estudos procedimentos ensaios campo turbinas hidraulicas pch

Upload: ardossantos

Post on 03-Apr-2018

223 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    1/158

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    Lucimary Aparecida Justino

    ESTUDOS DE PROCEDIMENTOS DE ENSAIOSDE CAMPO EM TURBINAS HIDRULICAS

    PARA PCH

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia da Energia como requisito

    parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenhar ia

    da Energia

    Orientador: Prof. Augusto Nelson Carvalho Viana, Dr.

    Itajub, 24 de maro de 2006.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    2/158

    JUSTINO, Lucimary Aparecida. Estudos de Procedimentos deensaios de Campo em Turbinas Hidrulicas para PCH. Itajub.UNIFEI, 2006. 140 pp. (Dissertao de Mestrado apresentadaao Programa de Ps-Graduao em Engenharia da Energia daUniversidade Federal de Itajub).

    Orientador: Augusto Nelson Carvalho Viana

    Palavras Chaves: Turbina Hidrulica, Ensaio de Campo, PequenaCentral Hidreltrica-PCH.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    3/158

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    Lucimary Aparecida Justino

    ESTUDOS DE PROCEDIMENTOS DE ENSAIOSDE CAMPO EM TURBINAS HIDRULICAS

    PARA PCH

    Dissertao aprovada por banca examinadora em 24 de maro de 2006, conferindo aoautor o ttulo de Mestre em Engenhar ia da Energia.

    Banca Examinadora:Prof. Dr. Augusto Nelson Carvalho Viana

    Profa. Dra. Yvone de Faria Lemos De Lucca

    Prof. Dr. Alexandre Augusto Barbosa

    Itajub2006

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    4/158

    Dedicatria

    Primeiramente, a Deus pelas bnos recebidas

    e aos meus pais, pela crena, incentivo e apoio.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    5/158

    AGRADECIMENTOS

    A todos que direta ou indiretamente me auxiliaram, debateram, citaram, elogiaram e

    criticaram com o intuito de contribuir na execuo deste trabalho, e em particular gostaria de

    citar:

    - Primeiramente, o professor Dr. Augusto Nelson Carvalho Viana, pelo exemplo de

    profissionalismo e apoio constantes na carreira universitria e tambm, por ser mais que um

    orientador, um amigo que me auxiliou, acreditou e cobrou com equilbrio e respeito.

    - Todos os professores do Mestrado, que me mostraram um modo diferente de ver as

    coisas, de forma crtica; alm de transmitirem, com interesse e eficincia, conhecimentos

    aplicados neste trabalho e a serem empregados na carreira profissional. Agradeo ainda a

    todos os colegas do curso de Mestrado que deram suas contribuies durante os Seminrios

    realizados;

    - Banca que qualificou e comentou meu trabalho, dirigindo-o na direo correta,

    para que pudesse ter aplicao prtica, como era meu objetivo. So os professores, Alexandre

    Augusto Barbosa e Yvone de Faria Lemos De Lucca.

    - Aos meus pais, irmo e irm, que acreditaram e me estimularam nos momentos mais

    difceis;

    - empresa VA TECH Hydro Brasil que colaborou enormemente para o

    enriquecimento deste trabalho.

    E por fim agradeo a Deus, que me deu a luz necessria para finaliz-lo.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    6/158

    A mente que se abre s novas idias jamais volta ao seu tamanho inicial

    Albert Einstein

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    7/158

    SUMRIO

    Dedicatria...............................................................................................................................iii

    Agradecimentos........................................................................................................................ivSumrio.....................................................................................................................................vi

    Resumo......................................................................................................................................ix

    Abstract.......................................................................................................................................x

    Lista de Figuras........................................................................................................................xi

    Lista de Tabelas......................................................................................................................xiv

    Lista de Abreviaturas e Siglas..............................................................................................xvi

    1. INTRODUO...................................................................................................................11.1. Consideraes Preliminares......................................................................................1

    1.2. Justificativa e relevncia...........................................................................................1

    1.3. Definio do problema de pesquisa..........................................................................2

    1.4. Objetivos...................................................................................................................3

    1.5. Metodologia e Estrutura da Dissertao...................................................................3

    2. A CARACTERIZAO DAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELTRICAS NO

    BRASIL................................................................................................................................5

    2.1. Consideraes Preliminares....................................................... ...............................5

    2.2. Definio de Pequena Central Hidreltrica PCH...................................................6

    2.3. Principais Vantagens das PCHs................................................ ...............................6

    2.4. Classificao das Pequenas Centrais Hidreltricas PCHs............................. .......8

    2.4.1 Centrais quanto capacidade de regularizao............................................8

    2.4.2.- Centrais quanto ao sistema de aduo.......................... ..............................10

    2.4.3 Centrais quanto potncia instalada e quanto queda de projeto.............10

    2.5. Arranjos Convencionais de Aproveitamentos Hidreltricos...................................11

    2.5.1 Central Hidreltrica de Derivao..............................................................11

    2.5.2 Central Hidreltrica de Desvio..................................... ..............................12

    2.5.3 Central Hidreltrica de Represamento.......................................................14

    2.6. Componentes Bsicos das Pequenas Centrais Hidreltricas...................................15

    2.7. Turbinas Hidrulicas Aplicveis.............................................................................16

    2.8. Parmetros Utilizados na Avaliao de Centrais Hidreltricas...............................28

    2.9. Consideraes Finais...............................................................................................33

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    8/158

    3. NORMAS APLICVEIS A ENSAIOS DE TURBINAS HIDRULICAS.................35

    3.1. Consideraes Preliminares....35

    3.2. CEI / IEC 60041 (1991) Field acceptance tests to determine the hydraulic

    performance of hydraulic turbines, storage pumps and pump-turbines da

    International Electrotechnical Commission (I. E. C.)....37

    3.3. NBR 11.374 / NB 228 (1990) Turbinas Hidrulicas Ensaios de Campo..39

    3.4. ASME PTC 18 (1992) Hydraulic Turbines Performance Test Codes..40

    3.5. Consideraes Finais................................................................. ..............................41

    4. METODOLOGIA PARA ANLISE DE DESEMPENHO DE TURBINA

    HDRULICA....................................................................................................................42

    4.1. Consideraes Preliminares...................................................... ..............................42

    4.2. Procedimento geral para a realizao dos ensaios de campo em turbinas

    hidrulicas................................................................................ ..............................42

    4.2.1 Preparao dos Ensaios..................................................... .........................43

    4.2.2 Detalhes de medio..................................................... ..............................43

    4.2.3 Instrumentos................................................................................................44

    4.2.4 Determinao das Grandezas e das Incertezas das Medidas.......................44

    4.2.4.1 Roteiro para Determinao das Grandezas....................................45

    4.2.4.2 Equacionamento da Incerteza das Medies Realizadas..............53

    4.2.5 Registros manuais e aquisio de dados.....................................................57

    4.2.6 Resultados...................................................................................................61

    4.2.7 Relatrio Final........................................................................... ..................62

    4.2.8 Contestao ou repetio de ensaios............................. ..............................62

    4.3 Mtodos normalizados para medio das grandezas.............................................634.3.1 Mtodos de medida da vazo......................................................................63

    4.3.1.1 Mtodo da Cortina Salina................................. ..............................64

    4.3.1.2 Mtodo de Gibson............................................ ..............................67

    4.3.1.3 Mtodo dos Molinetes...................................... ..............................70

    4.3.1.4 Mtodo da Diluio........................................................................73

    4.3.1.5 Mtodo do Vertedor.......................................................................74

    4.3.1.6 Mtodo Ultrassnico........................................ ..............................774.3.1.7 Mtodo de Winter-Kennedy............................. ..............................80

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    9/158

    4.3.1.8 Anlise Comparativa dos Mtodos de Medida da Vazo..............81

    4.3.2 Mtodos para Medio da Altura de Queda Lquida.................................85

    4.3.3 Medidas de Presso...................................................... ..............................86

    4.3.4 Potncia Mecnica....................................................... ..............................89

    4.3.4.1 Mtodos indiretos de medio da potncia..................................89

    4.3.4.2 Perdas Mecnicas........................................... ..............................92

    4.4 Index Test Teste de ndice.................................................... ..............................93

    4.4.1 Condies gerais do Index Test.................................... ..............................94

    4.4.2 Medio da vazo relativa............................................. ..............................94

    4.5 Consideraes Finais..............................................................................................96

    5. ENSAIOS DE CAMPO EM PCHs.................................................................................98

    5.1 Consideraes Preliminares...................................... .............................................98

    5.2 Estudo de Caso 1...................................................................................................98

    5.2.1 Caractersticas Gerais da PCH .........................................98

    5.2.2 Procedimento de Teste.................................... ...........................100

    5.2.3 Parmetros Registrados e Calculados...................................... ..............102

    5.2.4 Comparao com os Valores Garantidos...............................................104

    5.3 Estudo de Caso 2................................................................................................106

    5.3.1 Caractersticas Gerais da PCH................................................................106

    5.3.2 Procedimento de Ensaio............................................ .............................108

    5.3.3 Parmetros registrados e calculados.......................... .............................108

    5.3.4 Comparao com os valores garantidos.................................................110

    5.4 Consideraes Finais............................................................................ ..............112

    6. CONCLUSES E RECOMENDAES PARA FUTUROS TRABALHOS...........1136.1 Concluses...........................................................................................................113

    6.2 Recomendaes para Futuros Trabalhos................................. .............................125

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 116

    ANEXO I 119

    ANEXO II 127ANEXO III 130

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    10/158

    RESUMO

    Um contrato de fornecimento de equipamentos para Pequenas Centrais Hidreltricas

    PCH contm as garantias de potncia e de rendimento da turbina hidrulica, podendo conter

    tambm garantias adicionais referentes variao de rotao e de presso, rotao de disparo

    e ensaio por cavitao.

