mitos e verdades sobre o conde de saint-germain

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    Mitos e verdades sobre o Conde de Saint-Germain

    O Conde de Saint-Germain (por NicholasThomas, 1783)

    O post desta semana o primeiro de uma srie de dez que tero como base o

    trabalho de David Pratt sobre o Conde de St. Germain publicado noExploring Theosophy. No ser feita uma traduo na ntegra, pois o texto demasiado extenso e contm detalhes que no so relevantes, para o que sequer transmitir - por um lado confirmar que o Conde de St. Germain foi umAdepto que tinha uma misso importante, num perodo conturbado da histriaeuropeia, e por outro lado desmistificar todo o folclore alimentado pelo ladomais deprimente da indstria new-age, que apresenta o Conde de St. Germaincomo mais um santinho para pr no altar, o clssico mimetismo docatolicismo, onde os santos so substitudos por Mestres Ascensos cada umcom o seu pelouro.

    Sugere-se a consulta dotexto originalpara as devidas refernciasbibliogrficas (que so inmeras) e para outros detalhes histricos que foramomitidos como acima se referiu. Depois da publicao da ltima parte, o textono seu conjunto ser colocado noScribd.

    Segue-se pois a traduo do texto (adaptado).

    http://davidpratt.info/http://davidpratt.info/http://davidpratt.info/st-germain1.htmhttp://davidpratt.info/st-germain1.htmhttp://davidpratt.info/st-germain1.htmhttp://pt.scribd.com/lua_escorpi%C3%A3ohttp://pt.scribd.com/lua_escorpi%C3%A3ohttp://pt.scribd.com/lua_escorpi%C3%A3ohttp://2.bp.blogspot.com/-cm8UcwGdJfY/Uc9iN4l2k9I/AAAAAAAAAzI/2Y4Pncd2sDE/s549/st-germain1.jpghttp://pt.scribd.com/lua_escorpi%C3%A3ohttp://davidpratt.info/st-germain1.htmhttp://davidpratt.info/
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    1. Introduo

    O Conde de St.Germain foi uma figura enigmtica que atingiu grandeproeminncia na alta sociedade da Europa durante meados do sculo XVIII.Era prximo de muitos reis, prncipes e figuras de estado e beneficiava da suaconfiana e admirao. Ele era estupendamente rico, possuindo uma coleode joias de raro tamanho e beleza, que frequentemente dava como prendas. Osconhecidos louvavam os seus modos charmosos e gentis e enorme erudio.Ele foi msico, compositor e um virtuoso no violino. Tambm foi um qumico

    brilhante, com um conhecimento mpar de corantes e diamantes. Frederico, oGrande chamava-o de homem cujo enigma nunca fora desvendado. O seunascimento e antecedentes so obscuros, mas no fim da sua vida ele revelouque era filho do Prncipe Rkczy da Transilvnia.

    As histrias sobre Saint-Germain embelezam muitas memrias do perodo,mas a sua fiabilidade varia. Muitas vezes contm adornos, exageros eevidentes invenes, e vrias dessas histrias no foram escritas pelos seusalegados autores. Existiam lendas de que ele poderia fundir diamantes

    pequenos em maiores, fazer ouro, de que possua o segredo da eternajuventude e de que teria centenas ou mesmo milhares de anos de idade. Osseus contemporneos s vezes referiam-se a ele (frequentemente de modoirnico) como o Homem Maravilha. Voltaire zombava, chamando-o umhomem que nunca morre e que sabe tudo. Embora Saint-Germain tenhamuitas vezes sido rotulado de charlato, aventureiro, vigarista e espio, noexiste nenhuma evidncia convincente que suporte estas alegaes.

    O nome de Saint-Germain frequentemente ligado alquimia, ocultismo esociedades secretas. Helena P. Blavatsky escreve: O Conde de Saint Germainfoi indubitavelmente o maior Adepto oriental que a Europa j conheceudurante os ltimos sculos. Porm, a Europa no o reconheceu. [GlossrioTeosfico, Ed. Ground, p.590]. De acordo com Cooper-Oakley ele trouxe oseu enorme conhecimento para ajudar o Ocidente, para afastar um pouco asnuvens tormentosas que se adensavam rapidamente volta de algumas

    naes. Mas infelizmente as suas palavras de aviso caram em orelhas moucase os seus conselhos foram todos ignorados.

    2. Em Inglaterra

    O primeiro trao histrico do Conde de Saint-Germain parece ser uma cartaescrita a 22 de Novembro de 1735 em Haia por algum que assina P.M. deSaint-Germain.() Um francs com o nome de Morin, ento embaixador emHaia, disse que tinha l conhecido Saint-Germain em 1735, e que tornou a

    encontr-lo em Frana antes de 1760, tendo ficando surpreso pelo facto deSaint-Germain no parecer ter envelhecido mais do que ano.

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    Saint-Germain aparece depois em 1745, em Inglaterra, onde foi preso porsuspeita de ser um espio. Foi neste ano que um jovem poltico Whig,chamado Horace Walpole escreveu uma carta a um compatriota:H dias prenderam um estranho homem, que d pelo nome de Conde de St.Germain. Ele est c h dois anos, e no nos diz quem nem de onde vem,mas professa duas coisas maravilhosas, que o nome pelo qual conhecido no o verdadeiro e que nunca teve um relacionamento com qualquer mulherenem com um sucedneo [substituta]. Ele canta, compe, tocamaravilhosamente violino, louco e no muito sensato.Dizem que italiano, espanhol, polaco, algum que casou com uma grandefortuna no Mxico e fugiu com as suas joias para Constantinopla. Dizemainda que um padre, um violinista, um grande nobre. O Prncipe de Galestem manifestado uma curiosidade insacivel sobre ele, mas em vo.

    Num relatrio datado de 21 de dezembro de 1745, um diplomata francs emLondres declarava que Saint-Germain conhece todas as pessoas em altas

    posies, incluindo o Prncipe de Gales. Fala diversas lnguas, francs, ingls,alemo, italiano, etc muito bom msico e toca vrios instrumentos. Diz-seser siciliano e de grande riqueza. O que tem levantado suspeitas sobre ele ofacto de deixar boa imagem aqui, recebendo grandes somas de dinheiro eliquidando todas as contas com tal rapidez que nunca precisa de ser recordadodo facto. Ningum imagina que um homem que era simplesmente um senhor,

    possa dispor de to vastos recursos, a menos que ele trabalhe como espio. Elefoi deixado no seu apartamento sob guarda de um State Messenger, mas nose encontraram documentos na sua residncia ou nele prprio que forneam omnimo de provas contra. Foi interrogado pelo Secretrio de Estado [o duquede Newcastle], a quem ele no fornece uma explicao sobre si prprio queseja satisfatria, persistindo na recusa em declarar o seu verdadeiro nome,ttulo ou ocupao, a no ser ao prprio Rei, pois como ele diz, o seucomportamento no tem sido de nenhum modo contrrio s leis deste pas, e contra o direito comum privar a um estrangeiro honesto da sua liberdade semformular uma acusao.

    Pouco tempo depois foi libertado livre de acusaes.()

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    O Duque de Newcastle (foto wikipedia)

    Aps 1745, nos doze anos seguintes o paradeiro preciso de Saint-Germain e assuas atividades so de natureza incerta. As suas prprias declaraes indicamque ele estava provavelmente a desenvolver tcnicas manufatureiras naAlemanha, principalmente na rea do tingimento. Em 1755 ele esteve

    envolvido na promoo de uma mquina inventada por um francs paraassoreamento e aumento da profundidade de portos, esturios e canaisaquticos, tendo feito uma viagem a Haia no fim de 1755 ou incios de 1756.

    3. Em Frana

    (Imagem de hyperstory.com)

    http://4.bp.blogspot.com/-ADdnViNjgNw/Uc9yEpnO8hI/AAAAAAAAAzg/SNLtoqJryzk/s521/europe.gifhttp://1.bp.blogspot.com/-xdODjDwoPus/Uc9xw9pLfNI/AAAAAAAAAzY/nOLXheGIzt0/s388/newcastle.jpg
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    ()Saint-Germain entra em Frana durante o vero ou nos incios do outono de1757. Nessa altura Frana era governada por Lus XV.() Saint-Germaintinha ligaes a pessoas prximas da Coroa francesa. Ao irmo da Mme dePompadour (grande amiga do rei e sua antiga amante) ofereceu as suastcnicas de tinturaria e outras mais que providenciassem emprego,aumentassem a riqueza nacional e aliviassem a cobrana de impostos aos

    pobres.

