De Débora Costa
PERSONAGENS:
CAROLINA OLIVEIRA
ABNER MONTENEGRO
ALINE BUENO
GUSTAVO MALDONADO
KAREN BUENO
CAETANO BUENO
OLIVIA DINIZ
MURILO BUENO
CELINE MALDONADO
RAMON MALDONADO
ANGÉLICA BUENO
RODRIGO BUENO
CECILIA
JULIO MONTENEGRO
ROSANGELA PALHARES
RAFAEL DINIZ
GABRIELA
VINICIUS
ISABEL MALDONADO
OTÁVIANO PALHARES
VALQUIRIA ANDRADE
(KALANA)
SARAH
EMPREGADOS DA MANSÃO
MONTENEGRO
EMPREGADOS DOS BUENO
EMPREGADOS DOS
MALDONADO
FUNCIONÁRIOS DO HOTEL
MONTENEGRO
CAPÍTULO 1
CENA 1
Mansão Montenegro
Quarto de Abner
(Manhã. O quarto está escuro, Abner está sentando numa poltrona perto
da janela, em seu colo há uma caixa com fotos de seu irmão que morreu
em um acidente de carro, e de sua ex-mulher Karen Bueno, na mão um
copo com uísque, ao ver as fotos Abner fica muito emocionado, joga a
caixa longe, toma o uísque de uma vez, se levanta, vai para a sacada, está
sofrendo muito, sobe na sacada, fecha os olhos deixando escorrer as
lágrimas, abre os braços e se joga.).
CENA 2
Uma Semana Depois...
Hotel Montenegro...
Administração/ Sala de Caetano...
(Caetano está em pé olhando pela janela, Ramon está sentado).
CAETANO: É incrível... Esse velho tem sete vidas, não morre nunca!
RAMON: Abner é um homem de sorte Caetano, mesmo ele querendo, a
morte não veio.
CAETANO: (se sentando) Essa sorte dele tem que acabar! Só assim tudo
que era de meu pai vem pra mim.
RAMON: Mas a parte do hotel que pertencia ao seu pai já não é sua?
CAETANO: Meu pai deixou mais da metade da parte dele ao Abner...
Ramon você não faz ideia do tamanho do ódio que tenho por ele, não só
por ele sempre levar a melhor, mas também por todo o sofrimento que ele
causou a minha tia, que tenho como uma mãe.
RAMON: Isso é verdade, Karen aguentou muita coisa.
CAETANO: Velho ridículo... Mas se ele não vai pagar tudo que já fez no
inferno, farei que ele pague aqui...
(Secretária entra)
SECRETARIA: Com licença Caetano, a dona Aline pediu para avisar que
vai esperar pelo senhor em casa.
CAETANO: Obrigado. (se levanta)
(secretária sai)
RAMON: Eu vou ver como as coisas estão indo, hoje o hotel está com
bastante movimento. (se levanta).
CAETANO: Ótimo, é assim que deve ser.
RAMON: Caetano, só para terminar... O que você pretende fazer em
relação á Abner?
CAETANO: (sorri) Você verá meu amigo... Você verá.
CENA 3
Hospital...
Quarto de Abner...
(Abner está deitado na cama, Cecília entra).
CECILIA: Bom dia Abner, como você está hoje? (sorri)
ABNER: Péssimo, quero sair logo desse lugar.
CECILIA: Hoje você terá alta.
ABNER: Já estava na hora, tem uma semana que fracassei na tentativa de
morrer e ainda por cima fui obrigado a ficar aqui.
(Julio entra preocupado).
JULIO: Pare de resmungar Abner, já acertei tudo, vamos pra casa agora.
ABNER: O que aconteceu? Por que você está com essa cara?
JULIO: É... Quando você caiu...
ABNER: Não cai me joguei... O que tem?
JULIO: Conta você Cecília...
CECILIA: Abner... Quando você caiu, fraturou a coluna... O que esta
causando uma paralisia temporária... Você não poderá andar por um tempo.
ABNER: ...Como é?... Eu não posso mais andar?
CECILIA: Não... Por um tempo não, mas com fisioterapia você irá se
recuperar, não é irreversível, foi uma fratura que tem jeito.
ABNER: (nervoso, fala alto) Eu não vou depender de ninguém! Quero
uma solução agora!
JULIO: Fique calmo meu irmão, se não fosse você ter se jogado da janela
nada disso estaria acontecendo.
ABNER: Eu queria ter morrido! E agora fiquei aleijado!
