FACULDADE DE ENFERMAGEM NOVA ESPERANÇA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA
CRISTIANNE BARACUHY DE MELLO
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE
AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL NA SÍNDROME DE MORQUIO
JOÃO PESSOA - PB
2018
CRISTIANNE BARACUHY DE MELLO
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE
AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL NA SÍNDROME DE MORQUIO
Dissertação apresentada à coordenação do
Programa de Pós-Graduação em Saúde da
Família, Mestrado Profissional da Faculdade
de Enfermagem Nova Esperança – FACENE.
Linha de Pesquisa: Atenção e gestão do
cuidado em saúde.
Área de concentração: Gestão e tecnologia do
cuidado em saúde da família.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Marcos Alexandre da Franca Pereira.
JOÃO PESSOA - PB
2018
M477a Mello, Cristianne Baracuhy de
Avaliação da satisfação dos usuários de aparelho de
amplificação sonora individual na Síndrome de Morquio /
Cristianne Baracuhy de Mello. – João Pessoa, 2018.
63f.; il.
Orientador: Profº. Drº. Marcos Alexandre da Franca Pereira.
Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde da Família) –
Faculdade Nova Esperança - FACENE
1. Mucopolissacaridose IV. 2. Auxiliares de Audição. 3.
Perda Auditiva. I. Título.
CDU: 616.28-008.14
CRISTIANNE BARACUHY DE MELLO
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE
AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL NA SÍNDROME DE MORQUIO
Dissertação apresentada por Cristianne Baracuhy de Mello, aluna do Curso de Mestrado em
Saúde da Família, na linha de Atenção e Gestão do cuidado em Saúde, tendo obtido o
conceito de ______________________, conforme a apreciação da Banca Examinadora,
constituída pelos professores:
Aprovada em: _______ de ________________ de 2018.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Marcos Alexandre da Franca Pereira
(Faculdade de Medicina Nova Esperança)
Orientador
_____________________________________________
Prof. Dr. Maurus Marques de Almeida Holanda
(Universidade Federal da Paraíba – UFPB)
Membro Externo
_____________________________________________
Profª. Dra. Débora Raquel Soares Guedes Trigueiro
(Faculdade de Enfermagem Nova Esperança)
Membro Interno
__________________________________________
Profª. Dra. Aline Gomes Bittencourt
(Universidade Federal do Maranhão – UFMA)
Suplente Externo
_____________________________________________
Profª. Dra. Daiane Medeiros da Silva
(Faculdade de Enfermagem Nova Esperança)
Suplente Interno
Aos meus pais, que sempre me apoiaram e me educaram
para seguir o caminho da ética, do respeito e do amor ao
próximo.
Ao meu marido, Marcelo, pela compreensão nas minhas
ausências, pelo apoio constante e pela dedicação.
Às minhas filhas, Luanna, Marcelle e Laís, pelo amor,
incentivo e carinho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por minha vida e por me guiar nesta jornada.
Aos meus irmãos, Yêdda e Cassiano, por todo carinho e apoio em todos os momentos.
Ao meu orientador, Dr. Marcos Franca, por acreditar em mim, pelo incentivo e por todo
ensinamento acadêmico e, principalmente, de vida, merecendo todo meu respeito e minha
admiração, por ser uma pessoa comprometida com o ensino e com seus pacientes.
Aos pacientes e seus familiares, por confiarem no meu trabalho e por participarem da
pesquisa.
À coordenadora do Mestrado Profissional em Saúde da Família, Dra. Débora Trigueiro, pela
dedicação ao Mestrado, pelo conhecimento transmitido nas aulas, pelas preciosas dicas e pelo
aprimoramento do presente estudo.
Aos membros que compuseram minha Banca, Dr. Maurus Holanda e Dra. Débora Trigueiro,
por aceitarem o convite e compartilharem desse momento tão especial na minha vida,
agradeço pela enorme contribuição, pelas valiosas sugestões e pelo incentivo.
Aos membros suplentes, Dra. Aline Bittencourt e Dra. Daiane Silva, pela disponibilidade em
participar da Banca.
Aos meus amigos do Mestrado, pela parceria durante esses dois anos e pela amizade sincera,
pelo companheirismo e pelas ricas discussões nas nossas aulas.
À professora Aline Bittencourt, pela orientação, pelas sugestões e pelas palavras de incentivo
que foram valiosas para o aperfeiçoamento do meu trabalho.
À Dra. Paula Francinetti, pelo foco científico, pelo pioneirismo e pela atitude humanitária no
cuidado com os portadores da Síndrome de Morquio.
Ao Centro de Saúde Nova Esperança, pelo acolhimento e apoio na realização desta pesquisa.
À Leidyanny Medeiros, pela contribuição em minha análise estatística.
A todos que, direta ou indiretamente, participaram da realização deste trabalho tão
enriquecedor e importante para minha vida profissional.
“A dúvida é o princípio da sabedoria”.
Aristóteles
RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo avaliar o uso do aparelho de amplificação sonora
individual em portadores da Síndrome de Morquio com perda auditiva, no Estado da Paraíba.
Trata-se de um estudo epidemiológico, exploratório, descritivo, com abordagem quantitativa,
realizado no Centro de Saúde Nova Esperança. A amostra corresponde a 20 indivíduos com
diagnóstico de Síndrome de Morquio ou Mucopolissacaridose IV, com perda auditiva e que
faziam uso de aparelho de amplificação sonora individual, há pelo menos três meses,
selecionados através da técnica de amostragem por conveniência. Os dados foram coletados
utilizando o questionário IOI-HA (International Outcome Inventory for Hearing Aids),
traduzido para o português, denominando-se Questionário Internacional - Aparelho de
Amplificação Sonora Individual (QI - AASI), composto por sete domínios. Os dados foram
digitados em planilha eletrônica do Microsoft Office Excel 2016 e processados pelo software
R versão 3.1.0., aplicando-se estatística descritiva e inferencial, com utilização de testes de
hipóteses paramétricos e não paramétricos, considerando nível de significância de 5%, e, em
seguida, foram apresentados sob a forma de tabelas e gráficos. Esta pesquisa cumpre as
Resoluções Éticas Brasileiras, de acordo com a Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional
de Saúde, que regulamenta a realização de pesquisas envolvendo seres humanos, e com a
Resolução do Conselho Federal de Fonoaudiologia 490/2016, Capítulo IX, que trata da
Formação Acadêmica, da Pesquisa e da Publicação. Do total de indivíduos do estudo, 55,0%
eram do sexo masculino e 45,0% do sexo feminino, com uma média de idade de 21,6 anos (±
10,4 anos). Entre os participantes, 65,0% informaram consangüinidade; destes, 46,2%
referiram parentesco de 1º grau e 45,0% tinham irmãos com a mesma patologia. A reposição
enzimática era feita por 95,0% dos indivíduos. A maioria dos casos de perda auditiva foi
classificada como do tipo mista, tanto para a orelha direita (55,0%), quanto para a orelha
esquerda (60,0%), e não foi identificado nenhum caso do tipo condutivo. O grau da perda
auditiva mais prevalente foi o moderado, tanto para a orelha direita (45,0%), quanto para a
orelha esquerda (55,0%), e não houve nenhum grau classificado como profundo na amostra
investigada. Segundo os critérios de análise do questionário (QI-AASI), os indivíduos
avaliaram entre regular (3) e satisfatório (5) o uso do dispositivo. A amostra como um todo
avaliou positivamente o uso do dispositivo eletrônico, visto que os escores mantiveram-se
entre 26 e 35 pontos após o somatório de todas as pontuações atribuídas a cada questão do
questionário. As questões mais bem avaliadas foram Q1, Q2, Q4 e Q7, que analisaram a
interação do indivíduo com o respectivo aparelho auditivo. As questões que tiveram menor
percentual quanto à atribuição da pontuação máxima (Q3, Q5 e Q6) corresponderam à
interação do indivíduo com o seu ambiente. Foi possível concluir que o aparelho de
amplificação sonora individual representa uma ferramenta válida no fomento da comunicação
entre os profissionais de saúde e os pacientes e é capaz de promover a integração do
deficiente auditivo no ambiente social, no relacionamento com a família e na atenção primária
à saúde.
Palavras-Chave: Mucopolissacaridose IV; Auxiliares de Audição; Perda auditiva.
ABSTRACT
The present research aims to evaluate the use of the individual sound amplification device in
patients with Morquio Syndrome with hearing loss in Paraíba state. This is an epidemiological
exploratory and descriptive study with a quantitative approach, performed at the Nova
Esperança Health Center. The sample corresponds to 20 individuals diagnosed with Morquio
Syndrome or Mucopolysaccharidosis IV with hearing loss and who were using sound
amplification device for at least three months, selected through the convenience sampling
technique. The data were collected using the IOI-HA (International Outcome Inventory for
Hearing Aids), translated into Portuguese, known as an International Questionnaire -
Individual Sound Amplification Apparatus (IQ-ISAA), composed of seven domains. The data
were entered in a Microsoft Office Excel 2016 spreadsheet and processed by R software 3.1.0
version, applying descriptive and inferential statistics, using parametric and non-parametric
hypothesis tests, considering a significance level of 5% and then were presented in the form
of tables and graphs. This research fulfills the Brazilian Ethical Resolutions, in accordance
with Resolution No. 466/2012 of the National Health Council, which regulates the conduct of
research involving human beings, and with the Resolution of the Federal Speech Therapy
Council 490/2016, Chapter IX, which deals with Academic Training, Research, and
Publication. The total of the study subjects, 55.0% were male and 45.0% female, with a mean
age of 21.6 years (± 10.4 years). Among participants, 65.0% reported consanguinity; of these,
46.2% reported the first degree of relatedness and 45.0% had siblings with the same
pathology. The enzymatic replacement was done by 95.0% of the individuals. The majority of
cases of hearing loss were classified as mixed, for both the right ear (55.0%) and the left ear
(60.0%), and no conductive type cases were identified. The most prevalent degree of hearing
loss was moderate, both for the right ear (45.0%) and for the left ear (55.0%), and there was
no degree classified as deep in the investigated sample. According to the questionnaire
analysis criteria (QI-AASI), the subjects evaluated the use of the device between regular (3)
and satisfactory (5). As a whole, the participants evaluated as positively the use of the
electronic device. Seeing that the scores remained between 26 and 35 points after the sum of
all the scores attributed to each question of the questionnaire. The best-evaluated questions
were Q1, Q2, Q4, and Q7, which analyzed the interaction of the individual with the respective
hearing aid. The questions that had a lower percentage of the assignment of the maximum
score (Q3, Q5, and Q6) corresponded to the interaction of the individual with his/her
environment. It was possible to conclude that the individual sound amplification apparatus
represents a valid tool in the promotion of communication between health professionals and
patients, and is capable of promoting the integration of the hearing impaired in the social
environment, in the relationship with the family and in the health primary attention.
Keywords: Mucopolysaccharidosis IV; Hearing Aids; Hearing Loss.