    Em Maio de 1758 tinha sido concedido a Saint-Germain o uso do Castelo deChambord , a residncia mais magnfica do Rei depois de Versalhes. Tambmfoi-lhe concedido o uso de trs cozinhas no rs-do-cho (para o processo de

    tingimento) e alguns dos seus anexos (para alojar a mo-de-obra). O trabalhono se havia iniciado pois tudo teria de vir da Alemanha. Ele conheceu o Rei eMme. De Pompadour em Versalhes, tornou-se um convidado frequente nasceias de Mme. De Pompadour e passou muitas noites com o Rei e a famliareal.

    Lus XV (foto wikipedia)

    () Naquela altura, Lus XV parecia ser uma das poucas pessoas a outrapode ter sido o Duque de Newcastlea quem Saint-Germain tinha revelado oseu segredo. Lus no recebia homens abaixo de uma determinada posio nanobreza, e no se teria permitido a sofrer a imposio de um charlato. Vale a

    pena referir que o predecessor de Lus XV e bisav Lus XIV (o rei Sol)

    tinha sido um bom amigo do pai de Saint-Germain, o prncipe Francisco IIRkczy.

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    Mme. de Pompadour cerca de 1750 (foto wikipedia)

    A hostilidade do Duque de Choisel para com Saint-Germain foi reveladadurante uma refeio na sua casa. O duque perguntou sua esposa porque elano estava bebendo, e ela respondeu que estava seguindo o regimerecomendado por Saint-Germain, e com grande sucesso. O duque proibiu-aimediatamente de seguir as loucuras de um homem to equivocado econtinuou alegando que sabia a verdade sobre Saint-Germain: Ele filho deum judeu portugus, que se impe pela credulidade da cidade e da Corte.

    Choiseul estava simplesmente a repetir boatos, embora seja provavelmenteverdade que Saint-Germain tenha passado algum tempo em Portugal, poisfalava a lngua fluentemente.

    O Duque de Choiseul (foto wikipedia)

    http://4.bp.blogspot.com/-qIV-OEYXJA0/Uc9yxIJPP0I/AAAAAAAAAz4/NeI-v5oaaPs/s347/choiseul.jpghttp://1.bp.blogspot.com/-2uYSBu9Xz_Y/Uc9ydQT-xCI/AAAAAAAAAz0/-H4fG-XqzZU/s373/pompadour.jpg
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    Nas suas memrias, Mme. De Genlis (ento conhecida como Stphanie-Felicit du Crest) relata que durante o vero de 1759, quando tinha 13 anos,ela via Saint-Germain virtualmente todos os dias e s vezes, enquanto cantava,ele acompanhava-a de ouvido com o cravo. Ela descreve Saint-Germain comoum bom mdico e um grande qumico. Ela tambm diz que ele pintava comleos, e alegava que pintava quadros em que as pessoas usavam joalharia, quedevido a um pigmento especial que ele havia descoberto, brilhava e refletialuz como se fosse feito de pedras verdadeiras. Saint-Germain era certamenteum conhecedor de pinturas, mas se ele prprio fosse pintor, teramos comcerteza ouvido isso de outros escritores. Ela tambm escreve:

    A conversa de Saint-Germain era instrutiva e divertida, ele tinha viajadobastante e conhecia histria moderna com extraordinrio detalhe, que o fazia

    falar de povos antigos como se ele tivesse vivido com eles Os seusprincpios eram dos mais elevados, ele cumpria com os deveres externos dareligio com preciso, era muito caridoso e toda a gente concordava que a suamoralidade era a mais pura.Contudo ela persistia em cham-lo de charlato. ()

    No sabemos se Saint-Germain possua poderes paranormais ou no, e noparecem haver relatos de testemunhas confiveis de demonstraes disso,havendo no entanto relatos confiveis de outros ocultistas importantes (como

    por exemplo Cagliostro e H.P. Blavatsky).

    Gleichen, um proeminente maon, descreve Saint-Germain como um homemde altura mediana, muito robusto, que se vestia com uma simplicidademagnfica e que era muito elegante() Acrescenta:Ele possua segredos qumicos, para a produo de cores, tintas e um metalsemelhante ao ouro de rara belezaEle mantinha um regime rigoroso, nunca

    bebendo enquanto comia, purgando-se com laxantes naturais (sene), quepreparava ele prprio, e era tudo o que recomendava queles que lheperguntavam o que deveriam fazer para prolongar as suas vidas.

    Vrias pessoas relatavam que Saint-Germain parecia ter 40 a 60 anos em1759. Uma das razes porque as pessoas pensavam que ele era mais velhomas no parecia, era porque, segundo dizia Gleichen em segunda mo, ocompositor Jean-Phiilipe Rameau e um parente idoso de um embaixadorfrancs em Veneza, ambos conheceram Saint-Germain em Frana. Mastambm disseram que o tinham conhecido em Veneza em 1710, aparentando50 anos, enquanto que em 1759 parecia um homem de 60. As pessoasassumiam que a dieta vegetariana de Saint-Germain e a ingesto regular deum ch contendo vagens de sene tinha-lhe permitido viver at uma idade

    invulgar. Era devido sua dieta especial que ele nunca era visto a comer empblico.

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    Mme. Du Hausset, uma dama de companhia de Mme. De Pompadour, disseque Saint-Germain no era forte nem magro, vestia-se de forma simples,mas com bom gosto e tinha diamantes muito belos nos seus dedos bemcomo na sua caixa de rap e no seu relgio. Saint-Germain alegadamentedisse-lhe: s vezes divirto-me, no fazendo as pessoas acreditar, mas emdeix-las acreditar que eu vivi nos tempos mais antigos.

    () Como muita gente testemunhou, Saint-Germain tinha um processosecreto para remover falhas dos diamantes e melhorar a sua cor e brilho.

    Numa ocasio o Rei mostrou-lhe um dos seus diamantes que tinha uma falha.Valia 6 mil livres, mas sem a falha valeria mais de 10 mil (cerca de 92 mileuros). Saint-Germain disse que conseguia eliminar a falha, e trouxe odiamante um ms mais tarde, embrulhado em amianto, sem a falha. Tinha o

    mesmo peso que antes. O joalheiro ofereceu 9600 livres por ele, mas o Reipreferiu guard-lo como uma curiosidade.

    Hoje em dia, a cor e brilho dos diamantes pode ser melhorado atravs dairradiao de eltrons ou neutres e diamantes defeituosos podem sermelhorados se mergulhados em poderosos cidos, isto se as falhas foremacessveis atravs de uma rachadura. No possumos os detalhes das tcnicasusadas por Saint-Germain, ele poder ter usado cidos (que eram amplamenteusados no tingimento) e /ou outros processos eltricos, qumicos oualqumicos.

    4. Misso de Paz

    Por volta de 1760 Saint Germain participa num conjunto de manobrasdiplomticas que tinham como objetivo fazer a paz com a Inglaterra, anulandoa aliana com a ustria, pas governado pelos Habsburgos e cujo domniosobre a Europa Saint-Germain no apreciava.

    Numa carta a Frederico, o Grande, um diplomata da Prssia falava sobreSaint-Germain da seguinte forma:

    Ele uma espcie de aventureiro, que tem vivido na Alemanha e Inglaterracomo Conde de Saint-Germain, que toca violino excelentemente, mas quetambm trabalha por trs das cortinas, e por isso fica com uma boa imagemO Conde deve presentemente desempenhar um grande papel na Corte deVersalhes, participando nas reunies ntimas do Rei e da Marquesa [dePompadour][E]le parece ter comunicado ao Rei de Frana algumasdescobertas curiosas que ele fez atravs da qumica, entre outros segredos de

    tingimento rpido de cores.

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    Willem Bentinck, um membro do parlamento holands comentava sobre St.Germain:

    A sua conversa agradou-me bastante, por ser extremamente brilhante,variada e cheia de detalhes com respeito a diferentes pases onde havia estado,muitas historietas interessantes e eu estava extremamente agradado com o seu

    julgamento sobre pessoas e lugares do meu conhecimento. Os seus modoseram extremamente polidos e falava com um homem instrudo da classe maisalta.Eu pressionei-o com questes, a que ele respondeu rpida e claramente.

    Willem Bentinck (foto wikipedia)

    Na verdade, muitas pessoas comentavam sobre a loquacidade e competnciade Saint-Germain como um contador de histrias.