CECILIA: Por um tempo Abner, se você seguir a orientação do médico
logo irá andar.
ABNER: Eu quero sair daqui agora! (Tenta se levantar, não consegue, fica
nervoso, joga as coisas que estavam na mesa ao seu lado no chão).
JULIO: (segura Abner) Para com isso Abner! Você não é criança!
ABNER: (grita) Me solta!
CECILIA: Abner calma, por favor, me ouve, é temporário.
ABNER: (cansado) Quero sair daqui agora...
JULIO: Tem que ser numa cadeira de rodas, quando trouxerem, não
quebre nada, não faça escândalos, isso aqui é um hospital e não sua casa.
ABNER: (fecha os olhos) Estou sendo castigado... Por tudo que já fiz...
CENA 4
Rio de Janeiro...
(Gustavo está caminhando pela praia, descalço, está adorando cada
minuto no Rio, tira foto de tudo que gosta, caminhando vê uma jovem
parada na areia olhando o mar, ela está usando um uniforme de trabalho,
Gustavo a acha bonita, se aproxima, fica ao lado dela olhando o mar).
GUSTAVO: É lindo não é...
CAROLINA: É... Posso ficar aqui horas... Só olhando o mar.
GUSTAVO: (a olha sorri) Eu também.
CAROLINA: (olhando o mar) À noite aqui... É mágico... A lua parece
namorar o mar.
GUSTAVO: Com certeza eu virei ver esse namoro. (sorri)
CAROLINA: ( olha Gustavo, sorri) Você vai gostar.
GUSTAVO: (estende a mão) Me chamo Gustavo.
CAROLINA: (aperta a mão dele) Carolina.
GUSTAVO: (sorri) Muito prazer Carolina.
CAROLINA: Eu tenho que ir, dei uma escapadinha do hotel para ver o
mar, não posso demorar... Infelizmente.
GUSTAVO: Em qual hotel você trabalha?
CAROLINA: Montenegro.
GUSTAVO: (sorri) Mesmo? Eu estou hospedado lá!
CAROLINA: É eu sei. (sorri) te vi ontem.
GUSTAVO: E como eu não te vi? (sorri)... Você é tão bonita.
CAROLINA: (fica corada pelo elogio) Obrigada... São poucos os
hóspedes que olham no rosto de um funcionário... Por isso o senhor não me
viu.
GUSTAVO: Por favor, não me chame de senhor, em chame de você, e
com certeza não estou entre esses que não olham no rosto de alguém... E
ainda mais... de alguém tão linda.
CAROLINA: (sorri tímida) Bem... Tenho que ir agora, até logo.
GUSTAVO: Carolina... Quero te pedir uma coisa.
CAROLINA: Pode falar.
GUSTAVO: Você poderia me acompanhar de vela para ver o namoro da
lua e do mar?
CAROLINA: (da risada, o olha)... Eu só saio do hotel ás oito horas.
GUSTAVO: Por mim esta perfeito... Você vem comigo ver a lua?
CAROLINA: (pensativa um tempo, sorri) Esta bem, venho sim.
GUSTAVO: (sorri) Então nos encontramos ás oito aqui.
CAROLINA: Até mais tarde. (sorri, vai saindo).
GUSTAVO: (a observa ir) Carolina... (sorri) Muito linda...
Cena 5
São Paulo
Casa de Caetano
(Aline está em seu quarto, sentada em frente ao espelho, sorri, começa a se
maquiar, arruma o cabelo, coloca uma gargantilha de ouro, se levanta,
desce as escadas, Murilo está na sala, Aline sorri).
ALINE: Bom dia Murilo.
MURILO: Bom dia (sorri) Nossa aonde você vai linda assim maninha?
ALINE: (se sentando no sofá) Vou visitar Gustavo.
MURILO: Vai perder seu tempo, Gustavo foi viajar.
ALINE: É mesmo? Pra onde ele foi?
MURILO: Foi passar uns dias no Rio de Janeiro.
ALINE: Foi é... (sorri) Maninho, me deu uma vontade de ir para lá
também.
MURILO: Não faz isso Aline, o Gustavo vai odiar te ver lá e você sabe.
ALINE: Não sei de nada ok, vou atrás dele e ponto.
MURILO: Sabe qual é o problema, é que Gustavo te deixou e você é que
está acostumada a dar um chute nos outros, para com esse capricho e deixa
Gustavo em paz.
