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  • EDITORIAL

    Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected]

    DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2012/2014

    Fundada em 5 de junho de 1937

    Rua Minas Gerais 297 – 1º andarEd. Palácio do ComércioLondrina (PR) – CEP 86010-905Telefone (43) 3374-3000Fax (43) 3374-3060E-mail [email protected]

    Flávio Montenegro BalanPresidenteLuiz Carlos I. AdatiVice-PresidenteAry SudanDiretor SecretárioFabricio Massi Salla2º Diretor SecretárioRogério Pena ChinezeDiretor FinanceiroRodolfo Tramontini Zanluchi2º Diretor Financeiro

    Marcelo Paganucci OntiveroDiretor ComercialHerson R. Figueiredo JúniorDiretor IndustrialMarcelo Bisatto CardosoDiretor de ServiçosBrasilio Armando FonsecaDiretor de Comércio InternacionalLuigi Carrer FilhoDiretor de ProdutosFernando Lopes KireeffDiretor Institucional

    Rosangela KhaterPresidente do Conselho da Mulher Empresária

    CONSELHO DELIBERATIVOCarlos Alberto De Souza FariaDavid Dequêch NetoEduardo Yoshimura AjitaEnio Luiz Sehn JúniorFábio Aurélio Mansano MelaréJosé Guidugli Júnior

    Marcelo Massayuki CassaNivaldo BenvenhoOswaldo PitolRubens Benedito AugustoSilvana Martins CavicchioliValter Luiz OrsiWellington Moreira

    CONSELHO FISCAL

    TitularesJaime Celeste PonceMichel Menegazzo GouvêaRonaldo Pena Chineze

    SuplentesMarcus Vinícius Bossa GrassanoMarcus Vinicius GimenesRafael Andrade Lopes

    Paulo BriguetCoordenaçãoSusan NaimeEdiçãoJosoé de CarvalhoFotografiaThiago MazzeiProjeto gráfico

    Diego Rigon MenãoSuperintendenteClaudia Motta PechinCoord. Comercial e SPCBarbara Della LiberaAnalista de MarketingColaboradoresAlexandre SanchesFelipe Brandão

    Gisele RechGuto RochaJuliana MasteliniMichelle AligleriVinícius Bersi

    ImpressãoMidiografTiragem8 mil exemplares

    Lutar pelo que é nosso2014 é mesmo um ano de expectativas. Em cinco meses a população terá a chance de renovar o cenário político, através de seu voto consciente. Elegeremos presidente da República, governador, senador, deputado federal e estadual. Não é cedo para iniciar uma reflexão sobre o assunto. E deixar para analisar os critérios que o levarão a escolher um candidato apenas na hora de votar poderá ser tarde demais. Londrina, a cada dia, grita por liberdade. Libertar-se da corrupção. Libertar-se das más influências. Libertar-se da hipocrisia. Para isso, precisamos eleger, com sabedoria, quem olhe por nós. Do outro lado, Londrina enfrenta o desafio de ampliar a sua representatividade no quadro político, tanto junto à Assembleia Legislativa, quanto na Câmara Federal. A discussão vai além. O trabalho começa por aqui mesmo, no Legislativo, nossa Casa de Leis. Afinal, uma Câmara Municipal forte, ética e cumpridora de seus princípios poderá contribuir para o surgimento de novos líderes políticos.Por sua vez, quem estiver no comando precisará combinar o espírito empreendedor

    junto à sua visão política e teórica. Hoje, infelizmente, muitos empresários vivem presos a uma política que não os permite crescer. Nossos empreendedores concebem suas empresas com o sonho de construir uma história de sucesso, mas são acordados pelos gargalos da burocracia cruel e de tributações infundadas. É hora de colocar a teoria em prática. Acabar com o achismo. Trocar a morosidade pelo progresso. E, por falar em progresso, aguardamos o avanço da reforma administrativa na Prefeitura de Londrina, necessária para garantir mais eficiência e qualidade dos serviços à população. A outra face do desenvolvimento de um município é a economia. Embora pontos facultativos, feriados nacionais, estaduais e municipais tragam descanso, eles também geram prejuízos significativos. A cada dia não trabalhado Londrina deixa de movimentar R$ 20 milhões. Perdemos ainda mais por não ser uma cidade turística na área de lazer. A comemoração não deve jamais deixar de existir. Mas algumas datas poderiam ser

    revistas e celebradas em conjunto, ou fixadas em sábados e domingos. 2014 ainda terá muitos desafios pela frente. E não desistiremos da transformação. Lute com a gente pelo desenvolvimento e progresso!

    Flávio Montenegro Balan Presidente da ACIL

  • Agenda junho 2014

    FINANÇAS GESTÃO DE RH DIVERSOSMARKETINGATENDIMENTO E VENDAS WEB

    • Açõesquerefletemnaadministraçãodocaixa

    • Administraçãodocontasapagar:processosdepagamentos,fluxooperacional,funçõesdocontasapagar,controledocontasapagar,ciclodepagamentos,riscos

    NãoassociadosR$250,00AssociadosR$195,00

    Qualidade de serviços em recepção e secretariaSilvana Oliveira14 de junhoDas 8h30 às 12h e das 13h às 17h30• Desenvolvimentopessoaleprofissional• Perfileposturaprofissional• Espíritodeequipe• Atendimentotelefônico• TécnicasdeRecepçãoeAtendimentoNãoassociadosR$152,00AssociadosR$76,00

    Técnicas de vendas - a venda com foco no cliente Silvana Oliveira23h e 24 de junho 19h às 23h• Oprofissionaldevendas• Perfildovendedor• Orelacionamentocomocliente• Compreensãodasnecessidadeseexpectativasdocliente

    • AimportânciadacomunicaçãoNãoassociadosR$152,00AssociadosR$76,00

    Intensivo em departamento fiscal: ICMS, IPI, PIS e COFINSRosangela Aparecida da Silveira24, 25 e 26 de junho19h às 23h• RegulamentodoImpostoSobreCirculaçãodeMercadoriaseServiços

    • LegislaçãodoISS• RegulamentaçãoeLegislaçãodoIPI–Impostosobreprodutoindustrializado

    • Impactosdostributossobreofaturamentodaempresa

    • CódigosderecolhimentoseguiasNãoassociadosR$300,00AssociadosR$230,00

    Intensivo em rotinas trabalhistas e departamento pessoal – 2ª ediçãoMario Sergio Curti25 e 26 de junho19h às 23h• Procedimentoparaadmissão• Contratoejornadadetrabalho• Folhadepagamentosesuasespecificidades

    Saiba mais:[email protected] ou3374.3082 com Tatiane Goes:[email protected]

    Associação Comercial e Industrial de Londrina Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR

    Av. Saul Elkind, 1820 | Regional Nortewww.acil.com.br Curta

    • Demissãodeempregados• Incidênciaecálculodosimpostos• Desoneraçãodafolhadepagamentoseseusimpactos

    NãoassociadosR$250,00AssociadosR$195,00

    Como importar da chinaRodrigo Giraldelli25 e 26 de junho19h às 23h• Pesquisadefornecedores• Escolhadaembalagem• Meiosdetransporte• Custosdeimportação• ImpostosdeImportaçãoNãoassociadosR$300,00AssociadosR$200,00

    ABRASEL NORTE DO PARANÁCURSO DE BOAS PRÁTICAS E HIGIENIZAÇÃO NAS MANIPULAÇÕES DE ALIMENTOS24,25e26dejunho13h30às17h30Local:BlueTreePremiumAv.JuscelinoKubtischek,1356Informações:33270202Nãoassociados:R$100,00AssociadosACIL:R$70,00

    Palestra: empreenda com sucessoSheila Dal Ry05 de junho19h às 21h• Oportunidadesparaempreender• Desafiosdeempreender• EmpreendendocomsucessoNãoassociadosR$65,00AssociadosR$32,00

    Gestão de projetos: como coordenar projetos de forma prática e eficiente 2ª ediçãoRodrigo Giraldelli07 de junhoDas 8h30 às 12h e das 13h às 17h30• Iniciaçãodoprojeto• Termodeaberturaeidentificaçãodosstakeholders

    • Planejamentodoprojeto• Coletaderequisitoseelaboraçãodoescopo

    • Elaboraçãodocronogramaedoorçamento

    NãoassociadosR$250,00AssociadosR$195,00

    Workshop: elabore um plano estratégico de marketingSheila Dal Ry09 de junho19h às 23h• AnaliseInternaeExternadaempresa• Publicoalvo• Macroambienteeestratégia• Compostodemarketingeimplementação

    NãoassociadosR$90,00AssociadosR$45,00

    Cobrança e negociação de dívidasBraz Vendramini09 a 11 de junho 19h às 23h• Códigodedefesadoconsumidor• Cartasdecobrança:comotorná-lasmaiseficazes

    • Comoobtermaioresresultadosnascobrançasdeclientesinadimplentes

    • Comoorganizarumacarteiradeatrasosdeformaprodutiva

    • ComocobrarportelefoneNãoassociadosR$173,00AssociadosR$86,00

    Intensivo em fluxo de caixa, contas a pagar e a receberThiago Terzoni10 e 11 de junho19h às 23h• Tesouraria:principaisfunções,gestãodatesouraria

    • Conceitosdecapitaldegiro,ciclooperacionaleciclofinanceiro

    Opinião do associado

    Vanderley Negri, encarregado Recursos Humanos Norpave: Investimento em capacitação profissional se faz necessário cada vez mais. Com extrema competência, o Centro de Capacitação Empresarial e de Pessoas da ACIL vem contribuindo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos profissionais de nossa organização, através de treinamentos que vêm ao encontro às necessidades das empresas e ainda a preços acessíveis. Parabéns a todos, estão no caminho certo.

    INÉDITO

  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 5

    INFRAESTRUTURA PRECÁRIAModernizar para crescer ..................................................... 6

    HOME OFFICEMinha casa, meu negócio ................................................... 18

    ARTIGOEnquanto a reforma não chega .............................................. 21

    FOCO NO PODERMais competitividade para empresas pequenas .............. 25

    ENDOMARKETINGPlanejamento inteligente .................................................. 26

    PERFILVisões de um empresário pé-vermelho .............................. 30

    DESTRAVA LONDRINAJuntos pela Junta ............................................................... 32

    AGRONEGÓCIOBelagrícola de casa nova .................................................... 36

    COMÉRCIO TRADICIONALSanta feira de cada dia ........................................................ 38

    COLUNA DA ACILCharles Vezozzo assume a Presidência do Fórum Desenvolve Londrina ...................... 41

    ÍNDICE

    12

    PROBLEMA AMBIENTALBosque pede mais atenção. E menos pombas!

