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Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Biociências Departamento de Botânica e Ecologia Especialização em Gestão e Perícia Ambiental - Turma IV Flávia França Rodrigues Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) em Várzea Grande MT: Um estudo de caso Orientadora: Profª MSc. Solange Fátima de Oliveira Cruz Cuiabá MT 2016

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  • Universidade Federal de Mato Grosso

    Instituto de Biociências

    Departamento de Botânica e Ecologia

    Especialização em Gestão e Perícia Ambiental - Turma IV

    Flávia França Rodrigues

    Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) em Várzea Grande – MT: Um

    estudo de caso

    Orientadora: Profª MSc. Solange Fátima de Oliveira Cruz

    Cuiabá – MT

    2016

  • II

    Flávia França Rodrigues

    Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) em Várzea Grande – MT: Um

    estudo de caso

    Monografia apresentada ao Depto. de

    Botânica e Ecologia do Instituto de

    Biociências da Universidade Federal de

    Mato Grosso, como requisito final para

    obtenção do Grau de Especialista em

    Gestão e Perícia Ambiental.

    Cuiabá- MT

    2016

  • III

    Flávia França Rodrigues

    Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) em Várzea Grande – MT: Um

    estudo de caso

    Monografia apresentada ao Depto. de

    Botânica e Ecologia do Instituto de

    Biociências da Universidade Federal de

    Mato Grosso, como requisito final para

    obtenção do Grau de Especialista em

    Gestão e Perícia Ambiental.

    BANCA EXAMINADORA

    ________________________________________

    Profª MSc Solange Fátima de Oliveira Cruz (SEMA – MT)

    (Orientadora)

    ________________________________________

    Profa. Dra. Edna Lopes Hardoim

    (Examinadora)

    ________________________________________

    Prof. MSc. Rogério Pinto de Moura Moreira

    (Examinador)

    Cuiabá – Mato Grosso

    30 de Março de 2016

  • IV

    Dedico este trabalho aos amores da minha

    vida: meus pais e minhas irmãs. A toda

    minha família e amigos amados e a minha

    orientadora Profª Solange Fátima de

    Oliveira Cruz.

  • V

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, agradeço a Deus que guiou, protegeu, abençoou, cuidou de mim durante

    toda a minha vida e me permitiu (e ainda me permitirá) realizar muitos dos meus sonhos. A

    jornada não foi fácil, mas com Ele sempre ao meu lado tudo ficou melhor.

    Agradeço a minha mãe Eliza Marques França Rodrigues, ao meu pai Rosinildo Pereira

    Rodrigues, e as minhas irmãs Fernanda França Rodrigues e Fabiana França Rodrigues.

    Obrigada por estarem ao meu lado e me apoiarem incondicionalmente em todos os momentos,

    bons e ruins, da minha vida. Obrigada por cuidarem, (algumas vezes) mimarem e aguentarem

    a “caçulinha mimada” aqui, como vocês sempre fizeram. Podemos não ser a família perfeita

    (nenhuma é), mas pra mim perfeição mesmo é tê-los comigo sempre. Amo vocês por toda a

    eternidade!

    O meu muitíssimo obrigada a minha orientadora Profª Solange Fátima de Oliveira Cruz,

    sem a qual nada disso teria sido possível. Obrigada pelo apoio, conselhos, ensinamentos,

    compreensão e por ter aceitado dividir comigo o desafio deste trabalho. Me sinto muito honrada

    por ter tido a oportunidade de conviver e trabalhar com a senhora. Tenha a certeza que os

    ensinamentos transmitidos a mim serão muito bem aproveitados.

    A Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável de Várzea

    Grande, Hellen Farias, e a todos os servidores da Prefeitura de Várzea Grande envolvidos, por

    aceitarem participar deste Projeto que será de grande importância para o município de Várzea

    Grande. Lembrem-se que as mudanças e principalmente o sucesso da “nossa” A3P dependem

    apenas de vocês. Desejo que todos os esforços sirvam de referência e inspiração para toda a

    comunidade e que vocês sejam sempre replicadores desta preocupação e proteção ao meio

    ambiente.

    Aos professores doutores Vera Lúcia Guarim (in memorian) e Germano Guarim Neto

    pela oportunidade de cursar esta Especialização, a qual aguardei ansiosamente por alguns anos.

    Mas principalmente, obrigada por todo o conhecimento transmitido a mim, desde a época da

    minha graduação em Ciências Biológicas na UFMT. Que honra poder ter sido aluna deste casal

    especial!

    A toda minha família (Vovó Jaíra Marques, Vovô Benedito Epitácio de França, Vovó

    Zuila Pereira (in memorian) e Vovô Aureolino Rodrigues (in memorian), tios, tias, primos e

    primas) pelo apoio, torcida, orações, amor e carinho durantes esses vinte e três anos. Amo

    vocês!

  • VI

    As melhores amigas que alguém poderia ter no mundo, Caroline França e Jéssica

    Assunção. Nunca me canso de dizer o quanto vocês são importantes pra mim. E nunca me

    cansarei de agradece-las por todo apoio, dedicação e amor que tem me dado nesses “vinte e

    poucos anos”. São vinte e poucos ANOS, não são minutos, nem horas, nem dias. São anos. É

    AMIZADE! Amo vocês!

    Ao meu querido e amado amigo, “divo” e “muso”, Matthews Galvão. Acho que você,

    mais do que ninguém, sabe o quanto me esforcei nesse último ano, pois era você quem me via

    cansada, após um longo dia de trabalho, nas noites de terça e sexta, quando deixava o seu

    laboratório para ir me dar um abraço de saudade. Obrigada pelo apoio, carinho e amizade, Amo

    você.

    Aos queridos colegas da IV Turma de Especialização em Gestão e Perícia Ambiental,

    pelas horas, trabalhos e conhecimentos compartilhados. A convivência e a troca de experiências

    com vocês foi incrível.

