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Desempenho de Híbridose Cultivares de Bananeirana Região do BaixoSão Francisco, Sergipe

A bananeira é uma das fruteiras de maiorimportância sócio-econômica para o Estadode Sergipe, no entanto o uso de cultivaresinadequadas e problemas fitossanitários têmsido o entrave para um maior desenvolvimen-to do seu cultivo no Estado.

Dentre as áreas de produção de banana emSergipe destacam-se as microrregiões deCotinguiba, Baixo Cotinguiba e Propriá,responsáveis por 43,6% da produção debanana no Estado (IBGE, 2007). Abananicultura dessa região está alicerçadaem cultivares do tipo Prata, principalmente'Prata Anã' e 'Pacovan', que são suscetíveisa diversas doenças, como a Sigatoka amarelae o mal-do-Panamá. A variedade Maçã apesardo excelente sabor e de alcançar preços altosno mercado, praticamente vem desaparecen-do das áreas produtoras, devido à elevadasuscetibilidade ao mal-do-Panamá.

1 Eng. Agrônoma, D.Sc. pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, CEP 49025-040, Aracaju – SE. E-mail: [email protected];² Eng. Agrônomo, M.Sc., pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros. E-mail: [email protected];³ Eng. Agrônomo, D.Sc., pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, CEP 44380-000-Cruz das Almas-BA. E-mail:

[email protected]; [email protected].

61ISSN 1678-1937Aracaju, SEJulho, 2007

Ana da Silva Lédo1

Josué Francisco da Silva Junior²Carlos Alberto da Silva Lédo³Sebastião de Oliveira e Silva³

Atualmente, uma ameaça aos plantios debanana, não somente de Sergipe, mas detodo o Nordeste, tem sido a Sigatoka negra,doença altamente destrutiva que, embora nãoesteja presente na região, constituirá umsério problema caso venha ocorrer em algumaárea produtora. Uma vez que as medidas decontrole convencionais são inviáveis, umaestratégia para a solução desses problemas éa obtenção de novas cultivares produtivas eresistentes, mediante o melhoramento genéti-co, cuja etapa final do processo consiste naavaliação dos genótipos em diferentes regi-ões produtoras.

Diante disso, a Embrapa Tabuleiros Costeirosem parceria com a Embrapa Mandioca eFruticultura Tropical, conduziu no período de2004 a 2007, um experimento de avaliaçãode 20 genótipos de bananeira, com cincotouceiras por parcela, no perímetro irrigado

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ComunicadoTécnico

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2 Desempenho de Híbridos e Cultivares de Bananeira na Região do Baixo São Francisco, Sergipe

Cotinguiba-Pindoba, no município de Propriá,região do Baixo São Francisco, SE, emNeossolo Flúvico de textura argilosa e defertilidade média. O clima da região é semi-úmido, com chuvas predominantes de inver-no e outono, apresentando médias anuais de1.161 mm, sendo que 74% são distribuídasde abril a setembro. A temperatura média doar é de 25°C e a umidade relativa de 77%.

Foram avaliados os seguintes genótipos:híbridos tetraplóides de 'Gros Michel'(Bucaneira e Ambrosia); 'Yangambi n° 2'(YB42-07 e YB42-21); 'Prata São Tomé'(ST42-08); 'Prata Anã' (PA42-44, PA42-28,PA42-19, PA42-38D e FHIA-18); 'Pacovan'(PV42-53, PV42-85 e PV42-68), Cavendish(FHIA-2); e as cultivares Pacovan e Prata Anã(subgrupo Prata), Grande Naine (subgrupoCavendish), Maçã, Caipira (subgrupo Ibota) eThap Maeo.

As mudas micropropagadas, oriundas daEmbrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,foram plantadas no espaçamento 3,00 m x2,00 m. Utilizou-se sistema de irrigação poraspersão convencional atendendo à demandahídrica da cultura. Foram realizados o contro-le do mato, desfolha, adubações de fundaçãoe cobertura, desbaste e demais práticasrecomendadas para a cultura. No segundociclo de produção, por motivo de perda de

parcelas foram avaliadas 17 cultivares ehíbridos. Durante o primeiro e segundo ciclosde produção foram avaliadas característicasda planta, de produção e do ciclo.

No primeiro ciclo, verificou-se a formação dequatro grupos quanto à altura da planta. Noprimeiro (porte alto), classificaram-se PV42-85, PV42-53, PV42-68 e a Maçã (Figura 1).Os genótipos Prata Anã, Grande Naine, FHIA-2, PA42-28 e PA42-28 foram reunidos noúltimo grupamento, apresentando menorporte. No segundo ciclo, foi constatada aformação de três grupos sendo os híbridos dePV42-68, PV42-85, PV42-53, ST42-08 e acultivar Pacovan de porte alto, e osgenótipos PA42-28, PA42-44, PA42-19,FHIA-18, FHIA-2, Prata Anã e Bucaneira, deporte baixo. Nesse ciclo a altura das plantasvariou de 3,45 a 4,99 m (Figura 1).