    14

    CONSCIENTIZAÇÃOPichação é crime. Denuncie!

    34

    EMPREENDORISMO Quem quer pão?

    8

    MUDANÇAA hora é essa

    ECONOMIASob a batuta do consumidor

    22

  • maio de 2014 | www.acil.com.br6

    INFRAESTRUTURA PRECÁRIA

    Por Vinícius Bersi

    Não é preciso ser engenheiro ou arquiteto para perceber que o prédio da Prefeitura de Londrina precisa de uma reforma urgente. Fios à mostra e goteiras são a prova da necessidade de reparos. A rede elétrica também é precária; picos de energia são frequentes em dias quentes, quando os aparelhos de ar condicionado ficam ligados, porque a rede não consegue alimentar todos os equipamentos.O espaço tem oito mil metros quadrados divididos por 900 servidores de 16 secretarias e órgãos públicos. A estimativa da Secretaria Municipal de Gestão Pública é que 30% do espaço são usados para áreas de circulação como corredores e escadas. Outros 30% da área são ocupados por móveis. Sobram 3,2 mil metros quadrados, espaço dividido pelos 900 servidores que trabalham no prédio. Cada servidor tem em média 3,55 metros quadrados de espaço. O recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pelas normas de segurança do trabalho é que cada trabalhador tenha uma área de dez metros quadrados.O secretário de Gestão, Rogério Carlos Dias, reconhece que as secretarias já têm um déficit de pessoal e os servidores que trabalham em condições ruins têm o rendimento prejudicado. “A eficiência depende do conforto e da concentração do servidor em cada serviço. O guarda municipal precisa de visualização do espaço para trabalhar, já o funcionário que fica dentro do escritório precisa de espaço

    e concentração, isolamento acústico. Como um pregoeiro se concentra em um edital se ele tem quatro pessoas ao redor dele conversando sobre outros processos? Eu tenho que ter uma estação de trabalho. Eu não posso continuar desse jeito”, desabafa.

    Recursos do BNDES para modernização A Prefeitura aguarda a liberação de R$ 19 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para reformar o prédio. Somado ao valor, a Prefeitura deve investir mais R$ 2,1 mi, num total de R$ 21,1 mi. Só 11% dos recursos vão ser usados para a reforma. O restante será investido em equipamentos, informatização e novos sistemas que modernizam a gestão. “Tem que comprar desde equipamentos, consultorias para desenvolver o trabalho,

    Bruno Veronesi:“É constrangedor. Como é que você explica para o investidor estrangeiro que você precisa deixar um balde no chão por

    causa da goteira?”

    MODERNIZAR PARA CRESCERPrédio da Prefeitura de Londrina tem quase o triplo da capacidade de servidores e as instalações elétricas não suportam todos os aparelhos das secretarias e órgãos

  • CADA SERVIDOR TEM 3,5M2 PARA TRABALHAR. IDEAL SERIAM 10M2

    Associação Comercial e Industrial de Londrina 7

    sistemas, modernizar o datacenter para gerenciar todo o banco de dados que vai ser gerado da gestão documental”, afirma o assessor de modernização da Secretaria Municipal de Gestão Pública, Newton Hideki Tanimura. “São vários investimentos para você dar possibilidade de sucesso às ações”,

    completa.A nova divisão do prédio deve ser definida por um projeto arquitetônico que a prefeitura ainda deve contratar. Rogério Dias adiantou que a prefeitura deve abrigar as chamadas secretarias e órgãos de atividade meio, que têm apenas função administrativa, como as secretarias de Gestão, Planejamento, Governo, Fazenda, além da Controladoria e a Procuradoria. Ficam de fora as secretarias que exercem atividade fim e prestadoras de serviço, como as secretarias da Saúde, Defesa Social e Políticas para Mulheres. “Para que a atividade fim funcione, tudo que é atividade meio tem que ficar no Centro Administrativo. O projeto também respeita as normas com o limite de pessoas que deve ocupar cada espaço”, garante o secretário.

    Projeto arquitetônico

    Desde o ano passado a prefeitura tenta contratar um escritório de arquitetura para realizar o projeto arquitetônico do prédio. A Prefeitura oferece R$ 140 mil para a empresa que assumir o trabalho. Em 2013, foram abertos dois processos de licitação, mas não houve interessados. Neste ano, a Prefeitura fez mais uma tentativa. Apareceu uma empresa interessada que não pôde ser contratada, porque não apresentou todos os documentos exigidos pela Lei de Licitações.Para tentar atrair novos interessados a Secretaria de Gestão Pública pretende lotear a licitação. Ao invés de tentar contratar uma empresa que assuma todos os projetos, a Prefeitura vai abrir licitações diferentes para o projeto arquitetônico e para cada projeto complementar. “É difícil ter um empresa que faça tudo. As que fazem estão cheias de projetos. Pode ser que uma pegue o projeto arquitetônico, outra o projeto elétrico, outra o projeto de alvenaria”, explica o assessor de modernização da Secretaria de Gestão Pública, Newton Hideki Tanimura. Assim que a Prefeitura assinar o contrato do empréstimo com o BNDES, os projetos de execução das obras já poderão ser licitados. De acordo com Newton Hideki Tanimura, mesmo sem os projetos arquitetônicos e complementares, será possível executar outras ações de modernização da gestão que não dependem da reestruturação do prédio. Entre as mudanças que poderão ser encaminhadas

    Investimento estimado para a reforma e modernização da PrefeituraInventário patrimonial: 936.862,00; 5%Capacitação: 1.768.000,00; 8%Geoprocessamento: 1.924.234,00; 9%Informatização: 2.257.000,00; 11%Reestruturação elétrica predial: 2.314.532,00; 11%Infraestrutura de rede: 5.345.000,00; 25%Gestão Documental: 6.556.284,00; 31%Total: 21.101.912,00Fonte: Secretaria Municipal de Gestão Pública

    antes, estão o gerenciamento eletrônico de documentos e o desenvolvimento do portal de compras. “A reforma ou a readequação da estrutura física é uma parte do projeto que não vai inviabilizar a execução dos outros projetos que não dependem de reforma”, assegura o assessor de modernização.

    Mudança de endereço da Codel

    O presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Bruno Veronesi, reconhece que as condições do prédio dificultam a criação de parcerias entre a Prefeitura e empresários. “O prédio é um cartão de visitas. Eu recebo empresários de Londrina, de outras cidades e de outros países; não tem a mínima condição de receber esse pessoal”, admite. O presidente da ACIL, Flávio Balan, também acredita que o prédio espanta investidores. “Precisamos mostrar uma imagem de zelo pela cidade porque o empresário pensa: ‘se a prefeitura é assim, imagina a cidade?’. Não precisa ser suntuoso, mas precisa ter uma estrutura”, ressalta.A Codel é o primeiro órgão a deixar o prédio. O Instituto alugou um andar do edifício City Hall, em frente ao Centro Cívico, na Rua Elias César. “Não podemos ficar muito longe de outras secretarias e do gabinete do prefeito”, explica o presidente da Codel.O novo espaço tem 340 metros quadrados e foi alugado por R$ 8.500 por mês. “Ali poderemos receber com o mínimo de conforto”, garante Veronesi.

    Dívida em precatórios

    A Prefeitura deve R$ 60 mi em precatórios. A maior parte da dívida é de ações trabalhistas de servidores municipais. A situação do prédio cria condição para que o débito aumente. Servidores expostos a condições de trabalho ruins, como temperaturas acima ou abaixo do recomendado, ventilação insuficiente e mobiliário inadequado podem requerer reparações na Justiça. “Na última onda de calor, os servidores chegaram a enfrentar temperaturas de 38 graus dentro do prédio porque os aparelhos de ar condicionado não podiam ser ligados”, reclama o presidente do Sindicato do Servidores Municipais de Londrina (Sindserv), Marcelo Urbaneja. “Tem que existir o compromisso de resolver essas situações urgentes, justamente para se evitar ações, que vão custar mais ao Município”, alerta.

    Rogério Carlos Dias, secretário Municipal Gestão Pública: “A eficiência

    depende do conforto e da concentração do servidor em cada serviço”.

  • MUDANÇA

    maio de 2014 | www.acil.com.br8

  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 9

    “É PRECISO QUE OS POLÍTICOS DE LONDRINA SIGAM UMA CONDUTA IMPECÁVEL DIANTE DA CIDADE”

    Por Felipe Brandão

    Ano de eleição é ano de mudanças. De antever e preparar os novos ares que serão respirados ao longo dos próximos quatro anos, em cada setor da vida pública e privada. Momento em que mudanças não podem significar apenas a troca de representantes políticos, mas a substituição de interesses pessoais dos que governam por um olhar na direção de uma sociedade mais justa, mais saudável, mais educada, e mais preparada para escolher.É um período de responsabilidade. Responsabilidade que irá refletir no dia a dia de cada cidadão – nos impostos, na segurança, na qualidade de vida. E, desta vez, bem maior e mais ampla que dois anos atrás, na última eleição municipal, é a vez de escolher os novos presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais, além dos novos governadores de cada Estado.Na hora de selecionar o candidato, qualquer que seja o cargo, diversos fatores devem ser levados em conta. Além das propostas de campanha, é preciso atentar para o histórico político e ético daqueles que pedem o voto. Para o presidente da Câmara Municipal de Londrina, vereador Rony Alves (PTB), é neste aspecto que reside a grande carência do contexto político brasileiro atual.“É triste, mas o que mais vemos hoje são políticos que perderam a noção do que é ser político. Pessoas que deveriam ser exemplos para a nação, mas se revelam a escória da sociedade brasileira. O poder público necessita de homens de conduta ilibada, que não misturem o interesse público com motivações particulares e econômicas. Que transpareçam honestidade e sejam, de fato, honestos”, aponta.Nivaldo Benvenho, conselheiro da ACIL e proprietário da Midiograf, enxerga na vida política brasileira um período de grande instabilidade e insatisfação. “Hoje, nós brasileiros vivemos o pleno trabalho sem crescimento. Precisamos que o

    próximo presidente tome posturas de estadista para avançar e conduzir as várias reformas – tributárias, políticas e trabalhistas – de que o Brasil precisa. É impossível termos reformas dessa magnitude e importância tentando conciliar todos os interesses, públicos e particulares.” “Uma nação que discute somente seus direitos – e nunca seus deveres – está condenada. E discutir deveres não é algo que um político comum consegue colocar em pauta, somente estadistas”, diz, categórico. “Se não mexermos em questões estruturais, não aumentaremos a produtividade e ficaremos para sempre nesse ciclo: todos trabalhando, e o País não cresce”, completa Benvenho. Otimista, o empresário torce para que esse quadro comece a ser revertido já a partir do próximo mandato presidencial. “A mudança tem de começar na mentalidade eleitoral dos brasileiros. É preciso separar o joio do trigo, valorizando candidatos cujas propostas tenham potencial de devolver ao Brasil o seu horizonte de futuro”, defende. “O Brasil tem chegado ao fundo do poço nesse aspecto político, o que interfere negativamente em todos os setores da sociedade. O corporativismo político não pode mais se sobrepor ao interesse da sociedade – isso é inaceitável e tem que acabar”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Londrina (Sindimetal), Valter Orsi.

