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1 Pós-graduando em Fisioterapia em Ortopedia com ênfase em Terapia Manual. 2 Orientadora; Especialista em Metodologia da Pesquisa Científica; Graduada em Fisioterapia; Docente no Centro Universitário do Norte e na Universidade Paulista.
O Uso da Técnica de Mobilização Neural na Lombociatalgia
Mayara Amanda Pereira Figueira1
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Fisioterapia em Ortopedia com ênfase em Terapia Manual - Faculdade Ávila
Resumo
A mobilização neural é uma técnica relativamente nova que procura manter ou restaurar o
movimento e a elasticidade do sistema nervoso, e é uma opção de tratamento para pacientes
com distúrbios neurais, que utiliza técnicas específicas que promove não só o retorno das
suas funções normais, mas também das estruturas musculoesqueléticas que recebem sua
inervação. Este trabalho tem como objetivo verificar a eficiência da mobilização neural na
lombociatalgia obtendo uma redução da sintomatologia dolorosa, melhora da qualidade de
vida e retorno às atividades de vida diária. Muito de nós Fisioterapeutas tratamos músculos,
articulações, e outras estruturas sem nos lembrarmos de que são conectadas pelo sistema
nervoso. Tem sido utilizada como método de avaliação e tratamento das mais diversas
patologias que acometem o sistema nervoso e as estruturas por ele inervadas. Porém, com a
gama diversa de terapias disponíveis ao fisioterapeuta, é importante que ele pratique uma
terapia efetiva, baseada em evidências, de acordo com a avaliação clínica do paciente.
Palavras chave: Sistema Nervoso; Mobilização Neural; Lombocialtagia.
1. Introdução
Sistema Nervoso
É um conjunto de órgãos responsáveis pela coordenação e integração dos demais sistemas
orgânicos, relacionado o organismo com as variações do meio externo e controlando o
funcionamento visceral.
O Sistema nervoso pode ser classificado de várias formas, sendo a classificação mais comum
aquela que divide o sistema nervoso em: a) sistema nervoso central (SNC), aquele que está
contido no interior do chamado “estojo axial” (canal vertebral e crânio), ou seja, o encéfalo e
a medula espinhal; b) sistema nervoso periférico (SNP), aquele que é encontrado fora deste
estojo ósseo, que se relaciona com o esqueleto apendicular, sendo os nervos (axônios) e
gânglios (formações de corpos neuronais ganglionares dispersas em regiões do corpo ou
mesmo dispostas ao longo da coluna vertebral, como os gânglios sensitivos). No entanto
podemos dividir o sistema nervoso funcionalmente em somático ou de vida de relação, que
lembra o sistema nervoso que atua em todas as relações que são percebidas por nossa
consciência; e em visceral ou vegetativo aquele interage de forma inconsciente, no controle e
na percepção do meio interno e vísceras. Tanto o somático quanto o vegetativo, possuem
componentes aferentes (sensitivos) e eferentes (motores).
Sistema Nervoso Somático (Vida de Relação)
a) Eferente (Neurônios e axônios motores, contração muscular esquelética e o movimento).
b) Aferentes (Neurônios e axônios sensitivos, tato, dor e etc...).
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Sistema Nervoso Visceral ou Vegetativo
a) Aferente - SISTEMA NERVOSO VISCERAL AFERENTE
- Conduz o impulso nervoso sensitivo a uma determinada área do Sistema Nervoso Central (da
periferia para o SNC).
b) Eferente - SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
- Eferente - Conduz o impulso nervoso motor do Sistema Nervoso Central até outra área qualquer
(parte do SNC para a periferia).
O SNC (sistema nervoso central) recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre
a tomada de decisões e o envio de ordens. O SNP (sistema nervoso periférico) carrega
informações dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central
para os órgãos efetores (músculos e glândulas). O SNC divide-se em encéfalo e medula. O
encéfalo corresponde ao telencéfalo (hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo),
cerebelo, e tronco cefálico (que se divide em: bulbo, situado caudalmente; mesencéfalo,
situado cranialmente; e ponte, situada entre ambos).
Fonte: SOBOTTA, J., 2000
Figura: Corpo Interneurônio
Tecido Nervoso
No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância cinzenta é formada
pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com exceção do bulbo e da
medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a substância branca, mais
internamente.
