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Alexàndra Mar ia Januário Figueiredo de Barros
O s VALORES E O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE:
APLICAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA A UMA AMOSTRA DE ADULTOS TRABALHADORES
1
Lísb.oa;
1997
J
Alexandra Maria Januário Figueiredo de Barros
OS VALORES E O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE:
APLICAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA A UMA AMOSTRA DE ADULTOS TRABALHADORES
B I B L I O T E C A
0
Lisboa -m-h
OS VALORES E O MODELO DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE:
APLICAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS DE MEDIDA A UMA AMOSTRA DE ADULTOS TRABALHADORES
í
Dissertação de mestrado em Psicologia (Orientação e Desenvolvimento da Carreira) apresentada a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa
Nota Prévia
N O T A P R É V U
Este trabalho sintetiza, de alguma forma, os vários componentes
do meu percurso profissional, conciliando o meu interesse pela
psicometria e pelo estudo das características metrológicas das provas
psicológicas cora o interesse em. explorar duas áreas de estudo da
Psicologia com evidentes ligações: a Psicologia da Orientação e, mais
especificamente, a Psicologia das Carreiras aplicada aos adultos em
contexto de trabalho e o estudo da personalidade. Por outro lado, como
disse um dia Ortega Y Gasset (1994), " . . . a minha vida é achar-me eu no
mundo; e não assim vagamente, mas neste mundo, no de agora (...)"> e
assim não posso deixar de considerar as circunstâncias que me levaram à
escolha deste tema. O curso de Mestrado que agora concluo inicia-se num
contexto em que, coincidentemente, a procura da convergência caracteriza
esses dois campos do conhecimento, com a publicação do livro
Convergence in Career Development Theories (Savickas & Lent, 1994a),
e com a génese de um modelo compreensivo da personalidade, que reúne
o consenso de muitos psicólogos ligados ao estudo da personalidade - o
modelo dos cinco factores. Embora não totalmente consensual, este
modelo teria, pelo menos, o mérito de ter estimulado um enorme número
de investigações centradas na correspondência entre vários instrumentos
de medida - de interesses, de personalidade normál, de personalidade
clínica - e o modelo dos cinco factores ou na avaliação da sua
aplicabilidade a diversos campos da Psicologia desde a clínica ao coiitêxto
-de-lfâBaiHô. ~
Nota Prévia
Por outro lado, a Psicologia Vocacional vinha, desde há uns anos,
a dar uma importância crescente aos valores no percurso de vida do
indivíduo que constitui a sua carreira (nas suas vertentes longitudinal e
latitudinal, aplicando-se quer ao trabalho quer aos outros papeis que o
sujeito desempenha ao longo da sua vida). A frequência deste Curso de
Mestrado vem a coincidir com o momento em que o projecto internacional
WIS: Work Importance Study (que, entre outros objectivos, levou à
criação de uma Escala de Valores) culmina com a publicação, em 1995, do
livro Life roles, values and careers. International Findings of the Work
Importance Study (Super & Sverko, 1995). Essa obra cedo me chegou às
mãos pela mão de quem esteve tào intimamente implicado no projecto
dirigindo a participação portuguesa e que foi, precisamente, o coordenador
do curso de Mestrado Prof. Doutor Ferreira Marques e o orientador
científico deste trabalho.
Neste sentido, e integrando este conj unto de circunstâncias
motivadoras, o tema deste trabalho pareceu-me estimulante de três pontos
de vista:
1. permitir relacionar uma das variáveis menos estudadas na
Psicologia Vocacional - os valores - (mas que recentemente e,
concretamente em Portugal, tem motivado vários estudos) com o modelo
dos cinco factores da personalidade.
2. permitir estudar dois promissores instrumentos de medida - a
Escala de Valores WTS e o NEO-PI-R - numa amostra portuguesa.
3 7 Ciiuüai eüiey duly c u i i j u m ^ de variáveis " - Calores e
características de personalidade - numa amostra de adultos trabalhadores.
Nota Prévia
sabendo que grande parte dos estudos com a Escala de Valores WIS se
efectuou com sujeitos adolescentes e que a década de 90 nos promete
maior ênfase no estudo dos adultos em virtude das grandes mudanças
verificadas no mundo do trabalho.
No entanto, ao segundo objectivo a que me propus, correspondeu
uma dificuldade: contactado o editor, vim a saber que só poderia adaptar a
versão reduzida - NEO-FFI - da mesma prova, uma vez que a versão
integral - NEO-PI-R j á estaria a ser adaptada pela I V Margarida Lima da
F.P.C.E. da Universidade de Coimbra. Entretanto, como todos os itens do
NEO-FFI fazem parte do NEO-PI-R era-me imposta a utilização da
tradução exacta feita na Universidade de Coimbra pelo Prof Doutor
António Simões e pela Dr" Margarida Lima e j á aprovada pelos autores.
No entanto, esta dificuldade foi depressa superada pela enorme boa
vontade destes dois investigadores f>ortugueses que disponibilizaram
imediatamente o trabalho até aí realizado. Para ambos, os meus
agradecimentos.
Para a Dr" Margarida Lima, no entanto, um obrigada muito
especial por toda a colaboração que me deu, mantendo-me informada
sobre os dados que, na preparação da sua dissertação de doutoramento, foi
recolhendo sobre a prova e que foram amplamente citados neste trabalho e
cujo mtercâmbio foi assistindo à evolução das tecnologias: primeiro, por
carta, ou telefone e, por fim, já por e-mail.
Pensando ainda nas muitas horas - incontáveis - que dediquei à
elaboração desta dissertação e do amplo espectro de emoções que nesse
período fiii vivendo, gostaria de, muito sinceramente, agradecer a algumas
Nota Prévia
outras pessoas que tomaram possível ou, de alguma forma me apoiaram
ou ajudaram, na sua concretização e finalização.
Em primeiro lugar, o meu agradecimento ao Prof. Doutor Ferreira
Marques: ao coordenador, como aluna deste Curso de Mestrado pela
forma como o curso decorreu e por todas as oportunidades que me foram
dadas de contactar com o trabalho (e com as figuras) de investigadores
portugueses e estrangeiros com tanto impacto no meio científico; ao
professor, que sempre põe tanto empenho no desenvolvimento pessoal e
curricular dos seus alunos, incentivando a progressão dos nossos
trabalhos; e ao orientador, não só pela orientação deste trabalho e pelos
ensinamentos que m e transmitiu mas pela sempre tão grande
disponibilidade demonstrada e pela forma discreta mas muito atenta como
me apoiou nalgumas fases mais difíceis deste percurso.
Ao meu marido, Jaime, ao lado de quem tenho partilhado a vida
desde há dezasseis anos e ao nosso filho Afonso que cria, em mim, uma
força que a tudo dá sentido e que toma tudo possível (e que tanto se privou
das nossas brincadeiras enquanto preparei esta dissertação).
A minha mãe que sempre me ajudou na difícil tarefa de conciliar o
papel de mãe com a preparação deste trabalho.
A todos os meus colegas do curso de Mestrado, com quem
partilhei muitas horas de aulas mas também muitas experiências e algumas
angústias.
Ao Dr. António Menezes Rocha, pela perspectiva experiente da
Psicologia Aplicada que me tem transmitido^
Nota Prévia
A todo? os colegas de trabalho que me foram acompanhando
neste (longo!) percurso desde o nascer da ideia até ao seu
desenvolvimento, em todas as fases do trabalho e muito especialmente
aos que, como professores, me acompanharam no Curso de Mestrado.
Permito-me uma palavra especial à Prof. Doutora Maria Eduarda
Duarte pela sua sempre grande disponibilidade para emprestar toda a
literatura científica a que vai tendo acesso e ao Dr. Mário Ferreira e ao
Dr. Frederico Marques, sempre dispostos a uma empenhada partilha
dos seus vastos conhecimentos de Estatística.
Ao Sr. Alves e a todos os funcionários que colaboraram na fase
final de reprodução e encadernação deste trabalho.
Aos meus avós, aos meus irmãos e aos meus amigos, com
quem divido tantas emoções boas e más, e que ajudam a dar à vida
esta dimensão de partilha que a toma tão intensamente vivida.
E, por fim, ao meu pai que, embora já não esteja entre nós há
quase 20 anos, continua a morar no meu coração, e a não me deixar
esquecer que as tarefas nunca são demasiado grandes e que, por
respeito a nós próprios e àqueles que amamos, devemos promover
sempre o nosso desenvolvimento pessoal, fazendo mais e o melhor
que nos for possível.
Afinal, talvez o Rei de Salém tivesse razão ao dizer ao pastor
" . . . e quando alguém quer uma coisa, todo o universo conspira para
que se realize esse seu desejo. . ." (Coelho, 1996).
Introdução
O desenvolvimento de carreira, enquanto percurso do indivíduo
ao longo de toda a sua vida, tem sido amplamente estudado nas últimas
décadas. Ao interesse dos investigadores por esta área de conhecimento
tem correspondido uma marcada evolução conceptual que acompanha a
passagem da designação de Psicologia Vocacional, centrada na
orientação vocacional, para Psicologia das Carreiras, mais centrada no
aconselhamento e na orientação de carreira dos indivíduos. Este
movimento não se limita aos conceitos mas reflecte o alargamento do seu
objecto de estudo às várias dimensões da caireira, integrando para além
dos aspectos ligados ao trabalho, os tempos livres, o percurso educativo
do sujeito ou a forma como interagem os papeis que ele desempenha sem
esquecer, no entanto, os pontos de transição que vão surgindo ao longo da
vida. Também a intervenção tem acompanhado estas mudanças, com
práticas que deixaram de se centrar na orientação pontual de jovens tendo
em conta a sua escolha profissional, passando a um aconselhamento
continuado. Este processo de aconselhamento actua mais no sentido de
estimular o desenvolvimento da carreira dos indivíduos, (considerando
aspectos como a integração de papeis, o estilo de, vida, a maturidade para
a carreira, o trabalho e o ajustamento ao trabalho, a adaptabilidade, a
flexibilidade e as competências para lidar com a mudança e as transições
ou a preparação para as diferentes decisões a tomar ao longo da vida) do
que de tratar pontuahnente problemas já instalados em momentos de
-tomada de decisão, em geral impostos exteriormente pelo Sistema de
^ ^ E n s i H õ f w p ê l ã ^ c e s s i d a d e de ingressar""0u de alterar a süa-posição no
mundo do trabalho. Dessa forma, o objecto do seu estudo deixa de ser
11
Introdução
exclusivamente o jovem ou o indivíduo na transição para o mundo do
trabalho para, progressivamente, ir englobando as várias idades e fases de
desenvolvimento do Homem, começando na infância e incluindo as fases
de reforma e pós-reforma, e ainda integrando os vários papeis que ele
desempenha na vida.
Em simultâneo, e perante a diversidade de modelos teóricos que
permitem fundamentar a prática da Orientação, Osipow (1990) levanta a
questão da convergência de alguns dos mais relevantes modelos da
Psicologia das Caneiras e Super (1992, cit. em Savickas & Lent, 1994b)
lança a ideia de um projecto cujo propósito fosse facilitar a convergência
das teorias e estimular a investigação no sentido da unificação dos
diferentes modelos. A década de 90 tem, assim, testemunhado a procura
de convergência entre as teorias, contribuindo para unificar os esforços
dos diversos teóricos desta área do conhecimento, no sentido de procurar
pontos de contacto com os outros modelos da Psicologia das Carreiras.
O impacto deste movimento acaba por ser bastante significativo
pois embora não tenha concretizado o objectivo básico de uma ciência
unificada, este esforço traduzir-se-á, necessariamente, pela influência que
teve nas construções cognitivas dos seus protagonistas, numa referência
para investigações posteriores, definindo um marco neste domínio da
Psicologia. Como dizem Savickas & Lent (1994c), "esta atmosfera de
diálogo e debate pode ajudar a alimentar um sentido de missão partilhada,
üm Zeilgcist que promove a convergência mas também a diversidade" (p.
"•270). ^ ^ ^
Introdução
Foi neste enquadramento teórico, de procura de consensos e de
convergência, que nasceu o projecto do presente trabalho, focado em
algumas variáveis relacionadas com o comportamento vocacional do
adulto, nomeadamente valores e traços de personalidade, mas sem pôr de
parte uma perspectiva desenvolvimentista e compreensiva, na linha dos
trabalhos de Super quer em relação à forma como considera o
desenvolvimento do indivíduo quer ainda à forma como equaciona as
relações entre as diferentes variáveis ligadas aos comportamentos e às
escolhas vocacionais (1950/1988, 1963, 1968ab, 1973b, Í976b, 1984,
1985, 1990, 1994, 1995a).
Apesar do seu impacto tardio na Psicologia das Carreiras, onde o
conceito de interesse estimulou, desde muito mais cedo, a investigação
sobre a carreira e o seu desenvolvimento, o conceito de valor assumiu,
nas últimas décadas, um lugar de relevo num projecto internacional -
Estudo sobre a Importância do Trabalho (WIS) - que envolvia vários
países, entre os quais Portugal. De forma a operacionalizar e a estudar o
conceito de valor, os países participantes desenvolveram um instrumento
de medida dos valores - Escala de Valores WIS (WIS Values Scale).
Por outro lado, ao m'vel da Psicologia das Carreiras, a avaliação
da personalidade continua a ser uma das áreas mais negligenciadas, com a
ausência de instrumentos de medida que permitam avaliar variáveis
relevantes para o comportamento do indivíduo no trabalho (Lowman,
1991).
Foi-tendo-em-conta, por um-ladòrO protagonismo teórico-que o
conceito de valor assume, na presente década, em relação aos vários
13
Introdução
aspectos da vida do indivíduo e às suas escolhas, e por outro lado, o
menor interesse que a medida da personalidade tem levantado neste
campo do conhecimento, que se pretendeu, com este trabalho, estudar
valores e características de personalidade, e relacionar os dois tipos de
variáveis. Além disso, tendo este curso de Mestrado em Orientação e
Desenvolvimento da Carreira tido início em 1993, em pleno movimento
de investigação para a convergência dos modelos, pensou-se que a
personalidade também deveria ser estudada numa perspectiva
compreensiva. De facto, no domínio do estudo da personalidade, os anos
80 e 90 têm vindo a testemunhar uma grande profusão de trabalhos
empíricos, em que assenta o ressurgimento da teoria dos traços, donde
vem a sair uma linguagem comum que conceptualiza cinco dimensões
globais da personalidade e que poderá, de acordo com McCrae & Costa
(1996), "formar o núcleo de uma teoria da personalidade que sirva de
modelo referência a uma nova geração de teorias baseadas
empiricamente" (p. 54). Esse movimento, particularmente a partir dos
trabalhos de McCrae & Costa, considerados por Goldberg (1995) como
"os mais prolíficos e influentes proponentes do modelo dos cinco
factores" (p.35) tem vindo a protagonizar a investigação sobre a
personalidade. Ao devolver aos traços, o seu papel de constructos centrais
no estudo da personalidade, os modelos que procuram identificar uma
taxonomia das dimensões básicas dos traços (Krahé, 1992), poderiam ser
a M s e de um esforço de convergência dos diferentes modelos teóricos e
dos=diferentes=^instrumentos de medida-ut i l izados para m ê d i F a
personalidade.
14
Introdução
Por outro lado, contrastando com o grande número de estudos
sobre valores com populações de jovens, as populações de adultos têm
sido menos estudadas. No entanto, numa época em que as populações, na
Europa, tendem a ser menos jovens e a enfrentar novos problemas
relacionados com as grandes mudanças verificadas na sociedade que,
reflectindo-se a um m'vel mdividual, manifestam-se também em toda a
economia e, consequentemente, em todos os grupos que dela fazem parte,
a opção pelo estudo dos adultos pareceu reflectir bem as preocupações
desta década.
O objectivo deste trabalho é, assim, o de procurar estudar os
valores, tal como eles são avaliados pela Escala de Valores WIS, de
sujeitos adultos trabalhadores, as suas características de personalidade, de
acordo com as dimensões da personalidade preconizadas pelo modelo dos
cinco factores, e a relação entre estes dois tipos de variáveis. As
características metrológicas dos dois instrumentos utilizados - a Escala de
Valores WIS e o NEO- Five Factor Inventory são também estudadas com
base nos dados obtidos.
O trabalho que agora se apresenta organiza-se, assim, em sete
capítulos. No capítulo 1 - O desenvolvimento de carreira no adulto -
pretende-se sintetizar, em linhas gerais - os principais aspectos
envolvidos na Psicologia das Carreiras aplicada aos adultos bem como as
linhas evolutivas mais marcantes que a têm dominado nos últimos anos.
N o capítulo 2 - Os valores - analisa-se em três pontos, o conceito
de" valor ~e, especificamente, o 'desenvolvimento do instrumento de
15
Introdução
medida utilizado, bem como alguns estudos com ele desenvolvidos em
Portugal e noutros países.
No capítulo 3 - 0 modelo dos cinco factores da personalidade -
começa por caracterizar-se o modelo, sintetizando a forma como evoluiu
e alguínas distinções básicas face a modelos conceptualmente muito
próximos. Nos dois pontos seguintes, descreve-se a evolução do
instrumento utilizado, na sua versão integral e reduzida e, por fim, a
adaptação portuguesa deste instrumento.
No capítulo 4 - Valores e traços de personalidade: relações entre
personalidade, variáveis motivacionais e carreira - sintetizam-se alguns
dos raros estudos que relacionam os dois conceitos, embora também se
aborde a relação entre o modelo dos cinco factores e outras variáveis
motivacionais - que estabelecem com os valores uma relação hierárquica
- como os interesses e as necessidades. Finalmente, e tendo em conta o
enquadramento teórico dado pelos quatro primeiros capítulos,
estabelecem-se 17 hipóteses que serão estudadas a partir dos dados
obtidos, umas referentes aos valores e à estrutura da própria Escala de
Valores WIS, outras referentes à personalidade ou à estrutura do NEO-
FFI, outras ainda referentes às relações entre valores e personalidade ou
entre os dois instrumentos utilizados.
No capítulo 5 - Metodologia geral - expõe-se a metodologia geral
seguida para o estudo das hipóteses, caracterizando-se a amostra, os
instrumentos utilizados e as suas propriedades, tal como explicitadas-nas
suas versões-originãis^ou adaptaçôes~portuguesas e os procedimentos
seguidos para as aplicações e tratamento dos dados obtidos.
16
Introdução
O capítulo 6 - Estudo psicométrico dos instrumentos utilizados -
organiza-se em dois grandes pontos: o estudo da versão portuguesa da
Escala de Valores WIS e o estudo da adaptação portuguesa do NEO-FFI,
com base nos dados recolhidos neste trabalho. Este estudo é feito tendo
em conta, basicamente, a análise de itens e o estudo da garantia e da
estrutura factorial dos instrumentos, bem como as relações entre as suas
diferentes escalas e termina com uma síntese dos elementos recolhidos.
No capítulo 7 - Apresentação e discussão dos resultados referentes
às hipóteses - as hipóteses definidas no capítulo 4 são analisadas à luz
dos dados referidos no capítulo 6, naquilo que se refere às características
psicométricas dos instrumentos, mas ainda de dados recolhidos a partir de
tratamentos estatísticos específicos ao estudo dessas hipóteses.
Por fim, apresentam-se as conclusões gerais deste trabalho,
integrando os dados recolhidos e discutindo-os com base na metodologia
utilizada. Levantam-se também algumas questões, suscitadas pelos
resultados obtidos, que poderiam servir de base a investigações futuras.
17
o Desenvolvimento de Carreira do Adulto
Grande parte dos trabalhos sobre o comportamento e o
desenvolvimento da carreira até ao início da década de 40, centrou-se
preferencialmente nas primeiras duas décadas da vida do indivíduo,
raramente considerando a vida adulta. Foi no período que se seguiu à 2 '
Guerra Mundial que os investigadores começaram a dirigir a sua atenção
para a carreira no^ adulto, embora tomando como centrais os temas da
reforma e da pré-reforma e ignorando, praticamente, as outras fases da
vida do adulto (Herr e Cramer, 1996). Surgiram modelos que
conceptualizavam o desenvolvimento individual numa série de estádios
contemplando aspectos sociais e psicológicos (por exemplo, Erikson,
1950/1976, 1982/1994), Levinson, Danow, Klein, Levinson & McKee,
1978). Também a Psicologia Vocacional, à semelhança do que se passou
noutros domínios da Psicologia, viu surgir modelos desenvolvimentistas
defendendo a existência de estádios, aqui centrados sobre os aspectos
ligados à carreira e abrangendo toda a vida do indivíduo, incluindo várias
fases da idade adulta (por exemplo. Super, 1957, 1963, 1968a, Super,
Crites, Hummel, Moser, Overstreet, & Wamath, 1957).
A partir dos anos 70, o interesse pelos adultos e pelo seu
desenvolvimento de carreira alargou-se por influência de aspectos que,
para Campbell e Hefferman (1983), são principalmente demográficos
com o aumento do número de adultos e variáveis ligadas à organização
social como a instabilidade da economia, as taxas crescentes de divórcio,
a-proliferação de oportunidades educativas e de novos estilos de v idara
mudança na-estruturá"da família e"a"entrada das mulheres no"mundo do
trabalho.
19
Capítulo 1
Foi assim que nas últimas décadas a Psicologia das Carreiras
tomou o adulto como objecto de estudo, embora a abordagem das suas
características e/ou das mudanças por que passa ao longo da vida não
tenha o mesmo impacto nos seus vários modelos teóricos. Enquanto
alguns deles praticamente ignoram a idade adulta (por exemplo,
Ginzberg, 1984, 1988), outros incluem-na em pé de igualdade com as
outras etapas da vida do indivíduo (por exemplo, Super, 1976ab, 1984,
1990) e outros ainda dão-lhe um lugar preferencial (por exemplo, Dawis
& Lofquist, 1977,1978) .
Este interesse pela carreira do adulto foi surgindo também em
relação com a evolução dos conceitos. O conceito de carreira, como
sinónimo de vocação ou de profissão, é profusamente usado nessa
acepção durante os anos 20, 30 e 40 (McDaniels & Gysbers, 1992). No
entanto, na literatura as palavras vocação e profissão vão sendo %
substituídas por carreira, tendo a década de 50 presenciado grandes
alterações conceptuais, em parte sustentadas pelos resultados de um
importante estudo longitudinal, iniciado em 1951, sobre o
desenvolvimento vocacionai, dirigido por Donald Super - Career Pattern
Study. Surge, então, o conceito de desenvolvimento vocacional
considerado como o "processo de crescimento e de aprendizagem
subjacente à evolução do comportamento vocacional do indivíduo^
(Super, et ai, 1957, p. 31). O desenvolvimento vocacional começa,
assim, a ser visto " como começando cedo e p rosse^ indo até tarde na
vida do indivíduo"r(Super , 1957, pp, 184-185). A escolha profissional
vai abandonando o lugar de conceito central da Psicologia Vocacional,
20
o Desenvolvimento de Carreira do Adulto
passando antes a ser considerada como uma das tarefas com que o
indivíduo se confronta numa determinada fase da sua vida.
O modelo de Super adopta as designações dos estádios da vida -
Crescimento, Exploração, Estabelecimento, Manutenção e Declínio - tal
como tinham sido definidos por C. Buehler (cit em Super, 1957), embora
conceptualizasse ainda a carreira como uma sequência de lugares
ocupados pelo indivíduo no seu pape! de trabalhador. Só mais tarde o
autor vem a elaborar um glossário onde o conceito de carreira passa a ser
definido nos moldes actuais como: "uma sequência de posições ocupadas
pelo indivíduo através da sua vida pré-profissional, profissional e pós-
profissional" (Super, 1976a, p. 21). Essa carreira não inclui apenas os
papeis relacionados com o trabalho mas também os outros papeis que o
indivíduo assume na sua vida (Super, I976ab; Super, 1980). Esboça-se
aqui uma concepção da carreira que envolve o indivíduo na sua
totalidade, quer numa dimensão longitudinal (a das fases da sua vida),
quer numa dimensão latitudinal (a dos diferentes papeis que
desempenha), ideia que só mais tarde vem a ser sintetizada graficamente
no Arco-íris da Carreira (Super, 1976b, 1980, 1984, 1990, 1995a). A
partir dos anos 80, j á os termos carreira e desenvolvimento da carreira
substituíram quase totalmente os conceitos de vocação e desenvolvimento
vocacional quer na literatura quer na prática (McDaniels & Gysbers,
1992), o que alarga inequivocamente o objecto do seu estudo. E assim
que, associada a esta evolução dos conceitos, também a intervenção deixa
de ser considerada""uma actuação*momentânea para 'passar 'a"ser vista
como uma intervenção compreensiva que pode assumir várias formas
21
Capítulo 1
com vista a favorecer e optimizar o desenvolvimento da carreira do
individuo, em qualquer das fases do seu desenvolvimento pessoal,
incluindo toda a vida adulta e abarcando contextos escolares e
organizacionais. O comportamento vocacional do indivíduo aparece
agora inserido num sistema mais vasto que é o do seu comportamento em
geral e o ajustamento vocacional no seu ajustamento global, passando o
papel de trabalhador e a sua importância a ser conceptualizados em
relação cora todos os outros papeis que o indivíduo desempenha na sua
vida e o seu percurso individual a ser considerado desde o nascimento até
à morte.
Assim, a idade adulta, em geral considerada como uma fase de
estabilidade passa a ser vista, pelo contrário, como caracterizada por
diversas mudanças quer a nível físico quer a nível psicológico, o que
inclui alguns aspectos da personalidade do indivíduo, o seu
comportamento vocacional, a relação entre os diferentes papeis que ele
desempenha num dado momento e o auto-conceito. Hopson & Scally
(1980) fazem uma importante síntese destas mudanças, a partir da revisão
dos conceitos envolvidos nos diferentes modelos de desenvolvimento do
adulto.
Partindo dos estádios que define em 1957, Super preconiza que o
desenvolvimento vocacional do adulto se processa em etapas. O estádio
de Crescimento (do nascimento aos 14 anos), que se estende desde o
nascimento até cerca dos 14 anos,"e seguido pelo estádio de Exploração,
cacterizado pela exploração do eu e das profissões, cristalização das
escolhas, sua especificação e implementação. O estádio de Exploração
7')
o Desenvolvimento de Carreira do Adulto
começa na adolescência mas pode continuar pela vida adulta, sendo
apontadas pelo autor as referências etárias entre os 15 e os 24. A fase de
Estabelecimento, habitualmente entre os 25 e os 44 anos. caracteriza-se
pela estabilização na área escolhida, consolidando a sua posição e
progredindo. Entre os 45 e os 64 anos, o indivíduo passaria pela fase de
Manutenção, sendo a sua preocupação fundamental a manutenção da
posição conquistada na fase anterior. A fase de Declínio - a partir dos 65
anos - seria caracterizada pelas tarefas desenvolvimentistas de desacelerar
e reformar-se (Super, 1976b). Cada uma destas fases implica subestádios
baseados nas tarefas desenvolvimentistas típicas de cada período.
Contudo, em Super, os limites etários são apenas referências, j á
que não é a idade cronológica que determina a progressão do indivíduo
ao longo dos estádios, podendo estes prolongar-se muito para além das
idades apontadas em função do percurso individual dos sujeitos, e da
interacção de variáveis pessoais e situacionais. Se o desenvolvimento dos
indivíduos se faz, em geral, através da sequência destas cinco fases - o
maxiciclo - vão ocorrendo ao longo da carreira miniciclos, no sentido em
que o indivíduo, em qualquer fase da sua carreira, pode voltar aos
estádios anteriores quer em função das novas escolhas que vai fazendo
quer ainda em função da saliência que outros papeis que não o de
trabalhador (estudante, tempos livres, cidadão, cônjuge, casa ou pai/mãe)
vão tomando na sua vida (Super, 1984, 1990). Este processo é designado
como reciclagem (Super. 1984, p. 200):
~ Ligãdõ^à~noção~do desenvolviinênto do indivíduo num-percurso
desde o nascimento até à morte e à existência de tarefas que deverão ser
23
Capítulo 1
realizadas em cada fase, surge o conceito de maturidade vocacional
(1957, 19680,1980/81/82,1983), a discussão da sua aplicação ao adulto
(Super & Kidd, 1979) e a proposta do conceito de adaptabilidade como
resposta aos problemas teóricos que a aplicação do conceito de
maturidade levanta no caso dos adultos (Super & Knasel, 1981).
Assim, no caso do adulto, a adaptabilidade vocacional, definida
como "as atitudes e informação necessárias para a prontidão a reagir ao
confronto com o trabalho e as condições de trabalho em mudança"
(Super, Thompson & Lindeman, 1988, p. 5). inclui cinco dimensões -
Planeamento, Exploração, Informação, Tomada de Decisão e Orientação
para a Realidade. O conceito, exprimindo a ideia de um processo em que
o indivíduo é um agente activo, vê assim retirado o significado de
"maturação ou crescimento", necessariamente implicado quando se fala
de maturidade e inadequado quando se lida com adultos.
Para utilização no processo de aconselhamento da caneira em
adultos, é proposta uma medida deste conceito, na forma de um
questionário designado Inventário de Preocupações de Carreira (Super,
Thompson & Lindeman, 1988) traduzido e adaptado para Portugal por
Duarte em 1987. Este instrumento de medida não considera as cinco
dimensões do modelo mas apenas as duas componentes atitudinais -
Planeamento e Exploração, dimensões fundamentais para a
adaptabilidade profissional e vocacional, já que foi considerado que só
dèveriãi ísêrávaliados " . . .os aspectos da máturidade vocacional cõmims
à maioria dos adultos...sacrificando a multidimensionalidade pela
un iversa l idade . . (Super & Kidd, 1979, pp. 262-263).
24
o Desenvolvimento de Carreira do Adulto
Contudo, a adaptabilidade do sujeito e a sua avaliação deve ter em
conta a Saliência dos papeis. De facto, " se o trabalho não é importante, a
prontidão para fazer escolhas profissionais e para lidar com as tarefas
vocacionais não pode ser adequadamente avaliada; estes indivíduos não
têm razões para a exploração ou o planeamento vocacional, para aprender
a tomar decisões na carreira ou para adquirir informação profissional...
podem, ser maduros e adaptáveis noutros aspectos...mas não estar
conscientes ou interessados pelo mundo do trabalho e as carreiras
profissionais" (Super, 1985, p. 17).
O auto-conceito e a sua implementação assume uma importância
fundamental na teoria de Super (Super, 1950/1988, 1957), começando
por ser a base de uma perspectiva simples que defendia que a escolha
profissional representaria a tentativa de implementar, de forma realista,
satisfatória e adequada, o auto-conceito numa profissão. Posteriormente,
Super passa a referir-se aos auto-conceitos (relativos a cada um dos
papeis que o indivíduo desempenha no espaço da vida), considerando-os
características da personalidade e definindo o processo do
desenvolvimento de carreira como o processo de desenvolver e
implementar auto-conceitos (Super, 1990, p. 207). Embora se refira, em
geral, ao auto-conceito ou aos auto-conceitos, Super afirma preferir a
designação constructo pessoal, por salientar a focagem dupla do
indivíduo no íW/e na situação (Super, 1981, 1984, 1990).
Émbora com um enquadramento muito v ^ o e abrangente, este
modelo está longe de ser aceite e utilizado em exclusivo pela maioria dos
conselheiros e coexiste com vários outros modelos de importância
25
Capítulo 1
significativa quer ao nível teórico quer ao nível da intervenção (por
exemplo, Bordin, 1990; Dawis & Lofquist, 1977, 1978; Dawis, 1994;
Holland, 1973, 1985; Krumboltz, 1981, 1994). No entanto, o modelo de
Super, marcando claramente a evolução dos conceitos ligados à carreira e
ao adulto, assume um lugar privilegiado enquanto modelo de Psicologia
das Carreiras de natureza "conciliadora" ou "eclética", num sentido muito
caro à procura de convergência característica dos anos 90. O próprio
Super (1990, 1994) refere-se ao seu modelo como um modelo segmentai
em que se reúnem contribuições de diferentes autores - as diferentes
pedras do seu Arco Normando. Estas várias teorias que constituem os
segmentos do Arco Normando seriam unidas pela teoria da aprendizagem
interactiva e que reuniria a aprendizagem social no sentido de Bandura
mas também "a aprendizagem nos encontros com objectos, factos e
ideias" (Super, 1990, p. 204). Nele coexistem as duas dimensões - life-
span - longitudinal e relacionada com o maxiciclo e a dimensão
transversal - life-space - definida pela "constelação de posições ocupadas
e de papeis desempenhados pela pessoa" (Super, 1984, p. 203). A carreira
assume, aqui, o seu sentido mais amplo (Super, 1976a, 1980, 1984,1990)
e enquadra uma intervenção que pode ser dirigida a adultos em qualquer
fase do seu trajecto de vida. Provavelmente, a intervenção com adultos
virá a assumir cada vez mais um lugar de relevo, em função de factores
demográficos, como o aumento da esperança de vida e o envelhecimento
dá população "nos países ocidentais, mas também de aspectos '^muito
ligadòs ao trabalho, á competividade das economias e à necessidade de
resolver problemas que têm marcado a década de 90: o desemprego, a
26
o Desenvolvimento de Carreira do Adulto
necessidade de promover a adaptabilidade e a empregabilidade dos
indivíduos, a judando-os a lidar com a transição, o interesse económico e
social de promover a educação e a formação ao longo de toda a vida do
indivíduo e a necessidade de responder à própria globalização da força de
trabalho (Herr, 1996; Herr & Cramer, 1996; Osipow, 1991).
Numa época em que o "factor chave na capacidade de um país
para competir na crescente economia global é a qualidade da sua força de
trabalho, definida pela sua educação, competências para lidar com
números, flexibilidade, capacidade de aprendizagem e empregabilidade"
(Herr & Cramer, 1996, p . l ) , em que a aplicação das tecnologias se
relaciona com importantes mudanças na organização, nas formas de
comunicação e no conteúdo do próprio trabalho, com implicações
evidentes nas competências requeridas ao trabalhador, é possível que as
investigações futuras se interessem, cada vez mais, pelo adulto.
27
Os Valores
2.1. O conce i to d e v a l o r e a s u a m e d i d a
O início do interesse pelo estudo psicológico dos valores tem sido
associado à obra de Spranger. Para Marques (1983) este interesse surge
com a publicação da T edição de Lenbensformen, onde Spranger
descreve seis tipos ideais de indivíduos e de orientações fundamentais:
Teorético (a descoberta da verdade, a ciência e a filosofia); Económico (a
procura do útil, as necessidades do corpo, a produção económica e o
comércio); Estético (a forma e a harmonia, os aspectos artísticos da vida);
Social (o amor pelos outros e o altruísmo); Político (o poder) e Religioso
(a compreensão mística do mundo inteiro na sua unidade e a relação com
essa totalidade). Para Super (1995b), o começo do estudo sistemático dos
valores situa-se em 1931, data da edição original do Study of Values de
Allport, Vemon e Lindzey, instrumento de medida dos valores que se
baseia directamente nos tipos de Spranger.
O conceito de valor, central nas teorias da motivação e tão
frequentemente usado como parte da linguagem corrente, tem sido alvo
de definições variadas e nem sempre concordantes.
Se por um lado, quando se fala de motivação, se encontram
definições quer em termos de necessidades, de traços de personalidade,
de valores e/ou de interesses, por outro, as distinções entre estes
diferentes conceitos não são simples de estabelecer e muitas vezes essas
definições sobrepõem-se. Foi fi-equente a utilização dos conceitos de
interesse e de valor indiscriminadamente como se se tratassem de
sinónimos e além disso, muitas das definições de valor surgidas seriam
facilmente assimiláveis ao conceito de interesses.
29
Capítulo 1
Numa revisão sobre valores pessoais, satisfação profissional e
comportamento profissional, Katzell (1964, cit. em Descombes, 1977, p.
288), traduz esta falta de diferenciação teórica entre os conceitos
englobando valores, interesses, desejos e objectivos numa mesma
categoria de "elementos motivacionais" que têm em comum implicarem
uma expressão de preferência ou de atracção por uma variedade de
estímulos.
O conceito de valor tem sido tomado na acepção de crença, de
interesse, de necessidade ou mesmo de atitude. Exemplo desta
indefinição conceptual que durante muitos anos caracterizou a utilização
destes conceitos, o próprio Study of Values (Allport, Vernon e Lindzey,
1960) define, em subtítulo, o instrumento como uma medida de
interesses. Como outro exemplo desta indiferenciação de conceitos, pode
citar-se a síntese de Super e Crites, (1962) inserida num capítulo sobre a
medida dos interesses onde coexistem dados sobre o SVIB: Strong
Vocational Interest Blank de Strong, o Kuder Preference Record ou o
Study of Values de Allport, Vemon e Lindzey. Também uma obra de
Zytowsky (1973) entitulada Contemporary^ approaches to interest
measurement, inclui capítulos sobre instrumentos de medidas de valores
como o WVI; Work Values Inventory de Super ou o MIQ: Minnesotta
Instrument Questionnaire de Gay, Weiss, Hendel, Dawis e Lofquist.
Contrastando com esta relativa indiferenciação conceptual, alguns
autores defmiram "valores" a partir da sua.relação com.outros conceitos:-
Katz (1963, cit. em Descombes, 1977, p. 287) considerou os valores
como "expressões externas características e como manifestações,
30
Os Valores
influenciadas culturalmente, das necessidades"; Lofquist e Dawis (1978),
a partir do estudo factorial do MIQ construído para avaliar 20
necessidades vocacionais, encontraram seis dimensões de referência que
consideraram valores, representando o que há de comum nas diferentes
necessidades e sendo definidas como necessidades de 2' ordem.
Também Super (1973a) procurou clarificar a defmição dos
diferentes conceitos ligados à motivação através de uma concepção
hierárquica em que aqueles são diferenciados e explicados em fimção da
relação que estabelecem entre si. Na base do modelo está o conceito de
necessidade definida como "a falta de algo que, se estivesse presente,
contribuiria para o bem estar do indivíduo e que é acompanhada por um
impulso {drive., no. Q^^mai) para fazer algo em relaçáo a ela" (Super,
1973a, p. 189). Os outros elementos fundamentais deste sistema
hierárquico de motivações- traços, valores e interesses - derivam das
necessidades.
As necessidades levam à acção e esta, por sua vez, leva a modos
de comportamento ou traços que se dirigem a objectivos formulados em
termos genéricos (valores) ou em termos específicos (interesses). Os
traços são definidos como fornias (estilos) de agir para satisfazer uma
necessidade numa determinada situação, os valores como os objectivos
que o indivíduo procura atingir para satisfazer uma necessidade e os
interesses como as actividades específicas e os objectos através dos quais
se podem atingir os valores e satisfazer as necessidades. Pela sua relação
mais directa com as actividades e os objectos específicos, os valores e os
interesses " aparecem—como va r i á^ i s muito —mais— próximas—do
comportamento educacional ou profissional do que os traços ou as
31
Capítulo 2
necessidades. Por sua vez, os interesses estão ainda mais próximos do
comportamento do que os valores ou as necessidades (Super, 1973a). Já
anteriormente, Super (1957; Super & Crites, 1962) definira os interesses
a partir de quatro categorias: interesses expressos, interesses manifestos,
interesses testados e interesses inventariados.
Quer sejam mais centradas em modelos psicológicos, em modelos
filosóficos ou em modelos sociológicos, e apesar das diferenças,
sobressaem em todas estas conceptualizações alguns aspectos em
comum, nomeadamente o reconhecimento de que os valores funcionam
como critérios face aos quais o indivíduo faz as suas avaliações. Essas
avaliações equacionam a importância relativa das coisas para a pessoa
nos diferentes aspectos da sua vida incluindo o trabalho. Estabelece-se
assim uma íntima relação entre os valores e as questões da satisfação e da
motivação no trabalho.
Muito significativos são os trabalhos surgidos nas décadas de 50 a
70, centrados no estudo da satisfação profissional e da motivação no
trabalho, e ligados à indústria e às organizações. E assim que aparecera
modelos como o modelo hierárquico da motivação de Maslow
(1954/1970), a teoria bifactorial de Herzberg (Herzberg, Mausner &
Snyderman, 1959), a teoria das expectativas de Vroom (1964) ou a teoria
do ajustamento ao trabalho de Dawis e Lofquist (1977, 1978).
Maslow (1954/1970) preconiza um modelo de motivação com
grande impacto teórico, identificando os tipos de necessidades que
podem rnõtivãr õ cõm^rtamêntò do indivíduo e repfesentando-as nürhá
organização Hierárquica, na foirna de uma pirâmide.
32
Os Valores
A ligação de Herzberg ao problema da motivação é evidente, já
que o autor faz o levantamento dos factores de satisfação que funcionam
como factores de motivação intrínseca e os factores extrínsecos que
fVincionam não como elementos de satisfação mas antes como geradores
de insatisfação profissional e que são também designados por
"higiénicos" (Herzberg et ai, 1959).
Também Vroom (1964), centrado na mesma questão, desenvolve
uma abordagem cognitiva da motivação em que relaciona a satisfação
cora variáveis cognitivas como as expectativas dos resultados e o valor
antecipado desses resultados - as valências, atribuindo aos valores um
papel fundamental quer ao nível das escolhas quer ao oível da satisfação
no trabalho.
Na teoria do ajustamento ao trabalho - TWA - de Dawis e
Lofquist, desenvolvida na Universidade de Minnesota, a satisfação
profissional ocupa um lugar central bem como a sua relação com as
necessidades e os valores. Os autores preconizam um modelo que
pretende, entre outros objectivos, prever a satisfação dos indivíduos no
trabalho a partir da correspondência, ou corresponsividade
{corresponsiveness, no original) para acentuar o seu carácter dinâmico,
entre os reforços proporcionados pelo trabalho e as necessidades
vocacionais dos indivíduos (Dawis & Lofquist, 1978). Como se referiu
atrás, neste modelo, os valores são considerados necessidades de 2 '
ordem (Dawis, 1994; Lofquist & Dawis, 1978).
Um dos instrumentos de medida dos valores que tem estado na
base de muitas pesquisas sobre a relação entre a satisfação profissional e
as necessidades em adultos - o já referido MIQ: Minnesota Importance
33
Capítulo 2 -—
Questionnaire - surge no âmbito destes estudos, tendo por objectivo a
' avaliação da satisfação do sujeito a partir das suas necessidades
psicológicas ou dos .seus valores.
Também para Ginzberg (cit. em Super, 1962. p. 231), a satisfação
é considerada como estando directamente relacionada com os valores,
podendo distinguir-se três fontes de satisfação profissional ligadas aos
valores - satisfações intrínsecas (prazer na actividade e no alcance de
objectivos específicos), satisfações extrínsecas (ligadas ao prestígio e a
aspectos monetários) e satisfações concomitantes (ligadas ao ambiente de
trabalho).
Para avaliar os valores, têm sido construídos alguns instrumentos,
na forma de medidas verbais, estruturadas e de auto-avaliação,
questionários a que os sujeitos respondem de acordo cora as suas próprias
percepções. Como instrumento de medida, o Study of Values foi um dos
primeiros a utilizar a escolha forçada e pares de itens comparados,
produzindo resultados que reflectem as diferenças intraindividuais e não
tanto as diferenças intergrupais (Dawis, 1990), o que adquire grande
significado para o estudo dos sistemas de valores do indivíduo encarados
de uma forma ipsativa mais do que normativa. Outros inventários
surgiram posteriormente como é o caso dos já mencionados MIQ ou
WVI.
Contudo, em relação ao conteúdo dos itens, os instrumentos
existentes nem sempre abordam o mesmo objecto de estudo. Alguns
podem ser classificados como medidas dos valores gerais que se aplicam
à totalidade da pessoa e da vida, de que é exemplo o Study of Values e
34
Os Valores
outros como medidas dos valores do trabalho como acontece com o WVI
ou com o MIQ.
Este tipo de categorização decorre de duas linhas de investigação
sobre os valores em geral ou sobre os valores do trabalho, havendo nas
listas de valores do trabalho algumas dimensões como a supervisão
técnica ou a política de empresas que poderão ser de difícil avaliação em
jovens que ainda não Iniciaram a sua vida activa.
Como antes se referiu, os valores, quer os valores da vida era geral
quer os valores do trabalho, aparecem agrupados, pelos diferentes
autores, com base em diferentes sistemas de classificação. O sistema de
valores do indivíduo é, assim, definido de acordo com a taxonomia
desenvolvida por cada um dos autores, o que, por vezes, pode dificultar o
seu estudo e a comparação entre diferentes trabalhos empíricos. Essas
taxonomias são, por vezes, apresentadas com base numa classificação em
três categorias. É o caso de Centers (1949, cit. em Kidd & Knasel, 1979),
autor de uma das mais conhecidas taxonomias de valores, que considera
recompensas extrínsecas a Segurança, a Estima, o Lucro e a Fama;
concomitantes extrínsecos o Poder, a Liderança e a Independência, e
recompensas intrínsecas a Experiência Interessante, o Serviço Social, e a
Auto-Expressão.
Super (1962) considera que, do ponto de vista filosófico, a
classificação dos valores em três categorias parece ser adequada.
Também Kidd e Knasel (1979), a partir de uma importante revisão
bibliográfica, apresentam uma listagem exaustiva dos valores do trabalho
considerados pelos diferentes autores, seguindo este tipo de
categorização. Para eles, apesar da diversidade e da falta de unanimidade
35
Capítulo 2
nas listas de valores do trabalho que os diferentes autores apresentam
para os adultos, existe algum acordo entre todos. Assim, são quase
sempre referidos os valores Estatuto, Salário. Promoção,
Reconhecimento, Condições de Trabalho, Politica e Administração da
Empresa, Colegas, Supervisão, Independência e Conteúdo do Trabalho.
Promoção, Reconhecimento, Políticas de Empresa e Supervisão
aparecem mais frequentemente no sistema de valores de Indivíduos que
já tenham experiência de trabalho.
Outras importantes taxonomias de valores do trabalho são as de
Donald Super, correspondente às 15 escalas do WVI e a de Gay, Weiss,
Hendel, Dawis e Lofquist, correspondente às 20 necessidades do MIQ.
Apesar da diversidade de classificações, é possível estabelecer
correspondência entre os valores destas diferentes taxonomias. Por um
lado, a taxonomia do WVI deriva, em grande parte, da taxonomia de
Centers (Kidd & Knasel, 1979). Por outro lado. Marques (1983) encontra
correspondência entre alguns dos valores do WVI e os valores de
Spranger: o valor Altruísmo do WVI seria correspondente ao Social de
Spranger; o valor Estético seria equivalente para os dois autores, o valor
Estimulação Intelectual de Super corresponderia ao Teorético de
Spranger; o Prestígio de Super ao Político de Spranger e a Recompensa
Económica do WVI ao Económico de Spranger.
A classificação usada no WVI em relação aos valores do trabalho,
vera a dar lugar a uma outra ligada quer aos valores em geral quer aos
valores do trabalho, e que encontra a sua origem no projecto WIS {Work
Importance Study). O projecto WIS, projecto internacional iniciado em
1979 e coordenado por Donald Super, reúne os esforços de vários países
36
Os Valores
e, embora não centrado apenas nos valores, vem dar um forte impulso no
seu estudo. Como objectivos globais, os participantes propunham-se dar
um significativo contributo na investigação da importância relativa do
papel de trabalhador, em jovens e adultos, no contexto dos outros papeis
e no estudo dos valores que os indivíduos procuram atingir nos principais
papeis que desempenham, e especialmente no papel de trabalhadores
(Marques, 1982a; Nevill & Super, 1986). Pretendia-se, assim, estudar e
clarificar os constructos de saliência do trabalho e as suas relações com a
motivação e os valores do trabalho. (Super, 1980).
Na r conferência do WIS, que decorreu em Cambridge
(^glaterra) em Março de 1979, planeou-se o desenvolvimento do
projecto que, norteado pelos objectivos já definidos, viria a decorrer em 4
fases:
fase: revisões de literatura (nacionais e internacionais) e
planeamento do estudo piloto.
2" fase: estudo piloto para o desenvolvimento dos instrumentos de
medida dos valores e da saliência dos papeis.
3" fase: estudo principal ou definitivo.
4" fase: eventual follow-up. (Marques, 1982a; Marques &
Miranda, 1995).
Em Portugal, toma o nome de Estudo sobre a Importância do
Trabalho e é desenvolvido por um grupo de investigação dirigido pelo
Prof. Doutor Ferreira Marques e sediado na Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.
Partindo dos dados reunidos nos trabalhos desenvolvidos pelos
diversos países, surge um modelo teórico que enquadra um novo sentido
37
Capítulo 2
para o conceito de motivação, baseado nos conceitos de valores e de
saliência dos papeis. Nesse modelo, valor é considerado como " um
objectivo (estado psicológico, relação ou condição material) que se
procura atingir ou obter", podendo os valores ser realizados no
desempenho de diferentes papeis. À noção de valor de trabalho aplica-se
a mesma defmição mas referida especificamente ao desempenho do papel
de trabalhador (Super, 1980, p. 82).
De acordo com esta conceptualização teórica, a satisfação é vista
em função dos valores mas também da relação que estes estabelecem
com a saliência dos papeis, podendo ser encontrada satisfação para os
valores quer no papel de trabalhador quer noutros papéis que o indivíduo
desempenha na sua vida (estudo, família, comunidade, tempos livres). No
mesmo papel, o indivíduo em diferentes estádios da sua vida pode
realizar valores diferentes. Por outro lado, um mesmo valor também pode
ser realizado em diferentes papeis quer no mesmo, quer em diferentes
estádios da vida. A saliência dos papeis e mais concretamente, a saliência
do trabalho poderá ser uma variável pelo menos tão importante como a
classe social ou o nível profissional, para analisar a satisfação no trabalho
dos indivíduos.
Para permitir operacionalizar e estudar estes conceitos e as suas
implicações foram desenvolvidos dois instrumentos de medida
intemacionais: um para avaliar a saliência dos papeis - Inventário de
Saliência de Actividades {WIS Salience Inventory) e outro para avaliar os
valores - Escala de Valores WIS (fVIS Values Scale). Esta Escala de
Valores, numa primeira fase, começou por ser constituída por itens gerais
e itens referentes ao trabalho mas, na sua edição revista, passou a centrar-
38
Os Valores
se nos valores da vida em geral, embora continue a ter itens relativos aos
lrabalho(e mesmo uma escala específica - Condições de Trabalho). O seu
desenvolvimento será abordado com mais detalhe no ponto seguinte.
2.2. O D e s e n v o l v i m e n t o da Esca la d e V a l o r e s W I S
Como já foi referido no ponto 2.1, a construção de uma Escala de
Valores no âmbito do projecto WIS baseou-se numa 1' fase de revisões
bibliográficas sobre o tema conduzidas nos diferentes países que
participam no projecto. Isso tomou possível o levantamento e a
integração do que tinha sido feito anteriormente, dentro das limitações
inerentes à dificuldade de efectuar comparações entre estudos baseados
em instrumentos e taxonomias diferentes (Marques, 1983).
Os dados de síntese da revisão de literatura foram analisados e
discutidos na T Conferência de planeamento que decorreu em Cambridge
em Dezembro de 1979. Desses trabalhos saiu uma taxonomia de valores,
num total de 22 que viria a ser revista até que da 4 ' Conferência, em
Dubrovnik em Outubro de 1980, saiu a versão experimental da Escala de
Valores WIS com 21 valores comuns a todos os países e mais duas
escalas opcionais. Esta taxonomia comporta algumas alterações face às
designações utilizadas na T Conferência que são expostas com detalhe
em Dxiarte (1984). Todo o processo de evolução é descrito, de forma
pormenorizada, em Knasel, Super & Kidd (1981).
Na sua 1' edição, a Escala de Valores WIS incluía as seguintes
escalas: Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético,
Altruísmo, Relacionamento e Interacção, Autoridade, Autonomia,
Criatividade, Recursos Económicos, Segurança Económica, Meio
39
Capítulo 2
Ambiente, Estimulação Intelectual, Estilo de Vida, Participação na
Tomada de Decisão, Prestígio, Responsabilidade, Risco e Segurança,
Espiritual, Relação com os Superiores e Variedade. Os valores
Actividade Física e Identidade Cultural eram optativos e não foram
considerados nas investigações portuguesas.
Cada escala tinha dez itens, de modo a que os cinco primeiros
itens de cada escala se referissem aos valores ou satisfações procurados
na vida em geral. Os outros cinco referiam-se especificamente ao
trabalho. No caso da versão portuguesa - constituída por 21 escalas, os
itens desde o 1 ao 105 constituíam as subescalas dos valores gerais e os
itens do 106 ao 210, as subescalas de valores do trabalho. Face a cada
item o sujeito deveria classificar, numa escala de 1 - nada Importante a 5
- muito importante, o grau de importância que cada valor ou satisfação
tinha para si. A pontuação final de cada valor resultava do somatório dos
pontos dados pelo sujeito a cada um dos respectivos itens (Marques,
1982a, 1983; Marques & Miranda, 1995).
Era Portugal, a Escala de Valores assim construída foi aplicada a
953 estudantes do 9® ano, a 322 estudantes do 12° ano e a 156 adultos
trabalhadores. Foram analisados a média e o desvio-padrão das escalas,
as intercorrelações entre escalas, para cada uma das amostras e os
coeficientes alfa de Cronbach para as três amostras. Foi ainda realizada
uma análise em componentes principais com rotação varimax à matriz de
intercorrelações das amostras do 9° e do 12° anos. Embora os resultados
refeientes aõ cüêficientê alfa fossem bastante satisfatórios paia todas as
escalas (situaiTdo-se entre 0765T'0T9'l"nõ 9° ano, entre 0.66T0T93 no 12®
ano e entre 0.79 e 0.93 nos adultos), os dados obtidos a partir do
40
Os Valores
tratamento estatístico realizado sugeriram o interesse de agrupar algumas
das escalas (Marques, 1982b; Marques, 1983).
Os resultados revelaram que, nos dois níveis escolares, as médias
mais elevadas correspondiam às escalas Utilização das Capacidades,
seguida pela Realização e pelo Estilo de Vida, por ordem decrescente. A
média mais baixa era a relativa à escala Autoridade, seguida (em ordem
crescente) da escala Recursos Económicos e da escala Risco e Segurança
(Marques, 1983). Ainda no mesmo estudo, encontraram-se diferenças
significativas ao nível 0.01 entre as médias obtidas por rapazes e por
raparigas quer na amostra do 9® ano quer na do 12° ano. As mais elevadas
eram referentes às escalas Estético, Altruísmo e Espiritual no caso das
raparigas e a Autoridade e Recursos Económicos no caso dos rapazes. Se
se considerar o nível de probabilidade de 0.05, aparecia, em ambas as
amostras, uma diferença significativa na escala Relacionamento e
Interacção com médias mais elevadas para as raparigas. Esta mesma
tendência encontrava-se, mas apenas para a amostra do 9® ano, nas
escalas Participação na Tomada de Decisão e Variedade. Na escala
Utilização das Capacidades e Realização verifícavam-se também
diferenças significativas (a p< 0.05) entre as médias dos dois sexos e a
favor do sexo feminino, mas apenas para a amostra do 12° ano.
Contudo, para os dois sexos e quer no 9® quer no 12® ano, a média
mais elevada correspondia à escala Utilização das Capacidades e a mais
baixa a Autoridade.
P à f ã õ s ã d u l t õ s / ã s médias mais elevadas apareciam também nas
escalas Üt i I i^ãÕ~aãr"Cãpcidãdès7 'Rea l ização e Promoção. As mais
41
Capitulo 2
baixas referiam-sc às escalas Risco e Segurança. Responsabilidade c
Autoridade.
A análise cm componentes principais dos resultados obtidos para
o 9° ano (com rotação posterior da matriz de intercorrclaçòes, pelo
método varimax) extraiu cinco factores: um factor \ que se relaciona com
os valores Utilização das Capacidades. Realização, Estimulação
Intelectual, Responsabilidade e Criatividade; um factor 2 definido
principalmente pelos valores Recursos Económicos, Segurança
Económica, Prestígio e Promoção; um factor 3 defmido pelos valores
Estilo de Vida, Autonomia e Variedade; um factor 4 definido pelos
valores Altruísmo, Relacionamento e Interação e Estético; e um factor 5
definido pela escala Risco e Segurança.
O Quadro o® 2.2.1. sintetiza os dados encontrados na análise cm
componentes principais dos dados referentes à amostra do ano. sendo
estes apresentados por ordem decrescente da sua saturação no factor.
A amostra do 12® ano conduziu a resultados semelhantes, com
inversão entre os factores 3 c 4 (Marques, 1983).
A partir dos dados obtidos em Portugal e em cinco outros países
pela aplicação da escala a grandes amostras de sujeitos de vários níveis
etários e com diferentes graus de escolaridade, a escala foi revista em
Outubro de 1981 na Conferência de Lisboa. Não foram mantidas quaUo
escalas - Estimulação Intelectual, Participação na Tomada de Decisão.
Responsabilidade e Espiritual. A escala Relacionamento e Interacção foi
subdividida em InteTacção Social e Relações Sociais, ficando esta última
a substituir a escaíTRelação com os Superiores; por outro lado. a escala
Meio Ambiente passou a centrar-se apenas nas Condições de Trabalho,
42
Os Valores
QUADRO N* 2 . 2 . 1 . ANÁLISE EM COMPONENTES PRINCIPAIS. ESC.AL*. DE V . < L O R £S V.1S.
Amostris/Factores eocoDtrados 9* aao
Factor 1 Utilizaçio das Capacidades. Realização. Esiimulaçio (ntelectuaJ.
Responsabilidade Cnaiividade (Espiritual)
Factor 2 Recursos Economicos Segurança Económica
Prestigio Promoçio
(.Autoridade) Meio .Ambiente
CRelações com superiores)
Factor 3 Estilo de Vida .Autonomia Variedade
Factor 4 .Altruísmo Relacionamento e Uiietacçio
(Espinitual) Estético
(Relações com os superiores)
Factor 5 Risco e Segurança (.Autoridade)
( ) saturação elevada a n mais do que um factor
A escala Actividade Física deixou de ser optativa. Foi ainda incluída uma
escala de Desenvolvimento Pessoal e reunidas as escalas Recursos
Económicos e Segurança Económica numa só escala. Além disso, os
elevados coeficientes de consistência interna encontrados a partir dos
trabalhos de aplicação da 1" versão em vários países (em geral, superiores
a 0.8), tomaram possível reduzir cada escala a um total de 5 itens. Para
possibilitar comparações internacionais, e de entre os 5 itens que
constituem cada escala, decidiu-se que os primeiros 3 seriam comuns a
todos os países e que desses, 1 ou 2 seriam referentes ao trabalho,
excepto no caso da escala Condições de Trabalho em que obviamente
todos os itens cumpririam esta condição.
Depois desta revisão, a 2 ' edição da Escala passou, então, a
considerar 18 escalas: Utilização das Capacidades, Realização,
Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade,
43
Capitulo 2
Económico, Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física,
Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e
Condições de Trabalho.
Passaram a ser opcionais as escalas Identidade Cultural (tal como
na versão de 1981) e a escala Capacidade Física. As respostas passariam
a ser dadas numa escala de 4 pontos (Marques, !982a; Marques, 1995;
Marques & Miranda, 1995).
Esta versão revista inclui dezoito valores, a que correspondem as
seguintes definições, adoptadas no Serviço de Orientação Escolar e
Profissional da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Lisboa:
UTILIZAÇÃO DAS CAPACIDADES - utilizar e desenvolver as suas
capacidades e conhecimentos.
REALIZAÇÃO - fazer as coisas bem; sentir que faz (ou fez) as coisas
bem.
PROMOÇÃO - ter mobilidade em termos de progredir na carreira e de
melhorar o nivel de vida.
ESTÉTICO - aumentar e gozar a beleza das coisas quer naturais quer
feitas pelo homem.
ALTRUÍSMO - ajudar as outras pessoas.
AUTORIDADE - dizer aos outros o que têm que fazer, chefiar ou
dirigir.
AUTONOMIA - tomar decisões por si mesmo, ser independente na
sua esfera de acção.
OÜATIVIDADE - desenvolver ideias novas ou fazer coisas novas.
44
Os Valores
ECONÓMICO - ter um alto nível de vida, bom ordenado, estabilidade
de emprego.
ESTILO DE VIDA - trabalhar e viver como quer, de acordo com as
suas ideias.
DESEWOLVTMENTO PESSO.-U. - ter ideias sobre o que fazer na vida,
encontrar satisfação pessoal no seu trabalho.
ACTTVTD.ADE FÍSICA - fazer muita actividade física, no desporto, no
trabalho, etc.
PRESTÍGIO - ser admirado e considerado.
RISCO - ser capaz de aceitar riscos ou fazer coisas arriscadas.
LNTER.ACÇÃ0 SOCIAL - estar com outras pessoas enquanto faz
qualquer coisa ou trabalha.
RELAÇÕES SOCLUS - estar com amigos ou pessoas de quem gosta,
falar com os outros.
VARIEDADE - haver diversidade no que faz, mudar de actividades.
CoríDiçôES DE TRABALHO - ter boas condições no local de trabalho
(espaço, luz, etc).
N o decurso da 3* fase do projecto, a versão revista da Escala de
Valores WIS foi aplicada a 1199 estudantes do 10° ano, a 1189
estudantes do 12® ano abarcando as populações rurais e urbanas das
regiões portuguesas de noroeste, nordeste e sul, e a 580 estudantes do
ensino superior distribuídos por cursos cujos conteúdos se relacionavam
com cinco tipos de Holland: realista, investigativo, artístico,
empreendedor e convencional (Marques, 1995). Os estudos sobre a
garantia do instrumento conduziram a índices bastante satisfatórios que
serão analisados com maior detalhe no capítulo 5.
45
Capítulo 1
A escala de Valores WIS, versão revista, enquanto instrumento de
medida construído a partir de um projecto comum de vários países e com
itens comuns às suas diferentes versões constitui, assim, um meio
privilegiado para estudar os valores, permitindo analisar o efeito de
variáveis até aqui difíceis de considerar como a nacionalidade, através de
comparações transnacionais.