    Cenário localA instabilidade geral do âmbito político brasileiro ganha contornos particulares no caso específico de Londrina. Com um histórico de corrupção nos mandatos municipais dos últimos 15 anos, a cidade parece tomada de um sentimento de aversão à própria política local, o que refletiu diretamente nas últimas eleições estaduais e federais. “Ao olhar para dentro e não enxergar

    boas possibilidades, o eleitor se vê forçado a optar pelo candidato de outra região”, analisa Benvenho. Os dados são contundentes: a cidade, que já elegeu senadores e chegou a ter mais de seis representantes na Assembleia Legislativa do Paraná, hoje tem o respaldo direto de apenas três deputados federais – André Vargas (PT), Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Alex Canziani (PTB) – e dois estaduais – Luiz Eduardo Cheida (PMDB) e Tercílio Turini (PPS). “A representatividade fica muito enfraquecida. Nossa região é uma rica em votos. Londrina tem dado uma quantidade de votos absurda para a região de Cascavel, Maringá, Curitiba – votos que têm faltado para eleger representantes daqui”, observa Rony Alves. “Isso reflete em uma cidade muito mal assistida. A segunda maior cidade do Estado do Paraná receber a verba que recebe quase faz pensar que ela sequer passe pela pauta do governo estadual, nem do atual, nem de governos anteriores.”Rony acredita que é preciso conscientizar o cidadão londrinense da importância de se votar em candidatos locais para os cargos na

    Rony Alves: “Nossa região é rica em votos. Londrina tem dado uma

    quantidade de votos absurda para a região de Cascavel, Maringá, Curitiba

    – votos que têm faltado para eleger representantes daqui”

  • maio de 2014 | www.acil.com.br10

    Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, que possam pleitear benefícios à cidade e sua região metropolitana. “Nós temos cerca de 350 mil votos na região de Londrina. Se houver união das forças políticas e econômicas que investem na cidade, em uma campanha que incentive o eleitor a votar em candidatos locais, essa representatividade pode aumentar. Agora, é evidente que a questão não termina por aí. Acima de tudo é preciso que os políticos de Londrina sigam uma conduta impecável diante da cidade”, considera o presidente da Câmara Municipal.Nivaldo Benvenho concorda: “É necessário criar uma empatia entre o cidadão e seu representante. O primeiro representante do cidadão é o vereador, por isso acredito que esse trabalho deve começar na Câmara de Vereadores. Um trabalho de base, de mudança de cultura. Legislativo e Executivo precisam trabalhar em conjunto para retirar cada dia mais Londrina das páginas policiais, e colocá-la na capa do caderno de economia.” Procurado pela reportagem da ACIL, o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), não quis se pronunciar sobre o assunto.

    Além dos númerosPara ilustrar a imagem negativa que o eleitor londrinense – e de outras regiões – tem sobre a política local, Valter Orsi comenta a repercussão que as denúncias de corrupção ativa envolvendo o deputado federal André Vargas tiveram na mídia nacional e internacional. “Vemos certos órgãos de imprensa relacionando o nome do Vargas a Londrina, aproveitando para ‘relembrar’ os nossos ex-prefeitos cassados e até questionando a integridade da cidade como um todo por conta disso”, lamenta o presidente do Sindimetal. “É triste, para o cidadão londrinense, assistir ao nome da cidade ser achincalhado dessa forma. E mais triste ainda ver a manobra que se faz – sugere-se a renúncia do envolvido ao cargo, como se isso fosse apagar todo o mal feito.”O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon), Osmar Alves, é outro que vê com preocupação a queda da representação de Londrina no Legislativo Federal e Estadual. Ele ressalta, porém, que a representação eficaz não se restringe à questão numérica, mas depende em especial

    do desempenho individual dos eleitos. “Temos vários projetos de interesse da cidade e da região que ainda estão em aberto, como a questão do ILS para o aeroporto, da linha férrea, do Arco Norte – nenhuma está definida. Os nossos representantes, tanto federais como estaduais, devem batalhar com mais afinco e foco para que esses projetos sejam concretizados. O bom político sempre vai defender a contento os interesses dos eleitores que representa. Não se trata apenas de números, mas sobretudo do desempenho de quem esteja lá”, argumenta.Alves também lamenta a relação do nome de Londrina com a repercussão negativa do caso André Vargas. “Já tivemos aqui vários casos de corrupção envolvendo os nomes de políticos londrinenses. Isso acaba trazendo uma imagem negativa, para a cidade e para seus políticos. Londrina está no noticiário já há alguns anos em casos assim, isso precisa mudar. E a mudança começa nas urnas”, constata.O fato é que, até as eleições em outubro, políticos e eleitores ainda têm chão pela frente. Foi dada a largada. E que vençam os melhores – para Londrina e para o Brasil.

    Nivaldo Benvenho:“Ao olhar para dentro e não enxergar

    boas possibilidades, o eleitor se vê forçado a optar pelo candidato de

    outra região”

    Osmar Alves: “Os nossos representantes, tanto federais como

    estaduais, devem batalhar com mais afinco e foco. O bom político

    sempre vai defender a contento os interesses dos eleitores que

    representa.

    Muitas vezes precisamos de mudanças na interpretação, não necessariamente na lei. E o que não está definido por lei não pode ser exigido pelo órgão público

    Gerson Guariente Júnior, do Núcleo de

    Desenvolvimento

  • maio de 2014 | www.acil.com.br12

    PROBLEMA AMBIENTAL

    Por Paulo Briguet

    O que há em comum entre empresários, moradores de condomínios, ambientalistas, religiosos, professores, biólogos, veterinários, advogados, economistas, jornalistas, políticos, o presidente da ACIL, o pároco da Catedral e o arcebispo de Londrina?A resposta é simples: ninguém aguenta mais as pombas! Dia após dia, a superpopulação das “amargosinhas”, especialmente no Bosque Marechal Rondon, torna-se um problema ambiental mais grave, com efeitos na paisagem urbana, na saúde pública, na imagem da cidade e na qualidade de vida da população. A sujeira das calçadas e o cheiro insuportável transformam um simples passeio em tormento; um tormento diário para quem mora ou trabalha no centro. No começo de abril, representantes de todos os setores citados no parágrafo acima foram ao gabinete do prefeito Alexandre Kireeff para buscar uma solução. A audiência foi solicitada pela ACIL e a Arquidiocese de Londrina. O prefeito sabe que o caso é sério – e prometeu ações imediatas.

    Questão de saúde públicaAs aves da espécie Zenaida auriculata se multiplicaram em decorrência de várias situações de desequilíbrio geradas pelo homem. A derrubada das florestas diminuiu o número de

    predadores naturais das pombas, que encontraram em certos ambientes urbanos as condições ideais para refúgio e reprodução. Em geral, as amargosinhas voam para o campo durante o dia, em busca de grãos. Ali costumam atacar depósitos de grandes cooperativas – onde o alimento é mais fácil e abundante. “O instinto desses animais é impressionante”, comenta a promotora Solange Vicentin, que estuda a questão há alguns anos.O problema das pombas não se restringe ao mau cheiro e ao desconforto. Segundo o médico veterinário Valmor Venturini, da Vigilância Sanitária Municipal, já foram registrados ao menos dois casos de morte por criptococose na cidade. “Mas nós sabemos que há subnotificação nesse tipo de doença, porque ela costuma atingir pessoas imunodeprimidas, o que dificulta a identificação das verdadeiras causas”, afirma Valmor. A professora Kerlei Médici, do Departamento de Medicina Veterinária da UEL, diz que regiões como o Bosque de Londrina são potencialmente

    Entidades reunidas na ACIL discutem o problema dos pombos e do Bosque

  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 13

    “É UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA QUE EXIGE AÇÕES IMEDIATAS”

    criadouros de agentes patogênicos, com grandes riscos para a população. “É uma questão de saúde pública que exige ações imediatas.”Na opinião da professora Kerlei, o abate deve ser considerado como um dos métodos não para a erradicação, mas para o controle das pombas. “Eu sempre fui favorável ao abate”, disse o prefeito Alexandre Kireeff. Segundo ele, o procedimento só não foi adotado até agora por decisão do comitê formado para tratar do assunto. “É preciso reconsiderar a possibilidade do abate, porque o ser humano é o que está sendo mais prejudicado nesta situação toda”, comentou o monsenhor Bernard Gaffá, pároco da Catedral de Londrina – e vizinho do Bosque. Vale lembrar que o Município possui uma autorização do Ibama para um eventual abate de pombos da espécie Zenaida auriculata.“Para cada problema complexo, existe uma solução simples e completamente errada”, dizia o jornalista americano H. L. Mencken. O abate não é a solução mágica para o problema das pombas – até porque não existe solução mágica nestes casos. O que existe é um conjunto de medidas que, de maneira combinada, podem resolver o problema. De nada adianta citar cidades como Roma, Veneza e Maringá, onde o problema das pombas foi resolvido, porque lá se tratava da espécie Columba livia – a pomba doméstica, bem mais fácil de controlar. “Nosso desafio é maior e mais complicado”, admite a secretária municipal do Ambiente, Maria Silvia Cebulski.

    Água e sabão, por favorUma boa maneira de começar a resolver o problema das pombas é simples: água e sabão. “Determinei à CMTU que volte a fazer a limpeza regular das calçadas do centro”, disse o prefeito. “Não é possível que uma Prefeitura com 2,9 mil empregados e não consiga limpar as calçadas do centro.” Outra medida imediata é a poda das árvores na região central.

