por ordem crescente, enquanto as médias

mais elevadas correspondem, de novo, às escalas Utilização das

Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal, por ordem

decrescente. Estes dados estão apresentados no Quadro n® 7.1.11.

Q U A D R O N* 7 . 1 . 1 1 . RESUITADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESMO-PADRÂO NA

ESCALA DE VALORES W I S NA AMOSTRA DOS UCENCIADOS DO SEXO MASCULINO

CKalaj MMía Ordeoaç io Mi ai mo Máiimo Des^lo-padrio

Uti l izaçio das Capacidades 18.54 1 14 20 1.72 Real tzaç io 18.09 2 15 20 1.74 Promoção 16.70 4 11 20 2.36 fUtétíco 13.7! 13 7 20 3.21 Alrmis tao 13.45 15 5 20 3.24 Aoior ídadc 13.77 12 9 20 2.74 Autooomia 15 62 6 11 20 2.65 C r í a t h i d a d e 16.45 5 12 20 2.34 Ecoo6imco 14.64 8 5 20 3.04 Esrilo de Vida 14.62 10 9 20 2.54 DcseovoMmeato Pessoal 17.14 3 13 20 2 19 Activtdadc F b k a 11.18 17 5 19 -2 .64 PrcsH^io 12.57 16 7 19 2.90 Risco 10.05 18 5 17 2 86 I s i e racçâo Sodai 14.12 I I 10 20 2.49 Rrlaç0c« Sociais 15.21 7 10 20 2 4 4 Variedade 13 54 14 8 20 2 6 0 Condições de Trabalho 14 64 8 9 20 2.77

2 2 6

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

A hipótese n^ 5 previa que uma análise em componentes

pr íncipais das d i fe ren tes escalas que constituem a Escala de Valores

WIS permit isse ident i f ícar uma es t ru tu ra factorial semelhante, em

relação ao n ú m e r o de factores e seu significado, à encontrada quer

nos estudos por tugueses (Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995; Rafael ,

1992) q u e r nos es tudos internacionais (§verko, 1995; §verko & Super,

1995). Os resultados referidos no ponto 6.1, referente ao estudo

psicométrico da prova com base nos dados obtidos com a amostra total,

apoiam a hipótese. Assim, uma análise em componentes principais com

rotação varimax da matriz sobre as dezoito escalas da Escala de Valores

WIS, conduziu a 5 componentes principais. Se se utilizarem as

designações de Sverko (1995), pode-se considerar que o 1® factor, defmido

principalmente pelas escalas Realização, Promoção, Económico, Prestígio,

e Condições de Trabalho corresponde ao factor que Sverko (1995)

considerou como valores de Orientação Utilitária ou o que Coetsier &

Claes (1995) consideraram um factor de Progresso Material na Carreira. O

2® factor agrupa as escalas Estético, Altruísmo, Actividade Física,

Interacção Social e Relações Sociais, configurando um factor semelhante

ao que Coetsier & Claes (1995) designaram Orientação para o Grupo e

que Sverko (1995) chamou valores de Orientação Social. É de salientar o

facto de, nesta amostra portuguesa, o valor Estético aparecer com a sua

saturação mais elevada neste factor (tal como em Duarte (1993) e em

Coetsier & Claes (1995), enquanto que em Sverko (1995) Estético não

aparece claramente em nenhum factor, embora nalgumas amostras suija

227

Capítulo 7

com os valores de Auto-Actualização. O 3® factor defuie-se a partir das

escalas Autoridade e Risco, valores que podem ser considerados de

Orientação para a Aventura, na designação de Sverko (1995) ou de

Desafio em Coetsier & Claes (1995). O 4° factor define-se a partir de

valores de Orientação para a Auto-Actualização, sendo as escalas com

saturações mais elevadas neste factor Utilização das Capacidades e

Realização. O 5° factor define-se a partir das escalas Autonomia,

Criatividade, Estilo de Vida e Variedade, valores considerados por Sverko

(1995) de Expressão Individual. Estes 4® e 5' factores são também

semelhantes aos que Coetsier & Claes (1995) designam, respectivamente,

como Auto-Actualizaçào ou Autonomia.

Em síntese sobre as hipóteses de 1 a 5, os dados referentes aos

valores dos adultos trabalhadores que constituíram estas amostras vão no

sentido que seria previsível a partir da análise das diferenças intergrupais

apresentada no capítulo 2. As diferenças entre sexos e entre grupos de

diferentes habilitações surgem, fundamentalmente nas escalas que não

são nem as que correspondem às médias mais elevadas nem as de médias

mais baixas. A excepção refere-se à escala Autoridade onde surgem

diferenças significativas quer e m relação ao sexo quer em relação às

habilitações literárias dos sujeitos. Também algiins estudos referidos no

capítulo 2 apontam nesta direcção: as diferenças entre sexos surgem,

principalmente, em escalas que não são nem as mais valorizadas nem as

menos valorizadas (Marques, 1983; Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995;

Rafael, 1992). Tal como previsto, aparecera diferenças s i^ f i ca t ivas nas

escalas Altruísmo e Estético, a favor do sexo feminino e na escala

2 2 8

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

Autoridade, a favor do sexo masculino. As diferenças entre os grupos

defmidos pelas habilitações literárias resumem-se à superioridade da

média em Estético e Condições de Trabalho, nos administrativos e à

superioridade em Autoridade, nos licenciados. Por outro lado, a

interacção entre as variáveis sexo e habilitações pareceu justificar o

estudo adicional da hipótese 1, em 4 subamostras.

Os trabalhos realizados por Sverko & Super (1995) e por Sverko

(1995), ambos citados no ponto 2, apontam no sentido da tendência de

alguns valòres, como as escalas Utilização das Capacidades, Realização e

Desenvolvimento Pessoal, surgirem quase sempre com as médias mais

altas e de outros, como Risco, Autoridade e Prestígio com as médias mais

baixas. Os resultados encontrados neste trabalho são coincidentes com

estes - quer na amostra total quer nas 4 subamostras - embora a escala

Actividade Física tenha aparecido com resultados ainda mais baixos do

que Prestígio.

A estrutura factorial encontrada para a escala também está de

acordo com o que se tinha previsto, extraíndo-se 5 factores semelhantes

aos referidos por Sverko (1995) em estudos internacionais.

7.2. R e s u l t a d o s com o N E O - F F I

Antes de se estudarem as hipóteses referentes aos resultados

obtidos com o NEO-FFI, começou por analisar-se a ordenação das

médias das cinco escalas, quer na amostra total quer nas quatro

subamostras já consideradas em 7.1.

229

Capítulo 7

Para a amostra total, a média mais elevada aparece na escala

Conscienciosidade, seguida de Amabilidade, Extroversão e Abertura à

Experiência. A escala Neuroticismo é aquela em que os sujeitos

apresentam uma média mais baixa, o que aliás seria de esperar tendo em

conta que a amostra não é constituída por qualquer grupo clinico. Em

todo o caso, é esta também a escala que apresenta maior desvio-padrão.

Os resultados obtidos estão sintetizados no Quadro n® 7.2.1.

QUADRO N* 7.2. L. RESUITADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DES VIO-PADRÂO DAS ESCALAS N, E , o , A E C PARA A AMOSTRA TOTAL (M-214)

ESCALA N T O - m N Médi i Minimo MixiOM Dcsvi»-padrio N 214 IS.IS 1.00 38.00 6.92 E 214 J4.19 21.00 46.00 4.82 0 214 31.64 17.00 45.00 $.12 A 214 3623 24.00 48.00 4.66 C 214 41.1 30.00 48.00 4.29

Também nos administrativos do sexo feminino, a ordenação das

escalas é semelhante ao que acontece com a amostra total, com a

superioridade da média da escala Conscienciosidade, seguida de

Amabilidade. Extroversão e Abertiira à Experiência posicionam-se logo a

seguir, sendo novamente a escala Neuroticismo a que apresenta a média

mais baixa mas o maior desvio-padrào. Os resultados apresentam-se no

Quadro n° 7.2.2.

QUADRO N® 7.2.2. RESULTADOS MIHÍIMO E MÁXIMO, M É D U E DESVIO-PADRÀO DAS ESCALAS E C PAAA A SUBAMOSTRA DAS MULHERES ADMINISTRATIVAS

ESCALA S E O - m Média MinisM M i l l me Desvie-padrie N 17.67 4.00 36.00 7.$5 E 33.96 21.00 42.00 4.90 O 31.81 19.00 42.00 S.08 A 36.98 27.00 48.00 4.44 c 41.63 33.00 48.00 3.61

No caso dos administrativos do sexo masculino, as médias,

embora sistematicamente mais baixas, em todas as escalas, que as da

amostra feminina, mantém as mesmas posições relativas com o mínimo

2 3 0

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

para Neuroticismo e o máximo para Conscienciosidade. Também as

escalas Extroversão, Abertura à Experiência e Amabilidade mantém as

mesmas posições relativas. O Quadro n° 7.2.3. simetiza os resultados

encontrados.

Q U . \ D R 0 N^ 7 . 2 . 3 . RESULTADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESViO-PADR.^0 DAS

ESCAL.AS N , E , O , A E C PARA A SU8AM0STRA DOS HOMENS ADMINISTRATIVOS

ESCALA N E O - m M é d í i MioiíDO Máximo Desvio-pad r i o N IS.I6 1.00 38.00 7.52 E 33.66 21.00 45.00 5.13 0 30.53 20.00 40.00 5.36 A 34.90 27.00 45.00 5.25 C 39.84 31.00 47.00 4.54

Para as subamostras dos sujeitos licenciados, os resultados

obtidos são muito semelhantes aos obtidos com os administrativos: as

médias das escalas são, sempre, por ordem decrescente as relativas a

Conscienciosidade, a Amabilidade, a Extroversão, a Abertura à

Experiência e, por último, a Neuroticismo, como se pode ver nos Quadros

n° 7.2.4. e n° 7.2.5.

Q U A D R O N"* 7 . 2 . 4 . RESULT.ADOS MÍNIMO E MÁXIN^O, M É D I A E DESVIO-PADRÀO DAS

ESCALA N E O - m M é d í i Mi ai mo M á i i m o Dcs>io-padrio N 14.58 3.00 30.00 6.29 E 34.85 25.00 44.00 4.72 0 32.60 21.00 45.00 4.74 A 37.89 32.00 46.00 3.12 C 41.62 3000 48.00 4.83

QL ADRO N® 7 . 2 . 5 . RESULT.ADOS MÍNIMO E M.-L\1M0, MÉDIA E DESVIO-P.ADRÃO DAS ESC.\LAS

ESC.ALA VEO-FFI Média Mínimo M i x i m o Dci \1o-padr io N 12.77 2.00 24.00 5.25 E 34.21 23.00 46.00 4.66 0 31.29 17.00 43.00 5.29 A 34.66 24.00 45.00 5.05 C 40.82 30.00 48.00 4.24

De acordo com a hipótese 6, e em relação às características de

personalidade avaliadas, pode-se esperar que não existam diferenças

importantes entre os sujeitos dos dois grupos defínidos pelas

habilitações literárias, embora se possa esperar que no grupo com

231

Capítulo 7

ma io r e sco la r idade seja mais eJevada a, média de Aber tura à

Exper iênc ia .

Os resultados obtidos - apresentados no Quadro n° 7.2.6. - não

confirmam a hipótese, não se encontrando uma diferença significativa

entre as médias dos dois grupos defmidos pelas habilitações literárias na

escala O - Abertura à Experiência. Encontra-se apenas uma diferença

significativa a p<0.01 na escala N- Neuroticismo com uma média mais

elevada para os administrativos.

