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M E M ÓRIAS DA I GREJA DE SÃO P AULO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULOReitora: Anna Maria Marques Cintra

EDITORA DA PUC- SPDireção: Miguel Wady Chaia

Conselho EditorialAnna Maria Marques Cintra ( Presidente)

José Rodolpho PerazzoloKaren Ambra

Ladislau DowborLucia Maria Machado Bógus

Mary Jane Paris SpinkMiguel Wady Chaia

Norval Baitello JuniorOswaldo Henrique Duek MarquesRosa Maria B. B. de Andrade Nery

Direção Editorial: Claudiano Avelino dos Santos

Conselho EditorialAlexandre Carvalho

Benedito AlmeidaClaudiano Avelino dos Santos

Darci Luiz MarinGuilherme C. da Silva

Erivaldo DantasMario N. LopezValdecir Conte

Valdêz Dall’Agnese

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M E M ÓRIAS DA I GREJA DE SÃO P AULO

H O M ENAGE M AO C ARDEAL D O M P AULO E VARISTO A RNS

A R C EBIS PO E M ÉRITO DE SÃO P AULO NO SEU JUBILEU ÁUREO E PIS C O PAL

1966-2016

Arquidiocese de São Paulo Faculdade de Teologia Nossa

Senhora da Assunção, PUC-SP

Valeriano dos Santos Costa Organizador

2016

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Copyright © 2016. Valeriano dos Santos Costa. Foi feito o depósito legal.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Reitora Nadir Gouvêa Kfouri/PUC-SP

Rua Monte Alegre, 984 – Sala S16 CEP 05014-901 • São Paulo • SP Tel./Fax: (11) 3670-8085 e 3670-8558www.pucsp.br/educ [email protected]

Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091São Paulo (Brasil)Tel.: (11) 5087-3700 • Fax: (11) [email protected]

Memória da Igreja de São Paulo : homenagem ao Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo emérito de São Paulo no seu jubileu áureo episcopal 1966-2016 / apres. Odilo Pedro Scherer ; org. Valeriano Santos da Costa.- São Paulo : EDUC : Paulus, 2016.

308 p. : 21 cmArquidiocese de São Paulo. / Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção,

PUCSP

ISBN 978-85-283-0544-9 (Educ)1.Arns, Paulo Evaristo, 1921- - Homenagem. II. Igreja Católica - São Paulo, SP -

História. I. Costa, Valeriano dos Santos. II. Scherer, Odilo Pedro. III. Arquidiocese de São Paulo - São Paulo, SP. IV Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção.

CDD 922.2282.8161

EDUC – Editora da PUC-SP

Direção Miguel Wady Chaia

Produção Editorial Sonia Montone

Revisão Professora Anna Maria Marques Cintra

Editoração Eletrônica Waldir Alves Gabriel Moraes

Capa Waldir Alves Foto: Luciney Martins/O São Paulo

Administração e Vendas Ronaldo Decicino

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B RASÃO E LE M A

do Cardeal Arns

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O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiás-

ticos. O campo de blau (azul) representa o manto de

Maria Santíssima sob cuja proteção o Cardeal pôs seu

ministério episcopal, e esse esmalte significa: justiça, sere-

nidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A Cruz em Tau é

própria da Ordem Franciscana, à qual pertence o Cardeal

e, sendo de jalde (ouro), simboliza: nobreza, autoridade,

premência, generosidade, ardor e audácia. O infólio com

a espada representa São Paulo Apóstolo, numa referên-

cia ao padroeiro do Estado, da cidade e da Arquidiocese.

O metal jalde (ouro) tem o significado acima descrito, e

o metal argente (prata) da lâmina da espada simboliza:

inocência, castidade, pureza e eloquência; virtudes essen-

ciais num bispo. Os ramos de café frutados representam

o estado de São Paulo, “Terra do Café”, cuja capital é a

sede episcopal do Cardeal. As expressões “ao natural” e

“de sua cor” são recursos para se colocar os ramos de café,

naturalmente com a cor sinopla (verde), com frutos de

goles (vermelho) sobre o campo de blau (azul), sem ferir

as leis da Heráldica. Os ramos, por seu esmalte sinopla

(verde), representam: esperança, liberdade, abundância,

cortesia e amizade; e os frutos de café, por seu esmalte

goles (vermelho), simbolizam o fogo da caridade infla-

mada no coração do cardeal, bem como valor e socorro aos

necessitados e, ainda, o martírio de São Paulo Apóstolo.