2.3. I n v e s t i g a ç ã o s o b r e os va lores . A lguns e s t u d o s coro a Escala de V a l o r e s W I S e m P o r t u g a l e n o u t r o s pa íses
A investigação sobre os valores começa mais tardiamente do que a
investigação sobre os interesses. A esse facto se refere Super quando
afirma que o Work Importance Study assume como um dos seus
objectivos superar a falta de investigação dedicada aos valores
comparativamente com a dedicada aos interesses (Super, 1983).
Muitos trabalhos de investigação têm sido dedicados ao estudo
dos valores, mas mantendo por base diferentes preocupações teóricas e
diferentes metodologias de abordagem.
Descombes (1980) refere-se a esta diversidade de trabalhos,
identificando três correntes no estudo dos valores entre 1925 e 1975:
1. A corrente dos pioneiros (até cerca de 1960) onde se
enquadram os primeiros estudos sobre valores e particularmente os j á
citados trabalhos de Spranger e de Allport. Nesta fase, a distinção entre
conceitos era pouco nitida e à medida dos valores faltava formalização.
2. A corrente que tem a sua origem entre 1960 e 1970 e que
ainda encontra muitos seguidores, caracterizada pela preocupação de
classificar os valores e de elaborar instrumentos de medida mais precisos;
46
Os Valores
3. Uma terceira corrente, iniciada nos anos 70 e 80 que se
define a partir do estudo sistemático dos valores, através de instrumentos
formais.
Embora a maioria dos estudos se centre em populações de
estudantes, existem também alguns trabalhos conduzidos com adultos
trabalhadores. Para Descombes (1980), muitas vezes o estudo dos valores
do trabalho incide sobre aspectos globais (Ex: "importância do trabalho")
e não sobre valores específicos. Contudo, há também uma bem definida
linha de estudos desenvolvidos com adultos que se relacionam com a
satisfação profissional e os factores nela envolvidos.
A relação entre valores e variáveis demográficas como o sexo, a
idade ou o m'vel sócio-económico, embora preferencialmente abordada
com amostras de crianças e adolescentes, também tem sido alvo de algum
interesse em estudos com adultos.
Nas décadas de 50 a 70, e para além do desenvolvimento dos
modelos atrás referidos de Maslow (1954/1970), Herzberg ei ai (1959),
Vroom (1964) ou Dawis e Lofquist (1977, 1978), interessados pela
questão da satisfação no trabalho, surgem outros trabalhos que pretendem
analisar quer os factores intervenientes no processo de satisfação
profissional quer a relação dessa satisfação com outras variáveis.
Contudo, esta revisão de literatura centrar-se-á nos estudos desenvolvidos
com a Escala de Valores WIS em Portugal e noutros países.
O grupo social de origem do indivíduo tem sido uma das variáveis
que mais interesse tem despertado na sua relação com os valores do
trabalho.
47
Capítulo 2 .
Um muito recente estudo realizado na Croácia por Sverko,
Jemeic' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic' (1995), em que se estratificou a
amostra de trabalhadores a partir de diferentes grupos profissionais e
analisando posteriormente as diferenças de médias, parece indicar que
nos m'veis mais elevados se privilegia a Auto-Actualizaçào enquanto que
os profissionais não qualificados ou pouco qualificados dão prioridade
aos valores Utilitários e aos valores Sociais. Estas conclusões parecem ir
no sentido de estudos clássicos nesta área (por exemplo, Centers &
Bugental, 1966; Friedlander, 1963, 1966) que indicavam que os aspectos
extrínsecos do trabalho eram escolhidos mais frequentemente pelos
sujeitos de níveis profissionais mais baixos enquanto os aspectos
intrínsecos eram mais valorizados pelos grupos de níveis profissionais
mais elevados. Também no mesmo sentido vai o estudo realizado com a
escala de valores WIS na Bélgica por Coetsier e Claes (1995), tendo sido
encontrada uma correlação positiva e significativa entre o m'vel
profissional e os valores que os autores designam por Auto-Realizaçào e
Desafio e negativa entre o m'vel profissional e os valores de Progresso
Material na Carreira. Resultados semelhantes foram encontrados no
Canadá, com o mesmo instrumento de medida, pela análise de diferença
de médias entre grupos profissionais diferentes. Nos m'veis profissionais
mais altos, é maior a média de Autonomia, enquanto que nos mais
baixos, é o valor Económico que surge com médias mais altas (Casserly,
Fitzsimmons & Macnab, 1995).
Por outro lado, apesar destes resultados de estudos recentes com a
escala de valores WIS, a hipótese básica de nos m'veis profissionais mais
baixos se privilegiarem os aspectos extrínsecos, face à valorização dos
48
Os Valores
intrínsecos nos níveis superiores, acaba por nào ser contrariada na medida
em que o instrumento de medida utilizado pressupõe um nível médio de
leitura, o que coloca todos os sujeitos nos níveis profissionais médios e
altos (èverko & Super, 1995).
As diferenças de valores em fiançào da variável sexo, tão
frequentemente descritas junto dos adolescentes, com a preferência dos
"rapazes pelas vantagens materiais, pelo poder, pela direcção de outros e
pela independência e das raparigas pelo serviço social e pelo contacto
com os colegas" (Descombes, 1980, p. 76), pouco têm sido abordadas
com adultos.
Alguns estudos, conduzidos em Portugal com a escala de Valores
WIS, também apontam no sentido de haver algumas diferenças
significativas entre os sexos.
A partir da aplicação da Escala de Valores WIS, Forma Revista, a
estudantes do 10® e do 12° anos, Duarte (1984) encontra como médias
mais elevadas, quer para rapazes quer para raparigas, as relativas às
escalas Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal e
Realização (por ordem decrescente). As mais baixas surgem nas escalas
Risco, Autoridade e Prestígio (por ordem crescente), na amostra do 10®
ano e Risco, Prestígio e Autoridade ( t ambém por ordem crescente) na do
12® ano. Aparecem algumas diferenças significativas entre sexos, com
média mais alta para o sexo feminino nas escalas Altruísmo e
Desenvolvimento Pessoal (a p<0.01 no 10° ano e a p<0.05 no 12°) e
ainda na escala Realização, mas apenas na amostra do 12* ano e a um
nível de significância inferior a 0.05. Médias superiores surgem para o
sexo masculino na escala Autoridade (a p< 0.05 e nas duas amostras) e
49
Capítulo 2
nas escalas Promoção e Económico apenas no 10" ano e com um nível de
significância inferior a, respectivamente, 0.05 e O.Ol.
Num outro estudo português, efectuado por Teixeira (1988, 1995)
foi aplicada a Escala de Valores W^S, Fomia Revista a uma amostra de
366 jovens, 277 raparigas e 89 rapazes, entre os 15 e os 21 anos (mas
maioritariamente com 16 e 17 anos), a frequentar o i l ® ano em escolas
oficiais da zona de Lisboa. As médias mais elevadas aparecem também
nas escalas Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal e
Realização (quer na amostra total quer na subamostra dos rapazes e na
subamostra das raparigas), surgindo as médias máís^ baixas nas escalas
Risco, Autoridade e Prestígio (por ordem crescente), na amostra total e na
subamostra das raparigas, mas com inversão das posições das escalas
Autoridade e Prestígio na subamostra dos rapazes.
Dos dezoito valores avaliados só dois apresentam diferenças
significativas entre as médias obtidas pelos dois sexos: a escala
Altruísmo, com média significativamente mais elevada para as raparigas
(a p<0.01) e a escala Autoridade, com vantagem para os rapazes (a
p<0.05), diferenças essas que já t inham sido identificadas em estudos
atrás referidos (Duarte, 1984; Marques, 1983).
Devido às diferenças entre a constituição das amostras masculina
e feminina que poderiam afectar os resultados, a autora retirou da amostra
total das. raparigas um grupo de elementos com composição semelhante à
amostra dos rapazes, quer em termos de número (n=89) quer em relação à
distribuição nas áreas de estudo e nas componentes vocacionais que
frequentavam e encontrou também algumas diferenças significativas
entre os dois grupos. Identificou, novamente, uma diferença significativa
50
Os Valores
a p<0.05 com média superior para o sexo feminino na escala Altruísmo, e
uma diferença também significativa a p<0.05 na escala Actividade Física,
com uma média superior para os rapazes (Teixeira, 1988; 1995).
Teixeira (1988, p. 98) interpreta esta superioridade da média
masculina na escala Actividade Física a partir da importância atribuída às
actividades de tempos livres nos rapazes desta idade.
Em relação à generalidade dos trabalhos referidos parece haver
algum acordo no que diz respeito à existência de diferenças significativas
entre as médias dos estudantes dos dois sexos. Em geral, os resultados
apontam para médias superiores nos rapazes nos valores relacionados
com aspectos económicos e autoridade, e para médias superiores nas
raparigas, em valores relacionados com o altruísmo ou os aspectos
estéticos.
Estudos recentes com a Escala de Valores WIS, realizados noutros
países (Casserly, Fitzsimmons & Macnab, 1995; Coetsier & Claes, 1995;
Homowska & Paluchowski, 1995; Langley, 1995; Sverko, Jeraeic',
Kulenovic' & Vizek-Vidovic' , 1995; Trentini. 1995) apontam também no
mesmo sentido. Assim, as médias obtidas pelas amostras do sexo
feminino tendem a ser mais elevadas nas escalas que avaliam valores de
Orientação para o Grupo - e muito especificamente em Altruísmo - e as
médias obtidas para o sexo masculino, tendem a ser mais altas para os
valores mais ligados a valores utilitários - e muito especificamente em
Autoridade.
A variável sexo parece, assim, associar-se a diferenças na forma
como os indivíduos hierarquizam os valores. Ás diferenças entre médias
que aparecem com maior regularidade, apontam para uma maior
51
Capitulo 2
orientação para os valores materiais nos homens e uma maior acentuação
dos valores orientados para as pessoas nas raparigas, o que não se pode
deixar de relacionar com a socialização de acordo com os estereótipos
sociais e especificamente com o papel psicossexual que a sociedade
atribui a cada um dos seus membros.
A relação entre valores e idade tem sido também muito estudada
mas fundamentalmente ao nível da adolescência. Super não encontra
diferenças significativas entre os grupos mas verifica algum aumento das
médias de Altruísmo e Estético do T para o 12'' ano (Super, 1970).
Kidd e Knasel (1979) e Descombes (1980) revêem os estudos que
relacionam estas duas variáveis, e as conclusões gerais apontam para a
existência de raras diferenças significativas entre níveis escolares, com
uma considerável consistência entre os valores nos diferentes níveis de
ensino, apesar de alguns estudos (por exemplo, Post-Kammer, 1987)
encontrarem uma certa tendência dos valores intrínsecos para
apresentarem médias mais altas nos uiveis de escolaridade superiores.
Também Witjing, Arnold e Conrad (1978) numa pesquisa transversal que
envolveu 1404 estudantes dos 6°, 9^ 10° e 12° graus de ensino,
verificaram que os valores tendem a estabilizar a partir do 9° ano de
escolaridade. Krau (1995) refere mesmo que esta estabilidade, que tem
lugar no meio da adolescência, por volta do 9° ano de escolaridade, é
ainda mais saliente no caso dos valores rejeitados. Parece, assim, haver
poucas alterações na forma como os valores são hierarquizados pelo
indivíduo, a partir de um certo grau de ensino (ou de uma certa idade),
sendo esta estabilidade mais nítida nos valores que aparecem no topo ou
no fim das hierarquias de médias.
52
Os Valores
Estudos recentes com a Escala de Valores WIS, realizados em
diversos países revelam uma grande semelhança nas hierarquias de
médias encontradas nas amostras de diferentes níveis de ensino (Casserly,
Fitzsimmons & Macnab, 1995; Coetsier & Claes, 1995; Krau, 1995;
Sverko, Jemeic' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic', 1995; Trentini, 1995).
Um estudo não publicado de 1985 de Yates (cit. em Nevill, 1995b)
relaciona os estádios de desenvolvimento dos sujeitos com valores,
verificando grande semelhança na forma como os sujeitos entre os 17 e
os 25 e entre os 25 e os 35 anos hierarquizam os valores. Assim, ambos
os grupos valorizam mais Realização, Utilização de Capacidades e
Promoção, embora os mais velhos privilegiem também Segurança
Económica, Recompensas Económicas e Desenvolvimento Pessoal. Os
sujeitos entre os 36 e os 45 acentuam a preferência pelos aspectos
materiais enquanto que os mais velhos - 46 aos 62 valorizam mais
Autonomia, Estético, Altruísmo, Relações Sociais, Desenvolvimento
Pessoal, Criatividade e Prestígio.
Também cora adultos, Coetsier e Claes (1995) verificam que os
valores de Auto-Realização, de Progresso Material na Carreira,
Actividade Física e Variedade se correlacionam, negativa e
significativamente (a p<0.05) com a idade.
Outras variáveis potencialmente relacionadas com o sistema de
valores do indivíduo mas a que tem sido dada menos atenção, são o
conteúdo das experiências profissionais ou a fi-equência de determinados
curricula.
Embora a relação entre o sistema de valores do indivíduo e o
envolvimento em determinadas experiências escolares ou profissionais
53
Capítulo 2
nào seja clara a partir dos estudos empíricos realizados (pela própria
complexidade e sobreposição das variáveis envolvidas) parece evidente
que, da mesma forma que o sistema de valores pode influenciar as
escolhas, também o facto de viver determinadas experiências influenciará
o próprio sistema de valores. Neste sentido vão todos os modelos que
assentam no conceito de aprendizagem e na sua importância para
determinar os comportamentos vocacionais do indivíduo, quer se utilize a
designação aprendizagem interactiva como em Super (1990, p. 204) ou
aprendizagem instrumental como em Mitchell e íCrumboltz (1990,
pp.t45-146) ou em Krumboltz e Nichols (1990, pp.162-163). A
concepção desta Interactividade entre as diferentes experiências como
determinante dos valores do indivíduo, e especificamente, dos valores do
trabalho, é sintetizada por Kidd e Knasel (1979, p. 31) na seguinte
afirmação: " as diferenças nos valores do trabalho podem ser explicadas
não só pelas diferenças individuais nos valores quando é feita a escolha
do curriculum ou profissão, mas também por factores situacionais que
reforçam certos valores".
Desde o imcio da 2" fase do Projecto WIS muitos estudos têm,
assim, utilizado a escala de Valores dele surgida. Em Portugal, embora as
populações de estudantes tenham sido mais exaustivamente estudadas
que as de trabalhadores adultos, há também a referir alguns estudos com
amostras de adultos.
Num dos primeiros trabalhos realizados em Portugal sobre os
valores de adultos, já referido no ponto 2.2, a edição de 1981 da Escala
de Valores WIS foi aplicada a 156 trabalhadores com idades entre os 20 e
os 29 anos, com um mínimo de 6 meses e um máximo de 5 anos de
54
Os Valores
experiência de trabalho. As três médias mais elevadas surgiram nas
escalas Utilização das Capacidades, Realização e Segurança Económica,
enquanto que as três escalas com médias mais baixas foram Risco e
Segurança, Responsabilidade e Autoridade (Marques, 1983).
Outro estudo, conduzido em 1992 por Rafael, consistiu na
aplicação da Escala de Valores (2^ edição) a uma amostra de 414 sujei tos
adultos a frequentar o curso de formação inicial de professores, na sua
maioria com idades até aos 34 anos (e maioritariamente com menos de 20
anos) e 65 adultos a frequentar o curso de profissionalização em serviço,
já com dois ou mais anos de experiência profissional (na sua maioria com
idades entre os 25 e os 34 anos). Tal como acontecia noutros estudos j á
referidos (Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995), na amostra total os
resultados mais elevados referiam-se às escalas Desenvolvimento
Pessoal, Utilização das Capacidades e Realização e os mais baixos a
Risco, Autoridade e Prestígio. A comparação das médias entre sexos
levou a conclusões, de algum modo, diferentes dos resultados obtidos
noutros estudos: as médias mais altas surgem em Desenvolvimento
Pessoal, Utilização das Capacidades e Estilo de Vida para o sexo
masculino e Desenvolvimento Pessoal, Realização e Utilização das
Capacidades para o sexo feminino. Aparecem diferenças significativas a
p<0.01 entre as médias obtidas por homens e mulheres em Realização,
Promoção e Económico, com médias superiores na amostra feminina e a
p<0.05 em Prestígio e Variedade também com média mais elevada para o
sexo feminino (Rafael, 1992). Contudo, como na amostra utilizada os
sexos estavam representados de forma muito desigual (76 sujeitos do
sexo masculino e 403 do sexo feminino) e todos os elementos eram
55
Capítulo 2
membros do mesmo grupo profissional, estas conclusões assumem aqui
um significado bastante limitado. Em relação à idade, o autor verificou
que, com a idade, parecia decrescer a importância de valores como
Realização, Prestígio e Relações Sociais e aumentar a importância dos
valores Estético e Altruísmo. No entanto, a realização de uma ANOVA
apenas confirmou estatisticamente a diminuição da importância das
escalas Prestígio e Relações Sociais, sendo significativa a sua variação
com a idade a p<0.01 e a p<0.05, respectivamente. A comparação dos
dados em função da experiência profissional dos sujeitos do curso de
origem ou da frequência do curso de formação inicial ou de
profissionalização em exercício indica pouca influência destas variáveis
na diferenciação quer dos valores mais importantes quer dos valores
menos importantes.
Outro estudo também desenvolvido em Portugal com sujeitos
adultos foi conduzido por Duarte (1993) que aplicou a escala de Valores
(2" edição), o Inventário de Preocupações de Carreira e o Inventário de
Saliência de Actividades a 881 homens, todos empregados da mesma
empresa mas pertencentes a diferentes grupos profissionais. N o que diz
respeito especificamente aos valores, a autora encontrou para a amostra
total médias mais altas nas escalas Realização, Utilização das
Capacidades e Condições de Trabalho (por ordem decrescente) e médias
mais baixas nas escalas Risco, Variedade e Autoridade (por ordem
crescente) (Duarte, 1993). Contudo, se se considerarem diferentes grupos
etários, há algumas diferenças na forma como os valores sSo
hierarquizados. Nos subgrupos com idades inferiores a 24 anos e com
idades entre os 25-29 anos, as três médias mais elevadas são as
56
Os Valores
mesmas que na amostra total. As mais baixas sâo também semelhantes às
da amostra total embora em vez de Variedade apareça a escala Prestígio
também com uma média muito baixa. Também nos grupos etários entre
os 30-39, entre os 40-45 e entre os 46-49 as médias mais altas aparecem
em Utilização das Capacidades, Realização e Condições de Trabalho. As
mais baixas são, para os três subgrupos, as de Risco e Variedade, sendo
ainda a de Autoridade muito baixa no subgrupo entre os 30-39 e a de
Actividade Física nos outros dois subgrupos .
Nos subgrupos dos sujeitos mais velhos, as diferenças com a
amostra total são mais marcadas. Nos sujeitos entre os 50 e os 55 anos, as
médias mais altas surgem nas escalas Condições de Trabalho, Realização
e Altruísmo e as mais baixas em Risco, Variedade e Actividade Física tal
como acontecia nos sujeitos entre os 40 e os 49 anos. Para o subgrupo
entre os 56 e os 59 anos, as médias mais baixas aparecem em Risco,
Variedade e Prestígio e as mais altas era Realização, Condições de
Trabalho e Estético. Embora baseados num baixo número de sujeitos
(n=24), tem algum interesse considerar ainda os resultados dos sujeitos
com idades iguais ou superiores a 60 anos. Neste subgrupo, as médias
mais altas surgiam nas escalas Realização, Altruísmo e Condições de
Trabalho e as mais baixas em Risco, Variedade e Actividade Física como
acontecera nos grupos de sujeitos entre os 40 e os 55 anos (Duarte, 1993).
Nos sujeitos até aos 49 anos, a hierarquização de médias de
valores é bastante semelhante nos extremos (os valores mais importantes
e os menos importantes), apesar de algumas ligeiras diferenças entre os
subgrupos principalmente nas médias mais baixas. Contudo, neste estudo
aparecem, em todos os grupos etários, a Realização e as Condições de
57
Capítulo 2 -
Trabalho com médias mais elevadas. A estes resultados poderá não ser
alheia a interferência de variáveis como a cultura de empresa que, neste
caso, não se pode negligenciar, uma vez que todos os sujeitos
desenvolvem a sua actividade profissional na mesma organização.
A autora comparou também as hierarquias de médias de valores
dos diferentes agrupamentos profissionais dentro da empresa, verificando
que, em todos eles, o valor Realização surgia no conjunto dos que têm as
médias mais elevadas e o Risco nos valores com médias mais baixas.
Utilização das Capacidades e Condições de Trabalho são também escalas
com médias elevadas em quase todos os grupos (Duarte, 1993).
Tirando partido das características da Escala de Valores WIS e da
forma como foi desenvolvida, há já alguns importantes estudos que
procuram comparar os dados obtidos nos diferentes países e em
diferentes grupos etários, tanto em relação à estrutura como à
hierarquização dos valores em cada uma das amostras.
Sverko (1992, cit. em Marques, 1989) conduziu comparações das
estruturas de valores encontradas em amostras semelhantes mas de países
diferentes (Portugal, Austrália, Estados Unidos e Jugoslávia) e encontrou
uma estrutura factorial semelhante. Esses factores foram designados
Orientação para a Auto-Actualização, Orientação Utilitária. Orientação
Social e Orientação para a Expressão Individual (Marques, 1989).
Esta estrutura é semelhante à encontrada por Marques (1983).
Embora, neste caso, a escala Risco apareça excluída do factor 4 ajudando
ela própria a defmir um 5° factor, os factores 1,2, 3 e 4 são praticamente
equivalentes.
58
V-'
Os Valores
Estudos mais recentes, na Bélgica, com amostras de estudantes do
secundário (n=442), estudantes do ensino superior (n=172) e adultos
(n=770) encontraram hierarquias similares nas três amostras aparecendo
com médias mais elevadas as escalas Desenvolvimento Pessoal,
Utilização das Capacidades, Relações Sociais e Estético e com médias
mais baixas Risco e Autoridade. Numa análise em componentes
principais, estes autores encontraram 5 factores que designam por Auto-
Realizaçào (definido principalmente por Utilização das Capacidades e
Desenvolvimento Pessoal), Progresso Material na Carreira (definido
principalmente por Económico, Promoção, e Realização), Orientação
para o Grupo (definido principalmente por Interacção Social, Relações
Sociais, Altruísmo e Estético), Desafio (incluindo Risco e Autoridade) e
Autonomia (definida por Autonomia e Estilo de Vida) (Coetsier & Claes,
1995).
No Canadá, a amostra total (de Língua fiancesa ou inglesa)
compreendia 10 120 sujeitos com idades entre os 14 e os 65 anos,
incluindo 6 382 adultos. Também utilizando a Escala de Valores WIS,
verificaram que, no caso dos adultos, as médias mais altas apareciam nas
escalas Desenvolvimento Pessoal, Utilização das Capacidades,
Realização e Relações Sociais. A escala Risco aparecia, mais uma vez,
entre as mais baixas. Os resultados das populações escolares eram
bastante semelhantes. Numa análise em componentes pincipais, os
autores encontraram também cinco factores: um 1® factor designado
Desenvolvimento Pessoal e Realização, com saturações mais altas em
Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Prestígio e
Desenvolvimento Pessoal; um 2® factor de Orientação Social, definido
59
Capítulo 2 -—
principalmente por Altruísmo, Interacção Social e Relações Sociais; um
3° factor designado Independência, com saturações mais altas em
Autonomia, Criatividade, Estilo de Vida e Variedade; um 4° factor -
Condições Económicas - defmido principalmente por Económico,
Condições de Trabalho e Identidade Cultural; e um 5° factor, defmido
principalmente por Actividade Física, Capacidade Física e Risco
(Casserly, Fitzsimmons & Macnab, 1995).
Na Croácia, e também com a Escala de Valores WIS, a amostra
estudada era constituída por 4 314 sujeitos, incluindo 344 adultos
trabalhadores. Através de vários métodos de análise factorial e de
rotação, os autores encontraram consistentemente 5 factores: Orientação
para a Auto-Actualização, Orientação Utilitária, Orientação Social,
Orientação para a Expressão Individual e ainda Orientação para a
Aventura. A análise dos resultados obtidos revela que em todas as
amostras croatas, as médias mais altas correspondem a Desenvolvimento
Pessoal, Utilização das Capacidades, Realização e Relações Sociais. Os
valores que apresentam médias mais baixas são, por ordem crescente
Autoridade, Risco, Prestígio e Identidade Cultural (Sverko, Jemeic',
Kulenovic' & Vizek-Vidovic', 1995).
Com o objectivo de sintetizar os dados recolhidos cora a versão
revista da Escala de Valores WIS em dez países num total de 18.318
estudantes, Sverko (1995) procurou estudar a estrutura factorial da escala
através de uma análise em componentes principais com rotação varimax
da matriz. Encontrou cinco componentes principais com eigenvalues
superiores a 1. Analisou, em seguida, 19 amostras de 7 países: 9 de
estudantes do ensino secundário, 6 de estudantes do ensino superior e 4
60
Os Valores
de adultos e encontrou uma estrutura semelhante nas diferentes amostras.
Apareceram, assim, cinco factores que o autor considera como
orientações dos valores e que são muito semelhantes aos que encontrara
no estudo das amostras croatas (Sverko, Jemeic', Kulenovic' & Vizek-
Vidovic', 1995):
Factor 1, bastante; constante em todas as amostras : Orientação
Utilitária (Ut) que se define por cinco valores extrínsecos: Económico,
Promoção, Prestígio, Autoridade e Realização. Relaciona-se com a
importância das condições económicas e do progresso material na
carreira.
Fac tor 2: Orientação para a Auto-actualização (sA) que se
define basicamente pela Utilização das Capacidades, Desenvolvimento
Pessoal e Altruísmo, (embora Realização, Estético e Criatividade também
apareçam com saturações elevadas nalgumas amostras). Relacionam-se
com valores importantes para a auto-realização e o desenvolvimento
pessoal.
Fac tor 3: Orientação para a Expressão Individual (In) definida
a partir do Estilo de Vida e da Autonomia (nalgumas amostras, também
aparecem saturações importantes em Criatividade e Variedade).
Relaciona-se com a importância de um estilo de vida autónomo.
Fac tor 4: Or ientação Social (So), definida principalmente a
partir da Interacção Social e das Relações Sociais (nalgximas amostras a
Variedade e o Altruísmo também aparecem com saturações elevadas) que
se relaciona com a orientação para o grupo.
Factor 5: Orientação para a Aventura (Av) ou Desafio que se
defme principalmente a partir do Risco. Nalgumas amostras, a
61
Capítulo 2
Autoridade e a Actividade Física surgem também com saturações
elevadas.
Embora semelhantes, as estruturas factoriais não são idênticas em
todas as amostras. Existe, no entanto, um importante grau de semelhança
ou de invariância DOS factores encontrados nos diferentes países,
principalmente quando se consideram as amostras de estudantes do
secundário que, sendo as mais numerosas, sâo também as melhor
organizadas (Sverko & Super, 1995).
No que diz respeito à comparação entre as hierarquias de médias
de valores em diferentes países, Marques (1983, cit. em Nevill, 1995a, p.
339 e em Nevill & Super, 1986, p.l 1) aplicou a 1* versão da Escala de
Valores a 231 estudantes portugueses do 11° ano e comparou esses
resultados com os obtidos por 196 estudantes americanos do 11® e do 12®
graus de ensino. Os dados encontrados mostraram que os estudantes
americanos apresentavam médias significativamente mais elevadas nas
escalas Promoção, Autoridade, Económico, Prestígio e Actividade Física
do que os portugueses. Em contrapartida, os estudantes portugueses
tinham médias superiores em Utilização das Capacidades, Realização,
Criatividade, Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal e Relações
Sociais do que os americanos. Estes resultados levaram o autor a concluir
que os estudantes americanos privilegiam os valores mais materiais e
activos e que os portugueses privilegiam os valores mais pessoal e
socialmente orientados, embora se admita poder aqui existir uma
influência de factores sócio-económicos, já que os estudantes portugueses
frequentavam escolas mais selectivas. Na comparação entre rapazes e
raparigas dos dois países, Marques verificou que as raparigas portuguesas
62
Os Valores
atribuíam maior importância ao Altruísmo e ao Desenvolvimento Pessoal
do que os rapazes e que estes últimos atribuíam maior importância à
Autoridade e à Actividade Física. Entre os estudantes americanos, as
escalas com médias mais altas, no caso das raparigas, eram Realização e
Estético, e no caso dos rapazes, correspondiam à escala Risco.
Ainda no que diz respeito à comparação entre hierarquias de
valores, mas agora utilizando as diferentes amostras dos vários países
participantes no Estudo para a Importância do Trabalho, uma comparação
dos resultados 2 obtidos, proporcionou o que Sverko (1995) designou por
uma comparação normativa, por oposição à análise ipsativa dos
resultados obtidos em cada país. Para isso, as médias de cada uma das
amostras dos vários países foram convertidas em resultados z, subtraindo-
se a média total da média de cada amostra e dividindo o resultado pelo
desvio-padrão da amostra total. Assim, os resultados que o autor
comparou representam o desvio da média de cada amostra de cada país
em relação à média total em unidades de desviopadrão, para cada um
dos valores medidos pela Escala de Valores WIS.
Nestas análises, verifica-se que, embora quase sempre apareçam
resultados muito elevados em Desenvolvimento Pessoal, Utilização das
Capacidades e Realização e resultados baixos em Autoridade, Prestígio e
Risco, (Sverko & Super, 1995) há diferenças importantes entre os dados
referentes aos vários países. Assim, o Estilo de Vida e a Autonomia
aparecem acima da média total nas amostras australianas, juntamente
com baixos resultados em Estética, Criatividade, Autoridade, Risco e
Condições de Trabalho. Na Bélgica (Flandres), as escalas Estético,
Relações Sociais, e Interacção Social têm médias muito elevadas
63
Capítulo 2
enquanto a Realização, Altruísmo, Autoridade, Económico, Actividade
Física e Prestígio têm médias baixas. No Canadá, aparecem resultados
elevados em Autoridade, Económico, Prestígio e em Relações Sociais.
Na Croácia surgem resultados elevados em Altruísmo, Relações Sociais e
Estético e baixos em Autonomia, Estilo de Vida, Autoridade e Prestígio.
Em Itália, em amostras apenas de estudantes, surgem resultados
altos em Criatividade, Desenvolvimento Pessoal, Autonomia, Estilo de
Vida e Interacção Social e resultados muito baixos em Económico,
Promoção, Autoridade, Prestígio e Estético. No Japão aparecem
resultados acima da média total em Estético, Criatividade e Risco e
baixos na maioria das outras escalas, com os resultados mais baixos de
todos os países na valorização da progressão e dos valores materiais. Na
Polónia, apenas representada por uma amostra de estudantes
universitários, surgem resultados elevados nos valores de expressão
individual e baixos nos valores utilitários, especialmente em Promoção e
Autoridade. Na África do Sul, onde se dispunha de três amostras de
estudantes do secundário com Línguas diferentes, aparecem aspectos
comuns entre todas. Surgem, assim, resultados acima da média em todos
os valores de orientação utilitária e ainda em Estético e Actividade Física
e o resultado mais baixo de todos os países em Relações Sociais. Nos
Estados Unidos, surgem resultados acima da média total na orientação
utilitária, para a expressão individual e aventura e abaixo da média na
orientação para a auto-actualização. Em Portugal, encontram-se
resultados altos na orientação para a auto-actualização, especialmente nos
valores Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal e
Criatividade e nas médias dos valores Realização e Promoção e
64
Os Valores
resultados baixos em Autoridade, Económico e principalmente em
Prestígio -onde têm o resultado mais baixo de todos os países (Sverko
1995).
Em relação aos dados obtidos por Marques com a 1" edição da
Escala de Valores WIS (1983, cit. em Nevill, 1995a, p. 339 e em Nevill e
Super, 1986, p. 11) na comparação entre amostras de americanos com
portugueses, as conclusões parecem ir no mesmo sentido: os estudantes
portugueses privilegiam mais os valores pessoais e os americanos
valorizam mais os aspectos materiais. . .
No caso dos estudos realizados com a Escala de Valores WIS com
estudantes portugueses, quer nos rapazes quer nas raparigas, as médias
mais elevadas aparecem quase invariavelmente nas escalas Utilização das
Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal e as mais baixas nas
escalas Autoridade, Risco e Prestígio.
As semelhanças e as diferenças nas hierarquias de valores dos
diferentes países sugeriram a hipótese de se poderem constituir grupos
homogéneos de países que partilhassem sistemas de valores semelhantes
pelo que, com base no método de análise classificatóría, se identificaram
três grupos ou clusters:
1. um primeiro agrupamento que agrega todos os países europeus
e duas amostras australianas onde, logo a seguir ao Desenvolvimento
Pessoal e à Utilização das Capacidades se valorizam as Relações Sociais
e o Estilo de Vida Autónomo e se desvaloriza a Autoridade que aparece
com médias muito baixas.
2. um segundo agrupamento que reúne todas as amostras
canadianas, da África do Sul, dos Estados Unidos e uma amostra da
65
Capítulo 2
Austrália. O padrão de valores deste grupo, que se decidiu designar Novo
Mundo, caracteriza-se por resultados altos nos valores utilitários, com
valorização da progressão material, do prestígio e das recompensas
materiais e resultados baixos era Criatividade e Estética.
3. um terceiro agrupamento que reúne as três amostras japonesas e
onde surgem muito valorizadas Estética e Criatividade, juntamente com
resultados muito baixos nos valores utilitários (Sverko 1995).
Um outro estudo conduzido por Trentini e Muzio (1995), também
utilizando o método de análise classificatória, encontrou grupos de países
ou clusters, mas aqui para cada um dos tipos de amostras considerados,
nomeadamente para estudantes do secundário, para estudantes do ensino
superior e para adultos. Apesar desta diferença na metodologia utilizada,
os resultados obtidos têm alguma semelhança com as conclusões de
ãverko.
No caso dos jovens do secundário, os autores encontraram três
agrupamentos;
1. Um grupo onde aparecem as amostras canadianas e
americanas, a que se juntam as amostras australiana, belga, croata e sul
africana, onde é atribuída grande importância aos valores Promoção e
Económico, aparecendo resultados baixos em Autonomia, Criatividade e
Estilo de Vida.
2. Um segundo grupo que agrega as amostras portuguesas e
italianas, dando grande importância à Realização e às Relações Sociais,
correspondendo baixos resultados a Autoridade e I^sco.
66
Os Valores
3. Um terceiro grupo onde só aparecem as amostras
japonesas com grande valorização dos aspectos Estético e Risco e baixa
valorização de Realização e Relações Sociais.(Trentini & Muzio, 1995)
Para os estudantes do ensino superior, os autores encontram
apenas dois grandes grupos de países:
1. Um primeiro grupo constituído pelas amostras americanas
e canadianas que têm resultados elevados nas escalas Promoção,
Autoridade, Económico e Prestígio e baixos em Criatividade, Estilo de
Vida, Desenvolvimento Pessoal e Variedade.
2. Um segundo grupo constituído por dois subgrupos. O
primeiro agrupa as amostras croata, italiana e portuguesa que valorizam
mais a Realização, as Relações Sociais e as Condições de Trabalho e
atribuem pouca importância ao Prestígio. O segundo subgrupo agrega as
amostras japonesa, belga e polaca e comparativamente com os outros
grupos, atribui mais importância aos valores Risco e Estético e menos
importância a Promoção e Condições de Trabalho.
Tal como acontecera no grupo do ensino secundário, as médias
mais altas referem-se a Desenvolvimento Pessoal e Utilização das
Capacidades, e as mais baixas a Autoridade e Risco (Trentini & Muzio,
1995).
No caso dos adultos, como só se dispunha de 4 amostras, os
resultados são menos significativos. Contudo, verifica-se que os sujeitos
belgas atribuem grande importância à Interacção Social e pouca
importância à Realização. Os croatas valorizam mais Relações Sociais,
Condições de Trabalho e Altruísmo e atribuem pouca importância a
Autoridade e Estilo de Vida. Os canadianos têm médias altas em
67
Capítulo 2
Autoridade e baixas em Risco e Estético. Os japoneses preferem
Criatividade, Risco, Estético e Estilo de Vida e têm médias mais baixas
em Promoção, Relações Sociais e Altruísmo (Trentini & Mu2Ío, 1995).
A partir destes dados, os autores concluem que os países
norteamericanos e a Africa do Sul tendem para um "código patemal" e
uma orientação instrumental por oposição aos países europeus que
adoptam um "código maternal" e uma orientação expressiva. Para eles, o
"código paternal" é definido pela valorização de Autoridade, Prestígio e
Risco enquanto o "código matemal" se define a partir de valores como
Relações Sociais, Interacção Social e Condições de Trabalho. Por outro
lado, o posicionamento dos diferentes países pode ser definido a partir de
dois eixos: um "eixo vertical onde se opõem os códigos "maternal" e
"patemal" e um eixo horizontal onde se opõem a orientação
"instrumental" e a orientação "expressiva", sendo a primeira definida por
valores como Promoção e Económico e a segunda por valores como
Estilo de Vida e Desenvolvimento Pessoal. De acordo com estes critérios,
os japoneses teriam uma orientação "expressiva" e um "código patemal"
enquanto a Austrália teria uma orientação "instrumental" e um "código
matemal" (Trentini & Muzio, 1995, pp. 249-251).
No processo de análise classificatória, verifica-se que as amostras
consideradas agrupam-se primeiramente com base na pertença ao mesmo
país ou na semelhança geocultural, mais do que na base de critérios como
o sexo, o nive) escolar, a origem étnica ou a identidade linguística
(Sverko, 1995; Trentini & Muzio, 1995). Sverko (1995) refere mesmo
que a maior parte dos clusters que se formam mais cedo, agrupam
diferentes amostras do mesmo país.
68
Os Valores
O factor que parece estar relacionado com este agrupamento de
países diferentes poderá ser a semelhança geocultural, designação que os
autores utilizam para referir a proximidade geográfica ou a semelhança
das tradições culturais (Sverko & Super, 1995)
Contudo, apesar das diferenças relativas entre as hierarquias de
médias de valores encontradas em cada um dos países, pode considerar-
se que as semelhanças são ainda maiores que as diferenças, uma vez que
a quase generalidade dos grupos consideram Utilização de Capacidades e
Desenvolvimento Pessoal muito importantes, atribuindo a menor
importância a Risco, Prestígio e Autoridade (Trentini & Muzio, 1995).
69
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
3 .1 . F u n d a m e n t o s d o m o d e l o
Embora alguns estudiosos da Psicologia da personalidade tenham
mostrado como, muitas vezes, o conhecimento dos traços de
personalidade de um indivíduo é pouco preditivo em relação aos seus
comportamentos específicos, muitos outros reconhecem nos traços uma
forma importante de caracterizar e compreender a variabilidade humana
com base em dimensões comuns (para uma revisão completa do tema ver
Epstein & O'Brien, 1985).
Essas diferenças nas posições teóricas em relação à Psicologia dos
traços, se por um lado espelham os diferentes enquadramentos teóricos
dos seus autores, por outro têm também correspondido a momentos
históricos característicos, com a década de 70 a protagonizar a sua
contestação e as décadas de 80 e 90 a assistir ao seu ressurgimento, em
grande parte apoiado na ampla aceitação que tem merecido o chamado
modelo dos cinco factores. O modelo dos cinco factores de personalidade
é uma versão da teoria dos traços que representa hierarquicamente a
estrutura da personalidade, com base em cinco factores globais que
agrupariam outros factores mais específicos. Habitualmente referidas
como "Big Five", essas cinco dimensões básicas, que sintetizariam as
diversas expressões comportamentais do indivíduo, podem ter
designações ou significados distintos, de acordo com diferentes
investigadores.
Embora não seja o primeiro estudo a descrever um modelo de
cinco factores para a personalidade, o trabalho de Tupes & Christal
71
Capítulo 3
Recurrent Personality Factors Based on Trait Ratings (1961/1992) é
considerado fundamental na génese deste modelo por duas razões
básicas: ter sumariado a investigação anterior e servido de base a estudos
posteriores (McCrae, 1992). Editados pela primeira vez em 1961 e
reeditados em 1992, os resultados do projecto de Tupes & Christal nào
tiveram o impacto científico que hoje se lhes reconhece por terem sido
publicados em notas técnicas da Força Aérea Americana, entidade que
nos anos 50 e 60 financiou um programa de investigação sobre
personalidade, motivação e avaliação do temperamento. N o entanto,
trabalhos anteriores dos mesmos autores (Tupes & Christal, 1958, cit em
Christal, 1992) tinham já estudado a estrutura factorial dos traços de
personalidade, identificando os mesmos cinco factores que vieram
também a encontrar nos trabalhos de 1961.
Assim, com uma origem discreta nos trabalhos de Tupes e
Christal (1961/1992) mas também nos de Fiske (1949) e nos de Norman
(1963), e depois de ignorado durante a década de 70, onde praticamente
toda a investigação sobre personalidade foi abandonada como
consequência das criticas às teorias dos traços de personalidade
preconizadas por Mishel (1968, 1973, cit. em Mishel, 1990), o modelo
dos cinco Actores da personalidade tem vindo a dominar a investigação
sobre a personalidade nas décadas de 80 e de 90 (para uma revisão
completa do tema, ver por exemplo, Digman,1990, 1996; Goldberg,
1993; John,1990; McCrae & Costa, 1996; McCrae & John, 1992,
Wiggins & Pincus, 1992). Essa época de interregno, a que Digman chama
a "era do cepticismo" (Digman, 1996, p. 11), foi marcada pela convicção
72
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
de que os traços resultavam fundamentalmente de construções cognitivas
dos indivíduos que tendiam a ter um conceito estável de si próprio e dos
outros. Também se defendia a especificidade do comportamento em
relação às situações, com referências ao chamado "coeficiente de
personalidade, resultado inferior ou igual a 0.30, correspondente à
validade preditiva das medidas dos traços" (p. 12) deixando aos traços
um poder explicativo mínimo.
O percurso histórico do modelo dos cinco factores está
intimamente ligado à chamada hipótese lexical, considerada por Costa &
McCrae (1995a) "o orientador mais frutífero de um modelo
compreensivo da personalidade" (p. 23), tendo sido a partir de análises
baseadas na linguagem comum que se estabeleceu a base para a
conceptualizaçào deste modelo.
Partindo da premissa que os traços de personalidade, pela sua
importância nas relações interpessoais, deveriam estar codificados na
linguagem natural, vários autores fizeram um levantamento de palavras
relacionadas com personalidade (Allport & Odbert, 1936 cit. em John,
1990; Norman, 1967, cit. em John, 1990), para delas extraírem
dimensões mais amplas da personalidade, configurando aquilo a que se
chamou a hipótese lexical. Estes trabalhos serviram de base a análises
factoriais de que se destacam os trabalhos de Thurstone (1934, cit. em
Goldberg, 1995), e os de Cattell (1943, 1945, cit. em Goldberg, 1995)
que, partindo da listagem de Allport & Odbert, e através de uma rotação
oblíqua, encontra 12 factores. Outros autores (Fiske, 1949; Tupes &
Cristal, 1961/1992; Norman, 1963), partindo dos trabalhos de Cattell mas
73
Capítulo 3
não conseguindo replicar a estrutura em 12 factores por ele descrita,
encontram antes cinco grandes factores, através de uma rotação
ortogonal. Mais tarde, e depois de um interregno na década de 70 em que
o interesse pela psicologia dos traços foi questionado, Goldberg (1982)
mostra novo interesse pela hipótese lexical e encontra também cinco
dimensões semelhantes às referidas por Norman (1963).
Foram sendo desenvolvidos muitos outros estudos que
procuraram identificar estas cinco dimensões, ou relacioná-las com
inventários, questionários de personalidade ou escalas de adjectivos
(Boyle, 1989; Caprara, Barbaranelli,& Comrey, 1995; Church, 1994;
Church & Burke, 1994; Costa & McCrae, 1988a; Costa & McCrae.
1995b; Kline & Barrett, 1994; McCrae & Costa, 1985ab; McCrae &
Costa, 1989b; Noller, Law & Comrey, 1987) ou com escalas de
diagnóstico clínico (Avia, Sanz, Sánchez-Bemardos, Martinez-Arias,
Silva & Grana, 1995; Costa, Busch, Zonderman & McCrae, 1986;
Montag & Levin, 1994a).
Estas diferentes origens - embora sobreponíveis a dado momento
- no estudo do léxico ou no estudo dos questionários e medidas da
personalidade, estabelece uma das principais bases que diferenciam
algumas variantes deste modelo,
Duas das suas mais importantes variantes configurara dois
modelos distintos (embora, por vezes, sejam referidos como
equivalentes), e são designados como o modelo dos "cinco grandes" {Bi^
Five model) ou como o modelo dos cinco factores {five-factor model.
FFM). O modelo dos "cinco grandes" derivou dos estudos sobre o léxico
74
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
e, em função dessa sua origem, centra-se em atributos da personalidade,
assumindo-se como um modelo descritivo mais do que explicativo. O
modelo dos cinco factores - adiante referido como FFM - embora derive
parcialmente do modelo dos cinco grandes (donde foram retiradas
directamente as dimensões Amabilidade e Conscienciosidade), assenta
em análises factoriais de descrições da personalidade obtidas quer a partir
de medidas de self-report quer a partir de classificações feitas por
observadores exteriores. Este último modelo assume-se como um modelo
explicativo, mais do que descritivo, considerando que os cinco factores
correspondem a dimensões biológicas (Saucier & Goldberg, 1996).
Assim, no modelo dos cinco factores, defendido por McCrae &
Costa, considera-se que os traços têm um valor explicativo, embora não
sejam os únicos responsáveis pelos comportamentos e sejam causas
indirectas e distantes destes. Os traços, definidos como "dimensões das
diferenças individuais nas tendências para manifestar padrões
consistentes de pensamentos, sentimentos e acções" (McCrae & Costa,
1990, p.23), são constructos hipotéticos mas admite-se que tenham uma
base biológica. Para os autores, a palavra-chave da sua definição - como
mais tarde referem - é a palavra '"tendências" pois salienta o carácter
disposicional do conceito distinguindo-o dos padrões de comportamento
específico que, por vezes, se associam à ideia de traço. Por outro lado, e
embora não se confundindo com comportamentos específicos, a natureza
de tendência subjacente do traço justifica os padrões consistentes das
acções, mas também dos pensamentos e sentimentos do sujeito. Ao longo
do tempo, os traços interagem com o meio produzindo as chamadas
75
Capítulo 3
adaptações características (onde se incluem as atitudes, os motivos, as
crenças, os valores, os hábitos ou as formas de relação com os outros). Os
comportamentos específicos ocorreriam a partir da interacção das
adaptações características com a situação, e embora sejam manifestações
dos traços subjacentes, ocupam mveis diferentes (McCrae & Costa, 1994;
McCrae & Costa. 1995; McCrae & Costa, 1996).
Apesar das distinções entre os dois modelos, os aspectos comuns
são mais salientes do que as diferenças. Contudo, como já se referiu, as
designações dos "cinco factores" têm variantes, sendo o Factor I,
designado por I, Surgência ou Extroversão, o 2® factor por II ou
Amabilidade, o 3° por IH ou Conscienciosidade, o 4° por Estabilidade
Emocional ou por Neuroticismo e o 5° por V, Cultura, Intelecto ou
Abertura à Experiência (Goldberg, 1995). Estas designações relacionam-
se com a origem do modelo, havendo um sistema de classificação com
origem na tradição lexical e outro decorrente dos estudos com
questionários. No 1® caso, utilizam-se com firequência as designações 1:
Extroversão ou Surgência, II - Amabilidade; ID: Conscienciosidade; IV:
Estabilidade Emocional; V: Cultura. No 2® caso, as designações mais
utilizadas são, em geral, Extroversão; Amabilidade; Conscienciosidade;
Neuroticismo e Abertura à Experiência (McCrae & John, 1992). É em
relação a este último factor que tem surgido maior controvérsia (McCrae,
1990), opondo-se a designação de Intelecto ou Cultura originária da
hipótese lexical à de Abertura à Experiência. Saucier (1992) sugere que o
conteúdo dos dois factores seria muito semelhante, embora com uma
parte não sobreponível (precisamente aquela em que se baseiam as
76
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
designações). No entanto, existiria uma grande parte de conteúdo comum
às duas versões deste 5® factor, o que justificaria correlações superiores a
0.50 entre as duas. Essa parte comum poderia, para este autor, ser mais
adequadamente designada por Imaginação, ou Criatividade ou
Originalidade.
A designação dos factores a partir de letras e não de números foi
preferida por McCrae e Costa por considerarem que seria de mais fácil
compreensão o seu significado (Saucier & Goldberg, 1996). Assim, N
lembraria Neuroticismo, Negativos (afectos), Nervosismo, E,
Extroversão, Entusiasmo, Energia, O, Abertura {Openness em inglês) ou
Originalidade, A, Amabilidade ou Altruísmo e C, Conscienciosidade,
Controlo ou Limites {Constraint, em inglês). John (1990, p. 96) sugere
ainda as vantagens mnemónicas de se reparar que, em anagrama, se está
perante o oceano {OCEAN) das dimensões da personalidade.
Estas dimensões teriam poios opostos que, devido à sua origem
no léxico, tenderiam a consistir em opostos semânticos (MacDonald,
1995).
Estudos sobre o léxico têm sido realizados em língua inglesa
(Goldberg, 1990, 1992) e em vários países e/ou línguas não inglesas
como Holanda (Brokken, 1978, cit. em John, Angleitner & Ostendorf,
1988; Hofstee, de Raad & Goldberg, 1992; de Raad, Hendricks &
Hofstee, 1992, estes últimos na integração das cinco dimensões com o
modelo circumplexo), Rússia (Digman & Shmelyov, 1996), Alemanha
(Ostendorf, 1990, cit. em Digman & Shmelyov, 1996), Itália (Caprara,
Barbaranelli & Livi, 1994); China (Yang & Bond, 1990; McCrae, Costa
77
Capitulo 3
& Yik, 1995, cit em McCrae & Costa, 1995); Japão (Isaka, 1990) e
Filipinas (Church & Katigbak, 1989).
A mesma estrutura de personalidade em cinco factores -embora
com variações - também tem sido identificada com crianças (por
exemplo, Digman & Inouye, 1986; Digman & Shmelyov, 1996), com
sujeitos de várias culturas (por ex: Church & Katigback, 1989; Paunonen,
Jackson, Trzebinski & Fosterling, 1992). e em situações de auto e hetero-
avaliação, sendo referido um importante acordo entre observadores
(McCrae, 1994; McCrae & Costa, 1985b; McCrae & Costa, 1987).
Além disso, essas cinco dimensões parecem manter-se estáveis ao
longo de vários anos (Costa & McCrae, 1986; Costa & McCrae, 1994;
McCrae, 1993; McCrae & Costa. 1990). Em estudos mais recentes.
McCrae (1993), reafirma a estabilidade das dimensões de personalidade,
especificando que, em geral, as tendências básicas da personalidade
seriam muito estáveis. As adaptações características (onde se incluem
hábitos, atitudes, crenças e valores) seriam menos estáveis ja que
resultam da interacção entre as tendências básicas e o meio social
(McCrae, 1993).
A própria utilidade do modelo e das suas dimensões básicas tem
ainda sido equacionada em diferentes domínios da Psicologia, quer na
prática quer na validação de instrumentos de medida, em contexto clínico
(por exemplo, Butcher & Rouse, 1996; Costa & McCrae , 1986, 1987;
McCrae. 1991; Montag & Levin, 1994a; Petot, 1994; Widiger & Trull,
1992), em contexto de trabalho ou de aconselhamento de carreira (por
exemplo, Costa, 1996; Costa, McCrae, & Holland, 1984; Costa. McCrae,
78
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
& Kay,1995; Gortfredson, Jones, & Holland, 1993; Holland, Johnston,
Asana & Polys, 1993; Lowman, 1991; Montag & Levin, 1994b;), no
contexto da saúde em gera! e do bem-estar psicológico (Costa & McCrae,
1987; McCrae & Costa, 1986; Smith & Williams, 1992).
Para além da validade empírica do modelo, ainda se pode referir
aquilo que o modelo tem de intuitivo, parecendo corresponder à
experiência connosco próprios e com os outros, tomando explícita a
'Heoria da personalidade implícita que está codificada na linguagem sobre
a personalidade que usamos" (McCrae & John, 1992, p. 188).
A parcimônia do modelo dos cinco factores, pelas vantagens que
apresenta a avaliação da personalidade com um pequeno número de
dimensões, tem também levado à construção de instrumentos de medida
dos cinco domínios da personalidade, de que sao exemplos significativos
o NEO-PI - NEO Personality Inventory, actualmente com uma versão
revista, (Costa & McCrae, 1992b), o BFQ - Big Five Questionnaire
(Caprara, Barbaranelli, Borgogni & Perugini, 1993; Caprara, Barbaranelli
& Livi, 1994) e o PPQ - Professional Personality Questionnaire (Kline
& Barrett, 1994; Kline & Lapham, 1991).
Os anos 90 têm, assim, assistido ao reconhecimento do potencial
dos traços como enquadramento que permitiria organizar a análise das
diferenças individuais a partir de um número restrito de dimensões
Krahé,1992). Parece nítido que o modelo dos cinco factores protagoniza
esse movimento. No entanto, e apesar do seu enorme impacto científico e
da sua ampla aceitação, pode-se afirmar com Lévy-Leboyer (1994) que
"o consenso sobre os 'Big Five' é impressionante mas não é total" (p.73).
79
Capítulo 3
Se existe um consenso relativo quanto ao número de traços a considerar
para uma descrição abrangente da personalidade, aparecendo cinco
factores de m'vel mais elevado, a estrutura da personalidade analisada a
outros m'veis da hierarquia condu2 a conceptualizações diferenciadas por
parte dos vários investigadores. Assim, como sintetizam Goldberg e
Digman (1994) "a níveis inferiores da hierarquia, o número desses
factores varia enormemente" (p. 227). De facto, outros autores propõem
outro tipo de estrutura: Eysenck (1991, 1992, 1993, 1994) defende uma
estrutura da personalidade em três factores, havendo, para além de N e de
E (comum aos dois modelos) um factor de Psicoticismo, de ordem
superior, que agruparia os factores A e C. No entanto, esta ideia é
contestada por Costa & McCrae (1995b) com base nas baixas correlações
que se encontram entre A e C e no diferente padrão de correlações de
cada uma destas variáveis com as 21 diferentes escalas do EPP {Eysenck
Personality Profiler), que supostamente medem os 3 traços primários
considerados por Eysenck. No outro extremo aparece a formulação de
Cattell com o conhecido teste factorial 16 PF {Sixteen Personality Factor
Questionnaire)y com os j á referidos 12 factores resultantes de rotação
oblíqua sobre análises do léxico, acrescidos de 4 escalas adicionais
encontradas em questionários.
Também o nível das facetas levanta algumas questões, levando
alguns autores (por exemplo, McCrae, 1990) a referir que nem sempre a
análise do vocabulário conduz à discriminação das facetas de todas as
cinco dimensões. É o caso de algumas das facetas da dimensão Abertura
à Experiência (Abertura á Fantasia, Estética e Sentimentos) que estão mal
80
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
representadas no vocabulário natural, sugerindo a necessidade de
considerar outros elementos da linguagem, para além dos adjectivos,
como frases ou expressões (McCrae, 1990). Além disso, nem sempre há
acordo dos diferentes autores sobre o factor a que corresponde cada
adjectivo. E o caso do adjectivo 'caloroso' {yvarmth) que é considerado
uma faceta da Extroversão por Costa & McCrae (1992b) enquanto John
(1990) e Goldberg (1992) o consideram relacionado com o factor
Amabilidade.
O modelo tem, assim, sofrido inúmeras críticas, quer porque a sua
concepção da personalidade pode ser considerada superficial para
permitir diferenciar suficientemente os sujeitos, quando está em causa a
necessidade de uma avaliação completa da personalidade, quer por não
haver consenso em relação à estrutura factorial encontrada, ao número ou
ao significado dos diferentes factores (ver por exemplo, Boyle, 1989;
Brand, 1994; Cattell, 1993; Costa & McCrae, 1995b; Church, 1994;
Church «fe Burke, 1994; Eysenck, 1991, 1992, 1993, 1994; Goldberg &
Rosolack, 1994; Kline & Barrett, 1994; Jackson, Ashton, & Tomes,
1996; Jackson, Paunonen, Fraboni & GofEin, 1996; Livneh & Livneh,
1989; Montag & Levin, 1994a; Zuckerman, 1992; Zuckerman, Kuhlman
& Camac, 1988; Zuckerman, Kuhlman, Joireman, Teta & Kraft, 1993),
quer ainda por não haver consenso face ás facetas características de cada
domínio (por exemplo, Costa & McCrae, 1992b; Goldberg, 1992; John,
1990).
Contudo, McCrae & Costa (1989c), consideram que avaliar os
cinco grandes factores deverá ser apenas o primeiro passo de uma
81
Capítulo 3
avaliação completa da personalidade. Também outros autores reforçam o
interesse de um modelo hierárquico da personalidade deste tipo, em que
havendo um pequeno número de dimensões básicas, estas se decompõem
em facetas ou subdimensões, permitindo maior especificidade no estudo
da personalidade dos indivíduos (Lévy-Leboyer, 1994; Petot, 1994;).
McCrae & Costa (1996) consideram que praticamente todas as
teorias da personalidade se debruçam sobre os mesmos elementos e que
uma teoria completa e compreensiva da personalidade, deve considerar
sempre cinco categorias de elementos: as tendências básicas, as
adaptações características, o auto-conceito, a biografia objectiva e as
influências externas. Para além disso, deverá também ter em conta os
processos dinâmicos que caracterizam as interrelações desses elementos
Os traços de personalidade seriam tendências básicas, disposições que
definem as potencialidades do indivíduo, actualizadas nas adaptações
caracteristicas que resultam da interacção do indivíduo com o meio. Os
valores tal como os interesses seriam adaptações características.
Neste sentido, o FFM não pretende, pois, reduzir a cinco as
variáveis explicativas de toda a variabilidade individual, mas antes servir
de base para uma teoria compreensiva da personalidade onde sejam
abordadas as relações entre os diferentes elementos. As cinco dimensões
da personalidade assim descritas correspondem ao mais alto mVel de
abstracção, situando-se no topo de uma hierarquia de dimensões da
personalidade, recuperáveis através de métodos estatísticos baseados na
análise factorial (Goldberg, 1990; Goldberg & Digman, 1994).
82
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
No momento actual, o FFM reveste-se, assim, de um importante
papel como "ura modelo significativo e robusto dos atributos de
personalidade" (Digman, 1996, p. 16), reunindo em tomo de si grande
parte da investigação sobre personalidade e a aceitação de muitos dos
investigadores neste domínio da Psicologia. Usando a metáfora de
Peabody & Goldberg (1989, p. 565), pode-se considerar que o modelo
dos cinco factores "seria uma peça de música clássica, com um tema e
variações sobre esse tema".
Não sendo uma teoria da personalidade, pode - como sugerem
McCrae & Costa (1996) - ser o núcleo de uma nova geração de teorias de
personalidade com base empírica. Este lugar privilegiado advém-lhe, por
um lado, do facto de poder reclamar para si uma cobertura de todo o
domínio das diferenças individuais, em função da sua origem no léxico e
nas linguagens naturais (MacDonald, 1995). Além disso, tem a seu favor
a forma como evoluiu, resultando da aplicação de procedimentos de
análise factorial sobre descrições da personalidade. Nesse sentido,
estabelece ura corapromisso cora o rigor dos métodos quantitativos. Ao
partir de descrições da personalidade feitas f>elo próprio ou por
observadores, assume ainda a racionalidade do homem, capaz de
compreender o seu comportamento e o dos outros e de se comportar de
forma consistente com as suas crenças e desejos conscientes.
Desta forma, o FFM propõe-se como um quadro de referência, um
núcleo de onde poderá partir a nova geração de teorias da personalidade,
assumindo-se como modelo compreensivo, suficientemente amplo para
abranger todo o comportamento humano, suficientemente parcimonioso.
83
Capítulo 3
para trabalhar com um número reduzido de variáveis, conseguindo assim,
um compromisso entre a explicação da enomie variabilidade do
comportamento humano e a focagem num nivel de abstracção ainda
utilizável na prática.
3.2. O desenvo lv imeoto d o N E O - P I - R (Revised N E O Personality Inventory) e d o N E O - F F I (NEO-Five Factor Inventory)
O NEO-PI-R é um instrumento que permite avaliar a
personalidade do adulto em cinco escalas domínio e em 30 escalas
facetas (seis facetas para cada domínio), num total de 240 itens.
A construção desta escala foi baseada numa prévia revisão da
literatura, a partir da qual se procurou identificar os traços e disposições
que os diferentes autores consideravam importantes na avaliação da
personalidade. A comparação de diferentes sistemas de caracterização da
estrutura da personalidade levou Costa e McCrae a centrarem a sua
atenção nos factores de ordem superior - Neuroticismo (N) e Extroversão
(E) em relação aos quais havia um acordo generalizado - definindo o que
viriam a ser os domínios da sua escala. A partir desta primeira
formulação, os autores acrescentam-lhe um novo domínio a que chamam
Abertura à Experiência {Openness to Experience'. O) e definem seis
facetas ou traços para medir cada um destes três domínios. £ nesta escala
- designada NEO Inventory - que surgiu em 1978, que teve origem o
NEO-PI-R.
Nesta versão da escala avaliavam-se, assim, três domínios da
personalidade: N (Neuroticismo), E (Extroversão) e O (Abertura à
84
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
Experiência) e 18 facetas relacionadas com esses três domínios. As
escalas de facetas correspondem aos traços mais específicos dentro de
cada um dos cinco domínios, pressupondo-se a importância da sua
avaliação a partir da constatação de que indivíduos com o mesmo
resultado num dos factores podem ter perfis muito distintos a partir de
diferenças nas facetas desse factor. Em 1983, foram acrescentados 18
itens que constituíam duas escalas breves para avaliação de mais dois
domínios da personalidade: A (Amabilidade) e C (Conscienciosidade).
Em 1985, esta versão do NEO-Inventory é publicada com a designação de
NEO Personality Inventory - NEO-PI. Esta versão avalia os mesmos
cinco domínios da personalidade que o NEO-PI-R, mas não inclui escalas
de facetas para os dominios Amabilidade e Conscienciosidade que eram,
assim, avaliados apenas por escalas globais (Costa & McCrae, 1992b). A
versão revista surge em 1990, sendo acrescentadas escalas de facetas para
os domínios A e C, com base em revisões de literatura sobre o tema.
