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LISETE FLORENZANO | SP

Internacional

� Acidente no K2Em 1 de agosto, aproveitando a chegada deuma janela de bom tempo, um grupo deescaladores (formado por noruegueses, holan-deses, franceses, italianos, sérvios, coreanos,paquistaneses e nepaleses) parte rumo ao cumedo K2, segunda maior montanha do mundo, com8.611m.Durante a ascensão, o grupo encontra comAlberto Zeraín, escalador basco, que havia fei-to o cume e já estava retornando ao campo 3.Às 15h, Zeraín vê o grupo ainda caminhandolentamente em direção ao cume, apesar da hora.Às 19:30h, hora bastante avançada, o grupocomeça a chegar ao cume. Durante a subida,ocorrem dois falecimentos: um sérvio e um car-regador paquistanês.O que ocorre, em seguida, deixa a todos commuito poucas opções de saída; uma enorme pla-ca de gelo se desprende e arrasta todas ascordas fixas do gargalo , impedindo a descidados escaladores, que já se encontram afeta-dos pelo ar rarefeito, acima dos 8.500m, ondeterão que passar a noite.Do grupo de 18 escaladores, apenas dois ten-tam descer sem a utilização das cordas fixas.Cas Van De Gevel e Bemba Sherpa conseguemchegar ao campo 4 e encontram Mark Sheen.Cas e Bemba decidem, ainda, voltar ao gargalo,carregando material de descida, e localizam emum bivac Marco Confortola. Encontram, tambémWilco Van Rooijen, diretor de uma das expedi-ções. Marco e Wilco permanecem com vida,apesar de terem passado 3 noites acima dos8.000m.Equipes de resgate subiram até o gargalo paralocalizar e baixar os desaparecidos. Mas, la-

mentavelmente, apenas um escalador italiano éresgatado. Não há mais sobreviventes. O nú-mero de vítimas é de doze escaladores.O serviço de resgate do exército paquistanêstransportou 3 sobreviventes de helicóptero atéSkardú, cidade ao norte do Paquistão. Essaoperação só foi possível devido às boas condi-ções do tempo.Este foi o pior acidente no K2, desde 95, quan-do seis pessoas morreram numa tempestade.

� Tentativa da aresta MazenoO alemão Luis Stitzinger, acompanhado por JoeLunger, tentou completar pela primeira vez os10 km de travessia da aresta Mazeno, até ocume do Nanga Parbat (8.125m).Esta aresta contém uma dezena de pontos deelevação que superam os 7.000m, incluindo 8cumes individuais. Um itinerário bastante com-prometido e de primeiro nível alpino que DougScott, Jean Troillet e Woiteck Kurtyka, grandesescaladores da geração passada, tentaram semêxito.Em 2 de julho, Luis e Joe partiram do campobase abaixo da face Diamir, rumo à Mazeno,alcançando sem sobressaltos a a aresta princi-pal. Mas a extrema dificuldade e a chegada demal tempo, neve profunda e arriscada, fizeramos escaladores optarem pela retirada, descen-do pela rota que Messner conquistou em solitá-rio – a única via de escape possível para aposição em que se encontravam.Foi então que Luis decidiu que esse esforçotodo merecia algo mais, e colocou algumas li-nhas a mais na história do esqui extremo: des-ceu toda a face Diamir, de 4.000m de extensão.Em 1990, Hans Kammerlander e o suíço DiegoWellig fizeram história quando protagonizaram

a primeira descida sobre esquis do Nanga parbat,iniciando a aprtir do cume norte (8.070m) e che-gando ao campo base, descendo pelo pilar es-querdo da grande Diamir. Luis encontrou outrocaminho, indo pela parte central da parede.

� MacLeod e Echo WallO escocês volta a aprontar... Depois de um ár-duo período de treinamento, chegando a escalarum 8c sem corda, ao solar Darwin dixit, se sen-tia mentalmente preparado a enfrentar um des-ses itinerários em que o cérebro recua de pavor.“Mais dura que Rhapsody (cotada como E11 e8c+/ 11b brasileiro) ou qualquer outra via que játenha feito. Tive que esquecer de tudo, concen-trar-me na beleza dos arredores, sem aspirar anada. Depois de dois dias na rocha, era capazde conhecer meu nível psicológico real para en-carar o desafio”, disse Dave.A rota pode alcançar o E11 inglês e o nono grau

francês (11c brasileiro). “A preparação em to-dos estes meses se cristalizou ao escalar estarota, que fiz em uma espécie de transe”. A 20m,está um problema de boulder, com proteçõesmuito pobres, que Dave tentou por várias vezesem top rope. A queda, neste caso, chega aochão. O escalador encadenou a via colocandotodas as proteções. “O risco era grande, mas arota era memorável”.

� Lisa Rands… sem palavras“Para mim, Nutsa se tornou mais um problemamental que um desafio físico”. O boulder envolvemovimentos dinâmicos potentes e tensão corpo-ral, numa aresta negativa com agarras distantese travadas.“Eu tinha que me sentir realmente positiva parafazer o crux (a 15m do chão), pois já chegavacansada pelos movimentos anteriores, e ai vinhaa parte mental para mim. Eu sabia que podia fa-zer se o clima estivesse em boas condições e euestivesse me sentindo bem”.Nutsa foi o primeiro boulder V12 de Rocklands(África do Sul). É o sit-start de uma linha já exis-tente, chamada Sunset Arete (V9).

� Adolescente faz WoGü (5.14)Adam Ondra, escalador tcheco de 15 anos, faza primeira escalada em livre de WoGü, um mini-big wall de dificuldade constante, nas monta-nhas de calcáreo da Suíça. A via, cujo nome foidado em homenagem à Wolfgang Güllich, tem 7enfiadas de 5.13 (9 b/c brasileiro ou mais difí-ceis, incluindo duas de 5.14b (11a) e uma de5.14a (10c). Foi aberta por Beat Kammerlander eoutros companheiros em 1997. A rocha compac-ta tem poucas possibilidades de proteção.Consequentemente, as quedas podem chegar a20m.Verão passado, Ondra fez uma rápida ascen-são em livre de Silbergeier (5.14a / 10c), outravia de várias enfiadas de Kammerlander emRätikon. O garoto já escalou vias curtas de gra-duação 5.15a (12a brasileiro).

Lisa Rands

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04 esportiva + ecos

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ASSESSORIA FEMERJ | RJ

Patrocínio e evolução

ANDRÉ BEREZOSKI | SP

O cartão de visita da escalada brasileira.

Três Picos de Friburgo Info FEMERJ

Três Picos podem virar Patrimônio Natural daHumanidade!

Há muito, a escalada nacional se destaca no cenário mun-dial, não há como citar todos, mas temos aqui alguns ex-celentes destaques, Eliseu e Márcio Bruno, realizando aPlastic Surgery Disaster, A5 respeitado até hoje, entreoutras conquistas de peso nesta modalidade, RobertaNunes, abrindo portas para a escalada nacional feminina,abrindo rotas na Groenlândia, Catão, Niclevicz e outrosbrasileiros no topo do Everest entre outras montanhas,equipe brasileira entrando no cenário de competição mun-dial, quebrando limites e abrindo portas para as novasgerações, Eduardo Carvalho o “Duda” e Rafael Passosdestruindo nos boulders nos EUA, entre tantos outrosfeitos memoráveis que nossos escaladores têm semeadoe colhido os bons resultados de tanta dedicação.Com resultados baseados em números como V13, 11a,A5 e 8.000, sendo realizados e onde estas modalidadesse cruzam em meio a tantas especificidades? Patrocínio.Esta é a fonte dos maiores feitos já realizados por nossosescaladores, sem ele, acredito que muitos realizariam taisfeitos na raça e por ir até o fim em seus objetivos traça-dos, mas todas as boas notícias vieram acompanhadas esubsidiadas por alguma empresa que acreditou nessedesafio e investiu para que sonhos e quebra de limitesfossem alcançados.Hoje muito se discute sobre tal suporte dessa ou daquelaempresa, se há ou não incentivo ao escalador brasileiro eo porquê de não haver escaladores vivendo para a esca-lada? Muitos ainda confundem apoio com patrocínio.Sabemos que, a exemplo de vários outros esportes, mui-tos atletas brasileiros pisaram no mais alto lugar no pódioou realizaram os mais impressionantes feitos, devido araça que todos temos, mas que só foi possível colocar emevidência toda essa raça, quando houve a oportunidadede um indivíduo se dedicar integralmente aquilo que ama,e colocar em prática toda a experiência, técnica, sacrifí-cio, etc. Através de meios que viabilizassem estas ações,ou seja, uma empresa, que através de muito custo e dedi-cação do próprio esportista, recebeu um projeto de patro-cínio, que se alinhava com as expectativas ou ações daempresa no mesmo projeto e resolvesse investir.O esporte levado à sério por uma empresa, investe paraque, o então “atleta” possa se dedicar integralmente aseus objetivos, tornando seu resultado final com maischances e menos tempo de ser atingido.Agora, se um escalador recebe apoio de “x” marcas, sig-nifica que ele tem certos benefícios para treinar, como porexemplo, não pagar, receber uma cota em equipamentos,etc...como este escalador pode ir para fora representarnosso país em qual quer que seja sua modalidade? Apoio,por mais bem intencionada que seja a empresa em ajudarum “atleta”, não viabiliza por completo que este escaladorpossa demonstrar todo o seu potencial para bater de frentecom a elite mundial, enquanto o apoiado gasta tempo emtentar vender sua cota de equipamentos, trabalhar e trei-nar, o patrocinado está somente treinando. Enquanto oapoiado se desdobra para tentar comprar a passagempara competir fora, o patrocinado já está lá treinando e seadaptando às condições locais.Dizer que é impossível nestas condições é desacreditarem nossa capacidade, mas ser consciente, de que tudose torna muito mais difícil quando não se têm um patrocínio