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No chefe, a Hóstia de argente (prata) e o Cálice de jalde

(ouro) lembram o santo sacrifício da missa, no qual o pão

e o vinho são transubstanciados no Corpo e no Sangue

de Nosso Senhor Jesus Cristo, com os significados desses

metais, acima descritos. O lema: EX SPE IN SPEM

(De Esperança em Esperança) traduz a certeza do cardeal

de que aquele que espera em Deus não será confundido,

em referência ao Salmo 70, versículo 1, como expressão

de adesão ao Espírito do Ressuscitado que faz novas todas

as coisas. O lema episcopal está inspirado no texto do

Apóstolo Paulo quando escreve na Carta aos Romanos

1,17: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé

em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé?”.

O Cardeal Arns aplica aquilo que foi dito da virtude

teologal da fé (ex fide in fidem) à sua pequenina irmã, a

virtude teologal da esperança.

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SU M ÁRIO

Apresentação, 11Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo

Prefácio, 15

Prof. Dr. Pe. Valeriano dos Santos Costa

Paulo, amigo do povo, 19Pe. Ney de Souza

Memória de uma colegialidade episcopal, 45Dom Antônio Celso Queiroz

Reminiscências, 57Cônego Celso Pedro da Silva

Expoente do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, 77Pe. José Bizon

Inédita operação periferia, 95Maria Cecilia Domezi

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O conceito de pessoa em Dom Paulo, 119Pe. Dr. Donizete José Xavier

Um homem muito à frente do seu tempo, 149Dom Pedro Luiz Stringhini

Dom Paulo Evaristo Arns e a PUC de São Paulo. Um Cardeal e Grão-Chanceler de ferro

em anos de chumbo, 169Pe. Edenio Valle, SVD

A Teologia Trinitária de D. Paulo Evaristo Arns, 195Profa. Dra. Irmã Maria Freire da Silva, ICM

As estrelas de Paulo Arns, 219Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior

D. Paulo Evaristo Arns: “Pela mão de São Francisco,

para a Igreja toda: frade e bispo”, 241

Osmar Cavaca

Biografia de Dom Paulo Evaristo Arns, 271

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A PRESENTAÇÃO 11

A PRESENTAÇÃO

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo

O cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de

São Paulo, celebra seu jubileu de 50 anos de ordenação

episcopal no dia 3 de julho de 2016 e esta arquidiocese

tem a alegria de comemorar com ele essa data tão signifi-

cativa: não são muitos os bispos que conseguem chegar à

comemoração de 50 anos de episcopado!

Os jubileus são ocasião para recordar, agradecer e

louvar a Deus pelos bens recebidos. Surgiu, então, a ideia

de escrever algo sobre Dom Paulo, recordando-o como

arcebispo e pastor da Igreja na imensa metrópole paulis-

tana. Foi assim que nasceu o desejo de produzir este livro

em sua homenagem, na comemoração do seu jubileu de

ouro episcopal.

As grandes personalidades, geralmente, passam

para a história e são lembradas por alguns feitos mais des-

tacados de sua vida e de sua atividade; outros aspectos,

também importantes, tendem a ficar na sombra e ir para

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12 C ARDEAL O DILO P EDRO SCH ERER

o esquecimento. No entanto, é importante que também

estes sejam recordados e narrados, para o conhecimento

e a compreensão mais completa dessas personalidades.

De fato, os grandes feitos na vida não aparecem isolados,

mas inserem-se numa imensidade de fatos da vida ordi-

nária, que dão sustentação e brilho aos momentos mais

destacados.