    Sobre a imensa idade de Saint-Germain, o Conde Kauderback, umrepresentante do Rei da Polnia em Haia comentou em 1760:

    A verdade que um membro do Conselho Geral que tem cerca de 70 anosdisse-me que viu este extraordinrio homem na casa do seu pai quando ele eraapenas uma criana, e no entanto, ele mantm os movimentos soltos e geis deum homem trinto. As suas pernas esto sempre prontas a dar uma volta, eletem o seu prprio cabelo negro e que cresce em toda a sua cabea e mal temuma ruga na sua cara. Ele nunca come carne, exceto um pouco de carne

    branca de galinha e limita a sua nutrio a cereais, vegetais e peixe. Ele toma

    grandes cuidados com o frio.

    http://2.bp.blogspot.com/-4JBwa9mqgiA/Uc9zIgWgSwI/AAAAAAAAA0A/LVYF6stEwiw/s364/bentinck.jpg
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    O conde Kauderback acrescenta que Saint-Germain alegava ter aprendido osmais belos segredos da Natureza, era extremamente rico e tinha-lhe mostrado

    pedras de valor inestimvel.

    Um dos grandes opositores de Saint-Germain foi o duque de Choiseul, quechegou a ser ministro dos Negcios estrangeiros francs.

    Tambm em 1760 Choiseul escrevia ao embaixador francs em Haia, DAffry que uma carta que Saint-Germain havia escrito a Mme. De Pompadourera suficiente por si s para demonstrar quo absurda esta personagem; umaventureiro de primeira ordem e ainda por cima muito estpido.

    Voc tem ordens minhas para avis-lo que se me chegar aos ouvidos que elese intrometeu em poltica, muito ou pouco, eu obterei uma ordem do Rei que,

    caso regresse a Frana far com ele passe o resto dos seus dias numamasmorra

    Mais tarde Saint-Germain comentaria:

    Ele (dAffry] no percebe que eu tenho passado pelo meio de elogio e culpa,medo e esperana e no tenho outro objetivo que no seja o bem dahumanidade, fazer o melhor possvel pela humanidade. O Rei sabe bem isso, eeu no tenho medo dos senhores DAffry ou Choiseul.

    Mas Saint-Germain acabaria por ser trado e o seu papel como mediador depaz foi abortado. Lus XV recuou perante Choiseul e Saint-Germain foisacrificado, fugindo para Inglaterra. l que recebe uma carta de um amigoholands, o Conde de la Watu.

    () Eu ponho seja o que for em jogo e farei todos os esforos imaginriospara prestar a minha homenagem a voc pessoalmente, pois no me passadespercebido o facto, Senhor, de seres o maior da Terra, e fico mortificado

    por gente malvada se ter atrevido a vos causar problemas. Ouvi que dinheiro e

    intrigas foram empregues contras as vossos esforos de paz.

    Mas as autoridades inglesas tambm no querem Saint-Germain no seu pas eele acaba por voltar a terras holandesas.

    5. Pelo norte da Europa, Itlia e Turquia

    Em maro de 1762 o Baro van Hardenbroek escrevia no seu dirio que tinhaouvido que Saint-Germain estava a viver perto de Nijmegen. Era um grande

    filsofo, de carcter virtuoso e inclinado a ajudar a Repblica com as suasmanufaturas e ajudava tambm com a preparao de cores para uma fbrica

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    de porcelanas em Weesp. Tinha ainda uma enorme correspondncia compases estrangeiros.

    No mesmo ano (1762), Saint-Germain visitar a Rssia para adquirir algunsdos ingredientes para seus os processos de manufaturao.

    Em 1763 passa pela Blgica onde conhece um ministro, o Conde Cobenzl quenuma carta ao chanceler austraco diz o seguinte:

    H cerca de trs meses a pessoa conhecida por Conde de St. Germain passoupor aqui e contactou-me. Considero-o o homem mais singular que j conhecina minha vida. No conheo exatamente o seu bero, mas acredito que seja ofilho de unio clandestina feita por um membro de uma casa ilustre e

    poderosa. Dono de grande riqueza, ele vive na maior simplicidade. Ele sabe

    tudo e de uma retido e bondade dignas de admirao. Entre outras provasde sabedoria, ele fez vrias experincias frente dos meus olhos e em brevemandarei a Vossa Excelncia algumas amostras. A mais essencial atransformao de ferro num metal to belo como o ouro e que no mnimoto bom como o produto do trabalho de um ourives.O tingimento e a preparao de couros que ultrapassavam toda amarroquinaria existente e o mais perfeito curtimento. O tingimento de sedasatingia uma perfeio nunca vista at agora. O tingimento de ls erasemelhante, feito nas cores mais vvidas () com os ingredientes maiscomuns e a um preo modesto. A produo de cores como as cores de umartista, o ultramarino to perfeito como se fosse o de lpis e finalmente aremoo dos cheiros dos leos usados na pintura e a preparao do melhorleo da Provena a partir de sementes de colza ou de outros leos dequalidade inferior.

    O Conde Cobenzl ,noutra carta, acrescentar sobre Saint-Germain:

    () ele tem uma propriedade na Holanda que est dois teros paga e temvalores, que foram avaliados por quem lhe emprestou dinheiro, em mais de

    um milho.() certo que ele de bero ilustre, mas sendo isso segredodeve guard-lo pois o contrrio no serve os meus interesses. Ele fala da suariqueza e na verdade deve possuir muito, pois onde quer que ele v, tem dadomaravilhosas ofertas, gasto bastante, nunca pediu nada e nunca deixa dvidas.

    Saint-Germain tinha vindo a refinar os seus processos secretos durantedcadas. As informaes dadas por Cobenzl indicam que ele pegava em ferroem bruto e fazia algo que causava a sua mudana de escuro para dourado,imergia-o em gua (possivelmente com aditivos) e depois de fornecer as suas

    propriedades gua, ele removia-o e metia l dentro os materiais a seremtingidos. A gua onde a tingimento havia sido feito seria mais tarde usado

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    para fazer tintas. De acordo com um especialista moderno na rea dotingimento, a permutao do ferro para dourado poderia ser cloreto frrico oumais provavelmente ferrocianeto. Usando ingredientes bastante comuns e

    baratos, Saint-Germain estava a fazer tingimento qumico antes da era dotingimento qumico.

    Jean Overton Fuller[teosofista britnica que tambm foi autora de umainteressante biografia de H.P. Blavatsky, chamada Blavatsky and herteachers] diz que a produo de tecidos baratos com um leque de coresalegres feita por Saint-Germain pode ter antecipado a Revoluo Industrial emmais de um sculo.

    Saint-Germain estava a oferecer o primeiro mercado em massa, e podemosver atravs destes detalhes o tipo de revoluo que ele poderia ter forjado em

    Frana, onde para alm de dar um emprego pago aos trabalhadores - deixados fome graas runa dos proprietrios das terrasele teria produzido roupa eoutros bens a um preo acessvel para as pessoas, reduzindo a distino declasses e criando novas exportaes, ou seja, nova riqueza interna, assimtalvez evitando a sangrenta Revoluo que se seguiu."

    Muito pouco se sabe sobre se as fbricas que Saint-Germain ajudou a montarem vrios lugares foram um sucesso duradouro e o alcance do seu impactoeconmico.

    Em 1765 St. Germain estava na Rssia, tendo em 1770 participado numabatalha que opunha os russos aos otomanos. Lutou ao lado dos russos, muitoprovavelmente ao lado do comandante russo, seu amigo, Alexei Orlov.

    Alexei Orlov (foto wikipedia)

    http://en.wikipedia.org/wiki/Jean_Overton_Fullerhttp://en.wikipedia.org/wiki/Jean_Overton_Fullerhttp://2.bp.blogspot.com/-PS2wNRVs1Vw/Uc9z1Otyv7I/AAAAAAAAA0I/eW0-AKD4j4s/s412/alexei+orlov.jpghttp://en.wikipedia.org/wiki/Jean_Overton_Fuller
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    6. Viajando na Alemanha

    Em 1774 Saint-Germain estava em Ansbach, localidade que hoje pertence Bavaria, a sudoeste de Nuremberga. Vivia sob o nome de Conde Tsarogy emais tarde foi descrito assim:

    Este homem singular, que no seu tempo causou tanta sensao imerecida,viveu durante vrios anos no Principado de Ansbach, sem ningum ter amnima ideia de que ele era o misterioso aventureiro sobre quem as pessoasatribuam histrias to extraordinrias.

    Saint-Germain descrito como algum que vivia muito retirado e em

    recluso, mas que no deixava de fazer atos benevolentes.

