UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E
ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
PERFIL HEMATOLÓGICO, BIOQUÍMICO E CONSUMO DE
NUTRIENTES DE TAMANDUÁS-BANDEIRA (Myrmecophaga
tridactyla) ALIMENTADOS COM DIFERENTES DIETAS EM
CATIVEIRO
Thais Oliveira Morgado
CUIABÁ – MT
2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E
ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
PERFIL HEMATOLÓGICO, BIOQUÍMICO E CONSUMO DE
NUTRIENTES DE TAMANDUÁS-BANDEIRA (Myrmecophaga
tridactyla) ALIMENTADOS COM DIFERENTES DIETAS EM
CATIVEIRO
Autor (a): Thais Oliveira Morgado Orientador (a): Profª. Drª. Regina Celia Rodrigues da Paz
Co-Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, área de concentração: Medicina Veterinária, da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias.
CUIABÁ – MT
2012
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FICHA CATALOGRÁFICA
Ficha elaborada por: Douglas de Faria Rios - CRB1/1610
M847p Morgado, Thais Oliveira. Perfil Hematológico, Bioquímico e Consumo de Nutrientes de Tamanduás-Bandeira (Myrmecophaga tridactyla) Alimentados com Diferentes Dietas em Cativeiro./ Thais Oliveira Morgado. Cuiabá: UFMT, 2012. 61 fls. Dissertação - Mestrado em Ciências Veterinárias. Orientadora: Profª. Drª. Regina Célia Rodrigues da Paz Co-orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral 1.Nutrição. 2.Hemograma. 3.Animais Silvestres. 4.Pilosa. 5.Insetívoros. I.Título. CDU 619
3
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança - Cep: 78060900 -CUIABÁ/MT
Tel : +55 65 3615-8627 - Email : [email protected]
FOLHA DE APROVAÇÃO
TÍTULO : "Perfil hematológico, bioquímico e consumo de nutrientes de tamanduás-bandeira (Myrmecophada tridactyla) alimentados com diferentes dietas em cativeiro".
AUTOR(A) : Mestranda Thais Oliveira Morgado
Dissertação defendida e aprovada em 26/03/2012.
Composição da Banca Examinadora:
_____________________________________________________________________________
Presidente Banca / Orientador Doutor(a) Regina Célia Rodrigues da Paz
Examinador Interno Doutor(a) Rosemary Laís Galati
Examinador Externo Doutor(a) Andréa Bouer Favaro
Instituição: Universidade de Cuiabá
Examinador Suplente Doutor(a) Sandra Helena Ramiro Corrêa
CUIABÁ, 26/03/2012.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade de trabalhar com uma de suas mais
belas criações.
A Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat) pelo apoio
financeiro, crucial para o desenvolvimento do projeto e a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa
de mestrado.
Ao Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil, Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (Sorocaba/SP) e Fundação Zoo-Botânica
(Belo Horizonte/MG), pelo fornecimento das dietas dos tamanduás-bandeira e
fundamental colaboração com o projeto de pesquisa.
Ao Zoológico da UFMT, Cuiabá/MT que permitiu a realização da pesquisa
com os tamanduás-bandeira do seu plantel, colaboraborou e compreendeu todas as
particularidades desta pesquisa. Agradeço ao gerente Luiz Carlos, aos tratadores e
toda a equipe da instituição.
A minha orientadora, Profª Drª Regina Paz, que possibilitou de todas as
formas a realização desse trabalho, pela compreensão, dedicação e principalmente
por todos esses anos que me acompanhou nesse caminho de realizações
profissionais, a cada passo conquistado, me fazendo crescer e amadurecer. O meu
muito obrigado.
Ao Profº Drº Luciano Cabral, que sem hesitar, abriu as portas do Laboratório
de Nutrição Animal e me mostrou os primeiros passos dessa jornada, assim como o
Profº Drº Aulus Carciofi que há algum tempo atrás trilhou as primeiras ideias
fundamentais para essa pesquisa.
A Profª Drª Rosemary Galati, que literalmente me pegou pela mão e ganhou o
prêmio paciência do ano, me faltam palavras para agradecer tamanha a sua
importância nesse projeto. Você foi aquela que nos momentos mais difíceis, me
mostrou uma luz no fim do túnel para continuar pesquisando, brigando com os
números e sempre achando uma solução para tudo. Os animais silvestres também
te agradecem pela compreensão e abrigo no seu laboratório nos meus momentos de
intensa correria. Obrigada pela amizade e seus essenciais conhecimentos!
A Profª Drª Adriane Jorge, que sempre me acolheu no Laboratório de
Patologia Clínica, assim como a Isadora, a Laura e a Maria que também
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contribuíram de forma efetiva para essa realização e distraíram as minhas manhãs
de lentos bioquímicos.
A Profª Drª Andréa Bouer, pela compreensão e apoio.
A Profª Drª Sandra Helena, que mesmo chegando à metade do caminho, não
hesitou em carregar o peso comigo e que peso, madrugadas e mais madrugadas
compartilhadas com ou sem um excelente aroma de fezes moídas. Obrigada por
acreditar em mim e me fazer sentir o mesmo, por segurar minha mão e andar junto
comigo na luta de outro sonho que eu julgava tão distante. Tenho muito que te
agradecer, pois “basta ser sincero e desejar profundo, você será capaz de sacudir o
mundo”.
Aos meus essenciais, fundamentais e ilustríssimos “badecos”. Gabriella,
Barbarah, Melissa e Mateus vocês valem ouro. Sem vocês eu não teria conseguido
e sabem disso. São meus braços direito e esquerdo. Meus queridos e amados que
me aguentaram literalmente nos piores e bons momentos, de loucuras, broncas,
estresse, mas também me faziam sorrir quando eu mais precisava. Essa vitória é de
vocês, nunca desistam de correr atrás do sonho de vocês e de lutar pelos animais
silvestres, mesmo que seja um passo pequeno, é de pouquinho em pouquinho que
podemos contribuir e fazer a nossa parte nesse mundo tão cheio de maldade, em
cada filhote que salvamos, cada asinha que arrumamos, cada pote de água que
enchemos do bicho que tem sede. Vocês vão longe. E agradeço assim, a todos os
estagiários que contribuíram e que graças a Deus, foram muitos para serem listados
aqui.
Aos meus pais e irmãos, onde as palavras tornam-se singelas para expressar
minha eterna gratidão.
Ao Rafael “Puff”, Edivaldo e Luiz Paulo pela grande parceria.
A todos que contribuíram de alguma forma para o meu crescimento
acadêmico, profissional e pessoal.
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EPÍGRAFE
“Sonho que se sonha só,
é só um sonho que se sonha só,
mas sonho que se sonha junto,
é realidade”
Raul Seixas
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RESUMO
PERFIL HEMATOLÓGICO, BIOQUÍMICO E CONSUMO DE NUTRIENTES DE
TAMANDUÁS-BANDEIRA (Myrmecophaga tridactyla) ALIMENTADOS COM
DIFERENTES DIETAS EM CATIVEIRO
Os tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) são insetívoros e atualmente
ainda é restrito o conhecimento sobre as necessidades nutricionais desta espécie. O
presente estudo teve como objetivo verificar a influência da alimentação de
diferentes dietas formuladas para tamanduás-bandeira em cativeiro, no perfil
hematológico e bioquímico desses animais, bem como a composição e consumo de
nutrientes dessas dietas. O estudo foi conduzido com quatro tamanduás-bandeira
adultos, sendo três machos e uma fêmea, com peso médio de 40,44±2,58 kg,
mantidos no Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá
– Mato Grosso, Brasil, no período de Abril de 2011 a Julho de 2011. As dietas
utilizadas foram: Dieta 1-Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no
Brasil, Dieta 2 - Zoológico da UFMT, Cuiabá/MT, Dieta 3-Parque Zoológico Municipal
Quinzinho de Barros, Sorocaba/SP e Dieta 4-Fundação Zoo-Botânica, Belo
Horizonte/MG. O experimento foi realizado em um delineamento em quadrado latino
(DQL) 4x4. As dietas e as sobras foram analisadas quanto sua composição e,
mensalmente foi realizada a coleta de sangue dos animais para avaliação de
parâmetros hematológicos e bioquímicos. Não houve diferença significativa (P<0,05)
no perfil hematológico dos animais, permanecendo os mesmos dentro dos valores
de referencia. No perfil bioquímico houveram diferenças significativas (P<0,05) para
as variáveis de PPT, ALT e colesterol. A composição da dieta pode influenciar na
consistência das fezes e no colesterol de tamanduás-bandeira. Valores de proteína
bruta de 39,51±0,33%/MS influenciaram de maneira negativa a saúde dos animais,
quando comparados a valores de 26,54±1,27%/MS de PB.
Palavras-chave: nutrição, hemograma, animais silvestres, Pilosa, insetívoros.
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ABSTRACT
HAEMATOLOGY PROFILE, BIOCHEMIST ANALYSIS AND NUTRIENTS
CONSUMPTION IN ANTEATERS (Myrmecophaga tridactyla) FEEDING WITH
DIFFERENT DIETS IN CAPTIVITY
The Anteaters (Myrmecophaga tridactyla) are insectivorous and the knowledge about
their nutritional requirements is restricted. The objective of this study was to verify the
influence of different feeding diets formulated for Anteaters in captivity, hematology
profile and biochemistry analysis, as well as, the nutrient composition and
consumption. The study was conducted with four adult animals, three males and one
female, with 40.44 ± 2.58 kg weight average, at the Universidade Federal de Mato
Grosso Zoo (UFMT) in Cuiabá-Mato Grosso, Brazil, in the period between April to
July 2011. Diets used were: Diet 1 - Instituto de Pesquisa e Conservação de
Tamanduás no Brasil, Diet 2 - Zoológico da UFMT, Cuiabá/MT, Diet 3 - Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, Sorocaba/SP and Diet 4 - Fundação Zoo-
Botânica, Belo Horizonte/MG. The experiment was performed in Latin square (DQL)
4 x 4 delineation. The diets and the leftovers were analysed for composition. Animal
blood collection was performed monthly for biochemical and hematological analysis.
There was no significant difference (P<0.05) in hematology profiles, there remained
the same within the reference values. There were significant differences in
biochemical profile (P<0.05) for PPT, ALT and cholesterol variables. The diet
composition can influence the fecal consistency and cholesterol levels in Giant
Anteaters. The crude protein values 39.51±0.33%/MS influenced negatively the
animals’ health when compared to values 26.54 ±1.27%/MS PB.
