fichamento santaella

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BANCO DE CITAÇÕES SANTAELLA, Lucia. Cultura e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura, São Paulo: Paulus, 2003. Conceito: Ciborg Citação Comentários A declaração de Haraway de somos todos ciborgs deve ser tomada no sentido literal e metafórico. No sentido literal, porque as tecnologias biológicas e teleinformáticas estão, de fato, redesenhando nossos corpos. Metaforicamente, porque estamos passando de uma sociedade industrial orgânica para um sistema de informação polimorfo. Pag. 186. Aqui estão as bases para pensarmos o ciborgue enquanto figura de realidade e figura de ficção. Ao trangredir as fronteiras que separavam o natural do artificial, o orgânico do inorgânico, o ciborg, por sua própria natureza, questiona os dualismos, evidenciando que não há mais nem natureza nem corpo. O manifesto de Haraway despertou muitas controvérsias porque ele não apenas denuncia a concepção ocidental de mundo, mas também o próprio feminismo, quando, mantendo-se no universo dos dualismos forjados, este glorifica o lado dos atributos do feminismo nas equações opositivas entre masculino e feminino. Pag. 187. O ciborg põe em xeque os binarismos sociais que são acima de tudo, excludentes. Posição semelhante é defendida por Featherstone e Burrows (1996:3), quando afirmam que as implicações teóricas, criativas e práticas das formas pós-humanas estão levando à dissolução das categorias analíticas-chave que estruturam nosso mundo e que derivam da divisão fundamental entre tecnologia e natureza. Dissolvendo-se essas categorias, o biológico, o tecnológico, o natural, o artificial e o humano começam a se misturar. Pag. 199. A confusão de fronteiras, onde o orgânico e o inorgânico, tecnologia e natureza, o biológico e a cultura. O novo estatuto do nosso corpo e mente, na fusão com as tecnologias, nas suas interfaces do biológico e o maquínico, na sua constituição híbrida de organismo cibernético, orgânico e protéico, é fruto de um longo e gradativo processo que já teve início quando a espécie humana ascendeu à sua posição bípede, de um ser que gesticúla e fala. Pag. 211.

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  • BANCO DE CITAES

    SANTAELLA, Lucia. Cultura e artes do ps-humano: da cultura das mdias cibercultura, So

    Paulo: Paulus, 2003.

    Conceito: Ciborg

    Citao Comentrios

    A declarao de Haraway de somos todos

    ciborgs deve ser tomada no sentido literal e

    metafrico. No sentido literal, porque as

    tecnologias biolgicas e teleinformticas

    esto, de fato, redesenhando nossos corpos.

    Metaforicamente, porque estamos passando

    de uma sociedade industrial orgnica para

    um sistema de informao polimorfo. Pag.

    186.

    Aqui esto as bases para pensarmos o ciborgue

    enquanto figura de realidade e figura de fico.

    Ao trangredir as fronteiras que separavam o

    natural do artificial, o orgnico do

    inorgnico, o ciborg, por sua prpria

    natureza, questiona os dualismos,

    evidenciando que no h mais nem natureza

    nem corpo. O manifesto de Haraway

    despertou muitas controvrsias porque ele

    no apenas denuncia a concepo ocidental

    de mundo, mas tambm o prprio feminismo,

    quando, mantendo-se no universo dos

    dualismos forjados, este glorifica o lado dos

    atributos do feminismo nas equaes

    opositivas entre masculino e feminino. Pag.

    187.

    O ciborg pe em xeque os binarismos sociais

    que so acima de tudo, excludentes.

    Posio semelhante defendida por

    Featherstone e Burrows (1996:3), quando

    afirmam que as implicaes tericas,

    criativas e prticas das formas ps-humanas

    esto levando dissoluo das categorias

    analticas-chave que estruturam nosso mundo

    e que derivam da diviso fundamental entre

    tecnologia e natureza. Dissolvendo-se essas

    categorias, o biolgico, o tecnolgico, o

    natural, o artificial e o humano comeam a se

    misturar. Pag. 199.

    A confuso de fronteiras, onde o orgnico e o inorgnico, tecnologia e natureza, o biolgico e a cultura.

    O novo estatuto do nosso corpo e mente, na

    fuso com as tecnologias, nas suas interfaces

    do biolgico e o maqunico, na sua

    constituio hbrida de organismo

    ciberntico, orgnico e protico, fruto de

    um longo e gradativo processo que j teve

    incio quando a espcie humana ascendeu

    sua posio bpede, de um ser que gesticla e

    fala. Pag. 211.