Q U A D R O 7 . 2 . 6 . D I F E R E N Ç A S ENTRH AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS UCENCIADOS E ADML>NSTRATTVOS NO N E O F F I

E S C A L A N E O - m Média l icenciados ( D - 1 0 9 )

Média a d m i n b t r a r i v o s í o = 1 0 5 )

valor de t

N 13.65 16.76 •3.37'*

£ 34.52 33.85 1.02

O 31.93 31.34 0.83

A 36.23 36.23 0.00

C 41.21 40.98 0.39

• significativa a p<0.05

Se se considerarem os resultados da A N O V A referentes ao efeito

da variável habilitações literárias, saem reforçados os resultados

referidos, revelando-se apenas um efeito significativo na escala

Neuroticismo, com um valor de F(l,206)=7.41; p<0.01

Considerando a hipótese n® 7, pode-se esperar que as médias

re feren tes ao sexo femin ino se jam mais elevadas em N- Neuroticismo,

A- A m a b i l i d a d e e C - Conscienciosidade, e que os homens

ap resen tem médias ma i s elevadas em E-Extroversão.

De facto, quando se subdivide a amostra total em dois subgrup>os:

homens e mulheres, encontram-se diferenças significativas nas médias

obtidas nas escalas pelos dois subgrupos. Surgem, assim, diferenças

significativas a p<0.05 na escaía Conscienciosidade e a p<0.01 nas

2 3 2

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

escalas Neuroticismo e Amabilidade. Em todos os casos, a média mais

elevada surge na amostra feminina. No entanto, o resultado de

Extroversão não é superior na amostra masculina.

Os dados obtidos estão sintetizados no Quadro n° 7.2.7.

Q U A D R O 7 . 2 . 7 . DLFERENÇAS ENTRE AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS

HOMENS E MULHERES NO N E O - F F I . ESCALA fflEO-FFI Média bomens

( 0 = 9 4 ) Média mulheres

(ih-120 ) valor de t

N 13.73 16.31 - 2 . 7 4 " E 33.99 34.35 -0.54 0 30.98 32.16 •1.68 A 34.75 37.38 -4.26*» C 40.43 41.62 -2.04*

A realização de uma ANOVA para estudar o efeito das variáveis

sexo, idade e habilitações sobre cada uma das cinco escalas revela um

efeito significativo da variável sexo nas escalas Neuroticismo com

F(l,206)=4.43;p<0.05 e Amabilidade com F(l,206)=18.91; p<0.001. Não

aparece assim confirmado o efeito do sexo na escala Conscienciosidade.

Assim, se os resultados apresentados no Quadro n® 7.2.7.

evidenciam diferenças significativas entre os sexos nas escalas

Neuroticismo e Amabilidade (a p<0.01) e em Conscienciosidade

(significativa a p<0.05) sempre com médias mais elevadas para a amostra

feminina, aqui essas diferenças só se reconhecem parcialmente.

Comparativamente com os dados obtidos por Lima {no prelo)

neste estudo também se encontra uma média mais elevada do sexo

feminino (considerando a amostra total), na média de Neuroticismo, de

Amabilidade e de Conscienciosidade mas não uma média mais alta em

Extroversão por parte da amostra masculina.

233

Capítulo 7

Em relação à hipótese n° 8 que dizia que embora se possa

e n c o n t r a r u m a relação negativa en t re a idade e as características de

pe rsona l idade N, E e O e uma relação positiva entre a idade e as

caracter ís t icas A e C, a p rox imidade dos g rupos etáríos (18-25 e 26-

35) que const i tuem a amos t ra e a es tabi l idade das características de

pe r sona l idade no adu l to , permi tem p reve r que não se encontrem

di ferenças signif icat ivas ent re as médias dos grupos nas mesmas

escalas.

A análise dos resultados obtidos com o NEO-FFI, não revela

diferenças significativas em função da idade dos sujeitos, como se pode

verificar no Quadro n° 7.2.8.

Q U A D R O N^ 7 . 2 . 8 . DIFERENÇAS ENTRE AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS DOS SUJEITOS COM IDADE

E S C A L A N E O - F F I Média sujei tos com idade eotre os

18 e os 25 aoos ( D - 9 1 )

Média sujei tos com idade entre os

26 e os 35 anos ( • - 1 2 3 )

valor de t

N 15.74 14.76 1,02 E 34.03 34.31 -0.41 0 31.43 31.80 -0.52 A 36.62 35.94 1.04 C 41.31 40.94 0.61

significativa a p<0.01

Também a realização de uma ANOVA para estudar o efeito das

variáveis e a existência de uma possível interacção entre variáveis não

revela qualquer efeito significativo nem da variável idade por si só nem

da interacção entre quaisquer das três variáveis consideradas (sexo,

habilitações e idade) em qualquer dos cinco domínios da personalidade.

Para avaliar a hipótese n® 9 que previa que uma análise em

componen tes pr incipais dos itens do N E O - F F I conduzisse a cinco

fac tores cor responden tes às escalas do ins t rumento , reconsiderar-se-ão

os dados obtidos no ponto 6.2.3, referente ao estudo psicométrico do

2 3 4

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

instrumento. De facto, depois de rodada a matriz pelo método varimax,

uma solução a cinco factores, pode ter alguma correspondência com as

escalas, aparecendo os itens de cada escala, em geral, com saturações

mais elevadas com o mesmo factor. O 1® factor parece, então,

corresponder à escala N - Neuroticismo, o 2® factor à escala C -

Conscienciosidade, o 3° factor à escala O - Abertura à Experiência, o 4°

factor à escala E - Extroversão e o 5® factor à escala A - Amabilidade. No

entanto, no caso do 4° e do 5® factores, a correspondência não é tão nítida

como no caso dos três primeiros factores.

Em síntese das hipóteses de 6 a 9, encontram-se médias

significativamente mais altas para o sexo feminino, nos resultados

obtidos em Neuroticismo, Amabilidade e Conscienciosidade, embora a

superioridade masculina em Extroversão não tenha sido confirmada. As

habilitações literárias parecem definir, apenas, uma diferença entre os

grupos em relação a Neuroticismo (com médias mais altas nos

administrativos) e não em Abertura à Experiência como se esperava.

A estrutura factorial do instrumento, embora fi-aca, como dizem

Mooradian & NetzeI (1996) é aceitável.

7.3. E s t u d o da relação entre os resul tados obtidos com a Escala de Valores W I S e o N E O - F F I

Tal como anteriormente, tendo em conta que a idade parece ser a

variável que menos diferencia as médias obtidas pelos sujeitos e que

assumir as três variáveis em simultâneo levaria à constituição de

subamostras demasiado pequenas para permitirem comparações de

235

Capitulo 6

resultados, decidiu-se retomar como variáveis fundamentais na análise

dos dados, as habilitações e o sexo.

No que diz respeito à relação entre valores e personalidade, os

resultados obtidos são apresemados nos Quadros n° 7.3.1. a n® 7.3.8. para

as quatro subamostras defmidas a partir do sexo e das habilitações:

administrativos do sexo feminino, administrativos do sexo masculino,

licenciados do sexo feminino e licenciados do sexo masculino.

QUADRON® 7.3.1. CORR£LAÇÂO ENTRE AS DD.IESSÔES DA PERSON.AUD.ADE N, E, O. A E C E AS ESCALAS

DE VALORES UTTUZAÇ.ÂO DAS CAPACIDADES, REALIZ-^ÇÂO, PROMOÇ.^O, ESTÉTICO, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, ALT0N0M1A, CRIATIVIDADE E ECONÓWJCO NA .AMOSTRA DE MULHERES

ADMLMSTRAM-AS CN=67) Cdíuc*^

OpM*da4a

toirnrt* CActín AtDTIM* A«tMSd*ò( Cn«tivid*dc

N -0.20 0.01 -0.09 -o.n -0.17 •0.19 0.00 -0,23 0.23

E 0 .24 ' 0.22 0.13 0.06 0.21 0.01 0.03 0.2S' -0.08

0 0.24» 0 . 3 ^ * 0.10 0.10 0.22 0.11 0.22 0 . 5 0 " -0.07

A 0.07 -0.(M 0.05 0.26* 0 . 3 5 " -0.03 0.10 0.18 -0.15

c 0 .24 ' O.IS 0.12 0.15 02\ 0.04 0.07 0.24* -0.27 '

• significaiiva a p<0.05 • • sigoificiijva 1 p<0.0)

QUADRON® 7.3.2. CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSONALIDADE N, E, O. A E C E .AS ESCALAS DE VALORES ESTTLO D E VID.A, DESENVOLVIMENTO PESSOAL, ACTIVIDADE FÍSICA, PRESTÍGJO, RISCO, INTERACÇÃO SOCIAL, RELAÇÕES SOCLMS. VARIEDADE E CONDIÇÕES DE

Eoitoic

VUi

DoovaK Aarvid*4t

F»ei

KM

Sodd

kõKte Vtrícd*4t o^xiiraa,

écTnbt^

N 0.00 -0.07 -0.13 0.03 -0.13 -0.02 0.19 -0.10 0.06

£ •0.09 0.17 0.14 -0.03 0.20 0.26* 0 14 0.15 0.05

0 -0.05 0.16 -0.05 -0.13 0.14 -0.04 0,01 0.15 0.04

A 0.14 0.25- 0.15 -0.00 OlO 0.27- O.W 0.14 0.19

C -0.21 0.08 0.10 0.05 0.02 0 0 1 0.02 0.20 0.11

* sigDÜícaiiva a p<0.05 " síguüícaiiva a p<0.0]

2 3 6

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

QUADRO N* 7.3.3. CORRELAÇÃO ENTRE AS DÍMENSÔES DA PERSONALIDADE N, E, O, A E C E AS ESCALAS DE VALORES UTILIZAÇÃO DAS CAPACIDADES, REALIZAÇÃO, PROMOÇÃO,

ESTÉTICO, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, AUTONOMU, CRJATIVIDADE E ECONÓMICO NA

UtiUzafi*.

Ctpaeidadc*

Rtaliis<io Proaeflo Cnctic* AtnÍNM Aatoridadc AnloBooiia Críjthididt tceoóaice

N -0.19 0.00 -0.23 -0.04 •0.08 0.06 -0.19 -0.37» -0.14

E 0.40* 0.13 0,27 0.21 0.33* 0.22 0,01 0.28 0.12

0 0.34* 0.25 0.23 -0.01 -0.03 •0.09 0.29 0,04 -0,09

A 0.26 0.05 0.18 0.19 0.30 -0.06 -0.11 0.25 0.14

C 0.27 0.17 0.09 0.42* • 0.31 0.08 0.40* 0.27 0,16

* significativa a p<O.OS • • significativa a p<0.01

QUADRO N® 7.3.4. CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSONALIDADE N, E, O, A E C E AS ESCALAS DE VALORES ESTILO DE VIDA, DESENVOLVIMENTO PESSOAL,

ACTIVIDADE FÍSICA, PRESTÍGIO, RISCO, INTERACÇÃO SOCLU, RELAÇÕES SOCIAIS, VARIEDADE E CONDIÇÕES DE TRABALHO NA AMOSTRA DE HOMENS ADNIINISTRATIVOS

CN=38) de

VA Dctavolv Aoívidide

Fiáca

Presigio KÍSM btencçio

Soeãl

RebçAct

Socúú

V«ried«d( Coadiçâes

dc TrtbaOio

N -0.09 -0.27 -0.21 -0.17 -0.12 -0.24 -0.07 -0.42** -0.14

E -0.05 0.06 0.15 0.28 0.12 0.54** 0,36* 0,28 0.06

O 0.04 0.51 • • 0.20 0.28 0.13 0.22 0,15 0.27 0.14

A -0.09 ' 0.12 -0.06 0.04 -0.05 0.32 0.28 0.31 -0.00

C 0.06 0,22 0.22 0.23 -0.15 0 , 3 3 ' 0.09 0.03 0 . 4 3 "

• significativa a p<0.05 significativa a p<0.01

QUADRO HJ® 7.3.5. CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSONALIDADE N, E , O, A E C E AS ESCALAS DE VALORES UTILIZAÇÃO DAS CAPACIDADES, REALIZAÇÃO, PROMOÇÃO,

ESTÉTICO, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, AUTONOMIC, CRL^TIVIDADE E ECONÓMICO NA

Utitiiafi*.