    Para a determinao do desempenho das turbinas hidrulicas para comprovao das

    garantias contratuais so realizados os ensaios em campo, que so mtodos bastante utilizados

    pelas empresas como ferramenta para comprovao das garantias contratuais em substituio

    ao ensaio do modelo reduzido, que apresenta um custo extremamente elevado.

    Nas usinas hidreltricas, o rendimento da turbina representa o percentual de energia

    hidrulica que passvel de ser transformada em energia eltrica. Na compra da turbina, o

    fabricante deve garantir o rendimento especificado. Se os valores de rendimento ficarem

    abaixo do esperado, os prejuzos sero enormes, da a importncia de existirem mtodos

    precisos e confiveis para a sua medio.

    Uma grandeza que influencia fortemente no valor do rendimento obtido a vazo.

    Este trabalho apresenta as diferentes metodologias de medio de vazo em turbinashidrulicas, aplicveis em ensaios de campo de PCH e apresenta tambm os procedimentos

    utilizados, para que, em casos especficos de PCHs, sem prejuzo da qualidade, os ensaios de

    campo possam ser executados de modo que as garantias sejam comprovadas com custos

    compatveis com o investimento feito.

    Exemplificando o acima exposto, sero apresentados tambm, dois estudos de casos

    em PCHs, onde foram realizados ensaios de campo para comprovao das garantias

    contratuais.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    11/158

    ABSTRACT

    A supply contract of equipments for Small Hydro Power, contain the power and

    turbine efficiency guarantees and can contain adds guarantees referring to a rotation and

    pressure variation, runaway speed and cavitations test.

    To the determination about the hydraulics turbines performance for contractual

    guarantees are realized the field acceptance test, that are methods quite a lot used for

    enterprises like tools to prove the contractual guarantees in substitution to Model Test, that

    showed a cost extremely high.

    In the field acceptance test are measures of some values that added to the others,

    possibility obtain the turbine efficiency.

    In the Small Hydro Power, the turbine efficiency represents the hydraulic power

    percentage that is subject to be transformed in electrical power. In the turbine purchase, the

    manufacturer has to guarantee the efficiency specified if it is become down to expected, the

    damages are enormous, then the importance to exist precise methods and reliable for your

    measurement.

    The method accuracy of the discharge measurement that has, between another

    problems, the calibration and installation, that influence hard the value of the efficiency

    obtained. This work shows the different methodologies about discharge measurement in

    hydraulic turbines, that can be apply in Small Hydro Power field tests and shows too the

    procedures used that in specifics cases of Smal Hydro, without quality damage, the site tests

    could be executed the form that the guarantees will be approve with compatible cots with the

    investment done.

    As an example for said above, are show two Cases in Small Hydro where did realized

    field acceptance tests to assure the contractual guarantees.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    12/158

    LISTA DE FIGURAS

    CAPTULO 2

    2.1 Corte esquemtico de uma Central Hidreltrica de Derivao, mostrando seusprincipais componentes............................................................................... ..............................12

    2.2 Esquema de uma Central Hidreltrica de Desvio.........................................................13

    2.3 Corte esquemtico de uma Central de Represamento, mostrando seus principais

    componentes..............................................................................................................................14

    2.4 Corte esquemtico de uma Central de Desvio, mostrando o sistema de baixa presso

    com cmara de carga................................................................................... ..............................15

    2.5 Escolha da turbina em funo das condies hidrulicas e topogrficas Catlogo VA

    TECH Hydro Brasil Ltda............................................................................ ..............................17

    2.6 Turbinas Hidrulicas Rotao Especfica............................................ ......................17

    2.7(a) Grupo Gerador da PCH Alto Jauru, consrcio Toshiba VA TECH Hydro...............18

    2.7(b) Desenho esquemtico de um grupo gerador com volante de inrcia............................18

    2.8 Turbina Francis Caixa Aberta Grupo Gerador da MCH Boa Vista Catlogo BEE

    Indstria e Comrcio de Equipamentos Ltda.............................................. ..............................19

    2.9 Turbina Francis Gmea.................................................................................................20

    2.10 Rotor de dupla suco de uma turbina do tipo..............................................................20

    2.11(a)Grupo gerador da PCH Alto Fmeas Catlogo VA Tech Hydro...............................21

    2.11(b)Concepo da linha de eixo de um grupo gerador com turbina de dupla suco.........21

    2.12 Instalao com turbina do tipo Pelton............................................. ..............................22

    2.13 Turbinas Michel Banki....................................... .........................................................22

    2.14 Rotor de uma Turbina Hlice.......................................................... ..............................23

    2.15(a)Casa de Mquinas da UHE Salto Grande Catlogo VA Tech Hydro........................24

    2.15(b)Descida do rotor de uma das turbinas da UHE Candonga Catlogo VA Tech

    Hydro........................................................................................................................................24

    2.16 Turbina Tubular com o gerador instalado a montante da turbina.................................25

    2.17 Turbina Tubular com o gerador instalado a jusante da turbina.....................................25

    2.18(a)Descida do cubo da roda. Fase da montagem de uma das turbinas Bulbo da UHE

    Igarapava Catlogo VA Tech Hydro Brasil Ltda..................................... ..............................26

    2.18(b)Corte esquemtico de um grupo gerador com turbinas Bulbo......................................26

    2.19 Instalao com turbina do tipo Bulbo em poo (ou Pit)............................................27

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    13/158

    CAPTULO 4

    4.1 Desenho representativo de uma turbina de reao (Francis, Hlice, Kaplan)

    - Caixa espiral de seo retangular em concreto: tubo de suco curvo......................47

    4.2 Desenho representativo de uma turbina de reao caixa espiral de seo circular.......48

    4.3 Desenho representativo de uma turbina de reao, eixo horizontal..............................49

    4.4 Instalao de turbina imersa com tubo de suco curvo...............................................49

    4.5 Instalao com turbina fechada com tubo de suco reto.............................................50

    4.6 Desenho representativo de uma turbina de ao (Pelton).............................................51

    4.7 Esquema Genrico de Aquisio de Dados.................................... ..............................59

    4.8 Disposio do reservatrio e da tubulao utilizados no mtodo da Cortina Salina....64

    4.9 Curva Caracterstica de um ensaio pelo mtodo da mancha salgada............................66

    4.10 Caractersticas geomtricas, cinemticas e dinmicas do mtodo de Gibson...............68

    4.11(a)Molinete Hidromtrico preso haste.............................................. ..............................71

    4.11(b) Diferentes tipos de conta-giros....................................................................... ..........71

    4.11(c) Lastro (formato de um peixe)......................................................... ..............................71

    4.11(d) Molinete preso a cabo com lastro............................................................................. ....71

    4.12 Corte Esquemtico de um Molinete................................................ ..............................71

    4.13 Tipos de Molinetes para escoamento axial e oblquo...................................................72

    4.14 Vertedores Retangulares...............................................................................................75

    4.15 Dimenses de um vertedor: s=altura da crista; h=altura da carga................................75

    4.16(a) Medidor de vazo ultrassnico no intrusivo Catlogo Panametrics........................78

    4.16(b) Medidor de vazo ultrassnico intrusivo.- Catlogo Ultraflux....................................78

    4.17 Caractersticas dos Medidores de Vazo Ultrassnicos por tempo de trnsito.............79

    4.18 Localizao das tomadas de presso para o mtodo de Winter-Kennedy

    em turbinas com caixa espiral metlica.........................................................................80

    4.19 Localizao das tomadas de presso para o mtodo de Winter-Kennedyem turbinas com caixa espiral em concreto..................................... ..............................80

    4.20 Viabilidade tcnica e econmica dos mtodos de medio de vazo...........................83

    4.21 Transmissor de nvel hidrosttico para leitura de profundidade ou nveis de

    Reservatrios Catlogo Hytronic................................................. ..............................86

    4.22 Transdutores de Presso Catlogo Hytronic................................ ..............................87

    4.23 Tomada de presso........................................................................................................88

    4.24(a)Tomadas de presso ligadas a manmetro por meio de tubos separados.....................884.24(b)Tomadas de presso ligadas a manmetro atravs de um coletor anelar......................88

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    14/158

    4.25 Medida da potncia nos terminais do gerador pelo mtodo dos trs wattmetros........90

    4.26 Medida de potncia nos terminais do gerador pelo mtodo dos dois wattmetros........91

    4.27 Localizao das tomadas de presso em turbinas axiais...............................................9 5

    CAPTULO 5

    5.1 Desenho de Implantao da Turbina Estudo de Caso 1.............................................99

    5.2 Desenho de implantao da turbina Estudo de Caso 2............................................107

    ANEXO III

    III.1 Diferenciao entre exatido e preciso......................................... .............................132

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    15/158

    LISTA DE TABELAS

    CAPTULO 2

    2.1 - Classificao das PCHs quanto potncia e quanto queda de projeto........................11

    CAPTULO 4

    4.1 Modelo de Folha de Registro dos Resultados................................. ..............................60

    4.2 Nmero de pontos de medida.................................................................................... ....75

    4.3 Limites das Dimenses do Vertedor............................................... ..............................75

    4.4 Quadro comparativo dos mtodos de medio de vazo..............................................8 2

    CAPTULO 55.1 Garantias para queda lquida nominal de 44,70m.........................................................99

    5.2 Dimenses de projeto do Estudo de Caso 1 PCH Alto Jauru..................................100

    5.3 Valores registrados para a Mquina 1...................................... ...............102

    5.4 Valores registrados para a Mquina 2.............................................102

    5.5 Valores calculados para a Mquina 1..........................................................................10 3

    5.6 Valores calculados para a Mquina 2............................................. .............................103

    5.7 Valores corrigidos para Hn = 44,70 [m] Mquina 1................................................1045.8 Valores corrigidos para Hn = 44,70 [m] Mquina 2................................................104

    5.9 Garantias de Potncia e Rendimento para a queda lquida nominal de 87,79 m........106

    5.10 Dimenses de projeto da PCH Cote............................................ ................................107

    5.11 Mdia dos valores registrados durante o ensaio..........................................................108

    5.12 Valores Calculados.............................................................................................. .......109