A unidade funcional e estrutural do sistema nervoso é o neurônio ou célula nervosa. São os
neurônios que fazem a ligação entre as células receptoras dos diversos órgãos sensoriais e as
células efetoras, nomeadamente músculos e glândulas. Os neurônios são células muito
especializadas que apresentam um ou mais prolongamentos, ao longo dos quais se desloca um
sinal elétrico.
Podem ser classificados, com base no sentido em que conduzem impulsos relativamente ao
sistema nervoso central, em: neurônios sensoriais ou aferentes - os que transmitem impulsos
do exterior para o sistema nervoso central; neurônios motores ou eferentes – os que
transmitem impulsos do sistema nervoso central para o exterior; neurônios de conexão - os
que conduzem impulsos entre os outros dois tipos de neurônios.
É composto basicamente por dois tipos celulares:
- Os neurônios, que são a unidade fundamental do tecido nervoso, cuja função é receber,
processar e enviar informações; estes, após o nascimento geralmente não se dividem, os que
morrem, seja naturalmente ou por efeitos de toxinas ou traumatismos, jamais serão
substituídos;
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- Células gliais (neuróglia) que são as células que ocupam os espaços entre os neurônios, com
função de sustentação, revestimento, modulação da atividade neuronal e defesa; diferente dos
neurônios, essas células mantém a capacidade de mitose. Os neurônios são compostos
basicamente por três estruturas: corpo celular, dendritos e axônio.
-Estrutura básica de um neurônio:
Corpo Celular ou Pericário: contem núcleo e citoplasma, onde estão contidos ribossomas,
retículo endoplasmático granular e agranular e aparelho de Golgi. Centro metabólico do
neurônio, este tem como função sintetizar todas as proteínas neuronais e realizar a maioria dos
processos de degradação e renovação de constituintes celulares. Do corpo celular partem
prolongamentos: dendritos (que assim como o pericário, recebem estímulos) e axônios.
Dendritos: geralmente curtos, possuem os mesmos constituintes citoplasmáticos do pericário.
Traduzem os estímulos recebidos em alterações do potencial de repouso da membrana, que
envolvem entrada e saída de determinados íons, causando pequenas despolarizações
(excitatória) ou hiperpolarizações (inibitória). Os potenciais gerados nos dendritos se
propagam em direção ao corpo e, neste, em direção ao cone de implantação do axônio.
Axônio: prolongamento longo e fino, que pode medir de milímetros a mais de um metro,
originado do corpo ou de um dendrito principal, a partir de uma região denominada cone de
implantação. Possui membrana plasmática (axolema) e citoplasma (axoplasma). O axônio é
capaz de gerar alteração de potencial de membrana (despolarização de grande amplitude)
denominada potencial de ação ou impulso nervoso, e conduzi-lo até a terminação axônica,
local onde ocorre a comunicação com outros axônios ou células efetuadoras. O local onde é
gerado o impulso é chamado zona de gatilho. Esta especialização de membrana é devido à
presença de canais de sódio e potássio, que ficam fechados no potencial de repouso, mas que
se abrem quando despolarizações os atingem.
Os neurônios são classificados em:
Multipolares: possuem vários dendritos e um axônio; conduzem potenciais graduáveis ao
pericário, e este em direção à zona de gatilho, onde é gerado o potencial de ação.
Bipolares: possuem um dendrito e um axônio.
Pseudo-unipolares: corpos celulares localizados em gânglios sensitivos, de onde parte apenas
um prolongamento que logo se divide em dois ramos, o periférico (que se dirige à periferia,
formando terminações nervosas sensitivas) e a central (que se dirige ao sistema nervoso
central, estabelecendo contato com outros neurônios).
Como os axônios não possuem ribossomos, toda a proteína necessária à manutenção destes
deriva do pericário (fluxo anterógrado), e para que haja a renovação dos componentes das
terminações é necessário um fluxo oposto, em direção ao corpo (fluxo retrógrado). Esse fluxo
de substâncias e organelas através do axoplasma é denominado fluxo axoplasmático.