Key-words: nutrition, CBC – Complete Blood Count, wildlife animals, Pilosa, Insectivores.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Manejo de tamanduá-bandeira (Myrmecophada tridactyla) em cativeiro,
para a alimentação durante o experimento no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-
Jul /2011.....................................................................................................................32
Figura 2. Pesagem do alimento em balança de precisão Filizola®, fornecido para os
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro no Zoológico
da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.........................................................................33
Figura 3. Sobras das dietas fornecidas para tamanduás-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla), mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
(A) Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil - DPT; (B)
Zoológico da UFMT – CBA; (C) Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros –
SORO; (D) Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte - BH....................................33
Figura 4. Pré-secagem, em estufa de circulação e renovação de ar (TE-394/2
Tecnal®), das amostras de sobras das dietas fornecidas para tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-
MT, Abr-Jul /2011.......................................................................................................35
Figura 5. Fezes dos tamanduás-bandeira (Myrmecophada tridactyla) quando
consumiam a dieta do (A) Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros – SORO;
(B) Zoológico da UFMT – CBA; (C) Instituto de Pesquisa e Conservação de
Tamanduás no Brasil – DPT e (D) Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte – BH;
mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011................40
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Componentes da dieta do Instituto de Pesquisa e Conservação de
Tamanduás no Brasil (DPT), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), mantidos em cativeiro no Zoológico
da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.........................................................................30
Tabela 2. Componentes da dieta do Zoológico da Universidade Federal de Mato
Grosso (CBA), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a tamanduás-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT,
Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011..........................................................................................30
Tabela 3. Componentes do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros,
Sorocaba/SP (SORO), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro no Zoológico
da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.........................................................................31
Tabela 4. Componentes da dieta da Fundação Zoo-Botânica, Belo Horizonte/MG
(BH), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-
MT, Abr-Jul /2011.......................................................................................................31
Tabela 5. Composição bromatológica das dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), fornecida a tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011................39
12
Tabela 6. Valores médios dos parâmetros hematológicos dos tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), alimentados com as dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul
/2011...........................................................................................................................41
Tabela 7. Valores médios dos parâmetros bioquímicos dos tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), alimentados com as dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul
/2011...........................................................................................................................42
Tabela 8. Valores médios do consumo (g/dia) das dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), pelos tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), mantidos em
cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.....................................46
Tabela 9. Valores de referência de parâmetros hematológicos para tamanduás-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro, segundo o ISIS -
International Species Information System (2002).......................................................60
Tabela 10. Valores de referência de parâmetros bioquímicos séricos para
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro, segundo o
ISIS - International Species Information System (2002).............................................61
13
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................14
2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................15
2.1 Descrição da espécie..............................................................................15
2.1.1 Hábitos alimentares em Myrmecophages...............................18
2.2 Nutrição em cativeiro e doenças nutricionais......................................19
2.3 Considerações sobre avaliação laboratorial........................................22
2.3.1 Hemograma................................................................................23
2.3.2 Bioquímico.................................,................................................25
3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................28
3.1 Local e animais........................................................................................28
3.2 Delineamento experimental....................................................................29
3.3 Alimentação e dietas...............................................................................29
3.4 Coleta e processamento de amostras...................................................34
3.5 Coleta de material biológico...................................................................35
3.6 Análises hematológicas e bioquímicas.................................................36
3.7 Controle parasitário.................................................................................37
3.8 Análise estatística....................................................................................38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................38
5. CONCLUSÃO........................................................................................................47
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................48
7. REFERÊNCIAS......................................................................................................48
APÊNDICE A.............................................................................................................60
APÊNDICE B.............................................................................................................61
14
1 INTRODUÇÃO
A nutrição tem um papel fundamental na manutenção de todos os processos
vitais ao organismo, o crescimento e a reprodução seriam inviáveis sem uma
adequada ingestão de alimentos, tanto em quantidade como em qualidade (ANGEL,
2006). Somado a isso, quando um animal apresenta-se desnutrido, manifesta
diminuição de sua imunidade, estando mais susceptível a infecções e doenças
sistêmicas (ULLREY, 1993).
A alimentação de animais silvestres em cativeiro é um desafio. Estima-se que
existam aproximadamente 50.000 espécies de vertebrados no mundo, das quais em
torno de 3.000 estão alojadas em criatórios e zoológicos. Isso dimensiona a enorme
variedade de espécies, hábitos alimentares, necessidades nutricionais, dietéticas e
comportamentais (CARCIOFI e SAAD, 2001; CARCIOFI e OLIVEIRA, 2007).
Segundo Jimeno e González (2004) tal desafio se torna maior quando se tratam de
animais com alimentações altamente especializadas, como os pertencentes à família
Myrmecophagidae, classificados como insetívoros.
Em vida livre, o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla - Linnaeus,
1758) é uma espécie extremamente seletiva, tendo como dieta natural formigas,
térmitas (cupins), ovos desses invertebrados, além de larvas de besouros e,
raramente frutos (NOWAK, 1999).
Historicamente, os membros da família Myrmecophagidae e em especial o
tamanduá-bandeira (M. tridactyla), apresentam dificuldades para serem mantidos em
cativeiro. Dentre as principais causas, os problemas nutricionais recebem destaque
associados à especificidade de seus hábitos alimentares, e ao fato de que as dietas
fornecidas em cativeiro são inadequadas e incompletas (MERITT, 1976; JIMENO e
GONZÁLEZ, 2004). O fornecimento de cupins e formigas em larga escala como
ocorre na natureza torna-se inviável como fonte única de alimentação no cativeiro.
Desse modo, diferentes formulações de dietas alternativas são utilizadas
frequentemente (WARD et al., 1995).
As alterações na saúde destes animais em virtude de desbalanceamentos na
formulação de sua alimentação tornam-se mais críticas devido a grande variação de
dietas entre zoológicos ao redor do mundo, e a ausência de padrões entre dietas
ocasiona muitas vezes a perda de indivíduos comprometendo a preservação desta
15
espécie (OYARZUN et al., 1996). O estudo sobre nutrição de animais silvestres é
escasso (CARCIOFI e OLIVEIRA, 2007), e menor ainda o conhecimento sobre as
necessidades nutricionais de espécies insetívoras, somado ao fato de que os níveis
de tolerância saudáveis de nutrientes para esses animais ainda não foram
estabelecidos (WARD et al., 1995; OYARZUN et al., 1996).
O presente estudo teve como objetivo verificar a influência da alimentação de
quatro diferentes dietas formuladas para tamanduás-bandeira em cativeiro, no perfil
hematológico e bioquímico desses animais, bem como a composição e consumo de
nutrientes dessas dietas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Descrição da espécie
A família Myrmecophagidae pertence a ordem Xenarthra, recentemente
reagrupada em duas ordens: a Cingulata representada pelos tatus e a Pilosa pelos
tamanduás e preguiças (GARDNER, 2005 apud MIRANDA, 2008). A família
Myrmecophagidae inclui os gêneros Myrmecophaga, Tamandua e Cyclopes. Dentre
esses, as espécies encontradas no Brasil incluem o tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e o
tamanduaí (Cyclopes didactylus).
O tamanduá-bandeira destaca-se por possuir o maior tamanho, medindo
entre 1 a 1,2 metros no comprimento do corpo, e cerca de 65 a 90 cm no
comprimento da cauda. Sua distribuição é descrita desde o sul de Belize e
Guatemala, oeste dos Andes, a noroeste do Equador, Colômbia, sul da Venezuela,
sudeste da Bolívia, oeste do Paraguai, noroeste da Argentina, Brasil e leste do
Uruguai. Seu habitat é diversificado, sendo descrito em florestas, cerrados, campos
abertos e pastagens, além de áreas alagadiças. O território utilizado pela espécie
varia de 12 a 25km2 (BERESCA e CASSARO, 2001; MIRANDA e COSTA, 2007).
Seu estado de conservação a nível mundial está classificado na “International Union
for Conservation of Nature” (IUCN) “red list” como “quase ameaçado”, sendo que sua
16
população encontra-se em decréscimo (IUCN, 2011). No Livro Vermelho da Fauna
Ameaçada do Estado do Paraná e Rio Grande do Sul o tamanduá-bandeira está
descrito como criticamente em perigo (AGUIAR, 2004; BRAGA, 2004), e na Lista
Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção está
enquadrado como vulnerável (ICMbio/MMA, 2011). Além de estar no apêndice II da
“Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora”
(CITES, 2010).
Dentre os principais fatores que contribuíram para o declínio das suas
populações em vida livre estão a crescente modificação dos seus ambientes
naturais, devido ao desenvolvimento de atividades agropecuárias, a caça predatória
e o ataque por cães (FONSECA et al., 1994). Além disso, segundo Silveira et al.
(1999) é o mamífero de grande porte mais afetado pelas queimadas e acredita-se
que os atropelamentos nas estradas também interfiram negativamente sobre as
populações (MIKICH e BÉRNILS, 2004).
O tamanduá-bandeira é altamente seletivo, visitando muitos cupinzeiros e
formigueiros no curso de sua alimentação, consumindo até 35.000 formigas ao dia
apreendidas pela língua (EISENBERG, 1981; NOWAK, 1999). Considerando as
diferentes composições dos insetos, tamanduás de vida livre consomem dietas que
variam entre 10 a 50% de gordura e 30 a 65% de proteína (REDFORD e DOREA,
1984), ressaltando que o exoesqueleto de formigas e cupins contém altas
quantidades de quitina, perfazendo cerca de 50 a 80% da matéria orgânica desses
invertebrados. A quitina é um polissacarídeo não amiláceo, semelhante a celulose,
constituída de nitrogênio não proteico, em geral, não podendo ser digerido por
animais não ruminantes (ALLEN, 1992). O conteúdo de nitrogênio na quitina varia de
5 a 8 %, dependendo do processo de desacetilação (SANTOS, 2004). Estudos
sobre a dieta de tamanduá-bandeira feitos em cativeiro relatam que a espécie
prefere cupins ao invés de formigas (CARVALHO e KLOSS, 1951; CARVALHO,
1966). Contudo, os estudos existentes sobre a dieta de tamanduá-bandeira em vida
livre não demonstram diferenças quanto à preferência de cupim ou formigas. A
disponibilidade de presas varia conforme a área (REDFORD, 1986; DRUMOND,
1992), incluindo a dificuldade local do tamanduá-bandeira em encontrar formigas ou
cupins durante suas atividades de forrageamento, à sazonalidade (MONTGOMERY,
1985; DRUMOND, 1992) e/ou aos diferentes protocolos de estudo. A disponibilidade
de presas pode variar geográfica e sazonalmente (MEDRI et al., 2003).