    5.13 Valores Calculados corrigidos....................................................... .............................109

    ANEXO I

    I.1 Valores registrados para o ponto de 100% da carga do Grupo Gerador 1..................120

    ANEXO III

    III.1 Valor do Fator de Abrangncia (kp) que produz um intervalo de confiana kp.S(xi)

    tendo uma probabilidade de confiana p, assumido uma distribuio normal para as medidas

    xi..............................................................................................................................................139

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    16/158

    III.2 Expresso do Resultado de Medio quanto a natureza da grandeza e o nmero de

    medidas.............................................................................................................. .....................139

    III.3 Fator de Student (tp) a partir da distribuio t de Student para graus de liberdade

    que define um intervalo tp ().u que abrange uma probabilidade de confiana p da

    distribuio das medidas xi.....................................................................................................140

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    17/158

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    Caracteres alfabticos

    a Posio do instrumento de medida [m]a1 Cota do ponto 1 de entrada da turbina at o centro do manmetro [m]

    A rea da seo transversal do conduto forado [m2]

    A1 rea de entrada da Caixa Espiral [m2]

    A2 rea de Sada do Tubo de Suco [m2]

    b Largura da crista do vertedor [m]

    C Constante obtida de Winter-Kennedy

    C1 Concentrao da substncia qumica na soluo injetada [mg/l]C2 Concentrao da substncia qumica na mistura resultante [mg/l]

    Co Concentrao da substncia qumica na gua natural [mg/l]

    g Acelerao da gravidade [m/s2]

    h Altura da carga do vertedor [m]

    hb Altura baromtrica [m]

    hp Altura de presso ou altura piezomtrica ou carga piezomtrica [m]

    hs Altura geomtrica de suco [m]hv Altura dinmica ou carga devido velocidade [m]

    ht Altura total ou carga total [m]

    H Altura de queda lquida [m]

    Hb Altura de queda bruta [m]

    Hd Altura de queda de projeto [m]

    Ht Altura efetiva ou altura de queda til [m]

    Hn Altura de queda lquida nominal ou de referncia [m]

    H1 Carga esttica [m.c.a]

    Hr Altura de queda garantida [m]

    L Distncia das tomadas de presso no conduto forado mtodo de Gibson [m]

    n Rotao nominal da turbina [rpm]

    nr Rotao garantida ou especificada da turbina [rpm]

    n0 Velocidade de rotao em vazio ou sem carga [rpm]

    nR Velocidade de rotao em disparo [rpm]

    n1 Velocidade de rotao inicial [rpm]

    nmx Sobre-rotao ou sobrevelocidade mxima instantnea [rpm]

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    18/158

    ns Nmero especfico de rotaes relativo a potncia [rpm]

    nq Nmero especfico de rotaes relativo a vazo [rpm]

    nqA Rotao especfica adimensional

    pg Presso manomtrica [Pa]

    p1 Presso na entrada da turbina [Pa]

    p2 Presso na sada da turbina [Pa]

    Ph Potncia absorvida pela turbina ou potncia hidrulica [kW]

    Pe Potncia fornecida pela turbina ou potncia efetiva ou potncia de eixo [kW]

    Pel Potncia eltrica ativa do gerador [kW]

    Pr Potncia garantida nominal [kW]

    P0 Presso esttica sem rotao [Pa]

    Pmx Presso instantnea mxima [Pa]

    Pm Perda no mancal de escora [kW]

    P.R. Plano de referncia

    q vazo da soluo qumica injetada [m3/s];

    Q Vazo da turbina [m3/s];

    Qr Vazo garantida [m3/s];

    QOL Vazo do leo do mancal [m3/s];

    QA Vazo de projeto ou aproveitamento [m3/s]

    Qo Vazo em vazio [m3/s]

    Qr Vazo garantida nominal [m3/s]

    s Altura da crista do vertedor [m]

    S(q) Desvio-padro experimental

    T Temperatura da gua [C]

    TR Tempo de reflexo [s]

    u Incerteza Expandida

    )(qu Desvio-padro experimental da mdia ou incerteza padro associada mdia

    )(yuc Incerteza Padro Combinada

    ffeu Grau de liberdade efetivo

    v Velocidade mdia [m/s]

    z Altura potencial, carga de posio ou carga geodsica [m]

    zm Nvel dgua [m]

    zw1 Nvel de gua de montante com relao ao plano de referncia [m]

    zw2 Nvel de gua de jusante com relao ao plano de referncia [m]

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    19/158

    zw Distncia entre o nvel de referncia e o nvel operacional da turbina [m]

    h1 Nvel do medidor de presso na entrada da turbina com relao ao nvel de

    referncia [m]

    h2 Nvel do medidor de presso na sada da turbina com relao ao nvel de

    referncia [m]

    (zp)max Variao de presso mxima [Pa]

    xn Variao de velocidade de rotao permanente [rpm]

    (yn)max Variao da velocidade de rotao mxima instantnea [rpm]

    Z Altitude [m]

    Caracteres gregost Rendimento da turbina [%]

    r Rendimento garantido da turbina [%]

    tw Rendimento mdio ponderado da turbina [kW]

    G Rendimento do gerador [%]

    Massa especfica da gua [kg/m3]

    s Massa especfica da soluo salina [kg/m3]

    Peso especfico da gua [N/m3]

    Grau de liberdade para medidas diretas

    P Diferena de presso entre os pontos de Winter-Kennedy [m.c.a.]

    R Dimetro do rotor da turbina [m]

    ce Dimetro de entrada da caixa espiral [m]

    cf Dimetro do conduto forado [m]

    Latitude []

    TTC Variao de temperatura no trocador de calor [C]

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    20/158

    Captulo1

    INTRODUO

    1.1 Consideraes Preliminares

    Os ensaios para a determinao do desempenho de turbinas hidrulicas podem

    ser realizados no laboratrio de ensaio do fabricante ou no campo. Para a realizao

    destes ensaios so consideradas duas hipteses:Primeira hiptese: as turbinas so de pequena capacidade, compatveis com os

    recursos de que dispe o laboratrio de ensaio. evidente que neste caso as turbinas

    podem ser ensaiadas diretamente.

    Segunda hiptese: a capacidade e, portanto, as dimenses da turbina no

    permitem que esta possa ser ensaiada no laboratrio. Recorre-se aos ensaios com o

    modelo reduzido da turbina no laboratrio, alm do ensaio de recepo da prpria

    turbina aps sua instalao na usina.

    No caso de PCHs, a escolha de uma ou outra alternativa depende da tecnologia

    de que dispe o fabricante da turbina, por exemplo, se possui ou no laboratrio de

    ensaio e do custo envolvido na comprovao destas garantias.

    Em PCHs comum a eliminao do ensaio de modelo das turbinas hidrulicas

    devido ao alto custo envolvido, o que aumenta a importncia dos ensaios de campo ou

    de recepo dos grupos, fazendo com que estes sejam realizados de uma maneira muito

    mais criteriosa.

    1.2 Justificativa e relevncia

    A motivao para a realizao deste trabalho surgiu da constatao da carncia

    de trabalhos sobre o tema voltado para o segmento de pequenas centrais hidreltricas,

    considerando as dificuldades e viabilidade econmica dos ensaios.

    A crescente competitividade entre as empresas fornecedoras de equipamentos

    para PCHs aliada alta exigncia de seus clientes tem feito com que estas empresas

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    21/158

    Captulo 1 Introduo 2

    busquem uma maior eficincia em seus equipamentos, apresentando com isto um

    diferencial.

    Dentro deste contexto, muito tem sido estudado com relao determinao do

    rendimento de grupos geradores, sendo o maior desafio relativo medio da vazo. As

    razes para preocupaes com esta grandeza esto relacionadas aos problemas de

    calibragem, instalao e manuteno do equipamento de medio. Observa-se que

    existem muitos trabalhos de pesquisa sobre o assunto, bem como uma grande

    quantidade de metodologias para medio desta grandeza. Observa-se, ainda, que

    muitos destes mtodos esto caindo em desuso e que existe uma carncia de trabalhos

    que discutam a implementao de novos mtodos de medio da vazo.

    Uma outra razo igualmente importante, que justifica a preocupao com a

    correta determinao do rendimento das turbinas so as incertezas relativas a estas

    medies, j que uma variao de 1% no rendimento pode representar, em certos casos,

    um valor considervel de faturamento.

    Alm de que as Pequenas Centrais Hidreltricas, aqui designadas pela sigla PCH

    tm despertado interesse devido ao PROINFA Programa de Incentivo as Fontes

    Alternativas de Energia institudo pela Lei n 10.438, de 26 de abril de 2002 e

    revisado pela Lei n 10.762, de 11 de novembro de 2003, que tem como objetivo a

    diversificao da matriz energtica brasileira e a busca por solues de cunho regional

    com a utilizao de fontes renovveis de energia, mediante o aproveitamento econmico

    dos insumos disponveis e das tecnologias aplicveis.

    O PROINFA promover a implantao de 3.300 MW de capacidade, em que a

    ELETROBRS contratar a compra de energia de 1.100MW de cada uma das trs

    fontes: usinas elicas, de biomassa e pequenas centrais hidreltricas.

    1.3 Definio do problema de pesquisa

    Os testes de desempenho dos equipamentos ofertados so um conjunto de testes

    realizados no campo ou na fbrica, aplicados com o objetivo de se comprovar o

    cumprimento de garantias estabelecidas contratualmente. Estes testes so realizados em

    uma unidade geradora, seja durante o perodo de comissionamento, seja posteriormente,

    e permitem tambm a definio das faixas operativas e das restries operacionais, onde

    aplicvel.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    22/158

    Captulo 1 Introduo 3

    Para a turbina, no caso de uma PCH, onde a realizao do ensaio de laboratrio

    impraticvel e um ensaio de modelo reduzido economicamente invivel, os ensaios de

    campo devem ser realizados de uma maneira mais criteriosa.

