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HISTRIA BREVE DICIONRIO SOBRE A VINHA E O VINHO MADEIRA
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Alberto Vieira (C)
INTRODUO
GUA-P
AGUARDENTE
ALAMBIQUE
AMRICA DO NORTE
ANTILHAS
ARTUR BARROS & SOUSA LD
BALDEAO
BALSEIRA
BLANDY, JOHN (1783-1855)
BOAL
BOLTON, WILLIAM
BORRACHO
CANTEIRO, VINHO DE
CASTAS
COMRCIO
CONFRARIA DO VINHO DA MADEIRA
CRISE
CULINRIA
DIREITOS
ESTUFAS
FILOXERA
H. M. BORGES SUCRS. LD
Henrique & Henriques Lda
NDIA
INSTITUTO DO VINHO DA MADEIRA
INGLATERRA
LAGAR
LATADAS
MADEIRA PARTY
MALVASIA
MEDIDAS
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MERCADORES
MERCADOS
MLDIO
MUSEUS
NAPOLEO
NEWTON, Francis
ODIO
PEREIRA D'OLIVEIRA (VINHOS) LD
PRODUO
PROTECCIONISMO
RAINWATER
RODA, VINHO
RSSIA
SERCIAL
SHAKESPEARE, W.
SILVA VINHOS LD
SOLERA
TERRANTEZ
TINTA NEGRA MOLE
TIPOS VINHO
VEIGA FRANA (VINHOS) LD
VERDELHO
VINDIMA
VINHO AMERICANO
VINHO DE LENO
VINHO SECO
VINHOS BARBEITO (MADEIRA) LD
VINIFICAO
VINTAGE
VITICULTOR
VITICULTURA
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INTRODUO
O vinho dos poucos produtos que mais interesse tem despertado ao longo da histria: amado, por uns,
odiado, por outros. O certo que ele continua a ser uma presena assdua nos nossos momentos de alegria e
tristreza. Realidade de hoje mas tambm de ontem. No presente, parece querer retorna-se sua tradio
teraputica, que nos remete a Hipcrates. Daqui resultar, sem dvida, uma posio de relevo no universo
das bebidas alcolicas, alvo principal das campanhas de combate ao alcoolismo.
Nesta conturbada ambincia h lugar para o vinho Madeira, vtima de uma concorrncia sem trguas de
bebidas. Mas, para o bom apreciador, nada h que se assemelha a um bom Malvasia ou Verdelho. tudo
uma questo de gosto e de conhecimento.
A nossa inteno, ao elaborar este sucinto dicionrio do vinho madeirense, contribuir apenas para que o
tradicional e jovem apreciador do vinho Madeira, entre no seu universo histrico, de modo a que o acto de
degust-lo seja um ritual. Por isso este um texto que deve ser lido, obrigatoriamente acompanhado de um
clice de Madeira. S assim ser possvel ao leitor entrar no universo que lhe reservmos!
GUA-P
o resultado da gua lanada sobre o bagao da uva, donde se retirava o pouco de mosto que a se
mantinha. Ela ficou popularizada como a bebida popular, podendo ser consumida em plena fermentao ou
depois disso, adicionando-lhe lcool.
AGUARDENTE
A generalizao do uso da aguardente como bebida e produto para adubar os vinhos , entre ns, uma
realidade apenas na segunda do sculo XVIII. Foram os ingleses que introduziram tal uso, oferecendo-nos as
aguardentes de Frana. Eles estavam habituados a beber os vinhos franceses fortificados, mas,
impossibilitados pela guerra, foram busc-los a outros destinos. Note-se que no perodo de ocupao da ilha
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pelas tropas britnicas (1801-1802, 1807-1814) generalizou-se entre os madeirenses o hbito do consumo de
aguardente e demais bebidas espirituosas.
A Madeira ficou conhecida como a ilha da Aguardente. O alcoolismo tornou-se numa praga social e para o
combater tivemos, aps a sada dos ingleses, inmeras proibies, mas a aguardente continuou a entrar por
via do contrabando e a encontrar consumidor.
Entretanto o madeirense comeou a alambicar os seus vinhos e a dispr der aguardente local para consumo
nas tabernas e fortificao dos vinhos.As dificuldades na sada dos vinhos a partir de 1814 veio aumentar as
possibilidades de recurso aguardente local e a guerra aberta s aguardentes de Frana, proibidas desde
1822.
ALAMBIQUE
A genralizao do consumo de aguardente nas tabernas e o seu uso na fortificao do vinho de exportao
criaram as condies para o aparecimento de alambiques na ilha, uma vez que era abundante a colheita de
vinho de baixa qualidade, apropriado a isso.
De Frana vieram as aguardentes mas tambm os primeiros alambiques. Desde 1821 est documentada a
presena de 3 alambiques a que se juntou, desde 1822, uma fbrica de destilao contnua, propriedade de
Severiano Alberto de Freitas Ferraz.
Tendo em conta que eram os vinhos de baixa qualidade os queimados nos alambiques e que eles eram
produzidos na vertente Norte bvia a generalizao destes engenhos industriais nas freguesias do Norte da
Ilha, como So Vicente e So Jorge. O decreto-lei de 11 de Maro de 1911 acabou com os alambiques para
dar lugar ao monoplio do engenho do Hinton, com a aguardente de cana de acar, que se manteve at
1974. Durante este perodo a aguardente vnica era um segredo escondidos dos habituais apreciadores.
AMRICA DO NORTE
A presena de vinho da Madeira na Amrica do Norte muito antiga, remontando aos primrdios de
colonizao inglesa na primeira metade do sculo XVII. As referncias mais recuadas apontam para a sua
existncia em 1640 na Nova Inglaterra, 1642 em New Haven e 1645 em Boston. Todavia s em meados da
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centria seguinte o vinho da Madeira tornou-se numa moda para os norte- americanos, sendo o seu consumo
um factor de prestgio social.
A ela aderiram os presidentes do jovem pas. George Washington reclamara em 1759 uma pipa do velho
Madeira, este era um consumidor dirio dele preferindo-o a qualquer outro. Em 1762 Benjamim Franklin
na sua viagem Europa a no prescindir de uma visita Madeira e de se acompanhar de uns lotes de vinho.