RESUMEN
La presente pesquisa tiene como objetivo valorar el uso del aparato del amplificación sonora
individual en portadores de la Síndrome de Morquio con pierda auditiva, en el Estado de la
Paraíba. Se trata de un estudio epidemiológico, exploratorio, descriptivo, con abordaje
cuantitativa, realizado en el Centro de Salud Nueva Esperanza. La muestra corresponde a 20
individuos con diagnostico de Síndrome de Morquio o Mucopolisacaridosis IV con pierda
auditiva y que hacían uso de aparato de amplificación sonora individual, a por lo menos tres
meses, seleccionados a través de la técnica de muestreo por conveniencia. Los dados fueran
colectados utilizando el cuestionario IOI-HA (Outcome Inventory for Hearing Aids),
traducido para el español, denominándose Cuestionario Internacional – Aparato de
Amplificación Sonora Individual (QI – AASI), compuesto por siete dominios. Los dados
fueran digitados en planilla electrónica del Microsoft Office Excel 2016 y procesados por el
software R versión 3.1.0., aplicándose estadística descriptiva y de inferencia, con utilización
de testes de hipótesis paramétricos e no paramétricos, considerando nivel de significancia de
5%, y, en seguida, fueran presentados bajo la forma de tablas y gráficos. Esta pesquisa cumple
las Resoluciones Éticas Brasileñas, de acuerdo con la Resolución n° 466/2012 del Consejo
Nacional de Salud, que reglamenta la realización de pesquisa envolviendo seres humanos, y
con la Resolución del Consejo Federal de Fonoaudiología 490/2016, Capitulo IX, que trata de
la Formación Académica, de la Pesquisa y de la Publicación. Del total de individuos del
estudio, 55,0% eran del sexo masculino y 45,0% del sexo femenino, con una media de edad
de 21,6 años (± 10,4 años). Entre los participantes, 65,0% informaran consanguinidad; de
estos, 46,2% refirieran parentesco de 1° grado y 45,0% tenían hermanos con la misma
patología. La reposición enzimática era hecha por 95,0% de los individuos. La mayoría de los
casos de pierda auditiva fue clasificada como del tipo mista, tanto para la oreja derecha
(55,0%), cuanto para la oreja izquierda (60,0%), y no fue identificado ningún caso del tipo
conductivo. El grado de pierda auditiva más prevalente fue el moderado, tanto para la oreja
derecha (45,0%), cuanto para la oreja izquierda (55,0%), y no hubo ningún grado clasificado
como profundo en la amuestra investigada. Según los criterios de análisis del cuestionario
(QI-AASI), los individuos valoraran entre regular (3) y satisfactorio (5) el uso del dispositivo.
La amuestra como un todo valoró positivamente el uso del dispositivo electrónico, visto que
los escores se mantuvieran entre 26 y 36 puntos tras el sumatorio de todas las puntuaciones
atribuidas la cada cuestión del cuestionario. Las cuestiones más bien valoradas fueran QI, Q2,
Q4 y Q7, que analizaran la interacción del individuo con el respectivo aparato auditivo. Las
cuestiones que tuvieran menor porcentual cuanto a atribución de la puntuación máxima (Q3,
Q5 y Q6) correspondieran a interacción del individuo con el su ambiente. Fue posible concluir
que el aparato de amplificación sonora individual representa una herramienta valida en el
fomento de la comunicación entre los profesionales de salud y los pacientes y es capaz de
promover la integración del deficiente auditivo en el ambiente social, en el relacionamiento
con la familia y en la atención primaria a salud.
Palabras-clave: Mucopolisacaridosis IV; Auxiliares de Audición; Pierda auditiva.
LISTA DE FIGURA
Figura 1 Esquema de corte lateral do osso temporal......................................................... 21
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1 Distribuição dos indivíduos com relação à nota máxima aplicada em cada
pergunta do questionário QI-AASI. João Pessoa, Paraíba, Brasil,
2017.................................................................................................................. 36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição dos participantes segundo as variáveis sociodemográficas e
clínicas. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017..................................................... 33
Tabela 2 Distribuição dos indivíduos segundo o tipo de perda auditiva tanto para a
orelha direita quanto para a esquerda (n= 20). João Pessoa, Paraíba, Brasil,
2017.................................................................................................................. 34
Tabela 3 Distribuição dos indivíduos segundo o grau da perda auditiva tanto para a
orelha direita quanto para a esquerda (n= 20). João Pessoa, Paraíba, Brasil,
2017.................................................................................................................. 34
Tabela 4 Distribuição da pontuação média obtida em cada pergunta do questionário
QI-AASI. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017................................................... 35
Tabela 5 Distribuição da pontuação média obtida em cada pergunta do questionário
QI-AASI valor total (bruto e ajustado) e dos fatores 1 e 2 (bruto e ajustado).
João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017................................................................... 37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AASI – Aparelho de amplificação sonora individual
APS – Atenção Primária à Saúde
CEP – Comitê de Ética e Pesquisa
dBNA – decibel nível de audição
GAGS – Glicosaminoglicanos
Hz – Hertz
IOI - HA – International Outcome Inventory for Hearing Aids
IPRF – Índice percentual de reconhecimento de fala
LDF – Limiar de detecção de fala
LRF – Limiar de reconhecimento de fala
MAE – Meato acústico externo
MPS – Mucopolissacaridose
MT – Membrana timpânica
QI - AASI – Questionário Internacional – Aparelho de amplificação sonora individual
IPRF – Índice percentual de reconhecimento de fala
TS – Tecnologia em saúde
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo Primário................................................................................................ 16
1.1.2 Objetivos Secundários......................................................................................... 16
2 QUADRO TEÓRICO.......................................................................................... 17
2.1 DOENÇAS LISOSSÔMICAS.............................................................................. 18
2.1.1 Mucopolissacaridoses.......................................................................................... 18
2.1.1.1 Mucopolissacaridose IV ou Síndrome de Morquio............................................... 19
2.1.1.2 Síndrome de Morquio e Alterações Auditivas...................................................... 20
2.2 AUDIÇÃO............................................................................................................. 20
2.2.1 Aspectos Gerais.................................................................................................... 20
2.2.2 Perda Auditiva..................................................................................................... 22
2.2.3 Uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI)........................ 23
2.2.3.1 Tecnologias em Saúde........................................................................................... 23
2.2.4 Seleção, Verificação e Adaptação de AASI....................................................... 24
2.2.4.1 Questionário QI – AASI........................................................................................ 25
2.2.4.2 Aclimatização e Plasticidade Cerebral.................................................................. 26
2.3 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO CONTROLE DE AGRAVOS............. 27
3 METODOLOGIA................................................................................................ 28
3.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................ 29
3.2 LOCAL DE ESTUDO........................................................................................... 29
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA............................................................................... 29
3.4 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS................................................. 30
3.5 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS.............................................. 30
3.6 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................... 31
3.7 ASPECTOS ÉTICOS............................................................................................ 31
4 RESULTADOS.................................................................................................... 32
5 DISCUSSÃO........................................................................................................ 38
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 44
REFERÊNCIAS................................................................................................... 46
APÊNDICES........................................................................................................ 51
ANEXOS............................................................................................................... 59
12
1 INTRODUÇÃO
13
As mucopolissacaridoses (MPS) correspondem a um grupo de doenças hereditárias
causadas por erros inatos do metabolismo que levam ao funcionamento inadequado de
determinadas enzimas. Os portadores de MPS têm alterações multissistêmicas progressivas e,
por isso, exigem um trabalho interdisciplinar (KHAN et al., 2017).
A Síndrome de Morquio é uma mucopolissacaridose tipo IV, cuja enzima deficitária é
a N-acetilgalactosamina-6-sulfase, que traz graves alterações clínicas, como nanismo, tronco
curto, deformidade das vértebras e costelas, pé plano, nariz curto e achatado, dentes
espaçados, opacificação das córneas e perda auditiva (HENDRIKSZ et al., 2014).
A distribuição da Síndrome de Morquio no mundo é variável, com a incidência
oscilando entre 1:76.000 e 1:450.000 nascidos vivos. A incidência de MPS IVA no Brasil é
desconhecida. Na Paraíba, há uma prevalência de 1:171.205 habitantes. A alta incidência no
Estado da Paraíba é atribuída a fortes evidências de consanguinidade, constituindo-se um
problema de Saúde Pública relevante (SILVA et al., 2014).
O aparelho de amplificação sonora individual (AASI) é uma das alternativas utilizadas
no processo de reabilitação auditiva que visa auxiliar a comunicação e minimizar as
limitações causadas pelos variados graus de surdez. Essa tecnologia oferece inúmeros
benefícios ao usuário, permitindo o resgate da percepção dos sons ambientais, da fala e dos
sons presentes nas situações diárias e, portanto, uma melhor qualidade de vida e de
relacionamentos interpessoais (PEREIRA, 2015).
O sucesso da adaptação do AASI depende de inúmeros fatores, como características
físicas e eletroacústicas do dispositivo eletrônico, necessidades audiológicas, análise do
desempenho através de procedimentos clínicos e da avaliação da satisfação do usuário nas
situações diárias de comunicação. A satisfação do usuário é o principal objetivo dos serviços
de saúde, e a sua avaliação por meio de um questionário de autoavaliação, que complemente
as avaliações audiológicas, é de suma importância (ALMEIDA, 2003; AURÉLIO et al.,
2012).
Dentre os serviços de saúde, estabelece-se, como porta de entrada para o acesso do
indivíduo ao sistema de saúde, a Atenção Primária à Saúde (APS) que traz como cerne de
proposta o acolhimento e o vínculo entre a equipe e sua comunidade adscrita. Isso só é
possível com a garantia da comunicação entre o binômio usuário-profissional no processo
construtivo do cuidado em saúde (TEDESCO; JUNDES, 2013).
Os pacientes com Síndrome de Morquio apresentam uma série de manifestações
clínicas, com necessidade de acompanhamento e acolhimento multidisciplinares. Além da
perda auditiva, alterações na acuidade visual acabam impactando sobremaneira a vida desses
14
indivíduos, o que torna imperativo o uso de uma tecnologia dura que contribua e viabilize a
comunicação e os cuidados com a sua saúde.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Primário
Avaliar o uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) em portadores da
Síndrome de Morquio com perda auditiva, no Estado da Paraíba.
1.1.2 Objetivos Secundários
Caracterizar demograficamente os indivíduos com Síndrome de Morquio, com perda
auditiva, usuários de AASI, no Estado da Paraíba;
Identificar o grau de satisfação e alterações da qualidade de vida com o uso efetivo
deste dispositivo.
15
2 QUADRO TEÓRICO
16
2.1 DOENÇAS LISOSSÔMICAS
As doenças lisossômicas são anomalias causadas por erros inatos do metabolismo.
Compreendem um grupo de patologias em que há o acúmulo de substrato no interior da
organela devido a mutações herdadas nos genes que codificam as enzimas necessárias para o
processo de digestão intracelular, acarretando uma disfunção metabólica, uma vez que os
depósitos lisossômicos podem resultar na morte das células afetadas (GÖNÜLDA et al.,
2014).
2.1.1 Mucopolissacaridoses
As Mucopolissacaridoses (MPS) são doenças lisossômicas raras causadas pela
deficiência de uma das enzimas responsáveis pela deterioração dos glicosaminoglicanos
(GAGs). Várias enzimas agem sequencialmente na degradação de GAGs e a atividade
deficiente de cada uma delas associa-se a um tipo específico de MPS. Ao todo, existem onze
deficiências enzimáticas para sete tipos e subtipos de MPS (MUENZER, 2011).
