Tomaticultura industrial no Tomaticultura industrial no cerradocerrado: 25 : 25 anosanos de de histhistóóriaria e e umauma visãovisão futurafutura
Paulo César Tavares de Melo, DScUSP/ESALQ - Depto de Produção Vegetal
23/11/11
Retrospectiva histRetrospectiva históórica da rica da agroindagroindúústria do tomate no Brasilstria do tomate no Brasil
• 1º Ciclo: Agreste de Pernambuco 1914 – 1998;• 2º Ciclo: Estado de São Paulo década de 1930
ao presente;• 3º Ciclo: Vale do São Francisco (PE/BA) e
Perímetros Irrigados do DNOCS (PE/PB) meados da década de 1970 ao início dos anos2000;
• 4º Ciclo: Cerrado goiano e mineiro 1986 aopresente.
CiclosCiclos do do setorsetor agroindustrialagroindustrial do do tomatetomate no no BrasilBrasil
•• 11ºº CicloCiclo: : AgresteAgreste de Pernambuco (1914 de Pernambuco (1914 –– 1998)1998)– Em 1898 é estabelecida em Pesqueira, PE uma fabriqueta para
produção de doce de goiaba Carlos de Brito & Cia (Fábrica Peixe); – Em 1914 a Fábrica Peixe inicia pioneiramente o processamento do
tomate no Brasil com a produção de massa de tomate;– Em 1928, a Fábrica Peixe passou a produzir extrato concentrado de
tomate;– Na década de 1950 se encerra o período de ouro da indústria de
alimentos pesqueirense com o fechamento das fábricas Rosa, Tigre, Recreio e Maravilha;
– Em 20 de novembro de 1998 ocorre o fechamento da centenáriaFábrica Peixe e se encerra o 1º ciclo da agroindústria do tomate do país;
– A atividade sobrevive com duas fábricas em operação na atualidadeTambaú (Custódia) e ASA/Palmeiron (Belo Jardim).
Fundadores da Fábrica PEIXE (1898) – Maria da Conceição Cavalcanti de Britto e Carlos Frederico Xavier de Britto
CiclosCiclos do do setorsetor agroindustrialagroindustrial do do tomatetomate no no BrasilBrasil
•• 22ºº CicloCiclo: Estado de São Paulo (: Estado de São Paulo (ddéécadacada de 1930 de 1930 aoao presentepresente))– Em 1937 é instalada uma indústria de conservas alimentícias na
Fazenda Amália, em Santa Rosa do Viterbo, pertencente ao conde Francisco Matarazzo Júnior Produtos Amália;
– Em 1939 a Peixe implantou uma fábrica em Monte Alto, transferida na década de 1960 para Taquaritinga;
– Em 1941 é inaugurada, em Jundiaí, a primeira fábrica da Companhia Industrial de Conservas Alimentícias (CICA);
– Em 1955 ocorre a fundação da Companhia Industrial e Mercantil Paoletti S.A. (marca ETTI) em Várzea Grande Paulista transferida em 1959 para Cajamar;
– A partir da década de 1950, nos municípios de Monte Alto e Taquaritinga, a agroindústria se expande amplamente maior pólo agroprocessador de tomate do Brasil.
CiclosCiclos do do setorsetor agroindustrialagroindustrial do do tomatetomate no no BrasilBrasil
•• 22ºº CicloCiclo: Estado de São Paulo (: Estado de São Paulo (ddéécadacada de 1930 de 1930 aoaopresentepresente))– Em 1987 ocorre a 1ª transferência do controle acionário da
Companhia Industrial de Conservas Alimentícias em 2003 a marca CICA foi retirada do mercado;
– Ascensão e declínio da agroindústria do tomate na Alta Sorocabana e Alta Paulista CICA fecha a sua fábrica em Presidente Prudente em 1992;
– O setor mostra forte retração com a expansão do pólo agroprocessador de tomate do Vale do São Francisco (PE/BA);
– As indústrias mais importantes do setor atualmente são a Predilecta(Matão, Guaíra, Itápolis), Fugini Alimentos (Monte Alto), Alimentos Wilson (Regente Feijó).