Sobre Dom Paulo já se escreveram diversas obras,

destacando sua inquestionável contribuição para a vida

pública na sociedade paulista e brasileira, especialmente

durante um período político particularmente difícil de

sua história. Mas não se pode esquecer que o cardeal teve

a seu cargo uma Igreja particular, numa metrópole com

enorme expansão populacional, onde era preciso assegu-

rar a presença religiosa e o testemunho do Evangelho nas

imensas periferias desassistidas. Foi bispo numa Igreja, que

vivia o entusiasmo da renovação pós-conciliar, onde era

preciso traduzir em práticas pastorais novas os ricos impul-

sos vindos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Portanto,

este livro aborda sobretudo a figura de Dom Paulo como

arcebispo, pai e pastor da arquidiocese de São Paulo, por

ele pastoreada de maneira incansável por longos 28 anos.

Ao bispo é confiado o cuidado pastoral de uma dio-

cese, onde ele precisa zelar pelo bem da Igreja nos seus

mais diversos aspectos. Ele é o primeiro responsável pelo

anúncio do Evangelho, mediante a pregação da palavra

de Deus, a promoção da catequese e das muitas formas

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A PRESENTAÇÃO 13

de instrução e formação cristã do povo; cabe-lhe pro-

mover a santificação dos fiéis mediante a celebração dos

Sacramentos e o incentivo às múltiplas formas de cultivo

da fé, da moral e da piedade cristã; ele também deve pro-

mover a caridade para com todos, especialmente aque-

les que se encontram em situação de maior necessidade

e sofrimento. Seu ofício é, com frequência, resumido na

expressão “caridade pastoral”, que o bispo traduz na pro-

moção das muitas “pastorais” específicas presentes numa

diocese.

Mas o bispo também precisa prover à formação e à

vida do clero e dos demais colaboradores; acompanhar e

animar os religiosos na sua consagração e na vivência dos

seus carismas evangélicos; precisa dedicar-se aos leigos,

estimulando a sua participação na missão da Igreja e na

vida social, como testemunhas do Evangelho no mundo

secular. E não pode descuidar a administração dos bens da

Igreja, necessários ao cumprimento da sua missão evan-

gelizadora e à promoção da caridade. E precisa promover

a presença pública da Igreja, como testemunha de Jesus

Cristo e de seu Evangelho, nos diversos aspectos da vida

social, cultural, política e comunicacional. E também é

chamado a contribuir para a formação da opinião pública

mediante conceitos e critérios cristãos. Naturalmente, em

tudo isso o bispo não age sozinho mas conta com a partici-

pação de numerosos colaboradores.

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14 C ARDEAL O DILO P EDRO SCH ERER

Este livro mostra algo sobre o modo como Dom Paulo

exercia o seu ministério episcopal na arquidiocese de São

Paulo. O texto foi escrito a várias mãos por bispos, padres,

religiosos e leigos, que conheceram o arcebispo jubilar de

perto e foram seus colaboradores no pastoreio da imensa

arquidiocese. Eles referem-se a fatos, pessoas, circunstân-

cias e impressões sobre Dom Paulo, nem sempre conhe-

cidas do grande público. Algumas vezes, fazem análises

teológicas sobre o bispo-pastor, que também é teólogo e

foi professor de teologia patrística; sobre o cidadão-bispo,

atento à dignidade da pessoa humana, sensível às causas

sociais, defensor dos altos valores éticos no convívio social

e político. Trata-se, sobretudo, de testemunhos de pes-

soas que, tendo convivido com Dom Paulo, o estimam e

admiram.

Também desejo unir-me a essa homenagem na

comemoração do jubileu áureo episcopal do cardeal

Dom Evaristo Arns, elevando ações de graças a Deus por

todo serviço prestado por ele ao Evangelho na arquidio-

cese de São Paulo. Deus o recompense e permita que as

sementes por ele lançadas com generosidade no campo da

Igreja continuem a frutificar e amadurecer na seara do

reino de Deus.