17
O baixo valor nutricional desta dieta e o pequeno tamanho da presa
predispõem a deficiências nutricionais (REDFORD e DOREA, 1984). Para adaptar-
se a esse baixo valor nutricional, esses animais desenvolveram sistemas
metabólicos cujas taxas representam apenas 33 a 60% daquelas esperadas para o
seu peso (MacDONALD, 1985). Além da baixa temperatura corporal (32 a 34ºC),
que varia com a temperatura ambiente (ROSA, 2007), possuem uma característica
anatômica diferenciada responsável por essa adaptação, representada por uma
dupla veia cava posterior e uma fina rede de vasos em cada extremidade chamada
“rete mirabile”, as quais funcionam como mecanismo de contracorrente para troca de
calor (GILLESPIE, 1993), minimizando a perda de calor para os membros e
diminuindo o gasto metabólico necessário a manutenção da temperatura corpórea
(WITHERS, 1992). Outra característica que se destaca é sua pelagem densa
possivelmente destinada a reter o calor corporal, ainda que sua área de ocorrência
seja nos trópicos (McNAB 1984, 1985). Quando dorme, o tamanduá-bandeira deixa
sua cauda sobre o corpo, conservando o calor e auxiliando em sua camuflagem
(SHAW e CARTER, 1980).
Medri (2002) em um estudo com tamanduás-bandeira de vida livre no
Pantanal da Nhecolândia, MS-Brasil, observou que a área de ocorrência dos
machos variou de 4,0 a 7,5 km2, enquanto uma exemplar fêmea teve área de
ocorrência de 11,9 km2. Além disso, os animais preferiram principalmente o cerrado
e evitaram as lagoas e o campo cerrado, e demonstraram um padrão de atividade
semelhante, sendo mais ativos durante a noite, e apresentando atividades diurnas
sob temperaturas mais amenas.
Os tamanduás-bandeira são indivíduos solitários em vida livre, somente
mantendo contato próximo nos períodos de reprodução. A gestação na espécie dura
cerca de 190 dias. Ao final da gestação nasce somente um filhote, que é
amamentado pela mãe até os 6 a 8 meses de idade quando atingem um médio
porte, porém o relacionamento da mãe e filhote perdura por quase um ano, até que
o jovem passa a ser independente. São espécies de reprodução demorada, já que
atingem a maturidade sexual apenas aos dois anos de idade tendo somente uma
cria por ano, indicando uma taxa intrínseca de crescimento populacional baixa
(NOWAK e PARADISO 1983; McNAB,1985; MIRANDA, 2007).
18
2.1.1 Hábitos alimentares em Myrmecophages
A alimentação em mamíferos geralmente e realizada em quatro estágios:
ingestão lingual, processamento da presa, transporte intraoral do alimento, e
deglutição. Myrmecophages diferem da maioria dos outros mamíferos pela relativa
importância relacionada à ingestão lingual e processamento de seu alimento. De
forma semelhante, a deglutição, que é um reflexo que envolve ações coordenadas
da língua, palato, faringe, e músculo estriado da laringe e músculo liso do esôfago,
além da perfeita sincronia necessária à coordenação das ações de alimentação e
respiração, nos tamanduás, devido ao número e extensão das modificações
orofaríngeas sugere ser um mecanismo substancialmente diferente do relatado para
outros mamíferos (REISS, 2000).
A ingestão lingual envolve a protrusão e a retração da língua destes
espécimes, somadas as funções sensoriais na detecção da presa e o mecanismo de
aquisição da presa. A orientação inicial para apreensão da presa é mediada pelo
olfato e, em algumas espécies, a eletrorrecepção também pode desempenhar esse
papel. A ausência de paladar ou de outros quimiorreceptores na ponta da língua
sugere que substâncias químicas ofereçam pistas de que não sejam fatores
importantes e que os mecanismos diferenciados de propulsão e retração da língua
dos tamanduás possibilitem a ingestão deste alimento (REISS, 2000).
O alimento composto de insetos é observado em todo o comprimento da
língua do tamanduá, sugerindo que o local de deformação da superfície da língua
que poderia exercer esta função, como é visto em outros mamíferos, não ocorre.
Porém, a saliva de Myrmecophages parece ser o fator mais provável neste
mecanismo de aquisição da presa. Ela é extremamente viscosa e as presas podem
simplesmente serem aderidas a superfície da língua. Além disso, a saliva em
Myrmecophages pode ser uma substância com função quimioatrativa às presas.
Apesar de uma grande quantidade de especulação, praticamente nada se sabe
sobre a saliva destes animais ou outras secreções glandulares. Secreções orais
podem ser importantes para neutralizar os efeitos nocivos das secreções das presas
e auxiliar na digestão da quitina presente no exoesqueleto de muitas delas (REISS,
2000).
19
Na maioria dos mamíferos, o processamento das presas envolve a
mastigação incluindo a dentição. Ausência de dentes em tamanduás, juntamente
com a presença de presa inteira no estômago, são fortes argumentos de ausência
de mastigação nestas espécies. Mesmo em Myrmecophages com dentes, como
tatus, observações de alimentação e análises de conteúdo estomacal sugerem que
a mastigação raramente ocorre. Porém, espécies como o Tatu galinha (Dasypus
novemcinctus) são insetívoros generalizados, e podem ser vistos laboriosamente
mastigando presas como insetos na natureza e no cativeiro. Estas observações
sugerem que a mastigação é desvantajosa ou não necessária para Myrmecophages.
A ausência da mastigação seria importante para a rápida ingestão das presas, além
do que defesas químicas das presas e restos de substratos, como solo, aderido ao
alimento, uma vez percebidas na mastigação, atuariam como substancias que
irritantes aos sensíveis tecidos orais destas espécies (REISS, 2000).
A língua do tamanduá-bandeira possui cerca de 61 cm. Esse animal
possui adaptações anatômicas, comportamentais e fisiológicas para esse tipo de
alimentação. A língua é longa e protrátil, o crânio alongado, glândulas salivares
desenvolvidas que possuem uma intensa secreção eliminada apenas no ato da
alimentação, ausência de dentes, e presença de garras dianteiras bastante
desenvolvidas, utilizadas na abertura de formigueiros e cupinzeiros e descritas como
sua principal arma de defesa (EISENBERG, 1981; NOWAK, 1999). Possuem ainda
uma percepção olfativa mais desenvolvida do que a visão e a audição (NOWAK e
PARADISO,1983).
2.2 Nutrição em cativeiro e doenças nutricionais
Tem sido relatada uma série de desordens em tamanduás relacionadas com
a nutrição. Desde a paresia progressiva dos membros posteriores, até a completa
paralisia flácida e hiperosteose extensiva de vértebras torácicas lombares e
coccígeas, tem sido reportados em T. mexicalis (CRAWSHAW e OYARZUN, 1996).
Sinais clínicos que foram relacionados provavelmente a intoxicação por vitamina A
ou excesso de vitamina D e ou cálcio (OYARZUN et al., 1996). Lesões similares têm
sido relatadas em tamanduás mantidos em zoológicos europeus, que consumiram
uma dieta com altos níveis de vitamina A (> 20.000 UI/kg Matéria Seca)
20
(DIERENFELD et al., 1995). Contudo, em um estudo de dieta natural para T.
tedractyla, os autores descreveram que os valores médios de vitamina A em
invertebrados como o Nasutitermes spp. eram de 24.773 UI/kg. Sendo que a maioria
dos invertebrados usados nas dietas em zoológicos apresentam níveis de vitamina A
muito baixos, alcançando 60 UI/kg (caracol) a 2400 UI/kg (minhoca, grilo)
(SULLIVAN, 2009). Necessidade de vitamina A em animais domésticos como cães e
gatos alcançam de 5 a 10000 UI/kg MS (NRC, 2006).
Outros problemas nutricionais, incluindo a deficiência de vitamina K e fezes
líquidas, são provavelmente causados por altos níveis de cereais e produtos
contendo lactose na dieta, apresentam ainda quadros de constipação causados pela
carência de fibra e problemas na língua, descritos em tamanduás mantidos em
zoológicos europeus e americanos (MORFORD e MEYERS, 2003). Similar a gatos
domésticos, baixas concentrações de taurina no sangue e no plasma tem sido
associados com cardiomiopatia dilatada em tamanduá-bandeira e usadas como
indicador de diagnóstico primário (WILSON, 2003; AGUILAR et al., 2002). Níveis
totais de taurina abaixo de 300 nmol/ml (nível normal = 300 a 600 nmol/mol) e níveis
plasmáticos abaixo de 60 nmol/ml (60 a 120 nmol/ml) podem ser associados à
presença de cardiomiopatia em tamanduá-bandeira. O uso de ração de cachorro
como item na alimentação tem sido relacionado a esse quadro, pela ausência de
taurina em sua composição. Cães, ao contrário de gatos não requerem taurina na
sua dieta, pois eles adquirem a taurina através de aminoácidos contendo enxofre.
Similarmente sinais clínicos de deficiência de taurina têm sido demonstrados por
tamanduás jovens quando alimentos com leite sucedâneo de cão e gato. A
deficiência de vitamina K em tamanduás tem sido descrita em animais alimentados
com formigas e cupins, quando não suplementados, possuindo a tendência a ter
problemas hemorrágicos, especialmente quando submetidos a tratamentos com
antibióticos (MERRITT, 1975; AGUILAR et al., 2002; MIRANDA, 2008; VALDES e
SOTO, 2012).
Em um estudo retrospectivo sobre a incidência das enfermidades clínicas que
acometem tamanduás das espécies tamanduá-bandeira (M. tridactyla) e tamanduá-
mirim (T. tetradactyla) mantidos em cativeiro na Fundação Parque Zoológico de São
Paulo (FPZSP) – Brasil demonstrou que, a maioria das doenças estava associada
com o manejo alimentar inadequado. Nos resultados obtidos, das 200 desordens
clínicas registradas de um total de 103 animais, em um intervalo de análise de 23
21
anos, 26% acometiam o sistema digestivo e 20% ocorreram devido a deficiências
nutricionais (DINIZ et al., 1995). Miranda et al. (2004), em estudo semelhante na
mesma instituição, compilou dados de necropsias de 74 M. tridactyla no período de
1964-2003, e descreveu a caquexia ou deficiência nutricional como causa de morte
em 22,97% dos animais. Em outro estudo sobre afecções de tamanduás-bandeira
mantidos em cativeiro em 19 instituições dos Estados Unidos e da Europa, de 107
indivíduos acometidos, 18% foram diagnosticados com deficiência de vitamina K e
17% com constipação devido à falta de fibras na dieta fornecida (MORFORD e
MEYERS, 2003).
Na FPZSP – Brasil, a formulação da dieta para Myrmecophaga e Tamandua
consiste na mistura de leite de soja, ração comercial para cão, ovos, carne bovina,
frutas e suplementos vitamínico-minerais (BERESCA e CASSARO, 2001) e no
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PZMQB), Sorocaba – SP, além
dos itens já citados, a instituição inclui coalhada (iogurte) e terra de cupinzeiro. A
dieta sugerida por Miranda (2006) para M. tridactyla adultos, possui em sua
composição ração comercial para gatos, farinha de soja, banana, mamão, beterraba,
cenoura, ovo cozido e suplementação vitamínica. Diferentemente, no Zoológico de
Rosário – Argentina utiliza-se alimento comercial para bebês humanos, leite de
baixa lactose, além de gema de ovo, banana, mamão e suplementos vitamínico-
minerais. Já a fórmula administrada no Disney Animal Kingdom, na Florida – EUA,
utiliza como base a ração comercial para primatas e gatos, maça, manga e tenébrios
(Tenebrio molitor) (JIMENO e GONZÁLEZ, 2004).
