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Número: 009 • Director: H. Eliseu Sueia • Agosto 2018 • Distribuição Gratuita • Email:[email protected][email protected] Site: www.up.ac.mz .com/pages/Universidade-Pedagógica-UP flickr.com/photos/universidadepedagogica/sets U N I V E R S I D A D E P E D A G Ó G I C A M O C A M B I Q U E DIREITOS DOS CIDADÃOS PROVEDOR DE JUSTIÇA E UP, NA APROXIMAÇÃO DA JUSTIÇA AO CIDADÃO, MEMORANDO FOI ASSINADO POR ISAQUE CHANDE E JORGE FERRÃO Pág. 09 PUB. LENDAS VIVAS DO FUTEBOL HILÁRIO DA CONCEIÇÃO E SHÉU HAN LEMBRAM QUE NO DESPORTO PARA VENCER É PRECISO RIGOR, DISCIPLINA E PROFISSIONALISMO FÓRUM GCI - GRI Pág. 13 GABINETE DE COMUNICAÇÃO E IMAGEM E GABINETE DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA TERRA DA BOA GENTE, TUDO BOM PARA MELHOR COMUNICAR E COOPERAR.

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Número: 009 • Director: H. Eliseu Sueia • Agosto 2018 • Distribuição Gratuita • Email:[email protected][email protected]: www.up.ac.mz .com/pages/Universidade-Pedagógica-UP flickr.com/photos/universidadepedagogica/sets

UNI

VE

RSIDADE PEDAGÓGICA

MOCAMBIQUE

DIREITOS DOS CIDADÃOSPROVEDOR DE JUSTIÇA E UP, NA APROXIMAÇÃO DA JUSTIÇA AO CIDADÃO,

MEMORANDO FOI ASSINADO POR ISAQUE CHANDE E JORGE FERRÃO

Pág. 09

PUB.

LENDAS VIVAS DO FUTEBOLHILÁRIO DA CONCEIÇÃO E SHÉU HAN LEMBRAM QUE NO DESPORTO PARA VENCER É PRECISO RIGOR, DISCIPLINA E PROFISSIONALISMO

FÓRUM GCI - GRI

Pág. 13

GABINETE DE COMUNICAÇÃO E IMAGEM E GABINETE DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA TERRA DA BOA GENTE, TUDO BOM PARA MELHOR COMUNICAR E COOPERAR.

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02 UPNOTÍCIASNº 009 • Agosto – 2018

www.up.ac.mz - NOTÍCIAS

galardoado com a medalha Bagamoyo em 1989 pela Assembleia da República, um re-conhecimento político pelo trabalho que o professor Gerdes desenvolveu.

Fora isso, Gerdes recebeu em 1985 da então ministra da Educação Dra. Graça Machel, o prémio apreciação a escrita, em reconhecimento de todo o mérito manifes-tado na implementação do Sistema Nacio-nal de Educação em Moçambique nos pri-meiros 10 anos depois da independência.

Para Ferrão nenhum prémio pode ser mais importante do que deixar ficar um legado. “Precisamos de fazer e criar novos Paulus Gerdes na nossa universidade. É muita res-ponsabilidade que vem para essa universi-dade e temos a responsabilidade de a cada dia pautar pela excelência e a UP tem to-das as condições de ser uma universidade de excelência”, frisou Ferrão para depois desafiar aos docentes, estudantes, pesquisa-dores, intelectuais, a família e convidados

especiais a fazer do pequeno centro um lo-cal de conhecimento, que transpire todos os valores mais altos e nobres que a ciência al-guma vez nos pode pedir, marcando assim a diferença.

Na inauguração do espaço Paulus Ger-des contou com a presença do timbilista, Cheny WaGune que abrilhantou com a sua timbila. De referir que a timbila faz parte do património cultural da humanidade segun-do a classificação da UNESCO.

A Universidade Pedagógica (UP) atribuiu a título póstumo no espaço da biblioteca central, o nome do et-

nomatemático Paulus Gerdes em reconhe-cimento pela sua contribuição no desenvol-vimento do ensino superior e na formação de quadros em Moçambique.

O saudoso Paulus Gerdes, entusiasta, insaciável e de especial direcção de von-tade em etnomatemática e em toda a área das ciências naturais, pelos seus feitos cien-tíficos condecorou-se-lhe sucessivas vezes tanto no solo pátrio moçambicano como em outras terras além-fronteiras.

A viúva que ecoava no rosto um ar de emoção e um compêndio de saudades no acto de entrega do acervo bibliográfico dei-xado pelo “sempre” professor da universi-dade, encorajando-a dar seguimento a vida e a obra – formando estudantes iguais ou melhores que o seu falecido cônjuge.

Stela Santos, a viúva, agradeceu a UP pelo espaço com nome do seu falecido ma-rido e pediu aos estudantes que estiveram na homenagem para fazer melhor proveito do material entregue a universidade. A filha que também presenciou o momento, não deixou de demonstrar gratidão a UP pela homenagem ao seu pai.

De acordo com o Reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão, Paulus Gerdes foi um dos maiores etnomatemáticos que o país teve. Daí ter recebido em 2012 o prémio ex-celência outorgado pela Comissão Nacional dos 50 anos do ensino superior em Moçam-bique, distinção feita a todos que ao longo dos cinquenta anos contribuíram para o sur-gimento, engrandecimento e para a posição de Moçambique no ensino superior ao nível da SADC, CPLP e planetário. Também foi

Universidade imortaliza EtnomatemáticoEspaço Paulus Gerdes

UP, JAMK University of Applied Sciences e a Soprano Corporation, apostam na educação

Texto: Diogo Homo Foto: José Carlos

Para responder os desafios do processo de ensino e aprendi-zagem, a Universidade Peda-

gógica (UP), a Universidade de Ciên-cias Aplicadas JAMK University of Applied Sciences e a Soprano Corpo-ration, ambas da Finlândia, firmaram uma parceria de entendimento na área de Programa de Desenvolvimento de Qualidade da Educação moçambica-na que prevê a formação de 200 mil professores em cinco anos em todas as províncias de Moçambique.

O reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão, enalteceu o acordo que liga as três instituições comprometidas no ensino de formação de professo-res e demais quadros de educação. Neste contexto, o Prof. Ferrão espera que este memorando não seja apenas mais um memorando, mas sim, que se transforme em actos práticos no pro-cesso de desenvolvimento de compe-tências profissionais de professores e sistema educativo moçambicano.

Jussi Halttunen, representante da Universidade de Ciências Aplicadas da JAMK, vê o memorando como uma janela de esperança entre Mo-çambique e Finlândia para o cres-

cimento de educação no âmbito de desenvolvimento de programas con-juntos para a pesquisa, desenvolvi-mento e inovação educacional.

Por seu turno Sr. Arto Tenhunen,

da Soprano Corporation, espera que o memorando seja o início de um trabalho concreto e frutífero, por-que “os dois países têm programas de educação consistentes e se espera

que esta cooperação aumente a mo-tivação dos alunos no processo de ensino e aprendizagem para reduzir as desistências e melhore aproveito académico.

Texto: Elísio Manjate Foto: Sebastião Guiamba

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Em Moçambique, a geografia não é vista como ciência válida em processos da vida socialAfirma: Gustavo Dgedge

DDirector da Faculdade de Ciências de Terra e Ambiente (FCTA) da Universidade Peda-

gógica (UP) e presidente da Associação de Geógrafo de Moçambique, Gustavo Sobrinho Dgedge, considera a situação – de geógrafos fora da academia – lamentá-vel porque não têm campo de actuação já que a maior parte das suas tarefas é exer-cida por profissionais de outras áreas do saber que pouco entendem de geografia ou se entendem apenas uma parte dela. Entretanto, “isto sucede porque a geogra-fia no contexto moçambicano ainda não é vista como uma ciência válida em vários processos da vida social” desabafou. Esse desabafo foi levantado no âmbito das ce-

lebrações do dia geógrafo que se assinala à 29 de Maio de cada ano.

Falando sobre a importância do traba-lho do geógrafo na sociedade, o cientista disse que ele se encontra em seu nível de abrangência. A ciência geográfica inter-secciona-se com inúmeros outros campos do conhecimento, como o urbanismo, a economia, a sociologia, biologia, quími-ca entre inúmeras outras áreas. Isso ocor-re porque se trata de uma ciência hori-zontal, isto é, seu diferencial não está em compreender um tema específico, mas abordar os mais diversos conhecimentos a partir de um campo categorial próprio, do qual se destaca o espaço geográfico.

Dgedge sublinhou ainda que a geogra-

fia desempenha uma função fundamental na sociedade, uma vez que “ensina a cor-relação das coisas, a espacialização e aju-da perceber a paisagem como um todo”. Ademais, acrescentou que “a localização dos factos geográficos é fundamental para um planeamento territorial é por isso que qualquer presidente do município, que se preze por um bom ordenamento territorial tem que contar com geógra-fos, pois eles têm todas as ferramentas de compreender as manifestações sócio espaciais, no sentido de empreender um estudo sobre como as técnicas, as acções humanas e o comportamento do espaço, dos territórios, das regiões, das paisagens e dos lugares transformam-se com o pas-sar do tempo”.

É de perceber-se que para Dgedge os problemas de reassentamentos que se assistem quase por todo o país “surgem como grande dificuldade” pela exclusão dos geógrafos desse processo porque “o geógrafo aqui em Moçambique é tido como elemento secundário e, mais, a geo-grafia não é tida ainda como uma ciência que é válida em vários processos. Se os municípios ou os próprios órgãos do go-verno central tivessem geógrafos no seu elenco, então a percepção espacial seria diferente, uma vez que o geógrafo vê o espaço como um todo já que a geografia é uma ciência de síntese”.

Parafraseando, o director do FCTA explicou que, quando se olha para a questão dos reassentamentos corre-se para o impacto ambiental sobre o meio físico que causa, esquecendo muito da

componente social. Os reassentamentos carregam consequências políticas por-que as pessoas deslocadas de um lugar para outro não terão o direito de exercer o seu direito de voto, sendo que estariam a viver em outra zona na qual não se re-censearam. Para além das consequências políticas, destacam-se as sociais uma vez que os reassentados corroem-se com pro-blemas como transporte, disponibilidade de meios de subsistência, água potável, energia, os esgotos ou seja o saneamento em geral, etc. “Muitas vezes em Moçam-bique reassenta-se pessoas sem pensar na recolha do lixo, fornecimento de água, energia, saúde e muito menos no merca-do, mas se incluíssem geógrafos rapida-mente corrigia-se, porque já a geografia social prevê essa componente”.

A falta de vontade de quem está nos órgãos de direcção em perceber a questão ambiental como fulcral ou muito impor-tante para sobrevivência de um território e o geógrafo como peça fundamental no solucionamento dos problemas de pla-neamento territorial é um grande proble-ma. “Enquanto se potenciar mais as áreas económicas sem se pensar seriamente na componente ambiental e continuar-se a colocar a geografia e geógrafo na perife-ria os enigmas vão persistir. A sociedade moçambicana ainda não compreendeu qual é o valor do geógrafo para a vida de uma população, mas se recuar na historio-grafia pode-se inferir que, as grandes ex-pedições e campanhas para a descoberta de África foram possíveis graças ao papel dos geógrafos”, rematou o académico.

Texto: Diogo Homo Foto: Sebatião Guiamba

UPNOTÍCIAS Nº 009 • Agosto – 2018

- www.up.ac.mz NOTÍCIAS

Texto: Vasco Davane Foto: João Chapo

Estudantes expõem na feira de ciências

O Campus universitário da Uni-versidade Pedagógica (UP) em Lhanguene foi palco da XII

Feira Nacional de Ciências, II Competi-ção Nacional de Robótica e IV Bienal de aprendizagem em ciência, tecnologia, en-genharia e matemática (STEM) + a língua que nos une (L). Foi um evento que en-volveu estudantes do nível básico de todo o país, para além da UP como anfitriã, com o objectivo de induzir nos alunos no gosto pelas matérias de carácter científico e tecnológico, bem como a promoção de

iniciativas de STEM, através de Clubes de Ciências e de Robótica. O evento serviu também para apresentação de pesquisas, projectos e experiencias práticas.

Falando no evento, o ministro do pe-louro da Ciência e Tecnologia, Ensino Su-perior e Técnico Profissional (MCTESTP), Prof. Doutor Jorge Nhambiu, enalteceu o contributo que estas feiras têm para o de-senvolvimento de competências dos do-centes no ensino e aprendizagem de ciên-cias, partilha de experiências para melhoria do ensino e aprendizagem. “Estes eventos

contribuem para a identificação de estu-dantes talentosos nas escolas, de forma a constituir-se um corpo de cientistas, enge-nheiros e tecnólogos para Moçambique”.

Dos materiais em exposição destacam--se os robôs, moldes que a partir dos quais se faz o levantamento de carga de diversa tonelagem, e a partir destes pode-se mon-tar outros alternativos que esteja disponí-vel nas comunidades.

Aristides Sanveca da direcção provin-cial da Ciência e Tecnologia de Tete em conversa com a nossa equipa referiu que a delegação daquela parcela do país trouxe uma experiência de ADN a partir da bana-na. “Um rapaz de Fingué trouxe uma ex-periência de iluminação nas zonas rurais, com lâmpadas led e de baixo consumo e o desafio é divulgar a estratégia na comu-nidade, em seguida atribuir-se bolsas para sensibilizar os meninos a continuar na área das ciências e da robótica”. Referir que os robôs são telecomandados ou programa-dos pelos computadores e montados pelos estudantes da 10ª classe e 11ª classe.

Os estudantes do Instituto Industrial 1º de Maio de Maputo levaram para a feira exposição de maquete da representação física de um projecto de construção. “O objectivo é fazer uma representação apro-ximada da realidade. Usamos um método de fabricação convencional e de pré-fa-

bricação o que consiste na fabricação de painéis à parte e posteriormente transladar a peça para parte superior da obra”, referiu Cláudio Matola, aluno daquela instituição de ensino.

Por sua vez a UP através da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática apre-sentou a recuperação de minerais a partir de biomassa vegetal. “Depois da lavagem e extracção temos o produto com objecti-vo de extrair reagentes nas experiências de química nas escolas e também na agricul-tura como aditivo na nutrição de plantas. Trata-se de uma técnica de baixo custo, são produtos extraídos de folhas de man-dioqueiras, folhas de bananeiras, mas an-tes há uma pesquisa para se saber qual é o material rico em minerais”, apontou o Professor Daniel Agostinho.