Capseidadta

Reiliaçie C«Ut>M Altniiae ABtarkUdc AalOMBÍi Crijüvidade EcoaioÚM

N 0.01 -0.3!* -0.13 0.06 0,11 -0.22 -0.03 0.06 -0.15

E 0.25 0.18 0 . 3 8 " -0.03 0.16 0,40* • O.Il 0.20 0.20

O 0.43** 0.01 -0.07 0.34* 0.26 - 0 . 3 2 ' 0.15 0 . 5 0 " -0.13

A 0.03 0.07 0,13 -0.04 0.24 0,01 -0.07 0.08 0.05

C 0.25 0 .38" ' 0.22 -0,03 •O.Ol 0 . )6 0.12 0.11 0.24

significativa a p<O.OS significativa a p<0.01

237

Capítulo 7

OL ADRO 7.3.6 . CORRELAÇÃO ESTR£ .KS DIMENSÕES DA PERSOS.ALIDADE N . E . O . A E C E .\S ESCALAS DE V.IXORES ESTILO DE VIDA. DESENVOLVIMENTO PESSOAL, ACTIVIDADE FÍSICA. PRESTÍGIO. RJSCO. INTERACÇÃO SOCIAL, RELAÇÕES SOCI.MS. VARIED.^DE E CONDIÇÕES DE TR.A8ALHO SA AMOSTR.\ DE

MULHERES LICENCI.OAS FN=53

Viát OctavaK

PTUMI

Proupp PLi*u> taicrv,-«i«

Socwl ^-un 4* Tnh«b«

N •0.03 •0.13 •0.04 -0.15 0 0 4 -0.14 -0 07 0.11 •0 05

E OCW 0.24 0.20 0 24 0 07 0 . 4 4 " 0 16 0 . 4 2 " 0 0 6

o 0.19 0 4 0 * ' 0 2 9 * •0.02 0.17 0.17 0 15 0 j 9 " 0.01

A ^ . 0 7 0.19 -0.09 -0.04 •0.20 0.17 0.06 0.04 O.iS

C 0.14 0,32* O.OS 0.12 -0.1 i 0.14 -0.10 0.14 0.34»

QUADRO N® 7 .3 .7 . CORRELAÇÃO ENTRE AS DÍMENSÕES DA PERSONAUD.ADE N , E , O , A E C E .AS ESCALAS DE VALOR£S UTIUZAÇÃO DAS CAPACIDADES, R£.UÍZ.AÇÃO. PROMOÇÃO,

EsTtnco, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, AÜTONOSÜA, CRL^TIVIDADE E ECONÓMICO NA AMOSTRA DE HOMENS LÍCENCLADOS ( N = 5 6 )

Ctftddtáa frpw»;*» toirira Akrvõa* AsiarM^ Criativid>4< CcMMÍn

N -0.06 -0.03 -0.18 0.16 0.09 -0.24 -0 .52 ' -0.19 -0.22

E o . n 0.21 0.26 0.16 0.10 0 .29 ' 0.39** 0 . 3 0 ' 0.25

o 0.21 O.OS 0.04 0.33* 0 .32 ' 0.06 0.37* • 0 . 4 7 ' " -0.09

A -0.11 -0.16 -0.22 0.21 0 . 3 9 " -0.28* -0.19 -0.13 -0.11

C 0.24 0.32 0 .42* • -0.14 -0.07 0.27* 0.27* 0.21 0 . 3 8 "

QUADRO N® 7 .3 .8 . CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSON.^UDADE N , E , O , A E C E AS ESCALAS DE VALORES ESTTLO DE VIDA, DESENVOLVIMENTO PESSOAJL,

ACNVTOADE FÍSICA, PRESTÍGIO, RISCO, INTER-ACÇÃO SOCL^L, RELAÇÕES SOCLMS,

Vrii

Dcmdv K

fcuotl

Aai Sdadc

FUa

hnnf» Ksce btcncfáo

Social

R-cbfAa

Soóá

Vtrátf^

Tnttk«

N -0.11 -0.13 • 0 . 3 6 " -0.21 -0.25 •0.20 -0.03 -0.15 0.06

£ 0.27* 0.11 0 .34* 0.31* 0.31* 0 . 3 6 " 0.17 0.29- 0.07

0 0.35* • 0 .29* 0 .16 -0.07 0.07 0.27- .0.18 0.15 0.14

A -0.10 -0.02 0 . 3 5 " -0.16 0.02 0.24 0.23 0.04 0.13

C 0.19 0 .36 * * 0.23 0.34* 0.13 0.11 0.16 0.18 0.12

• sigaiücauva a pcO.OS

Para melhor compreender a importincia relativa de cada um

destes coeficientes, foram calculados o resultado mínimo, o máximo, a

média, a mediana e o desvio-padrão das corTelações correspondentes às

quatro subamostras. O Quadro n° 7.3.9. sintetiza esses resultados. 238

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

Q U A D R O N® 7 . 3 . 9 . MÍNIMO, MÁXIN40, MÉDIA, MEDIANA E DESVIO-PADRÃO DAS CORRELAÇÕES ENTRE AS DOWLENSÔES DA PERSONALIDADE E AS ESCALAS DA ESCALA DE

MÍDimo Máximo Média Mediana Des>io-padrÍo Mulheres i d m i n i s t r a t i v u 0.00 0.50 0,13 0.13 0.09 Homens t d m i a i s t n t i v o s 0.00 0.54 0.19 0.17 0.12

Muiberes licenciadas 0.01 0.50 0.16 0.13 0.12 Hooieos [icencíados 0.02 0.47 0.20 0.19 0.11

A hipótese n° 10 que previa que não aparecessem relações

signif icat ivas consistentes ent re N e as escalas da Escala de Valores

WIS , com excepção de uma relação inversa e n t r e N e valores de

O r i e n t a ç ã o p a r a a Expressão Indiv idua l como Var i edade e

Au tonomia é apenas parcialmente apoiada pelos resultados obtidos, já

que só na subamostra de homens administrativos se verifica uma relação

inversa entre N e Variedade (-0.42, significativa a p<0.01) e entre N e

Criatividade (-0.37, significativa a p<0.05). Na subamostra de mulheres

administrativas, não se encontram quaisquer relações significativas entre

N e as escalas de Valores. Na subamostra de mulheres licenciadas, surge

apenas uma relação negativa (-0.31, significativa a p<0.05) mas com

Realização e não com os valores previstos. Nos homens licenciados

surgem duas relações negativas entre N e Autonomia (-0.32, significativa

a p<0.05), no sentido previsto pela hipótese mas também com Actividade

Física (-0.36, significativa a p<0.01).

Os resultados obtidos, embora apoiem parciahnente a hipótese,

acentuam as diferenças entre sexos. De facto, no caso dos sujeitos do

sexo masculino as relações negativas encontradas entre N e alguns

valores de Orientação para a Expressão Individual como Variedade ou

Autonomia parecem compreensíveis e justificáveis á luz das conclusões

de outros estudos que relacionavam variáveis motivacionais com valores

239

Capítulo 7

(Costa & McCrae, 1988a; Piedmont, McCrae & Costa, !992), mas as

diferenças entre sexos são talvez mais difíceis de compreender.

Eventualmente, poderão estar relacionadas com variáveis não controladas

como a importância dos papeis. Talvez o facto das pessoas responderem

num contexto de trabalho tenha tomado mais saliente, naquela situação, o

papel de trabalhador e os resultados reflictam diferentes niveis de adesão

ou de participação em relação a esse papel. Poderão também estar

relacionadas com diferentes tipos de preocupações de carreira. Cçntudo,

qualquer destas hipóteses só poderia ser fundamentada e estudada com

base na aplicação de provas como o Inventário de Saliência de

Actividades ou o Inventário de Preocupações de Carreira, ambos com

versão portuguesa.

Considerando a relativa inconsistência dos resultados encontrados

e embora a correlação não nos permita concluir sobre relações de causa-

efeito, os resultados obtidos acabara por ir no mesmo sentido de estudos

anteriores (por exemplo, Luk & Bond, 1993) em que se verifica uma

fraca associação entre Neuroticismo e os valores do indivíduo.

A hipótese n® 11 que previa que eristisse uma relação

positiva q u e r de E x t r o v e r s ã o que r de Amab i l i dade com os valores de

Or ien tação Social, t ambém é apenas parcialmente suportada. Apenas no

caso da Interacção Social se encontra, em todas as subamostras uma

correlação com Extroversão positiva e significativa (a p<0.01), com

resultados entre 0.36 e 0.54, excepto para a subamostra de mulheres

administrativas em que a correlação encontrada de 0.26 é significativa a

um m'vel de significância inferior (p<0.05). Outras associações com

2 4 0

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

outros valores de Orientação Social aparecem na subamostra de homens

administrativos, onde se encontra também uma correlação positiva de

Extroversão com Altruísmo e com Relações Sociais (respectivamente,

0.33 e 0.36) e na subamostra de homens licenciados com Actividade

Física (0.34), todas significativas a p<0.05. No que diz respeito à

dimensão Amabilidade, os resultados também não são equivalentes em

todas as subamostras. Na subamostra de mulheres administrativas,

regista-se uma correlação positiva de A com Altruísmo (0.35),

significativa a p<0.01 e com outros valores de Orientação Social como

Interacção Social (0.27) ou com Estético (0.26), a p< 0.05, mas não com

Relações Sociais. No caso dos homens administrativos, a correlação de A

com Altruísmo, Interacção Social e Relações Sociais é sempre próxima

de 0.30, embora sem significado estatístico. Nas subamostras de

licenciados, apenas o Altruísmo e a Actividade Física (que neste estudo

surgem agregados aos valores de Orientação Social, como se pode ver no )

capítulo 6) estão relacionados positiva e significativamente (a p<0.01)

com A, mas apenas nos homens (0.39 e 0.35, respectivamente). No grupo

de mulheres licenciadas não aparecem quaisquer correlações

significativas, embora se possa verificar que as correlações de A com

valores como Interacção Social, Relações Sociais ou Altruísmo são

claramente superiores quer à média quer à mediana das correlações

encontradas nesta subamostra (Quadro n° 7.3.9). Mais uma vez se pode

levantar a hipótese destas diferenças entre sexos e níveis de habilitações

literárias se relacionarem com variáveis não controladas por este estudo,

241

Capítulo 7

nomeadamente com a saliência dos papeis ou as preocupações de

carreira.