    O prefeito determinou ainda que a Secretaria Municipal do Ambiente elabore um Plano de Manejo do Bosque Marechal Rondon. Assim, o Bosque poderá ser adotado por um grupo de empresas, por meio do projeto Empresa Boa Praça, da CMTU. A ideia é transformá-lo numa espécie de “mini Central Park”, com atividades artísticas, culturais, esportivas e religiosas. A Prefeitura também estuda a inclusão do bosque no Plano de Metas da Administração.É certo que algumas ações com efeito em longo prazo – como o reflorestamento e o plantio de mudas em fundos de vales – têm o seu valor para que se chegue a uma solução definitiva. Mas não custa lembrar a frase de John Maynard Keynes: “A longo prazo estaremos todos mortos”. A gestora do Colégio Mãe de Deus, irmã Rosa Maria Ruthes, mostrou ao prefeito um recorte de jornal de 1991, em que se discutiam os mesmos problemas no Bosque de Londrina. “Não podemos esperar mais 23 anos para mudar esse quadro”, disse a religiosa.O presidente da ACIL, Flávio Montenegro Balan, acredita que o Bosque Marechal Rondon pode ser o ponto de partida para uma ampla revitalização do centro da cidade. “O Bosque tem um grande valor histórico e afetivo para os londrinenses. Se conseguirmos recuperá-lo, vamos aumentar muito a autoestima da comunidade”, disse Balan. “A ACIL poderá chamar empresários para que adotem o Bosque e se tornem corresponsáveis pela manutenção do lugar”, propôs.Na tradicional cantiga, o bosque se chama Solidão. Em Londrina, o Bosque hoje tem o nome de abandono. Chegou o tempo de resgatá-lo para todos nós, humanos.

    PROPOSTAS LEVADAS AO PREFEITO KIREEFF

    * Limpeza (lavagem) regular das calçadas e vias públicas no centro da cidade.

    * Poda regular das árvores.

    * Definição do Plano de Manejo do Bosque de Londrina, com vistas à sua adoção por empresas e ocupação por práticas artísticas, esportivas, religiosas e culturais.

    * Inclusão do controle da população de pombos no Programa de Metas da Administração.

    * Reconsideração da possibilidade de abate, não como forma de erradicação, mas de controle populacional da espécie.

    * Definição do Bosque como foco central para ações do poder público. Afinal, ele é o coração de Londrina.

    Bosque Marechal Rondon, na área central de Londrina: comunidade exige medidas imediatas para controle da população de pombos e

    revitalização da área verde

  • CONSCIENTIZAÇÃO

    Por Susan Naime

    Em Londrina, elas estão por todos os lados. Em prédios públicos, privados, espaços históricos, estabelecimentos comerciais, igrejas, casas e condomínios residenciais. Nem mesmo os automóveis escapam desta prática ilegal. Lamentavelmente, a cidade divide seus cartões-postais com os rabiscos de spray de quem nada entende de arte. E se por um lado os autores das pichações as consideram uma obra-prima ou uma ferramenta de comunicação, por outro, a pichação é considerada um ato de vandalismo e crime ambiental pela Constituição Federal, além de ser repudiada pela absoluta maioria da comunidade.Apesar da ousadia de alguns, a maioria dos pichadores age de madrugada, o que dificulta e desafia o trabalho da polícia. “A pichação, no ponto de vista do dano que provoca, é considerada crime pelo nosso ordenamento jurídico. E assim como acontece nos demais crimes, na medida em que alguém perceba uma atividade dessa natureza, seja no patrimônio público ou privado, deve ligar para o 190 para que seja feito o deslocamento imediado de uma viatura na tentativa de realizar a abordagem desses indivíduos”, orienta o porta-voz do 5º Batalhão de Polícia Militar, capitão Nelson Villa Junior.O alerta de Villa torna-se mais eficaz se pensarmos que o pichador não precisa ser abordado apenas no momento do delito. “O flagrante fica caracterizado não somente no momento em que a pessoa está fazendo a pichação, mas também se ela for encontrada depois com objetos que se presuma pertencer ao autor da infração penal. Por isso é importante a participação da comunidade”, ressalta. “Algumas pessoas até flagram a ação, mas como não é no seu estabelecimento ou no seu prédio, acabam não ligando para a polícia e esquecendo que, ao não ligar, poderão ser a próxima vítima”, completa.

    Campanha na ACIL

    Em 2013, autoridades de segurança pública deram início à campanha “Pichação é Crime”, uma iniciativa do Núcleo Permanente de Segurança de Londrina. Desde então, uma força-tarefa foi montada pela Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal com o objetivo de incentivar a comunidade a denunciar formalmente casos de pichação e, desta forma, inibir a prática ilegal. A ronda com viaturas e o monitoramento através de câmeras de segurança também passam a integrar as estratégias da ação. No entanto, segundo o secretário municipal de Defesa Social, coronel Rubens Guimarães de Souza, a campanha deixou de ser diretamente eficaz a partir do

    maio de 2014 | www.acil.com.br14

    Coronel Rubens Guimarães: “Os olhos de todos precisam estar

    estendidos pela cidade, pois não somos onipresentes”

  • “ALGUMAS PESSOAS FLAGRAM A AÇÃO, MAS NÃO LIGAM PARA A POLÍCIA”

    momento em que não houve a participação da comunidade. “Não tivemos o retorno em termos de denúncias. E é muito importante o envolvimento da comunidade, da vigilância privada e do comércio como um todo. Está faltando atitude. A população precisa se envolver mais e trazer informações pra gente poder chegar nessas pessoas. Os olhos de todos precisam estar estendidos pela cidade, pois não somos onipresentes. Outras pessoas estão em muitos lugares que não conseguimos estar durante todo o tempo. Infelizmente, os segmentos da sociedade civil não se envolveram da forma como esperávamos”, afirma. O presidente da ACIL, Flávio Montenegro Balan, avalia que os prejuízos com a pichação são grandes, principalmente no que diz respeito ao aumento da poluição visual da cidade. “Denúncias de empresários que tiveram seus comércios pichados levaram a entidade a procurar as autoridades, e este debate gerou uma força-tarefa entre as polícias. Percebemos viaturas circulando pela cidade ou estacionadas em locais estratégicos. Mas, infelizmente, esse crime pode ocorrer em qualquer ponto da cidade, a qualquer hora do dia. Por isso é importante que agora haja a contrapartida da população em denunciar. O tema vai além disso. É preciso que ocorra a conscientização das famílias e dentro das escolas. Pichar um local privado ou público é crime, provoca o excesso de poluição visual e desvaloriza o que é nosso. Entendemos que o combate à pichação é uma decorrência natural da Lei Cidade Limpa”.

    Pena branda

    De acordo com o artigo 65 da Lei Federal 9.605/98, pichar edificação ou monumento é crime e prevê a pena de três meses a um ano de detenção, e multa. O mesmo artigo, em seu parágrafo primeiro, relata que “se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.” No entanto, tal punição também pode ser revertida em penas alternativas ainda mais leves, como o fornecimento de cestas básicas ou a prestação de serviços comunitários. “Trata-se, lamentavelmente, de uma infração penal com menor potencial ofensivo, o que permite à polícia apenas fazer o encaminhamento para a lavratura de um termo circunstanciado de ocorrência, sendo possível, inclusive, por ocasião de ser submetido a um processo judicial, receber a oferta da transição penal. Mas é importante dizer que se o infrator recebeu rapidamente a oferta de transição penal, não ficou impune. E, às vezes, mais eficiente que uma pena severa é uma pena rápida”, ressalta capitão Villa.

    Medidas paliativas

    Sem controle sobre o vandalismo, a população tem se virado como pode para driblar a pichação. Nem mesmo as residências estão fora

    Capitão Nelson Villa: “Algumas pessoas até flagram a ação, mas

    como não é no seu estabelecimento ou no seu prédio, acabam não

    ligando para a polícia e esquecendo que, ao não ligar, poderão ser a

    próxima vítima”

    É preciso que ocorra a conscientização das famílias e dentro das escolas. Pichar um local privado ou público é crime, provoca o excesso de poluição visual e desvaloriza o que é nosso. O combate à pichação é uma decorrência natural da Lei Cidade Limpa

    Flávio Balan, presidente da ACIL

    15Associação Comercial e Industrial de Londrina

  • maio de 2014 | www.acil.com.br16

    da lista desses infratores. A preferência se dá por aqueles que possuem muros largos e claros, que darão mais visibilidade às palavras e frases quase indecifráveis. No Jardim Interlagos, Região Leste de Londrina, os moradores de um condomínio residencial de casas estão pintando o muro pela segunda vez para encobrir os rastros deixados pelos pichadores. “Dá a impressão de que é sempre o mesmo grupo porque é o mesmo estilo de desenho”, conta o vice-síndico, Junio Silva Branco. Na tentativa de evitar tanta poluição visual, o grupo resolveu adotar medidas paliativas de proteção. “Vamos reformar a fachada e pintar o muro com uma cor mais escura como forma de prevenção. Também iremos instalar câmeras de segurança. Jeito não tem. Mas é uma tentativa de inibir essa prática. Toda essa impunidade é o combustível da desordem em nossa cidade”, desabafa Junio.

    Comércio legal

    Outra frente adotada pela campanha “Pichação é Crime”, desde o ano passado, é a conscientização junto aos estabelecimentos que comercializam tintas. No ano de 2011, a presidente Dilma Rousseff aprovou a lei nº 12.408, que proíbe a venda de tintas spray a menores de 18 anos. No caso dos compradores maiores de idade, a compra deve ser realizada com nota fiscal em nome do comprador. Ainda de acordo com o texto, o não cumprimento da determinação gera multas e outras penalidades ao comerciante. O administrador do Mercadão das Tintas, Fábio Marques, deixou fixado próximo aos produtos de pichação um cartaz com a informação ditada pela lei federal. “Não vendemos mais o spray para menores de idade. E sempre que desconfiamos, pedimos o documento de identidade. Além do aviso sobre a venda proibida a menores de 18 anos, também preparamos o ambiente de forma com que o cliente não tenha acesso direto ao spray. E, para quem tem mais de 18 anos, fazemos a nota fiscal com os dados do comprador no caso dele ser abordado pela polícia”, informa.Mas um problema apontado por Fábio vale receber a atenção das autoridades. “Com a lei federal, e após a campanha iniciada pela ACIL, percebo que os próprios comerciantes ficaram mais exigentes. Mas estamos em um momento onde o spray não é o único problema. Já ouvi falar de situações em que essas pessoas utilizam até mesmo as tintas normais para realizar a pichação. Parece que eles tentam sempre estar à frente. Precisamos de mais conscientização dentro das escolas e das famílias para esclarecer que esta prática é um crime”, argumenta o administrador.