A província da Zambézia trouxe para a exposição tintas naturais que são feitas de uma planta denominada miraba onde se extrai a cola. “Para a extracção da cola é preciso pilar a planta mergulhar na água durante mais de uma semana, depois côa--se e põe-se num recipiente limpo. E para se produzir a tinta é preciso diferentes ti-pos de solo e cola, e a cor da tinta depende do tipo de solo”, disse Michaela Fernando, da Escola Profissional de Mugeba. Notar que a cola também é usada para casas de alvenaria, e é misturada com areia.

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povo sul-africano e da dignidade humana, porque tinha um objectivo nobre que era alcançar a paz efectiva do povo sul-afri-cano, por isso sempre será recordado pelo trabalho que fizera, pois ele era represen-tante do povo.

O representante do grupo Soico, Boa-ventura Mussipo, afirmou que, Mandela foi um grande homem de valores huma-nitários, respeito e amor. Por essa razão, nesta epopeia de celebrações a figura emblemática do ANC, o grupo Soico não

podia estar alheio diante das celebrações, porque representam valores de esperança, paz, concórdia, união e sentimento de um povo oprimido.

As cerimónias de lançamento de cele-brações do centenário do Nelson Rolihla-hla Mandela, antigo presidente da África do Sul e o prémio Nobel da Paz, tiveram lugar no Monumento e Centro de Inter-pretação da Matola.

Ainda no âmbito das celebrações da data natalícia do Madela, a UP juntou

A universidade Pedagógica (UP) e o alto-comissariado da África do Sul celebraram nos meses de Ju-

lho e Agosto o centenário de nascimento do Madiba, com intuito de o homenagear e despertar aos estudantes e a sociedade académica o valor de reconciliação, tole-rância, concórdia e reconhecimento de di-versidade social e política, que represen-tava o espírito de luta de Mandela. O acto de lançamento da celebração aconteceu no Monumento e Centro de Interpretação da Matola.

O Reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão, apontou que as celebrações do centenário do Madiba servem como um triângulo de ensino para dinamizar a so-ciedade académica a resgatar do passado do Mandela o exemplo de farol para o presente e o futuro da juventude.

Ferrão, afiançou que, a luta de tra-jectoria do Mandela “se confunde com as ambições do povo, por isso recordar Mandela significa viver esperança de um amanhã justo e transparente para que todos sejamos chamados para contribuir com nossas ideias no desenvolvimento social do país”.

Parafraseando o Reitor, sublinhou que, as celebrações do centenário do Madiba interessam a universidade na dimensão científica, de reconciliação e de cultura de paz e diálogo, olhando no que tem estado acontecer no país sobre a busca de paz, por essa razão a Universidade entendeu que era importante celebrar o legado do Nelson Mandela para que os estudantes testemunhem e façam parte dessa historia e deste movimento que se vai estender em todas delegações da UP.

Na mesma esteira, o Assessor para área Académica da UP, José Castiano, disse que a luta do Madiba simboliza o es-pirito de reconciliação e construção de um novo tipo de democracia, pois depois de tantos de anos de derramamento de san-gue nas sociedade sul-africanas, Mandela disse que era tempo de conversar para tra-var mortes e desprezo de pessoas negras, de modo a dar iniciou a um conjunto de acções de reconciliação entre os antigos inimigos para se tornarem apenas adver-sários políticos.

Por seu turno, o alto-comissário de Africa do Sul, Mandiandise Bongani Mpalhwa, referiu que, Mandela sem-pre será líder incontornável do ANC, do

UP e alto-comissariado da RSA celebram centenário de Mandela

Texto: Elísio Manjate Foto: J. Carlos & S. Guiamba

crianças de diferentes escolas primárias da cidade de Maputo com a orientação do Mestre Naguib para pintura artística so-bre os 100 anos de ícone de luta contra o Apartheid.

Para o Mestre Naguibe, a iniciativa enquadra-se no projecto “Moçambique meu sonho” e visa a capitalizar a capaci-dade criativa de crianças, que ainda vivem um mundo infantil de sonhos e a segunda fase do projecto estender-se-á aos distri-tos, províncias, onde se pretende buscar histórias tradicionais e transformá-las em desenho que serão usados para decorar as pediatrias dos hospitais da capital do país.

O Vice-Reitor da UP, Boaventura Aleixo, disse que as crianças devem con-tinuar a viver dentro do espirito de luta que o Madiba advogava, respeitando à todos independentemente da raça, cor e a UP é o lugar onde ministra-se cursos de ciências sociais que abordam a questão de diversidade sociais e culturais, por isso a UP abraçou as celebrações do aniversário do Mandela, porque é um exemplo de luta e vitoria para África e o mundo.

A professora Josine da Escola Prima-ria de Maxaquene, enalteceu a iniciativa da UP, porque irá galvanizar os alunos, que já vem praticando o desenho nas au-las de Educação Visual e o contacto com o mestre Naguibe, vai influencia-los à se dedicarem mais no desenho.

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Texto: Elísio Manjate Foto: Sebastião Guiamba

Pesquisadores estudam novos modelos Realizou-se na Universidade Peda-gógica (UP) o seminário de pes-quisa num ano que se comemora

os dez (10) anos dos Centros de Pesquisa da UP para discutir o desenrolar das activida-des dos centros e os resultados já alcança-dos até então, o simpósio serviu igualmente para abordar desafios e vários constrangi-mentos dentre os quais os recursos huma-nos, instalações e orçamento disponibiliza-do para o processo de investigação.

Para o Vice-Reitor da UP, o encontro vai permitir que se tome consciência da complexidade de implantação e de gestão da pesquisa na UP e em outras instituições ligadas a investigação para refletir sobre a estrutura de investigação para identifica-ção das vantagens das áreas estratégicas, financiamento de pesquisa, novas propos-tas de pesquisa e avaliar práticas de pes-quisa na UP.

Por seu turno, a professora Emília Nha-livelo, Assessora de Pesquisa e Extensão na UP, apontou que um dos objectivos do en-contro é avaliar o estágio da pesquisa actual

na UP e encontrar forma de orientar traba-lhos de pesquisa realizadas.

Helena Monteiro, Directora Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério de Ciência Tecnologia Ensino Superior e Técnico-Profissional, salientou que para dar a tonalidade a política de pesquisa no país e desenvolver a iniciação científica e inovação integrada deve haver comprome-timento de todos sectores de investigação, pois nos últimos anos o governo reconhece a investigação por via disso incrementou o orçamento para áreas de investigação, fun-damentalmente infra-estruturas para pes-quisa e está em curso a discursão de carreira do investigador para promover actividades científicas.

O seminário contou com a presença de directores de faculdades e Centros de Pesquisas das Delegações da UP, onde se clamou pelo financiamento, porque na vi-são dos directores o Estado aloca valor re-duzido para investigação e depende apenas do financiamento do Banco Mundial e da cooperação sueca.

Texto: Felismina Massingue Foto: Cedidas

Etnicidade e Raça em reflexão

A Faculdade de Ciências So-ciais e Filosóficas (FCSF), da Universidade Pedagógica

(UP), acolheu em Junho do corrente ano, um debate intitulado «Identi-dade, Etnicidade e Raça». O estudo orientado por Obenewa Amponsah, directora executiva do África Office do Harvard Center for African Stu-dies (CAS) e Cabino Chipanga afro cabeleireiro inovador e contou com a participação do CEMEC, docentes e pesquisadores.

Obenewa que contou a sua expe-riência como filha de África e como "negra", onde afirmou, " Embora a raça não seja algo objectivo e físico, ainda pode facilitar ou dificultar as oportunidades que a pessoa tem ao longo da vida" e aconselhou a todos os presentes a sempre lutar pelos seus direitos, pois não haverá segundo ela outra pessoa que o fará.

Ainda acrescentou Amponsah que racismo está relacionada a forma como os negros entendem as suas ca-pacidades e habilidades, levando aos presentes a reflectirem a discrimina-ção salarial entre cidadãos com o mes-mo nível de escolaridade. Em muitos países, principalmente em África, a

cor da pele tem sido um catalisador para a definição do salário, impen-savelmente, quando o cidadão norte--americano, sai do seu país para tra-balhar na Inglaterra, auferirá o mesmo salário que o nativo.

A Ganense não pára por ai e termi-na o seu discurso com uma frase para reflexão "Devemos nos atrever a in-ventar o futuro".

Por seu turno, cabeleireiro inova-dor, Cabino Chipanga, face a identi-dade, etnicidade e raça, centrou a sua comunicação na valorização da beleza natural do cabelo africano". Chipanga maravilhou os presentes com a sua li-nha de cosméticos para a pele e cabe-lo, produzidos em Moçambique e com produtos Moçambicanos (Mafurra, Canhú, Ximénia, Munhantse (óleo de mafura), etc.).

O cabeleireiro, falou ainda do pro-jecto que vem desenvolvendo em al-gumas escolas da cidade de Maputo e Matola, com o objectivo de ensinar a cada vez mais pessoas que o uso do cabelo natural e de produtos naturais apresenta até mais vantagem em de-trimento dos artificiais, que vezes sem conta tem trazido vários problemas de saúde.

O segredo da leccionação não é qualificação académica, mas a competência pedagógica

“Que educação precisamos para de-senvolver Moçambique?” é o título de uma palestra proferida pelo Professor Francisco Noa, reitor da Universidade Lúrio (UniLúrio). O evento decorreu na Biblioteca Central da Universidade Peda-gógica (UP).

Na conversa com estudantes e docen-tes, Noa afirmou que vivemos numa era de transformações e desenvolvimento tec-nológico e o desafio é adaptarmos ao que as tecnologias criaram. Não obstante elas acelerarem o processo de desumanização, perca do que a humanidade adquiriu ao longo de milénio, devido ao seu mau uso.

“Não podemos falar da educação dis-sociando-a da sociedade e da sua dinâmi-ca, ademais, vivemos a era de modernida-de líquida, saídos da modernidade sólida em que as ideias eram claras, entramos numa era em que tudo se mistura e se confunde, modernidade líquida. Estamos numa era de movimentos migratórios que trazem desafios para todos, pois, temos que aprender a lidar com as adversidades que às vezes nos remetem a um vazio de referências, não se consegue separar o bem do mal, do justo e do injusto entre o essencial e o acessório, vivemos a era de perca de referências.”, elucidou Noa.

A nossa fonte falou da pluralidade e universalidade africana, um continente que está em oscilação entre o passado e o presente, a tradição e a modernidade aca-bando por estar em conflito com a moder-nidade. “Geograficamente África está no centro do mundo, mas economicamente está na periferia. África tem uma cultura e tradição, mas consome mais a cultura dos outros”, fundamentou esclarecendo que o conflito identitário não é mau, mas torna-se mau quando não se sabe gerir o conflito.

Francisco Noa recordou que uma das coisas que fascinam os outros são as dinâ-micas sociais e culturais, em África. Hoje um dos grandes capitais que podemos ter, é o capital humano e de acesso à informa-ção o que vai nos permitir cada vez mais exercer a cidadania.

Há pessoas que terminam o mestrado e

não sabem ler e escreverPara o reitor da UniLúrio, um dos

grandes investimentos a fazer na educação cinge-se nos recursos humanos, o profes-sor. “A docência além de ser profissional é algo vocacional e nós não estamos a ter cuidado no recrutamento do corpo docen-te com qualificação pedagógica. Porquan-to, o segredo da leccionação não é qua-lificação académica, mas a competência pedagógica, a capacidade de transmissão”, defendeu o académico para depois acres-centar que muitas transgressões advêm da forma como são remunerados os profes-sores, a falta de eficiência nos processos administrativos, para além de introdução de novas cadeiras.

“Quando discutimos o ensino supe-rior começamos do topo, mas a raiz dos problemas está no ensino básico, se resol-vermos os problemas do ensino básico e técnico profissional, teremos resolvido o fundamental. Há muita gente competente que ocupa diversos cargos a diferentes ní-veis que estudou debaixo de uma árvore, o segredo eram os professores”, vincou o ensaísta.

Noa esclareceu haver necessidade de fazer-se conexão entre a educação e o desenvolvimento, através da obtenção de competências estruturais no ensino bási-co; depois de cinco anos de escolaridade as crianças devem saber ler e escrever, fazer cálculos e fazer raciocino, saber co-municar e saber estar. “Outra componen-te é aprendizagem para toda a vida que se soma ao domínio das tecnologias. Há estudantes que terminam o ensino supe-rior com défice do que teriam limado nas classes iniciais. Há também pessoas que terminam o mestrado e não sabem ler e es-crever. Quando resolvermos os problemas de ensino básico teremos resolvido o de ensino superior”, advogou Professor Noa.

Referir que é tarefa de educação pre-parar as pessoas para acções transforma-tivas, um líder só o é quando tem capa-cidade de transformar. Tem que haver equilíbrio o tradicional e o moderno para que não haja choques e saibamos nos co-municar com o mundo.

Texto: Vasco Davane

- Defende Professor Francisco Noa

Centros de Pesquisa

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06 UPNOTÍCIASNº 009 • Agosto – 2018

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Jornal Mensal * DISP.REG/GABINFODEC/2008 * PROPRIETÁRIO: Universidade Pedagógica * Director: Eliseu Sueia * Chefe da Redacção: Vasco Davane * Redacção: Eliseu Sueia, Diogo Homo, Vasco Davane, Elísio Mandlate * Sub Editor: Diogo Homo *Colaboração: Felismina Massingue, Bento Rúpia Jr., José P. Castiano, Pilatos Gil, Fernando Queco, Brain Tachiua, Nolito Gordinho, Narciso Montanha e Rafael Langa *Revisão: GCI * Fotografia: Sebastião Guiamba, Armando Mutombene, João Chapo e José Carlos * Projecto Gráfico: Danúbio Mondlane * Paginação e Grafismo: Danúbio Mondlane * Marketing e Publicidade: Elísio Mandlate *Direcção, Redacção e Administração: Rua João Carlos Raposo Beirrão, 135 * Tel.: (+258) 21 30 38 27; Fax: (+258) 21 32 21 13 * Email: [email protected] | [email protected] * www.up.ac.mzFI

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BVM promove literacia financeira

A Universidade Pedagógica (UP) e a Bolsas de Valores de Mo-çambique (BVM) selaram um

memorando de entendimento no dia 03 de Julho do ano em curso, visando uma cooperação recíproca no domínio da edu-cação em matéria da literacia financeira e mercados capitais com benefício directo às populações, estudantes e docentes.