Partiu-se dos 36 itens da escala A e da escala C do NEO-PI e foram
elaborados mais 152 itens que permitissem medir as facetas
correspondentes. Tanto no NEO-PI como na sua forma revista, as
respostas eram dadas numa escala de Likert de 5 pontos, desde discordo
fortemente até concordo fortemente. Def)0is de análise factorial sobre os
itens, de análises de itens, de análises da consistência interna e da
avaliação da validade convergente e discriminante das escalas em fimção
de critérios externos, foram escolhidos os 8 itens destinados a avaliar
cada uma das facetas das escalas A e C. A selecção final dos itens
apoiou-se em três critérios: 1. a saturação dos itens no factor
85
Capítulo 3
correspondente 2. a necessidade de manter todos os itens que consti tuíam
o NEO-FFI: NEO Five Factor Inventory (forma reduzida do NEO-PI ) e a
imposição de que não mais do que 6, de entre os oito itens de cada escala,
fossem cotados na mesma direcção (positiva ou negativa) (Costa, McCrae
& Dye, 1991). Para além da adição de escalas de facetas para as escalas A
e C, foi também aperfeiçoada a composição das facetas dos outros três
domínios, de forma a aumentar a consistência interna e a validade de
algumas escalas. No total foram substituídos 10 dos itens originais dos
domínios N, E e O. Contudo, os dados de validade das escalas sofreram
poucas alterações já que as correlações entre as escalas do NEO-PI e as
suas versões revistas variam entre 0.93 e 0.95 (Costa & McCrae, 1992b).
Embora existam duas formas do NEO-PI-R _ a forroa S para self-
report (auto-avaliação) que funciona como um questionário de
personalidade, era que é o próprio sujeito que responde sobre si próprio, e
a forma R _ para ser respondida por uma terceira pessoa era relação a um
detenninado indivíduo - quando nada é dito em contrário está a referir-se
a forma S. A forma R é escrita na terceira pessoa e existe no feminino
(para mulheres) e no masculino (para homens). Embora inicialmente
tivesse por objectivo validar a Forma S, a Forma R acabou por ser
considerada uma forma paralela do NEO-PI-R que poderia ter interesse
aplicar como forma de avaliação da personalidade de um indivíduo. Esta
versão surge ou como alternativa à Forma S (Costa & McCrae, 1992b)
ou como um meio de obter mais informação, proporcionando uma
interpretação mais válida do perfil do sujeito, quando os seus resultados
86
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
são analisados em conjunto com os resultados obtidos pela auto-avaliaçâo
do sujeito (McCrae, 1994).
Na base da construção do NEO-PI-R está uma visão hierárquica
do modelo dos cinco factores, era que os domínios medem os factores de
nivel mais elevado e as facetas medem traços específicos que não são
exaustivamente descritos pelos cinco factores globais: ". . .considerámos
os domínios como colecções multifacetadas de tendências cognitivas,
afectivas e comportamentais que podem ser agrupadas de muitas formas
diferentes, e usámos o termo faceta para designar os traços de nivel
inferior correspondendo a esses agrupamentos" (Costa & McCrae,
1995a, p. 23). As análises factoriais sobre os itens de cada domínio que
conduziram ao desenvolvimento das escalas de facetas bem como a
literatura existente sobre personalidade, permitiram que esses
agrupamentos não fossem combinações arbitrárias de elementos, mas
antes uma combinação dos elementos que covariavam de forma mais
próxima. A escolha das facetas a avaliar dentro de cada domínio teve
ainda em conta outros critérios: as facetas deviam representar aspectos
bastante distintos do domínio e deviam abranger um leque de aspectos de
dimensão semelhante às outras facetas (Costa & McCrae, 1995a).
Os cinco domínios da personalidade avaliados e as suas facetas
são descritos a seguir, de acordo com as designações adoptadas na versão
portuguesa (Lima & Simões, 1995) e com as características referidas no
manual da versão original (Costa & McCrae, 1992b).
N E U R O T I C I S M O {neuroücism)'. Esta dimensão da personalidade
relaciona-se com a tendência para experimentar emoções negativas como
87
Capítulo 3
o medo, a tristeza, a vergonha, a raiva ou a culpa. Os indivíduos com
resultados altos nesta escala tendem a ter pensamentos irracionais, a ser
menos capazes de controlar os seus impulsos e a ter dificuldade em lidar
com o stress. Pelo contrário, os indivíduos com um baixo resultado em N
tendem a ser calmos e capazes de enfi-entar situações difíceis sem grande
perturbação.
E X T R O V E R S Ã O (extroversion): Esta dimensão da personalidade
relaciona-sc fundamentalmente com o comportamento interpessoal do
indivíduo e avalia o grau em que o sujeito tem as características dos
extrovertidos, considerando-se introvertidos não tanto os sujeitos cujas
características são opostas a estas (hostis, tímidos, infelizes ou
pessimistas) mas apenas os indivíduos que não têm as características dos
extrovertidos. Os autores consideram que os extrovertidos são sociáveis,
gostam de estar em grupo, sâo assertivos, faladores, activos, gostam de
estímulos e de excitação. Tendem também a ser bem-dispostos, enérgicos
e optimistas.
A escala E tem fortes correlações com o interesse por actividades
empreendedoras (Costa, McCrae & Holland, 1984, p. 397).
A B E R T U R A À E X P E R I Ê N C I A (openness): Os elementos desta
dimensão são basicamente a imaginação activa, a sensibilidade estética, a
atenção aos estímulos internos, a preferência pela variedade, a
curiosidade intelectual e a independência no julgamento. Os indivíduos
com resultados elevados nesta dimensão tendem a ser curiosos acerca do
mundo exterior e interior, a defender valores não convencionais e ideias
novas. Procuram experiências novas, vivendo as emoções com
88
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
intensidade. Por outro lado, os que têm resultados baixos nesta dimensão
tendem a ser mais conservadores, preferindo o que já lhes é familiar em
detrimento do que é novo ou diferente. Apresentara um leque mais
estreito de interesses e tendera a viver as emoções de forma menos
intensa. Esta dimensão é descrita pelos autores como distinta do factor
Cultura de Norman (1963), embora positivamente correlacionada com
ela, sendo omitidos os aspectos relacionados com inteligência ou
capacidade intelectual (McCrae, 1987; McCrae & Costa. 1985b).
A M A B I L I D A D E (agreeableness): Esta dimensão, basicamente
relacionada com o comportamento do indivíduo face aos outros, define o
continuum entre o indivíduo agradável, altruísta, simpático e disponível
para ajudar os outros, acreditando que os outros também são assim
(sujeitos com resultados elevados em A) e o indivíduo desagradável,
antagonista, egocêntrico, que desconfia das intenções dos outros e que
tende mais para a competição que para a cooperação. Esta dimensão
"revela-se também para além do comportamento interpessoal,
influenciando a auto-imagem e ajudando a moldar atitudes sociais e a
própria filosofia de vida do indivíduo" (Costa, McCrae & Dye, 1991, p.
888).
CONSCiENCiosroADE {conscientiousness)\ Esta dimensão da
personalidade relaciona-se fundamentalmente com o auto-controlo no
sentido de capacidade para planear, organizar e concretizar tarefas. Os
sujeitos com resultados elevados em C tendem a ser determinados,
pontuais, escrupulosos, cumpridores e a ter grande força de vontade. Os
89
Capítulo 3
que têm baixos resultados nesta mesma escala são menos rigorosos no
cumprimento das tarefas e na aplicação dos princípios morais.
Para cada um destes domínios existem seis facetas que são
designadas pela letra inicial da escala a que pertencem e por um número
que as diferencia entre si. As facetas correspondentes a cada escala
apresentam-se a seguir. A designação utilizada é a portuguesa (Lima &
Simões, 1995), seguida entre parentesis da original (Costa & McCrae,
1992b) e de uma breve descrição do que a escala avalia.
As facetas da dimensão Neuroticismo são:
N I : Ansiedade {anxiety): os indivíduos ansiosos tendem a ser
medrosos, apreensivos, tensos e preocupados. Os indivíduos com baixos
resultados nesta faceta tendem a ser calmos e relaxados.
N2: Hostil idade {angry hostility)-, os sujeitos hostis tendem a
sentir raiva, frustração e irritação. Esta escala mede a tendência dos
indivíduos para sentir hostilidade, independentemente de a exprimirem
ou não.
N3: Depressão {depression): os indivíduos com pontuações altas
nesta escala tendem a sentir tristeza, culpa, solidão e ausência de
esperança. Desencorajam-se com facilidade.
N4: Auto-conscienciosidade (self-conscientioiisness)\ os
indivíduos com resultados elevados nesta escala tendem a sentir vergonha
e embaraço, junto dos outros, sendo sensíveis ao ridículo e tendendo a
sentir-se inferiores.
N5: Impulsividade {impulsiveness): o indivíduo impulsivo tende
a ter baixa resistência aos seus desejos, mesmo que depois venha a
90
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
lamentar ter cedido aos seus impulsos. Pelo contrário, o indivíduo que
tem resultados baixos tende a ser auto-controlado.
N6: V u l n e r a b i l i d a d e {vulnerability): os indivíduos vulneráveis
sentem-se incapazes de lidar com o stress, tendendo a ser dependentes e a
entrar facilmente em pânico. Os sujeitos com baixos resultados nesta
escala, era geral, consideram-se capazes de lidar com situações difíceis.
As facetas da escala Extroversão são:
E l : Calor {warmth): os indivíduos com pontuações altas nesta
escala tendem a ser amigáveis, gostando genuinamente das pessoas e
criando facilmente vínculos afectivos com os outros. Os que têm baixos
resultados tendem a ser mais formais e reservados.
E2: G r e g a r i e d a d e (gregariousness): o indivíduo gregário prefere
a companhia dos outros; pelo contrário, o indivíduo com imia baixa
pontuação nesta escala, em geral, não procura - e até pode evitar - estar
com os outros.
E3: Asse r t iv idade {assertiveness): os indivíduos assertivos
tendem a ser dominantes e afirmativos. Assumem frequentemente a
liderança de grupos.
E4: Ac t iv idade {activity): o indivíduo activo teodenciabnente é
enérgico, rápido e com necessidade de estar sempre ocupado.
E5: Procura de excitação {excitement-seeking): o indivíduo com
resultados elevados nesta escala tende a procurar estímulos e excitação,
gostando de ambientes cheios de cor e ruído.
E6: Emoções positivas {positive emotions): esta faceta avalia a
tendência para experimentar emoções positivas como a felicidade, o
91
Capítulo 3
amor, a alegria e a excitação. Os indivíduos com baixo resultado nesta
escala são menos exuberantes.
As facetas da escala Abertura à Experiência são:
0 1 : Fantasia {fantasy)-, os indivíduos com resultados altos nesta
escala tendencialmente têm imaginação e elaboram fantasias, sonhando
acordados. Acreditam que a imaginação contribui para uma vida rica e
criativa. Os que têm pontuações baixas tendem a ser mais prosaicos e
ligados à realidade.
0 2 : Estética {aesthetics)-, os indivíduos com resultados altos
nesta escala tendem a apreciar profundamente a arte e o lado estético das
coisas, ao contrário dos que obtêm resultados mais baixos. Podem não ter
qualquer aptidão específica para a arte mas apreciam-na.
0 3 : Sentimentos (feelings): os indivíduos com resultados altos
nesta escala valorizam e estão atentos aos seus próprios sentimentos e
emoções. Tendem a extremar mais os seus estados emocionais, ao
contrário dos que têm resultados baixos que tendem a ter um leque de
emoções mais restrito.
0 4 : Acções {actions)', os indivíduos cora resultados altos nesta
escala tendem a procurar a novidade e a variedade, ao contrário dos que
têm baixos resultados que tendera a resistir à mudança e a seguir a sua
rotina.
0 5 : Ideias {ideas): esta faceta relaciona-se com a curiosidade
intelectual de modo que os indivíduos com resultados altos nesta escala
tendem a admitir e considerar ideias novas e não convencionais. Os que
92
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
tém resultados baixos, em geral, têm uma curiosidade mais restrita, sem
grande interesse por desafios intelectuais.
0 6 : Valores (values): a abertura a valores relaciona-se com a
abertura para reexaminar valores sociais, políticos e religiosos, podendo
ser considerado o oposto do dogmatismo (Rokeach, 1960, cit. em Costa
& McCrae, 1992b, p. 17). Os indivíduos com resultados altos tendem a
ter um "espírito aberto", ao contrário dos que têm baixos resultados que
tendem a ser conservadores e rígidos nas suas convicções.
As facetas da escala Amabilidade são:
A l : Confiança (trust): os indivíduos com resultados altos nesta
escala tendem a acreditar que os outros são honestos e bem
intencionados, ao contrário dos que têm baixos resultados que tendem a
ser cínicos, cépticos e a suspeitar dos outros.
A2: Rec t idão (straightforwardness): os indivíduos cora
resultados altos nesta escala são francos, sinceros e ingénuos, enquanto
que os que têm baixos resultados tendem a actuar, perante os outros, de
uma forma menos franca e mais calculista. Contudo, como os autores
salientam (Costa & McCrae 1992b, p. 17), é importante não confundir
um resultado baixo nesta escala com desonestidade ou com manipulação
dos outros, tirando daí ilações sobre o seu comportamento no trabalho ou
em outros ambientes.
A3: A l t ru í smo (altruism): esta escala relaciona-se com o
interesse e a preocupação com os outros. Os que têra resultados altos
tendem a ser generosos e a estar disponíveis para ajudar os outros. Os que
93
Capítulo 3
têm resultados baixos tendem a estar mais centrados em si próprios,
evitando envolver-se com os problemas dos outros.
A4: Complacência {compliance): os indivíduos com resultados
altos nesta escala tendem a evitar o conflito com os outros, inibindo a
agressão, esquecendo e perdoando com facilidade. Pelo contrário, os que
têm resultados baixos sào agressivos e competitivos, tendendo a exprimir
a sua raiva quando se zangam.
AS: Modést ia {modesty): os indivíduos com pontuações altas
nesta escala tendem a ser humildes e não preocupados consigo próprios, o
que não significa que tenham uma baixa auto-confiança ou uma baixa
auto-estima. Os que têm pontuações baixas tendem a ser arrogantes e
narcisistas.
A6: Coraçâo-mole {tender-mindedness): esta escala relaciona-se
com as atitudes de simpatia e de preocupação com os outros, de forma
que os indivíduos com resultados altos nesta escala tendem a enfatizar o
lado humano das situações. Os que têm resultados baixos tomam as
decisões de fornia mais racional e lógica, pouco determinadas por
sentimentos de piedade.
As facetas da escala Conscieneiosidade são as seguintes:
C l : Competência {competence): o indivíduo com um resultado
elevado nesta escala tende a acreditar na sua capacidade, sensibilidade,
prudência e eficácia, sentindo-se bem preparado para a vida. O que tem
um resultado baixo, pelo contrário, tende a duvidar das suas capacidades
e a sentir-se inapto e mal preparado para a vida. Como é referido por
Costa, McCrae & E>ye, 1991), esta é a escala que apresenta maiores
94
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
correlações positivas com a auto-estima e com um locus de control
interno.
C2: Ordem {order): os indivíduos com resultados altos nesta
escala tendem a ser organizados, arrumados, mantendo as coisas limpas e
nos seus lugares, enquanto que os que têm resultados no outro extremo
tendem a ser desorganizados e pouco metódicos.
C3 : Dever (dutifulness): o indivíduo com um resultado elevado
nesta escala tende a ser cumpridor dos seus deveres e obrigações,
aderindo escrupuJosamente aos seus princípios. Pelo contrário, o que
obtém um baixo resultado pode ser menos cuidadoso no cumprimento
das suas obrigações, podendo ser difícil confiar nele.
C4 : Luta pela aquisição (achievement striving): o indivíduo com
um resultado alto nesta escala tem, em geral, um elevado nivel de
aspiração e trabalha muito para o atingir, ao contrário do que tem um
baixo resultado que tende a ter falta de ambição, podendo mesmo ser
preguiçoso.
C5 : Auío-disciplina {self-discipline): os indivíduos com
resultados altos nesta escala tendem a ser auto-motivados na execução de
uma tarefa, sendo persistentes e resistindo às distracções. Os que têm
resultados baixos, ao contrário, tendem a desistir facilmente sendo
facilmente desmotivados.
C6: Deliberação (deliberation): os indivíduos com resultados
altos nesta escala tendem a ser cautelosos, pensando e planeando
cuidadosamente as coisas antes de agir. Os que têm baixos resultados
tendem a ser espontâneos e a agir sem avaliar as consequências.
95
Capítulo 3
Este instrumento, quer nas suas primeiras versões, quer na sua
versão revista, tem sido estudado em muitos outros países, como, por
exemplo, em Itália (Caprara, Barbaranelli & Comrey, 1995), em Espanha
(Silva, Avia, Sanz, Martinez-Arias Grana & Sanchéz-Bemardos, 1994);
em Israel (Montag & Levin, I994ab) e em Portugal (Lima & Simões;
Lima, no prelo).
Dados referentes às propriedades métricas da escala, e
especificamente para a versão revista : NEO-PI-R, são apresentados com
detalhe no manual da versão original (Costa & McCrae, 1992b).
Em relação à consistência intema, com base no coeficiente alfa de
Cronbach, os resultados apresentados situam-se entre 0.56 e 0.92. Assim,
o coeficiente alfa para os cinco domínios varia entre 0.86 e os 0.92 para a
Forma S e entre 0.89 e 0.95 para a Forma R. No caso das facetas, os
coeficientes encontrados são mais baixos, variando entre 0.56 e 0.81 para
a Forma S e entre 0.60 e 0.90 na Forma R (Costa & McCrae, 1992b).
Em relação à validade da prova, os autores consideram que, mais
do que estudar a estrutura interna das escalas do inventário, interessa
considerar a validade dos factores encontrados como medidas das cinco
dimensões da personalidade. Nesse sentido, propõem uma metodologia
que permita relacionar os factores obtidos por análise factorial com
critérios externos de forma a que eles sejam interpretados não em função
da saturação das variáveis em cada um deles mas em função da sua
relação com esses critérios (McCrae & Costa, 1989a).
No caso do NEO-PI, em que eram avaliados os cinco domínios
da personalidade, mas não existiam escalas de facetas para os domínios A
96
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
e C, os autores consideraram que as rotações convencionais não poderiam
conduzir a uma solução óptima, dado que três dos cinco factores tinham
seis marcadores enquanto que dois tinham apenas um, propondo como
alternativa uma rotação validimax que conduziria a uma rotação directa
dos factores de fonna a tomar máxima a validade convergente e a
discriminante. A base desta rotação validimax é a rotação ortogonal
Procusta de Schõnemann (1966), método através do qual se procura que
transformando ortogonalmente (com uma transformação T), uma matriz
A numa matriz B, a soma dos quadrados da matriz residual (B-AT) seja
minima, "forçando os dados, tanto quanto possível, a conformar-se a uma
estrutura prédeteraiinada" (p. 10), i.e. a aproximar-se de uma matriz alvo.
Na rotação Procusta ortogonal, procura-se que a soma dos quadrados da
matriz residual seja mínima i.e. "os factores sâo rodados para minimizar
as somas dos quadrados dos desvios face a uma matriz alvo, sob a
restrição de manter a ortogonalidade" (McCrae, Zonderaian, Costa,
Bond, & Paunonen, 1996, p. 558). De acordo com este procedimento, os
factores são interpretados directamente de acordo com critérios externos
e não pela saturação das variáveis nos diferentes factores. Assim,
partindo da matriz de correlações entre os factores e as variáveis
referentes a critérios externos, procura-se a rotação que toma máximas as
correlações convergentes e mínimas as correlações discriminantes. Para
os autores, esta estratégia é possível desde que se esteja a lidar com
componentes ortogonais e com correlações baseadas na mesma amostra
em que foram obtidos os factores e desde que se disponha de vários
critérios externos, como dados sobre os mesmos sujeitos obtidos através
97
Capítulo 3
de outros questionários, de colegas, dos cônjuges ou ainda através de
classificações feitas pelo próprio entrevistador (McCrae & Costa, 1989a).
Neste caso, os autores dispunham de seis medidas alternativas dos cinco
factores a partir de diferentes instrumentos e observadores e dirigiram a
rotação de forma a tomar máximas as 30 correlações convergentes e a
tomar mínimas as 120 correlações divergentes com essas medidas
alternativas (Costa & McCrae, no prelo).
Por outro lado, a análise em componentes principais encontrou
cinco factores com eigenvalues superiores a 1 e que, no seu conjunto,
explicam 63% da variância. Depois de rotação varimax verifica-se que 16
das vinte escalas do NEO-PI surgem com saturações elevadas no factor
esperado de acordo com o modelo, apresentando com estes correlações
desde 0.75 a 0.97. As correlações dos factores validimax com os
domínios N, E. O, A , C são, respectivamente, de 0.94, 0.96, 0.92, 0.81 e
0.79 (McCrae &Costa, 1989a).
Com o NEO-PI-R, e j á depois da introdução das escalas de facetas
para as escalas A e C e da revisão do próprio inventário, a análise em
componentes principais cora rotação varimax conduz a cinco factores que
correspondem também aos factores preconizados pelo modelo. As
correlações dos factores com os domínios N , E, O, A e C são,
respectivamente 0.91, 0.89, 0.95, 0.95 e 0.89 (Costa & McCrae, 1992b).
A análise em componentes principais com rotação varimax das 30
facetas conduz a cinco factores com eigenvalues superiores a 1 que, no
seu conjunto, explicam 58% da variância. Depois da rotação, todas as
escalas de facetas têm a sua saturação mais elevada no factor que seria de
98
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
esperar de acordo com o modelo e embora haja seis saturações
secundárias importantes, elas são compreensíveis. Assim, por exemplo,
as saturações de Actividade em C, de Altruísmo em E e de Hostilidade
em A, reflectem o facto de que as pessoas conscienciosas se mantêm
activas, que as pessoas extrovertidas são amistosas e amigas de ajudar e
que as pessoas pouco amáveis são, muitas vezes, hostis (Costa, McCrae
&Dye , 1991).
No entanto, quando se extraem os trinta factores correspondentes
às escalas de facetas a partir dos itens, apenas quinze das facetas são
recuperadas e três dos factores são abrangentes representando N, C e uma
combinação de itens de A e de E. Em contrapartida, quando se realiza a
análise ortogonal Procusta a solução obtida é muito mais satisfatória com
206 dos 240 itens a obterem as suas saturações máximas no factor
esperado de acordo com o modelo. Em simultâneo, as 30 correlações
convergentes entre os factores e os resultados correspondentes na escala
de facetas variam entre 0.54 e 0.89, com uma mediana de 0.72. Pelo
contrário, e tal como esperado, as 870 correlações discriminantes são
muito inferiores, atingindo um máximo de 0.34 (Costa, McCrae & Dye,
1991). Para McCrae & Costa (1995, cit. em Lima, no preh\ estes
resultados não são inesperados j á que os autores consideram que partir
dos itens para uma análise factorial coloca muitos problemas, uma vez
que os itens têm muita variância de erro, estão contaminados pela
aquiescência e são difíceis de interpretar. No entanto, algujis autores
interpretam estes dados, referindo que como as facetas foram
racionalmente deduzidas pelos autores na construção do questionário
99
Capítulo 3
(tendo depois sido construídos e seleccionados os itens para as avaliar), a
integridade estrutural do modelo não é tão forte ao nível das facetas e dos
itens como é ao nível dos domínios (Church & Burke, 1994; Goldberg &
Digman, 1994).
No que diz respeito aos coeficientes teste-reteste a longo-prazo
encontram-se resultados entre 0.30 e 0.80 ao longo de intervalos que
podem chegar aos 30 anos (Costa & McCrae, 1986). Encontram-se
coeficientes entre 0.68 e 0.83 para o teste-reteste com intervalos de seis
anos (quer em auto, quer em hetero-avaliação) para N, E, e O e entre 0.63
a 0.79 para A e C, com um intervalo de três anos (Costa & McCrae,
1988b).
As correlações das escalas N, E, O, A e C com a idade são pouco
expressivas, variando entre os 0.09 e os 0.17. Se forem consideradas as
facetas, apenas E5: Procura de Excitação tem uma correlação com a idade
superior a 0.30 (-0.34). Contudo, os indivíduos mais velhos tendem a ter
pontuações ligeiramente mais baixas em N, E e O e ligeiramente mais
altas em A e em C (Costa & McCrae, 1992b).
No que diz respeito à relação entre as dimensões da personalidade
e as habilitações literárias dos sujeitos, apenas se encontra uma
associação consistente e positiva com Abertura à Experiência.
A análise das diferenças entre sexos sugere que as mulheres têm
resultados mais altos que os homens em N e em A, embora as diferenças
sejam muito ligeiras (Costa & McCrae, 1992b).
O estudo da validade do instrumento compreende a correlação de
medidas de auto e de hetero-avaliação, com avaliações feitas pelos
00
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
cônjuges, pelos pares (por exemplo, Costa & McCrae, 1992b; McCrae &
Costa, 1987) ou por outras pessoas em contacto directo com os sujeitos
como o seu supervisor hierárquico (por exemplo, Piedmont & Weinstein,
1993) e o estudo das correlações do NEO-PI-R com vários outros
instrumentos de medida da personalidade. Podem-se incluir aqui alguns
dos já referidos trabalhos que têm caracterizado o estudo da
personalidade nos anos 80 e 90 e que procuram encontrar as cinco
dimensões de personalidade noutras provas psicológicas.
Também o estudo das correlações entre as escalas de domínios
referidas por Costa, McCrae & Dye (1991) revela algumas relações
previsíveis a partir do modelo. Assim, é moderadamente elevada a
correlação de E e O (0.43), e verifica-se uma importante correlação
negativa entre N e C (-0.49) e entre A e N (-0.25). A correlação entre A e
C é de apenas 0.13. Costa & McCrae (1992b) encontram resultados
semelhantes: 0.40 entre E e O, -0.53 entre N e C e -0.25 entre A e N.
Outras importantes correlações referidas no Manual associam E e C com
um coeficiente de 0.27, N e E com -0.21 e A e C com 0.24.
Enquanto o NEO-Pl-R é constituído por 240 itens, o NEO-FFl,
NEO-Five Factor Inventory é uma versão reduzida com 60 itens que
analisa a personalidade dos sujeitos nos mesmos cinco domínios mas sem
escalas de facetas. Qualquer das versões inclui três itens adicionais
{validity check items) que perguntam ao sujeito se respondeu ao
questionário com honestidade, se respondeu a todos os itens e se marcou
correctamente as suas respostas. Para McCrae e Costa (1983), a utilidade
das escalas de sinceridade que existem em testes como o EPI; Eysenck
01
Capítulo 3
Personality Inventory é duvidosa já que, pelas suas características,
seriam precisamente os indivíduos mais conscienciosos, cooperantes e
bem ajustados que obteriam resultados nestas escalas que fariam supor
um enviesamento das respostas no sentido da desiderabilidade social,
como aliás se verifica nalguns estudos (por exemplo, Avia, Sanz,
Sánchez-Bemardos, Martinez-Arias, Silva & Grafia, 1995). Além disso,
alguns trabalhos fazem supor que a auto-distorção dos resultados no
sentido daquilo que é socialmente desejável não é um problema com a
dimensão que lhe tem sido dada, pois esse enviesamento não parece
afectar as correlações das respostas com critérios externos de validação,
ao contrário das "respostas sem cuidado" que afectam seriamente os
resultados (Hough, Eaton, Dunnette, Kamp & McCloy, 1990).
Também para McCrae & Costa (1983), a partir do cálculo das
correlações entre os resultados referentes a um indivíduo a partir das suas
próprias respostas e a partir das respostas dadas pelos seus cônjuges,
verifica-se que corrigir os resultados com -base nas pontuações obtidas
pelos mesmos sujeitos em escalas de veracidade doutras provas diminui a
validade dos resultados face a um critério externo (neste caso, as
avaliações feitas pelos cônjuges). Nesse sentido, as escalas de
desiderabilidade social deveriam ser designadas escalas de "necessidade
de aprovação social" ou " de adaptação social" ou "de naiviíé social",
estando, na realidade, a avaliar um traço de personalidade tal como as
outras e não uma tendência para "mentir".
As escalas baseadas em respostas pouco frequentes, cujo
objectivo é detectar a tendência para enviesar os resultados, foram
02
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
também recusadas pelos autores por considerarem que a presença de
questões desse tipo são, muitas vezes, detectadas pelos respondentes
como "armadilhas", afectando a relação de cooperação entre avaliador e
avaliado (Costa & McCrae, no prelo).
Contudo, para analisar a validade das respostas do sujeito, e antes
de se cotar a prova, deve verificar-se como o sujeito respondeu aos
validity check items e deve ainda fazer-se uma inspecção visual à folha de
respostas de forma a verificar se está presente algum dos padrões de
respostas que os autores identificaram como muito improváveis em testes
válidos: respostas discordo fortemente em mais do que 6 itens
consecutivos, discordo em mais do que 9 itens consecutivos, neutro em
mais do que 10 itens consecutivos, concordo em mais do que 14 itens
consecutivos ou concordo fortemente em mais do que 9 itens (Costa &
McCrae, 1992b).
O NEO-FFI só existe na forma S e foi desenvolvido como uma
forma reduzida do NEO-PI. Os itens que o constituem mantêm-se
inalterados desde o início embora as normas já tenham sido revistas. A
selecção dos itens foi feita a partir da extracção de cinco componentes
principais dos 180 itens do NEO-PI, forma original, com base nas
aplicações do instrumento feitas em 1986 numa amostra de 983 homens e
mulheres. Foi depois efectuada uma rotação pelo método validimax de
modo a maximizar a validade convergente e discriminante, de acordo
com os mesmos pressupostos, atrás referidos, utilizados para o NEO-PI-
R.
103
Capítulo 3
Para cada um dos cinco domínios - Neuroticismo, Extroversão,
Abertura à Experiência, Conscienciosidade e Amabilidade - escolheram-
se como itens preliminares os 12 itens com maior saturação positiva ou
negativa no factor correspondente. A escolha fmal foi feita com base na
substituição de alguns destes itens com o objectivo de diversificar o
conteúdo dos itens, eliminar itens com importantes saturações
secundárias e garantir que não houvesse mais do que dois terços dos itens
de cada escala a ser cotados no mesmo sentido, para assim controlar o
efeito de aquiescência nas respostas (Costa & McCrae, 1992b).
Qualquer dos instrumentos pode ser aplicado a populações com
idade igual a superior a 17 anos, desde que estes não sofram de
perturbações que possam afectar a sua capacidade para ser avaliados
através de medidas de auto-avaliação, por exemplo, de psicose ou de
demência (Costa & McCrae. 1992b).
A correspondência entre os itens do NEO-PI R e os itens que
constituem a versão do NEO-FFI é apresentada nos Quadros n® 3.2.1. a n®
3.2.5.
QU.\DRO N® 3.2.1. CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS RENS DO N E O - F F I E OS rrENS DO NEO-PI-R PAÍU o DOMÍNIO N - ESCALA NEUROTICISMO N ' r r E M NTTEM FACETA A QI;E NEO-FR NEO-PI- R PERTENCE
FTEM 1 FTEM 1 NI l l h M 6 FTEM 136 N4 rTEMII PTEM 86 N6 r r E M I 6 rrEM 11 N3 FTEM 21 r r E M 9 i NI rrEM26 rrEM4i N3 riEM 31 FTEM 61 NI rrE.M 36 rrEM6 N2 rTEM4l rrEM 221 N3 m - M 46 rrEM 71 N3 rrEM 51 r rEM 26 N6 PTEM 56 PTEM 76 N4
104
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
QUADRON® 3.2.2. CORRESPOKDÉNCIA ENTRE o s RRENSDONEO-FFI EOS ITENS DO N E O -PI-R PARA o DOMÍNIO DOMÍNIO E - ESCALA EXTROVERSÃO:
NTTEM N* ITEM FACETA A QUE IVEO-M NXO-PI- R PERTENCE
f T E M l i i t M Í ; E2 r r E M ? rrEM 237 E6
rrEM «2 n:EM 147 E6 rrEM 17 r iEM 122 El PTEM 22 r rEM 142 ES rrEM 27 r rEM 67 E2 rrEM 32 rrEM 107 E4 RTEM37 rrEM 177 E6 RTEM42 LLKM E6 rrEM 47 rrEM 197 E4 rrEM 52 l l b M 2 2 / E4 rrEM 57 HTM 162 E3
QUADRO N® 3.2.3. CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS FTENS DO NEO-FFI E OS ITENS DO N E O -PL-R PARA O DOMÍNIO O - ESCALA ABERTLFRA À EXPERIÊNCIA
N* FFEM NEO-FFI
N- fTEM NEO-PI- R
FACETA A QUE PERTENCE
rrEM3 FTEM 93 01 rrEM 8 fTEM 78 04
rrEM u rrEM 98 02 rrEM 18 rrEM 28 06 rrEM 23 FTEM 128 02 rrEM 28 riEM 108 04 rrEM 33 rrEM 163 03 rrEM 38 n ^ 8 8 06 rrEM 43 riEM 188 02 rrEM 48 IlbM l / J 05 IThM i>i rrEM 203 05 n ^ 5 8 IlhM 2J 05
3.2.4. CORRESPONDÊNCIA ENTRE o s rrENS DO NEO-FFI E o s RRE> PL-R PARA 0 DOMÍNIO A - ESCALA AMABQJDADE
NTFEM NEO-FFI
NTTEM NEO-PI- R
FACETA A QUE PERTENCE
RREM4 rrEM 44 A3 rrEM9 rrEM 229 A4 rrEM 14 rrEM 14 A3 rrEM 19 rrEM 19 A4 rrEM 24 rrEM4 Al rrEM 29 rrEM 64 Al rrEM 34 FTEM 164 A3 rrEM 39 rrEM 74 A3 rrEM 44 rrEM 59 A6 rrEM 49 rrEM í04 A3 ITEM 54 rrEM 109 A4 rrEM59 rTEM39 A2
De acordo com os autores, qualquer destas cinco escalas avalia
dimensões que se aproximara da distribuição normal, devendo ser
consideradas dimensões contínuas, aparecendo os resultados dos sujeitos
num dos pontos desse contínuo (Costa, McCrae, 1992b).
• Í B I B L I O T E C A ) - ;
105
Capítulo 3
QUADRO N® 3.2.5. CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS ITENS DO N E O - F F I E OS ITENS DO N E O -P I - R PARA O DOMÍNIO C • ESCALA CONSCCENCIOSDADE
N T R E M N-RREM FACETA A QUE NEO-FFI .\EO-PI- R PERTENCE
FTEM 5 ITEM 40 C2 fTEM 10 ITEM 25 C5 ITEM 15 ITEM 70 C2 FFEM 20 ITEM 15 C3 ITEM 25 ITEM 50 C4 ITEM 30 rTEM 55 C5 ITEM 35 ITEM 110 C4 r r E M 4 0 rrEM 135 C3 ITEM 45 r rEM45 C3 rTEM 50 rTEM 85 C5 rTEM 55 ITEM 130 C2 fTEM 60 ITEM 200 C4
O NEO-FFI consiste, assira, em cinco escalas de 12 itens cada,
num total de 60 itens e a sua aplicação não tem limite de tempo. Apesar
do NEO-FFI ter sido desenvolvido a partir do NEO-PI antes deste ser
revisto, todos os itens que o constituem fazem parte do NEO-PI, versão
revista (NEO-PI-R). Ao contrário do NEO-PI-R, o NEO-FFI não inclui
escalas de facetas mas apenas escalas de domínios que correspondem às
cinco grandes dimensões da personalidade - N, E, O, A e C.
As características psicométricas do NEO-FFI serão apresentadas,
no capítulo 5, ponto 5.1.2.
Embora a versão integral do NEO-PI apresente melhores índices
quer de validade quer de garantia que o NEO-FFI, quando necessário por
economia de tempo ou de recursos, o NEO-FFI revela-se uma alternativa
muito aceitável. McCrae & Costa (1991b) recomendam mesmo a sua
utilização em aconselhamento, como uma introdução ao modelo até que
os utilizadores adquiram sensibilidade à interpretação dos factores e à sua
utilidade nos processos de aconselhamento.
106
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
3.3, A a d a p t a ç ã o p o r t u g u e s a do N E O - P I - R
A adaptação portuguesa do NEO-PI-R foi conduzida por Lima (no
prelo), tendo inicialmente sido feita a tradução do questionário por 4
pessoas separadamente, escolhidas pelo seu conhecimento da língua e
pela sua formação no domínio da Psicologia. Depois de discutidas e
resolvidas as divergências, a 1' versão do NEO-PI-R traduzida foi
passada a uma amostra de conveniência constituída por 20 adultos e a
partir dos dados obtidos, foram reformulados alguns itens mais confusos.
A versão resultante foi depois retrovertida para a língua inglesa de forma
a ser aprovada pelos autores (Costa & McCrae) e pelos editores PAR
{Psychological Assessement Resources). Depois das emendas
determinadas pelos mesmos autores, surgiu a 2 ' versão do NEO-PI-R em
português que, depois de revista por uma linguista, deu origem à 3'
versão que foi utilizada no estudo piloto. A amostra definitiva foi
constituída por 2000 sujeitos. Consideraram-se apenas os dados dos
sujeitos cujos questionários cumpriam os critérios determinados, i.e. que
não apresentavam excesso de itens omissos e que não davam qualquer
indício de terem sido respondidos de forma não séria. A amostra utilizada
partiu da escolha aleatória de 6 concelhos, de entre os 16 do distrito de
Leiria, tendo os dados recolhidos sido baseados em 10 fi-eguesias. Em
relação ao sexo, a amostra foi constituída por 1133 (56.82%) sujeitos do
sexo feminino e 861 (43.18%) do sexo masculino. A classificação dos
sujeitos em grupos profissionais determina que 23.1% sejam
considerados como pertencentes a um m'vel sócio-económico baixo, 34,
107
Capítulo 3
3% a um nível médio, 3.3% a um m'vel alto, 28.8% ao grupo dos
estudantes e 10.3% ao grupo das domésticas. A idade dos sujeitos variava
entre os 17 e os 84 anos com uma média de 32.2 e um desvio-padrào de
14.89. A escolaridade dos sujeitos variou desde um nível de ausência
total de escolaridade (analfabetismo) a 20 anos de escolaridade, com uma
média de 9.5 anos de escolaridade (Lima, no prelo).
A análise dos dados compreendeu a análise factorial dos dados,
estudos de precisão e estudos de validade.
A análise factorial dos dados teve várias fases. Na primeira, a
autora aplicou uma análise em componentes principais sobre as respostas
aos 240 itens, seguida por rotação varimax da matriz de intercorrelações
tendo obtido 5 factores com eigenvalues superiores a 1 e que, no seu
conjunto, representam 21% da variância total.
A análise em componentes principais seguida de rotação varimax
das escalas de facetas, com imposição de uma estrutura de cinco factores
conduz a cinco factores com eigenvalues superiores a l e , que no seu
conjunto, explicam 54% da variância. A análise factorial foi realizada
sobre a amostra total (n=2000) mas também sobre duas subamostras: uma
de 288 estudantes entre os 16 e os 20 anos e outra de adultos não
estudantes com idades entre os 21 e os 84 anos. Tanto a rotação varimax
como a rotação Procusta conduziram a soluções adequadas à estrutura
que seria de esperar de acordo com o modelo (5 factores que explicam,
respectivamente, 54% e 55,4% da variância total) (Lima, no prelo).
De acordo com esta autora, a rotação Procusta com os dados
obtidos com amostras portuguesas, conduz a resultados muito
108
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
semelhantes aos encontrados na amostra americana. De facto, quase todas
as facetas têm as suas saturações máximas no factor previsto, com
excepção de E3 - Assertividade com a saturação mais elevada em A (-
0.47) e não em E (0.34) e E4 - Actividade com uma saturação muito
ligeiramente superior em C (0.34) do que em E (0.33). Aparecem
algumas saturações secundárias significativas de algumas facetas com
domínios a que não pertencem. Contudo, estas saturações são
compreensíveis de acordo com a definição das escalas e ainda com o
facto de que, embora o modelo dos cinco factores seja visto como um
sistema de coordenadas ortogonais, não tem uma estrutura simples e não
assume que todos os traços de personalidade definem um único factor, já
que há traços com saturações secundárias noutros domínios (Costa &
McCrae, 1992a; Costa & McCrae, 1995a). Para estes autores, omitir
facetas relevantes para a avaliação da personalidade por terem saturações
em mais que um factor seria contraproducente e embora, quer as
estruturas circumplexas quer as estruturas simples sejam modelos úteis
para compreender as relações entre traços, não seria desejável impor uma
estrutura aos dados contrariando outros critérios relevantes (Costa &
McCrae, no prelo).
Numa análise era componentes principais com rotação varimax
das trinta facetas mas sem imposição de número de factores. Lima (no
prelo) encontra quinze factores em que apenas os cinco primeiros têm
eigenvalues superiores a 1 e que, no conjunto, dão conta de 49% da
variância.
109
Capítulo 3
Os estudos de validade conduzidos por Lima (no prelo)
compreenderam a comparação dos dados obtidos com as respostas dadas
pelos mesmos sujeitos a outros questionários.
Numa amostra de 219 sujeitos foram aplicados, para além do
NEO-PI-R, o Questionário de Personalidade EPQ (Eysenck e Eysenck,
1975, cit. em Lima, «o prelo), o Inventário de Interesses Vocacionais -
IIV (Ferreira, 1991, cit. em Lima, no prelo) baseado no modelo
Hexagonal de Holland (1973/1985), a escala de Satisfação com a Vida
SWLS (Diener et ai, 1985, cit. em Lima, no prelo), o Questionário de
Agressividade AQ (Buss & Perry, 1992, cit. em Lima, no prelo) e a
escala de Afectividade Positiva e Negativa PANAS (Watson, Clark &
Tellegen, 1988, cit. em Lima, no prelo).
A generalidade das 6 facetas do Neuroticismo está positiva e
significativamente correlacionada com a escala N- Neuroticismo - do
EPQ e a correlação da escala de domínio N do NEO-PI-R com a escala N
do E P Q é de 0.75 (p=0.0001). As seis facetas de Extroversão também se
correlacionam positiva e significativamente com a escala E - Extroversão
do EPQ. A correlação da escala de domínio E com a escala E do EPQ é
de 0.7 (p=0.0001). Por sua vez, a correlação da escala E do NEO-Pl-R e a
escala N do EPQ foi de -0.33 (p=0.0001). Foram ainda encontradas
correlações negativas e significativas entre A e C e a escala P -
Psicoticismo do EPQ, com os resultados de -0.3 (p=0.0001) e de -0.22
(p<0.001), respectivamente (Lima, no prelo).
Foi também encontrada uma correlação positiva e significativa
entre os Interesses Artísticos do HV e o domínio O (0.38 com p=0.0001)
110
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
e ainda com a faceta 0 2 - Estética (0.42 com p=0.0001) do NEO-PI-R.
Mais nenhuma das facetas ou domínios deste último questionário
apresenta correlações com escalas do ETV superiores a 0.30 (Lima, no
prelo).
A relação entre a escala SWLS e as escalas do NEO-PI-R aponta
para a constatação, teoricamente previsível, de que os sujeitos com
maiores resultados em N são menos satisfeitos com a vida (-0.39 com
p-0 .0001) enquanto que os que se sentem mais satisfeitos com a vida
têm maiores resultados em E (0.36 com p=0.0001) - especialmente nas
facetas E3 - Assertividade (0.32), E4 - Actividade (0.3) e E6 - Emoções
Positivas (0.33) - e em C (0.32 com p=0.0001) - especialmente nas
facetas C l - Competência (0.41) e C4 - Luta pela Aquisição (0.32) (Lima,
no prelo).
A escala N do NEO-Pl-R e, muito em particular, a faceta N2 -
Hostilidade apresentam correlações positivas e significativas (a p<0.001)
com o Questionário de Agressividade, com 0.35 e 0.44 respectivamente e
uma correlação negativa e significativa (também a p<0.001) com A (-
0.33) (Lima, no prelo). Outras facetas significativamente relacionadas
com os resultados deste Questionário são N5 - Impulsividade (0.31), A2 -
Frontalidade (-0.32) e A4 - Complacência (-0.32).
As relações entre o NEO-PI-R e o PANAS vão no sentido
esperado: encontram-se correlações significativas o resultado no PANAS
e os domínios N (-0.52, a p<0.0001), E (0.23, a p<0.05) e C (0.31, a
p=0.0015) e com a faceta E6 - Emoções Positivas (0.21, a p<0.05).
Capítulo 3
As correlações das diferentes escalas de domínio são
significativas a p<0.001 entre C e N (-0.39) e entre E e O (0.54), e
significativas a p<0.01 entre C e A (0.32). Entre N e E e entre C e E
aparecem também correlações significativas a p<0.05, de -0.23 e 0.21,
respectivamente.
Todos estes elementos, e muito especificamente a análise de itens
e o estudo das escalas de domínios, resultantes da adaptação portuguesa
deste instrumento permitem compreender melhor os dados obtidos com o
NEO-FFI, uma vez que todos os itens desta versão reduzida fazem parte
do NEO-PI-R.
De acordo com as aplicações feitas em Portugal, com o NEO-Pl-
R, a cerca de 2000 sujeitos, obteve-se uma matriz das correlações entre os
itens e o total das escalas a que pertencem. Com os dados obtidos por
Lima (comunicação pessoaJ), podemos considerar que, na generalidade,
os itens que constituem o NEO-FFI apresentam índices de correlação
corrigida com o total da escala a que pertencem, satisfatórios. Por vezes,
os itens apresentam uma correlação satisfatória com a faceta a que
pertencem mas não com o domínio, embora noutros casos, apresentem
correlações insatisfatórias nos dois casos. A maioria deles apresenta
correlações com o domínio superiores a 0.20 e mesmo a 0.30. As
excepções mais relevantes aparecem na escala E e A.
As correlações de cada item com o total da escala domínio a que
pertencem no NEO-PI-R (Lima, comunicação pessoal) bem como com as
escalas de facetas (Lima, no prelo) encontram-se discriminadas a seguir
nos Quadros n° 3.3.1. a n° 3.3.5.
112
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
QUADRO N® 3.3. L. CORRELAÇÃO DOS FT^NS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES AOS DO N E O - — -
ESCALA .NTUROTICLSMO NTREM N E O - M
V r r i M .NEO-PI-R
FACETA A QFE
PERTE.NCE
CORRELAÇÃO CORRIGIDA
RREM-FACETA
CORRELAÇÃO CORRJCÍDA
RREM-DOIMÍNLO 11 LM 1 FTEM 1 NI 0.2! 0.16 rrEM6 rTEM i 36 N4 0.38 0.47 rTE-Mll rPEMSé N6 0.24 0.44 I1LMI6 rrEM n N3 0,36 0.41 rrEM2i ITEM 91 NI 0.36 0.44 rTEM26 IlLM 4] N3 0.44 0.43 rTEM3l ITEM 61 NI 0.37 0.44 rrEM36 rTEM 6 N2 0.21 0.30 llbM4l rrEM 221 N3 0.42 0.49 rrEM46 fTEMTl N3 0.39 0.46 FTEMSl rTEM 26 N6 0.36 0.45 rrEM56 rTEM 76 N4 0,25 0.32
No domínio Neuroticismo aparecem correlações entre os itens e a
escala total a que pertencem que se situam entre .16, resultado mínimo e
que corresponde ao item 1 e .49 para o item 41 do NEO- FFI, com média
de 0.40 e desvio-padrão de 0.09. À maioria dos itens correspondem,
assim, dados satisfatórios.
QUADRO 3.3 .2 . CORRELAÇÃO DOS ITENS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES AOS DO N E O - F F I - ESCALA EXTROVERSÃO - COM A FACETA E O DOMÍNIO
ESCALA EXTRO\TRSÃO NTTEM NEO-RN
NTTEM NEO-PI-R
FACETA A QUE
PERTENCE
CORRELAÇÃO CORRIGIDA
ITEM-FACETA
CORRELAÇÃO CORRIGROA
FFEM-DOMÍNIO rrEM2 FTEM 37 E2 0.42 0.42 FTEM? FTEM 237 £6 0.34 0.38 rrEM 12 ITEM 147 E6 0.02 0.02 rrEM 17 FFEM 122 El 0.42 0.40 rrEM 22 FTEM 142 E5 0.37 0.44 rrEM 27 FTEM 67 E2 0.27 O.IS FTEM 32 FTEM 107 E4 0.20 0.39 rrEM 37 rrEM 177 E6 0.36 0.45 rTEM 42 FFEM 87 E6 0.29 0.30 FTEM 47 FFEM 197 E4 0.27 0.23 rrEM 52 FTEM 227 E4 0.27 0.37 FTEM 57 rrEM 162 E3 0.21 0.11
No domínio Extroversão, encontram-se resultados entre 0.02,
resultado mínimo e correspondente ao item 12 do NEO-FFI e 0.45, com
uma média de 0.31 e um desvio-padrão de 0.14. Esta é a escala em que
aparecem ilens com correlações corrigidas item-total mais insatisfatórias,
com 0.11 corrrespondente ao item 57 e 0.18 correspondente ao item 27
do NEO-FFI.
13
Capítulo 3
QUADRO N » 3 . 3 . 3 . CORRELAÇÃO DOS ITENS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES AOS DO
ESCALA ABERTURA À F .XPFRr^Nr iA N* ITEM NEO-FFl
ITEM 3
N* I T E M NEO-PI-R
FACETA A QUE
P E R T E N C E
CORRELAÇÃO CORRIGtDA
ITEM-FACETA
C O R R E L A Ç Ã O C O R R I G U 3 A I T E M -
DOMÍNIO
ITEM 8 ITEM 78 0 4 0.17 0.40 ' 0.18
ITEM i 3 ITEM 98 0 2 0,33 0 25 ITEM 18 ITEM 28 0 6 0.23 0 33 ITEM 23 ITEM 128 0 2 0.56 0.51 ITEM 28 FTEM 108 0 4 0.16 0 21 ITEM 33 ITEM 163 0 3 0.19 0.3! ITEM 38 ITEM 88 0 6 0.26 0.29 ITEM 43 ITEM 188 0 2 0.50 0.44 ITEM 48 ITEM 173 0 5 0.33 0.39 ITEM 53 ITEM 203 0 5 0.43 0.42 ITEM 58 ITEM 23 0 5 0.38 0.43 .
QUADRO N" 3 . 3 . 4 . CORRELAÇAO DOS ÍTENS DO N E O - P Í - R CORRESPONDENTES
ESCALA AMABILIDADE N* ITEM NEO-FFl
i r i T E M NEO-PI-R
FACETA A QUE
P E R T E N C E
CORRELAÇÃO CORRIGIDA
ITEM-FACETA
C O R R E L A Ç Ã O CORRIGIDA
11 t lM-DOMÍNIO ITEM 4 ITEM 44 A3 0.34 0,36 ITEM 9 ITEM 229 A4 0.29 0.39
ITEM 14 ITEM 14 A3 0.23 0.24 ITEM 19 ITEM 19 A4 0.15 0,31 ITEM 24 ITEM 4 Al 0.37 0.30 ITEM 29 ITEM 64 AI 0.19 0,06 ITEM 34 ITEM 164 A3 0.34 0,25 ITEM 39 ITEM 74 A3 0.27 0.30 ITEM 44 ITEM 59 A6 0,10 0.33 ITEM 49 ITEM 104 A3 0.36 0.34 ITEM 54 ITEM 109 A4 0.28 0.26 ITEM 59 ITEM 39 A2 0,42 0.41
QUADRO 3 . 3 . 5 . CORRELAÇÃO DOS ITENS DO N E O - P I - R CORRESPONDENTES
ESCALA CONSCIENCIOSIDADF N T T E M NEO-FFI
N* I T E M NEO-PI-R
FACETA A QUE
P E R T E N C E
CORRELAÇÃO CORRIGIDA
ITEM-FACETA
C O R R E L A Ç Ã O CORRIGIDA
ITEM-DOMINIO
ITEM 5 . ITEM 40 C2 0,47 0.45 ITEM 10 ITEM 25 C5 0.39 0.46 ITEM 15 ITEM 70 C2 0.46 0,42 ITEM 20 ITEM 15 C3 0.41 0.42 ITEM 25 ITEM 50 C4 0.40 0.47 ITEM 30 ITEM 55 C5 0,35 0.39 ITEM 35 FTEM 110 C4 0.42 0,43 ITEM 40 ITEM 135 C3 0.42 0.42 ITEM 45 ITEM 45 C3 0.19 0.28 ITEM 50 ITEM 85 C5 0.40 0.51 ITEM 55 ITEM 130 C2 0.47 0.52 ITEM 60 ITEM 200 C4 0.34 0.37
No domínio Abertura à Experiência, encontram-se correlações
entre 0.18 e 0.51, com média de 0.35 e um desvio-padrão de 0.1.
114
o Modelo dos Cinco Factores da Personalidade
No domínio Amabilidade, as correlações variam entre 0.06 e 0.39,
com média de 0.30 e um desvio-padrão de 0.09. Todos os itens
apresentam correlações com o total da escala satisfatórias com excepção
do item 29 do NEO-FFI que embora tenha uma correlação de 0.19 com a
faceta a que pertence, tem uma correlação insignificante com o total da
escala. E aliás a este item que corresponde o mínimo referido de 0.06.
No domínio Conscienciosidade, as correlações variam entre 0.28
e 0.52, com média 0.44 e desvio-padrâo.06.
Em síntese, os dados referentes à adaptação portuguesa do NEO-
PI-R permitem considerá-lo um instrumento promissor nesta área de
estudo, mantendo em Portugal, de um modo geral, as características
metrológicas que apresenta na versão original. O estudo completo da
adaptação deste instrumento é apresentado em Lima (no prelo). Por outro
lado, a análise dos itens que constituem o NEO-FFI (todos retirados
directamente do NEO-PI e presentes na sua versão revista), a partir dos
dados obtidos por Lima com cerca de 2000 sujeitos, permite considerar
que, na sua maioria, os itens são satisfatórios. A correlação corrigida de
cada um dos itens com o total da escala é igual ou superior a 0.30 em
quase todos os casos. As excepções são o item 1, pertencente à escala N
do NEO-FFi, os itens 12, 27 e 57 da escala E, os itens 8, 13, 28 e 38 da
escala O, os itens 14, 29, 34 e 54 da escala A e o item 45 da escala C.
Contudo, muitos destes apresentam correlações corrigidas com o total da
escala superiores a 0.20, o que de acordo com o critério de Kline (1986),
permite considerar o item satisfatório. Estão nesta situação o item 47 da
escala E, os itens 13, 28 e 38 da escala O, o 14, 34 e o 54 da escala A e o
115
Capítulo 3
45 da C. Desta forma, os itens que aparecem com índices menos
favoráveis são o item 1 de Neuroticismo, os itens 12, 27 e 57 de
Extroversão, o item 8 de Abertura à Experiência e o item 29 de
Amabilidade. No estudo das características metrológicas do NEO-FFI,
aplicado a uma amostra de adultos trabalhadores, apresentado no capítulo
6, estudar-se-ão as semelhanças com os dados aqui referidos.
16
C A P I T U L O 4
V A L O R E S E T R A Ç O S DE PERSONALIDADE: RELAÇÕES ENTRE
PERSONALIDADE, VAiUÁVEIS M O T I V A C I O N A I S E CARREIRA
Capítulo 4
4.1. O es tudo d a r e l a ç ã o e n t r e os va lo res e o u t r a s va r i áve i s mot ivac iona i s e a p e r s o n a l i d a d e
Desde que em 1909 Frank Parsons publicou o seu livro "Choosing
a Vocation", abordando a importância de se acompanharem os jovens na
sua transição da escola para o mundo do trabalho, que a Psicologia das
Carreiras equacionou como fundamentais as variáveis do indivíduo. Para
Parsons, deviam ser consideradas três vertentes: a análise do próprio -
autoanálise, a análise das profissões e a orientação dos jovens {guidance,
no original) no processo de ajustamento a que chama true reasoning
(Walsh & Osipow, 1990, p. vii). Desde aí, e apesar da marcada evolução
nos conceitos utilizados, estes três aspectos, embora com outras
designações, passaram a fazer parte integrante da generalidade das
formulações teóricas posteriores. Contudo, o contexto em que estas
variáveis foram consideradas e avaliadas e mesmo a sua importância
relativa tem sido perspectivada de diferentes formas pela Psicologia
Vocacional. Nos vários modelos, e desde autores como Dawis & Lofquist
(1977, 1978; Dawis, 1994) e Holland (1973. 1985) que se interessaram
pelo ajustamento indivíduo-trabalho, a autores mais centrados numa
• perspectiva desenvolvimentista como Super (1957, 1963, I968ab, 1973b,
1976b, 1980/81/82, 1981, 1983, 1984, 1985, 1990, 1995a) ou Bordin
(1990), as variáveis do indivíduo assumem um papel central. Mesmo
Krumboltz (Krumboltz, 1994; Krumboltz & Nichols, 1990), mais
interessado na explicação dos mecanismos gerais responsáveis pela
génese dos diferentes comportamentos vocacionais, não nega a
importância das variáveis do indivíduo, embora as equacione como
118
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
crenças ou construções cognitivas do indivíduo, resultantes das
generalizações feitas pelo indivíduo a partir das suas experiências.
N o entanto, apesar do papel preponderante que as variáveis do
indivíduo sempre têm assumido, nem todas elas foram alvos preferenciais
da atenção dos investigadores e assim, na história da Psicologia das
Carreiras, os interesses começaram a ser estudados muito antes dos
valores. Ginzberg foi um dos autores que teve um importante papel no
reconhecimento da importância dos valores no desenvolvimento de
carreira do indivíduo. Quer na primeira versão da sua teoria, nos anos 50,
quer mais tarde quando revê algumas das conclusões que tirara,
principalmente as que se relacionam com o processo de irreversibilidade
da escolha, Ginzberg encara os valores como determinantes da escolha
vocacional tal como os interesses ou as capacidades funcionando como
elemento de síntese e como fundamento dessa escolha e permitindo ao
indivíduo ligar a acçào presente com os seus objectivos. Para ele, os
valores influenciam também todo o processo de desenvolvimento do
indivíduo, na reavaliação da(s) escolha(s) feita(s) e na ponderação das
decisões profissionais que se tomam continuamente ao longo da carreira,
funcionando como critério face ao qual se procüra a existência de
satisfação ou de insatisfação (Ginzberg, 1984). Também para Super - e
embora no seu modelo não exista um estádio defmido a partir da
emergência dos valores como acontece em Ginzberg - o conceito de valor
é muito importante para os processos de intervenção e de aconselhamento
da carreira: "conhecendo a estrutura de valores que motiva um indivíduo
119
Capítulo 4
e tendo informação sobre os valores que mais se realizam nas diferentes
profissões e meios de trabalho, o conselheiro, o psicólogo ou o director
de pessoal tem uma base importante para o aconselhamento ou para a
tomada de decisão" (Super, 1970, p.4). Numa formulação mais recente,
Super (1990, 1995ab) representa graficamente o seu modelo de
desenvolvimento da carreira com recurso a um arco normando, já
referido no capítulo 2, onde os valores surgem como características da
personalidade que juntamente com outras características como as
necessidades, os interesses, os traços e os auto-conceitos ajudam a
determinar a natureza do padrão de carreira do indivíduo e acabam por
ser determinantes da satisfação no trabalho e na vida (Super, 1990).
A influência da personalidade no comportamento vocacional dos
indivíduos foi também reconhecida desde muito cedo por autores como
Super (1957; Super & Crítes, 1962) na medida em que dificuldades ao
nível da personalidade foram vistas como podendo condicionar o
ajustamento às situações de trabalho ou de formação. Assim, logo numa
das suas primeiras formulações, Super afirma que "a continuidade na
carreira não é a mera estabilidade no emprego. Pelo contrárío, consiste no
desenvolvimento da carreira ao longo de linhas que sejam consistentes
com a experíéncia passada do indivíduo e com o desenvolvimento da sua
personalidade" (Super, 1957, p. 131).
Também numa das suas últimas publicações, Super (1994),
exactamente no sentido da convergência das teorías que caracteriza a
década de 90, vem referir a relação íntima que existe entre a perspectiva
pessoa-meio e a perspectiva desenvolvimentista, afirmando que "os
120
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
traços são desenvolvimentistas e, desenvolvendo-se com a experiência,
são aprendidos" (p. 73).
Contudo, a esta importância dos traços, reconhecida na teoria, nào
tem correspondido um interesse igual na prática do aconselhamento,
ficando implícito que relacionar traços de personalidade específicos com
preferências específicas teria pouco interesse prático directo.
Numa conceptualização mais centrada na integração destes dois
tipos de variáveis, McCrae e Costa (1991a) referem ser importante que o
aconselhamento de carreira tenha em consideração, para além das
variáveis relacionadas com a motivação, as características de
personalidade do indivíduo, devendo as suas escolhas ser feitas e
discutidas tendo em conta o contexto mais vasto da personalidade total
do indivíduo. A importância destas dimensões da personalidade no
desempenho e no ajustamento profissional do individuo, levou alguns
autores a considerarem que a Conscienci os idade "pode eventualmente vir
a ser considerada como o traço motivacional mais importante no domínio
do trabalho" (Schmidt e Hunter 1992, p. 91, cit. em Brown & Watkins,
1994). Também a já estudada relação negativa do Neuroticismo com a
satisfação profissional e com o stress relacionado com o trabalho sugere
que a integração das variáveis Neuroticismo e Conscienciosidade pode
ajudar as teorias a predizer o sucesso e a satisfação no trabalho (por
exemplo, Brief, Burke, George, Robinson & Webster, 1988;
Schaubroeck, Ganster & Fox, 1992). Outros autores vão ainda mais longe
e relacionam o Neuroticismo cora queixas somáticas e com a génese da
121
Capítulo 4
doença o que, necessariamente, traz também implicações para o
ajustamento do indivíduo ao trabalho (Costa & McCrae, 1987).
