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8/18/2019 A Marmota - 01-07-1859
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N .
10G9 .
SEX1A
FEIRA
1.°
D E
JULHO
1859 .
A
M A R M O T A .
H u b l i c a - s e
á s
l e r ç a »
e
s e x t a s
( e m b o r a
s e j a
d i a san lo ) ,
n a
—
T
n»o«rü|»lal»
de r«uta
BrMe
c rc;
el ia .qoo
rs .
p a r a
f o r a ,
p a g o s
adiantados.
Ks.avnlso s ,
1 6 0
rs .
r a ç a
d a
Const i tu ição
n .
6 4 , o n d e
se
a s s i g n a
a
5 3 P D 0 0
rs .
p o r
s e i a
meies
p a r a
a t
AOS
NOSSOS
ASSIGNANTES
C o m
o
n u m e r o
p a s s a d o
ter-
m i n a r a m
qua s i
t oda s
a s assig-
u a t u r a s
da
—
M a k m o t a .
Os
se-
nhore s
s ubscr ip t o re s ,
que
a
qu i zerem
c o n t i n u a r ,
mandem,
em
t e m p o ,
fazer
a devida
re-
f o r m a ,
23P000
rs .
por
dou s
m e-
zes,
recebendo
—
grátis
—
uma
cau t e l a ,
c o m o
aba ixo
se
vè:
C o m
a 2.a
de
J u l h o
de
1859 .
PARA
TODOS
O S
ASSIGNANTES
D A
MARMOTA,
D O
ARCHIVO,
E PARA
O
PUBLICO
EM
GERAL
DEZ
PRÊMIOS—(200»
BS- —™
V t K U K H U »
B
EM
OBUAS
IMPBESSAS,
ESTA MPA DA S,
ETC.
P a r a
a
s o r t e
d e
2:000;»—Annaes
d o
Bi o
d e
Janeiro,
p o r
U a l t l i a z a r
d a
S i l v a
Lia-
b o a ,
7
vol s .
P a r a
a s
6
s o r t e s
d e
i O O O ; » — U m
j o g o
da
Vicentina,
r o m a n c e
e m
3
vols.,
d o
Sr .
D r .
M a c ed o ,
3.'
edição.
CAUTELA
GKATIS
N .
1 — A — 1 0 .
(«ad»
bllheíeíen»
IO
numeroB.)
P a r a
a s o r t e
d e
20:00036—Em
dinheiro
100»
r s.
»
_
»
d e
l O i O O O J p — E m
dinheiro
O O ©
rs .
„
n
i i d e
Z i : 0 0 0 j j >
—
S e i s
grossos
volumes
da-His loria
d a s
Prov íncias
d o
R i o
d a
P r a t a
( e m
hespanbol)
p o r
De
Angelis
36*
aQ jjS TSag»
0
F I L H O
D O
P E S C A D O R
R o m a n c e
Brasileiro
ORIGINAL
POR
A N T Ô N I O
G O N S A L V E S
TEIXEIRA
E
S O U S A .
(Principiou
no
n .
1063.)
T a m b é m
o s
lei tores
m u i t o
bem
sabem
qu e
toda
esta
f uncção
era
por
caus a
dos
persona-
gens
que
j á
o p t i m a m en t e
conhecem,
i s to
e,
m a d ru g a d o r a
d o
meu
primei ro
capi tulo ,
e
o
mancebo
que
a
seus
pés
declarou
u m
ter-
n o a m o r .
T a m b é m
j á
s abem
que
estes
d o u s
personagens
c h am am - se ,
elle,
Augus t o ,
e
ella
Laura , c o m o todos
a
t r a t avam:
ha v i a ,
pois,
oito
dias
que
na
matriz
d e
S .
José
ti-
n h a m
pr o n un c i a d o
seus
vo to s
c on j u gae s
ante
o s
s an to s
a l t are s .
1 0 J J )
r s.
a $ >
r s.
