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DIPLOMACIA E SEGURANÇA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO FUNDAMENTAÇÃO NO PENSAMENTO DE HENRY KISSINGER RAFAEL TALLARICO CARLA PESSANHA LOQUE

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DIPLOMACIA E SEGURANÇA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FUNDAMENTAÇÃO NO PENSAMENTO DE HENRY KISSINGER

editora

ISBN 978-85-8425-898-7

DIPLO

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CARLA PESSANHA LOQUE

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Após mais de cem anos do início da I Guerra Mundial, que encerrou o

ciclo de “paz” instaurado com o Congresso de Viena de 1815, o mun-

do contemporâneo encontra-se diante da seguinte questão em nível

estatal: como ser soberano e ao mesmo tempo cooperativo e inter-

dependente? Tema central da resposta é ligado à segurança em nível

internacional, desafio primeiro das nações. A dignidade da pessoa hu-

mana é um princípio epistemologicamente tratado desde a Antiguida-

de, principalmente a partir do advento do Cristianismo que universali-

zou o conceito de pessoa.

Os Estados estarão preparados para receberem fileiras de refugiados

de Estados falidos ou devem articularem-se para manterem a Ordem

Internacional e assim evitarem a Desordem Global? O grande desafio in-

ternacional está no fortalecimento dos Estados através de seu principal

atributo, a soberania. O diálogo para a solução das crises globais deve

estar assentado nas relações diplomáticas, principal veio de comunica-

ção entre as potências soberanas, nas suas mais diferentes peculiarida-

des culturais, religiosas, econômicas, políticas e sociais. É reconhecer

as pluralidades dentro da unidade, que se traduz em nível planetário na

sociedade internacional e sua constante busca pelo desenvolvimento e

segurança, conforme preconizado na Carta da ONU de 1945 e na De-

claração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1948, que embasam,

na sua forma mais genuína, os direitos humanos, que devem abranger

todos os cantos do globo, sem qualquer conotação de intenções ideo-

lógicas diversas.

O caminhar do Espírito Universal é uma constante na História, onde tor-

na-se cada vez mais imperativo o “conhecer da liberdade” para ser livre.

As articulações diplomáticas devem assumir a responsabilidade de sem-

pre favorecerem o desenvolvimento dos países, o que atrairá perspec-

tivas de vida propícias para seus respectivos nacionais e assim existirá

uma Ordem Mundial alicerçada não na guerra, mas na segurança inter-

nacional, fluindo dessa forma uma “paz perpétua”, no dizer kantiano.

Ao longo dos 2600 anos da histó-

ria ocidental, o agir ético é dese-

nhado pela Lei, inicialmente para

o bem da polis e finalmente para

a preservação do Estado de Di-

reito. A igualdade perante a lei é

uma conquista da humanidade.

A atribuição dos líderes políticos,

em nível internacional, pode ser

eticamente avaliado dentro de

um enquadramento positivo, ou

seja, de um agir, e não de uma

omissão, ou não agir, o que a lon-

go prazo constituirá uma catás-

trofe política.

A possibilidade de uma conci-

liação pelas vias diplomáticas,

nos dias atuais, não pode ser a

derradeira ferramenta para inter-

locução internacional. Por mais

altivos que sejam os agentes que

representem seus Estados em ní-

vel internacional, a troca de cor-

tesias e a celebração de Tratados

são o melhor caminho para a so-

lução dos litígios internacionais e

o afastamento da guerra. A diplo-

macia, segundo o pensamento

e o atuar de Henry Kissinger, é a

chave para a paz e harmonia in-

ternacional. É uma postura ética,

e por isso válida em todos os paí-

ses do hemisfério ocidental.