De acordo com o Presidente BVM, Salimo Valá, a UP é uma instituição vi-tal na formação de professores e outros quadros do sector produtivo e com uma cobertura quase em todo território nacio-nal. Portanto, abraçar esta parceira é uma forma de a mensagem da BVM chegar a muitos pontos de Moçambique e influen-ciar estudantes, docentes, cidadãos do funcionamento da BVM como um instru-mento financeiro e de mercado de capi-tais e, também, acima de tudo, como usar esta ferramenta para financiamento das empresas, particularmente as Pequenas e Médias Empresas (PMEs).

Ademais, Valá explicou que com este memorando pretende-se que a UP influen-cie na educação dos cidadãos a usar esta plataforma financeira para promover pou-panças nas famílias e canalizar as mesmas para o sector produtivo já que “em Mo-çambique há um sistema financeiro que está a crescer muito, não obstante, con-tínua com algumas cifras que deixam a bolsa preocupada, nomeadamente a ban-carização que ronda nos 38 % e o índice da inclusão financeira centrando-se nos 18%, embora tenha crescido nos últimos 12 anos.

O enseio da BVM é que a universidade alargue o escopo e nos ajude a alcançar as

zonas onde a bolsa ainda não conseguiu, portanto, acredita-se que com este arsenal de investigação, formação e extensão uni-versitária que a UP tem se consiga chegar a muitos lares de moçambicanos e que possam usar este instrumento – “é por essa razão que nos juntamos a esta ins-tituição de referência com objectivo pri-mordial a promoção da literacia financei-ra e mercados de capitais”, rematou Valá.

Na ocasião, o Reitor da UP, Prof. Dou-tor Jorge Ferrão destacou a importância do memorando de entendimento, ora ru-bricado, tendo como objectivos promover acções no domínio da educação e litera-cia financeira sobretudo aos estudantes,

docentes e investigadores da universi-dade como também o público em geral. Perspectivando trabalhado conjunto disse que “as duas instituições vão trabalhar em conjunto na área de formação e in-tercâmbio em recursos humanos visando a melhoria da qualidade dos programas académicos e profissionais nas duas ins-tituições”.

Explicando, o Magnífico referiu que “a UP também vai contribuir em acções que promovam a execução e divulgação do estudo, projectos, pesquisas em maté-rias sobre mercados de valores mobiliário e outras actividades de interesse comum, bem como em acções de organização e

realização conjunta de seminários, con-ferências, simpósios, incluindo eventos desportivos, culturais e outros.

Ferrão frisou ainda que as relações de cooperação entre a UP e a BVM enqua-dram-se numa perspectiva de excelência conjugando iniciativas de ensino, investi-gação e extensão universitária com bene-fícios recíprocos e é com este tipo de par-cerias que a UP conta e pretende sempre desenvolver de modo a, continuamente, contribuir de forma profícua e engajada

O memorando tem a duração inicial de dois anos, podendo ser prorrogado por um período de tempo que se considerar necessário.

Texto: Diogo Homo Foto: José Carlos

Texto: Vasco Davane Foto: Sebastião Guiamba

China doa livros

O governo chinês através da sua embaixada em Maputo ofereceu à Universidade Pedagógica (UP)

um acervo bibliográfico composto de livros sobre a literatura, história, economia polí-tica da china. Esta oferta vem colmatar a

carência de livros chineses nas bibliotecas.Segundo embaixador chinês em Mapu-

to, Su Jian, a China tem oferecido bolsas

de estudo aos estudantes moçambicanas no âmbito de uma cooperação entre as univer-sidades chinesas e moçambicanas. “A china tem oferecido anualmente bolsas aos licen-ciados moçambicanos, que quando regres-sam ao país são empregues nas companhias chinesas, bancos e outras empresas a operar no país”.

As relações de cooperação entre o povo moçambicano e chines datam desde os primórdios da luta de libertação nacional. Específicamente com a UP destacam-se as parcerias para o desenvolvimento dos re-cursos humanos na área de formativa para a melhoria da qualidade de programas acadé-micos e profissionais.

Durante a cerimónia de entrega dos livros, o reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão apontou que à luz dos acordos in-tergovernamentais e interinstitucionais, quadros da UP têm se beneficiado de bol-sas de estudo para frequentar programas de pós-graduação na China, em diversas áreas, ciências agrárias, engenharia ambiental e de petróleos.

Apontar que recentemente a uma dele-gação da Nanjing Agricultural University visitou a UP onde foram desenhados pro-gramas e projectos de cooperação que serão desenvolvidos.

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07UPNOTÍCIAS Nº 009 • Agosto – 2018

- www.up.ac.mz DELEGAÇÕES

Quelimane capacita docentes

A Universidade Pedagógica -Dele-gação de Quelimane promoveu de Julho do ano corrente uma

capacitação de docentes em matérias so-bre a Ética no ensino superior e investi-gação, ensino e prática, práticas profissio-nalizantes. A capacitação incluiu também a orientação e supervisão de monografias científicas, exames de conclusão e tutoria à distância via plataforma Moodle.

O Director da Delegação, Prof. Ma-nuel José de Morais que presidiu a sessão de abertura do evento disse que, a capaci-tação faz a parte dos programas da Insti-tuição e que é uma actividade obrigatória para todos os docentes (efectivos e a tem-po parcial).

O Prof. Morais sublinhou que o tema sobre a ética tem sido debatido nesta Ins-

tituição nos últimos dias e é preocupação ao nível Nacional, "nós" os guardiões de-vemos ser céleres na questão ética. Outro-ra, apelou que após as sessões, o segundo semestre deve ser bastante positivo e os docentes devem apresentar - se cada vez mais engajados.

Foram oradores do primeiro tema: Ética no Ensino e Investigação: Doutor David António; Doutor Pedro Manuel Napido e Dr. Ricardo Raboco. Segun-do Raboco, é necessário ensinar o que se pesquisa e se não se ensina, devem se questionar as causas. A pesquisa e a publi-cação passou a ser uma componente im-portante para salvaguardar o pesquisador.

Participam da capacitação docentes efectivos e a tempo parcial. Tem se pre-sentes pouco mais de 100 participantes.

Educação, desporto e saúde junta especialistas

O Campus Coalane da UP -Que-limane foi palco da 1ª edição da Conferência de Educação,

Desporto e Saúde (COFEDS) -2018, com lema “Desafios Diversos, Diversas Solu-ções”, e tinha como finalidade apresen-tar e discutir diversas pesquisas ligadas ao trinómio educação, desporto e saúde e para o efeito, juntou pesquisadores, docentes, gestores desportivos, técnicos desportivos, atletas de múltiplas moda-lidades, membros do governo da provín-cia, estudantes e sociedade civil.

Seguido a conferência, tiveram lugar dois minicursos, nomeadamente Meto-dologias de Treino Desportivo e Gestão de Instalações Desportivas ministrados pelo Prof. Doutor Leonardo Nhamtumbo (UEM-ESCIDE) e Prof. Doutor Gustavo Paipe, respectivamente.

O Director da Delegação, Prof. Ma-nuel José de Morais, considerou a 1ª

edição como um desafio por se tratar de evento de género, apelando aos presen-tes a conjugação de sinergias e busca de melhores parceiros para a consecução das edições futuras.

No mesmo diapasão, o Coordena-dor Geral da Comissão Organizadora da COFEDS, Fernando Queco, disse que, a realização da UP- Quelimane visava criar debates de natureza desportiva com vista a trazer maior e melhor visibilidade da Educação física e desporto a todos os níveis.

Por último a Directora Adjunta para a Pôs Graduação Pesquisa e Extensão no fim a Dulce Passades, frisou que, a UP não é somente ensino, dai que incentiva ou encoraja a todos os Departamentos da instituição a serem mais criativos na organização de eventos científicos, como forma de dar seguimento aos três pilares da UP: Ensino, Pesquisa e Extensão.

Texto: Pilatos Gil e Fernando Queco

Texto: Pilatos Gil

Texto: Pilatos Gil

Texto: Fernando Queco e Brain Tachiua

Texto: Pilatos Gil e Fernando Queco

Fraco aproveitamento nos exames de admissão mexe especialista em Quelimane

Debater as causas por detrás do fraco aproveitamento nos exames de admissão das disciplinas e

cursos de Ciências Naturais e Matemática Com vista a identificar as causas por detrás das do fraco aproveitamento relativamente aos exames de admissão das disciplinas e cursos de Ciências Naturais e Matemática da Universidade Pedagógica, organizou-se um seminário decorrido na UP Quelimane, Campus Murropue entre os dias 05 e 06 de Junho do ano corrente.

A redução das fragilidades nos exames de admissão constituiu um dos principais pontos de discussão num simpósio que en-volveu docentes desta área específica, ade-mais, no evento foram também avaliados os programas do ESG e de igual modo, os da UP relacionados com as disciplinas em análise.

No decorrer das discussões foram constatados múltiplos factores com in-fluência considerável no aproveitamento dos candidatos em exames de admissão, um dos quais é o modelo múltipla escolha, para além de que na percepção dos partici-pantes ao nível do ESG os conteúdos não têm tido a profundidade desejada, princi-

palmente os que geralmente têm constata-do dos exames de admissão à UP.

Por isso, os participantes sugeriram que não mais se deve indicar explicita-mente as unidades temáticas referentes as questões dos exames, pois, entendem que tal faz parte da capacidade de compreen-são e identificação do problema por parte cada examinando.

Ao curso de Biologia, parte das ciên-cias naturais e matemática, revelou-se que a instituição num futuro muito breve irá incluir naquele campo do saber, conteú-dos culturais como elementos de ensino. E, relativamente aos dados dos exames de admissão dos últimos 05 anos, os presen-tes mostraram-se preocupados com as es-tatísticas apresentadas, visto que a média mínima de admissão em 2017 por exemplo rondou aos 03 valores, por isso, o encon-tro demonstrou-se de capital relevância na medida em que buscou traçar estratégias de elaboração dos exames de admissão para os novos ingressos de 2019.

Vale ressaltar que no evento, participa-ram docentes das Ciências Naturais e Ma-temática da Sede de todas as delegações da Universidade Pedagógica.

Celebração do dia do geógrafo

O Departamento de Ciências da Terra e Ambiente promoveu no Auditório do Campus Coalane,

actividades inerentes ao dia do geografo que celebra-se a 29 de Maio de cada ano. Na abertura das celebrações, o Mestre Luck Injage, Director Adjunto Pedagógi-co, que presidiu a efeméride, apresentou aqueles que são os desafios actuais para a Associação dos Geógrafos de Moçambi-que, tendo como foco o ensino de Geogra-fia, particularizando a implementação de projectos virados à resiliência no contexto das mudanças climáticas.

A celebração da data comportou a rea-lização de palestra, mesa redonda, activi-dades culturais e exposição de materiais relacionados aa área temática de geogra-fia. Na ocasião, o Prof Doutor João Carlos Mendes Lima apresentou em linhas gerais o historial sobre o Dia do Geografo e na mesma senda, falou da Geografia Inclu-

siva como sendo um campo de pesquisa actual que pode ser explorado com mais vigor e determinação.

Por sua vez a Doutora Gina Sitóe, que foi oradora da palestra subordinada ao tema “Estudo da vulnerabilidade so-cio ambiental da Malária”, sublinhou que todas as províncias do centro e norte de Moçambique, com excepção de Sofala, são altamente vulneráveis a Malaria. Na mesma ocasião, aquela pesquisadora, concluiu ainda que, a nível social as mu-lheres é que são mais vulneráveis àquela doença tropical.

O evento contou com a presença de estudantes, docentes, investigadores e pesquisadores da UP, para além de repre-sentantes das escolas integradas e ainda membros da sociedade civil.

No fim da cerimónia foi o lançamento do Dia Mundial do Ambiente que assina-la-se no dia 05 de Junho.

UP Quelimane assina memorando com escritores

No âmbito da extensão universitária, a sala de reuniões da UP Quelimane acolheu no dia 28.05.2018, a assinatura de um me-morando de entendimento entre a institui-ção e dois escritores nacionais radicados na Cidade de Quelimane. A efeméride foi ce-lebrada pelo Director da UPQ, Prof. Dou-tor Manuel José de Morais e os escritores Amílcar Gil de Melo (Lo-Chi) e Tavares Brás, autores das obras “No subúrbio das palavras” e “Os meus pecados”, respecti-vamente. E, foi testemunhada pela Direc-tora adjunta para Pôs Graduação Pesquisa e Extensão (Dra Dulce Passades Pereira) e outros quadros da UPQ.

Na ocasião, o Director da Delegação

Prof. Doutor Manuel José de Morais disse que, aquele acto representava um marco importante da presença da UP na Zam-bézia e o seu contributo no desenvolvi-mento do gosto pela leitura na sociedade. Na sequência, os escritores afirmaram que sentiram-se “parte integrante” da UP, pela abertura e disponibilidade que a Direcção da mesma demonstrou em abrir as portas para eles.

Vale lembrar que trata-se de um me-morando que visa a publicação e posterior lançamento daquelas obras de cariz lite-rário na Universidade Pedagógica – De-legação de Quelimane, num futuro muito próximo.

Beira celebra 29 anos com festival cultural feminino

No âmbito das celebrações dos 29 anos, a UP-Delegação da Beira juntou 13 grupos provenientes

de diversas escolas primárias e secundá-rias da urbe, com objectivo de sensibilizar a comunidade académica e a sociedade em geral sobre a necessidade de valorizar a mulher na construção do país. A efemé-ride celebrada sob o lema “ UP-Beira, 29 anos ao serviço da educação e desenvol-vimento de Moçambique” serviu também para reflectir e mostrar ao público a con-tribuição e intervenção da delegação em diversas áreas com impacto social.

De acordo com a Directora da UP-

-Beira, Fátima Batalhão, é preciso capita-lizar o valor da mulher assim como o seu contributo na promoção da paz e na luta contra o subdesenvolvimento e outros males que afectam a sociedade.