M A Ç A
D A C O N S T I T U I Ç Ã O
N .
6 4 . B s .
2 0 0 5 0
r s .
Os
qne
n ã o
vierem
ou
man-
dar em
ao
esc r ip t or i o
fazer
a
re-
f o r m a
e
pag ar
a
assignatura—
que
é
a d i a n t a d a — c o m o
de
cos-
t u m e ,
perdem
o
direito
aos
refer idos
prêmios.
O
. l abiMy,
n »
C è r t e ,
a
seu
compadre
n a
Proviucla.
C o m p a d r e .
Queres
u m a
explicação
razoável
d o
m eu
pro longad i s s imo
s i lenc io?—
Nada
maisfa-
c i l .— Es cu t a
primeiro
u m a
histor ia ,
s e
p a r i
isso
estiveres
d o
pachorra ,
e
n o
f i m
delia
acha-
r ã s
e s s a
eiZplicacÜn.
Vivi ,
c o m o
sabes,
por
m u i t o s
a n n o s
u a
roça
e
a
vida
agrico la
(que
embora
m u i t o
t rabalhosa
seja,
sempre
foi,
é
e
será
u m a
vida
d e
p a z
e
d e o p t i m o s
resu l t ados ] ,
m e
agradava
t an t o ,
t ã o
fanático
era
por
el l a ,
que
não
podia
conceber
houvesse
t an t a
ca -
beca
es ton teadaque
prefer issea
vida
d a
C o r -
te
a o
socego
d o
campo ,
a o
viver
plácido
e
brando
(isto
é
d o Camões )
n o
meto
d a
m u -
~Foi
oi to
dias
depois
dos
desposor i o s ,
qu e
Augus t o
conv idou
o s
seus
am igo s
para
o s
banquetear ,
e
a s s im
lhe
a judarem
a
v a s a r
a l g u m a s
garrafas ,
o
que
d esem pen ha r a m
op-
t ime
cum
l a ude
Estes
mancebos ,
com
poucas
excepções ,
eram
destes
m o ç o s
d e
que
mui to
a b u n d a m
a s
grandes cidades,
isto
é,
eram a lguns
destes
bellos
espíri tos
d e
educação
m u l hen l ,
em
t udo effeminados ,
que
a t a m
com
graça
u m
lenço
a o
pescoço,
que
s e ves t em
com
ele-
gancia ,
q u e d a n s a m s o f f r i v e t m e n t e
u m
mi-
nuete,
que
fal iam
com
precisão
sobre
mate-
rias
f unda s
e
d e
m u i t o s
m o m e n t o s ,
que
s ã o
para
elles
incomprehens ive i s
myster i o s ,
e
di-
fusa
e e l oqüentemente
sobre
cousas
v u l g a -
r i s s im a s .
Finde
o
jantar ,
f icaram a s
d a m a s
n a
sa la ,
e
no s s a
amaveLrapazeada
dirijio-se
refres -
c a r
asescandec idas
cabeças ,
que
en tão
fume-
gavam ,
emba ixo
d e u m a
velha
m a n g u e i r a .
Sigamos- lhe s
o s
pa s s o s
até
alli .
O s
no s s o s
jo-
vens
eram
dos
que
arrane fcam
a
m á
língua
o
seu
tan to
ou
q u a n t o .