CiclosCiclos do do setorsetor agroindustrialagroindustrial do do tomatetomate no no BrasilBrasil
•• CicloCiclo 3: 3: Vale do São Francisco (PE/BA) e Perímetros Irrigados do DNOCS (PE/PB) meados da década de 1970 ao início dos anos 2000
– Com as frustrações de safras por anos seguidos no Agreste de PE, o Vale do S. Francisco desponta como a zona mais promissora para o estabelecimento de novo pólo agroprocessador de tomate no NE a partir do final dos anos 1970;
– Recursos previstos no II Plano Nacional do Desenvolvimento/Pólo Nordeste para incentivar a horticultura irrigada e a instalação de agroindústrias no Vale do São Francisco;
– Vantagens competitivas:• Clima semi-árido menor incidência de doenças • Vários projetos de irrigação em operação e outros sendo implantados• Mão-de-obra abundante• Localização geográfica estratégica para alavancar as exportações de atomatados• Delineamento do programa de melhoramento do tomateiro industrial do IPA o qual
concentrou esforços na obtenção de cultivares adaptadas às condições edafoclimáticaslocais
CiclosCiclos do do setorsetor agroindustrialagroindustrial do do tomatetomate no no BrasilBrasil
• Causas do declínio do pólo agroprocessador do Vale do São Francisco: – Predominância de pequenos agricultores sem a instrução necessária para
adotar técnicas modernas de manejo cultural;– A fruticultura, da segunda metade da década de 1990, se consolidava como
uma alternativa mais rentável do que a tomaticultura industrial;– Ataque severo de traça e de outras pragas-vetoras de viroses (mosca
branca e trips) geminivírus e tospovírus;– Com a implementação do Plano de Estabilização da Economia, a partir de
1994, as vantagens de menor custos de produção da cultura de tomateindustrial do Vale do São Francisco foram eliminadas devido à redução do subsídio ao crédito rural;
– A partir de 1997 se intensifica a queda da produção da região do São Francisco zona do cerrado (GO e MG), vinha emergindo como nova fronteira de expansão da cultura desde o início dos anos 90;
– A atividade é extinta com o fechamento da fábrica da CICANORTE (Juazeiro, BA) em fevereiro de 2000.
CiclosCiclos do do setorsetor agroindustrialagroindustrial do do tomatetomate no no BrasilBrasil
CicloCiclo 4: 4: Cerrado goiano e mineiro 1986 ao presente
• Pesquisas pioneiras desde o início dos anos 70 indicavam o potencial do cerrado goiano para o cultivo de tomate industrial;
• A cultura rasteira de tomate pioneira foi implantada em agosto de 1974 pelo Sr. Sylvio Jesuino de Souza o qualplantou 15 hectares da cv. Roma VF, em Morrinhos a colheita ocorreu em dezembro e a produtividade médiafoi de 21 t/ha, sendo a produção vendida a uma indústriade Araçatuba, SP.
Pesquisas pioneiras sobre o cultivo rasteirode tomate para processamento, em Goiás
Filgueira, F.A.R.; Carneiro, J.B. Realidades e perspectivas datomaticultura na região geoeconômica de Anápolis: resultadospreliminares. Anais da 12ª Reunião Annual da SOB, Brasília, 16 a 22 de julho de 1972
Observações e conclusões:1. Urge o estabelecimento em Anápolis e Goiânia de Centrais de Abastecimento, bem como a instalação de indústrias de processamento de tomate;2. Apesar de não existir a cultura rasteira do tomate, os entrevistadosconsideram a implantação de indústrias, na região, como uma iniciativa capazde melhorar a comercialização do tomate;3. É indiscutível a importância da industrialização para promover o desenvolvimento da região;4. Nos últimos anos, tem havido com relativa frequencia a visita de industriasinteressadas na instalação de fábricas de processamento de tomate na região.
Pesquisas pioneiras sobre o cultivo rasteirode tomate para processamento, em Goiás
Filgueira, F.A.R.; Sonnenberg, P. E.; Ogata, T. Avaliação de características agronômicas e industriais de cultivares de tomate, introduzidas em Anápolis, em cultura rasteira. Comunicado TécnicoEMGOPA, No 08, maio/1978
Foram conduzidos dois experimentos de competição de cultivares de tomate em Anápolis com semeio em 10/12/1975 e 20/05/1977, obtendo os seguintes resultados:
• No período seco a produtividade e a qualidade dos frutos, em geral, foram superiores em relação ao periodo chuvoso;
• Dentre as cultivares testadas as que apresentaram melhordesempenho foram ‘La Bonita’ e ‘Ronita’;
• Os resultados indicam a possibilidade de serem introduzidascultivares do grupo Roma conduzidos em cultura rasteira, com maiorsucesso no período seco.