    A todos os professores do curso, por todo o conhecimento transmitido a mim, aluna

    aprendiz e admiradora do trabalho desempenhado com tanta propriedade e amor por cada um

    de vocês. Obrigada por me inspirarem a ser ótima na profissão que escolhi.

    A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, o

    meu muito obrigada!

  • VII

    RESUMO

    Cada vez mais, há a necessidade de referências e/ou modelos a serem seguidos pela sociedade

    no caminho rumo ao desenvolvimento sustentável, conciliando o desenvolvimento econômico

    com a conservação do meio ambiente. Sendo assim, o poder público torna-se o grande

    responsável na garantia desse desenvolvimento. Seu poder de compra e a adoção de critérios e

    práticas de proteção ao meio ambiente fazem com que não só empresas, mas também a

    sociedade em geral, repensem e também adotem novas tecnologias menos nocivas ao meio

    ambiente. A administração pública deve implementar ações que permitam a internacionalização

    de critérios e a adoção de boas práticas ambientais para a melhoria na qualidade de vida também

    no ambiente de trabalho. Assim em 2001, foi criado o Programa Agenda Ambiental na

    Administração Pública (A3P) com o “objetivo de sensibilizar os gestores públicos para a

    importância das questões ambientais, estimulando-os a incorporar princípios e critérios de

    gestão ambiental em suas atividades rotineiras”. Além disso, a A3P visa estimular a reflexão e

    a mudança de atitude dos servidores, promover a economia de recursos naturais e a redução dos

    gastos institucionais, reduzir o impacto socioambiental negativo e contribuir para a melhoria da

    qualidade de vida. A Prefeitura de Várzea Grande, como parte integrante e essencial da

    Administração Pública, enxergou a necessidade de aderir ao Programa Agenda Ambiental na

    Administração Pública para sensibilizar seus gestores quanto as questões ambientais e

    promover servidores replicadores de boas práticas ambientais, visando minimizar os impactos

    causados por suas atividades cotidianas e melhorando a qualidade de vida. A primeira etapa do

    presente estudo consistiu na pesquisa bibliográfica em livros, revistas, periódicos e internet para

    conhecimento e melhor entendimento do tema proposto. A segunda etapa consistiu na

    realização de reuniões para apresentação e discussões acerca do tema, com os seguintes

    objetivos: apresentar o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) aos

    servidores designados por suas respectivas secretarias; discutir a minuta do Regimento Interno

    da A3P; votar o Regimento Interno e formalizar a Comissão Gestora da A3P. Durante as

    reuniões ocorreram relatos de trabalhos tímidos realizados com a finalidade de promover a

    Educação Ambiental internamente e na comunidade em geral. Apesar das dificuldades

    encontradas no decorrer do processo de implantação da A3P, um ponto positivo observado foi

    a disposição dos servidores integrantes da Comissão Gestora em relação as mudanças. Ao longo

    das reuniões percebeu-se a preocupação destes com as principais questões da A3P, como por

    exemplo, o desperdício de papel, de copos plásticos, do uso de lâmpadas fluorescentes, de

    energia elétrica, de água, a falta de coleta seletiva etc. Assim sendo, o presente estudo tem o

    objetivo de contribuir para a implantação da A3P em Várzea Grande – MT, por meio de ação

    participação com avaliação.

    Palavras – chave: Agenda Ambiental na Administração Pública; A3P; Responsabilidade

    Socioambiental; Sustentabilidade; Várzea Grande – MT.

  • VIII

    ABSTRACT

    More and more there is a need of references and/or models to be followed by the society towards

    sustainable development, combining economic development with environmental conservation.

    Thus, the government becomes the great responsibility in ensuring that development. Your

    purchasing power and the adoption of criteria and environmental protection practices make not

    only companies, but also society in general, rethink and adopt new technologies less damaging

    to the environment. The government must implement actions that allow the criteria

    internationalization and the adoption of good environmental practices to improve the quality of

    life also in the workplace. Thus, in 2001, the Environmental Agenda Program in Public

    Administration (A3P) was created with the "aim of raising awareness among public managers

    of the importance of environmental issues, encouraging them to incorporate principles and

    environmental management criteria in their routine activities". In addition, the A3P aims to

    stimulate reflection and change of attitude of the servers, to promote the economy of natural

    resources and reduction in institutional spending, reduce the negative environmental impact and

    contribute to improving the quality of life. The City of Várzea Grande, as an integral and

    essential part of the public administration, saw the need to adhere to the Environmental Agenda

    Program in Public Administration to educate their managers as environmental issues and

    promote replicators servers of good environmental practices to minimize the impacts caused by

    their daily activities and improving the quality of life. The first stage of this study consisted of

    bibliographic research in books, magazines, newspapers and internet for knowledge and better

    understanding of the theme. The second stage consisted of meetings for presentation and

    discussions on the subject with the following objectives: to present the Environmental Agenda

    Program in Public Administration (A3P) to servers designated by their respective secretariats;

    discuss the draft of the A3P’s Internal Regulations; vote the Internal Rules and formalize the

    Management Committee of A3P. During the meetings, there were reports of timid work carried

    out in order to promote environmental education within and in the wider community. Despite

    the difficulties encountered in the course of the A3P deployment process, a positive point

    observed was the enthusiasm of member servers of the Management Committee over the

    changes. Along the meetings, we see the concern of these with the main issues of A3P, such as

    waste paper, plastic cups, electricity and water, the need for using fluorescent lamps, the lack

    of selective waste collection, etc. Therefore, this study aims to contribute to the implementation

    of A3P in Várzea Grande city through participation with evaluation.

    Keywords: Environmental Agenda Program in Public Administration; A3P; Social and

    Environmental Responsibility; Sustainability; Várzea Grande – MT.