A análise da hipótese n° 12 que antevia a existência de uma

re lação positiva eot re Ex t rove r são e valores relacionados cora a

necessidade de es t imulação como Variedade ou com a Orientação

p a r a a Aventura como Risco também resulta em dados pouco

concludentes. De facto esta relação cora Variedade só aparece nas

subamostras de licenciados (significativa a p<0.01 para as mulheres: 0.42

e a p<0.05 para os homens: 0.29) e com Risco apenas para os homens

(0:31, significativa a p<0.05). A explicação desta diferença entre os

grupos profissionais poder-se-á situar na natureza das actividades

profissionais dos subgrupos de administrativos já que grande parte da

amostra feminina deste subgrupo era constituída por Secretárias ou

Escriturárias e muitos dos sujeitos da subamostra masculina eram

Contabilistas. Daí que, em qualquer dos casos, a natureza das actividades

desempenhadas dê pouco espaço para a Variedade ou para o Risco. No

entanto, verifica-se, no caso das mulheres administrativas e dos homens

licenciados, que surge também uma correlação positiva (e significativa a

p<0.05) entre E e Criatividade, respectivamente de 0.28 e de 0.30. Mais

uma vez, estas diferenças poderão relacionar-se com variáveis aqui não

consideradas, como a saliência ou a importância dos papeis, uma vez que

a Escala de Valores utilizada é uma escala de valores que podem ser

realizados em qualquer dos papeis desempenhados pelo indivíduo. Talvez

niveis de adesão ou de participação diferentes face ao papel Trabalho se

reflictam em diferenças entre os grupos profissionais. Contudo, estas são

2 4 2

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

hipóteses que só se poderiam estudar no âmbito de trabalhos

subsequentes.

Outras relações encontradas, embora não previstas pelas

hipóteses, permitem verificar que surge uma relação positiva e

significativa entre Extroversão e valores de Auto-Actualização como

Utilização das Capacidades, mas apenas no grupo dos administrativos

(0.40 para o sexo masculino e 0.24 para o sexo feminino, ambas a

p<0.05). Esta relação não surge nos grupos de licenciados. Por outro lado,

nas subamostras de licenciados a Extroversão correlaciona-se

positivamente, (respectivamente, 0.40, significativa a p<0.01, para

mulheres e 0.29, significativa a p<0.05, para homens) com Autoridade.

As relações destas diferenças com o grupo profissional do sujeito podem

tomar-se compreensíveis se se pensar que no caso dos licenciados mais

provavelmente a adaptação profissional passe, não só pela Utilização das

Capacidades, mas mais pelo desempenho de lugares de chefia. Esta

correlação elevada aparece claramente associada com valores de

Orientação Utilitária, traduzindo-se numa correlação também elevada e

positiva com Promoção (0.38, significativa a p<0.01), para o sexo

feminino e com Prestígio (0.31, significativa a p<0.05), para o sexo

masculino. Parece aceitável esperar que nos licenciados maior

Extroversão se possa traduzir em maiores possibilidades de assumir

lugares que exijam o exercício da Autoridade sobre outros e que, no caso

das mulheres, esta possibilidade suija mais ligada à valorização da

progressão ascendente na carreira para lugares de chefia, enquanto, que

nos homens suija mais ligada à valorização do Prestígio. Estas diferenças

243

Capítulo 7

poder-se-íam relacionar com condicionantes sociais ligados aos

estereótipos sexuais e às diferentes expectativas sociais em relação ao

percurso profissional de cada um dos sexos.

Se se considerarem os factores encontrados por Sverko (1995),

na Escala de Valores WIS, poder-se-ía afirmar, em síntese, que a

dimensão Extroversão, se relaciona com a Orientação Social em todos os

grupos, com ^ Orientação para a Auto-Actualização nos subgrupos de

administrativos e com a- Orientação Utilitária nos Licenciados.

Encontram-se também, nalguns subgrupos, associações com a Orientação

para a Aventura e com a Orientação para a Expressão Individual. Poder-

se-ía, também, pensar tratar-se aqui de um efeito de Manipulação da

Imagem no sentido da Desirabilidade Social, mas a ausência de uma

escala deste tipo em qualquer dos instrumentos impossibilita o estudo

desta hipótese.

A hipótese n° 13, que previa que aparecesse uma relação

positiva entre A b e r t u r a à Exper iência e valores como Estético,

Cria t ividade, Var i edade , Utilização das Capac idades ou

Desenvolvimento Pessoal, também só parciahnente é apoiada pelos

dados. Nas duas subamostras femininas, aparece uma correlação positiva

e significativa a p<0.01 entre O e Criatividade (0.50, quer para

admnistrativas quer para licenciadas), tal como na amostra de homens

licenciados (0.47, significativa a p<0.01). No entanto, esta relação não

surge para os homens administrativos. Esta diferença não é facilmente

explicável. Talvez se se considerassem as diferentes facetas da Abertura à

Experiência (Fantasia, Estética, Sentimentos, Acções, Ideias, Valores), os

244

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

resultados tivessem um significado psicológico mais claro. No entanto,

essa avaliação teria que ter sido feita com o NEO-PI- R e não com o

NEO-FFI. A relação entre O e Estético apenas surge nas amostras de

licenciados (0.34 e 0.33, respectivamente para o sexo feminino e

masculino, ambas significativas a p<0.05). A relação com Variedade só

surge para as mulheres licenciadas (0.39, significativa a p<0.01). A

associação com valores de Orientação para a Auto-Actualização como

Utilização das Capacidades ou Desenvolvimento Pessoal verifica-se

parcialmente: em três das subamostras (excepto para os homens

licenciados), surge uma correlação positiva e significativa nos

administrativos (0.24 e 0.34, a p<0.05, respectivamente para o sexo

feminino e masculino) e nas mulheres licenciadas (0.43, significativa a

p<0.01) entre a dimensão O e a Utilização das Capacidades.

Desenvolvimento Pessoal relaciona-se positiva e significativamente com

O (0.40, 0.51, significativas a p<0.01, respectivamente para mulheres

licenciadas e para homens administrativos e 0.29, para os homens

licenciados, significativa a p<0.05) em três das subamostras (excepto

para as mulheres administrativas), enquanto que nesta subamostra é

Realização que mostra esta associação positiva (0.39, significativa a

p<0.01) com O. Em qualquer dos casos, a relação surge com os valores

que Sverko (1995) chama de Orientação para a Auto-Actualização. Nos

homens licenciados, Altruísmo surge também correlacionado

positivamente (0.32, significativa a p<0.05) cora O, o que poderá estar

relacionado com a elevada saturação que áverko (1995) encontrou

nalgumas amostras entre Altruísmo e o factor de Orientação para a Auto-

245

Capítulo 7

Actualização. Nos licenciados, a dimensão O também parece relacionar-

se positivamente com outros valores de Orientação para a Expressão

Individual, para além da já referida Criatividade, com relações positivas e

significativas a p<0.01 com Estilo de Vida e Autonomia

(respectivamente, 0.35 e 0.37), para os homens.

No caso das mulheres licenciadas, e embora não contemplada nas

hipóteses, é notória uma relação negativa entre Autoridade e a dimensão

Abertura à Experiência (-0.32, significativa a p<0.05), que se poderá

eventualmente relacionar com a forma como o poder está distribuído na

sociedade, levando as mulheres com altos resultados em Abertura á

Experiência a valorizarem, em simultâneo, mais a Auto-Actualização do

que a conquista do poder e uma relação positiva entre O e Actividade

Física (0.29, significativa a p<0.05) que talvez reflicta a procura da

actividade física noutros papeis (nomeadamente tempos livres), em meios

económicos e sociais mais favorecidos.

No geral, poder-se-á dizer que a dimensão Abertura à Experiência

aparece correlacionada positivamente com a Chientação para a Auto-

Actualização em todas as amostras e com valores de Orientação para a

Expressão Individual em quase todas as amostras. As relações previstas

com Estético, Variedade e Criatividade surgem nalgumas subamostras.

A hipótese n® 14 que esperava uma relação inversa entre

Conscienciosidade e valores de Orientação para a Expressão

Individual mais relacionados com a Uberdade individual ou a não

conformidade às normas vigentes como Estilo de Vida, também não é

apoiada pelos resultados obtidos, não aparecendo qualquer relação

2 4 6

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

significativa entre C e Estilo de Vida. Este resultado pode justificar-se

pelo facto da escala Estilo de Vida não avaliar tanto a não submissão ou a

não conformidade às normas, mas antes a valorização pelo indivíduo de

seguir os seus próprios princípios na orientação da sua própria vida,

podendo não contestar a ordem vigente.

A hipótese n° 15 que previa o aparecimento de uma relação

positíva entre Consciencíosídade e alguns valores de Orientação

Utilitária como Promoção ou Realização, também é apenas

parcialmente apoiada pelos resultados, havendo diferenças importantes

entre as várias subamostras. Assim, na subamostra de mulheres

administrativas, aparece uma correlação significativa (a p<0.05) e

negativa (-0.27) que relaciona o valor Económico com

Conscienciosidade, o que é dificilmente compreensível, j á que seria de

esperar uma relação positiva, tendo em conta que alguns dos itens que

compõem a escala C do NEO-FFI se relacionam com a luta pela

aquisição. Esta relação positiva com a escala Económico aparece em

todas as outras subamostras com valores entre 0.16 e 0.38, embora apenas

seja significativa (a p<0.01) para os homens licenciados (0.38). Em

contrapartida, encontram-se relações positivas com outros valores de

Orientação Utilitária como Condições de Trabalho (0.34, significativa a

p<0.05, para mulheres licenciadas e 0.43, significativa a p<0.01, para

homens administrativos) ou Promoção (0.42) e Prestígio (0.34),

respectivamente significativas a p<0.01 e a p<0.05 para homens

Hçençjados. Ests^ relações são compreensíveis de acordo com a própria

definição da escala Conscienciosidade e das escalas de facetas que

247

Capítulo 7

definem esse domínio da personalidade (Competência, Ordem, Dever,

Lula pela Aquisição. Auto-disciplina e Deliberação) e apoiam

parcialmente a hipótese, embora sejajn menos compreensíveis as

diferenças encontradas entre os subgrupos. Mais uma vez se sente aqui a

necessidade de considerar variáveis não abordadas neste trabalho.

Em resumo, poder-se-á considerar que a hipótese é parcialmente

apoiada pelos dados, na medida em que se encontra, com alguma

consistência, uma relação positiva entre Conscienciosidade e alguns

valores de Orientação Utilitária.

A hipótese n® 16 que previa uma relação positiva entre

Conscienciosidade e a lguns valores de Orientação p a r a a Auto-

Actuaüzaçâo é parcialmente apoiada pelos dados. Assim, na subamostra

de mulheres administrativas, a dimensão C apresenta uma correlação

positiva (0.24), e significativa a p<0.05, com Utilização das Capacidades e

com Criatividade (valor que, de acordo com Sverko (1995) encontra

frequentemente saturações elevadas no factor de Orientação para a Auto-

Actualização), enquanto que nas subamostras de mulheres licenciadas e de

homens licenciados, só se verifica uma correlação positiva

respectivamente de 0.32 (significativa a p<0.05) e de 0.36 (significativa a

p<0.01) com Desenvolvimento Pessoal mas não com Criatividade. Para os

homens administrativos não se encontra qualquer relação significativa

entre C e valores de Auto-Actualização, embora se possa constatar que as

correlações de C com Utilização das Capacidades e com Desenvolvimento

Pessoal são também positivas (respectivamente, 0.29 e 0.22) e superiores

quer à media quer à mediana das correlações encontradas para esta

248

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

subamostra (respectivamente, 0.19 e 0.17, como se pode ver no Quadro n°

7.3.9.).

N o geral, as relações entre a dimensão Conscienciosidade e os

valores medidos pela Escala de Valores WIS vão no sentido previsto pelas

hipóteses, embora nalgumas subamostras suijam relações não previstas e

com significado psicológico pouco claro. E o caso da relação positiva com

valores de Orientação para a Expressão Individual como Criatividade, que

Sverko (1995) considera poder ser também um valor de Auto-

Actualização, (0.24, significativa a p<0.05 para mulheres administrativas)

ou Autonomia (0.40, significativa a p<0.05 para homens administrativos).