    Para denunciar, ligue:

    Polícia Militar: 190Polícia Civil: 197Guarda Municipal: 153

    Desde 2011, uma lei federal proíbe a venda de tintas spray a menores de 18 anos. O não cumprimento da determinação gera penalidades ao comerciante

    Junio Silva Branco: “Toda essa impunidade é o combustível da desordem em nossa cidade”

  • A PORTONAVE ESTÁ EM UMA LOCALIZAÇÃO PRIVILEGIADA:

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  • HOME OFFICE

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  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 19

    “TEM QUE FAZER HOME OFFICE PARA DAR MAIS QUALIDADE DE VIDA PARA O FUNCIONÁRIO”

    Por Juliana Mastelini

    Já passou o tempo em que trabalhar em uma grande empresa significava ter que morar em uma metrópole e enfrentar problemas como trânsito, por exemplo. O programador Flávio Granero trabalha na empresa Inaka, de Los Angeles, e mora aqui mesmo em Londrina. O principal benefício, segundo ele, é a flexibilidade. “Eu levanto, tomo café e em 10 minutos estou trabalhando”. Granero trabalha com o computador em um escritório em sua própria casa e o contato com a sede da empresa nos Estados Unidos se dá por meio da internet. Como os fusos horários dos Estados Unidos e do Brasil são diferentes, as rotinas de trabalho aqui e na sede também se distinguem. Quando Granero começa a trabalhar, os funcionários americanos ainda não começaram. Então ele aproveita o período da manhã para fazer o trabalho sem interrupções. À tarde, quando nos Estados Unidos ainda é de manhã, os outros funcionários começam a trabalhar e a mandar mensagens via internet. A empresa na qual ele trabalha conta com um bate-

    papo virtual por onde todos os funcionários conversam, mesmo aqueles que estão lado a lado na sede. O objetivo é que todos os funcionários, independente de onde estejam, fiquem a par de tudo o que ocorre na companhia.Para o programador, o home office não deve ser adotado pelas empresas com o único objetivo de diminuir custos. “Tem que fazer home office para dar mais qualidade de vida para o funcionário. Por exemplo, se eu estou estressado com o trabalho, posso vir pra sala e brincar um pouco com o meu

    “Busco manter uma rotina como se estivesse numa empresa. A diferença é que com três passos estou no trabalho”, conta Tanila Dalmut, diretora da Revista Marriée

    Em seis meses de home office, a relações públicas Tatiana Moraes já trouxe a mesa de trabalho para a sala de casa para

    fugir do isolamento que um escritório separado traz

    filho. Se preciso ir no banco, posso ir em um horário que não seja de pico. Isso melhora a qualidade de vida”, explica. Granero acredita que o número de home offices tende a crescer, já que a internet está cada vez mais rápida e as tecnologias possibilitam, por exemplo, chamadas de vídeo gratuitas. “Isso é uma tendência mundial. A empresa Wordpress, por exemplo, está espalhada por 32 países. Quando se busca os melhores, não se pode restringir a apenas um lugar. Os melhores muitas vezes não querem mudar.”

    Negócio social A relações públicas e desenvolvedora social Tatiana Moraes, desde novembro empreende em casa. Ela desenvolve um negócio social que busca gerar impacto na população de baixa renda em Londrina. O trabalho está em fase de planejamento. No currículo, Tatiana carrega 13 anos trabalhando em uma grande empresa, onde começou como estagiária. “É claro que o emprego em uma empresa é mais simples,

    O programador Flávio Granero acredita que o home office deve ser adotado pelas

    empresas para aumentar a qualidade de vida do funcionário, não para diminuir custos

  • maio de 2014 | www.acil.com.br

    tem o salário garantido, tem uma estrutura para trabalhar. Para empreender, é preciso ter o dom mesmo”, conta Tatiana.O principal aspecto positivo que a relações públicas vê no home office é a flexibilidade. Com o filho pequeno, ela se organiza para lidar com a rotina dele. “Eu me organizo do jeito que achar melhor. Se preciso fazer algo de manhã que não seja do trabalho, me programo para trabalhar até mais tarde.” Assim, de manhã ela pode ficar com filho e à tarde levá-lo para a escola.O trabalho de Tatiana foi pouco a pouco sendo inserido no ambiente doméstico. No início, ela trabalhava em um quarto da casa, onde montou seu escritório. Depois, levou a mesa para a sala. “No quarto eu ficava muito isolada.” Mas a relações públicas lembra que é necessária a colaboração da família, que precisa entender que a pessoa está em casa, mas está trabalhando.Para Tatiana, trabalhar em casa também exige regras. “Na empresa, a pessoa é mais cobrada porque o chefe está perto. Se a pessoa empreende por si mesma, ela precisa de mais disciplina. Na empresa há também rigidez de horário. Oito horas por dia dá pra fazer muita coisa e ainda ficar ocioso. Então por que estar lá? Se no lugar as pessoas fossem cobradas por resultados, seria melhor. Algumas empresas surgem com essa mentalidade, por exemplo, trabalhando seis horas por dia e produzindo mesmo.”

    Revista MarriéeQuando a revista Marriée, de Londrina, foi criada, a opção mais viável foi um negócio home office. Pelo tipo de trabalho, isso foi possível, com profissionais como jornalistas e designers que trabalham nas suas casas. A diretora da revista, Tanila Dalmut, que tem um escritório em casa, de onde cuida da administração e do gerenciamento da empresa, conta que os profissionais trabalham por produtividade e metas diárias. “Temos essa flexibilidade. A equipe é bem entrosada, fazemos reuniões por e-mail, skype. E quando precisamos, nos reunimos no Jun.tus, espaço colaborativo”. Apesar da flexibilidade que se tem trabalhando em casa, Tanila busca manter uma rotina como se estivesse em uma empresa. Acorda cedo, trabalha das 8h30

    às 12h e das 14h às 18h. Inclusive se veste para o trabalho. “A diferença é que com três passos estou no trabalho”. Tanila também aponta outros benefícios em se fazer home office, como escapar do trânsito das grandes cidades e a economia com a estrutura financeira, já que não é preciso pagar aluguel. Por outro lado, o trabalho em casa tem suas desvantagens.

    A principal delas é quando os familiares não entendem que a pessoa está em casa trabalhando. “Hoje meus familiares entendem meu trabalho e não mandam mais ninguém de férias pra cá, por exemplo. E quando vem alguém eu já deixo avisado que eu preciso trabalhar, deixo a pessoa na sala e venho para o escritório”.

    1 É preciso manter condições ergonômicas básicas, como mesa e cadeira ajustadas, para que o físico do profissional não seja prejudicado. A iluminação também deve estar adequada e confortável ao trabalho.

    2 É fundamental estabelecer um local específico para o trabalho. “Especialmente quem tem família, é importante um local privativo com móveis e equipamentos básicos”, explica.

    3 É importante que a família compreenda e apoie o trabalho de quem faz home office. “Deve-se aproveitar os horários em que a família não está em casa, como períodos de maior concentração.”

    4 O profissional que faz home office precisa, também, participar de grupos sociais, associações e trabalhos voluntários para sair do isolamento que o trabalho em casa muitas vezes pode gerar.

    5 É preciso estabelecer limites claros entre o profissional e o pessoal. Para encontrar clientes, o ideal é que se

    procure locais fora da casa, como cafés ou espaços colaborativos. “Ter limites de horários e de locais é importante porque senão o trabalho acaba se tornando uma extensão da vida como um todo. Perceber assim que não é só o espaço de trabalho que é produtivo, mas o encontro com os amigos, o lazer”, acredita Maria Cristina.

    6 Outra necessidade para quem faz home office é trabalhar com agendas. Nessa agenda, considerar o horário de trabalho, um horário para atividades físicas, lazer, investimento na carreira. Essas variadas atividades podem, inclusive, ser intercaladas durante o dia. “E aí, é importante perceber qual horário você funciona melhor e adequar esses horários aos horários de atendimento aos clientes.”

    7 Por fim, a psicóloga destaca a importância da autogestão para se ter um negócio home office, já que não se tem o chefe ao lado cobrando resultados. “É preciso ter um senso de responsabilidade. Quem regula é o profissional”, completa.

    SETE DICAS PARA HOME OFFICE

    20

    A psicóloga organizacional Maria Cristina Consalter alerta para as frustrações que um negócio home office pode trazer. “O profissional acha que trabalhando em casa vai conseguir conciliar as necessidades do trabalho, as necessidades pessoais e familiares. O que muitas vezes não acontece. As pessoas não conseguem se organizar direito, a família não consegue gerenciar os limites de cada profissional e acaba cheio de interrupções.” Por isso, a psicóloga dá sete dicas que auxiliam na organização e no bom andamento do trabalho em casa:

  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 21

    ARTIGO

    Por Helder Eduardo Vicentini

    O empresariado vive numa constante sensação de sufocamento, em geral com margens de lucro apertadas, sobretudo em razão da pesada carga tributária, do alto custo da mão-de-obra e dos encargos sobre ela incidentes. Há muito temos ouvido falar da necessidade de uma reforma tributária, bem como sobre a necessidade de redução dos encargos incidentes sobre a folha de pagamento. Contudo, não há indícios de que a desejada reforma possa ocorrer a curto ou médio prazo, pois é manifesto o desinteresse do poder público de resolver o problema, especialmente quando os recordes de arrecadação são quebrados a cada ano.Para que se tenha uma ideia, no primeiro bimestre de 2014, segundo dados fornecidos pela Secretaria da Receita Federal, foi batido o recorde histórico da arrecadação federal, aí incluídos os impostos, contribuições federais e outras receitas (como royalties), com um rendimento aos cofres públicos de R$ 206,8 bilhões.Por outro lado, é grande a descrença de que esse dinheiro retorne à sociedade de forma eficiente, seja para cumprir com as obrigações básicas do Estado, isto é, como forma de propiciar o bem estar social, seja para o incremento da atividade produtiva, sobretudo através de investimentos em infraestrutura. Ao empresário não resta outra opção senão buscar alterativas lícitas para driblar a omissão e incompetência do Estado, e sobreviver às adversidades que surgem em virtude desses ventos desfavoráveis.É incontestável a criatividade nata do empresário brasileiro, de criar oportunidades diante das constantes adversidades. Contudo, também há oportunidades que não dependem necessariamente da criatividade, mas surgem da simples utilização de ferramentas que estão disponíveis no mercado e que podem estar passando despercebidas.Uma eficiente ferramenta para identificar oportunidades é realizar um bom planejamento tributário, pelo qual é possível redesenhar operações, identificar créditos e até mesmo minimizar riscos. Apesar disso, nem sempre se está disposto a passar por um processo de análise ou de reengenharia tributária, pois algumas decisões podem impactar até mesmo a forma de funcionamento da empresa.