Montanhas do Parque Estadual dos Três Picospodem virar Patrimônio Natural da HumanidadeProposta feita pelo geólogo e montanhista Mar-celo Ambrosio tem apoio da FEMERJEm junho de 2007, o geólogo e montanhistaMarcelo Ambrosio encaminhou à Comissão Bra-sileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos(SIGEP), uma proposta para transformar o con-junto de montanhas que formam o Maciço dosTrês Picos, inseridas no Parque Estadual dosTrês Picos (PETP), em Sítio Geológico do Brasil,podendo estas se transformarem em Patrimônioda Humanidade. A Federação de Montanhismodo Estado do Rio de Janeiro (FEMERJ) apoiouesta proposta desde o seu início. A expectativaagora é a de que o artigo referente à propostaseja finalizado e publicado na internet até estemês de agosto (2008), no site do SIGEP.O decreto de criação do Parque Estadual dosTrês Picos, situado na Região Serrana do Esta-do, foi assinado no dia 5 de junho de 2002. Umanotícia publicada no jornal O Globo, de 27 demaio daquele ano, anunciava que: “No Dia Mun-dial do Meio Ambiente e dez anos depois daEco-92, o Estado do Rio de Janeiro vai garantira preservação da sua principal reserva de MataAtlântica, que corresponde a 75% da área detodos os 12 parques estaduais”. Nesta mesmanotícia, André Ilha, então presidente do IEF/RJ(Instituto Estadual de Florestas) – cargo quevoltou a ocupar em 2007 – explica que “a regiãoé uma verdadeira ‘fábrica’ de água, que abaste-ce muitos municípios da Região Serrana e doGrande Rio”. Nas matas do PETP é encontradaa maior quantidade de espécies variadas deanimais e vegetais típicos da Mata Atlântica.Além da sua importância ambiental, o parquetem uma beleza cênica que encanta quem oconhece. E foi percorrendo esta área, quandofazia um levantamento de campo para a suamonografia, que Marcelo Ambrosio teve a idéiade criar uma proteção a mais para o parque:“Quando pensei na proposta, meu único pensa-mento era que aquele lugar merecia ser reco-nhecido como algum tipo de patrimônio. Na ver-dade, basta olhar para aquelas belas monta-nhas para entender que merecem ser conside-radas como Patrimônio da Humanidade. Pergunteiao meu orientador sobre a possibilidade de in-cluir os Três Picos em algum tipo de monumentonatural. Ele me falou sobre o site do SIGEP, paraonde encaminhei minha proposta. Ela foi apro-vada em poucos dias, um período muito curtode tempo se comparado a outras propostas fei-tas, demonstrando que eu não era o único apensar dessa forma”.Na prática, nada mudará no Parque Estadualdos Três Picos se este for transformado emPatrimônio da Humanidade. A UNESCO (Organi-zação das Nações Unidas para a Educação, aCiência e a Cultura) tem como um de seus obje-tivos “promover a identificação, a proteção e apreservação do patrimônio cultural e natural detodo o mundo, considerado especialmente vali-oso para a humanidade”. E este faz parte de umtratado internacional denominado “Convençãosobre a Proteção do Patrimônio Mundial Culturale Natural”, aprovado em 1972.Na página http://www.unb.br/ig/sigep/propos-tas/Tres_Picos_RJ.htm é possível acompanhartodo o processo, assim como receber váriasinformações sobre a área. É interessante ler,por exemplo, as justificativas para a aprovaçãoda proposta. Além de citar a beleza cênica, a

importância dos mananciais e da biodiversidade,uma delas cita a atividade montanhista naquelaárea. Diz esta que: “Devido ao grande desníveldas escarpas, da qualidade e volume de rochaexposta, e das enormes fendas que cortam osmaciços, o conjunto de montanhas do Maciçodos Três Picos tornou-se uma referência daescalada em grandes paredes do Brasil, quetem longas vias com até 700m de comprimento,sendo também reconhecidas internacionalmen-te”.E foi por estar de acordo com todas as justifica-tivas apresentadas, que a FEMERJ enviou àSIGEP um ofício de apoio à proposta (que tam-bém consta no site da Comissão). No documen-to a Federação ressalta a importância da pre-servação do PETP pela sua formação geológicae também pela rica biodiversidade que abriga.André Ilha, que propôs a criação do parque, ecapitaneou todo o processo de sua criação,afirma que “a eventual decretação do Parquedos Três Picos como Patrimônio da Humanidadeserá uma consagração da sua importânciaambiental, cênica e como provedor de serviçosambientais para as populações vizinhas”.Após a publicação do artigo na internet, esteserá avaliado para posteriormente ser ou nãoselecionado para fazer parte de um capítulo do3º volume do livro “Sítios Geológicos ePaleontológicos do Brasil”, que é editado peloSIGEP.

Camisetas FEMERJJá estão prontas as novas camisetas daFEMERJ. Na frente, o desenho do Mínimo Im-pacto. Atrás, a logomarca do Projeto Acessoàs Montanhas.O dinheiro arrecadado com a venda das cami-setas ajudará a financiar o Programa Acessoas Montanhas,que tem como umdos seus princi-pais objetivosgarantir nossoacesso às monta-nhas bem como aconservação erecuperação ambiental dessas áreas (maisinformações sobre o programa emwww.acessoasmontanhas.org).Comprando as camisetas do Acesso às Mon-tanhas, você estará contribuindo duplamentepara o meio ambiente: a camiseta é feita com50% de Pet (plástico) reciclado e 50% dealgodão. A fabricação é da 3 Picos, que ésinônimo de qualidade.Encomendas pelo [email protected] com o Acesso às Montanhas.

A primeira etapa do Campeonato Esta-dual do Rio de Janeiro de Boulder,foi realizada no dia 15 de Junho de2008 no Centro de Escalada LimiteVertical, válida para o Ranking Esta-dual 2008 oficializado pela FEMERJ.

A competição foi marcada pelo equilíbrio e confraternização entre atletas,que durante 4 horas se revezaram nos 22 Boulders distribuídos em cincosetores, variando de 4° a 9a. Foram 36 competidores divididos nas catego-rias Iniciante e Master (masculino e feminino), que buscavam somar omaior número de pontos para obter a classificação para a Final, chamadade Desafio do Hulk, disputado em uma bateria de 20 minutos com 3boulders de diferentes dificuldades .Dos 22 problemas criados pelos route-setters apenas um não foi encadenado(via vermelha – setor “La Cueva”) faltando um movimento. O resultado foium bom nível técnico e muita disposição dos competidores durante a 1ªfase, chamada de Festival.No feminino, o que chamou a atenção foi a presença de poucas competi-doras.. Na categoria iniciante, com apenas 3 participantes, o destaque foipara Aline Sette, que em sua primeira competição conseguiu uma boapontuação no Festival e encadenou um boulder na final. Alice Souzaficou em 2°.A disputa na categoria Master foi bem equilibrada. Thais Quacchia teveuma participação impecável, fazendo a melhor pontuação na primeirafase e encadenando os 3 boulders na final. As finais masculinas, emambas as categorias, demonstraram um bom nível dos competidores. Nainiciante, a disputa foi muito equilibrada até os momentos finais da bate-ria. Destaque para Gideão Melo “Xaropinho”, que se sagrou campeão,com Felipe Sertã em segundo e Daniel Lustoza em 3º, proporcionandouma disputa bem acirrada.O momento mais esperado do Limite Boulder Festival, a final masculinaMaster, contou com a presença de atletas de primeiro escalão da escaladaesportiva do Rio de Janeiro. O nível técnico das três vias montadas para oDesafio do Hulk eram de 8b/c, 8c e 9b, o que exigiu muita força e períciados finalistas.O destaque da 1ª etapa foi Cândido Bisneto, de Volta Redonda, únicoatleta a encadenar dois boulders e pontuar no terceiro na grande final.Com uma performance incontestável, sagrou-se campeão. O 2º colocado,Caio Gomes, de Niterói, é sem dúvida um dos melhores atletas em ativida-de no Estado no momento, marcando presença nas finais em todos oscampeonatos disputados na Limite, e se destacando em outras competi-ções no cenário brasileiro. Ele completou apenas um dos boulders, masconseguiu pontuar nos outros dois. Rafael Pimenta, que encadenou umadas vias, ficou em 3º lugar. Eric Telles, de Friburgo e Alexandre Flores, o“Xandinho”, local da Limite engrandeceram a final da 1ª etapa do Cam-peonato Estadual de Boulder 2008.A premiação dos ganhadores teve a presença de Paulo Macaco, que foihomenageado pela organização e Bernardo Collares, presidente daFEMERJ, que realizaram a entrega dos troféus aos vencedores desta eta-pa. O evento contou com bom público presente, que prestigiou e empol-gou os competidores nas disputas finais. A próxima etapa do RankingEstadual, organizado pela FEMERJ será realizada no dia 17 de agosto,no Escalada Indoor Icaraí, em Niterói.Organização: Flávio Carneiro e Adriana MelloRoute-setters: Bernardo Cruz “Nado”, Gerardo Martins e Ralf Côrtes.Realização: FEMERJ - Federação de Montanhismo do Estado do Rio deJaneiro e CELV – Centro de Escalada Limite VerticalPatrocínio e apoio: V12 Agarras, Deuter e Casa do AlpinistaDesafio do HulkFeminino Iniciante:Aline Sette, Alice Souza.Masculino Iniciante: Gideão Melo “Xaropinho”, Felipe Sertã, DanielLustoza.Feminino Master: Thaís Quacchia,Branca, Flávia dos Anjos.Masculino Master: Cândido Bisneto,Caio Gomes, Rafael Pimenta.FestivalIniciante Feminino: Aline Sette,Andrezza Oliveira, Alice Souza.Iniciante Masculino: Daniel Lustoza,Felipe Sertã, Gideão Melo“Xaropinho”.Feminino Master: Thaís Quacchia,Camilla Porto, Branca.Masculino Master: Rafael Pimenta,Caio Gomes, Eric Teles.Para visualizar as fotos do festival, clickno link: www.flickr.com/photos/campeonatodeescaladaAbraços a todos e boas escaladas...Flávio Carneiro, Adriana Mello e equi-pe.

Ranking do RJ

de verdade, é para parar e pensar se vale a pena talesforço.Temos hoje no Brasil, empresas do próprio meio, que iden-tificam tal necessidade do escalador, e se prontificam aajudar da melhor forma possível, e geralmente estas em-presas são da própria comunidade da escalada, mas que,devido ao mercado atual, não podem viabilizar um patrocí-nio real, outras empresas que possuem certo capital, masdesacreditam ou preferem investir em outras áreas e nãona escalada. E existem as empresas totalmente de forado meio esportivo ou da escalada, mas que de algumaforma enxergaram uma parceria proveitosa para ambasas partes, e em geral, são estas empresas que têm feito,com que sonhos e projetos de vários escaladores seconcretizassem e assim, a escalada nacional escreves-se mais uma página na história no cenário mundial, peque-na, simples, de uma forma discreta, mas conquistandoaplausos, sorrisos, admiração e reconhecimento do maisalto parâmetro que é a escalada levada a sério na Europae EUA.Todo este texto acima se reflete na mais incrível experiên-cia na escalada esportiva, que está vivenciando, “nossoatleta” Felipe Camargo, após anos de dedicação, horas afio em frente ao computador, antenado em tudo e todos noque diz respeito à escalada de competição e esportiva emgeral, mas que enquanto esteve na condição de apoiado,ficou acompanhando pela net, os feitos e conquistas deseus escaladores de referencia mundial, treinandodisciplinadamente e exaustivamente, somente esperandopelo momento de poder ter tal oportunidade, e após tantotempo, após fechar um contrato de patrocínio real com aCopagáz, Felipinho agarrou tal ocasião e alinhado comtoda sua motivação, têm mostrado ao mundo da escaladaesportiva, toda sua capacidade, esteve viajando, apren-dendo, competindo e treinando com o bi-campeão mundialo espanhol Patxi Usobiaga.Acompanhado de Felipe, Patxi Usobiaga, que hoje é refe-rência não só como um excelente escalador, mas tambémquem conquistou um alto nível no que se pode dizer de umescalador profissional, que conta com vários patrocíniose pode se dedicar integralmente para a escalada, e osresultados surpreendem a cada dia, conta agora com 2410c a vista, e o único escalador a ter em seu “arsenal” decadenas, 2 11b à vista também, prova de sua total dedi-cação e desempenho, aliado a uma boa estrutura por tráspara que ele não perca o foco dos objetivos.Nessa sua oportunidade de demonstrar nossa raça,Felipinho, em poucos dias encadenou Hulk, um 11a maisque confirmado, um 10c, 10a e vários 9c a vista e flash.Competiu em Chamonix, conquistando o 34º lugar entre80 participantes, na etapa mais dura da Copa do Mundo.Conquistou o 10º lugar em Serre Chevalier, e mais umasemana de duras cadenas em Rodellar, acompanhadosomente de Daniel Andrada e Cris Sharma.Tudo isso graças à sua dedicação e desempenho na es-calada, por todos estes anos, e também ao patrocínio quetodos seus sonhos e objetivos foram alcançados.