ALINE: É melhor você ficar quieto, você não sabe de nada, nós demos um
tempo ok, e eu acho que esse tempo já chegou, vou sim atrás dele no Rio,
que aliás é um ótimo lugar para namorar.
MURILO: Pelo menos uma vez na vida Aline, me ouve, parte pra outra,
esquece Gustavo, ele não te ama.
ALINE: Mas eu o amo, e vou ter ele, pode anotar ai, eu vou me casar com
Gustavo.
MURILO: E você vai ser feliz sabendo que seu marido, não te ama.
ALINE: (sorri) Vou, sabe por quê? Porque ele me amando ou não, vai ser
meu. (se levanta, sobe as escadas).
MURILO: Papai estragou Aline... Uma pena.
Cena 6
Mais Tarde...
Mansão Montenegro
(Julio entra, Abner entra na cadeira de rodas automática, está sério).
JULIO: Pronto velho resmungão, chegou em casa.
ABNER: Preferia estar morto.
JULIO: Pare de falar bobagens meu irmão, felizmente você está aqui.
ABNER: Sem Karen e numa cadeira de rodas, grande coisa.
JULIO: Esquece a Karen... Há anos ela te deixou.
ABNER: Impossível, Karen vive em meus pensamentos, no meu coração...
Errei muito com ela... Mas a amo... Muito.
JULIO: Quer que eu ligue pra ela?
ABNER: Não... Ela não vai querer falar comigo, o único que tem contato
com Karen é o escroto do meu sobrinho, Caetano e Karen não se
desgrudam, tanto que ele a chama de mãe.
JULIO: Abner meu irmão... As coisas que Karen sofreu...
ABNER: (interrompendo Julio) Eu sei... Me arrependo...
JULIO: Será mesmo? Se hoje você não estivesse sozinho, tenho certeza
que continuaria agir do mesmo modo... Bebendo, jogando, traindo Karen
com amigas dela, com prostitutas...
ABNER: Para, pode parar, já me torturo bastante, não preciso que você
faça isso, você já me trouxe aqui, agora pode ir embora.
JULIO: Não eu só vou embora quando tiver certeza que você não fará
nenhuma besteira, e até eu contratar uma enfermeira para ficar aqui, a
Cecília passará todas as tardes para te ver.
ABNER: Como é? Você vai contratar uma babá pra mim? Nem pensar,
não quero.
JULIO: Não é babá, é enfermeira, e pode resmungar a vontade, enquanto
você não se recuperar, terá sim alguém aqui, porque não quero perder mais
um irmão.
ABNER: Estou ótimo, não preciso de enfermeira.
JULIO: Precisa e terá.
ABNER: Mas que inferno! (chama a empregada)
EMPREGADA: (entra na sala) Pois não.
ABNER: Prepara meu drink.
JULIO: Não prepara nada, a partir de hoje Abner não pode mais beber.
ABNER: Julio... Me faz um favor, vai embora.
JULIO: Não, e nada de drink.
ABNER: (suspira com ódio).
Cena 7
Casa dos Maldonado
(Celine e Isabel estão na sala)
CELINE: (se senta preocupada) Estou perdendo tudo Isabel... Nunca me
preocupei em poupar dinheiro... E agora com o mau investimento que
Ramon fez... Estamos falindo.
ISABEL: Falindo? Minha irmã você não está exagerando?
CELINE: Antes fosse... Você me conhece, sabe como eu adoro luxo...
Gastei a maior parte da minha herança com tudo que estou acostumada,
aqui nunca poupamos nada.
ISABEL: Gustavo sabe disso?
CELINE: Não... Meu filho esta viajando, achei melhor não contar nada pra
ele por enquanto... Estou esperando que alguma coisa nos salve... Tem que
ter solução, eu não vou saber viver economizando, comprando coisas
baratas, ser pobre... Isso nunca!
ISABEL: Conte comigo para o que precisar.
CELINE: Obrigada Isabel... Espero não precisar.
Cena 8
Casa de Caetano
(Caetano chega)
ALINE: (desce as escadas correndo, abraça Caetano) Papai! Achei que
você não viria almoçar comigo hoje.
CAETANO: Se eu não viesse princesa com certeza avisaria. (sorri)
ALINE: Que bom que você veio, assim ficamos juntos antes de eu ir
viajar.
CAETANO: Viajar? Para onde?
ALINE: Rio de Janeiro, Gustavo está lá e eu farei uma surpresa.
CAETANO: Aline com tantos pretendentes melhores você cismou com
Gustavo.