Explicou ainda que com o festival, pretende-se criar uma união com as ins-tituições de ensino que são parceiros da UP-Beira partindo da base, nomeadamen-te escolas primárias, secundárias, institu-tos de formação de professores e até uni-versidades.

Os grupos apresentaram danças, poe-sias, canto e teatro, perante uma plateia composto maioritariamente por alunos.

DCLCA capacita professores e estudantes em técnicas de ensino de Língua Inglesa

O Departamento de Comunica-ção e Ciências de Linguagem (DCLCA) da UP-Delegação da

Beira organizou em Julho do ano em cur-so, o terceiro Seminário de Capacitação em Métodos de Ensino da Língua Ingle-sa, para os professores das escolas primá-rias e secundárias da urbe e estudantes do primeiro ao quarto ano do curso de Inglês da instituição.

Orientado por Chad Laroche, repre-sentante da embaixada americana, a pri-meira etapa do evento, teve uma duração de dois dias (23 e 24 de Julho) e decorreu

no Computer Farm, onde, no período de manhã, no intervalo das 8 horas às 13 ho-ras participavam estudantes do primeiro e segundo anos e no período de tarde, en-tre as 13 horas e 30 minutos às 16 horas contava com os estudantes do terceiro e quarto anos respectivamente.

No que tange à segunda etapa do se-minário em causa, foram contemplados professores do ensino primário e secun-dário ao nível da cidade da Beira, tendo decorrido no Cantinho Americano, das 8 horas e 30 minutos às 15 horas e 30 minu-tos do dia 25 do mês de Julho.

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08 UPNOTÍCIASNº 009 • Agosto – 2018

www.up.ac.mz - EM CONVERSA

Enquanto houver vida há esperança… Exemplo de superação!

Alexandre Cunhete de 56 anos, es-tudante de licenciatura em ensino de Português na Universidade Pe-

dagógica (UP), deficiente visual, desafiou o que muitos vêem como obstáculo para dar continuidade aos estudos. Dez anos depois de ter sido atribuído licença ilimi-tada e sem remuneração pelos serviços de educação por causa da deficiência visual, ingressa na escola de reabilitação na Beira, onde aprendeu a escrever em braille, uso da técnica de bengala para locomoção e a manejar PBX. Em 2009 por via de convénio do então Mi-nistério de Educação e a UP, o candidato na altura tenta ingressar na UP tendo ficado excluído do processo, por razões burocráti-cas. Em 2017 inconformado e movido pela vontade de auto-superaração, os serviços de educação anuíram a continuar os estu-dos, como diz o ditado, quando a vontade é maior não existe barreira para sonhar alto. UP Notícias – Sendo um estudante com deficiência visual, como tem sido o teu dia-a-dia na UP?Alexandre Cunhete (AC) – A minha roti-na na universidade é feita de desafios tendo em conta a minha condição física. Em cada semestre tenho que me apresentar aos pro-fessores para estarem cientes sobre a minha condição física, e noto que alguns são aten-ciosos, porque uso o sistema braille para produzir apontamentos na sala de aulas. Embora conhecendo da minha condição fí-sica alguns docentes ditam as matérias com rapidez, dificultando as anotações.UP Notícias - Qual tem sido a tua relação com os professores e colegas?AC – Acredito que todos os professores e colegas sabem que existe um estudante com deficiência visual, cabendo a estes criarem mecanismos para permitir a minha participação activa. É meu desejo que os professores tenham conversa comigo, de forma particular, para perceberem como é que devem transmitir os conteúdos de modo que consiga estar ao mesmo nível dos meus colegas, e ter uma participação mais activa na sala de aulas.Tenho limitações enormes, pois para pas-sar os apontamentos uso o braille, porque não beneficio de outros meios alternativos para adquirir as matérias, uma vez que nem todos conteúdos que são dados vias fichas em salas de aulas consigo ter acesso, em-bora faça esforço de pedir apoio aos cole-gas, dado ao volume de trabalhos que os

professores têm disponibilizado nem sem-pre tenho acesso em tempo útil de modo a permitir uma leitura atempada. Apesar de a universidade tomar conhecimento sobre a existência de ensino inclusivo parece que alguns professores não estão preparados para atenderem estudantes com deficiên-cia, de modo a dar um atendimento de acordo com necessidades.Em relação aos colegas têm dado atenção, entretanto por causa da pressão de traba-lhos não tenho tido oportunidade de me sentar com eles para tirar as informações que não consigo capitalizar na sala de au-las. Mas, eles se mostram disponíveis a emprestarem-me as fichas e alguns quando não me vêem ligam para saber porquê não me fiz à faculdade. Assim, os meus colegas são uma família.UP Notícias – Em muitas instituições do ensino existem deficientes visuais pelo que a UP não é única instituição do en-sino que tem estudantes com deficiência visual. Na tua opinião, acha que as insti-tuições do ensino estão preparadas para atender estudantes portadoras de defi-ciência visual?AC – As instituições do ensino deviam de-senvolver um trabalho profundo no âmbito de programa de educação inclusiva no sen-tido de ter professores formados em edu-cação especial e criar mecanismo de gerir esses professores no acompanhamento e atendimento aos estudantes com deficiên-cia visual, alguns estudantes cego não têm como dar seguimento aos conteúdos apren-didos na escola. Neste contexto, a UP devia capacitar professores em matéria de trans-missão de conteúdo para cegos ou procurar formas de agrupar todos os estudantes que apresentam deficiência visual para darem uma sugestão em relação à transmissão de conteúdos escolares nas salas de aulas para permitir que os cegos entre em contacto per-manente com os conteúdos, o que minimi-zaria dificuldades que os cegos enfrentam. A UP deve apostar na educação inclusiva o que requer um trabalho de base, porque muito dos professores pensam que ter um deficiente na sala de aulas é fim do mundo, mas este grupo de estudantes apenas preci-sa de ter uma orientação.UP Notícias – Que sugestão daria à uni-versidade sobre o ensino inclusivo?AC – A UP deve encontrar mecanismos de treinar professores em educação especial, pois a nível do Ministério de Educação e

Desenvolvimento Humano existem técni-cos especializados que podem prestar esses serviços. Mas é preciso divulgar ou socia-lizar ao corpo docente das universidades e outras instituições do ensino sobre o aten-dimento inclusivo e humanizado como for-ma de remover barreiras que encontramos a nível do ensino e aprendizagem.UP Notícias – Existem professores que procuram conversar consigo de forma particular para perceber como transmitir conteúdos? AC – Existem, mas são poucos, muitos mostram-se incapacitados em trabalhar com estudantes com problemas visuais. Muitas vezes sou obrigado a parar de fazer registo com o sistema braille, porque alguns docentes dita apontamentos muito rápido. Por essa razão penso que há falta de sensi-bilidade ou mesmo conhecimento de alguns professores no que diz respeito à uniformi-zação de transmissão de conteúdos para que os cegos também sejam parte envolvente no processo de ensino e aprendizagem.UP Notícias – Um dos grandes problemas actualmente, quando se padece de alguma deficiência física é a discriminação. Em algum momento sentiu-se discriminado na universidade?AC – Na faculdade senti um pouco da dis-criminação, talvez por ser o primeiro caso a faculdade ter um estudante portador de deficiência visual. A título de exemplo, há um docente que durante o semestre não me avaliou numa cadeira com precedência, tendo aberto espaço para me fazer recuar na expectativa que tinha de terminar o cur-so em quatro anos. Contudo, não quero culpar esse professor, pois achou que não fosse possível trabalhar comigo.UP Notícias – Já aproximou-se da direcção da faculdade para expor essa situação? AC – Fui ter com a direcção, inicialmente respeitei o posicionamento de alguns pro-fessores em relação à minha condição físi-ca. Numa das avaliações, um docente teria dito que não sabia como me avaliar. De-pois dessa situação comuniquei à direcção da faculdade, mas foi tarde porque acabei reprovando nessa cadeira antes da inter-venção da direcção faculdade.UP Notícias – O que sente de constrangi-mento nesta caminha académica? AC – Lamento o facto de não dominar as TIC´s, passo mal para fazer trabalhos que exigem conhecimento informático. O meu itinerário também não me ajuda, tenho uma rotina desafiadora, casa-escola-serviço, faltando-me tempo suficiente para estudar com colegas. Está difícil e como conse-quência são as notas que goram as minhas expectativas.UP Notícias – Como era a situação do es-tudante Alexandre antes da formação no uso da bengala branca como auxiliar de locomoção?AC – Anteriormente era dependente e tinha muitas limitações, mas, depois da forma-ção na Beira tornei-me um homem pouco independente e voltei a acreditar que fosse capaz de seguir os meus sonhos, mesmo com esta limitação de deficiência visual. Agora, caminho sozinho na via pública, apesar de precisar de apoio em algumas situações. Esta formação abriu-me muitas portas que haviam sido fechadas, senti que estava em condições de trabalhar e me lo-comover com poucas dificuldades.UP Notícias – Em certas ocasiões, pessoas portadoras de deficiência visual desistem

da luta pelos seus sonhos, pensando que é o fim do mundo. Que mensagem deixa para elas? AC – Tenho sorte de ser funcionário públi-co e estudante da UP, gestor do movimen-to associativo de pessoas com deficiência visual em Maputo. Mobilizamos os defi-cientes para integrarem o movimento e be-neficiarem de formação específica, apren-dizagem do braille, uso da bengala branca e outras acções. A deficiência não é o fim do mundo.UP Notícias – Depois de um longo período ausente das lides estudantis e atravessado várias adversidades sociais, o que te moti-vou a voltar à carteira? AC – Findo o nível médio, foi minha apos-ta continuar a estudar, mas encontrei bar-reiras, contudo, tudo depende de esforço e vontade. Acreditei que mesmo com dificul-dades, existirá uma porta para escolariza-ção, pois a pessoa escolarizada tem mais oportunidades de inserção social.UP Notícias – Que desafios cogita enfren-tar na frente a académica? AC – Um dos grandes desafios é a cria-tividade e o dinamismo para dar o meu contributo de forma significativa no de-senvolvimento do país, particularmente na educação especial. Conheço colegas com deficiência visual que são professores, a título de exemplo o Prof. Doutor Isaú Me-neses, o director de Acção Social de Sofala. UP Notícias – Estamos a viver num mun-do de quebra de valores morais, como tem sido a tua rotina diária de casa para UP e vice-versa?AC – Nos transportes semi-colectivos, não há respeito, mas nos transportes públicos ainda existem alguns assentos com cores diferentes em número de quatro reservados para deficientes. Mesmo assim, verifica-se alguma resistência de utentes não deficien-tes de cederem espaço aos deficientes. A nossa associação está para marcar encontro com gestores privados dos novos autocar-ros, porque nestes transportes os utentes não respeitam muito os deficientes visuais.No entanto, existem alguns passageiros sensíveis que cedem os assentos aos defi-cientes. Porém, nos vulgos chapas o proble-ma é de tratamento por alguns cobradores que nos têm faltado respeito, mas fazemos de todo para conquistar o nosso espaço.UP Notícias – Conte-nos um pouco da sua de-ficiência, quando começa e como adquiriu?AC – Perdi a visão aos 20 anos idade, nessa altura era professor primário em Magude, depois de ter sido acometido por sarampo. Fui concedido uma licença ilimitada, tendo sido a consultas médicas para ver se votava a enxergar e seguir a minha de docência. Mas quando recebo a decisão do gestor de recursos humanos de me atribuir licença ilimitada perdi o chão. Fiquei dez anos em casa, fora de trabalho e, sem nenhum ren-dimento. Fui a uma reabilitação na Beira, onde aprendi a manejar PBX, a escrever em braille e a usar a técnica de bengala branca para locomoção. Após a minha formação especializada na província de Sofala; em 1996 pedi a reinte-gração como professor elementar, em 2008 voltei a dar aulas, porque um pouco depois da minha reintegração trabalhei como ad-ministrativo e quando terminei o nível bá-sico matriculei-me para nível médio para formação de professores à distância, o qual fiz em três anos e mais tarde na universi-dade.

Texto: Elísio Manjate Foto: João Chapo

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09UPNOTÍCIAS Nº 009 • Agosto – 2018

- www.up.ac.mz ACONTECE

Texto: Diogo Homo Foto: José Carlos

Texto: Felismina Massingue Foto: Redacção

UP e Provedor da Justiça selam memorando de entendimento

Dez anos envelhecendo com saúde

A Universidade Pedagógica (UP) e o Provedor de Justiça assi-naram na quinta-feira, 30 de

Agosto do ano em curso, um acordo de cooperação que tem como objectivo a colaboração e coordenação inter-institu-cional, no âmbito académico, científico

e profissional entre as duas instituições estatais, para a implementação de pales-tras na UP sobre a garantia dos direitos dos cidadãos, a defesa da legalidade e da justiça na actuação da Administração Pública.

Falando na ocasião, o Provedor da

Justiça, Isaque Chande disse que a uni-versidade tem função fundamental por-que, além de transmitir conhecimentos técnicos, também dissemina, valoriza e vincula as tradições, valores culturais e morais. “Estamos certos que com a UP chegaremos a todas as zonas recônditas do nosso país, pois a UP está implantada em todas as capitais do país provincial e alguns distritos do nosso país”, afirmou Isaque Chande justificando a escolha da UP como entidade parceira do Provedor da Justiça.

Ainda de acordo com Chande, a UP é uma universidade pública de reconheci-mento nacional e internacional, por isso tem a responsabilidade de participar na construção e consolidação do Estado de-mocrático, educando a comunidade aca-démica e o Copo Técnico Administrati-vo sobre a importância do respeito pela Constituição e das demais leis do país na actuação da Administração Pública.

Num outro desenvolvimento, o Pro-vedor de Justiça pediu o envolvimento de todos na divulgação do papel e das

funções deste órgão junto da sociedade para que possa compreender o seu man-dato legal.

Referir que o Provedor de justiça é um órgão do Estado criado com objecti-vo de exercer a magistratura persuasiva, garantia dos direitos dos cidadãos, defe-sa da legalidade, da justiça na actuação da administração pública, e se tornará eficaz quando os seus destinatários que são os cidadãos conhecerem a natureza dos serviços que ele oferece, pois deste modo eles poderão solicitá-lo para que possa interpelar as entidades da adminis-tração pública que eventualmente violem os seus direitos.