    É preciso aproveitar quando o vento sopra a nosso favor. Recentes decisões do STJ confirmam desoneração da folha de pagamento

    Contudo, existem algumas outras ferramentas que podem ser implementadas de plano, sem que isso signifique alguma mudança significativa, e sem que haja riscos financeiros. Basta estar atento.Recente decisão do Superior Tribunal de Justiça confirmou decisão favorável às empresas contribuintes, no sentido de reconhecer que sobre algumas verbas da folha de pagamento, não deveria incidir a contribuição previdenciária que é recolhida ao INSS.Esse reconhecimento permite às empresas que operam sob o regime de lucro real ou lucro presumido, deixar de recolher dita contribuição previdenciária (20%) incidente sobre o aviso prévio indenizado, sobre 1/3 de férias gozadas, e sobre os 15 primeiros dias de salário do empregado que se afasta por doença ou acidente do trabalho. Segundo o voto do relator, ministro Mauro Campbell, estas verbas são de natureza indenizatória ou compensatória, por isso não é possível a incidência da contribuição. Como a decisão foi tomada sob o rito de recurso repetitivo, o caso servirá de orientação para os demais tribunais na avaliação de casos semelhantes.Apesar de a questão estar consolidada perante o STJ, o Estado não se entrega facilmente e, dentro de seu espírito voraz de arrecadação, continua se negando a reconhecer administrativamente esse direito ao contribuinte. A oportunidade está aí. Os ventos são favoráveis ao empresário, que tem uma clara oportunidade de desonerar sua folha de pagamento, bem como recuperar os valores pagos indevidamente nos últimos cinco anos.A luta é válida porque restabelece, ao menos em parte, parte da arrecadação ao contribuinte, que poderá se utilizar desses recursos para incrementar suas atividades, e cumprir com sua função social, já que nem sempre o Estado cumpre com a sua.

    Helder Eduardo Vicentini é advogado, sócio do escritório Motta Santos e Vicentini Advogados Associados (www.msv.adv.

    br), assessor jurídico da FACIAP (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná).

  • maio de 2014 | www.acil.com.br22

    ECONOMIA

    Por Gisele Rech Em frente a uma joalheria do Calçadão de Londrina, o aposentado Cornélio Gomes ensaia um flerte em frente à vitrine que expõe toda sorte de relógios. O apelo à compra se traveste em modelos de design arrojado e condições de pagamento em até dez vezes. No entanto, a despeito da oferta sedutora, este apaixonado por relógios não cede à tentação. “Estou segurando os gastos para manter as contas em dia, já que os preços estão mais altos”, diz o consciente consumidor, que tenta evitar ao máximo a compra parcelada e passa longe dos empréstimos bancários.A percepção do aumento dos preços e a

    consequente constatação da necessidade de segurar as rédeas do consumo não são exclusividade de Gomes. A dentista Lusimara Alves de Paiva assegura que cortou os supérfluos da lista de compras. “Os preços subiram sutilmente, mas a soma no final do mês dá diferença. O negócio é comprar o necessário e sempre à vista, para evitar o comprometimento da renda”, ensina. Para o porteiro Antônio Marcos Naves, o reflexo do aumento dos preços gera uma percepção nada agradável de redução do poder de compra. “A sensação é de que o salário não acompanha o ritmo dos preços no supermercado.”O discurso dos três londrinenses, somado ao medo da perda do emprego, reflete o

    Ronaldo Antunes da Silva, economista. “É como se o ICC fosse

    um aparelho para medir pressão. No caso da economia, a partir da

    sondagem das expectativas do consumidor, é possível, tanto para

    a indústria quanto para o comércio, saber que estratégias utilizar para

    tentar recobrar essa confiança”

  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 23

    “DEPOIS QUE SE FAZ A LEITURA, É POSSÍVEL SABER COMO RESOLVER O PROBLEMA”

    que na economia é conhecido como Índice de Confiança do Consumidor (ICC), uma pesquisa feita mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mede o grau de satisfação dos consumidores com a situação econômica geral. Nos últimos 14 meses, o índice se mantém abaixo da média histórica de 116,3 pontos, apesar de, em março, ter apresentado uma sensível melhora de 0,1%, reflexo da avaliação do consumidor em relação ao momento presente – na última sondagem, o Índice da Situação Atual (ISA) avançou 1,3%.Para o economista Ronaldo Antunes, a manutenção do ICC abaixo do patamar médio é consequência de uma série de fatores. “A alta na inflação influencia no preço dos produtos, provocando uma sensação da perda do poder de compra”, explica. A consequência principal é a contenção de gastos, especialmente no que se refere a produtos considerados supérfluos, como bens duráveis.Outro fator determinante é o reflexo do endividamento dos consumidores. “As pessoas ficaram muito tempo sem acesso ao crédito e quando a oferta ressurgiu, as compras parceladas passaram a fazer parte da vida dos consumidores. Agora, experimentamos um momento em que em vez de fazer novas dívidas, as pessoas priorizam pagar os créditos adquiridos anteriormente”.Os reflexos da redução do poder de compra e a necessidade de quitar dívidas já assumidas acabam por esfriar a economia, já que a queda no consumo reduz a movimentação no comércio que, por sua vez, influencia no ritmo da produção industrial, que também desacelera. “É o que chamamos de efeito cascata”, diz Antunes.No entanto, a boa notícia é que, a despeito de o resultado dos últimos 14 meses não ter sido muito animador e a parcela de consumidores projetando otimismo no futuro ter diminuído um ponto percentual – na sondagem de março ficou em 25% - a tendência, segundo Antunes, aponta para a estabilização do ICC. “O índice parou de cair, o que já é um bom sinal. Acredito não apenas na estabilização, como até mesmo em uma sensível melhora, especialmente no período da Copa do Mundo”, aposta.

    O índice parou de cair, o que já é um bom sinal. Acredito não apenas na estabilização, como até mesmo em uma sensível melhora, especialmente no período da Copa do Mundo

    Ronaldo Antunes, economista

    EstratégiasO empresário Marcelo Ontivero está sempre de olho no ICC e utiliza a sondagem para determinar as táticas para atrair os consumidores, mesmo em tempos em que, como agora, a confiança não esteja tão em alta.Uma dessas estratégias está sendo utilizada justamente em função do apelo da Copa do Mundo, quando a procura de televisores para assistir aos jogos costuma crescer de modo significativo. Consciente da postura do consumidor em segurar os gastos, o empresário lançou uma promoção para

    O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é medido por meio da sondagem de expectativas do consumidor e calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, desde 2002. Segundo a FGV, a sondagem de expectativa do consumidor é feita mensalmente com base numa amostra de aproximadamente 2.000 domicílios de sete capitais – na Região Sul, a representante é Porto Alegre. Depois da revisão metodológica realizada em 2005, a margem de erro da pesquisa caiu para 2,2% e a confiabilidade chega hoje a 95%.

    De acordo com o economista Ronaldo Antunes, o ICC é uma das principais ferramentas de medição dos rumos da economia, já que, pela lógica, quanto menos confiante o consumidor se apresenta, menos propenso ao consumo ele fica. “É como se o ICC fosse um aparelho para medir pressão. Depois que se faz a leitura, é possível saber que medidas são necessárias para resolver o problema. No caso da economia, a partir da sondagem das expectativas do consumidor, é possível, tanto para a indústria quanto para o comércio, saber que estratégias utilizar para tentar recobrar essa confiança”, explica.

    O que é o ICC?

    evolução sobre o mês anterior (com ajuste sazonal)

    evolução sobre o mesmo mês do ano anterior (sem ajuste sazonal)

    Fev14/Fev13 Mar14/Mar13

    -7,7% -5,9%

    Fev/Jan Mar/Fev

    -1,7% 0,1%

    Fonte: Fundação Getulio Vargas

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    incentivar a aquisição de um novo aparelho. “O cliente pode usar o televisor antigo como parte do pagamento. Os aparelhos usados, por sua vez, são vendidos em uma área especial da loja, por preços mais acessíveis”, explica. Além desta ação, o empresário garante que segue firme na oferta de variadas opções de pagamento – há desde o desconto para compras à vista, que pode ser negociado diretamente com os gerentes da loja – ao parcelamento por meio de crediário. Aliás, Ontivero garante que para segurar o cliente, costuma orientar os funcionários a analisar cada caso cuidadosamente, para garantir não apenas a compra, mas também que o cliente saia satisfeito, sem comprometer a própria renda.Na modalidade crediário, a loja oferece ainda outro serviço que visa dar mais tranquilidade ao cliente. “Oferecemos ao comprador a possibilidade de aquisição do seguro prestamista, que consiste em uma garantia de quitação de parte das parcelas caso o cliente venha a perder o emprego”, explica. O valor, cobrado no ato da compra,

    é calculado com uma porcentagem em cima do custo total do produto e todas as regras são minuciosamente explicadas ao consumidor. “É uma garantia para os dois lados: o comprador sente-se mais confiante em fazer um parcelamento mais estendido e o empresário sabe que vai receber, independentemente das circunstâncias”, diz.Assim como o economista Ronaldo

    O empresário Marcelo Ontivero utiliza o Índice de Confiança do Consumidor para determinar as estratégias de seu negócio e, assim, atrair os consumidores, mesmo em tempos em que, como agora, a confiança não esteja tão em alta

    Antunes, o empresário se mantém otimista e acredita na estabilização no ICC para os próximos meses. “A despeito desta queda de confiança do consumidor, os negócios vão caminhando bem. As indústrias fornecedoras dos produtos ainda estão mantendo os preços, o que nos permite seguir fazendo promoções e facilitando o crédito”, finaliza.