Anatomia da Coluna Lombar
A coluna vertebral é composta de quatro curvaturas fisiológicas constituídas por múltiplas
peças que formam o esqueleto axial, apresentam geralmente trinta e três vértebras intercaladas
por 23 discos intervertebrais, com sete vértebras cervicais, doze torácicas, cinco lombares,
cinco sacrais e quatro coccígeas sendo estes dois últimos segmentos formados por vértebras
fundidas. Este conjunto de segmentos articulares proporciona estabilidade e flexibilidade
juntamente com os discos articulares, ligamentos, cápsulas, medula espinhal e raízes
nervosas.
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Compõem-se de articulações cartilaginosas entre o corpo e o disco, articulações diartrodiais
entre a faceta superior da vértebra inferior com a faceta inferior da vértebra superior, possuem
também membrana e líquido sinovial (figura 1) (KAPANDJI, 2000).
Fonte: SOBOTTA, J., 2000.
Figura 1 – Coluna Vertebral
Vértebras Lombares; São cinco posicionadas na região dorsal e sacral, são as mais grossas e
dotadas de mobilidade. Corresponde a zona da cintura e apresentam processos espinhosos
desenvolvidos e horizontais (Figura 2).
Fonte: SOBOTTA, J., 2000.
Figura 2 – 2ª Vértebra Lombar
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Vértebras Sacrais; È formada pelas cinco primeiras vértebras sacrais, soldadas entre si,
Aplanadas na frente para trás e muito mais volumoso por cima que por baixo, o sacro é
consideravelmente mais largo na mulher do que nos homens, com o fim de facilitar o parto.
O canal sacral atravessa p sacro em todo o seu comprimento. É a continuação do canal
vertebral, restante da coluna vertebral. De cada lado partem quatro forames transversais pelos
quais saem os nervos sacrais (Figura 3).
Fonte: SOBOTTA, J., 2000.
Figura 3 – Sacro e Cóccix
A coluna lombar possui uma curvatura fisiológica do tipo lordose classificada como
secundária, pois, se instala com o início da marcha (1 ano), sendo que as vértebras lombares
estão localizadas entre as vértebras torácicas e as sacrais, as quais representam as grandes
sustentadoras de peso da coluna vertebral, por esse e outros motivos estabelecem
características específicas que incluem o maior tamanho, corpos vertebrais mais alargados
lateralmente que ântero-posteriormente, ausência de fóveas costais, pedículos curtos e
espessos, processos espinhosos quadriláteros (largos) e transversos não possuem orifícios
(GARDNER et al., 1978).
Entre as vértebras lombares também há algumas características especiais como a vértebra L1
que possui apófises mais curtas; L3 se encontra horizontal comparando com o restante da
coluna lombar e recebe as forças que vem desde a parte superior e inferior da coluna, sendo a
vértebra que possui maior mobilidade na lombar; L5 possui corpo vertebral mais alto na parte
anterior que na posterior e suas apófises articulares inferiores se encontram mais separadas,
esta é uma vértebra de transição (GARDNER et al., 1978).
Os discos lombares são mais espessos ventralmente, o que contribui para a curvatura lordótica
da região, juntamente com estes estão os ligamentos que ajudam a manter a configuração da
unidade motora, minimizar a força necessária para movimentos coordenados e restringir o
movimento dentro de seus limites. A coluna lombar é irrigada pelas artérias oriundas da aorta
e o retorno venoso depende das veias vertebrobasilares, intercostais e plexos venosos.
(GRIEVE, 1994; KAPANDJI, 2000).
Ligamentos
Na porção anterior dos corpos vertebrais encontra-se o ligamento longitudinal comum
anterior, que se estende desde o occipital até a vértebra S2, é pouco vascularizado e inervado;
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por esta razão é pouco sensível, não sendo responsável então por dores lombares e sim por
fixações dos corpos vertebrais e do disco intervertebral (GRIEVE, 1994; KAPANDJI, 2000).
Na porção posterior encontra-se o ligamento longitudinal comum posterior, que é mais
delgado que o anterior e insere-se no osso occipital até a borda posterior dos corpos vertebrais
para terminar ao nível do sacro (S5) de onde se prolonga através do ligamento coccígeo. Este
ligamento é ricamente inervado e vascularizado (RICARD [s.d]).