Por seu turno, o Reitor da UP, Jorge Ferrão, avançou que a instituição que di-rige, tem um ADN assente na educação, por isso 60 por cento dos cursos que se oferecem são da área de educação, mais uma responsabilidade acrescida e um pa-pel estruturante na educação não apenas dos estudantes, mas também da socieda-de em participar no crescimento de todos processos democráticos do país.

A Faculdade de Educação Fí-sica e Desportos (FEDFD) da Universidade Pedagógi-

ca (UP) organizou uma gala alusiva aos dez anos do projecto "Envelhe-cer com Saúde", uma acção realizada no âmbito da Extensão Universitária

da UP. Este projecto é realizado em parceria com o Núcleo de Investi-gação em Actividade Física e Saúde (NIAFS) e o Centro de Investigação e Desenvolvimento do Desporto e Ac-tividade Física (CIDAF) e, tem por objectivo promover a prática regular

da actividade física para a melhoria de vida de pessoas da terceira idade.

O dia foi de reconhecimento do trabalho feito pelos pioneiros do pro-jecto que se destacaram durante os dez anos, tendo sido lhes atribuídos certificados de honra.

O reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão, um dos convidados da Gala, intervindo no evento, enalteceu o pa-pel do projecto, tendo reiterado que constitui um mosaico de bibliotecas vivas que pela sua força e perseveran-ça confundem-se com Jovens.

Desde o início do projecto mais de 500 participantes já se beneficia-ram da acção"Envelhecer com Saú-de", produzidas vinte monografias de Licenciatura, cinco dissertações de Mestrado e uma tese de Doutora-mento.

Referir que o projecto tem criado núcleos nos bairros e também desen-volvido parcerias com algumas ins-tituições públicas e privadas. No en-tanto, como forma de alcançar maior número de participantes, a actividade física é executada em três sessões por semana, da segunda-feira à quarta--feira, das 06:00h às 07:0h, com ses-senta alunos por turma. Para além das actividades físicas, os alunos têm desenvolvido acções extracurricula-res, palestras, teatro, desfile de moda, visita a locais históricos, e feira de saúde.

Para apimentar a gala, o conceitua-do músico moçambicano, Hortênsio Langa, abrilhantou o evento com as suas músicas que marcaram gerações.

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10 UPNOTÍCIASNº 009 • Agosto – 2018

www.up.ac.mz - ACONTECE

Texto: Vasco Davane Foto: Armando Mutombene

Línguas bantu na condução de veículos

Organizado pela Universida-de Pedagógica (UP) e pela Escola de Condução Ponti-

fícia decorreu em Maputo o seminário de lançamento de introdução de línguas moçambicanas na condução de veículos automóveis. É uma actividade abraçada pela UP no âmbito da extensão universi-tária, cidadania e responsabilidade social, e tem em vista contribuir para a melhoria das condições de ensino de condução de veículos automóveis baseando-se nas lín-guas nacionais. O seminário contou com a presença do Vice-ministro de Educação e Desenvolvimento Humano, Professor Catedrático Armindo Ngunga; reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão; director da Escola de Condução Pontifícia, Dr. Paulino Chissico; representantes do Insti-tuto Nacional Dos Transportes Terrestres INATTER; sociedade civil; corpo docente e discente; e demais convidados.

Para o reitor da UP a introdução do ensino bilingue nas escolas de condução vem se juntando à iniciativa já em curso no país para responder à questão da segu-rança rodoviária e da inclusão. “A intro-dução de línguas nacionais para a obten-ção da carta de condução vai fazer com que muitos moçambicanos se beneficiem deste documento para a condução de au-tomóveis, um instrumento que é vital para a sua afirmação e seu sustento para além do aumento da segurança rodoviária nas estradas”.

Ainda de acordo com o timoneiro da

UP, Moçambique é país diversificado e tem que se buscar políticas inclusivas que não deixem ficar ninguém à margem dos processos, como aconteceu no período colonial em que as línguas moçambicanas foram usadas como elementos de exclu-são, os que falavam línguas diferentes tinham uma conotação. “Para a maioria da população o português era factor de exclusão, depois da independência foram várias tentativas de retirar o português como factor de exclusão, consequente-mente os programas bilingues foram sur-gindo no ensino primário e estes progra-mas têm surtido efeito devido às políticas do MINEDH, e também dos linguistas que o país tem”.

A propósito da segurança rodoviária, Paulino Chissico avança que a defesa das línguas moçambicanas para o ensi-no de condução resulta de uma pesquisa feita em 2014 para perceber como é pos-sível aproveitar o mosaico cultural para segurança rodoviária; pesquisa feita em Chókwè e Massinga, locais de maior mo-vimentação de automóveis, para além das cidades capitais. Dos inqueridos alguns apresentam a língua como barreira para obtenção da carta de condução afiguran-do-se como meio de exclusão. “Os indiví-duos têm perdido emprego por falta deste documento porque a língua que se usa não é do alcance de muitos”.

Assim, a UP como uma instituição de ensino, através do CEMEC, tem um papel de traduzir os materiais didácticos da es-

cola de condução para as línguas moçam-bicanas. O projecto-piloto será feito nas três regiões do país, no norte vai se utili-zar eMacua, no centro ciSena e ciNdau, e no sul xiShangana.

Destacar ainda que o linguista e vice--ministro da educação, Professor Ngunga, na sua intervenção apontou a importân-cia das línguas moçambicanas no con-texto histórico nacional, é expressão de moçambicanidade, que fica incompleta enquanto as línguas moçambicanas esti-verem ausentes no nosso dia-a-dia, profis-sional, político e educativo. “Estas línguas foram as que libertaram o país. Quando se iniciou a luta armada de libertação havia pouca gente que falava português, du-rante a luta os guerrilheiros não falavam português, alguns líderes faziam política em português, mas os disparos na verda-de, foram feitos em eMacua, xiShangana, xiNyanja, etc. por isso estas línguas foram as que libertaram este país”.

Ainda segundo Ngunga, apesar do seu papel libertário, estas línguas nunca foram discutidas a nível do movimento. “Nunca se colocou o papel das línguas moçam-bicanas depois da independência, daí a indefinição do seu papel depois da inde-pendência, mesmo com a independência, continuamos a tratarmos estas línguas como se não tivessem trazido a indepen-dência, estas línguas foram traídas pelos próprios moçambicanos, usámo-las para a luta, depois descartámo-las. Estas línguas cantaram canções revolucionárias, e a re-

volução foi feita por estas línguas, diziam ao combatente para paciência porque a vitória estava próxima”, disse para depois acrescentar que “as línguas moçambica-nas foram de novo chamadas para as cam-panhas eleitorais, paradoxalmente, depois da vitória, os resultados não são anuncia-dos em línguas locais, de novo a injustiça em relação às nossas línguas”, concluiu.

O governante referiu, reconhecendo, no entanto, que a carta de condução é um documento importante, adquire-se numa escola de condução, numa sala de aulas que tem instrutor e instruendo, cada um com a sua função, o que pressupõe comu-nicação, partilha entre dois interlocutores. “A carta de condução é uma formação profissional, pressupondo que o professor e aluno devem dominar o meio de ensino”.

O intelecto não se desenvolve em lín-gua emprestada

“A língua portuguesa desempenha um papel de exclusão social, pois ninguém pode ter emprego digno se não sabe falar português, a língua não pode ser de ex-clusão social de justiça. Vamos adoptar políticas públicas inclusivas, incluindo os tribunais. O trabalho formal no país está plasmado na constituição, mas é condi-cionado seu acesso no domínio da língua portuguesa, é ilegal”, apontou Nungunga, acrescentando que Moçambique tem que alcançar independência económica, mas primeiro tem que se atingir a independên-cia intelectual, para não ficar secundari-zado pelo meu parceiro. “O intelecto não se desenvolve em língua emprestada, fica atrofiado”.

O linguista defendeu a necessidade de se intelectualizar as línguas moçambicanas para transmitir fielmente os conhecimen-tos universais e desafiou o INATTER a aceitar as locais porque quando há aciden-tes na estrada, cada um chora na sua lín-gua. “Esta é uma oportunidade para fazer-mos uma educação rodoviária abrangente a todos os moçambicanos para saber inter-pretar os sinais, cada um na sua língua”.

“Se ensinamos a condução na língua que a pessoa domina minimizamos os aci-dentes porque a pessoa aprende facilmente o que sabe, ajudamos a formar motoristas responsáveis. Para muitos moçambicanos a carta de condução é um meio de aces-so ao emprego, a inclusão profissional é feita na língua que falamos e dominamos, tendo em vista a construção de uma so-ciedade inclusiva e competitiva, precisa-mos de formar moçambicanos que não se sintam menos valiosos que os vizinhos da SADC”, Concluiu.

Texto: Vasco Davane

Combatentes evidenciam a juventude no desenvolvimento do país

Para celebrar e marcar a pas-sagem dos cinquenta anos da realização do 2º Congres-

so da Frente de Libertação de Mo-çambique (FRELIMO), movimen-to que conduziu a luta armada para a independência de Moçambique, a Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas (FCSF) organizou uma palestra intitulada “A juventude e o II da FRELIMO – Matchedje 1968” orientada pelos combatentes John Kachamila e Francisco Cabo. Foi

uma palestra que tinha em vista rea-vivar a memória dos estudantes e da comunidade académica sobre o papel que os jovens podem desempenhar nos destinos do país.

Francisco Cabo, natural de Cabo Delgado e antigo estudante da escola missionária de Nangololo durante a sua apresentação indicou que a histó-ria da FRELIMO foi feita de jovens, estiveram na dianteira, participaram e fundaram a república de Moçambi-que. “O congresso destacou o papel

dos jovens na vanguarda libertária, o futuro do país está nos jovens, o desenvolvimento do país deve se ba-sear na experiência dos jovens do 25 de Setembro para libertar o país do subdesenvolvimento. Os jovens de hoje devem assumir o desenvolvi-mento de Moçambique.”

Outro protagonista da história libertária que falou no evento foi o antigo ministro dos Recursos Mine-rais e Energia, John Kachamila, que instou aos jovens a participarem da

transformação do país. “A juventu-de do passado estava numa situação mais complexa que hoje, ninguém virá de fora para construir o que é deles. No nosso tempo a tarefa era li-bertar o país, os jovens estiveram na preparação de Matchedje, mas agora o foco é a preparação económica”.

Referir que o II da FRELIMO foi a primeira reunião magna do movi-mento libertário a realizar-se no solo pátrio mesmo ainda sob o domínio do regime colonial português.

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11UPNOTÍCIAS Nº 009 • Agosto – 2018

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CTA organiza I conferência nacional

Em Conferência nacional que jun-tou os representantes do Corpo Técnico e Administrativo (CTA)

da Universidade Pedagógica (UP) este gru-po de funcionários esteve reunido na sua primeira conferência nacional, um evento que decorreu nas instalações da Bibliote-ca Central, em Maputo. O evento teve a participação do reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão, do Bastonário da Ordem do Advogados de Moçambique (OAM), Dr. Flávio Menete; directores centrais da UP; docentes e demais convidados.

A representante do CTA na UP, Dra. Fulgência Simbe, durante a sessão de abertura da conferência, afirmou que a agremiação está preocupada em melhorar cada vez mais as condições, progressões

e mudanças de carreiras, e forma de tra-balhar dos cerca de 1363 funcionários da UP a nível nacional. O encontro serviu de momento de reflexão sobre ética e deon-tologia profissional dos servidores públi-cos, e sua contribuição para o desenvolvi-mento da instituição.

Para o reitor da UP o CTA constitui a ponte entre os estudantes e docentes, e garante que todos os sectores da UP go-zem de tranquilidade para realizar os tra-balhos.

Paralelamente à cerimónia de abertu-ra, o Bastonário OAM proferiu uma pa-lestra intitulada “Ética e Deontologia Pro-fissional” onde destacou a necessidade de se complementar a formação académica com a formação em princípios éticos,

para os profissionais ou titulares de ór-gãos, para trazer o impacto que desejado na sociedade.

“A ética é a forma como nos relacio-namos entre colegas e também com as pessoas que procuram os nossos serviços. Para o servidor público a adopção de uma postura ética é obrigatória. Assim, a direc-ção da UP entende a necessidade ética na instituição e está preocupada com a situa-ção de inversão de valores; ademais, uma sociedade que não se baseia em questões éticas está condenada ao fracasso porque não tem fundamentos de valores e princí-pios que permitam consolidar o seu cres-cimento de forma sustentável”, defendeu Menete.

Ainda de acordo com o Bastonário da OAM é obrigatório conhecer as proi-bições, isto é, é proibido não conhecer as proibições. É preciso respeitar o prin-cípio da neutralidade político partidário, excelência no trabalho, conduta privada e exemplar fora do local de trabalho. “Para se ter uma conduta ética não é necessa-riamente obrigatório ter-se uma lei, tem a ver com princípios e valores, integridade, sentir-se bem com o que faz”.

Para Menete, a necessidade de prepa-rar as pessoas em saber estar na sociedade em qualquer lugar tem que se prioridade das universidades, pois, o conhecimento científico sem a componente ética é vã, tem que se fazer em paralelo a transmis-são de conhecimentos com a transmissão de princípios éticos. “A missão da univer-sidade é formar quadros que possam con-tribuir para o desenvolvimento do país, se

termos um défice de quadros com falta de ética o país não vai se desenvolver”.

Segundo o jurista, o CTA mesmo não fazendo parte da equipa da educação, não tem como se separar do grupo, a sua fun-ção complementa a função do docente, da mesma maneira que o docente não con-segue fazer o seu trabalho sem o CTA. Estes são princípios que devem nortear a nossa conduta todos os dias, trabalho em equipa.

Num outro desenvolvimento, o nosso interlocutor chamou atenção aos presen-tes sobre os “presentes envenenados” nas instituições. “As ofertas criam vulnerabi-lidade na capacidade de actuação, porque estão a abrir as portas para a promiscui-dade da variada espécie. Estas condutas, para além de serem do fórum ético, são do fórum criminal. Quando a sociedade vira corrupta, não tem futuro, o confor-mismo com o crime dita a morta certa de uma sociedade, temos que ter iniciativa de denunciar. Se não nos preocupar com o nosso país, ele futuramente será aquilo que nós não queremos”.