Pesquisas pioneiras sobre o cultivo rasteirode tomate para processamento, em Goiás
Câmara, F.L.A.; Filgueira, F.A.R.; Sonnenberg, P. E.; Peixoto, N. Cultivares de tomate, em semeadura direta e cultura rasteira, para mercado de consumo ao natural, em Anápolis. Comunicado Técnico EMGOPA, No 03, março/1980
Conclusões:1. A semeadura direta e a cultura rasteira são eficientes na produção de tomate para mercado ao natural ou para industrialização nas condiçõesdo período seco, em Anápolis;
2. As cultivares testadas, inclusive as do grupo Santa Cruz, reunemcaracterísticas adequadas para o processamento industrial.
Pesquisas pioneiras sobre o cultivo rasteirode tomate para processamento no cerrado
• Em 1984, a CICA inicia a prospecção sobre o potencial de produção de tomate rasteiro no PADEF numa área de 15 ha do Sr. Elodi Cence; no ano seguinte implanta outra área experimental de 15 ha com o Sr. Waldomiro Schneider resultados altamente promissores;
• Ainda em 1984 a CICA realiza experimentação com tomate rasteiro em Leopoldo Bulhões e em Cristalina com um cooperado da extinta cooperativa de Cotia e instala campos de observação em Paracatú, MG;
• Em 1985 o Sr. Rodolfo Bonfigliori revela a intenção de instalar uma fábrica no cerrado em 3 possíveis locais: Paracatú, Pirapora e Patos de MG;
• Em 1985 a Arisco firma um acordo com a CICA para processar o tomate de seus campos espalhados pelo cerrado goiano e mineiro;
• Em 1991 a CICA inaugura sua unidade fabril de processamento de tomate em Patos de MG que se manteve em operação até a safra de 2006.
Fatores que contribuíram para expansão da agroindústria do tomate no cerrado goiano
• Política de incentivos fiscais • Condições agroclimáticas favoráveis• Disponibilidade de terra nova fronteira
agrícola• Topografia favorável à mecanização• Produtores com bom nível técnico• Proximidade dos grandes centros de
consumo
Fatores que contribuíram para expansão da agroindústria do tomate no cerrado goiano
• Incentivos fiscais governamentais– A implantação e expansão do pólo agroprocessador
de tomate goiano ocorreram graças, em grandeparte, ao suporte financeiro estadual ProgramaFomentar;
– O Fomentar, criado em meados dos anos 80, era um programa de incentivos fiscais que visava viabilizar a industrialização do estado;
– A Arisco foi 1ª empresa de Goiás a receber suportedesse programa instalou a fábrica pioneira de processamento de tomate em Goiânia em 2006;
– Na década de 90 ocorreram alterações nas políticas regionais de desenvolvimento e o Fomentar foi substituído pelo Programa Produzir.
Brasil: área cultivada e produção de tomate industrial, por zona de cultivo, 1985-2010Nordeste (PE/BA) São Paulo Cerrado
(GO/MG)* Brasil Ano
Área (ha)
Produção(t)
Área (ha)
Produção(t)
Área (ha)
Produção(t)
Área (ha)
Produção(t)
Produtividade t/ha
1985 6.500 215.000 10.350 350.000 nd nd 16.850 565.000 33,5
1990 12.422 338.000 8.260 297.400 6.400 300.000 27.082 935.400 34,5
1995 9.750 350.000 5.490 280.000 5.030 300.000 20.270 930.000 45,9
2000 1.370 65.000 2.040 141.000 11.450 787.500 14.860 993.500 66,9
2005 nd nd 4210 266.000 11.760 948.000 15.970 1.214.000 76,0
2010 470 15.000 4.406 335.200 16.382 1.466.184 21.258 1.816.384 85,4
*A primeira fábrica de processamento de tomate entrou em operação em 1986, com capacidade de processamento de 1.200 t/diaFonte: indústrias do setor de agroprocessamento de tomate.