Os fragmentos de GAGs não degradados ou inadequadamente degradados acumulam-
se no interior dos lisossomos das células, tecidos e órgãos, são excretados de forma
aumentada na urina e levam ao conjunto de sinais e sintomas crônicos e progressivos que os
pacientes apresentam, com comprometimentos variáveis de múltiplos órgãos, como fígado,
baço, coração, medula óssea, olhos, ouvidos, sistema osteoarticular e linfático. A ampla gama
de manifestações clínicas das MPS, tanto em termos de número de órgãos/sistemas
envolvidos quanto de grau de comprometimento dos mesmos, certamente tem diferentes
impactos na qualidade de vida dos pacientes e na necessidade de acompanhamento
multidisciplinar (HENDRIKSZ et al., 2013).
De uma forma geral, à medida que a MPS progride, a qualidade de vida dos pacientes
declina consideravelmente. Os pacientes tornam-se cada vez mais dependentes de cuidadores
em função das dificuldades visuais e auditivas, dos problemas cardíacos, posturais e
respiratórios que limitam a realização de exercícios da rotina diária, de esforço e de
resistência. A reposição enzimática, aliada a outras formas terapêuticas, oferece ao indivíduo
uma maior autonomia nas atividades cotidianas, melhora da autoestima e aquisição de
sentimentos, como segurança e esperança, auxiliando consideravelmente a qualidade de vida
(GUARANY et al., 2015).
17
2.1.1.1 Mucopolissacaridose IV ou Síndrome de Morquio
A Síndrome de Morquio é uma mucopolissacaridose do tipo IV geneticamente
transmitida (herança autossômica recessiva). O defeito básico consiste em uma deficiência
enzimática: diminuição da N-acetilgalactosamina 6-sulfatase ou da enzima beta-
galactosidaselevando à incompleta degradação dos mucopolissacarídeos e consequente
deposição tissular com lesão tecidual progressiva (KHAN et al., 2017).
Em 1929, Luís Morquio, pediatra uruguaio, nascido em 1867 na cidade de
Montevideo, fundador da Sociedade Uruguaia de Pediatria, reconhecido nacional e
internacionalmente pela intensa atividade científica, foi o primeiro a descrever uma família
sueca com quatro crianças afetadas pela Síndrome de Morquio, cujas características clínicas
incluíam testa proeminente, alteração facial com mandíbula larga e pescoço curto, genu valgo,
hipermobilidade das articulações, baixa estatura, pés planos, problemas ósseos graves e
inteligência normal. Nesse mesmo ano, o radiologista inglês, James F. Brailsford, também
descreveu um paciente com manifestações semelhantes (KHAN et al., 2017; TURNES et al.,
2015).
A Síndrome de Morquio é classificada em dois tipos: A, mais comum e severa, e B,
menos frequente com sintomas mais brandos. Na Síndrome de Morquio do tipo A, há
deficiência da enzima N-acetilgalactosamina 6 sulfatase, e na do tipo B há deficiência da
enzima beta-galactosidase. Os pacientes não demonstram anormalidades aparentes ao
nascimento, apresentando um bom desenvolvimento neuromotor até o primeiro ano de vida e
não há déficit intelectual (HENDRIKSZ et al., 2014).
As principais alterações clínicas começam a surgir a partir dos 18 a 24 meses de idade,
com a ocorrência de grande retardo pôndero-estatural. Antes dessa idade, só podem ser
evidenciados achados anormais através de radiografia da coluna vertebral lombar
(MONTANÕ et al., 2007).
Entre as alterações esqueléticas típicas, podem ocorrer: tórax em quilha
(pectumcarinatum), cifose, nanismo com tronco curto, hiperlordose, escoliose, deformidade
das vértebras e costelas, genu valgo, pé plano valgo bilateral, hiperextensão articular (abdome
proeminente), lesões vasculares cardíacas, prognatismo, nariz curto e achatado, e, com
frequência, alterações auditivas (ASLAN et al., 2013). Os pacientes podem possuir queixo
proeminente, aumento da rima labial e macroglossia. Os dentes podem ter espaçamento
acentuado e cáries frequentes, por problemas na formação do esmalte (HENDRIKSZ et al.,
2014).
18
Nos pacientes com Síndrome de Morquio, ocorre a opacificação das córneas devido ao
acúmulo de mucopolissacarídeos. Clinicamente, evidencia-se redução da visão,
principalmente em ambientes com menor claridade e, paradoxalmente, alguns pacientes não
toleram luzes fortes, já que a opacificação das córneas pode levar à refração desigual da luz
(FENZL; TERAMOTO; MOSHIRFAR, 2015).
2.1.1.2 Síndrome de Morquio e Alterações Auditivas
A deposição de glicosaminoglicanos (GAGS) na região da tuba auditiva e da orelha
média dos pacientes com Síndrome de Morquio acarreta a drenagem deficitária dos fluidos
desse compartimento, o que aumenta o risco de otite média de repetição, capaz de provocar
perda auditiva condutiva. Com a idade, o acúmulo de GAGs na cóclea (orelha interna)
provoca perda auditiva sensorioneural. A associação do acúmulo de GAGs nas duas regiões
ocasiona perda auditiva mista (SIMMONS et al., 2005).
A maioria dos pacientes com mucopolissacaridoses (MPS) IV A apresenta perda
auditiva mista. Os tubos de ventilação podem ser usados para tratar a perda auditiva
condutiva, associada a líquido na orelha média, mas o paciente poderá manter a perda auditiva
condutiva, se houver comprometimento da cadeia ossicular. Grande parte dos pacientes terá
uma perda neurossensorial progressiva subjacente (HENDRIKSZ et al., 2013).
A aferição periódica dos limiares auditivos é mandatória, pois na vigência do
diagnóstico da surdez, a reabilitação poderá ser precocemente iniciada, impedindo ou
atenuando o impacto na linguagem e no aprendizado dos pacientes com Síndrome de
Morquio, principalmente crianças (SANTOS et al., 2011).
2.2 AUDIÇÃO
2.2.1 Aspectos Gerais
A audição é uma das funções primordiais do ser humano, pois é a base do
desenvolvimento da comunicação, viabilizando a possibilidade da expressão de ideias e a
concretização do pensamento por meio da linguagem oral (SANTOS; RUSSO, 2016).
Por meio da linguagem, o homem consegue entender o mundo que o rodeia, organizar
o seu universo, transmitir e abstrair pensamentos e sentimentos, compreender o outro,
interagir no meio e adquirir conhecimento. Sendo assim, quanto mais estímulos sonoros
19
receber, mais preparado estará para interagir com outras pessoas (KAPPEL; MORENO;
BUSS, 2011).
O sistema auditivo é formado pelo órgão sensorial da audição, pelas vias auditivas do
sistema nervoso e por estruturas cerebrais que recebem, analisam e interpretam as
informações sonoras, sendo necessária a integridade de todas as estruturas envolvidas
(BENTO; MINITI; MARONE, 1998).
A orelha externa é constituída pelo pavilhão auditivo, meato acústico externo (MAE) e
pela face externa da membrana timpânica (MT). A orelha média é uma cavidade preenchida
por ar que se comunica com a rinofaringe através da tuba auditiva e onde estão os três
ossículos (martelo, bigorna e estribo) que formam a cadeia ossicular. A orelha média é
separada do MAE pela MT, e da orelha interna, por duas janelas: oval (vestibular) e redonda
(coclear). A orelha interna engloba a cóclea e os canais semicirculares (Figura 1) (BENTO;
MINITI; MARONE, 1998).
Figura 1 – Esquema de corte lateral do osso temporal.
Fonte: BENTO; MINITI; MARONE, 1998.
O sentido da audição envolve uma sequência complexa de eventos. O som entra
através do MAE e movimenta a MT, levando-a a vibrar. Essas vibrações são transmitidas pela
cadeia ossicular até a janela oval, causando movimento do líquido intracoclear que
20
desencadeia um impulso nervoso no epitélio neural do labirinto membranoso. Os neurônios
presentes nesse epitélio recebem o estímulo nervoso e o transmitem ao córtex cerebral
(BOÉCHAT et al., 2015).
2.2.2 Perda Auditiva
Quando não há integridade do sistema auditivo, ocorre a perda auditiva que é a
diminuição da capacidade de perceber os sons, ocasionando muitas limitações, tanto no
desenvolvimento do indivíduo como nos aspectos sociais e emocionais. O impacto dessa
privação auditiva na vida de um indivíduo é significativo, pois não afeta somente a
capacidade de compreender adequadamente as informações sonoras, mas principalmente o
modo de se relacionar com seu meio, seus pares e sua cultura (KAPPEL; MORENO; BUSS,
2011).
A avaliação audiológica tem como objetivo principal determinar a integridade do
sistema auditivo, além de identificar o tipo e o grau da perda auditiva em cada orelha, e
consiste na realização de exames audiológicos básicos como a audiometria tonal limiar e a
audiometria vocal (LOPES; MUNHOZ; BOZZA, 2015).
A audiometria tonal limiar é um teste subjetivo que determina os limiares auditivos
comparando os valores obtidos com os padrões de normalidade, usando como referência o
tom puro. Os limiares audiométricos obtidos devem ser dispostos e representados
graficamente no audiograma, usando sistema de símbolos padronizados (LOPES; MUNHOZ;
BOZZA, 2015).
A audiometria vocal avalia a habilidade para detectar e reconhecer a fala, através do
limiar de detecção de fala (LDF), do reconhecimento de fala (LRF), do índice percentual de
reconhecimento de fala (IPRF). A pesquisa dos limiares logoaudiométricos e do IPRF deve
fazer parte da prática clínica, cabendo ao fonoaudiólogo selecionar aqueles necessários para
cada caso (SBF, 2017).
Dependendo da localização da lesão, a perda auditiva pode ser classificada quanto ao
tipo: condutiva, quando acomete as orelhas externa e/ou média; sensorioneural, quando atinge
a orelha interna, e mista, quando compromete as orelhas média e interna (SANTOS; RUSSO,
2016).
De acordo com a classificação de Lloyd e Kaplan (1978 apud MOMENSOHN-
SANTOS; RUSSO, 2007), a perda auditiva é classificada quanto ao grau: leve, se os limiares
tonais estiverem entre 26 e 40 dB NA; moderado, entre 41 e 55dB NA; moderadamente
21
severo, entre 56 e 70 dB NA; severo, entre 71 a 90dB NA, e profundo, com limiares acima 90
dB NA (SBF, 2017).
2.2.3 Uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI)
2.2.3.1 Tecnologias em Saúde
Tecnologias em saúde (TS) são definidas como medicamentos, materiais,
equipamentos e procedimentos, sistemas organizacionais, educacionais, de informação e de
suporte, bem como programas e protocolos assistenciais, por meio dos quais a atenção e os
cuidados com a saúde são prestados à população, ou seja, é todo e qualquer
método/dispositivo utilizado para promover saúde, tratar doenças e melhorar a reabilitação ou
o cuidado do indivíduo ou da população (POLANCZYK; VANNI; KUCHENBECKER,
2010).
Desse modo, concebe-se tecnologia em saúde como uma forma de intervenção usada
para promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças ou para promover a
reabilitação e os cuidados a curto, médio e longo prazo (BRASIL, 2006).