Poderão estas relações estar directamente ligadas à constituição das

subamostras administrativas com a maioria das mulheres a

desempenharem funções de Secretariado (talvez a Criatividade seja um

factor importante para o bom desempenho da sua função) e a maioria dos

homens a desempenharem funções de Contabilistas (que, em geral, mesmo

em contexto organizacional, desenvolvem a sua actividade com autonomia

e independência)? Ou estará esta diferença relacionada com diferentes

graus de importância do papel de trabalhador? Ou referir-se-á ao

prosseguimento destes valores em papeis diferentes para os diferentes

grupos? Estas questões ficam por responder, podendo servir de base a

estudos posteriores.

A relação mais difícil de compreender é a correlação positiva e

significativa a p<0.01 (0.42) que se encontra para os homens

administrativos entre C e Estético. Poderá esta relação reflectir a

necessidade destes sujeitos que realizam funções administrativas de

249

Capitulo 7

acordo com regras bem defmidas. actualizarem valores Estéticos noutros

papeis da sua vida, que não o de Trabalhador?

Por fim, a análise da hipótese n® 17 que previa que, uma análise

em componentes principais às escalas dos dois instrumeotos, em

conjunto, permitisse ideat iCcar factores semelhantes aos previstos

pela hipótese 5, embora pudesse eventualmente surgir um ou vários

factores distintos de personal idade.

De facto, a análise em componentes principais, sem imposição de

qualquer estrutura factorial e impondo o critério de eigenvalue superior a

1, conduz a 6 factores que justificam 62.05% da variância dos resultados.

O Quadro n® 7.3.10 apresenta os eigenvalues e a variância explicada por

cada factor.

Q U A D R O N - 7 . 3 . 1 0 . E S C A L A DE V A L O R E S W I S E N E O - F F I - EIGENVALUES E

VAWÂNCIA E X P U C A D A P O R C A D A F A C T 0 R C N = 2 1 4 )

CompoDcote PríiicipaJ

Eigenvalues % Vari ioc ía C t p l i c j d i

*/• de Variância EípCcada

AcuffloUda

1 6.36 27,65 27.65

2 2.32 10.09 37.74

3 1.77 7.70 45.44

4 1.37 5.95 51.39

S 1.35 5.S6 57.25

6 1.10 4.S0 62.05

A análise dos 6 factores a partir das escalas que os defmem pode ser feita

a partir dos resultados sintetizados a seguir. O Quadro n° 7.3.11.

apresenta a matriz dos factores obtidos e o Quadro n® 7.3.12. a matriz

rodada através de uma rotação varimax. Encontram-se, tal como previsto,

6 factores em que 5 são fundamentalmente definidos por escalas de

valores e 1 por escalas de personalidade.

2 5 0

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

Q U A D R O N® 7 . 3 . 1 1 . ESCALA DE VALORES W I S E N E O - F F I - MATRIZ DOS FACTORES

ESCALAS F A C T O R 1

F A C T O R 2

F A C T O R 3

FACTOR 4

F A C T O R 5

F A C T O R 6

N -0.21 •0.07 0.70 •0.06 •0.01 0.21

E 0.42 •0.12 •0.63 0.07 0.02 •0,11

O 0.34 -0.27 •0.05 -0.57 -0.39 -0.06

A 0.20 -0.51 •0.37 0.42 -0.10 0,09

C 0.34 0.06 •0.48 0.23 -0.39 0.18

Ut i l iz tç lo Capacidades 0.56 0.05 -0.13 -0,32 -0,20 0.35

Realiza ç io 0.62 0.32 0.04 0.01 -0.24 0.35

P r o m o ç i o 0.65 0.49 •0.06 0.01 0.02 0.12

Estético 0.56 •0.41 0.29 •0.04 0,16 0,36

Altruismo 0.50 •0.59 0.12 -0.02 0.10 0,29

Autoridade 0.43 0.51 -0.17 -0.08 0.34 •0,06

AutOBomia 0.66 0.24 0.16 •0.14 -0.13 -0,35

Criatividade 0.68 -0,09 •0.08 -0.38 -0.05 •0.19

Económico 0.46 0.53 0.18 0.35 0.04 0.03

Estilo de Vida 0.59 0.08 0.39 0.05 -0.19 -0.25

Deseovolvimento Pessoal 0.70 -0.01 0.13 0.02 -0.38 -0.02

Actividade Física 0.47 •0.20 -0.08 -0.02 0,35 0.22

Prestíeio 0.52 0.42 -0.05 O.iO 0.21 0.16

Risco 0.40 0.02 •O.IO -0.32 0.59 0.06

In te racc io Social 0.62 •0.38 -0.03 0.23 0.17 -0,23

Relações Sociais 0.57 -0.30 0.26 0.31 0.06 -0,21

Variedade 0.67 -0.20 0.02 •0.06 0.14 •0.37

<?tadi<iesl^rabaIbo | 0.40 0.00 . . . .P .37 . . ÍO,Q9 P.(M

Q U A D R O N® 7 . 3 . 1 2 . ESCALA DE VALORES W I S E N E O - F F I - MATRIZ DOS F.ACTORES

ESCALAS F A C T O R 1

F A C T O R 2

F A C T O R 3

F A C T O R 4

FACTOR 5

F A C T O R 6

N 0.21 •0.06 -0.70 -0.07 -0.20 -0.05

E 0.07 0.09 0.72 0.14 0,20 0.14

0 0.13 -0.07 0.05 0.79 -0.02 0,13

A 0.40 -0,14 0.60 -0.12 -0,24 0.09

C 0.05 0.37 0.59 0.16 -0.26 -0,06

Utiliza ç io Capacidades 0.30 0,45 0,14 0.53 0.10 -0.06

Real izaçio 0.20 0.74 0.06 0.26 -0,05 0,05

P r o m o ç i o 0.01 0.76 0.11 0,12 0,24 0.18

Estético 0.79 0.16 -0.11 0.15 0,10 0,19

AJ t ruísmo 0.79 -0,03 0.09 0.19 0,04 0.19

Autoridade -0.15 0,51 0.11 -0.03 0,54 0.13

Autonomia -0.09 0.42 -0.03 0.34 0.14 0.60

Criatividade 0.16 0.18 0.16 0.56 0.30 0.41

Ecooómico -0.05 0.71 -0.05 -0.24 0.02 0.29

Estilo de Vida 0.10 0.36 -0.16 0.20 -0.09 0.63

Deseovolvimeuto Pessoa) 0.23 0.44 0.10 0.39 -0.19 0.44

Acti>idade Fisica 0.50 0,15 0.16 0.02 0.36 0,09

Prestigio 0.09 0,63 0.09 -0.08 0.31 0.11

Risco 0.25 0,12 0.03 0.09 0.73 0.07

In te racc io Sodal 0.43 0.02 0.33 -0.01 0,14 0.60

Relações Sociais 0.41 0.1) 0.07 -0.08 -0.05 0.66

Variedade 0.23 0,08 0.18 0.21 0.29 0,66

Condições Trabalho 0.29 0.39 0.04 -0.12 -0.18 0.40

As escalas com saturações mais elevadas no 1° factor são os

valores Estético, Altruísmo e Actividade Física; as que têm saturações

mais elevadas no 2® factor são Realização, Promoção, Autoridade,

Económico e Prestígio (com valores superiores a 0.5); o 3® factor defme-

251

Capitulo 7

se, principalmente, a partir de quatro das escalas do NEO-FFI,

nomeadamente N, E, A e C, aparecendo a escala O - Abertura à

Experiência com saturação mais elevada no 4° factor juntamente com os

valores Utilização das Capacidades e Criatividade; as escalas com

maiores saturações no factor 5 são os valores Autoridade e Risco,

enquanto que, para o factor 6, as mais elevadas correspondem a

Autonomia, Estilo de Vida, Interacção Social, Relações Sociais e

Variedade.

Embora não haja coincidência dos 5 factores referentes à Escala

de Valores WIS com os identificados no capítulo 6, podem ser referidos

alguns aspectos comuns. Assim, o 2® factor aqui encontrado é

praticamente equivalente ao 1° factor extraído na análise em componentes

principais da Escala de Valores WIS, sendo definido basicamente por

valores de Orientação Utilitária como Realização, Promoção, Económico,

Prestígio e Autoridade. Da mesma forma, o 1® factor que surge nesta

análise, sendo definido por Estético, Altruísmo, Actividade Física com

saturações superiores a 0.50, é praticamente equivalente ao 2® factor

referido no ponto 6, considerado um factor de Orientação Social.

Contudo, aqui as escalas Interacção Social e Relações Sociais

surgem apenas com uma saturação inferior a 0.50, respectivamente 0.43 e

0.41, j á que as saturações mais importantes (superiores a 0.60) surgem no

6° factor.

O 3® factor - definido por quatro das escalas do NEO-FFI - é,

claramente, um factor de personalidade, enquanto o 4® factor reúne a

escala Abertura à Experiência - definida pela curiosidade pelo mundo

2 5 2

Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses

exterior e interior, pela defesa de novas ideias e pela procura da

diversidade de experiências, com alguns valores de Auto-Actualizaçào -

Utilização das Capacidades e Criatividade (que também pode ser

considerado um valor de Orientação para a Expressão Individual). O 5°

factor, à semelhança do 3° factor referido no capítulo 6 quando da análise

da estrutura factorial da Escala de Valores WIS, agrupa os valores

considerados de Orientação para a Aventura. O 6® factor agrupa alguns

valores de Expressão Individual como a Autonomia, o Estilo de Vida e a

Variedade, mas também valores de Orientação Social como Relações

Sociais e Interacção Social.

Embora não inteiramente concordantes com a hipótese, os

dados aqui recolhidos vão no sentido de uma diferenciação clara dos dois

conceitos embora as medidas dos valores e da personalidade pareçam

estabelecer relações importantes num sentido teoricamente previsível. No

entanto, a análise dos dados obtidos não se esgota no estudo das hipóteses,

surgindo algumas relações não esperadas e que poderão servir de base a

estudos posteriores, com amostras de maiores dimensões e eventual

controlo de variáveis que podem ter impacto nos resultados e ajudar a

explicar as diferenças encontradas, como o conceito de saliência dos

papeis (Kidd & Knasel, 1979).

253

CONCLUSÕES

• Conclusões

Se o presente trabalho pode ser dividido em três grandes campos

de análise, subdivisão que decorre do tipo de hipóteses formuladas,

também as conclusões respeitarão esta forma de organização: conclusões

sobre o estudo dos valores e do instrumento utilizado para a sua medida

numa amostra de adultos trabalhadores, conclusões sobre o estudo das

cinco dimensões da personalidade e do instrumento utilizado para a sua

medida numa amostra de adultos trabalhadores e conclusões sobre as

relações quer destas duas variáveis quer destas duas provas psicológicas.

N o que diz respeito aos valores, procurou-se com este trabalho,

abordar um tipo de população pouco focada nos estudos desenvolvidos

em Portugal, especificamente os adultos empregados. Essa perspectiva

permitiu por um lado complementar dados recolhidos em Portugal com a

Escala de Valores WIS com estudantes, compará-los com outros estudos

nacionais e internacionais feitos com adultos com o mesmo instrumento,

analisando quer as propriedades psicométricas da Escala quer a forma

como os valores são hierarquizados em populações de adultos. De um

modo geral, pode concluír-se que a Escala de Valores WIS mantém, com

adultos, as características metrológicas que evidenciara com amostras de

sujeitos mais jovens. Os índices de consistência interna, avaliados a partir

do coeficiente a de Cronbach, confirmam que, também com populações

adultas, a garantia da prova se mantém elevada com resultados entre 0.73

e 0.81, valores semelhantes aos encontrados noutros estudos portugueses

com adultos (Rafael, 1992; Duarte, 1993). Também a análise das

correlações item-total da escala a que pertence acentua o reconhecimento

de uma elevada consistência interna da escala.