André Berezoski, apoiado, Conquista, Casa de Pedra eEndorphine.

Felipe Camargo em Serre Chevalier.

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06 on the rocks

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Falésias do CaburuLUIZ CLÁUDIO PEREIRA | MG A história do montanhismo em Montes Claros

começou a ser escrita no ano 1987, quando umgrupo de amigos que fizeram curso de escaladano Exercito, resolveram se juntar e escalar nahoras de folga. Dessa amizade surgia o CEMC –Clube Excursionista de Montes Claros que deuínicio às conquistas no Parque da Sapucaia eCampo Escola Pedreira. Dessa fase destacam-

Breve HistóricoA Serra do Lenheiro em São João del Rei é umlocal privilegiado e berço de clássicas vias como:Alta Tensão, Guerra e Paz, Dança Macabra,Ópera Selvagem, Lúcifer e muitas outras. To-das elas localizadas no maciço conhecido comoTrês Pontões do Lenheiro, área de propriedadedo Exército Brasileiro, sob administração do 11ºBatalhão de Infantaria de Montanha, que realizaali seus treinamentos, fato este que em algumasocasiões específicas, nos impede, de praticaras atividades de montanhismo nestas áreas.Alguns poucos escaladores locais no anseio daabertura de novos picos, para que a escaladanão se tornasse interrompida em ocasiões emque a referida área estivesse impedida, come-çaram o trabalho de conquista de novos points .Daí outros pontos de escalada foram surgindona Serra do Lenheiro a partir do ano 2000, apre-sentando estes, além da escalada móvel, mui-tas vias esportivas, fato que contribuiu para tor-nar esse local ainda mais completo, por apre-sentar todos os estilos juntos: tradicional móvele artificial, esportivo e boulder. Pode-se citar aquicomo opções bastantes diversificadas os Blo-cos da Caixinha, Ave Maria, Pedra Negra, Rapa-dura e as Falésias do Caburu, este último será oprotagonista da nossa matéria.

Falésias do CaburuCaburu ( atual São Gonçalo do Amarante) é adenominação anterior de um distrito de São Joãodel Rei localizado no limite da Serra do Lenheiroe seu acesso se dá por uma estrada de terraque vai margeando, onde pode-se avistar infini-tos paredões de rocha bastante parecidos como quartzito amarelo dos Três Pontões. Aí come-ça a nossa narrativa...Em um dia de escalada, conversávamos eu eLeo sobre a necessidade da abertura de novospicos de escalada aqui na região. Daí ele co-mentou de um amigo que tinha uma fazenda naregião do Caburu e que dava pra avistar de láumas pedras bem salientes com característicasbem parecidas com os Tres Pontões. Resolve-mos averiguar. Peguei o carro e nosdirecionamos à estrada que leva ao povoado de

se Eduardo Gomes e César Augusto Sobrinhoque realizaram alguns cursos básicos difundin-do o esporte.No início a maioria das vias eram em top-rope,assentos de corda ou de fita, nuts e pítons ca-seiros, os anos 90 trouxeram a evolução da téc-nica, o intercâmbio com escaladores mais expe-rientes gerou um apetite por conquistas de bai-xo e linhas mais esportivas. Começou então umasegunda fase no montanhismo norte-mineiro,

surgiram vias esportivas, a galera passou a in-vestir em equipamentos e o nível dos escaladoressubiu, surgindo vias de oitavo grau.Surgiu mais um grupo de escaladores, o ClubeAventura, que realizou o primeiro campeonatode escalada indoor da região e contribuiu paraexpandir o montanhsimo. Nessa fase surgiramas vias 4 mm-7c, Eutropocemia-8a, Desafio-7b,Comigo ninguém pode, VI Sup. Nesta nova fasedestacaram os escaladores: André Macedo (inmemoriam), Helmer Marques , os gêmeos Warleye Wadson, Magnus Leandro, Jober Rivelino eAldelice, Psico, Léo e Luciano Bolão. Os clubesse uniam para promover cursos e pequenas com-petições indoor.No final da década de 90 o Clube Excursionistase dividiu, ficando inativo, e a maioria dos mem-bros passou a se dedicar à espeleologia, surgin-do o EPL – Espeleogrupo Peter Lund e mais tardeo IGS – Instituto Grande Sertão, que passou acuidar da preservação e divulgação do potencialeco-turístico da região.Alguns membros do Clube Excursionista perma-neceram escalando e com a proposta da criaçãoda FEMEMG e CBME, iniciaram uma nova fase nahistória deste grupo; o CEMC foi oficialmenterefundado em 2004, realizando o primeiro En-contro Norte Mineiro de Montanhismo em MontesClaros, que reuniu, além de escaladores locais,membros da AME e escaladores de renome nocenário mineiro. Em 2005 foi realizada a segundaedição do evento com um retorno muito positivoe maior interação entre os escaladores.A comunidade de escaladores norte-mineira temse mobilizado e realizado um trabalho de manu-tenção das vias das principais áreas além daabertura de novas áreas de escalada na região.O nova geração tem elevado o grau das vias,uma prova disso e que a via Kamikaze 7a A1,que antes era feita em artificial, foi trabalhadapelo escalador curitibano Yughes Stadher, quenos presenteou cm duas boas vias quando es-teve por aqui, e foi encadenada pelos montes-clarenses Biu e Marcelo Kbelo, sendo um possí-vel nono grau.

As áreas de escaladaAs principais áreas de Montes Claros são Par-que da Sapucaia e Campo Escola Pedreira, osdois no perímetro urbano da cidade, a 15 minutosdo centro e com ônibus regulares. O primeiroencontra-se interditado para reformas desde queum rapaz caiu em uma caminhada e veio a fale-cer. A bem da verdade o parque estava há muitotempo abandonado, sem manutenção de esca-das e trilhas, o acidente foi o estopim para que oMinistério Público fizesse algo, e como sempre,os escaladores que foram os prejudicados.O Campo Escola Pedreira ficar à direita do Par-que da Sapucaia, cerca de 10 minutos por umatrilha bem marcada e fácil. As vias de maior níveltécnico se encontram aqui, e por conseqüênciae onde a galera se encontra.Outra área de escalada com o perfil mais tradici-onal e o recém criado Parque Estadual da LapaGrande, com algumas vias em móvel e mistas, ecom potencial para muito mais. Esta área queantes era uma fazenda, possui ainda um grande

concentraçõa de cavernas e sítios arqueológi-cos, além de um rio para um refrescante banhoapós as escaladas, tudo isso a apenas 15 minu-tos de Montes Claros. Porém, o Parque encon-tram-se oficialmente fechado.A Serra Bonita e um local de paredes altas, mascom um preço alto, uma caminhada de 1:30 hs,para atingir suas paredes. Vale a pena, mas commaioria dos escaladores tem o perfil mais espor-tivo, suas continuam esperando. São apenas trêsvias na parte alta e outras 03 na parte baixa, queé apenas fica apenas 40 minutos de onde seestaciona o carro.Existe ainda o ginásio de bolder Ponto Vertical,com vias para os dias de chuva ou para malharos braços.Você pode conhecer maiores detalhes das viasde Montes Claros acessando o site do CEMC(www.cemc.org.br) ou pelo site do CEM ClubeExcursionista Mineiro (www.sitedocem.org.br),e ainda pelo guia Escaladas de Minas.Montes Claros está de portas abertas para osescaladores que desejam conhecer suasfalésias, cachoeiras e cavernas. Faça contato econheça o que o norte de Minas tem de bom.

Contatos Clube Excursionista de Montes Claros – CEMCwww.cemc.org.brwww.igs.org.brwww.escaladamoc.blogspot.comComunidades no Orkutwww.orkut.com.br\Community.aspx?23348842 -Clube Excursionista Mocwww.orkut.com.br\Community.aspx?22417433 -Clube Aventurawww.orkut.com.br\Community.aspx?50560873 -Escalada em Montes Claros

JOBER RIVELINO BARBOSA | MG

Tereza C. Alves na Paciência.

Cenário nacionalmente conhecido por seu grande potencial de escaladaem estilo tradicional – fendas perfeitas com sólidas colocações, agoradesperta a atenção dos escaladores esportivos também.

São Gonçalo do Amarante. Não sabíamos aocerto onde era a fazenda desse tal amigo maslogo que começamos a avistar tais formaçõesfomos seguindo a direção das mais salientesaté o ponto em que a estrada se distancia umpouco e a vista se encobre por outros morros evegetação. E agora? O que iríamos fazer? Numato de puro desespero resolvemos entrar naprimeira entrada à esquerda que aparecesse,pois estávamos mais ou menos na direção dasrochas avistadas. A primeira entrada que apa-receu era bem estreita para um carro. Uma cavaestreita feita num barranco que tinha uns qua-tro ou cinco metros de altura. A princípio o Leonão queria arriscar e propôs ir a pé. Teimei eentrei com o carro nesse pequeno desfiladeiroe detalhe, era tão estreito que os retrovisorestiveram que ser fechados para não encostarnas laterais da cava. Fomos caminhando deva-gar por uns cem metros mas mais adiante aestrada abre e descortina ao longe na nossafrente as imponentes formações que outrorahavíamos avistado. Descemos para um grandevale até onde deu pra chegar com o carro, pa-ramos em uma fazenda e fomos seguindo a pé.Depois de mais ou menos uma hora de cami-nhada chegamos à base da primeira formação,um grande bloco totalmente maciço e amareloque estimamos em vinte metros. Avistamos ain-da descendo à esquerda do bloco uma infinida-de de possibilidades e no alto à esquerda maisalgumas. Na realidade era pedra pra todo lado enão sabíamos ao certo pra que lado olhar ou oque planejar. Como estava ocupado nagrampeação das vias da Pedra Negra (tudo àmarreta e nos finais de semana), deixei o Caburupara uma data posterior.Em outra ocasião, anterior ao lançamento dosguias de Minas, o Eustáquio esteve aqui com oJuan e me ligou para solicitar alguns dados erevisões. Na conversa comentei com ele a res-peito das novas áreas e ele se mostrou interes-sado pelo Caburu. Marcamos pela manhã e nosencaminhamos para o local. Naquela oportuni-dade, contávamos com uma furadeira e se apa-recesse a oportunidade, seria realizada algumaconquista. Mostrei a ele todos os setores e pa-ramos diante de alguns grandes tótens no setoralto. Ali nasceria a primeira via esportiva: Po-dres Poderes V ( Eustáquio Jr. e Juan Kempen).