  • IX

    LISTA DE FIGURAS

    Pág.

    Figura 1 Mapa mostrando os limites da cidade de Várzea Grande

    19

    Figura 2 Servidores da Secretaria de Administração da Prefeitura de Várzea

    Grande – MT, realizam a brincadeira “Amigo Caneca”, na qual trocam

    entre si canecas de plástico e alumínio para evitar o uso de copos

    plásticos. A brincadeira também foi importante para estreitar as

    relações interpessoais entre esses servidores

    24

    Figura 3 A) Caixas de papelão confeccionadas pelo setor de Educação Ambiental da SEMMADRS/VG. B) Secretária de Meio Ambiente e

    Desenvolvimento Rural Sustentável do município de Várzea Grande,

    Hellen Farias (ao centro), com servidores da SEMMADRS prontos

    para realizar a entrega das caixas nos demais órgãos municipais.

    25

    Figura 4 Código de cores para os diferentes tipos de resíduos, segundo a

    Resolução CONAMA n 275, de 25 de Abril de 2001

    27

  • X

    LISTA DE SIGLAS

    A3P – Agenda Ambiental na Administração Pública

    CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

    Sustentável

    DAE – Departamento de Água e Esgoto

    GMVG – Guarda Municipal de Várzea Grande

    MMA – Ministério do Meio Ambiente

    PMGRS – Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

    SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente

    SEMMADRS – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável

    SMDUET – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Econômico e Turismo

    SMECEL – Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer

    SMS – Secretaria Municipal de Saúde

  • XI

    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

    2. METODOLOGIA DO TRABALHO ........................................................................... 15

    3. A AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (A3P) .................. 16

    4. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE VARZEA GRANDE -

    MT ................................................................................................................................... 19

    5. A AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM VÁRZEA

    GRANDE ........................................................................................................................ 21

    6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 29

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 31

  • 12

    1 INTRODUÇÃO

    A espécie humana depende de um meio ambiente saudável, suprimento de água limpa,

    sistemas de esgoto sanitário, moradia adequada e um bom fornecimento de alimentos saudáveis,

    segundo a Agenda 21, Capítulo 6. Além do esgoto sanitário, os outros resíduos provenientes do

    descarte humano também causam sérios problemas a estabilidade ambiental.

    “No Brasil são produzidos 30 milhões de toneladas de resíduos orgânicos por ano, mas

    apenas 1,6% é destinado a compostagem. Os 98,4% restantes (mais de mil toneladas todos os

    dias) vão para aterros e lixões” (MMA, 2013).

    São dados alarmantes como este que chamam a atenção da sociedade para a mudança de

    padrões e paradigmas que deve acontecer nos dias de hoje. O cenário atual é de significativo

    crescimento populacional, muitas vezes desorganizado e sem planejamento, e de uma sociedade

    que adota a lógica do consumo como modo de vida. Dessa forma, o que se observa é a produção

    de resíduos em quantidades exorbitantes, como mencionado acima, e o seu descarte sem

    tratamento e ambientalmente inadequado.

    A questão da produção dos resíduos sólidos vem ganhando muito destaque nos últimos

    anos não só pela real necessidade de uma destinação final adequada, o que implicaria, dentre

    outras coisas, em uma diminuição da contaminação de superfícies e mananciais, mas também

    pelo esgotamento dos recursos naturais, já que o reaproveitamento e a reciclagem surgem como

    uma solução para a escassez de tais recursos (NAVARRO, 2014).

    Não é raro vermos nas mídias notícias de enchentes causadas pelo acúmulo de lixos nos

    bueiros. Além disso, também nos deparamos comumente com a poluição advinda dos lixões a

    céu aberto que recebem várias toneladas por dia de resíduos sem qualquer tratamento. Todos

    esses fatores levam a uma grave crise ambiental deflagrando prejuízos a qualidade de vida e a

    saúde da população (FERNANDES, 2014).

    No seu artigo 1º a Declaração de Alma Ata (1978) diz: “A Conferência enfatiza que a

    saúde – estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de

    doença e enfermidade – é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto

    nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação

    de muitos setores sociais e econômicos, além do setor da saúde.”

  • 13

    Sendo a saúde, o estado de completo bem-estar físico, mental e social, entende-se que o

    meio ambiente ecologicamente equilibrado também contribua para esse direito humano

    fundamental. Assim, mantendo o meio ambiente saudável, o ser humano estará

    consequentemente garantindo tal direito. Porém, como parte integrante do meio ambiente ele

    deve ser também o agente transformador daquilo que ele mesmo ajudou a impactar. Para isso,

    atualmente, se vale de inúmeras estratégias, seja em casa ou em seu ambiente de trabalho, as

    quais ele mesmo criou em um mundo cada vez mais preocupado com as questões ambientais.

    A mais utilizada dessas estratégias é a Gestão Ambiental, que segundo Oliveira (2008)

    nada mais é do que um conjunto de ações que permitem a identificação dos problemas

    ambientais gerados por uma instituição, como por exemplo a poluição e o desperdício, tendo

    em vista a adoção de novas normas e diretrizes para redução ou eliminação dos danos ao meio

    ambiente. Com a implantação da Gestão ambiental em uma instituição, esta é capaz de reduzir

    gastos exorbitantes e riscos ao meio ambiente, melhorando a imagem da instituição frente a

    sociedade e, consequentemente, aumentar o seu lucro, quando esse for seu objetivo.