    Neste contexto, pretende-se, com o desenvolvimento deste trabalho, responder a

    seguinte questo: Quais os procedimentos a serem seguidos para que os ensaios de

    recepo possam ser realizados com um custo compatvel com o investimento feito?

    1.4 Objetivos

    Os objetivos do presente trabalho so:

    1. Estudo das diversas metodologias de ensaio em turbinas hidrulicas de

    PCH;

    2. Estudar meios para que em casos especficos de PCH, sem prejuzo da

    qualidade, os ensaios de campo possam ser executados de modo que as

    garantias contratuais sejam comprovadas com custos compatveis com o

    investimento feito.

    3. Estudo comparativo dos diversos mtodos de medio da vazo mais

    comumente empregados em PCH;

    1.5 Metodologia e Estrutura da Dissertao

    O trabalho aqui apresentado foi desenvolvido baseado na metodologia

    apresentada abaixo:

    Inicialmente foi realizada uma reviso bibliogrfica sobre o assunto e

    posterior pesquisa e estudo comparativo das normas que regem os

    ensaios de turbinas hidrulicas; Em seguida, baseado nas normas estudadas, foi apresentado um

    procedimento de ensaio de campo em turbinas hidrulicas juntamente

    com o equacionamento e incerteza das grandezas a serem obtidas: vazo,

    altura de queda lquida, presso, potncia e rendimento;

    Complementando o trabalho, foram apresentados dois estudos de casos e

    finalmente, foram feitas as concluses finais e recomendaes para

    futuros trabalhos.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    23/158

    Captulo 1 Introduo 4

    De acordo com a metodologia exposta acima, este trabalho foi estruturado em

    seis captulos, distribudos da seguinte forma:

    Captulo 1:

    O primeiro captulo apresenta a justificativa e relevncia do crescente

    interesse pelo tema, alm de apresentar a definio do problema de pesquisa, a

    metodologia utilizada, os objetivos da dissertao e a sua organizao.

    Captulo 2:

    Osegundo captulo apresenta as principais abordagens e definies sobre

    o tema Pequena Central Hidreltrica, alm de explorar os principais tipos de

    turbinas aplicveis para este empreendimento.

    Captulo 3:

    O terceiro captulo apresenta as normas brasileiras e internacionais que

    regem os ensaios realizados em turbinas hidrulicas bem como suas principais

    particularidades.

    Captulo 4:

    No quarto captulo apresentado o procedimento geral de ensaio de

    campo em turbinas, independente da norma utilizada, apresentando tambm

    os principais mtodos de medio das grandezas e sua incerteza.

    Captulo 5:

    No quinto captulo so apresentados dois estudos de casos referentes a

    ensaios de campo realizados em PCHs.

    No estudo de caso 1, os ensaios foram concludos em quatro dias, sendo a

    norma escolhida para a sua realizao a CEI/IEC 60041 (1991) e o mtodo de

    medio de vazo utilizado foi o Mtodo de Gibson.

    No estudo de caso 2 foi realizado oIndex Test. Tal teste foi desenvolvidoconforme acordado entre cliente e fornecedor da turbina, sendo a vazo medida

    pelo mtodo de Winter-Kennedy.

    Captulo 6:

    No sexto captulo so apresentadas as concluses a respeito dos

    resultados das pesquisas realizadas, bem como suas limitaes e recomendaes

    para futuros trabalhos.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    24/158

    Captulo2

    A CARACTERIZAO DAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELTRICAS NOBRASIL

    2.1 Consideraes Preliminares

    Neste captulo sero abordadas as principais definies e caractersticas referentes a

    Pequenas Centrais Hidreltricas, seus principais componentes e os principais parmetros

    utilizados na sua avaliao.

    2.2 Definio de Pequena Central Hidreltrica PCHNo existe uma classificao para as Pequenas Centrais Hidreltricas aceita

    internacionalmente.

    No Brasil, a ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica - atravs da

    Resoluo 394, de 04 de dezembro de 1998, definiu como centrais hidreltricas com

    caractersticas de PCH, os empreendimentos hidreltricos com potncia superior a 1.000

    kW e igual ou inferior a 30.000 kW e com rea total do reservatrio igual ou inferior a 03

    km2

    , sendo esta rea delimitada pela cota dgua associada vazo de cheia com tempo derecorrncia de 100 anos.

    Com o intuito de explicitar os critrios e procedimentos a serem aplicados nos

    casos em que a rea do reservatrio for superior a 3,0 km2, a ANEEL, em 09 de dezembro

    de 2003, atravs da Resoluo nmero 652, estabeleceu que o aproveitamento hidreltrico

    que no atender a condio para a rea do reservatrio informada, respeitados os limites de

    potncia (1.000 kW < P 30.000 kW) e modalidade de explorao (produo

    independente, autoproduo ou produo independente autnoma), ser considerado comcaractersticas de PCH, caso se verifique pelo menos uma das seguintes condies:

    Atendimento a inequao:

    bH

    14,3xPA (2.1)

    Sendo:

    P = potncia eltrica instalada em [MW];

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    25/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 6

    A = rea do reservatrio em [km2], definida como sendo a rea da planta

    montante do barramento, delimitada pelo nvel dgua mximo normal de montante;

    Hb = queda bruta em [m], definida pela diferena entre os nveis dgua mximo

    normal de montante e normal de jusante, sendo que o nvel dgua normal de jusante da

    casa de fora aquele determinado para a vazo correspondente ao somatrio dos

    engolimentos mximos de todas as turbinas, sem considerar a influncia da vazo vertida.

    Ficando estabelecido adicionalmente que a rea do reservatrio no poder ser

    superior a 13,0 km2.

    Reservatrio cujo dimensionamento, comprovadamente, foi baseado em outros

    objetivos que no o de gerao de energia eltrica.

    Na verificao da condio acima, a ANEEL articular com a Agncia Nacional deguas ANA, os Comits de Bacia Hidrogrfica, os Estados e o Distrito Federal,

    conforme for o caso, de acordo com a respectiva competncia, quanto aos objetivos para

    definir as dimenses do reservatrio destinado ao uso mltiplo.

    Conforme exposto por Souza (2005), a resoluo acima teve como principais

    conseqncias praticamente a eliminao das micro e minis centrais hidreltricas sob

    aspectos legais gerais, de financiamento governamental, desistimulando os geradores, os

    usurios e os fabricantes brasileiros de equipamentos mecnicos, hidromecnicos eeltricos at a potncia de 1.000 [kW] e, para as PCHs, houve a necessidade de inventrio

    e projeto bsico, executados e aprovados dentro de princpios pr-estabelecidos e

    necessidade de projeto ambiental detalhado para obteno da licena para implantao.

    2.3 Principais Vantagens das PCHs

    De acordo com o Guia do Empreendedor de Pequenas Centrais Hidreltricas,

    elaborado pela ANEEL (2003), os empreendimentos hidreltricos denominados PCH,

    apresentam vrias vantagens e benefcios para o empreendedor, dentre eles, destacam-se:

    - Autorizao no-onerosa para explorar o potencial hidrulico, de acordo com a

    Lei 9.074 de 07 de julho de 1995 e Lei 9.427 de 26 de dezembro de 1996;

    - Descontos no inferiores a 50% nos encargos de uso dos sistemas de

    transmisso e distribuio, de acordo com a Lei 10.438 de 26 de abril de 2002;

    Resoluo ANEEL 281 de 01 de outubro de 1999 e Resoluo ANEEL 219 de

    23 de abril de 2003;

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    26/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 7

    - Livre comercializao de energia com consumidores ou conjunto de

    consumidores reunidos por comunho de interesses de fato ou de direito cuja

    carga seja igual ou superior a 500 kW, de acordo com a Lei 9.648 de 27 de

    maio de 1998 e Lei 10.438 de 26 de abril de 2002;

    - Livre comercializao de energia com consumidores ou conjunto de

    consumidores reunidos por comunho de interesses de fato ou de direito,

    situados em sistema eltrico isolado, cuja carga seja igual ou superior a 50 kW,

    de acordo com a Lei 10.438 de 26 de abril de 2002;

    - Iseno relativa compensao financeira pela utilizao de recursos hdricos,

    de acordo com a Lei 7.990 de 28 de dezembro de 1989 e Lei 9.427 de 26 de

    dezembro de 1996;

    - Participao no rateio da conta de consumo de combustvel CCC, quando

    substituir gerao trmica a leo diesel, nos sistemas isolados, de acordo com a

    Lei 10.438 de 26 de abril de 2002;

    - Iseno de aplicao, anualmente, de no mnimo 1% da receita operacional

    lquida em pesquisa e desenvolvimento do setor eltrico P&D, de acordo com

    a Lei 9.991 de 24 de julho de 2000;

    - Comercializao das energias geradas pelas PCHs com concessionrias de

    servio pblico tendo como teto tarifrio o valor normativo estabelecido

    conforme a Resoluo ANEEL 169 de 03 de maio de 2001;

    - MRE Mecanismo de Realocao de Energia para centrais hidreltricas

    conectadas ao sistema interligado e no despachadas centralizadamente pelo

    ONS, de acordo com o Decreto 2.655 de 02 de janeiro de 2000 e Resoluo

    ANEEL 169 de 03 de maio de 2001;

    - PROINFA Programa de incentivo s fontes alternativas de energia eltrica

    institudo com objetivo de aumentar a participao da energia eltrica produzidapor empreendimentos de produtores independentes autnomos, concebidos com

    base em PCH, fontes elicas e biomassa, mediante procedimentos estabelecidos

    nas Leis 10.438 de 26 de abril de 2002 e 10.762 de 11 de novembro de 2003 e

    Decreto 4.541 de 23 de dezembro de 2002.