255

• Conclusões

O estudo factorial da Escala de Valores WIS revela uma estrutura

em cinco factores, muito semelhante à encontrada por èverko no

conjunto de amostras dos países participantes do projecto WIS. Esses

cinco factores podem ser considerados orientações de valores, havendo,

claramente, um factor de Orientação Utilitária (defmido principalmente a

partir das escalas Promoção, Económico, Prestígio, Condições de

Trabalho, mas também por saturações importantes de Utilização das

Capacidades e Realização), um factor de Orientação Social (defmido

principalmente a partir das escalas Estético, Altruísmo, Actividade Física,

Interacção Social e Relações Sociais), um factor de Orientação para a

Aventura (definido principalmente a partir das escalas Risco e

Autoridade), um factor de Orientação para a Auto-Actualizaçao (defmido

principalmente a partir das escalas Utilização das Capacidades e

Realização), e um factor de orientação para a Expressão Individual

(defmido principalmente a partir das escalas Autonomia, Criatividade,

Estilo de Vida e Variedade). Talvez a diferença mais importante em

relação aos factores encontrados por áverko (1995) se traduza na reunião

do valor Estético com os valores de Orientação Social como, aliás, se

verificara em Duarte (1993) e em Coetsier e Claes (1995). No que diz

respeito a outros estudos portugueses com adultos (Rafael, 1992; Duarte,

1993), a estrutura factorial encontrada não é equivalente embora se

reconheçam muitas semelhanças. Contudo, em Duarte (1993) surge

apenas uma estrutura em 4 factores e quer em Rafael (1992) quer em

Duarte (1993) não aparece tão claramente um factor de Orientação para a

Auto-Actualização.

256

• Conclusões

O estudo das correlações entre as escalas revela ainda dados

semelhantes aos encontrados noutros estudos portugueses com adultos

(Rafael, 1992; Duarte, 1993), com correlações elevadas (superiores a

0.50) entre as escalas Altruísmo e Estético, Interacção social e Relações

Sociais, Promoção e Realização, Estilo de Vida e Autonomia, Variedade

e Criatividade, Desenvolvimento Pessoal e Estilo de Vida, Interacção

Social e Variedade, Económico e Promoção, e, por fim, Autonomia e

Criatividade. Estes resultados, com a excepção da relação entre

Desenvolvimento Pessoal e Estilo de Vida e de Interacção Social e

Variedade, correspondem à estrutura factorial da Escala, aparecendo as

maiores correlações entre valores com saturação elevada no mesmo

factor.

Os tratamentos estatísticos utilizados permitiram encontrar efeitos

significativos da interacção de algumas das variáveis independentes

estudadas (sexo, habilitações literárias e idade) pelo que algumas das

hipóteses foram analisadas com base em 4 subamostras defmidas a partir

das variáveis sexo e habilitações: administrativos do sexo feminino,

administrativos do sexo masculino, licenciados do sexo feminino e

licenciados do sexo masculino. As conclusões são muito semelhantes às

obtidas cora a amostra total. Tendo em conta que a variável idade

praticamente não interferia nos resultados e que considerar as 3 variáveis

em simultâneo, tomaria as subamostras demasiado pequenas, o estudo

desta variável limitou-se à análise das diferenças entre os grupos etários,

não sendo depois utilizada para a constituição das subamostras.

257

• Conclusões

A análise das médias obtidas nas diferentes escalas permite

confirmar os resultados já obtidos em estudos anteriores quer em Portugal

quer noutros países, com populações de estudantes e populações de

adultos (Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995; Rafael, 1992; Sverko &

. Super, 1995). As médias mais altas surgem, quer na amostra total quer

nas subamostras definidas pelo sexo e pelas habilitações literárias, em

Utilização das Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal e as

mais baixas em Risco, Actividade Física, Autoridade e Prestígio.

Foram ainda estudadas as diferenças entre as hierarquias de

médias de valores dos grupos definidos pelo sexo, pela idade ou pelas

habilitações literárias. Assim, a análise das diferenças entre sexos está

também de acordo com os resultados obtidos noutros estudos portugueses

(Marques, 1983; Duarte. 1984; Teixeira, 1988, 1995) e estrangeiros

(Sverko, Jemeic ' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic'. 1995: Trentini, 1995;

Horaowska & Paluchowski, 1995; Langley. 1995). A s médias obtidas

pelo sexo feminino são significativamente superiores às masculinas em

Estético e Altruísmo e inferiores em Autoridade quer na amostra total

quer na subamostra de licenciados (mas não na subamostra de

administrativos). A realização de uma ANOVA não confirma a

significância da diferença encontrada face a Autoridade. No entanto, e tal

como acontecia em estudos anteriores já referidos, em geral e com

excepção de Autoridade, as médias mais altas (Utilização de

Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal) e mais baixas

(Risco, Prestígio e Actividade Física) são semeüi^ tes p ^ os dois sexos.

258

• Conclusões

O efeito da variável habilitações literárias - que não se esperava

que introduzisse diferenças entre os grupos, dada a proximidade dos

níveis profissionais dos sujeitos que constituem a amostra - revela médias

superiores dos administrativos em Estético e em Condições de Trabalho

(respectivamente, a p<0.05 e a p<0.01) e dos licenciados em Autoridade

(a p<0.05). Estas três diferenças são confirmadas pela realização de uma

ANOVA. Nos extremos da hierarquia (médias mais elevadas e mais

baixas), com a excepção de Autoridade, também não surgem diferenças

significativas entre os grupos.

A variável idade não revelou implicar diferenças importantes ao

nível dos valores. Assim, a subdivisão da amostra total em sujeitos dos

18 aos 25 anos e dos 26 aos 35 anos traduz-se apenas numa diferença

significativa a p<0.05 em Relações Sociais com uma média mais alta para

os sujeitos mais novos, diferença confirmada quer pelo teste de diferença

de médias, quer por uma ANOVA.

N o que diz respeito à personalidade, avaliada de acordo com o

modelo dos cinco factores, verifica-se um efeito significativo (a p<0.01)

das habilitações literárias, com o grupo de administrativos a apresentar

médias mais altas no Neuroticismo do que os licenciados. As diferenças

previstas na dimensão Abertura à Experiência não se confirmaram nem

pelo teste de diferença de médias nem pelos resultados da ANOVA.

Também o sexo parece ter um efeito significativo com as mulheres a

apresentarem médias mais altas de Neuroticismo e Amabilidade (a

p<0.01) e de Conscienciosidade (a p<0.05). A realização de uma

ANOVA confirma apenas as diferenças entre os dois grupos em

259

• Conclusões

Neuroticismo e em Amabilidade. Estes dados só parcialmente vão no

sentido dos referidos noutros estudos (Costa & McCrae. 1992b; Lima, no

prelo), já que seria previsível encontrar uma média mais alta na dimensão

Abertura à Experiência nos sujeitos mais escolarizados e na dimensão

Extroversão nos homens.

A variável idade, tal como previsto, e tendo em conta a

estabilidade que caracteriza a personalidade no adulto e a proximidade

dos grupos etários utilizados, não introduz qualquer efeito significativo

nos resultados.

O estudo da versão reduzida do NEO-PI-R: N E a F F I numa

amostra portuguesa de adultos trabalhadores permitiu concluir que a

estrutura factorial da escala se organiza em cinco factores, relativamente

coincidentes com as escalas do instrumento. Contudo, tal como já

referido, poder-se-á considerar estar-se perante uma estrutura factorial

fraca, já que a coincidência dos factores com as escalas nem sempre é

muito nítida e que uma solução a cinco factores apenas justifica cerca de

35% da variância dos resultados. Esta conclusão é semelhante à obtida

num dos raros estudos com esta versão (Mooradian & Netzel, 1996). As

limitações do instrumento relacionam-se basicamente com as escalas

Amabilidade, Extroversão e Abertura à Experiência. Pelo contrário, as

escalas Conscienciosidade e Neuroticismo parecem reunir adequadas

características de consistência interna, com todos os seus itens a

apresentarem uma saturação mais alta no factor que lhes corresponde.

Isto não acontece com alguns dos itens das escalas Amabilidade e

Extroversão que apresentam saturações mais altas noutros factores (em

260

r

• Conclusões

geral os correspondentes às escalas E, O e A), o que se poderá relacionar

com as elevadas correlações entre as dimensões Extroversão e

Amabilidade (0.30) e entre Abertura à Experiência e Extroversão (0.23).

ambas significativas a p<0.0l . Também os indices de consistência interna

e a análise dos itens apontam para a necessidade de rever alguns dos itens

destas três escalas, especialmente no caso da escala Abertura à

Experiência - que apresenta o mais baixo índice de consistência interna

das cinco (0.55). As. outras escalas apresentam coeficientes alfa de

Cronbach mais satisfatórios, entre 0.61 para a escala Amabilidade e 0.81

para a escala Neuroticismo.

No entanto, como já se referiu, tendo em conta a especificidade da

população estudada (pertencente a grupos profissionais e etários muito

específicos), entendeu-se que esses não seriam os dados mais adequados

para reformular a escala. Seria, talvez, oportuno que, em estudos

subsequentes, se estudassem as propriedades da escala com uma amostra

que representasse mais estratos da população portuguesa.

Tendo em conta os resultados obtidos em relação ao efeito das

variáveis sexo e habilitações literárias quer nos valores quer na

personalidade, o estudo da relação entre ambos foi realizado, não na

amostra total mas nas quatro subamostras definidas por essas duas

variáveis.

Os dados encontrados para cada uma das subamostras são, no

entanto, bastante diferentes entre si. Nalguns casos, ás relações

identificadas vão no sentido proposto por estudos anteriores, embora não

era todas as subamostras. As principais conclusões a tirar permitem

261

• Conclusões

reconhecer relações entre dimensões de personalidade e, não tanto valores

específicos, mas antes orientações de valores. Aparece, assim, uma

relação inversa de Neuroticismo com alguns valores de Orientação para a

Expressão Individual, mas apenas nos grupos masculinos. Verificou-se

também que a Extroversão se correlaciona positiva e significativamente

com valores de Orientação Social em todos os grupos, com a Orientação

para a Auto-Actualização nos administrativos e com a Orientação

Utilitária nos licenciados. A Amabilidade só apresenta correlações

positivas e significativas com alguns valores de Orientação Social em

parte das subamostras (administrativos do sexo feminino e licenciados do

sexo masculino). Por outro lado, a dimensão Abertura à Experiência

correlaciona-se positiva e significativamente com alguns valores de

Orientação para a Auto-Actualização em todos os grupos e com a

Orientação para a Expressão Individual em todas as subamostras excepto

nos administrativos do sexo masculino. A dimensão Conscienciosidade

parece estabelecer uma relação positiva com alguns valores de Orientação

Utilitária em todos os grupos, excepto no caso dos administrativos do

sexo feminino e com os valores de Orientação para a Auto-Actualização

em todos as subamostras com excepção dos administrativos do sexo

masculino.