Alm disso o mesmo procurou recolher todo o tipo de informaes sobre esta cultura no sentido de a
promovr em terras americanas, o que veio a dar-se, mais tarde, com grande sucesso. John Adams em 1784
exaltou as propriedades deste vinho, sendo seguido em 1786 por Thomas Jefferson.
O testemunho destes ilustres personagens americanos bastou para assegurar no novo pas um mercado
prederencial para o vinho Madeira. Por isso a dcada de sessenta o momento de afirmao, surgindo o
Madeira com 29% do mercado, sendo N. York o destino preferencial. Nas exportaes de 1785-87 metade
seguia para este mercado americano. Todavia a guerra de secesso, a partir de 1770, condicionou essa
evoluo: a quebra acentua-se nas duas dcadas seguintes, atingindo em 1794 o mximo. Note-se que o
movimento de independncia foi marcado por um bloqueio aos tradicionais circuitos comerciais sob
domnio de ingleses.
Esta situao foi catastrfica para a Madeira. O madeirense, habituado a receber o seu sustento em trigo,
milho e farinhas dos portos americanos, tendo neles um destino preferencial para os seus vinhos, v-se
privado tudo isso. A fome era inevitvel, sendo os anos de 1795-96 e 1799 de autntico flagelo.
O sculo dezanove defeniu um novo rumo para o vinho madeirense. Os portos americanos continuaram a
receb-lo mas j no com aquela assiduidade que os caracterizou na centria anterior. O vinho est de
regresso ao velho continente e avanou conquista do mercado nrdico. Num pice passou do calor trrido
para o frio da Sibria, sem se constipar, isto , sem se deteriorar.
ANTILHAS
O grupo de ilhas da Amrica Central, nomeadamente aquelas onde havia, desde o sculo XVII,
assentamentos ingleses e franceses, foram um importante consumidor do vinho da Madeira. Ao longo do
sculo XVIII os inmeros comboios de embarcaes com destino a elas faziam escala na Madeira. O
Madeira corria nos seres de quase todas as ilhas, mas em especial Jamaica, Barbados, Martinica, Santa
Cruz, St. Eustrachio, St. Vicente.
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ARTUR BARROS & SOUSA LD
Casa fundada em 21 de Julho de 1954 por Artur de Barros e Sousa e Edmundo Menezes Olim, que reuniram
numa s casa os vinhos velhos que dispunham.
das poucas casas comerciais que apenas usa o sistema de canteiro, dispondo no seu lote de vinhos o
terrantez e o listro do Porto Santo.
BALDEAO
A tendncia para a mistura dos vinhos bons com os maus no uma novidade de hoje. Tambm no passado
foi evidente esta prtica ao nvel da vinificao madeirense. Numa ilha, como a Madeira definida por
microclimas, variada a qualidade dos lotes de vinho produzido. Aqui definiam-se vrias reas vitcolas:
Norte e Sul e dentro delas, de acordo com a subida em altitude dos vinhedos, as meias terras abaixo e meias
terras acima. por isso que as autoridades locais estabeleceram , desde o sculo XVII, uma diferente tabela
de preos para o mosto das meias terras abaixo e meias terras acima, sendo o primeiro de superior qualidade.
Ainda, no sculo XVIII, generalizou-se a cultura da vinha na vertente norte e, pelo facto de este ser um
vinho de inferior qualidade vendido a baixo preo, era comum misturar-se com os do sul para serem
vendidos com sendo deste ltimo destino. Foi contra isso que o governador Antnio de S Pereita
estabeleceu em 1768 a proibio de entrada no Sul, at Maio, dos vinhos do Norte.
Esta situao de baldeao interna dos vinhos bons do sul com os maus do norte deu lugar, em finais do
sculo XVIII, a idntica prtica mas com vinhos de outras origens, nomeadamente Aores e Canrias. O
combate a isso resumiu-se a um complicado sistema burocrtico de manifestos e marcao das pipas sadas
com vinho. Mas tudo isto sucedeu enquanto o vinho Madeira mantinha uma procura superior sua oferta.
Aps a revoluo liberal de 1820 estas medidas perderam actualidade, pois o vinho deixou de ser procurado.
BALSEIRA
O recurso s rvores de ampla ramagem, como o carvalho e castanheiro, uma traido ancestral que ainda
hoje perdura no norte de Portugal. E foi de l que os colonos madeirenses trouxeram esta arte de cultivo da
videira.
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Os custos elevados da construo de latadas de madeira, e a dificuldade em manter as vinhas rasteiras,
levaram os agricultores do Norte da ilha a socorrerem-se desta tcnica. Todavia o aparecimento do odio, em
1852, obrigou o agricultor a acompanhar o ciclo de florao da vinha por meio de tratamentos adequados
para combater esta praga. As balseiras eram um incmodo e, por isso mesmo, as videiras foram
desaparecendo, dando lugar s latadas.
BLANDY, JOHN (1783-1855)
Foi um dos militares que acompanharam o general Beresford em 1807 na ocupao da ilha. Veio e gostou,
retornando em 1811 para criar a firma John Blandy & Sucs que em 1852, por altura da praga do odio,
adquiriu parte importante dos stocks de vinho disponveis na ilha. Esta empresa deu lugar em 1925 a outra
com o nome de Blandy's Madeira Ld, hoje Blandy Brothers & Co. Lt, com activa participao na Madeira
Wine Association.
BOAL
Existem trs variedades: o boal da Madeira, de cheiro e do Porto Santo. Na Madeira o espao preferencial
para a sua cultura os 400m, com especial incidencia nas zonas ribeirinhas. O melhor vinho era o de
Campanrio e Ponta do Pargo.
BOLTON, WILLIAM
um dos mais antigos mercadores ingleses do comrcio do vinho com a Inglaterra, Irlanda e colnias
inglesas na Amrica e ndia. A sua actividade comercial na ilha conhecida para os anos de 1595 a 1714. De
incio actuou isolado associando depois outrso: a partir de 22 de Maio de 1697 sob o ttulo de W. Bolton &
C., passando a 19 de Maio de 1704 para B. D. & C.