Além disso, a investigação recente no estudo da personalidade
aponta para o facto das cinco dimensões da personalidade defmidas pelo
FFM poderem estar relacionadas com algumas variáveis relativas ao
comportamento vocacional dos indivíduos como os interesses, as
necessidades ou os valores.
Esta relação tinha há muito sido reconhecida quer por autores
como Holland quer ainda por vários autores de inventários de
personalidade como o já referido 16 PF de Cattell ou o GZTS: Guilford
Zimmerman Temperament Siirvey que incluíram nas suas provas itens
relacionados com interesses, assumindo assim que as escolhas
vocacionais podem ser indicadoras de disposições de personalidade
(Costa, McCrae & Holland, 1984).
A relação interesses-personaüdade tem sido bastante abordada na
investigação. No entanto, destacam-se aqui os trabalhos realizados com o
NEO-PI, por ser um instrumento construído de forma a garantir que o
conteúdo dos seus itens não fosse sobrepom'vel com critérios externos
relevantes e, especificamente, que não reflectissem interesses
profissionais: "in particular, an attempt was made to avoid items
reflecting occupational interests" (Costa, McCRae & Holland, 1984, p.
392), constituindo um meio privilegiado de abordar o tema. Um destes
trabalhos foi realizado por Costa, McCrae & Holland (1984) ainda com a
versão não revista do NEO-PI, com uma amostra de 241 homens, entre os
122
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
25 e os 89 anos e de 153 mulheres entre os 21 e os 86 anos. As
correlações entre os dados obtidos nas escalas do
NEO-PI e nas escalas do SDS: Self-Directed Search de Holland apontam
para correlações importantes entre interesses Investigativos e Artísticos e
o domínio da personalidade Abertura à Experiência (respectivamente
0.33 e 0.49, para homens e 0.40 e 0.53 para mulheres, significativos a
p<0.001) e entre interesses Empreendedores e Sociais e o domínio de
personalidade Extroversão, com correlações significativas a p<0.001
(respectivamente 0.65 e 0.50 para homens e 0.51 e 0.43 para mulheres).
Estas correlações referem-se aos totais mas também se encontram, para
os dois sexos, quer se considerem as actividades, as competências, as
preferências profissionais ou as capacidades auto-avaliadas como
medidas dos interesses. A importância de equacionar os dois tipos de
variáveis - interesses e dimensões da personalidade - revela-se na
evidência de algumas relações entre elas. Assim, a dimensão
Amabilidade parece diferenciar os Extrovertidos que preferem profissões
Empreendedoras (baixo A) dos Extrovertidos que preferem profissões
Sociais (alto A). Por outro lado, resultados altos na dimensão O parecem
relacionar-se com um leque mais amplo de interesses do indivíduo.
Posteriormente, Gottfi-edson, Jones e Holland (1993) analisaram
também a relação entre interesses e as cinco dimensões da personalidade,
numa amostra de 479 homens, com idades entre os 16 e os 31 e 246
mulheres entre os 17 e os 35 anos. A medida da personalidade foi
também baseada no NEO-PI , mas já na sua versão revista o que implica a
123
Capitulo 4
obtenção de resultados referentes às cinco dimensões da personalidade e
de seis traços específicos dentro de cada uma delas. Utilizou-se também o
VPI: Vocational Preference Inventory de Holland para avaliar as seis
dimensões de Holland: realista, investigativa, artística, social,
empreendedora e convencional. Os resultados obtidos vão no mesmo
sentido dos referidos por Costa, McCrae e Holland (1984) verificando-se
que Extroversão aparece positivamente relacionada com os interesses
sociais e empreendedores (0.19 e 0.23, significativas a p<0.05), para a
amostra masculina. As escalas Investigativa e Artística correlacionam-se
positiva e significativamente (também a p<0.05) com a dimensão
Abertura à Experiência (0.25 e 0.34, respectivamente). Amabilidade não
apresenta relações importantes com qualquer das escalas do Vocational
Preference Inventory e Conscienciosidade apresenta uma correlação
positiva e significativa com a escala Convencional (0.25, significativa a
p<0.05). Os resultados apresentados referem-se à amostra masculina uma
vez que na amostra feminina as correlações nunca ultrapassam os 0.23. Já
mais recentemente, e aí utilizando o NEO-FFI como instrumento de
avaliação dos cinco factores e o SDS: Self-Directed Search de Holland,
os autores Tokar & Swanson (1995), encontram resultados semelhantes
com a dimensão Abertura à Experiência a diferenciar os tipos artísticos e
investigativos dos convencionais, a dimensão Extroversão a diferenciar
os tipos empreendedores dos realistas. Não se verifica, neste caso, o dado
encontrado por Gottfi^dson, Jones e Holland (1993) que limitava as
correlações para a amostra feminina a 0.23. Surgem correlações muito
elevadas entre a Extroversão e os tipos Social e Empreendedor (0.40 e
124
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
0.50, respectivamente, no caso das mulheres e 0.45 e 0.56, para os
homens) e entre Abertura à Experiência e o tipo Investigative e Artístico
(0.45 e 0.53, respectivamente para as mulheres e 0.57 para os homens só
com o tipo Artístico). Também a relação da dimensão Amabilidade
diferencia claramente homens de mulheres, com uma correlação positiva
e significativa a p<0.01 com o tipo Social, para o sexo feminino mas não
para o sexo masculino.
De um modo geral, estes estudos (Costa, McCRae & Heiland,
1984; Gottfredson, Jones e Holland, 1993; Tokar & Swanson.1995)
apontam para o facto da personalidade ter uma relação importante com os
interesses, mas não de forma a que uma das medidas possa substituir a
outra.
A relação entre personalidade e necessidades do indivíduo
também tem suscitado vários trabalhos de investigação. Um dos
primeiros estudos nessa área data de 1958. tendo sido utilizado o EPPS:
Edwards Personality Preference Scale, como forma de avaliar as
necessidades de Murray e o CPI: California Psychological Inventory,
como medida da personalidade. Os resultados obtidos mostram várias
correlações significativas a p<0.05 e a p<0.01 entre as escalas das duas
provas, revelando uma clara correspondência entre a medida das duas
variáveis, com correlações no sentido esperado (Dunnette, Kirchner &
DeGidio. 1958). Exemplo desta correspondência são as relações positivas
e significativas encontradas entre as escalas Dominância (0.34),
Sociabilidade (0.35), Presença Social (0.31), Auto-aceitação (0.29) (todas
125
Capitulo 4
significativas a p<O.Ol), Capacidade para obter um Estatuto (0.23) e
Eficiência Intelectual (0.21) (ambas significativas a p<0.05) do
California Psychological Inventory, com as necessidades de Exibição
avaliadas pelo Edwards Personality Preference Scale ou a correlação
negativa (-0.31), significativa a p<0.01, entre Dominância, avaliada pelo
California Psychological Inventory e Submissão, avaliada pelo Edwards
Personality Preference Scale. Também Sociabilidade (0.41), Dominância
(0.34), Auto-Aceitação (0.29) e Capacidade para obter um Estatuto (0.26)
do California Psychological Inventory apresentam correlações positivas e
significativas a p<O.OÍ com Dominância do Edwards Personality
Preference Scale. Outras importantes correlações relacionam negativa
(-0.31) e significativamente (a p<O.Ol) a Boa Impressão (-0.42), a
Responsabilidade (-0.36), ou a Dominância (-0.26) avaliadas pelo
California Psychological Inventory com a Dependência avaliada pelo
Edwards Personality Preference Scale.
Todas estas relações aparecem no sentido que seria teoricamente
previsível a partir da própria definição das escalas. Contudo, o elevado
número de escalas do California Psychological Inventory dificulta a
interpretação destes dados numa perspectiva mais consonante com a
caracterização de uma estrutura da personalidade em cinco factores.
O estudo da relação entre necessidades e a personalidade avaliada
com base no modelo dos cinco factores é mais recente e um dos mais
importantes trabalhos neste domínio, de Costa e McCrae (1988a), aborda
126
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
a relação entre as necessidades de Munay avaliadas pelo PRF -
Personality Research Form de Jackson, na versão de 1984 e as cinco
dimensões da personalidade avaliadas com o NEO-PI, na versão de 1985.
A análise dos resultados obtidos com uma amostra de 123 homens (com
idades entre os 22 e os 90 anos) e de 173 mulheres (com idades entre os
24 e os 81 anos) revela correlações elevadas e significativas entre as duas
categorias de variáveis. Para citar apenas as mais relevantes (todas
significativas a p<0.00l), a dimensão Neuroticismo apresenta correlações
positivas com Agressão (0.41), Defensividade (0.33), Impulsividade
(0.33), Dependência (0.31) e Reconhecimento Social (0.28). O domínio
Extroversão apresenta correlações positivas com Afiliação (0.62),
Exibição (0.58), Dominância (0.49), Prazer (0.45), Apoio e
Desejabilidade (0.35), Sensitividade e Mudança (0.32). Também
positivas são as correlações entre Abertura à Experiência e Sensitividade
(0.55), Compreensão (0.54), Mudança (0.40) e Autonomia (0.22). O
domínio Amabilidade encontra-se mais fortemente correlacionado com
Apoio (0.46), Afiliação (0.28) e Desejabilidade (0.21). Apresenta
também uma alta correlação negativa com Agressão (-0.48). A
Conscienciosidade aparece positivamente correlacionada com Ordem
(0.60), Realização e Desejabilidade (0.46), Resistência (0.42) e Estrutura
Cognitiva (0.33) e negativamente com Impulsividade (-0.39).
' A tradução do nome das escalas foi baseada na adaptação portuguesa do Personality Research Form de Jackson (1989)
feiía por Teixeira (1996).
127
Capítulo 4
Se se considerar uma solução a cinco factores numa análise em
componentes principais conjunta das escalas do Personality Research
Form e do NEO-PI, em que cada factor é defmido por uma das escalas do
NEO-PI e por, pelo menos três escalas do Personality Research Form, as
correspondências entre as escalas que saturam no mesmo factor são
teoricamente previsíveis e explicáveis. A análise dessas satuxações
permite dizer que os indivíduos cora alto Neuroticismo, têm necessidades
elevadas de Reconhecimento Social, são Defensivos e Dependentes; os
que têm Extroversão elevada têm necessidades de Afiliação, de Exibição
e de Prazer; os que têm resultados elevados em Abertura à Experiência
têm ' necessidades de Mudança, de Estimulação Intelectual, de
experiências estéticas (Sensitividade), de Autonomia e apresentam
resultados baixos em-Evitamento do Risco; os indivíduos com resultados
altos em Amabilidade gostam de ajudar as pessoas (Apoio) e tendem a
não agredir os outros (baixo resultado em Agressão) e a não serem
dominadores (baixo resultado em Dominância), mas antes a serem algo
submissos (Submissão); os que têm resultados elevados em
Conscienciosidade valorizam a Ordem, a Realização, são persistentes
(Resistência), são cautelosos (baixa Impulsividade) e racionais (Estrutura
Cognitiva). Como se poderia concluir a partir da análise das correlações
entre escalas, muitas das escalas do Personality Research Form
apresentam saturações secundárias importantes. No entanto, para os
autores também estas são teoricamente compreensíveis (Costa &
McCrae, 1988a).
128
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
Resultados muito semelhantes foram encontrados no estudo das
correlações entre as escalas do Edwards Personality Preference Scale
com as do MEO-PI (ainda na versão de 1985). A amostra utilizada foi
constituída por 223 mulheres e 107 homens estudantes universitários,
com idades entre os 17 e os 22 anos e embora o objectivo do estudo fosse
basicamente testar a validade do Edwards Personality Preference Scale,
ele traz dados relevantes para o tema que se está a tratar. Encontram-se,
assim, correlações importantes entre algumas escalas do Edwards
Personality Preference Scale, na forma normativa (pois os autores
concluem que na forma ipsativa, os índices de validade de várias escalas
ficam muito reduzidos) e as dimensões de personalidade avaliadas pelo
NEO-PI. O domínio Neuroticismo também aparece correlacionado
positiva e significativamente (a p<0.001) com Agressão (0.47),
Submissão (0.46) e Dependência (0.36). Extroversão apresenta
correlações positivas e significativas a p<0.001 com Afiliação (0.54),
Apoio (0.45). Exibição (0.36), Dominância e Mudança (0.33). A maior
correlação entre Abertura à Experiência e as escalas do Edwards
Personality Preference Scale é referente a Intracepção (0.51), seguida de
Autonomia (0.41), e Mudança (0.38), significativas a p<0.001. Ordem
apresenta uma correlação negativa (-0.32) com a dimensão Abertura à
Experiência e positiva (0.68) com a dimensão Conscienciosidade, ambas
significativas a p<0.001. Outras importantes correlações positivas de C
com as escalas do EPPS surgem com Resistência (0.63) e Realização
(0.28), significativas a p<0.001. A dimensão Amabilidade correlaciona-se
129
Capítulo 4
positiva e significativamente a p<0.001 com Afiliação (0.44) e com
Apoio (0.35), e negativamente ao mesmo nível de significância com
Agressão (-0.53) (Piedmont, McCrae & Costa. 1992).
Ainda um outro estudo que relacionou a medida das necessidades
de Murray com o NEO-PI utilizou as ACL; Adjective Check List Scales,
de Gough e Heilbrun, encontrou correlações semelhantes às encontradas
com o Personality Research Form numa amostra de 410 adultos. As
diferenças mais importantes referem-se ao facto da escala Afiliação do
Adjective Check List Scales ter uma correlação mais elevada (mas
também positiva) com A (0.33) do que com E (0.30), e da escala
Autonomia do Personality Research Form se relacionar principalmente
com a dimensão Abertura à Experiência (0.22) enquanto que a escala
Autonomia das Adjective Check List Scales se relaciona
ftmdamentalmente com um baixo resultado em A (-0.54) e apenas
moderadamente com O (0.18). Todas estas correlações são significativas
a p<0.001. Para os autores, as diferenças referidas têm a ver com a
natureza dos itens que constituem estas duas escalas nas Adjective Check
List Scales, pois aqui a escala Autonomia inclui itens mais centrados na
assertividade, agressividade, hostilidade e arrogância enquanto a escala
Afiliação inclui também itens relacionados com cooperação, optimismo e
tranquilidade (Piedmont, McCrae & Costa, 1991).
A integração destes três conjuntos de dados (Costa & McCrae,
1988a; Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Piedmont, McCrae & Costa,
1992) indica que as necessidades de Agressão, Submissão, Dependência
e Defensividade se relacionam principalmente com o domínio
1 3 0
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
Neuroticismo, que as necessidades de Afiliação, Exibição, Apoio,
Dominância e Prazer se relacionam principalmente com o domínio
Extroversão, que as necessidades de Mudança, Sensitividade e
Compreensão se relacionam principalmente com O, que as necessidades
de Apoio e Afiliação se relacionam fundamentalmente com o domínio
Amabilidade e que as necessidades de Realização, Resistência e de
Ordem se relacionam fundamentalmente com Conscienciosidade.
Em resumo, e integrando os dados dos vários estudos referidos,
poder-se-á concluir que os indivíduos com valores altos em N
manifestam resultados altos na necessidade de Reconhecimento Social,
de Defensividade e de Dependência. Os que têm resultados altos em E.
têm resultados elevados em relação às necessidade de Afiliação. Exibição
e Prazer. Os indivíduos com resultados altos em O valorizam as
necessidades de Mudança, Compreensão, Sensitividade e Autonomia,
tendo baixos índices de Evitãmento do Risco. Os que apresentam
resultados altos em A têm baixos resultados em Agressão e Dominância e
altos em Apoio e Submissão. Os que têm resultados altos em C valorizam
a Ordem, a Realização, a Resistência, a Racionalidade (Estrutura
Cognitiva), revelando baixos índices de Impulsividade.
No geral, as relações claras entre os traços de personalidade e as
necessidades "sugerem, assim, a possibilidade da estrutura dos traços
motivacionais poder ser considerada parte de uma estrutura de traços
mais ampla que também inclui afectos, atitudes e comportamentos
característicos" (Costa & McCrae, 1988a, p. 264). EsU ideia está de
131
Capitulo 4
acordo com o modelo de desenvolvimento da carreira de Super (1990,
1995a), antes citado, em que as necessidades, juntamente com outras
variáveis como os interesses ou os valores aparecenfi como características
da personalidade.
Tal com acontecia com os interesses, embora exista convergência
entre a medida das necessidades e as dimensões da personalidade, as duas
medidas não se substituem mutuamente (Piedmont, McCrae & Costa,
1991).
De acordo com a concepção hierárquica da motivação (Super,
1973a; Nevill & Super, 1986; Super, 1995b), os valores são variáveis
mais próximas dos traços e das necessidades do que os interesses. Nesse
caso, será de esperar que as relações entre valores e personalidade sejam
mais relevantes do que entre personalidade e interesses.
Contudo, os estudos que relacionara personalidade com valores
são muito mais raros, centrando-se em geral nas diferenças entre grupos e
não nas diferenças individuais (Fumham, 1984).
Trabalhos que abordem a relação entre personalidade e valores
são praticamente inexistentes e os que existem ou se centram na relação
entre características específicas da personalidade e valores específicos,
como é o caso dos estudos que relacionam a religiosidade com as
dimensões da personalidade (por exemplo. Heaven. 1990) ou na relação
entre valores e personalidade e outras variáveis específicas como por
exemplo, as atitudes face à autoridade (por exemplo, Heaven & Fumham,
1991) ou a delinquência (Heaven, 1996). Contudo, um dos objectivos
deste trabalho é analisar a relação entre as dimensões da personalidade e
1 3 2
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
os valores dos indivíduos, tal como foi feito por autores como Fumham
(1984), Rim (1984, 1985) ou Heaven (1993) mas utilizando instrumentos
de medida mais actualizados e mais consonantes com as perspectivas
teóricas actuais na busca de modelos compreensivos e da convergência
entre modelos, quer em relação à personalidade quer em relação aos
valores. Os procedimentos estatísticos a executar assemelham-se mais
aos utilizados, nos estudos anteriormente referidos, que relacionam
interesses ou necessidades com as dimensões da personalidade.
Utilizando a lista dos 18 valores de Rokeach e o EPQ: Eysenck
Personality Questionnaire de Eysenck. Rim (1984) com uma amostra de
100 sujeitos com idades entre os 20 e os 26 anos, procurou estudar a
relação entre as dimensões da personalidade e a forma como os valores
eram ordenados de acordo com a sua importância. As suas conclusões
apontam para a existência de uma relação entre um elevado Neuroticismo
(acima da mediana) e valores como Amar (lovingl Obediência
(obedient), um Mundo de Beleza {a world of beauty). Reconhecimento
Social {social recognition) e Auto-Respeito {self-respect) e entre um
baixo Neuroticismo (abaixo da mediana) e Ambicioso (ambitious). Capaz
(capable). Imaginativo (imaginative). Ideias Largas (broad-minded) e
Amizade Sincera {true friendship). Os sujeitos com resultados acima da
mediana em Extroversão, classificavam como mais importantes os
valores Ambicioso, Capaz, Perdoar (forgiving). Liberdade (freedom).
Mundo de Beleza, Reconhecimento Social. Auto-Respeito e Igualdade
(equality), enquanto que os que t inham resultados abaixo da mediana na
133
Capítulo 4 -
dimensão E valorizavam principalmente Ideias Largas, Obediência e
Sensatez {wisdom). Os sujeitos com resultados acima da mediana em P -
Psicoticismo, classificavam Independente, Imaginativo, Harmonia
Interior, Salvação {sahation). Vida Confortável {confortable life) e
Amizade Sijicera como mais importantes para si. Pelo contrário, os que
tinham resultados abaixo da mediana em P consideravam mais
importantes Educado (polite). Limpo (dean). Obediência, Segurança
Nacional {nacional security) e Segurança da Família {family security).
Também em 1984, um outro investigador interessado pela relação
entre personalidade e valores e utilizando também o Eysenck Personality
Questionnaire como medida da personalidade, e os valores de Rokeach,
avaliados pelo Rokeach Value Survey, aplicou os dois instrumentos a uma
amostra de 70 jovens entre os 16 e os 18 anos, verificando que os sujeitos
Introvertidos emocionalmente instáveis (de acordo com os resultados do
Eysenck Personality Questionnaire) atribuíam muita importância a
Liberdade e Auto-Respeito, que os classificados como Extrovertidos
valorizavam mais uma Vida Excitante do que os considerados
Introvertidos e que os sujeitos cujos resultados os tinham classificado
como Neuróticos valorizavam mais Harmonia Interior e menos uma Vida
Confortável do que os que tinham sido classificados como Não-
Neuróticos (Fumham, 1984). Os seus resultados são relativamente
semelhantes aos de Rim e é o próprio Rim que, mais tarde, e em resposta
a críticas que lhe tinham sido feitas por Fumham, procura integrar os
resultados dos seus estudos com os de Fumham, concluindo que, apesar
1 3 4
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
das grandes diferenças entre as amostras e as metodologias utilizadas nos
estudos dos dois autores, há semelhanças importantes. Assim, os valores
que mais diferenciam os sujeitos com resultados altos e baixos de
Neuroticismo são Auto-Respeito, Amizade Sincera e Reconhecimemo
Social; os que melhor diferenciam os sujeitos com resultados altos e
baixos em Extroversão são Liberdade, Auto-Respeito, e Reconhecimento
Social. Os que mais diferenciam os sujeitos com resultados elevados e
baixos em Psicoticismo são Harmonia Interior e Amizade Sincera (Rim,
1985).
Dois estudos recentes que relacionam valores com personalidade,
mas ainda utilizando o EPQ como medida da personalidade foram
realizados por Heaven (1993) com uma amostra de 89 estudantes de
Psicologia e por Heaven e Furaham (1991) com uma amostra de 185
estudantes. Para medir os valores utilizou-se o SVI: Social Values
Inventory de Braithwaite e Law. Nestes estudos, os valores foram
considerados variáveis dependentes, tendo-se verificado que as
dimensões de personalidade explicavam 57.42% da variância dos
resultados do SVI, no T estudo e 47.64% no 2® estudo, o que situa as
dimensões de personalidade como razoáveis preditoras dos valores dos
indivíduos. Mais especificamente, os autores concluem que os indivíduos
com um elevado Psicoticismo valorizam pouco as Relações Interpessoais,
o Crescimento Pessoal, a Harmonia Interior e uma Orientação Positiva
para os Outros. No que diz respeito às dimensões N e E, os dados obtidos
135
Capítulo 4
vêm confirmar as relações encontradas noutros trabalhos (Fumham,
1984).
Utilizando o NEO-PI, na versão de 1985 como medida da
personalidade, o que deixa de limitar as dimensões da personalidade
avaliadas aos três factores de Eysenck, os investigadores Luk e Bond
(1993) partem da suposição que a personalidade do indivíduo o predispõe
para valorizar mais determinados objectivos e elaboram dez hipóteses
específicas que relacionam os factores do NEO-PI com os 10 tipos de
valores que Schwartz (1992) considera emergirem em diversas culturas
(Auto-Direcção, Estimulação, Hedonismo, Realização, Poder, Segurança,
Conformidade, Tradição, Benevolência e Universalismo). Para verificar
as suas hipóteses, aplicam a uma amostra de 114 estudantes chineses,
com idades entre os 17 e os 22 anos, o NEO-PI, o NEO-Supplement e o
Schwartz Value Survey. A dimensão Neuroticismo revelou-se um fraco
preditor dos valores, levando à rejeição de quase todas as hipóteses que a
relacionavam com valores específicos. As mais fortes associações entre a
dimensão N e os valores encontram-se numa correlação positiva com
Segurança (0.20) e numa negativa com Estimulação (-0.16), ambas
significativas a p<0.05. A dimensão Extroversão correlaciona-se positiva
e significativamente a p<0.01 com Estimulação e com Benevolência
(0.25 e 0.24, respectivamente) e negativamente cora Tradição (-0.20,
p<0.05). A dimensão O correlaciona-se fortemente com o Universalismo
(0.37, p<0.01) e com Autonomia (0.17, p<0.05) e negativamente com
Poder (-0.26, p<0.01) e com Conformidade (-0.16, p<0.05), o que apenas
apoia parcialmente as hipóteses dos autores. A dimensão Amabilidade
1 3 6
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
parece ser o melhor preditor dos valores, uma vez que as correlações
encontradas com os domínios dos valores apoiam as hipóteses
formuladas. Assim, A encontra-se correlacionada positiva e
significativamente (a p<0.01) com Benevolência, Tradição e
Conformidade (0.45, 0.40 e 0.17, respectivamente) e a p<0.05 com
Universalismo (0.17). Encontram-se correlações negativas e também
significativas a p<0.01 com Realização (-0.40), Hedonismo (-0.37) e
Poder (-0.36) e significativas a p<0.05 com Autonomia (-0.18). A
dimensão Conscienciosidade correlaciona-se positivamente com
Conformidade (0.20, p<0.05) e negativamente com Auto-Direcção (-0.23,
p<0.01) e com Hedonismo (-0.20, p<0.05). Contudo, os dados aqui
obtidos dificilmente serão generalizáveis para a população portuguesa,
tendo em conta as diferenças culturais entre os países. Embora a China
não tenha feito parte do Estudo sobre a Importância do Trabalho, os
resultados obtidos por Trentini & Muzio (1995) e por Sverko & Super
(1995), revelam a importância das variáveis relacionadas com as
tradições culturais no sistema de valores dos indivíduos, o que faz supôr
que as relações encontradas com amostras europeias ou americanas
possam ser muito diferentes das encontradas com sujeitos chineses no
estudo de Luk & Bond (1993).
4.2. F u n d a m e n t a ç ã o e a p r e s e n t a ç ã o d a s h ipó teses
Quase todos os estudos referidos, embora revelando associações
claras entre valores e personalidade, foram realizados com amostras
137
Capítulo 4
reduzidas - o que não permite a análise do efeito de variáveis como o
sexo ou as habilitações - e com instrumentos pouco actuais se
considerarmos as evoluções teóricas verificadas nos anos 90 quer ao
m'vel dos valores, com os resultados obtidos internacionalmente com o
projecto WIS quer ao nível da personalidade com o reconhecimento de
um modelo de personalidade compreensivo como o Modelo dos Cinco
Factores. E nesse contexto que este trabalho se propõe analisar o sistema
de valores dos sujeitos, as suas características de personalidade e as
relações entre os valores e a personalidade, utilizando instrumentos de
medida mais consonantes com as evoluções teóricas verificadas. Nesse
sentido, utilizar-se-á a Escala de Valores WIS como medida dos Valores,
por ser um instrumento internacional com uma versão portuguesa. Para
avaliar a personalidade, optou-se pela versão reduzida do NEO-PI de
Costa & McCrae. Esta escolha teve em consideração a posição de Kline
(1993) que admite poder ser este, o melhor instrumento de medida dos
cinco factores e de Ostendorf & Angleitner (1994) que, num estudo
comparativo de diferentes instrumentos propostos para medir os cinco
factores, referem como sendo o NEO-PI-R o inventário de personalidade
mais compreensivo. Serão estudadas as hipóteses que a seguir se
apresentam.
Em relação aos valores:
Hipótese 1: tendo em conta os dados obtidos quer em Portugal
(Duarte, 1984; Rafael, 1992; Teixeira, 1988), quer em estudos
internacionais (Sverko & Super, 1995), espera encontrar-se as médias
mais elevadas nas escalas de Desenvolvimento Pessoal, Utilização das
1 3 8
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
Capacidades e Realização e as mais baixas nas de Risco, Autoridade e
Prestígio:
Hipótese 2: embora se possam encontrar diferenças significativas
entre os valores dos indivíduos de diferentes grupos etários (Coetsier &
Claes, 1995; Duarte, 1993), a proximidade das idades dos indivíduos que
constituem a amostra, permite prever que não se encontrem diferenças
importantes nas médias obtidas nas diferentes escalas pelos sujeitos com
idades entre os 18 e os 25 e pelos sujeitos com idades entre os 26 e os 35,
particularmente no caso das escalas onde cada grupo obtém as médias
mais altas e as mais baixas (Casserly, Fitzsimmons & Macnab, 1995;
Sverko, Jemeic ' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic'. 1995; Trentini, 1995;
Yates, 1985, cit. emNevi l l , 1995b).
EUpótese 3: pode esperar-se que, em geral, os valores com médias
mais elevadas e mais baixas sejam os mesmos para homens e para
mulheres. Pode, no entanto, esperar-se encontrar diferenças significativas
na escala Altruísmo, a favor do sexo feminino e na escala Autoridade,
com vantagem para os homens (Duarte, 1984; Homowska &
Paluchowski, 1995; Langley, 1995; Marques, 1983; èverko, Jemeic',
Kulenovic ' & Vizek-Vidovic' , 1995; Teixeira, 1988, 1995; Trentini,
1995).
Hipótese 4: uma vez que o nível profissonal dos sujeitos é
semelhante, pode esperar-se que não existam diferenças importantes entre
as médias obtidas em cada escala pelos dois grupos definidos pelas
habilitações literárias, especificamente no caso em que os grupos obtêm
139
Capítulo 4
as médias mais altas e mais baixas (Sverko, Jemeic', Kulenovic' &
Vizek-Vidovic', 1995).
Hipótese 5: tendo em conta alguns estudos portugueses com
esta Escala (Duarte. 1984; Marques, 1995; Rafael, 1992; Teixeira, 1988,
1995), e os estudos internacionais decorrentes do projecto WIS (Sverko,
1995; èverko & Super, 1995), pode esperar-se que uma análise em
componentes principais das diferentes escalas que constituem a Escala de
Valores WIS conduza a uma solução de quatro ou cinco factores com
eigenvalues superiores a 1.
Em relação às características de personalidade avaliadas, pode
esperar-se que:
Hipótese 6: não existam diferenças importantes entre os
sujeitos .dos dois.grupos d e M d p s pelas habilitações literárias, embora se
possa esperar que no grupo com maior escolaridade seja mais elevada a
média de Abertura à Experiência, dado que a literatura refere a existência
de uma relação positiva entre a escolaridade e essa dimensão da
personalidade (Costa & McCrae, 1992b; Lima, no prelo).
Hipótese 7: como alguns estudos sugerem, as médias obtidas
pelo sexo feminino sejam mais elevadas em N-Neuroticismo, A-
Amabilidade e C - Conscienciosidade que as obtidas pelo sexo
masculino, enquanto que as obtidas pelos homens tendam a ser mais
elevadas em E-Extroversão (Costa & McCrae, 1992b ; Lima, no prelo).
Hipótese 8: embora alguns estudos encontrem uma relação
negativa en^e a idade e as características de personalidade N, E e O e
uma relação positiva entre a idade e as características A e C (Costa &
1 4 0
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
McCrae, 1992b; Lima, no prelo), a proximidade dos grupos etários que
constituem a amostra e a estabilidade das características de personalidade
no adulto (Costa & McCrae, 1986; Costa & McCrae, 1988b; McCrae,
1993; McCrae & Costa, 1990), fazem prever que não se encontrem
diferenças importantes entre as médias dos sujeitos com idades entre os
18 e os 25 anos e os com idades entre os 26 e os 35.
Hipótese 9: dado que o NEO-FFI se propõe medir os cinco
domínios da personalidade em cinco escalas, espera-se que uma análise
em componentes principais dos itens do NEO-FFI conduza a cinco
factores correspondentes às escalas das provas (Costa & McCrae, Í992b;
Costa, McCrae & Dye, 1991; Lima, no prelo).
No que diz respeito à relação entre valores e personalidade, e de
acordo com os dados sugeridos pela defmição das próprias escalas (Costa
& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e por trabalhos que relacionam
as dimensões da personalidade com os valores ou com outras variáveis
motivacionais como os interesses ou as necessidades, pode esperar-se
que:
Hipótese 10: dado a fraca relação do Neuroticismo com os
valores encontrada por alguns autores, (por exemplo, Luk & Bond, 1993),
não apareçam relações significativas consistentes entre N e as escalas da
Escala de Valores U^S, com excepção de uma relação inversa entre N e
alguns valores de Orientação para a Expressão Individual como
Variedade, relacionada com as necessidades de segurança encontradas
nos Neuróticos ou como Autonomia, aqui considerada como o inverso
141
Capítulo 4
das necessidades de Dependência, referidas em estudos que relacionam as
necessidades de Murray com variáveis de personalidade (Costa &
McCrae. 1988a; Piedmont, McCrae & Costa, 1992).
Hipótese 11: considerando a própria definição das escalas (Costa
& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que
relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões
da personalidade, pode-se esperar que apareça uma relação positiva quer
de Extroversão quer de Amabilidade com os valores que Sverko (1995)
designa como de Orientação Social (Costa & McCrae, 1988a; Costa,
McCrae & Holland, 1984; Gottfredson, Jones & Holland, 1993; Luk &
Bond, 1993; Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Tokar & Swanson,
1995).
Hipótese 12: considerando a própria definição das escalas (;
Costa & McCrae, 1992b; Nevill. & Super, 1986) e alguns estüdos que
relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões,
da personalidade, pode-se também esperar que apareça uma relação
positiva entre Extroversão - que inclui facetas como Actividade ou a
Procura de Excitação - e valores relacionados com a necessidade de
estimulação como Variedade ou valores de Orientação para a Aventura
como Risco (Costa & McCrae, 1988a; Costa, McCrae & Holland, 1984;
Fumham, 1984; Gottfredson, Jones & Holland, 1993; Luk & Bond, 1993;
Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Rim, 1985; Tokar & Swanson, 1995).
Hipótese 13: considerando a própria definição das escalas e das
facetas de O - Fantasia, Estética, Sentimentos, Acções, Ideias, Valores -
(Costa & McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que
1 4 2
Valores e Personalidade: Relações entre Personalidade, Variáveis Motivacionais e Carreira
relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões
da personalidade, pode prever-se encontrar uma relação positiva entre
Abertura à Experiência e valores como Estético, Criatividade, Variedade
Utilização das Capacidades ou Desenvolvimento Pessoal (Costa &
McCrae, 1988a; Costa, McCrae & Holland, 1984; Gottfredson, Jones &
Holland, 1993; Luk & Bond, 1993; McCrae, 1987; Piedmont, McCrae &
Costa, 1991; Tokar & Swanson, 1995).
Hipótese 14: considerando a própria definição das escalas (Costa
& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que
relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões
da personalidade, pode prever-se que apareça uma relação inversa entre
Conscienciosidade - que no NEO-FFI apenas inclui itens das facetas de
Ordem, Dever, Luta pela Aquisição e Auto-Disciplina - e a valorização
da não conformidade às regras. SupÕe-se, assim, que apareçam
correlações negativas entre C e os valores com elevadas saturações no
factor de Orientação para a Expressão Individual, de acordo com a
definição de èverko (1995), mais relacionados com a liberdade individual
ou com a não conformidade às normas vigentes e de que Estilo de Vida é
um exemplo (Costa & McCrae, 1988a; Gottfredson, Jones & Holland,
1993; Luk & Bond, 1993; Piedmont, McCrae & Costa, 1991; Tokar &
Swanson, 1995).
Hipótese 15: considerando a própria definição das escalas (Costa
& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que
relacionam valores ou outras variáveis motivacionais com as dimensões
143
Capítulo 4
da personalidade, supõe-se que apareça uma relação positiva entre
Conscienciosidade - que inclui uma faceta de Luta pela Aquisição e outra
de Auto-Disciplina - e alguns dos valores que Sverko (1995) define como
de Orientação Utilitária relacionados com o desejo de fazer bem e de
progredir como Promoção ou Realização (Brown & Watkins, 1994;
Costa & McCrae, 1988a; Gottfredson, Jones & Holland, 1993; Piedmont,
McCrae & Costa, 1991; Tokar & Swanson, 1995).
Hipótese 16: considerando a própria definição das escalas (Costa
& McCrae, 1992b; Nevill, & Super, 1986) e alguns estudos que
relacionam valores ou outras variáveis motivacionais cora as dimensões
da personalidade, pode-se prever que apareça uma relação positiva entre
Conscienciosidade - que inclui uma faceta de Luta pela Aquisição e
Auto-Disciplina - e alguns dos valores que Sverko (1995) define como de
Orientação para a Auto-Actualização como Utilização das Capacidades
ou Desenvolvimento Pessoal (Brown & Watkins, 1994; Costa & McCrae,
1988a; Gottfi-edson, Jones & Holland, 1993; Piedmont, McCrae & Costa,
1991; Tokar& Swanson, 1995).
Hipótese 17: tendo em conta a distinção teórica entre os
conceitos de valor e de dimensão da personalidade e as relações previstas
entre as escalas de cada um dos instrumentos de medida utilizados, pode-
se esperar que uma análise em componentes principais às escalas dos dois
instrumentos, em conjunto, permita identificar factores semelhantes aos
previstos pela hipótese 5, e ainda um ou vários factores distintos de
personalidade.
1 4 4
Capítulo 5
5.1. Instrumentos ut i l i zados
O trabalho desenvolvido teve por objectivo fundamental o estudo
dos valores e das dimensões da sua personalidade, tal como concebidas
pelo modelo dos Cinco Grandes Factores, bem com a relação entre estas
duas variáveis em adultos trabalhadores. Procurou-se também recolher
dados sobre as propriedades métricas dos instrumentos utilizados para a
sua medida, neste tipo de população.
A prova escolhida para a medida dos valores foi a Escala de
Valores WIS (2" edição), por ser construída em Portugal, estar bastante
bem estudada na população portuguesa e resultar de estudos muito
recentes conduzidos a nível internacional. Esta última característica tem a
vantagem adicional de permitir comparar os dados obtidos com estudos
feitos noutros países com o mesmo instrumento.
— P a r a avaliar as cinco grandes dimensões da personalidade,
utilizou-se o NEO-FFI: NEO Five Factor Inventory, versão reduzida do
NEO-PI (R): NEO Personality Inventory Revised. Este instrumento, a lém
de ter sido concebido para operacionalizar o modelo dos cinco factores
{Five Factor Model), tem sido amplamente estudado ao nível
internacional, estando, neste momento a ser adaptado pela Dr* Margarida
Lima e pelo Prof Doutor António Simões na Universidade de Coimbra.
Contudo, por limitações práticas relacionadas com a não conclusão a
tempo dos trabalhos de adaptação do NEO-Pl (R) à data do inicio das
aplicações e por dificuldades postas pelo editor da prova (PAR:
1 4 6
Metodologia Geral
Psychological Assessment Resources, ínc.)^ optou-se por utilizar a versão
reduzida do mesmo instrumento.
5,1,1. Escala de Valores W I S (2" edição)
Esta edição da Escala de Valores WIS deriva, como já se referiu
no ponto 2.2, da revisão da Escala de Valores, versão de 1981, a partir
dos resultados obtidos pelos diferentes países participantes no projecto
WIS.
Tal como também já foi referido no capítulo 2, esta 2® edição, no
caso da versão portuguesa, é constituída por 18 escalas, cada uma com 5
itens num total de 90 itens. A apresentação dos itens é feita segundo uma
ordem que determina que ao 1° item da 1® escala se siga o 1® item da 2°
escala, depois o 1® item da 3" escala e assim sucessivamente de modo a
que o item 19 seja o 2® da 1® escala, o 20, o 2' da 2' escala etc. Esta
sequência permite que, na folha de resposta, todos os itens da mesma
?
escala apareçam na mesma linha. A pontuação de cada escala será dada
pelo somatório das pontuações dadas pelo sujeito a cada um dos itens que
a constitui.
Destes cinco itens, os três primeiros são comuns a todos os países,
o que faz com que os itens 1 a 54 sejam os "intemacionais" e os itens 55
a 90 sejam os "nacionais". Todas as escalas têm itens relacionados com
os valores do trabalho e itens relacionados com os valores da vida em
geral. Apenas na escala Condições de Trabalho, todos os itens se referem
a valores do trabalho (Marques, Alves, Duarte & Afonso, 1985).
O material da prova consiste num caderno onde estão as
instruções e os itens numerados e uma folha de resposta. 147
Capítulo 5
Na frente do caderno, estão as instruções. Nas três restantes
páginas são apresentados os itens. Na V página do caderno explica-se a
forma de responder, incluíndo-se a escala com base na qual os sujeitos
devem dar as suas respostas.
Essa escala tem 4 pontos, em que o valor mínimo é 1 e o máximo
4 e cujo significado é o seguinte:
1. pouca ou nenhuma importância
2. alguma importância
3. bastante importante
4. muito importante
Na frente da folha de respostas, pede-se ao sujeito que indique
nome, sexo, idade, data de nascimento, data da prova, habilitações
literárias, escola e ano que frequenta, estado civil, localidade onde reside,
a sua situação actual em relação a estudo, tarefas de casa e emprego,
estudos e profissão do pai e da mãe. No caso dos sujeitos que estão ou j á
estiveram empregados, são-Íhes pedidos alguns dados face à sua
profissão actual ou à sua última profissão, consoante estejam empregados
ou desempregados, nomeadamente, a profissão e as funções que
desempenha ou desempenhou, a empresa onde o faz e há quanto t empo
trabalha.
No verso da folha de respostas, volta a apresentar-se a escala que
os sujeitos deverão utilizar para dar as suas respostas. Estão
representados os 90 itens, cada um dos quais seguido pelas opções de
resposta de I a 4 que o sujeito deve assinalar.
1 4 8
Metodologia Geral
O estudo das características metrológicas da prova foi feito quer
na versão americana, publicado no Manual (Nevill & Super, 1986) quer
na versão portuguesa.
Em Portugal, e tal como também já se referiu no capítulo 2, este
estudo foi feito com base no chamado estudo principal. A 2° edição da
versão portuguesa da Escala de Valores WIS foi, assim, aplicada a 1199
estudantes do 10° ano e a 1189 estudantes do 12® ano. Estes estudantes
vinham de populações rurais e urbanas de diversas regiões geográficas de
Portugal Continental: noroeste, nordeste e sul. Foi também aplicada a 580
estudantes do ensino superior de diferentes cursos, procurando
representar-se os cinco tipos de Holland (Marques, 1995).
Foram calculados os valores do alfa de Cronbach para as amostras
do ensino secundário quer em relação aos cinco itens da escala
portuguesa quer apenas em relação aos três itens comuns às escalas de
todos os países participantes no projecto.
Na amostra do 12° ano, para as escalas de três itens, os
coeficientes alfa de Cronbach são todos superiores a 0.60 havendo alguns
a atingir os 0.70. Na amostra do 10° ano os coeficientes alfa assumem
valores mais baixos, principalmente quando são calculados com base em
apenas três itens (Marques, 1995),
Em relação à validade da prova, a forma como os itens foram
escritos - por um mínimo de três especialistas, de acordo com as
defmições acordadas - garante uma boa validade facial. Além disso, todos
os itens foram revistos nas reuniões de directores dos projectos dos vários
países. O facto da construção se ter baseado em extensas revisões
149
Capítulo 5
bibliográficas e no levantamento das taxonomias de valores
anteriormente surgidas e dos itens terem sido seleccionados com base nas
correlações item-escala e em análises factoriais, significa que a
metodologia adoptada no desenvolvimento da prova teve em conta não só
a questão da sua validade mas ainda a sua consistência interna e a
independência das escalas (Nevill & Super, 1986).
No estudo principal do projecto WIS, foram também calculadas
as correlações entre as diferentes escalas quer considerando apenas os
três itens comuns a todas as versões quer considerando os cinco itens da
versão portuguesa.
No caso das escalas com três itens, as intercorrelações variam
entre -0.3 e -0.8, para a amostra do 10° ano, e 0.02 e 0.03, para a amostra
do !2® ano nas escalas Estilo de Vida e Económico com a escala
Altruísmo e 0.55, no 10° ano e 0.64, no 12° ano, entre Promoção e
Económico.
Considerando as escalas com os 5 itens, os valores obtidos são
bastante semelhantes cora as correlações menores a surgirem entre as
escalas Estilo de vida e Altruísmo (com valores muito baixos também
para a relação entre Altruísmo e as escalas Económico, Autonomia ou
Autoridade) e as maiores a surgirem entre as escalas Interacção Social e
Relações Sociais (0.63, para o 12° ano e 0.65 para o 10° ano), mantendo-
se elevados os coeficientes de correlação (também superiores a 0.60)
entre as escalas Económico e Promoção. Com valores iguais ou
superiores a 0.50 surgem, na amostra do 10° ano as correlações entre
Utilização das Capacidades e Realização; Promoção e Autoridade;
1 5 0
Metodologia Geral
Prestígio com Promoção, com Autoridade e com Económico; Altruísmo
com Estético e Autoridade com Económico. N o grupo do 12® ano, as
escalas que apresentam correlações iguais ou superiores a 0.50 mas
inferiores a 0.60 são Autoridade com Promoção, Altruísmo com Estético,
Desenvolvimento Pessoal com Utilização das Capacidades e Prestígio
com Promoção, Autoridade e Económico (Marques, Miranda, Pinto &
Afonso, 1984).
Também nas amostras portuguesas consideradas no estudo
principal do projecto WIS, e para as escalas com 5 itens, foi realizada
uma análise em componentes principais seguida de rotação pelo método
varimax, sendo considerado o critério de eigenvalue superior a 1 para
determinar o número de factores. Desse modo, encontraram-se, para a
amostra do 10® ano, 4 factores que explicam 53% da variância.
O primeiro factor inclui os valores de orientação pessoal -
Utilização das Capacidades, Desenvolvimento Pessoal, Realização e
Estético, o 2® factor relaciona-se com os valores materiais - Económico,
Promoção, Prestígio e Autoridade, o 3® factor com os valores de
expressão individual - Autonomia, Risco e Estilo de Vida e um 4® factor,
com os valores de orientação social - Interacção Social, Altruísmo e
Relações Sociais - e ainda com Actividade Física e Variedade (Marques,
1995).
Para a amostra do 12° ano surgem também quatro factores mas
que sugerem uma interpretação algo diferente: um primeiro factor onde
aparecem simultaneamente valores de orientação pessoal
(Desenvolvimento Pessoal, Estético e Utilização das Capacidades) e
151
Capítulo 5
valores de orientação social (Altruísmo, Interacção Social e Relações
Sociais); um 2® factor e um 3® factores correspondentes aos 2® e 3°
factores da amostra do 10® ano e um 4® factor onde aparecem os valores
Risco, Actividade Física e Variedade (Marques, 1995).
Para a amostra do Ensino Superior aparecem cinco factores que
explicam 63.2% da variância: o primeiro factor agrupa a Utilização das
Capacidades, Desenvolvimento Pessoal, Realização e Estético com
Autonomia e Estilo de Vida. O 2® factor relaciona-se com os valores
materiais - Económico, Promoção, Prestígio e Autoridade; o 3® factor
agrupa os valores orientação social - Interacção Social, Altruísmo e
Relações Sociais, como acontecia no 4® factor da amostra do 10® ano mas
sem Actividade Física e Variedade; o 4® factor inclui Risco e Variedade
como no 12® ano e um 5® factor onde têm saturações mais elevadas as
escalas Actividade Física e Condições de Trabalho (Marques, 1995).
O Quadro n® 5.1.1.1.sintetiza os resultados encontrados na análise
em componentes principais no estudo principal deste instrumento. Os
valores são apresentados por ordem decrescente da saturação no factor.
Alguns estudos feitos em Portugal e já anteriormente citados,
permitiram também recolher dados sobre as características psicométricas
da Escala de Valores, na aplicação com adultos.
N o que diz respeito à precisão da Escala de Valores, Rafael
(1992) e Duarte (1993) calculam os coeficientes a de Cronbach das
escalas a partir de amostras de adultos.
Rafael (1992) encontra, para a amostra total (n=479) coeficientes
alfa de Cronbach entre 0.58 e 0.86. O valor mais baixo corresponde à
1 5 2
Metodologia Geral
escala Desenvolvimento Pessoal, logo seguida por 0.59 em Utilização das
Capacidades e por 0.66 em Relações Sociais. Os mais altos surgem nos
valores Altruísmo e Risco, ambos com 0.86 e em Estético com 0.83.
QUADRO N® 5 . l . 1.1. RESULTADOS DA ANÁLISE EM COMPONENTES PRINCIPAIS (MARQLFES,
10* ano 1 2 ' a o o Ensino Superior Factor 1 Utilização das
Capacidades, Desenvolvimento
Pessoal Realização
Estético
Altruísmo Interacção Social Relações Sociais Desenvolvimento
Pessoal Estético
Utilização da.s Capacidades
Utilização das Capacidades,
Desenvolvimento Pessoal
Realização Estético
Autonomia Estilo de Vida
Factor 2 Económico Autoridade Promoção Prestígio
Económico Autoridade Promoção Prestígio
Económico Autoridade Promoção Prestígio
Factor 3 Estilo de Vida Autonomia
Risco
Estilo de Vida Autonomia
Risco
Interacção Social Altruísmo
Relações Sociais
Factor 4 Interacção Social Altruísmo
Relações Sociais Actividade Física
Variedade
Risco Actividade Física
Variedade
Risco Variedade
Factor 5 Actividade Física Condições de
Trabalho n=1199 n=1189 n=580
Duarte (1993), na amostra masculina (n=881), encontra
coeficientes alfa entre 0.63 e 0.82. Os mais elevados correspondem às
escalas Criatividade (.82), Estético (.81) e Altruísmo (0.78) e os mais
baixos às escalas Realização (0.66), Interacção Social (0.66) e Relações
Sociais (0.63). A maior parte dos coeficientes (11 em 18) são iguais ou
superiores a 0.70 e os restantes situam-se entre 0.63 e 0.69.
Dados sobre as intercorrelações das escalas com amostras de
adultos portugueses, são referidas em Rafael (1992) e Duarte (1993).
Rafael (1992) encontra resultados muito próximos dos obtidos no estudo
153
Capítulo 5
principal do projecto com as amostras do ensino secundário. Os
coeficientes de correlação encontrados variam de -0.01 entre as escalas
Económico e Altruísmo a 0.69 entre Estilo de Vida e Autonomia. Com
valores iguais ou superiores a 0.60 surgem, para além das já referidas, as
escalas Interacção Social e Relações Sociais com um coeficiente de 0.66,
Promoção e Económico com 0.62, Estilo de Vida e Desenvolvimento
Pessoal com 0.61 e Utilização das Capacidades e Realização com 0.60.
Com valores superiores a 0.50 encontrou correlações entre as escalas
Utilização das Capacidades e Criatividade; Realização e Promoção;
Criatividade e Variedade; Estético e Altruísmo; Autonomia e
Desenvolvimento Pessoal; Autoridade e Prestígio; Promoção e
Autoridade; Promoção e Prestígio; Relações Sociais e Variedade. As
correlações mais baixas encontraram-se, para -além das escalas- já
referidas, entre os valores Económico e Interacção Social com um
coeficiente de correlação de 0.08, entre Autonomia e Interacção Social
com 0.09 e entre Autoridade e Relações Sociais com 0.10.
Duarte (1993), na amostra masculina de adultos (n=881), encontra
correlações entre as escalas que variam entre 0.19 (entre as escalas
Utilização das Capacidades e Risco, Altruísmo e Estilo de Vida e entre
' Autonomia e Condições de Trabalho) e 0.71 (entre as escalas Estético e
Altruísmo). Encontrou coeficientes de correlação iguais ou superiores a
0.60 entre as escalas: Utilização das Capacidades e Realização (0.62),
Realização e Promoção (0.62), Estético e Altruísmo (0.71) e Interacção
Social e Relações Sociais (0.64). A autora encontrou correlações iguais
ou superiores a 0.50 mas inferiores a 0.60, entre as escalas Utilização das
154
Metodologia Geral
Capacidades e Promoção, Utilização das Capacidades e Criatividade,
Utilização das Capacidades e Desenvolvimento Pessoal, Realização e
Criatividade, Promoção e Estético, Promoção e Autoridade, Promoção e
Criatividade, Promoção e Económico, Promoção e Desenvolvimento
Pessoal, Promoção e Prestígio, Estético e Actividade Física, Estético e
Económico, Estético e Altruísmo, Estético e Prestígio, Altruísmo e
Actividade Física, Autoridade e Autonomia, Autoridade e Prestígio,
Autonomia e Criatividade, Autonomia e Estilo de Vida, Autonomia e
Desenvolvimento Pessoal, Criatividade e Desenvolvimento Pessoal,
Económico e Desenvolvimento Pessoal, Estilo de Vida e
Desenvolvimento Pessoal, Interacção Social e Variedade e, por fim.
Relações Sociais e Variedade. Os coeficientes mais baixos, para além do
resultado de 0.19 já atrás referido, encontram-se ainda entre as escalas
Autoridade e Condições de Trabalho e Estilo de Vida e Condições de
Trabalho. Contudo, na sua maioria as correlações entre as escalas são de
moderadas a elevadas, com valores superiores a 0.30.
Também em Rafael (1992) e Duarte (1993), são apresentados
resultados obtidos no estudo factorial da escala de Valores WIS, com
amostras de adultos portugueses, aplicada a adultos.
No seu estudo com adultos a fi-equentar cursos de formação de
professores, Rafael (1992) fez uma análise em componentes principais
com rotação varimax da matriz e encontrou 5 factores com eigenvalue
superior a 1 que explicam 66.8% da variância total dos resultados.
Considerando as saturações iguais ou superiores a 0.50, o autor encontrou
um factor 1 defmido pelas escalas Promoção, Económico, Prestígio,
155
Capítulo 5
Realização e Autoridade (todas com saturações superiores a 0.60), um
factor 2 definido pelas escalas Estilo de Vida, Autonomia e
Desenvolvimento Pessoal (também com saturações superiores a 0.60),
um factor 3 defmido por Altruísmo, Estético, Utilização das Capacidades
e Criatividade, um factor 4 definido pelas Relações Sociais, Interacção
Social e Variedade e um factor 5 definido principalmente por Risco mas
também por Actividade Física e Autoridade.
Duarte (1993), também com adultos, encontra 4 factores e não 5:
um factor 1 definido principalmente pelas escalas Utilização das
Capacidades, Realização, Promoção, Criatividade, Económico e
Desenvolvimento Pessoal, um factor 2, definido por Altruísmo,
Interacção Social, Relações Sociais, Condições de Trabalho, Estético e
Actividade Física, um factor 3 definido por Estilo de Vida, Autonomia,
Variedade e Desenvolvimento Pessoal e um factor 4 defmido por
Autoridade, Prestígio e Risco.
O Quadro 5.1.1.2. apresenta a síntese dos dados destes dois
estudos. As escalas são apresentadas por ordem decrescente da sua
saturação no factor.
Embora a escala de Valores WIS tenha sido mais estudada com
populações de estudantes, os dados encontrados em relação às suas
propriedades psicométricas, são bastante satisfatórios cora adultos,
garantindo-lhe um lugar privilegiado entre os instrumentos de medida de
valores actualmente existentes. Contudo, face á relativa escassez de
dados referentes a populações adultas, utilizaram-se as respostas da
amostra total do presente estudo para analisar as características
1 5 6
Metodologia Geral
metrológicas da prova. Esses elementos são apresentados no capítulo 6,
no ponto 6.1.
QUADRO N® 5.1.1.2. SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS NA ANÁLISE EM
adultos (RaCael, 1992, p. 161)
adultos (Duarte, 1993, p.370)
Factor 1 Promoção* Económico*
Prestígio* Realização*
(Autoridade)*
Realização* Utilização das Capacidades*
Promoção* Criatividade
(Desenvolvimento Pessoal) Económico
Factor 2 Estilo de Vida* Autonomia*
Desenvolvimento Pessoal*
Altruísmo* Interacção Social* Relações Sociais*
Estético Actividade Física
Condições de Trabalho Factor 3 Altruísmo*
Estético* Utilização das Capacidades
Criatividade
Estilo de Vida* Autonomia* Variedade*
(DesenvoKimento Pessoal) Factor 4 Relações Sociais
Interacção Social Variedade
Autoridade* Prestígio*
Risco* Factor 5 Risco*
Actividade Física (Autoridade)
n=479 (Homens e Mulheres) n=881 (Homens) * saturações iguais ou supenores a 0.60
( ) escala que aparece em mais do que um factor
5.1.2. N E O Five-Factor Inven to ry : N E O - F F I
Como atrás se referiu, o NEO-FFI é uma forma reduzida do NEO-
PI -R constituída por 60 dos seus 240 itens. Ambos peraiitem avaliar a
personalidade dos indivíduos em cinco domínios: Neuroticismo (N) ,
Extroversão (E), Abertura à Experiência (O), Amabilidade (A) e
Conscienciosidade (C). Contudo, o NEO-FFI não permite avaliar as
facetas dentro de cada domínio como acontece no NEO-PI -R.
A versão portuguesa do NEO-FFI mantém os mesmos 60 itens do
instrumento americano. Como já se referiu neste capítulo, por indicação
do editor PAR: Psychological Assessment Resources, Inc., foi utilizada a
157
Capítulo 5
tradução feita por Lima e Simões (1995), já aprovada pelos autores. A
partir desta tradução, foi elaborado o material da versão portuguesa. Este
consiste num caderno e numa folha de respostas. Na frente do caderno,
estão as instruções e nas duas páginas seguintes apresentam-se os 60 itens
numerados. A folha de resposta foi concebida de acordo com o modelo
americano, de modo a ser uma folha dupla com papel químico incluído.
Desta forma, a folha onde o sujeito escreve as respostas tem, para além
do cabeçalho, os números correspondentes a cada item estando cada item
seguido pelas iniciais das altemativas de resposta: DF • Discordo
Fortemente, D - Discordo, N - Neutro, C - Concordo e CF - Concordo
Fortemente. A sequência dos itens segue em linha e não em coluna, de
forma a que todos os itens do mesmo domínio apareçam na mesma
coluna na folha de respostas. No cabeçalho é pedido ao sujeito que
escreva o seu nome, sexo, idade, profissão, habilitações literárias e data
do exame. Quando o sujeito assinala a sua opção, esta fica
automaticamente registada na folha de baixo (colada à primeira de forma
a que o sujeito não possa ver o que tem escrito). A folha de baixo, em vez
das altemativas de resposta DF a CF tem inscrito, o número de pontos
que corresponde a cada resposta (de O a 4 ou de 4 a O consoante o item
esteja feito na forma afirmativa ou negativa).
A cotação é assim realizada a partir do simples somatório de
pontos em cada coluna depois de arrancada a folha de cima onde o sujeito
registara as suas respostas. Cada coluna corresponde a um dos cinco
domínios da personalidade. As respostas omissas devem ser cotadas
como correspondendo à resposta neutra.
1 5 8
Metodologia Geral
Os autores recomendam que, antes de se cotar qualquer prova, se
verifique como o sujeito respondeu aos três validity check items. Só se
devem cotar as provas em que os sujeitos não deixaram mais que 9 itens
em branco. Em todo o caso, qualquer escala em que haja mais do que 4
respostas omissas deve ser interpretada com muito cuidado (Costa &
McCrae, 1992b).
O estudo das características metrológicas do instrumento na
versão americana incluiu a precisão e a validade e é apresentado no
Manual (Costa & McCrae, 1992b).
As correlações das escalas do NEO-FFI com as escalas de
domínio do NEO-PÍ-R foram obtidas numa amostra de cerca de 400
homens e 300 mulheres que participou num estudo longitudinal sobre o
envelhecimento {Augmented Baltimore Longitudinal Study of Aging,
designada abreviadamente por ABLSA) e foram de 0.92, 0.90. 0.91, 0.77
e 0.87, respectivamente para N, E, O, A e C. Isto permite utilizar o NEO-
FFI com alguma garantia de estar a avaliar os mesmos domínios que com
o NEO-PI-R. As maiores reservas surgem com a escala Amabil idade já
que a correlação entre as escalas das duas versões é de 0.77, resultado
muito inferior ao que aparece para qualquer dos outros domínios. A
amostra designada por Employment Sample (n=1539), consistindo de
sujeitos empregados numa grande empresa americana, foi utilizada para o
estudo da consistência interna do NEO-FFI, com base no coeficiente alfa
dc Cronbach. Foraiu cncunlrados coeficientes de 0.86, 0.77, 0.73, 0.68 e
0.81, para N, E, O, A e C, respectivamente. Num dos raros estudos que
utilizam o NEO-FFI, como medida dos cinco factores, os coeficientes a
159
Capítulo 5
de Cronbach, com uma amostra de 243 mulheres canadianas e estudantes
universitárias, são muito semelhantes a estes correspondendo, pela
mesma ordem, a 0.87, 0.84, 0.73, 0.75 e 0.81 (Holden & Fekken. 1994).
Já mais recentemente, num estudo com uma amostra de 601
indivíduos, o coeficiente a de Cronbach encontrado para as cinco escalas
do NEO-FFl estão também muito próximos destes, com 0.84, 0.75, 0.74,
0.75 e 0.83, respectivamente paxa N , E, O, A e C (Mooradian & Nezlek,
1996). Estes coeficientes podem ser considerados satisfatórios, sendo o
mais baixo o referente à escala A, embora sejam inferiores aos
correspondentes ao NEO-PI-R.
Como não existe versão R (para avaliação por observadores, por
contraponto à forma S, para self-report) para o NEO-FFl, foram
calculados os resultados correspondentes a uma forma R, utilizando as
respostas dadas aos itens correspondentes DO NEO-Pl-R forma R pelos
cônjuges ou por pares dos sujeitos sobre os próprios sujeitos. Isto
permitiu que se obtivessem as correlações entre os resultados obtidos
pelo sujeito no NEO-FFI em auto-avaliação e os resultados obtidos em
flmção da avaliação de outros sujeitos. As correlações obtidas entre as
auto-avaliaçôes e as avaliações dos cônjuges são de 0.52, 0.64,0.65, 0.63
e 0.44, respectivamente para N, E, O, A e C, enquanto que as correlações
entre as auto-avaliações e as avaliações de pares são mais baixas,
variando entre os 0.33 e os 0.48 (0.36, 0.39, 0.48, 0.40, 0.33,
respectivamente para N, E, O, A e C), mas todas significativas a p<0.001.
Estes resultados constituem bons indicadores de validade inter-
observadores.
1 6 0
Metodologia Geral
As correlações entre as respostas dos sujeitos ao NBO-FFI e a
avaliação feita três anos anos com base em adjectivos, são bastante mais
altas, com 0.62 para N, 0.60 para E, 0.56 para O, 0.57 para A e 0.61 para
C. (Costa & McCrae, 1992b).
Outros dados referentes à analise de itens e ao estudo da
adaptação portuguesa do NEO-PI - R (de onde são retirados todos os
itens do NEO-FFI) foram já apresentados e referidos no ponto 3.3.