    Porm, conforme exposto por Souza (1999), apesar das vantagens citadas acima, as

    PCHs s tornam-se empreendimentos economicamente atrativos quando algumas

    providncias so tomadas, no sentido de minimizar os seus custos de investimento,operao e manuteno, entre os quais destacam-se:

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    27/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 8

    - Minimizao dos custos de projetos, realizando um projeto geral para

    implantao que permita um contrato em regime de empreitada integral por

    preo global fechado, ou seja, regime Turn Key Job ou, caso o contratante

    disponha de equipe competente para acompanhamento e fiscalizao, contratos

    parcelados tambm em regime de empreitada integral por preo fechado os

    quais estaro inseridos dentro de um rgido cronograma fase/tempo;

    - No projeto geral de implantao, maximizar o uso de solues de engenharia

    que j tenham sido utilizadas com sucesso;

    - Maximizar o uso de materiais e equipamentos padronizados e de fabricao em

    srie;

    - Maximizar o uso de obras de desvio como permanente e vice-versa;

    - Procurar um arranjo para os componentes da PCH de modo a maximizar o uso

    do j existente no que se refere a vias de acesso, meios de comunicao,

    estruturas e disponibilidades dos vilarejos e/ou cidades da regio,

    particularmente com relao a material e mo de obra.

    - Eliminar os ensaios em modelos, substituindo-os, quando indispensveis, por

    ensaios em campo.

    - Alto nvel de automatizao para a etapa de operao, de modo a reduzir a

    valores compatveis com a gerao os custos fixos de mo de obra e os

    variveis de manuteno.

    2.4 Classificao das Pequenas Centrais Hidreltricas PCHs

    No Brasil, a ELETROBRS Centrais Eltricas Brasileiras S/A - editou um

    manual intitulado Diretrizes para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais Hidreltricas

    (1999), que classifica as PCHs, de acordo com os seguintes critrios:

    - Centrais quanto capacidade de regularizao;

    - Centrais quanto ao sistema de aduo;

    - Centrais quanto potncia instalada e a queda de projeto.

    2.4.1 Centrais quanto capacidade de regularizao

    Os tipos de PCH, quanto capacidade de regularizao do reservatrio so:

    - A Fio dgua;

    - De Acumulao, com Regularizao Diria do Reservatrio;- De Acumulao, com Regularizao Mensal do Reservatrio.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    28/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 9

    PCH a Fio dgua

    Esses tipos de PCHs no dispem de bacia de acumulao de relevncia e utilizam

    a vazo proporcionada imediatamente pelo rio, nesse caso, despreza-se o volume do

    reservatrio criado pela barragem. O sistema de aduo dever ser projetado para conduzir

    a descarga necessria para fornecer a potncia que atenda demanda mxima. O

    aproveitamento energtico local ser parcial e o vertedouro funcionar na quase totalidade

    do tempo, extravasando o excesso de gua.

    Esse tipo de PCH apresenta, dentre outras, as seguintes simplificaes:

    - dispensa estudos de regularizao de vazes;

    - dispensa estudos de sazonalidade da carga eltrica do consumidor; e

    - facilita os estudos e a concepo da tomada dgua.No projeto:

    - no havendo flutuaes significativas do nvel de gua do reservatrio, no

    necessrio que a tomada dgua seja projetada para atender a deplees do nvel de gua;

    - do mesmo modo, quando a aduo primria projetada atravs de canal aberto, a

    profundidade do mesmo dever ser a menor possvel, pois no haver a necessidade de

    atender s deplees;

    - pelo mesmo motivo, no caso de haver necessidade de instalao de chamin deequilbrio, a sua altura ser mnima, pois o valor da depleo do reservatrio que entra no

    clculo dessa altura, desprezvel;

    - as barragens sero normalmente baixas, pois tm a funo apenas de desviar a

    gua para o circuito de aduo;

    - como as reas inundadas so pequenas, os valores despendidos com indenizaes

    sero reduzidos.

    PCH de Acumulao com Regularizao Diria do Reservatrio

    As usinas de acumulao so as que possuem bacia de acumulao de grande

    capacidade, portanto, permitem operao com regularidade durante todo o transcurso do

    ano.

    Esse tipo de PCH empregado quando as vazes de estiagem do rio so inferiores

    necessria para fornecer a potncia suficiente para suprir a demanda mxima do mercado

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    29/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 10

    consumidor e ocorrem com risco superior ao adotado no projeto, nesse caso, o reservatrio

    fornecer o adicional necessrio de vazo regularizada.

    PCH de Acumulao com Regularizao Mensal do Reservatrio

    Este tipo de PCH considera dados de vazes mdias mensais no seu

    dimensionamento energtico, analisando as vazes de estiagem mdias mensais,

    pressupondo-se uma regularizao mensal das vazes mdias dirias, promovida pelo

    reservatrio.

    2.4.2 Centrais quanto ao sistema de aduo

    Quanto ao sistema de aduo, so considerados dois tipos de PCH:

    - Aduo em baixa presso com escoamento livre em canal / alta presso em

    conduto forado;

    - Aduo em baixa presso por meio de tubulao / alta presso em conduto

    forado.

    A escolha de um ou outro tipo depender das condies topogrficas e geolgicas

    que apresente o local do aproveitamento, bem como de estudo econmico comparativo.Para sistema de aduo longo, quando a inclinao da encosta e as condies de

    fundao forem favorveis construo de um canal, este tipo, em princpio, dever ser a

    soluo mais econmica.

    Para sistema de aduo curto, a opo por tubulao nica para os trechos de baixa

    e alta presso, deve ser estudada.

    2.4.3 Centrais quanto potncia instalada e quanto queda de projeto

    As PCHs podem ser ainda classificadas quanto potncia instalada e quanto

    queda de projeto, como mostrado na Tabela 2.1, considerando-se os dois parmetros

    conjuntamente, uma vez que um ou outro isoladamente no permite uma classificao

    adequada.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    30/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 11

    Tabela 2.1 - Classificao das PCHs quanto potncia e quanto queda de projeto

    CLASSIFICAO POTNCIA P QUEDA DE PROJETO - Hd (m)

    DAS CENTRAIS (kW) BAIXA MDIA ALTA

    MICRO P < 100 Hd < 15 15 < Hd < 50 Hd > 50

    MINI 100 < P < 1.000 Hd < 20 20 < Hd < 100 Hd > 100

    PEQUENAS 1.000 < P < 30.000 Hd < 25 25 < Hd < 130 Hd > 130

    Fonte: ELETROBRS - Diretrizes para Estudos e Projetos de PCH

    Para as centrais com alta e mdia queda, onde existe um desnvel natural elevado, a

    casa de fora fica situada, normalmente, afastada da estrutura do barramento.

    Conseqentemente, a concepo do circuito hidrulico de aduo envolve, rotineiramente,

    canal ou conduto de baixa presso com extenso longa.

    Para as centrais de baixa queda, todavia, a casa de fora fica, normalmente, junto da

    barragem, sendo a aduo feita atravs de uma tomada dgua incorporada ao barramento.

    2.5 Arranjos Convencionais de Aproveitamentos Hidreltricos

    Como indicao resumida sobre os arranjos convencionais de aproveitamentos

    hidreltricos, cabe fazer a seguinte classificao (Macintyre, 1983): Central Hidreltrica de Derivao;

    Central Hidreltrica de Desvio

    Central Hidreltrica de Represamento;

    2.5.1 Central Hidreltrica de Derivao

    Desvia-se a gua do rio e por uma tubulao ou tnel conduz-se a mesma at um

    reservatrio ou um poo denominado chamin de equilbrio, do qual partem as

    tubulaes at as turbinas, de onde a gua segue at um outro rio. Em alguns casos, aps a

    chamin de equilbrio, existe uma casa de vlvulas, para isolar as tubulaes de presso

    (conduto forado) quando necessrio, ou realizar a interconexo de sistemas de aduo

    diversos.

    Este tipo de instalao apresenta dois trechos de tubulaes separadas pela chamin

    de equilbrio: o trecho de baixa presso, que vai da captao ou tomada dgua at a

    chamin de equilbrio e o trecho de alta presso que liga a chamin de equilbrio turbina.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    31/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 12

    A separao da tubulao em dois trechos impede que a onda de sobrepresso na

    gua, provocada pela variao de vazo da turbina, que constitui a essncia do golpe de

    arete, se propague ao longo do trecho at a tomada dgua. Desta maneira, pode-se ter

    tubulao com menor espessura de chapa (ou outro material) no trecho mencionado, cujo

    dimetro por vezes consideravelmente maior que o trecho de alta-presso. Isso resulta em

    considervel economia na instalao.

    A Figura 2.1 abaixo apresenta um corte esquemtico de uma Central Hidreltrica de

    Derivao, mostrando seus principais componentes:

    Figura 2.1 Corte esquemtico de uma Central Hidreltrica de Derivao

    Fonte: Bortoni, E.C., Souza,Z; Santos, A. H. M.; Centrais Hidreltricas Estudos para

    Implantao,1999.

    2.5.2 Central Hidreltrica de Desvio

    Constri-se uma barragem que permite a gua ser conduzida a um canal aberto, um

    tnel ou uma tubulao que neste caso se liga a uma chamin de equilbrio.

    Desse ponto, ou de uma tomada dgua, a gua conduzida s turbinas por

    tubulaes foradas ou tneis forados. A nica ressalva que, nas usinas de desvio, o rio

    jusante, onde a gua devolvida aps passar pelas turbinas, o mesmo da captao,

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    32/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 13

    enquanto que nas de derivao o rio outro. A Figura 2.2 apresenta um esquema de uma

    Central Hidreltrica de Desvio.

    o arranjo tpico das pequenas centrais e das centrais de altas quedas.

    De acordo com Macintyre (1983), pode-se distinguir quatro casos tpicos de usinas

    de desvio:

    - Usinas com instalaes de turbinas em poo aberto. Parte da gua de um rio

    desviada para um canal de acesso a cu aberto at o poo de uma instalao

    aberta de turbina Francis, hlice ou Kaplan. A gua, aps passar pela turbina,

    vai pelo tubo de suco a um poo de escapamento, seguindo depois pelo canal

    de fuga at o rio, o qual alcanado j em cota mais baixa.