    Se hoje em dia, as políticas ambientais recebem atenção especial no setor privado, no setor

    público não poderia ser diferente. Cada vez mais, há a necessidade de referências e/ou modelos

    a serem seguidos pela sociedade no caminho rumo ao desenvolvimento sustentável, conciliando

    o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente. Nesse sentido, em 1992

    foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

    Desenvolvimento Sustentável (CNUMAD), que contou com a participação de governos e

    instituições da sociedade civil de 179 países e que resultou na criação da Agenda 21. De acordo

    com Barbieri (2007), a Agenda 21 serve como uma receita para toda a humanidade de um

    desenvolvimento que seja ao mesmo tempo ambientalmente sustentável e socialmente justo.

    O poder público tornou-se assim o grande responsável na garantia desse desenvolvimento.

    Seu poder de compra e a adoção de critérios e práticas de proteção ao meio ambiente fazem

    com que não só empresas, mas também a sociedade em geral, repensem e também adotem novas

    tecnologias, menos nocivas ao meio ambiente, em um claro exemplo do pensamento de

    Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo.” Outra consequência da

    adoção de medidas de proteção ao meio ambiente pelo poder público é a garantia do direito de

    fazer cumprir as leis pertinentes, ou seja, sendo exemplo de boas práticas ambientais ele pode

    exigir a adoção das mesmas por empresas privadas, instituições e sociedade e aplicar as sanções

    previstas quando da não adoção daquelas.

  • 14

    Este trabalho tem o objetivo de contribuir para a implantação da Agenda Ambiental na

    Administração Pública (A3P) na cidade de Várzea Grande – MT, por meio de ação-participação

    com avaliação.

  • 15

    2 METODOLOGIA DO TRABALHO

    O presente estudo se desenvolveu em três etapas. A primeira etapa consistiu na pesquisa

    bibliográfica em livros, revistas, periódicos e internet para conhecimento e melhor

    entendimento do tema proposto.

    A segunda etapa consistiu na realização de reuniões para apresentação e discussões acerca

    do tema, com os objetivos de:

    - apresentar o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) aos

    servidores designados por suas respectivas secretarias;

    - discutir a minuta do Regimento Interno da A3P;

    - votar o Regimento Interno e formalizar a Comissão Gestora da A3P.

    Durante as reuniões adotou-se exposições em data show e confecção de um resumo dos

    principais itens discutidos (uma ajuda memória), que era encaminhado via email para os

    participantes.

    Concomitantemente as exposições foi realizado um método exploratório para levantar

    informações sobre o que diversos órgãos municipais tem desenvolvido internamente para a

    disseminação da Educação Ambiental, nas concepções da A3P, e quais os trabalhos com a

    comunidade externa.

    Devido a uma série de dificuldades (como falta de tempo, outros compromissos etc), não

    foi possível a realização de novas reuniões e o Regimento Interno já com as alterações feitas

    foi enviado via email para os membros da Comissão para que analisassem e fizessem as

    alterações que achassem pertinentes, e então aprovassem tal Regimento.

    A terceira etapa do estudo consistiu confecção do texto da monografia.

  • 16

    3 A AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – A3P

    De acordo com Machado (2002), a administração pública deve implementar ações que

    permitam a internacionalização de critérios e a adoção de boas práticas ambientais para a

    melhoria na qualidade de vida também no ambiente de trabalho. Para tal foi criado em 1999,

    pelo Ministério do Meio Ambiente, o Projeto Agenda Ambiental na Administração Pública com

    o “objetivo de revisar os padrões de produção e consumo estabelecendo novos referenciais de

    sustentabilidade nas instituições da administração pública” (MMA, 2009). Dois anos mais

    tarde, em 2001, foi criado o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública com o

    “objetivo de sensibilizar os gestores públicos para a importância das questões ambientais,

    estimulando-os a incorporar princípios e critérios de gestão ambiental em suas atividades

    rotineiras” (MMA, 2009). Além disso, a A3P visa estimular a reflexão e a mudança de atitude

    dos servidores, promover a economia de recursos naturais e a redução dos gastos institucionais,

    reduzir o impacto socioambiental negativo e contribuir para a melhoria da qualidade de vida.

    Segundo Baptista (2011), desde sua criação o Programa A3P vem ampliando suas ações e

    colaborando com a consecução dos princípios de Responsabilidade Socioambiental.

    Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o programa adota como um de seus princípios

    a “Política dos 5 R’s” (Repensar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar e Recusar consumir produtos

    que gerem impactos socioambientais negativos), a qual serviu de base para a estruturação da

    A3P em seis eixos temáticos, descritos a seguir:

    1. Uso racional dos recursos naturais e bens públicos: Implica em usa-los de forma

    econômica e racional, evitando o seu desperdício, como por exemplo o consumo de

    água, energia, materiais de expediente, etc;

    2. Gerenciamento de resíduos sólidos: Passa pela política dos 5 R’s. Deve-se

    primeiramente reduzir o consumo e combater o desperdício para posteriormente

    destinar o resíduo sólido;

    3. Qualidade de vida no ambiente de trabalho: Visa facilitar e satisfazer as necessidades

    do trabalhador, desenvolvendo ações para desenvolvimento pessoal e profissional, com

    o intuito de aumentar sua produtividade e bem-estar no ambiente de trabalho;

    4. Sensibilização e capacitação dos servidores: Visa desenvolver a consciência cidadã da

    responsabilidade socioambiental nos servidores;

    5. Contratações públicas sustentáveis: A administração pública deve promover a

    responsabilidade socioambiental nas suas compras através de licitações que levem a

  • 17

    aquisição de produtos e serviços sustentáveis, e a médio/longo prazo não apenas a

    conservação do meio ambiente mas, também a uma melhor relação custo/benefício;

    6. Construções sustentáveis: Abarca a sustentabilidade de forma sistêmica (ambiental,

    social, econômica e cultural) através de edificações e ambientes que considerem os

    procedimentos reconhecidos de sustentabilidade em todo seu processo de construção.