Contudo, pode considerar-se que as relações encontradas entre

personalidade e valores não são muito consistentes, havendo importantes

diferenças entre as várias subamostras. Fica por esclarecer que outro tipo

de variáveis Interferirá nestes resultados. Põe-se a hipótese de uma dessas

variáveis ser a saliência dos papeis, estando os sujeitos a responder de

262

• Conclusões

forma diferenciada em função dos diferentes papeis que desempenham e

da sua importância relativa. Poderá também haver alguma relação com o

tipo de preocupações de caneira actuais dos sujeitos. Essas relações não

foram objecto do presente estudo.

Também as próprias características de homogeneidade da Escala

de Valores WIS com elevadas correlações entre muitas das suas escalas

poderá contribuir para o facto destas conclusões se tomarem mais

consistentes quando explicitadas em termos de grupos de valores e não

tanto de escalas específicas.

Além disso, não se pode deixar de considerar as limitações

(embora na generalidade a prova apresente propriedades metrológicas

satisfatórias) do próprio instrumento utilizado na avaliação da

personalidade, para relativizar as conclusões a tirar sobre os resultados

obtidos.

Pode ainda levantar-se a questão da forma como estes sujeitos

responderam às provas. Embora não estivessem a responder a qualquer

anúncio de emprego, o facto dos sujeitos pretenderem ter o seu

curriculum numa empresa de Consultoria em Recursos Humanos, implica

que, embora indirectamente e a médio-longo prazo, estão a candidatar-se

a uma mudança de emprego. Esta ideia remete para alguns trabalhos que

se referem a populações de candidatos a emprego em que não se encontra

uma estrutura em cinco factores mas sim um factor que se pode designar

"o candidato ideal" (Schmidt & Ryan, 1993, cit. em Lévy-Leboyer,

1994). Talvez, em muitos casos, as respostas dos sujeitos reflectissem

mais do que a relação entre traços de personalidade e valores, um factor

263

• Conclusões

de desirabilidade social. Por outro lado, poder-se-á argumentar, com

Hogan & Hogan (1989) que as respostas de um candidato a qualquer

questionário, tal como todos os seus comportamentos, reflectem a

maneira como ele deseja ser visto, o que faz com que as respostas dadas

permitam predizer os comportamentos ulteriores, o que no limite,

conduziria também à avaliação da personalidade dos sujeitos. Além

disso, esta concepção acaba por implicar que, era qualquer caso, o sujeito

responderia de acordo com o seu "conceito ideal", pelo que este seria um

problema comum a qualquer medida da personalidade.

A análise e discussão dos resultados obtidos permite levantar

muitas outras questões que poderiam servir de base a estudos posteriores.

Uma delas prende-se com a dimensão das amostras utilizadas. Até

que ponto as mesmas hipóteses com amostras maiores levariam aos

mesmos resultados? A introdução de mais sujeitos reflectir-se-ía na

significância das relações estudadas. Além disso, as próprias diferenças

na dimensão das quatro subamostras podem ter implicações nos

resultados obtidos, pelo que teria interesse trabalhar estas hipóteses com

amostras de dimensão equivalente.

Por outro lado, poder-se-ía também pensar que a introdução de

níveis profissionais mais diferenciados, conduziria a resultados

diferentes. Aqui, de facto, foram considerados dois níveis muito

próximos de forma a não introduzir muitas outras variáveis relacionadas

com o tipo de tarefas desempenhadas. No entanto, esta opção acaba por

trazer também limitações às conclusões que se podem tirar com este

trabalho. Talvez fosse interessante considerar, num próximo estudo.

264

• Conclusões

grupos profissionais mais distintos em termos de habilitações literárias de

base.

Além disso, e apesar da maior fragilidade das facetas e dos itens

do modelo subjacente ao NEO-PI-R (considerando que os cinco grandes

factores são o elemento básico do modelo) a utilização deste instrumento

poderia conduzir a uma maior riqueza das conclusões. Nesse caso, teria

particular interesse analisar as correlações das médias referentes às

escalas de facetas e as obtidas nas escalas de valores. Provavelmente, as

hipóteses ter iam sido bastante alteradas, no sentido de uma maior

especificidade. Poder-se-ía, por exemplo, estudar as possíveis relações

entre as facetas E4-Actividade com Actividade Física, da faceta E5-

Procura de Excitação com Variedade, da faceta A3-Altruísmo com o

valor Altruísmo, da faceta 0 2 - Estética com o valor Estético, da faceta

0 4 - Acções c o m Actividade Física, com Variedade e também com

Desenvolvimento Pessoal e Utilização das Capacidades, da faceta 0 5 -

Abertura a ideias também com os valores de Orientação para a Auto-

Actualizaçâo, da faceta Cl - Competência com Desenvolvimento Pessoal

ou de C4- Luta pela Aquisição com valores de Orientação Utilitária como

Económico, Prestígio ou Promoção.

Há ainda outras questões que ficam em aberto e que se

relacionam, não com a metodologia utilizada, mas antes com outros

aspectos que decorrem dos resultados encontrados neste estudo: de que

maneira as diferentes variáveis de personalidade fazem a mediação entre

os interesses o u os valores e os comportamentos vocacionais do

indivíduo? Que outras variáveis interferem na relação personalidade -

N

265

Conclusões

valores? Talvez fosse interessante, em estudos posteriores, considerar a

importância dos papeis.

Por outro lado, a variável sexo parece confirmar a sua importante

influência no domínio quer da personalidade quer dos- valores:

provavelmente, a partir da sua relação com os papeis psicosexuais e com

a socialização, as diferenças nestes domínios são tão marcadas que foi

fundamental considerar amostras separadas. Contudo, a interpretação

destas diferenças nem sempre foi fícil por se sentir a necessidade de

considerar outras variáveis que eventualmente farão a mediação destas

relações.

Na sua análise das perspectivas para a investigação nos anos 90,

Hackett, Lent e Greenhaus (1991) salientam a necessidade de explorar as

possibilidades de integração. teórica de constructos conceptualmente

relacionados, de defmir relações entre constructos e de identificar

variáveis cruciais para uma teoria do desenvolvimento da carreira.

Também Brown & Watkins (1994) referem que "as teorias

desenvolvimentistas da carreira parecem estar perfeitamente posicionadas

para responder a questões sobre o desenvolvimento da personalidade

normal e a influência da personalidade nos diferentes estádios do

processo de desenvolvimento de carreira" (p. 202).

Nesta perspectiva, o estudo das relações entre conceitos como

personalidade e valores parece fazer todo o sentido quer no domínio da

conceptualização teórica quer no domínio da intervenção em Orientação e

Desenvolvimento da Carreira.

266

• Conclusões

Talvez a investigação futura possa interligar, cada vez mais, estes

dois campos de estudo, contribuindo para que se considere o ser humano

completo nas suas várias dimensões, de uma fornia eclética e

compreensiva.

267

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288

INDICES

Índice de Quadros

LNDICE DE Q U A D R O S

Quadro n' 2.2.1.

Quadro n° 3.2.1.

Quadro n' 3.2.2.

Quadro n® 3.2.3.

Quadro n® 3.2.4.

Quadro n" 3.2.5.

Quadro n" 3.3.1.

Quadro n" 3.3.2.

Quadro n" 3.3.3.

Quadro n" 3.3.4.

Quadro n® 3.3.5.

Quadro n" 5.1.1.1.

Quadro n» 5.1.1.2.

Quadro n° 5.3.1.

Quadro n® 5.3.2.

Quadro xf 5.3.3.

Quadro n® 5.3.4.

Quadro 5.3.5.

Quadro n® 5.3.6.

,\nálise em componentes principais. Escala de Valores WIS. .•\mosira 9® ano 43

Correspondência enü-e os itens do KEO-FFl e os itens do NEO-PI-R para o domínio N • escala Neuroticismo 104

Correspondência entre os itens do N'EO-FFl e os itens do NEO-PI-R para o domínio dominio E - escala E.xtroversão 105

Correspondência entre os itens do NEO-FFl e os itens do NEO-PI-R para o dominio O - escala Abertura à Experiência 105

Correspondência entre os itens do NEO-FFI e os itens do NEO-PI-R para o dominio A - escala Amabilidade 105

Correspondência entre os itens do NEO-FFI e os itens do NEO-PI-R para o domínio C - escala Conscienciosidade 106

Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI - escala Neuroticismo - com a faceta e o dominio 113

Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI - escala Extroversão - com a faceta e o domínio 113

Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI • escala Abertura à Experiência - com a faceia e o domínio 114

Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI - escala Amabilidade • com a faceta e o dominio 114

Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do N'EO-FFl • escala Conscienciosidade • com a faceta e o dominio 114

Resultados da análise em componentes principais (Marques, 1995) 153

Síntese dos resultados obtidos na análise em componentes principais por Rafael (1992) e Duarte (1993) 157

Composição da amostra total. Adultos trabalhadores no activo 164

Composição da subamostra licenciados e administrativos em relação 30 sexo 165

Composição das subamostras licenciados e administrativos em relação à idade 165

Composição da subamostra licenciados em relação ao sexo e à idade 166

Composição da subamostra administrativos em relação ao sexo e à idade 166

Composição da subamostra licenciados em relação à idade em ftmçào da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio 166 padrão -

290

Índice de Quadros

Quadro rf 5.3.7.

Quadro n** 5.3.8.

Quadro n" 5.3.9.

Quadro n" 5.3.10.

Quadro n" 5.3.11.

Quadro n" 5.3.12.

Quadro n" 5.3.13.

Quadro 5.3.14.

Quadro n" 5.3.15.

Quadro n'5.3.16.

Quadro n" 5.3.17.

Quadro n''5.3.18.

Quadro n" 5.3.19.

Quadro n® 6.1.1.1.

Quadro n'6.1.1.2.

Composição da subamostra administrativos em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio- 166 padrão

Composição da subamostra masculina em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio- 166 padrão

Composição da subamostra feminina em relação à idade em função da média, mediana, limites má.ximo e mínimo e desvio-padrão 166

Composição do grupo dos mais novos (18 £ idade ^25) em relação à idade em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão

Composição do gmpo dos mais velhos (35 S x > 26) em relação à idade em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão '

Composição do grupo dos administrativos mais novos (18 < idade < 25) em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão 167

Composição do grupo dos licenciados mais novos (18 ^ idade $25) em relação à idade cm função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão ^^^

Composição do grupo dos administrativos mais velhos (35 ^ x ^ 26) em relação à idade em fiinçào da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão 168

Composição do grupo dos licenciados mais velhos (35 ^ x ^ 26) em relação à idade em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão

Composição do grupo dos licenciados do sexo feminino em relação à idade era função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão ^ ^^

Composição do grupo dos administrativos do sexo feminino em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão ^ 68

Composição do grupo dos licenciados do sexo masculino era relação à idade era função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão 168

Composição do grupo dos administrativos do sexo masculino em relação à idade em íiinção da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão 168

AJfa de Cronbach para a escala Utilização das Capacidades e se cada um dos seus itens for eliminado 171

Alfa de Cronbach para a escala Realização e se cada um dos seus iiens for eliminado •

291

Índice de Quadros

Quadro n" 6.1.1.3. Alfa de Cronbach para a escala Promovào e se cada um dos seus itens for eliminado '

Quadro n" 6.1.1.4. Alfa de Cronbach para a escala Esiético e se cada um dos seus itens for eliminado ' ^^

Quadron®6.1.1.5. Alfa de Cronbach para a escala A]truisn>o e se cada um dos seus itená' for eliminado l

Quadro n® 6.1.1.6. Alfa de Cronbach para a escala Autoridade e se cada um dos seus itens for eliminado 1

Quadron®6.l . l .7. Alfa de Cronbach para a escala Autonomia e se cada ura dos seus iiens for eliminado 1