Neste
lugar
fallou-se
em tudo
o
que
s e
p a s s o u
na
m e s a , q u e m
co-
m e u
mui t o ,
q u e m
bebeu em
demasia ,
quem
s e
e sq uen t o u ,
q u e m
ficou bêbado,
a s
d a m a s
lher
e
dos
f i lhos , vest idos
simplesmente,
rodeados dos
cr ion l inbos
em
fralda
d e
ca-
mi sa ,
a rm a d o s
d e
cu i a
â
hora
d a
refe ição
para
receber
o
s u s t e n t o ; — c o m e n d o
o
m eu
pedaço
d e
a ipim
a s sado ,
bebendo,
n o
t e m p o
d a m o en d a ,
a
minba
t igel lada
de
g a r a p a ,
fazendo
a s
m i nh a s
caçadas
de
l agar t o ,
de
t a tu ,
d e
gambá ,
d e m ur i q u i ,
etc.,
etc,
vol-
tando
d a roça
com
o
m e u
cacho
d e
b a n a n a s ;
e
d e
noi te
fazendo
que
a
escrava tura ,
de
envo l t a
com
a
fam i l i a ,
respondesse
a o .'erfo
por
m i m
en toado .
Tudo
i s to ,
compadre ,
e o
can to-chão dos
barbados
no m a t o ,
d o
m i s -
tura
com
o
m a t r a q u e a r
dos sapos
e en t a nb a s
n o
brejo,
cujo
es t rondo
f a z
inveja
aos
n o s s o s
calafales , fazia
a s minhas
delicias
e
m e
jui-
gava
ent ão
mais
feliz
com o s
m e u s
escravos
e
100 mil
pés
d e
café
que
t i nha ,
d o
q u e
aquel le
que
tivesse
4 0
prédios
n a
corte
a
render- lhe , cada
u m ,
tres mil
cruzados
po r
annol
Mas ,
compadre ,
este
pedacinho
d e
c a r n e
sem
os so
que
t omo s
n a
boca,
hade
ser
s e m -
p r e
a
perdição
do
gênero
h u m a n o
En
q u e
t a n to arrenegava
d o viver
d a
corte, ,
eu
que
t r a t ava
d e
fraco
o compãdreAHíSõ l êro
f
que
i m . i > _ _
-mots
Y V j T j n a n O T r T m r
i _ l * - a
o m
sua s
jocosas
cartas
que
n a
corte
n i n g u é m
podia resistir
á s
cócegas
que faziam
n a
gen-
te
a s
i n n u m e r ave i s
tetéas
pendentes
da s
vidraças ,
o s
passeios ,
o s
theatros ,
o s
bailes
etc,
vim
por
m e u s
peccados
cahir
nes to
abysmo
E
q u e m
f o i
a causa
d'esta
queda
desastrada,
d a
qual
ainda
m e
s i n t o
ator-
doado?—Queres
que
t 'o
diga?
üe
certo
j á
o
que
n a m o r a r a m ,
o s m a n c eb o s
que
f izeram
corte,
a
q u e m ,
etc.,
etc, etc...
Ora,
co m o
em
todas
a s
funcções
ha
sem-
pre
u m
bobo ,
e ha
gente
t ão
descarada
que
s e embebeda
ou
f inge-se
bêbada,
para
co m
esse
pé
dizer
o
que
sabe
e
n ã o
sabe,
menti-
r a s
e
verdades;
era
u m
t a l André
q uem ,
co m
bas t an t e
graça ,
desempenhava
esta
i n f a m e
parte.
Cada
u m
por
seu t u r n o
lhe fazia
s u a
q ue s t ã o ,
a
que
o
obse qu i o s o
André
sat i sfaz ia
benevo l o
e
com
düigencia .
O '
André,
que
t e
parece
o
Lúcio .
— U m
m o ç o
que
lê a l g u m a
cousa ,
q u e
tem
m u i
pouco
ta lento
e
m u i t o
orgu lho ;
bas-
tan te
desconfiado
e
a l g u m a s
vezes
a trev ido .
—Obrigado ,
Snr.
André...
— Oh l
n ã o
ha
pelo
que...
E
o
R a y m u n d o ?
—Ohl
celebre
creatura
parece-me
nas-
cido
d e
propós i t o
para
u m
grande
pro pr ie t a -
rio de
m u i t o s b e n s
de
raiz;
n ã o
hagenio
m a i s
sof lredòr
L á
para
elle,
estes
respeitos
hu-
m a n o s ,
p u n d on or e s ,
etc,
s ã o
u m a
verda-
deira
chimera
Que
feliz
h o m e m
Que
philo-
sophol'
— Q u e
dizes
de
Sebas t i ão?