  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 25

    FOCO no PODER

    Por Susan Naime

    A Câmara Municipal de Vereadores aprovou o projeto 17/2014, do prefeito Alexandre Kireeff (PSD), que revoga e atualiza a Lei Municipal 10.778/2009 para micro e pequenas empresas instaladas em Londrina. A matéria estabelece tratamento diferenciado e favorecido, proporcionando mais competitividade ao setor. Para o Executivo a substituição do diploma legal é necessária para adequar a legislação municipal à federal diante das modificações trazidas pela Lei Complementar 139/2011. “A proposta é regularizar alguns capítulos da lei que haviam sido considerados inconstitucionais na lei anterior. Eles estão relacionados ao mercado institucional, ou seja, o mercado de compras públicas. Dessa forma você cria condições das empresas públicas realizarem compra de micro e pequenas empresas da cidade, seguindo a legislação federal. Isso faz com que o dinheiro gerado permaneça aqui, o imposto seja trabalhado no município e também sejam criados mais postos de empregos”, explica o gerente regional do Sebrae do Norte do Paraná, Heverson Feliciano.

    Gastos expressivosSegundo dados do Sebrae, na região de Londrina, cerca de R$ 100 milhões são gastos na compra de apenas oito produtos. No entanto, pouco mais de 70% são adquiridos de empresas que estão fora da cidade. Com a aprovação da lei este quadro poderá ser alterado. O empresário local que quiser participar do mercado de compras públicas pode encontrar grandes oportunidades. Em Londrina existem 63 entidades de caráter público que buscam esse setor.

    Compra LondrinaA ACIL, através de uma ação de parceria cooperativa com outras entidades e órgãos públicos e privados, apresenta o programa Compra Londrina. O objetivo é fomentar o desenvolvimento e a competividade das empresas londrinenses que desejam participar de licitações, pregões eletrônicos e outras modalidades definidas pela lei.

    Novo prazo para Cidade LimpaO projeto 9/2013, do vereador Gustavo Richa (PHS), aprovado no último mês, estabelece uma nova dinâmica para a aplicação de multas aos proprietários de imóveis cujo anúncio não atenda aos critérios estabelecidos na Lei Cidade Limpa. A partir de agora, o prazo para a regularização do anúncio, desde que caracterizados como indicativos, especial, obrigatório e informativo ao consumidor, será de três dias úteis – até então a legislação não estabelecia prazo antes da aplicação da multa. Caso a situação permaneça irregular, o infrator pagará multa de R$ 1 mil acrescida do valor R$ 100 para cada metro quadrado que exceder os limites fixados pela legislação. Na reincidência, a multa será aplicada em dobro até a regularização, podendo ser reaplicada a 30 dias da lavratura anterior, cabendo ao infrator arcar ainda com os custos relativos à retirada do anúncio pelos órgãos públicos. A nova regra não atinge os anúncios publicitários e especiais.

    CEI dos AlvarásDiversos documentos que envolveram o processo de liberação do empreendimento Marco Zero, na região Leste de Londrina, já foram solicitados pela Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal, que investiga supostas irregularidades na emissão de alvarás e habite-se pela Prefeitura. O grupo, formado por Jamil Janene (PP) – presidente; Padre Roque (PR) – relator; e Gustavo Richa (PHS) – membro, também solicitou documentos para averiguar as denúncias que apontaram a emissão de habite-se para supostas obras irregulares do jardim Colúmbia, na zona Oeste da cidade. A comissão terá 90 dias para apresentar o relatório final das apurações, com mais 45 dias em necessidade de prorrogação.

    MAIS COMPETITIVIDADE PARA PEQUENAS EMPRESASCâmara de Vereadores aprovou projeto do Executivo que atualiza a lei municipal de incentivo às micro e pequenas empresas

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  • ENDOMARKETING

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    Já dizia o lendário Chacrinha: “Quem não se comunica se trumbica”. No atual mundo competitivo dos negócios, o ditado torna-se um dos ingredientes, se não a receita, para o sucesso nas organizações. Para que o resultado seja no estilo efeito cascata, cada vez mais as empresas apostam em projetos de qualificação e em ferramentas para estimular os colaboradores a fim de fazer com que eles realmente se sintam parte da equipe.

    podem ser esse diferencial competitivo. Imagine as empresas que souberem como estruturar seus planos de abordagem aos seus funcionários, tendo como ênfase nesta estratégia buscar a otimização dos produtos/serviços oferecidos aos clientes. Isso hoje acaba sendo um grande diferencial, seja através do atendimento ou do conhecimento implícito no produto no qual é ofertado aos consumidores.

    Mercado em Foco: Após a decisão de iniciar o endomarketing, o que deve ser observado e por onde as empresas devem começar?

    Fabio Regioli: O primeiro passo é o trabalho conjunto entre o departamento de marketing e o de recursos humanos. Mas por que esta junção de ideias? Vale lembrar que uma empresa é constituída por diversas pessoas com interesses comuns ou divergentes. Com

    Por Susan Naime

    Mercado em Foco: Como você define o endomarketing? Fabio Regioli: Na minha visão e de uma forma bem simples, endomarketing são ações, de marketing, realizadas para o primeiro público existente em qualquer empresa, ou seja, seu funcionário.

    Mercado em Foco: Toda empresa precisa trabalhar o endomarketing?

    Fabio Regioli: Com as mudanças que o mercado vem sofrendo, principalmente após a globalização, as empresas perceberam a importância de negociar com diversos mercados os seus produtos, sejam eles produzidos ou apenas comercializados. Cabe à empresa começar a buscar um diferencial perante seus concorrentes e as ações de endomarketing

  • REVISTA MERCADO EM FOCO | MAIO DE 2014 WWW.ACIL.COM.BR

    Associação Comercial e Industrial de Londrina 27

    Esta prática recebe o nome de endomarketing e é capaz de fazer a empresa decolar. Quanto mais motivações no ambiente interno forem geradas ao funcionário, maior será o seu grau de satisfação com a organização.

    Este ciclo refletirá diretamente no bom relacionamento com o cliente externo. Aprenda mais sobre o tema na entrevista de Fabio Regioli, especialista em gestão de marketing.

    o conhecimento do departamento de RH, essa complexidade pode ser transformada em informações, que são repassadas ao departamento de marketing para a criação destas estratégias e a busca de resultados.

    Mercado em Foco: Na hora de implantar uma campanha de endomarketing, quais os erros mais comuns provocados pelas empresas e que devem ser evitados?

    Fabio Regioli: Alguns autores, e concordo com as teorias empregadas pelos mesmos, apontam dois erros mais comuns nas estratégias de endomarketing: 1) a falta de alinhamento do planejamento dos programas de endomarketing com as reais necessidades dos funcionários e 2) a pouca divulgação das políticas de recursos humanos. Vale ressaltar que o sucesso ou fracasso destas ações estão vinculados, principalmente, na aproximação dos funcionários e empresas.

    Mercado em Foco: Podemos citar algumas ações que podem ser aplicadas para o endomarketing eficiente?

    Fabio Regioli: O primeiro passo é a mudança cultural das empresas. Vale lembrar que as ações (estratégias) criadas devem ser postas em prática, caso contrário a motivação por parte dos funcionários não acontecerá. Algumas dicas de ações:

    – Trabalhar a comunicação interna: criar canais de comunicação na qual a empresa e funcionários consigam se comunicar de forma rápida, onde ambos falam e ambos escutam. Neste tipo de ação podem ser trabalhados murais boletins informativos, jornal interno ou até mesmo a intranet.

    – Pesquisa de satisfação interna ou de clima: realizada anual ou semestralmente este tipo de ação, permite que o

  • Fabio Regioli: “Através de uma estratégia de Endomarketing, onde o funcionário

    perceba realmente que é valorizado, sua motivação irá crescer e seu rendimento

    também”

    maio de 2014 | www.acil.com.br28

    proprietário avalie o clima organizacional da empresa, onde são pontuadas falhas ou potenciais problemas com seu público interno. Mas este tipo de ação não deve ser utilizado como instrumento de retaliação por parte da empresa.

    – Eventos e iniciativas de integração: happy-hours e festas pontuais, como as de final de ano, são alguns dos casos mais comuns. Mas a empresa também deve pensar em ir além. Para criar um diferencial a empresa pode trabalhar, por exemplo, um grupo de estudo para promover o aprendizado coletivo e o trabalho colaborativo; grupos de corrida ou de exercício coletivo, para estimular o sentimento de ultrapassar obstáculos; grupos de auxílio a entidades carentes ou de reciclagem, para incentivar a colaboração e o pensamento sustentável e social, algo que realmente envolva toda a equipe.

    – Palestras / eventos motivacionais / cursos: este é um bom exemplo a ser seguido pelas empresas. Proporcionar o conhecimento aos seus colaboradores. Vale lembrar que esta ação poderá acarretar em benefícios mútuos, tanto ao funcionário pela oportunidade de deter o conhecimento, quanto à empresa que irá colher os frutos do conhecimento adquirido pelo funcionário.

    - Benefícios extras: quando citamos esta questão dos benefícios, acredito que muitos irão pensar em vale-alimentação, transporte e assistência médica e odontológica. Mas existem outros benefícios que podem ser agregados a eles. Por exemplo, um vale-academia ou convênio com alguma próxima ao local de trabalho. Horário flexível e espaço para pets ou crianças pequenas também são algumas opções interessantes para serem adotadas.

    Mercado em Foco: Quais resultados uma boa estratégia de endomarketing pode trazer para a empresa? Fabio Regioli: Os melhores, pois um funcionário que trabalha motivado, contente com a empresa e seus colegas de profissão (ambiente) poderá render

    mais, passar esta motivação aos seus consumidores, ou seja, a empresa com este tipo de ação pode realmente pensar em lucro. Mercado em Foco: E para o profissional, como essas práticas podem melhorar em seu desempenho? Fabio Regioli: Os resultados são vários, desde a motivação para enfrentar o dia-a-dia de trabalho, ganho na qualidade de vida, respeito não só dele, mas das pessoas próximas a ele que conhecem a empresa e seus benefícios, além da visão do mesmo em relação ao seu trabalho, ambiente e colegas. Estas ações podem estimular e permitir uma flexibilidade na vida pessoal.

    Mercado em Foco: Qual a diferença entre o endomarketing e a comunicação interna?

    Fabio Regioli: Endomarketing seria a teoria implementada pelas empresas, a criação de estratégias de marketing pensando no funcionário.Já a comunicação interna seria uma ferramenta desta estratégia, como citado em exemplo anterior.

    Mercado em Foco: Quando utilizar, individualmente, o endomarketing, a comunicação interna, ou os dois juntos?

    Fabio Regioli: Acho que ambos caminham juntos. Uma das estratégias de endomarketing mais fácil e mais prática é a comunicação interna. Acredito que a maioria das empesas possui um mural. Agora, as empresas devem rever se esta ferramenta está sendo utilizada de forma correta, como canal de comunicação mútuo.