Numa outra oportunidade voltamos pelo mesmocaminho eu, Felipin e Everton para conquistaras primeiras vias móveis do setor intermediáriodentre elas se destaca Diedrim V, uma lindaseqüência num diedro finalizando em chaminé.Um outro dia a galera do CSM, acompanhandouma escola em uma atividade de plantio de mu-das, resolve seguir em caminhada para o altoda serra por outro caminho. Após seguir umlongo pedaço por cavas e degraus passandopor fazendas abandonadas e vales fechadosnos deparamos com as formações do Caburu.Seguindo sempre em direção a elas e subindopara o cume qual foi a nossa surpresa em avis-tar dali, bem a nossa frente os Três Pontões doLenheiro, que se encontrava a apenas 30 ou40 minutos de caminhada como verificamosposteriormente. Com isso um acesso que eraum tanto complicado por ter que ir de carro ,parar no vale em uma fazenda e seguir a pésubindo por uma hora se tornou muito fácil aapenas quarenta minutos do CEMONTA.Daí em diante muitas outras vias começaram aaparecer tanto esportivas quanto tradicionaisdentre elas podemos citar Rolling Stones VI(Leo e Ique), Quem tem ovos tem medo V(Márcio e Daniel Baiano), A ajuda vem de cimaVII ( eu, Leo e Márcio), Só pra ela IV (eu), Pi-sando em ovos (Gelson e Márcio), Pai e filho(Jonata) e várias outras.O potencial das falésias do Caburu é muito gran-de e ainda muito pouco explorado. O local temagradado aos escaladores que o conhecem,prova disso foi a conquista de três novas viasno setor baixo por Eliseu Frechou, Felipe Gui-marães, Marcel Rainier, eu mesmo e mais al-guns amigos no último encontro de escaladoresem junho de 2008. Quem vier ao Lenheiro nãopode deixar passar a oportunidade de conhe-cer mais essa área que vem pra somar -se aoexcelente potencial de escalada de São Joãodel Rei.

Como chegarO acesso ao Caburu é muito simples. Partindodo Cemonta (campo escola de montanhismo),onde se localiza os três pontões do Lenheirovocê deverá seguir caminhando pela estradaque segue bem a frente. Passa pela antena da

estação de Brumado da Cemig e vá em direçãoa uma porteira. Atravessa a mesma e continuapela trilha. Mais a frente encontrará uma bifur-cação e você deverá seguir à direita( à esquer-da vai pra Pedra Negra). Siga em frente até en-contrar uma cerca de arames com um enganaburro. Após atravessá-lo a trilha bifurca nova-mente sendo que desta vez o caminho a seguiré o da esquerda(à direita vai para Ave Maria eRapadura). A trilha segue sempre a esquerdadescendo o vale e depois subindo até o colo damontanha. Chegando aí você começa a descerpor uma trilha bastante acidentada em direçãoao próximo vale. Chegará em um grande platôque deverá ser seguido para a esquerda che-gando ao setor alto ou na metade do caminhopegar um desvio para a direita descendo para ooutro vale em direção ao setor baixo. Para mai-ores informações sugiro que entre em contatocom escaladores nativos para que auxiliem notrajeto.

Escaladas e conquistasVale aqui ressaltar que a Serra do Lenheiro,principalmente a região do Caburu é uma áreade preservação ambiental e como tal deve serusada com muito cuidado. Oriento a todos osescaladores que escalem e desenvolvam suasatividades de maneira sustentável para que essebelo local continue sempre preservado. Outroponto que gostaria de salientar é que a Serra doLenheiro é muito grande e seu potencial é imen-so. Por isso peço a escaladores que por ventu-ra venham até aqui para conquistar vias de es-calada, que entrem em contato com as associa-ções que tenham representatividade dentro daregião, que tenham respaldo de uma história detrabalho sério em prol do montanhismo para dis-cutir as novas conquistas. Uma das condutasque eu e o Centro Sãojoanense de Montanhismoadotamos é a de manter um espaço bastantesignificativo entre as vias. Como salientei anteri-ormente, o Lenheiro é muito grande e não existea necessidade de amontoados de vias em umpequeno espaço. Montanhismo sustentável paraque as futuras gerações possam usufruir dasmaravilhas que vivemos hoje.Para maiores informações ou auxílio entre emcontato com Luiz Cláudio (32) 3371.9675 ou9114.1130

Três Pontões da Serra do Lenheiro.

Eliseu Frechou numa nova rota no Caburu.

Montes ClarosEscaladas de qualidade no norte mineiro esperam por você.

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As novas linhasNo ano de 2007 depois de ter escalado por várias vezestodas as vias conquistadas no local, e ficar indignado dever uma parede daquele tamanho ser tão pouco explora-da eu (José Nunes) resolvi convidar meu parceiro de con-quistas (Paulada vulgo Paulo Roberto Souza) e outrosescaladores da cidade de Pouso Alegre, associados aAFDM (Associação Fernão Dias de Montanhismo) paracomeçar a abertura de novas vias naquelas grandes pa-redes. A primeira linha conquistada por nós foi a RachaCuca 4º VIsup E3 300m, esta via se localiza na paredenoroeste e uns 50 metros a direita da via Suano Arco seuinicio se dá por uma agarrência que leva a uma grandefenda que eu namorava a um tempão, ao chegar nessafenda percebi que na verdade era mais uma canaleta doque fenda e ao seu longo as probabilidades de prote-ções móveis diminuíam, por isso após chegar a suametade resolvi sair dela e tocar em linha reta, para minhasurpresa nesta parte do Pedrão ocorria boas agarras enão os tão encontrados regletes comuns as outras vias,fui esticando botando proteções bem espaçadas e noprimeiro dia a investida rendeu uns 120 metros, no se-gundo dia de conquista, continuei na ponta da corda esubimos mais uns 100 metros de parede onde as agar-ras começavam a ficar parecidas com as das outras vias,a inclinação da parede ora ficando maior e ora menor eassim ia esticando e deixando as proteções bem espa-çadas afinal de contas uma chapa e um bolt custam nafaixa de R$7,00, na terceira investida o Paulada superouum lance bem vertical onde protegemos bem e denomi-

Face Noroeste: 1- Sabotador 2- Suano arco 3- Racha cuca 4- Tião Simão

namos o crux da via, passado o lance, Paulada alegandojá ter gasto toda sua macheza resolveu me passar a pon-ta da corda, toquei pra cima vencendo mais uns 40 metrosde parede e atingindo o cume, posteriormente voltamospara duplicar as paradas, resolvemos tirar o escorpiãodo bolso e botar mais umas chapas para baixar o graude expo da via. Ahhh! Já ia me esquecendo! O nome Ra-cha Cuca se deu por um fato ocorrido no dia da duplica-ção das paradas, o serviço já havia terminado estáva-mos recolhendo a corda para montar o último rapel, foiquando junto a corda veio uma grande pedra que maisparecia um pombo sem asa e acertou o capacete denosso amigo Punk, a pancada foi tão grande que rachoua carcaça do velho Montana abrindo um taio na cabeçado coitado e acabando com alguns dos poucos neurôniosque ainda restam na cuca deste ser! Corremos com elepro hospital, uma radiografia foi feita e nenhuma fraturafoi constatada, graças a Deus e ao uso do capacete!

Cacto!Logo após a conquista da Racha Cuca, aproveitando oembalo convidei meu amigo Leandro mais conhecidocomo homem Bomba ou simplesmente B1, que estavalouco pra entrar para o mundo das conquistas, saímosem busca de mais uma linha, na mesma face noroestedescemos a trilha uns 100 metros a direita da RachaCuca e encontramos uma parede bem vertical com umafenda duns 10 metros que começava larga e ia se estrei-tando, pensei comigo “$$ Acho que vai ser um lugar per-feito pois vou economizar com proteções fixas $$!” To-quei pra cima protegendo a fenda com camalots 5, 4 e 3saindo dela estiquei alguns metros e botei a primeirachapa, daí pra cima fui esticando, economizando a cargada furadeira e proteções, a parede era vertical mas cheiade grandes e boas agarras, acho que originadas pelointemperismo e microclima local, pois por ali o sol sóbate depois do meio dia. Os cactos que são de umaespécie endêmica infestam todas as paredes de lá eenchendo o saco e também o corpo todo de espinhosdurante as escaladas e conquistas em Pedralva, duran-te a conquista fui tocando pra cima e jogando cactos, atéque um deles acabou atingindo a nuca do meu parceiroe ele ficou gritando desesperado! Tô cego! tô cego! Nãome perguntem como um cactos na nuca pode deixar ocara cego, pois eu também até hoje não entendi! Espe-rei- o se recompor e continuei tocando até esticar os 60metros de corda e por sorte chegar num grande platôonde montei a segurança numa árvore assim o trazendopra cima, após este platô dei de cabeça numa parede de90º onde em seu começo havia boas agarras que depoisiam sumindo ou dando lugar a abaulados, neste primei-ro dia conquistamos uns 15 metros desta parede verticale descemos, depois disto tive que arrumar outro parceirode conquista pois o B1 estava com medo dos cactos

voadores, a conquista desta enfiada foi bem trabalhosa,foram 50 metros mesclando passadas em livre com lan-ces de VIsup e artificial em furo de cliff, chegamos numbom platô onde achei que dali pra cima a conquista fica-ria mais fácil, e ficou mas só depois dos seus primeiros25 metros, entrei num fenda boa pra móveis off-set e quan-do sai dela comecei a fazer um furo pra botar uma chapae com ¾ de furo acabou a bateria, assim resolvi meter abunda da broca dentro do furo e passar a corda retinidana broca e rapelar até a proteção mais abaixo, depoisdesta investida demoramos um tempo pra voltar, pois jáestávamos no verão e quando não chovia o sol castigava,em 2008 quando o tempo começou a ficar propício paraescalada de vias longas o super Paulada resolveu meajudar na conquista, pois ninguém mais queria partici-par! Daí pra cima a parede foi ficando cada vez menosvertical e a conquista voltou a deslanchar e retomando acolocação de proteções um pouco mais espaçadas, emmeados de maio depois de umas sete investidas chega-mos ao cume. A via foi batizada de Tião Simão em home-nagem ao hospitaleiro morador da base do Pedrão, agraduação sugerida ficou em 5 VIsup A1+ E3 330m.

Jipe!Os causos do Pedrão, no ano de 1999 quando meu ami-go Fabrico Reis, Rogério Malkomes e alguns amigosescaladores daqui de Pouso Alegre, escalavam a via Evo-lução, escutaram um grande estrondo e quando olharampra cima viram um jipe que havia resvalado num platô evinha voando em sua direção! Por sorte o jipe estava sempassageiros e passou uns 50 metros a esquerda dosescaladores assim ninguém se feriu mas a escaladaacabou por ali! Outro fato ocorreu recentemente, numasexta-feira santa chegamos no Pedrão pra dar continui-dade à nossa conquista e uns escaladores de Sampaiam começar a conquistar uma linha numa parede aindainexplorada, com ajuda do filho e do neto do seu Tiãocomeçaram abrir uma trilha pra acessar o novo setor, foiquando acharam os restos de uma ossada humana, quetudo indica ser de um rapaz que desapareceu ali na re-gião a uns 8 anos atrás.Para chegar lá: O acesso ao Pedrão se faz partindo darodovia BR-459 entrando na MG-347, na metade do tre-cho entre as cidades de São José do Alegre e Pedralva,entrar numa estrada de terra à direita onde há placasindicando uma casa de oração, daí é só seguir as placas,passar pela tal casa e ir até o final da estrada, chegandono sítio do seu Tião. Para quem vai com carro de passeio,terá de deixar o carro neste local, mas para quem tiver um4x4 é só pedir autorização e subir até o pé da pedra!Para maiores informações entre em contato via e-mail oumsn: [email protected]