A partir das cartas comerciais sabe-se que era proprietrio de barco e tambm banqueiro. Alm do seu
comrcio do vinho tinha o privilgio, visto ser consul desde 1696, do abastecimento das embarcaes
inglesas que faziam escala com assiduidade no porto do Funchal.
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Em Julho de 1696, por especulao no comrcio de cereais, foi expulso da ilha s retornando em 10 de Maio
de 1697. Na verdade o comrcio de cereais dos Aores ou da Amrica do Norte era uma contrapartida
rentvel na sua actividade comercial.
BORRACHO
A orografia da ilha madrasta para o madeirense, no facilitando o seu movimento e dos produtos da terra.
necessrio muito engenho e o recurso fora herclea do homem para que isso acontea.
No caso do vinho, produzido em locais de difcil acesso, era preciso encontrar um meio adequado para
transporte do mosto at aos armazns da cidade.Para isso a soluo mais acertada foi o uso do borracho ou
odre. Ele um aproveitamento genial da pele de cabrito que possibilitou, durante os sculos passados, o
transporte do vinho ao Funchal.
O uso do borracho no transporte de lquidos antigo e geral no espao mediterrnico, mas em nenhum outro
lugar ele assumiu semelhante importncia aquela que adquiriu na Madeira no transporte de vinho.
CANTEIRO, VINHO DE
Chama-se vinho de canteiro ao que envelhece naturalmente nos cascos. Canteiro o nome dado armao
de madeira onde repousam as pipas, da o nome dado a esta forma de envelhecimento natural do vinho.
Esta diferenciao surgiu como resultado do aparecimento das estufas em finais do sculo XVIII. A partir de
ento passou a contar-se o vinho estufado do de canteiro. Hoje apenas uma empresa - Artur Barros & Sousa
- mantm esta forma tradicional de laborao do vinho Madeira.
CASTAS
As castas que do nome ao vinho Madeira so preferencialmente, a Malvasia, Sercial, Verdelho e Boal.
Todavia esta situao alterou-se com o aparecimento em 1872 da filoxera. O insecto atacou as razes das
videiras europeias fazendo-as definar. A partir de ento a cultura da vinha s era possvel em terrenos
arenosos, como o Porto Santo, ou com o recurso s castas americanas a servirem de produtores directos ou
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de cavalos porta- enxertos. Destas ltimas que se mantiveram, por muitos anos, como produtores directos
destacamos jaquez, herbemont, cunningham e isabella.
As castas tradicionais do vinho Madeira - Malvasia, Sercial, Verdelho e Boal- pode-se adicionar outras
variedades como o listro do Porto Santo e o terrantez, que faz um vinho muito semelhante ao verdelho, e a
tinta negra-mole, usada como base para fabrico do vinho Madeira comum.
COMRCIO
Desde os incios da ocupao da ilha que o vinho local despertou a ateno dos tradicionais apreciadores. A
sua superior qualidade fez pasmar italianos, como Cadamosto, e chegou aos ouvidos britnicos. Por isso os
ingleses surgem, desde muito cedo, como os principais apreciadores do Madeira, tal como o testemunha
Shakespeare, nalgumas das suas peas. Mas o grande comrcio deste vinho surgiu com a descoberta do
Novo Mundo. A partir da segunda metade do sculo dezasseis o vinho adquiriu uma posio dominante no
comrcio externo da ilha, nunca mais a perdendo at princpios do sculo XIX.
A procura de vinho aumenta em simultneo com a dependncia da ilha em relao ao exterior e do
madeirense do vinho que produzia. Momentos houve em que a ilha fez exportar mais de quarenta mil pipas
de vinho, mas com o estabelizar da conjuntura poltica europeia, com o fim das guerras, aumentou a
concorrncia e fecharam-se alguns dos mercados do vinho madeirense. Por isso ele deixou de correr e as
pipas mantiveram-se cheias: em 1821 mais de vinte mil pipas aguardavam comprador.
A tudo isto veio juntar-se os efeitos do odio (1852) e filoxera (1872) que deram o golpe final no comrcio
do vinho. Por isso a ilha manteve-se por muitos anos, num estado de prostaco e misria nunca vistos.
CONFRARIA DO VINHO DA MADEIRA
A Madeira, a exemplo das demais regies viti-vincolas, passou a dispr de uma confraria para defesa e
promoo do vinho Madeira. Ela foi criada a 22 de Abril de 1988, sob os auspcios do Instituto do Vinho da
Madeira, sendo Cancelrio-mor o Dr. Alberto Joo Jardim, Presidente do Governo Regional da Madeira. No
presente conta com cerca de uma centena de associados oriundos das mais diversas reas da vida poltica e
econmica da regio.
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Todos os anos, pelo So Martinho, os confrades renem-se para degustar o vinho novo e honrar e defender o
prestgio do velho.
CRISE
Crise uma palavra grata apenas aos tericos da economia. Para os protagonistas activos deste processo, o
lavrador e mercador, algo aterrorizador. E o madeirense sempre teve razes de sobra para afugenta-la do
seu vocabulrio quotidiano. As dificuldades ancestrais da ilha, resultantes de uma tendncia para a
monocultura fazem com que qualquer crise comercial seja algo atemorizador. E elas foram uma constante do
processo econmico madeirense.
O momento de maior dificuldade situa-se entre as dcadas de vinte e cinquenta do sculo dezanove. A fome
foi, ento, uma constante. Tudo isto, porque faltou comprador para o vinho e a oferta de farinhas
americanas. A esta crise no comrcio seguiu-se outra mais grave que se fez sentir na produo, resultado da
aco do odio e filoxera, dominando toda a segunda metade do sculo XIX. Por isso o vinho madeirense
demorou tempo a recuperar deste estado de prostaco que a centria oitocentista o votou.
CULINRIA
O vinho Madeira, de acordo com os especialistas de culinria, merc da sua elevada qualidade de aroma e
paladar atribui caractersticas especiais aos pratos com ele confeccionados. Daqui resulta a "Sauce Madre"
ou os diversos pratos "au Madre".
Foram os franceses, experts na boa cozinha, quem descobriu esta propriedade do vinho Madeira, tornando-
se num dos consumidores preferenciais do vinho Madeira corrente.