    Mercado em Foco: Durante a prática de endomarketing, como utilizar a tecnologia, como redes sociais, a favor da empresa?

    Fabio Regioli: Como citamos, o primeiro público dentro de uma empresa é seu funcionário. Em relação às redes sociais, vale a pena a empresa esquecer um pouco do consumidor final e usá-las

  • “CABE ÀS EMPRESAS COMEÇAR A BUSCAR UM DIFERENCIAL PERANTE SEUS CONCORRENTES”

    como um braço da comunicação interna, mostrando o que foi trabalhado, quem são os aniversariantes do mês, como foi aquele passeio de bicicleta na qual os familiares e os funcionários participaram, enfim, ações internas mostradas ao público interno. Não que o consumidor final da empresa não deva saber destas ações, mas melhor seria se ele soubesse desta ação por parte do próprio funcionário que a compartilhou.

    Mercado em Foco: Como fazer com que o ambiente diferenciado proporcionado pelo endomarketing permaneça na empresa?

    Fabio Regioli: Através da continuidade das ações pelos proprietários, diretores ou gerentes. Independentemente destas substituições, o sucessor deve ser alertado pelo resultado positivo que estas estratégias estão proporcionando aos funcionários e os resultados das mesmas ao consumidor final.

    Mercado em Foco: De que forma esse resultado chega ao cliente final?

    Fabio Regioli: Através do atendimento. Quantas empresas que nós conhecemos – e vou citar isso como um consumidor – possuem um funcionário que está desmotivado, não obtém conhecimento, simplesmente se imagina como um número para cumprir sua meta e pronto? Acredito que temos vários nesta situação. A causa está na própria empresa da qual ele faz parte. Portanto, através de uma estratégia de endomarketing, em que o funcionário perceba realmente que é valorizado, a sua motivação irá crescer e seu rendimento também, pois o funcionário não quer deixar de fazer parte de uma empresa que realmente lhe dá valor. Essa motivação é repassada ao consumidor através das vendas e do conhecimento, gerando relacionamento e fidelidade.

  • PERFIL

    Por Paulo Briguet

    De sua janela no Sindimetal, Valter Orsi tem uma visão ampla de Londrina. A cidade pode ser contemplada ali em 360 graus; por isso, o 25º andar do Edifício Oscar Fuganti, onde se localiza a sede da entidade, tem sido frequentemente procurado por fotógrafos e cinegrafistas em busca de belas imagens urbanas. Dali eles podem focalizar a Catedral, a Alameda Manoel Ribas, o Júlio Fuganti, o Centro Comercial, a Rodoviária, o Boulevard, o Estádio do Café, o Relojão, o Palácio do Comércio, a Praça Willie Davids, o Ouro Verde.É um caso em que o lugar traduz perfeitamente o homem. Valter Orsi é um londrinense da gema, de coração, de pé rigorosamente vermelho. Nasceu há 59 anos numa casa na esquina da Rua São Salvador com a Avenida Duque de Caxias, filho dos pioneiros Éssio e Zulmira Orsi. Atravessando a rua, seus pais tinham o Armazém Nossa Senhora Aparecida, onde o pequeno Valter ajudava desde pequeno. Quer dizer que você morava na Vila Casoni, Valter? “Não”, ele corrige, londrinense conhecedor dos limites urbanos. “Vila Casoni era para baixo da Rua Belém. Ali era considerado Centro.” De forma que podemos dizer com toda precisão geográfica: Valter Orsi nasceu, cresceu e continua vivendo no Centro de Londrina.

    A pergunta de todos os dias“Qual é a tua obra?” Todas as manhãs, quando acorda, Valter Orsi procura responder a essa questão. “Estou fazendo o certo ou o errado? Estou sendo justo? Estou atingindo os melhores objetivos? São as perguntas que eu me faço todos os dias.” Desde muito jovem, Valter sempre quis se realizar como empresário, pai de família e cidadão. Seus quatro filhos – o mais velho com 33 anos, o mais novo com 14 – lhe dão muitas alegrias. Nayara, de 17 anos, cursa Oceanografia em Florianópolis, mas destacava-se como pesquisadora desde a escola secundária. “Ela já esteve duas vezes em Nova York para falar sobre pesquisa, teve um trabalho selecionado entre os cinco melhores do Brasil, participou da maior feira sobre pesquisa do mundo [a da Intel, em Los Angeles] e foi convidada a atuar em um centro de pesquisa biológica em Israel”, enumera Orsi, com orgulho.Educar bons filhos para o mundo é uma conquista importante, mas Valter pensa em algo mais. “E a sociedade? Eu quero que o presidente, o governador, o prefeito, o síndico do meu prédio resolvam os meus problemas? Serei um eterno cobrador? Não: eu quero contribuir com meu país, meu estado, minha cidade. Essa é a luta do meu dia a dia. Para falar a verdade, é o que mais me realiza”, diz o presidente do Sindimetal, entidade que congrega as empresas do ramo metalúrgico em Londrina.Prosperidade tem seu valor, mas é preciso enxergar mais longe: “Às vezes me dizem que eu poderia ter duas ou três vezes mais do que tenho. Mas isso não me abala. Ser feliz é mais do que uma soma em dinheiro; é uma soma de virtudes e atitudes.” Virtudes e atitudes que às vezes precisam ser utilizadas para superar o desânimo causado pelas manchetes de jornais: “Eu peço sempre a Deus que me mantenha motivado. Porque às vezes os casos de corrupção me dão vontade de abandonar tudo e cuidar apenas da minha família, da minha empresa”.

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  • Associação Comercial e Industrial de Londrina 31

    “SER FELIZ É UMA SOMA DE VIRTUDES E ATITUDES”

    Valter Orsi: “Quando uma indústria é desativada, perdemos

    empregos, riquezas e talentos. Não é algo que se recupera da

    noite para o dia.”

    O ex-futuro bancárioSer empresário era algo que estava no sangue de Valter Orsi desde os tempos em que ele ajudava o pai no balcão do Armazém Nossa Senhora Aparecida. Mas, em 1975, Valter esteve muito perto de tomar outros rumos: passou em um concurso do Banco do Brasil. Na época, trabalhava como vendedor numa empresa de equipamentos. Depois de fazer uma venda para um senhor de cabelos brancos, Valter lhe disse que estava para sair do emprego. O homem ficou em silêncio por

    um instante e disse: “Meu jovem, pense bem no que está fazendo. Eu trabalhei como auditor no Banco do Brasil e acho que é uma carreira excelente. Mas, pelo que eu pude ver, pelo modo como você me atendeu, deu para notar que a sua vocação é outra. Pense bem se você quer mesmo trabalhar em banco”.Aquelas palavras impressionaram fortemente o jovem Valter Orsi. Ele pensou bem e decidiu não entrar para o banco. Deixou o emprego, mas para tornar-se pequeno empresário. “Hoje talvez eu fosse um gerente de banco, não sei. Mas depois daquela conversa resolvi fazer o que gostava.” Valter sente-se grato ao homem que lhe deu aquele conselho. “Nem sei o nome dele, nunca mais o vi. Mas agradeço. A vida é tão bela, tão rica. Fazer o que se gosta é fundamental para a felicidade.” Há quase 40 anos, o mundo perdeu um bancário e ganhou um empreendedor. Valter foi o primeiro presidente da Associação de Micro e Pequenas Empresas do Norte do Paraná. Depois, presidiu a federação estadual do mesmo segmento. O espírito associativista manifestou-se seguidamente nas lutas por melhores condições para os pequenos negócios. “Queríamos aplicar no Brasil os bons exemplos de apoio às microempresas em outros países.” Em meados dos anos 80, Valter participou da elaboração do Estatuto das Micro e Pequenas Empresas do Brasil. Chegou a ganhar um diploma por assiduidade nos cursos de capacitação oferecidos aos empreendedores. “Se tinha curso, eu estava lá.”

    Momento históricoda cidadePor 12 anos, Valter Orsi participou da diretoria da ACIL. Trabalhou, por exemplo, na implantação do atual Centro de Capacitação. Eleito presidente da entidade para a gestão 1999-2000, teve então um dos maiores desafios de sua vida ao integrar, ao lado de outras lideranças locais, o movimento Pé Vermelho Mãos Limpas, também conhecido como Movimento pela Ética na Administração Pública de Londrina.Eram tempos difíceis. No terceiro mandato de Antonio Belinati em Londrina, estourou o escândalo AMA-Comurb. Parte de R$ 186 milhões provenientes da venda de ações da Sercomtel foram desviados em licitações fraudulentas. Diante do silêncio da mídia local, as entidades locais, lideradas pela ACIL e a OAB, exigiram a investigação e punição dos desvios. Foi um momento histórico – na vida da cidade e na vida de Valter. “Eu me orgulho daqueles dias. Foi um movimento democrático, passo a passo. Em nenhum momento partimos para a agressão ou baixaria. Diante dos desvios, simplesmente acreditávamos que a nossa cidade não poderia ser assim. Que a nossa prefeitura não poderia ser assim. Que os nossos vereadores não poderiam ser assim. Que as licitações não poderiam ser assim. Que o dinheiro público não podia ser tratado assim.” Em junho de 2000, o prefeito Antonio Belinati teve o seu mandato cassado pela Câmara de Vereadores. “Eu fico feliz por ter participado de um momento histórico para Londrina. O tempo deu a resposta: todo aquele esforço tem o seu reflexo hoje. A partir dali, Londrina começou a entender que o interesse público precisa ser respeitado.” Na opinião de Valter Orsi, a cidade vive hoje um clima de confiança cujas sementes foram plantadas naquele período turbulento. “Não há mais espaço para populismo nem para desvio do dinheiro público em Londrina”, afirma. “Quem está no cargo deve servir, e não se servir. É preciso resgatar a grandeza da expressão servidor público. Tenho certeza de que Londrina será um modelo de gestão pública para o Brasil.” No entanto, a cidade só pode chegar a esse nível de desenvolvimento se contar com as empresas e os empresários. “Infelizmente, muitos ainda acham que empresário é sinônimo de explorador, sonegador, poluidor. Na verdade, o empresário brasileiro é quem gera empregos, impostos e qualidade de vida”, argumenta. Valter Orsi acredita que as entidades têm o dever de combater o preconceito contra a atividade empresarial. “Uma nação que criminaliza a atividade empresarial está expulsa