Pedrão e linha da rota Evolução

Para aqueles que ainda não conhecem a Serra doPedrão ou simplesmente Pedrão, é um monolitocom paredes de gnaisse com mais de 300 metrosde altura e com mais de 1000 metros de base, oqual se localiza na cidade sul mineira de Pedralva.A conquista da clássica via desta parede foi con-cluída no final de 1995 e recebeu o nome de Evolu-ção 6° VIsup E2 312m seus conquistadores foramJoão Bosco, Daniel Anami e Gisele, esta é a rotalocal mais cobiçada por escaladores do Brasil in-teiro, entre as investidas de sua conquista, osescaladores João Bosco e Tatavo decidiramacessar o cume pela primeira vez através de umalinha de escalada mais fácil e assim em agosto de1995 conseguiram o tal feito, subiram por umaparede em aderência de 200m com inclinaçãomenos acentuada do que a da Evolução, esta con-quista contou com várias proteções móveis e an-coragens em árvores não havendo necessidadede fixar grampos na rocha, a via foi batizada deAgosto 95 e graduada em 4º V. Sete anos maistarde a parede ganhou mais uma rota, Suano Arco4º VIsup E4 195m conquistada pelos escaladoresTeusmá e Davi, que durante a conquista transpira-ram todo alcóol ingerido nas noites anteriores àsinvestidas. A quarta conquista a culminar o monolitofoi realizada por Rafael Wojcik e Alex Che e rece-beu o nome de O Sabotador 4º V E1 200m, é a viamais tranqüila e protegida da parede, ideal parauma escalada de aclimatação e também para serutilizada como rota de descida, pois é curta sendopossível rapelar com uma corda de 50 metros.Posteriormente Gustavo Piancastelli, RaulQuintiliano e Tiago Ferrer, conquistaram a via Car-tas na mesa 6º VIIa E3 140m que percorre um gran-de diedro fendado que vai da base até algunsmetros abaixo do cume.No Pedrão também existem várias vias inacabadasque estão paradas a anos, são elas: Bela da Tarde6° VII E3 85m, Aluísio Azulejo A2+ 50m, Trabalha-dores 4º VIsup E3 150m e um projeto do Alex Chê,esperamos que estas lindas linhas sejam conclu-ídas logo, pois irão enriquecer a escalada local.

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MÁRCIO BORTOLUSSO | SP

Documentação de imagens de montanhaParte 5: O equipo de vídeo ideal

Nas edições passadas falei da história da Do-cumentação de Montanha, listei livros e filmesclássicos e por fim dei dicas sobre equipamen-tos aos interessados em fotografia demontanhismo. Desta vez falarei sobre o equipode vídeo ideal para a captação de imagens du-rante trilhas e escalada.Novamente: trata-se do meu ponto de vista, po-dendo diferir da opinião de outros profissionaisquanto à marcas, estilo, necessidades ou ma-nias. Tentarei ser o menos técnico possível,evitando expressões desnecessárias. Lem-brando que este artigo é dirigido principalmenteao público consumidor, sem menção à produtose tecnologias destinadas à situações restritasdo mercado profissional.As principais considerações ao investir em seuequipo:

Formato de vídeoVídeo nada mais é que uma tecnologia deprocessamento de sinais eletrônicos(analógicos ou digitais) criada para a captura,armazenamento ou reprodução de imagem emmovimento (formada por “quadros” ou“frames”).Os principais “formatos de vídeo” - formas degravação e armazenamento de imagens – sãoos sistemas BETA Digital, BETACAM, Vídeo 8 ea família DV (DVCPRO, DVCAM, MiniDV, Digital8 e HDV) – que usam fitas; XDCAM, Blue Ray,HDDVD, DVDCAM e MiniDVD – discos; e o HDD– que armazena as imagens em mini “discosrígidos”. Após a chegada dos formatos digitaisalguns destes sistemas gradativamente estãose tornando obsoletos, outros praticamente jáfirmaram o pé na cova (S-VHS, Hi8, VHS, etc).Como na fotografia, o filme em película ainda semantém como a melhor opção de qualidade,apesar do custo e complexidade. O digital com-pensa pelo valor mais acessível, maior disponi-bilidade no mercado e praticidade, especialmen-te nas incontroladas situações enfrentadas namontanha, onde o desperdício de imagem é con-sideravelmente maior que em estúdio.O MiniDV é o mais popular dos formatos, comótima qualidade se considerarmos o seu pe-queno tamanho. Mas a razão pela qual se po-pularizou mundialmente (desbancando o reina-do de décadas do VHS) foi por sua fácil trans-ferência para o computador e edição.Dependendo da qualidade da câmera, de suaoperação ou da ajuda de alguns acessórios(lentes, luz, microfone, etc), imagens captadasneste formato também podem ser usadas parafins profissionais.Mas as câmeras com fita estão sendo suplan-tadas pelas leves e pequenas DVDCAM (quegravam em DVD) e HDD (mini “discos rígidos”internos e cartões de memória), principalmentepela aparente descomplicação destes sistemas,já que a maioria dos usuários não tem saco deprocurar “aquela” imagem em pilhas de fitas naestante (algumas inclusive nunca assistidas).Outra opção é o formato HDV (de High Definition,não confundir com o Hard Disk da HDD), quegera imagens digitais em alta definição.

Sensores CCD e CMOSSão as duas principais tecnologias para captu-ra de imagem utilizadas nas filmadoras, compo-nentes eletrônicos cruciais que simulam os fil-mes das câmeras digitais.O CCD (Charge Coupled Device) é o sensor

onde são transferidos os sinais elétricos refe-rentes às informações que compõem as ima-gens. Câmeras com maior gama de recursosnormalmente usam este revolucionário sistema,que regula automaticamente a qualidade da ima-gem de acordo com as condições de luz – porexemplo, regula os claros e escuros em umacena que vai do clarão da neve ao interior deuma barraca sombria. O CCD produz imagensnítidas, com pouco “ruído digital”, alta sensibili-dade e cores realistas (até sob baixas luzes),porém é uma tecnologia cara e apresenta o cha-mado efeito “blooming and smear” (florescimentoe mancha, em forma de listras verticais acima eabaixo do objeto), que surge em certas câmerasquando gravamos objetos brilhantes (headlamp,sol, etc).Fique atento à quantidade, qualidade e tamanhodos sensores. A maioria das câmeras compac-tas possui apenas um CCD, que divide em umchip as cores da imagem em áreas específicas.Câmeras Pro possuem 3 sensores, um paracada cor primária (RGB - vermelho, verde e azul),resultando em imagens com qualidade superiorque as captadas em apenas um CCD. Importan-te: geralmente, entre dois CCD de qualidade si-milar, caso um seja maior e tenha mais pixels(menores e mais luminosos), este terá maiorresolução pela maior quantidade de informaçãoregistrada. Fique esperto, pois alguns chipspodem ser grandes (como alguns antigos de 2/3pol.) e possuírem menos pixels que modeloscompactos (1/2pol.), gerando imagens de me-nor definição.Sendo a tecnologia mundial padrão para circui-tos integrados, microprocessadores esemicondutores, a CMOS apresenta-se maisacessível e simplificada que o CCD, permitindoa produção de câmeras menores e mais leves.Os sensores CMOS são muito utilizados emmicro-câmeras de baixo custo (de vigilância,webcams, etc), o que gerou o mito de que éuma tecnologia inferior. Hoje isso não é maisverdade, o CMOS evoluiu e certos chips inclusi-ve suplantaram alguns sensores CCD. Além deaquecerem menos, consomem menos energia,o que é ótimo para os montanhistas. Contras:pequenos pontos ou linhas de ruído podem sur-gir, especialmente em condições de pouca luz(dentro do portaledge, etc).

Resolução da ImagemAs câmeras tem resolução de captura que va-riam de acordo com o modelo. Como exemplo,algumas tem resolução de 680k, com capacida-de de gravação de 500 linhas horizontais, odobro das antigas VHS e quase o mesmo queum DVD (720 linhas), outras tem a mesma reso-lução que as TVs digitais (1.920x 1.080). Comestas referências, analise as especificaçõestécnicas das câmeras para a melhor resolução.

Zoom Ótico e DigitalA tentação por uma câmera com um zoom de“zilhões de vezes” é o erro de muitos. Presteatenção ao Zoom Ótico das câmeras, o zoomcom qualidade real. Ambos tipos de zoom ampli-am a imagem, mas o Ótico faz isso através daslentes (sem perda de qualidade) e o Digital pormeio de “interpolação”, multiplicando artificial-mente os pixels e inserindo-os onde anterior-mente não existia “informação” (com perda con-siderável de qualidade). Quanto maior o ZoomDigital, maior a perda, nitidamente percebida atra-vés de ruído digital gritante. Portanto, entre umacâmera com Zoom Ótico de 48x e Digital de 1000x

e outra com Ótico de 35x e Digital de 2000x,fique com a primeira.

CâmerasPorquê tanta informação? Para não ser enga-nado.Existem câmeras de foto e filmadoras simplistasque fazem “filminhos”, tipo umas “chinês-paraguaias” que são empurradas ao público naTV. Além das jogadas para camuflar preçosabusivos, com certeza elas não fazem mais doque isto: filminhos.Se está lendo este artigo é porque busca qua-lidade em suas imagens. Então, falarei apenasde câmeras que valham o seu investimento –para simples lembranças de suas escaladas,caso seja você um hobista ou pretenda vivercomo Cinegrafista de Montanha.Antes de cair na tentação das DVDCAM ouHDD, vale considerar importantes vantagensdas MiniDV quanto à qualidade, custo, capaci-dade de armazenamento e facilidade de ediçãoe arquivamento.Poucos se ligam que a maioria dos mini-discosdas DVDCAM tem capacidade de apenas 15minutos de gravação e, com custo semelhante(uns R$ 15), as fitas MiniDV gravam 4x mais.Os discos ainda possuem vida útil incerta, uns20 anos segundo os especialistas mais otimis-tas. Por usarem compressão tipo MPEG-2, quegera problemas de qualidade em edições não-linear (em efeitos e criação), são câmeras vol-tadas ao público amador, que exibe imagenssem edição. Se você não precisa da melhorqualidade e prefere chegar da montanha e co-locar o DVD de sua balada pra rodar no hometheater, talvez este seja o seu formato.A principal limitação das HDD é que quando ocartão ou o disco rígido “enche” a câmera ficainutilizada até ser “esvaziada” - em casa ou emum equipo extra (Laptop, HD externo, etc), ge-rando mais peso, volume e preocupação emsuas viagens. Você até pode ter um cartão dememória extra, mas para gravar muita coisa vaiprecisar de uma coleção deles. E ao contráriodas auto-arquiváveis fitas MiniDV, você sem-pre precisará “descarregar” a filmadora em ummicro, que uma hora vai lotar. HDs externos sãocustosos, tem vida útil duvidosa e você vai terque colecioná-los. Becapes em DVD ajudam,mas preocupam por sua incerta longevidade eexigem tempo de quem buscava praticidade.Sem falar que nem todos os softwares de edi-ção reconhecem o formato de armazenamentodos modelos sem fita, variante do MPEG-2.Agora os contras do formato de alta definição.Fora o preço, o HDV não foi desenvolvido paraedição, mas para a melhor compressão (muitoarquivo em pouca memória). Ou seja, ao invésde você gravar, transferir para o micro e editarem minutos, tudo é complicado, a começar porsua compatibilidade com apenas as últimas ver-sões de certos programas de edição que sórodam em mega computadores (Vegas, FinalCut, Imovie, Pinnacle, etc).Outra consideração importante sobre os for-matos de vídeo: os tempos de gravação dosequipos variam consideravelmente dos mode-los amadores para os Pros, variando de discosde 15 minutos para fitas de até 7 horas.A não ser que você trabalhe com cine profissi-onal e tenha muita verba para investir em pelí-cula, pensando nos escaladores eu recomen-do as câmeras MiniDV.A começar pela qualidade da imagem. Ascâmeras MiniDV possuem sinais de vídeo queoferecem ótima cor e definição de tons claros eescuros, com imagens praticamente livres deruído digital mesmo em condições de baixa luz(na barraca ou em uma chaminé na Serra dosÓrgãos). E o que é melhor, a maioria das MiniDVarmazena as imagens no padrão MPEG e pos-sui conexão FireWire (IEEE 1394) para transfe-rência automática das imagens para um micro.Resultado: com um mínimo de conhecimento,um simples programa de edição e um micro bá-