ALINE: Ele é o melhor.
CAETANO: Não é não, Ramon investiu tudo o que tinha numa empresa
que afundou, a única renda dele é o que ganha no hotel, ou seja, seu
príncipe virou plebeu, se você se casar com ele vai se prejudicar.
ALINE: (enlaça o pescoço de Caetano) Você não deixaria isso acontecer
não é? Daria um jeito para que Gustavo... Ou até mesmo Ramon, ganhasse
mais dinheiro no hotel. (sorri).
CAETANO: (sorri) Claro que sim, amo você minha filha e faço tudo o
que você quiser.
MURILO: (sai do escritório) Por isso que ela é assim, mimada, um dia a
Aline vai quebrar a cara e nem você papai, vai poder ajudar.
CAETANO: Sempre estarei ao lado dela, e do seu também.
MURILO: Me viro muito bem sozinho, não gosto de como os dois
resolvem as coisas.
CAETANO: Murilo você é tão irritante quanto a sua mãe, se não está
satisfeito como somos porque não vai morar com a Cecília.
MURILO: Deveria mesmo. (vai saindo).
CAETANO: Aonde você vai?
MURILO: visitar Abner, ele saiu do hospital hoje.
CAETANO: Como você sabe?
MURILO: A mamãe me avisou, ela disse que ele vai ficar na cadeira de
rodas por um tempo.
CAETANO: (sorri) Pelo menos isso.
ALINE: Se ele não se recuperar papai pode pedir a interdição dele, e tomar
conta dos negócios sozinho.
CAETANO: Vou com você Murilo.
MURILO: Comigo não, eu vou ver Abner porque gosto dele, já você vai
para atormenta-lo, vá depois papai. (sai)
CAETANO: Às vezes me pergunto se ele é mesmo meu filho.
ALINE: Deixa ele pra La e vamos almoçar! (sorri)
CAETANO: Gostei da sua ideia de interdição princesa... Pode me ser útil.
(sorri).
Cena 9
Rio de Janeiro
Hotel Montenegro
(Gustavo está procurando Carolina, não a encontra, chama a gerente)
GUSTAVO: Por favor, estou procurando uma funcionária do hotel, ela se
chama Carolina.
GERENTE: Sim, Carolina é uma de nossas camareiras, ela está no terceiro
andar, mas... Aconteceu alguma coisa senhor? Posso ajudar?
GUSTAVO: Não... Ou melhor... Pode sim... Eu gostaria de levar a
Carolina para dar uma volta, você daria permissão?
GERENTE: Infelizmente não senhor, ela esta em horário de trabalho.
GUSTAVO: Entendo...Caso você não possa permitir, eu ligo para meu
amigo Murilo, filho de Caetano Bueno.
GERENTE: (surpresa) O senhor... Conhece os donos do hotel?
GUSTAVO: Meu pai trabalha no hotel Montenegro de São Paulo e é
amigo de Caetano... Então, posso levar Carolina para sair?
GERENTE: Isso não é permitido... Mas vou abrir uma exceção... Ela está
no terceiro andar.
GUSTAVO: Obrigado. (vai pegar o elevador, para no terceiro andar,
encontra Carolina no corredor).
CAROLINA: Oi! (sorri)
GUSTAVO: (sorri) Estava te procurando... Não aguentei esperar até a
noite.
CAROLINA: (tímida) Gustavo...
GUSTAVO: Você ainda mais linda corada...
CAROLINA: Obrigada, eu não posso ficar conversando aqui no corredor,
melhor eu ir.
GUSTAVO: Espera... Eu... Gostaria de sair com você agora também.
CAROLINA: Eu não posso largar meu expediente no meio Gustavo, posso
ser despedida.
GUSTAVO: Não vão te despedir (sorri) Eu pedi para a gerente e ela
deixou você sair comigo.
CAROLINA: Ela deixou? Nossa o que você fez? (da risada)
GUSTAVO: Eu nada demais, só disse que sou amigo dos donos do hotel,
(da risada) Então agora você pode sair comigo.
CAROLINA: Se é assim, vou me arrumar, me espera na recepção.
GUSTAVO: Tudo bem. (sorri).
CAROLINA: (sorri, vai saindo, volta) Gustavo... Por que eu?... Com
tantas mulheres por aqui... Por que você quer sair comigo?
GUSTAVO: Quero sair com você porque nenhuma outra mulher me faz
sentir o que sinto quando estou perto de você.