Ward et al. (1995), estudando formulações de dietas para tamanduá-mirim (T.
tetradactyla) em zoológicos brasileiros, demonstraram que, em geral, as dietas com
base em sua matéria seca, têm um valor nutricional baixo, e possivelmente são
deficientes em um ou mais nutrientes, incluindo proteínas, vitaminas e minerais, em
relação a uma gama de nutrientes necessários para espécies da ordem Carnívora.
Além disso, cada instituição utilizava um tipo diferente de ração comercial para cães
com composições distintas, havendo então, uma alteração significativa na
composição final da dieta. Conforme os mesmos autores, a dieta oferecida no
FPZSP, apresentava-se possivelmente excessiva em gordura, com cerca de 18%,
da mesma forma que em levantamentos em outros zoológicos pesquisados, que
demonstraram taxas de 16%, se comparados a um limite indicado próximo de 9%.
22
Nesse mesmo estudo, os níveis de vitamina E, niacina, vitamina B12, biotina,
sódio e cobre foram baixos na formulação do Zoológico de São Paulo, em relação à
média de outras instituições. Em trabalho semelhante, Nucci (2007) realizou a
avaliação e determinação da composição nutricional de dietas para tamanduás-
bandeira fornecidas por 13 instituições Zoológicas localizadas na América do Norte,
América do Sul e Europa. Os resultados mostraram que 35,7% das dietas
analisadas continham baixos níveis de proteínas (25,94 ± 6,06 %) e elevados níveis
de gordura (acima de 21%). Além disso, a maioria das formulações estudadas
apresentou algum tipo de deficiência mineral, com baixos níveis de vitamina K e
elevados níveis de vitamina A e D.
Diversos são os questionamentos a respeito de uma formulação adequada
para a espécie. Embora, historicamente, as dietas para os mamíferos insetívoros
têm incluído o leite (MERRITT, 1975), seu uso, bem como a de produtos lácteos, é
questionado para indivíduos adultos insetívoros, já que à medida que envelhecem, a
enzima lactase diminui sua função, por conseguinte, determinando a diminuição da
capacidade para digerir lactose e aumentando a incidência de distúrbios
gastrointestinais (WARD et al., 1995). Outra discussão ocorre acerca do uso de
carne crua na dieta, e algumas instituições norte-americanas e europeias condenam
a sua utilização na formulação pelo risco de contaminação por bactérias
patogênicas, como Salmonella spp. e alguns parasitos (MORFORD e MEYERS,
2003).
2.3 Considerações sobre avaliação laboratorial
Vale ressaltar, em se tratando de uma espécie silvestre, que na interpretação
dos exames laboratoriais é essencial analisá-los de forma a caracterizar valores
regionais, pois esses dados não consideram condições ambientais, fatores
fisiológicos, sazonais, estado nutricional, manejo e idade do animal (ALMONSY e
MONTEIRO, 2007).
Os valores hematológicos, incluindo os constituintes séricos, para Xenarthra
são similares aos apresentados para outros mamíferos. Uma particularidade do
tamanduá-bandeira é o tamanho do eritrócito, comparativamente maior que o de
23
outros mamíferos (DIVERS, 1986). Segundo Satake (2002) em seu estudo sobre o
hemograma e constituintes bioquímicos do sangue de tamanduás-bandeira de vida
livre e cativeiro, animais de vida livre apresentam alterações no hemograma e
bioquímica sérica em decorrência do estresse provocado pela captura, restrição
física e transporte. Nessa mesma pesquisa, foi possível concluir que não se
observam diferenças entre sexos para valores hematológicos e bioquímicos séricos
para tamanduás-bandeira.
Essa espécie apresenta concentrações séricas normalmente baixas de
albumina e os proteinogramas séricos constatados pelo traçado eletroforético em
SDS-PAGE (gel de poliacrilamida contendo dissulfato de sódio) revelaram uma
diversidade de proteínas mais extensas do que as relatadas para animais
domésticos. Além de indicar diferenças da densitometria das proteínas séricas de
animais de vida livre e cativeiro, possivelmente em função do manejo nutricional e
ambiente (SATAKE e FAGLIARI, 2006).
2.3.1 Hemograma
O hemograma é composto por dois tipos de exames: o eritrograma, no qual
são avaliados os eritrócitos sanguíneos ou hemácias e o leucograma, que analisa os
leucócitos, que são as células de defesa do sangue. Sendo esse, o principal exame
de triagem, que auxilia no diagnóstico de enfermidades e possibilita o
monitoramento de animais aparentemente sadios (ALMONSY e MONTEIRO, 2007).
O eritrograma pode ser dividido em contagem do número de hemácias,
concentração de hemoglobina, porcentagem de hematócrito e determinação dos
índices hematimétricos (volume corpuscular médio e concentração corpuscular
média) JAIN (1993). Parâmetros diminuídos do eritrograma indicam anemia
(LATIMER et al., 2003). A hemoglobina é uma proteína conjugada, composta por
uma proteína simples, a globina, e um núcleo, o heme, cujo principal componente
químico é o ferro (JAIN, 1993; GARCIA-NAVARRO e PACHALY, 1994). A medida da
concentração de hemoglobina é a avaliação mais comum da situação nutricional do
organismo. Carência de proteína pode interferir na biossíntese de hemoglobina,
resultando em anemia. Condições que ocorrem em animais submetidos a perdas de
24
proteínas séricas importantes ou inadequada ingestão ou digestão proteica (COLES,
1984; ETTINGER, 1992; JAIN, 1993; SZARFARE et al., 1995).
Hematócrito ou volume globular (VG) é a porcentagem de hemácias do
sangue, células transportadoras de hemoglobina (LATIMER et al., 2003). O volume
corpuscular médio (VCM) é a média dos volumes eritrocitários mensurados
individualmente (STOCKHAM e SCOTT, 2011), ou seja, se refere ao tamanho do
eritrócito, que pode diminuir pela deficiência de ferro, ácido fólico, niacina (THRALL,
2007). Os índices eritrocitários VCM e CHCM (concentração de hemoglobina
corpuscular média) interpretados juntamente com a morfologia da hemácia avaliam
o grau de anemia. Os seguintes fatores podem influenciar a concentração e a
composição dos eritrócitos: espécie, sexo, gestação, lactação, idade, nutrição e
devem ser considerados ao interpretar dados experimentais e clínicos (COLES,
1984; JAIN, 1993; LATIMER et al., 2003; SWANSON et al., 2004).
A eritropoiese necessita de células precursoras, microambiente e nutrientes
como as vitaminas do complexo B e minerais como o ferro (JAIN, 1993; LATIMER et
al., 2003), proteínas e lipídios (GARCIA-NAVARRO e PACHALY, 1994). Deficiências
vitamínico - minerais podem conduzir à anemia (JAIN, 1993), especialmente aquelas
causadas por deficiência de vitamina B12, ácido folico, niacina, vitamina E, selênio,
cobre e cobalto (SZARFARE et al., 1995). Para Val Bicalho e Carneiro (2002), as
vitaminas riboflavina (B2), niacina, piridoxina (B6), ácido fólico, tiamina e a vitamina
B12 são essenciais à perfeita nutrição de um animal.
Já no leucograma, neutrófilos segmentados, monócitos, eosinófilos, basófilos
e linfócitos são células que participam das barreiras de defesa orgânica dos
mamíferos, e tem sua função e forma cinética de atuação independentes (DUNCAN
e PRASSE, 1982; LATIMER et al., 2003). Os granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e
basófilos, e agranulócitos monócitos são produzidos na medula óssea por um
processo de proliferação e de maturação celular. Os agranulócitos linfócitos são
produzidos em órgãos linfóides (JAIN, 1993).
Os neutrófilos são produzidos na medula óssea e distribuídos na corrente
sanguínea na forma de neutrófilos segmentados, representam a primeira linha de
defesa celular contra doenças microbianas associada a três importantes
características que são a aderência, quimiotaxia e fagocitose (LOPES et al., 1996).
A forma imatura desta célula é representada por um pequeno número de neutrófilos
bastonetes (JAIN, 1993). Alguns estudos demonstram fortemente a interferência de
25
quadros de nutrição deficiente alterando significativamente a atuação de neutrófilos
e diminuindo suas funções de defesa quando itens como cobre, cobalto, selênio,
molibdênio, tiamina e enxofre estão ausentes em uma dieta (ANDREASEN e ROTH,
2000).
Os linfócitos apresentam ampla variedade de funções no sistema imunitário
(ETTINGER e FELDMAN, 2004). De acordo com o mecanismo de ação no processo
imunológico os linfócitos são chamados de “linfócito T” (imunidade celular) e
“linfócito B” (imunidade humoral). A diferenciação entre os tipos de linfócitos pode
ser feita por diferentes técnicas dentre as quais estão a imunogenética, a
microscopia eletrônica e a citoquímica (LOPES et al., 1996), não sendo
diferenciados pela microscopia óptica de rotina.
Os monócitos e macrófagos são células envolvidas na fagocitose e morte de
agentes como bactérias, vírus, fungos e protozoários (ETTINGER e FELDMAN,
2004). Já os eosinófilos são produzidos e liberados em infecções parasitárias e
processos alérgicos. Há a interação de linfócitos, mastócitos, basófilos e eosinófilos.
Neste processo os linfócitos T e os mastócitos produzem eosinofilopoietina agindo
na medula óssea e aumentando a formação de eosinófilos (WILLARD et al., 1994).
Possuem ainda características parasiticidas que dependem de anticorpo ou
complemento (DUNCAN e PRASSE, 1982) e são atraídos aos tecidos lesionados
por produtos de mastócitos e linfocinas. Mastócitos e linfócitos reconhecem
alérgenos ou parasitas nos tecidos, agindo como indicadores iniciais destas
infecções (WILLARD et al., 1994).
Os basófilos parecem exercer um papel importante nas reações de
hipersensibilidade imunomediada, especialmente por conterem proteoglicanos e
histamina (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
2.3.2 Bioquímico
O tipo de dieta e a frequência com que o animal a recebe podem interferir
diretamente em seu metabolismo, refletindo em alterações de seus parâmetros
bioquímicos (CASE et al., 1998), fundamentais ao diagnóstico de possíveis
distúrbios metabólicos.