    O estrangeiro parecia ter 60 a 70 anos, sendo de mdia estatura, mais magroque corpulento, o seu cabelo grisalho escondido por baixo de uma cabeleira,

    parecendo um homem vulgar, um italiano idoso. As suas roupas eram muitosimples, a sua aparncia no mostrava nada de extraordinrio.

    Ele no tinha criados, comia sozinho e da forma mais simples possvel, noseu prprio quarto, que ele poucas vezes abandonava. As suas necessidadeseram reduzidas ao mnimo. No tinha crculo social, mas passava as noites

    com o Markgraf e a Senhorita Clairon e amigos trazidos pelo Markgraf. Eleno podia ser persuadido a comer na mesa real.

    A sua conversa era sempre interessante e mostrava muito conhecimento domundo e das pessoas, mas s vezes surgia uma referncia misteriosa e eleinterrompia a conversa ou mudava de assunto quando algum tentava sabermais dele. Ele gostava de falar sobre a sua infncia e da sua me, de quem elenunca falava sem emoo. Acreditando nele, a sua educao dever ter sido ade um prncipe.

    O que este homem singular fazia durante cada dia seria difcil de dizer. Eleno tinha livros com ele, exceto uma cpia suja de Pastor Fido. Ele muitoraramente deixava algum entrar no seu quarto, mas quando algum o fazia,usualmente encontravam-no com a sua cabea envolta num pano preto. A suaocupao preferida era a preparao de todo o tipo de corantes. A janela doseu quarto, que dava para o jardim, estava to salpicado de corantes que nose conseguia ver atravs dela. ()

    [Tsarogy] confessou ao Markgraf que o nome Tsarogy era falso, ou umaespcie de anagrama, e que ele era na verdade um Rkczy, o ltimo

    descendente do prncipe Rkczy da Transilvnia, do tempo do ImperadorLeopoldo.

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    Mas, mais tarde chegam relatos contrrios sobre as origens de Tsarogy aosouvidos de Markgraf, que fica a saber de vrios nomes que ele tinha usado nosseus diversos pontos de paragem. Quando Saint-Germain confrontado com

    isso e com o desagrado do Markgraf com o abuso da sua boa vontade ouviu todas as acusaes num modo completamente relaxado e disse queele havia, numa altura ou noutra, usado todos os nomes referidos () mas,disse que sob todos esses nomes foi conhecido com um homem dehonraNo tinha receio de nada, pois nada havia para alimentar o seudescrdito. Ele afirmou com uma certeza inabalvel que nada tinha dito defalso ao Markgraf em relao ao seu nome e revelou-lhe a sua verdadeirafamlia. Ele julgava que como nada tinha pedido ao Markgraf, no tinhamagoado ningum e no havia causado problemas, seria simplesmente julgado

    pela sua conduta.

    No que diz respeito aos conhecimentos mdicos de Saint-Germain,Gemmigen-Guttenberg diz:

    A prescrio dele consistia basicamente numa estrita dieta e num ch, a queele chamava de Ch da Rssia ou Acqua Benedetta () Seria uma ingratidocham-lo de trapaceiro. Enquanto ele ficou com o Markgraf, nunca pediunada, no recebeu nada de valor nem nunca se envolveu em algo imprprio.Devido ao estilo de vida muito simples, as suas necessidades eram quasenenhumas. Se ele tivesse dinheiro, ele partilhava-o com os pobres. No deixouquaisquer dvidas.

    Em 1776, Saint-Germain chega a Leipzig usando outro nome e essas notciaschegam aos ouvidos de Frederico, o Grande que tenta descobrir os propsitosdo Conde. Von Bosch, tambm ele conde, banqueiro, maon e com um altocargo de Estado informar Frederico que Saint-Germain no era um Adepto,apenas um teosofista (na linha de Boehme). Von Bosch deixa de falar comSaint-Germain quando este lhe pede dinheiro emprestado. Jean Overton Fuller

    interroga-se se o facto de Saint-Germain ter revelado a sua identidade, teria aver com a queda dos Orlovs na Rssia, pois assim a Prssia poderia ajud-lo alibertar a Transilvnia, mudando a balana do poder na Europa, no sentido dese generalizar a liberdade de pensamento. Outro conhecido de Frederico dir-lhe- que Saint-Germain no um um maon, um mago, nem sequer umteosofista.

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    Frederico Augusto de Brunswick(foto wikipedia)

    Em 1777, o Conde Lehndorff, camareiro da Rainha da Prssia, escreveu noseu dirio que havia passado trs dias com Saint-Germain, o homem maisnotvel na Europa:

    Ele segue uma dieta rigorosa, observa grande frugalidade, bebe apenas guanunca vinho e apenas toma uma refeio por diaEle prega a virtude, aabstinncia e as boas aes e constitui um exemplo a este respeito. Ningum

    pode censur-lo pelo mnimo de impropriedade em qualquer assunto. Ele noparece ser to rico quanto era antes

    A sua expresso d uma impresso de extraordinria espiritualidade. O seudiscurso espirituoso e prende a ateno, mas ele no gosta de contraditrio.

    As pessoas inventam mitos sobre ele e sobre aquilo que ele no diz. Algunspensam que ele um judeu portugus, outros de que tem duzentos anos deidade e que um prncipe destronado. Alguns acusam-no de fazerem as

    pessoas acreditar que ele deve ser o terceiro filho do prncipe Rkczy.

    Ele fala como um grande mdico. Acima de tudo, ele um doutor e fala doseu p precioso, que deve ser bebido como ch. Deixei que ele me enchesseuma xcara. Tinha gosto de anis, e os efeitos foram idnticos aos do anis. Elediscursa constantemente sobre o equilbrio entre o corpo e a alma. Quandoisso observado, diz ele, a nossa mquina [NT:life-machine no original] no

    se avaria.

    http://1.bp.blogspot.com/-xhYXtf7TZRE/Uc90fhJ75PI/AAAAAAAAA0Q/cCCgbuu0HoY/s480/friedrich+august.jpg
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    Outro maon comentou tambm em 1777:

    Sabendo que ele havia rejeitado certas pessoas que o consideravam um

    fazedor de milagres, eu procedi de modo inverso tratando-o como um homemcomum, cujo conhecimento de qumica e fsica despertou a minhacuriosidade.

    Ele pareceu-me um homem entre 60 e 70, jovem para a sua idade, rindo comdesdm daqueles que lhe creditam uma idade extraordinria. Espera contudoviver por muito tempo, graas ao seu regime alimentar e remdios. Contudo, asua aparncia no parecia prometer uma vida muito mais longa. ()

    Tendo ganho a sua confiana, levei-o a falar de Maonaria. Sem evidenciar

    muito zelo ou mesmo particular ateno, ele confessou ser do 4 grau, emborano fosse capaz de se lembrar dos sinais. Ele parecia no saber nada dosistema de Estrita Observncia, e por isso, no consegui ir mais alm naconversa.Por tudo isto, posso concluir que ou ele dissimula ou ento no dos nossos.Inclino-me mais para esta hiptese, principalmente porque no que diz respeitoa religio e filosofia ele um puro materialista.

    Outros maons tambm catalogaram St. Germain de puro materialista, masinclusive alguns dos seus poemas mostravam que reconhecia um ladoespiritual no cosmos.

    O embaixador prussiano na Saxnia em 1777 escreveu o seguinte sobre Saint-Germain:

    Ele diz que o prncipe Ragotzi e para fornecer-me provas de particularconfiana acrescenta que tinha dois irmos, que se rebaixaram para sesubmeterem ao seu destino infeliz e que a certa altura ele tomou o nomeConde de Saint-Germain, que significa o sagrado entre os irmos [sanctus

    germanus=irmo sagrado].

    ()Voltando questo francesa, existe uma lenda bem conhecida de que Saint-Germain visitou Maria Antonieta quando esta era rainha para lhe avisar daRevoluo e da carnificina que aconteceria. Contudo o livro que conta estahistria no da pessoa a quem foi atribudo (uma confidente de MariaAntonieta).