    A adesão a A3P pelas instituições da administração pública é voluntária e pode ser feita

    por meio do Termo de Adesão com o MMA, seguindo-se os seguintes passos: Criação da

    Comissão Gestora da A3P; Elaboração de um diagnóstico da instituição; Elaboração do Plano

    de Gestão Socioambiental; Promoção da sensibilização e capacitação; e Realização de

    avaliação e monitoramento das ações.

    As normas em vigor que servem de base e regulamentam o consumo sustentável na

    administração pública e a A3P são:

    a) Decreto nº 99.658, de 30 de setembro de 1990. Regulamenta, no âmbito da

    Administração Pública Federal o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e

    outras formas de desfazimento de material (BRASIL, 1990);

    b) Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998. Dispõe sobre a proibição de aquisição

    de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso das substâncias que

    destroem a camada de ozônio pelos órgãos e pelas entidades da administração

    pública federal direta, autárquica e fundacional (BRASIL, 1998);

    c) Decreto nº 4.131, de 14 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre as medidas emergenciais

    de redução do consumo de energia elétrica no âmbito da administração pública

    federal (BRASIL, 2002);

    d) Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos

    recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal

    direta e indireta, na fonte geradora, e sua destinação as associações e cooperativas

    dos catadores de materiais recicláveis (BRASIL, 2006);

    e) Decreto nº 7.746, de 05 de junho de 2012. Regulamenta o art. 3o da Lei no 8.666, de

    21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção

    do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela

    administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de

    Sustentabilidade na Administração Pública – CISAPInstrução

  • 18

    f) Normativa nº 01, de 19 de janeiro de 2010, do Ministério do Planejamento,

    Orçamento e Gestão. Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na

    aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela administração pública

    federal direta, autárquica ou fundacional;

    g) Portaria MMA nº 221, de 10 de setembro de 2004. Institui a estrutura de gestão da

    A3P;

    h) Portaria MMA nº 042, de 21 de fevereiro de 2005. Designou a composição da

    Comissão Gestora da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), com o

    objetivo de “propor políticas e diretrizes, normas e instrumentos técnicos, promover

    a articulação intra e intergovernamental, estabelecer metas e avaliar atividades.”

    (Portaria MMA nº 221 de 10 de setembro de 2004).

  • 19

    4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE VÁRZEA GRANDE –

    MT

    O município de Várzea Grande, que está localizado na Microrregião Cuiabá – Centro-Sul

    de Mato Grosso, fica a 185 metros acima do nível do mar. O clima é tropical semi-úmido com

    temperaturas médias de 24°C a 36°C.

    Várzea Grande faz limites com cinco municípios, sendo eles: Santo Antônio do Leverger,

    Cuiabá, Acorizal, Nossa Senhora do Livramento e Jangada. A segunda maior cidade do estado

    é banhada pela Bacia do Rio Cuiabá que forma a bacia do Paraguai e esta por sua vez, forma a

    bacia do Paraná/Prata. Os principais cursos d’água que banham o município de Várzea Grande

    são: Rio Cuiabá, Rio Pari, Ribeirões Esmeril, Cocais, Formigueiro e Espinheiro (limite de

    Várzea Grande com Jangada e Acorizal), córregos Carandá, Pilões, Aguaçu, Manga, Traíra, e

    36 áreas alagadas na região urbana. Os limites da cidade de Várzea Grande são mostrados na

    Figura 1, a seguir.

    Figura 1. Mapa mostrando os limites da cidade de Várzea Grande. Disponível em: www.googlemaps.com.br.

    Acesso em: 27 de março de 2016

    http://www.googlemaps.com.br/

  • 20

    Várzea Grande é separada da sua vizinha e capital do estado, Cuiabá, pelo Rio Cuiabá, que

    é considerado fonte de vida, fonte de abastecimento de água potável e ainda área de lazer e

    atrativo turístico. Entretanto, as duas cidades não só dividem o rio e os benefícios que ele traz

    as suas populações, como também os problemas ambientais nas suas imediações, já que o

    acelerado e desordenado processo de desenvolvimento dos centros urbanos da bacia do Rio

    Cuiabá traz consigo uma rápida degradação em seus recursos.

  • 21

    5 A AGENDA AMBIENTAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM VÁRZEA

    GRANDE

    A cidade de Várzea Grande é a segunda cidade mais populosa do Estado de Mato Grosso,

    com uma população aproximada de 252. 596 habitantes. Possui um território de 1.048 km2 e

    densidade demográfica de 241 hab/km2, segundo o site do Governo do Estado de Mato Grosso

    (IBGE Censo 2010). A cidade está em conurbação com a capital do Estado, Cuiabá, da qual é

    separada pelo Rio Cuiabá.

    A Prefeitura da cidade é composta por dezessete Secretarias (sendo elas: Secretaria de

    Administração, Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Comunicação, Controladoria,

    Departamento de Água e Esgoto, Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Econômico e

    Turismo, Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Gestão Fazendária, Governo,

    Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável, Secretaria de

    Planejamento, PREVIVAG, Procuradoria, Secretaria de Saúde, Secretaria de Defesa Social,

    Secretaria de Serviços Públicos e Mobilidade Urbana e Secretaria de Viação e Obras, além da

    Guarda Municipal. Como parte integrante e essencial da Administração Pública, tal Prefeitura

    enxergou a necessidade de aderir ao Programa Agenda Ambiental na Administração Pública

    para sensibilizar seus gestores, quanto as questões ambientais, e promover servidores

    replicadores de boas práticas ambientais, visando minimizar os impactos causados por suas

    atividades cotidianas e melhorar a qualidade de vida.

    Iniciando-se em 2015 os trabalhos para a implantação da Agenda Ambiental na

    Administração Pública, destacamos o interesse da gestão da Secretaria Municipal de Meio

    Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável - representada pela secretária Hellen Farias –

    que reconhece a importância da interiorização das concepções e procedimentos decorrentes da

    implantação efetiva dessa agenda nos órgãos públicos.