26
Dessa maneira, a qualidade nutricional de uma dieta influencia os níveis de
proteína plasmática (KANEKO et al., 1997). Anemias, hipoproteinemias e
hipoalbuminemias são essencialmente geradas por deficiências proteicas na dieta
de um animal (SZARFARE et al., 1995; KANEKO et al., 1997). Quadros assim
ocorrem tanto por deficiência quantitativa como qualitativa destas proteínas
(MURRAY et al., 1998).
A análise dos níveis de proteínas plasmáticas é um importante indicativo de
avaliação do estado nutricional de um animal. Elas são fontes proteicas facilmente
disponíveis no organismo e possibilitam conhecer uma variedade de informações
sobre o estado geral do metabolismo proteico de um indivíduo. Ainda, a capacidade
hepática de utilização de aportes de proteína de uma dieta, apontam o fígado como
órgão importante na utilização destas proteínas, tendo como característica uma
variação continua neste processo em função dos padrões de consumo alimentar e
de metabolismo (COLES, 1984). Este órgão é ainda responsável pela síntese de
proteínas plasmáticas sensíveis as alterações de dietas, e ligadas a quadros de
hipoproteinemia e hipoalbuminemia (LOPES et al., 1996).
O estado nutricional de um animal está diretamente relacionado com os níveis
de síntese proteica no fígado, especialmente com os níveis de proteína e de
vitamina A e com a funcionalidade hepática (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2003).
Globulinas, albumina e fibrinogênio são proteínas plasmáticas. A resposta imune é
modulada pela presença de globulinas. O fibrinogênio está ligado à coagulação,
através de sua transformação em fibrina. Neste processo o soro obtido é utilizado
para dosagens de albumina, globulinas e proteínas totais. Quando amostras de
sangue são colhidas em meio anticoagulante, a partir do plasma também é possível
a dosagem de proteínas plasmáticas totais (PPT) e fibrinogênio (COLES, 1984;
LOPES et al, 1996; CUNNINGHAM, 2004).
As exigências proteicas de um animal variam conforme espécies, idade e
necessidades fisiológicas, valores esses desconhecidos para tamanduás-bandeira
(WARD et al., 1995; OYARZUN et al, 1996). Indivíduos adultos e saudáveis
equilibram a entrada e a perda de níveis de nitrogênio de uma dieta. Quadros de
hipoproteinemia acabam ocorrendo ainda nas deficiências nutritivas consequentes a
síndromes de má absorção ou digestão e em fases de lactação (THOMAS, 2000).
A proteína de menor peso molecular é a albumina, proteína plasmática de
maior frequência. Em animais sadios representa 40 a 60% da concentração total das
27
proteínas séricas (COLES, 1984; BACILA, 2003). Sua concentração sérica permite
concluir sobre níveis proteicos de dietas. Concentrações séricas baixas indicam
deficiências proteicas (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2003). A elevação dos níveis de
albumina é pouco frequente (WILLARD et al.,1994), e a hiperalbuminemia pode
estar associada a desidratação (LATIMER et al., 2003). Enquanto que, de maneira
geral, a composição da dieta não afeta a concentração de globulinas, salvo quando
há uma restrição extrema de proteína na dieta (THOMAS, 2000).
A ureia é sintetizada no fígado, representando o principal produto final do
catabolismo proteico. Tal substancia normalmente não desempenha nenhuma
função útil no organismo, sendo excretada quase inteiramente pelos rins (COLES,
1984). Fisiologicamente, o nível sanguíneo de ureia está aumentado quando a dieta
é muito rica em proteínas, sendo este um fator extra-renal que interfere na
concentração sérica, sendo indicador de ingestão proteica (COLES, 1984; LOPES et
al., 1996; KANEKO et al., 1997). A determinação da ureia em fluidos biológicos é um
importante parâmetro para diagnósticos clínicos do funcionamento renal, além de
ser um dos indicativos da condição nutricional dos animais (LOPES et al., 1996;
LUCA e REIS, 2001; GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2003; OLIVEIRA et al., 2005).
De maneira geral, a avaliação da bioquímica sérica permite detectar várias
anormalidades hepáticas, desde lesões em hepatócitos até alterações nas funções
hepáticas e renais dos diferentes espécimes (LATIMER et al., 2003). As
concentrações das enzimas hepáticas aumentam na circulação à medida que são
liberadas pelas células de origem, essas liberações ocorrendo em várias situações
como inflamação, degeneração celular e necrose celular (LOPES et al., 1996).
A alanina aminotransferase (ALT) é utilizada no diagnóstico de lesão de
hepatócito e necrose hepática (KANEKO et al., 1997). A concentração elevada de
ALT no soro vem ser interpretada conjuntamente com outros sinais clínicos
(SWANSON et al., 2004). Já a aspartato aminotransferase (AST), enzima localizada
nas mitocôndrias, é utilizada no diagnóstico de doenças hepáticas e musculares dos
animais domésticos (KANEKO et al., 1997).
A fosfatase alcalina (FA) é uma enzima (glicoproteína) de membrana. A
elevação da concentração de FA no sangue pode ocorrer normalmente em animais
em fase de crescimento ósseo e devido às patologias que lesem os ductos
hepáticos, como a colestase intra e extra-hepáticas (LOPES et al., 1996).
28
O colesterol é um lipídio plasmático sintetizado e catabolizado no fígado. É
precursor dos hormônios esteróides, da vitamina D e dos ácidos biliares entrando
também na constituição da membrana celular (GLEW, 2002). Fatores que alteram
sua concentração plasmática são: exercícios, dieta e ciclo reprodutivo (LATIMER et
al., 2003; GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2003). O colesterol é excretado pela bile, na
forma de ácidos biliares, ou na urina, na forma de hormônios esteroides
(GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2003).
Alguns componentes ou fatores dietéticos têm sido associados à redução dos
excessos de colesterol no organismo, por exemplo, ácidos graxos monoinsaturados,
ácidos graxos poliinsaturados Ômega 3 e Ômega 6, flavonóides, vitaminas e
minerais com ação antioxidante (A, C, E, Se), ligninas, e um elevado consumo de
frutas, verduras e alimentos integrais (MOREIRA et al., 2006; NAGAO e YANAGITA,
2008).
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local e animais
O estudo foi conduzido com quatro tamanduás-bandeira adultos (T1, T2, T4 e
T5), sendo três machos e uma fêmea, respectivamente, com peso médio de
40,44±2,58 kg, mantidos no Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT), em Cuiabá – Mato Grosso, Brasil, no período de Abril de 2011 a Julho de
2011. Todos os procedimentos neste experimento foram aprovados pelo Comitê de
Ética em Pesquisa Animal – CEPA/UFMT e pelo Sistema de Autorização e
Informação em Biodiversidade / Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade / Ministério do Meio Ambiente SISBIO/ICMbio/MMA.
29
3.2 Delineamento experimental
O experimento foi realizado em um delineamento em quadrado latino (DQL)
4x4 (quatro tratamentos e quatro períodos ou repetições). No DQL cada animal
(Tamanduás-bandeira: T1, T2, T4 e T5) recebeu um dos tratamentos (Dietas:
D1/DPT, D2/CBA, D3/SORO e D4/BH) em cada um dos períodos. Cada período
experimental teve a duração de aproximadamente 30 dias consecutivos, sendo 17
dias para adaptação às dietas. No 18º dia era iniciada a coleta de sobras de
alimentação até a obtenção da quantidade necessária de amostras por animal, ou
seja, de quatro a cinco amostras de sobras viáveis para cada animal por período.
Modelo matemático DQL:
xijk = m + lj + ck + ti + eijk
Onde:
- xijk: valor observado na parcela que recebeu o tratamento i na linha j e
coluna k;
- m: média da população;
- lj : efeito da linha j;
- ck: efeito da coluna k;
- ti: efeito do tratamento i;
- eijk: efeito dos fatores não controlados na parcela.
3.3 Alimentação e dietas
As formulações das dietas fornecidas foram autorizadas pelas seguintes
instituições: Dieta 1 (DPT) - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no
Brasil, Dieta 2 (CBA) - Zoológico da UFMT, Cuiabá/MT, Dieta 3 (SORO) Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, Sorocaba/SP e Dieta 4 (BH) Fundação
Zoo-Botânica, Belo Horizonte/MG, conforme as Tabelas de 1 a 4, respectivamente.
As quantidades dos ingredientes foram proporcionalmente ajustadas para a
obtenção de porções individuais para cada tamanduá-bandeira, mantido isolado em
um recinto. Os itens das dietas eram pesados diariamente em balança de precisão e
30
as dietas preparadas em liquidificador industrial (Poli® e Metvisa®) até adquirir uma
consistência pastosa. Com exceção da dieta BH, em que previamente era realizada
a mistura dos componentes em pó em um recipiente, homogeneizados
adequadamente, pesados 633g desse composto, o qual era adicionado aos outros
ingredientes e fornecido como dieta.
Tabela 1. Componentes da dieta do Instituto de Pesquisa e Conservação de
Tamanduás no Brasil (DPT), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), mantidos em cativeiro no Zoológico
da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
Alimento Quantidade/MN* Água filtrada 1,4 Litros Mamão sem casca 220 g Banana sem casca 170 g Cenoura ralada 300 g Beterraba ralada 400 g Ovo de galinha cozido 2 Unidades Coração bovino moído 170 g Fígado bovino moído 320 g Ração de gato moída 130 g Farelo de soja 120 g * Em base de Matéria Natural.
Tabela 2. Componentes da dieta do Zoológico da Universidade Federal de Mato
Grosso (CBA), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a tamanduás-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT,
Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
Alimento Quantidade/MN* Leite de vaca líquido 3 litros Farinha de carne e ossos 242,5 g Farelo de soja 135 g Papinha Desmame Cães Premier® 82,5 g * Em base de Matéria Natural.
31
Tabela 3. Componentes do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros,
Sorocaba/SP (SORO), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro no Zoológico
da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
Alimento Quantidade/MN* Água filtrada 2 Litros Coalhada 500 mL Banana com casca 200 g Ovo de galinha cozido 2 Unidades Coração bovino moído 200 g Fígado bovino moído 100 g Ração cachorro moída 175 g Leite de soja 100 g Terra de cupinzeiro 125 g Sustagen® 18,75 g Aminomix pet® 50 g * Em base de Matéria Natural.
Tabela 4. Componentes da dieta da Fundação Zoo-Botânica, Belo Horizonte/MG
(BH), utilizada no experimento em DQL 4x4, fornecida a tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-
MT, Abr-Jul /2011.
Alimento Quantidade/MN* Água filtrada 2,4 Litros Banana sem casca 445,5 g Mamão sem casca 553,5 g Ovo de galinha cozido 3 Unidades Coração bovino moído 253,5 g Mistura pronta em pó 633g
Mistura em pó Quantidade Ração cachorro moída 1000 g Casca de soja 610 g Leite de vaca em pó 115 g Leite de soja em pó 115 g Linhaça 53 g Calcário calcítico 20 g * Em base de Matéria Natural.