DIREITOS
O vinho foi tambm uma importante fonte de receita para a Fazenda Nacional. E, durante muito tempo, o
facto de ele ser o produto dominante da economia da ilha foi sobre ele que recairam todas as imposies.
At ao sculo XIX a carga tributria que incidia sobre este produto onerava em 16% o seu valor. Deste
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direitos especficos que recaem apenas sobre o vinho temos: imposio (1485), o donativo (1635), o finto
(1641), Subsdio literrio (1772) e imposio das estufas (1805).
Hoje, graas conjuntura de crise da segunda metade de sculo XIX, desapareceram estes encargos, sendo
os que actualmente oneram o produto de carcter indirecto ou de ordem geral.
ESTUFAS
A tradio anota que o aparecimento das estufas na Madeira uma consequncia da grande procura que o
vinho teve no final do sculo XVIII. Esta foi a nica forma de acelerar o processo de envelhecimento para
corresponder desusada procura.
A prtica de aquecer os vinhos no novidade, pois era comum desde a Grcia Antiga o seu aquecimento
antes de ser bebido. A par disso as estufas existiam em Frana donde se importou a tecnologia. Diz-se que
foi Pantaleo Fernandes em 1794 quem construiu a primeira estufa madeirense. Todavia s no primeiro
decnio do sculo seguinte elas passaram a fazer parte dos diversos complexos vincolas da cidade do
Funchal. No comeo elas tiveram de enfrentar um movimento contrrio sua implantao que levou
proibio da sua existncia em 1802. Esta medida contrasta com outra ordem de 1834 onde se manifesta a
sua utilidade no trato e comrcio do vinho.
D. Joo da Cmara Leme, regressado de Frana, foi quem avanou com um sistema inovador de
aquecimento do vinho, cujo produto ficou conhecido como vinho canavial.
FILOXERA
A praga foi trazida para a Madeira em bacelos de isabella, que foi introduzida na ilha pela resistncia ao
odio. um insecto chamado Phylloxera, que se alimenta das razes de videira. Os primeiros sintomas
comearam a surgir em 1872 mas s em 1883 se notou o empenho das autoridades no seu combate. Por isso
foi rpido o abandono a que a cultura foi votada. Note-se que em 1883 a rea cultivada era apenas de 500 ha
para uma colheita de 3500 pipas, enquanto antes da filoxera era de 2500 ha com a produo de 16.000 pipas.
Nos campos experimentais do alto de S. Joo, Torreo e Ribeirinho ensaiaram-se bacelos de castas
americanas, que depois foram distribudos populao. Em, pouco tempo a ilha cobriu-se destas vinhas.
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H. M. BORGES SUCRS. LD
Casa fundada em 1877 por Henrique de Menezes Borges, que aps a sua morte em 1917 passou a ser gerida
pelos filhos.
HENRIQUE & HENRIQUES
Firma de produo e comrcio de vinho criada em 1850 por Joo Joaquim Gonalves Henriques, com base
nas propriedades de famlia em Belm (Cmara de Lobos). Em 1913 surgiu a actual empresa resultado da
sua funo a Casa de Vinhos da Madeira Ld, Belm's Madeira Ld, Carmo Vinhos Ld e Antnio Eduardo
Henriques Sucrs. Ld. Mais tarde, em 1960, foi a vez de Freitas Martins Caldeira & Cia.
NDIA
A partir do sculo XVII os navios das companhias inglesa e holandesa das ndias ocidentais faziam escala na
Madeira, onde se abasteciam de vinho, especialmente Bual.
A casa Cossart Gordon & Ca., no decurso do sculo XIX e primeira metade da presente centria, manteve
um activo negcio de vinhos para as terras do ndico tendo como objectivo fornecer as messes e os clubes
dos oficiais ingleses. No total so 60 distribudos por diversas regies, em especial na ndia.
INSTITUTO DO VINHO DA MADEIRA
At 1979 toda a actividade fiscalizadora da produo e comrcio do vinho estava a cargo da delegao local
da Junta Nacional dos Vinhos. A partir desta data foi criado na ilha o Instituto do Vinho da Madeira.
A primeira iniciativa do Instituto foi adequar a viticultura, vinificao e comrcio aos padres estabelecidos
pela CEE. No primeiro caso salienta-se a poltica de reconverso da vinha, com o arranque dos bacelos
americanos e a sua substituio pelas castas tradicionais. A isto acresce a reformulao da rotulagem do
vinho de acordo com os padres europeus e norte-americanos.
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INGLATERRA
A Inglaterra ter sido um dos primeiros destinos do vinho Madeira. A sua presena est a documentada
desde o sculo XV. Todavia foi no sculo XVII, merc dos tratados com a coroa portuguesa, que ele destino
se afirmou e que os ingleses assumiram uma dimenso importante na sociedade madeirense e comrcio do
vinho da ilha, controlando as sadas para Inglaterra e colnias inglesas na Amrica e ndico.
Note-se, ainda, que a plena afirmao da Gr-Bretanha como mercado preferencial do vinho Madeira surge
no sculo XIX altura em que, perdidas algumas das importantes colnias, toda a ateno do mercado ingls
virou-se para a sua terra natal.
Para o perodo de 1831 a 1885 a disputa pelo primeiro lugar nas exportaes de vinho Madeira estava entre
Londres e S. Petersburgo.
LAGAR
A presena do lagar foi, durante muito tempo, sinnimo de uma importante rea de vinhas. Note-se que nem
todos os viticultores tinham meios para o dispr e que a maior parte dos caseiros se serviam do lagar do seu
senhor. O seu usufruto implicava o pagamento de uma taxa, conhecida na Idade Mdia como lagaragem.
Hoje o lagar uma pea de museu, sendo substitudo pela moderna tecnologia, mas tempos houve em que
ele era um instrumento imprescindvel para o fabrico do vinho.
Na Madeira est documentada a presena de trs tipos: 1. as lagarias de pedra, onde o cocho escavado na
rocha, dispondo de vara e fuso em madeira para exercer presso sobre o bagao; 2. lagarias de madeira, em
que o cocho escavado num tronco de madeira; 3. o lagar de madeira calafetada. Depois, mais prximo de
ns foram estes lagares substitudos por outros em cimento, prensas manuais e mecnicas.