CAROLINA: (sorri) Não demoro. (entra no elevador dos funcionários)
GUSTAVO: (feliz, vai esperar por ela na recepção).
Cena 10
Algumas Horas Depois
São Paulo
Casa de Abner
(Murilo e Abner estão na sala)
MURILO: Fico feliz em te ver se recuperando tio.
ABNER: Vindo de você eu acredito e agradeço se fosse com seu pai o
mandaria para o inferno.
MURILO: É bom saber que o senhor acredita em mim, pois realmente
meu afeto é verdadeiro, por isso que peço, não tente mais se matar.
ABNER: (fica em silencio um tempo, respira fundo, olha Murilo) Fiz
muitas coisas erradas Murilo... Olho em volta e... Me vejo sozinho...
MURILO: Meu pai fala muitas coisas sobre você, mas não acredito por
que... Bem...
ABNER: Por que ele me odeia, eu sei, mas creio que sobre meu passado
ele fala a verdade.
MURILO: Ele diz que você bebia sempre, que sua vida era uma festa...
ABNER: É verdade, quando meu pai morreu e me fui nomeado presidente
do grupo Montenegro, me senti forte, poderoso, vitorioso por ser o
presidente e não o seu avô, que era o mais velho... Já era casado com
Karen... Meu amor... (olha Murilo emocionado)
MURILO: Tio se você não quiser falar... Vou entender.
ABNER: É bom falar... Bem... Bebia todas as noites, pagava coisas aos
amigos, e voltava pra casa de madrugada... Karen sempre me pedia para
voltar cedo, ela gostava de jantar comigo... Uma noite ela me cobrou isso...
Ser o marido dela... Estar presente, nós discutimos e eu... A agredi... Me
arrependo disso até hoje... Depois, uma amiga dela veio em casa... Transei
com ela no meu quarto... Meu e de Karen, como eu estava bêbado, peguei
no sono, Karen chegou em casa... Ela ficou arrasada com o que viu, teve
uma crise de nervos... (as lagrimas escorrem).
MURILO: Tio quer alguma coisa? Água, suco...
ABNER: Não obrigado e com certeza se quisesse algo não seria um suco...
MURILO: (sorri)
ABNER: Depois... Comecei a frequentar casas noturnas, toda noite saia
com uma mulher diferente, Karen sempre soube... Ela enfrentou tudo
porque me amava... Mas foi chegando um tempo em que via nos olhos
dela... Dor, sofrimento... Ódio... A gota para ela foi uma prostituta que era a
minha preferida... Kalana... Na verdade ela se chama Valquíria... Um dia
cheguei em casa e Karen não estava mais... Fui atrás dela pedi perdão,
tivemos um lindo momento juntos, e quando acordei... Tinha um bilhete
dela... Falando que não tinha mais jeito, que ela me odiava, que não me
suportava... E nunca mais falei com ela.
MURILO: Meu pai fala sempre com Karen, eu falei poucas vezes.
ABNER: Como ela esta?
MURILO: Bem... Tio... Por que você não liga pra ela, posso te dar o
número.
ABNER: Não... Eu sei que errei, ela esta certa...
MURILO: Tio eu tenho que ir, fiquei de passar no hotel, mas eu volto.
ABNER: Que bom, gosto de você Murilo, o que me deixa mais feliz é
saber que você não tem o caráter do seu pai.
MURILO: (da risada) Eu também.
Cena 11
Hotel Montenegro
Suíte Presidencial
(Caetano entra, Olivia está sentada na cama).
OLIVIA: (sorri) Estava com saudades meu amor.
CAETANO: Eu também, mas você sabe que vir aqui no meu local de
trabalho não gosto.
OLIVIA: (Se levanta, se aproxima de Caetano) Eu sei meu amor, mas
aqui é pratico... (sorri) Já tem cama. (beija Caetano)
CAETANO: (beija Olivia, sorri) Cachorra... Você está linda.
OLIVIA: Obrigada meu amor.
CAETANO: (se senta na cama) Queria mesmo falar com você... Tenho
um plano em mente e creio que você pode me ajudar.
OLIVIA: (se senta no colo de Caetano) Se estiver ao meu alcance farei.
CAETANO: Quero que você encontre uma mulher.
OLIVIA: Como é?
CAETANO: Uma mulher... (sorri) Creio que você pode encontra-la já que
você é dançarina no clube.
OLIVIA: Que mulher é essa e pra que você quer encontra-la.
CAETANO: Se chama Kalana era uma prostituta, quero encontra-la para
colocar ela no caminho de Abner e destruí-lo.