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PREFÁ C IO 15

PREFÁC IO

Prof. Dr. Pe. Valeriano dos Santos Costa1

Quando Dom Odilo pediu-me que organizasse um livro

para comemorar, no início de julho, os cinquenta anos de

episcopado de Dom Paulo Evaristo Arns, tremi, porque

não havia nem seis meses para realizar a obra. Contudo,

percebi logo que se tratava de uma feliz iniciativa, uma

vez que Dom Paulo já foi homenageado com livros come-

morativos pelos mais diversos grupos eclesiais e cívicos

do Brasil e até do exterior, mas não tinha ainda um livro

comemorativo da Arquidiocese de São Paulo, onde desen-

volveu seu ministério episcopal até se tornar emérito.

A primeira coisa que fiz foi consultar uma editora

que aceitasse o desafio. Foi a Paulus que gentilmente abriu

as portas para essa empreitada. Contei também com a pre-

ciosa ajuda da reitoria da PUC-SP, sem a qual não teria

1. Padre da Arquidiocese de São Paulo há 36 anos. Professor da Faculdade de Teologia e atualmente Diretor. Doutorou-se em Sagrada Liturgia, pelo Pontifício Instituto Sant’Anselmo, Roma.

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16 P ROF . D R . P E . V ALERIANO DOS SANTOS C OSTA

sido possível chegar à publicação. A reitoria continuou

monitorando o processo de forma muito pedagógica e

fraterna.

O livro, cuja autoria é da Arquidiocese de São Paulo

e Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção,

PUC-SP, é de uma escrita livre. Da Arquidiocese,

porque é daqui que Dom Paulo foi bispo, toda sua vida.

Da Faculdade, porque ela sempre foi a “menina de seus

olhos”. Um tributo mais do que justo.

O livro, em parte segue uma metodologia mais cien-

tífica, sobretudo nos artigos dos professores da Faculdade

de Teologia, e, em parte, é de cunho mais livre e teste-

munhal, com dados inéditos, pois ainda não publicados,

vindos de pessoas que conviveram e trabalharam mais

próximas de Dom Paulo. Ambas as escritas são singelas.

O leitor poderá saborear com gosto. Verá que os artigos

dos professores da Faculdade pretendem mostrar que

Dom Paulo é um grande teólogo e não apenas um pastora-

lista exemplar. Um bispo que exerceu a liderança de Dom

Paulo só pôde ser um pastor exemplar porque tinha um

coração apaixonado por Jesus e uma teologia consistente

que o iluminava para tomar decisões pungentes e indicar

caminhos seguros em contextos sombrios.

Lendo os artigos deste livro, tem-se a impressão que

Dom Paulo foi um precursor do Papa Francisco, que alguns

gostariam de encaixar no rótulo de pastor exemplar, mas

não de um teólogo exímio.

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PREFÁ C IO 17

Não tive tempo de escrever um artigo de cunho

litúrgico para mostrar como Dom Paulo foi um mestre em

liturgia, um homileta de primeira linha, um pregador de

cunho místico. Foi no âmbito da homilia que ele mais me

impressionava. Quando li a Exortação Apostólica do Papa

Francisco Evangelii Gaudium, detive-me numa frase que

me lembrou Dom Paulo: “a homilia é o ponto de compara-

ção para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro

de um Pastor com o seu povo” (Evangelii Gaudium, 135).

Vários autores tocaram nessa dimensão da vida ministe-

rial do “cardeal dos pobres”.

Incluo-me entre aqueles que, não sendo naturais da

Arquidiocese de São Paulo, foram recebidos sem restrição

e com alegria pelo Cardeal que deixou em sua história as

marcas da acolhida.

Os artigos aqui escritos deixaram-me nítida impres-

são de que nossa Arquidiocese não agradeceu o suficiente

e talvez nunca consiga fazê-lo por tudo o que Dom Paulo

significou e fez por esta Igreja. Nem de longe conseguimos

avaliar o nível do seu sofrimento, porque víamos mais ale-

gria do que tristeza e nos embalávamos em sua esperança,

lema tão fecundo do seu ministério episcopal.

Esse livro é apenas uma gota da nossa gratidão a um

homem de Deus, que liderou a nossa Igreja num momento

tão difícil, embora nunca tenha deixado esmorecer seu

coração de menino, sua alma de poeta e sua bravura de

profeta.