RAFAEL TALLARICO é bacharel em Direi-to pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É mestre em Direito e Justiça Pela Faculdade de Direito da Universidade Fe-deral de Minas Gerais. É doutorando em Direito Constitucional Estratégico pela Fa-culdade de Direito da Universidade Fede-ral de Minas Gerais. Atua como advogado militante na área empresarial e criminal. É orientador de monografias e trabalhos jurídico- científicos, professor de Direito Internacional Público, Direito Econômico, Filosofia do Direito, Hermenêutica e Ar-gumentação, Sociologia Jurídica, História do Direito e Direito Empresarial da Facul-dade de Brumadinho e da Faculdade de Sabará, sendo também Estagiário de Do-cência da Faculdade de Direito da UFMG. É pesquisador do tema “Razão de Estado e o Pensamento Diplomático de Henry Kissinger”. É autor de diversos artigos e das obras como “Estado e Soberania: Perspectivas no Direito internacional Con-temporâneo”, “A Liberdade de Expressão da Opinião Pública”, “História da Filosofia Ocidental: da Pólis Grega ao Estado de Direito Contemporâneo”, “Educação e Cidadania: Evolução histórica e Paradig-mas Contemporâneos”, “Biotecnologia, Direito e Ética”, “A Ideia de Diplomacia em Henry Kissinger”, “Soberania e Diplo-macia: Perspectivas Contemporâneas no Pensamento de Henry Kissinger”,”Kis-singer e a Ética Ocidental”, “Federação Norte Americana: perspectivas no Direito Internacional Contemporâneo (Funda-mentação no Pensamento de Henry Kis-singer)” e Soberania, Liberdade Interior e Ética Ocidental, publicados pela Editora D`Plácido.

CARLA PESSANHA LOQUE é bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos. É Especialista em Direitos Humanos pelo Instituto Erik Carsten da Universidade de Helsink, Finlândia, Especialista em Direito Internacional Penal pelo Instituto de Altos Estudos de Direito Penal de Siracusa (Itá-lia). Mestre em Direito Internacional Penal pela Universidade de Granada, na Espa-nha. É Funcionária da Organização das Nações Unidas (ONU). Atua em progra-mas de Estado de Direito da ONU e da Comissão Européia.

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DIPLOMACIA E SEGURANÇA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FUNDAMENTAÇÃO NO PENSAMENTO DE HENRY KISSINGER

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DIPLOMACIA E SEGURANÇA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FUNDAMENTAÇÃO NO PENSAMENTO DE HENRY KISSINGER

RAFAEL TALLARICOCARLA PESSANHA LOQUE

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Copyright © 2018, D’Plácido Editora.Copyright © 2018, Carla Pessanha Loque.Copyright © 2018, Rafael Tallarico.

Editor ChefePlácido Arraes

Produtor EditorialTales Leon de Marco

Capa, projeto gráficoTales Leon de Marco(Imagem via VisualHunt)

DiagramaçãoLetícia Robini

Editora D’PlácidoAv. Brasil, 1843, Savassi

Belo Horizonte – MGTel.: 31 3261 2801

CEP 30140-007

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida,

por quaisquer meios, sem a autorização prévia do Grupo D’Plácido.

W W W . E D I T O R A D P L A C I D O . C O M . B R

Catalogação na Publicação (CIP)Ficha catalográfica

LOQUE, Carla Pessanha; TALLARICO, Rafael.

Diplomacia e segurança no mundo contemporâneo: fundamentação no pensamento de Henry Kissinger -- Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2018.

Bibliografia.ISBN: 978-85-8425-898-7

1. Direito. 2. Direito Internacional. I. Título.

CDU341 CDD341.1

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“Como os olhos dos servos atentam para as mãos do seus senhores, assim nossos olhos atentam para as mãos

do Senhor, nosso Deus”

(SL 123)

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Dedicamos esta obra aos pais e ao Único Deus

Faço uma homenagem especial ao meu pai (in memorian), Hélio Turola, pelo carinho e pelas boas sementes plantadas em nossos corações. “assiduitate, non desidia” (C)

Faço uma homenagem ao vô Ernesto Duílio Stefani (in memorian), soldado da I Guerra Mundial, pela coragem e ousadia em todos os projetos “Soldato Coraggioso” (R)

Faço uma homenagem também ao vô Raffaele Tallarico (in memo-rian), pela determinação em atravessar o Atlântico e construir uma história no Novo Mundo “Guerriero Dell ‘Uomo” (R)

Fazemos uma homenagem ao Dr. Arthur José de Almeida Diniz, por ensinar o caminhar do conhecimento (R) e (C)

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Os autores são responsáveis pela escolha e pela apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniões nele expressas, que não são necessariamente as da Organização das Nações Unidas e tampouco comprometem a aludida Organização.