No primeiro ciclo, o peso de cacho variou de13,67 a 29,98 kg, respectivamente, para osgenótipos PA42-44 e Bucaneira, e o pesomédio do fruto de 93,40 (Thap Maeo) a209,9 g (PV42-53), enquanto o número defrutos variou de 71,7 (ST42-08) a 201,5(Thap Maeo) (Figuras 2, 3 e 4). Os genótiposque alcançaram as maiores produções foramBucaneira, Ambrosia e Grande Naine (29,98;25,48 e 24,19 kg, respectivamente).

Altura da planta (m)

0

1234

56

PV42-85

PV42-53

PV42-68

Pacov

an

PA42-44

PA42-19

PA42-28

PA42-38

D

FHIA-18

ST42-08

Prata A

YB42-07

YB42-21

FHIA-2

Grande

Nine

Thap M

aeo

Caipira

Maçã

Ambrosia

Bucan

eira

ALT 1ALT 2

Fig. 1: Altura da planta de genótipos de bananeira no município de Propriá, Sergipe, região do Baixo São Francisco, no primeiro

(ALT 1) e segundo (ALT 2) ciclos de produção.

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No segundo ciclo, o peso de cacho variou de13,29 a 23,00 kg, respectivamente, para osgenótipos ST42-08 e FHIA-2, e o peso médiode fruto de 86,7 g (Thap Maeo) a 179,2 g(PV42-85), enquanto o número de frutosvariou de 78,0 (ST42-08) a 223,7 (ThapMaeo) (Figuras 2, 3 e 4). Os genótipos quealcançaram as maiores produções, no segun-do ciclo, foram FHIA-2, FHIA-18, Thap Maeoe Ambrosia (23,00; 20,15; 20,85 e 20,28 kg,respectivamente). No entanto, os híbridos de

Pacovan (PV42-53, PV42-85 e PV42-68)apresentaram excelente desempenho comrelação ao peso do cacho, levando-se emconsideração os dois ciclos.

As demais cultivares e híbridos apresentarambom desempenho nos ciclos, mostrandotambém boa adaptação às condiçõesedafoclimáticas da região do Baixo SãoFrancisco.

Peso do cacho (Kg)

05

1015

202530

PV42-85

PV42-53

PV42-68

Pacov

an

PA42-44

PA42-19

PA42-28

PA42-38

D

FHIA-18

ST42-08

Prata A

YB42-07

YB42-21

FHIA-2

Grande

Nine

Thap M

aeo

Caipira

Maçã

Ambrosia

Bucan

eira

PC 1PC 2

Fig.2: Peso do cacho de genótipos de bananeira no município de Propriá, Sergipe, região do Baixo São Francisco, no primeiro (PC

1) e segundo (PC 2) ciclos de produção.

Número de frutos/cacho

0

40

80

120

160

200

240

PV42-85

PV42-53

PV42-68

Pacov

an

PA42-44

PA42-19

PA42-28

PA42-38

D

FHIA-18

ST42-08

Prata A

YB42-07

YB42-21

FHIA-2

Grande

Nine

Thap M

aeo

Caipira

Maçã

Ambrosia

Bucan

eira

NFC 1NFC 2

Fig.3: Número de frutos por cacho de genótipos de bananeira no município de Propriá, Sergipe, região do Baixo São Francisco, no

primeiro (NFC 1) e segundo (NFC 2) ciclos de produção.

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4 Desempenho de Híbridos e Cultivares de Bananeira na Região do Baixo São Francisco, Sergipe

Peso médio do fruto (g)

0

50

100

150

200

250PV42

-85PV42

-53PV42

-68Pac

ovan

PA42-44

PA42-19

PA42-28

PA42-38

DFHIA

-18ST42

-08Prat

a Anã

YB42-07

YB42-21

FHIA-2

Grande

Nine

Thap M

aeo

Caipira

Maçã

Ambrosia

Bucan

eira

PMF 1PMF 2

Fig.4: Peso médio dos frutos de genótipos de bananeira no município de Propriá, Sergipe, região do Baixo São Francisco, no

primeiro (PMF 1) e segundo (PMF 2) ciclos de produção.

No primeiro e segundo ciclos os híbridos de Pacovanforam mais tardios que sua genitora. Este comportamentotambém foi observado para os híbridos de Prata Anãdurante o primeiro ciclo, entretanto no segundo ciclo oshíbridos PA42-44, PA42-19, PA42-38D e FHIA-18apresentaram precocidade.