OLIVIA: (sorri)... Entendi amor, esta bem eu procuro sim... (acaricia o
rosto de Caetano, o beija).
CAETANO: (beijando Olivia, ofegante) Pensando bem, é sempre bom ter
você aqui. (a beija com desejo, a deita na cama).
OLIVIA: (olhando Caetano sorri) Eu sei... Meu cachorro. (se beijam com
desejo).
Cena 12
RIO DE JANEIRO
(Carolina e Gustavo estão caminhando pela praia).
GUSTAVO: Então você não tem pais?
CAROLINA: Não... A minha mãe adotiva me contou que uma enfermeira
sabia que ela queria adotar uma menina... E quando me abandonaram no
hospital... Avisaram pra ela.
GUSTAVO: Como você sabe que te abandonaram? Pode ter sido outra
coisa.
CAROLINA: Antes fosse... Mas não, a minha mãe verdadeira deixou um
anel de diamante para quem me adotasse.
GUSTAVO: Você tem esse anel?
CAROLINA: Tenho sim antes de morrer ela me entregou... E você? Mora
com quem?
GUSTAVO: Com meus pais, Celine e Ramon Maldonado. ..Posso te fazer
uma pergunta?
CAROLINA: Claro.
GUSTAVO: Você tem namorado?
CAROLINA: (sorri tímida) Não... Nunca tive.
GUSTAVO: Você nunca namorou ninguém? Impossível, ainda mais com
essa beleza.
CAROLINA: Nada sério conheci poucos homens interessantes.
GUSTAVO: Entendi... Eu sou interessante? (sorri)
CAROLINA: É sim, muito (da risada).
GUSTAVO: Isso é bom. (sorri)
CAROLINA: E você... Tem namorada?
GUSTAVO: Não, eu tinha, mas terminamos, digamos que Aline, minha
ex-namorada, não é o tipo de mulher que procuro.
CAROLINA: (para de andar, olha Gustavo) E qual é o tipo de mulher que
você procura?
GUSTAVO: (olhando Carolina) Do tipo que quando recebe um elogio...
Fica corada, do tipo que quando sorri fica iluminada... Do tipo que é meiga
com todo mundo, que tem um modo de ser especial, que foge do trabalho
para olhar o mar...
CAROLINA: (abaixa a cabeça) É melhor eu voltar...
GUSTAVO: Carolina... Sei que parece loucura, mas quando te vi... Me
apaixonei.
CAROLINA: (olha Gustavo) Eu... Não sei o que dizer...
GUSTAVO: Não precisa dizer nada... (a olha muito)
CAROLINA: (olhando Gustavo)
GUSTAVO: (beija Carolina)
CAROLINA: (beija Gustavo, o olha) Isso... Não vai dar certo...
GUSTAVO: (segura à mão de Carolina) Por que não?
CAROLINA: Por muitas coisas... Você não mora aqui... É rico, eu sou
pobre...
GUSTAVO: Pode parar, nada disso importa... Carolina... Nunca senti o
que estou sentindo agora... E você?
CAROLINA: Eu... Também sinto algo por você... (olhando Gustavo)
GUSTAVO: (sorri) Então vamos aproveitar esse momento em que
estamos juntos.
CAROLINA: Você não entende... E quando você for embora?... Como
vou ficar?
GUSTAVO: Não estou com vontade de ir, mas quando for, você vem
comigo.
CAROLINA: (da risada) Eu vou junto e largo tudo aqui, fácil assim?
GUSTAVO: (sorri) Claro que fácil assim, você vai ver... Depois falamos
disso porque agora... Quero outro beijo. (sorri)
CAROLINA: (sorri beija Gustavo).
(Aline se aproxima, fica com raiva ao ver Carolina e Gustavo se beijando).
ALINE: (brava) Eu posso saber o que significa isso?
Cena 13
São Paulo
Casa de Isabel
RODRIGO: Eu não acredito que a Aline foi atrás daquele babaca!
ISABEL: Fica calmo meu filho.
RODRIGO: Não! Ela me prometeu desistir dele!
ISABEL: Você conhece Aline, ela nunca vai desistir fácil assim de
Gustavo.
RODRIGO: Mamãe ela prometeu ficar comigo! E agora na primeira
oportunidade ela vai feito uma cachorrinha atrás daquele cara!
ISABEL: Meu filho eu sei que você gosta muito de Aline, mas ela não é
uma pessoa confiável, ela é como o pai dela.