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SUMÁRIO

Prefácio 15

1. Introdução: as primeiras relações humanas de produção e a política internacional 19

1.1. O Pensamento Filosófico Grego 20

1.2. O Início da Política Ocidental na Grécia 30

1.3. Política Ocidental em Roma 44

1.4. História Política Medieval 50

1.5. História Política da Idade Moderna 53

1.6. História Política Contemporânea 57

2. Economia e Relações Internacionais 63

2.1. Conceito 63

2.2. Política Econômica Contemporânea 70

2.3. Globalização e Geopolítica 73

2.4. Ideologia e Geopolítica 78

2.5. O Papel da China 82

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2.6. Liderança e Geopolítica 84

2.7. A Diplomacia Europeia na Passagem do Século XIX para o Século XX 87

2.8. União Europeia: Panorama Histórico do Espírito Universal 95

3. Soberania Estatal e Ordem Econômica Internacional 103

3.1. As Bases da Sociedade Internacional Contemporânea 103

3.2. Soberania e Economia 109

3.3. Constituição e Economia 110

3.4. Segurança Econômica Internacional Contemporânea 112

4. O Estado na Filosofia de Hegel 119

4.1. O Mundo Germânico 119

4.2. Carlos Magno: A Face Medieval do Espírito Universal 123

4.3. A Reforma Protestante 127

4.4. O Estado como”Máximo Ético” 136

4.5. Relações Estatais Exteriores 145

5. História do Militarismo Mundial 151

5.1. O Militarismo na Antiguidade 151

5.2. Militarismo na Idade Média 165

5.3. O Militarismo na Idade Moderna 167

5.4. O Militarismo na Era Contemporânea 173

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5.5. Militarismo e Tecnologia Nuclear 178

6. Geopolítica e Diplomacia 191

6.1. O Homem na Terra 191

6.2. A Realidade do Poder no Ocidente 202

7. A Cidade da Colina 219

7.1. Formação Histórica dos Estados Unidos da América do Norte 219

7.2. Constitucionalismo Americano 224

7.3. Os Estados Unidos da América e a História Universal 228

7.4. O Novo Mundo e o Ocidente 235

8. Ordem Internacional e Segurança 239

8.1. Segurança Nuclear 239

8.2. Segurança na Era da Informática 244

8.3. Segurança e Terrorismo Internacional 245

9. Conclusão 247

Referências 249

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PREFÁCIO

No coração do Brasil, há um estado montanhoso e fértil, rico na tradição agroindustrial e minerária e nos sonhos intelectuais, cujos brados de civismo e ideais de humanismo — e portanto as conexões culturais mais profundas com a Revolução Francesa e a Independência Norte-Americana — já se ouviam firmemente no séc. XVIII.

A partir das Minas Gerais, o coração real do País, o Brasil vem buscando desenvolver, cá no vazio ético típico da decadência da Modernidade representada pelo breve séc. XX e seu chocante ocaso na Berlim esfuziante da Queda do Muro, uma Escola Jusfilosófica Mineira, capaz de ofertar respostas às velhas-novas angústias postas aos olhos humanos.

Nada nunca é novidade em Minas Gerais, diz nossa própria tra-dição; tudo, no metal que se arranca da lavra no seio da terra, lá se encontra em um longo processo de sedimentação de elementos. Na cultura, como na vida, tudo é fruto do tempo, da história, e portanto é dela, mestra da vida, que podemos extrair as respostas.

E a história jamais é unívoca, simplória, elementar; ao con-trário, concebê-la em nós, recebê-la em nós, compreendê-la em nós, é processo hermenêutico de intensa entrega, já que, mais que conhecer a um objeto externo, nós somos a história que buscamos apreender: a experiência gradual da consciência é, antes de mais nada, autoconhecimento.

Quiçá nas últimas quatro ou cinco décadas a humanidade, en-torpecida diante da Queda do Muro, alienou-se nas idéias “finistas”

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e, ali perdida, assistiu as ideias rastejarem entre o fim da história, o fim do Estado, o fim do destino, o fim da Ordem Mundial, o fim das próprias relações internacionais, o fim da democracia, o fim da Filosofia, o fim das ideologias, o fim da política, o fim da esperança — o próprio apocalipse, tomado no mais vulgar sentido possível.

Em paralelo, a terceira revolução industrial, que permitiu inú-meras mudanças no mundo econômico, pela via da revolução das telecomunicações e da instauração da Sociedade do Conhecimento, também nos trouxe, em sua face oculta, como lembra o filósofo catalão Gonçal Mayos, a Sociedade da Incultura e da Ignorância, já que perdemos referentes e virtualizamos a vida. Vivemos, hoje, dentro de equipamentos (corpos e cérebros) que vivem dentro de outros equipamentos (hardwares de informática e telefonia).