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    Maria Antonieta (foto wikipedia)

    7. O prncipe Carl e os anos finais

    O prncipe Carl era neto do Rei Jorge II de Inglaterra e em 1769 comearia agovernar os ducados de Schleswig e Holstein (hoje parte da Dinamarca) emnome do governo do seu cunhado, o rei Cristiano VII da Dinamarca e

    Noruega. Tornou-se maon a partir de 1774. Sobre St. Germain disse:

    Carl de Hesse-Cassel

    http://2.bp.blogspot.com/-mWmHcJJephE/Uc909PsYW4I/AAAAAAAAA0g/htWpKrCyuwg/s457/carl.jpghttp://3.bp.blogspot.com/-biZ4hvrcyu4/Uc90uQLXGHI/AAAAAAAAA0Y/7e7hUIN2cqw/s449/marie-antoinette.jpg
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    Ele falou-me das grandes coisas que queria para a humanidade, etcEu noestava particularmente desejoso disso, mas no fim tive os meus escrpulossobre rejeitar conhecimento que era muito importante e tornei-me seudiscpulo. Ele falava muito da melhoria das cores, que custaria praticamentenada, da melhoria dos metais, acrescentando que era absolutamentenecessrio aderir fielmente a este princpioNo existe praticamente nada na

    Natureza que ele no saiba como melhorar e usar. Ele confidenciou-me algosobre a sabedoria da Natureza, mas apenas a parte introdutria, fazendo comque eu, por experincia prpria, tentasse alcanar sucesso, regozijando-se eleextremamente com os meus progressos. Assim aconteceu com os metais e

    pedras preciosas, mas quanto s cores ele acabou por me d-las, assim comoimportante informao.

    A documentao deixada pelo prncipe Carl inclua a receita para o famoso

    ch de Saint-Germain: continha vagens de sene, flores envelhecidas e erva-doce embebido em vinho. Tinha um efeito laxativo e propriedades geraissaudveis. Carl conta que a sua esposa estava uma vez muito doente com umataque de catarro, com muitas dores e com febre. Ela tomou um dos remdiosde Saint-Germain e uma hora depois estava perfeitamente saudvel. Saint-Germain aparentemente seguia a tradio dos antigos herbalistas,acrescentando alguns refinamentos prprios. Carl escreve:

    Ele sabia perfeitamente tudo sobre ervas e plantas e tinha descobertoremdios que usava continuamente e que lhe prolongavam a vida e a sade.Eu ainda possuo algumas das suas receitas, mas os mdicos denunciaramveementemente a sua cincia aps a sua morte. Havia um mdico de nomeLossau, que havia sido um boticrio e a quem eu dei doze mil coroas por ano

    para trabalhar com os remdios que o Conde Saint-Germain lhe havia dado,principalmente com o seu ch, que os ricos compravam e os pobres recebiamgratuitamente.Este mdico curou muitas pessoas, das quais, segundo sei, nenhuma morreu.Mas depois da morte do mdico, desgostoso com as propostas que recebi detodos os lados, eu retirei todas as receitas e no substitui Lossau.

    H quem diga que Saint-Germain teve um papel importante nodesenvolvimento de sociedades secretas, como os Rosacruzes ou a Maonaria.Mas no h provas disso, e at existiam muitos maons que tinham inveja dafama e conhecimentos de Saint-Germain, e que por isso lhe eram hostis.

    Contudo existe uma carta (embora haja dvidas da sua autenticidade) doprncipe Carl onde consta o seguinte:

    Ele sempre agiu como se no soubesse nada de Maonaria ou de alto

    conhecimento, embora durante o ltimo ano uma srie de coisas convenceu-

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    me do contrrioApesar de nunca se ter declarado Maon, ele disse algoestranho, que ele era o o mais antigo dos Maons.

    Noutra carta Carl descreveria Saint-Germain da seguinte forma:

    Ele foi provavelmente um dos maiores filsofos que j existiu. Um amigo dahumanidade, s querendo dinheiro para dar aos pobres e tambm um amigodos animais. O seu corao nunca estava ocupado exceto com o bom dosoutros. Ele pensava que fazia o mundo mais feliz ao lhe dar novos prazeres, ostecidos mais belos, as cores mais belas, muito mais baratas do que antes, poisos seus corantes soberbos no custavam praticamente nada. Nunca vi umhomem com uma inteligncia mais clara do que a dele, junto com umaerudio (especialmente em histria antiga) como eu raramente encontrei.

    Carl diz que os princpios filosficos de Saint-Germain na religio eram puromaterialismo. Portanto vemos aqui Carl a cometer o mesmo erro de outrosmaons. No sabemos os detalhes das suas conversas e os ensinamentos deSaint-Germain. Mas o que sabemos que, segundo Carl, Saint-Germain noera de modo algum um adorador de Jesus Cristo. Carl uma vez disse a Saint-Germain que achava as suas observaes sobre Jesus ofensivas e que Saint-Germain prometeu no abordar o assunto novamente. Muito provavelmenteele teria dito que Jesus era um sbio com uma vida sagrada mas no o filhounignito de Deus. Saint-Germain no era claramente um testa, um crente nateologia ortodoxa do Cristianismo, mas tambm no era um materialista queacreditasse na existncia de nada mais do que a matria fsica. Ele poder teraderido a uma viso pantesta da natureza que soasse aos Maonsconvencionais mais como materialismo atesta.

    Por volta de 1783, a sade de Saint-Germain estava claramente a falhar. Elesempre tinha sido muito vulnervel ao frio e sofria de reumatismo. Termorrido a 27 de fevereiro de 1784, mas devido a um grande temporal em1872, no se sabe exatamente onde estar agora o corpo de Saint-Germain.

    Ele era to pobre na altura da sua morte, que os seus bens no cobriam o custodo seu funeral e portanto foi-lhe dado um funeral gratuito por considerao aoseu patrono, o prncipe Carl. Tudo o que ele deixou foi um mao de contas

    pagas, uma pequena quantia de dinheiro, alguma roupa e algumas outrascoisas como lminas e escovas de dentes. O valor dos seus bens valeria hojecerca de 690 libras esterlinas. No havia diamantes, pinturas, partiturasmusicais, livros ou violino.

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    8. As origens do Prncipe Rkczy

    Saint-Germain

    Saint-Germain deu indicaes a vrias pessoas de que era o filho de Francisco(Ferenc) Rckzy II da Transilvnia. Rckzy (pronuncia-se rakotsi) era onome de uma famlia nobre do Reino da Hungria entre os sculos XIII eXVIII. Francisco II foi o membro mais famoso da famlia por ter estado na

    linha da frente da rebelio da Hungria contra os Habsburgos da ustria.Derrotados, os Rckzy viram a sua fortuna confiscada. Saint-Germaindever ter sido um filho ilegtimo de Francisco II, especulando Jean OvertonFuller que a me do grande ocultista ter sido a Princesa Violante da Bavaria,esposa do Princpe Ferdinando dos Medici, negligenciada e triste em Florena,onde Rckzy chegou em Maio de 1693. No h contudo provas queFrancisco e Violante se tenham encontrado. As fotos abaixo sugerem algumas

    parecenas entre Saint-Germain e Violante. Esta data de 1693 como a deconceo de Saint-Germain congruente com outras informaes disponveisde que teria 88 anos quando se instalou em Eckernfrde (1779).

    http://4.bp.blogspot.com/-Ux-AAVZtyf8/Uc91X7xxf-I/AAAAAAAAA0o/bUdKPCctGXo/s469/st-germain5.jpg
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    Francis Rkczy (por dm Mnyoki, 1724)

    Fuller sugere ento que Saint-Germain era o filho do prncipe Rckzy daTransilvnia e da Princesa Violante.

    Princesa Violante

    Esta seria uma razo para que os Medici o tivessem criado, pois porque razocuidariam dele a menos que a sua me fosse algum da sua prpria famlia?.Ela acrescenta ainda que Rckzy poderia desconhecer este seu filho, pois osMedici eram de tal forma ricos que no necessitavam do dinheiro de Rckzy

    para criar o conde.

    http://3.bp.blogspot.com/-4nNHDhb4Q0g/Uc915ZGANjI/AAAAAAAAA08/Qcxw8EAVg5U/s383/violante.jpghttp://1.bp.blogspot.com/-BUxxCF00aYo/Uc91efNrOSI/AAAAAAAAA00/zUt1TORMA2A/s427/rakoczi.jpg
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    Gian Gastone sempre foi compreensivo para a sua negligenciada cunhadaViolante e poder ter persuadido o seu pai, Cosimo, a cuidar da criana no seular, como j tinha acontecido muitas outra vezes com crianas de outras boasfamlias. Isto est de acordo com os comentrios de Saint-Germain de que elehavia sido tremendamente protegido e educado por Gian Gastone. A Casados Medici possua grande conhecimento, mas Saint-Germain disse a Carl queele havia aprendido os segredos da Natureza pelos seus prprios esforos e

    pesquisas. A ligao de Saint-Germain com os duques de Medici ajuda aexplicar a razo de ele possuir um Raphael e outras pinturas valiosas e decomo ele se tornou num msico e compositor.