Pela avaliação conjunta das características agronômicas eprodutivas (Tabelas 1 e 2) elegeram-se os híbridos PV42-53 e PV42-68 ('Pacovan Ken'), como alternativa a cultivarPacovan, o YB42-07 como opção para áreas de cultivo debanana Maçã, a FHIA-18 como alternativa a cultivar PrataAnã e os híbridos Ambrosia, Bucaneira e FHIA-2 para usoagroindustrial.

Tabela 1. Caracterização de genótipos de bananeira promissores para a região do Baixo SãoFrancisco, com base na média dos dados coletados no município de Propriá, SE. EmbrapaTabuleiros Costeiros, 2007.

Genótipos Altura (m)

PV42-53PV42-68FHIA-18YB42-07FHIA-2AmbrosiaBucaneira

38,5934,1333,3439,2932,6337,6337,67

16,015,016,015,615,512,911,7

7,77,710,110,68,47,38,4

209,9197,8132,9132,4129,2167,7187,9

411,5370,3358,6387,3372,5422,6397,8

3,673,502,503,082,253,003,00

Dia- Diâmetro do pseudocaule; NFVF- número de folhas vivas no florescimento; NFVC- número de folhas vivas na colheita; PC-

Peso do cacho; PMP- Peso médio da penca; PMF- Peso médio do fruto; DCP- Dias do plantio a colheita.

2,922,701,912,081,802,783,34

19,6618,1318,4217,5718,1025,4829,98

1° ciclo de produção

Dia (cm) NFVF NFVC PC (kg) PMP (kg) PMF (g) DPC

PV42-53PV42-68FHIA-18YB42-07FHIA-2AmbrosiaBucaneira

44,2144,5040,5042,1740,6750,2145,42

11,712,510,611,911,611,411,0

8,58,57,68,87,78,07,1

175,0175,8144,2100,3155,0120,1125,8

651,8579,6589,1599,8481,8558,2660,7

4,714,943,464,083,454,013,45

2,522,332,021,472,222,781,95

19,6516,0020,1514,0023,0020,8518,72

2° ciclo de produção

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Tabela 2. Caracterização fitossanitária de genótipos de bananeira promissores para a região doBaixo São Francisco, Sergipe.

Genótipos Sigatoka Negra Sigatoka Amarela Mal-do-Panamá

PV42-53PV42-68FHIA-18YB42-07FHIA-2AmbrosiaBucaneira

ResistenteResistenteResistente

-1ResistenteResistenteResistente

ResistenteResistente

Moderadamente ResistenteResistenteResistenteResistenteResistente

ResistenteResistenteSuscetívelToleranteResistenteResistenteResistente

1 ainda não testada quanto a reação a Sigatoka negra

Fonte: Silva et al. (2003), Lima et al. (2005), Gasparotto et al. (2006)

Referências Bibliográficas

GASPAROTTO, L.; PEREIRA, J. C. R.; HANADA, R. E.;MONTARROYOS, A. V. V. Sigatoka negra da bananeira.Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2006. 177p.

IBGE. Produção agrícola municipal - 2005. disponível em<http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 04 abr2007.

LIMA, M. B.; SILVA, S. de O. e; JESUS, O. N. de; OLIVEI-RA, W. S. J. de; GARRIDO, M. da S.; AZEVEDO, R. L. de.Avaliação de cultivares e híbridos de bananeira noRecôncavo Baiano. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 29,n. 3, p. 515-520, maio/jun. 2005.

SILVA, S. de O.; GASPAROTTO, L.; MATOS, A. P. de;CORDEIRO, Z. J. M.; FERREIRA, C. F.; RAMOS, M. M.;JESUS, O. N. de. Programa de melhoramento de bananeirano Brasil-resultados recentes. Cruz das Almas: EmbrapaMandioca e Fruticultura, 2003. 36p. (Embrapa Mandioca eFruticultura. Documentos, 123).

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Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Tabuleiros CosteirosEndereço: Avenida Beira Mar, 3250, CP 44,---------------CEP 49025-040, Aracaju - SE.Fone: (79) 4009-1300Fax: (79) 4009-1369E-mail: [email protected]ível em http://www.cpatc.embrapa.br1a edição (2007)

Presidente: Edson Diogo Tavares.Secretária-Executiva: Maria Ester Gonçalves MouraMembros: Emanuel Richard Carvalho Donald, JoséHenrique de Albuquerque Rangel, Julio RobertoAraujo de Amorim, Ronaldo Souza Resende, JoanaMaria Santos Ferreira

Supervisor editorial: Maria Ester Gonçalves MouraTratamento das ilustrações: João Henrique B. GomesEditoração eletrônica: João Henrique Bomfim Gomes

Comitê depublicações

Expediente

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