Apesar de todos os seus itens já terem sido estudados na
adaptação portuguesa do NEO-PI -R, os dados referentes à amostra total
deste estudo foram também considerados para fazer um estudo das
características metrológicas da prova. Os resultados obtidos serão
descritos no ponto 6.2.
5.2. Constituição da amostra e descrição das aplicações
Como se pretendia estudar valores, personalidade e as suas
relações em populações de adultos trabalhadores, estabeleceram-se como
critérios para constituição da amostra que os indivíduos tivessem idades
entre os 18 e os 35 anos, tivessem experiência profissional e que
residissem na área da Grande Lisboa. Como há estudos que referem
diferenças de personalidade entre os desempregados e os trabalhadores
no activo, embora não nos valores (Searis, Braucht e Miskimins, 1974,
cit em Descombes, 1980^ p. 22) decidiu-se que todos os sujeitos da
amostra deveriam ser trabalhadores no activo.
Com vista a uniformizar a amostra procurou-se que os sujeitos
desenvolvessem funções da mesma natureza embora pudessem ter níveis
profissionais distintos. Nesse sentido, a amostra foi constituída a partir de
161
Capítulo 5
sujeitos não licenciados, com pelo menos o 11® ano de escolaridade e sem
licenciatura concluída, podendo ter finalizado cursos de nível Bacharelato
como o de Secretária, Assistente Administrativo ou Contabilista -
subgrupo Administrativos - e sujeitos licenciados em Economia ou
Gestão de Empresas - subgrupo Licenciados. Todos os sujeitos tinham
experiência profissional.
Procurou-se tomar equivalentes a proporção de homens e
mulheres em cada amostra. No entanto, no subgrupo Administrativos o
sexo feminino aparece em muito maior proporção, uma vez que a maior
parte dos sujeitos que cumpriam as outras condições para constituição da
amostra - ter este tipo de função e estar dentro dos níveis de escolaridade
e etários já definidos - eram do sexo feminino. Tentou-se ainda que o
número de sujeitos no subgrupo Administrativos e no subgrupo
Licenciados fosse semelhante.
Os sujeitos foram escolhidos de entre indivíduos que tinham,
alguma vez. dentro dos últimos 3 anos, enviado espontaneamente um
curriculum vitae para uma empresa de consultoria internacional a actuar
no mercado português há cerca de 20 anos. A partir dos seus dados
pessoais - e desde que cumprissem os critérios referidos - foram
convocados por carta onde lhes era pedido para se deslocarem à empresa
para se abrir um processo pessoal onde ficassem registados os seus dados
pessoais e profissionais. Era-lhes, então, pedido que preenchessem um
questionário biográfico - que permitiu confirmar e actualizar os dados do
curriculum - e os dois questionários - Escala de Valores WIS (2' edição)
e NEO-FFL Tal como em qualquer aplicação de provas de personalidade,
162
Metodologia Geral
interesses ou valores foi salientado o facto de não haver respostas certas
nem erradas nem perfis melhores ou piores, sendo importante que os
sujeitos respondessem com toda a sinceridade.
Os sujeitos foram convocados em grupos de 10-15 indivíduos
sendo a aplicação feita em grupo. As aplicações decorreram entre Abril e
Junho de 1995 e foram realizadas em Lisboa nas instalações da empresa
de consultoria. Todas as aplicações foram conduzidas pela autora, tendo
havido o cuidado de tomar uniformes as condições de aplicação. No
imcio, e j á depois dos sujeitos serem encaminhados para uma sala onde
seria feita a aplicação, era-lhes confirmado o que já se tinha dito na carta
de convocação: não se tratava de nenhum processo de recrutamento e
selecção mas tão só de uma oportunidade de ficarem com processo na
empresa para futuros contactos. A aplicação das provas não era precedida
nem seguida de qualquer entrevista ou conversa individual.
Os dois instrumentos foram sempre aplicados pela mesma ordem,
começando-se pelo NEO-FFI e acabando com a Escala de Valores WIS.
As instruções eram lidas em voz alta depois dos sujeitos preencherem o
cabeçalho da folha de resposta correspondente à prova a aplicar. Os
sujeitos foram avisados de que, se no decorrer da prova tivessem algxima
dúvida, deveriam fazer sinal á examinadora que os esclareceria
individualmente. Contudo, de um modo geral, não houve quaisquer
dúvidas a apontar.
163
Capítulo 5
5.3. Caracter ização da amostra em função do sexo, idade e nível de escolaridade
Foram convocados, no total, 400 indivíduos dos dois subgrupos
tendo comparecido no total 227. Embora tivessem estado presentes na
aplicação das provas, não foram considerados os resultados de 13
indivíduos que foram excluídos da amostra: 2 porque não cumpriam o
critério das habilitações, 7 porque estavam desempregados e 4 porque já
tinham ultrapassado o limite de idade definido. A amostra total ficou,
assim, constituída por 214 adultos trabalhadores, em que 94 (43.92%) são
do sexo masculino e 120 (56.08%) do sexo feminino.
Como o leque etário dos sujeitos era muito amplo - entre os 18 e
os 35 anos - e para garantir que a diversidade de idades não resultaria em
diferenças importantes nos resultados dos sujeitos, constituíram-se dois
subgrupos de idade, em que um era formado pelos sujeitos que tinham
idades entre os 18 e os 25 anos e o outro por sujeitos com idades entre os
26 e os 35 anos. Esta subdivisão teve em consideração os limites
habitualmente considerados como referência da Fase de Exploração e da
Fase de Estabelecimento (Super, 1976b), constituindo mais um dado a
tomar em consideração nos resultados.
O Quadro n° 5.3.1. apresenta o número de homens e mulheres de
cada subgrupo etário na amostra total.
Q U A D R O NT 5.3.1. COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA TOTAL (N=2 14). ADULTOS
SEXO IDADE IDADE TOTAIS I 8 £ I £ 2 5 35 2 X 2 26
MâK n 56 94 Fem 53 67 120
TOTAIS 91 123 214
1 6 4
Metodologia Geral
Dos 214 sujeitos que constituem a amostra total, 109 são
licenciados (50.94%) e 105 são administrativos não licenciados
(49.06%). Contudo se considerarmos estas percentagens dentro dos
subgrupos Administrativos e Licenciados, 51.38% (56 em 109) são
homens e 48.62% (53 em 109) são mulheres no subgrupo Licenciados.
Na subamostra de Administrativos, a proporção é mais desigual com
36.19% (38 em 105) homens e 63.81% (67 em 105) mulheres (Quadro
5.3.2).
Q U A D R O N® 5.3.2. COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA LICENCIADOS E ADMINISTRATIVOS
SEXO HABUJTAÇÓES u c . GEST/ECON
HABILITAÇÕES ADMIN. NÂO UC
M i s c 56 51.38 38 36.19 Fcm 53 48.62 67 63.81
TOTAIS 109 100 105 100
Em relação à idade os dois subgrupos definidos pelas habilitações
literárias têm uma distribuição diferente com 37.62% (41 em 109) de
sujeitos do subgrupo mais novo e 62.38% (68 em 109) de sujeitos do
subgrupo mais velho para os Licenciados. No caso dos Administrativos,
há 47.62% (50 em 105) de sujeitos entre os 18 e os 25 anos e 52.38% (55
em 105) de sujeitos entre os 26 e os 35 anos, como se ilustra no Quadro
n° 5.3.3.
Q U A D R O N" 5.3.3. COMPOSIÇÃO DAS SUBAMOSTRAS LICENCIADOS E
IDADE HABILrrAÇÔES LIO. GEST/ECON
y . HABARTAÇÔES ADMDS'. NÃO LIC
%
41 37.62 50 47.62 35 ^ X 2 26 68 62.38 55 52.38 TOTAIS 109 100 105 100
A composição das subamostras em relação ao sexo e à idade dos
sujeitos que as constituem é sintetizada nos Quadros 5.3.4 e 5.3.5.
165
Capítulo 5
Q U A D R O N® 5 . 3 . 4 . CONtPOSIÇÂO DA SUBAMOSTR.^ LICENCL-^DOS EM RELAÇÃO AO SEXO
E À DADE IDADE SEXO MASCULINO SE.XO FT.VHMNO TOTAÍS
1 8 £ Z < 25 IS 26 41 35 > X > 26 41 27 68
TOTAIS 56 53 109
Q U A D R O N"» 5 . 3 . 5 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA ADNÍIMSTR.ATIVOS EM R£LAÇÃO AO
SEXO E Á DADE IDADE SEXO MASCULDVO SEXO FE.vnMNO TOTAIS
i8 S X < 25 23 27 50 35 Ã I 2 26 IS 40 55 TOTAJS 38 67 105
Contudo, a aparente disparidade entre as idades dos sujeitos que
constituem as diferentes subamostras (quer as definidas pelo sexo quer as
definidas pelo nível de escolaridade) pode ser melhor analisada em
função de medidas de tendência central e de desvio. Os Quadros n° 5.3.6.
a 5.3.9. apresentam esses dados.
Q U A D R O W 5 . 3 . 6 . COfvOOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA LICENCIADOS (N=1 0 9 ) EM RELAÇÃO
à IDADE E.M n j N Ç Ã O DA MÉDL^, MEDL\NA, LIMITES MÁXIMO E .MÍNIMO E DESV10-PADR.Ã0 .M^dit Mcdi ina Mi oi mo Miximo Dovio-
p s d r i o 26.65 27.00 22.00 34.00 2.56
Q U A D R O W 5 . 3 . 7 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA AD?ví^NlSTR.^T^VOS ( N = l 0 5 ) EM
RELAÇ.^O Ã © A D E EM FUNÇÃO DA MÉDL^ MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E MÍNIMO E
DESVIO-PADRÃO Média Mcdiaaa M i a i o o Máiitno Desvio-
pad r io 26.33 26.00 18.00 35.00 3.82
Q U A D R O N ' 5 . 3 . 8 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA MASCL^INA {N=94) EM R£LAÇÃO À
Média .Mediana Míqíqm MÍZJIDO De$>i&-padr io
26.54 26.00 21.00 34.00 2.98
Q U A D R O N® 5 . 3 . 9 . COMPOSIÇÃO DA SUBAMOSTRA FEMININA ( N = l 2 0 ) EM RELAÇÃO Ã
i d a d e EM R-^NÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LtMTTES MÁXIMO E MÍNIMO E DESVlO-P.fDRÃO .Média Mediaoa Mioiaio MÁliOM Dtjvio-
p a d r i o 26.46 26.00 18.00 35.00 3.44
Pode, então, concluír-se da semelhança entre as diferentes
subamostras constituídas a partir das variáveis consideradas - sexo e nível
de escolaridade. A caracterização face à idade é semelhante nos
1 6 6
Metodologia Geral
diferentes grupos o que permite compará-los, sem dar especial relevo à
intervenção da variável idade.
Para melhor se compreender o que significa a pertença ao grupo
dos mais novos (18 < idade <25) e ao grupo dos mais velhos (35 > x ^
26) procurou-se também caracterizar a idade de cada ura destes grupos
em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-
padrão. Os Quadros n° 5.3.10 e 5.3.11. apresentam esses dados.
Q U A D R O 5 . 3 . 1 0 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS MAIS NOVOS (1 8 í IDADE <25) (N=9 1) EM RELAÇÃO À IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMTTES MÁXIMO E
MÍNIMO E DESVIO-PADRÃO MédU Mediana Míaimo Mi i imo Desvio-
p a d r i o 23.58 24.00 18.00 25.00 1.45
Q U A D R O N® 5 . 3 . 1 1 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS MAIS VELHOS ( 3 5 > X ^ 2 6 ) ( N = l 2 3 )
EM RELAÇÃO À © A D E EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMFTES MÁXIMO E MÍNIMO E
DESVIO-PADRÃO Média Mediana Miai mo Miximo Desvio-
p a d r i o 28.65 28.00 26.00 35.00 2.40
Para melhor caracterizar a amostra, estudaram-se ainda a média,
mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrao das idades dos
sujeitos das subamostras Administrativos e Licenciados, quer para os
subgrupos dos mais novos como para o subgrupo dos mais velhos. Os
Quadros n° 5.3.12. a 5.3.15. sintetizam esses dados.
Q U A D R O 5 . 3 . 1 2 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS MAIS NOVOS ( ! 8 í
ID.\DE 5 2 5 ) ( N = 5 0 ) EM RELAÇÃO À ID.\DE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES
MÁXIMO E NÍÍNIMO E DESVIO-PADRÃO
Média Mediana Mioimo MiliCDO Desvio-padrSo
23.12 23.00 18.00 25.00 1.62
QUADRO N® 5 . 3 . 1 3 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS LICENCIADOS MAIS NOVOS (1 S^ÍDADE ^ 2 5 ) ( S = 4 1 ) EM RELAÇÃO Ã IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E
MÍNIMO E DESVIO-PADRÃO Média Mcdiaoa Míaimo Miximo Des>io-
p a d r i o 24.15 24.00 22.00 25.00 0.94
167
Capítulo 5
QUADRO 5 . 3 . 1 4 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS MAiS VELHOS ( 3 5 £ X
> 2 6 ) ( N = 5 5 ) EM RELAÇÃO Ã [DADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA. MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E
Média Mediasa Mini mo Máximo p a d r i o
29.26 29.00 26.00 35.00 2.74
Q U A D R O N " 5 . 3 . 1 5 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS LICENCIADOS MAIS VELHOS ( 3 5 S X S 2 6 ) ( N = 6 8 ) EM RELAÇÃO Á ID.\DE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E
MédU Media aa Mínimo Máximo Desvio* p a d r i o
28.17 28.00 26.00 34.00 L97
Por fim, nos Quadros 5.3.16. a 5.3.19. apresenta-se a
caracterização das subamostras masculina e feminina, considerando as
habilitações literárias, em relação à idade.
Q U A D R O 5 . 3 . 1 6 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS LICENCIADOS DO SEXO FEMININO
( N = 5 3 ) EM RELAÇÃO Á idadb EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXINtO E
Média Mediana Mínimo Máximo Desvio-pad r lo
25.77 26.00 22.00 31.00 1.90
Q U A D R O N® 5 . 3 . 1 7 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS DO SEXO FEMINTNO ( N = 6 7 ) EM RELAÇÃO Á IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, UMTTES MÁXIMO E
Média Mediana Míoimo Máximo Desvio-p a d r i o
27.00 27.00 18.00 35.00 4.22
Q U A D R O 5 . 3 . 1 8 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS UCENCIADOS DO SEXO MASCULINO
( N = 5 6 ) EM RELAÇÃO Á IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES MÁXIMO E
Média Metliaaa Mínimo Máximo Desvio-p a d r i o
27.48 27.ro 22.00 34.00 2.84
Q U A D R O N® 5 . 3 . 1 9 . COMPOSIÇÃO DO GRUPO DOS ADMINISTRATIVOS DO SEXO
MASCULINO ( N = 3 8 ) EM RELAÇÃO Á IDADE EM FUNÇÃO DA MÉDIA, MEDIANA, LIMITES
Média Mediana Mínimo Máximo Deivio-pad r io
25.16 25.00 21.00 32.00 2.65
5.4. T r a t a m e n t o d o s d a d o s
Os dados recolhidos, para cada sujeito, compreenderam sexo,
idade, habilitações, respostas ao NEO-FFI, respostas á Hscala de Valores
WIS (2'' versão) e foram processados com o programa STA TISTICA for
Windows.
1 6 8
Metodologia Geral
Com os dados obtidos, começou por se fazer uma análise dos
resultados obtidos no NEO-FFI para estudar as características
metrológicas da adaptação portuguesa desta versão reduzida do NEO-PI-
R. Esses resultados serão analisados no capítulo 6, ponto 6.2.
Tendo em conta, o pequeno número de estudos existentes com
adultos com a Escala de Valores WIS, foi também feito o estudo
psicométrico deste instrumento. Os dados são apresentados no ponto 6.1.
No capítulo 7, apresentam-se os resultados obtidos com cada uma
das provas utilizadas, e as correlações encontradas entre valores e
dimensões da personalidade, bem como a análise das hipóteses
formuladas em 4.2, em fimçào dos dados recolhidos.
169
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
6.1. E s t u d o p s i c o m é t r i c o da Esca l a de V a l o r e s W I S (2* ed i ção )
Como foi referido no capítulo anterior, embora a versão
portuguesa, revista, da Escala de Valores WIS tenha sido alvo de muitos
estudos com estudantes (Duarte, 1984; Marques, Miranda, Pinto &
Afonso, 1983; Teixeira. 1988, 1995; Marques, 1995) há poucos trabalhos
com populações de adultos (Duarte, 1993; Rafael, 1992). Desta forma,
comparativamente com os dados que existem sobre a aplicação da Escala
a jovens adolescentes, os dados obtidos com adultos são em muito menor
número, incidindo sobre amostras mais reduzidas e, muitas vezes, com
desigualdades muito acentuadas entre o número de elementos de cada
sexo ou de cada grupo profissional ou etário.
Por essa razão, optou-se por estudar também as características
metrológicas da Escala, considerando a amostra total constituída por 214
adultos trabalhadores.
6.1.1. Estudo da garantia e análise de itens
Para avaliar a precisão de cada uma das 18 escalas que constituem
a Escala de Valores WIS, utilizou-se o critério da consistência interna
com base no coeficiente alfa de Cronbach. Os Quadros n° 6.1.1.1. a n°
6.1.1.18 sintetizam esses dados.
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 1 . ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA UTILIZAÇÃO DAS
Escala Utilizaçlo das Capacidades AJfa de Croobacb para a escalaH).78
r r E M Alfa de Croobacb se o item for elimioado
>MS1 0.74 W1S19 0.75 W1S37 0.74 W1S55 0,73 V\TS73 0.76
171
Capítulo 5
QUADRO N® 6. J. I .2 . ALFA DE CRON'BACH PAR.\ A ESCALA REALIZAÇÃO E SE CADA LIA DOS SEUS TTENS FOR ELIKQNAD0(N=2 14)
Cscal* Realhaçio A i f j de CrvQbacb par i a n c a U ^ . 7 6
n x M AUa de Croabacb se o item for eUmioado
WTS2 0.73 W1S20 0.73 WISJ8 0.73 WIS56 0.72 WIS74 0.74
A L f A DE CRONBACH PAÍL\ A ESC.ALA PROMOÇÃO E
SEUS i r t N S FOR ELIMINADO ( N - 2 1 4 ) E x a U Prvmoçio
A i f j d e C n a b a c b p i n a e$cal3>0.7S ITEM Alfa de Croobacb se o
item for climiaado 0.75
W1S21 0.69 0.71
WIS57 0.74 VV1S75 0.70
ALFA DE CRONBACH P.AR.A A ESCALA ESTÉTICO E S
SEUS 1 TbNS FOR ELINÍP^.ADO ( N - 2 1 4 ) DcaJa Eslèdco
Aifa dc CroQbach para a e$cala-O.SO r r i M Alfa de Croobacb se o
irem for eliminado WIS4 0.79
WIS22 0.77 W1S40 0,75 W1S58 0.76 • -WIS76 0.76
QUADRO N* 6 .1 . L .5. ALFA DE CROKBACH PAR.^ A ESCALA ALTRLISMO E SE CADA UM
DOS SEUS FTENS FOR EUMINADO(N=214)
Escala AJtmbcDO Alfa de Croabacb para a escala»O.Sl 11 LM Alia de CroDbacb se o
item for eliinioado UTS5 079
W1SZ3 0.7Í NVTS41 0.77 SVTS59 0.77 \\TS77 077
ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA ALTTORIDAD
DOS SEUS fTENS FOR ELIMINADO CN=214) Escala Aatorídade
Alfa de Croabacb para i e»<alaH).SO ITEM Alfa de Croobacb se o
item for eliauosdo WTS6 0.78
WTS24 0.75 WTS42 0.75 \MS60 0.77 UTS7t 0.76
1 7 2
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 7 . ALFA DE CROKBACH PARA A ESCALA ALTTONOMIA E SE C.\DA UM DOS SEUS ITENS FOR E U M I N A D 0 ( N = 2 14)
E K I I I Aotooomi* Al f t de CroDbacb para a c K a l a ^ . 7 9
I T E M Alfa de Cronbach sc o item for elimiaado
W I S ? 0,76 WIS25 0.75 WIS43 0.74 W1S61 0.77 W1S79 0.75
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 8 . ALFA DE CROKBACH PARA A ESCALA CRIATIVDADE E SE CADA UM
Escala Crucfvidade Alfa de Croobacb p t r a a escata^.SO
I T E M Alfa de Croobacb se o item for elímíoado
W1S8 0.77 WIS26 0.77 W1S44 0 7 6 WIS62 0.76 VTLSSO 0.77
QUADRO N® 6 . L. 1.9. ALFA DE CRONBACH PAR.^ A ESCALA ECONÓMICO E SE CADA UM
DOS SEUS ITENS FOR ELRFLNADO ( N = 2 1 4 ) Escala CcoBÓmico
Alfa de Croobacb para a escala=0.77 I T E M AJfa de Croobacb se o
Item for elimioado WIS9 0,74
WIS27 0.73 WIS45 0.76 WIS6J 0.73 vnssi 0 7 3
0 . ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA E s m o DE
UM DOS SEUS I i HNS FOR ELIMINADO C N - 2 1 4 ) Escala Estilo de Vida
Alfa de Croobacb para a e s c a l a i . 7 7 I T E M Alfa de Croobacb se o
item for elimiaado WISIO 0.76 W1S2Í 0.73 WIS46 0.74 WIS64 0.73 WIS«2 0.73
QUADRO N® 6 . 1 . L. 11. ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA DESENVOLVIMENTO PESSOAL
Escala DcseovoMmeoto Pessoal Alfa de Croobacb para a escala '0 .73
ITEM Alfa de Croobacb se o item for elimioado
W l S l l 0.73 0.68
V^TS47 0.72 NVTS65 0.68 w i s & i 0 7 0
73
Capítulo 5
QÜ.M)RO N* 6 . 1 . 1 . 1 2 . ALFA DE CRONBACH PARA A ESC. \L \ A c n v r o A O E FÍSICA E SE
CKAII Acthidade Ftiíca Aifft de Creobacb para a escalft>0.76 I T E M Alfa de Cre ibach se o
i t e o for eUmiDado W1S12 0.72 U1S30 0.72 WIS4S 0.72 WIS66 0 7 6 WlSft4 0.74
. ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA PRESTÍGIO E
SEUS 11 BNS FOR ELIMINAD0(N-2 14)
Escala P ra t í c io AI£a de Croobach p a n a escalaH).7S I T E M Alfa de Croabach it 9
Uem for elimioado WIS13 0.74 WIS31 0 7 6 UTS49 0 7 6 W1S67 0 7 3
0 7 6
14. .ALFA DE CRONBACH PARA A ESC.ALA RJSCO E si
SEUS ITENS FOR ELIMINADO ( N = 2 1 4 )
Escala Rbco Alfa de Croobacb para a escala*0.79 I T E M Alia de Croabacb se •
item for efimiaado WIS14 0 7 6 WIS32 0.75 WLS50 0 7 6 WIS68 0.75 ^ 1 S 8 6 0.7S
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 1 5 . A L F A DE CROKBACH PARA A ESCALA INTERACÇÃO SOCIAL E SE
CADA L ' M DOS SEUS [TENS FOR E L I M I N A D 0 ( N = 2 1 4 )
Escala Iiiteraccio Social Alfa de Croobacb para a e s c a l a i . 7 S
FTEM Alfa de Cro ibacb st o item for cümioado
WTS15 0.74 WTS3J 0 7 3
0 7 3 WTS69 0.76 ^ T S 8 7 0.75
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 1 6 . A L F A DE CRONBACH PARA A ESCALA RELAÇÕES SOCIAJS E SE CADA
UM DOS SEUS ITENS FOR ELIMINADO ( N = 2 1 4 )
Escala Relaçdcs Sociais .Alfa de Croobacb para a e s c a l a i . 7 6
FTEM Alfa de Croabacb se o item for etimioado
H 1 S 1 6 0 74 WTSW 0 72 NMS52 0 74 >MS70 071 VMSS8 0 73
1 7 4
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QU.MDRO N* 6.1.1.17. ALFA DE CRONBACH PARA A ESCALA VAJUEDADE E SE CADA UM DOS SEUS FTENS FOR ELIMINADO ( N = 2 1 4 )
Escal* Var iedade Alfa de CroDbacb pa ra a e » c a l a ^ . 7 7
I T E M AUa de C r o o b a c b se o iteoi f o r eUmíoado
\VIS17 0.72 W I S J 5 0.74 WIS53 0.73 WIS7I 0.74 W1S89 0.69
QUADRO N® 6. L. 1.18. ALFA DE CROKBACH PARA A ESCALA COKDIÇÕES DE TRABALHO E SE CADA UM DOS SEUS ITENS FOR ELIMINADO (N=2 14
Escala CoDdiç6cs de T r a b a l h o Alfa de Cronbach pa ra a e s c a l a i . 7 9
r T E M Alfa de C r o o b a c b w o item f o r el imiaado
WIS18 0.75 WIS36 0.75 W1S54 0.75 W1S72 0.74 WIS90 0.78
A análise dos quadxos 6 . l . l . l . a 6.1.1.18 permite concluir que os
coeficientes alfa de Cronbach das escalas são elevados, variando entre
0.73 para a escala Desenvolvimento Pessoal e 0.81 para a escala
Altruísmo. Verifica-se também que, face à eliminação de qualquer dos
itens, o coeficiente diminuiria o que indicia uma boa qualidade dos itens.
Apenas no caso de se eliminar o item 3 na escala Promoção, o 11 na
escala Desenvolvimento Pessoal ou o 66 na escala Actividade Física, o
alfa de Cronbach permaneceria praticamente inalterado.
Ainda como forma de avaliar a homogeneidade de cada uma das
escalas e de analisar os itens que as constituem, foram calculadas as
correlações entre cada item e todas as escalas. Os Quadros n® 6.1.1.19 a
n° 6.1.1.24 apresentam os dados encontrados, omitindo o algarismo das
unidades (que é sempre 0). Os sombreados indicam a correlação entre o
item e a escala a que pertencem. Os valores_assinalados com são
significativos a p<0.01 e os assinalados com * são significativos a
p<0.05.
175
Capítulo 5
Como se pode ver pela análise dos quadros 6.1.1.19 a 6.1.1.24,
em todos os casos, os itens apresentam a mais elevada correlação com a
escala a que pertencem, sendo esta significativa a p< 0.01, variando entre
0.60 e 0.80 para a escala Utilização das Capacidades, entre 0.64 e 0.70,
para Realização, entre 0.45 e 0.74, para Promoção, entre 0.62 e 0.84 para
Estético, entre 0.76 e 0.88 para Altruísmo, entre 0.65 e 0.84 para
Autoridade, entre 0.67 e 0.77 para Autonomia, entre 0.74 e 0.81 para
Criatividade, entre 0.57 e 0.77 para Económico, entre 0.58 e 0.75 para
Estilo de Vida, entre 0.46 e 0.68 para Desenvolvimento Pessoal, entre
0.49 e 0.76 para Actividade Física, entre 0.66 e 0.80 para Prestígio, entre
0.64 e 0.82 para Risco, entre 0.59 e 0.75 para Interacção Social, entre
0.60 e 0.76 para Relações Sociais, entre 0.61 e 0.72 para Variedade e
entre 0.61 e 0.80 para Condições de Trabalho. Os coeficientes
encontrados são quase sempre superiores a 0.50, com excepção do item 3
com uma correlação de 0.45 com a escala Promoção de que faz parte, do
item 11 que apresenta uma correlação de 0.46 com a escala de
Desenvolvimento Pessoal e do item 66 com uma correlação de 0.49 com
a escala Actividade Física.
Apesar destes dados apontarem claramente para o facto dos itens
de cada escala aparecerem como muito satisfatórios, de acordo com este
critério, decidiu-se ainda calcular as correlações corrigidas item-total para
verificar se estas condições se mantinham.
1 7 6
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QUADRO N® 6. L. L. 19. CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 1 A 30 E AS ESCALAS L A 9 DA ESCALA DE VALORES W I S (N=214)
ITEM
Q
Utílbacio C l p a c
R c a l i z Promofie Cs lfli<« A J c r u i s m e Aoloríd Auloaom C r i a t í v C c o D Ò o i i e o
Q
WlSl .71 '* .24** . 1 8 " .14* .16* .11 .06 , 2 0 " .01
Q
W1S2 .17* . 6 5 " .30** ,08 .03 ,13 .12 .10 . 2 0 "
Q
\VIS3 .30* ' .43** . .45** ,19** ,13 .12 ,22** .21** .11
Q
WIS4 .08 .12 ,05 .62 '* • .40** .01 .11 .10 .07
Q
\VIS5 .12 .02 -.05 .47** , .76** -.08 -.02 .22** -.08
Q
\VIS6 .20* • .15* .22** .11 .11 .65*' .09 .10 .19**
Q
WIS7 . 2 6 " .20** .22** . 2 5 " .14* .16* . 6 7 " , 3 4 " ,18**
Q
WIS8 .31** . 2 3 " . 2 0 " .21** .21** .19** .29** . .74** .05
Q
W1S9 .23** .32** .53** -.04 -.15* .45** ,26** .19** .66**
Q
\VIS10 ,23** .27** .21** .21** .12 .04 .30** ,18** .13
Q
W I S H .25** .17* .13 .13 ,16* -.0! .16* .25** -.01
Q
WIS12 .24 • • .10 .15* .15* .23** .02 .06 .20** .03
Q
VV1S13 .16* . 3 2 " .34** -.02 -.09 .27** .22** .13 .25**
Q
\V1S14 . 2 1 " ,18** ,25** ,17* .15* .21** .18** ,26** .04
Q
WIS 15 .09 .14* .16* .18** .25** .22** .14* .24** .05
Q
WIS16 .03 .14* .11 .17* .15* .03 .10 .08 .10
Q
WIS17 . 2 3 " .19** .25** .29** .30** .06 . 2 2 " .47** -.01
Q
WIS18 . 1 1 .Í8** .15* .23** .20** .01 .28** .29** .18**
Q
WIS19 . . 6 8 " . 3 5 " .31** .26** .25** .12 .27** .30** .15*
Q
WIS20 . 3 2 " ' .64** .44** .23** .16* ,29** .21** .29** .31**
Q
WIS21 .28** . 4 0 " ' ..74** .11 .02 . 3 8 " .39** .30** .43**
Q
WIS22 .19** . 2 3 " .19** . 7 4 " .33** .12 .17* .24** .12
Q
WIS23 . 2 2 " . i6* .06 ,56** .. ,80** . .09 ,20** .37** - 0 5
Q
WIS24 .18** .21** ,44** .00 -.05 . . , 8 0 " .34** .21** .35**
Q
WIS25 .18** . 3 3 " .41** .12 .11 .41** . .76** .46** .37**
Q
WIS26 .38** . 2 6 " .33** ,28** ,34** .12 .38** . ia** .12
Q
WIS27 .09 . 2 9 " ,43** .08 - 0 6 .30** .31** .18** .11**
Q
WIS28 .24** .31** .31 ** .20** .10 .46** .25** .26**
Q
WIS29 .19** . 3 0 " .26** .19** .14* .09 .23** .21** .19**
Q
WIS30 . 2 5 " .16* .16* .20** .26** .02 .12 .25** .05
Q UADRON ® 6 . 1 . 1 . 2 0 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 E AS ESC ESCALA DE VALORES W I S ( ^ = 2 1 4 )
ALAS 1 A 9 DA Q
ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA
Q
U t i l i z i { i «
C a p a e
R e a l i z ProBOfio E n i i k o A l t r u i t a o A D l o r i d A a u o o a C r í a l i v E c o n ó m i c o
Q
WIS31 . 2 0 " .16* .34 «r ,14* ,04 ,41** ,35** .25** .24* •
Q
WIS32 .19** .12 ,24** .22** .11 .21** .16* .28** .02
Q
WIS33 . 2 6 " .24** \19** . 2 4 " .36** .19** .15* .26** .06
Q
WIS34 .10 .14* .10 ,21** .20** -.05 .15* ,13 ,17*
Q
WIS35 . 2 2 " .13 .13 .20** .29** .13 .21** .39** .15*
Q
WIS36 .09 . 2 3 " .12 .18** .13 -.03 .24** .18** .17*
Q
WIS37 .74** .41** . 3 1 " , 2 7 " .21** .19** .25** ,36** .07
Q
WIS38 . 3 8 " , 6 6 " , . .44** .17* .12 .19** .32** .24** .32** WIS39 . 2 5 " . 4 4 " .7.1 **,. .11 -.07 .31** .29** .19** .46** WIS40 . 2 9 " . 2 6 " ,14* .84** . .50** .05 .16* .25** .10 WIS41 . 2 3 " . 2 3 " ,12 .61** .84** , .01 .21** .32** .03 WIS42 .13 .22** .40** .05 .01 .84** .43** .26** .32** WIS43 .14* .24 • • .32** .24** .15* .27** .77** .31** .28** WIS44 .34** . 2 2 " .28** .22** .32** .21** .50** . 8 i r * . ,19** WIS45 .08 .17* .18** .23** .20* • .08 .15* .04 . .57?* WIS46 .10 .13 .23** .21** .16* .10 .30** .19** .17* WIS47 .30** , 4 1 " ,34** .13 .07 .06 .19** .12 ,13 WIS48 .16* .05 .07 .28** . 2 1 " .14* .15* .17* .09 WIS49 .23** . 3 6 " .35** .17* .10 ,22** ,12 .16* .32** WIS50 .11 .15* .18** .26** .12 .18** .21** .20** .02 WIS51 . 2 1 " ,14* . 1 9 " .33** . 2 9 " .04 .13 .25** .08 NVIS52 .2í** . 4 3 " .24* • .27** .28** .02 .12 .19** .18** WIS53 . 2 3 " .13 .23** .05 .16* .26** .29** .39* * .11 WIS54 .06 .18** .20** ,09 .11 .20** .23** .08 .29** WIS55 . 8 0 " . 4 2 " .34* • .23** .20** .19** .17* .38** ,11 WIS56 . 3 2 " . . 7 0 " .40** .29** .24** .09 .19** .17* .21** WIS57 .22** .45** ..54** .18** .15* .20** .19** ,24** ,29** WIS58 . 3 0 " . 2 0 " ,14* .8or* .67** .03 .25** .21** ,10 WIS59 . 2 5 " .15* ,03 .54** . 8 8 " .00 .12 .32** .00 WIS60 . 2 1 " . 3 5 " .45** ,09 .01 .73** ,42** ,29** ,33**
177
Capítulo 6
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 1 . CORRELAÇÕES ENTRE TODOS o s ITENS61 A 9 0 E AS ESCALAS 1 A 9
I T E M CORRELACÃO ITEM-ESCALA U l U õ a f l o
C l M C
R e a l i z P r o a o f i a CfUtico A l ( r s l > m « A u u r i d A u t O D o a C r i j t i v C c o a i a i c e
W1S61 .13 .20 '* .25** .10 .08 .29** . .67". . 2 5 " .30** WIS62 .35** .19** .30** .22** .28 '* .21** .39** .80** ,15* \VIS63 .07 .35** .32** ,12 .01 .17* ,30** .06 .75*' . \VIS64 .16* .23** .31** .34** .20* • .13 .54** .28** .32** WIS65 .26** .22** .21** .38** .32** ,06 .27** .22** ,18** WIS66 .09 .09 .11 .21** .20** -.01 ,20** .15* .19** \VIS67 .19** .30* • .40** .22** .12 .31** .35** .30** .37** \VIS68 .04 .07 .23** .28** .19** .20** .13 .21** -.00 VV1S69 .11 .07 ,10 .30 '* .27** .11 ,26** .20** .07 VVIS70 .17* .23** .21»* .37-* .32** .01 .21** .25** .24* • WIS71 .08 .19** ,15* .25** .23** .06 .26** .39** ,15* VVIS72 .10 . i8** .16* ,25** .18** .11 .25** .16* .19** WIS73 .60Í* .21** .29** .17* .12 .18** .16* .32** .16* WIS74 .34** . 3 9 " .07 ,01 ,20** ,26** ,20** .34** \VIS75 .27** .29* • ,07 .03 .42** .25* ' .21** .31** WIS76 .28** .18* ' .18** . .81** , 6 6 " .13 .21** ,31** ,10 WIS77 .26** .16* .12 .58** .s3** .07 .20** ,36** .00 WIS78 .13 .13 .32** .09 .02 . .19** .26** .12 .29** WIS79 .23** .29 '* .33** .20** .15* .35** .71** .46** .24** WIS80 .34** .30** , 3 3 " .26** .36** ,26** .39** .80** .16* WIS81 .03 ,31** .30** .05 - 0 9 .31** .28*» .11 .70** WIS82 .09 .25** .26** .17* ,08 .12 .41** .18** .28** WIS83 .21** .21** .35** .19** .17* ,18** .48** ,31** .21** WIS84 ,05 .05 .11 ,30** .20** .23** .05 .10 .14* WIS85 .19** .33** .29** .04 -.01 .19* ' .14* .12 .24** WIS86 .08 .14* , 2 5 " .10 .07 ,29** ,13 .10 ,14* \VIS87 .21** .15* .15* .27** .29** .08 .26** .28** .08 \VIS88 .12 .08 .07 .26** .23** .09 .27** .23** .14* W1S89 .13 .12 ,22* • .26** .18** .14* ,40** .34** .20** WIS90 .13 .23** .23** .21** .22*' .15* .18** .19** .34**
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 2 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 1 A 3 0 E AS ESCALAS 10 A 18 DA
ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA DtiJo
d * N i d t
DCKSV. P m « a i
ACTIV. F b k a
h ^ e t t i f i » R i t e * (auric S o c i a l
R d a t i c *
S ó c i a ú
V a r ú d a d c C o a d .
W I S l .02 .23** .13 ,11 -.00 ,16* .05 .09 -.00 WIS2 .12 .14* .03 .24** .07 .06 .12 .14* .12 WIS3 .17* .28** ,09 .22** .13 .12 .11 .19** ,12 WIS4 .24** .19** .08 -.06 .06 .15* .15* .11 .16* WIS5 .07 .13 .17* -.04 .00 .26** .22** .17* .14* WIS6 -.06 - 0 6 ,13 .21** .22** .17* .02 .08 .13 WIS7 ,35** .29** .13 .21** .12 .07 .13 .22** .17* WIS8 .11 .18** .21** .21 *• .21** .19** .11 ,35** .06 VVIS9 .20* • .18** ,03 .36** .09 -.00 .09 .13 .11
WISIO .33** .07 .11 -.00 .07 .18** .14* ,18** W I S H .14* • . .46? ' ; : .02 -.01 -.01 .15* .11 .14* .12 WIS12 .09 .13 ^.74?* .16* .16* . 1 4 * .05 .18** .08 VVIS13 .03 .09 .16* - .77**. .21** .06 .07 .18** .17* \VIS14 .05 .05 .23** .18** . .76** .13 .08 .23** .06 WIS15 .02 .20** .26** .09 .18** .12** .35** .29** .23** WIS16 .25** .23** .12 .04 -.02 .34** . 6 0 " .24** .10 \VISI7 .25** .31** .23* ' .23** .24** .37** .29** .72** . .17* WIS18 .29** .34** .19** .18** .11 .26** .26** .29** .76Í* . W1S19 .25** .34** .13 .19** ,07 .12 .13 .22** .17* WIS20 .17* .21** .13 .32** .19** .17* .18** .18** .25** \VIS21 .31** .34** .15* .42** .24** .20** .14* .29** .18** WIS22 .28** .25** .25** .19** .22** .32** .36** .26** .16* WIS23 .11 .26** .26** .03 .18** .36** ,31** ,33** .16* \V1S24 .11 .12 .08 .29* • .15* .10 .04 .14* .04 WIS25 .33** ,31** .10 .24** .15* .23** .14* .28** ,20** \VIS26 .29** .30** .19** .18** .19** .23** ,16* ,40** .14* W1S27 .30** ,19** ,14* .36* • ,07 .07 .23** .23** .22** WIS28 .74"- • .31** .11 .12 .14* .15* .26** ,30** ,13 WIS29 .26** .61**'.. .18** .12 .06 .24** .17* .24** .23** WIS30 .13 .22** . . 7 6 ; ; , .20** .14* .16* .11 .23** .10
178
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QUADRO N® 6 .1 .1 .23 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 E AS ESCALAS 10 A 18 DA
ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA Ettilo
dc Vida D c t c n v .
P c i t o s I
Activ. Físici
Preilifio RUco lolerac SocUI
ReUttci Sotútt
Viriedade CoDd. Tribalho
WIS31 .15* .13 .16* ..66**^. .25** .07 .00 . 2 8 " .18** W1S32 .02 -.00 .24*» . 2 3 " . .82*.* . .18** .08 .26** .08 WIS33 .07 .29 '* .27** .15* .17* ...15** .35** .28** .17* WIS34 .22** .17* .08 .05 -.05 .34** .69**' .24** .17* WIS35 .2l** .22** .21** .18** .14* .30** ,27** . . 6 8 * * . . .20** W1S36 .15* .24** .15" .20** .08 .21** .22** . 2 1 " •. . .76** , WIS37 .20** .41** .19 '* .14* .16* .21** .11 .16* .12 WIS38 .25** .41** .08 .26** .14* .18** .18** .16* .14* WIS39 .23** .21** .04 .31** .13 .18** .17* .15* .18** VVIS40 . 2 6 " . 3 0 " .33** ,16* .24** .32** .39** .30* * .11 WIS41 .26** . 3 0 " .33** .10 .19** .37** .30** .31** .26** WIS42 .20** .17* .06 ,33** .26** .20** .02 .21** .11 WIS43 .58** ,34** .17* .27** .13 .23** . 2 7 " .38** .30** W1S44 .29** . 3 3 " .14* .26** .26** .32** .29** .49** .26** WIS45 .14* .17* . 2 5 " .2!** -.02 .16* .22** .09 .27** WIS46 .24 • • .17* .07 .05 .17* .27** .25** .22** VVIS47 .23** -.03 .16* -.01 .14* .26** .18** .07 WIS48 .14* .15* .21** .29** ,22** .18** .27** .16* WIS49 .14* . 2 8 " . 1 9 " . . 6 8 * 1 : .10 .16* .20** .15* .11 WIS50 .14* .14* . 2 7 " .25** . . 7 3 " ' . .17* .17* .24** .09 VVIS51 . 2 5 " .28** . 2 3 " .11 .18** . .7.4** . .53** .43** .20** WISS2 .21 • • .40** .15* .29** .16* .43** ...62** . .31** .39** WIS53 . 2 3 " . 2 6 " . 1 9 " .19** .20** .32** .29** •.7.0** , .08 WIS54 .22** .20** .07 .17* .04 .17* .08 .11 ; .73** WISSS .17* .32»' .19** .24** .15* .14* .13 .17* .16* \VIS56 26** .38** .18** . 2 7 " .16* .16* .24** .14* .24** WIS57 . 2 3 " .28**' .18** .20** .10 .21** .29** .20** .22** WIS58 . 3 0 " .30** . 3 6 " .13 .25** .34** .27** .22** .28** WIS59 . 2 1 " .25** .29** .01 .14* .40** .32** .33** .18** WIS60 . 2 6 " . 2 5 " .05 .39** .16* .11 .06 .19** .09
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 4 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 61 A 9 0 E AS ESCALAS 10 A 18 DA
ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA E « ü l o
d e V i d a
D o e o v .
P e s s o a l
A c t i v .
F U i c a
P r a t i t i o R i s c o I i i l e r a c
S o c i a l
R c U f i a
S o c i a i s
V a r i e d a d e C o n d .
T r a b a l h o
WIS61 .42** .37** .10 .20** ,10 .16* .21** .17* .14* WIS62 .26** .35** .32** .23** .23** .34** .22** .60** .28** WIS63 .28** .22** .10 .29** -.02 .06 .21** .03 .37** \VIS64 :'.75*? .52** .23** .23** .04 .21** .25** .21** .24** WIS65 .35** . ."68**.: .26** .15* .08 .31** .29** .21** .26** WIS66 .29** .26** .49,**.. .11 .08 .27** .26** .26** .19** WIS67 .21** .28** .20** 1 .80^1 - ,25** .15* .18** .26** .26** WIS68 .09 .11 .24** .21** ,.81*-*. .19** .15* .19** .11 WIS69 .31** .29** .15* .13 .12 .53** .40** .25** WIS70 .29** .27** .09 .10 .10 .42** . .16** .36** .25** WIS71 .22** .21** .23** .15* .13 .37** .35** : . .'63** .22** WIS72 .20** .25** .18** .24** .12 .21** .25** .20** •...:.80**. • WIS73 .12 .20** .17* .24** .21** .24** .23** .28** .03 WIS74 .28** .30** .00 .26** -.01 .11 .23** .12 .12 WIS75 .27** .26** .11 .34** .29** .07 .05 .14* .09 WIS76 .29** .28** .37** .14* .26** .33** .31** .29** .28** WIS77 .26** .24** .30** .09 .19** .34** .31** .28** .19** WIS78 .06 .09 .16* .27** .31** .13 -.01 .13 .10 WIS79 .44** ,43** .14* .21** .28** .30** .22** .42** .35** W1S80 .26** .32** .16* .17* .19** .28** .21** .46** .20** WIS81 .11** . 1 9 " .01 .16* .08 .05 .14* .12 .16* WIS82 .68*! .38** .15* .16* .10 .25** .25** .27** .23** WIS83 .52** .22** .32** .16* .28** .30** .34** .27** WIS84 .05 .05 . .60**.' .13 .35** .22** .05 .10 .12 WIS85 .12 .21** ,17* .681* .' .10 .19** .19** .17* .29** WIS86 .06 .11 .20** .09 .13 .06 .18** .07 WIS87 .20** .28** .16* ,14* .08 .68**- .38** .42** .28** WIS88 .23** .24 ** .20** .15* .21** .52** : .62*.* .38** .13 WIS89 .32** .23** .18** .22** .21** .39** .37** .28** W1S90 .21** .21** .13 .24** .05 .21** ,34** .22**
179
Capítulo 5
Assim, os Quadros n® 6.1.1.25. c n® 6.1.1.30. apresentam também as
correlações entre cada item e todas as escalas, mas calculadas de modo a
que o total exclua o próprio item. Os sombreados indicam a correlação
corrigida entre o item c a escala a que pertence. O algarismo das unidades
é omitido (é sempre '0). Os coeõcientes assinalados com sâo
significativos a p<0.01 e os assinalados com • são significativos a
p<0.05.
Da análise dos quadros 6.1.1.25 a 6.1.1.30 pode concluír-se que os
resultados obtidos continuam a apontar para o facto das correlações mais
elevadas aparecerem sempre entre o item e a escala a que pertence, cora
coeficientes significativos a p<0.01 e quase sempre superiores a 0.50.
Como excepções surgem os itens 3 e 57 da escaJa Promoção, cora
correlações de 0.36 e 0.44, respectivamente e de 0.43 e 0.45 com
Realização; o item 83 da escala Desenvolvimento Pessoal com uma
correlação com a sua escala de 0.46 e de 0.52 com Estilo de Vida e 0.48
com Autonomia; o item 69 da escala Interacção Social cora uma
correlação de 0.47 com a sua escala e de 0.53 com Relações Sociais; e o
item 88 cora uma correlação de 0.49 com a escala de Relações Sociais de
que faz pane, e de 0.52 com Interacção Social. Há também outros itens
em que, embora a correlação mais alia seja com a sua escala de origem, o
seu valor é inferior a 0.50. E o caso do iiem 10 da escala Estilo de Vida,
com uma correlação iiem-toial de 0.49; o item 45 da escala Económico,
com uma correlação item-total de 0.44; o iiem 73 da escala Utilização das
Capacidades com que estabelece uma correlação de 0.48; os itens 11 e 47
de Desenvolvimento Pessoal, respectivamente com correlações de 0.35,
I S O
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QUADRO N^ 6 .1 .1 .25 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE 0 3 ITENS 1 A 3 0 E AS ESCALAS 1
ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) U t i l i x a ç i o
C i p i c
R e a t i z P r o m o t l o E i U t i e e A l t r n b m o A a u r i d A u t O B O i a C r U t i v E M B Ó B Í C O
WISl .63** .24** .18** .14* .16* .11 ,06 .20** .01 WIS2 .17* .54** .30'* .08 .03 .13 .12 .10 .20** W1S3 .30** .43** ,36f* .19** .13 .12 .22** .21** .11 WIS4 .08 .12 .05 . 5 4 " .40** .01 .11 .10 .07 WIS5 .12 .02 -.05 .at* .71** -.08 -.02 .22** -.08 WIS6 .20** .15* .22** .1 .11 .56** .09 .10 .19** WIS7 .26** .20*' .22** .25** .14* ,16* .58** ,34** .18** VVIS8 . 3 1 " . 2 3 " .20** .21** .21** . 1 9 " .29** .67*' .05 WIS9 .23** . 3 2 " .53** -.04 -.15* .45** .26** .19** , 5 6 " WISIO ,23** .21** .21** .21** .12 .04 .30** .18** ,13 WISH .25** .17* .13 .13 .16* -.01 .16* .25** -.01 WIS12 .24** .10 .15* .15* .23** .02 .06 . 2 0 " .03 WISU .16* . 3 2 " .34** -.02 -.09 .27** .22** .13 .25** WIS14 . 2 1 " .18** .25** .17* .15* .21** .18** . 2 6 " .04 WIS15 .09 .14* .16* .18** .25** .22** .14* .24** .05 W1S16 .03 .14* .11 .17* .15* .03 .10 .08 .10 \VIS17 .23** . 1 9 " .25** .29** .30** .06 .22** .4t* -.01 WIS18 .11 . 1 8 " .15* . 2 3 " .20* • ,01 . 2 8 " .29** .18** WIS19 .60** . 3 5 " .31** .26** .25** .12 .21** .30** .15* WIS20 .32** . 5 3 " .44** .23** .16* .29** .21** .29** .31** VVIS21 .28** .40** . 6 5 " .11 .02 .38** .39** .30** ,43** W1S22 .19** .23** .19** .66** . 3 3 " .12 .17* .24** .12 WIS23 .22** .16» .06 .56** .74** .09 .20»* .31** -.05 WIS24 .18** . 2 1 " .44** .00 -.05 ,74** ,34** .21** .35** WIS25 .18** . 3 3 " .41** .12 .11 .41** ,69** .46** .37** VVIS26 . 3 8 " .26** .33*» .28** ,34** .12 .38** .69** .12 WIS27 .09 . 2 9 " .43** .08 -.06 .30** .31** .18** .71** WIS28 .17* .24** .31** .31** .20** ,10 .46** . 2 5 " .26** WIS29 .19** . 3 0 " .26** .19** .14* .09 .23** .21** .19** WIS30 . 2 5 " .16* .16* .20** .26** .02 .12 .25** .05
ADRO N® 6 .1 .1 .26 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE 0 3 ITENS 31 A 6 0 E AS ESCALAS 1 A 9 DA ESCALA DE VALORES WIS (N=214)
ITEM CORRELAÇÃO ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) U ü l i z s ç i o
C i p a c
R e « U z P r o B O ( l o C i t í t k o A i i n i i a a A s t o r í d A a t o B o n C r í j t i v CCODÍIBÍCO
WIS31 .20** .16* .34** .14* .04 .41 • • .35** .25** ,24** WIS32 .Í9** .12 .24** .22** .11 .21** .16* .28** .02 WIS33 . 2 6 " . 2 4 " . 1 9 " .24** .36** .19** .15* .26** .06 WIS34 .10 .14* .10 .21** .20** -.05 .15* .13 .17* WIS35 .22** .13 .13 .20** .29** .13 .21** .39** .15* WIS36 .09 . 2 3 " .12 .18** .13 -.03 .24** .18** .17* WIS37 .67** : .41** .31** .27** .21 *• .19** .25** .36** .07 WIS38 .38** . 5 7 " .44** .17* .12 .19** .32** .24* * .32** WIS39 .25** .44** . 6 3 " .11 -.07 .31** .29** .19** .46** WIS40 . 2 9 " . 2 6 " .14* . 8 0 " . . ,50** .05 .16* .25** .10 \VIS41 . 2 3 " . 2 3 " .12 .61** '-.80** .01 .21** .32** ,03 WIS42 .13 . 2 2 " .40** .05 .01 ,79** .43** .26* * .32** WIS43 .14* .24** .32** .24** .15* .27** .n**. .31** .28** WIS44 .34** . 2 2 " . 2 8 " . 2 2 " ,32** .21** .50** .16** .19** WIS45 .08 .17* .18** .23** .20** .08 .15* .04 .44** \VIS46 .10 .13 .23** .21** .16* ,10 .30** .19** .17* WIS47 . 3 0 " .41** .34** .13 .07 .06 .19** .12 .13 \VIS48 .16* .05 .07 .28** .21** .14* .15* .17* .09 WIS49 . 2 3 " .36** . 3 5 " .17* .10 .22** .12 .16* .32** WIS50 .11 .15* .18** .26* * .12 .18** .21'* .20** .02 WIS51 .21** .14* .19** .33** .29** ,04 .13 .25** .08 WIS52 .21*» .43** .24* * .27** ,28** .02 .12 .19** .18** VVIS53 .23** .13 .23** .05 .16* .26** .29** .39** .11 \VIS54 .06 .18** .20** .09 .11 .20* * .23** .08 .29** WIS55 . 7 3 " .42** .34** .23** .20* • .19** .17* .38** .11 WIS56 . 3 2 " .60** • .40** .29** .24** .09 .19** .17* .21** VVIS57 . 2 2 " .45** . 4 4 " .18** ,15* .20** ,19** .24** .29*' VVISS8 . 3 0 " .20** .14* .74?* .67** .03 .25** .21** .10 \VIS59 .25** .15* .03 .54** . 8 5 " .00 .12 .32** .00 WIS60 . 2 1 " . 3 5 " .45** ,09 .01 .61**. .42** .29* * .33**
181
Capítulo 5
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 7 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ITENS 61 A 9 0 E AS ESCALAS 1
ITEM C O R R E L A Ç A O I IKM-ESCALA (SEM 0 PROPRIO ITEM) U ü l i z a f l o C i p i e
R c j l i z Proooflo E f l i t i c o A l e n t i t m o A s t o r í d A S U B O B C r i J Ü v E c o a i m k o
WIS61 .13 .20** .25** .10 .08 .29** .59** .25** .30** WIS62 . 3 5 " .19** .30** .22** . 2 8 " .21** . 3 9 " .74** .15* WIS63 .07 .35** .32** .12 .01 .17* .30*» .06 .68** WIS64 .16 ' .23** .31** .34** .20** .13 .54** .28** .32** W1S65 .22 • • .21** .38** . 3 2 " .06 21** .22»* .18** WIS66 .09 .09 .11 .27** .20* • -.01 20** .15* .19** WISÍ7 .19** ,30** . 4 0 " . 2 2 " .12 . 3 1 " .35** .30* ' .37** WIS68 .04 .07 . 2 8 " .19** .20"* .13 .21** -.00 WIS69 .11 .07 .iO . 3 0 " .27** .11 . 2 6 " .20** .07 W1S70 .17* .23** .21** .37** .32** .01 .21** .25** .24** WIS71 .08 .19** .15* .25** . 2 3 " .06 .26** .39** .15* WIS72 .10 .18** .16* .25** . 1 8 " .11 .25** .16* .19** \V1S73 .48** .21** .29** .17* .12 .18** .16* .32*» .16* WIS74 .34** . 5 5 " . 3 9 " .07 .01 . 2 0 " . 2 6 " .20** .34** WIS75 .n** .29** . 5 6 " .07 .03 .42** . 2 5 " .21** .31** \VIS76 .28** .I8** .76** . 6 6 " .13 21** .31** .10 WIS77 .26** .16* .12 . 5 8 " . 7 8 " .07 .20** .36** .00 \V1S78 .13 .13 . 3 2 " .09 .02 .73** . 2 6 " .12 .29** WIS79 .23** .29** . 3 3 " .20** .15* . 3 5 " JL** .46** .24** WIS80 .34** . 3 0 " . 3 3 " . 2 6 " . 3 6 " . 2 6 " .39** .74** .16* W I S Í l .03 . 3 1 " . 3 0 " .05 -.09 . 3 1 " 28** .11 .60** WIS«2 .09 . 2 5 " . 2 6 " .17* .08 .12 . 4 1 " .18** .28** WIS83 2T* . 2 7 " . 3 5 " .19** .17* .18** .48** .31** .27** WIS84 .05 .05 .11 . 3 0 " . 2 0 " . 2 3 " .05 .10 .14* WIS85 .19** . 3 3 " . 2 9 " .04 -.01 .19** .14* .12 .24** WIS86 .08 .14* . 2 5 " .10 .07 .29* • .13 .10 .14* \VIS87 .21*« .15* .15* .27** . 2 9 " .08 26** .28** .08 WISSS .12 .08 .07 . 2 6 " . 2 3 " .09 27** . 2 3 " .14* WIS89 .13 .12 . 2 2 " . 2 6 " .18** .14* .40** .34** .20** WIS90 .13 .23** . 2 3 " . 2 1 " . 2 2 " .15* . 1 8 " .19** .34**
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 8 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ÍTENS 1 A 3 0 E AS ESCALAS
ITEM C O R R E L A C À O ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) Citíl» de Vida
0 « s c n v . P c S M t i
Aetív. Fbica
Pr(*ü|M R i M O l a u n c SMUI S«cbb
Variedade Cend. Trabalho
WISl .02 .23** .13 .11 -.00 .16* .05 .09 -.00 WIS2 .12 .14* .03 .24** .07 .06 .12 .14* .12 WIS3 .17* .28** .09 .22** .13 .12 .11 .19** .12 WIS4 .24** .19** .08 -.06 .06 .15* .15* .11 .16* WIS5 .07 .13 .17* • -.04 .00 .26** .22** .17* .14* WIS6 -.06 -.06 .13 .21** .22** .17* .02 .08 .13 WIS7 .35** .29** .13 .21** .12 .07 .13 .22** .17* WIS8 .11 ,18** .21** .21** .21** .19** .11 .35** .06 WIS9 .20** .18** .03 .36** .09 -.00 .09 .13 .11 WISIO .49** .33** .07 .11 -.00 .07 .18** . !4* .18** W I S H .14* .35** .02 -.01 -.01 .15* .11 .14* .12 WIS12 .09 .13 .67** .16* .16* .14* ,05 .18** .08 WIS13 .03 .09 .16* .70** .21** .06 .07 .18** .17* VVIS14 .05 .05 .23** .18** . 7 0 " .13 .08 .23** .06 WIS15 .02 .20** .26** .09 .18** .64** .35** .29** .23** \VIS16 .25** .23** .12 .04 -.02 .34** . 5 1 " .24** .10 WIS17 .25** .31** .23** .23** .24** .37** .29** .64** .17* WIS18 .29** .34** .19** .18** .11 .26** .26** .29** .70** WIS19 .25** .34** .13 .19** .07 .12 .13 .22** .17* WIS20 .17* .27** .13 .32** .19** .17* .18** .18** .25** WIS21 .31** .34** .15* .42** . 2 4 " .20** .14* .29** .18** WIS22 .28** .25** .25** .19** .22** .32** .36** .26** .16* WIS23 . i l .26** .26** .03 .18** .36** .31** .33** .16* WIS24 .11 .12 .08 .29** .15* .10 .04 .14* .04 WIS25 ,33** .31** .10 .24** .15* .23** .14* .28** .20** WIS26 .29** .30** . 1 9 " .18** .19** .23** .16* .40** .14* VVIS27 .30** .19** .14* .36** .07 .07 .23** .23** .22** WIS28 .66** .37** .11 .12 .14* .15* .26** .30** .13 WIS29 .26** .56** .18** .12 .06 .24** .17* .24** .23** WIS30 .13 .22** .69f* .20** .14* .16* .11 .23** .10
182
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QUADRO N® 6 . 1 . 1 . 2 9 . CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 E AS ESCALAS
I T E M C O R R E L A Ç Ã O r i EM-ESCALA (SEM O PRÓPRIO ITEM) Cttílo dc Vidi
Daeov. Pctwil Activ. Ftiic» Prctti|io Risco lato-ic SocUI RdifSci Sociiii Variedade Cond. Trabalhe WIS31 .15* .13 .16* . .58** . .25** .07 .00 ,28** .18** WIS32 .02 -.00 .24** .23** .77** .18** ,08 .26** .08 WIS33 .07 .29** .21*' .15* .17* ,.68** . ,35*' .28** .17" WIS34 .22** .I7« .08 .05 -.05 .34** .59** ,24** .17* WIS35 .21** .22** .2I** .18** .14* .30** .27** .60** .20** WIS36 .15* .24 .15* .20** .08 .21** .22** .21** . .69** WIS37 .20** .41** .19** .14* .16* , 2 1 " .11 .16* .12 WIS38 .25** ,41** .08 .26** .14* ,18** .18** .16* .14* \VIS39 .23** .27** .04 .31** .13 .18** .17* ,15* .18** W1S40 .16** .30** .33** .16* .24** .32** .39** .30** .11 WIS41 .26** .30** .33** .10 .19** .37** .30** .31** .26** WIS42 .20** .17* .06 .33** .26** .20** .02 .21** .11 WIS43 .5s** .34** .17* .27** .13 .23** .21** .38** .30** WIS44 .29** .33** .14* .26** .26** .32** .29** .49** .26** WIS45 .14* .17* .25** .21** -.02 .16* .22** .09 .21** \VIS46 .54.** .24** .17* .07 .05 .17* .21** ,25** .22** WIS47 .23** •-43**-; -.03 .16* -.01 .14* ,26** .18** ,07 \VIS48 .14* .15* ;;65** .21** .29** .22** .18** .27** .16* WIS49 .14* .28** .19** -.60** : .10 ,16* .20** .15* .11 WIS50 .14* .14* .21** .25** .66** ' .17* .17* .24 • • .09 WISSl .25** ,28** .23** .11 .I8** .66** .53** .43** .20** WIS52 .21** ,40** .15* .29** .16* .43** ,54** .31** ,39** WIS53 .23** .26** .19** .19** .20** .32** ,29** ".61Í* .08 WIS54 .22** .20** .07 .17* .04 .17* ,08 .11 ,64*t WIS55 .17* .32** .19** ,24** .15* .14* .13 .17* ,16* \V1S56 .26** .38** .18** .21** .16* ,16* .24*' .14* .24** WIS57 .23** .28** .18** .20** .10 ,2!** .29** .20** .22** VVISS8 .30** .30** .36** .13 .25** .34** ,27** .22** .28 '* WIS59 .21** .25** .29** .01 .14* .40** ,32** .33** ,18** WIS60 .26** .25** .05 .39** .16* .11 .06 .19** .09
QUADRO N® 6.1.1.30. CORRELAÇÕES CORRIGIDAS ENTRE OS ITENS 61 A 9 0 E AS ESCALAS
I T E M C O R R E L A Ç Ã O ITEM-ESCALA (SEM 0 PRÓPRIO ITEM) Eitilo de Vida
OeMDv. Pewoal Actív. Fbiea
Preiücio RÍKO [Bterie SMÍII ReUtiet SociiU
Variedade C«ad. Tribilbo WIS61 .42** .31** .10 .20** .10 ,16* .21** .17* ,14* VVIS62 .26** .35** .32** .23** .23** ,34** .22** .60** .28** WIS63 .28** .22** .10 .29** -.02 .06 .21** ,03 .37** WIS64 ,68** .52** .23** .23** .04 .21** . 2 5 " .21** .24** WIS65 .35** .57** , ,26** .15* .08 .31** .29** .2\** .26** \VIS66 .29** .26** .36** .11 .08 .21** .26** .26** .19** WIS67 .21** .28** .20** ,25** ,15* .18** .26** .26** \VIS68 ,09 .11 .24 ** .21** ,75** ,19** ,15* ,19** .11 WIS69 ,31** .29** .15* .13 ,12 -.47** .53** ,40** . 2 5 " VVIS70 ,29** .21** .09 ,10 .10 .42** •,68** ,36** .25** WIS71 .22** .21** .23** ,15* .13 .37** .35** .52**: ' ' .22** WIS72 .20** .25** .18** .24** .12 .21** .25** .20** . ,7.4** W1S73 .12 .20** .17* .24** ,21** .24** .23** .28** .03 WIS74 .28** ,30** .00 .26** -.01 .11 . 2 3 " ,12 .12 WIS75 .21** .26** ,11 ,34** .29** .07 .05 .14* .09 WIS76 .29** .28** .37** .14* .26** ,33** .31** .29** .28** \VIS77 .26** .24** .30** .09 ,19** .34** .31** .28** .19** WIS78 .06 .09 .16* .21** .31** .13 -.01 .13 .10 WIS79 .44** ,43** .14* .21** ,28** .30** .22** ,42** .35** WIS80 .26** .32** ,16* .17* .19** .28** .21** .46** . 2 0 " WIS81 .21** .I9** .01 ,16* .08 .05 .14* .12 .16* \VIS82 .58** .38** .15* .16* .10 ,25** .25** .21** .23** WIS83 .52** . .46** • .22** .32** ,16* .28** .30** .34** .21** WIS84 .05 ,05 .49** - .13 .35** .22** ,05 .10 .12 \VIS85 .12 .21** .17* ,60** .10 .19** .19** ,17* .29** WIS86 .06 .11 .20** .09 .56**- ,13 .06 .18** ,07 VVIS87 .20** .28** .16* .14* .08 .60** • .38** .42** .28** WIS88 .23** .24** .20** .15* .21** ,52** .49** , .38** .13 \VIS89 .32** .23** .18** .22** .21** .39** .37** , 5 1 " .28** WIS90 .21** .21** ,13 .24 • • .05 .21** .34** ,22**
183
Capítulo 5
0.43 e os itens 66 e 84 da escala Actividade Física com 0.36 e 0.49,
respectivamente. Em todo o caso, os coeficientes encontrados continuam
a considerar-se satisfatórios, sendo sempre superiores a 0.30.