    9. Mensageiro e Adepto

    Como foi referido na introduo, Helena P. Blavatsky referiu-se a Saint-Germain como o maior Adepto oriental que a Europa j conheceu durante osltimos sculos. Ela usava a palavra Adepto para se referir a ocultistas emsticos de diferentes graus, no apenas a Mahatmas.

    Sobre como os Mahatmas selecionam os seus discpulos ou chelas, Blavatskyescreve:

    Durante sculos, a seleo de chelas fora do grupo hereditrio dentro dosgon-pa [mosteiro Budista] tem sido feito pelos prprios Mahatmas dosHimalaias dentro da classe (no Tibete, considervel, atendendo ao nmero)dos msticos naturais. As nicas excees tm sido em casos de homens doOcidente como Fludd, Thomas Vaughan, Pico della Mirandola, Conde deSaint-Germain, etc cuja afinidade de temperamento com esta cinciacelestial de certa forma forou os Adeptos distantes a estabelecerem relaes

    pessoais com eles, e possibilitaram que eles obtivessem aquela pequena (ougrande) poro da Verdade dentro das possibilidades dos condicionamentossociais da altura.

    Ela menciona Saint-Germain como um exemplo de algum que com treinoprecoce e mtodos especiais atingiu o estdio de um homem da 5 ronda edesenvolveu os seus sentidos superiores. Ela tambm escreveu:

    O tratamento que foi dado memria deste grande homem - aluno doshierofantes da ndia e do Tibete e proficiente na sabedoria oculta do Oriente um estigma sobre a natureza humana. E assim tem sido a forma como esteestpido mundo tem tratado todas as outras pessoas que, tal como Sant-Germain, o revisita aps longo tempo de isolamento dedicado ao estudo, comas suas reservas de sabedoria esotrica acumulada, na esperana de melhor-lo

    e de faz-lo mais sbio e feliz.

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    Blavatsky sugere que Saint-Germain poder ter sido capaz de se recordar dealgumas das suas vidas passadas:

    Se ele dissesse que tinha nascido na Caldeia e professado possuir os segredosdos sbios e magos egpcios, ele poderia ter falado a verdade sem fazernenhuma afirmao miraculosa. Existem iniciados, no necessariamente osmais elevados, que esto em condies de se recordar de mais do que uma dassuas vidas passadas.

    Quando que ele morreu?

    Numa carta escrita a A.P. Sinnett em agosto de 1881, o Mahatma KH disseque o ocultista francs Eliphas Levi (1810-1875) tinha estudado a partir demanuscritos rosacrucianos (dos quais s sobravam trs cpias na Europa).

    Estes expem as nossas doutrinas orientais com base nos ensinamentos deRosencreuz, que, aps o seu regresso da sia, as revestiu com uma roupagemsemicrist, com a inteno de proteger os seus discpulos da vingana clerical.Rosencreuz ensinou verbalmente. Saint Germain registou as boas doutrinasem linguagem cifrada, e o seu nico manuscrito cifrado permaneceu em poderdo seu fiel amigo e protetor, o benvolo prncipe alemo de cuja casa e emcuja presena ele fez a sua ltima sada para o LAR. Fracasso, totalfracasso! [Cartas dos Mahatmas para A.P. Sinnett, vol. I, Carta XX, p.132]

    () Os mestres presumivelmente viam a misso de Saint-Germain como umfalhano pois esperavam que tivesse evitado muita da violncia ederramamento de sangue que tinha acompanhado a transio de umasociedade aristocrtica e feudal, dominada pelo absolutismo monrquico e

    pela igreja dogmtica para a nova sociedade industrializada, caracterizada poruma maior liberdade individual e poltica.

    Na opinio de Blavatsky, se Saint-Germain realmente morreu em 1784, o seuenterro no seria discreto, mas com grande pompa e circunstncia, condizente

    com o seu estatuto. Por outro lado, poder-se-ia argumentar que o seu discretofuneral estaria de acordo com estilo de vida em retiro e o low-profile quecaracterizou os seus ltimos anos de vida. N "O Teosofista" de 1881,Blavatsky menciona alegadas evidncias no sentido positivo de que Saint-Germain ainda era vivo vrios anos depois de 1784:

    Diz-se que ele teve uma importante conversa privada com a Imperatriz daRssia em 1785 ou 1786, e apareceu Princesa de Lamballe enquanto elaestava diante do tribunal, poucos momentos antes dela ser abatida por uma

    bala e um carniceiro lhe ter cortado a sua cabea. Tambm apareceu Jeanne

    du Barry, a amante de Lus XVI, enquanto ela esperava no seu cadafalso emParis, o golpe da guilhotina nos dias do Terror, em 1793."

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    Vrias outras referncias existem aludindo sobrevivncia de Saint-Germainpara l de 1784, embora no sejam de testemunhas credveis.

    Se ele realmente morreu nesse ano, seria muito bem possvel para umMahatma projetar o seu mayavi-rupa , fazendo-o assumir a aparncia ecaractersticas de Saint-Germain e aparecer a quem ele quisesse.

    10. Os escritos de Saint-Germain

    Sobre os escritos de Saint-Germain, HPB escreve:

    O Conde de Saint-Germain deixou nas mos deste Maon [um homem que

    vivia em Londres e que tinha falecido nos primeiros meses de 1889] algunsdocumentos com a histria da Maonaria, contendo a chave para vriosmistrios mal entendidos. Ele f-lo com a condio que estes documentos setornassem a herana secreta de todos os descendentes dos cabalistas que setornassem maons. Estes documentos contudo eram valiosos apenas para doismaons, o pai e o filho que havia morrido e no tero qualquer utilidade paramais algum na Europa. Antes da sua morte, estes preciosos documentosforam deixados a um oriental (hindu) que foi encarregue de transmiti-los auma certa pessoa que viria a Amritsar, Cidade da imortalidade, para reclam-los.

    De acordo com Blavatsky, uma cpia nica dos manuscritos do Vaticanosobre a Cabala diz-se ter estado na posse de Saint-Germain. Diz ela que o

    pergaminho contm a mais completa exposio de como as intelignciassuperiores que foram mais tarde coletivamente transformadas num Deuscriadorformaram um universo orgnico e inclui ainda os pontos de vista dosLuciferianos e outros Gnsticos. Ela acrescenta que os sete sis da vida(logoi solares, dhyani-chohans) - apenas quatro dos quais so mencionadosnas edies pblicas da Cabala - so referidos na ordem em que se encontram

    na doutrina Hindu do sapta-surya (sete sis), indicando que os ensinamentostiveram origem na Doutrina Secreta dosArianos.

    A autoria do notvel trabalho A santssima Trinosofia algo controverso.Foi alegadamente escrito pelo Conde de Saint-Germain ou pelo CondeAlessandro di Cagliostro. O manuscrito de 96 pginas est na posse da

    biblioteca francesa em Troyes. um manuscrito, a maior parte do qual emfrancs e tambm contm letras, palavras e frases em vrias outras lnguas,alm de imagens semelhantes a hierglifos egpcios, algumas palavras emcarateres que se assemelham escrita cuneiforme e vrias pginas que

    terminam em cdigos. A sua prosa potica est cheia de smbolos manicos e

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    cabalsticos, assim como os desenhos com que est ricamente ilustrado. Aobra trata de forma velada e alegrica os mistrios da iniciao.

    Capa (retirado de bibliodyssey.blogpot.com)

    A primeira folha do manuscrito contm uma nota dizendo que pertenceu aofamoso Cagliostro e que foi encontrado por Massena em Roma. Uma notaassinada por um filsofo que se auto-designa por Philotaume I .A.C diz que uma cpia nica de uma obra de Saint-Germain. Manly Hall acredita que foide facto escrita por Saint-Germain e que foi apreendida pela Inquisioquando Cagliostro foi preso em Roma em 1789. Jean Overton Fuller, poroutro lado, sugere que foi escrita por Cagliostro quando ele esteveencarcerado no Castelo de SantAngelo.

    http://3.bp.blogspot.com/-7V-oWVLM69o/Uc92Ufm95rI/AAAAAAAAA1E/rQKVwRcLgic/s400/trinosophia1.jpg
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    Ilustrao da 12 e ltima parte

    11. Neoteosofia

    A tradio neoteosfica de Annie Besant e Charles Leadbeater mostra vrias efundamentais diferenas quando comparada com os ensinamentos teosficosapresentados por H.P. Blavatsky e os mahatmas, e outros instrutoresteosficos como William Quan Judge e Gottfried de Purucker. Existem

    poucas pessoas hoje que pensam que no existiu auto-iluso envolvida naclarividncia de Besant e Leadbeater, por exemplo nas descries de vidas

    passadas deles prprios e dos seus colaboradores, dos seus encontros com osmahatmas, das suas experincias iniciticas no plano astral, e das suasdescries de habitantes de outros planetas no nosso sistema solar.

    http://2.bp.blogspot.com/-W3YAQnCXm-c/Uc92pUX6yJI/AAAAAAAAA1M/pZuFoy3uOEk/s400/trinosophia2.jpg
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    Este quadro, de autor desconhecido, supostamentemostra Blavatsky e os seus trs "mestres" (Kuthumi,

    Morya e Saint-Germain. Contudo Blavatsky nunca se referiunos seus escritos ao "Mestre Saint-Germain" ou "MestreRkczy" e nunca chamou a Saint-Germain seu mestre.