Há outros ligamentos importantes a ser citados:
Intertransversos: entre os processos transversos, restringe a latero-flexão ao lado oposto e as
rotações;
Ligamento amarelo: une as lâminas;
Ligamento interespinhoso: entre os processos espinhosos;
Supraespinhosos: se dirigem de um processo espinhoso ao outro, recobrindo o ligamento
interespinhoso, sendo que na coluna cervical é denominado de ligamento nucal;
Ligamentos vertebrais da região Lombossacra
Figura 4 - Ligamentos da região lombossacra – Vista lateral esquerda
Fonte: NETTER et al., (1999)
Classificação Funcional da Coluna Lombar
A coluna lombar é funcionalmente dividida em três compartimentos: anterior, o qual
compreende os corpos vertebrais e o disco intervertebral, cuja função é suportar peso e
absorver choques, sendo assim a parte estática da coluna; médio, formado pelo canal
raquidiano e pelos pedículos do arco vertebral; e posterior, que protege posteriormente os
elementos neurais e é responsável pelo direcionamento dos movimentos executados por essa
região. Estas eminências ósseas fixam ligamentos (supra-espinhoso, intertransversos),
músculos e são submetidas a forças de tração; (TEIXEIRA e FIGUEIRÓ, 2001; RICARD
[s.d.]; HAMILTON, 1982).
Influência Muscular
O suporte dinâmico é realizado por quatro grupos musculares: extensores, flexores anteriores,
laterais e rotadores. Em condições normais a musculatura rotadora e os extensores são os
principais responsáveis pelo suporte da coluna vertebral. Os músculos eretores da espinha,
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semiespinhal e interespinhais atuam contra a gravidade possibilitando a posição ereta
(TEIXEIRA e FIQUEIRÓ, 2001).
Os músculos psoas e quadrado lombar compreendem o grupo de músculos laterais do tronco
(KAPANDJI, 2000).
- Psoas
Origem: origina-se nos corpos da 12º vértebra torácica até a 4º vértebra lombar (faces
laterais), discos intervertebrais
Inserção: trocânter menor, fáscia do músculo ílio e arco iliopectíneo.
Inervação: 2º e 3º nervos lombares.
Ação: flexão do quadril e rotação interna (KAPANDJI, 2000).
- Quadrado lombar
Origem: na 12º costela e apófises transversas das vértebras lombares.
Inserção: lábio interno da crista ilíaca e ligamento iliolombar.
Inervação: ramo primário anterior dos nervos lombares superiores.
Ação: tanto o psoas quanto o quadrado lombar possuem a ação de inclinar o tronco para o
mesmo lado da contração, porém, quando o quadrado lombar não age, o psoas determina uma
hiperlordose e uma rotação do tronco para o lado oposto (KAPANDJI, 2000).
Músculos da porção abdominal:
- Transversos
Origem: 5 a e 6 a cartilagens costais, 7 a a 12 a costelas (face interna), vértebras lombares,
crista ilíaca e ligamento inguinal.
Inserção: linha alba
Inervação: nervos intercostais caudais; nervo ílio-hiogástrico; nervo ilioinguinal (plexo
lombar); nervo genitofemoral.
Ação: auxiliam na expiração forçada (KAPANDJI, 2000).
- Retos abdominais
Origem: da 5a a 7 a costelas (face externa), processo xifóide e ligamento costoxifóideos.
Inserção: crista púbica do osso do quadril e sínfise púbica.
Inervação: nervos lombares superiores.
Ação: responsáveis pela flexão da coluna e compressão abdominal (KAPANDJI, 2000).
- Oblíquos do abdome
Origem: aponeurose toraco-lombar, 5a a 12 a costela (face externa).
Inserção: cartilagens costais 9 a e 10 a até 12 a costelas crista ilíaca, lig. inguinal, tubérculo
púbico, crista púbica, linha Alba.
Possui um trajeto em espiral com a cintura, que os tornam eficazes rotadores da coluna, assim
como suas inserções à distância da coluna vertebral sobre a caixa dorsal, o que mobiliza a
coluna lombar e a dorsal inferior (KAPANDJI, 2000).
- Diafragma
Origem:
Parte esternal: processo xifóide, bainha domúsculo reto do abdome.
Parte costal: cartilagens costais da 6a à 12a costelas.
