esquemas sintese cantigas_amor

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Esquemas-síntese das cantigas de amor

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Page 1: Esquemas sintese cantigas_amor

Esquemas-síntese

das cantigas de amor

Page 2: Esquemas sintese cantigas_amor

I. «Se eu podesse desamar»,

Pero da Ponte (p. 44)

Page 3: Esquemas sintese cantigas_amor

Cantiga de amor: a «coita de amor» / a amada como ser inacessível.

Estado de espírito do sujeito poético: a donzela em progressivo sofrimento.

Enamorado

Revoltado

Desgostoso Amor não correspondido

Page 4: Esquemas sintese cantigas_amor

Estrutura da cantiga: desenvolver um raciocínio que resolva o seu problema —

«coita dar» a quem o fez sofrer.

Oração condicional

Se pudesse causar sofrimento a quem sempre o fez sofrerRefrão

POR ISSO

não se acalma

«non dormio eu»

MAS

• não pode enganar o coração que o enganou

• o coração fê-lo desejar quem nunca o desejou

Copla 2

Oração causal

Porque não causa sofrimento a quem sempre o fez sofrerRefrão

ASSIM

sentir-se-ia vingado

Desejo do euSE

• deixasse de amar quem nunca o amou

• fizesse mal a quem lhe fez mal

Copla 1

Personificação

Pretérito imperfeito do conjuntivo:

tempo da condição, da improbabilidade.

Page 5: Esquemas sintese cantigas_amor

Oração condicional

Se pudesse causar sofrimento a quem sempre o fez sofrerRefrão

POR ISSO

sofre

• perguntasse a quem nunca lhe perguntou nada

• porque o fez amar se ela nunca o amou

Copla 4

Oração causal

Porque não causa sofrimento a quem sempre o fez sofrerRefrão

POR ISSO

acalmar-se-ia

«dormiria eu»

MAS

• pede a Deus que não ajude a quem não o ajudou

• deseja perturbar a quem sempre o perturbou

Copla 3

Page 6: Esquemas sintese cantigas_amor

Tom da cantiga: lamento e fúria.

As orações condicionais e causais mostram o esforço que o eu faz para

encontrar a solução acertada para a sua vingança: pensa, avalia, calcula várias

possibilidades sem conseguir concluir.

Impossível «punir» a amadaConflito irresolvido

Sujeito poético em tensão

Page 7: Esquemas sintese cantigas_amor

Características formais: repetição de uma palavra com uma variação

morfológica — utilização de moz-dobre (desamar/desamou; buscar/buscou;

dar/deu; enganar/enganou; desejar/desejou; desampar/desamparou;

destorvar/destorvou; preguntar/preguntou; cuidar/cuidou).

Page 8: Esquemas sintese cantigas_amor

II. «Proençaes soem mui bem trobar»,

D. Dinis (p. 48)

Page 9: Esquemas sintese cantigas_amor

Cantiga de amor (de mestria): reflexão sobre a escrita de poesia — crítica

aos troubadours provençais.

Só na primavera

«Mui bem» v. 1 «Sabem loar» v. 7 Reconhece o mérito

poético

«no tempo da frol / e nom em outro» vv. 3 e 4

«quand’a frol sazom / á, e non ante» vv. 10 e 11

«eno tempo que tem a color / a frol consigu’e» vv.14 e 15

Convenção poética

(associação do amor

com a primavera)

«loar / sas senhores» vv. 7 e 8 Elogiam a mulher

amada

Suspeita da sua

sinceridade«dizem eles que é com amor» v. 2

Ironia

Como trovam?

Quando trovam?

Sobre que trovam?

Page 10: Esquemas sintese cantigas_amor

Não sofrem de amor como ele sofre pela sua amada.

Nunca morrerão de amor como ele

O sentimento de que falam os provençais é artificial!

Problema apresentado pelo sujeito poético:

Os que apenas trovam na Primavera e não no resto do ano

O eu nega

a afirmação

dos provençais

«Sey eu bem» v. 4

«Sõo sabedor» v. 9

Simulação Fingimento

Crítica

aos

provençais

Page 11: Esquemas sintese cantigas_amor

Diferença entre o sujeito poético e os provençais: a sinceridade da dor.

Eu

• «grande coita no coração por minha senhor»

• «tal coita sem ter par»

• «perdição que me há-de matar»

Provençais

Obedecem

a convenções

literárias

Porque sofre e ama na realidade, escreve sobre esse sofrimento, tornando a sua poesia mais pura

e verdadeira.

• Amar = Trovar

• Perfeito amador = perfeito poeta

Verdadeira

arte de fazer poesia

Page 12: Esquemas sintese cantigas_amor

III. «A dona que eu am’ e tenho por

senhor», Bernal de Bonaval (p. 51)

Page 13: Esquemas sintese cantigas_amor

Cantiga de amor: prece dirigida a Deus — desejo de ver a mulher amada.

• Ver a sua «senhor»

«amostrade-mi-a, Deus» (v. 2)

«amostrade-mi-a, Deus» (v. 5)

«Deus!, fazede-mi-a veer» (v. 8)

«amostrade-mi-a, u» (v. 11)

Súplica do sujeito

poético a Deus

Modo

imperativo

• O eu ama a «senhor»

• O eu sofre por não lhe poder falar

• A «senhor» está numa posição inatingível

• O eu só poderá falar com a sua «senhor»

por ação divina

Causa

das súplicas

• Num local em que possa falar com ela

Page 14: Esquemas sintese cantigas_amor

Relação de vassalagem amorosa entre o eu e a «dona» (sua senhor).

O eu situa-se numa posição inferior em relação à mulher amada.

• um ser belo

• um ser idealizado

• um ser perfeito

• um modelo de virtudes

Caracterização

abstrata e superlativizada

«melhor parecer /

de quantas sei»

(vv. 7 e 8)

Page 15: Esquemas sintese cantigas_amor

Sentimentos do eu: desejo da morte.

«a dona que eu am’» (v. 1)• amor profundo pela «dona»

«tenho por senhor» (v. 2)• obediência à sua «senhor» (coloca-se

ao seu serviço)

«lume destes olhos meus / e por

que choram sempr’» (vv. 4-5)

• tristeza extrema causada pela intensidade

da paixão (coita de amor)

«senom dade-mi a morte» (refrão)• angústia (ao desespero de a não ver,

o eu prefere a morte)

Page 16: Esquemas sintese cantigas_amor

Refrão: repetição de uma ideia fixa — «senom dade-mi a morte».

Importância dos olhos e do olhar:

• Reforça a exigência que é feita à divindade.

• Realça a angústia / o desespero / a obsessão do sujeito poético.

• Acentua a existência de uma consequência grave (a sua morte).

• Os olhos permitem exprimir o desespero do eu («choram sempr’», v. 5).

• A visão permite o despoletar da paixão («lume destes olhos meus», v. 4).

• A visão permite enaltecer a formosura da «senhor».

• A visão (aliada ao diálogo) permitiria a consumação do amor = IMPOSSÍVEL.