    - De uma barragem, a gua conduzida em canal aberto a uma tomada dgua e,

    da, em tubulao forada at a turbina, e em seguida ao mesmo rio, que se

    desenvolveu at chegar quela cota mais baixa.

    - Da barragem, a gua segue em tnel at a tomada e, da, at a turbina em

    tubulao forada, tal como no caso anterior.

    - Da barragem a gua desce em um tnel na rocha at a turbina, colocada em

    caverna tambm na rocha, seguindo, aps passar pela turbina, por outro tnel

    at o rio, j em nvel baixo.

    Figura 2.2 Esquema de uma Central Hidreltrica de Desvio

    Fonte: Bortoni, E.C., Souza,Z; Santos, A. H. M.; Centrais Hidreltricas Estudos para

    Implantao,1999.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    33/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 14

    2.5.3 Central Hidreltrica de Represamento

    Este um arranjo tpico de centrais de baixa queda.

    A Figura 2.3 mostra um corte esquemtico de uma Central de Represamento,

    mostrando seus principais componentes.

    Conforme exposto por Souza, Santos e Bortoni (1999), no que refere-se aos

    componentes, o arranjo Central de Desvio e Central de Derivao em relao ao arranjo da

    Central de Represamento acrescenta o sistema de baixa presso que, junto ao sistema de

    alta presso, poder gerar transientes hidrulicos a serem criteriosamente considerados

    desde o incio dos estudos para a implantao da Central Hidreltrica, a fim de que seu

    projeto e construo sejam executados de modo que a operao possa ser feita com alto

    grau de confiabilidade.

    Os sistemas de baixa presso podem ser compostos de tomada dgua, conduto de

    baixa presso e chamin de equilbrio, como mostra a Figura 2.1, ou de tomada dgua,

    canal e cmara de carga com extravasor lateral, como mostra a Figura 2.4.

    Figura 2.3 - Corte esquemtico de uma Central de Represamento

    Fonte: Bortoni, E.C., Souza,Z; Santos, A. H. M.; Centrais Hidreltricas Estudos para

    Implantao,1999.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    34/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 15

    Figura 2.4 Corte esquemtico de uma Central de Desvio

    Fonte: Bortoni, E.C., Souza,Z; Santos, A. H. M.; Centrais Hidreltricas Estudos para

    Implantao,1999.

    2.6 Componentes Bsicos das Pequenas Centrais Hidreltricas

    Considerando as pequenas centrais hidreltricas esquematizadas acima, destacam-

    se os seguintes componentes (Souza, 1992):

    A barragem o elemento de uma central responsvel em elevar e manter o nvel a

    montante da casa de mquinas. Ela geralmente composta por: vertedouros, comportas de

    fundo e desarenadora, vlvulas, bacia de dissipao de energia e outros elementos para

    operao, controle, segurana e manuteno.

    A tomada dgua, que o elemento de transio entre a captao e a aduo da

    gua composta por: grades, comportas, stop logs, desarenador, limpa grades,

    orientadores de fluxo, podendo conter vertedouros para cheias e outros elementos deoperao, segurana e manuteno.

    O sistema de baixa presso, que pode ser composto por canal, tnel, tubulao de

    baixa presso ou uma combinao destes elementos. No canal incluem-se outros

    componentes, tais como: bueiros, eventuais suportes, grades e vertedouros. Nas tubulaes

    h o tubo de aerao, as portas de inspeo, as juntas de dilatao, os blocos de apoio e de

    ancoragem e as vlvulas.

    A cmara de carga, que o elemento de transio para o conduto de alta presso,quando o sistema de baixa presso composto por canal. Normalmente ela composta

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    35/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 16

    por: grades, comportas, stop logs, limpa grades, orientadores de fluxo, vertedouro

    lateral, elementos de operao, controle, segurana e manuteno.

    A chamin de equilbrio utilizada como elemento de transio com o conduto de

    alta presso, quando o sistema de baixa presso composto por uma tubulao ou um

    tnel. Assim como a cmara de carga, este componente tem como funo atenuar as sobre

    presses resultantes de provveis transitrios hidrulicos.

    Os condutos forados ou tubulao de alta presso que, com suas juntas de

    dilatao e apoiados em blocos de apoio e de ancoragem, conduzem a gua at s turbinas;

    A casa de mquinas ou casa de fora que composta pelos grupos geradores e

    acessrios, quadros de comando e proteo, pra-raios, sistema de comunicao, talhas,

    ponte rolante, sistemas de ventilao e/ou ar condicionado, salas para escritrio, baterias,

    almoxarifado e outros, eventual oficina mecnica e eltrica.

    O canal de fuga que restitui a gua turbinada ao leito natural do rio.

    A subestao elevadora e seus elementos, tais como: transformadores, disjuntores,

    chaves, fusveis e outros.

    2.7 Turbinas Hidrulicas Aplicveis

    De acordo com a norma ABNT NBR 6445 (1987), as turbinas hidrulicas so

    elementos responsveis pela transformao da energia hidrulica (potencial), em energia

    cintica de movimento do rotor e, consequentemente, em energia mecnica de rotao do

    eixo. Elas so fabricadas em vrios modelos e especificaes. Ocorre que, para cada

    condio hidrulica e topogrfica da instalao existe uma mquina mais eficiente que as

    outras. A Figura 2.5 apresenta esta condio, onde o tipo de turbina at a potncia mxima

    de 15 MW selecionado a partir de valores de altura de queda e vazo.O que se faz especificar a turbina que melhor se adapte s condies do local

    onde se deseja instalar a central, atravs de sua rotao especfica, como mostrado na

    Figura 2.6.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    36/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 17

    Figura 2.5: Escolha da turbina em funo das condies hidrulicas e topogrficas.

    Fonte: Catlogo VA TECH Hydro Brasil Ltda

    Figura 2.6 Turbinas Hidrulicas Rotao Especfica

    Fonte: Viana, A. N. C.; Mquinas de Fluxo Apostila, EFEI, 2000

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    37/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 18

    Conforme exposto na Norma ABNT NBR 6445/1987, dentre os vrios tipos de

    turbinas hidrulicas fabricadas no Brasil, tem-se:

    Turbina Francis: uma turbomquina classificada como de reao, na qual o

    fluxo dgua penetra radialmente no distribuidor e no rotor, que o elemento rotativo da

    turbina hidrulica, onde se transforma a energia hidrulica em trabalho mecnico.

    So turbinas rigorosamente centrpetas, e permitem o uso de um tubo, proposto em

    1843 por Jonval, para conduzir a gua, aps sair do rotor, at um poo, tubo este que, pela

    semelhana com os tubos de aspirao das bombas, recebeu o nome de tubo de suco ou

    de aspirao. Esse tubo constitui parte essencial de toda turbina centrpeta e tem como

    funo manter a continuidade da massa lquida em escoamento, desde a sada do rotor at o

    nvel da gua do canal de fuga. Consegue-se desde modo um aumento da queda hidrulica

    e, pela transformao da energia cintica que possui a gua ao sair do rotor em energia de

    presso, um aumento na potncia da turbina.

    A Figura 2.7 (a) e 2.7 (b) apresentam arranjos de grupos geradores de PCHs com

    turbinas do tipo Francis.

    a mquina de maior uso em locais que apresenta quedas e vazes mdias. Tm

    um alto rendimento. Este rendimento to mais alto quanto maior for a potncia e o

    acabamento da turbina. Podem ser instaladas, dependendo da altura de queda, em caixa

    espiral cilndrica ou em caixa aberta. O rotor dependendo da rotao especfica assumida

    pode ser classificado como do tipo lento, normal ou rpido, conforme pode ser verificado

    na Figura 2.6.

    Figura 2.7 (a) Grupo Gerador da PCH Alto Jauru, MT

    Figura 2.7 (b) Desenho esquemtico de um grupo gerador com volante de inrcia

    M1

    (V)

    G

    M2

    (T)

    Fonte: VA TECH Hydro Brasil Ltda

    ba

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    38/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 19

    Como exposto anteriormente, em funo dos arranjos dos seus componentes, as

    turbinas Francis podem receber diferentes denominaes, a saber:

    Turbina Francis caixa aberta: a turbina instalada num poo ou caixa dgua,

    ao qual vem ter gua conduzida em um canal de aduo, havendo geralmente uma

    comporta ou adufa destinada a pr a seco a turbina quando se pretender repar-la ou

    revis-la.

    A Figura 2.8 mostra uma modalidade de instalao aberta. Este tipo de instalao

    conveniente apenas para potncias e quedas pequenas e sua construo tem menor custo, se

    comparada com uma turbina Francis com caixa espiral, entretanto o rendimento

    apresentado no muito alto.

    Figura 2.8 Turbina Francis Caixa Aberta Grupo Gerador da MCH Boa Vista, RS

    Fonte: Catlogo BEE Indstria e Comrcio de Equipamentos Ltda.

    Turbina Francis caixa espiral cilndrica: nas turbinas fechadas usual o

    emprego de caixa em forma de caracol, tambm chamada de caixa espiral, para conduo

    da gua trazida pelo conduto forado at o distribuidor. A caixa projetada de tal forma

    que garanta descargas parciais iguais em todos os canais formados pelas ps do

    distribuidor. Para isso, sua seo gradativamente decrescente no sentido do escoamento.

    Entre a caixa espiral e o distribuidor so dispostas ps fixas que orientam os filetes em

    direo entrada do distribuidor e constituem o chamado pr-distribuidor. A Figura 2.7

    apresenta um grupo gerador com turbina Francis com caixa espiral cilndrica.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    39/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 20

    Turbina Francis Gmea: uma turbina de reao, na qual o fluxo dgua penetra

    radialmente em dois distribuidores, com rotores simples e independentes, e sai axialmente

    em sentidos opostos convergentes, por um nico tubo de suco com vazes iguais soma

    das vazes admitidas em cada um dos rotores. A Figura 2.9 abaixo mostra um corte

    esquemtico de uma turbina Francis Gmea.