Hoje a ilha dispe j da mais avanada tecnologia para o fabrico do vinho. Lagares ou prensas existem para
a laborao do vinho caseiro.
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LATADAS
As condies geo-climticas da maior parte das reas viticolas da ilha no permitiam o uso da vinha de p,
estabelecendo-se uma complicada engenhoca capaz de a manter acima do solo. Para isso foi necessrio
erguer latadas e corredores de madeira, onde os bacelos se espraiavam livremente. Isto implicava um
acrscimo de investimento para os agricultores ou colonos, nem sempre compensado com a colheita de
vinho.
Um dos aspectos mais peculiares na ilha foi o uso das latadas a contornar as casas, servindo de toldo, dando-
lhe uma ambincia caracterstica que despertou a curiosidade do ingls.
MADEIRA PARTY
O vinho Madeira est, inexoravelmente ligado Histria dos Estados Unidos da Amrica. Desde o sculo
XVII que os colonos ingleses se haviam afeioado a este vinho que ficar, por muito tempo, como o seu
preferido. Por isso em momentos de dificuldade lutaram pela presena do vinho Madeira no seu dia-a-dia.
Sucedeu assim em 1768 quando J. Hancock se recusou a pagar os novos direitos sobre as 127 pipas de vinho
do navio Liberty, que fazia entrar em Boston. Idntica atitude repetiu-se em 1773 com um carregamento de
ch da ndia, situao conhecida como o Tea Party, aclamada com o despertar do movimento pr-
independncia da Amrica do Norte.
Depois foram os efeitos da lei seca, entre 1876 e 1919, que criou inmeras dificuldades circulao do
Madeira e privou os apreciadores da sua degustao. Os poucos que se mantiveram fiis criaram os Madeira
Party, isto , clubes onde se reuniam, em segredo, para beber o vinho Madeira. Destes ficou clebre em
Savannah o Madeira Club, que ainda hoje, levantada a lei seca, se reune ritualmente no onze de Novembro
para saudar a ilha com um clice de vinho.
MADEIRA WINE ASSOCIATION
Em 1913 Harry Hinton entra no mercado viti-vinicola juntando- se a Welsh & Cunha e Henriques &
Cmara, a que aderiu depois Donaldson e Krohn Brothers. Esta uma consequncia inevitvel da crise do
mercado do vinho nos princpios do sculo, agravada nos anos imediatos com as guerras mundiais.
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Passados doze anos surgem outras casas comerciais a associarem-se a esta sociedade: Abudarham & Filhos,
Lus Gomes da Conceio & Filhos, Miles Madeira Ld, F. F. Ferraz & Cia, T. T. da Cmara Lomelino.
Cossart Gordon & Co Ltd. foi o ltimo a juntar-se ao grupo em 1953.
A partir de 31 de Dezembro de 1981 a firma alterou a sua designao para Madeira Wine Company.
MALVASIA
de todas as castas a mais conhecida e celebrizada pelo vinho aromtico. A sua presena na ilha est
documentada desde meados do sculo XV, no lhe poupando elogios, os estrangeiros como Cadamosto, que
tiveram a oportunidade de o apreciar.
A sua presena habitual nas zonas baixas junto ao mar, conhecidas como fajs. Cultiva-se no Pal do Mar,
Jardim do Mar, Arco da Calheta, Madalena e Canhas. Mas a mais popular foi a sada da Faj dos Padres em
Campanrio.
MEDIDAS
O padr es das medidas utilizados no vinho, porque diversos, geravam inmeros problemas no comrcio
interno e externo do produto. Para medir usava-se as canadas e meias canadas em folha ou barro(sendo a
varia o de volume de cerca de dois decilitros), enquanto o transporte e arnazenamento era feito em barris(e,
por muito tempo, substitudos por borrachos), quartolas e pipas.
O padr o destas medidas at 1849, altura em que foi uniformizado, era diferente de freguesia para freguesia.
Por outro lado o valor padr o de cada medida de transporte e guarda do vinho, variava consoante o contedo
fosse mosto ou vinho limpo, cifrando- se a diferena em quatro almudes para menos no ltimo.
Esta diversidade de padr es de medida implicava uma redobrada aten o das autoridades municipais, a quem
competia fiscaliza-las, e aos mercadores.
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MERCADORES
O mercador tinha uma funo importante na economia viti- vinicola, pois a ele no se solicitava apenas a
definio dos circuitos comerciais do vinho, mas tambm a sua preparao para ser exportado. Esta foi uma
situao nova a partir do sculo XVII resultado da interveno do ingls.Ele passou a intervir no processo de
vinificao, adquirindo o vinho em mosto para depois proceder aos tratamentos adequados de acordo com os
seus mercados de exportao.
Os diversos tratados luso-britnicos asseguraram a hegemonia da feitoria britnica sobre o comrcio do
vinho da Madeira. Deste modo no foi ocasional a ocupao inglesa na ilha nos primeiros anos do sculo
XIX. A defesa dos interesses da feitoria passou-se ao reforo da sua aco, consignada no tratado de 1810.
Por isso os ingleses surgem nos anos imediatos com uma posio cimeira nas exportaes, controlando mais
de 50% do vinho sado.
A crise oitocentista provocou a debandada geral do mercado ingls ou americano, e s ficaram aqueles com
interesses noutros sectores. Como corrolrio disso tivemos o desaparecimento das sociedades familiares e o
aparecimento de associaes, como a Madeira Wine Association (1925) que absorveu, nos anos imediatos,
mais de trinta casas.
Na actualidade o comrcio do vinho assegurado por novas empresas, criadas no rescaldo da crise do
comrcio do vinho, sendo apenas trs (Henriques & Henriques Ld, H. M. Borges Sucessores Ld, Vinhos
Justino Henriques Ld) elo de continuidade com o passado. As demais (Madeira Wine Company,Veiga
Frana Vinhos Ld, Vinhos Barbeito Madeira Ld,Pereira d'Oliveira Vinhos Ld, Artur Barros & Sousa Ld e
Silva Vinhos) foram criadas a partir dos escombros de vetustas casas ou adegas particulares.