O desconhecimento da lei não descul-pa para adopção de certas condutas censu-ráveis, de forma ética, é preciso que seja divulgada, e deve ter uma conduta própria e o código de conduta vai ter como base os outros instrumentos dos diplomas le-gais, adequar no que a universidade faz no seu dia-a-dia. O pior erro e risco que a pessoa pode ter é perder ética.

Referir que antes de ser Bastonário da OAM Flávio Menete foi piloto aviador e docente universitário durante 12 anos.

Texto: Vasco Davane Foto: Sebastião Guiamba

Texto: Elísio Manjate Foto: Sebastião Guiamba

Texto: Redacção Foto: João Chapo

Michigan State University busca parcerias com universidades africanas

A directora da Parceria Africana na Michigan State University, Jose Jackson-Malete, visitou a Uni-

versidade Pedagógica (UP) tendo vista o estabelecimento de parceria entre estas duas instituições de ensino superior, ame-ricana e africana. A iniciativa foi criada pelo presidente dos EUA em 2016 como uma forma de constituir parceiras com as universidades africanas, inclusive com a UP.

De acordo com a directora Parceria Africana, a relação com as universidades africanas terá como foco os estudantes de graduação, a co-supervisão dos estu-dantes, para além de produção programas

conjuntos com os governos africanos e or-ganizações pan-africanas, para a liderança

política e transformando vidas em diferen-tes países. “Com diferentes instituições e

parceiros procuraremos soluções para pro-blemas que afectam educação, segurança alimentar, agricultura, meio ambiente, se-gurança mundial, social e ambiental, desi-gualdade”.

Num outro desenvolvimento Jackson--Malete avançou que a agricultura é base na qual se fundou a Universidade de Mi-xigan, que não trabalha apenas como academia, mas também focado para a co-munidade, “seremos parceiros da UP na agricultura, nas publicações conjuntas, nas matemáticas, meio ambiente, segurança e sustentabilidade”. Referir que a UP a é pioneira na formação de educadores, uma das áreas para a cooperação.

UP e Universidade de Lisboa ensaiam cooperação

A Reitora e o Vice-Reitor da Uni-versidade de Lisboa, Professores Maria Rodrigues e José Azevedo,

respectivamente, estão de visita à Univer-sidade de Pedagógica (UP), com objectivo de se inteirar sobre os cursos ministrados

nas faculdades e escolas desta instituição do ensino superior, estreitar laços de coo-peração na área de formação do corpo do-cente e ajustar programas académicos para responder às necessidades globais.

A Professora Maria Rodrigues mos-trou-se impressionada com o ensino expe-rimental nos cursos de Biologia, Física e Química, não obstante a instituição lisboe-ta não tenha áreas de formação em ciên-cias exactas de forma fragmentada como na UP.

Por seu turno, o Vice-reitor, José Aze-vedo, disse que a sua instituição evoluiu muito nos últimos anos apresentando quatro escolas, porém a grandeza da UP é impressionante devido a sua organização e especificidade de cursos que lecciona.

Azevedo, apontou ainda que a sua insti-tuição está aberta para cooperar em áreas de ensino, nomeadamente, formação de docentes para níveis de mestrado e dou-toramento.

Num outro desenvolvimento, Azevedo sublinhou que ao longo dos 40 anos houve evolução na pós-graduação e doutoramen-to, fruto de cooperação nas áreas de ges-tão, contabilidade, finanças e mestrados profissionalizantes.

Ainda no âmbito da visita da delega-ção lusa, o Vice-reitor da UP, Professor Boaventura Aleixo, a vinda da direcção máxima da Universidade de Lisboa o que permitirá a troca de experiências e coope-ração na formação de docentes e técnicos da UP.

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12 UPNOTÍCIASNº 009 • Agosto – 2018

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Naruto e UP estreitam relações de cooperação

Uma delegação da Universida-de de Naruto, Japão, escalou a Universidade Pedagógica (UP)

tendo em vista o estreitamento de relações de cooperação entre as duas instituições, nipónica e moçambicana vocacionadas na formação de professores, nos domínios de mobilidade de docentes e estudantes de pós-graduação. A delegação japonesa era chefiada pelo presidente da Universidade de Educação Naruto do Japão, Yuzo Ta-naka.

Durante a sua estadia em Maputo, o presidente Yuzo Tanaka foi recebido pelo seu homólogo moçambicano, Prof. Dou-tor Jorge Ferrão, e teve um encontro de cortesia com o director da Faculdade da Faculdade de Ciências Naturais e Mate-máticas da UP para analisar as principais áreas de actuação dos dois organismos, principalmente no ensino das matemáticas e outras ciências exactas.

De acordo com Tanaka a UP desempe-nha um papel fundamental porque assinou um memorando com a Universidade de Naruto e através dela vai se expandir para

as outras instituições. “No Japão a Uni-versidade de Tokoshima está interessada a entrar nesta cooperação”. Referir que cinquenta professores da área de ciências têm sido formados pela Universidade de

Nairutu no âmbito desta cooperação.Por seu turno, o reitor da UP avançou

que com a cooperação com Naruto procu-ra-se aproveitar a experiência japonesa na área de ciências naturais e matemática e a

transferência dessa experiência, mas tam-bém quer-se ajudar os institutos de forma-ção de professores com quem os nipónicos já trabalham por intermédio da UP para melhorar os manuais, a metodologia, as abordagens feitas nas escolas, e encontrar uma plataforma que os docentes possam ter uma formação específica no Japão. “É um programa sustentável e com apoio institucional através da agência japonesa, JICA, da Embaixada do Japão, para além de pareceria directa com as universidades nipónicas que serão a porta de entrada para o Japão, não se olhando apenas para área das matemáticas”.

“Temos insistido muito nos últimos anos no ensino das matemáticas e nas ciências naturais porque sentimos que há uma debilidade nesta área, e as nossas ins-tituições precisam de fazer algo para me-lhorar o nível e o interesse dos estudantes e para motivar os professores”, afirmou Ferrão.

Importa salientar que a Universidade de Naruto também vai usar a UP como ponto focal em Moçambique.

Texto: Vasco Davane Foto: Armando Mutombene

Texto&Foto: UP TETE

Texto: UP TETETexto: UP TETE

Texto&Foto: UP TETE

Distritos acolhem pesquisadores

Geografia move individualidades UP Tete capacita professores do ensino secundário em Moatize

Dia do Historiador em Tete

A Universidade Pedagó-gica, Delegação de Tete realizou pesquisas sobre

Leitura e Escrita no Primeiro Cí-clo do Ensino Básico e Violência Escolar nos distritos de Tsangano, Moatize, Changara, Mutarara e Chifunde financiados pela UNI-CEF num total de 4.293.396 me-ticais, em parceria com Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano. O de Leitura e Escrita enquadra-se no âmbito de percep-ção das práticas metodológicas que os professores usam para en-sinar a ler e escrever.

Segundo o Director Adjunto de Pós-Graduação e Pesquisa da UP-Tete, Mestre Francisco Ma-teus Wache, o projecto está mais virado para a percepção das me-todologias do professor para, posteriorimente, partilharmos os paradigmas de ensino de leitura e escrita nas classes iniciais.

Em relação à pesquisa sobre a violência escolar, Wache dis-se que, pretende-se obter alguma percepção sobre os tipos de vio-lência que ocorrem nas escolas e seus respectivos impactos no Pro-cesso de Ensino-Aprendizagem. Esta segunda pesquisa resulta de casos de violência escolar que os midia têm vindo a reportar nos últimos três anos. A pesquisa está sendo realizada nas escolas primárias com o intuito de com-preender, a partir da base as práti-cas de violências que ocorrem no Ensino Secundário.

Para a divulgação dos resulta-dos das pesquisas, a Delegação da UPTete vai promover, junto dos seus parceiros uma Conferência Nacional, no próximo ano 2019, na qual participarão diversos acto-res sociais nacionais, entre outros. Para além disso, os mesmos erão compilados em brochuras.

O Departamento de Ciências da Terra e Ambiente da UP-TETE promoveu diversas

actividades, nomeadamente: a excursão para a observação do meio ambiente, plantio de árvores e uma palestra pro-ferida pelo Doutor Ringo Benjamim Vitor, intitulada BIODIVERSIDADE: um recurso crucial, onde procurou con-ceptualizar biodiversidade, falou da im-portância da mesma, causas da destrui-ção da biodiversidade, o seu impacto sócio-económico e ecológico, medidas de minimização. Essas actividades en-quadram-se âmbito das celebrações do dia do geógrafo que se realiza em 29 de Maio de cada ano.

Segundo o professor de Geografia da UP-Tete, dr. Adélito Bernardo, 29 de

Maio de 1879 foi o dia em que a Con-ferência Internacional de Geografia em Paris, aprova o projecto da abertu-ra do canal de Paraná, que permitisse o acesso à região Central da América aos Colonizadores, após longos anos de disputa.

Fez notar ainda, o professor, em todos os anos, os profissionais que ac-tuam neste campo do saber reunem-se não apenas para discutir assuntos rela-cionados à Geografia na perspectiva de ensino, mas também reflectem sobre as questões gerais que a própria Geografia procura responder no âmbito da reso-lução dos problemas das comunidades, tais como: o aquecimento global, de-gradação do solo, gestão dos recursos naturais.

O Departamento de Pós-gradua-ção, Pesquisa e Extensão da UP-Tete promoveu de 8 a 11

de Maio do ano em curso a capacitação de professores do ensino secundária do Distrito de Moatize, província de Tete. O programa de capacitação com enfoque nas cadeiras de língua portuguesa, História, Matemática, Química, Física, Biologia, Educação Visual e Geografia visa aprimo-

rar os professores nessas áreas considera-das críticas e a sua respectiva componente didáctico-pedagógica.

É mais uma iniciativa que se enquadra na necessidade de disseminação de conhe-cimentos e partilha de boas práticas no processo de ensino aprendizagem no en-sino secundário. De referir que, participa-ram no programa professores das diversas escolas sediadas no Distrito de Moatize.

OCurso de História da UPTete celebrou no passado dia 20 de Agosto, o dia do histo-

riador, que se comemora anualmente em 19 de Agosto sob o lema: por uma academia comprometida pela historia local.em homenagem ao nascimento de Joaquim Nebuco, um dos historiadores mais icónico do Brasil, que durante muito tempo lutou contra a escravidão do Brasil.

A efeméride, que contou com a par-ticipação de docentes e estudantes do mesmo curso e convidados, foi marca-da por diversas actividades, com o des-taque na exposição de algumas refe-

rências históricas, palestra e conversas sobre a vida e obra do Nebuco.

Segundo Dr. Romeu Ricardo Cân-dido, docente de História da UPTete, no contexto académico, o curso de His-tória comemora a data em homenagem a Nabuco, tendo como perspectiva uma reflexão sobre o comprometimento da academia com a historia Local.

“De realçar que o historiador, em exercício da sua nobre função, deve não apenas formar o homem novo, como também pesquisar, analisar al-guns factos históricos, discutir e trazer soluções dos problemas que apoquen-tam a nossa sociedade hodierna”.

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13UPNOTÍCIAS Nº 009 • Agosto – 2018

- www.up.ac.mz ACONTECE

Texto: Elísio Manjate Foto: Armando Mutombene

Geogebra é uma realidade no País

Moçambique vai se beneficiar nos próximos dias do Institu-to Geogebra, uma instituição

voltada ao ensino da matemática através do uso de Software e para o efeito reali-

zou-se no Campus da Lhanguene da Uni-versidade Pedagógica (UP), o primeiro seminário com vista a apresentação do Software e sua aplicabilidade. A Facul-dade de Ciências Naturais e Matemáticas

vai incubadora do Instituto para fomen-tar e melhorar a educação da matemática nas áreas da geometria, álgebra, gráficos e estatísticas nas modalidades do ensino presencial e a distância nas escolas pré--universitárias e universidades do país.

O Reitor da UP, Jorge Ferrão, apon-tou que, a instalação do Instituto Geo-gebra vai permitir melhorias no ensino de Matemática na universidade e parti-cularmente no país em geral, sendo esta uma instituição de formação de profes-sores que prima pela melhoria de quali-dade de ensino nas áreas de ciência, tec-nologia, engenharia e matemáticas, que são sobejamente críticas em termos de escolha dos estudantes para essas áreas de formação. No entanto, para o Reitor este Software permitirá aos estudantes aplicarem-se cada vez mais para o seu crescimento intelectual.

Por seu turno Assessora para Desen-volvimento Institucional e Cooperação Profa. Doutora Sarifa Fagilde, disse que, a UP abraçou o projecto para instalação

do Instituto Geogebra para melhorar o ensino de ciências exatas, que nos últi-mos anos tem sido "calcanhar de aqui-les" para a camada estudantil, sublinhou ainda que foi pensando no fortalecimen-to e desenvolvimento da educação de Matemática que a universidade prontifi-cou-se em cooperar para tornar realidade o uso do software no país.

Astrigilda Silveira, Vice-Reitora da Universidade de Cabo Verde, disse que, o software é uma herança cultural de aprendizagem e avaliação de uso tec-nológico no ensino de Matemática, por essa razão a Professora Astrigilda, en-tende que todos alunos devem aprender a Matemática, não só para fins acadé-micos, mas sim para vida, pois a Mate-mática faz parte do nosso cotidiano e o professor apenas deve ser aplicador de curriculum, protagonista do programa e ter capacidade para fazer aprender alu-nos com sucesso e insucesso de forma contextualizado com base na percepção dos alunos.

Texto: Vasco Davane

Maxixe acolhe família do GCI e GRI

A Faculdade de Ciências de Saú-de da Universidade Pedagógica (UP) acolheu o IV fórum dos

Gabinetes de Comunicação, Imagem e Imprensa (GCI) e de Relações Interna-cionais (GRI) foi uma reunião que fez uma radiografia dos dois sectores da UP, o da comunicação e o da cooperação, para além de capacitar os colaborado-res dos sectores em matérias ligadas às suas áreas. Foram momentos de debates e aprendizagem mútua sobre o funciona-mento dos gabinetes.