Quadro n® 6. l .1.8. Alfa de Cronbach para a escala Criatividade e se cada um dos seus ilens for eliminado

Quadro n'6.1.1.9. Alfa de Cronbach para a escala Económico e se cada ura dos seus ilens for eliminado

Quadro n" 6.1.1.10. Alfa de Cronbach para a escala Estilo de Vida e se cada um dos seus ilens for eliminado 1

Quadro n ' 6.1.1.11. Alfa de Cronbach para a escala Desenvohimenio Pessoal e se cada um dos seus iiei^ for e l i m i n a d o 173

Quadro n® 6.1.1.12. Alfa de Cronbach para a escaJa Actividade Física e se cada um dos seus ilens for eliminado 1

Quadro n" 6.1.1.13. Alfa de Cronbach para a escala Prestigio e se cada um dos seus ilens for eliminado '

Quadro n" 6.1.1.14. Alfa de Cronbach para a escala Risco e se cada um dos seus ilens for eliminado ^

Quadro n® 6.1.1.15. AJfa de Cronbach para a escala Interacção Social e se cada um dos seus itens for eliminado 174

Quadro n" 6.1.1.16. Alfa de Cronbach para a escala Relações Sociais e se cada um dos seus itens for eliminado 174

Quadro n® 6.1.1.17. Alfa de Cronbach para a escala Variedade e se cada um dos seus itens for eliminado 175

Quadro n® 6.1.1.18. Alfa de Cronbach para a escala Condições de Trabalho e se cada um dos seus ilens for eliminado 175

Quadro n" 6.1.1.19. Correlações entre os ilens 1 a 30 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores WIS - 177

Quadro n" 6.1.1.20. Correlações entre os itens 31 a 60 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores ^ I S 177

Quadron®6.1.1.21. Con-elações entre lodos os itens 61 a 90 e as escalas 1 a 9 d a E s c a l a de Valores WIS 178

292

Índice de Quadros

Quadro n" 6.1.1.22. Correlações entre os itens 1 a 30 e as escalas 10 a 18 da escala de Valores WIS 178

Quadro n" 6.1.1.23. Correlações entre os itens 31 a 60 e as escalas 10 a 18 da escala de Valores WIS 179

Quadro n® 6.1.1.24. Correlações entre os itens 61 a 90 e as escalas 10 a 18 da escala de Valores WIS 179

Quadro n" 6.1.1.25. Correlações corrigidas entre os itens 1 a 30 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores WIS 181

Quadro n® 6.1.1.26. Correlações corrigidas entre os itens 31 a 60 e as escalas 1 a 9 da Escalade Valores WIS 181

Quadro n" 6.1.1.27. Correlações corrigidas entre os itens 61 a 90 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores WIS 182

Quadro n® 6.1.1.28. Correlações corrigidas entre os itens 1 a 30 e as escalas 10 a 18 da Escala de Valores WIS 182

Quadro n® 6.1.1.29. Correlações corrigidas entre os iiens 31 a 60 e as escalas IO a 18 da Escala de Valores WIS 183

Quadro n® 6.1.1.30. Correlações corrigidas entre os itens 61 a 90 e as escalas 10 a 18 da

Escala de Valores WIS 183

Quadro 6.1.2.1. Intercorrei ações das escalas 185

Quadro n® 6.1.3.1. Escala de Valores WIS - matriz dos factores 186

Quadro n® 6.1.3.2. Escala de Valores WIS - matriz dos factores rodada 186

Quadro 6.1.3.3. Escala de Valores WIS • eigenvalues e variância explicada 187

Quadro n" 6.1.3.4. Factores encontrados e escalas que os definem 188

Quadro n® 6.2.1.1. índices de precisão referentes à escala N 192

Quadro n® 6.2.1.2. índices de precisão referentes à escala E 193

Quadro n® 6.2.1.3. índices de precisão referentes à escala O 195

Quadro n® 6.2.1.4. índices de precisão referentes à escala A 196

Quadro n® 6.2.1.5. índices de precisão referentes à escala C 198

Quadro n® 6.2.1.6. Correlações entre os itens 1 a 30 do NEO-FFI e os totais das escalas 200

Quadro n® 6.2.1.7. Correlações entre os itens 31 a 60 do NEO-FFI e os totais das escalas 200

Quadro n® 6.2.1.8. Correlações corrigidas entre os itens 1 a 30 do NEO-FFI e os totais das escalas 201

Quadro n® 6.2.1.9. Correlações entre os itens 31 a 60 do NEO-FFI e os totais das . _ r n e s c a l a s = 201

293

Índice de Quadros

Quadro n" 6.2.2.1.

Quadro 6.2.3.1.

Quadro n' 6.2.3.2.

Quadro n" 6.2.3.3.

Quadro n'6.2.3.4.

Quadro n" 6.2.3.5.

Quadro n" 6.2.3.6.

Quadro n" 7.1.1.

Quadro n" 7.1.2.

Quadro n® 7.1.3.

Quadro n" 7.1.4.

Quadro n" 7.1.5.

Quadro n'7.1.6.

Quadro n® 7.1.7.

Quadro n® 7.1.8.

Quadro n® 7.1.9.

Intercorrelaçôes das escalas do NEO-FFl 203

NTEO-FFl - eigenvalues e variância explicada 205

Facior em que os itens da escala N apresentam 5aiunii,'ôes mais elevadas 206

Factor em que os itens da escala C apresentam saturações mais elevadas 207

Factor em que os itens da escala O apresentam saturações mais elevadas 207

Factor em que os itens da escala E apresentam saairações mais elevadas 209

Factor em que os itens da escala A apresentam saturações mais elevadas 210

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrào na escala de Valores WIS na amostra total 215

Diferenças enire as médias obtidas pelos grupos dos sujeitos com idade eiiue os 18 e os 25 aiios e dus sujeitos com Idade entre os 26 e os 35 anos na Escala de Valores WIS 216

Valores de F para 1 grau de liberdade para cada variável ou interacção e 206 graus de liberdade para a variância de erro, referentes às escalas da Escala de Valores WIS e ao efeito da 217 variável idade

Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos homens e mulheres na Escala de Valores WIS 218

Valores de F para 1 grau de liberdade para cada variável ou interacção e 206 graus de liberdade para a variância de erro, referentes às escalas da escala de Valores WIS e ao efeito da variável sexo 219

Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos licenciados e administrativos na Escala de Valores WIS 220

Valores de F para I grau de liberdade para cada variável ou interacção e 206 graus de liberdade para a variância de erro referentes às escalas da Escala de Valores WIS e ao efeito da variável habilitações literárias 221

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrào na Escala de Valores WIS na amostra dos administrativos do sexo feminino 224

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão na Escala de Valores WIS na amostra dos administrativos do sexo masculino 225

294

Índice de Quadros

Quadro n® 7.1.10.

Quadro n " ? . ! . ! ! .

Quadro 7.2.1.

Quadro 7.2.2.

Quadro n" 7.2.3.

Quadro n° 7.2.4.

Quadro 7.2.5.

Quadro n® 7.2.6.

Quadro n® 7.2.7.

Quadro n" 7.2.8.

Quadro n" 7.3.1.

Quadro n® 7.3.2.

Quadro n° 7.3.3.

Quadro n® 7.3.4.

Quadro n® 7.3.5.

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão na Escala de Valores WIS na amostra dos licenciados do sexo feminino 226

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão na Escala de Valores WIS na amostra dos licenciados do sexo masculino 226

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a amostra total 230

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra das mulheres administrativas 230

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra dos homens administrativos 231

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra das mulheres licenciadas 231

Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra dos homens licenciados 231

Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos licenciados e administrativos no NEO-FFI 232

Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos homens e mulheres no NEO-FFI 233

Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos dos sujeitos com idade entre os 18 e os 25 anos e dos sujeitos com idade entre os 26 e os 35 anos no NEO-FFI 234

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e e as escalas de Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade e Económico na amostra de mulheres administrativas 236

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amostra de mulheres administrativas 236

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade e Económico na amostra de homens administrativos 237

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amostra de homens administrativos 237

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e -as-escalaszde-Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia,

295

Índice de Quadros

Quadro rf 7.3.6.

Quadro 7.3.7.

Quadro rf 7.3.8.

Quadro n® 7.3.9.

Quadro n''7.3.10.

Quadro n" 7.3.11.

Quadro n® 7.3.12.

Criatividade e Económico na amostra de mulheres licenciadas 237

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amostra de mulheres licenciadas 238

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade e Económico na amostra de homens licenciados 238

Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amosü-a de homens licenciados 238

Valores mínimo, máximo, médio, mediana e desvio-padrão das correlações entre as dimensões da personalidade e as escalas da escala de Valores nas quatro subamostras 239

Escala de Valores WIS e NEO-FFI- eigenvalues e variância explicada por cada factor 250

Escala de Valores WIS e NEO-FFI- matriz dos factores 251

Escala de Valores WIS e NEO-FFI- matriz dos factores rodada 251

296

índice Geral

ÍNDICE GERAL

NOTA PREVIA 5 INTRODUÇÃO IQ CAPÍTULO 1 - O DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DO ADULTO 18 CAPÍTULO 2 - OS VALORES 78 2 . 1 . 0 conceito de valor e a sua medida 2.2. O desenvolvimento da Escala de Valores WIS 39 2.3. Investigação sobre os valores. Alguns estudos com a Escala de Valores WIS em Portuga! e noutros países 46 CAPÍTULO 3 - O M O D E L O DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE 70 3.1. Fundamentos do modelo 71 3.2. O desenvolvimento do NEO-PI-R (Revised NEO Personality Inventory) e do NEO-FFI (NEO- Five Factor Inventory) 84 3.3. A adaptação portuguesa do NEO-PI-R IO7 CAPÍTTXLO 4 - VALORES E TRAÇOS DE PERSONALIDADE: RELAÇÕES ENTRE PERSONALIDADE, VARIÁVEIS MOTIVACIONAIS E CARREIRA 117 4 . 1 . 0 esmdo da relação entre os valores e outras variáveis motivacionais e a personalidade 118 4.2. Fundamentação e apresentação das hipóteses I37 CAPÍTULO 5 - METODOLOGLV GERAL I45 5.1. Instrumentos utilizados 145 5.1.1. Escala de Valores WIS (2' edição) 147 5.1.2. NEO Five Factor Inventory: NEO-FFI 157 5.2. Constituição da amostra e descrição das aplicações 151 5.3. Caracterização da amostra em função do sexo, idade e nível de escolaridade 164 5.4. Tratamento dos dados 168 CAPÍTULO 6 - ESTUDO PSICOMÉTRICO DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS 170 6. l, Estudo psicométrico da Escala de Valores WIS (2* edição) 171 6.1.1. Esmdo da garantia e análise de itens 171 6.1.2. Intercorrelações das escalas 134 6. l .3. Análise em componentes principais 185 6.1.4. Síntese 189 6.2. Estudo psicométrico da adaptação pormguesa do NEO-FFI 190 6.2.1. Estudo da garantia e análise de Itens 191 6.2.2. Intercorrelações das escalas •:)Q3 6.2.3. Análise em componentes principais 204 6.2.4. Síntese 911 CAPÍTULO 7 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS REFERENTES ÀS HIPÓTESES 214 7.1. Resultados com a Escala de Valores WIS 215 7.2. Resultados com o NEO-FFI 7.3. Estudo da relação entre os resultados obtidos com a Escala de Valores WIS e o NEO-FFI ^35 CONCLUSÕES 254 R E F E R Ê N C U S BIBLIOGRÁFICAS 268 ÍNDICES 289

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