As correlações encontradas entre cada item e a escala a que
pertence variam entre 0.48 e 0.73 para Utilização das Capacidades, entre
0.53 e 0.60 para Realização, entre 0.36 e 0.65 para Promoção, entre 0.54
e 0.80 para Estético, entre 0.71 e 0.85 para Altruísmo, entre 0.56 e 0.79
para Autoridade, entre 0.58 e 0.71 para Autonomia, entre 0.67 e 0.76 para
Criatividade, entre 0.44 e 0.71 para Económico, entre 0.49 e 0.68 para
Estilo de Vida, entre 0.35 e 0.57 para Desenvolvimento Pessoal, entre
0.36 e 0.69 para Actividade Física, entre 0.58 e 0.74 para Prestígio, entre
0.56 e 0.77 para Risco, entre 0.47 e 0.68 para Interacção Social, entre
0.49 e 0.68 para Relações Sociais, entre 0.51 e 0.64 para Variedade e
entre 0.52 e 0.74 para Condições de Trabalho.
6.1.2. Intercorrelações das escalas
Foram também calculadas as intercorrelações das dezoito escalas
que constituem a Escala de Valores WIS. Os dados obtidos são
apresentados no Quadro n® 6.1.2.1. O algarismo das unidades foi omitido
e é sempre igual a 0.
Dos resultados obtidos, salienta-se a correlação mais alta (0.67)
entre as escalas Altruísmo e Estético, seguida da correlação entre
Interacção Social e Relações Sociais (0.63) e entre Promoção e
Realização (0.60). Já inferior a 0.60 mas ainda com valores muito altos,
segue-se a correlação entre Estilo de Vida e Autonomia e Variedade e
1 8 4
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
Criatividade (0.59). As escalas Desenvolvimento Pessoal e Estilo de
Vida, Interacção Social e Variedade, Económico e Promoção e
Autonomia e Criatividade também apresentam coeficientes de correlação
elevados (respectivamente 0.53, 0.52, 0.51 e 0.50).
QUADRO 6 . 1 . 2 . 1 • [NTERCORRELAÇÕES DAS ESCALAS ( N = 2 1 4 ) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 i 3 14 15 >6 17 1 8
1 . 4 6
} .41 . 6 0 4 . 3 0 . 2 6 .19
S .26 . 1 8 .07 » . 6 7
( . 2 2 . 2 7 . 4 1 . 0 9 / . 0 2 / 1 7 . 2 6 . 3 5 .42 . 2 5 . 1 8 . 4 0
• . 44 .31 .37 . 3 1 . 3 9 . 2 5 . 5 0
. 1 5 .41 .51 . 1 3 . 0 3 » . 3 9 . 3 7 .17
I I .21 .33 . 3 9 . 3 6 . 2 3 . 1 5 . 5 9 .31 . 34
I I . 4 2 . 46 .44 . 3 5 . 2 9 . 1 5 . 4 7 . 3 8 . 2 8 . 5 3
12 .23 ,13 . 1 1 . 3 7 . 3 3 . 1 3 . 1 8 . 26 . 16 .21 . 2 4
13 . 2 7 .41 .48 . 1 5 . 0 5 ^ . 3 9 . 3 3 .27 . 3 9 . 2 0 . 2 7 . 24
14 . 1 7 . 1 7 . 3 0 2 1 . 1 7 . 2 9 . 2 1 . 2 8 . 0 6 ' . 10 ' .11 . 3 2 . 26
I S . 2 5 .21 .22 3 1 . 4 2 . 1 1 . 2 7 .35 10 . 2 5 . 3 9 .31 . 1 8 .21
U . 1 9 .29 .21 . 3 9 . 36 .03» . 2 7 .27 . 2 5 . 3 6 . 3 9 . 2 0 . 1 8 . 1 5 . 6 3 17 . 26 .23 . 2 9 . 3 1 3 5 . 1 9 4 1 . 5 9 .17 . 36 . 3 9 .31 . 2 9 . 2 9 . 5 2 .47
II . 1 3 .27 .23 . 26 .23 . 1 2 . 3 2 .24 . 3 2 , 2 9 . 34 . 1 9 . 2 8 ,11 . 3 2 . 3 0 . 2 8
1. Utilizaç^ das Capacidades 2. Realização 1 PrptDOçflo 4. Estéüco 5. Altruísmo 6. Amorídade 7. Autonomia S.Chuividade 9. Económico 10, Estilo de Vida 11. Desenvolvimenio Pessoal 12. Actividade Física 13. Prestigio K.Risco 15. Interacção Social 16. Relações Sociais 17. Variedade 18. Coodições de Trabalho Os valores superiores a 0.14 são sigiüfícaãvos 8 p<0,0S Os valores iguais ou superiores a 0. IS s io significatívos a p<0.01
A comparação com outros estudos com adultos (Duarte, 1993;
Rafael, 1992) toma m'tida a grande semelhança dos resultados
encontrados. Como se pode verificar pela análise dos dados, nos casos
em que não há coincidência com os elementos encontrados neste estudo,
os coeficientes que correspondem à correlação^ entre essas escalas,
embora não superiores a 0.50, assumem valores muito próximos,
definindo correlações também elevadas.
6.1.3. Análise em componentes pr íncípais
Foi também efectuada uma análise em componentes principais
com rotação varimax da matriz sobre as dezoito escalas, emergindo 5
componentes principais que, no conjunto, explicam 63.84% da variância B I B L I O T E C A )
85
Capítulo 5
dos resultados. Os resultados encontrados estão sintetizados nos Quadros
n° 6.1.3.1 a6.1 .3 .3 .
QUADRO N^ 6.1.3.1.ESCALA DE VALORES W I S • MATRIZ DOS FACTORES CN=2 14) ESCALAS F A C T O R
1 F A C T O R
2 F A C T O R
i F A C T O R
4 FACTOR
5 Utilização Capac idades 0.55 -0.05 -0.19 0.60 0.03
Real ização 0.62 -0.33 0.09 0.36 •0.24 P r o m o ç i o 0.66 -0.50 -0.08 0.12 •0.58
estét ico 0.58 0.46 -0.08 0.17 •0.31 AJtruisnio 0.50 0.62 -0.11 0.20 •0,16 Auto r ídade 0.44 •0.48 -0.35 -0.20 •0.08 Autonomia 0.67 •0.21 0.16 -0.10 0.39
Cr ia t iv idade 0.66 0.10 -0.19 0.12 0.46 Ecoaóinico 0.50 •0.51 0.23 -0.21 -0.28
Estilo de Vida 0.62 -0.03 0.42 0.02 0.17 Desenvolvi me 0 to Pessoal 0.69 0.01 0.32 0.25 0.07
Actividade Física 0.46 0.25 . -0.35 -0.12 -0.27 PrejtÍEio 0.54 •0.40 •0.20 -0.16 -0.22
Risco 0.40 0.02 -0.64 •0.21 0.00 l a t e r a c ç i o Social 0.61 0.42 0.04 -0.26 0,00 Relações Sociais 0.58 0.35 0.30 -0.24 •0.11
Var iedade 0.67 0.25 -0.07 -0.24 0.37 Condições T r a b a l h o 0.50 0.02 0.28 -0.29 -0.27
O 1® factor com um eigenvalue igual a 5.98 explica 33.24% da
variância total dos resultados. O 2® factor tem um eigenvalue de 2.08 e
explica l i . 5 4 % da variância dos resultados. O 3® factor tem um
eigenvalue de 1.33, explicando 7.38% da variância dos resultados. O 4®
tem um eigenvalue de 1.09 e explica 6.07% da variância dos resultados.
O 5° factor, com um eigenvalue muito próximo' de 1 (1.01), explica
5.61% da variância dos resultados.
QUADRO N^ 6.1 •3.2.ESCALA DE VALORES WIS - MATRIZ DOS FACTORES RODADA(N=2 14) E S C A L A S F A C T O R FACTOR
2 F A C T O R
3 F A C T O R
4 F A C T O R
5 Utilização Capac idades 0.72 ' 0.19 0.12 0.79 0,18
Real ização 0.55 - 0.15 0.00 0.59 0.09 P r o m o ç i o 0.61 - -0.02 0.25 0.45 0.26
Estético 0.07 0.76 0.08 0.30 0.08 Al t ru ísmo -0.15 0.76 0.06 0.27 0.14 Auto r idade 0.43 -0.17 0.55 0.14 0.24 Autonomia 0.36 0.01 0.07 0.17 0.72
Cr ia t iv idade -0.03 0.18 0.28 0.37 0.68 Económico 0,82 • 0.01 0.03 0.04 0.12
EstUo de Vida 0,37 0,22 -0.25 0.18 0.57 Desenvolvimento Pessoal 0.34 0.31 -0.21 0.42 0.46
Actividade Física 0 . i2 0.53 0.42 0,08 0.03 Prest igio 0.60 • 0.06 0.41 0.16 0.10
Risco 0.05 0.21 0.73 0.07 0.14 In te racção Social 0.12 0.62 0.12 -0 .09- 0.44 Relações Sociais 0.28 0.61 -0.12 -0.11 •0 .38
Va r i edade 0.05 0.36 0,25 0.00 0.72 Condições T r a b a l h o 0.52 • 0.40 -0.06 -0,13 0.20
1 8 6
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Util izados
QUADRO N* 6.1.3.3. ESCALA DE VALORES WIS - EíCESVALUES E VARL^CL\ EXPLJCADA(N=J
CompoDcote Prínciptl
Ligenvalue UVarlUcU Explicada
"!;jcVar{locU Explicada Acumulada
1 33.24 33.24 2 2.08 n.54 44.7IÍ i 1.33 7.38 52.16 4 I.M 6.07 58.JJ 5 I.OI 5.61 63.84
O r factor é essencialmente definido pelas escalas Realização,
Promoção, Económico, Prestígio, e Condições de Trabalho. O 2® factor
agrupa as escalas Estético, Altruísmo, Actividade Física, Interacção
Social e Relações Sociais. O 3° factor define-se a partir das escalas
Autoridade e Risco. No 4® factor as escalas com mais elevadas saturações
são Utilização das Capacidades e Realização (embora qualquer delas
também tenha uma saturação alta no factor 1). O 5® factor defme-se a
partir das escalas Autonomia, Criatividade, Estilo de Vida e Variedade. O
Quadro n® 6.1.3.4. sintetiza estes dados.
Utilizando as designações de Sverko (1995) referidas no capítulo
2, ponto 2.3, e embora decorrentes de uma maioria de estudos com
adolescentes, poder-se-á considerar que, na generalidade, o 1® factor
defme-se basicamente a partir de valores de Orientação Utilitária, o 2® a
partir de valores de Orientação Social, o 3® de valores de Orientação para
a Aventura, o 4® de Orientação para a Auto-Actualização e o 5® de
orientação para a Expressão Individual. Utilizando as designações com
que Coetsier & Claes (1995) descreveram também os 5 factores
encontrados numa amostra que incluía adultos, poder-se-ía dizer que o 1®
factor é um factor de Progresso Material na Carreira, o 2®, um factor de
Orientação para o Grupo, o 3® um factor de Desafio, o 4®, um factor de
Auto-Realização e o 5®, um factor de Autonomia. Contudo, as
designações de èverko (1995) parecem preferiveis por caracterizarem os
87
Capítulo 7
factores com expressões mais abrangentes e menos susceptíveis de se
confundir com as próprias escalas da Escala de Valores WIS.
QUADRO N" 6.1 •3.4.FACTOR£S ENC0NT?. \D0S E ESCALAS QUE OS DErtSEM ( N = 2 {4) Factores e o c o o m d o s A d s J t o s ( A d m i A Ú r r a r i v o s e
Lictociadoa em Cat io / IcoDomia)
Factor l Económico" (Utilizaçio das Capacidades)*'
P romoção" Prestigio* "
(Idealização)* Coodições de Trabalho*
Factor 2 Estético** Aluuísroo*"
Interacção Soc ia l " RelaçíVs Soc ia i s" Actividade Física*
Factor J Autoridade* R i s c o "
Factor 4 ( L ' â i Í 2 a ç ã o d a s C a p a c i d a d e s ) * *
(RealizaçSo)* Factor 5 Autotiotnia**
V a r i e d v l f " Criatividade" Esttlo de Vida*
( ) escala com f^nrrrw;^ cíevada an aaais do que I faaor
Comparando com os estudos com adultos realizados por Rafael
(1992) e por Duarte (1993) encontra-se, no presente trabalho, uma
estrutura em 5 factores - tal como Rafael encontrara na amostra de
professores (1992) e não uma estrutura em 4 factores como em Duarte
(1993). Contudo, a composição dos factores apresenta maiores
semelhanças com Duarte (1993). O l" factor é semelhante nos três casos,
agrupando valores de Orientação Utilitária. O 2° factor encontrado neste
estudo é semelhante ao factor 2 encontrado por Duarte (1993) e tem
alguma correspondência com o 4® factor encontrado por Rafael,
configurando um factor de Orientação Social. O 3° factor encontrado no
presente estudo tem alguma correspondência com o factor 4 que Duarte
encontrou no seu esrudo com profissionais de diversas áreas numa
empresa industrial e o factor 5 que Rafael encontrou na amostra dos
professores, podendo ser coosiderado um factor de Orientação para a
Aventura. O 4° factor deste estudo parece ser um factor de Auto-
1 8 8
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
Actualização, não encontrando uma correspondência directa com
qualquer dos factores dos outros dois estudos portugueses, mas revelando
alguma semelhança com o factor 2 de Sverko (1995) e com o factor de
Auto-Realização de Coetsier & Claes (1995). O 5° factor - um factor de
Orientação para a Expressão Individual - corresponde ao factor 3 de
Duarte e. de alguma forma, aos factores 2 e 3 do estudo de Rafael (1992).
Embora não haja uma correspondência directa entre a estrutura factorial
encontrada nesta análise e nos estudos de Duarte e Rafael, a semelhança é
maior com os dados de Duarte (1993), baseados numa amostra muito
diversificada de adultos trabalhadores e ainda maior com os dados
obtidos por Sverko (1995) e por Coetsier & Claes (1995). A amostra
utilizada por Rafael é bastante distinta da que aqui se utilizou a vários
m'veis: a área em que os trabalhadores desempenham a sua profissão é
muito diferente nos dois casos já que se está a comparar professores com
gestores/economistas ou com administrativos. Além disso, no caso de
Rafael a maioria dos sujeitos, embora adultos, ainda não estavam a
trabalhar. Qualquer destes aspectos pode ter implicações na forma como
os sujeitos hierarquizam os valores.
6.1.4. Síntese
Os dados recolhidos revelam coeficientes de consistência interna
elevados em todas as escalas da Escala de Valores WIS com alfa de
Cronbach entre 0.73 e 0.81. A análise dos itens também mostra que, na
maioria dos casos, os itens apresentam a correlação mais elevada com a
89
Capítulo 6 '
escala a que pertencem, mesmo quando o cálculo é feito com o somatório
das escalas sem o próprio item.
A análise em componentes principais com rotação varimax da
matriz encontra componentes semelhantes quer aos cinco factores
referidos por Sverko (1995), em resultado do estudo de diferentes
amostras dos países participantes no projecto WIS, quer aos encontrados
em estudos realizados noutros países com amostras de adultos (por
exemplo, Coetsier & Claes, 1995). Há também algumas correspondências
com dados encontrados em Portugal por Rafael (1992) e por Duarte
(1993), embora a coincidência não seja total.
De um modo geral, os resultados recolhidos com estas amostras
vão no mesmo sentido que os obtidos em estudos anteriores em Portugal,
- quer com outros grupos etários (Duarte, 1984; Marques, Miranda, Pinto
& Afonso, 1984; Teixeira, 1988, 1995), quer com adultos de outros
grupos profissionais, (Duarte, 1993; Rafael, 1992), confirmando as
qualidades métricas deste instrumento de medida dos valores.
6.2. E s t u d o p s i c o m é t r i c o d a a d a p t a ç ã o p o r t u g u e s a d o N E O - F F I
Como atrás se referiu, os dados dos 214 sujeitos foram
considerados uma única amostra para o estudo da adaptação portuguesa
do NEO-FFI, tendo em conta que a constituição de subgrupos, por sexo e
por habilitações literárias, defmiria subamostras cuja dimensão não seria
suficiente para a aplicação de alguns métodos estatísticos, nomeadamente
no que diz respeito ao estudo factorial do instrumento.
1 9 0
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
Como também já foi referido, o NEO-FFl é uma versão reduzida
do NEO-PI-R, de que fazem parte todos os seus itens. Estes itens foram,
assim, estudados, por Lima {no prelo) na adaptação portuguesa que fez
deste instrumento, com uma amostra total de 2000 sujeitos. Em todo o
caso, considerou-sè que poderia ter interesse analisar os dados obtidos
por esta amostra, uma vez que o NEO-FFI nunca tinha sido aplicado a
populações portuguesas, sendo discutível se nestas condições, manterá as
propriedades da versão americana original ou da versão portuguesa
integral. Como já se referiu, as escalas do NEO-FFI, versão original,
apresentam valores de garantia e de validade já inferiores aos obtidos
com a escala total.
No sentido de recolher alguns dados relevantes para o estudo
desta prova, fez-se um estudo da garantia e uma análise de itens, uma
análise das intercorrelações entre as escalas e uma análise em
componentes principais, de modo a recolher dados sobre a estrutura
factorial do instrumento e ainda sobre a sua validade de construção.
6.2.1. Estudo da garan t ia e anál ise de i tens
Em relação aos 12 itens de cada uma das cinco escalas,
calcularam-se as correlações item-escala e as correlações corrigidas entre
cada item e o total da escala sem o próprio item. Calcularam-se ainda,
para cada escala, o coeficiente alfa de Cronbach para a escala total e se
cada um dos seus itens for eliminado.
Da escala Neuroticismo, fazem parte os itens 1,6, 11, 16, 21, 26,
31, 36, 41, 46, 51 e 56. Os dados encontrados são sintetizados no Quadro
n ° 6 . 2 . 1 . 1 .
91
Capítulo 7
Todos os itens apresentam correlações significativas a p<0.05,
quer com o total da escala quer com o total da escala sem o próprio item.
As correlações item-total variam entre 0.33 para o item 1 e 0.67 para os
itens 6 e 21. As correlações corrigidas atingem um mínimo de 0.16 em
relação ao item 1. Todos os outros coeficientes são superiores a 0.30,
com um máximo de 0.59 no caso do item 6.
O alfa de Cronbach é de 0.81. Só no caso do item 1, a sua
eliminação, poderia beneficiar a consistência interna da escala, uma vez
que o alfa passaria a ser 0.83. A eliminação de qualquer dos outros itens
não altera (no caso do item 56) ou, pelo contrário, faz diminuir o
coeficiente.
De acordo com esta análise, pode-se considerar a consistência
interna da escala satisfatória, embora os dados sugiram que o item 1
poderia ser retirado ou reformulado.
QUADRO N® 6.2. I . I .ÍNDICES DE PRECISÃO REFERENTES À ESCALA N (N=214) ESCALA N E U R O T I C I S M O
Alfa de Croabacb para a escala» 0.81
N* item Cor re laç io item-lotal
C o i r e l a ç i o iteiD-total
corrigida (sem 0 própr io
item)
Alia se 0 item for elimioado
I T E M 1 0 . 3 3 " 0.16- 0.83
r r E M 6 0 . 6 7 " 0 . 5 9 " 0.78
r r E M i i 0 . 5 7 " 0 . 4 5 " 0.80
FTEM 16 0 .66 ' 0.57* 0.78
I T E M 21 0.67** 0.57** 0.78
I T E M 26 0 . 6 5 " 0 . 5 6 " 0.79
I T E M 31 0.61 • • 0.5 ! • • 0.79
I T E M 36 0.48* 0.35* 0.80
r r E M 4 1 0.65* • 0.57** 0.79
I T E M 46 0.54" • 0 . 4 4 " 0.80
r t E M S l 0.59* • 0 . 5 1 " 0.79
I T E M 56 0.52*' 0 . 3 7 " 0.81
'significativa a p<0.05 ••significativa a p<0.01
Comparativamente com os dados obtidos a partir da aplicação a
uma amostra de 2000 sujeitos da adaptação portuguesa do NEO-PI-R (de
onde foram retirados todos os itens que constituem a versão reduzida), os
1 9 2
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
resultados encontrados são muito semelhantes, como se pode ver no
ponto 3.3. Na versão integral, a escala de domínio N apresenta um
coeficiente alfa de Cronbach de 0.85 (Lima, comunicação pessoal).
Também os itens correspondentes aos itens do NEO-FFI se revelam todos
satisfatórios, com excepção do item 1 que é também o único a apresentar
uma correlação item-total corrigida inferior a 0.20 (também 0.16) -
Quadro 3.3.1. (pág. 113). Contudo, neste caso, a eliminação do item não
aumentaria o coeficiente alfa de Cronbach. Este item pertencente à faceta
NI - Ansiedade • estabelece com o total da escala de faceta de que faz
parte uma correlação corrigida de 0.21.
Em relação à escala de Extroversão foi feito o mesmo tipo de
tratamento estatístico. Os dados são apresentados no Quadro n® 6.2.1.2.
QUADRO N* 6 . 2 . 1 . 2 . ÍNDICES DE PRECISÃO REFERENTES À ESCALA E E S C A L A E X T R O V E R S Ã O
Alfa de Croobacb pa ra a escala- 0.64
N* ilcm C o r r e l a ç i o ítem-toCal
C o r r e U ç l o ítcm-total corrigida
(sem 0 própr io item)
Alfa s í 0 item for eliminado
r n : M 2 0 . 5 7 " 0 . 4 0 " 0.59 F F E M ? 0.42** 0 . 2 5 " 0.62
r r i M 12 0 .3 l«* 0.09 0.66 I T E M l ? 0 . 5 0 " 0 . 3 9 " 0.60 ITEM 22 0.47** 0 . 3 5 " 0.61 ITEM 27 0.47** 0.28* • 0.62 n X . M 3 2 0.46* • 0 . 2 9 " 0.62
n X M 37 0.57** 0.46" • 0.59 r r E M 4 2 0.57** 0 . 3 8 " 0.59 FTEM 47 0 ,37* ' 0.22 • • 0.63 r r E M 5 2 0 .55* ' 0.46* • 0 6 0 FFEM 57 0.34 • • 0.10 0.66
[ N = 2 1 4 )
'significativa a p<0.05 "s ígnif ícauva a p<0.01
A escala Extroversão apresenta coeficientes de consistência
interna mais baixos que os da escala Neuroticismo. O coeficiente alfa de
Cronbach é 0.64, resultado ainda satisfatório embora nâo'muito elevado.
No caso da forma completa do instrumento, Lima (comunicação pessoal)
193
Capítulo 7
encontrou um coeficiente alfa de Cronbach para a escala de domínio E
mais elevado, de 0.80.
Embora, no caso desta escala, todas as correlações item-total da
escala sejam significativas a um nível de significância inferior a 0.05, as
correlações corrigidas apresentam resultados não significativos no caso
do item 12 com 0.09 e do item 57 com 0.10. Os restantes coeficientes
variam entre 0.22 (item 47) e 0.46 (itens 37 e 52), sendo portanto todos
aceitáveis de acordo com o critério de Kline (1986) que refere 0.20 como
mínimo aceitável. São também os itens 12 e o 57 os únicos cuja
eliminação faz elevar o alfa de Cronbach de 0.64 para 0.66. Estes dados
sugerem que estes dois itens deveriam ser reformulados ou retirados para
melhorar as características metrológicas da escala.
A comparação com os dados obtidos para os itens
correspondentes do NEO-PI-R (apresentados no Quadro 3.3.2., pág. 113)
mostra grandes semelhanças com os dados aqui obtidos. Os itens 147 e
162 do NEO-PI-R (correspondentes, respectivamente, ao item 12 e ao 57
do NEO-FFI) apresentam cora o total da escala E uma correlação
corrigida de 0.02 e de 0.11, respectivamente. Como se verifica pela
análise do Quadro 3.3.2. (pág. 113), na versão integral, o item 67
(correspondente ao item 27 do NEO-FFI) tem também uma correlação
corrigida item-total inferior a 0.20 (0.18), o que não acontece no presente
estudo. Alguns destes três itens apresentam resultados mais satisfatórios
na correlação com a faceta a que pertencem. De facto, o item 162 de E3 -
Assertividade (correspondente ao 57 do NEO-FFI) e o item 67 de E2 -
Gregariedade (correspondente ao 27 do NEO-FFI), estabelecem com a
1 9 4
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
escala de faceta de que fazem parte, uma correlação corrigida de 0.21 e
0.27. respectivamente. Apenas o item 147 que pertence a E6 - Emoções
positivas (correspondente ao 12 do NEO-FFI), estabelece também uma
correlação muito baixa com a sua escala de faceta.
Os resultados obtidos para a escala Abertura à Experiência (O)
estão sintetizados no Quadro n® 6.2.1.3.
ESCALA ABERTUBA À EXPERtÊNOA (0 ) A l í i de Cronbach p a n a escala» 0.5S
N* item C o r r e l a ç l o item-total
CorreUçio item-total
corrigida (sem 0 próprio item)
Alfa se 0 item ror eliminado
ITEM 3 0 . 3 1 " 0.09 0.56
r r E M 8 0.25^* 0 0 3 0 5 7
rTE.M 13 0.44* • 028** 0 5 2
fTE.M 18 0 .37* ' 0 2 2 " 0 5 3
r T E M 2 3 032*^ 0.50
r r E M M 0 . 3 7 " 017* 0.54
r T E M 3 3 0.43 • • 026* • 0.52
r f E M J S 0 0 0 0.59
r r E M 4 3 0 . 6 9 " 0.44
rTEM48 0.48^* 0.30'* 0 5 !
n x M S J 0 . 2 9 - 0 5 4
r r E M S s 0 5 6 ' » a39^* 0 4 8
•sigaificaiiva a p<0.05 ••significativa a p<0-01
Esta escala surge com o mais baixo alfa de Cronbach das cinco
escalas que constituem o NEO-FFI, com um valor de 0.55. Isto não se
verifica na versão integral em que Lima (comunicação pessoal) encontra,
para a escala de domínio O do NEO-PI-R, um coeficiente alfa de
Cronbach de 0.85 (Lima, comunicação pessoal). Contudo, não se pode
deixar de ter em conta que, no caso do NEO-FFI, se está perante uma
forma reduzida. A análise de itens da escala O do NEO-FFI revela três
itens não satisfatórios quer, porque a sua eliminação faz elevar o
coeficiente alfa de Cronbach quer ainda porque as correlações corrigidas
item-total não são significativas. É o caso do item 3, do item 8 e do item
38 que fazem o valor de alfa subir de 0.55 para 0.56. 0.57 e 0.59,
respectivamente. Também pela mesma ordem, as correlações corrigidas
195
Capítulo 7
encontradas são muito próximas de O (0.09, 0.03 e 0.0). Os outros
coeficientes variam entre 0.17 e 0.18 para os itens 28 e 53 - também
inferiores ao que seria desejável, embora significativos a p<0.05, e os
0.53 no caso do item 43. Pelo contrário, como se pode ver no Quadro
3.3.3. (pág. 114), os itens 93 e o item 88 do NEO-PI-R (correspondentes
aos itens 3 e 38 do NEO-FFI) são itens bastante satisfatórios,
estabelecendo cora o total da escala de domínio, uma correlação corrigida
de 0.40 e de 0.29 e com a faceta a que pertencem 0.46 e 0.26,
respectivamente. Apenas o item 78 (correspondente ao item 8 do NEO-
FFI) continua a apresentar uma correlação item-total corrigida pouco
satisfatória (0.18 com o domínio O e 0.17 com a faceta 0 4 - Acções - de
que faz parte), embora claramente superior aos 0.03 aqui encontrados.
O estudo da escala Amabilidade seguiu o mesmo tipo de fases,
sendo os dados obtidos apresentados no Quadro n® 6.2.1.4.
Q U A D R O N^ 6.2.1.4. ÍNDICES DE PRECISÃO REFERENTES À ESCALA A ( N = 2 1 4 )
ESCALA AMA Alfa de Croobacb
BILIDADE (A) para a escala* 0.61
N - l t e m Corre lação Item-total
C o r r t U ç i o item-total
corrigida (sem 0 própr io
item)
Alfa se 0 item for elimioado
r r E M 4 0 . 3 3 " 0 .19 '* 0.61 r r E M 9 0 . 3 ! " 0 . 1 9 " 0.61
r r E M u 0 . 5 2 " 0 . 3 7 " 0.57 rrEMi9 0 . 3 0 " 0.12 0.62 r r E M 24 0 . 5 2 " 0 .34" ' 0.58 r r E M 29 0 . 3 9 " 0.15* 0.63 r r E M 3 4 0 . 4 4 " 0 . 3 3 " 0.59 r C E M 39 0 . 6 1 " 0 . 4 1 " 0.56 r r E M 44 0 . 5 6 " 0.40* • 0.57 r r E M 49 0 . 3 7 " 0.25»* 0.60 r r E M 54 0 . 4 4 " 0.22* • 0.60 r r E M 59 0.46** 0.30** 0.59
*$ignificativa a p<O.OS "signif icat iva a p<0.01
A análise deste quadro sugere uma maior consistência intema
desta escala que da escala Abertura à Experiência com um coeficiente
alfa de Cronbach de 0.61. Todos os itens apresentam correlações
1 9 6
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
significativas com o total da escala. No caso das correlações corrigidas,
apenas o item 19 apresenta u m a correlação não significativa, verificando-
se ainda que a eliminação deste item aumentaria o alfa de 0.61 para 0.62,
o que sugere que este item poderia ser retirado ou reformulado com
benefício para a escala. Outros itens cujas correlações corrigidas não são
satisfatórias, de acordo com o j á referido critério de Kline (1986), embora
sejam significativas a p<0.05, são os itens 4 e 9, ambos com uma
correlação de 0.19 com o total da escala sem o item.
Contudo, a omissão da maioria destes destes itens não aumenta o
coeficiente alfa de Cronbach. Também o item 29 apresenta uma
correlação corrigida baixa - 0 .15 - verificando-se ainda que a sua omissão
poderia melhorar a consistência intema da escala, como se pode deduzir
do aumento do alfa de Cronbach de 0.61 para 0.63. Assim, de acordo
com os dados obtidos com esta amostra, os itens 19 e 29 poderiam ser
reformulados. A análise dos dados obtidos por Lima, e já apresentados no
Quadros 3.3.4 (pág. 114), para os itens correspondentes do NEO-PI-R
nem sempre confirma estas conclusões. Assim, na versão integral, o
coeficiente a é de 0.82. C o m o se pode ver no Quadro 3.3.4. (pág.l 14), os
itens correspondentes aos i tens 4 e 9 do NEO-FFl (44 e 229 do NEO-PI-
R, respectivamente), apresentam correlações item-domínio corrigidas
muilo superiores a 0.31, o que é bastante satisfatório. Também o item 19
do NEO-FFl (e 19 do NEO-PI-R) se revela satisfatório com uma
correlação de 0.30. Apenas se confirma a necessidade de rever o item 29
do NEO-FFl (64 do NEO-PI-R) que na versão integral também apresenta
197
Capítulo 7
uma baixa correlação com o total do domínio (0.06) e a sua eliminação
beneficia a consistência interna avaliada pelo coeficiente a de Cronbach.
Os dados referentes à escala Conscienciosidade são apresentados
no Quadro n° 6.2.1.5.
ESCALA CONSCIEiNCIOSroADE Valor de alfa de Croabacb para a escaJa» 0.76
N* item Correia ç io itenvtotal
Conre laç io item-iotal
corrigida (sem 0 própr io
item)
Vaior do . \ l ía se 0 item Tor
eliminado
r i E M S 0 . 5 8 " 0.47»« 0.74
r r E M 10 0 . 5 7 - 0.46* • 0.74
r r E M 15 0.55*« 0 . 3 7 " 0.75 r r E M 20 0 . 4 4 " 0 .35 '* 0.75
r r E M 25 0 . 5 j " 0.4 0.74
r rEM30 0 . 5 2 " 0.37*« 0.75
r r E M 35 0 . 4 2 " 0 . 2 9 ' • 0.76 I T E M 40 0 . 5 2 " 0.41 • • 0.74
r r E M 45 0.5 0 . 3 5 " 0.75 I T E M 50 . 0 . 6 4 " 0 . 5 5 " 0.73 r r E M 55 0.61 • • 0.49** 0.73 r r E M 60 0.49** 0 . 3 5 " 0.75
•significativa a p<0.05 " s i p i i f i c a a v a a jkO.OI I
Logo a seguir à escala de Neuroticismo, é a escala de
Conscienciosidade que aparece com os melhores coeficientes de
consistência interna, apresentando boa qualidade dos itens. Todas as
correlações (corrigidas e não corrigidas) do item com o total da escala são
significativas a p<0.05 e sempre superiores a 0.20. Praticamente todas -
com excepção do item 35 com uma correlação corrigida de 0.29 - são
superiores a 0.30. A eliminação de qualquer dos itens traduz-se numa
diminuição do valor do coeficiente alfa de Cronbach, com excepção do
item 35 em que ele se revela inalterado. O valor do coeficiente alfa de
Cronbach para a escala é de 0.76. Todos os itens parecem ser
satisfatórios. Na versão integral (NEO-PI-R) e de acordo com os dados de
Lima (comunicação pessoal), o coeficiente alfa de Cronbach assume um
valor de 0.86 e todos os itens correspondentes aos do NEO-FFI
1 9 8
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
apresentam resultados adequados na correlação corrigida item/escala
(Quadro 3.3.5, pág. 114).
De um modo geral, o estudo da garantia e a análise de itens de
cada escala revelam resultados satisfatórios embora moderados. As
escalas Neuroticismo e Conscienciosidade apresentam bons indicadores
de consistência intema sendo os seus itens na generalidade satisfatórios,
embora o item 1 da escala Neuroticismo pudesse ser reformulado. A
escala Abertura à Experiência é a que apresenta indicadores de
consistência intema menos satisfatórios, com um alfa de 0.55 e três itens
que aparentam ter pouca coerência com os restantes itens da mesma
escala. A escala Extroversão e Amabilidade surge com resultados
intermédios, embora a correlação de alguns itens com o total da sua
escala de pertença, possa também sugerir a necessidade de revisão.
As correlações dos itens com os totais de todas as escalas, para a
amostra total são apresentadas nos Quadros n° 6.2.1.6. e n° 6.2.1.7. Os
sombreados indicam a escala a que pertence cada item, facilitando a
leitura. Como se pode ver pela sua análise, cada item apresenta sempre a
correlação mais elevada com a escala a que pertence. Se, em vez da
correlação item-escala, se considerar a correlação entre o item e o total da
escala a que pertence, subtraindo o próprio item, estes resultados
mantém-se, na generalidade, como se pode observar nos Quadros n®
6.2 .1 .8 .en° 6.2.1.9.
Há, contudo algumas excepções, muitas vezes, coincidentes com os itens
que, por outros critérios, já tinham sido considerados como menos
satisfatórios. É o caso dos itens 12, 42, 47 e 57 da escala Extroversão que
199
Capítulo 7
QUADRO N* 6.2. i .6. CORRELAÇÕES EKTRE OS ITENS 1 A 3 0 DO NEO-FR E OS TOTAIS DAS ESCALAS ( N = 2 1 4 )
1 1 N 1 E O A c FFl 1 -0.01 0.11 -0.03 0.08 m -0.09 0.09 0.07 0.08 m 0 . 2 4 " -0.09 -0.06 - 0 1 8 " FF4 •0.06 0.16' -0.07 0 . 2 0 " FF5 -0.04 0.10 -0.07 0.19** 'síms^ FF6 -0.27** -0.07 -0.12 -0.18*' FF7 -0.11 -0.07 0 . 2 1 " 0.03 FF8 -0.12 0.13 0.17* 006 FF9 -0.13 0.10 -0.04 0.14'
FFIO -0.13 0 . 2 0 " •0.01 0.12 m i - 0 . 1 9 " -0.18*" -0.11 -013 FF12 -0.00 0.14* 0.12 -0.02 FF13 0.22'• -0.00 -0.03 0.00 r F l 4 •0.17' 0.12 0.04 0 2 1 " FF15 -0.13 0.02 0.06 0.06 ^msèsã FTlô - 0 . 2 5 " 0.12 -0.15* -0.16« FF17 -00.08 0.20*» 0 . 3 1 " 0.14« FF18 -0.12 0 . 2 7 " 0.15* 0.16' FF19 0.I7» -0.01 -0.03 ^ f m m 0.01 FF20 0.04 0.06 OOi 012 FF21 - 0 . 1 9 " 006 -0.18*' -0.13 FF22 •O.lô' 0.27*« •0.04 0 2 6 " ' FF73 -0.03 0.07 0.08 O.Il F F 2 4 -0 .23" 0.23'* 0.04 s s g ' c r a ^ 0.07 F F 2 5 -0.29'• 0 . 3 3 - 0.03 0.08 FF26 -0.23'* 0.07 -017" -0.24 •• FF27 -0.24" 0.25 • • 0.23** 0.07 FF28 -0.07 0.20** 004 0.12 F F 2 9 -0.34** 0.15* 0.08 004 FF30 -0.17* 0.11 0.10 0.01 nsmís^.
* signifícatíva a p<O.OS sigDíficaiiva a p<O.OI
QUADRO N® 6.2.1 .7 . CORRELAÇÕES ENTRE OS ITENS 31 A 6 0 DO N E O - F F I E OS TOTAIS
1 1 N 1 E 0 A C FF31 1 - 0 . 1 9 - 0.08 -O.IO -0.15* FF32 0.00 0 . 2 5 - 0.00 0 . 2 6 -FF33 -0.08 0.15' 0.09 004 FF34 -0 .20" 0.30*' -0.08 0 2 3 -tK i5 •0.01 0 . 2 3 - 0.09 0.06 FF36 -0.14* -0.12 - 0 . 2 2 - -0 .23-FF37 - 0 2 5 - 0.02 0.39*' 0 . 3 1 -FT38 0.06 -0.08 •0 .25- -0.04 FF39 -0.06 0 . 2 6 - 0.14* wmím 0.50 FF40 0.15" 0.17* 1 0.13 FF41 -0.30* • -0.1! -0.17* • 0 2 6 -FF42 - 0 3 9 - 0.02 0.18* 013 FF43 008 0.18* 006 006 FF44 -0 .22- 1 0.14- 0.07 0.13 FF45 J 0 . 3 3 - 0.15* 0 . !7 ' mmmi FF46 - 0 . 3 6 - 0.05 -0 .19 - •0.11 7F47 • 0 1 9 - 0.06 005 0.27** FT48 -0.05 0.13 0.14* 0.11 FF49 -0.08 0.28'* 0.02 S I B ^ ^ ^ O.I9«* 1 FF50 •0.24- 0 . 2 3 - 0.05 0.19*' mKmrAi FF51 ^ • 2 8 - -0.08 •0.10 -0.20* • FT52 - 0 2 3 - 0.13 0.15' 045*-FF53 -0 .23- 0 . 2 8 - -0.02 0..10*" FF54 0.02 -0.04 -0.06 -0.06 F F 5 5 •0.15' 0 . I8* ' O.OI 0 . 2 3 - _ FF56 Ó:Õ6' " -0.I4- -0.17' FF57 • 0 2 0 - -0.01 004 011 F F 5 Í OOl 0.07 -0.05 -0.02 FF59 002 -0.02 0.05 1 0.05 FF60 -0.13 0.I8*» 0.06 1 0.03
• significativa a p<0.05 • • significativa a p<0.01
200
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QUADRO N® 6.2. L .8.CORRELAÇÔES CORRJGIDAS ENTRE o s [TENS l A 30 DO NEO-FFI E o s
N t 0 A c F T l -0.01 0.11 -0.03 o.os t K i •0.09 0.09 0.07 0.08 FF3 0 . 2 4 " -0.09 -0.06 •0.18*» F F 4 -0.06 -0.07 0.20** F F 5 •0.04 0.10 -0.07 F F 6 -0.27** -0.07 •0.12 - 0 . 1 8 " F F 7 -O.l l -0.07 0.2 ! • • 0.03 F F 8 -0.12 0.13 0.17» 0.06 F F 9 -0.13 0.10 -0.04 rmm^' 0.14*
FFIO -0.13 0.20** •0.01 0.12 F F l l . 0 . 1 9 " - 0 . 1 8 " -0.11 -0.13 FF12 -0.00 0.14^ 0 . i2 -0.02 FF13 -0.00 -0.03 0.00 FF14 -0 .17 ' 0.12 0.04 mmm: 0.21«* F F 1 5 -0.13 0.02 0.06 0.06 F F 1 6 - 0 . 2 5 " 0.12 •0.16* F H ? -00.08 0 . 3 1 " 0.14^ F F 1 8 -0.12 0.27* • 0.15* 0.16^ m 9 0.17* -0.01 -0.03 mmim 0.01 FF20 0.04 0.06 0.01 0.12 '•mm^ FF21 -0.19** 0.06 -0.13 F F 2 2 -0 .16 ' 0.27* • -0.04 0 . 2 6 " F F 2 3 -0.03 0.07 0.08 0.11 FF24 0.23** 0.07 F F 2 5 - 0 . 2 9 " 0.33* • 0.03 0.08 'mínm F F 2 6 -0.23** 0.07 •Q.2Í" F F 2 7 •0.24*« 02S** 0 . 2 3 " 0.07 FFZS -0.07 0 . 2 0 ' • 0.04 0 . i2 F F 2 9 •0.34** 0.15* 0.08 0.04 F F 3 0 -0.17* 0.11 0.10 0.01
* significativa a pO.OS ** significativa a p<0.0l
ODRO N® 6 . 2 . 1 . 9 . C 0 R R E L A Ç Ô E S CORRIGDAS ENT
O S TOTAIS DAS ESCALAS
R E 0 S I ' l h N S 3 1 A Ó O D O
' > í = 2 1 4 )
N t 0 A c F F 3 1 .0.19** 0.08 -0.10 -0.15 ' F F 3 2 0.00 0 . 2 5 " 0.00 0 . 2 6 " F F 3 3 -0.08 O.IS* 0.09 0,04 F F 3 4 • 0 . 2 0 " 0.30** -0.08 0 . 2 3 " F F 3 5 -0.01 0 . 2 3 ' * 0.09 0.06 F F 3 6 -0.14* -0.12 - 0 . 2 2 " • 0 . 2 3 " F F 3 7 -0.25** Í S S Í S I S S ^ 0.02 0 . 3 9 " 0 . 3 1 " ms 0.06 -0.08 -0.25 '* F F 3 9 -0.06 0 . 2 6 " 0.14* 0.10 r F 4 0 -0.03 0.15* 0.13 F F 4 1 •mmrn. - 0 . 3 0 " -0.11 -0 .17 ' • 0 . 2 6 " F F 4 2 •0 .39 ' • '^mmâ 0.02 0.18* 0.13 F F 4 3 0.08 0.18* 0.06 0.06 F F 4 4 -0.22* • 0.14* 0.07 0.13 F F 4 S -0.29** 0 . 3 3 " 0.15^ 0 .17 ' ^iímmÁ F F 4 6 - 0 . 3 6 " 0.05 - 0 . 1 9 ' ' i -0.11 F F 4 7 -0.19** 0.06 0.05 : 0 . 2 7 " F F 4 8 -0.05 0.13 0.14* O.ll F F 4 9 -0.08 0 . 2 8 " 0.02 0 . 1 9 " F F 5 0 -0.24 • • 0.05 0. t9** mmmíi F T S l . 0 .28 '* -0.08 -0.10 • 0 . 2 0 " F F 5 2 - 0 . 2 3 - m m m o.n 0.15* 0 . 4 5 " F F 5 3 0 . 2 8 " -0.02 FFS4 0.02 •0.04 •0.06 •0.06 F F 5 5 0 . 1 8 " 0.01 0 . 2 3 " FFS6 -0.15* 0.06 -0.14* F F 5 7 • 0 . 2 0 " -0.01 0.04 O.ll F F 5 8 0.01 0.07 -0.05 -0.02 F F 5 9 0.02 -0.02 0.05 0.05 PT60 -0.13 0.06 0.03 1
* significativa a p<O.OS ••significativa a p<O.OI
201
Capítulo 7
apresentam correlações mais elevadas com outras escalas: com Abertura
à Experiência no caso do item 12, com Neuroticismo no caso do item 42,
e com Conscienciosidade no caso do item 47 e com as escalas
Neuroticismo e Conscienciosidade, no caso do item 57. Como se verifica
no Quadro 6.2.1.2. a omissão dos itens 12 e 57 traduz-se numa
melhoria do coeficiente alfa. É ainda o caso dos itens 3 e 8 da escala
Abertura à Experiência que apresentam, respectivamente, uma correlação
mais elevada cora a escala Neuroticismo e c o m a escala Amabilidade.
Também na mesma escala, os itens 18 e 28 apresentam uma correlação
mais elevada cora a escala Extroversão do que cora a escala a que
pertencem, enquanto que o item 38 apresenta a maior correlação com a
escala A e o item 53 com C. Destes seis itens, verifica-se que só em três
casos (o item 3, o item 8 e o item 38), a sua eliminação se traduz num
aumento do coeficiente alfa de Cronbach (Quadro 6.2.1.3.). Na escala
Amabilidade, verifica-se uma correlação ligeiramente mais elevada com
a escala Conscienciosidade para o item 4, considerado satisfatório pelos
outros critérios e com a escala Neuroticismo para o item 19 cuja omissão
se traduzia numa alteração mínima e sem significado do valor do
coeficiente alfa (Quadro 6.2.1.4.). O item 29 apresenta uma correlação
tão elevada com a escala Amabilidade a que pertence, como com a escala
Extroversão e uma correlação negativa ainda mais alta com
Neuroticismo. Também o item 49 apresenta uma correlação ligeiramente
mais elevada com Extroversão do que com a escala a que pertence. Face
a outros critérios, este item revela-se satisfatório. Nas escalas
2 0 2
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
Neuroticismo e Conscienciosidade, todos os itens apresentam a
correlação mais elevada com a sua própria escala.
6.2.2. In t e rco r re l ações das escalas
O estudo das intercorrelações das escalas está sintetizado no
Quadro 6.2.2.1.
Escal* N E 0 A C
N C - 0 . 3 6 " 0 0.01 0 . 2 3 "
A •0.24 • • 0 . 3 0 " 0.05
C -0.26* • 0 . 3 3 " O.ii 0 . 2 1 "
As correlações entre as escalas oscilam entre coeficientes muito
baixos e quase nulos - caso da correlação entre a escala Abertuira à
Experiência e a escala Neuroticismo (0.01) ou Amabilidade (0.05) - e
coeficientes moderadamente elevados e significativos quer a p<0.05 quer
a p<0.01 - como no caso da correlação negativa entre a escala
Neuroticismo e a escala Extroversão com um coeficiente de -0.36. Outros
valores significativos são os que se referem à correlação entre a escala
Extroversão com a escala Amabilidade (0.30) e com a escala
Conscienciosidade (0.33). Também significativos, mas mais baixos e
negativos, são os coeficientes de correlação entre a escala Neuroticismo e
as escalas Amabil idade e Conscienciosidade (-0.24 e -0.26,
respectivamente). A escala Abertura à Experiência apresenta uma
correlação positiva e moderada com a escala Extroversão, de 0.23 e uma
correlação mais baixa com a escala Conscienciosidade (0.11). A escala
Conscienciosidade e a escala Amabilidade apresentam uma correlação
positiva e significativa a p< 0.01, de 0.21. Estes resultados são muito
203
Capítulo 7
semelhantes aos obtidos por Lima {no prelo) em relação às interrelaçôes
das escalas domínio referidas no ponto 3.3.
Estes dados podem ajudar a compreender as correlações
relativamente elevadas de alguns itens com escalas de que não fazem
parte.
Todos os resultados obtidos vão no sentido do que seria esperado
de acordo com o que cada uma das escalas se propõe medir, o que pode
indiciar uma boa validade de construção do instrumento. Contudo, far-se-
á ainda uma análise factorial da prova ao m'vel dos itens, para verificar se
surgem os cinco factores esperados de acordo com a estrutura do
instrumento. Para além de permitir acumular dados sobre a validade do
instrumento, esta análise permitirá também acrescentar dados à análise de
itens feita em 6.2.1
6.2.3. Anál ise em Componea tes Pr íncipais
A análise em componentes principais foi realizada tomando como
variáveis os 60 itens, considerando-se a amostra total (n=214).
Começaram por se encontrar 19 componentes principais com eigenvalues
superiores a 1. Contudo, um scree test revela que apenas os cinco
primeiros explicam uma proporção da variância total significativamente
maior que uma só variável. Assim, em 14 dessas componentes príncipais
apenas um ou dois itens tinham saturações elevadas.
Com base nestes dados foi depois executada outra análise em
componentes principais partindo dos 60 itens do teste, mas impondo uma
estrutura em cinco factores.
204
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
Depois de rodada a matriz pelo método varimax, e a partir da
análise dos itens com elevadas saturações em cada factor foi possível
reconhecer, em cada um destes factores, as escalas do NEO-FFl. Estes
cinco factores, com eigenvalues entre 2.46 e 7.20, justificam 31.81% da
variância total dos resultados.
Os dados encontrados estão sintetizados no Quadro n® 6.2.3.1.
Compooeote Pr íac ip i l
Eigenvalue % Varilocia Explicada
% Varíâocia Explicada Acumulada
1 7.20 )2.0 12.0
2 3.72 6.21 18.21
3 '2 .89 4.82 23.03
4 2.81 4.68 27.71
S 2.46 4.Í0- 31.81
O 1° factor, com ura eigenvalue de 7.20, explica 12% da variância
total dos resultados, o 2° com um eigenvalue de 3.72 explica 6.21%, o 3®
tem um eigenvalue de 2.89 e explica 4.82% da variância dos resultados, o
4® tem um eigenvalue de 2.81 e explica 4.68% e o 5°, cujo eigenvalue é
de 2.46, justifica 4.10% da variância dos resultados.
Pela análise dos itens que saturam no T factor é possível
reconhecê-lo como correspondente à escala Neuroticismo. Todos os itens
que pertencem a esta escala apresentam saturações mais elevadas -
mesmo quando não superiores a 0.5 - no factor l .
O Quadro n® 6.2.3.2. apresenta as saturações dos itens da escala
Neuroticismo no factor 1, especificando ainda o factor em que cada item
apresenta a saturação mais elevada.
Como se pode verificar pela coincidência da 1" e da 2" colunas do
Quadro, no caso desta escala, cada item tem sempre a saturação mais
elevada no factor l . Estes dados, se analisados em conjunto com os dados
obtidos no ponto 6.2.1, indiciam uma adequação de todos os itens á
205
Capítulo 7
escala, mesmo no caso do item 1 que linha apresentado uma baixa
correlação corrigida com o total da escala, dando simultaneamente um
contributo negativo para o coeficiente de consistência interna da escala.
Em todo o caso, é este o item que apresenta a saturação mais baixa no
factor 1, embora seja ainda neste factor que ele apresenta a sua saturação
máxima.
QUADRO N® 6.2.3.2. FACTOR EM QO'E OS FTENS DA ESCALA N APRESENTAM SATURAÇÕES
ESCALA « U R O n C l S M O (N) N* item S a r a r a ^ e M S a f a n ç i o S a t n n ç l o
t k c t a r l inab d o i d a • a i s dcvada ((actor)
I T E M l -0.24 -0.24 factor 1 I T E M 6 -0 6 6 " - 0 . 6 6 " factor 1
I T E M 11 -0 .58 '* • 0 . 5 8 " factor 1 FTEM 16 -0.64** • 0 . 6 4 " factor I FTEM 21 -0.61 • • - 0 . 6 1 " factor 1 FTEM 26 -0.62 • • • 0 . 6 2 " factor 1 I T E M 31 -0.57** - 0 . 5 7 " faaor 1 I T E M 36 ^ . 4 2 •0.42 factor 1 I T E M 41 - 0 . 6 5 " - 0 . 6 5 " factor t I T E M 46 - 0 . 5 0 " - 0 . 5 0 " factor 1 I T E M 51 -0.64** factor 1 I T E M S 6 -0.47 -0.47 factor 1
"superiores a 0.50
A análise dos itens que têm a sua saturação mais elevada no T
factor, permite-nos reconhecê-lo como correspondente à escala
CoDScienciosidade. Também aqui, todos os itens que pertencem á escala
apresentam saturações mais elevadas no factor 2, mesmo quando não
atingem os 0.5.
O Quadro n® 6.2.3.3. apresenta as saturações dos itens da escala
Conscienci os idade no factor 2, especificando também o factor em que
cada item apresenta a saturação mais elevada.
Mais uma vez se verifica aqui a coincidência entre a 1* e a 2'
colunas, o que indica que todos os itens da escala têm a sua saturação
mais elevada no factor que corresponde à escala de que fazem parte.
2 0 6
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
Estes dados vão no mesmo sentido que os encontrados na análise
de itens e no estudo da garantia da prova, em que todos os itens
contribuíam positivamente para a consistência interna do instrumento e as
correlações corrigidas de todos os itens com o total da escala C eram
significativas a p<0.05 e superiores a 0.20.
QUADRO N* 6.2.3.3.FACT0R EM QUE OS FTENS DA ESCALA C APRESEKTAM SATURAÇÕES
ESCALA CONSCIZNaOSIDADE ( O
N* item S a t n n ç l o oo
f i c t o r 2 S a t u n ç â o
a u U clevida Sa tDr t ç io
miU elevid* ( f i c to r )
ITEMS 0.60* • 0 .60" factor 2
ITEM 10 0.57» • 0 .57" factor 2
ITEM 15 0.42 0.42 factor 2
r r E M 20 0.52" 0 5 2 " f a a o r 2
ITEM 25 0.48 0.4S ^ o r 2
ITEM 30 048 0.48 factor 2
r r E M 35 0.39 0.39 factor 2
ITEM 40 0.58^* 0 .58" f a a o r 2
ITEM 45 035 0.35 factor 2
r r E M 50 0.62" 0 .62" factor 2
ITEM 55 0$4*' 0.54 •• factor 2
ITEM 60 046 0.46 factor 2
••jxiperiores t .50
Para os itens da escala Abertura à Experiência, e depois do
mesmo tipo de análise, elaborou-se o Quadro n° 6.2.3.4. que sintetiza os
dados encontrados. A maior parte dos itens da escala apresentam
saturações mais elevadas no factor 3, permitindo-nos reconhecer este
factor como correspondente a essa escala.
QUADRO N® 6.2.3 .4 . FACTOR EM QUE o s ITENS DA ESCALA O APRESEKTAM SATURAÇÕES
ESCALA ABERTURA À EX PE RI É N CL \ ( 0 )
N* item S a n m ç l o BO S a n i r a ç i o mais S a h i r a ç i o (actor 3 etevadâ mais elevada
(factor)
r r E M 3 022 •0.26 factor \ (N)
r r E M 8 0.14 0.28 factor 5 (A)
r r E M 13 043 0.43 factor 3
r r E M 18 040 0.40 factor 3
r r E M 23 0.52* 0.52' factor 3
r rEM 28 032 0.32 faaor 3
r r E M 33 044 0.44 faaor 3
r r E M 38 0.02 •0.32 factor 5 (A)
r r E M 43 0.69* 0.69* factor 3
ITEM 48 049 0 .49-- faoor 3
r r E M 5 3 031 0.31 faaor 3
r r E M 58 055* 0.55* faaor 3
••superiores a .50
207
Capítulo 7
Embora a maioria dos i tens da escala Abertura à Experiência
apresente as saturações mais e levadas neste factor (mesmo quando não
atingem os 0.5), há 3 itens em que isso não acontece. E o caso do item 3
que apresenta uma saturação ligeiramente mais elevada no factor I
(correspondente à escala Neurot icismo) do que no factor correspondente
à escala em que está inserido. Já n o Quadro 6.2.1.8, se tinha verificado
que ele tinha uma correlação mais alta com N do que com a escala a que
pertence. Também nos outros dois critérios considerados na análise de
itens - valor do alfa de Cronbach face à eliminação do item e correlação
item-total corrigida - este item se t inha revelado muito pouco satisfatório.
O mesmo se passa com os itens 8 e 38, apresentando ambos as saturações
mais elevadas no factor 5 correspondente a escala Amabilidade,
parecendo, então, pouco adequados à escala para que foram construídos,
como também como se verificara n o s Quadros 6.2.1.8 e 6.2.1.9, pela sua
mais elevada correlação com A do que com a sua escala de pertença.
A identificação dos itens q u e aparecem com saturações mais
elevadas no factor 4, pode permitir reconhecer alguma correspondência
entre a escala Extroversão e o factor 4. Os dados relativos aos seus itens
estão sintetizados no Quadro n® 6.2.3.5.
Nesta escala, apenas no caso dos itens 2, 7, 17 e 37, as saturações
mais elevadas aparecem no factor 4. Surgem 4 outros itens com
saturações mais elevadas no factor 3 - correspondente à escala Abertura à
Experiência: o item 12 que também se revelara insatisfatório de acordo
com os dois critérios utilizados n o ponto 6.2.1. para a análise de itens
(apresentava uma correlação mais elevada com O do que com a escala a
2 0 8
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
QUADRO N" 6 .2 .3 .5 . F.ACTOR EM QUE OS ITENS DA ESCALA E APRESENTAM S.AR.TI.\ÇOES
ESCALA EXTROVERSÃO (E) N* heni S i r o r a ç l o ao S i m n ç i o S i n i r i ^ i o Qub
f t c l o r 4 m a b cicvidâ elevada (factor) FTE.M: 0.45 0.45 factor 4 FTE.M? 0.65** 0.65* • factor 4
rTE.M 12 0.15 0.26 factor 3 (0) rTEM 17 0 . 5 3 " 0 . S 3 " faaor 4 n X M 22 O.U 0.38 faaor 3 (0) r r E M 2 7 0.19 0.38 faaor 3 ( 0 ) rTEM n 0.23 0.36 factor 3 (0)
0 . 6 3 " 0.63 • • factor 4 r T Z M 4 2 0.33 0.49 factor 1 OO rTXM47 O.U 0.29 factor 2 (C) rTEM 52 0.37 0.47 factor 2 (C) n X M 57 •0.18 0.32 factor ] (N)
••superiores a .50
que pertence) e os itens 22, 27, 32, estes satisfatórios nos outros dois
critérios. OS itens 42 e 57 aparecem com saturação mais elevada no factor
correspondente à escala Neuroticismo (o que também se tinha verificado
com a correlação mais alta destes itens com N do que com a sua escala de
pertença: Quadro 6.2.1.9.)- Os itens 47 e 52, ambos satisfatórios no que
diz respeito ao seu contributo para a consistência interna da escala,
apresentam saturações mais elevadas no factor 2 - correspondente à
escala Conscienciosidade - do que no factor 4. Como se ver no Quadro
6.2.1.9, estes itens apresentavam uma correlação muito elevada com a
escala C: no caso do item 47, superior à que estabelecia com a sua escala
de pertença, e no caso do item 52, apenas ligeiramente inferior.