sico moderno, você pode produzir o seu própriovídeo de escalada.Se não vai gravar em condições precárias deluz, quer preço ou o menor tamanho, fique comas câmeras compactas com sensores CMOS.Eu curto câmeras com CCD, principalmente pe-las péssimas situações de iluminação enfrenta-das na montanha em baladas fortes, onde nãoposso escolher o melhor horário e ângulo.Se quer economia e tamanho com o máximo dequalidade possível, aposte nas câmeras de 1CCD, com ótimo custo/benefício, boa resolução,fácil operação, leves e pequenas (pouco maio-res que um punho fechado).Apesar de serem desenvolvidas para o públicoamador e semi-profissional, a cada dia estesmodelos são mais aceitos para “exibições cur-tas” na TV, especialmente em produções deaventura, com situações impraticáveis para aspesadas câmeras BETACAM.Compactas de 1 CCD não são consideradascâmeras para “uso profissional”, o que está er-rado. Com certeza elas não possuem “qualida-de profissional” (algo bem diferente), no entan-to, já realizei produções com este formato queforam exibidas em programas com severa exi-gência por conteúdo de alta qualidade (do Fan-tástico à documentários para a AXN internacio-nal, exibidos em 50 países). Ou seja, não dêmuita idéia para as recomendações da Mídia oude fabricantes que nunca enfrentaram as reaissituações das montanhas a respeito do uso decâmeras compactas, vá pela experiência práti-ca que comprovadamente nos mostra a impos-sibilidade de realizar certos trabalhos com al-guns “trambolhos” profissionais. Hoje em dia, amaioria dos documentários sobre expediçõesextremas (de travessias polares à primeirasascensões em Grandes Paredes) utilizamcâmeras de 1 CCD. Você até pode subir ao topodo mundo com uma gigantesca câmera do for-mato Imax (para o máximo de definição), mascom certeza para “ir além” em aventurasextremíssimas somente com câmeras compac-tas.“Para mim”, compactas apenas da Sony. O pre-ço é superior, mas a qualidade final também. Ok,ok, as outras marcas também são boas, mas aSony continua imbatível nesta categoria, com amelhor resolução, melhor ótica (leia Carl Zeins)e melhores sistemas de gravação, iluminação eáudio. Quer mais? Menos problemas técnicosque as outras marcas, o que interpreto comomenos chances de ficar na mão antes do cume.Se peso e volume não são problemas em suasescaladas (para saltar de 400g para até 3 Kg),dê preferência para câmeras de 3 CCD, comcircuitos eletrônicos mais apurados e maior gamade recursos que garantem alta resolução deimagem (lentes mais nítidas, melhor áudio, me-lhor sensibilidade em baixas luzes, possibilida-de de desfoques controlados, etc).A grosso modo, o ideal são câmeras compactaspara uso na montanha e câmeras profissionais

garantindo imagens de maior qualidade da baseou de mirantes. Se as condições permitirem, leveuma MiniDV de 3 CCD para cima também.Para não passar em branco, alguns modelospara a montanha. Compactas: Sony DCR-DVD910 e Canon DC330 (DVDCAM); Sony HDR-UX20 e Panasonic HDC-SX5 (DVDCAM Alta De-finição); Sony DCR-SR220 e JVC GZ-MG730B(HDD); Sony HDR-SR12 e JVC GZ-HD6 (HDDAlta Definição); Sony DCR-HC 62 e Canon ZR950 (MiniDV); e Canon HV-30 e Sony HDR-HC9(HDV Alta Definição). Profissionais: Sony HVR-Z1U e Canon XH G1 (HDV); Sony DSR-PD170,Canon XL2 e Canon GL2 (MiniDV); Sony PMW-EX1 e Panasonic DVCPRO (HD).Existem mini câmeras especialmente desenvol-vidas para serem acopladas ao capacete, per-feitas para o máximo de realismo, pois registramo ponto de vista do escalador. Ao contrário dastranqueiras oferecidas na TV, possuem avan-çados sensores CMOS que oferecem boa qua-lidade de imagem e ainda resistem à água e im-pactos. A Twenty20 da VholdR captura imagensno tamanho 640x480 pixels e pesa 136 gramas(twenty20camera.com). A inovadora POV.1 pos-sui maior definição de imagem (720x480) e ar-mazena de 1,5 h em alta até 10 hs em baixaresolução (vio-pov.com).

LentesA lente é um dos principais componentes de umacâmera, com papel importantíssimo no perfeitoregistro das imagens. Como na fotografia, aslentes das filmadoras variam de acordo com aprofundidade focal. Exemplificando, algumascâmeras possuem lentes Normais de 35mm (mes-ma visão do olho humano), Grandes Angularesde 28 mm (enquadram uma área maior da cena)e Teleobjetivas de 108mm (“aproximam” o tema).Também existem lentes Macro (Close-up) e Olhode Peixe, com ângulos exagerados de até 220 ºde visão.As filmadoras possuem um zoom que passeiapor estes “ângulos de visão”, criando uma ótimaamplitude de trabalho na montanha. Mas muitasvezes precisamos nos afastar ou aproximar deoutro escalador para uma imagem e é impossí-vel. A solução: uma Grande Angular e uma Telecambiável. Não pode ter as duas? Analise suasimagens e descubra sua preferência, se curte“tomadas” coladas ao tema (a falange no reglete,o parafuso penetrando o gelo, a tralha sobre oportaledge, etc) ou se geralmente faz mais usode cenas aproximadas (close do parceirojumareando, um pontinho perdido na neve, etc).Lembre-se que lentes maiores são produzidascom maior precisão e são mais “luminosas”, re-sultando em imagens de maior qualidade e sen-sibilidade de captação de luz. Lentes mais “cla-ras” oferecem maior latitude de captação emvariadas condições de luz (menor numeraçãono diafragma = maior luminosidade).

Luz noturnaRecurso importante para imagens na montanha,onde vivenciamos constantes momentos de es-curidão, em geral os melhores – a fenda queteve que ser encarada à noite, as gretas doglaciar ainda na madrugada, o bendito jantar apóshoras brigando com cliffs e marreta.Teste as câmeras antes de comprar. Algumasfilmam no breu total, outras possuem sistemafraco e com foco comprometido (como a JVCcom o recurso Night).A Sony possui o recurso NightShot, uminfravermelho que permite filmar à até 3 metrosda cena. A imagem fica esverdeada, mas vale apena e ajuda a compor o clima de “roubada”. Jáa Samsung desenvolveu o Color Nite, sistemaque filma no escuro mas que fornece cores(tons irreais, mas sem a monocromia da Sony).A Panasonic apresenta entrada para luz adicio-nal mesmo em alguns modelos simples.Para maior qualidade existe a Luz de Vídeo adi-cional, para ser acoplada à câmera para umamelhor iluminação da cena.Existem ainda excepcionais soluções para vi-são noturna para câmeras Pro, como os siste-mas da Astrocope e da B. E. Meyers, que au-mentam consideravelmente a sensibilidade dascâmeras em condições críticas de luz.

ResistênciaAo contrário da fotografia, em que algumas an-tigas câmeras se mantém como clássicas, emvídeo não temos escolha: temos que acompa-nhar a evolução tecnológica. Não que umacâmera perca suas qualidades ao ser suplan-tada por um novo modelo, mas os últimos lança-mentos sempre apresentam novos recursosbastante interessantes a serem incorporadospelos profissionais e a velocidade que se lan-çam e são abolidos os sistemas de captação ereprodução é aterrorizante – a pouco tempo oVHS era moderno, mal nos acostumamos comos “revolucionários High 8 e S-Video” e podeapostar que antes mesmo que você consigasoletrar Advanced Video Codec High Definitioneste sistema já estará obsoleto. Resumo da ópe-ra: temos que acompanhar a evolução ou entãosó conseguiremos rodar arquivos em maquináriopróprio, pois ninguém mais trabalhará com nos-so jurássico sistema de vídeo.Se precisa de uma câmera guerreira, para bala-das com muita pancada, umidade e temperatu-ras extremas, o ideal são os modelos mais sim-ples, com poucos recursos e comandos exter-nos (microfone, botões, etc). Evite os sensíveisformatos DVDCAM e HDD e opte pelas MiniDVs.Mas lembre-se, se até mesmo as antigas “cai-xas de 8mm” congelavam em cumes nevados,imagina as bonitinhas câmeras modernas. Aome ver com uma câmera congelada durante umtrabalho no alto de um vulcão, percebi o quantoestamos vendidos quando o assunto é resis-tência das filmadoras.

VisoresQuestão de gosto, uns preferem os Painéis deLCD sensíveis ao toque, outros gostam de na-vegar pelos botões convencionais. Apesar desensíveis, ainda mais para as mãos encardidasde um escalador, particularmente prefiro a pri-meira opção pela praticidade.Quanto ao viewfinder – visor convencional –vale saber que na maioria das câmeras profis-sionais ele é Preto & Branco, com maior resolu-ção que ajuda inclusive a fazer o foco.Alguns visores são maiores que outros, facili-tando a captação.

ÁudioApesar dos sistemas integrados de áudio dascompactas terem melhorado muito, se você bus-ca ótimos resultados vale investir em câmerasque tenham entrada e saída para áudio. Para amontanha o ideal são microfones EstéreoDirecional estilo Shotgun (nunca os de mão). Ascâmeras Pro normalmente possuem excelentessistemas de captura de áudio incorporados.

BateriasEm geral as câmeras compactas são vendidascom uma simplória bateria de baixíssima dura-ção (uns 50 min), que mal dá para registrar aaproximação até a montanha. Para não ficarsem carga a alguns passos do cume, adquirabaterias reservas de longa duração, que po-dem aumentar este tempo para até 11 horas.Baterias reservas também para escaladas naneve, já que em baixas temperaturas elas sedescarregam mais rápido (aqueça-as junto aocorpo).

Sistemas Estabilizadores de ImagemAlgumas câmeras possuem um vantajoso sis-tema digital de estabilização de imagem, que evita“tremores” indesejados que são comuns espe-cialmente nas compactas. Existem também sis-temas mecânicos que facilitam gravações emmovimento, acoplados às câmeras tornam sua-ve até mesmo o caminhar em uma trilha aciden-tada (cuidado para não matar o realismo da aven-tura).

FiltrosEm dias de sol, o Polarizador remove o reflexodas partículas de impureza suspensas no ar,produzindo cores vivas e céu de azul belíssimo.O UV é recomendado para evitar arranhões epancadas diretas na lente.