MERCADOS
Os mercados para o vinho Madeira diversificaram-se ao longo dos tempos. E, de todos, apenas o britnico
manteve a fidelidade ao nosso vinho. Este pas foi um dos primeiros a apreciar o vinho da ilha,
documentando-se, desde o sculo XV, o comrcio para a.
No conjunto da evoluo dos mercados do vinho Madeira podemos definir trs momentos: 1. sculos XV e
XVI, em que domina a Europa , nomeadamente Frana e Inglaterra; 2.sculos XVII-XIX - momento de
afirmao das colnias europeias na Amrica e ndia, sendo o vinho Madeira um companheiro inseparvel
dos colonos; 3. partir de 1830 - o retorno do vinho Europa com o desfrute entre os mercados londrino e
russo.
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Na actualidade, aps a prolongada crise de prostraco a que esteve sujeito o vinho, h uma tendncia para a
diversificao dos mercados, surgindo o Japo como um potencial mercado.
MLDIO
Esta doena, que ataca as folhas e cachos, surgiu em 1912. Para a combater utiliza-se a calda bordalesa.
MUSEUS
O vinho Madeira dispe de dois museus: o do Instituto de Vinho da Madeira, inaugurado em 18 de
Setembro de 1984, na sede do mesmo instituto, e o da Madeira Wine Company. Em ambos visitante pode
recordar o passado da faina viti-vinicola atravs de fotografias e objectos a ela alusivos.
NAPOLEO
Napoleo Bonaparte, nos cinco anos de exlio em Santa Helena, esteve sempre acompanhado de uma pipa de
vinho Madeira que lhe ofereceu o consul ingls, aquando da sua passagem pelo Funchal em 7 de Agosto de
1815.
O imperador nunca bebeu o vinho e aps a sua morte o consul ingls solicitou, em 1822, a devoluo do
vinho. Deste vinho fez-se uma afamada garrafeira, para gadio dos coleccionadores ingleses, com o ttulo de
Bottle of Waterloo. Em 1950, Winston Churchill, aquando da sua passagem pela Madeira, foi um dos
escolhidos para apreciar este vinho.
NEWTON, Francis
Fixou-se em 1745 no Funchal como mercador, mas em 1748 aliou- se a George Spence que, em Londres,
era o seu parceiro de negcio, tendo nos EUA o seu irmo Andrew. Em 1758 com o irmo Thomas e
Thomas Gordon criou a empresa Newton e Gordon. A empresa manteve-se at 1953, ano em que foi
integrada na Madeira Wine Association.
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Ao longo de duzentos e trs anos a casa foi mudando nome com a entrada de novos scios: 1775/1791 -
Newton, Gordon & Mendoch; 1802 - Newton, Gordon, Mendoch & Co; 1805 - Newton, Gordon, Mendoch
& Scott; 1850 - Newton, Gordon, Cossart & Co; 1861 - Cossart, Gordon & Co.
ODIO
Veio de Frana em Fevereiro de 1851 num conjunto de plantas trazidas por um botnico francs. No ano
imediato a praga espalhou- se a todas as vinhas. No curto espao de tempo de trs anos a produo
decresceu para poucas pipas e reduzida cultura a 10% rea.
Para estudar a situao foi nomeado em 1853 Joo de Andrade Corvo, mas foram os estudos de Joo
Vicente da Silva, de colaborao com o Baro Vicente de Ornelas, que fizeram repelir a praga com o recurso
ao enxofre. Deste modo em 1861 a vinha regressava aos 25.000 ha de cultivo.
PEREIRA D'OLIVEIRA (VINHOS) LD
A firma comeou em 1820 com Joo Pereira d'Oliveira a que se juntaram em 1975 outras duas (Joaquim
Camacho e Jlio Augusto Cunha Sucrs.) e, depois, a de Vasco Lus Pereira. Sucr.
PRODUO
A cultura da vinha foi uma das preocupaes dominantes dos primeiros povoadores da ilha. E era
imprescindvel ao quotidiano dos ilhus. Todavia s a partir de meados do sculo XVI, com a crise
generalizada dos canaviais, ela encontrou terreno livre para avanar. Assim em finais do sculo so vrios os
testemunhos que apontam a dominncia da vinha na agricultura e do vinho no comrcio externo da ilha.
Nos sculos seguintes a vinha manteve-se em progresso, atingindo no primeiro quartel do sculo dezanove
as 50 mil pipas de vinho. Este momento marca tambm o incio do processo de derrapagem, pois, a partir de
1837, com a contraco do mercado levou ao abandono das vinhas. Esta conjuntura foi secundada pelas
doenas (odio e filoxera), de modo que em 1855 a produo foi apenas de 30 pipas.
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Este estado de postraco da vinha manteve-se quase at actualidade, sendo suplantado com a poltica de
reconverso da viticultura. Deste modo nos ltimos anos as castas tradicionais tm apresentado uma
produo mdia entre as 7 e 8 mil pipas, valor que parece suplantar a demanda dos tradicionais
consumidores.
Na actualidade a regio viti-vincola madeirense estende-se por toda a ilha, ocupando uma rea superior a
3500 ha. Note-se que em 1845 era de 2500 ha.
PROTECCIONISMO
Na segunda metade do sculo XIX as dificuldades de comrcio do vinho, resultantes da contraco do
mercado, levaram as autoridades a uma busca desesperada de solues para minorar os efeitos da crise. A
poltica proteccionista foi a ancora de salvamento momentneo, expressa, a partir de 1814, em medidas
interditivas da entrada de outros vinhos e aguardentes na ilha ou de salvaguarda da qualidade do vinho
produzido na ilha. Mas elas foram sol de pouca dura e incapazes de frenar os sintomas da crise que se
avizinhava.
RAINWATER
um tipo suave de verdelho com aproximadamente 3 anos. O uso deste nome derivou da dificuldade dos
ingleses em pronunciar a palavra verdelho.