Assim, a correspondência desta escala com algum dos factores
parece muito menos m'tida que em qualquer dos casos anteriores. As
intercorrei ações entre as escalas referidas no ponto 6.2.2., mostram que as
correlações entre a escala Extroversão e as escalas Abertura à
Experiência, Amabilidade e Conscienciosidade são significativas a
p<0.01, podendo ser consideradas moderadamente elevadas, o que de
alguma forma pode ajudar à compreensão destes resultados.
209
Capitulo 6
Tal como com a escala Extroversão, a escala Amabilidade
também não encontra uma correspondência m'tida num dos factores,
embora a análise dos itens que têm saturações mais elevadas no factor 5,
permita encontrar alguma correspondência entre este factor e a escala A.
O Quadro n® 6.2.3.6. sintetiza os dados encontrados.
QUADRO N® 6 . 2 . 3 . 6 . F A C T O R EM Q U E o s ITENS DA ESCALA A APRESEKTAM SATI.TLAÇÔES
ESCAJ_A AMABILIDADe (A)
N* Item S a t n r t ç i o no S t t i r a ç i o Sa tn raç lo f a c t o r 5 o u ü d e v a d a BUÍS t i o t d a
(factor) m : . M 4 0.09 0.35 factor 4 (E) r r E M 9 0.32 0 3 2 factor 5
r r E . M 14 0.46 0.46 factor 5 r r E M 19 0.17 -0.30 factor 1 (N) r r E M 2 4 0.46 0.46 factor 5
r r E M 29 0.33 0.42 faaor 1 (N) n x M M 0 . i 4 0.44 factor 4 (E) r r E M 39 0.43 0.47 faaor 4 (E) r r E M 44 0.58** 0.58'* factor 5
r r E M 4 9 0.17 0.42 factor 4 ^ r r E M 54 0.37 0.37 factor 5 r r E M 59 0.41 0.41 factor 5
• • supcriofw a .50
Nesta escala, os dois itens que se tinham revelado insatisfatórios,
quer por apresentarem uma correlação baixa com o total da escala quer
px)rque a sua eliminação resultaria num aumento do coefíciente alfa de
Cronbach - item 19 e item 29 - apresentam a saturação mais elevada no
factor 1 que parece corresponder à escala Neuroticismo (aliás, a sua
correlação mais elevada é também com a escala N - Quadro 6.2.1.8.). Os
outros itens - todos satisfatórios perante aqueles dois critérios - têm
saturações mais elevadas quer no factor 4 correspondente à Extroversão
(itens 4, 34, 39 e 49) quer no factor 5 a que parece corresponder a escala
Amabilidade (itens 9, 14, 24, 44, 54 e 59). Apenas no caso do item 49,
também se encontrou a maior correlação item-total com a escala E
(Quadro 6.2.1.9).
2 1 0
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
Os dados obtidos através desta análise revelam algumas
limitações no que diz respeito à validade de construção da escala,
especialmente se tivermos em consideração o que se passa com as escalas
Extroversão e Amabilidade. As restantes três escalas parecem
corresponder claramente a um dos factores. As saturações de alguns itens
nos vários factores, permitiu confirmar alguns dados já recolhidos na
análise de itens feita no ponto 6.2.1, sugerindo que alguns destes
poderiam ser reformulados com benefício para a escala.
6.2.4. Síntese
Os dados recolhidos indicam assim valores de consistência
interna moderados, com necessidade de reformulação de alguns itens. Se
considerarmos três critérios em simultâneo: a correlação corrigida item-
total, o alfa de Cronbacb se for eliminado cada um dos itens e a saturação
do item no factor onde têm saturações mais elevadas os restantes itens da
escala de que faz parte, os itens que precisariam de revisão, seriam:
Escala Extroversão: 12 e 57
Escala Abertura à Experiência: itens 3, 8 e 38
Escala Amabilidade: itens 19 e 29
Os dados das intercorrelações das escalas e da análise em
componentes principais, indicia uma razoável validade de construção.
Estes resultados são consistentes com os encontrados no já referido
estudo de Mooradian & Netzel (1996) que consideram ter a prova uma
estrutura factorial fraca, mas aceitável, em que uma solução a cincò-
factores responde por 35% da variância dos resultados.
21
Capítulo 7
É, assim, possível encontrar uma estrutura factorial da prova em
cinco factores que. na generalidade, poderiam corresponder a cada um
dos cinco domínios da personalidade. De facto, e de um modo geral, os
itens de cada escala tém a saturação mais elevada no mesmo factor.
Das cinco escalas só a escala Extroversão e a escala Amabilidade
não encontram uma correspondência nítida com um dos cinco factores
identificados. Contudo, já a análise das intercorrelações das escalas tinha
mostrado a existência de correlações relativamente elevadas entre as
escalas E, A e O.
Por outro lado, os dados obtidos na adaptação portuguesa do
NEO-PI-R por Lima {no prelo), para os itens correspondentes aos do
NEO-FFI, e considerando apenas o critério correlação item-domínio,
apontam para a conveniência de revisão dos itens 1 de Neuroticismo, 12,
27 e 57 de Extroversão, 8 de Abertura á Experiência e 29 de
Amabilidade.
Isto leva à necessidade de relativizar as conclusões tiradas uma
vez que os dados obtidos, no presente estudo, foram recolhidos com
amostras de sujeitos de características muito específicas quer a nivel de
idade, de habilitações e mesmo de experiência profissional.
Deste modo, a natureza da amostra utilizada e a sua pequena
dimensão não permite que os dados analisados neste estudo do
instrumento, sirvam de base à alteração do instrumento, ou à redução do
número de itens em cada escala. Era todo o caso, parece evidente que se
justifica prosseguir o estudo da adaptação portuguesa do NEO-FFI, com
2 1 2
Estudo Psicométrico dos Instrumentos Utilizados
amostras melhor dimensionadas e mais representativas da população
portuguesa, à semelhança do que foi feito com o NEO-PI-R.
Contudo, como o objectivo deste trabalho não era o de adaptar a
prova mas sim utilizá-la como medida dos cinco domínios da
personalidade para estudar uma população de adultos e ainda a sua
relação com os valores, decidiu-se não alterar a estrutura da prova. Para
as análises de resultados que se considerarão nos pontos seguintes, foram,
assim, utilizados os resultados de todos os itens das escalas,
independentemente dos dados obtidos indiciarem que eles seriam itens
mais ou menos satisfatórios.
213
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
7.1. R e s u l t a d o s c o m a esca la d e V a l o r e s W I S
Para testar a hipótese n° 1, que previa que se e D C O o t r a s s e m as
médias mais altas nas escalas de Desenvolvimento Pessoal, Util ização
das Capacidades e Realização e as mais baixas nas escalas de Risco,
Autor idade e Prestígio, foram calculadas as médias das diferentes
escalas na amostra total. O Quadro n° 7.1.1. apresenta o resultado
mínimo, o máximo, a média e o desvio-padrão, de cada uma das escalas,
além do seu posicionamento relativo.
Tal como previsto, as três médias mais elevadas na amostra total
são as referentes à escaJa Utilização das Capacidades, Realização e
Desenvolvimento Pessoal, por ordem decrescente. As três médias mais
baixas apareceram nas escalas Risco, Actividade Física e Autoridade, por
ordem crescente, embora a escala Prestígio - cuja média se esperava que
estivesse nas três mais baixas, de acordo com a hipótese 1 - tenha
também uma média muito baixa, apenas ligeiramente superior à de
Autoridade.
QUADRO N® 7 . 1 . 1 . RESULTADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESVIO-PADRÃO NA ESCALA DE
VALORES W I S NA AMOSTRA TOTAL FN=2L4)
Escalas Média O r d e n a ç i o Mioimo Máximo Desvio-padr io Utüizaçio Capacidades 18.4S 13 20 1.74 Realiza ç i o 18.25 2 14 20 1.66 Prorooçio 16.S6 4 11 20 .2.W Estético 14.90 9 6 20 2.84 AltruíiOM) 14.52 13 5 20 3.13 ADtorídade 12.56 16 6 20 2.94 AutODoinia IS.68 7 10 20 2.42 Criatividade 16.50 5 10 20 2.52 CcoDÓmico 14.83 11 5 20 2.53 Estilo de M d a 14,90 9 9 20 2.49 DeseovoMmcoto Pessoal 17.26 3 >3 20 1.83 Actividade Física 11.73 17 5 19 2.55 Krestício 1 2 . ^ 15 5 20 2.8 I Risco 10.01 18 5 19 2.94 lo t e racç lo SoclaJ 14.58 12 8 20 2.46 Relaç6es Sociais 15.74 6 10 20 2.26 Variedade 14.05 14 8 20 2.52 Coadi fòes de Trabalho 15.38 8 5 20 2.91
215
Capitulo 6
De acordo com a Kípótese n" 2, pode-se e spe ra r que, dada a
p rox imidade d a s idades dos indivíduos que const i tuem a amostra ,
Dão se encont rem d i fe renças impor tan tes nas médias obtidas nas
di ferentes escalas pelos sujei tos mais oovos e pelos sujeitos mais
velhos, pa r t i cu l a rmen te no caso das escalas onde cada grupo obtém
as médias mais al tas e as mais baixas. Para a testar, foi realizado um
teste t comparando as médias obtidas por dois grupos defmidos a partir da
idade: indivíduos entre os 18 e os 25 anos ou entre os 26 e os 35 anos.
Tal como se previra, a divisão da amostra total em dois gnjpos
etários (18-25 anos e 26-35 anos) não se traduz em diferenças
significativas entre as médias dos dois grupos. A única excepção é a
respeitante a Relações Sociais da Escala de Valores WIS com uma média
mais alta para o grupo dos mais novos, com uma diferença significativa a
p < 0.05, como se conclui da análise do Quadro 7.1.2.
Q U A D R O N® 7 . 1 . 2 . DIFERENÇAS EKTT^ AS MÉDLAS OBTIDAS PELOS GRUPOS DOS SUJETTOS
COM ©ADE ENTRE OS 18 E OS 2 5 ANOS E DOS SUJETTOS COM IDADE ENTRE OS 2 6 E OS 35
ANOS NA ESCALA DE VALORES W I S . E K I Í S S Média Média valor dc t
l a j r i tos com idade eatrc sujeitos com idade eotre ss 18 e os 25 aaos os 26 c os 35 aoos
( 0 - 9 1 ) ( i i » l 2 3 ) ü t i l í zaçáo d u Capac idades 18.45 18.45 001 R r a l l z a ç i o 18.48 18.07 r ? 9 P r o m o ç i o 16.75 16.42 i . i s Esté t ico 15.16 14.70 M l AJtni isoM 14.93 14.21 1.68 A n t o rid ade 12.16 12.85 •1.68 AstoDoona 15.64 15.71 -0.21 Cr ia t iv idade 16.66 16.38 0.80 EcoQÓmico 15,02 14.69 0.94 Est i lo de Vida 15.18 14.69 1.41 DcscDVoKIizMDto Pessoal 17.45 17.11 1.33 Actí\-idade Fkica 11.78 11.70 0.23 P r estreio 12.78 13.06 ^ .71 Risco 10.15 9.90 0.62 I f l t e r acç lo Social 14.91 14.32 1.73 Rclaç 6es Sociab 16.25 15.36 2.92* Var i edade 14.33 13.85 1.39 CoodiçAcs dc T r a b a l h o 15.52 15.28 0.58
* signiiícjiiva a p<0 05 ** significativa a p<0 01
2 1 6
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
A realização de uma ANOVA em que se consideram, em simultâneo, as
variáveis idade, sexo, habilitações literárias e as suas possíveis
interacções, vem apenas reforçar os resultados obtidos através da
comparação das médias dos grupos definidos pela idade. O Quadro n°
7.1.3. sintetiza os resultados obtidos em relação ao efeito da variável
idade, podendo encontrar-se um único valor significativo, referente à
escala Relações Sociais com F(l ,206)=6.38; p=0.01.
QUADRO 7 .1 .3 . VALORES DE F PARA L GRAU DE LIBERDADE PAR.-K CADA VARIÁVEL OU
[NTERACÇÃO E 2 0 6 GRAUS DE UBERDADE PARA A VARIÂNCU DE ERRO, REFERENTES ÀS
E k i U S F(1.206) P
U d l i u ç i o das Capacidades 0.10 0.76 Realizaçio 2.3? 0.12 Promoção 0.74 0.39 Estético 0.22 0.64 Al trais mo 1.90 0.17 Aatorídade 1.42 0.24 Aotoooima O.IS 0.67 Criatividade 0.28 0.60 Ccooómico 0.79 0.38 EstUo dc Vida 1.52 0.22 DcseovoMoeoto Pessoal 1,59 0.21 Actividade Física 0.16 0.69 Prestigio 1.36 0.24 Risco 0.00 0.96 la te racç io Social l.Sl 0.22 Relaçdcs Sociais 6.38 0.01 •• Variedade 0.71 0.40 Cottdiçies de Trabalho 0.01 0,94
Tal como previsto, a variável idade parece, assim, diferenciar
pouco os resultados obtidos pelos sujeitos no domínio dos valores.
A hipótese n°3 previa que, em geral, os valores com médias mais
elevadas e mais baixas fossem os mesmos para os dois sexos, embora
se possa esperar que as médias referentes aos sujei tos do sexo
feminino sejam signif icat ivamente super iores oa escala Al t ru í smo e
que as referentes ao sexo mascul ino se jam super iores na escala
Autor idade . Os resultados apoiam parcialmente a predição.
217
Capítulo 7
Assim, quando se subdivide a amostra total em dois subgrupos,
homens e mulheres, as médias mais altas surgem, em qualquer dos
grupos, em Utilização das Capacidades, Realização e Desenvolvimento
Pessoal. Nas mais baixas j á há ligeiras diferenças. Risco, Actividade
Física e Prestígio aparecem com as médias mais baixas no subgrupo dos
homens, e Risco, Actividade Física e Autoridade, com as mais baixas no
subgrupo das mulheres. Tal como previsto, a amostra feminina tem uma
média mais elevada na escala Altruísmo (diferença significativa a
p<O.OI). A amostra masculina obtém uma média mais elevada na escala
de Autoridade, com uma diferença significativa da média feminina
também a um nível de significância inferior a 0.01. A amostra feminina
apresenta ainda uma média significativamente superior (a p<0.05) na
escala Estético, não prevista pela hipótese. Os dados obtidos estão
sintetizados no Quadro n® 7.1.4.
QUADRO N® 7. I .4 . D I F E R E N Ç . ^ ENTR£ AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS HOMENS E
MULHERES NA ESCALA DE VALORES V^^S.
EKAIU
U t f l h j ç i o d t s C t p a c i d t d t a Rc tüzaç io ProB»çio Estético
Média bomeas
18.6S ig. lO 16.78 Í4.44
Alrraismo Aotorídade Aitoeoinia CrúrívidAde Eco ló mico EstOo de Vida DcMivoKiDeoro P m o a l Actividadt r u i u P m t i g i o Rise* l a t t r t c ç i o Social ReUcftci S o d a a Variedade CoBdÍ<6<a de T r i b a J h o
13.93 13.12 15.65 16.63 14.99 14.71 17.06 11.63 12.81 10.14 14.38 15.56 13.84 15.12
* sigtuficaQva a p<0.05
MMta oMlbcrcs
18.29 18.37 16.39 15.26 14.98 Í2 .U 15.70 16.40 M.7J 15 04 17.41 1 1 . 8 2
13.04 9.91 14.72 15.88 14.22 15 59
>'aior de I
1.50 < 1 . 1 8
1.38 - 2 . 1 2 '
-2.49* • 2 . 5 0 " -0.15 0.66 0.80 •0.96 •1,37 -0 54 - 0 . 6 0 0.57 -t.Ol -1.00 -1.08 • 1 . 1 8
" significativa a p<0.01
A partir da realização de uma ANOVA para estudar o efeito das
três variáveis era simultâneo (sexo. idade e habilitações literárias) e da
2 1 8
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
análise do efeito da variável sexo, identificam-se dois resultados
significativos, um referente a Altruísmo para I grau de liberdade para a
situação e 206 graus de liberdade para a variância de erro com F( l , 206)=
6.39; p=0.01 e outro referente a Estético com F(K206)= 4.38; p<0.05.
QÜ.-KDRON*' 7 .1 .5 . VALORES D E F PARA 1 GRAU DE LIBERDADE PAR.A CADA VARJÁVELOUÍNTERACÇ.ÂOE
2 0 6 GR.-KUS DE LÍBERDADE PARA A VARIÂNCIA DE ERRO, REFERENTES ÀS ESCAL.\S DA ESCALA DE VALORES w i s E AO E F E r r o DA VARLÃVEL SEXO ( N - 2 1 4 )
Escalas F( 1.206) P
UHlizaçio das capacidades 2.22 0.14 Realizaçio 0.96 0.33 ProtDOflo 1.67 0.20 Estéríco 4.38 0,04' Alrruismo 6.39 0.01 •• Autoridade 3.61 0.06 AotoDomia 0.15 0.70 Criatividade 0.32 0.57 Ecooómico 1.70 0.19 Estilo de Mda 0.8" 0.35 DescavohiaMDto Pessoal 2.63 o . n Actividade Física 0.47 0.49 Prestigio 0.02 0.89 Risco 0.00 0.96 lo te racç io Social 2.65 0.10 Relac6es Sociais L65 0.20 Variedade 1.37 0,24 Coodiç4c3 de T r a b a l h o 0.73 0.39
A outra diferença identificada pela comparação de médias,
nomeadamente em relação a Autoridade, nào aparece aqui confirmada,
correspondendo-lhe um valor de F(l ,206)= 3.61, embora p seja igual a
0.0589, (arredondado no Quadro n° 7.1.5. para 0.06).
A hipótese n® 4 previa que, uma vez que o nível profissopal dos
sujeitos é semelhante sería de esperar que não se encontrassem
diferenças importantes entre as médias obtidas em cada escala pelos
dois grupos definidos pelas habilitações literárias, especifícamente no
caso em que os grupos obtêm as médias mais altas e mais baixas.
Os dados obtidos são apresentados no Quadro n° 7.1.6.
A hipótese é apenas parcialmente apoiada no sentido em que as
diferenças que se encontram entre os dois grupos nào se referem às
219
Capítulo 7
escalas com médias mais elevadas mas coincidem com uma das escalas
com médias mais baixas. Para os dois grupos, as médias mais alias
referem-se a Utilização das Capacidades, Realização e Desenvolvimemo
Pessoal. As mais baixas correspondem a Risco, Autoridade e Actividade
Física para os administrativos e a Risco, Actividade Física e Prestígio,
para os licenciados. Contudo, encontram-se diferenças significativas nas
QUADRO N"® 7 . L . 6 . DÍFERENÇAS ENTRE AS MEDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS UCENCIADOS E
ADMINLSTRJMTVOS NA ESCALA DE VALORES W I S . Escalas MMia Uceaciados
(b«109) Média
•dmiobtrat ivos ( v - l O S )
valor dc t
Utilizaçio das Capacidades
18.49 18.41 0.32
Realízaçio IS.24 >8.26 •0.08 Prooioç lo 16.72 16.4 1.13 Estético 14.35 15.47 -2.92* Alrnusmo 14.11 14.94 •1.96 A n t o n d a d e 13.10 11.99 2.80* Aolooomia 15.76 15.59 0.52 C r i a t n i d a d e 16.66 16.33 0.95 Ecoaómico 14.55 15.12 •1.66 Estilo dc Vida 14.87 14.92 -015 Descavolvimcoto Pessoa) 17.36 17.15 0.S2 Actividade Física n . 4 4 12.04 -1.72 Prestígio 12.94 12.93 0.03 Risco 10.21 9.8 1.02 Interacção SociaJ 14.64 14.50 0.41 Relaçòes Sociais 15.78 15.70 0.27 Variedade 14.05 14.06 ^ . 0 3 Coodiçòes de Traba lho 14.91 15.88 •2.46**
* significativa > p<O.OS significativa a pO.Ol
médias das escalas Estético e Condições de Trabalho, mais elevadas nos
administrativos (a p<0.05 e a p<0.01, respectivamente) e na média da
escala Autoridade, mais elevada no grupo dos licenciados (a p<0.05). Se
os resultados face a Condições de Trabalho e a Autoridade são
compreensíveis do ponto de vista psicológico, parece difícil explicar a
superioridade do grupo dos administrativos na escala Estético, embora se
possa pôr a hipótese de que decorra da superioridade numérica das
mulheres nesta amostra (que já tinham apresentado uma média
significativamente superior que os homens face ao valor Estético).
220
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
A consideração dos resultados da ANOVA referentes ao efeito da
variável habilitações literárias (Quadro 7.1.7.) conduz a resultados muito
semelhantes aos obtidos com os testes de diferenças de médias, revelando
um efeito significativo da variável na escala Estético com
F{ 1,206)=9.45;p<0.01, na escala Autoridade com F( 1,206)=5.11 ;p<0.05 e
em Condições de Trabalho com F(l,206)=6.33; p-0.01. Aparece também
uma relação da variável com Actividade Física, com ura valor de
F(l,206)=4.90;p<0.05.
QUADRO N® 7. I .7 . VALORES DE F PARA L GRAU DE UBERDADE PARA CADA VARJÁVEL OU
INTERACÇÃO E 2 0 6 GRAUS DE LIBERD.\DE PARA A VARIÂNCIA DE ERRO REFERENTES
ESCALAS DA ESCALA DE VALORES W I S E AO EFEFTO DA VARIÁVEL A\B[LRRAÇÕES
U T E R Ã R L \ S ( N = 2 1 4 ) Esralat F(l ,206) P
Utilízaçio d â j captcidades 0.04 0.83 Realizaçio 0.02 0 8 8 Promoção 0.47 0.49 Estético 9,45 OOO" AJrmúmo 2.96 0.09 Autoridade 5.1! 003* AutoDomU 0 0 3 0.86 Críiti>-idade 0.37 0.54 Ecooimico 1.99 0.16 Estilo dc Mda 0.00 0.99 DeseovoNiowato Pessoal 0.87 0.35 Acti>idade Física 4.90 0.03* Prestigio OOl 091 Risco 0.03 0.86 lo te racç io Social 0.00 0.98 Reltç6cs Sociais 0.07 0.80 Variedade 0.05 0.82 Condiç6e$ de Trabaibe 6.33 0.01 ••
Embora não previsto pelas hipóteses, a ANOVA permitiu revelar
um efeito significativo da interacção de variáveis sobre algumas das
subescalas da Escala de Valores WIS. Assim, na escala Interacção Social
encontra-se um efeito significativo da interacção entre sexo e habilitações
com F( 1,206)=4.50; p<0.05 e entre habilitações e idade com
F(l,206)=4.01;p<0.05. A realização de um test post-hoc LSD {Least
Significant Difference), aplicável quando, na análise de variância, o valor
221
Capituio 7
de .p resultou inferior a 0.05 (McPherson. I990J, revela uma diferença
significativa entre mulheres licenciadas e homens licenciados com
superioridade na média para as mulheres e entre os sujeitos
administrativos mais novos e os mais velhos com superioridade na média
dos mais novos.
Em relação à escala Relações Sociais, a ANOVA também permite
identificar uma interacção entre a variável sexo e as habilitações, com
F(l,206>=5.70;p<0.05, identificando-se, com a realização de um teste
LSD, uma diferença significativa entre o grupo das mulheres licenciadas
com médias mais elevadas que as mulheres administrativas e que os
homens licenciados.
Na escala Risco, a análise posí-hoc da interacção entre sexo e
idade, com um valor de F(1.206)=6.41;p=0.01. através de ura teste LSD,
revela que a média das mulheres mais velhas é inferior quer à das
mulheres mais novas quer à dos homens mais velhos.
Na escala Altruísmo, encontra-se um efeito significativo da
interacção entre as variáveis sexo, idade e habilitações com ura valor
F(1.206)=7.72;p<0.01. A realização de um teste LSD permite concluir
que o grupo das mulheres mais novas e licenciadas apresenta resultados
mais altos nesta escala que as mulheres também licenciadas mas mais
velhas, que os dois grupos de homens licenciados (mais novos e mais
velhos) e que os homens administrativos mais velhos. Por outro lado, as
mulheres administrativas mais velhas têm também resultados superiores
em Altruísmo que os dois grupos de homens licenciados (mais novos e
velhos). As mulheres administrativas mais novas têm resultados
222
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
superiores que os homens do mesmo grupo etário mas licenciados. A
média deste último grupo, por sua vez, é inferior à média dos homens
administrativos mais novos.
Para a escala Estético, o efeito da interacção entre sexo e
habilitações é significativo com F(l,206)=4.15; p<0.05. O teste LSD
revela que os resultados para o valor Estético do grupo dos homens
licenciados são inferiores aos dos três outros grupos. A análise da
interacção entre as três variáveis sexo, habiHtaçÕes e idade, a que
corresponde um rácio F{1,206)=5.14; p<0.05, através de ura teste LSD
revela várias diferenças significativas entre os resultados dos diversos
grupos. Assim, na escala Estético os grupos dos homens licenciados (quer
os mais novos quer os mais velhos) têm resultados inferiores aos dos
homens administrativos mais novos, das mulheres administrativas (quer
mais novas quer mais velhas) e das mulheres licenciadas mais novas. O
grupo dos homens licenciados mais novos revela ainda resultados mais
baixos em Estético que os homens administrativos mais velhos.
Estes resultados, embora não previstos nas hipóteses, vêm
acrescentar alguns elementos aos dados obtidos através do teste-t.
Embora haja algumas interacções entre as variáveis, estas são raras e as
mais fi-equentes reflectem a interacção entre sexo e habilitações.
Tendo em conta estes dados e as diferenças identificadas entre os
grupos definidos pelas variáveis sexo e habilitações literárias, foi feita
uma análise adicional da hipótese 1, em função das subamostras definidas
por estas duas variáveis: mulheres administrativas, homens
223
Capitulo 6
administrativos, mulheres licenciadas em Gestão/Economia e homens
licenciados em Gestão/Economia.
Tal como proposto na hipótese 1, as três escalas com médias mais
elevadas nas quatro subamostras são as mesmas que as da amostra total
embora se ordenem de forma diferente. Na subamostra de administrativos
do sexo feminino (Quadro n® 7.1.8) surge a escala Realização com a
média mais alta seguida de Utilização das Capacidades e de
Desenvolvimento Pessoal. A média mais baixa surge na escala Risco,
logo seguida por Actividade Física e Autoridade.
Q U A D R O N® 7 . L . 8 . RESULT.\DOS MÍNIMO E M Á X I M O , M É D I A E DESVIO-PADR.\O NA
ESCALA DE V A L O R E S W I S N A A M O S T T U D O S . ^ S O N I S T R . ' M I V O S DO SEXO FEMININO
( N = 6 7 )
CicaUs Méd ia O r d e u ç i o MÍOÍGM M á i i m o Desv io -padr io
U r i l i z i f i o d u C a p a c i d t d e s 18 18 2 13 20 1.76 R c i l i z a ç l o I8 3S 15 20 1.49 P r o a x ^ l o 16 12 4 12 20 1.84 Estético 15.45 9 9 20 2.35 A l t r n b i o o 15.12 10 7 20 2.76 A o t o r í d t d e M.90 16 6 19 3.06 AntODomia 15.54 7 10 20 2.51 Cr ia t iv idade 1 6 0 1 5 10 20 2.70 EcQoómJco 14.91 12 8 19 2.36 Estilo de Vida 14.97 11 10 20 2.33 DCSCDVOINÍmento Pessoal 17.27 3 14 20 1 65 Actividade Física 11.90 16 6 18 2.51 Prestígio i : . 8 i 15 5 18 2.80 Risco 9.54 18 5 19 3.14 l o t e n c ç l o SodaJ 14.36 13 8 20 2.36 Relações S o c U b 15.48 8 I I 20 2.17 Var i edade 13.93 14 8 20 2.82 CoDdiçÕ«s de T r a b a l h o 15.92 6 5 20 2.95
Na subamostra de administrativos do sexo masculino, as médias
mais altas e mais baixas aparecem nas mesmas escalas que nas amostras
antes analisadas. De acordo com os dados apresentados no Quadro n®
7.1.9, a mais alta é referente a Utilização das Capacidades, seguida por
Realização e por Desen\olvimento Pessoal (por ordem decrescente). As
mais baixas são, de D O V O , as correspondentes às escalas Risco,
Autoridade e Actividade Física, por ordem crescente.
224
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
Q U . ^ R O N*" 7. \ .9 . RESULTA£X)S MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESVIO-PADRÀO NA ESCALA DE VALORES W I S NA AMOSTRA DOS ADMINISTRATIVOS DO SEXO MASCULINO
( N = 3 8 ) Escalai Média O r d e o a ç i o Mioiaio MixiCDO E>cf\io-padrio
UtiUzaçio d i s Capacidades IS.82 13 20 1.72 Reaiizaçio 18.10 2 14 20 1.78 ProcDOfio 16.90 4 12 20 1.77 Estético «5.50 9 9 20 2.38 Alrniisiuo 14.63 13 9 20 3.08 Aatorídadc 12.16 17 6 19 2.85 Antooomia 15.68 8 10 20 2.35 Criatividade 16.90 4 11 20 2.19 Ccooómico 15.50 9 l i 20 2.19 Estilo de Mda 14.S4 11 9 20 2.89 DcseovoIvioKato Pcssoai 16.95 3 13 20 1.87 Acthidadc Fisicj 12.29 16 5 17 2.76 Prestigio 13.16 15 6 19 2.94 Risco 10.26 18 5 15 2.48 Interacção Social 14.76 12 8 20 2.40 ReiaçÒes Sociais 16.08 6 10 20 2.36 Variedade 14.29 14 10 20 2.12 CoDdiç6es de Trabalho 15.82 7 10 20 3.24
OS resultados obtidos nas duas amostras de administrativos, no
que diz respeito à forma como hierarquizam os valores, são muito
semelhantes.
O mesmo tipo de análise face às amostras de licenciados revela
também poucas diferenças entre os sexos. Os resultados obtidos para a
subamostra de licenciados do sexo feminino estào sintetizados no Quadro
n® 7.1.10. Verifica-se que, neste grupo de sujeitos, as médias mais
elevadas são as referentes a Utilização das Capacidades, Realização e
Desenvolvimento Pessoal, por ordem decrescente e as mais baixas
correspondem a Risco, Actividade Física e Autoridade, por ordem
crescente.
225
Capítulo 7
QUADRO N® 7. I . 10. RESULT.MXJS MÍNÍMO E MÁXWO. MÉDIA E DESMO-PADRÂO NA
Cica iu Média Ordeoaç io .MÍDÍCBO MiiJmo Desvio-padrio
Uti l iziçi» d u Capac id ides 1843 1 >4 20 1.75 R t t l u a ç i » 1840 2 14 20 1 72 Promoção 16.74 5 13 20 2.05 Cttétíeo 15 02 11 6 20 3 02 Altruísmo 14.8! 12 20 3 28 Autorí(Ud« 12.40 16 20 2 75 AntODoaiis 15 91 7 10 20 2.13 Críarívidaik 16.89 4 10 20 2.46 Ccooómice 14.45 14 9 20 2 36 Cirilo d« Vida 15.13 10 9 20 2 3 9 Deseovohimtato PesMal 17.58 3 13 20 . 1.60 Acri>'iilad« Fbica 11.72 J7 5 17 2.29 Presrieio 13.34 15 8 20 2.67 Risco 10.38 18 5 19 3.08 lo te racç io Social 15.19 8 9 20 2.53 Rdaç&es S«dai5 16.38 6 12 20 1.94 Variedade 14.S8 13 9 19 2.22 Condições dc Traba lho 15.19 8 20 2.65
Na subamostra dos licenciados do sexo masculino, a escala
Prestígio ocupa o lugar que nas outras amostras era ocupado por
Autoridade. Aparecem, assim, como três médias mais baixas as de Risco,
Actividade Física e Prestígio, por ordem crescente, enquanto as médias
mais elevadas correspondem, de novo, às escalas Utilização das
Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal, por ordem
decrescente. Estes dados estão apresentados no Quadro n® 7.1.11.
Q U A D R O N* 7 . 1 . 1 1 . RESUITADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESMO-PADRÂO NA
ESCALA DE VALORES W I S NA AMOSTRA DOS UCENCIADOS DO SEXO MASCULINO
CKalaj MMía Ordeoaç io Mi ai mo Máiimo Des^lo-padrio
Uti l izaçio das Capacidades 18.54 1 14 20 1.72 Real tzaç io 18.09 2 15 20 1.74 Promoção 16.70 4 11 20 2.36 fUtétíco 13.7! 13 7 20 3.21 Alrmis tao 13.45 15 5 20 3.24 Aoior ídadc 13.77 12 9 20 2.74 Autooomia 15 62 6 11 20 2.65 C r í a t h i d a d e 16.45 5 12 20 2.34 Ecoo6imco 14.64 8 5 20 3.04 Esrilo de Vida 14.62 10 9 20 2.54 DcseovoMmeato Pessoal 17.14 3 13 20 2 19 Activtdadc F b k a 11.18 17 5 19 -2 .64 PrcsH^io 12.57 16 7 19 2.90 Risco 10.05 18 5 17 2 86 I s i e racçâo Sodai 14.12 I I 10 20 2.49 Rrlaç0c« Sociais 15.21 7 10 20 2 4 4 Variedade 13 54 14 8 20 2 6 0 Condições de Trabalho 14 64 8 9 20 2.77
2 2 6
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
A hipótese n^ 5 previa que uma análise em componentes
pr íncipais das d i fe ren tes escalas que constituem a Escala de Valores
WIS permit isse ident i f ícar uma es t ru tu ra factorial semelhante, em
relação ao n ú m e r o de factores e seu significado, à encontrada quer
nos estudos por tugueses (Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995; Rafael ,
1992) q u e r nos es tudos internacionais (§verko, 1995; §verko & Super,
1995). Os resultados referidos no ponto 6.1, referente ao estudo
psicométrico da prova com base nos dados obtidos com a amostra total,
apoiam a hipótese. Assim, uma análise em componentes principais com
rotação varimax da matriz sobre as dezoito escalas da Escala de Valores
WIS, conduziu a 5 componentes principais. Se se utilizarem as
designações de Sverko (1995), pode-se considerar que o 1® factor, defmido
principalmente pelas escalas Realização, Promoção, Económico, Prestígio,
e Condições de Trabalho corresponde ao factor que Sverko (1995)
considerou como valores de Orientação Utilitária ou o que Coetsier &
Claes (1995) consideraram um factor de Progresso Material na Carreira. O
2® factor agrupa as escalas Estético, Altruísmo, Actividade Física,
Interacção Social e Relações Sociais, configurando um factor semelhante
ao que Coetsier & Claes (1995) designaram Orientação para o Grupo e
que Sverko (1995) chamou valores de Orientação Social. É de salientar o
facto de, nesta amostra portuguesa, o valor Estético aparecer com a sua
saturação mais elevada neste factor (tal como em Duarte (1993) e em
Coetsier & Claes (1995), enquanto que em Sverko (1995) Estético não
aparece claramente em nenhum factor, embora nalgumas amostras suija
227
Capítulo 7
com os valores de Auto-Actualização. O 3® factor defuie-se a partir das
escalas Autoridade e Risco, valores que podem ser considerados de
Orientação para a Aventura, na designação de Sverko (1995) ou de
Desafio em Coetsier & Claes (1995). O 4° factor define-se a partir de
valores de Orientação para a Auto-Actualização, sendo as escalas com
saturações mais elevadas neste factor Utilização das Capacidades e
Realização. O 5° factor define-se a partir das escalas Autonomia,
Criatividade, Estilo de Vida e Variedade, valores considerados por Sverko
(1995) de Expressão Individual. Estes 4® e 5' factores são também
semelhantes aos que Coetsier & Claes (1995) designam, respectivamente,
como Auto-Actualizaçào ou Autonomia.
Em síntese sobre as hipóteses de 1 a 5, os dados referentes aos
valores dos adultos trabalhadores que constituíram estas amostras vão no
sentido que seria previsível a partir da análise das diferenças intergrupais
apresentada no capítulo 2. As diferenças entre sexos e entre grupos de
diferentes habilitações surgem, fundamentalmente nas escalas que não
são nem as que correspondem às médias mais elevadas nem as de médias
mais baixas. A excepção refere-se à escala Autoridade onde surgem
diferenças significativas quer e m relação ao sexo quer em relação às
habilitações literárias dos sujeitos. Também algiins estudos referidos no
capítulo 2 apontam nesta direcção: as diferenças entre sexos surgem,
principalmente, em escalas que não são nem as mais valorizadas nem as
menos valorizadas (Marques, 1983; Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995;
Rafael, 1992). Tal como previsto, aparecera diferenças s i^ f i ca t ivas nas
escalas Altruísmo e Estético, a favor do sexo feminino e na escala
2 2 8
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
Autoridade, a favor do sexo masculino. As diferenças entre os grupos
defmidos pelas habilitações literárias resumem-se à superioridade da
média em Estético e Condições de Trabalho, nos administrativos e à
superioridade em Autoridade, nos licenciados. Por outro lado, a
interacção entre as variáveis sexo e habilitações pareceu justificar o
estudo adicional da hipótese 1, em 4 subamostras.
Os trabalhos realizados por Sverko & Super (1995) e por Sverko
(1995), ambos citados no ponto 2, apontam no sentido da tendência de
alguns valòres, como as escalas Utilização das Capacidades, Realização e
Desenvolvimento Pessoal, surgirem quase sempre com as médias mais
altas e de outros, como Risco, Autoridade e Prestígio com as médias mais
baixas. Os resultados encontrados neste trabalho são coincidentes com
estes - quer na amostra total quer nas 4 subamostras - embora a escala
Actividade Física tenha aparecido com resultados ainda mais baixos do
que Prestígio.
A estrutura factorial encontrada para a escala também está de
acordo com o que se tinha previsto, extraíndo-se 5 factores semelhantes
aos referidos por Sverko (1995) em estudos internacionais.
7.2. R e s u l t a d o s com o N E O - F F I
Antes de se estudarem as hipóteses referentes aos resultados
obtidos com o NEO-FFI, começou por analisar-se a ordenação das
médias das cinco escalas, quer na amostra total quer nas quatro
subamostras já consideradas em 7.1.
229
Capítulo 7
Para a amostra total, a média mais elevada aparece na escala
Conscienciosidade, seguida de Amabilidade, Extroversão e Abertura à
Experiência. A escala Neuroticismo é aquela em que os sujeitos
apresentam uma média mais baixa, o que aliás seria de esperar tendo em
conta que a amostra não é constituída por qualquer grupo clinico. Em
todo o caso, é esta também a escala que apresenta maior desvio-padrão.
Os resultados obtidos estão sintetizados no Quadro n® 7.2.1.
QUADRO N* 7.2. L. RESUITADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DES VIO-PADRÂO DAS ESCALAS N, E , o , A E C PARA A AMOSTRA TOTAL (M-214)
ESCALA N T O - m N Médi i Minimo MixiOM Dcsvi»-padrio N 214 IS.IS 1.00 38.00 6.92 E 214 J4.19 21.00 46.00 4.82 0 214 31.64 17.00 45.00 $.12 A 214 3623 24.00 48.00 4.66 C 214 41.1 30.00 48.00 4.29
Também nos administrativos do sexo feminino, a ordenação das
escalas é semelhante ao que acontece com a amostra total, com a
superioridade da média da escala Conscienciosidade, seguida de
Amabilidade. Extroversão e Abertiira à Experiência posicionam-se logo a
seguir, sendo novamente a escala Neuroticismo a que apresenta a média
mais baixa mas o maior desvio-padrào. Os resultados apresentam-se no
Quadro n° 7.2.2.
QUADRO N® 7.2.2. RESULTADOS MIHÍIMO E MÁXIMO, M É D U E DESVIO-PADRÀO DAS ESCALAS E C PAAA A SUBAMOSTRA DAS MULHERES ADMINISTRATIVAS
ESCALA S E O - m Média MinisM M i l l me Desvie-padrie N 17.67 4.00 36.00 7.$5 E 33.96 21.00 42.00 4.90 O 31.81 19.00 42.00 S.08 A 36.98 27.00 48.00 4.44 c 41.63 33.00 48.00 3.61
No caso dos administrativos do sexo masculino, as médias,
embora sistematicamente mais baixas, em todas as escalas, que as da
amostra feminina, mantém as mesmas posições relativas com o mínimo
2 3 0
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
para Neuroticismo e o máximo para Conscienciosidade. Também as
escalas Extroversão, Abertura à Experiência e Amabilidade mantém as
mesmas posições relativas. O Quadro n° 7.2.3. simetiza os resultados
encontrados.
Q U . \ D R 0 N^ 7 . 2 . 3 . RESULTADOS MÍNIMO E MÁXIMO, MÉDIA E DESViO-PADR.^0 DAS
ESCAL.AS N , E , O , A E C PARA A SU8AM0STRA DOS HOMENS ADMINISTRATIVOS
ESCALA N E O - m M é d í i MioiíDO Máximo Desvio-pad r i o N IS.I6 1.00 38.00 7.52 E 33.66 21.00 45.00 5.13 0 30.53 20.00 40.00 5.36 A 34.90 27.00 45.00 5.25 C 39.84 31.00 47.00 4.54
Para as subamostras dos sujeitos licenciados, os resultados
obtidos são muito semelhantes aos obtidos com os administrativos: as
médias das escalas são, sempre, por ordem decrescente as relativas a
Conscienciosidade, a Amabilidade, a Extroversão, a Abertura à
Experiência e, por último, a Neuroticismo, como se pode ver nos Quadros
n° 7.2.4. e n° 7.2.5.
Q U A D R O N"* 7 . 2 . 4 . RESULT.ADOS MÍNIMO E MÁXIN^O, M É D I A E DESVIO-PADRÀO DAS
ESCALA N E O - m M é d í i Mi ai mo M á i i m o Dcs>io-padrio N 14.58 3.00 30.00 6.29 E 34.85 25.00 44.00 4.72 0 32.60 21.00 45.00 4.74 A 37.89 32.00 46.00 3.12 C 41.62 3000 48.00 4.83
QL ADRO N® 7 . 2 . 5 . RESULT.ADOS MÍNIMO E M.-L\1M0, MÉDIA E DESVIO-P.ADRÃO DAS ESC.\LAS
ESC.ALA VEO-FFI Média Mínimo M i x i m o Dci \1o-padr io N 12.77 2.00 24.00 5.25 E 34.21 23.00 46.00 4.66 0 31.29 17.00 43.00 5.29 A 34.66 24.00 45.00 5.05 C 40.82 30.00 48.00 4.24
De acordo com a hipótese 6, e em relação às características de
personalidade avaliadas, pode-se esperar que não existam diferenças
importantes entre os sujeitos dos dois grupos defínidos pelas
habilitações literárias, embora se possa esperar que no grupo com
231
Capítulo 7
ma io r e sco la r idade seja mais eJevada a, média de Aber tura à
Exper iênc ia .
Os resultados obtidos - apresentados no Quadro n° 7.2.6. - não
confirmam a hipótese, não se encontrando uma diferença significativa
entre as médias dos dois grupos defmidos pelas habilitações literárias na
escala O - Abertura à Experiência. Encontra-se apenas uma diferença
significativa a p<0.01 na escala N- Neuroticismo com uma média mais
elevada para os administrativos.
Q U A D R O 7 . 2 . 6 . D I F E R E N Ç A S ENTRH AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS UCENCIADOS E ADML>NSTRATTVOS NO N E O F F I
E S C A L A N E O - m Média l icenciados ( D - 1 0 9 )
Média a d m i n b t r a r i v o s í o = 1 0 5 )
valor de t
N 13.65 16.76 •3.37'*
£ 34.52 33.85 1.02
O 31.93 31.34 0.83
A 36.23 36.23 0.00
C 41.21 40.98 0.39
• significativa a p<0.05
Se se considerarem os resultados da A N O V A referentes ao efeito
da variável habilitações literárias, saem reforçados os resultados
referidos, revelando-se apenas um efeito significativo na escala
Neuroticismo, com um valor de F(l,206)=7.41; p<0.01
Considerando a hipótese n® 7, pode-se esperar que as médias
re feren tes ao sexo femin ino se jam mais elevadas em N- Neuroticismo,
A- A m a b i l i d a d e e C - Conscienciosidade, e que os homens
ap resen tem médias ma i s elevadas em E-Extroversão.
De facto, quando se subdivide a amostra total em dois subgrup>os:
homens e mulheres, encontram-se diferenças significativas nas médias
obtidas nas escalas pelos dois subgrupos. Surgem, assim, diferenças
significativas a p<0.05 na escaía Conscienciosidade e a p<0.01 nas
2 3 2
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
escalas Neuroticismo e Amabilidade. Em todos os casos, a média mais
elevada surge na amostra feminina. No entanto, o resultado de
Extroversão não é superior na amostra masculina.
Os dados obtidos estão sintetizados no Quadro n° 7.2.7.
Q U A D R O 7 . 2 . 7 . DLFERENÇAS ENTRE AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS
HOMENS E MULHERES NO N E O - F F I . ESCALA fflEO-FFI Média bomens
( 0 = 9 4 ) Média mulheres
(ih-120 ) valor de t
N 13.73 16.31 - 2 . 7 4 " E 33.99 34.35 -0.54 0 30.98 32.16 •1.68 A 34.75 37.38 -4.26*» C 40.43 41.62 -2.04*
A realização de uma ANOVA para estudar o efeito das variáveis
sexo, idade e habilitações sobre cada uma das cinco escalas revela um
efeito significativo da variável sexo nas escalas Neuroticismo com
F(l,206)=4.43;p<0.05 e Amabilidade com F(l,206)=18.91; p<0.001. Não
aparece assim confirmado o efeito do sexo na escala Conscienciosidade.
Assim, se os resultados apresentados no Quadro n® 7.2.7.
evidenciam diferenças significativas entre os sexos nas escalas
Neuroticismo e Amabilidade (a p<0.01) e em Conscienciosidade
(significativa a p<0.05) sempre com médias mais elevadas para a amostra
feminina, aqui essas diferenças só se reconhecem parcialmente.
Comparativamente com os dados obtidos por Lima {no prelo)
neste estudo também se encontra uma média mais elevada do sexo
feminino (considerando a amostra total), na média de Neuroticismo, de
Amabilidade e de Conscienciosidade mas não uma média mais alta em
Extroversão por parte da amostra masculina.
233
Capítulo 7
Em relação à hipótese n° 8 que dizia que embora se possa
e n c o n t r a r u m a relação negativa en t re a idade e as características de
pe rsona l idade N, E e O e uma relação positiva entre a idade e as
caracter ís t icas A e C, a p rox imidade dos g rupos etáríos (18-25 e 26-
35) que const i tuem a amos t ra e a es tabi l idade das características de
pe r sona l idade no adu l to , permi tem p reve r que não se encontrem
di ferenças signif icat ivas ent re as médias dos grupos nas mesmas
escalas.
A análise dos resultados obtidos com o NEO-FFI, não revela
diferenças significativas em função da idade dos sujeitos, como se pode
verificar no Quadro n° 7.2.8.
Q U A D R O N^ 7 . 2 . 8 . DIFERENÇAS ENTRE AS MÉDIAS OBTIDAS PELOS GRUPOS DOS SUJEITOS COM IDADE
E S C A L A N E O - F F I Média sujei tos com idade eotre os
18 e os 25 aoos ( D - 9 1 )
Média sujei tos com idade entre os
26 e os 35 anos ( • - 1 2 3 )
valor de t
N 15.74 14.76 1,02 E 34.03 34.31 -0.41 0 31.43 31.80 -0.52 A 36.62 35.94 1.04 C 41.31 40.94 0.61
significativa a p<0.01
Também a realização de uma ANOVA para estudar o efeito das
variáveis e a existência de uma possível interacção entre variáveis não
revela qualquer efeito significativo nem da variável idade por si só nem
da interacção entre quaisquer das três variáveis consideradas (sexo,
habilitações e idade) em qualquer dos cinco domínios da personalidade.
Para avaliar a hipótese n® 9 que previa que uma análise em
componen tes pr incipais dos itens do N E O - F F I conduzisse a cinco
fac tores cor responden tes às escalas do ins t rumento , reconsiderar-se-ão
os dados obtidos no ponto 6.2.3, referente ao estudo psicométrico do
2 3 4
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
instrumento. De facto, depois de rodada a matriz pelo método varimax,
uma solução a cinco factores, pode ter alguma correspondência com as
escalas, aparecendo os itens de cada escala, em geral, com saturações
mais elevadas com o mesmo factor. O 1® factor parece, então,
corresponder à escala N - Neuroticismo, o 2® factor à escala C -
Conscienciosidade, o 3° factor à escala O - Abertura à Experiência, o 4°
factor à escala E - Extroversão e o 5® factor à escala A - Amabilidade. No
entanto, no caso do 4° e do 5® factores, a correspondência não é tão nítida
como no caso dos três primeiros factores.
Em síntese das hipóteses de 6 a 9, encontram-se médias
significativamente mais altas para o sexo feminino, nos resultados
obtidos em Neuroticismo, Amabilidade e Conscienciosidade, embora a
superioridade masculina em Extroversão não tenha sido confirmada. As
habilitações literárias parecem definir, apenas, uma diferença entre os
grupos em relação a Neuroticismo (com médias mais altas nos
administrativos) e não em Abertura à Experiência como se esperava.
A estrutura factorial do instrumento, embora fi-aca, como dizem
Mooradian & NetzeI (1996) é aceitável.
7.3. E s t u d o da relação entre os resul tados obtidos com a Escala de Valores W I S e o N E O - F F I
Tal como anteriormente, tendo em conta que a idade parece ser a
variável que menos diferencia as médias obtidas pelos sujeitos e que
assumir as três variáveis em simultâneo levaria à constituição de
subamostras demasiado pequenas para permitirem comparações de
235
Capitulo 6
resultados, decidiu-se retomar como variáveis fundamentais na análise
dos dados, as habilitações e o sexo.
No que diz respeito à relação entre valores e personalidade, os
resultados obtidos são apresemados nos Quadros n° 7.3.1. a n® 7.3.8. para
as quatro subamostras defmidas a partir do sexo e das habilitações:
administrativos do sexo feminino, administrativos do sexo masculino,
licenciados do sexo feminino e licenciados do sexo masculino.
QUADRON® 7.3.1. CORR£LAÇÂO ENTRE AS DD.IESSÔES DA PERSON.AUD.ADE N, E, O. A E C E AS ESCALAS
DE VALORES UTTUZAÇ.ÂO DAS CAPACIDADES, REALIZ-^ÇÂO, PROMOÇ.^O, ESTÉTICO, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, ALT0N0M1A, CRIATIVIDADE E ECONÓWJCO NA .AMOSTRA DE MULHERES
ADMLMSTRAM-AS CN=67) Cdíuc*^
OpM*da4a
toirnrt* CActín AtDTIM* A«tMSd*ò( Cn«tivid*dc
N -0.20 0.01 -0.09 -o.n -0.17 •0.19 0.00 -0,23 0.23
E 0 .24 ' 0.22 0.13 0.06 0.21 0.01 0.03 0.2S' -0.08
0 0.24» 0 . 3 ^ * 0.10 0.10 0.22 0.11 0.22 0 . 5 0 " -0.07
A 0.07 -0.(M 0.05 0.26* 0 . 3 5 " -0.03 0.10 0.18 -0.15
c 0 .24 ' O.IS 0.12 0.15 02\ 0.04 0.07 0.24* -0.27 '
• significaiiva a p<0.05 • • sigoificiijva 1 p<0.0)
QUADRON® 7.3.2. CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSONALIDADE N, E, O. A E C E .AS ESCALAS DE VALORES ESTTLO D E VID.A, DESENVOLVIMENTO PESSOAL, ACTIVIDADE FÍSICA, PRESTÍGJO, RISCO, INTERACÇÃO SOCIAL, RELAÇÕES SOCLMS. VARIEDADE E CONDIÇÕES DE
Eoitoic
VUi
DoovaK Aarvid*4t
F»ei
KM
Sodd
kõKte Vtrícd*4t o^xiiraa,
écTnbt^
N 0.00 -0.07 -0.13 0.03 -0.13 -0.02 0.19 -0.10 0.06
£ •0.09 0.17 0.14 -0.03 0.20 0.26* 0 14 0.15 0.05
0 -0.05 0.16 -0.05 -0.13 0.14 -0.04 0,01 0.15 0.04
A 0.14 0.25- 0.15 -0.00 OlO 0.27- O.W 0.14 0.19
C -0.21 0.08 0.10 0.05 0.02 0 0 1 0.02 0.20 0.11
* sigDÜícaiiva a p<0.05 " síguüícaiiva a p<0.0]
2 3 6
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
QUADRO N* 7.3.3. CORRELAÇÃO ENTRE AS DÍMENSÔES DA PERSONALIDADE N, E, O, A E C E AS ESCALAS DE VALORES UTILIZAÇÃO DAS CAPACIDADES, REALIZAÇÃO, PROMOÇÃO,
ESTÉTICO, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, AUTONOMU, CRJATIVIDADE E ECONÓMICO NA
UtiUzafi*.
Ctpaeidadc*
Rtaliis<io Proaeflo Cnctic* AtnÍNM Aatoridadc AnloBooiia Críjthididt tceoóaice
N -0.19 0.00 -0.23 -0.04 •0.08 0.06 -0.19 -0.37» -0.14
E 0.40* 0.13 0,27 0.21 0.33* 0.22 0,01 0.28 0.12
0 0.34* 0.25 0.23 -0.01 -0.03 •0.09 0.29 0,04 -0,09
A 0.26 0.05 0.18 0.19 0.30 -0.06 -0.11 0.25 0.14
C 0.27 0.17 0.09 0.42* • 0.31 0.08 0.40* 0.27 0,16
* significativa a p<O.OS • • significativa a p<0.01
QUADRO N® 7.3.4. CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSONALIDADE N, E, O, A E C E AS ESCALAS DE VALORES ESTILO DE VIDA, DESENVOLVIMENTO PESSOAL,
ACTIVIDADE FÍSICA, PRESTÍGIO, RISCO, INTERACÇÃO SOCLU, RELAÇÕES SOCIAIS, VARIEDADE E CONDIÇÕES DE TRABALHO NA AMOSTRA DE HOMENS ADNIINISTRATIVOS
CN=38) de
VA Dctavolv Aoívidide
Fiáca
Presigio KÍSM btencçio
Soeãl
RebçAct
Socúú
V«ried«d( Coadiçâes
dc TrtbaOio
N -0.09 -0.27 -0.21 -0.17 -0.12 -0.24 -0.07 -0.42** -0.14
E -0.05 0.06 0.15 0.28 0.12 0.54** 0,36* 0,28 0.06
O 0.04 0.51 • • 0.20 0.28 0.13 0.22 0,15 0.27 0.14
A -0.09 ' 0.12 -0.06 0.04 -0.05 0.32 0.28 0.31 -0.00
C 0.06 0,22 0.22 0.23 -0.15 0 , 3 3 ' 0.09 0.03 0 . 4 3 "
• significativa a p<0.05 significativa a p<0.01
QUADRO HJ® 7.3.5. CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSONALIDADE N, E , O, A E C E AS ESCALAS DE VALORES UTILIZAÇÃO DAS CAPACIDADES, REALIZAÇÃO, PROMOÇÃO,
ESTÉTICO, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, AUTONOMIC, CRL^TIVIDADE E ECONÓMICO NA
Utitiiafi*.
Capseidadta
Reiliaçie C«Ut>M Altniiae ABtarkUdc AalOMBÍi Crijüvidade EcoaioÚM
N 0.01 -0.3!* -0.13 0.06 0,11 -0.22 -0.03 0.06 -0.15
E 0.25 0.18 0 . 3 8 " -0.03 0.16 0,40* • O.Il 0.20 0.20
O 0.43** 0.01 -0.07 0.34* 0.26 - 0 . 3 2 ' 0.15 0 . 5 0 " -0.13
A 0.03 0.07 0,13 -0.04 0.24 0,01 -0.07 0.08 0.05
C 0.25 0 .38" ' 0.22 -0,03 •O.Ol 0 . )6 0.12 0.11 0.24
significativa a p<O.OS significativa a p<0.01
237
Capítulo 7
OL ADRO 7.3.6 . CORRELAÇÃO ESTR£ .KS DIMENSÕES DA PERSOS.ALIDADE N . E . O . A E C E .\S ESCALAS DE V.IXORES ESTILO DE VIDA. DESENVOLVIMENTO PESSOAL, ACTIVIDADE FÍSICA. PRESTÍGIO. RJSCO. INTERACÇÃO SOCIAL, RELAÇÕES SOCI.MS. VARIED.^DE E CONDIÇÕES DE TR.A8ALHO SA AMOSTR.\ DE
MULHERES LICENCI.OAS FN=53
Viát OctavaK
PTUMI
Proupp PLi*u> taicrv,-«i«
Socwl ^-un 4* Tnh«b«
N •0.03 •0.13 •0.04 -0.15 0 0 4 -0.14 -0 07 0.11 •0 05
E OCW 0.24 0.20 0 24 0 07 0 . 4 4 " 0 16 0 . 4 2 " 0 0 6
o 0.19 0 4 0 * ' 0 2 9 * •0.02 0.17 0.17 0 15 0 j 9 " 0.01
A ^ . 0 7 0.19 -0.09 -0.04 •0.20 0.17 0.06 0.04 O.iS
C 0.14 0,32* O.OS 0.12 -0.1 i 0.14 -0.10 0.14 0.34»
QUADRO N® 7 .3 .7 . CORRELAÇÃO ENTRE AS DÍMENSÕES DA PERSONAUD.ADE N , E , O , A E C E .AS ESCALAS DE VALOR£S UTIUZAÇÃO DAS CAPACIDADES, R£.UÍZ.AÇÃO. PROMOÇÃO,
EsTtnco, ALTRUÍSMO, AUTORIDADE, AÜTONOSÜA, CRL^TIVIDADE E ECONÓMICO NA AMOSTRA DE HOMENS LÍCENCLADOS ( N = 5 6 )
Ctftddtáa frpw»;*» toirira Akrvõa* AsiarM^ Criativid>4< CcMMÍn
N -0.06 -0.03 -0.18 0.16 0.09 -0.24 -0 .52 ' -0.19 -0.22
E o . n 0.21 0.26 0.16 0.10 0 .29 ' 0.39** 0 . 3 0 ' 0.25
o 0.21 O.OS 0.04 0.33* 0 .32 ' 0.06 0.37* • 0 . 4 7 ' " -0.09
A -0.11 -0.16 -0.22 0.21 0 . 3 9 " -0.28* -0.19 -0.13 -0.11
C 0.24 0.32 0 .42* • -0.14 -0.07 0.27* 0.27* 0.21 0 . 3 8 "
QUADRO N® 7 .3 .8 . CORRELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA PERSON.^UDADE N , E , O , A E C E AS ESCALAS DE VALORES ESTTLO DE VIDA, DESENVOLVIMENTO PESSOAJL,
ACNVTOADE FÍSICA, PRESTÍGIO, RISCO, INTER-ACÇÃO SOCL^L, RELAÇÕES SOCLMS,
Vrii
Dcmdv K
fcuotl
Aai Sdadc
FUa
hnnf» Ksce btcncfáo
Social
R-cbfAa
Soóá
Vtrátf^
Tnttk«
N -0.11 -0.13 • 0 . 3 6 " -0.21 -0.25 •0.20 -0.03 -0.15 0.06
£ 0.27* 0.11 0 .34* 0.31* 0.31* 0 . 3 6 " 0.17 0.29- 0.07
0 0.35* • 0 .29* 0 .16 -0.07 0.07 0.27- .0.18 0.15 0.14
A -0.10 -0.02 0 . 3 5 " -0.16 0.02 0.24 0.23 0.04 0.13
C 0.19 0 .36 * * 0.23 0.34* 0.13 0.11 0.16 0.18 0.12
• sigaiücauva a pcO.OS
Para melhor compreender a importincia relativa de cada um
destes coeficientes, foram calculados o resultado mínimo, o máximo, a
média, a mediana e o desvio-padrão das corTelações correspondentes às
quatro subamostras. O Quadro n° 7.3.9. sintetiza esses resultados. 238
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
Q U A D R O N® 7 . 3 . 9 . MÍNIMO, MÁXIN40, MÉDIA, MEDIANA E DESVIO-PADRÃO DAS CORRELAÇÕES ENTRE AS DOWLENSÔES DA PERSONALIDADE E AS ESCALAS DA ESCALA DE
MÍDimo Máximo Média Mediana Des>io-padrÍo Mulheres i d m i n i s t r a t i v u 0.00 0.50 0,13 0.13 0.09 Homens t d m i a i s t n t i v o s 0.00 0.54 0.19 0.17 0.12
Muiberes licenciadas 0.01 0.50 0.16 0.13 0.12 Hooieos [icencíados 0.02 0.47 0.20 0.19 0.11
A hipótese n° 10 que previa que não aparecessem relações
signif icat ivas consistentes ent re N e as escalas da Escala de Valores
WIS , com excepção de uma relação inversa e n t r e N e valores de
O r i e n t a ç ã o p a r a a Expressão Indiv idua l como Var i edade e
Au tonomia é apenas parcialmente apoiada pelos resultados obtidos, já
que só na subamostra de homens administrativos se verifica uma relação
inversa entre N e Variedade (-0.42, significativa a p<0.01) e entre N e
Criatividade (-0.37, significativa a p<0.05). Na subamostra de mulheres
administrativas, não se encontram quaisquer relações significativas entre
N e as escalas de Valores. Na subamostra de mulheres licenciadas, surge
apenas uma relação negativa (-0.31, significativa a p<0.05) mas com
Realização e não com os valores previstos. Nos homens licenciados
surgem duas relações negativas entre N e Autonomia (-0.32, significativa
a p<0.05), no sentido previsto pela hipótese mas também com Actividade
Física (-0.36, significativa a p<0.01).