    Assim, por meio de ofício, a Secretária, tomando a frente desse trabalho, convidou os

    órgãos municipais para envolve-los e também para contribuições no diagnóstico e construção

    participativa dos documentos.

    Durante as várias reuniões ocorreram relatos de trabalhos tímidos realizados com a

    finalidade de promover a Educação Ambiental internamente e na comunidade em geral. Assim,

    foram citados diversos problemas ambientais ocorridos no município.

  • 22

    Destacou-se como principais problemas ambientais relacionados ao uso desordenado dos

    recursos hídricos a degradação, além de inundações e processos de erosão e assoreamento.

    Acrescentou-se ainda a contaminação das águas superficiais e do aquífero por efluentes

    domésticos e industriais, a supressão de Áreas de Preservação Permanente, o assoreamento do

    rio, o empobrecimento do solo e alteração do padrão de variação do nível da água.

    Segundo a Agenda 21 a Local de Várzea Grande a extração de recursos minerais causa no

    município a erradicação da vegetação, a destruição das matas ciliares, a aceleração do processo

    de erosão devido ao escoamento superficial originando voçorocas e desmoronamentos, a

    transformação da paisagem causando a poluição visual, o preenchimento das cavas por águas

    pluviais estagnadas, além das poluições sonora, do ar e do lençol freático. Outro problema grave

    relacionado a extração de minerais é a grande quantidade de áreas irregulares de extração, o

    que acelera ainda mais os processos de degradação ambiental.

    A poluição por resíduos domésticos e industriais também é outro problema abordado na

    Agenda 21 Local do município de Várzea Grande. Ela causa empobrecimento do solo, o

    aterramento de lagoas e nascentes e interfere no ecossistema. E a ocupação irregular causada

    pelo crescimento desordenado resulta em acúmulo de lixo e entulho, que além de causar

    poluição visual e do lençol freático, são meios de veiculação de vetores transmissores de

    doença. Além disso, em muitas dessas ocupações irregulares os moradores utilizam o método

    da queimada para limpar e/ou expandir suas áreas. Queimadas estas, que não sendo controladas

    causam a destruição de áreas importantes, já que em sua grande maioria as ocupações

    irregulares situam-se em áreas verdes ou mesmo em Áreas de Preservação Permanente, e

    também a poluição do ar.

    Na primeira reunião realizada compareceram 14 representantes de 11 Secretarias, além de

    dois representantes da Guarda Municipal, sendo que apenas as Secretarias de Meio Ambiente

    e Desenvolvimento Sustentável (SEMMADRS), o Departamento de Água e Esgoto (DAE), a

    Guarda Municipal (GM) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Econômico e

    Turismo (SMDUET), enviaram dois representantes para compor a Comissão Gestora da A3P.

    Ficou instituído que as secretarias que estavam representadas por apenas um servidor deveriam

    designar outro servidor para ocupar o posto de suplente e comparecer às reuniões para

    construção conjunta e participativa dos documentos referentes a Agenda Ambiental na

    Administração Pública.

  • 23

    Na segunda reunião onze representantes compareceram e devido a essa quantidade de

    servidores presentes foram feitas adequações no texto do Regimento Interno, porém não foi

    possível vota-lo.

    Na terceira reunião apenas um servidor compareceu. Sendo assim foi possível apenas

    observar o trabalho de reciclagem de papéis advindos das diversas Secretarias da Prefeitura de

    Várzea Grande e que está sendo realizado pelo Departamento de Educação Ambiental da

    Secretaria de Meio Ambiente de Várzea Grande.

    Apesar das dificuldades encontradas no decorrer do processo de implantação da A3P, um

    ponto positivo observado foi a disposição dos servidores integrantes da Comissão Gestora em

    relação as mudanças. Durante as reuniões percebeu-se a preocupação destes com as principais

    questões da A3P, como por exemplo, o desperdício de papel, copos plásticos, energia elétrica,

    água, o uso de lâmpadas fluorescentes, a falta de coleta seletiva etc.

    Na Secretaria de Administração os servidores realizaram uma brincadeira denominada

    “Amigo Caneca”, na qual os presentes trocados eram canecas plásticas ou de alumínio, como

    retratado na Figura 2 abaixo. Dessa forma, além de contribuírem para evitar o uso exagerado

    de copos plásticos, os servidores puderam estreitar as suas relações interpessoais, contribuindo

    para a melhoria na qualidade de vida no ambiente de trabalho, um dos eixos da A3P.

  • 24

    Figura 2. Servidores da Secretaria de Administração da Prefeitura de Várzea Grande – MT, realizam a brincadeira

    “Amigo Caneca”, na qual trocam entre si canecas de plástico e alumínio para evitar o uso de copos plásticos. A

    brincadeira também foi importante para estreitar as relações interpessoais entre esses servidores. Fonte: Arquivo

    Pessoal/Izabel Valdevino Teixeira

    Outra preocupação recorrente dos servidores era com a coleta seletiva em suas respectivas

    secretarias. Foi sugerida a parceria com empresas que fornecem as lixeiras coloridas para a

    coleta seletiva. Porém, enquanto tal parceria não é acertada os funcionários da Secretaria de

    Meio Ambiente de Várzea Grande se mobilizaram e deram início a reciclagem de papéis em

    suas próprias dependências.

    No Departamento de Educação Ambiental os funcionários forraram caixas de papelão com

    jornais e revistas velhos e distribuíram nas 17 Secretarias da Prefeitura para a coleta de papel

    descartado, como mostra a Figura 3.