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Parte lombar: pilar direito - corpo da 1a à 3a vértebras lombares, discos intervertebrais,
ligamentos arqueados, medial e lateral, pilar esquerdo - corpo da 1 a 4 vértebras lombares,
discos intervertebrais, ligamentos arqueados medial e lateral.
Inserção: centro tendíneo.
Ação: respiração abdominal.
Inervação: nervo frênico (KAPANDJI, 2000).
Disco Intervertebral
A movimentação entre as vértebras lombares é determinada principalmente pela resistência do
disco à distorção, e em parte pelo ângulo e tamanho das superfícies articulares entre os
processos espinhosos e os transversos, assim, a mobilidade é progressivamente aumentada à
medida que as superfícies articulares e a espessura dos discos tornam-se maiores (HALL,
2000).
Durante a flexão há uma compressão na parte anterior, expansão da parte posterior do disco e
as facetas das articulações posteriores separam-se; modificações opostas ocorrem durante a
extensão (KAPANDJI, 2000; HAMILTON, 1982).
Biomecânica
A coluna lombar é capaz de executar movimentos em três planos, isto ocorre graças à junção
de pequenos movimentos que ocorrem entre as vértebras desta região (HALL, 2004).
Na coluna lombar há pouco movimento devido à configuração da articulação facetária,
restrição dos ligamentos, presença dos discos intervertebrais e tamanhos dos corpos vertebrais
(HOPPENFELD, 2001).
Há considerável variabilidade entre a mobilidade lombar individual, entre sexo e idade
(KAPANDJI, 2000).
O posicionamento das facetas da coluna lombar (L1 à L4), propicia à execução da flexão e
extensão deste segmento (MAGEE, 2002).
Na flexão há uma retificação da lordose lombar, alcançando uma amplitude de 40 a 60º ou
utilizando uma fita métrica para esta mensuração, normalmente a medida entre T2 e S1 deve
aumentar de 7 à 8 cm. Este movimento requer que a vértebra superior se incline e deslize
anteriormente, comprimindo o disco em sua porção anterior e deslocando o núcleo pulposo
para trás, além disso, as apófises articulares inferiores da vértebra de cima se deslizam
superiormente e tendem a se separar das apófises articulares superiores da vértebra inferior,
então se deve ter o relaxamento do ligamento longitudinal comum anterior e estiramento dos
ligamentos interespinhoso, supra-espinhoso, intertransverso e longitudinal comum posterior
(HOPPENFELD, 2001; KAPANDJI, 2000; HALL, 2000; MAGEE, 2002).
Na extensão a coluna adquire uma amplitude de 20º à 35º acompanhada de um aumento da
lordose. O segmento de maior mobilidade na flexão é entre L4 e L5 (KAPANDJI, 2000;
MAGEE, 2002).
Durante a flexão e extensão não há restrição das costelas, esta região apresenta maiores
alcances nesses movimentos quando comparadas com a torácica, este fato também seria
verdadeiro para os movimentos de rotação se não fosse pelas superfícies articulares muito
justas, o contato entre as facetas articulares, o efeito compacto dos ligamentos circunvizinhos
e o anel fibroso, que restringem este movimento nesta região (HOPPENFELD, 2001;
KAPANDJI, 2000).
No plano frontal ocorre a flexão lateral, onde no lado da convexidade há separação das facetas
e leve deslocamento do núcleo pulposo para o lado da convexidade; este movimento atinge de
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20º a 30º e é limitado pelos ligamentos intertransversos (TEIXEIRA e FIGUEIRÓ, 2001;
KAPANDJI, 2000).
Na rotação ocorre o giro da vértebra superior sobre a inferior e também um deslizamento do
corpo vertebral superior em relação ao da vértebra subjacente. Esse movimento ocorre no
plano transverso e é de pequeno grau nessa região, cerca de 5º. Essa região não é projetada
para as rotações devido à orientação de suas facetas, além disso, ocorre o estiramento de todos
os ligamentos circunjacentes (HOPPENFELD, 2001; KAPANDJI, 2000, HALL, 2000).
As alterações na curvatura lombar proporcionam modificações nas cargas compressivas que
são aplicadas nesta região, alterando a localização do centro de gravidade do corpo.