32
Verduras e frutas utilizadas no preparo da dieta, depois de lavadas com água
e sabão detergente, eram colocadas em solução de ácido acético na proporção de
20 mL para 1 Litro de água por 30 minutos, e em seguida picadas e pesadas
conforme cada dieta. As rações comerciais de gato e cão, o coração e fígado bovino
foram moídos em picador de carne (CAF 16®) para posterior pesagem, visando
facilitar a homogeneização da dieta no liquidificador.
Conforme o sorteio estatístico do DQL, cada dieta era distribuída para o
respectivo tamanduá-bandeira uma vez ao dia ao final da tarde ad libitum (Figura 1).
Houve o cuidado de fornecer a cada tamanduá-bandeira uma quantidade a mais da
dieta do que era seu consumo normal, visando haver sobras na vasilha, mantendo-
se as mesmas proporções dos ingredientes até que fosse estabelecida uma
quantidade mínima de alimento fornecido para cada animal. Durante o período de
estudo, os animais foram colocados em recintos individuais para serem realizadas
as análises de consumo.
Figura 1. Manejo de tamanduá-bandeira (Myrmecophada tridactyla) em cativeiro, para a
alimentação durante o experimento no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
Ao longo de todo experimento, diariamente, as quantidades de dietas
fornecidas e de sobras foram pesadas em balança de precisão Filizola® (Figura 2).
Monitorou-se a presença de roedores, pássaros, ou outros animais que
eventualmente poderiam ter influenciado o consumo da dieta pelos tamanduás-
33
bandeira do experimento. O registro desses dados foi feito em ficha diária de
observação. O consumo diário foi calculado pela subtração da quantidade de
alimento ofertado pela quantidade de sobras (Figura 3) em base de matéria seca.
Figura 2. Pesagem do alimento em balança de precisão Filizola®,
fornecido para os tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
Figura 3. Sobras das dietas fornecidas para tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla),
mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011. (A) Instituto de
Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil - DPT; (B) Zoológico da UFMT – CBA; (C)
Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros – SORO; (D) Fundação Zoo-Botânica de
Belo Horizonte - BH.
34
3.4 Coleta e processamento de amostras
As sobras de cada alimentação, quando retiradas do recinto do animal eram
verificadas quanto à presença insetos, folhas e outros possíveis contaminantes que
eram cuidadosamente retirados com pinça. Em seguida a sobra era novamente
homogeneizada para a obtenção de uma amostra representativa que era
armazenada em vasilha de alumínio com tampa, identificada e congelada em freezer
a -4ºC, durante todo o período de coleta. As amostras de cada dieta foram coletadas
de maneira a evitar a sedimentação dos ingredientes no liquidificador, ou seja, era
realizada uma coleta do total do conteúdo para só depois de congelado fracioná-lo
para a pré-secagem.
Ao final de cada período, as amostras de sobras e dietas foram pré-secas em
estufa de circulação e renovação de ar (TE-394/2 Tecnal®) a 60 ± 5°C por 72 horas
(Figura 4) e moídas em micromoinho (MA-048 Marconi®), de rotor vertical com facas
móveis e fixas, com peneira de perfuração de 1 mm (SILVA e QUEIROZ, 2002).
Para formar as amostras compostas de sobras por período para cada animal,
tomou-se como base o peso total de cada sobra na vasilha do animal em base de
matéria seca e foram proporcionalmente, conforme uma mesma porcentagem,
misturadas e homogeneizadas para a análise (MIZUBUTI et al., 2009).
As análises químicas das dietas incluíram: determinação da matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM), de acordo
com Silva e Queiroz (2002). Os carboidratos totais (CT) foram estimados pela
seguinte equação CT = 100 – (%PB + %MM + %EE), de acordo com Sniffen et al.
(1992). Nas amostras compostas de sobras realizaram-se apenas MS e MM.
35
Figura 4. Pré-secagem, em estufa de circulação e
renovação de ar (TE-394/2 Tecnal®), das amostras de
sobras das dietas fornecidas para tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), mantidos em cativeiro no
Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
3. 5 Coleta de material biológico
Ao final de cada período experimental, os quatro tamanduás-bandeira (T1, T2,
T4 e T5), após jejum de 12 horas, foram submetidos a contenção física com puçá e
posterior contenção química. A dose anestésica foi calculada baseada no peso
obtido de cada animal no mês anterior e o protocolo adotado no mês de Abril de
2011 foi a associação do Cloridrato de Cetamina 10% (10mg/kg) e Cloridrato de
Xilazina 2% (1mg/kg) por via intramuscular. Nos meses de Maio a Julho-2011, o
protocolo adotado para contenção química foi a associação do Cloridrato Tiletamina-
Zolazepam 5% (3-4mg/kg) também por via intramuscular. Após o período de indução
anestésica, os animais eram conduzidos ao ambulatório e mantidos sob anestesia
36
inalatória com Isoflurano, através de vaporizador universal durante o procedimento.
A mudança de protocolo anestésico deveu-se a dificuldade na coleta de amostras
adequadas de sangue dos tamanduás-bandeira. Tal dificuldade foi atribuída aos
efeitos hipotensores e cardiopulmonares característicos do Cloridrato de xilazina
(MUIR, 2001). Uma vez em plano anestésico foram monitorados a frequência
cardíaca, frequência respiratória, presença de reflexos, grau de relaxamento
muscular e temperatura corporal de todos os animais.
Cada tamanduá-bandeira era pesado e avaliado clinicamente conforme seu
escore corporal, coloração das mucosas, presença de ectoparasitas e estado geral.
A coleta de sangue foi feita através de mais de uma venopunção da veia
cefálica, utilizando-se seringa descartável de 5ml e agulha 25x7, visto que uma
seringa de maior volume não viabilizava a realização de outros exames, como o
tempo de coagulação para um outro projeto de pesquisa. O sangue coletado foi
dividido em três amostras em tubos diferentes sendo 3 mL em tubo com ácido
etilenodianminotetraacético a 10% (EDTA), 6 mL em tubo sem anticoagulante e 3
mL em tubo com EDTA fluoretado, segundo a analise hematológica a que se
destinava.
3.6 Análises hematológicas e bioquímicas
Amostras de sangue colhidas em tubos com EDTA foram utilizadas para a
execução do hemograma (eritograma e leucograma), conforme Kaneko et al. (1997),
sendo esse exame e a contagem de plaquetas processadas logo após a coleta. A
hematimetria, a contagem de plaquetas e a leucometria total de células foi realizada
por contagem manual em câmara de Neubauer. A contagem diferencial de
leucócitos e a avaliação da morfologia dos eritrócitos, dos leucócitos e das plaquetas
foram feitas através de esfregaços sanguíneos, corados pelo método Romanowsky
(JAIN, 1993), com corante hematológico instantâneo. O volume globular foi obtido
pela técnica de microhematócrito. A hemoglobina foi determinada pelo método de
cianometahemoglobina. O volume corpuscular médio (VCM) e a concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM) foram obtidos a partir de equações
37
matemáticas (LASSEN e WEISER, 2007). A proteína plasmática total (PPT) foi
obtida através de refratometria (TRHALL, 2007).
Já as amostras de sangue colhidas com EDTA fluoretado e sem
anticoagulante foram centrifugadas dentro de até 1 hora após a coleta. Alíquotas do
sobrenadante dessas amostras (2 mL) foram mantidas a 8ºC e analisadas no prazo
máximo de 24 horas, sendo utilizado o plasma coletado com EDTA fluoretado para
as análises de glicose e o soro para as análises de colesterol e triglicerídeos. O
restante das amostras de soros obtidos para as outras provas bioquímicas fora
mantido em microtubos, conservados a -20°C e descongelados naturalmente em
ambiente climatizado com temperatura próxima a 25°C, apenas no momento de
execução do teste.
As dosagens bioquímicas foram realizadas através do uso de reagentes
comerciais (Analisa®) e lidas por espectrofotometria no aparelho de bioquímica
semi-automático (CELM® SB-190). Os testes bioquímicos de glicose, colesterol e
triglicerídeos foram realizados pelo método enzimático colorimétrico. A uréia, a
alanina aminostransferase (ALT) e a aspartato aminotransferase (AST) foram
determinados pelo método cinético ultravioleta (UV). Já para a creatinina e a
fosfatase alcalina (FA), foi utilizado o método cinético colorimétrico. A dosagem das
proteínas totais no soro foi determinada pelo método colorimétrico – Biureto, e a
albumina sérica foi determinada pelo método colorimétrico. Além disso, a dosagem
de globulina foi obtida pelo resultado da subtração entre as proteínas totais e a
albumina, conforme Lassen e Weiser (2007).
3.7 Controle parasitário
Como medida complementar a sanidade dos animais, no mês de Janeiro de
2011, os animais foram tratados com 8g/animal de Mebendazole 5% Vetnil® em pó
diluído em 250 mL de leite/animal, antes da alimentação, para o controle de
endoparasitas. A dose utilizada foi de 400mg independente do peso, uma vez ao dia,
por 10 dias consecutivos (DINIZ, 2001). No mês seguinte, durante os procedimentos
de contenção química, foram coletadas fezes através de lavagem retal com solução
fisiológica e glicerina, para novo exame copro-parasitólogico. Além disso, os
38
ectoparasitas foram controlados com Ivermectina 1% (0,2 mg/kg, subcutâneo)
(VIANA, 2007).
A partir de Janeiro de 2011 até o final do experimento, em Junho de 2011,
amostras de fezes frescas de todos os animais foram coletas em intervalos mensais
para exame coproparasitólogico através da técnica de flutuação de Willis-Molay
(HOFFMAN, 1987).
3.8 Análise estatística
Os dados obtidos das análises da composição dos diferentes tratamentos
dietéticos, concomitantemente com os resultados hematológicos/bioquímicos dos
animais foram tabelados e analisados conforme o modelo matemático do
delineamento em quadrado latino (DQL) 4x4. Para tal, foi utilizado o Teste F de
análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey ao nível de significância de 5%, pelo
do programa SAEG – Sistema de análises estatísticas e genéticas (UFV, 2001).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise da composição das dietas Dieta 1 (DPT) - Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil, Dieta 2 (CBA) - Zoológico da UFMT,
Cuiabá/MT , Dieta 3 (SORO) Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros,
Sorocaba/SP e Dieta 4 (BH) Fundação Zoo-Botânica, Belo Horizonte/MG estão
descritas na tabela 5.