    Figura 2.9 Turbina Francis Gmea

    Fonte: Norma ABNT 6445, 1987

    Turbina Francis Dupla: uma turbina de reao, na qual o fluxo dgua penetra

    radialmente no distribuidor e no rotor duplo, no qual as ps so fixas, e sai axialmente em

    sentidos opostos divergentes e com vazes iguais, conforme pode ser observado na Figura2.10.

    A Figura 2.11 (a) mostra a casa de fora da PCH Alto Fmeas, com turbinas do tipo

    Francis de dupla suco e a Figura 2.11 (b) apresenta uma concepo da linha de eixo de

    um grupo gerador com turbina do tipo Francis dupla suco.

    Figura 2.10 Rotor de dupla suco de uma turbina do tipo Francis

    Fonte: Viana, A. N. C.; Mquinas de Fluxo Apostila, EFEI, 2000

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    40/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 21

    Figura 2.11 (a) Grupo gerador da PCH Alto Fmeas, BAFigura 2.11 (b) Corte esquemtico de grupo gerador com turbina de dupla suco.

    M3

    (V)

    M2

    G

    (T)

    M1

    Fonte: Catlogo VATECH Hydro Brasil Ltda

    Turbina Pelton: uma turbina classificada como tangencial, que aquela em que

    o fluxo passa pelo rotor da mquina de forma tangente ao raio do mesmo; de ao, que so

    mquinas em que a energia mecnica obtida pela transformao da energia cintica onde

    o fluxo dgua incide sob a forma de jato sobre o rotor, possuindo ps em forma de duas

    conchas. A direo dos jatos paralelamente em relao ao plano do rotor.

    Como toda turbina hidrulica, a Pelton possui um distribuidor e um rotor. Odistribuidor um bocal, de forma apropriada a guiar a gua proporcionando um jato

    cilndrico sobre a p do rotor, o que conseguido por meio de uma agulha chamada de

    agulha de regularizao.

    O rotor consta de um certo nmero de ps com forma de concha especial, dispostas

    na periferia de um disco que gira, preso a um eixo.

    Seu uso mais adequado para locais onde h altas quedas e pequenas vazes, ou

    seja, condies de rotaes especficas baixas. Apresentam bons rendimentos em locaisonde existam grandes variaes de carga.

    O seu rendimento compara-se ao de uma turbina Francis, com rotor lento. Em

    funo da vazo, ela pode ter um ou mais injetores, sendo dois, o nmero mximo para

    pequenas potncias e seis para grandes potncias.

    A Figura 2.12 mostra uma instalao com turbinas do tipo Pelton.

    a b

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    41/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 22

    Figura 2.12 Instalao com turbina do tipo Pelton

    Fonte: Catlogo VATECH Hydro Brasil Ltda

    Turbina Michell Banki: esta turbina tambm conhecida como turbina de fluxo

    transversal ou fluxo cruzado, uma turbina classificada como tangencial e de ao, na qual

    o fluxo atravessa o rotor cilndrico, que semelhante a uma gaiola de esquilo,

    transversalmente, com duas passagens pelas ps.

    Esta uma mquina no convencional, largamente utilizada em pequenas

    potncias. indicada para regies de pequenos recursos tcnicos, pois apresenta simples

    construo, podendo ser projetada e fabricada com tecnologia simples em oficinas pouco

    sofisticadas, como mostrada na Figura 2.13.

    Figura 2.13 Turbinas Michel Banki

    Fonte: Souza, Z., PCH - Tecnologia Meio Ambiente Conferncia de PCH,

    Mercado&Meio Ambiente, 2005

    NJ

    ROTOR

    EIXO

    INJETOR

    P DIRETRIZ

    MECANISMO DE

    PEA DE

    REGULAGEM

    TRANSIO

    CARCAA

    Q

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    42/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 23

    Turbina Hlice ou Propeller: uma turbina classificada como de reao, na qual o

    fluxo dgua tem direo radial no distribuidor, aproximadamente axial na entrada do

    rotor, no qual as ps tm passo fixo ou ajustvel quando a mquina encontra-se fora de

    funcionamento.

    Estas turbinas nasceram da necessidade de obteno de turbinas com velocidades

    considerveis em baixas quedas e grandes vazes, o que no vivel com as turbinas

    Francis. O rotor assumiu a forma de uma hlice de propulso, conforme pode ser

    observado na Figura 2.14, o que explica o nome dado a essas turbinas. O distribuidor

    mantm o aspecto que tem nas turbinas Francis, mas a distncia entre as ps do distribuidor

    e as do rotor bem maior do que a que se verifica para as turbinas Francis de alta

    velocidade especfica. utilizada em centrais que trabalham com carga de ponta, sem

    grandes variaes de carga.

    Figura 2.14 Rotor de uma turbina Hlice

    Fonte: Catlogo VATECH Hydro Brasil Ltda

    Turbina Kaplan: uma turbina classificada como de reao, na qual o fluxo

    dgua tem direo radial no distribuidor, aproximadamente axial na entrada do rotor,

    analogamente turbina hlice, porm, as ps tm passo regulvel, podendo ser ajustada empleno funcionamento. O mecanismo que permite variar o ngulo de inclinao das ps

    conforme a vazo, sem variao aprecivel do rendimento, fica alojado numa pea com

    formato de ogiva e seu comando realizado pelo regulador automtico de velocidade.

    Esta mquina exige alta tecnologia para a sua fabricao. indicada para baixas

    quedas e grandes vazes.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    43/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 24

    Figura 2.15 (a) - Descida do rotor de uma das turbinas da UHE Candonga, MG

    Figura 2.15 (b) - Rotor de uma turbina Kaplan

    Fonte: Catlogo VA Tech Hydro.

    A utilizao de desnveis hidrulicos reduzidos pode no ser vivel nem mesmo

    com turbinas Kaplan de eixo vertical. Procuraram, ento, os fabricantes solues com

    instalaes da turbina hlice ou Kaplan com eixo horizontal ou com pequena inclinao, de

    modo a poderem ser aproveitados desnveis pequenos como ocorre em certas modalidades

    de usinas a fio dgua e em usinas mar-motrizes. Os tipos de turbina que so

    empregados nestes empreendimentos so:

    Turbina Tubular: uma turbina de reao, do tipo Hlice ou Kaplan na qual o

    fluxo dgua penetra axialmente no distribuidor e no rotor, onde o gerador est localizado

    externamente ao fio dgua, como mostrado nas Figuras 2.16 e 2.17.

    Nestas turbinas o rotor fica colocado num tubo que une tomada dgua ao tubo de

    suco, no havendo caracol nem bulbo. O eixo pode ser horizontal ou inclinado. Existem

    trs modalidades para estas instalaes:a) o rotor possuindo ps fixas (Propeller) e o distribuidor ps diretrizes orientveis;

    b) o rotor com ps orientveis e o distribuidor com ps fixas;

    c) o rotor e o distribuidor, ambos com ps orientveis. So os mais perfeitos e

    permitem o funcionamento reversvel da unidade, isto , como bomba e como

    turbina (Macintyre, 1983).

    a

    (b)

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    44/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 25

    Figura 2.16 Turbina Tubular com o gerador instalado a montante da turbina

    (T)

    M1M3

    (G)

    M4

    (V)

    MU / M2

    Fonte: Catlogo VA TECH Hydro Brasil Ltda

    Figura 2.17 Turbina Tubular com o gerador instalado a jusante da turbina

    M3 M4M1

    M2

    (T)

    (G)

    (V)

    Fonte: Catlogo VA TECH Hydro Brasil Ltda

    Turbina Bulbo: uma turbina de reao, na qual o fluxo dgua penetra

    axialmente no distribuidor e no rotor, estando o gerador eltrico contido em uma caixa com

    o formato de pra ou de um bulbo, o que d o nome turbina, diretamente imerso no fluxo.

    A Figura 2.18 (a) mostra a descida do cubo do rotor de uma turbina do tipo Bulbo e a

    Figura 2.18 (b) apresenta um corte esquemtico de um grupo gerador com.turbina do tipo

    Bulbo.

    A turbina bulbo dispensa a caixa em caracol e o trecho vertical do tubo de suco.

    O espao ocupado em planta , portanto, menor que o das turbinas Kaplan. Para um

    mesmo dimetro do rotor, a turbina bulbo absorve uma vazo maior que a Kaplan,

    resultando da maior potncia a plena carga. As turbinas bulbo por poderem funcionar

    como turbinas ou como bombas tem sido empregadas em usinas mar-motrizes.

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    45/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 26

    Figura 2.18 (a) Descida do cubo do rotor. Fase de montagem de uma das turbinas Bulbo

    da UHE Igarapava, MG.

    Figura 2.18 (b) Corte esquemtico de um grupo gerador com turbinas Bulbo.

    Fonte: Catlogo VA TECH Hydro Brasil Ltda

    Turbina axial com instalao do gerador em um poo: o gerador colocado

    num compartimento cujas paredes podem ser de chapas de ao ou de concreto. A gua,

    para chegar turbina, circunda o poo onde fica o gerador.

    O eixo do gerador pode estar no prolongamento do eixo da turbina ou formarngulo reto com o mesmo, ficando nesse caso o gerador num poo ou compartimento

    localizado acima do nvel da turbina.

    Existem tambm turbinas tipo bulbo nas quais o gerador eltrico encontra-se

    externo e posicionado em ngulo, conhecidas como bulbo angular ou bulbo Pit.

    A utilizao de turbinas tipo Bulbo em poo (ou pit) bem adaptada para os

    aproveitamentos com quedas muito baixas, at aproximadamente 10 m. A implantao

    compacta reduz o custo das obras civis e do gerador com utilizao de multiplicador develocidade.A Figura 2.19 mostra uma instalao com turbina do tipo Bulbo em poo.