Tripés e Perna de pauTripés são pouco usados em escaladas, masajudam para imagens pela trilha e Campo Base.Alguns modelos da Manfrotto combinam boacompactação com a leveza e alta resistência dafibra de carbono. Mini-tripés quebram o galho emlongas exposições sem vento e monopés sãoúteis sob baixa luz ou para posicionar a câmeraaonde não alcançamos. Adapte uma rosca uni-versal de tripé em um bastão de caminhada: leve,retrátil e que ainda pode ser usado em aproxima-ções. “Pernas de pau” improvisadas (feitas comas pernas de um tripé) são garantias de belasimagens em escaladas verticais. Acima doescalador, dão a sensação de que o vídeo foifeito de um teto, truque excelente para passar asensação de exposição (sempre reduzida pelaangulação das lentes).

Proteção e transporteVocê precisa descobrir a melhor forma de prote-ger o seu investimento. Tudo depende do tama-nho de seu equipo e de gosto, pois a solução deuns pode ser o trambolho de outros. Simulando ouso real, experimente em uma loja mochilas,pochetes, bolsas e coletes. Compactas funcio-nam bem em certos bolsos fotográficos, queservem também para acessórios. A Outex pos-sui bolsos, alças, peitorais e cinturões especiaispara transporte em escaladas. Veja também osexcelentes acessórios da Lowepro, Alvha eTamrac. Para proteger de pancadas, umidade etemperaturas extremas, existem capas de pro-teção. Algumas possuem material impermeávelpor fora e são flaneladas por dentro para prote-ger do frio extremo. Você pode tentar fazer asua, como uma fralda com velcros.

DiversosEm baladas longas, mini carregador solar paraas baterias, flanela antiestática para limpeza, ca-neta, papel, silver tape, canivete suíço, pedaçode arame e lanterna (precisamos sempre quenão os temos).

ValoresImpossível listar pela enorme variação de mode-los e marcas. Mas a média de preço das câmerascitadas – Compactas: 280 a 1400 dólares; Pros:2 mil a 6.500 dólares; Mini câmeras: 350 a 700dólares (em dólar pela loucura do mercado naci-onal).

Dicas complementaresAlgumas câmeras semi-profissionais possuemrecursos que podem valer ou não o investimen-to. Exemplo, o comando de “Balanço de branco”ajuda na perfeita calibragem das cores, já recur-sos de Foto Estática nem sempre valem a pena,pois como as câmeras são projetadas para vídeo,a qualidade das fotos não é das melhores;Use mídias da mesma marca de sua câmera.Exemplo: as HDV aceitam fitas MiniDV comuns,mas funcionam melhor com fitas próprias (me-nos dropouts, etc);Deixe seus dados anotados junto do equipo paraevitar extravio em viagens;Se necessário, proteja sua câmera com silvertape, sem obstruir os comandos. Vai parecer oFrankenstein, mas vai durar bem mais e vocêtrabalhará com menos frescuras e preocupa-ções;Use cordeletes como becape de segurança àsalças e fivelas das bolsas e pochetes;Se sua roupa de inverno não tem bolsos internospara as baterias, improvise um estratégico emsua Camada Térmica - na região do coração,sem atrapalhar os movimentos e de fácil acessoquando debaixo do Anorak ou macacão.

Se tiver dúvidas, entre em contato pelo sitewww.photoverde.com.br.Enorme gratidão aos meus patrocinadores:Goretex, Windstopper e Solo, fundamentais emminhas conquistas.Até a próxima, valeu!

Aprenda como escolher e usar equipamentos devídeo ideais para situações extremas de monta-nha e escalada.

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ALBERTO ORTENBLAD | SP

Este é o menor dos parques brasileirosque conheci até hoje, onde você encon-trará uma bela natureza típica doEspinhaço, com trilhas em camposrupestres, montanhas cênicas, cachoei-ras em paredes de rochas estriadas edelicadas grutas sedimentares. Vocêtambém irá se surpreender com a ótimaconservação e sinalização deste precio-so parque.

Acesso e HistóriaO Parque Estadual do Ibitipoca fica próxi-mo de Juiz de Fora, na direção das Esta-ções das Águas de Minas. Está a aproxi-mados 250 km de Belo Horizonte e Riode Janeiro e ao dobro disto de São Paulo.O acesso é feito pela boa estradinha deterra que sobe a partir de Lima Duarte.Os primeiros homens brancos que che-garam à região foram bandeirantes doséculo XVII vindos de Taubaté. A desco-berta do ouro levou Ibitipoca a um breveapogeu, devido ao êxodo causado pelasminas de Ouro Preto. A região passouentão a ser percorrida pelos aventureirosque evitavam a Estrada Real, onde a Co-roa exercia a fiscalização do ouro a serexportado pelo porto do Rio.Apesar da visita do naturalista SaintHillaire em inícios do século XIX, Ibitipocacontinuou pobre e despovoada. No sécu-lo seguinte, a Igreja procurou apossar-sedas terras então devolutas, construindouma capela nos altos do Pico do Pião. OEstado de Minas recuperou na Justiça aposse das terras e, quarenta anos de-pois, lá criou o atual Parque.Apesar disto, a população continuou iso-lada até vinte anos atrás, quando o Par-que foi dotado de boa infra-estrutura. Sóentão, ela começou a se relacionar compessoas de fora. Entre minha primeira vi-sita e a atual, pude perceber que os cabo-

clos caipiras tinham (talvez infelizmente) setornado uma minoria.

A Natureza do ParqueO Parque Estadual do Ibitipoca tem apenas1.500 hectares, num formato parecido comum triângulo com a base pousada sobreum retângulo. Esta base corresponde à dis-tancia de 3 km entre as bordas oeste e les-te do Parque, que é a sua maior largura.Nelas estão os dois picos de maior expres-são, o Lombada e o Pião. O comprimento ébem maior, de 6 km entre as extremidadesnorte e sul. Curiosamente, as duas princi-pais atrações estão nestes extremos, a Ja-nela do Céu e a Cachoeira dos Macacos.Talvez o aspecto mais interessante do Par-que seja a nitidez ou coerência do seu eco-sistema. Ele é perfeitamente característicoda Serra do Espinhaço, com paredes ro-chosas com estrias horizontais, vegetaçãoárida porém variada, cavernassedimentares secas e gélidas águas nacoloração âmbar.Você encontrará no Parque tanto camposrupestres como matas montanas, sejamciliares ou de encosta. Nas extensões decapim vassoura, verá belas orquídeas, ca-nelas de ema e cactos, tanto quantobromélias, barbas de velho e candeias aolongo das matas. Ele abriga várias espéci-es em extinção, como bugios, onças par-das e lobos guará. Não é difícil avistarmaritacas, canários e gaviões.Ibitipoca é uma feliz e rara exceção dentreos parques brasileiros, por ser cuidadosa-mente mantido e sinalizado. As trilhas sãolimpas antes dos fins de semana, o cam-ping é bem servido e situado, o Centro deVisitantes bastante informativo e os folhe-tos são muito bem feitos. Quem sabe umdia o IBAMA se inspire nele para corrigir otriste abandono de quase todos nossosParques Nacionais.

Principais AtraçõesExistem três tipos de atrações no Parque:montanhas, cavernas e cachoeiras. Elaspodem ser aproveitadas em conjunto, atra-vés de dois principais percursos, a Janelado Céu e o Pico do Pião. No primeiro caso,você andará 18 km desde a Portaria e, nosegundo, cerca de 15 km.Estes percursos serão menores em 3 kmcada, se você acampar no Parque, ondeexiste muito boa estrutura para até 30 bar-racas. Quando fui, o Parque passava porobras, o acampamento estava interditadoe o estacionamento era feito apenas naPortaria, o que aumentava os percursos.O Pico da Lombada ocupa uma corcova naserra a 1.784m de altitude, de onde vocêpoderá descortinar todo o Parque. Basica-mente, você só sobe até ele e só descedepois dele. Antes e depois, você poderávisitar o Cruzeiro e a Gruta da Cruz, bemcomo a Gruta dos Três Arcos e a Janela doCéu. Esta é uma pequena corredeira maisadiante, encaixada num cânion, cujaságuas chegam a um lindo remanso, antesde se precipitarem numa elevada cachoei-ra.A trilha para o Pião não é tão bonita quantoa do Lombada, por ser menos rupestre.Permite a visita às Grutas do Monjolinho (aúnica úmida), do Pião e dos Viajantes. Esta

é de todas a mais extensa, com amplossalões. No alto do Pico, você verá oassoalho da antiga capela, cujas paredesnão mais existem – foi a partir dela que aIgreja tentou se apossar das terras do Par-que. Na volta, poderá percorrer o chamadoCircuito das Águas, desde o Lago dos Es-pelhos até a Cachoeira dos Macacos. Es-tas são regiões baixas, de fácil acesso,comumente cheias de turistas.Na realidade, existe uma trilha que une osdois picos, como se fosse uma via circularpelas bordas do Parque. Mas não acho queconvém fazê-la, pois apesar de sempregeladas, as águas convidam a (rápidos)banhos e algum repouso, o que tornaria atravessia muito demorada. Note que os riossão dois, o Vermelho que corre para o nor-deste e o do Salto, para o sudoeste. A prin-cipal bacia da região é a do Rio Aiuruoca,cujas nascentes estão na base do AgulhasNegras.Evite viajar para Ibitipoca no verão, devidoàs chuvas (e raios) freqüentes. Se for acam-par, procure reservar antecipadamente seulugar no bom camping do Parque. Planejeao menos dois dias, para conhecer o Par-que com calma. E não deixe de visitar asduas igrejinhas da vila, de provar da fartacozinha mineira e de comprar a especiali-dade local, o saboroso pão de canela

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Muito se discute hoje, como esporte em geral, aausência total de patrocínios. A quantidade deteorias da conspiração aliadas ao que NelsonRodrigues chama de complexo de Vira-latas égigantesca. Mas falta um pouco a comunidadeescaladora abrir os olhos para o que ela mes-ma anda, ou andou, fazendo nos últimos tem-pos em matéria de comportamento.Embora muita gente faça como avestruzes, queescondem somente a cabeça e deixa o corpode fora, outros tentam ter comportamento dig-no. Procuro sempre na minha vida olhar o pontode vista dos dois lados. Eu, como escalador jácansei de ficar criticando a postura de algumasempresas diante dos escaladores. Mas hojenuma conversa reservada com um escaladorpude ficar sabendo um pouco do outro lado dahistória.Hoje para o mercado o escalador é conhecidopela ausência total de civilidade e educação,pela desunião e pela completa falta de posturaética e política diante de sua própria comunida-de. Tal fato pode ser constatado pelas inúme-ras reclamações e denúncias de comportamen-tos desrespeitosos nos locais de escalada.Basta constatar isso acompanhando os fórunsde escalada. As ocorrências são inúmeras:pessoas defecam em locais de escaladas aopé da via, acampam onde não é permitido, con-somem drogas ilícitas como se fosse comum,param seu carro onde bem entenderem, escu-tam som a toda altura, e por ai vai. Com todo o

respeito a quem consegue fazer feitos de es-calada notáveis, mas se eu fosse empresárionão arriscaria a pagar uma pessoa com estecomportamento a representar minha marca. In-felizmente.Assim como na escola a gente deve estudarpara merecer notas altas, treinar na escaladapara evoluir no grau, ser carinhoso para man-ter a namorada, não desacatar autoridades paranão ser preso, na escalada deve-se fazer pormerecer. E isso não é o suficiente. Quanto maisgrupinhos que se intitulam favelados, mas quena verdade nunca passou necessidade de ver-dade, e acham que o mundo não tem regras,menos teremos pessoas que escalam ganhan-do patrocínios.