— Q u e
m u i t o
perde
a
just i ça
em o
n ã o
8/18/2019 A Marmota - 01-07-1859
http://slidepdf.com/reader/full/a-marmota-01-07-1859 2/4
A MARMOTA
deves
ter adivinhado,
por
que
a s senhoras
I
mulheres
são
a s
molas
d e todas
as...
(aqui
muito baixinho)
d e
todas
a s
cousas sem
molas.
—
Minha
mulher
1
—
quem
diria,
compadre ,
que
aquella
santinha,
quo
pare-
cia s ó ter
habilidade
para
fazer bejús do
tupioca,
havia
ler
um
dia
fumaças
de
coquei-
tel
Não
s e i
s e
foram a s
próprias
cartas,
d o
Mixoleta,
ou
s e
f o i
linhoso
quo
lhe virou
a cabeça,
que
é
certo
é,
que
tanto
andou,
tanto
mecheu, tantas minhocas
me
introdu-
z i o
na
bola,
quo
fazendo-me vender
tudo
por
m e tade d o
que
valia, deu
comigo
na
eôrle
S e
a vires
boje não
a
conhecesl—
Anda
semp re
de balão e de
frigideira
na
cabeça.
Olha
que
não é frigideira
de
cosi-
nba...
é cá
outra
cousa.
Por via
dos taes
balões
c necessár io
que
a
criada
venha
adian-
Ic,
quando
ella entra,
para
abrir
a s
portas
da sala d o
par
em
par
Ao
principio,
isto é
quando
chegámos
e
cm
quanto
não tinha tomado
gosto
á
cousa,
ainda
ia
assim, assim;
a
modo
que
dava
esperanças
d o
resistir
a
tantas
tenta-
çõ e s— andava
meio cá,
meio
lá,
apezar
de
ir
escorregando o s
cobres
logo
que
cheguei,
p o rque
tua
comadro
principiou
a appetecer
theatros o
sou
rancho, não
podendo
andar
a
p é
por
via
das lamas
c
dos
encontrões.
Foi
por
isso
que
ao
principio
inda to e scre vi
algumas
cartas, mas
nellas
já
terias occasião
de observar
que
eu estava
com tendências
para
a
vida
folgada
Durou,
porém,
p o u c o
tempo essa resistência aos
attractivos
d a cór-
te,
p o rque
tua
comadre,
que
é
mulher,
e
á s
mulheres ninguém
resiste, encarregou-se,
« não lhe custou muito,
de
fazer-me
mudar
de
crença
Entregei-me,
portanto,
em
corpo
e
alma
aos
bailes,
passeios,
jantares
lautos, thea-
tro
lyrico,
onde
tenho
um
camarote;
tomei
logo
cnaaos,
caueueire i ro
para
mim,
a
se-
nhora
e a
menina
—
que
já
toca
piano
e
can-
ta,
graças
aos
cobres gordos
que me
gastou—
abri
minha
bolça
aos
taes
balões,
chapeli-
nhos— frigideiras ,
vest idos
de
quilha
e
proa,
luvas
de Jouvin
e chapéos
á
Tamberlik
para
mim;
e
em
pouco
tempo
fiquei um
com pl e to
janota, para poder
acompanhar
a
familia
que
s e apresentava
com
o s mais
caprichosos
ter
por
espião,
p o rque
nada vê
que
não
conte.
— E
Júlio?
— O h l
com suas
fumaças de
honrado
e
d e
fallar a
verdade,
anda
gordo.
— Q u e
lingua
— O r a,
isto é
gracejar...
— E
Luiz?.. olhai, á vom
elle...
— O h
nada
de
fallar nesse
senhor,
que
tem
mania
de
valente.