  • 25

    Figura 3. A) Caixas de papelão confeccionadas pelo setor de Educação Ambiental da SEMMADRS/VG. B)

    Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável do município de Várzea Grande, Hellen Farias

    (ao centro), com servidores da SEMMADRS prontos para realizar a entrega das caixas nos demais órgãos

    municipais. Fonte: SECOM/VG

    Quando tais caixas estão cheias de papel, as Secretarias entram em contato com Secretaria

    de Meio Ambiente, que vai até as demais recolher os papéis. Na SEMMADRS acontece a

    separação dos papéis: aqueles que já estão rasgados (por conter informações que não podem ser

    expostas) passam pelo processo de reciclagem feito pelos próprios funcionários do

    Departamento; já os papéis que chegam inteiros são armazenados. A Secretaria espera firmar

    uma parceria com gráficas para que estas transformem os papéis em blocos de anotações, que

    serão distribuídos posteriormente para todas as Secretarias.

    Sugere-se que além das práticas já adotadas, outras também sejam adotas mais

    imediatamente, já que não despendem de altos investimentos financeiros, dependendo apenas

  • 26

    da ação das pessoas. Tais práticas são expostas a seguir, separadas de acordo com os 5 Eixos

    Temáticos da A3P:

    1. Uso Racional dos Recursos Naturais e Bens Públicos

    a) Uso Racional da água

    - Manter a válvula de descarga do vaso sanitário sempre regulada e não usar o vaso como lixeira

    ou cinzeiro;

    - Apertar a descarga apenas o tempo necessário;

    - Fechar a torneira enquanto escova os dentes, lava as mãos ou rosto

    - Usar balde com água ao invés de mangueira para lavar os carros;

    - Reaproveitar a água da chuva e do ar condicionado;

    b) Uso Racional de Energia Elétrica

    - Dar preferência a iluminação natural, abrindo janelas, cortinas e persianas;

    - Evitar o uso de tomadas em sobrecarga;

    - Apagar lâmpadas de ambientes vazios;

    - Quando o ar condicionado estiver ligado, manter portas e janelas fechadas para evitar entrada

    de ar externo, aumentando assim a eficiência do aparelho;

    - Não deixar computadores e outros equipamentos ligados elétricos ligados por muito tempo

    sem uso. Ao sair para o almoço, desligar ao menos, o monitor do computador

    c) Uso Racional dos Materiais de expediente

    - Analisar a real necessidade de impressão dos documentos;

    - Utilizar modo de impressão frente e verso, quando possível;

    - Observar a possibilidade de salvar os documentos em formato digital;

    - Intensificar o uso da intranet para comunicações internas;

    - Configurar a impressora para modo rascunho;

  • 27

    2. Gestão Adequada dos Resíduos Sólidos

    - Implantar a coleta seletiva, separando os resíduos passíveis de reciclagem (papel, metal,

    plástico e vidro) dos resíduos orgânicos e dos demais tipos de resíduos, respeitando o código

    de cores estabelecido pela Resolução CONAMA nº 275, de 25 de Abril de 2001, sendo ele

    representado na Figura 4:

    Figura 4. Código de cores para os diferentes tipos de resíduos, segundo a Resolução CONAMA n 275, de 25 de

    Abril de 2001. Disponível em: www.blog.saude.gov.br. Acesso em: 18 de janeiro de 2016.

    - Quando não for possível a separação na forma acima citada, separar pelo menos em dois tipos

    de resíduos: Resíduos Secos (aqueles passíveis de reciclagem como papel, metal, plástico e

    vidro) e Resíduos Úmidos (aqueles que não são passíveis de reciclagem como restos de comida,

    folhagens, bitucas de cigarros, papéis de banheiro, etc);

    http://www.blog.saude.gov.br/

  • 28

    3. Qualidade de Vida no Ambiente de Trabalho

    - Estimular a prática de exercícios de respiração e relaxamento

    - Movimentar-se ao longo do dia;

    - Regular monitores de computadores, cadeiras e teclados;

    - Manter bom relacionamento com os colegas de trabalho;

    4. Sensibilização e Capacitação dos Servidores

    - Participar de palestras e capacitações oferecidas

    - Realizar cursos, campanhas com os temas ligados a A3P;

    5. Licitações e compras Sustentáveis

    - Contratar com fornecedores comprometidos com a sustentabilidade;

    - Adquirir produtos sustentáveis, que são aqueles que usam menos recursos naturais, contem

    menos materiais perigosos ou tóxicos, tem maior vida útil, consomem menos água ou energia

    em sua produção ou uso, geram menos resíduos e podem ser reutilizados ou reciclados. Esses

    produtos além de contribuírem para a conservação do meio ambiente também apresentam

    melhor relação custo/benefício para os cofres públicos a médio ou longo prazo.

  • 29

    6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Ao longo do desenvolvimento do trabalho observou-se uma série de dificuldades que serão

    relatadas nesta exposição. Entretanto, é perceptível os esforços técnicos para a implementação

    de ações de Educação Ambiental internamente nos órgãos e comunidade municipal. Assim,

    existem diversos níveis de comprometimento técnico, destacando-se aqueles que demonstram

    preocupação com o meio ambiente e dispostos a fazer o que for preciso para conservá-

    lo/preservá-lo.

    O município de Várzea Grande/MT não possui o Plano Municipal de Gerenciamento de

    Resíduos Sólidos - PMGIRS, porém realiza algumas ações para minimização dos problemas

    decorrentes do mau gerenciamento de resíduos sólidos e, também, para atendimento ao

    Ministério Público Estadual que, com auxílio técnico da Secretaria de Estado do Meio

    Ambiente - SEMA, definiu ações num Termo de Ajustamento de Conduta.

    O Município em questão passa por intercorrentes instabilidades políticas, o que dificulta

    uma boa gestão organizacional e dos recursos naturais. Mas existem esforços técnicos no

    sentido de minimização dos danos ambientais baseando-se em instrumentos legais municipais.