    Ambos identificam o Conde de Saint-Germain como o Mestre Rckzy, ou OConde, que hoje vive num castelo na Europa Oriental. Baseando-se nas suasfaculdades de clarividncia/fantasias, Leadbeater lista a lista de encarnaes

    do Conde: ele foi Francis Bacon no sc. XVII, Roberto, o Monge no sc. XVI(existe algum com o mesmo nome, conhecido por ter sido um cronista naPrimeira Cruzada, mas viveu no sc. XII), Hunyadi Janos (um general eGovernador-Regente do Reino da Hungria) no sc. XV, Christian Rosenkreuzno sc. XIV (as vidas de Hunyadi Janos e Rosencreuz provavelmentesobrepem-se no tempo) e Roger Bacon no sc. XIII. Antes disso, ele tersupostamente sido o neoplatnico Proclo e antes ainda Santo Albano.Leadbeater alegou ter conhecido O Conde em carne e osso em Roma,descrevendo os seus modos e aspeto.

    Diz-se na neoteosofia que o Mestre Rckzy um dos mestres responsvelpelos sete raios, sendo os outros Kuthumi, Morya, Jesus, Hilarion, Serapis eo Veneziano. Ele supostamente o responsvel pelo stimo raio (associado magia cerimonial e ordem).

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    "Mestre Ascenso Saint-Germain"

    A parania dos Mestres Ascensos merece apenas uma breve referncia. Em1930, Guy Ballard (1878-1939), afirmava ter conhecido o mestre ascensoSaint-Germain no Monte Shasta. Ele supostamente levou Ballard e a suaesposa a uma conveno de Venusianos no Grand Teton [NT:parque nacionalnorte-americano]. Ballard fundou o grupo I AM e ele, sua mulher e seufilho tornaram-se nos nicos mensageiros acreditados e publicaram muitasmensagens canalizadas dele. Hoje em dia, numerosos canais e cultos afirmamreceber mensagens de Saint-Germain e de outros mestres ascensos, quenormalmente vivem nos reinos superiores. Muitos produtos relacionados estodisponveis para venda, como um marcador de livros de seda infundido com aenergia de Saint-Germain e vrios sprays e essncias para facilitar a ascenso

    para dimenses superiores e comunicar com Saint-Germain. Agradecem-sedonativos

    http://1.bp.blogspot.com/-s6vFWNipILA/Uc94Oe69FkI/AAAAAAAAA1k/9m1w4o--ajs/s394/st-germain2.jpg
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    "Mestre Ascenso Saint-Germain"com um penteado diferente

    12. Cagliostro e Mesmer

    Saint-Germain, Cagliostro e Mesmer foram todos mensageiros daFraternidade Himalaia durante o sc. XVIII, assim como H.P.Blavatsky foisua mensageira no sc. XIX. KH diz que Saint-Germain e Cagliostro foramambos cavalheiros da mais alta educao e das mais elevadas realizaes, e

    presumivelmente europeus mas que eram olhados na altura e posteriormentecomo impostores, cmplices, trapaceiros [Cartas dos Mahatmas para A.P.

    Sinnett, vol.II, carta n92, p.85]. Ele condena a presuno e obscurecimentomental dos acadmicos que perseguiram Mesmer e que classificaram Saint-Germain como um impostor. [op.cit, vol.I, Carta XX, p.132].

    Nascido na Alemanha em 1734, Franz Anton Mesmer estudou naUniversidade de Viena e tornou-se doutor em medicina em 1766. Em 1773 elecomeou a tratar pacientes com manes, mas passados alguns anos deixou deusar manes, acreditando que as curas envolviam a transferncia de um fluidosubtil ou fora vital, que ele chamava de magnetismo animal. Em 1777 eledeixou Viena e no ano seguinte montou o seu consultrio em Paris. A sua

    fama cresceu rapidamente e passados alguns anos Mesmer estava tratandovrios milhares de pacientes ao ano e com grande sucesso.

    O seu sucesso enfureceu a comunidade mdica, e como a sua clientelaprovinha da classe mdia-alta ele foi acusado de lhes extrair dinheiro porexplorar a sua ingenuidade. Em 1784 uma comisso composta por membrosda Faculdade Francesa de Medicina e da Academia Real das Cinciasdeclarou que as suas curas eram inteiramente atribudas imaginao dos seus

    pacientes, isto apesar de se terem dado ao trabalho de entrevistar Mesmer

    durante a sua investigao. Ele faleceu em 1815, ressentido do facto da suadescoberta no ter sido oficialmente reconhecida e por alguns dos seus

    http://2.bp.blogspot.com/-CW5SBQrEhqk/Uc94hGiGTQI/AAAAAAAAA1s/Q8tBLKpPQak/s250/st-germain3.jpg
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    discpulos terem distorcido os seus ensinamentos. A prtica comum de fazerequivaler o mesmerismo ao hipnotismo um grande erro.

    Helena Blavatsky descreve Mesmer da seguinte forma:

    Famoso mdico que redescobriu e aplicou praticamente ao homem aquelefluido magntico, que foi designado pelo nome de magnetismo animal e,desde ento, mesmerismo.() Era membro iniciado da Fraternidade dosFratres Lucis [Irmos da Luz] e de Lukshoor (ou Luxor) ou o ramo egpciodesta ltima. O Conselho de Luxor elegeu-osegundo as ordens da GrandeFraternidade- para atuar, no sc. XVIII, como explorador comum, enviado noltimo quarto de cada sculo para instruir na cincia oculta uma pequena partedas naes ocidentais. O Conde de Saint-Germain, neste caso, inspecionou odesenrolar dos acontecimentos e, mais tarde, Cagliostro foi comissionado para

    prestar seu concurso. Porm, tendo cometido uma srie de erros mais oumenos fatais, foi destitudo do seu cargo. Mesmer fundou a Ordem daHarmonia Universal em 1783, na qual, como era de se supor, ensinava-seapenas o magnetismo animal, porm, na realidade, expunham-se as doutrinasde Hipcrates, os mtodos dos antigosAsclepieia, os Templos de cura e,muitas outras cincias ocultas. [Glossrio Teosfico, p.372].

    Franz Anton Mesmer (retirado demarilynkaydennis.files.wordpress.com)

    No h provas seguras que Mesmer tivesse conhecido Saint-Germain.

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    Cagliostro (pronuncia-se Calli-ostro) foi um ocultista, maon, filantropo ecurador. HPB chama-o de famoso adepto cuja verdadeira histria ningumnunca contou.

    Sua sorte foi aquela de todo ser humano que d provas de saber mais do queos seus semelhantes. Foi apedrejado at morte atravs de perseguies,calnias e acusaes infames e, apesar disso, era amigo e conselheiro de

    personagens poderosas de todos os pases que visitava. Finalmente, foiprocessado e sentenciado, em Roma, como herege, e diz-se que morreudurante a sua permanncia num calabouo [em 1795]

    Conde Alessandro di Cagliostro (retirado de sil.si.edu)

    A inquisio ligou o seu passado a um famoso ladro nascido na Siclia denome Giuseppe Balsamo, algo que parece ter sido feito com a inteno dedenegrir Cagliostro.

    Nos seus relatos pessoais, Cagliostro diz no saber o local do seu nascimentoe a identidade dos seus pais. Ele diz que sob o nome de Acharat, passou a suainfncia em Medina na Arbia, no palcio do Mufti Salahayn, o lder dosmuulmanos. O seu tutor, Althotas ensinou-lhe botnica, qumica e outrascincias.

    Althotas disse a Cagliostro que ele tinha sido deixado rfo com trs meses deidade e que os seus pais eram Cristos da classe nobre. Com doze anos, eleacompanhou Althotas a Meca, onde ficou trs anos. Ele ento viajou para oEgito onde, por volta dos seus dezoito anos, visitou os principais reinos de

    frica e da sia.