Lombociatalgia
A lombociatalgia, caracterizada pelo estreitamento do canal vertebral das vértebras lombares
é uma patologia de difícil diagnóstico e muito fácil de ser confundida com hérnia de disco,
síndrome do piriforme ou mesmo artrose discal por causa da localização de certa forma
complexa por onde passam importantes ramificações nervosas. A “Dor do Ciático” é aquela
causada por uma compressão de sua raiz nervosa, localizada na região lombar (L3 e L4 e L5 e
S1), na maioria das vezes causada por uma hérnia discal. As lombociatalgias são ocasionadas
por processos inflamatórios, degenerativos, por alterações da mecânica da coluna vertebral,
malformações e sobrecarga da musculatura lombar.
Admite-se que a principal causa da lombociatalgia seja uma alteração do disco intervertebral,
que se tornaria incapaz de amortecer as cargas que lhe são transmitidas. Mas sabendo que a
parte central do disco não possui inervação sensitiva, admite-se que a dor só surge quando as
alterações discais atingem as lamelas superficiais e o ligamento posterior, estruturas ricamente
inervadas. Quando ocorre herniação do disco, a raiz nervosa comprimida é que dá origem a
dor, a qual adquire, então, as características de uma síndrome radicular (O´SULLIVAN,
2004).
O processo doloroso de origem nervosa é descrito pelo paciente como filiforme, radicular,
podendo descrever o trajeto da dor com o dedo; esta dor é aumentada com certos movimentos
do tronco. A lombociatalgia pode variar de uma dor súbita e incômoda até uma dor intensa e
prolongada, originando-se da região lombar e irradiando para a porção posterior da perna até
abaixo do joelho, ao longo da raiz nervosa afetada. Esta dor é dita como uma sensação de
queimação, pontada, lacinante, ocasionalmente formigamento e parestesia em dermátomo do
membro inferior (GUIMARÃES e ALMEIDA, 2004; WEST, 2001).
As lombociatalgias por hérnia discal compreendem as seguintes variedades:
- Raiz L4 (disco herniado entre L3 e L4) – Dor na região lombar, face posterior da coxa, face
medial da perna. Parestesia na região medial do joelho ou do pé. Deficiência do movimento
de inversão do pé. Diminuição ou abolição do reflexo patelar.
- Raiz L5 (disco herniado entre L4 e L5) – Dor lombar, na face posterior da coxa, face lateral
da perna e região maleolar externa. Parestesias no dorso do pé e hálux. Déficit motor na
flexão do pé. Reflexos normais.
- Raiz S1 (disco herniado entre L5 e S1) – Dor lombar, na face posterior da coxa, face
posterior de perna e calcanhar. Parestesias na borda lateral do pé e dois últimos pododáctilos.
Déficit motor na flexão plantar do pé. Diminuição ou abolição do reflexo Aquileu
(O´SULLIVAN, 2004).
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Fonte: SOBOTTA, J., 2000.
Figura 1 e 2 – Anatomia Lombar e Pelve
Mobilização Neural
Esta técnica é desenvolvida a partir de avanços da neurobiologia, biomecânica e fisiologia do
tecido neural e da aplicação dos princípios da terapia manual neste tecido (BUTLER, 2003;
MARINZECK, 2000). Princípios e métodos do alongamento neural já existiam desde o ano
1800 e progressivamente foram se aperfeiçoando tanto na teoria quanto na aplicação clínica.
A mobilização neural procura restaurar o movimento e a elasticidade ao sistema nervoso, o
que promove ao retorno as suas funções normais. Portanto, a técnica parte do principio que se
houver um comprometimento da mecânica e fisiologia do sistema nervoso, referente ao
movimento, elasticidade, condução, fluxo axoplasmático, podendo resultar em outras
disfunções do sistema nervoso central ou ate mesmo nas estruturas músculos esqueléticas que
receba a sua inervação. O restabelecimento da sua biomecânica/ fisiologia (neurodinâmica)
se da através dos movimentos oscilatórios e/ou brevemente mantidos direcionados ao nervo
periférico e/ medula recuperar a função normal do sistema nervoso assim como suas
estruturas comprometidas (BUTLER, 2000).