Os participantes trouxeram diferentes temas que acaloraram os dias de trabalho a destacar a comunicação do Mestre Ed-gar Barroso sobre as Dinâmicas globais da internacionalização do ensino supe-rior, a experiência africana e o caso de Moçambique. O orador apresentou aspec-tos relativos às dinâmicas da globalização do ensino superior em Moçambique com

foco na mercantilização das universida-des, competições por estudantes, recur-sos humanos e financeiros, universidades agindo como empresas multinacionais.

Na sua abordagem, Barroso destacou a existência em África de universidades que estão viradas para questões nacionais, de massificação e democratização, ade-mais, há universidades que se guiam mais pela lógica de lucro ou de formação da mão-de-obra para o mercado e universi-dades preocupadas em dar vazão às agen-das nacionais.

Outro palestrante do dia foi João Chapo que apresentou a Proposta do pro-grama de TV-UP intitulado o Café aca-démico, onde destacou a necessidade de estimular o debate, formação de opiniões de temáticas de âmbito social, científico, cultural, entre outras.

Por sua vez a Dra. Nélia Zevute de-bruçou-se sobre a Monitoria e Imagem

institucional, uma abordagem alicerçada na monitoria da imagem institucional, compreender o que se escreve sobre ela e o grau de cobertura que se tem sobre a instituição e as incidências dos conteúdos, sendo que a monitoria deve ser uma acti-vidade permanente.

Durante a sua estadia em Maxixe os

técnicos do GCI e GRI visitaram diver-sos locais de interesse público e histórico, a destacar o novo Campus da UP Maxie, Museu Regional de Inhambane, Televisão de Moçambique delegação de Inhamba-ne, e a Praia do Tofo, local onde foi apro-vada a primeira constituição da República Popular de Moçambique.

Texto: Vasco Davane

Reitor da UP na Conferência Internacional do Atlantis Group

Oreitor da Universidade Pedagógica (UP), Prof. Doutor Jorge Ferrão, par-

ticipou recentemente numa Con-ferência Internacional do Atlantis Group, uma agremiação composto por antigos ministros de educação, alguns antigos chefes de Estado, e outros especialistas em gestão de educação pública, especialmente em países afectados por conflitos e pobreza.

O evento que decorreu na Argen-tina, e foi patrocinado pela Varky Foundation, debateu a mobilidade social e a quebra de barreiras, ten-do em conta que a condição social, económica das crianças, tem sido determinante para acesso à educa-ção básica de qualidade, e à uni-versidade. Ademais, o relatório de Banco Mundial alerta que 46 das

50 economias menos desenvolvidas no mundo e consequentemente as crianças desses países apresentam mais dificuldades de acesso ao en-sino técnico e universitário.

Ainda na reunião foi discutida a questão da educação digital e o futu-ro da educação para o século 21, um debate que se circunscreveu sobre os efeitos da rápida digitalização no mundo nas áreas da educação e em particular como os mercados têm se transformado no mundo, havendo uma preocupação de que o sistema educacional não esteja a equipar as pessoas para o mundo digital, ape-sar de o acesso aos equipamentos estar a crescer mundialmente.

O futuro de educação, os mer-cados de trabalho e habilidades dos jovens, também mereceu uma aná-lise profunda, não se descurando a

globalização das universidades, sua automação, comunicação massiva e uso de plataformas de ensino e seu impacto na qualidade dos estudan-tes no mundo.

Referir que uma das actividades do Atlantis Group incide na Educa-ção, juventude, meios de comunica-ção, além de procurar saber como as plataformas sociais expõem jovens às interacções e conteúdos que mui-tas vezes podem ser prejudiciais, e também ajudar os jovens na escola através destas plataformas sociais a aquisição de conhecimentos de en-sino em matérias relevantes.

A Atlantis Group engloba espe-cialistas de cerca de 22 a 24 países de diferentes continentes, dos quais três são africanos, Moçambique, Zimbabwe, Ruanda. O Grupo mais a Fundação reúnem-se de forma re-

gular e debatem sobre assuntos para melhoria da qualidade de educação; desenvolvimento de conteúdos; for-mação de professores; e técnicas para vários programas de educação no mundo. Anualmente, o grupo tem premiado docentes de todo o mundo que participam de um con-curso internacional para os profes-sores primários e secundários; uma acção que decorre há quatro anos no Dubai, e o vencedor tem como prémio um milhão de dólares ame-ricanos. Na última edição saíram como vencedores uma professora de escola de refugiados na Palesti-na e um professor de artes visuais da Grã-Bretanha que inovaram nos seus métodos de ensino e provaram que os estudantes melhoraram os seus estudos através da metodolo-gia aplicada.

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Contra a desmoralização

Texto: Bento Rupia Júnior Email: [email protected]

Texto: Rafael Langa

UPNOTÍCIASNº 009 • Agosto – 2018

www.up.ac.mz - REFLEXÃO

Prometa-me Wezo

Bem antes de o galo cantar, Wezo e a irmão já es-tavam longe dos cobertores. Estudavam em escolas distintas mas ambos entravam de manhã. Enquan-

to preparavam-se para a escola, a mãe apressava-se sempre para o mercado grossista em que comprava legumes que vendia na banquinha montada ao pé da entrada ao quintal, também comprava ovos que cozia para Wezo vender ao vol-tar da escola.

- Lucas, pega isto e vá entregar a moça dos puchinhos vermelhos. Esconda porque ninguém deve ver.

- Bem, bem, o que é isto Wezo?- Não vê que é uma carta?- É uma carta de amor?- É uma carta que eu escrevi. Uma carta que ela poderá

ler sem suspirar; uma carta como essa nenhuma outra moça a merece em todo planeta…só ela.

Depois de limpar os dentes pela última vez, amenina dos puchinhos vermelhos vestiu-se de pijama e de barriga, jogou-se na cama. Pôs-se a ler a carta, até que o pai bateu--lhe à porta cumprindo com a tradição, assustada, escondeu a carta entre os lençóis e fechou os olhos como quem está apagada. O pai a cobriu, deu um beijinho na testa, disse boa noite filha e foi-se apôs ter apagado à luz.

Passaram dias sem se verem; o destino não lhes cruzava o caminho. Quando perguntava as amigas dela, diziam que a mocinha não queria ver ninguém. Diziam que ele devia pa-rar de a procurar, então ele decidiu parar. Decidiu esquecê--la, escutando o conselho da mãe que em muitas vezes disse. - Wezo, nunca te meteres com moças que não tem nada a ver com o que nós somos. Neste mundo rico só casa com rico. Casamento de rico com pobre é uma maldição; não acontece e, se acontece não dura por muito tempo.

A caminho de casa estava a menina dos puchinhos ver-melhos na companhia da amiga. - E ai, Rena, já retornou a carta?

- Que carta?...Não, não posso namorar. Meu pai disse que tenho de me tornar uma cantora de sucesso, tenho de graduar-me, para isso, sou obrigada a ensaiar muito e a es-tudar bastante, não me posso desviar. Não quero desapontar meu pai.

Em casa a menina dos puchinhos vermelhos não era permitida fazer mais nada fora a estudar e ensaiar. Raramen-te as amigas iam visitá-la e, ela não o fazia porque quase não saia de casa, a não ser para ir à escola e a escola de música, essa era sua rotina. Fora a muitas coisas que faziam parte da sua rotina, a carta. A carta de Weza passou a integrar a rotina

dela, era lida todos os dias mal que a lua saísse do mar.Muito tempo depois, os caminhos dos dois cruzaram-se,

Wezo andava pela cidade a vender quando a viu na para-gem a espera de machimbombo. O coração saia-lhe quase pela boca, transpirou, estremeceu e os ovos escaparam-lhe das mãos. Tudo o que ele queria era chegar-se a ela e…mas escondeu-se, recolheu os ovos e voltou à casa.

Depois daquele dia não voltou a vê-la. A viu muito tem-po depois, quando decidiu procurá-la nas saídas da escola de música. Foi num dia de chuva que Wezo a encontrou no corredor da escola, o corredor estava muito movimentado mas parecia que para Wezo o mundo tinha parado a seu abono, olharam-se por muito tempo até que a coragem veio ao de cima, pela primeira vez, Wezo disse tudo que lhe vinha na mente e no coração. Disse que pensava nela a cada bater do coração deste o dia que a viu, disse isso e muitas outras coisas, mas ela não se manifestava, apenas escutava e quan-do a lisura do discurso de Wezo a entrou nas entranhas do coração, os seus olhos encheram-se de luz e, arriou o rosto.

A tempestade mal que parou, veio a bonança e fratura de amor. Eles amavam-se, amavam-se enquanto faziam-se promessas indeléveis. Era costume fazer-se jogos de futebol entre turmas. A turma de Wezo tinha acabado de derrotar a turma vizinha por muitas bolas a zero, Wezo tinha sido um dos artilheiros. Após a partida lavou-se e foi ter com a menina dos puchinhos vermelhos que esteve a ver a partida.

- Gostei de ver-te a jogar…marcaste belos golos - disse ela.- Fiz tudo por ti…- Moça peço hora - apelou o rapaz interrompendo a

conversa.- São onze e vinte.- Não estás atrasado meo ? - Perguntou o rapaz voltado

para Wezo.- Atrasado…atrasado para onde? - Hoje não vende ovos? A malta quer ovos meo. Moça,

esse aí falou-te que vende ovos? - O rapaz e os companhei-ros riram enquanto recolhiam-se. Ali, ficaram Wezo e a me-nina que amargamente entreolhavam-se. Wezo nem pôde abrir a boca, a vergonha não o permitia falar, mesmo com esforço as palavras não surgiam.

A casa de Wezo era muito diferente da casa da menina e, era diferente de muitas outras casas. Wezo morava na casa madeira e zinco. Acabava de regressar da venda quando a voz da menina o solicitou.

- O que vieste cá fazer? - Inquiriu Wezo.- Venho-te ver. Não é justo que entre nós as coisas ter-

minem assim. Pela primeira vez a menina preocupou os pais. Pois o pé em

casa muito depois da hora habitual e, isso passou a ser hábito. Foi numa manha sem registo que a mãe da menina dos puchi-nhos vermelhos foi pedir licença na casa madeira e zinco.

- Bom dia…- Bom dia - a anfitriã precipitou-se a servir assento.

Após as saudações típicas, a mãe da menina disse: Não vi para demorar. É assim minha senhora, fala para o seu filho parar de retardar a minha filha. Por causa dele, a minha filha não é mais a mesma, não faz mais nada a não ser meter os pés pelas mãos. Estou a perder minha filha…ajude-me - implorava com os olhos cheios de água como se alguém a tivesse batido.

Aos sábados Wezo passava todo o dia na oficina a tra-balhar. Trabalhava a título de novato. O seu sonho era ser grande mecânico, ganhar dinheiro, comprar muitos carros e desposar a menina dos punchinhos vermelhos.

Já tinha passado das três da tarde quando Wezo entrou no carro cinzento para testá-lo como sempre fê-lo. Mas des-ta vez as voltas não foram dadas no quarterão. Wezo aventu-rou para cidade, lá nas bandas onde estudava a menina dos punchinhos vermelhos.

- Hoje levo-te à casa de carro igual seu pai - riram.- Wezo, agente não vai mais se ver. Os meus pais que-

rem-me transferir para longe. - A minha mãe também, diz que não me quer ver mais

contigo, estou a pensar em…vamos fugir Rena.- Não me peça isso. Não quero despeitar meus pais…- Acreditei que pudesses querer fugir comigo, acreditei.- Dizes isso porque não sabes como meu coração está an-

gustiado. Eu quero-te a ti mas quero os meus pais também. Não precisamos fugir, vamos esperar o tempo certo. Agente vai-se formar e aí, ninguém mais poderá nos barrar - os olhos da menina brotavam lágrimas. Wezo tremia, tremiam as mãos firmes ao volante - tudo o que eu quero é ficar contigo Wezo apesar dos dizeres dos meus pais e das minhas amigas…então tudo depende de ti. Vou partir não sei para onde mas se tu esperares por mim, voltarei para ti ainda que esteja longe. Acredite que guardarei sempre um lugar para ti no meu coração, mas só se prometeres esperar por mim. Quer esteja num clima quente ou frio, sonharei sempre con-tigo Wezo, mas para isso, prometa que vai-me esperar. Diga que vai-me espera. Faça uma promessa que possa cumprir, assim, por mais anos que se possam passar, procurarei cami-nho de volta a ti Wezo, prometa-me…

de quem o exerce e oferece primar sua conduta por uma ética e moral adequada a sua natureza.

Este começo de texto serve de mote para me ancorar no serviço prestado pela Universidade Pedagógica, anali-sar como temos vivido com a idade do nosso tempo, so-bretudo, na relação com a responsabilidade social de pres-tar um serviço nobre, porque nos afirmamos e assumimos como instituição de serviço público estatal.

A universidade pedagógica está sujeita ultimamente a desafios novos frutos de algumas mudanças sociais em curso no nosso país. Devido a um conjunto circunstan-ciado de elementos, o perfil do estudante que chega a UP exige também um processo de reafirmação dos agentes participantes das relações educativas (professor, director, funcionário, Reitor, segurança, etc.). Ora, não me parece que tenhamos todos esta sensação.

Quando se fala da acção de alguns dos membros da nossa comunidade académica, aquele que seria um exer-cício de serviço público exemplar não deixa a UP numa boa situação. Dentro de uma linha de actuação que deve caracterizar o trabalho numa universidade, ainda que sem evidências totais, ouvir falar em professores que vendem notas, em estudantes vítimas de assédio sexual, o dirigen-te que se apropria de forma ilícita de bens do Estado, é sem sombra de dúvidas, abominável e um atentado aos deveres básicos de atribuições e competências. Longe de

estar a falar de mitos urbanos!Valoro positivamente as atitudes e comportamentos de

sobriedade, idoneidade e urbanidade salutar. A formação do indivíduo, missão da UP, não pode estar marcada pela violação do imperativo da primazia da ética e da moral. E na UP que a formação do indivíduo é realizada tendo em vista a sua réplica em outros quadrantes e com outros su-jeitos. É sabido que vivemos um momento onde algumas das nossas instituições enfermam da falta de decoro e de moral. Da UP se espera que caminhe num sentido con-trário destas. Até porque nossa missão social é dotada de uma carga simbólica e figuracional importante. O exem-plo positivo deve sair daqui. Nossa marca registada deve ser a que justifica um distanciamento com relação aos comportamentos desviantes e exemplos reprováveis. O desafio que me conduziu a produção destas linhas situa-se no seguinte questionamento: Qual o perfil mais apropria-do do funcionário para uma instituição como a nossa que vai na vanguarda das instituições de estudos superiores domiciliados no nosso país e com responsabilidades parti-culares de formar quem depois vai formar? Como intervir para não permitir que a desmoralização seja tida como a forma de estar eleita para uma sociedade que caminha na direcção de sua maturidade social, cultural e política? Fica claro que a condescendência não é um caminho. Es-pero não estar muito equivocado.