39
Tabela 5. Composição bromatológica das dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), fornecida a tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
DIETA MS MM EE PB CT
% %MS
DPT 14,52 6,58 20,03 39,74 33,65 CBA 18,91 10,30 23,28 39,28 27,15 BH 18,57 6,78 19,19 25,64 48,39
SORO 25,85 25,01 19,16 27,44 28,39 MS=Matéria Seca; MM=Matéria Mineral ou Cinzas; EE=Extrato Etéreo; PB=Proteína Bruta;
CT= Carboidratos Totais.
Morford e Meyers (2003) realizaram um levantamento sobre as composições
das dietas e manejos de tamanduás-bandeira em 21 instituições zoológicas
americanas e europeias, observando redução ou eliminação do uso de iogurte como
parte da dieta, devido à alteração da consistência das fezes em função do possível
excesso de lactose no trato gastrointestinal dos animais. Com o uso da dieta de
SORO que continha 38,40% de coalhada em sua composição, não foi observada
nenhuma alteração quanto à consistência das fezes dos animais. Mas, na dieta de
CBA, composta por 87,04% de leite de vaca, foi nítida a presença de fezes líquidas
nos animais quando a consumiam, além da presença de gases no trato
gastrointestinal, observado através de ultrassonografia abdominal (Figura 5). Tal fato
pode ser esclarecido pelas diferenças de composição entre o leite e a coalhada,
além da menor proporção de um ingrediente em relação ao outro. E também a falta
de homogeneização da dieta de CBA, que mesmo após o processamento no
liquidificador, a parte sólida da dieta se decantava na vasilha do animal e o mesmo
acabava consumindo em sua maioria, apenas a parte líquida composta
principalmente pelo leite.
40
Figura 5. Fezes dos tamanduás-bandeira (Myrmecophada tridactyla) quando
consumiam a dieta do (A) Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros –
SORO; (B) Zoológico da UFMT – CBA; (C) Instituto de Pesquisa e Conservação de
Tamanduás no Brasil – DPT e (D) Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte – BH;
mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
A coalhada é o leite que passou por um processo de coagulação ácida, em
que as bactérias lácteas degradaram a lactose para formar o ácido lático, reduzindo
o pH do leite e alterando as micelas de caseína (VEISSEYRE, 1988). Assim, em
animais adultos que possuem pouca lactase (WARD et al., 1995), o uso da coalhada
se torna mais viável pelo menor teor de lactose em relação ao leite cru. Nas dietas
de BH e DPT a consistência das fezes apresentada pelos animais foi satisfatória,
sem alterações discrepantes, como uma consistência líquida demais, causando uma
diarreia, ou sólida demais podendo levar a um quadro de constipação intestinal.
A dieta de SORO, em função da presença de terra de cupinzeiro, apresentou
matéria mineral de 25,01%, o que foi 280,09%, 142,81% e 268,87% mais elevada
quando comparada com as demais, conforme descrito na Tabela 5. Comparando
com outros estudos, tal valor também se torna alto, uma vez que Trusk et al. (1992)
analisou as dietas fornecidas por zoológicos norte e sul-americanos para Tamandua
tetradactyla e T. mexicana, em que a matéria mineral foi de 8%. De maneira
41
semelhante, Nucci (2007) avaliou dietas de 13 instituições zoológicas da América do
Norte, América do Sul e Europa, obtendo média de 4,16±3,23 de MM.
As variáveis hematológicas, eritrograma e leucograma, não foram
influenciadas (P<0,05) pelas dietas, conforme Tabela 6, encontrando-se dentro dos
valores hematológicos de referência para tamanduás-bandeira mantidos em
cativeiro, de acordo com o International Species Information System (ISIS, 2002)
(APÊNDICE A). Tal exame foi utilizado para monitorar o estado geral dos animais,
diminuindo assim a possibilidade de outras variáveis, como infecções bacterianas,
virais, parasitárias, estarem interferindo na análise da influência da dieta no perfil
laboratorial desses animais.
Tabela 6. Valores médios dos parâmetros hematológicos dos tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), alimentados com as dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul
/2011.
Variável DPT CBA BH SORO Eritrograma
Eritrócitos (x106/mm3) 3,17a 3,22a 3,05a 3,06a Hemoglobina (g/dL) 10,20a 10,35a 9,82a 9,00a Volume globular (%) 35,75a 36,50a 34,25a 34,75a VCM (µ3) 112,77a 113,25a 112,17a 113,72a CHCM (g/dL) 28,40a 28,12a 28,20a 25,97a
Leucograma (Absoluto, x103/mm3) Leucócitos totais 10,00a 12,97a 10,32a 13,80a Mielócitos 0,00a 0,00a 0,00a 0,00a Metamielócitos 0,00a 0,00a 0,00a 0,00a Bastonetes 0,00a 0,00a 0,00a 0,00a Neutrófilos segmentados 6,75a 8,10a 5,52a 9,00a Eosinófilos 0,75a 1,40a 1,25a 1,30a Basófilos 0,05a 0,07a 0,05a 0,00a Linfócitos 2,10a 2,80a 3,05a 3,12a Monócitos 0,37a 0,57a 0,40a 0,40a Médias seguidas de mesma letra na mesma linha não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
42
Proteínas Plasmáticas Totais (PPT), Colesterol e Alanina aminotransferase
(ALT) foram as análises bioquímicas do sangue que apresentaram diferença
(P<0,05) em função do tipo de dieta fornecida para os tamanduás-bandeira (Tabela
7).
Tabela 7. Valores médios dos parâmetros bioquímicos dos tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), alimentados com as dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), mantidos em cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul
/2011.
Variável DPT CBA BH SORO CV1 (%) Colesterol mg/dL 92,00a 87,50a 69,00b 92,25a 8,05 Triglicerídeos mg/dL 21,25a 28,25a 16,5a 27,75a 42,96 Glicose mg/dL 76,75a 103,25a 84,75a 113,00a 26,93 Uréia mg/dL 53,25a 49,25a 36,25a 41,75a 22,16 Creatinina mg/dL 1,23a 1,23a 1,28a 1,13a 8,58 Albumina g/dL 1,37a 1,62a 1,37a 1,37a 8,75 Globulina g/dL 4,75a 4,6a 4,32a 4,32a 17,41 ALT U/L 42,5b 73,5a 45,75ab 45,25b 22,21 AST U/L 23,00a 35,50a 19,25a 27,25a 38,91 Fosfatase alcalina U/L 27,50a 24,25a 19,75a 36,50a 50,27 Proteína Plasmática Total g/dL 6,65a 6,80a 6,50ab 6,20b 1,92 Médias seguidas de mesma letra na mesma linha não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05). 1CV = Coeficiente de variação.
A quantidade de PPT pode ser empregada como avaliação do estado
nutricional do animal. Esse estado depende da ingestão correta e adequada dos
materiais proteicos ou de síntese proteica (COLES, 1984). A ureia é produzida no
fígado e resulta do catabolismo diário das proteínas dietéticas e corporais, sendo
essas diretamente proporcionais, a ingestão ou síntese de proteína e a produção de
ureia, visto que os animais são incapazes de armazenar excessos de aminoácidos
(CASE et al., 1998). De modo geral, a ureia é um indicador sensível e imediato da
ingestão de proteína, enquanto que a albumina é um indicador em longo prazo do
estado proteico na alimentação (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2003).
43
As concentrações de proteínas plasmáticas totais, quando comparadas com
os valores de referência obtidos por Sanches et al. (2006), de 13 tamanduás-
bandeiras oriundos de cativeiro, estão abaixo do citado (8,10±0,15 g/dL). Houve
diferença significativa na PPT (P<0,05), com as maiores concentrações encontradas
quando os animais foram alimentados com as dietas CBA e DPT.
Enquanto que na análise da ureia sanguínea, embora as dietas não tenham
apresentado diferenças estatísticas, os resultados da dieta de CBA e DPT foram
considerados elevados, baseados no ISIS (2002) e no estudo de Satake (2002) com
33 tamanduás-bandeira adultos mantidos em cativeiro (36,17±1,87 mg/dL). Tal fato
se torna relevante, visto que a ureia é um metabolito tóxico para o organismo e seu
acúmulo pode desencadear diversas enfermidades (COLES, 1984).
As dietas CBA e DPT, apresentaram os maiores teores de proteína bruta (PB)
de 39,28% e 39,74%, respectivamente. Em uma pesquisa de composição de dietas
para tamanduás, Trusk et al. (1992) encontrou uma média e desvio padrão de
29,10±17,68% de PB. Enquanto que Jimeno e González (2004) encontraram
27,31% de PB nas dietas de um zoológico argentino e outro da Guatemala com
formulações basicamente idênticas, sendo essa a referência que mais se aproxima
do ter de 27,44% de PB da dieta do SORO. Redford e Dorea (1984) sugerem um
valor mínimo de 30% de PB para os tamanduás, baseados na análise bromatológica
de insetos consumidos por tamanduás de vida livre. Ward et al. (1995) avaliando
dietas de zoológicos brasileiros (Brasília, Rio de Janeiro, Santa Barbara D’Oeste,
Belo Horizonte e Sorocaba) obteve um teor médio de 24% de PB e para o Zoológico
de São Paulo, o teor de 26%.
Mesmo não se conhecendo as necessidades nutricionais para tamanduás-
bandeira, encontraram-se diferentes teores para a PB (REDFORD e DOREA, 1984;
TRUSK et al., 1992; WARD et al., 1995; JIMENO e GONZÁLEZ, 2004), verificando
que altos valores de PB, aproximadamente 39%, nas dietas CBA e DPT,
possivelmente causaram um balanço negativo de nitrogênio, com a diminuição da
PPT e aumento da ureia sanguínea. Pressupõe-se que isso ocorre pela proteína
inadequada na dieta ou falta de um aminoácido essencial (CHANEY, 2002).
O balanço de nitrogênio é uma relação entre a ingestão de nitrogênio,
principalmente na forma de proteínas, e a excreção de nitrogênio, principalmente na
forma de proteínas não digeridas (nas fezes e na urina, através da amônia e ureia).
(CHANEY, 2002). O balanço de nitrogênio pode ser positivo, negativo ou igual à
44
zero representando o equilíbrio. O balanço de nitrogênio positivo ocorre em animais
em crescimento, quando há um aumento nas reservas proteicas do organismo,
havendo maior incorporação de aminoácidos do que quebra e consequente aumento
de peso corpóreo.
O excesso de proteínas é tratado como fonte de energia, com os aminoácidos
glucogênicos sendo convertidos em glicose, e os aminoácidos cetogênicos
convertidos em ácidos graxos e cetoácidos. Ambos os tipos de aminoácidos serão
eventualmente convertidos em triacilglicerol no tecido adiposo, se o suprimento de
gordura e carboidratos já for adequado às necessidades energéticas (CHANEY,
2002).