ReflexosNo blog (http://pempem.blog.uol.com.br) que eumantenho coloquei notícias de dois montanhistase alpinistas famosos, e choveram críticas a eles.Mas ninguém parou para pensar que eles me-receram patrocínios porque representam umaatividade que as pessoas em geral têm um com-portamento digno, e estas mesmas com todasas supostas limitações dentro da escalada, sãopessoas de comportamento social exemplar. Ouseja, não saem por aí praguejando contra ou-tros escaladores, sabe preservar o bom conví-vio com outros escaladores, e, sobretudo fazalgo pelo esporte que praticam. Para merecerum patrocínio tem de ser alguém socialmentereconhecido, não somente tecnicamente apto.Para quem acha que dinheiro cresce em árvo-re, digo que não cresce. Administrar um negó-cio é muito difícil, especialmente no Brasil, quetem a carga tributária muito grande. Ainda as-sim ter de produzir materiais para escaladoresque não tem representatividade coesa e defini-da. O escalador hoje pensa somente em fazeralgo local, mas não pensa a longo prazo. Querapenas que tudo seja do jeito que ele quer, enão respeitar nada. Há escaladores que batemno peito que fazem e acontecem e reclamam depatrocínio. Mas estes mesmos não viajam a lu-

gar que não seja o que eles querem, não parti-cipam do campeonato brasileiro porque tem ummedo íntimo de perder e sair com a fama arra-nhada.Tem muito escalador de destaque que fica commá vontade de aparecer em eventos de esca-lada porque não tem o “grau” que ele escala naregião. Pois o ego é muito maior do que a vonta-de de se fazer aparecer para a comunidade.Não sabem eles que patrocínio é um emprego, enão mesada. Você tem de mostrar resultadoscomo representatividade, divulgação positivada marca e assim por diante, como numa em-presa normal.

Na gringa é assim?Chris Sharma tem mega patrocínos, não tem?Pois então olhe quantos filmes de escalada,olhe para quantos eventos ele comparece, eveja quanto ele faz para a escalada. Não hánoticias dele sendo bêbado, discutindo por men-sagens e trocando acusações de problemaspequenos. Basta olhar o filme “King Lines” paraperceber que antes de tudo ele é uma pessoasocialmente preparada.Idem para escaladores como Lynn Hill, AdamOndra(que sofreu punição do próprio país porquerer escalar fora das regras de uma falésiana Europa), Dani Andrada. Até mesmoescaladores de destaque aqui no Brasil sãoexemplo de atitude e respeito a todos, olheescaladores como Eliseu Frechou, SérgioTartari, André Berezosky , Janine Carsoso,César Grosso, Anderson Gouveia e muitos ou-tros. Não se lê uma notícia, ou sabe-se de fatode mau comportamento destas pessoas empúblico. Seja criticando seja de comportamentoinapropriado. Aposto que nunca irá existir, poissão pessoas que mostram ter o comportamen-to esperado para um patrocinio, embora nemsempre consiga. E isso por culpa dos que cau-sam desprazer nos patrocinadores de traba-lhar com uma comunidade tão mesquinha eanimalesca.Não inocento os fabricantes também pela au-

Patrocínio de escaladores mito ou verdade?Como a falta de atitude e o mau comportamento de alguns escaladores, sempre impunes, colaborampara a fuga dos patrocinadores.

sência. Sei que há escaladores merecedoresde patrocínio a muito tempo, e algumas marcasse omitem disso. Há marcas que dão apenasapoio, e de maneira totalmente promíscua comassociações de escalada que efetivamente sóexistem no papel (e tal fato acontece porque acomunidade escaladora só pensa no próprio um-bigo). Se uma marca pode apoiar uma associa-ção de papel, pode também patrocinar um atleta(com parte da passagem por exemplo).As marcas devem deixar claro também em seuswebsites, ou até mesmo com artigos em revis-tas o porquê de total ausência de apoio a cam-peonatos e etc. De preferência com todas ascores, ou seja, falar abertamente qual o proble-ma. Pois assim, como num relacionamento senão houver sinceridade de ambas as partes elevai afundar. Conversar, ou comunicar qual devaser o comportamento a ser seguido pela comu-nidade é o que mais tem de apropriado no mo-mento.Não existirá nenhuma grande empresa, comtodo o dinheiro do mundo, que vai querer des-perdiçar montantes em pessoas que são co-nhecidas por desrespeito total a todos. Se al-guém quer ser patrocinado, pense na sua famí-lia. Você vai fazer parte de uma família ao serpatrocinado, e ninguém nunca quer alguém quefique sujando a sua marca. Para construir umamarca leva anos de investimento. Para destruí-la leva dias. Duvida? Olhe o que aconteceu coma Parmalat.Como a falta de educação, e ausência de ética eetiqueta social impera nos famosos escaladoresprodígios de cada região, o único patrocínio quevão conseguir será aquele que os próprios pais,às vezes cegamente, fornecem. Enquanto cadaescalador não se conscientizar de que aquiloque você faz reflete na comunidade escaladora,vai ficar assim: as empresas com preguiça depatrocinar e muito escalador que merece deverdade um patrocinio sem nada. E por culpa detodos que querem ver a escalada progredir, poisnão sabem se portar como um indivíduo de soci-edade.

Dos Pontos De Segurança• Durante uma conquista deve ser observado oposicionamento dos pontos de segurança, demodo que em hipótese alguma de queda, oescalador toque o solo, arestas ou saliências,representando perigo à sua própria integridade;• É proibida a adição de pontos de segurançaem escaladas já conquistadas, sem autorizaçãodos conquistadores;• Em caso de regrampeação os escaladores nãopossuem poder algum para descaracterizar qual-quer rota, transferindo a original proteção dospontos de segurança, de acordo com o artigoprimeiro anterior;• A utilização de dupla proteção nos pontos deparada é um fator que diminui a ocorrência deacidentes e deve ser sempre observada;• Sempre que possível os pontos de rapel devemser comuns à varias escaladas;• Os pontos de segurança estão sujeitos às in-tempéries e devem merecer constantes observa-ções todo início de uma escalada;• Um ponto de segurança visivelmente mal colo-cado, deve ser evitado e informado à União Lo-cal de Escaladores para a sua substituição deacordo com o artigo segundo deste;Do Meio Ambiente• Nenhuma escalada deve transgredir as leis deproteção ambiental. Todas as situações à partedevem ser discutidas pela União Local de

Código de Ética do I Congresso Brasileiro de MontanhismoEste código de ética foi discutido no 1º Seminário Paranaense em Março de 1993, e levado para dis-

cussão no 1º Congresso Brasileiro de Montanhismo realizado em Curitiba em julho do mesmo ano.

Escaladores e decidido através de votação pormaioria absoluta ( 50% mais um voto );• Todo escalador é responsável pelo seu materi-al e lixos;• Todo escalador tem a obrigação de divulgar econscientizar a proteção ao meio ambiente;Do Material Móvel• Deverá ser utilizado material móvel sempreque possível, evitando-se o uso de pontos fixosao lado de fissuras, fendas, rachaduras às quaisseria óbvio o uso de materiais móveis;Ética e Estilo• Ética e estilo nunca devem ser confundidos,sendo que ética são regras que definem umaatitude ou postura diante do esporte e ao meio eé flexível de uma região para outra. O estilo fazparte das características de cada escalador, ilimi-tado e autojustificado na relação de movimen-tos ao realizar uma escalada;• Corda de cima, Hang Dog, Pink Point, RedPoint e Solo, ficam classificados como estilo re-servado de cada escalador que saberá definirseus limites, sendo porém mundialmente conhe-cido como melhor estilo o On Sight guiando;Da Conquista• Nenhum escalador possui o direito de reservarpara si qualquer rota ou pedaço de pedra, so-mente se estiver colocando evidentes esforçospara efetuação de seus objetivos, seja aproxima-ção, ou colocação de grampos. Em caso da mo-dificação das intenções o escalador tem a res-

ponsabilidade de expressá-las à comunidade lo-cal, deixando-a aberta a todos;• Toda conquista deverá ser divulgada no catálo-go que deve ser editado anualmente;Da Graduação• Todo grau de escalada deve ser On Sight;• As graduações de artificiais devem estar dentrodos padrões, fator H e segurança expostos nocatálogo local;Da Moral• Todo escalador deve utilizar de sua liberdade,usufruindo de seu espaço respeitando o próximo;• É considerado imoral marcar com magnésiorotas ou boulders, com intuito único de legitimaruma ascensão não executada;• Todo escalador tem a obrigação de prestar au-xílio em caso de eminente perigo;• Todo escalador tem o dever moral de transmitiruma boa atitude em relação à montanha e àprática do esporte;Do Equipamento, do Resgate ou Acidente•Todo escalador tem a obrigação de prestar auxí-lio técnico ou de primeiros socorros, quando as-sim lhe for pedido;•Todo escalador é responsável pelo seu equipa-mento e manutenção do mesmo;Conclusão Sobre o CódigoEste código pode e deve ser alterado sempreque necessário e em consenso da União Localde Escaladores. Deverá ser respeitado por toda acomunidade e visitantes.

LUCIANO FERNANDES | SP

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Mountain Voices é um informativobimestral de circulação dirigida aoexcursionismo brasileiro e patrocinadopelos anunciantes. Seu objetivo é fomentara pratica deste esporte no Brasil, em suasvárias modalidades: montanhismo, escala-da e espeleologia. Reprodução somentecom autorização dos autores, e desde quecitada a fonte. Não temos matérias pagas.Frizamos que o excursionismo expõe o pra-ticante a riscos, inclusive de morte, que esteassume deliberadamente. O uso de equi-pamento de segurança, bem como o acom-panhamento de guia especializado, se faznecessário, porém não elimina totalmenteo risco de acidentes.Editores: Eliseu Frechou, Vitor B. FrechouArtur B. Frechou e Jorge B. Frechou.Contatos: Cx.Postal 28, São Bento doSapucaí, SP, cep 12490-000. E-mail:[email protected]. Web site:www.mountainvoices.com.br. Agradecemosa todos os colaboradores deste número:patrocinadores, assinantes, e todas as pes-soas que nos escreveram enviando artigos,criticas e apoio.

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Preços válidos até 31/12/2008.

( ) Assinatura Mountain Voices - R$ 25,00( ) Renovação assinatura - R$ 20,00( ) Assinatura 2 anos - R$ 40,00( ) Número atrasado do Mountain Voices - R$ 5,00 / exemplar( ) Livro Com Unhas e Dentes - Sérgio Beck - R$ 30,00( ) Manual de Escaladas da Pedra do Baú e Região - R$ 20,00( ) Manual de Escaladas de Itatiaia e Região - R$ 20,00( ) Manual de Escaladas da Seera do Cipó, Lapinha e Rod - R$ 20,00( ) DVD Terra de Gigantes - R$ 25,00( ) DVD Lobotomia 2 Pedra do Baú e Região - R$ 25,00( ) DVD Lobotomia 3 do PE ao RS - R$ 25,00( ) DVD The Movie 1 - Itatiaia - R$ 25,00( ) DVD Karma - R$ 25,00 Total ........................,00

103Capa: Luiz Cláudio Pereira escalandouma nova rota na falésia do Caburu,São João del Rei, MG.Foto: Eliseu Frechou.