Distribuição da produção de tomateindustrial em Goiás, safra de 2008
19,6%
17,1%
11,4%3,9%3,5%3,5%
3,3%3,1%
3,0%2,7%
28,8%CristalinaMorrinhosItaberaíOrizonaSilvâniaRio VerdeLuziâniaPalm. de GOTurvâniaMontividiuOutros
Produção total em GO: 1.148.695 t
Distribuição da área plantada com tomate industrial em Goiás, safra de 2008
20,8%
15,3%
11,4%4,1%3,6%3,5%
3,2%3,1%
3,1%2,7%
29,1%CristalinaMorrinhosItaberaíOrizonaSilvâniaRio VerdeLuziâniaPalm. de GOTurvâniaMontividiuOutros
Área plantada total em GO: 12.849 ha
Implantação do pólo de processamentode tomate de Goiás
Fábrica pioneira da Arisco (adquirida pela Unilever e hoje Cargill)
GoiGoiáás s éé o o centrocentroestratestratéégicogico do do BrasilBrasil
Proximidade de grandes centrosde consumo do país
Brasil: evoluBrasil: evoluçção da produão da produçção de 1989 a 2011ão de 1989 a 2011
Fonte: TomatoNews, 2011
1550
Brasil: evoluBrasil: evoluçção da produtividade 1995 a 2011ão da produtividade 1995 a 2011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90Pr
odut
ivid
ade
(t/ha
)
19951996199719981999200020012002200320042005200620072008200920102011
Brasil: evoluBrasil: evoluçção da ão da áárea plantada de 1985 a 2011rea plantada de 1985 a 2011
16850
27082
20270
1486015970
21258
18764
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
1985 1990 1995 2000 2005 2010 2011
Hec
tare
s
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Mil
tone
lada
s
EEUU China Itália Espanha BRASIL Irã Turquia Portugal Chile Tunísia
Brasil: 5ª posição entre os 10 maiores produtoresmundiais de tomate industrial na safra 2010*
Fonte: WPTC, abril 2011
Brasil: 7ª posição entre os 10 maiores produtoresmundiais de tomate industrial na safra 2011*
*Safra 2011 Fonte: WPTC
Tecnologias que contribuíram para o sucesso da cultura de tomate rasteiro no cerrado
• Irrigação por pivô central• Uso de híbridos F1
• Produção de mudas em bandejas• Transplantio mecanizado• Sistemas de prevenção de doenças• Colheita mecanizada
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000R
endi
men
to (k
g/ha
)
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
São Paulo PE/BA GO/MG
Brasil: evolução do rendimento de tomateindustrial por zona de produção, 1970-2010
Híbridos com características adequadaspara a colheita mecanizada
Ohio 45, CPA tipicamente de maturação desuniforme
Híbrido com alta concentração de maturação
Expansão do uso de híbridos no cerrado(GO/MG)
10016.3002010
9511.4502000
409.1001998
155.9601996
% HíbridosÁrea (ha) Ano
DesafiosDesafios e e perspectivasperspectivas parapara o o futurofuturoContinuar avançando no manejo cultural maior produtividade e qualidade, redução de custos e aumento da rentabilidade por tonelada de matéria-prima entregue às indústrias processadoras desafio maior de realizar essa meta com sustentabilidade e consciência de preservação ambiental e maior eficiência no uso da água;
Novos híbridos com maior potencial produtivo, sólidos (Brix) mais elevados e com ampla resistência a doença;
Maiores investimentos em P & D por parte do setor público efeitos das mudanças climáticas, manejo cultural, irrigação, adubação, preparo de solo, sucessão de cultivo;
Rigor com o cumprimento do calendário de cultivo do tomate industrial em Goiás o futuro da atividade pode ser seriamente comprometido com a implantação de lavouras fora do período legal;
Aumentar a capacidade instalada de processamento das fábricas para atender ao continuado crescimento da demanda interna por derivados de tomate e ainda ter excedentes para exportar;
Capacitação de pessoal técnico em todos os níveis cursos de curta duração, MSc profissionalizante, MBA;
A questão do uso racional de agrotóxicos deverá ser uma preocupação permanente do setor produtivo, sobretudo, se houver expansão das remessas de polpa e produtos acabados de tomate para o exterior;
Ampliação da oferta de energia elétrica depende de ações governamentais.
Desafios e perspectivas para o futuro
Dar continuidade às ações conjuntas em benefíciodos setores de produção e de processamentoindustrial;
Consolidar a presença do Brasil como membro do Conselho Mundial de Tomate para Processamento(WPTC) através da Subcomissão Tomate/FAEG;
Oficializar a candidatura do Brasil como sede do Congresso Mundial de Tomate Industrial e Simpósio Internacional de Tomate Industrial (ISHS) em 2016.
Desafios e perspectivas para o futuro
Tour tTour téécnico de membros do WPTC cnico de membros do WPTC a Goia Goiáás em julho de 2011s em julho de 2011
MuitoMuito [email protected]@esalq.usp.br