Segundo Santos, Frota e Martins (2016), as tecnologias na área da saúde são
classificadas em três classes: tecnologia dura, tecnologia leve-dura e tecnologia leve. A
tecnologia dura é apresentada pelo material concreto como equipamentos, mobiliário tipo
permanente ou de consumo. A tecnologia leve-dura, por sua vez, inclui os saberes
estruturados e representados pelas disciplinas que operam em saúde, a exemplo da clínica
médica, epidemiológica, odontológica etc. Já a tecnologia leve é o processo de produção da
comunicação, de vínculos, das relações que conduzem o encontro do usuário com
necessidades de ações de saúde.
A TS não pode ser vista apenas como um produto palpável, mas envolve um conjunto
de ações abstratas ou concretas que apresentam como finalidade o cuidado em saúde, através
do acolhimento e da humanização. A tecnologia envolve o processo de trabalho em saúde,
contribuindo na construção do saber (SANTOS; FROTA; MARTINS et al., 2016).
O aparelho de amplificação sonora individual (AASI) é classificado como um tipo de
tecnologia dura cujo propósito do cuidado é a reabilitação (BRASIL, 2006). No final do
século XIX, surgiu o primeiro AASI elétrico a partir da invenção do telefone, por Alexander
Grahan Bell, em 1876, com a utilização do microfone de carbono. No entanto, o ganho
acústico era muito limitado. Ao longo dos anos, muitas técnicas e conceitos foram
22
desenvolvidos, permitindo novos avanços tecnológicos. Uma mudança extremamente
significativa referente às próteses auditivas ocorreu com a aplicação da tecnologia digital
nessa área, já que os aparelhos existentes até então empregavam uma tecnologia analógica
(ALMEIDA, 2003).
O AASI contém um microfone que capta a onda sonora e a transforma em elétrica.
Antes de o sinal ser enviado para o amplificador convencional, passa por um mecanismo
chamado de conversor analógico/digital, o qual transforma o sinal elétrico em uma sequência
de dígitos, que são então enviados para um microprocessador que efetuará as filtragens e a
amplificação necessárias. Quanto às características físicas, o AASI pode ser retroauricular,
que se adapta atrás da orelha, e intra-aural, que se encontra inserido na concha e/ou meato
acústico externo (ALMEIDA, 2003).
As dificuldades provocadas pela privação auditiva podem ser minimizadas com o uso
do AASI. Esse instrumento oferece inúmeros benefícios para o indivíduo que consegue
utilizá-lo de forma efetiva, como o resgate da percepção dos sons da fala e dos sons
ambientais, promovendo a melhora da comunicação. Os resultados auditivos dependerão do
local da lesão, do grau da perda auditiva e das expectativas existentes com relação à
amplificação (AURELIO et al., 2012).
O AASI tem como função captar os sons provenientes do meio ambiente, amplificá-
los e transmiti-los à cóclea, a fim de serem interpretados pelo cérebro. A amplificação sonora
proporcionada pelo aparelho não se restringe aos sons da fala. Engloba sons ambientais, sinais
de perigo e de alerta e outros sons presentes na vida cotidiana do usuário. Além disso, facilita
o desenvolvimento psicossocial e intelectual do indivíduo com perda auditiva (PEREIRA,
2015).
O AASI, quando utilizado em ambas as orelhas, traz enormes benefícios. Dentre as
vantagens da audição binaural, estão incluídas a melhora da localização sonora, a somação
binaural, a eliminação do efeito sombra da cabeça, a capacidade de separar os sons de
interesse do indivíduo dos ruídos ambientais e a melhora do reconhecimento de fala na
presença de ruído (ALMEIDA, 2003).
2.2.4 Seleção, Verificação e Adaptação de AASI
A etapa de seleção do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) compreende
a escolha das características físicas e eletroacústicas do dispositivo eletrônico e deve
23
considerar as necessidades audiológicas, as condições físicas do indivíduo e as suas
preferências (PEREIRA, 2015).
O processo de verificação do desempenho do AASI compreende a realização de testes
objetivos, utilizando medidas de microfone sonda, teste de percepção de fala e ganho
funcional, a fim de verificar a eficácia do AASI selecionado e se os ajustes propostos
atingiram as necessidades do indivíduo, de acordo com a regra prescritiva utilizada
(PEREIRA, 2015).
Depois de finalizada a seleção e verificação, inicia-se o processo de adaptação do
AASI, no qual é avaliado o benefício fornecido pela amplificação, influenciando na qualidade
de vida do usuário, tanto nas atividades de escuta como no relacionamento social e emocional.
Nessa etapa, são utilizados os questionários com a finalidade de saber se estão sendo supridas
as necessidades auditivas, sociais e emocionais do indivíduo (AURÉLIO et al., 2012).
2.2.4.1 Questionário QI – AASI
Os procedimentos de verificação não são suficientes para avaliar a satisfação do
usuário de AASI nas situações diárias de comunicação. Nas últimas décadas, houve um
interesse crescente no desenvolvimento de procedimentos de validação que permitissem
avaliar o benefício do usuário fora do ambiente clínico, através da aplicação de questionários
de autoavaliação, proporcionando a diminuição da insatisfação desse usuário. Sendo assim,
avaliar e documentar a satisfação e o benefício que o uso do sistema de amplificação sonora
oferece ao paciente torna-se imprescindível (ALMEIDA, 2003; BROCA; SCHARLACH,
2014).
Um dos questionários que avalia a satisfação e a efetividade que o AASI proporciona
ao usuário é o International Outcome Inventory for Hearing Aids (IOI-HA), traduzido e
validado para o português como Questionário Internacional – Aparelho de Amplificação
Sonora Individual (QI-AASI) (BEVILAQUA, 2002; COX; ALEXANDER, 2002), que é
frequentemente utilizado em pesquisas nacionais e internacionais para autoavaliação do
indivíduo em relação à amplificação. Esse material foi elaborado com questões com poucas
exigências cognitivas e de fácil nível de leitura, visando melhorar a cooperação entre
pesquisadores e profissionais de programas de reabilitação de diversos serviços de saúde
auditiva (BROCA; SCHARLACH, 2014).
O questionário QI-AASI tem o objetivo de documentar, do ponto de vista do
indivíduo, a evolução do uso diário do AASI, considerando a satisfação, as limitações de
24
atividades básicas, a restrição de participação, o impacto nos outros indivíduos e a qualidade
de vida (BROCA; SCHARLACH, 2014).
A satisfação é o desfecho da reabilitação auditiva que reflete as impressões subjetivas
do usuário acerca das suas expectativas, necessidades e desejos. Representa o ponto de vista
do indivíduo sobre a percepção dos benefícios oferecidos pelo AASI, que, utilizado de forma
efetiva, contribuirá para reduzir o impacto da privação sensorial. O conhecimento da
satisfação com o uso do AASI deve ser uma prioridade nos atendimentos, pois oferecerá um
direcionamento para que o audiologista obtenha sucesso em todo o processo de adaptação
(MAGALHAES; MONDEL, 2011; AURÉLIO et al., 2012).
Atualmente, o questionário QI - AASI faz parte do formulário de Seleção e Adaptação
de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual do SUS (portaria SAS/MS n° 587, de
07/10/2004), como instrumento indicado para validação da intervenção (BRASIL, 2004).
2.2.4.2 Aclimatização e Plasticidade Cerebral
Para a adaptação do indivíduo às novas informações acústicas recebidas pelo AASI, é
necessário, além da adequada amplificação, um período de aclimatização, no qual as respostas
das orelhas estimuladas modificam-se ao longo do tempo. O uso diário e contínuo do AASI
promove a aclimatização, que é a mudança contínua no desempenho auditivo (BOÉCHAT et
al., 2015).
A aclimatização, portanto, refere-se ao período que sucede a adaptação do AASI,
quando ocorre uma melhora progressiva das habilidades auditivas e do reconhecimento de
fala decorrente das novas pistas de fala disponíveis ao usuário da amplificação. O usuário de
AASI pode melhorar o reconhecimento de fala após um período de 6 a 12 semanas de uso do
dispositivo (PRATES et al., 2006; MODA et al., 2013).
O processo natural de aclimatização é imprescindível para uma boa adaptação,
considerando uso, benefício e satisfação do usuário, não descartando a importância de todos
os aspectos que envolvem o processo de seleção das próteses auditivas, com suas
características eletroacústicas e a habilidade do profissional em atender as necessidades do
deficiente auditivo (PRATES et al., 2006).
As modificações perceptuais em resposta à experiência e às modificações do ambiente
que ocorrem nos usuários de aparelhos auditivos envolvem a plasticidade cerebral, em que o
sistema nervoso central pode se reorganizar e se adaptar, tendo habilidade para modificar sua
25
organização estrutural e funcional, o que permite uma melhora na discriminação da fala e na
compreensão das informações auditivas (KAPPEL; MORENO; BUSS, 2011).
2.3 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAUDE NO CONTROLE DE AGRAVOS
A Atenção Primária à Saúde (APS) é definida como uma estratégia que organiza e
reorganiza o sistema de saúde e como um modelo que orienta mudanças na prática do
profissional envolvido no processo de cuidar. Por seus aspectos únicos de primeiro contato,
integralidade, longitudinalidade e coordenação, a APS torna-se o alicerce funcional e
estrutural do sistema de saúde no Brasil (BRASIL, 2011).
Desse modo, a APS responsabiliza-se pela atenção à saúde de seus usuários,
constituindo-se na principal porta de entrada do sistema, ofertando ações de saúde de caráter
individual e coletivo, organizando o processo de trabalho de equipes multiprofissionais na
perspectiva de abordagem integral do processo saúde doença e garantindo acesso a qualquer
outra unidade funcional do sistema em função das necessidades de cada usuário (LAVRAS,
2011).
No tocante à integralidade do cuidado, o acolhimento implica no estabelecimento de
relações solidárias, humanizadas e de confiança entre os profissionais e as pessoas que
procuram a atenção primária à saúde, tornando-se um aspecto importante para que ocorra o
vínculo e a escuta qualificada. Nesse contexto, acolher as necessidades especiais de pessoas
portadoras de deficiência significa um desafio para os profissionais, pois exigem uma atenção
específica e um conhecimento mais amplo e, em se tratando de portadores de deficiência
auditiva, a escuta qualificada minimiza a barreira da comunicação (TEDESCO; JUNGES,
2013).
Em se tratando das doenças raras, caracterizadas por uma ampla diversidade de sinais
e sintomas, a APS é uma das portas de entrada do indivíduo e da sua família com necessidade
de cuidados especiais, responsabilizando-se pela prevenção e detecção de comorbidades e
pelos encaminhamentos necessários. O indivíduo e a sua família devem ser acompanhados,
preferencialmente, no seu território, pela equipe de profissionais durante e após o processo de
definição diagnóstica. Compete à Atenção Especializada realizar ações e serviços de
diagnóstico, orientação, habilitação/reabilitação e tratamento específico, de acordo com a
necessidade complementar de todas as especialidades (BRASIL, 2012).