RODA, VINHO
O vinho da roda algo de caracterstico na Histria do Vinho da ilha. Apenas o Madeira, pelas suas
qualidades organolpticas, conseguiu ser companheiro dos navegadores na longa travessia do Atlntico e
ndico, fazendo a rota de ida e retorno. O calor a que as pipas estavam sujeitas no poro do navio e a
ondulao constante fizeram dele um vinho com inestimveis qualidades.
Foi o ingls quem descobriu esta mudana operada no vinho da Madeira e quem procurou tirar partido da
situao. Deste modo, a partir de 1730, o mercado britnico foi invadido pelo East India Madeira, isto o
vinho de torna viagem ou o vinho da roda.
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RSSIA
A Rssia foi um importante mercado consumidor do vinho madeirense, por todo o sculo XIX. S.
Petersburgo, a capital do imprio e do fausto russo, ter descoberto o vinho Madeira no ltimo quartel do
sculo XVIII, mas s na primeira metade do seguinte a ancoraram, com assiduidade os barcos com o
Madeira. Os fortemente alcoolizados, nomeadamente o boal, passaram a ter neste rinco um consumidor
preferencial.
A presena na ilha, desde 1812, de Jos Agostinho Borel, como primeiro consul, dever ser o indcio de que
os contactos comerciais eram j assduos. Assim entre 1832 a 1839 a Rssia adquiriu uma posio cimeira
nas exportaes.
Nesta dcada o total de pipas exportadas para S. Petersburgo representava 23% do total de sada, situao
que se alterar em finais do sculo, entre 1882-1885, 11% do vinho transaccionado no porto do Funchal foi
alegrar os seres da aristocracia russa.
Um dos principais obreiros deste relacionamento foi William Johm Kroh, que passou Madeira em 1849,
onde fundou em 1858 uma casa de vinhos - Krohn Brothers & Co - de sociedade com o seu irmo Nicholas.
Ambos eram naturais de S. Petersburgo, embora de ascendncia dinamarquesa. O seu av era privado da
corte imperial russa, o que poder estar na origem desta grande predileco da casa imperial pelo nosso
vinho. W. J. Krohn foi vice-consul da Rssia no Funchal no perodo de 1866 a 1880. Esta situao fez com
que a sua casa de vinhos se especializasse no comrcio com a Rssia, sendo por isso a que mais sofreu com
o corte desse comrcio a partir de Outubro de 1916. Deste modo a firma que se situava em segundo lugar no
volume de exportaes de vinho viu-se relegada para segundo plano, sendo forada a aderir Madeira Wine
Association Ld de quem havia sido um dos maiores opositores.
Assim terminava uma poca de esplendor para a firma Krohn Brothers & C., quando em 1916 os
revolucionrios se serviram deste vinho para matar por envenenamento o mstico Gregon Rapustine, privado
da corte de Nicolau II. Ditava-se aqui o golpe de finados para a presena do nosso vinho.
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SERCIAL
Tambm popularmente conhecida por esgana e esgana-co, produz um vinho seco de grande qualidade.
uma casta das zonas altas, entre os 600 e 700 metros, por isso surge no Jardim do Mar, Santo Antnio e
Estreito de Cmara de Lobos.
SHAKESPEARE, W.
William Shakespeare, na sua importante obra de dramaturgo, transmite-nos o quotidiano da vivncia privada
e das tabernas da poca. E a as referncias ao vinho, em especial ao malvasia, so frequentes. Tambm
surgem indicaes explcitas ao vinho Madeira e de Canrias.
Em 1478 Eduardo IV, rei de Inglaterra ordenou a execuo de Jorge Plantageneta, Duque de Clarence,
irmo do futuro rei Ricardo III, por atender contra aa soberania rgia. De acordo com a lenda o duque
preferiu morrer afogado numa pipa de malvasia. A situao dramatizada, mais tarde por Shakespeare,
tendo como pano de fundo a Torre de Londres. Diz-se que a malvasia em que se afogou o malogrado duque
era oriunda da Madeira. Mas o dramaturgo refere apenas ao vinho Madeira quando na pea sobre Henrique
IV, coloca John Falstaff a vender a sua alma "por um copo de Madeira e uma perna de capo".
SILVA VINHOS LD
a mais recente casa de vinhos da Madeira com sede no Estreito de Cmara de Lobos, onde dispe desde
1990, das mais modernas adegas de vinificao. Os stocks de vinho so resultado das adegas privadas dos
familiares dos scios da empresa.
SOLERA
um vinho datado que ao longo dos anos recebe a adio de outros, sendo esta de apenas 10% ao ano.
O solera um sistema de vinificao e no um tipo de vinho, sendo o nome originrio do Sherry.
Dos soleras mais famosos podemos referir: Blandy 1792, Malmsey solera 1808 de Cossart Gordon's.
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TERRANTEZ
Existem duas variedade: o tinto e o branco. Com o primeiro produz-se umas saborosas uvas de mesa,
enquanto do segundo tambm se extrai um bom vinho. uma casta dominante da ilha do Porto Santo,
podendo, ainda, aparecer nos arredores do Funchal.
TINTA NEGRA MOLE
Esta pode confundir-se com outras trs variedades (a tinta da Madeira, de Lisboa e Porto Santo) hoje
praticamnete desaparecidas. O seu ecossistema confunde-se com o das similares, surgindo em Cmara de
Lobos, Estreito de Cmara de Lobos e Santo Antnio.
Hoje, no norte da ilha, nas zonas altas a casta que tem substituido com sucesso a vinha americana, por isso
S. Vicente , no presente momento, um importante produtor.
TIPOS VINHO
De acordo com a legislao em vigor existem vrios tipos de vinho Madeira com caractersticas e idades
diferentes: 1. Vintage - vinho resultante duma s casta com o mnimo de 20 anos no casco e dois
engarrafado; 2. Extra reserve - vinho composto de, pelos menos 85% da casta referida no r tulo com o
minmo de 15 anos; 3. Special reserve - mesmo tipo de vinho do anterior com apenas dez anos;
4. Reserve - o mesmo, mas s com cinco anos; 5. Finest - usa apenas nome de Madeira associado sua
situao - Dry, Medium, Sweet - sendo um vinho com trs anos, tendo como base a tinta negra-mole; 6.