Em Minas, no entanto, sob a liderança de hegelianistas como Lima Vaz e especialmente Joaquim Carlos Salgado, a deserção ao pensar do novo, corolário do desprezo para com a história (que perde protagonismo em um mundo virtual criado ex nihilo) que tudo nos ensina e tudo nos constitui, não chega a amedrontar in-telectuais do porte do Professor Rafael Tallarico, a quem tenho a honra de dirigir em seu projeto de pesquisa doutoral sobre os conceitos de razão de Estado e de nação hegemônica no pensa-mento (e na realidade, somos hegelianistas) do grande estrategista euro-norte-americano Henry Kissinger.

Intelectual zeloso e produtivo, o Professor Tallarico vem fazendo um lento mas muito consistente trabalho de estudo e divulgação do pensamento de Kissinger entre os leitores brasi-leiros, quase sempre com co-autorias buscadas em suas interfaces acadêmicas, construídas em duas décadas de sólido magistério no Direito Internacional e nos Estudos Estratégicos, onde vem encantando pelo fulgor de sua palavra.

A seu lado, nesta inspiradíssima obra, a também mineira e Professora Carla Pessanha Loque, muitíssimo capacitada em Direito Penal Internacional e atualmente trabalhando em Nova York, na sede das Nações Unidas, à qual chegou não somente em função de seu cabedal teórico mas de sua experiência concreta, em especial junto a inúmeros processos de manutenção e consolidação da paz e do Estado de Direito, incluindo igualmente trabalhos em

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operações humanitárias, e mesmo junto a instituições abrigadas no âmbito da União Européia.

As montanhas de Minas, no Brasil, têm um efeito algo mágico sobre os mineiros: infunde duas noções imensamente importantes e complementares. Uma, o senso de moderação e de limites, típico de quem sente a montanha como moldura de seu pensamento. Outra, o senso de transmontanidade, de curiosidade, de coragem, que lança os mineiros para além, conscientes de si e de seu con-texto — mineiros, brasileiros, ocidentais —, rumo ao infinito e às infinitas potencialidades do humano.

Que os leitores se apropriem da mineiridade universal do texto, dos autores e das idéias que nos trazem. A obra Diplomacia e Segurança no Mundo Contemporâneo (Fundamentação no Pensa-mento de Henry Kissinger), que esta Casa Editorial traz a lume, é fruto das Minas e do melhor dos mineiros: a vontade de saber e o desejo de sabor.

Serra do Curral, inverno de 2018.

Prof. Dr. José Luiz Borges HortaProfessor Associado de Teoria do Estado,

Filosofia do Estado e Estudos Estratégicos na Universidade Federal de Minas Gerais.

Membro da Sociedade Hegel Brasileira.

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DIPLOMACIA E SEGURANÇA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FUNDAMENTAÇÃO NO PENSAMENTO DE HENRY KISSINGER

editora

ISBN 978-85-8425-898-7

DIPLO

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Após mais de cem anos do início da I Guerra Mundial, que encerrou o

ciclo de “paz” instaurado com o Congresso de Viena de 1815, o mun-

do contemporâneo encontra-se diante da seguinte questão em nível

estatal: como ser soberano e ao mesmo tempo cooperativo e inter-

dependente? Tema central da resposta é ligado à segurança em nível

internacional, desafio primeiro das nações. A dignidade da pessoa hu-

mana é um princípio epistemologicamente tratado desde a Antiguida-

de, principalmente a partir do advento do Cristianismo que universali-

zou o conceito de pessoa.

Os Estados estarão preparados para receberem fileiras de refugiados

de Estados falidos ou devem articularem-se para manterem a Ordem

Internacional e assim evitarem a Desordem Global? O grande desafio in-

ternacional está no fortalecimento dos Estados através de seu principal

atributo, a soberania. O diálogo para a solução das crises globais deve

estar assentado nas relações diplomáticas, principal veio de comunica-

ção entre as potências soberanas, nas suas mais diferentes peculiarida-

des culturais, religiosas, econômicas, políticas e sociais. É reconhecer

as pluralidades dentro da unidade, que se traduz em nível planetário na

sociedade internacional e sua constante busca pelo desenvolvimento e

segurança, conforme preconizado na Carta da ONU de 1945 e na De-

claração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1948, que embasam,

na sua forma mais genuína, os direitos humanos, que devem abranger

todos os cantos do globo, sem qualquer conotação de intenções ideo-

lógicas diversas.