Há muito tempo sabe-se sobre lombalgias, lombociatalgias, cervicalgias e
cervicobraquialgias, entre outras desordens músculo-esqueléticas apresentam origem neural,
somente nos últimos vinte anos que os fisioterapeutas com formação orientada à ortopedia,
interessaram-se no tratamento do sistema nervoso pela conexão deste com músculos,
articulações e outras estruturas buscando assim melhores resultados. O tratamento de terapia
manual, baseado na mobilização do sistema nervoso e não apenas restrita a uma abordagem
articular foi desenvolvido e continua evoluindo, baseado em observações clínicas e pesquisas
experimentais (BUTLER, 2003; HALL, 2004).
- Técnica
Para a eficácia de um bom tratamento, o paciente deve passar por uma avaliação criteriosa,
seguindo os moldes das avaliações tradicionais porém adicionado à observação do estado
mecânico do sistema nervoso (MARINZECK, 2000).
A mobilização neural é aplicada com as mãos, treino da técnica e o uso de uma maca. È
classificada em:
Mobilização direta: os nervos periféricos e/ou medula são colocados sobre tensão e
movimentos oscilatórios brevemente mantidos sendo aplicados a eles através das articulações
que compõem o trajeto neural.
Mobilização indireta: os nervos periféricos e/ou medula também são colocados sobre breve
tensão, porem é aplicado a estruturas adjacentes ao tecido neural comprometido.
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Mobilização tensionantes: mobiliza-se aumentando e diminuindo a tensão do tecido neural.
Mobilização deslizante: mobiliza-se deslizando o trato neural sem aumento de tensão.
- Indicação
A mobilização Neural se aplica a todas as complicações de comprometimento
mecânico/fisiológico do sistema nervoso, como:
Neuropatias compressivas por dos membros superiores e inferiores, como túnel do carpo,
radiculopatias, síndrome da saída torácica, compressões do nervo isquiático, meralgia
paraesthetica;
LER/DORT- Síndrome da dor complexa regional (Distrofia Simpático Reflexa) e Causalgia;
Outras condições como Epicondilite, De Quervain, Fasciite plantar, ombro Congelado,
Distensões;
Neuropraxias pós-cirúrgicas;
Dores Crônicas;
Disfunções Motoras.
- Contra-indicações absolutas
Segundo Butler (2003), há algumas contra indicações absolutas para a técnica de mobilização
neural. São estas:
Problemas agudos com recente agravamento dos sinais neurológicos;
Lesões da cauda eqüina;
Lesões do sistema nervoso central;
Lesões medulares;
Tumores;
- Contra-indicação relativa
Butler (2003), propõe maiores atenções, podendo se tornar uma contra-indicação para a
técnica, quando o paciente apresenta algumas dessas alterações:
Situações de irritabilidade importante;
Deteriorização rápida de um problema;
Presença de patologias associadas;
Vertigens;
Problemas circulatórios;
Efeitos Mecânicos e Fisiológicos
Melhora da mobilidade Neural;
Restaura movimento, flexibilidade, elasticidade e mobilidade;
Aumento do Fluxo sanguíneo;
Aumento do fluxo axoplamático;
Melhora da condução neural;
Diminuição do processo inflamatório.
2. Metodologia
A preparação deste artigo de revisão literária foi realizada na busca de coleta de dados nas
bases e banco de dados: SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), PUBMED (National
Library of medicine e do National Intitutes of Health), LILACS ( literatura Latino Americana
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e do Caribe em Ciências da Saúde) e mais sites relacionados ao tema da pesquisa. Sendo
utilizada em complemento a revisão literária livros de fisioterapia que se referiam ao tema,
atlas de anatomia. Na busca as palavras chaves utilizadas foram: Mobilização Neural, Sistema
Nervoso, Anatomia Lombar, Distúrbios músculos esqueléticos. A busca foi feita durante toda
a produção deste artigo, iniciando em 2012 se estendendo ate Junho de 2013.
3. Resultados e Discussões
Butler (2003), afirma que o tratamento de uma disfunção aguda é um desafio para os
fisioterapeutas, pois os pacientes apresentam dor constante e facilmente desencadeada,
levando um longo tempo para diminuir. A técnica a ser aplicada deve proporcionar o máximo
de conforto para o paciente, com grande amplitude, lento e rítmico, iniciando à distância da
área dolorosa e sem inicialmente provocar sintomatologia ou aumentá-la. Sua progressão é
aproximando de locais mais próximos da área lesada, posteriormente pode-se aumentar o
número de repetições e progredir aumentando a ADM até o aparecimento dos sintomas ou a
resistência do movimento. São exemplos de lesões comuns deste estado traumas leves e
neuropatias inflamatórias agudas (BUTLER, 2003; SALGADO, 2003).