Rainwater - verdelho com apenas trs anos; 7. Soleras - vinho datado a que todos os anos se adiciona outro
com o minmo de dez anos.
VEIGA FRANA (VINHOS) LD
Firma fundada em 1944 com base nos vinhos das propriedades existentes no Estreito de Cmara de Lobos.
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VERDELHO
Casta branca que tem o condo de nos oferecer um bom vinho e boas uvas de mesa. Foi muito frequente,
quer a norte, quer a sul da ilha. Hoje cultiva-se apenas em reas intermdias, situadas entre os 400 e 500
metros de altitude, junto ao mar. Pode ser encontrada em Cmara de Lobos, Estreito e Ribeira da Janela.
VINDIMA
A vindima o momento mais aguardado da faina viti-vincola. a altura de festejar a promissora colheita.
No passado esta poca ocupava todos os madeirenses no ms de Setembro. Assim os vereadores do Funchal
fechavam as portas do senado para poderem fazer a sua colheita. Na verdade, a vindima ocupava tudo e
todos. O processo deveria ser rpido e para tal havia necessidade de muita mo-de-obra, cooperando jovens,
adultos e idosos.
A partir de 1785 para evitar os abusos no apanho das uvas ficou estabelecido um regimento para as
vindimas, onde, entre outras coisas, se estabelecia a data em que elas deveriam ter incio. Esta tradio foi
retomada na actualidade, sendo o Instituto do Vinho em conjunto com a Associao de Agricultores e a
Mesa de vinhos da Associao Comercial e industrial quem estabelece a data de comeo da vindima.
VINHO AMERICANO
Nome popular do vinho feito das castas americanas, introduzidas na ilha aps o ataque em 1872 da filoxera
aos vinhedos. No Porto da Cruz, vinho americano sinnimo do produzido pela variedade isabella.
As castas americanas surgiram na Madeira a partir de 1873, sendo o primeiro lote importado por Thomas S.
Leacock. Estas castas, que pertencem ao grupo da vitis labrusca - as demais so da vitis vinifera -, foram
rejeitadas pelo mercado quando se descobriu que na composio do vinho existia um produto concergeno, a
maldivina.
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VINHO DE LENO
Uso do vinho de Madeira aromtico, nomeadamente o malvasia, como perfume pelas senhoras.
VINHO SECO
Nome comum para o vinho de castas americanas, nomeadamente jaquet, consumido localmente nas tabernas
a copo. As freguesias do Arco de S. Jorge, Ponta Delgada, So Vicente e Seixal eram famosas por este
vinho, to solicitado nas tabernas e nas barracas das festas estivais em toda a ilha.
VINHOS BARBEITO (MADEIRA) LD
Casa fundada em 1946 por Mrio Barbeito de Vasconcelos.
VINIFICAO
Os ancestrais usos da vinificao perderam-se no tempo, sendo substtudos pelas actuais tcnicas, que
estabelecem normas padro a todo o mundo da vinha e do vinho. Na verdade, hoje ele mais uma criao de
laboratrio do que um dom da natureza. No passado era combinao da casta com o solo, aliadas mestria
do lavrador, que faziam as delcias do pareciador do vinho.
Durantemuito tempo o vinho esteve entregue a si prprio, repousando nos canteiros at que algum o viesse
degustar. Quantos mais anos melhor. Mas a procura, cada vez mais acentuada, no se compadecia com este
repouso e, por isso, houve necessidade de alterar o processo. Primeiro adicionou-se o lcool, que o tempo
levava a apurar, depois foi o aprear do processo de envelhecimento com o uso das estufas.
Aproveitando as castas base do vinho Madeira pode-se fazer quatro tipos de vinho: 1. Malvasia - d lugar ao
doce, conhecido pelo seu aroma e doura; 2. Bual - o meio doce, um vinho equilibrado, Apropriado a
qualquer momento; 3. Sercial - de cor topzio, seco e alcoolico,sendo por isso comum como aperitivo; 4.
Verdelho e Terrantez - meio seco, cor rubin, um vinho para todos os momentos.
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VINTAGE
um vinho feito de uma casta nobre numa colheita especial que deve permanecer o minmo de 20 anos
encascado e 2 anos engarrafado. Particulares e empresas dispe de coleces variadas deste tipo de vinho,
sendo a mais famosa de 1815, engarrafdo em 1840 por John Blandy. Foi este o vinho que Napoleo
Bonaparte nunca bebeu no seu exlio em Santa Helena, conhecido como Waterloo Madeira.
VITICULTOR
A partir do sculo XVII generalizou-se na ilha uma forma peculiar de relao entre o viticultor e a terra,
merc do contrato de colonia. De acordo com este o colono tinha o domnio das benfeitorias sendo obrigado
a dar ao proprietrio do terreno metade da produo. No caso da cultura da vinha o senhor apenas dava a
terra cabendo ao colono a preparao dos poios, a plantao das videiras e o erguer das latadas. Tudo isto
era um investimento muito oneroso para os colonos que os deixava individados com o senhorio ou alheio,
aprovando assim a sua situao de dependncia.
De acordo com os livros do subsdio literrio sabe-se que este sistema de explorao agrcola tinha uma
grande incidncia no Funchal, Cmara de Lobos e Campanrio. No norte podemos referir Porto Moniz,
sendo de referir que em So Vicente, Seixal e S. Jorge o seu nmero era reduzido.
Um dos aspectos mais evidentes da situao de posse de terras de vinhas a quase total ausncia de
proprietrios estrangeiros, nomeadamente ingleses, o que denota o seu desinteresse pela explorao agrcola.
VITICULTURA
A parte mais difcil e delicada da elaborao do vinho prende-se com o cultivo e cuidados da videira. No
incio foi a necessidade de traar os poios e erguer as latadas. A partir da segunda metade do sculo XIX
foram os cuidados redobrados na florao para evitar os ataques do odio e mldio. A par disto acresce, a
partir de 1872, a necessidade de proceder a emxertias para preservar as castas do ataque da filoxera. Foi
nesta poca que se generalizou o cultivo das videiras americanas, que, de cavalos para enxertia, passaram a
produtores directos. O vinho americano resultado disso.