O caminhar do Espírito Universal é uma constante na História, onde tor-

na-se cada vez mais imperativo o “conhecer da liberdade” para ser livre.

As articulações diplomáticas devem assumir a responsabilidade de sem-

pre favorecerem o desenvolvimento dos países, o que atrairá perspec-

tivas de vida propícias para seus respectivos nacionais e assim existirá

uma Ordem Mundial alicerçada não na guerra, mas na segurança inter-

nacional, fluindo dessa forma uma “paz perpétua”, no dizer kantiano.

Ao longo dos 2600 anos da histó-

ria ocidental, o agir ético é dese-

nhado pela Lei, inicialmente para

o bem da polis e finalmente para

a preservação do Estado de Di-

reito. A igualdade perante a lei é

uma conquista da humanidade.

A atribuição dos líderes políticos,

em nível internacional, pode ser

eticamente avaliado dentro de

um enquadramento positivo, ou

seja, de um agir, e não de uma

omissão, ou não agir, o que a lon-

go prazo constituirá uma catás-

trofe política.

A possibilidade de uma conci-

liação pelas vias diplomáticas,

nos dias atuais, não pode ser a

derradeira ferramenta para inter-

locução internacional. Por mais

altivos que sejam os agentes que

representem seus Estados em ní-

vel internacional, a troca de cor-

tesias e a celebração de Tratados

são o melhor caminho para a so-

lução dos litígios internacionais e

o afastamento da guerra. A diplo-

macia, segundo o pensamento

e o atuar de Henry Kissinger, é a

chave para a paz e harmonia in-

ternacional. É uma postura ética,

e por isso válida em todos os paí-

ses do hemisfério ocidental.

RAFAEL TALLARICO é bacharel em Direi-to pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É mestre em Direito e Justiça Pela Faculdade de Direito da Universidade Fe-deral de Minas Gerais. É doutorando em Direito Constitucional Estratégico pela Fa-culdade de Direito da Universidade Fede-ral de Minas Gerais. Atua como advogado militante na área empresarial e criminal. É orientador de monografias e trabalhos jurídico- científicos, professor de Direito Internacional Público, Direito Econômico, Filosofia do Direito, Hermenêutica e Ar-gumentação, Sociologia Jurídica, História do Direito e Direito Empresarial da Facul-dade de Brumadinho e da Faculdade de Sabará, sendo também Estagiário de Do-cência da Faculdade de Direito da UFMG. É pesquisador do tema “Razão de Estado e o Pensamento Diplomático de Henry Kissinger”. É autor de diversos artigos e das obras como “Estado e Soberania: Perspectivas no Direito internacional Con-temporâneo”, “A Liberdade de Expressão da Opinião Pública”, “História da Filosofia Ocidental: da Pólis Grega ao Estado de Direito Contemporâneo”, “Educação e Cidadania: Evolução histórica e Paradig-mas Contemporâneos”, “Biotecnologia, Direito e Ética”, “A Ideia de Diplomacia em Henry Kissinger”, “Soberania e Diplo-macia: Perspectivas Contemporâneas no Pensamento de Henry Kissinger”,”Kis-singer e a Ética Ocidental”, “Federação Norte Americana: perspectivas no Direito Internacional Contemporâneo (Funda-mentação no Pensamento de Henry Kis-singer)” e Soberania, Liberdade Interior e Ética Ocidental, publicados pela Editora D`Plácido.

CARLA PESSANHA LOQUE é bacharel em Direito pela Faculdade Milton Campos. É Especialista em Direitos Humanos pelo Instituto Erik Carsten da Universidade de Helsink, Finlândia, Especialista em Direito Internacional Penal pelo Instituto de Altos Estudos de Direito Penal de Siracusa (Itá-lia). Mestre em Direito Internacional Penal pela Universidade de Granada, na Espa-nha. É Funcionária da Organização das Nações Unidas (ONU). Atua em progra-mas de Estado de Direito da ONU e da Comissão Européia.