Os aminoácidos essenciais não podem ser sintetizados pelo corpo. Se
apenas um desses aminoácidos essenciais estiver faltando na dieta, o organismo
não poderá sintetizar novas proteínas para substituir a proteína perdida
normalmente, resultando em balanço de nitrogênio negativo. Nesse balanço de
nitrogênio negativo, mais nitrogênio é excretado do que ingerido (CHANEY;
COOMES, 2002).
Dessa maneira, na regulação do metabolismo dos aminoácidos, quando há
suprimento proteico suficiente, os hepatócitos estão em condições de sintetizar
todos os aminoácidos não essenciais em quantidades suficientes. Porém, quando há
a assimilação excessiva de aminoácidos ou suprimento não balanceado com
aminoácidos essenciais/ou de baixo valor biológico, ocorre aumento na formação e
atividade das enzimas da síntese da ureia, consequentemente, a excreção da ureia
e a assim a elevação de seus níveis no plasma sanguíneo (KOLB, 1984).
A taurina é um aminoácido sulfurado, sendo produzido na maioria dos
mamíferos em quantidades suficientes no fígado a partir da metionina e cisteina.
Porém, para felinos é considerado um aminoácido essencial, necessitando ser
ingerido. Em tamanduás-bandeira e tamanduás-mirim existem relatos de animais
alimentados com dietas pobres em taurina que apresentarem sinais clínicos
compatíveis com essa deficiência (AGUILAR et al., 2002; WILSON et al., 2003;
LUPPI et al., 2008).
Maciel (2003) descreveu resultados semelhantes em seu trabalho, no qual
utilizou a medida da ureia sérica para a predição do valor biológico de proteína para
cães. O autor relatou de forma significativa (P<0,001), um crescimento linear nos
níveis de ureia plasmática à medida que aumentou o teor de proteína. Além disso,
45
relacionou diferentes níveis de inclusão de aminoácidos (metionina+cistina/lisina)
com os seus respectivos níveis resultantes de ureia plasmática, demonstrando, de
forma significativa (P<0,0001), que ao aumentar à inclusão de aminoácidos,
diminuíram linearmente os níveis de ureia sérica. Eggum (1970) afirma também, que
o conteúdo de ureia no sangue de ruminantes reflete a qualidade da proteína da
dieta e essa medida também é usada como técnica auxiliar em suínos.
Vale ressaltar que as médias de creatinina para as dietas, principalmente,
para as dietas de CBA e DPT, mantiveram-se dentro dos valores de normalidade
conforme ISIS (2002) e Satake (2002), confirmando que o aumento da ureia sérica
sem o aumento de creatinina constitui elevação fisiológica e de origem pré-renal
tendo como causa a maior ingestão proteica (GONZÁLEZ e SCHEFFER, 2003).
Na avaliação da enzima alanina aminotransferase (ALT) observou-se uma
diferença (P<0,05) entre as dietas, no qual a dieta de CBA apresentou a maior
dosagem e acima da normalidade de acordo com o ISIS (2002) e Satake (2002). Já
a média encontrada para a dieta de BH foi intermediária em relação aos outros
valores, e as médias das dietas de SORO e dieta de DPT foram as mais baixas,
porém estando todas as três dietas citadas anteriormente nos padrões de referencia
conforme os mesmos autores.
O aumento da ALT na dieta de CBA, possivelmente ocorreu pelo alto valor de
PB na dieta, elevando assim, o metabolismo hepático , visto que o fígado tinha mais
proteínas dietéticas para catabolizar e, por conseguinte há um aumento no ciclo da
ureia. Uma vez que a ALT é uma enzima de extravazamento que está livre no
citoplasma dos hepatócitos, com maior sobrecarga nos mesmos, consequentemente
levou a um aumento da ALT (CHANEY, 2002; TRHALL, 2007). Contudo, na dieta
DPT, uma vez que não houve diferença (P<0,05) entre o consumo (Tabela 8),
mesmo com um alto valor de PB, não foi observado um aumento na ALT, fazendo-
se necessária então à avaliação da digestibilidade das dietas fornecidas aos
tamanduás-bandeira.
46
Tabela 8. Valores médios do consumo (g/dia) das dietas do Instituto de Pesquisa e
Conservação de Tamanduás no Brasil (DPT), Zoológico da UFMT (CBA), Parque
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (SORO) e Fundação Zoo-Botânica de Belo
Horizonte (BH), pelos tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), mantidos em
cativeiro no Zoológico da UFMT, Cuiabá-MT, Abr-Jul /2011.
Consumo (g/dia)
Dieta MS MO BH 424,83a 397,16a SORO 375,57a 294,15a CBA 303,66a 324,29a DPT 226,60a 212,65a CV (%) 26,04 26,58 Médias seguidas de mesma letra na mesma coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
As médias obtidas do colesterol sérico dos animais durante os tratamentos
encontram-se dentro dos valores de normalidade descritos pelo ISIS (2002), porém
houve uma diferença significativa (P<0,05) entre as dietas, na qual a dieta de BH
revelou a menor média 69,00 mg/dL entre os quatro tratamentos. O total do
colesterol do organismo é derivado da absorção do colesterol da dieta (GLEW,
2002) e no caso, os valores de extrato etéreo das dietas analisadas não
apresentaram valores discrepantes. Esses dados encontram-se dentro da média
estabelecida por Nucci (2007) de 17,79±5,65%EE/MS, porém superiores ao
resultado encontrado por Jimeno e González (2004) de 14,39 %EE/MS.
De acordo com Chaney (2002) a composição da dieta afeta o colesterol do
soro, portanto possivelmente os ingredientes exclusivos da dieta de BH
influenciaram no colesterol dos animais, sendo eles, a linhaça e a casca de soja.
Estudos têm apontado que a ingestão de pequenas quantidades de linhaça ao dia
promove alterações hormonais contribuindo com a redução dos níveis de colesterol
total (PELLIZON et al., 2007; DODIN et al., 2008). Tal fato pode ser atribuído ao
ácido graxo alfa-linolênico (ALA), pertencente ao grupo Ômega-3, que está presente
em cerca de 60% dos constituintes totais da linhaça, fazendo com que essa semente
seja a maior fonte vegetal deste ácido graxo essencial, justificando o efeito superior
encontrado na redução do colesterol em comparação a estudos realizados com
outras fibras vegetais (PRAZAD, 2001; BHATENA e VELASQUEZ, 2002).
47
Além disso, a linhaça e a casca de soja podem ainda estarem associadas
com a redução do colesterol por outro mecanismo, o efeito laxativo das fibras
(HEMMINGS e BARKER, 2004; CINTRA et al., 2006). Uma vez que, as fibras
vegetais, especialmente as fibras solúveis em água, reduzem significativamente os
níveis de colesterol (CHANEY, 2002). Segundo WADA et al. (2008) a linhaça possui
48,39%/MS de fibra em detergente neutro (FDN) e a casca de soja 69,20%/MS de
FDN (ZAMBOM et al., 2001).
Resultado semelhante ocorreu no estudo de Molena-Fernandes (2010) com
ratos suplementados com farinha de linhaça, no qual a autora relatou a melhora
significativa no perfil lipídico dos animais avaliados.
5 CONCLUSÃO
As diferentes dietas não influenciaram no perfil hematológico de tamanduás-
bandeira e mantiveram o hemograma dos animais dentro dos valores de referencia
para a espécie.
Não existem valores das necessidades proteicas para tamanduás-bandeira,
porém foi possível observar que dietas com valores de proteína bruta em média de
39,51±0,33% influenciam de maneira negativa na saúde dos animais, levando, de
maneira geral, a um aumento de ureia sanguínea e ALT em apenas quatro meses
experimentais, acredita-se que com o uso prolongado desse valor de PB, a função
renal e até mesmo hepática dos tamanduás-bandeira possa ser afetada. Valores de
PB em média de 26,54±1,27% não provocaram alterações dignas de nota na saúde
dos animais. Uma vez que não houve diferenças significativas entre o consumo das
dietas para justificar essas alterações bioquímicas.
A composição da dieta pode influenciar na consistência das fezes de
tamanduás-bandeira, sendo o leite um ingrediente, quando em excesso, prejudicial
para o trato gastrintestinal dos animais. Além disso, uma dieta composta pela
linhaça e rica em fibras possivelmente diminuiu o colesterol nos tamanduás-
bandeira, por apresentar tais características.
48
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para maiores conclusões sobre a influência da dieta no perfil bioquímico de
tamanduás-bandeira, principalmente em relação à porcentagem de proteína bruta,
fazem-se necessários ensaios de digestibilidade com as diferentes dietas. Além da
análise de taurina das dietas, visando auxiliar no esclarecimento desse aminoácido,
sendo supostamente essencial em tamanduás. Dessa maneira, será possível
elucidar os valores biológicos das proteínas utilizadas na dieta e compreender o que
de fato alterou os parâmetros bioquímicos elencados na discussão.
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60
APÊNDICE A – Valores de referência de parâmetros hematológicos para
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro,
segundo o ISIS - International Species Information System (2002).
Tabela 9. Valores de referência de parâmetros hematológicos para tamanduás-
bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro, segundo o ISIS -
International Species Information System (2002).
Variável Mín. – Máx. Eritrograma
Eritrócitos (x106/mm3) 1,98 – 3,02 Hemoglobina (g/dL) 10,8 – 15,2 Volume globular (%) 28,9 – 42,3 VCM (µ3) 129,6 – 165,0 CHCM (g/dL) 33,3 – 38,1
Leucograma (Absoluto, x103/mm3)
Leucócitos totais 4,36 – 8,92 Mielócitos – Metamielócitos – Bastonetes 0,03 – 0,41 Neutrófilos segmentados 2,81 – 6,26 Eosinófilos 0,07 – 0,7 Basófilos 0,1 – 0,25 Linfócitos 0,64 – 2,47 Monócitos 0,07 – 0,46 Unidades dos valores convertidas para comparação conforme o Laboratório de Patologia
Clínica/UFMT.
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APÊNDICE B – Valores de referência de parâmetros bioquímicos séricos para
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro,
segundo o ISIS - International Species Information System (2002).
Tabela 10. Valores de referência de parâmetros bioquímicos séricos para
tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) mantidos em cativeiro, segundo o
ISIS - International Species Information System (2002).
Variável Mín. – Máx. Colesterol mg/dL 60 – 140 Triglicerídeos mg/dL 3 – 65 Glicose mg/dL 46 – 84 Uréia mg/dL 21,4 - 47,1 Creatinina mg/dL 0,8 – 1,4 Proteína total g/dL 5,1 – 6,5 Albumina g/dL 2,3 – 2,9 Globulina g/dL 2,6 – 3,6 ALT U/L 27 – 63 AST U/L 12 – 54 Fosfatase alcalina U/L 6 – 115 Unidades dos valores convertidas para comparação conforme o Laboratório de Patologia
Clínica/UFMT.