26
3 METODOLOGIA
27
3.1 TIPO DE PESQUISA
Os estudos exploratório-descritivos têm por objetivo descrever completamente
determinado fenômeno, na tentativa de adquirir maior familiaridade com o fenômeno
pesquisado e podem conter tanto descrições quantitativas e/ou qualitativas quanto
informações detalhadas como as obtidas por intermédio da observação participante
(LAKATOS; MARCONI, 2010).
Segundo Prodanov e Freitas (2013), a abordagem quantitativa requer o uso de recursos e
técnicas de estatística, procurando traduzir em números os conhecimentos gerados pelo
pesquisador.
Destarte, esta pesquisa apresenta um estudo epidemiológico, exploratório, descritivo,
com abordagem quantitativa.
3.2 LOCAL DO ESTUDO
A pesquisa foi realizada no Centro de Saúde Nova Esperança, com emissão do Termo
de Anuência e de Corresponsabilidade (Anexo 4). O local do estudo foi escolhido em virtude
de dispor de profissionais especialistas e equipamentos necessários para a assistência ao
portador de Síndrome de Morquio, tornando-se um ponto de referência no Estado da Paraíba.
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Tratando-se de uma síndrome rara, a população do estudo foi composta por 22
pacientes, quantitativo de usuários acompanhados por um centro de referência em
disponibilidade no período da coleta de dados, dos quais foi selecionada uma amostra de
conveniência de 20 indivíduos que obedeceram aos critérios de inclusão.
Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: pacientes com diagnóstico
confirmado de Síndrome de Morquio ou MPS IV A de ambos os sexos, que apresentavam
perda auditiva do tipo condutiva, sensorioneural ou mista e que utilizavam AASI há pelo
menos 3 meses. Foram excluídos os pacientes que apresentaram outras patologias associadas,
falta de capacidade para responder ao questionário por dificuldades visuais, cognitivas e/ou da
própria perda auditiva ou que não faziam uso da tecnologia a ser avaliada.
Todos os participantes receberam uma carta de informação e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A e B) e o Termo de Assentimento para
28
Menores (Apêndice C) informando a respeito da participação no estudo e divulgação de seus
resultados, conforme a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta
a realização de pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012).
3.4 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS
O instrumento utilizado nesta pesquisa foi o QI-AASI (Anexo 4) que consiste na
avaliação de sete domínios: 1. uso; 2. benefício; 3. limitação de atividades residuais; 4.
satisfação; 5. restrição de participação residual; 6. impacto nos outros e 7. qualidade de vida.
Cada uma das sete questões apresentava cinco alternativas, sendo o paciente orientado a
escolher a resposta que mais se aproximasse da sua realidade.
Como forma de padronizar, os resultados seguem uma variação de 1 (resultado
negativo) até 5 (resultado positivo), e o paciente poderia atingir pontuação entre 7 (pontuação
mínima) e 35 pontos (pontuação máxima). O valor bruto é a soma de todas as respostas e o
valor ajustado é a média das respostas, tanto para o escore total quanto para os fatores.
A análise conjunta dos domínios: 1. uso; 2. benefício; 4. satisfação; e 7. qualidade de
vida foi chamada de fator 1 e indica como está a relação entre o usuário e seu AASI. O fator 2
refere-se à análise dos domínios: 3. limitação de atividades residuais; 5. restrição de
participação residual e 6. impacto nos outros, indicando a relação do usuário com o seu meio.
3.5 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada após apreciação e aprovação do projeto pelo Comitê de
Ética das Faculdades de Enfermagem e Medicina Nova Esperança (FACENE/FAMENE)
(Anexo 2).
A pesquisa envolveu duas etapas, no período de novembro/2016 a abril/2017. Na
primeira etapa, após a avaliação dos pacientes pelo otorrinolaringologista, foi realizada a
avaliação audiológica convencional (audiometria tonal e vocal) (Anexo 3) pela fonoaudióloga
pesquisadora, utilizando equipamentos devidamente calibrados de acordo com a padronização
internacional em audiometria ISO 8253-1. Após a avaliação médica e a confirmação do
diagnóstico de perda auditiva, os pacientes foram encaminhados para o processo de seleção e
adaptação do AASI.
29
Na segunda etapa, após três meses de uso do AASI retroauricular bilateral da marca
Beltone, foi aplicado o questionário QI-AASI pela pesquisadora, lido em voz alta para todos
os participantes em uma sala de atendimento do Centro de Saúde Nova Esperança.
3.6 ANÁLISE DOS DADOS
O questionário foi analisado considerando a pontuação atingida por cada paciente para
cada pergunta (domínio) individualmente, a pontuação total obtida nos sete domínios e a
pontuação obtida nos Fatores 1 e 2 do teste.
Para o processamento dos dados, o material coletado foi digitado em planilha eletrônica
do Microsoft Office Excel 2016, armazenado e analisado através do software R versão 3.1.0.,
aplicando-se estatística descritiva e inferencial, utilizando testes de hipóteses paramétricos e
não paramétricos, considerando nível de significância de 5%, e, em seguida, apresentado sob
a forma de tabelas e gráficos.
3.7 ASPECTOS ÉTICOS
O presente estudo considerou os aspectos éticos preconizados pela Resolução CNS
466/12, no art. III, que implica no respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e
autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e
permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e do Termo de Anuência, e pela Resolução CFFa 490/2016, Capítulo IX, que trata
da Formação Acadêmica, da Pesquisa e da Publicação (BRASIL, 2012).
Nesse sentido, a pesquisadora responsável declara no Termo de Compromisso que
conhece e cumprirá as Resoluções Éticas Brasileiras, em especial a Resolução CNS 466/2012
e suas Complementares em todas as fases desta pesquisa (Apêndice D).
30
4 RESULTADOS
31
Do total de indivíduos do estudo, 55,0% eram do sexo masculino e 45,0% do sexo
feminino. No entanto, essa diferença entre os sexos não foi estatisticamente significativa
(p=0,655), de acordo com o teste de igualdade de duas proporções. Com relação à idade, esta
variou entre 8 e 45 anos, apresentando uma média de 21,6 anos (± 10,4 anos) (Tabela 1).
Entre os participantes, 65,0% informaram consanguinidade; destes, 46,2% referiram
parentesco de 1º grau. Quanto à síndrome investigada, 45,0% dos participantes referiram ter
irmãos com a mesma patologia; destes, 55,6% têm pelo menos um irmão. A reposição
enzimática era feita por 95,0% dos indivíduos (Tabela 1).
Tabela 1 – Distribuição dos participantes segundo as variáveis sociodemográficas e clínicas.
João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
Variáveis n %
Sexo Masculino 11 55,0
Feminino 9 45,0
Idade
Menos de 10 anos 3 15,0
11 a 20 anos 10 50,0
21 a 30 anos 2 10,0
31 a 40 anos 4 20,0
Mais de 40 anos 1 5,0
Consanguinidade Sim 13 65,0
Não 7 35,0
Grau de parentesco*
Primeiro 6 46,2
Segundo 2 15,4
Terceiro 3 23,0
Quarto 2 15,4
Irmãos com a mesma síndrome Sim 9 45,0
Não 11 55,0
Quantidade de irmãos**
Um 5 55,6
Dois 2 22,2
Três ou mais 2 22,2
Uso de reposição enzimática Sim 19 95,0
Não 1 5,0
Fonte: Dados da pesquisa. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
*O n total não foi de 20 indivíduos, pois apenas 13 referiram consanguinidade.
**O n total não foi de 20 indivíduos, pois apenas 9 referiram ter irmãos com a mesma síndrome.
Dentre os tipos de perda auditiva, a maioria foi classificada como do tipo mista, tanto
para a orelha direita (55,0%) quanto para a orelha esquerda (60,0%). Vale ressaltar que não
foi identificada nenhuma perda auditiva do tipo condutiva (Tabela 2). O teste de igualdade de
32
proporções mostrou que não houve diferença significativa entre os tipos de perda auditiva
quando foram comparadas ambas as orelhas (p=0,371).
Tabela 2 – Distribuição dos indivíduos segundo o tipo de perda auditiva tanto para a orelha
direita quanto para a esquerda (n= 20). João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
Tipo de PA OD OE
p-valor* N % N %
Condutiva 0 0,0 0 0,0
0,371 Sensorioneural 9 45,0 8 40,0
Mista 11 55,0 12 60,0
Total 20 100 20 100
Fonte: Dados da pesquisa. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
*p < 0,05 Teste de igualdade de proporções.
Legenda: PA (Perda auditiva); OD (Orelha direita); OE (Orelha esquerda).
A tabela 3 mostra que o grau da perda auditiva mais prevalente foi o moderado, tanto
para a orelha direita (45,0%), quanto para a orelha esquerda (55,0%). Não houve nenhum grau
classificado como profundo na amostra investigada. Comparando-se as proporções entre os
graus de perda auditiva, observou-se que houve uma diferença estatística quanto a essas
proporções (p=0,002), reafirmando a prevalência do grau moderado.
Tabela 3 – Distribuição dos indivíduos segundo o grau da perda auditiva tanto para a orelha
direita quanto para a esquerda (n= 20). João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
Grau OD OE
p-valor* n % N %
Leve 5 25,0 3 15,0
0,002
Moderado 9 45,0 11 55,0
Mod. Severo 3 15,0 6 30,0
Severo 3 15,0 0 0,0
Profundo 0 0,0 0 0,0
Total 20 100 20 100
Fonte: Dados da pesquisa. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
*p < 0,05 Teste de igualdade de proporções.
Legenda: OD (Orelha direita); OE (Orelha esquerda).
Os resultados apontaram, segundo os critérios de análise do questionário (QI-AASI),
que os indivíduos do estudo avaliaram entre regular (3) e satisfatório (5) o uso do dispositivo,
33
considerando que as respostas para cada questão variam de 1 a 5 e que os menores números (1
e 2) seriam uma avaliação negativa, 3 seria uma avaliação regular e os maiores números (4 e
5) uma avaliação positiva do paciente quanto ao uso do dispositivo eletrônico.
Tabela 4 – Distribuição da pontuação média obtida em cada pergunta do questionário QI-
AASI. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
QI-AASI Min. Med. Média d.p. Max. P25 P75 p-valor*
Q1 3,0 5,0 4,6 0,598 5,0 4,0 5,0
0,016
Q2 3,0 5,0 4,6 0,605 5,0 4,0 5,0
Q3 3,0 4,0 4,0 0,795 5,0 3,0 5,0
Q4 3,0 5,0 4,7 0,671 5,0 4,3 5,0
Q5 3,0 4,0 4,3 0,733 5,0 4,0 5,0
Q6 3,0 4,0 4,4 0,598 5,0 4,0 5,0
Q7 3,0 5,0 4,6 0,686 5,0 4,0 5,0
Fonte: Dados da pesquisa. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
*p < 0,05 Teste não paramétrico de Friedmann.
Legenda: Mín. (valor mínimo); Med. (mediana); d.p. (desvio-padrão); Max. (valor máximo); P25 (Percentil 25);
P75 (Percentil 75).
O teste de Friedmann evidenciou que houve diferença estatística (p=0,016) entre a
pontuação média obtida em cada pergunta do questionário QI-AASI (Tabela 4). A questão 4
(Q4) foi a que apresentou maior média, e avalia o quanto vale a pena para o indivíduo utilizar
o AASI. Foi comprovado estatisticamente diferença entre a média da Q3 e as médias da Q1
(p=0,021); Q2 (p=0,048); Q4 (0,008) e Q7 (0,034).