— E
o
Aurél io?
— Ca sp it e l
O
moço
bonito
que
leva
ao
es-
pelhotres
a
quatro
horas
— E
que
dizes do
Bernardo?
— O
namora
paredes?
— E
o
Florindo?
— O h l
é
um senhor
que
sabendo
apenas
ler,
falia
em
todas
as
matérias;
até
á s
ve ze s
falia em
francez
e
entende
o
latim
dansa
mal
um
minuete e mal arranha
uma
viola,
a
cujo
som canta algumas
velhas
modinhas,
e
tem a
gloria
de agradar
a
todas
as
damasl..
— E
o Ribeiro?
— O ra
quem
falia
n'um cantador
de
m o-
dinhas?
— E
o
que
dizes.do
Me nde s?
toilettes
—
Não
devo
occultar-le
que
so u
freqüentemente
visitado,
ena
rua
muito
cum-
primentado,
principalmente
quando
levo
a
família;
mas
estes cum pr i m e ntos
e estas vi-
sitas
são
feitos
á
menina
e não
a
mim,
que
estou
velho.
Ora,
rodeado
de
tantas
occupações,
esque-
ci-me
completamente dos
amigos
e compa-
dres da
provincia,
e
ahi
tens a explicação
d o
meu
silencio.
—
Mas,
perguntar-me-bas
tu:
Porque
te
resolvcste
a
escrever-me
agora?
—
E'
porque
tudo
cança, compadre ,
tudo
tem
seu im
0
resul tado da
sofreguidão
com
que
me
atirei,
eu,
já
um
pouco
maduro,
aos
gozos
da
corte, f o i o cansaçod'esses
mesmo s
gozos,
o
tédio
qué
me
causam as
partidas,
o s diver-
timentos
publicos,
e
sobre tudo a
magreza
em
que
vai ficando
a minha
bolsa;
e bem
sabes
que
o dinheiro
é a mola
real
da
socie-
dade.
—
Dirás tu,
pois
ainda
estás
em
tem-
po,
volta
para
c á
que
os
teus
amigos
te rece-
berão de braços
abertos...
Tonto,-que
não
sabes
em
que
fallas
Pois
crês
que
tua
coma-
dre
e
a menina,
galvanisadas
como
estão,
quereriam,
por
cousa
alguma,
voltar
para
a
roça
?—
E
por
um lado tem
razão
— Já
que
tanto
gastei
em
educar
a
menina,
quero
vel-a
appare ce r
nas
sociedades,
por que
n'ellas
e
não
na roça é mais fácil
achar
marido.
—
Se
esta
doutrina
te
parecer
falsa,
pe rg unta
a
certos
pais
de
familia
d'aqui,
e
principal-
mente
a todas
a s
moças,
qual
é o
parcel
on-
de vão
deitar
suas
redes?
—
Verás
como te
apontam logo
para
um
salão de baile
ou
para
um theatro
—
Eu
já
me tenho
concentrado
um
pouco
e
cada vez
me concentrare i
mais:
ellas
que
s e
divirtam,
mas,
que
não
me
dêem
muitas
facadas
na
urro
que
está
ameaçada
de congestão
cerebral,
p o rque
eu,
por
mi-
nha
parte,
estou
muiln
r.«nlvü_i>
a^aesonr
ns
menos vezes
que
poder
com
ellas,
passeando
sosinho,
que
não
re que r
tanta
etiqueta.
Aqui fico,
compadre,
mas
te
prometto
en-
treter
d'ora
em
diante
teu
atilado
espirito,
com
alguma
cousa
que
mereça
.attenção
o
que
porve ntura
venha
a o meu
conhecimento.
Adeus ;
s e vires
Jucá
d o
Corrego-Fimdo,
dá-lhe
um
abraço
pe l o
Jaboty.
— Q u e
sem instrucção
é
nosso
Aristhar-
co ..