    Diante dos vários problemas encontrados que levam a morosidade dos processos nos

    órgãos públicos, temos o baixo quantitativo técnico, a rotatividade dos gestores, falta de

    estímulo a capacitação continuada, insuficiente nível de Educação Ambiental e baixa

    disponibilidade de tempo dos servidores, despreparo jurídico das equipes de licitação para a

    aquisição de materiais e equipamentos menos impactantes, dentre outros. Mas de um modo

    geral, os órgãos desenvolvem ações incipientes e localizadas que se organizadas

    sistematicamente chegarão a eficiente implementação.

    Vale destacar que esta monografia contribuiu de forma significativa para um diagnóstico

    do Modus Operandi da Gestão Ambiental Pública e para a sensibilização dos técnicos, dos

    diversos órgãos da Prefeitura em questão, para a necessidade de implementação da Agenda

    Ambiental da Administração Pública devido a vários fatores legais e técnicos. Já que é

    inequívoco o pensamento de que para cobrarmos é necessário estarmos moralmente ajustados.

    Assim, todos os empreendimentos privados e também os públicos devem minimizar seus

    impactos sobre o meio ambiente, contribuindo para a conservação dos Recursos Naturais.

    Espera-se que os servidores integrantes da Comissão Gestora da A3P cumpram seu papel

    de replicadores dos ideais do Programa e que lutem para colocar em prática tais ideais

    mostrando aos demais servidores que a A3P não só contribui para a redução dos impactos

  • 30

    socioambientais negativos como também para a economia dos recursos naturais e a redução de

    gastos institucionais e para a melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos.

    Sugere-se que além de continuar com as práticas já adotadas, como a troca de copos

    plásticos por canecas e a reciclagem de papel, as Secretarias adotem outras, já citadas

    anteriormente e que não dispendem de grandes esforços ou investimento financeiro, já que esse

    é outro entrave a realização de algumas ações, como relatado por alguns servidores.

    A mudança de hábitos, comportamento e padrões de consumo é um processo

    extremamente difícil. Por isso, estabelecer um padrão de consciência cidadã de preocupação e

    responsabilidade socioambiental nos gestores e servidores públicos é um grande desafio para a

    implantação da A3P, mas ao mesmo tempo, fundamental para o seu sucesso.

  • 31

    7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e Meio Ambiente: as estratégias da Agenda 21. 8ª

    Edição, Petrópolis: Vozes, 2007.

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    (A3P). 5ª Edição. Brasília: 2009.

    BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Como implantar a A3P. 3ª Edição. Brasília: 2009.

    BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Gerenciamento de Resíduos Sólidos na

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    a estrutura de gestão da A3P. Disponível em . Acesso em: 31 de

    janeiro de 2016.

    BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Portaria nº 042, de 21 de fevereiro de 2005.

    Designou a composição da Comissão Gestora da Agenda Ambiental na Administração Pública

    (A3P), com o objetivo de “propor políticas e diretrizes, normas e instrumentos técnicos,

    promover a articulação intra e intergovernamental, estabelecer metas e avaliar atividades.”

    Disponível em . Acesso em: 31 de janeiro de 2016.

    BRASIL. Prefeitura Municipal de Várzea Grande. Agenda 21 Local. Disponível em <

    http://www.varzeagrande.mt.gov.br/storage/Arquivos/livro_agenda_21.pdf> Acesso em 25 de

    janeiro de 2016.

    http://www.varzeagrande.mt.gov.br/storage/Arquivos/livro_agenda_21.pdf

  • 32

    BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 99.658, de 30 de outubro de 1990.

    Regulamenta, no âmbito da Administração Pública Federal o reaproveitamento, a

    movimentação, a alienação e outras formas de desfazimento de material. Disponível em

    . Acesso em: 31 de janeiro de 2016.

    BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998. Dispõe

    sobre a proibição de aquisição de produtos ou equipamentos que contenham ou façam uso das

    substâncias que destroem a camada de ozônio pelos órgãos e pelas entidades da administração

    pública federal direta, autárquica e fundacional. Disponível em

    Acesso em: 31 de janeiro de 2016.

    BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 4.131, de 14 de fevereiro de 2002. Dispõe

    sobre as medidas emergenciais de redução do consumo de energia elétrica no âmbito da

    administração pública federal. Disponível em . Acesso em: 31 de

    janeiro de 2016.

    BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a

    separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração

    pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e sua destinação as associações e

    cooperativas dos catadores de materiais recicláveis. Disponível em

    . Acesso em: 31 de janeiro de 2016.

    BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.746, de 05 de junho de 2012. Regulamenta

    o art. 3o da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes

    para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela

    administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na

    Administração Pública – CISAP. Disponível em . Acesso em 31

    de janeiro de 2016.

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  • 33

    BAPTISTA, F. D. A inserção da Educomunicação no plano de comunicação da Agenda

    Ambiental na Administração Pública (A3P); perspectivas e desafios. 2011. 49 f.

    (Monografia de Especialização em Gestão Pública Ambiental) - Centro de Desenvolvimento

    Sustentável – Universidade de Brasília. 2011.

    FERNANDES, N. A. Os reflexos da modernidade na geração de resíduos sólidos: uma análise

    do fenômeno da globalização à luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos. In: Resíduos

    Sólidos e Políticas Públicas. Editora Insular; Florianópolis, 2014. 299p. p. 125-139.

    MACHADO, J. G. Gestão Ambiental na Administração Pública: a mudança dos padrões

    de consumo “começa em casa”. 2002. 127 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento

    Sustentável) – Cento de Desenvolvimento Sustentável – Universidade de Brasília. 2002.

    NAVARRO, G. C. Educação ambiental e resíduos sólidos. In: Resíduos Sólidos e Políticas

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