Moçambique vive a idade do seu tempo. No en-tanto, em alguns quadrantes sociais assistimos a uma certa permanência de processos sociais

que lembram outros tempos da história em que maiores eram as nossas carências. Traços e práticas típicas de um certo feudo foram com a socialização trazidos para a con-temporaneidade de uma forma acentuada. Estes compor-tamentos podem, em certa medida, explicar determinados factos que temos que com eles lidar hoje.

Segundo Hely Lopes Meirelles “serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controlos estatais, para satisfazer necessida-des essenciais ou secundárias da colectividade, ou simples conveniência do Estado”. São exemplos de serviços pú-blicos: o ensino público, o de polícia, o de saúde pública, o de transporte colectivo, o de telecomunicações, etc. O serviço público pela sua natureza é um serviço desinteres-sado. A essência deste deve ser pautada pela necessidade

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O termo neoliberalismo, em termos estri-tamente práticos, não faz justiça ao seu próprio nome. O neo significa novo. De

consequência, neoliberalismo deveria significar “novo liberalismo” ou, por extensão do termo libe-ralismo, uma nova forma de defender a liberdade individual perante a arbitrariedade. No entanto, em vez de uma nova liberdade que deveria emergir do sistema neoliberal, notamos a ascendência de formas mais refinadas de servidão ao capitalismo financeiro, mais concretamente aos bancos inter-nacionais, a começar pelo Fundo Monetário Inter-nacional (versão europeia) e pelo Banco Mundial (versão americana). A maior parte dos países do Mundo passou literalmente a ser devedora e uma parte menor credora do sistema financeiro mundial. Como diria Peter Sloterdijk, o Mundo já não está dividido entre esquerda e direita; senão entre deve-dores e credores.

Moçambique faz parte do concerto das nações devedoras crónicas no sistema neoliberal. “Nego-ciar dívidas” passou a ser uma componente perma-nente da política do Estado moçambicano, senão mesmo a principal de todas. Luísa Diogo, a antiga Primeira-Ministra de Moçambique, conta, na sua obra A Sopa de Madrugada (Plural Editora, 2013), como uma sopinha numa fria madrugada de Paris foi suficiente para recuperar-se de uma longa jorna-da de negociações para o “perdão”. Foi uma jornada de negociações com os credores que hoje continua fazendo parte da nossa historicidade moçambicana, aliás bem retratada nas “dívidas ocultas” pelo Rela-tório Kroll. O neoliberalismo faz o jogo do “perdão” que resulta em mais dívidas. Como sair deste ciclo perene e angustiante?

A forma mais directa a partir da qual qualquer cidadão sente os efeitos do neoliberalismo são os juros. De tão altos que os bancos moçambicanos os praticam, fazem com que quem contraia um em-préstimo passe a trabalhar, na prática, para saldar a dívida. Assim, como escreveu em 1945 o eco-nomista de origem austríaca Friederich Hayek, no seu livro O Caminho para a Servidão (Edições 70, 2014), referindo-se à ameaça que o socialismo re-presentava para a Inglaterra, “a promessa da nova liberdade foi pervertendo-se numa nova servidão”. Por isso alguns teóricos, sobretudo filósofos, pro-põem o termo ultraliberalismo (Ngoenha em In-tercultura, Alternativa à Governação Biopolítica? Publifix, 2013) ou pós-liberalismo, ou seja, tudo menos o significado “liberalismo novo”, “nova li-berdade” ou ainda “2a liberdade”.

Por assim ser, o neoliberalismo universaliza uma visão unidimensional do desenvolvimento. Aparentemente, não deixa “alternativas para al-ternativas” porque ele apresenta-se, na teoria e na prática, como possibilidade única na era actual. Na verdade como uma distopia. Isto porque, como dis-se acima, depois da divisão clássica entre a esquer-da e a direita, agora a única divisão já não é a que se

inscreve na esfera de uma utopia política senão que esta sucumbiu perante o determinismo económico que divide as nossas sociedades mundiais e no in-terior de cada uma, devedores dum lado e credores do outro. É a forma de aparição do capitalismo fi-nanceiro.

No livro A “Liberdade” do Neoliberalismo (Educar, 2018) defendo que este sistema, ao radi-calizar a liberdade defendida pelo liberalismo clás-sico num tipo específico de liberdade – a “liberda-de” económica – fez com que nos distraíssemos na concentração da luta pelas liberdades políticas. As lutas pelo futuro passaram a confundir-se, isto é, a limitar-se a embates cuja área de concentração é a economia, ou simplesmente a nossa “barriga”. Uma consequência imediata: o neoliberalismo le-vou à confusão de estabelecer uma ligação directa e intrínseca entre o liberalismo político (democracia) com o liberalismo económico. Na realidade, cons-truir uma democracia liberal não tem como condi-ção essencial a radicalização da liberdade económi-ca. Byung-Chul Han demonstrou que, na verdade, não se trata de “liberdade” económica, senão o que está em jogo é a “liberdade” de o capital financeiro poder circular livremente.

Com isso, o neoliberalismo fez com que os teó-ricos e activistas que se opõem a ele esquecessem, e até mesmo abandonassem, a noção do sujeito his-tórico. O neoliberalismo des-subjectivou o sujeito; isto é, a possibilidade deste mesmo sujeito concre-tizar-se como agente das transformações históricas que desafie o capitalismo financeiro de hoje. O su-jeito apresenta-se, assim, como “multidão” nas ruas, como “manifestante”; enfim, um “pretume de gen-te” (Sloterdijk em O Desprezo pelas Massas) que se reúne para marchar reivindicando algo marginal, parcial e durante um limitado período de tempo.

Dito de uma outra maneira: o neoliberalismo concentrou-nos para a análise do mercado e fazen-do-nos esquecer as condições dos produtores. E ainda formulado de forma mais radical seguindo o Slavoj i ek d´A Visão em Paralaxis: o “sujeito” no neoliberalismo converteu-se no seu verdadeiro sentido etimológico – isto é em um “submetido” no sentido de estar sujeito às condições em que vegeta, e não aquele sujeito clássico que “objecta” ou nega estas condições.

A des-subjectivação ou o desaparecimento do sujeito histórico teve como a sua contraparte o sur-gimento do “protagonista”; ou seja, um “sujeito” cuja finalidade de acção é a “aparição” pública e não a transformação das condições do capitalismo financeiro injusto. O aparecimento deste protago-nista foi possibilitado, primeiro, pelo incremento da “actividade” humana perante o grande écran (te-levisão) e depois cada vez mais perante pequeno écran do bolso (tablets, telemóveis) que, por sua vez, condicionaram o surgimento da dita sociedade de espectáculo. Pois, o protagonista programa-se para promover o espectáculo, na verdade a encena-ção de um evento político. A política na condição neoliberal tornou-se, segundo Byung-Chul Han, em Psicopolítica (Relógio d´Água, 2014).

Na era da psicopolítica já não interessam factos (história), nem se alinham números populacionais (estatística); nesta era se cruzam dados; isto é, im-pera a ditadura dos dados (dataísmo) sobre as infor-mações. A pergunta crucial, nesta era da psicopo-lítica, tornou-se “quais são os dados que tens para afirmar isto?” A posse de “dados” passou a signi-ficar a posse da verdade e o virtual sobrepôs-se ao real. Nesta era faz-se espectáculo de tudo, e com maior efectividade se este for a partir do “sofrimen-to dos outros”, pedindo por empréstimo o termo a Susan Sontag no seu livro Olhando o Sofrimento dos Outros (Quetzal, 2015). Por isso, o “protago-nista” é um sujeito submetido aos novos vícios neo-liberais: produzir espectáculos, viver na virtualida-de e das redes sociais, e promover a sua aparição e imagem. Hiperindividualismo, hiperconsumismo, hipercapitalismo e híper-tudo – eis as característi-cas do hipermoderno neoliberal destacadas por Li-povetsky na obra Hypermodernidade.

Em suma, proponho duas perspectivas de cha-ves-de-leitura sobre o neoliberalismo para o caso moçambicano.

Uma primeira perspectiva, a partir da radicaliza-ção da economia como a instância de legitimação da governação (que substitui a moral e o direito); e esta perspectiva remota da entrada de Moçambique nas instituições da Bretton Woods: uma fase de po-lítica de negociações das dívidas.

E uma segunda perspectiva alavancada pelo aparecimento do Big Brother orweliano por conta do desenvolvimento das redes sociais virtuais (fa-cebook, Instagram, whatsapp por aí fora); estas re-des sociais reconfiguram radicalmente a forma de produzir factos políticos e de participação cidadã em Moçambique.

Ambas perspectivas configuram e condicionam não somente a produção teórica em Moçambique como também e sobretudo ditam as condições para a acção política e os debates públicos; a reconfi-guração do espaço público moçambicano sucedeu quer seja na política entendida como acção partidá-ria (programas eleitorais, por exemplo), quer seja na formulação de políticas públicas no Moçambi-que contemporâneo (educação, saúde, direito, etc.).

...em vez de uma nova liberdade que deveria emergir do sistema neoliberal, notamos a ascendência de formas mais refinadas de servidão ao capitalismo financeiro, mais concretamente aos bancos internacionais, ...

...a des-subjectivação ou o desaparecimento do sujeito histórico teve como a sua contraparte o surgimento do “protagonista”; ou seja, um “sujeito” cuja finalidade de acção é a “aparição” pública e não a transformação das condições do capitalismo financeiro injusto...

Moçambique Neoliberal:Perspectivas

Texto: José P. Castiano

UPNOTÍCIAS Nº 009 • Agosto – 2018

- www.up.ac.mz REFLEXÃO

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UPNOTÍCIASNº 009 • Agosto – 2018

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Hilário e Shéu, foi uma alegria o convívio de uma semana em Maputo

Vivemos o Sporting, o Benfica, o rigor, a disciplina e o profissionalismoTexto: H. Eliseu Sueia Foto: João Chapo

Os antigos jogadores do Spor-ting Clube de Portugal (SCP), e Sport Lisboa e Benfica (SLB),

Hilário da Conceição e Shéu Han, respec-tivamente, estiveram recentemente (últi-ma semana de Julho) em Moçambique, cidade de Maputo, a convite da Univer-sidade Pedagógica (UP) em parceria com o Mozabanco e Grupo Visabeira. Os dois ilustres visitantes, orientaram uma pales-tra na Faculdade de Educação Física e Desportos onde falaram de forma aberta e pedagógica das suas vivências no futebol para uma sala cheia de praticantes do cha-mado desporto rei, estudantes da UP e de outras universidades, docentes, dirigentes desportivos e outros assistentes ávidos de conhecer e saber um pouco mais so-bre a vida e desempenho desportivo des-tas duas estrelas, que tanto nos orgulham como moçambicanos.

A Ministra da Juventude e Desporto, Nyelete Mondlane, fez a cortesia de con-vidar Hilário e Shéu para a abertura da

reunião do XVIII Conselho Coordenador do Ministério da Juventude e Desporto (MJD), os convidados lá estiveram e fa-laram para os dirigentes da juventude e desporto, poucas palavras para dizer que é preciso fazer mais, muito mais, com rigor, profissionalismo e disciplina. Depois foi a visita à Federação Moçambicana de Fute-bol (FMF), uma conversa com o elenco da

FMF e um alegre reencontro com o Abel Xavier, treinador dos Mambas.

Durante uma semana em que Hilá-rio, ou simplesmente o magriço e Shéu, o grande capitão e senhor do Benfica, es-tiveram em Maputo a azáfama foi gran-de, agenda carregada de eventos, visitas e participação em sessões de conversas e treinos.

O regresso de Hilário ao Estádio da Machava, onde há cinquenta anos, 1968, jogou em representação da selecção de Portugal que defrontou o Brasil na inau-guração do então Estádio Oliveira Sala-zar, hoje Estádio da Machava, foi sem dúvidas um dos momentos mais emocio-nantes da visita, a par da ida à Mafalala e à sede do Sporting Clube Munhuanense Azar. Shéu esteve na Beira, cidade onde passou a sua infância antes de rumar para Lisboa com 17 anos, matou saudades do Chiveve e conviveu com familiares e ami-gos, uma visita que ele qualificou como um reencontro com os espíritos.

A cidade de Maputo, quase que parou literalmente, na semana em que Hilário e Shéu cá estiveram, entre as diversas visitas um dos momentos emocionantes particularmente para Shéu foi dar uns to-ques na bola com os miúdos da Escola de Jogadores do Benfica em Maputo. Outro momento, igualmente marcante, foi a vi-sita à Escola Secundária Mateus Sansão Muthemba, onde os dois brincaram, dan-çaram e pintaram com crianças do Bairro Polana Caniço, uma iniciativa do Moza Banco virada para a sustentabilidade am-biental. Antes tinha ficado o emocionante convívio com os alunos e professores da Escola Secundária Estrela Vermelha bem perto da Mafalala de Eusébio.

Hilário e Shéu, tornaram-se sócios do Clube da Universidade Pedagógica de-pois de terem passado uma manhã com dirigentes e atletas da UP, onde simples-mente falaram de como ter sucesso no desporto, não há segredo, é preciso ter compromisso com os treinos, o que mui-tas vezes falta aos nossos jogadores. Shéu no seu discurso duas palavras se repetem com cadência, rigor e disciplina.

Para mim que os acompanhei em qua-se todos os espaços onde estiveram, foi simplesmente espetacular privar e apren-der com estes dois senhores do Futebol. Obrigado Hilário e Shéu, a UP agradece a vossa visita e espera que voltem o mais rápido a esta universidade e à pátria que vos viu nascer e que vocês tanto amam, deu para ver. Ao Grupo Visabeira, Hotel Monte Belo e ao MozaBanco, nossos par-ceiros nesta empreitada o nosso abraço.

UNI

VE

RSIDADE PEDAGÓGICA

MOCAMBIQUE