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    Em 1766, Cagliostro acompanhou o seu tutor ilha de Malta onde haveria deassumir o nome de Conde Cagliostro. Quatro anos depois desposariaSeraphina Feliciani, uma devota catlica, analfabeta. Viajou por grande parteda Europa, incluindo Portugal, tendo por vezes usado outros nomes. Passava oseu tempo ajudando os pobres, curando os doentes e tendo encontros com

    pessoas importantes da sociedade, alm de desenvolver trabalho manico.Parecia ter uma fonte inesgotvel de dinheiro.

    Ainda no campo da maonaria, estabeleceu o seu prprio Rito Egpcio efundou vrias lojas de Maonaria Egpcia, com sucesso varivel.Contrariamente aos costumes manicos, estas lojas admitiam mulheres. Asua misso era purificar e elevar a Maonaria e enxert-la com a filosofiaOriental. Sem essa unio, dizia Blavatsky a Maonaria Ocidental seria umcadver sem alma. Por vezes produzia fenmenos ocultos, mas ele percebeu

    que isto s conduzia a cada vez mais pedidos para mais maravilhas. Htestemunhas que Cagliostro ter produzido ouro mais do que uma vez, graasaos seus conhecimentos de alquimia.

    Entre 1780 e 1783 e durante os trs anos que passou em Estrasburgo, naAlscia, a sua casa estava constantemente cercada pelos enfermos e por genteem sofrimento. Ele tratou 15 mil pacientes, dos quais apenas trs morreram.

    Nunca cobrou um tosto e muitas vezes dava dinheiro aos pacientes pobrespara que estes pudessem comprar comida e pagar as suas dvidas. Muitosdesses casos tinham sido declarados incurveis pelos mdicos da ortodoxia.Cagliostro ter curado casos de gangrena, contudo foi catalogado de charlatoe todos os esforos foram feitos para minar o seu trabalho. Cagliostro

    preparava os seus prprios medicamentos e elixires e tambm conhecia omagnetismo animal. Um elemento crucial no seu sucesso era a sua capacidade

    para instilar esperana e confiana naqueles que tratava.

    O seu trabalho inevitavelmente levantava oposio de pessoas, invejosas,gananciosas e sem escrpulos.

    Diz-se que ter sido um discpulo de Saint-Germain, mas no h provasefetivas disso. Entretanto, viu-se envolvido numa intriga palaciana e acaboupreso na Bastilha. Mais tarde escreveria uma carta ao povo francs sobre ainjustia de ser detido numa priso sem grandes provas e apenas por ordem doRei, o que se diz ter ajudado a espoletar a Revoluo Francesa. Deste modo,Cagliostro ter tido um papel mais relevante naquele desfecho do que o

    prprio Saint-Germain.

    Em maio de 1789 Cagliostro e a sua esposa chegaram a Roma. Os seusinimigos mandaram-lhe dois jesutas que fingiam pretender a converso

    Maonaria Egpcia. A 27 de dezembro, Cagliostro foi preso por praticarMaonaria, uma ofensa nos Estados papais. Ele ficou detido no Castelo

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    SantAngelo em Roma, onde foi algemado e acorrentado pelo pescoo. A suamulher tambm foi detida, intimada a dar informaes sobre Cagliostro econfessar tudo. Morreria num convento alguns anos mais tarde. O

    julgamento de Cagliostro perante a Santa Inquisio durou 15 meses. A 7 deAbril de 1791 ele foi condenado morte. Os seus crimes incluam ser ummaon e um herege. Todos os seus documentos, bens e parafernliarelacionada com as suas atividades manicas foram queimados perante umaenorme quantidade de gente, incluindo os seus manuscrito sobre a MaonariaEgpcia. Nesse momento algo de misterioso ocorreu:

    Um estranho, nunca antes visto por ningum no Vaticano, apareceu e exigiuuma audincia privada com o Papa, mandando atravs do Cardeal Secretrioumapalavra em vez de um nome. Ele foi recebido de imediato, mas apenasesteve com o Papa alguns minutos. Mal ele saiu, o Papa deu ordens para

    comutar a pena de morte para priso perptua na fortaleza chamada de Castelode San Leo, acrescentando que esta mudana deveria ser conduzida no maiordos sigilos.

    Na Fortaleza de San Leo, os captores de Cagliostro, com medo que eleescapasse, por vezes punham-no numa espcie de poo, em vez da sua cela de

    pedra. Ele foi fisicamente torturado, e ter morrido de apoplexia a 26 deagosto de 1795. Blavatsky reconta mais tarde as histrias que negam que eletenha morrido nas celas da Inquisio, sugerindo uma fuga espetacular.

    A fortaleza de San Leo nos MontesApeninos. No tempo de Cagliostro, o

    nico modo de l chegar era sendo iadonuma espcie de cesto com o

    auxlio de cordas e roldanas.

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    Comentando a vida de Cagliostro, Blavatsky diz:

    A causa raiz de todos os seus problemas foi o casamento com Lorenza [ouSeraphina] Feliciani, uma ferramenta dos Jesutas, e duas causas menores, asua extrema boa natureza e a confiana cega que colocava nos seus amigos,alguns dos quais tornaram-se traidores e nos seus mais encarniadosinimigos.

    () Foi a sua ligao com a Cincia Oculta Oriental, o seu conhecimento demuitos segredos mortais para a Igreja de Roma que trouxeram aCagliostro, primeiro a perseguio dos Jesutas e finalmente a severidade daIgreja.

    Os Jesutas mais tarde espalharam o falso rumor que ele havia sido seu espio,mas no existem provas de que Cagliostro alguma vez tivesse envolvido emintriga poltica.

    Ele era simplesmente um ocultista e um maon, e como tal era permitidosofrer s mos daqueles, que aliando o insulto injria, primeiro o tentarammatar por priso perptua e depois espalharam o rumor de que teria sido umdos seus ignbeis agentes.

    Existem muitas passagens nas biografias de Cagliostro que mostram que eleensinou a doutrina oriental dos princpios no homem, de Deus vivendo nohomem, como uma potencialidade in actu(o Eu Superior), e em todo o servivo e at tomo, como uma potencialidade in posse. Essas passagens tambmserviram para mostrar que ele serviu os Mestres de uma Fraternidade que eleno podia nomear, devido ao seu juramento de que no o podia fazer.

    G. de Purucker escreve:

    Que curioso que Giuseppe Balsamo sugira uma influncia de cura e que

    Balsamo correta ou erradamente possa ser atribuda a uma palavra semticacomposta que significa Senhor do Sol-Filho do Sol, enquanto o nomehebreu Jos significa aumento ou multiplicao. Que curioso que o primeiro

    professor de Cagliostro se tenha chamado Althotas, uma curiosa palavracontendo o artigo definido rabe o, com o sufixo grego as e contendo a

    palavra egpcia Thoth, que era o Hermes grego o Iniciador! Que curioso que Cagliostro tenha sido chamado de rfo, a criana infeliz da Natureza!Cada iniciado num certo sentido mesmo isso, cada iniciado um rfo sem

    pai, sem me, porque misticamente falando cada iniciado nasce a partir de siprprio. Que curioso que os outros nomes pelo qual Cagliostro foi

    conhecido em diferentes alturas tenham em cada instncia um significadoesotrico particular.

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    Para cada Cagliostro que aparece, existe sempre um Balsamo. Acompanhandode perto e na verdade inseparvel de cada mensageiro est a sua sombra. Juntode cada Cristo aparece um Judas.Blavatsky dizia que o fim dele no foi totalmente imerecido, pois Cagliostrofoi infiel aos seus votos em alguns conceitos: saiu do estado de castidade ecedeu ambio e ao egosmo.

    G. de Purucker comenta:

    O falhano de Cagliostro no foi resultado da vulgar paixo humana, nem davulgar ambio humana, conforme entendem as pessoas estestermos.Existem s vezes mais tragdias na vida de um Mensageiro do queseria esperado, pois um Mensageiro jura obedincia em ambas as direes obedincia lei geral do seu karma, de que ele no se pode afastar um s

    passo, e obedincia igualmente estrita Lei daqueles que o mandaramSejam, portanto, caridosos no vosso julgamento desse grande e infelizhomem, Cagliostro!

    FIM

    Um agradecimento final a David Pratt, pela autorizao dada para a traduodos seus excelentes textos para portugus.

    Publicado emhttp://lua-em-escorpiao.blogspot.ptem 10 partes, entre 6 de julho e 15 de

    setembro de 2013

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