Segundo Hall (2004), pacientes com lombociatalgia tratados com mobilização neural obteve
uma redução da sintomatologia dolorosa.
Fonteque et al (2005), em sua pesquisa verificou a eficácia da mobilização neural e do
alongamento passivo, no ganho de amplitude de movimento de flexão de quadril em
indivíduos sedentários e assintomáticos apresentando apenas restrição da musculatura
posterior de coxa por encurtamento. A técnica de mobilização neural foi mais eficaz no ganho
de amplitude de movimento do quadril do que o alongamento passivo.
Monnerat & Pereira (2010), verificaram em seu estudo a influência da técnica de mobilização
neural sobre a dor e incapacidade funcional na hérnia de disco lombar póstero-lateral,
demonstraram que a técnica pode ser eficaz no tratamento da hérnia de disco lombar por
apresentar boa resposta terapêutica na regressão dos sintomas dolorosos e incapacidade
funcional.
Na revisão de literatura realizada por Junior & Teixeira (2007) que teve como objetivo
levantar as indicações e aplicações da mobilização do sistema nervoso como recurso
diagnóstico e terapêutico demonstra a eficácia da técnica tanto para a avaliação quanto no
tratamento das mais diversas patologias que acometem as raízes nervosas.
Este estudo procurou verificar se a técnica de terapia manual utilizando a mobilização neural,
seria adequada para o tratamento das lombociatalgias.
O trabalho de Lopes et al (2010) comparou a influência do alongamento muscular e da
mobilização neural na força isométrica de quadríceps, demonstrou como a mobilização neural
pode causar o aumento de força muscular do músculo quadríceps. Justificado, pois a
mobilização neural proporciona a facilitação do movimento axoplasmático, melhorando a
saúde do tecido muscular inervado pela estrutura mobilizada.
Monnerat & Pereira (2010), verificaram em seu estudo a influência da técnica de mobilização
neural sobre a dor e incapacidade funcional na hérnia de disco lombar póstero-lateral,
demonstraram que a técnica pode ser eficaz no tratamento da hérnia de disco lombar por
apresentar boa resposta terapêutica na regressão dos sintomas dolorosos e incapacidade
funcional.
4. Conclusão
Esse estudo procurou verificar se a técnica de terapia manual utilizando a mobilização neural
seria adequada para o tratamento das lombociatalgias.
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Na revisão de literatura realizada por Junior & Teixeira (2007) que teve como objetivo
levantar as indicações e aplicações da mobilização do sistema nervoso como recurso
diagnóstico e terapêutico demonstra a eficácia da técnica tanto para a avaliação quanto no
tratamento das mais diversas patologias que acometem as raízes nervosas.
O fisioterapeuta requer precisão na utilização neural, mostrando na sua execução a sua
eficiência no tratamento de paciente com comprometimentos musculoesqueléticos, pois de
acordo com estudos pesquisados a mobilização neural promove resultados positivos no
tratamento, diminuindo o quadro doloroso e restaurando a sua funcionalidade.
Observamos que a técnica de mobilização neural foi útil para o tratamento de lombalgias e na
hérnia de disco lombar, como relatado anteriormente, houve melhora tanto do quadro álgico
como na restauração de sua funcionalidade. A técnica de mobilização neural vem
conquistando espaço no tratamento de diversas patologias e essa técnica exige ainda que os
profissionais fisioterapeutas terapeutas manuais tenham um bom conhecimento de
biomecânica gerando assim benefícios aos pacientes tratados.
Assim, espera-se que esse estudo poderá servir de bases para muitos outros estudos, um
complemento de dados e pesquisas aos fisioterapeutas que tratam doenças
musculoesqueléticas a fim de desenvolverem um melhor resultado no tratamento dos seus
pacientes, para que haja melhor aperfeiçoamento e validação desta técnica no âmbito da
fisioterapia traumato-ortopédica.
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