O somatório de todas as pontuações atribuídas a cada questão possibilitou a criação de
um escore que variou entre 26 e 35 pontos, apresentando uma média de 31,1 pontos (± 2,9).
Considerando a qualidade desse escore, uma variação entre 7 e 14 seria uma avaliação
negativa; entre 15 e 21 uma avaliação regular e entre 22 e 35 uma avaliação positiva. Logo,
nesse estudo a amostra como um todo avaliou positivamente o uso do dispositivo eletrônico,
visto que os escores mantiveram-se entre 26 e 35 pontos, como já mencionado.
No Gráfico 1, os indivíduos estão distribuídos segundo a pontuação máxima (5)
atribuída a cada questão. Observa-se que as questões mais bem avaliadas foram Q1, Q2, Q4 e
Q7 que, coincidentemente, correspondem às questões que compõem o Fator 1, que avalia a
34
interação do indivíduo com o seu dispositivo. E as questões que tiveram menor percentual
quanto a atribuição da pontuação máxima (Q3, Q5 e Q6) compõem o fator 2, que corresponde
a interação do indivíduo com o seu ambiente.
Gráfico 1 – Distribuição dos indivíduos com relação à nota máxima aplicada em cada
pergunta do questionário QI-AASI. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
Fonte: Dados da pesquisa. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
Legenda: Q1: questão 1, Q2: questão 2, Q3: questão 3, Q4: questão 4, Q5: questão 5, Q6: questão 6 e Q7:
questão 7.
Na Tabela 5, verifica-se a pontuação média obtida do escore total (bruto e ajustado) e
dos fatores 1 e 2 (bruto e ajustado) na aplicação do questionário. O teste T realizado para
comparar as médias obtidas em cada fator mostrou que houve diferença significativa entre a
média do fator 1 e do fator 2 (p<0,001). A média do fator 1 foi maior comparada ao fator 2.
O teste T foi realizado após a normalidade dos dados ter sido comprovada pelo teste
de Shapiro-Wilk (p=0,117), considerando que se trata de uma amostra pequena (<50
indivíduos).
65%
60%
30%
75%
45% 45%
65%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7
35
Tabela 5 – Distribuição da pontuação média obtida em cada pergunta do questionário QI-
AASI valor total (bruto e ajustado) e dos fatores 1 e 2 (bruto e ajustado). João Pessoa,
Paraíba, Brasil, 2017.
Escores
Bruto Ajustado
QI-AASITotal Fator 1 Fator 2 QI-AASITotal Fator 1 Fator 2
Min. 26,00 14,00 10,00 3,71 3,50 3,33
Med. 32,00 19,00 13,00 4,57 4,75 4,33
Média 31,05 18,35 12,70 4,44 4,59 4,23
d.p. 2,89 2,03 1,63 0,41 0,51 0,54
Max. 35,00 20,00 15,00 5,00 5,00 5,00
P25 28,25 17,25 11,00 4,04 4,31 3,67
P75 33,75 20,00 14,00 4,82 5,00 4,67
p-valor* <0,001
Fonte: Dados da pesquisa. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017.
*p < 0,05 Teste T.
Legenda: QI-AASITotal (Escore total para o Questionário Internacional – Aparelho de Amplificação Sonora
Individual); Mín. (valor mínimo); Med. (mediana); d.p. (desvio-padrão); Max. (valor máximo); P25 (Percentil
25); P75 (Percentil 75).
36
5 DISCUSSÃO
37
A Síndrome de Morquio é uma doença rara causada por erro inato do metabolismo que
requer uma abordagem interdisciplinar por apresentar manifestações clínicas progressivas nos
diversos órgãos e sistemas, com comprometimentos visuais, esqueléticos, cardiovasculares,
respiratórios e auditivos (HENDRIKSZ et al., 2013). Um dos aspectos que motivou a
realização desse estudo foi que a perda auditiva adquirida por esses pacientes pode alterar a
sua qualidade de vida e o outro foi o fato de a Paraíba ser um estado com percentual elevado
de portadores dessa síndrome.
Analisando as características demográficas, os achados apontaram que não houve
diferença significativa entre os sexos, resultado este descrito por Hendriksz et al. (2014),
tendo em vista que é uma doença autossômica recessiva, caracterizada por atingir homens e
mulheres na mesma proporção. No tocante à idade, a média dos participantes foi de 21,6 anos,
no entanto uma única paciente atingiu 45 anos. Estudos anteriores referem que pacientes com
a Síndrome de Morquio da forma mais severa sobrevivem até a segunda ou terceira décadas
de vida e aqueles com a forma mais atenuada podem chegar até a sétima década de vida
(KHAN et al., 2017).
Em se tratando da consanguinidade dos participantes da pesquisa, evidenciou-se um
percentual elevado de 65,0%, com grau de parentesco de primeiro grau de 46,2%, justificado
pela alta frequência de casamentos endogâmicos no Estado da Paraíba. De acordo com a
história da sua ocupação populacional, famílias portuguesas com forte tradição de uniões
consaguíneas foram os principais colonizadores desse Estado, o que favoreceu a alta
prevalência de uma mesma mutação genética (BOCHERNITSAN et al., 2018).
No estudo realizado por Bochernitsan et al. (2018) com 65 pacientes brasileiros com
Síndrome de Morquio distribuídos em 3 diferentes regiões, o Estado que apresentou maior
número de indivíduos foi a Paraíba, com um número expressivo de 17 pacientes de um total
de 30 da região nordeste.
Observou-se, ainda, que aproximadamente metade (45,0%) dos pacientes investigados
relatou ter pelo menos um irmão com a mesma síndrome. Esse percentual torna-se expressivo
considerando que a síndrome refere-se a uma herança autossômica recessiva e, geneticamente,
a probabilidade de sua ocorrência é de 25,0% (KHAN et al., 2017). Tal achado sugere que os
profissionais de saúde estejam mais atentos a esses indivíduos para investigar possíveis
familiares acometidos por essa mesma síndrome de modo que eles possam fazer uso da
tecnologia e melhorar sua qualidade de vida.
Quanto à reposição enzimática, 95,0% dos pacientes encontram-se em uso dessa
terapia, por meio da infusão intravenosa, realizada semanalmente nos centros cadastrados na
38
Paraíba. Segundo Hendriksz et al. (2014), esse tipo de tratamento restaura ou substitui a
enzima deficiente, amenizando as manifestações clínicas e impedindo o avanço da doença.
Nas mucopolissacaridoses (MPS), a perda auditiva é uma das manifestações clínicas
mais comuns entre os achados otorrinolaringológicos, evidenciada no estudo de Gönüldas et
al. (2014), em que 99,0% dos pacientes com MPS investigados apresentaram perda auditiva,
de um universo de 76 indivíduos.
De acordo com Godinho, Keogh e Eavey (2003), cerca de 30,0% das perdas auditivas
genéticas associam-se a uma síndrome e, aproximadamente, 400 síndromes estão associadas
com perda auditiva. A deficiência auditiva em crianças sindrômicas pode ser condutiva, mista
ou sensorioneural. Na Síndrome de Morquio é muito comum o achado de perda auditiva
condutiva secundária à otite média serosa. Todavia, vários pacientes apresentam perda
auditiva sensorioneural. Segundo Santos et al. (2011), o componente sensorioneural da perda
auditiva é atribuído a disfunção das células ciliadas internas, a presença de depósitos
lisossômicos nas estruturas cocleares e ao acúmulo de glicosaminoglicanos (GAGS) no
citoplasma dos gânglios espirais e vestibulares.
No presente estudo, não foi encontrada nenhuma perda auditiva condutiva e observou-
se a prevalência do tipo mista para ambas as orelhas. Hendriksz et al. (2013) e Simmons et al.
(2005) acreditam que a perda auditiva mista seja resultado da associação do acúmulo de
GAGS nas duas regiões (OM e OI).
Com a finalidade de amenizar o impacto da perda auditiva e das inúmeras fragilidades
que surgem no decorrer da vida dos portadores da Síndrome de Morquio, as tecnologias em
saúde podem ser empregadas como coadjuvantes na promoção, reabilitação e cuidado em
saúde desses indivíduos. O AASI mostra-se como uma tecnologia dura, não invasiva, que
contribui para a melhora da comunicação e das relações interpessoais (SANTOS; FROTA;
MARTINS, 2016).
Neste estudo, todos os participantes faziam uso de AASI bilateral para perdas
auditivas com prevalência de grau moderado para ambas as orelhas. Com base no
questionário aplicado, evidenciou-se satisfação elevada dos usuários após o período de
aclimatização de 3 meses, corroborando com um estudo comparativo realizado com idosos
com deficiência auditiva bilateral, com um tempo mais prolongado de uso (6 meses) do AASI
(HUMES et al.2003).
A partir da aplicação do QI-AASI, constatou-se que, de uma maneira geral, os
participantes desta pesquisa apresentaram-se muito satisfeitos com seus aparelhos auditivos.
Os resultados evidenciaram escores totais de 26 a 35, com média de 31,1 pontos. Logo, a
39
amostra como um todo avaliou positivamente o uso do dispositivo eletrônico, ratificando os
achados encontrados por Teixeira et al. (2008) e Broca e Scharlach (2014) em uma população
de deficientes auditivos, que apontaram a eficácia no uso dessa tecnologia, mesmo não
apresentando a Síndrome de Morquio.
Da mesma forma, Moda et al. (2013) e Picinini et al. (2017) descreveram em seu
estudo escores elevados nas respostas do questionário QI-AASI, indicando que o grupo
estudado apresentava atitudes positivas em relação ao uso do AASI e demonstrando satisfação
com os resultados da sua adaptação.
Embora a satisfação seja quantificada com a aplicação do questionário, esse aspecto é
algo subjetivo de cada indivíduo acerca das suas expectativas e necessidades, representando
seu ponto de vista em relação aos benefícios oferecidos pelo AASI. Desse modo, essa
avaliação é necessária para mostrar a efetividade proporcionada pelo dispositivo, além do
ambiente clínico (AURELIO et al., 2012; BROCA; SCHARLACH, 2014).
A maioria dos indivíduos (65,0%) referiu usar o AASI por tempo superior a 8 horas,
concordando com o encontrado na pesquisa de Broca e Scharlach (2014) que mostrou que os
usuários utilizavam a amplificação sonora mais que oito horas por dia, o que demonstra que
as próteses auditivas fazem parte integrante do dia a dia destes indivíduos.
De forma geral, o período de aclimatização com o uso do aparelho auditivo está
diretamente relacionado com o tempo de uso, com melhora progressiva das habilidades
auditivas e no reconhecimento de fala das novas pistas auditivas (MODA et al., 2013).
Ao serem questionados sobre o uso do AASI, 60,0% dos entrevistados referiram que o
aparelho contribuiu muito em situações do seu cotidiano para ouvir melhor. Tal resultado
reflete a importância desse dispositivo nas atividades diárias desses indivíduos, nas situações
de escuta, na sua própria autonomia e na maneira de se relacionar com seu meio (KAPPEL;
MORENO; BUSS, 2011).