RODRIGO: Ótimo, porque se ela fosse idiota feito o Murilo não
suportaria.
ISABEL: Não fale assim do seu primo, ele é um rapaz de ouro.
RODRIGO: Quero que ele se dane, e que a Aline vá para o inferno! (sai
de casa, bate a porta, vai ate sua moto que esta estacionada em frente sua
casa, se apoia nela, está bravo, lembra-se de quando Aline o beijou, fecha
os olhos) Aline... Por que você foi atrás desse imbecil...
Cena 14
Hotel Montenegro
Suíte
(Caetano esta se vestindo, Olivia esta deitada na cama).
OLIVIA: Deixa ver se entendi você quer encontrar a tal prostituta para que
ela acabe de uma vez com o que Karen senti por Abner... Mas eles já não
estão separados?
CAETANO: Estão, mas mamãe gosta dele, e eu não quero que ela tenha
uma recaída, se ela volta com Abner esse velho se recupera num passo de
mágica, e isso é o que não pode acontecer.
OLIVIA: Você já pensou que a sua mãezinha amada pode sofrer mais
ainda.
CAETANO: A intenção é que ela nunca deixe de odiar Abner, não quero
que ela sofra.
OLIVIA: Mas ela vai, e ela sofre...
CAETANO: Darei força a ela. (termina de se arrumar) Tenho que
trabalhar meu amor, à noite vou te ver dançar.
OLIVIA: (sorri) Amo quando você vai me ver.
CAETANO: (se aproxima se senta na cama) E eu amo você. (beija Olivia)
OLIVIA: (sorri, feliz) Diz de novo.
CAETANO: Eu te amo.
OLIVIA: Também te amo, e pode deixar que vou encontrar essa mulher.
CAETANO: Obrigado. (sorri, se levanta) Até mais tarde.
OLIVIA: Até meu amor.
Cena 15
(Caetano sai da suíte, vai para a administração, entra em sua sala, Murilo
esta esperando por ele).
CAETANO: Visita rápida ao titio.
MURILO: Faz um tempo que estou aqui papai, eu vim porque Julio me
pediu para olhar as finanças, e sabe que eu descobri...
CAETANO: (se sentando) Não.
MURILO: Que você desviou dinheiro da conta do hotel para a sua.
CAETANO: (da risada) Mas que absurdo é esse? Como você afirma isso?
Em que você se baseia para me acusar de algo grave assim?
MURILO: Não me baseio em nada, eu vi mesmo, na sua conta apareceu
exatamente a quantia que sumiu daqui, o que eu não entendo é porque
roubar e si mesmo.
CAETANO: (sério) Sai daqui Murilo, sai porque olhar pra sua cara já está
me irritando.
MURILO: Papai... Eu vou ter que contar ao Julio.
CAETANO: (bravo) Você não vai falar nada! Ouviu bem, nada!
MURILO: Por que você fez isso?
CAETANO: Só estou pegando o que é meu de direito, portanto Julio e
Abner não precisam e nem vão saber.
MURILO: Vão porque eu vou contar, eu tenho que fazer isso, é meu
trabalho.
CAETANO: (se levanta, se aproxima de Murilo) Estou falando sério
Murilo, abre a boca, que esqueço que você é meu filho.
MURILO: Você... Está me ameaçando papai? (triste)
CAETANO: Estou avisando, conta que peguei dinheiro daqui, que destruo
tudo que você tem.
MURILO: Pois vou contar, pago pra ver papai.
CAETANO: (encosta Murilo na parede, aperta o pescoço dele com o
braço) Presta atenção! Abre a boca que eu mato aquela sua meia irmãzinha.
MURILO: (com dificuldade para respirar) Me solta...
CAETANO: Fala pra mim que você não vai contar.
(Cecília entra na sala).
CECILIA: (aflita) O que está acontecendo aqui? (empurra Caetano).
MURILO: (tosse, olha Caetano as lagrimas escorrem)... Nunca achei...
Que você fosse capaz de me fazer mal... (sai do escritório chorando)
CECILIA: (nervosa) O que você estava fazendo?
CAETANO: (ofegante, arrependido do que fez)... Perdi a cabeça...
CECILIA: Se eu não chegasse Caetano...
CAETANO: Eu sou incapaz de ferir meu filho, nem termina a frase.
CECILIA: Eu vi você sufocando Murilo!
CAETANO: Ele é muito atrevido estava assustando ele só isso.