Os resultados obtidos, embora apoiem parciahnente a hipótese,
acentuam as diferenças entre sexos. De facto, no caso dos sujeitos do
sexo masculino as relações negativas encontradas entre N e alguns
valores de Orientação para a Expressão Individual como Variedade ou
Autonomia parecem compreensíveis e justificáveis á luz das conclusões
de outros estudos que relacionavam variáveis motivacionais com valores
239
Capítulo 7
(Costa & McCrae, 1988a; Piedmont, McCrae & Costa, !992), mas as
diferenças entre sexos são talvez mais difíceis de compreender.
Eventualmente, poderão estar relacionadas com variáveis não controladas
como a importância dos papeis. Talvez o facto das pessoas responderem
num contexto de trabalho tenha tomado mais saliente, naquela situação, o
papel de trabalhador e os resultados reflictam diferentes niveis de adesão
ou de participação em relação a esse papel. Poderão também estar
relacionadas com diferentes tipos de preocupações de carreira. Cçntudo,
qualquer destas hipóteses só poderia ser fundamentada e estudada com
base na aplicação de provas como o Inventário de Saliência de
Actividades ou o Inventário de Preocupações de Carreira, ambos com
versão portuguesa.
Considerando a relativa inconsistência dos resultados encontrados
e embora a correlação não nos permita concluir sobre relações de causa-
efeito, os resultados obtidos acabara por ir no mesmo sentido de estudos
anteriores (por exemplo, Luk & Bond, 1993) em que se verifica uma
fraca associação entre Neuroticismo e os valores do indivíduo.
A hipótese n® 11 que previa que eristisse uma relação
positiva q u e r de E x t r o v e r s ã o que r de Amab i l i dade com os valores de
Or ien tação Social, t ambém é apenas parcialmente suportada. Apenas no
caso da Interacção Social se encontra, em todas as subamostras uma
correlação com Extroversão positiva e significativa (a p<0.01), com
resultados entre 0.36 e 0.54, excepto para a subamostra de mulheres
administrativas em que a correlação encontrada de 0.26 é significativa a
um m'vel de significância inferior (p<0.05). Outras associações com
2 4 0
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
outros valores de Orientação Social aparecem na subamostra de homens
administrativos, onde se encontra também uma correlação positiva de
Extroversão com Altruísmo e com Relações Sociais (respectivamente,
0.33 e 0.36) e na subamostra de homens licenciados com Actividade
Física (0.34), todas significativas a p<0.05. No que diz respeito à
dimensão Amabilidade, os resultados também não são equivalentes em
todas as subamostras. Na subamostra de mulheres administrativas,
regista-se uma correlação positiva de A com Altruísmo (0.35),
significativa a p<0.01 e com outros valores de Orientação Social como
Interacção Social (0.27) ou com Estético (0.26), a p< 0.05, mas não com
Relações Sociais. No caso dos homens administrativos, a correlação de A
com Altruísmo, Interacção Social e Relações Sociais é sempre próxima
de 0.30, embora sem significado estatístico. Nas subamostras de
licenciados, apenas o Altruísmo e a Actividade Física (que neste estudo
surgem agregados aos valores de Orientação Social, como se pode ver no )
capítulo 6) estão relacionados positiva e significativamente (a p<0.01)
com A, mas apenas nos homens (0.39 e 0.35, respectivamente). No grupo
de mulheres licenciadas não aparecem quaisquer correlações
significativas, embora se possa verificar que as correlações de A com
valores como Interacção Social, Relações Sociais ou Altruísmo são
claramente superiores quer à média quer à mediana das correlações
encontradas nesta subamostra (Quadro n° 7.3.9). Mais uma vez se pode
levantar a hipótese destas diferenças entre sexos e níveis de habilitações
literárias se relacionarem com variáveis não controladas por este estudo,
241
Capítulo 7
nomeadamente com a saliência dos papeis ou as preocupações de
carreira.
A análise da hipótese n° 12 que antevia a existência de uma
re lação positiva eot re Ex t rove r são e valores relacionados cora a
necessidade de es t imulação como Variedade ou com a Orientação
p a r a a Aventura como Risco também resulta em dados pouco
concludentes. De facto esta relação cora Variedade só aparece nas
subamostras de licenciados (significativa a p<0.01 para as mulheres: 0.42
e a p<0.05 para os homens: 0.29) e com Risco apenas para os homens
(0:31, significativa a p<0.05). A explicação desta diferença entre os
grupos profissionais poder-se-á situar na natureza das actividades
profissionais dos subgrupos de administrativos já que grande parte da
amostra feminina deste subgrupo era constituída por Secretárias ou
Escriturárias e muitos dos sujeitos da subamostra masculina eram
Contabilistas. Daí que, em qualquer dos casos, a natureza das actividades
desempenhadas dê pouco espaço para a Variedade ou para o Risco. No
entanto, verifica-se, no caso das mulheres administrativas e dos homens
licenciados, que surge também uma correlação positiva (e significativa a
p<0.05) entre E e Criatividade, respectivamente de 0.28 e de 0.30. Mais
uma vez, estas diferenças poderão relacionar-se com variáveis aqui não
consideradas, como a saliência ou a importância dos papeis, uma vez que
a Escala de Valores utilizada é uma escala de valores que podem ser
realizados em qualquer dos papeis desempenhados pelo indivíduo. Talvez
niveis de adesão ou de participação diferentes face ao papel Trabalho se
reflictam em diferenças entre os grupos profissionais. Contudo, estas são
2 4 2
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
hipóteses que só se poderiam estudar no âmbito de trabalhos
subsequentes.
Outras relações encontradas, embora não previstas pelas
hipóteses, permitem verificar que surge uma relação positiva e
significativa entre Extroversão e valores de Auto-Actualização como
Utilização das Capacidades, mas apenas no grupo dos administrativos
(0.40 para o sexo masculino e 0.24 para o sexo feminino, ambas a
p<0.05). Esta relação não surge nos grupos de licenciados. Por outro lado,
nas subamostras de licenciados a Extroversão correlaciona-se
positivamente, (respectivamente, 0.40, significativa a p<0.01, para
mulheres e 0.29, significativa a p<0.05, para homens) com Autoridade.
As relações destas diferenças com o grupo profissional do sujeito podem
tomar-se compreensíveis se se pensar que no caso dos licenciados mais
provavelmente a adaptação profissional passe, não só pela Utilização das
Capacidades, mas mais pelo desempenho de lugares de chefia. Esta
correlação elevada aparece claramente associada com valores de
Orientação Utilitária, traduzindo-se numa correlação também elevada e
positiva com Promoção (0.38, significativa a p<0.01), para o sexo
feminino e com Prestígio (0.31, significativa a p<0.05), para o sexo
masculino. Parece aceitável esperar que nos licenciados maior
Extroversão se possa traduzir em maiores possibilidades de assumir
lugares que exijam o exercício da Autoridade sobre outros e que, no caso
das mulheres, esta possibilidade suija mais ligada à valorização da
progressão ascendente na carreira para lugares de chefia, enquanto, que
nos homens suija mais ligada à valorização do Prestígio. Estas diferenças
243
Capítulo 7
poder-se-íam relacionar com condicionantes sociais ligados aos
estereótipos sexuais e às diferentes expectativas sociais em relação ao
percurso profissional de cada um dos sexos.
Se se considerarem os factores encontrados por Sverko (1995),
na Escala de Valores WIS, poder-se-ía afirmar, em síntese, que a
dimensão Extroversão, se relaciona com a Orientação Social em todos os
grupos, com ^ Orientação para a Auto-Actualização nos subgrupos de
administrativos e com a- Orientação Utilitária nos Licenciados.
Encontram-se também, nalguns subgrupos, associações com a Orientação
para a Aventura e com a Orientação para a Expressão Individual. Poder-
se-ía, também, pensar tratar-se aqui de um efeito de Manipulação da
Imagem no sentido da Desirabilidade Social, mas a ausência de uma
escala deste tipo em qualquer dos instrumentos impossibilita o estudo
desta hipótese.
A hipótese n° 13, que previa que aparecesse uma relação
positiva entre A b e r t u r a à Exper iência e valores como Estético,
Cria t ividade, Var i edade , Utilização das Capac idades ou
Desenvolvimento Pessoal, também só parciahnente é apoiada pelos
dados. Nas duas subamostras femininas, aparece uma correlação positiva
e significativa a p<0.01 entre O e Criatividade (0.50, quer para
admnistrativas quer para licenciadas), tal como na amostra de homens
licenciados (0.47, significativa a p<0.01). No entanto, esta relação não
surge para os homens administrativos. Esta diferença não é facilmente
explicável. Talvez se se considerassem as diferentes facetas da Abertura à
Experiência (Fantasia, Estética, Sentimentos, Acções, Ideias, Valores), os
244
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
resultados tivessem um significado psicológico mais claro. No entanto,
essa avaliação teria que ter sido feita com o NEO-PI- R e não com o
NEO-FFI. A relação entre O e Estético apenas surge nas amostras de
licenciados (0.34 e 0.33, respectivamente para o sexo feminino e
masculino, ambas significativas a p<0.05). A relação com Variedade só
surge para as mulheres licenciadas (0.39, significativa a p<0.01). A
associação com valores de Orientação para a Auto-Actualização como
Utilização das Capacidades ou Desenvolvimento Pessoal verifica-se
parcialmente: em três das subamostras (excepto para os homens
licenciados), surge uma correlação positiva e significativa nos
administrativos (0.24 e 0.34, a p<0.05, respectivamente para o sexo
feminino e masculino) e nas mulheres licenciadas (0.43, significativa a
p<0.01) entre a dimensão O e a Utilização das Capacidades.
Desenvolvimento Pessoal relaciona-se positiva e significativamente com
O (0.40, 0.51, significativas a p<0.01, respectivamente para mulheres
licenciadas e para homens administrativos e 0.29, para os homens
licenciados, significativa a p<0.05) em três das subamostras (excepto
para as mulheres administrativas), enquanto que nesta subamostra é
Realização que mostra esta associação positiva (0.39, significativa a
p<0.01) com O. Em qualquer dos casos, a relação surge com os valores
que Sverko (1995) chama de Orientação para a Auto-Actualização. Nos
homens licenciados, Altruísmo surge também correlacionado
positivamente (0.32, significativa a p<0.05) cora O, o que poderá estar
relacionado com a elevada saturação que áverko (1995) encontrou
nalgumas amostras entre Altruísmo e o factor de Orientação para a Auto-
245
Capítulo 7
Actualização. Nos licenciados, a dimensão O também parece relacionar-
se positivamente com outros valores de Orientação para a Expressão
Individual, para além da já referida Criatividade, com relações positivas e
significativas a p<0.01 com Estilo de Vida e Autonomia
(respectivamente, 0.35 e 0.37), para os homens.
No caso das mulheres licenciadas, e embora não contemplada nas
hipóteses, é notória uma relação negativa entre Autoridade e a dimensão
Abertura à Experiência (-0.32, significativa a p<0.05), que se poderá
eventualmente relacionar com a forma como o poder está distribuído na
sociedade, levando as mulheres com altos resultados em Abertura á
Experiência a valorizarem, em simultâneo, mais a Auto-Actualização do
que a conquista do poder e uma relação positiva entre O e Actividade
Física (0.29, significativa a p<0.05) que talvez reflicta a procura da
actividade física noutros papeis (nomeadamente tempos livres), em meios
económicos e sociais mais favorecidos.
No geral, poder-se-á dizer que a dimensão Abertura à Experiência
aparece correlacionada positivamente com a Chientação para a Auto-
Actualização em todas as amostras e com valores de Orientação para a
Expressão Individual em quase todas as amostras. As relações previstas
com Estético, Variedade e Criatividade surgem nalgumas subamostras.
A hipótese n® 14 que esperava uma relação inversa entre
Conscienciosidade e valores de Orientação para a Expressão
Individual mais relacionados com a Uberdade individual ou a não
conformidade às normas vigentes como Estilo de Vida, também não é
apoiada pelos resultados obtidos, não aparecendo qualquer relação
2 4 6
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
significativa entre C e Estilo de Vida. Este resultado pode justificar-se
pelo facto da escala Estilo de Vida não avaliar tanto a não submissão ou a
não conformidade às normas, mas antes a valorização pelo indivíduo de
seguir os seus próprios princípios na orientação da sua própria vida,
podendo não contestar a ordem vigente.
A hipótese n° 15 que previa o aparecimento de uma relação
positíva entre Consciencíosídade e alguns valores de Orientação
Utilitária como Promoção ou Realização, também é apenas
parcialmente apoiada pelos resultados, havendo diferenças importantes
entre as várias subamostras. Assim, na subamostra de mulheres
administrativas, aparece uma correlação significativa (a p<0.05) e
negativa (-0.27) que relaciona o valor Económico com
Conscienciosidade, o que é dificilmente compreensível, j á que seria de
esperar uma relação positiva, tendo em conta que alguns dos itens que
compõem a escala C do NEO-FFI se relacionam com a luta pela
aquisição. Esta relação positiva com a escala Económico aparece em
todas as outras subamostras com valores entre 0.16 e 0.38, embora apenas
seja significativa (a p<0.01) para os homens licenciados (0.38). Em
contrapartida, encontram-se relações positivas com outros valores de
Orientação Utilitária como Condições de Trabalho (0.34, significativa a
p<0.05, para mulheres licenciadas e 0.43, significativa a p<0.01, para
homens administrativos) ou Promoção (0.42) e Prestígio (0.34),
respectivamente significativas a p<0.01 e a p<0.05 para homens
Hçençjados. Ests^ relações são compreensíveis de acordo com a própria
definição da escala Conscienciosidade e das escalas de facetas que
247
Capítulo 7
definem esse domínio da personalidade (Competência, Ordem, Dever,
Lula pela Aquisição. Auto-disciplina e Deliberação) e apoiam
parcialmente a hipótese, embora sejajn menos compreensíveis as
diferenças encontradas entre os subgrupos. Mais uma vez se sente aqui a
necessidade de considerar variáveis não abordadas neste trabalho.
Em resumo, poder-se-á considerar que a hipótese é parcialmente
apoiada pelos dados, na medida em que se encontra, com alguma
consistência, uma relação positiva entre Conscienciosidade e alguns
valores de Orientação Utilitária.
A hipótese n® 16 que previa uma relação positiva entre
Conscienciosidade e a lguns valores de Orientação p a r a a Auto-
Actuaüzaçâo é parcialmente apoiada pelos dados. Assim, na subamostra
de mulheres administrativas, a dimensão C apresenta uma correlação
positiva (0.24), e significativa a p<0.05, com Utilização das Capacidades e
com Criatividade (valor que, de acordo com Sverko (1995) encontra
frequentemente saturações elevadas no factor de Orientação para a Auto-
Actualização), enquanto que nas subamostras de mulheres licenciadas e de
homens licenciados, só se verifica uma correlação positiva
respectivamente de 0.32 (significativa a p<0.05) e de 0.36 (significativa a
p<0.01) com Desenvolvimento Pessoal mas não com Criatividade. Para os
homens administrativos não se encontra qualquer relação significativa
entre C e valores de Auto-Actualização, embora se possa constatar que as
correlações de C com Utilização das Capacidades e com Desenvolvimento
Pessoal são também positivas (respectivamente, 0.29 e 0.22) e superiores
quer à media quer à mediana das correlações encontradas para esta
248
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
subamostra (respectivamente, 0.19 e 0.17, como se pode ver no Quadro n°
7.3.9.).
N o geral, as relações entre a dimensão Conscienciosidade e os
valores medidos pela Escala de Valores WIS vão no sentido previsto pelas
hipóteses, embora nalgumas subamostras suijam relações não previstas e
com significado psicológico pouco claro. E o caso da relação positiva com
valores de Orientação para a Expressão Individual como Criatividade, que
Sverko (1995) considera poder ser também um valor de Auto-
Actualização, (0.24, significativa a p<0.05 para mulheres administrativas)
ou Autonomia (0.40, significativa a p<0.05 para homens administrativos).
Poderão estas relações estar directamente ligadas à constituição das
subamostras administrativas com a maioria das mulheres a
desempenharem funções de Secretariado (talvez a Criatividade seja um
factor importante para o bom desempenho da sua função) e a maioria dos
homens a desempenharem funções de Contabilistas (que, em geral, mesmo
em contexto organizacional, desenvolvem a sua actividade com autonomia
e independência)? Ou estará esta diferença relacionada com diferentes
graus de importância do papel de trabalhador? Ou referir-se-á ao
prosseguimento destes valores em papeis diferentes para os diferentes
grupos? Estas questões ficam por responder, podendo servir de base a
estudos posteriores.
A relação mais difícil de compreender é a correlação positiva e
significativa a p<0.01 (0.42) que se encontra para os homens
administrativos entre C e Estético. Poderá esta relação reflectir a
necessidade destes sujeitos que realizam funções administrativas de
249
Capitulo 7
acordo com regras bem defmidas. actualizarem valores Estéticos noutros
papeis da sua vida, que não o de Trabalhador?
Por fim, a análise da hipótese n® 17 que previa que, uma análise
em componentes principais às escalas dos dois instrumeotos, em
conjunto, permitisse ideat iCcar factores semelhantes aos previstos
pela hipótese 5, embora pudesse eventualmente surgir um ou vários
factores distintos de personal idade.
De facto, a análise em componentes principais, sem imposição de
qualquer estrutura factorial e impondo o critério de eigenvalue superior a
1, conduz a 6 factores que justificam 62.05% da variância dos resultados.
O Quadro n® 7.3.10 apresenta os eigenvalues e a variância explicada por
cada factor.
Q U A D R O N - 7 . 3 . 1 0 . E S C A L A DE V A L O R E S W I S E N E O - F F I - EIGENVALUES E
VAWÂNCIA E X P U C A D A P O R C A D A F A C T 0 R C N = 2 1 4 )
CompoDcote PríiicipaJ
Eigenvalues % Vari ioc ía C t p l i c j d i
*/• de Variância EípCcada
AcuffloUda
1 6.36 27,65 27.65
2 2.32 10.09 37.74
3 1.77 7.70 45.44
4 1.37 5.95 51.39
S 1.35 5.S6 57.25
6 1.10 4.S0 62.05
A análise dos 6 factores a partir das escalas que os defmem pode ser feita
a partir dos resultados sintetizados a seguir. O Quadro n° 7.3.11.
apresenta a matriz dos factores obtidos e o Quadro n® 7.3.12. a matriz
rodada através de uma rotação varimax. Encontram-se, tal como previsto,
6 factores em que 5 são fundamentalmente definidos por escalas de
valores e 1 por escalas de personalidade.
2 5 0
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
Q U A D R O N® 7 . 3 . 1 1 . ESCALA DE VALORES W I S E N E O - F F I - MATRIZ DOS FACTORES
ESCALAS F A C T O R 1
F A C T O R 2
F A C T O R 3
FACTOR 4
F A C T O R 5
F A C T O R 6
N -0.21 •0.07 0.70 •0.06 •0.01 0.21
E 0.42 •0.12 •0.63 0.07 0.02 •0,11
O 0.34 -0.27 •0.05 -0.57 -0.39 -0.06
A 0.20 -0.51 •0.37 0.42 -0.10 0,09
C 0.34 0.06 •0.48 0.23 -0.39 0.18
Ut i l iz tç lo Capacidades 0.56 0.05 -0.13 -0,32 -0,20 0.35
Realiza ç io 0.62 0.32 0.04 0.01 -0.24 0.35
P r o m o ç i o 0.65 0.49 •0.06 0.01 0.02 0.12
Estético 0.56 •0.41 0.29 •0.04 0,16 0,36
Altruismo 0.50 •0.59 0.12 -0.02 0.10 0,29
Autoridade 0.43 0.51 -0.17 -0.08 0.34 •0,06
AutOBomia 0.66 0.24 0.16 •0.14 -0.13 -0,35
Criatividade 0.68 -0,09 •0.08 -0.38 -0.05 •0.19
Económico 0.46 0.53 0.18 0.35 0.04 0.03
Estilo de Vida 0.59 0.08 0.39 0.05 -0.19 -0.25
Deseovolvimento Pessoal 0.70 -0.01 0.13 0.02 -0.38 -0.02
Actividade Física 0.47 •0.20 -0.08 -0.02 0,35 0.22
Prestíeio 0.52 0.42 -0.05 O.iO 0.21 0.16
Risco 0.40 0.02 •O.IO -0.32 0.59 0.06
In te racc io Social 0.62 •0.38 -0.03 0.23 0.17 -0,23
Relações Sociais 0.57 -0.30 0.26 0.31 0.06 -0,21
Variedade 0.67 -0.20 0.02 •0.06 0.14 •0.37
<?tadi<iesl^rabaIbo | 0.40 0.00 . . . .P .37 . . ÍO,Q9 P.(M
Q U A D R O N® 7 . 3 . 1 2 . ESCALA DE VALORES W I S E N E O - F F I - MATRIZ DOS F.ACTORES
ESCALAS F A C T O R 1
F A C T O R 2
F A C T O R 3
F A C T O R 4
FACTOR 5
F A C T O R 6
N 0.21 •0.06 -0.70 -0.07 -0.20 -0.05
E 0.07 0.09 0.72 0.14 0,20 0.14
0 0.13 -0.07 0.05 0.79 -0.02 0,13
A 0.40 -0,14 0.60 -0.12 -0,24 0.09
C 0.05 0.37 0.59 0.16 -0.26 -0,06
Utiliza ç io Capacidades 0.30 0,45 0,14 0.53 0.10 -0.06
Real izaçio 0.20 0.74 0.06 0.26 -0,05 0,05
P r o m o ç i o 0.01 0.76 0.11 0,12 0,24 0.18
Estético 0.79 0.16 -0.11 0.15 0,10 0,19
AJ t ruísmo 0.79 -0,03 0.09 0.19 0,04 0.19
Autoridade -0.15 0,51 0.11 -0.03 0,54 0.13
Autonomia -0.09 0.42 -0.03 0.34 0.14 0.60
Criatividade 0.16 0.18 0.16 0.56 0.30 0.41
Ecooómico -0.05 0.71 -0.05 -0.24 0.02 0.29
Estilo de Vida 0.10 0.36 -0.16 0.20 -0.09 0.63
Deseovolvimeuto Pessoa) 0.23 0.44 0.10 0.39 -0.19 0.44
Acti>idade Fisica 0.50 0,15 0.16 0.02 0.36 0,09
Prestigio 0.09 0,63 0.09 -0.08 0.31 0.11
Risco 0.25 0,12 0.03 0.09 0.73 0.07
In te racc io Sodal 0.43 0.02 0.33 -0.01 0,14 0.60
Relações Sociais 0.41 0.1) 0.07 -0.08 -0.05 0.66
Variedade 0.23 0,08 0.18 0.21 0.29 0,66
Condições Trabalho 0.29 0.39 0.04 -0.12 -0.18 0.40
As escalas com saturações mais elevadas no 1° factor são os
valores Estético, Altruísmo e Actividade Física; as que têm saturações
mais elevadas no 2® factor são Realização, Promoção, Autoridade,
Económico e Prestígio (com valores superiores a 0.5); o 3® factor defme-
251
Capitulo 7
se, principalmente, a partir de quatro das escalas do NEO-FFI,
nomeadamente N, E, A e C, aparecendo a escala O - Abertura à
Experiência com saturação mais elevada no 4° factor juntamente com os
valores Utilização das Capacidades e Criatividade; as escalas com
maiores saturações no factor 5 são os valores Autoridade e Risco,
enquanto que, para o factor 6, as mais elevadas correspondem a
Autonomia, Estilo de Vida, Interacção Social, Relações Sociais e
Variedade.
Embora não haja coincidência dos 5 factores referentes à Escala
de Valores WIS com os identificados no capítulo 6, podem ser referidos
alguns aspectos comuns. Assim, o 2® factor aqui encontrado é
praticamente equivalente ao 1° factor extraído na análise em componentes
principais da Escala de Valores WIS, sendo definido basicamente por
valores de Orientação Utilitária como Realização, Promoção, Económico,
Prestígio e Autoridade. Da mesma forma, o 1® factor que surge nesta
análise, sendo definido por Estético, Altruísmo, Actividade Física com
saturações superiores a 0.50, é praticamente equivalente ao 2® factor
referido no ponto 6, considerado um factor de Orientação Social.
Contudo, aqui as escalas Interacção Social e Relações Sociais
surgem apenas com uma saturação inferior a 0.50, respectivamente 0.43 e
0.41, j á que as saturações mais importantes (superiores a 0.60) surgem no
6° factor.
O 3® factor - definido por quatro das escalas do NEO-FFI - é,
claramente, um factor de personalidade, enquanto o 4® factor reúne a
escala Abertura à Experiência - definida pela curiosidade pelo mundo
2 5 2
Apresentação e Discussão dos Resultados Referentes às Hipóteses
exterior e interior, pela defesa de novas ideias e pela procura da
diversidade de experiências, com alguns valores de Auto-Actualizaçào -
Utilização das Capacidades e Criatividade (que também pode ser
considerado um valor de Orientação para a Expressão Individual). O 5°
factor, à semelhança do 3° factor referido no capítulo 6 quando da análise
da estrutura factorial da Escala de Valores WIS, agrupa os valores
considerados de Orientação para a Aventura. O 6® factor agrupa alguns
valores de Expressão Individual como a Autonomia, o Estilo de Vida e a
Variedade, mas também valores de Orientação Social como Relações
Sociais e Interacção Social.
Embora não inteiramente concordantes com a hipótese, os
dados aqui recolhidos vão no sentido de uma diferenciação clara dos dois
conceitos embora as medidas dos valores e da personalidade pareçam
estabelecer relações importantes num sentido teoricamente previsível. No
entanto, a análise dos dados obtidos não se esgota no estudo das hipóteses,
surgindo algumas relações não esperadas e que poderão servir de base a
estudos posteriores, com amostras de maiores dimensões e eventual
controlo de variáveis que podem ter impacto nos resultados e ajudar a
explicar as diferenças encontradas, como o conceito de saliência dos
papeis (Kidd & Knasel, 1979).
253
• Conclusões
Se o presente trabalho pode ser dividido em três grandes campos
de análise, subdivisão que decorre do tipo de hipóteses formuladas,
também as conclusões respeitarão esta forma de organização: conclusões
sobre o estudo dos valores e do instrumento utilizado para a sua medida
numa amostra de adultos trabalhadores, conclusões sobre o estudo das
cinco dimensões da personalidade e do instrumento utilizado para a sua
medida numa amostra de adultos trabalhadores e conclusões sobre as
relações quer destas duas variáveis quer destas duas provas psicológicas.
N o que diz respeito aos valores, procurou-se com este trabalho,
abordar um tipo de população pouco focada nos estudos desenvolvidos
em Portugal, especificamente os adultos empregados. Essa perspectiva
permitiu por um lado complementar dados recolhidos em Portugal com a
Escala de Valores WIS com estudantes, compará-los com outros estudos
nacionais e internacionais feitos com adultos com o mesmo instrumento,
analisando quer as propriedades psicométricas da Escala quer a forma
como os valores são hierarquizados em populações de adultos. De um
modo geral, pode concluír-se que a Escala de Valores WIS mantém, com
adultos, as características metrológicas que evidenciara com amostras de
sujeitos mais jovens. Os índices de consistência interna, avaliados a partir
do coeficiente a de Cronbach, confirmam que, também com populações
adultas, a garantia da prova se mantém elevada com resultados entre 0.73
e 0.81, valores semelhantes aos encontrados noutros estudos portugueses
com adultos (Rafael, 1992; Duarte, 1993). Também a análise das
correlações item-total da escala a que pertence acentua o reconhecimento
de uma elevada consistência interna da escala.
255
• Conclusões
O estudo factorial da Escala de Valores WIS revela uma estrutura
em cinco factores, muito semelhante à encontrada por èverko no
conjunto de amostras dos países participantes do projecto WIS. Esses
cinco factores podem ser considerados orientações de valores, havendo,
claramente, um factor de Orientação Utilitária (defmido principalmente a
partir das escalas Promoção, Económico, Prestígio, Condições de
Trabalho, mas também por saturações importantes de Utilização das
Capacidades e Realização), um factor de Orientação Social (defmido
principalmente a partir das escalas Estético, Altruísmo, Actividade Física,
Interacção Social e Relações Sociais), um factor de Orientação para a
Aventura (definido principalmente a partir das escalas Risco e
Autoridade), um factor de Orientação para a Auto-Actualizaçao (defmido
principalmente a partir das escalas Utilização das Capacidades e
Realização), e um factor de orientação para a Expressão Individual
(defmido principalmente a partir das escalas Autonomia, Criatividade,
Estilo de Vida e Variedade). Talvez a diferença mais importante em
relação aos factores encontrados por áverko (1995) se traduza na reunião
do valor Estético com os valores de Orientação Social como, aliás, se
verificara em Duarte (1993) e em Coetsier e Claes (1995). No que diz
respeito a outros estudos portugueses com adultos (Rafael, 1992; Duarte,
1993), a estrutura factorial encontrada não é equivalente embora se
reconheçam muitas semelhanças. Contudo, em Duarte (1993) surge
apenas uma estrutura em 4 factores e quer em Rafael (1992) quer em
Duarte (1993) não aparece tão claramente um factor de Orientação para a
Auto-Actualização.
256
• Conclusões
O estudo das correlações entre as escalas revela ainda dados
semelhantes aos encontrados noutros estudos portugueses com adultos
(Rafael, 1992; Duarte, 1993), com correlações elevadas (superiores a
0.50) entre as escalas Altruísmo e Estético, Interacção social e Relações
Sociais, Promoção e Realização, Estilo de Vida e Autonomia, Variedade
e Criatividade, Desenvolvimento Pessoal e Estilo de Vida, Interacção
Social e Variedade, Económico e Promoção, e, por fim, Autonomia e
Criatividade. Estes resultados, com a excepção da relação entre
Desenvolvimento Pessoal e Estilo de Vida e de Interacção Social e
Variedade, correspondem à estrutura factorial da Escala, aparecendo as
maiores correlações entre valores com saturação elevada no mesmo
factor.
Os tratamentos estatísticos utilizados permitiram encontrar efeitos
significativos da interacção de algumas das variáveis independentes
estudadas (sexo, habilitações literárias e idade) pelo que algumas das
hipóteses foram analisadas com base em 4 subamostras defmidas a partir
das variáveis sexo e habilitações: administrativos do sexo feminino,
administrativos do sexo masculino, licenciados do sexo feminino e
licenciados do sexo masculino. As conclusões são muito semelhantes às
obtidas cora a amostra total. Tendo em conta que a variável idade
praticamente não interferia nos resultados e que considerar as 3 variáveis
em simultâneo, tomaria as subamostras demasiado pequenas, o estudo
desta variável limitou-se à análise das diferenças entre os grupos etários,
não sendo depois utilizada para a constituição das subamostras.
257
• Conclusões
A análise das médias obtidas nas diferentes escalas permite
confirmar os resultados já obtidos em estudos anteriores quer em Portugal
quer noutros países, com populações de estudantes e populações de
adultos (Duarte, 1984; Teixeira, 1988, 1995; Rafael, 1992; Sverko &
. Super, 1995). As médias mais altas surgem, quer na amostra total quer
nas subamostras definidas pelo sexo e pelas habilitações literárias, em
Utilização das Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal e as
mais baixas em Risco, Actividade Física, Autoridade e Prestígio.
Foram ainda estudadas as diferenças entre as hierarquias de
médias de valores dos grupos definidos pelo sexo, pela idade ou pelas
habilitações literárias. Assim, a análise das diferenças entre sexos está
também de acordo com os resultados obtidos noutros estudos portugueses
(Marques, 1983; Duarte. 1984; Teixeira, 1988, 1995) e estrangeiros
(Sverko, Jemeic ' , Kulenovic' & Vizek-Vidovic'. 1995: Trentini, 1995;
Horaowska & Paluchowski, 1995; Langley. 1995). A s médias obtidas
pelo sexo feminino são significativamente superiores às masculinas em
Estético e Altruísmo e inferiores em Autoridade quer na amostra total
quer na subamostra de licenciados (mas não na subamostra de
administrativos). A realização de uma ANOVA não confirma a
significância da diferença encontrada face a Autoridade. No entanto, e tal
como acontecia em estudos anteriores já referidos, em geral e com
excepção de Autoridade, as médias mais altas (Utilização de
Capacidades, Realização e Desenvolvimento Pessoal) e mais baixas
(Risco, Prestígio e Actividade Física) são semeüi^ tes p ^ os dois sexos.
258
• Conclusões
O efeito da variável habilitações literárias - que não se esperava
que introduzisse diferenças entre os grupos, dada a proximidade dos
níveis profissionais dos sujeitos que constituem a amostra - revela médias
superiores dos administrativos em Estético e em Condições de Trabalho
(respectivamente, a p<0.05 e a p<0.01) e dos licenciados em Autoridade
(a p<0.05). Estas três diferenças são confirmadas pela realização de uma
ANOVA. Nos extremos da hierarquia (médias mais elevadas e mais
baixas), com a excepção de Autoridade, também não surgem diferenças
significativas entre os grupos.
A variável idade não revelou implicar diferenças importantes ao
nível dos valores. Assim, a subdivisão da amostra total em sujeitos dos
18 aos 25 anos e dos 26 aos 35 anos traduz-se apenas numa diferença
significativa a p<0.05 em Relações Sociais com uma média mais alta para
os sujeitos mais novos, diferença confirmada quer pelo teste de diferença
de médias, quer por uma ANOVA.
N o que diz respeito à personalidade, avaliada de acordo com o
modelo dos cinco factores, verifica-se um efeito significativo (a p<0.01)
das habilitações literárias, com o grupo de administrativos a apresentar
médias mais altas no Neuroticismo do que os licenciados. As diferenças
previstas na dimensão Abertura à Experiência não se confirmaram nem
pelo teste de diferença de médias nem pelos resultados da ANOVA.
Também o sexo parece ter um efeito significativo com as mulheres a
apresentarem médias mais altas de Neuroticismo e Amabilidade (a
p<0.01) e de Conscienciosidade (a p<0.05). A realização de uma
ANOVA confirma apenas as diferenças entre os dois grupos em
259
• Conclusões
Neuroticismo e em Amabilidade. Estes dados só parcialmente vão no
sentido dos referidos noutros estudos (Costa & McCrae. 1992b; Lima, no
prelo), já que seria previsível encontrar uma média mais alta na dimensão
Abertura à Experiência nos sujeitos mais escolarizados e na dimensão
Extroversão nos homens.
A variável idade, tal como previsto, e tendo em conta a
estabilidade que caracteriza a personalidade no adulto e a proximidade
dos grupos etários utilizados, não introduz qualquer efeito significativo
nos resultados.
O estudo da versão reduzida do NEO-PI-R: N E a F F I numa
amostra portuguesa de adultos trabalhadores permitiu concluir que a
estrutura factorial da escala se organiza em cinco factores, relativamente
coincidentes com as escalas do instrumento. Contudo, tal como já
referido, poder-se-á considerar estar-se perante uma estrutura factorial
fraca, já que a coincidência dos factores com as escalas nem sempre é
muito nítida e que uma solução a cinco factores apenas justifica cerca de
35% da variância dos resultados. Esta conclusão é semelhante à obtida
num dos raros estudos com esta versão (Mooradian & Netzel, 1996). As
limitações do instrumento relacionam-se basicamente com as escalas
Amabilidade, Extroversão e Abertura à Experiência. Pelo contrário, as
escalas Conscienciosidade e Neuroticismo parecem reunir adequadas
características de consistência interna, com todos os seus itens a
apresentarem uma saturação mais alta no factor que lhes corresponde.
Isto não acontece com alguns dos itens das escalas Amabilidade e
Extroversão que apresentam saturações mais altas noutros factores (em
260
r
• Conclusões
geral os correspondentes às escalas E, O e A), o que se poderá relacionar
com as elevadas correlações entre as dimensões Extroversão e
Amabilidade (0.30) e entre Abertura à Experiência e Extroversão (0.23).
ambas significativas a p<0.0l . Também os indices de consistência interna
e a análise dos itens apontam para a necessidade de rever alguns dos itens
destas três escalas, especialmente no caso da escala Abertura à
Experiência - que apresenta o mais baixo índice de consistência interna
das cinco (0.55). As. outras escalas apresentam coeficientes alfa de
Cronbach mais satisfatórios, entre 0.61 para a escala Amabilidade e 0.81
para a escala Neuroticismo.
No entanto, como já se referiu, tendo em conta a especificidade da
população estudada (pertencente a grupos profissionais e etários muito
específicos), entendeu-se que esses não seriam os dados mais adequados
para reformular a escala. Seria, talvez, oportuno que, em estudos
subsequentes, se estudassem as propriedades da escala com uma amostra
que representasse mais estratos da população portuguesa.
Tendo em conta os resultados obtidos em relação ao efeito das
variáveis sexo e habilitações literárias quer nos valores quer na
personalidade, o estudo da relação entre ambos foi realizado, não na
amostra total mas nas quatro subamostras definidas por essas duas
variáveis.
Os dados encontrados para cada uma das subamostras são, no
entanto, bastante diferentes entre si. Nalguns casos, ás relações
identificadas vão no sentido proposto por estudos anteriores, embora não
era todas as subamostras. As principais conclusões a tirar permitem
261
• Conclusões
reconhecer relações entre dimensões de personalidade e, não tanto valores
específicos, mas antes orientações de valores. Aparece, assim, uma
relação inversa de Neuroticismo com alguns valores de Orientação para a
Expressão Individual, mas apenas nos grupos masculinos. Verificou-se
também que a Extroversão se correlaciona positiva e significativamente
com valores de Orientação Social em todos os grupos, com a Orientação
para a Auto-Actualização nos administrativos e com a Orientação
Utilitária nos licenciados. A Amabilidade só apresenta correlações
positivas e significativas com alguns valores de Orientação Social em
parte das subamostras (administrativos do sexo feminino e licenciados do
sexo masculino). Por outro lado, a dimensão Abertura à Experiência
correlaciona-se positiva e significativamente com alguns valores de
Orientação para a Auto-Actualização em todos os grupos e com a
Orientação para a Expressão Individual em todas as subamostras excepto
nos administrativos do sexo masculino. A dimensão Conscienciosidade
parece estabelecer uma relação positiva com alguns valores de Orientação
Utilitária em todos os grupos, excepto no caso dos administrativos do
sexo feminino e com os valores de Orientação para a Auto-Actualização
em todos as subamostras com excepção dos administrativos do sexo
masculino.
Contudo, pode considerar-se que as relações encontradas entre
personalidade e valores não são muito consistentes, havendo importantes
diferenças entre as várias subamostras. Fica por esclarecer que outro tipo
de variáveis Interferirá nestes resultados. Põe-se a hipótese de uma dessas
variáveis ser a saliência dos papeis, estando os sujeitos a responder de
262
• Conclusões
forma diferenciada em função dos diferentes papeis que desempenham e
da sua importância relativa. Poderá também haver alguma relação com o
tipo de preocupações de caneira actuais dos sujeitos. Essas relações não
foram objecto do presente estudo.
Também as próprias características de homogeneidade da Escala
de Valores WIS com elevadas correlações entre muitas das suas escalas
poderá contribuir para o facto destas conclusões se tomarem mais
consistentes quando explicitadas em termos de grupos de valores e não
tanto de escalas específicas.
Além disso, não se pode deixar de considerar as limitações
(embora na generalidade a prova apresente propriedades metrológicas
satisfatórias) do próprio instrumento utilizado na avaliação da
personalidade, para relativizar as conclusões a tirar sobre os resultados
obtidos.
Pode ainda levantar-se a questão da forma como estes sujeitos
responderam às provas. Embora não estivessem a responder a qualquer
anúncio de emprego, o facto dos sujeitos pretenderem ter o seu
curriculum numa empresa de Consultoria em Recursos Humanos, implica
que, embora indirectamente e a médio-longo prazo, estão a candidatar-se
a uma mudança de emprego. Esta ideia remete para alguns trabalhos que
se referem a populações de candidatos a emprego em que não se encontra
uma estrutura em cinco factores mas sim um factor que se pode designar
"o candidato ideal" (Schmidt & Ryan, 1993, cit. em Lévy-Leboyer,
1994). Talvez, em muitos casos, as respostas dos sujeitos reflectissem
mais do que a relação entre traços de personalidade e valores, um factor
263
• Conclusões
de desirabilidade social. Por outro lado, poder-se-á argumentar, com
Hogan & Hogan (1989) que as respostas de um candidato a qualquer
questionário, tal como todos os seus comportamentos, reflectem a
maneira como ele deseja ser visto, o que faz com que as respostas dadas
permitam predizer os comportamentos ulteriores, o que no limite,
conduziria também à avaliação da personalidade dos sujeitos. Além
disso, esta concepção acaba por implicar que, era qualquer caso, o sujeito
responderia de acordo com o seu "conceito ideal", pelo que este seria um
problema comum a qualquer medida da personalidade.
A análise e discussão dos resultados obtidos permite levantar
muitas outras questões que poderiam servir de base a estudos posteriores.
Uma delas prende-se com a dimensão das amostras utilizadas. Até
que ponto as mesmas hipóteses com amostras maiores levariam aos
mesmos resultados? A introdução de mais sujeitos reflectir-se-ía na
significância das relações estudadas. Além disso, as próprias diferenças
na dimensão das quatro subamostras podem ter implicações nos
resultados obtidos, pelo que teria interesse trabalhar estas hipóteses com
amostras de dimensão equivalente.
Por outro lado, poder-se-ía também pensar que a introdução de
níveis profissionais mais diferenciados, conduziria a resultados
diferentes. Aqui, de facto, foram considerados dois níveis muito
próximos de forma a não introduzir muitas outras variáveis relacionadas
com o tipo de tarefas desempenhadas. No entanto, esta opção acaba por
trazer também limitações às conclusões que se podem tirar com este
trabalho. Talvez fosse interessante considerar, num próximo estudo.
264
• Conclusões
grupos profissionais mais distintos em termos de habilitações literárias de
base.
Além disso, e apesar da maior fragilidade das facetas e dos itens
do modelo subjacente ao NEO-PI-R (considerando que os cinco grandes
factores são o elemento básico do modelo) a utilização deste instrumento
poderia conduzir a uma maior riqueza das conclusões. Nesse caso, teria
particular interesse analisar as correlações das médias referentes às
escalas de facetas e as obtidas nas escalas de valores. Provavelmente, as
hipóteses ter iam sido bastante alteradas, no sentido de uma maior
especificidade. Poder-se-ía, por exemplo, estudar as possíveis relações
entre as facetas E4-Actividade com Actividade Física, da faceta E5-
Procura de Excitação com Variedade, da faceta A3-Altruísmo com o
valor Altruísmo, da faceta 0 2 - Estética com o valor Estético, da faceta
0 4 - Acções c o m Actividade Física, com Variedade e também com
Desenvolvimento Pessoal e Utilização das Capacidades, da faceta 0 5 -
Abertura a ideias também com os valores de Orientação para a Auto-
Actualizaçâo, da faceta Cl - Competência com Desenvolvimento Pessoal
ou de C4- Luta pela Aquisição com valores de Orientação Utilitária como
Económico, Prestígio ou Promoção.
Há ainda outras questões que ficam em aberto e que se
relacionam, não com a metodologia utilizada, mas antes com outros
aspectos que decorrem dos resultados encontrados neste estudo: de que
maneira as diferentes variáveis de personalidade fazem a mediação entre
os interesses o u os valores e os comportamentos vocacionais do
indivíduo? Que outras variáveis interferem na relação personalidade -
N
265
Conclusões
valores? Talvez fosse interessante, em estudos posteriores, considerar a
importância dos papeis.
Por outro lado, a variável sexo parece confirmar a sua importante
influência no domínio quer da personalidade quer dos- valores:
provavelmente, a partir da sua relação com os papeis psicosexuais e com
a socialização, as diferenças nestes domínios são tão marcadas que foi
fundamental considerar amostras separadas. Contudo, a interpretação
destas diferenças nem sempre foi fícil por se sentir a necessidade de
considerar outras variáveis que eventualmente farão a mediação destas
relações.
Na sua análise das perspectivas para a investigação nos anos 90,
Hackett, Lent e Greenhaus (1991) salientam a necessidade de explorar as
possibilidades de integração. teórica de constructos conceptualmente
relacionados, de defmir relações entre constructos e de identificar
variáveis cruciais para uma teoria do desenvolvimento da carreira.
Também Brown & Watkins (1994) referem que "as teorias
desenvolvimentistas da carreira parecem estar perfeitamente posicionadas
para responder a questões sobre o desenvolvimento da personalidade
normal e a influência da personalidade nos diferentes estádios do
processo de desenvolvimento de carreira" (p. 202).
Nesta perspectiva, o estudo das relações entre conceitos como
personalidade e valores parece fazer todo o sentido quer no domínio da
conceptualização teórica quer no domínio da intervenção em Orientação e
Desenvolvimento da Carreira.
266
• Conclusões
Talvez a investigação futura possa interligar, cada vez mais, estes
dois campos de estudo, contribuindo para que se considere o ser humano
completo nas suas várias dimensões, de uma fornia eclética e
compreensiva.
267
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288
Índice de Quadros
LNDICE DE Q U A D R O S
Quadro n' 2.2.1.
Quadro n° 3.2.1.
Quadro n' 3.2.2.
Quadro n® 3.2.3.
Quadro n® 3.2.4.
Quadro n" 3.2.5.
Quadro n" 3.3.1.
Quadro n" 3.3.2.
Quadro n" 3.3.3.
Quadro n" 3.3.4.
Quadro n® 3.3.5.
Quadro n" 5.1.1.1.
Quadro n» 5.1.1.2.
Quadro n° 5.3.1.
Quadro n® 5.3.2.
Quadro xf 5.3.3.
Quadro n® 5.3.4.
Quadro 5.3.5.
Quadro n® 5.3.6.
,\nálise em componentes principais. Escala de Valores WIS. .•\mosira 9® ano 43
Correspondência enü-e os itens do KEO-FFl e os itens do NEO-PI-R para o domínio N • escala Neuroticismo 104
Correspondência entre os itens do N'EO-FFl e os itens do NEO-PI-R para o domínio dominio E - escala E.xtroversão 105
Correspondência entre os itens do NEO-FFl e os itens do NEO-PI-R para o dominio O - escala Abertura à Experiência 105
Correspondência entre os itens do NEO-FFI e os itens do NEO-PI-R para o dominio A - escala Amabilidade 105
Correspondência entre os itens do NEO-FFI e os itens do NEO-PI-R para o domínio C - escala Conscienciosidade 106
Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI - escala Neuroticismo - com a faceta e o dominio 113
Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI - escala Extroversão - com a faceta e o domínio 113
Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI • escala Abertura à Experiência - com a faceia e o domínio 114
Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do NEO-FFI - escala Amabilidade • com a faceta e o dominio 114
Correlação dos itens do NEO-PI-R correspondentes aos do N'EO-FFl • escala Conscienciosidade • com a faceta e o dominio 114
Resultados da análise em componentes principais (Marques, 1995) 153
Síntese dos resultados obtidos na análise em componentes principais por Rafael (1992) e Duarte (1993) 157
Composição da amostra total. Adultos trabalhadores no activo 164
Composição da subamostra licenciados e administrativos em relação 30 sexo 165
Composição das subamostras licenciados e administrativos em relação à idade 165
Composição da subamostra licenciados em relação ao sexo e à idade 166
Composição da subamostra administrativos em relação ao sexo e à idade 166
Composição da subamostra licenciados em relação à idade em ftmçào da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio 166 padrão -
290
Índice de Quadros
Quadro rf 5.3.7.
Quadro n** 5.3.8.
Quadro n" 5.3.9.
Quadro n" 5.3.10.
Quadro n" 5.3.11.
Quadro n" 5.3.12.
Quadro n" 5.3.13.
Quadro 5.3.14.
Quadro n" 5.3.15.
Quadro n'5.3.16.
Quadro n" 5.3.17.
Quadro n''5.3.18.
Quadro n" 5.3.19.
Quadro n® 6.1.1.1.
Quadro n'6.1.1.2.
Composição da subamostra administrativos em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio- 166 padrão
Composição da subamostra masculina em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio- 166 padrão
Composição da subamostra feminina em relação à idade em função da média, mediana, limites má.ximo e mínimo e desvio-padrão 166
Composição do grupo dos mais novos (18 £ idade ^25) em relação à idade em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão
Composição do gmpo dos mais velhos (35 S x > 26) em relação à idade em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão '
Composição do grupo dos administrativos mais novos (18 < idade < 25) em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão 167
Composição do grupo dos licenciados mais novos (18 ^ idade $25) em relação à idade cm função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão ^^^
Composição do grupo dos administrativos mais velhos (35 ^ x ^ 26) em relação à idade em fiinçào da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão 168
Composição do grupo dos licenciados mais velhos (35 ^ x ^ 26) em relação à idade em função da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão
Composição do grupo dos licenciados do sexo feminino em relação à idade era função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão ^ ^^
Composição do grupo dos administrativos do sexo feminino em relação à idade em função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão ^ 68
Composição do grupo dos licenciados do sexo masculino era relação à idade era função da média, mediana, limites miximo e mínimo e desvio-padrão 168
Composição do grupo dos administrativos do sexo masculino em relação à idade em íiinção da média, mediana, limites máximo e mínimo e desvio-padrão 168
AJfa de Cronbach para a escala Utilização das Capacidades e se cada um dos seus itens for eliminado 171
Alfa de Cronbach para a escala Realização e se cada um dos seus iiens for eliminado •
291
Índice de Quadros
Quadro n" 6.1.1.3. Alfa de Cronbach para a escala Promovào e se cada um dos seus itens for eliminado '
Quadro n" 6.1.1.4. Alfa de Cronbach para a escala Esiético e se cada um dos seus itens for eliminado ' ^^
Quadron®6.1.1.5. Alfa de Cronbach para a escala A]truisn>o e se cada um dos seus itená' for eliminado l
Quadro n® 6.1.1.6. Alfa de Cronbach para a escala Autoridade e se cada um dos seus itens for eliminado 1
Quadron®6.l . l .7. Alfa de Cronbach para a escala Autonomia e se cada ura dos seus iiens for eliminado 1
Quadro n® 6. l .1.8. Alfa de Cronbach para a escala Criatividade e se cada um dos seus ilens for eliminado
Quadro n'6.1.1.9. Alfa de Cronbach para a escala Económico e se cada ura dos seus ilens for eliminado
Quadro n" 6.1.1.10. Alfa de Cronbach para a escala Estilo de Vida e se cada um dos seus ilens for eliminado 1
Quadro n ' 6.1.1.11. Alfa de Cronbach para a escala Desenvohimenio Pessoal e se cada um dos seus iiei^ for e l i m i n a d o 173
Quadro n® 6.1.1.12. Alfa de Cronbach para a escaJa Actividade Física e se cada um dos seus ilens for eliminado 1
Quadro n" 6.1.1.13. Alfa de Cronbach para a escala Prestigio e se cada um dos seus ilens for eliminado '
Quadro n" 6.1.1.14. Alfa de Cronbach para a escala Risco e se cada um dos seus ilens for eliminado ^
Quadro n® 6.1.1.15. AJfa de Cronbach para a escala Interacção Social e se cada um dos seus itens for eliminado 174
Quadro n" 6.1.1.16. Alfa de Cronbach para a escala Relações Sociais e se cada um dos seus itens for eliminado 174
Quadro n® 6.1.1.17. Alfa de Cronbach para a escala Variedade e se cada um dos seus itens for eliminado 175
Quadro n® 6.1.1.18. Alfa de Cronbach para a escala Condições de Trabalho e se cada um dos seus ilens for eliminado 175
Quadro n" 6.1.1.19. Correlações entre os ilens 1 a 30 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores WIS - 177
Quadro n" 6.1.1.20. Correlações entre os itens 31 a 60 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores ^ I S 177
Quadron®6.1.1.21. Con-elações entre lodos os itens 61 a 90 e as escalas 1 a 9 d a E s c a l a de Valores WIS 178
292
Índice de Quadros
Quadro n" 6.1.1.22. Correlações entre os itens 1 a 30 e as escalas 10 a 18 da escala de Valores WIS 178
Quadro n" 6.1.1.23. Correlações entre os itens 31 a 60 e as escalas 10 a 18 da escala de Valores WIS 179
Quadro n® 6.1.1.24. Correlações entre os itens 61 a 90 e as escalas 10 a 18 da escala de Valores WIS 179
Quadro n" 6.1.1.25. Correlações corrigidas entre os itens 1 a 30 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores WIS 181
Quadro n® 6.1.1.26. Correlações corrigidas entre os itens 31 a 60 e as escalas 1 a 9 da Escalade Valores WIS 181
Quadro n" 6.1.1.27. Correlações corrigidas entre os itens 61 a 90 e as escalas 1 a 9 da Escala de Valores WIS 182
Quadro n® 6.1.1.28. Correlações corrigidas entre os itens 1 a 30 e as escalas 10 a 18 da Escala de Valores WIS 182
Quadro n® 6.1.1.29. Correlações corrigidas entre os iiens 31 a 60 e as escalas IO a 18 da Escala de Valores WIS 183
Quadro n® 6.1.1.30. Correlações corrigidas entre os itens 61 a 90 e as escalas 10 a 18 da
Escala de Valores WIS 183
Quadro 6.1.2.1. Intercorrei ações das escalas 185
Quadro n® 6.1.3.1. Escala de Valores WIS - matriz dos factores 186
Quadro n® 6.1.3.2. Escala de Valores WIS - matriz dos factores rodada 186
Quadro 6.1.3.3. Escala de Valores WIS • eigenvalues e variância explicada 187
Quadro n" 6.1.3.4. Factores encontrados e escalas que os definem 188
Quadro n® 6.2.1.1. índices de precisão referentes à escala N 192
Quadro n® 6.2.1.2. índices de precisão referentes à escala E 193
Quadro n® 6.2.1.3. índices de precisão referentes à escala O 195
Quadro n® 6.2.1.4. índices de precisão referentes à escala A 196
Quadro n® 6.2.1.5. índices de precisão referentes à escala C 198
Quadro n® 6.2.1.6. Correlações entre os itens 1 a 30 do NEO-FFI e os totais das escalas 200
Quadro n® 6.2.1.7. Correlações entre os itens 31 a 60 do NEO-FFI e os totais das escalas 200
Quadro n® 6.2.1.8. Correlações corrigidas entre os itens 1 a 30 do NEO-FFI e os totais das escalas 201
Quadro n® 6.2.1.9. Correlações entre os itens 31 a 60 do NEO-FFI e os totais das . _ r n e s c a l a s = 201
293
Índice de Quadros
Quadro n" 6.2.2.1.
Quadro 6.2.3.1.
Quadro n' 6.2.3.2.
Quadro n" 6.2.3.3.
Quadro n'6.2.3.4.
Quadro n" 6.2.3.5.
Quadro n" 6.2.3.6.
Quadro n" 7.1.1.
Quadro n" 7.1.2.
Quadro n® 7.1.3.
Quadro n" 7.1.4.
Quadro n" 7.1.5.
Quadro n'7.1.6.
Quadro n® 7.1.7.
Quadro n® 7.1.8.
Quadro n® 7.1.9.
Intercorrelaçôes das escalas do NEO-FFl 203
NTEO-FFl - eigenvalues e variância explicada 205
Facior em que os itens da escala N apresentam 5aiunii,'ôes mais elevadas 206
Factor em que os itens da escala C apresentam saturações mais elevadas 207
Factor em que os itens da escala O apresentam saturações mais elevadas 207
Factor em que os itens da escala E apresentam saairações mais elevadas 209
Factor em que os itens da escala A apresentam saturações mais elevadas 210
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrào na escala de Valores WIS na amostra total 215
Diferenças enire as médias obtidas pelos grupos dos sujeitos com idade eiiue os 18 e os 25 aiios e dus sujeitos com Idade entre os 26 e os 35 anos na Escala de Valores WIS 216
Valores de F para 1 grau de liberdade para cada variável ou interacção e 206 graus de liberdade para a variância de erro, referentes às escalas da Escala de Valores WIS e ao efeito da 217 variável idade
Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos homens e mulheres na Escala de Valores WIS 218
Valores de F para 1 grau de liberdade para cada variável ou interacção e 206 graus de liberdade para a variância de erro, referentes às escalas da escala de Valores WIS e ao efeito da variável sexo 219
Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos licenciados e administrativos na Escala de Valores WIS 220
Valores de F para I grau de liberdade para cada variável ou interacção e 206 graus de liberdade para a variância de erro referentes às escalas da Escala de Valores WIS e ao efeito da variável habilitações literárias 221
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrào na Escala de Valores WIS na amostra dos administrativos do sexo feminino 224
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão na Escala de Valores WIS na amostra dos administrativos do sexo masculino 225
294
Índice de Quadros
Quadro n® 7.1.10.
Quadro n " ? . ! . ! ! .
Quadro 7.2.1.
Quadro 7.2.2.
Quadro n" 7.2.3.
Quadro n° 7.2.4.
Quadro 7.2.5.
Quadro n® 7.2.6.
Quadro n® 7.2.7.
Quadro n" 7.2.8.
Quadro n" 7.3.1.
Quadro n® 7.3.2.
Quadro n° 7.3.3.
Quadro n® 7.3.4.
Quadro n® 7.3.5.
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão na Escala de Valores WIS na amostra dos licenciados do sexo feminino 226
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão na Escala de Valores WIS na amostra dos licenciados do sexo masculino 226
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a amostra total 230
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra das mulheres administrativas 230
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra dos homens administrativos 231
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra das mulheres licenciadas 231
Resultados mínimo e máximo, média e desvio-padrão das escalas N, E, O, A e C para a subamostra dos homens licenciados 231
Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos licenciados e administrativos no NEO-FFI 232
Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos homens e mulheres no NEO-FFI 233
Diferenças entre as médias obtidas pelos grupos dos sujeitos com idade entre os 18 e os 25 anos e dos sujeitos com idade entre os 26 e os 35 anos no NEO-FFI 234
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e e as escalas de Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade e Económico na amostra de mulheres administrativas 236
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amostra de mulheres administrativas 236
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade e Económico na amostra de homens administrativos 237
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amostra de homens administrativos 237
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e -as-escalaszde-Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia,
295
Índice de Quadros
Quadro rf 7.3.6.
Quadro 7.3.7.
Quadro rf 7.3.8.
Quadro n® 7.3.9.
Quadro n''7.3.10.
Quadro n" 7.3.11.
Quadro n® 7.3.12.
Criatividade e Económico na amostra de mulheres licenciadas 237
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amostra de mulheres licenciadas 238
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Utilização das Capacidades, Realização, Promoção, Estético, Altruísmo, Autoridade, Autonomia, Criatividade e Económico na amostra de homens licenciados 238
Correlação entre as dimensões da personalidade N, E, O, A e C e as escalas de Valores Estilo de Vida, Desenvolvimento Pessoal, Actividade Física, Prestígio, Risco, Interacção Social, Relações Sociais, Variedade e Condições de Trabalho na amosü-a de homens licenciados 238
Valores mínimo, máximo, médio, mediana e desvio-padrão das correlações entre as dimensões da personalidade e as escalas da escala de Valores nas quatro subamostras 239
Escala de Valores WIS e NEO-FFI- eigenvalues e variância explicada por cada factor 250
Escala de Valores WIS e NEO-FFI- matriz dos factores 251
Escala de Valores WIS e NEO-FFI- matriz dos factores rodada 251
296
índice Geral
ÍNDICE GERAL
NOTA PREVIA 5 INTRODUÇÃO IQ CAPÍTULO 1 - O DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA DO ADULTO 18 CAPÍTULO 2 - OS VALORES 78 2 . 1 . 0 conceito de valor e a sua medida 2.2. O desenvolvimento da Escala de Valores WIS 39 2.3. Investigação sobre os valores. Alguns estudos com a Escala de Valores WIS em Portuga! e noutros países 46 CAPÍTULO 3 - O M O D E L O DOS CINCO FACTORES DA PERSONALIDADE 70 3.1. Fundamentos do modelo 71 3.2. O desenvolvimento do NEO-PI-R (Revised NEO Personality Inventory) e do NEO-FFI (NEO- Five Factor Inventory) 84 3.3. A adaptação portuguesa do NEO-PI-R IO7 CAPÍTTXLO 4 - VALORES E TRAÇOS DE PERSONALIDADE: RELAÇÕES ENTRE PERSONALIDADE, VARIÁVEIS MOTIVACIONAIS E CARREIRA 117 4 . 1 . 0 esmdo da relação entre os valores e outras variáveis motivacionais e a personalidade 118 4.2. Fundamentação e apresentação das hipóteses I37 CAPÍTULO 5 - METODOLOGLV GERAL I45 5.1. Instrumentos utilizados 145 5.1.1. Escala de Valores WIS (2' edição) 147 5.1.2. NEO Five Factor Inventory: NEO-FFI 157 5.2. Constituição da amostra e descrição das aplicações 151 5.3. Caracterização da amostra em função do sexo, idade e nível de escolaridade 164 5.4. Tratamento dos dados 168 CAPÍTULO 6 - ESTUDO PSICOMÉTRICO DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS 170 6. l, Estudo psicométrico da Escala de Valores WIS (2* edição) 171 6.1.1. Esmdo da garantia e análise de itens 171 6.1.2. Intercorrelações das escalas 134 6. l .3. Análise em componentes principais 185 6.1.4. Síntese 189 6.2. Estudo psicométrico da adaptação pormguesa do NEO-FFI 190 6.2.1. Estudo da garantia e análise de Itens 191 6.2.2. Intercorrelações das escalas •:)Q3 6.2.3. Análise em componentes principais 204 6.2.4. Síntese 911 CAPÍTULO 7 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS REFERENTES ÀS HIPÓTESES 214 7.1. Resultados com a Escala de Valores WIS 215 7.2. Resultados com o NEO-FFI 7.3. Estudo da relação entre os resultados obtidos com a Escala de Valores WIS e o NEO-FFI ^35 CONCLUSÕES 254 R E F E R Ê N C U S BIBLIOGRÁFICAS 268 ÍNDICES 289
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