Quanto ao grau de dificuldade nas situações que gostariam de ouvir melhor, os sujeitos
relataram pouca dificuldade (média de pontuação 4,0). Isso ilustra que o uso do AASI
contribuiu na melhora da compreensão das informações sonoras, minimizando as dificuldades
provocadas pela privação auditiva (KAPPEL; MORENO; BUSS, 2011). E, ainda, que 30%
dessa amostra referiram não ter nenhuma dificuldade após o seu uso, demonstrando a eficácia
do aparelho e a contribuição positiva deste na vida dessas pessoas.
Considerando a avaliação satisfatória dos indivíduos quanto ao uso do AASI,
observou-se que 75,0% referiram “valer muito a pena o uso do aparelho”. Tais achados
sugerem uma melhoria significativa na qualidade de vida desses indivíduos após a utilização
40
do dispositivo. Peruzzo, Dioni e Quevedo (2015) afirmam que uma das formas de diminuir o
impacto da perda auditiva na vida de um indivíduo é o uso do AASI, tornando a comunicação
e as atividades diárias mais prazerosas.
No tocante aos prejuízos que a perda auditiva pode provocar no exercício de suas
atividades e na sua relação com outras pessoas, 45,0% dos entrevistados referiram que essas
atividades não foram afetadas após o uso do AASI, bem como 45,0% relataram não haver
nenhuma interferência nas suas relações interpessoais. Resultados semelhantes foram
descritos no estudo de Broca e Scharlach (2014) com 22 usuários de AASI bilateral.
Nesta pesquisa evidenciou-se que, mesmo com pouco tempo de estimulação auditiva
bilateral, que foi de 3 meses, 65,0% dos pacientes perceberam melhora significativa na sua
qualidade de vida (expressaram “muito mais alegria de viver”) com o uso efetivo do AASI,
resultado traduzido pela alta pontuação média de 31,1 pontos, considerando a máxima de 35
pontos. Tais achados corroboram o estudo realizado por Teixeira et al. (2008) em que 68,0%
dos indivíduos melhoraram sua qualidade de vida após o uso do dispositivo eletrônico.
Os resultados apresentados neste estudo foram congêneres a outro realizado em
Rondônia. Embora a amostra não tenha sido com pacientes portadores da Síndrome de
Morquio, os indivíduos investigados avaliaram positivamente o uso do AASI após período de
aclimatização de três meses (ARAKAWA et al., 2010).
Ao avaliar a relação do indivíduo com o seu AASI, através do fator 1, os resultados
apontaram uma média de 19 pontos, sendo uma média alta considerando o máximo de pontos
permitido nesse fator (20 pontos). Esse resultado reitera a relação positiva do indivíduo com o
seu AASI, refletindo o benefício de seu uso. De acordo com Aurélio et al. (2012), o benefício
fornecido pela amplificação influencia na qualidade de vida do usuário, tanto nas atividades
de escuta como no relacionamento social e emocional.
Quanto à relação do indivíduo com o seu meio ambiente, os resultados mostraram-se
satisfatórios, visto que a média obtida nesse fator foi de 13 pontos e a pontuação máxima
permitida seria de 15 pontos. Tal achado aponta um aspecto importante na avaliação desse
dispositivo, por considerar a interação do indivíduo com o meio em que está inserido,
incluindo sua rede de apoio e suas relações no convívio social. Segundo Kappel, Moreno e
Buss (2011), a adaptação ao aparelho auditivo abrange a capacidade de compreender
adequadamente as informações sonoras, mas principalmente a maneira de se relacionar com o
meio em que se vive.
Nesse contexto, é importante reconhecer o papel da rede de apoio dos indivíduos que
apresentam essa limitação auditiva, visto que a dificuldade de se comunicar pode estabelecer
41
situações de isolamento, impactando social e psicologicamente na vida dessas pessoas
(PICININI et al., 2017).
A aplicação do questionário possibilita ao indivíduo que utiliza o AASI avaliar as
melhorias da amplificação sonora com o uso do dispositivo e, consequentemente, motiva-o a
fazer o uso efetivo do aparelho, influenciando positivamente no seu dia a dia (PICININI et al.,
2017).
Os benefícios advindos do uso do dispositivo eletrônico refletem também na qualidade
da assistência e na relação usuário-profissional em todos os níveis de atenção à saúde. Desse
modo, o AASI torna-se relevante, considerando o seu papel na qualificação da escuta,
evidenciado pelo estabelecimento do diálogo e do vínculo com a equipe multiprofissional de
saúde (TEDESCO; JUNGES, 2013).
42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
43
A presente pesquisa teve como base uma avaliação objetiva de uma tecnologia que se
mostrou eficaz e com boa aceitação por parte dos portadores de Síndrome de Morquio
usuários de AASI bilateral.
Levando-se em consideração a análise detalhada das informações obtidas no
questionário, pode-se afirmar que o AASI é uma ferramenta válida no fomento da
comunicação entre os profissionais de saúde e os pacientes estudados, bem como promove a
integração do deficiente auditivo no ambiente social, no relacionamento com a família e na
Atenção Primária à Saúde.
Dessa forma, algumas recomendações tornam-se válidas considerando a importância
que deve ser dada a essa síndrome:
A alta prevalência de perda auditiva no quadro clínico da Síndrome de Mórquio
demonstra a necessidade de seguimento auditivo, desde o diagnóstico da doença até o
monitoramento dessa função em exames periódicos ao longo da vida;
Implementação ou manutenção de um serviço de Saúde Auditiva atuante no Estado da
Paraíba, pela alta prevalência dessa patologia no Estado.
Aconselhamento genético dos portadores da Síndrome de Mórquio para que seja
evitada a consanguinidade;
Fortalecimento da rede de apoio social aos portadores dessa síndrome, desde o núcleo
familiar até os níveis institucionais;
Consolidação da Rede de Atenção à Saúde desses portadores de doenças raras,
centrada na melhoria da assistência a partir de uma abordagem interdisciplinar e
multiprofissional.
Considerando a relevância da temática, principalmente por abordar uma síndrome
considerada rara, muitas vezes desconhecida pelos próprios serviços de saúde, mas com
alta prevalência no Estado da Paraíba, sugere-se que outros estudos sejam realizados para
que possam investigar outros aspectos inerentes a essa população para subsidiar a
qualificação da assistência a esses indivíduos.
44
REFERÊNCIAS
45
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49
APÊNDICES
50
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a),
Eu, Cristianne Baracuhy de Mello, pesquisadora e aluna do Programa de Pós-
graduação em Saúde da Família da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança – FACENE,
solicito sua participação e contribuição para o desenvolvimento desta pesquisa, intitulada:
“AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE
AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL NA SÍNDROME DE MORQUIO ”, que será
realizada no Centro de Saúde Nova Esperança, tendo como objetivos: avaliar o uso do
aparelho de amplificação sonora individual (AASI) em portadores da Síndrome de Morquio
com perda auditiva, no Estado da Paraíba; caracterizar demograficamente os indivíduos com
Síndrome de Morquio, com perda auditiva, usuários de AASI, no Estado da Paraíba;
identificar o grau de satisfação e alterações da qualidade de vida com o uso efetivo deste
dispositivo.
Este estudo justifica-se pela necessidade de obtenção de maiores informações sobre a
satisfação dos usuários de AASI com Síndrome de Morquio, cuja incidência é alta no Estado
da Paraíba, constituindo um problema de relevância em Saúde Pública. Apesar dos avanços
tecnológicos dos sistemas de amplificação sonora, a satisfação do usuário continua sendo um
desafio para os audiologistas.
A realização desta pesquisa só será possível com a sua participação, a partir do seu
consentimento. Por isso, solicitamos sua colaboração. Informamos que será garantido seu
anonimato, bem como assegurada sua privacidade e o direito de autonomia referente à
liberdade de participar ou não da pesquisa, bem como o direito de desistir da mesma e que
não será efetuada nenhuma forma de gratificação da sua participação.
Ressalto que os dados serão coletados através de um questionário, no qual o (a) senhor
(a) responderá a algumas perguntas sobre a temática em questão. Estas farão parte de uma
pesquisa que, poderá ser divulgada em eventos científicos, periódicos e outros tanto e m
nível nacional ou internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, o nome do (a)
senhor (a) será mantido em sigilo.
A sua participação na pesquisa é voluntária e, portanto, o (a) senhor (a) não é obrigado
(a) a responder ou fornecer as informações solicitadas pelas pesquisadoras. Caso decida não
participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum
51
dano, nem haverá modificação na assistência caso esteja recebendo. A pesquisa poderá
apresentar risco relacionado ao constrangimento aos participantes. Importa dizer que os riscos
apresentados por esta pesquisa serão mínimos comparados aos benefícios que trarão para a
contribuição do aumento do acervo para estudantes e profissionais que possuem interesse
sobre a temática em questão.
A pesquisadora e o Comitê de Ética em Pesquisa estarão a sua disposição para
quaisquer esclarecimentos que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Vale
ressaltar que durante todas as etapas da presente pesquisa serão cumpridas todas as
determinações constantes da Resolução 466/2012 CNS e suas complementares, que
disciplinam as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil.
Diante do exposto, agradecemos sua contribuição na realização da pesquisa.
Eu, _______________________________________________, concordo em
participar desta pesquisa, declarando que cedo os direitos do material coletado, que fui
devidamente esclarecido (a), estando ciente dos objetivos da pesquisa, justificativa, riscos e
benefícios, e sobre a liberdade de retirar o consentimento sem que isso me traga qualquer
prejuízo.
Estou ciente de que receberei uma cópia deste documento rubricada na primeira folha
e assinada a última por mim e pela pesquisadora responsável, em duas vias, de igual teor,
ficando uma via sob meu poder e outra em poder da pesquisadora responsável.
João Pessoa ________/________/2016.
____________________________________________________
Cristianne Baracuhy de Mello
(Pesquisadora responsável)
__________________________________________
Participante da Pesquisa/Testemunha
________________________
Endereço da Pesquisadora responsável: Rua Zulmira Felix de Carvalho, 155 Miramar Cep: 58033-
120 João Pessoa/PB
Endereço CEP: Av Frei Galvão, 12. Gramame, João Pessoa – PB. Cep: 58067-695. E-mail:
[email protected]. Fone de contato: 21064777.
52
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO PARA O RESPONSÁVEL DE MENOR
Eu, Cristianne Baracuhy de Mello, pesquisadora e aluna do Programa de Pós-
Graduação em Saúde da Família da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança – FACENE,
solicito sua participação e contribuição para o desenvolvimento desta pesquisa, intitulada:
“AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE
AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL NA SÍNDROME DE MORQUIO ”, que será
realizada no Centro de Saúde Nova Esperança, tendo como objetivos: avaliar o uso do aparelho
de amplificação sonora individual (AASI) em portadores da Síndrome de Morquio com perda
auditiva, no Estado da Paraíba; caracterizar demograficamente os indivíduos com Síndrome
de Morquio, com perda auditiva, usuários de AASI, no Estado da Paraíba; e identificar o grau
de satisfação e alterações da qualidade de vida com o uso efetivo desse dispositivo.
Esse estudo justifica-se pela necessidade de obtenção de maiores informações sobre a
satisfação dos usuários de AASI com Síndrome de Morquio, cuja incidência é alta no Estado
da Paraíba, constituindo um problema de relevância em Saúde Pública. Apesar dos avanços
tecnológicos dos sistemas de amplificação sonora, a satisfação do usuário continua sendo um
desafio para os audiologistas.