CECILIA: Toca no meu filho desse jeito de novo... Que eu conto tudo que
sei sobre você ao Abner.
CAETANO: Mas que saco! Cecília o que você veio fazer aqui?
CECILIA: Eu vim para saber de Aline e te encontro sufocando Murilo!
CAETANO: Aline foi para o Rio de Janeiro, agora que você já sabe faça o
favor de sair daqui.
CECILIA: Fiz mal em deixar meus filhos morando com você.
CAETANO: São meus também! Se bem que tenho duvidas sobre Murilo.
CECILIA: Sabe qual é o problema, Murilo te incomoda porque ele não é
como você, meu filho sim tem caráter, é honesto... Não se deixou
influenciar como Aline que infelizmente foi estragada por você.
CAETANO: Cecília... Eu nem ouvi o que você me disse e nem quero te
ouvir, fiquei a vontade aqui, falando com o vento. (sai do escritório).
Cena 16
Rio de Janeiro
Praia
GUSTAVO: Eu posso saber o que você esta fazendo aqui?
ALINE: Vim te ver meu amor, mas vejo que você já arrumou um
passatempo.
GUSTAVO: Não acredito nisso... Carolina vamos sair daqui.
ALINE: Carolina... É esse o nome dessa... Coisa.
CAROLINA: Você não me conhece para me agredir assim.
GUSTAVO: Não liga pra ela, Aline é louca.
ALINE: Querida, deixa te falar uma coisa, Gustavo é meu namorado.
GUSTAVO: Não sou nada seu.
ALINE: É sim, vim resolver tudo com você e te encontro com essa
coisinha.
GUSTAVO: Para de falar assim de Carolina, é com ela que estou agora.
ALINE: (olha Carolina com raiva) Não por muito tempo.
CAROLINA: Gustavo... Eu vou voltar para o hotel... Depois nos vemos.
GUSTAVO: Não, a gerente deixou você passar o dia comigo, vamos para
bem longe de Aline.
ALINE: É isso que eu entendi... Essa coisa é empregada do hotel...
(começa a rir) Meu amor, agora você pegou pesado, das outras vezes
foram moças do nosso nível.
GUSTAVO: Do que você esta falando?
ALINE: Da nossa brincadeira amor, Carolina é o seguinte, todo mês
Gustavo faz isso, ele gosta muito de viajar, e eu sempre aposto com ele que
não ele pega uma mulher por viagem, mas eu sempre perco amor, dessa vez
você enganou uma coitada.
CAROLINA: (as lagrimas escorrem, olha Gustavo) Amor à primeira vista
não é... (sai correndo)
GUSTAVO: (fala alto) Carolina é mentira!
ALINE: (da risada) Um á zero pra mim.
GUSTAVO: (pega Aline pelos braços a sacode) Você ficou louca! Para de
me atormentar entendeu?
ALINE: Me solta! Eu só tirei ela do meu caminho!
GUSTAVO: (solta Aline) Eu nem vou falar nada, desaparece da minha
vida! Nunca mais chegue perto da Carolina.
ALINE: Gustavo! Fala sério, essa coisa ai é uma empregada!
GUSTAVO: E você é uma garota mimada pelo papai rico e não vale um
centavo!
ALINE: Cuidado como fala comigo... Eu vim até aqui porque te amo, e te
encontro aos beijos com essa fulana.
GUSTAVO: Já perdi tempo demais com você, vou atrás da Carolina. (sai)
ALINE: Não vou ser trocada por essa coisinha... Não vou mesmo. (coloca
os óculos de sol, sai apressada).
Cena 17
São Paulo
Casa de Abner
Quarto de Abner
(Abner esta em frente à janela, com o olhar distante).
ABNER: Karen... (fecha os olhos) Eu te amo tanto...
(Julio entra)
JULIO: Não adianta me expulsar. (sorri)
ABNER: Como você vê estou bem, não preciso de babá e sim de um
fisioterapeuta, isso sim aceito, quero voltar logo para o hotel.
JULIO: Isso é muito bom meu irmão... Tenho uma surpresa para você.
ABNER: Agradável ou desagradável?
JULIO: Você vai ver. (Julio sai).
ABNER: Só porque tentei me matar acham que sou criança.
(Karen entra).
KAREN: Não Abner, até uma criança teria noção para não se jogar de uma
janela.
ABNER: (a olha não acreditando que Karen esta ali) Karen... (as
lagrimas escorrem).
KAREN: (o olha altiva indiferente).