    (a)b

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    46/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 27

    Figura 2.19 Instalao com turbina do tipo Bulbo em poo (ou Pit)

    Fonte: Macintyre, J. M., Mquinas Motrizes Hidrulicas, 1983;

    M

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    47/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 28

    2.8 Parmetros Utilizados na Avaliao de Centrais Hidreltricas

    Utilizando-se alguns dos conceitos existentes nas normas ABNT NBR 10280

    (1988) e ABNT NBR 6445 (1987), foram selecionadas algumas definies relevantespara a determinao dos parmetros bsicos das condies operacionais das centrais

    hidreltricas, so elas:

    Vazo da turbina (Q): Volume de gua utilizado pela turbina na unidade de

    tempo, inclusive vazamento nas vedaes, tampas e tubulaes de equilbrio, mas

    excluindo a gua utilizada para o funcionamento de mquinas auxiliares, bem como para o

    arrefecimento dos mancais, em [m/s].

    Vazo garantida (nominal) (Qr): Vazo da turbina correspondente aos valoresgarantidos de altura de queda, potncia e rotao, em [m/s].

    Vazo em vazio (Qo): Vazo da turbina em vazio, com rotao nominal e altura de

    queda garantida, em [m/s].

    Vazo de projeto ou aproveitamento (QA): Mxima vazo nominal que pode

    passar pelo conjunto de unidades geradoras, em [m/s].

    Velocidade mdia (v): Valor da vazo dividido pela rea da seo transversal, em

    [m/s]. Esta relao pode ser expressa como mostra a equao abaixo:

    A

    Qv = (2.2)

    Onde:

    4

    DA

    2

    = (2.3)

    Onde, A a rea da seo transversal da tubulao em [m] e D o dimetro

    interno da tubulao em [m], em caso de sees circulares;

    Presso manomtrica (pg): Indicao do manmetro em qualquer ponto do

    sistema, em [Pa];

    Presso na entrada da turbina (p1): Presso manomtrica no ponto de medio na

    entrada, com correo da diferena de altura entre o manmetro e aquele ponto, em [Pa];

    Presso na sada da turbina (p2): Presso manomtrica no ponto de medio na

    sada, com correo da diferena de altura entre o manmetro e aquele ponto, em [Pa];

    Massa especfica da gua (): Massa por unidade de volume dgua utilizada pela

    turbina, em [kg/m].

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    48/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 29

    Peso especfico da gua (): Peso por unidade de volume dgua utilizada pela

    turbina em [N/m]. Na equao abaixo observa-se esta relao:

    g= (2.4)

    Onde, a massa especfica da gua em [kg/m3] e g a acelerao da gravidade

    local em [m/s].

    Altura de presso (hp): Altura da coluna dgua equivalente presso esttica em

    qualquer ponto da instalao em [m].

    Altura dinmica (hv): Altura da coluna dgua equivalente ao quadrado da

    velocidade mdia, dividido pelo dobro da acelerao da gravidade, em [m]. Na equao

    abaixo apresentada esta relao:

    g2

    vh

    2

    v

    = (2.5)

    Altura potencial(z): Altura de um ponto de medio em relao ao nvel do mar ou

    outra cota de referncia.

    Altura total (ht): Soma das alturas potencial, de presso e dinmica numa

    determinada seo, em [m].

    A equao abaixo utilizada para o clculo desta grandeza:

    vPthhzh ++= (2.6)

    Altura de queda lquida (H): Queda disponvel para atuar na turbina,

    correspondente diferena das alturas totais entre as sees de entrada e sada da turbina,

    em [m].

    Altura de queda lquida garantida ou nominal ou de referncia (Hn): Altura de

    queda lquida para a qual a turbina foi encomendada ou construda, em [m].

    Altura de queda bruta (Hb): A diferena de cotas entre os limites dos nveis de

    montante (na captao) e de jusante (canal de fuga) quando a vazo igual a zero, isto ,

    com a turbina fora de operao, em [m].

    Altura geomtrica de suco (hS): Diferena de cotas entre o rotor da turbina em

    relao ao nvel de jusante, em [m];

    Altura baromtrica (hb): Altura da coluna no local dgua correspondente

    presso atmosfrica e temperatura no local, em [m];

    Nvel dgua (zm): Altura do nvel dgua em relao ao nvel mdio do mar ou

    outra cota de referncia, em [m];

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    49/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 30

    Nvel de gua de montante (zw1): Altura do nvel da gua em relao ao nvel

    mdio do mar ou outro nvel de referncia, a montante do grupo gerador, em [m].

    Nvel de gua de jusante (zw2): Altura do nvel da gua em relao ao nvel mdio

    do mar ou outro nvel de referncia, a jusante do grupo gerador, em [m].

    Posio do medidor de presso na entrada da turbina (h1): Nvel do medidor de

    presso na entrada da turbina com relao ao nvel de referncia, em [m];

    Posio do medidor de presso na sada da turbina (h2): Nvel do medidor de

    presso na sada da turbina com relao ao nvel de referncia, em [m].

    Posio do instrumento de medida (a1): Diferena de altura entre o nvel de

    referncia de calibrao do instrumento e a posio do ponto de medio, em [m].

    Potncia absorvida pela turbina ou potncia hidrulica (Ph): Potncia

    equivalente a vazo Q em [m/s] da turbina sob a queda lquida H em [m], sendo a

    potncia hidrulica em [kW].

    3h 10..g.Q.HP

    = (2.7)

    Potncia fornecida pela turbina ou potncia efetiva ou potncia de eixo (Pe):

    Potncia mecnica transmitida pelo eixo da turbina, em [kW].

    Ela determinada pela soma:

    a) da potncia medida nos terminais do gerador eltrico;

    b) das perdas mecnicas e eltricas do gerador;

    c) no caso de mancal de escora comum: perdas proporcionais aos pesos devidos ao

    gerador e turbina;

    d) perdas na engrenagem de transmisso e no volante;

    e) perdas devidas absoro de potncia por equipamentos auxiliares acoplados

    diretamente;

    f) se for utilizado freio em vez de a e b, a potncia ser determinada atravs do

    freio.

    Potncia garantida (nominal) (Pr): Potncia efetiva da turbina sob a altura de

    queda lquida nominal Hn em [m], e rotao nominal n em [rpm], para as quais a turbina

    foi encomendada ou construda, em [kW].

    Rendimento da turbina (t): o quociente percentual entre a potncia de eixo e a

    potncia hidrulica ou absorvida pela turbina, em [%];

    Rendimento mdio ponderado da turbina (tw): Rendimento mdio ponderado

    calculado aritmeticamente a partir dos valores isolados: 1, 2, 3, etc, correspondentes aos

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    50/158

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    51/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 32

    ( )

    b

    omx.mx.p H.

    Pp100.)(z

    = (2.11)

    Cavitao: Bolhas de vapor que se formam quando o nvel de presso local cai a

    um valor prximo daquele da presso de vapor e que implodem quando o nvel da presso

    local se eleva acima daquele da presso de vapor;

    Eroso por cavitao: Perda de material produzida pela cavitao;

    Nmero especfico de rotaes: Conforme exposto por Souza (1991), existem dois

    tipos de rotao especfica, uma relativa a potncia, nS, e outra relativa a vazo, nq.

    A primeira definida como sendo a rotao de uma mquina semelhante original

    que, sob a queda de 1 [m] fornece uma potncia de eixo de 1 [kW], expressa na equao

    abaixo.

    1,25r

    0,5e

    rSH

    Pnn = (2.12)

    A segunda definida como sendo a rotao de um grupo ou famlias de turbinas

    hidrulicas homlogas; igual rotao da turbina, em [rpm], quando opera sob uma queda

    de 1 [m] e atravessada por uma vazo de 1 [m/s], expressa na equao abaixo. Alm das

    turbinas hidrulicas esta definio muito usada para identificar as geometrias usadas em

    bombas hidrulicas, ventiladores e turbocompressores.

    0,75r

    0,5r

    rq H

    Qnn = (2.13)

    Existe ainda a rotao especfica adimensional que tende a ser usada

    universalmente para identificar qualquer tipo de geometria, qualquer que seja o fluido de

    trabalho, mostrada na equao abaixo:

    0,75

    0,5r

    r3

    qAY

    Qn10n = (2.14)

    Onde:

    .gHY r= (2.15)

    As relaes existentes entre os tipos de definies de rotao especfica para

    turbinas hidrulicas so mostradas nas equaes abaixo:

    q5,0

    tS n13,3n = (2.16)

    qAtS n0329,0n = (2.17)

    qqA n3n = (2.18)

  • 7/28/2019 Estudos Procedimentos Ensaios Campo Turbinas Hidraulicas Pch

    52/158

    Captulo 2 A Caracterizao das Pequenas Centrais Hidreltricas no Brasil 33

    Alerta-se que as frmulas para as rotaes especficas so aplicveis a um rotor

    simples. Caso o rotor seja duplo, utiliza-se 2e

    P e/ou 2Q . Para rotores em srie utiliza-

    se iH ou iY , onde i o nmero de rotores em srie.

    2.9 Consideraes Finais

    A tecnologia e a prtica aconselham formatos apropriados de turbinas hidrulicas

    para cada conjunto de condies que definem a instalao. A escolha feita pelo critrio

    rotao especfica.

    Tem-se constatado que as solues apresentadas por fabricantes diferentes para um

    mesmo caso resultam em diferenas surpreendentes no formato dos componentes, sem que

    os rendimentos sofram sensveis variaes. Isso se observa quando, para uma mesma usina

    hidreltrica, dois ou mais fabricantes fornecem, para as mesmas condies, turbinas

    projetadas segundo o know-how prprio de cada um.

    Os fabricantes, reunindo os dados coletados, organizam grficos e tabelas que

    permitem a escolha do tipo de turbina que melhor se adapte ao valor da rotao especfica

    e fornecem, igualmente, as principais dimenses da turbina unidade ou da turbina padro,

    a partir das quais o projeto se desenvolve.

    Teoricamente no impossvel construir turbinas de um tipo qualquer para todas as

    velocidades especficas, porm a prtica do projeto e os resultados obtidos com as turbinas

    instaladas tm mostrado que cada um dos tipos examinados s pode ser empregado com

    bom rendimento para valores de rotao especfica compreendidos entre determinados