A realização desta pesquisa só será possível com a participação do(a) menor, a partir
do seu consentimento. Por isso, solicito sua colaboração e informo que será garantido seu
anonimato, bem como assegurada sua privacidade e o direito de autonomia referente à
liberdade de participar ou não da pesquisa, bem como o direito de desistir da mesma, e que
não será efetuada nenhuma forma de gratificação da participação do(a) menor.
Ressalto que os dados serão coletados através de um questionário, no qual o menor
responderá a algumas perguntas sobre a temática em questão. Estas farão parte de uma
pesquisa que poderá ser divulgada em eventos científicos, periódicos e outros, em nacional ou
internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, o nome do(a) menor será mantido em
sigilo.
Os participantes da pesquisa não serão submetidos a nenhum procedimento invasivo,
apenas emitirão opinião sobre a temática. Portanto, não há risco físico. Os riscos que
eventualmente venham a ocorrer serão de natureza emocional no que se diz respeito a
possíveis constrangimentos de qualquer ordem durante a entrevista.
53
A realização desta pesquisa só será possível com a colaboração da(o) menor. A
participação do(a) mesmo(a) é voluntária e, portanto, não é obrigado(a) a fornecer as
informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pela pesquisadora. Caso decida não
participar da pesquisa, ou resolver a qualquer momento desistir da mesma, não sofrerá
nenhum dano.
Diante do exposto, agradeço a sua contribuição, o que tornará possível a realização
desta pesquisa, e estou à disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário
em qualquer etapa da pesquisa.
Eu, _______________________________________________________, responsável
pelo (a) menor participante da pesquisa, declaro que fui devidamente esclarecido (a), estando
ciente do objetivo da pesquisa, bem como do direito de desistir a qualquer momento, com a
liberdade de tirar o consentimento sem que traga qualquer prejuízo à sua assistência. Dou o
meu consentimento para que o(a) menor participe desta pesquisa e para a publicação dos
resultados. Estou ciente de que receberei uma cópia deste documento rubricada a primeira
página e assinada a última por mim e pela pesquisadora responsável, em duas vias, de igual
teor, ficando uma via sob meu poder e outra em poder da pesquisadora responsável.
João Pessoa ________/________/2016.
____________________________________________________
Cristianne Baracuhy de Mello
(Pesquisadora responsável)
__________________________________________
Responsável legal pelo(a) menor/Testemunha
________________________
Endereço da Pesquisadora responsável: Rua Zulmira Felix de Carvalho, 155, Miramar. Cep: 58033-
120. João Pessoa/PB.
Endereço do CEP: Av. Frei Galvão, 12, Gramame, João Pessoa/PB. Cep: 58067-695. E-mail:
[email protected]. Fone de contato: 21064777.
54
APÊNDICE C
TERMO DE ASSENTIMENTO
Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa
“AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE
AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL NA SÍNDROME DE MORQUIO”.
Este estudo, que será realizado no Centro de Saúde Nova Esperança, tem como
objetivos: avaliar o uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) em portadores
da Síndrome de Morquio com perda auditiva, no Estado da Paraíba; caracterizar
demograficamente os indivíduos com Síndrome de Morquio, com perda auditiva, usuários de
AASI, no Estado da Paraíba e identificar o grau de satisfação e alterações da qualidade de
vida com o uso efetivo desse dispositivo.
Este estudo justifica-se pela necessidade de obtenção de maiores informações sobre a
satisfação dos usuários de AASI com Síndrome de Morquio, cuja incidência é alta no Estado
da Paraíba, constituindo um problema de relevância em Saúde Pública. Apesar dos avanços
tecnológicos dos sistemas de amplificação sonora, a satisfação do usuário continua sendo um
desafio para os audiologistas.
A realização desta pesquisa só será possível com a sua participação, a partir do seu
consentimento. Por isso, solicitamos sua colaboração e informamos que será garantido seu
anonimato, bem como assegurada sua privacidade e o direito de autonomia referente à
liberdade de participar ou não da pesquisa, bem como o direito de desistir da mesma, e que
não será efetuada nenhuma forma de gratificação da sua participação.
Ressaltamos que os dados serão coletados através de um questionário, no qual o(a)
senhor(a) responderá a algumas perguntas sobre a temática em questão. Estas farão parte de
uma pesquisa que poderá ser divulgada em eventos científicos, periódicos e outros, em nível
nacional ou internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, o nome do(a) senhor(a)
será mantido em sigilo.
A sua participação na pesquisa é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é
obrigado(a) a responder ou fornecer as informações solicitadas pelas pesquisadoras. Caso
decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não
sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência, caso esteja recebendo. A
pesquisa poderá apresentar risco relacionado ao constrangimento aos participantes. Importa
dizer que os riscos apresentados por esta pesquisa serão mínimos comparados aos benefícios
55
que trará para a contribuição do aumento do acervo para estudantes e profissionais que
possuem interesse sobre a temática em questão.
A pesquisadora e o Comitê de Ética em Pesquisa estarão a sua disposição para
quaisquer esclarecimentos que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Vale
ressaltar que durante todas as etapas da presente pesquisa serão cumpridas todas as
determinações constantes da Resolução 466/2012 CNS e suas complementares, que
disciplinam as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil.
Diante do exposto, agradecemos sua contribuição na realização da pesquisa.
Eu, _______________________________________________, concordo em
participar desta pesquisa, declarando que cedo os direitos do material coletado, que fui
devidamente esclarecido(a), estando ciente dos objetivos da pesquisa, justificativa, riscos e
benefícios, e sobre a liberdade de retirar o consentimento, sem que isso me traga qualquer
prejuízo.
Estou ciente de que receberei uma cópia deste documento rubricada na primeira folha
e assinada a última por mim e pela pesquisadora responsável, em duas vias, de igual teor,
ficando uma via sob meu poder e outra em poder da pesquisadora responsável.
João Pessoa ________/________/2016.
____________________________________________________
Cristianne Baracuhy de Mello
(Pesquisadora responsável)
__________________________________________
Participante da Pesquisa/Testemunha
________________________ Endereço da Pesquisadora responsável: Rua Zulmira Felix de Carvalho, 155, Miramar. Cep: 58033-
120. João Pessoa/PB.
Endereço do CEP: Av. Frei Galvão, 12, Gramame, João Pessoa/PB. Cep: 58067-695. E-mail:
[email protected]. Fone de contato: 21064777.
56
APÊNDICE D
TERMO DE COMPROMISSO DA PESQUISADORA RESPONSÁVEL
Declaro que conheço e cumprirei as Resoluções Éticas Brasileiras, em especial a
Resolução CNS 466/2012 e suas Complementares, em todas as fases da pesquisa intitulada
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE APARELHO DE
AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL NA SÍNDROME DE MORQUIO.
Comprometo-me a submeter o protocolo à PLATBR, devidamente instruído ao CEP,
aguardando o pronunciamento deste, antes de iniciar a pesquisa, a utilizar os dados coletados
exclusivamente para os fins previstos no protocolo, a tornar públicos os resultados desta
investigação tão logo sejam consistentes, sendo estes favoráveis ou não, e a enviar o relatório
final pela PLATBR, via Notificação ao Comitê de Ética em Pesquisa Facene/Famene até o
mês de setembro de 2017, como previsto no cronograma de execução da pesquisa.
Em caso de alteração do conteúdo do projeto (número de sujeitos de pesquisa,
objetivos, título etc.), comprometo-me a comunicar o ocorrido em tempo real, através da
PLABR, via Emenda.
Declaro que irei encaminhar os resultados da pesquisa para publicação em revistas,
congressos, seminários etc., com os devidos créditos aos pesquisadores associados integrantes
do projeto, como também que os resultados do estudo serão divulgados à Associação dos
Portadores de Mucopolissacaridoses do Estado da Paraíba – ASPAMPS/PB e ao Centro de
Saúde Nova Esperança, como preconiza a Resolução 466/2012 MS/CNS e a Norma
Operacional N° 001/2013 MS/CNS.
Estou ciente das penalidades que poderei sofrer caso infrinja qualquer um dos itens da
referida Resolução.
João Pessoa, 23 de novembro de 2016.
__________________________________________
Assinatura da pesquisadora responsável
57
ANEXOS
58
Anexo 1
59
Anexo 2
60
Anexo 3
61
Anexo 4
Nome: ___________________________________________________Idade: ___________
QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL – APARELHO DE AMPLIFICAÇÄO SONORA
INDIVIDUAL (QI-AASI)
1. Pense no tempo em que usou o(s) seu(s) aparelho(s) de amplificação sonora individual (is) nas
últimas duas semanas. Durante quantas horas usou o(s) aparelho de amplificação sonora individual (is)
num dia normal?
não usou menos que entre 1 e 4 horas entre 4 e 8 horas mais que 8 horas
1hora por dia por dia por dia por dia
❏ ❏ ❏ ❏ ❏
2. Pense em que situação gostaria de ouvir melhor, antes de obter o(s) seu(s) aparelho(s) de
amplificação sonora individual (is). Nas últimas duas semanas, como o(s) aparelho(s) de amplificação
sonora individual (is) o/a ajudou (ou ajudaram) nessa mesma situação?
não ajudou ajudou ajudou ajudou ajudou
(não ajudaram) (ajudaram) (ajudaram) (ajudaram) (ajudaram)
nada pouco moderadamente bastante muito
❏ ❏ ❏ ❏ ❏
3. Pense novamente na mesma situação em que gostaria de ouvir melhor, antes de obter o(s) seu(s)
aparelho(s) de amplificação sonora individual (is). Que grau de dificuldade AINDA encontra nessa
mesma situação usando o(s) aparelho(s) de amplificação sonora individual (is)?
muita bastante dificuldade pouca nenhuma
dificuldade dificuldade moderada dificuldade dificuldade
❏ ❏ ❏ ❏ ❏
4. Considerando tudo, acha que vale a pena usar o(s) aparelho(s) de amplificação sonora individual
(is)?
não vale vale pouco vale moderadamente vale bastante vale muito
a pena a pena a pena a pena a pena
❏ ❏ ❏ ❏ ❏
5. Pense nas últimas duas semanas, usando o(s) aparelho(s) de amplificação sonora individual (is).
Quanto os seus problemas de ouvir o/a afetaram nas suas atividades?
afetaram afetaram afetaram afetaram não afetaram
muito bastante moderadamente pouco
❏ ❏ ❏ ❏ ❏
6. Pense nas últimas duas semanas, usando o(s) aparelho(s) amplificação sonora individual (is).
Quanto os seus problemas de ouvir afetaram ou aborreceram outras pessoas?
afetaram afetaram afetaram afetaram não afetaram
muito bastante moderadamente pouco
❏ ❏ ❏ ❏ ❏
7. Considerando tudo, como acha que o(s) seu(s) aparelho(s) de amplificação sonora individual (is)
mudou (ou mudaram) a sua alegria de viver ou gozo na vida?
para pior ou menos não houve um pouco mais bastante alegria muito mais
alegria de viver alteração alegria de viver de viver alegria de viver
❏ ❏ ❏ ❏ ❏