Esta
cruel
maledicencia
pe r te nce u
a
mui-
tos,
assim
ausentes,
como
presentes ,
at é
que
um dos
d a
súcia,
gostando
mais
da
vu-
r iedade, disse:
— O '
André,
que
dizes
de
D .
Goraldina?
— A
namorada
d o
Júlio
— C omol
e
Augus to ?
— E
Lúcio?
— E
Florindo?
— Di abo . .
daqui
a
pouco
tem
um
cento ..
— E
D . He nri que ta?
— A hi
essa tem
sempre
um
único
namo-
rado,
com
a differença
que
tem
no
dia
uns
quatro
ou seis,
bem
entendido,
cada
um
por
seu
turno.
— E
D.
Elvira?
— E '
uma menina
que
morre
por
casar
..
— Q u e
lingua d o
diabo
I..
— E
D. Justina?
— O r a
não
falles
nisso
uma
velha
que
se
lhe
metteu
em cabeça
namorar
e
casar ..
— E
aquella
que
passou agora?.,
olha,
ain-
da
alli
vai.
Ohl
muito
respeito:
quer
namorados
ricos,
U M A
PAIXÃO
BA
ÉPOCA.
Estou apaixonado
Tenho
namoro
forte,
nem
Leandro
m e
ganha;
s e fosse
um
poela
como
Dirceo
seria
capaz
de escrever
8 00
lyras,
fallandb
apenas
do nariz
d a
minha
namorada
L a
v a i
seu
retrato: não s e
ri.im s e
acha-
rem
feio;
sobre
gostos
não
s e
discute,|diz
um
clássico.
O
meu
coração
não
équalquer
cousa:
cal-
cuia
pensa
como
cérebro
d e
muita
gente;
é
um coração
que
tem
sciencia, é uma
bolsa:
está
sempro
voltado
para
o
lado
d o
interesse;
é
como
a
agulha
de
marear,
que
não
descansa
senão olhando
para
norte.
O coração
tem
olhar
d o
lince, dizia Mme.
Necker,
e
assim
não
admira
que,
cm
qual-
que r
affeição,
descubra
logo
o
interessei
Mas l á
mo ia esquec en do
da minha Ado-
nis
A
minha
namorada
nasceu no sé c u lo
passado;
nesse
século
nasceram
tambem
Napoleão
o
Humboldl
Tem
a idade
com
que
morreu
Voltaire:
conla
9 1
annos
O s
seus
olhos
são
grandes
c verdes; se
vissom
apenas
o s
olhos
d a
minha
namorada,
diriam
que
ella
era
uma
gata
O
seu
nariz
tem fôrma
d o
penhasco:
é lão
grande,
que
parece
uma
montanha,
que
divide
rosto
cm
2 m e tade s l
A boca
é
immensa,
cercada
de
alguns
dentes
velhos,
o
d e
outros
de
porcelana,
assemelha-se
a um abysmo. A
gruta
d o
Cão
cm
N ápole s
não
lom
maior
abertura
O s cabellos
são
postiços
O
seu
rosto
é feio
como a
carranca
do
cas-
lão
d e
uma
bengalla; é
uma mascara
d o
cn-
trudol
O seu
corpo
não tem
feilio:
é
fino
com o
o
cano
d u
uma
espingarda,
mas
emfiin
u
minha
namorada
usa
tambem
desaia
balánl
A
minha
velha
porem
tem
uma
qualidade
bella,
linda
como
a
garganta
d o cantor
M.irio,
que
todos
o s
annos
lhe
dá
grande
porção
d e
contos,
formosa como a riqueza
dos
Itothchilds,
encantadora
como
o
dia-
mantu
d o
GrãoMogol,
que
vale
1,876
con-
tos;
a minha
namorada
ó rica,
tem
d o u s
milhões,
oitocentos
contosl
como
D .
Angélica
quer
nobres,
D .
Masgari-
da militares
e
D . Bernarda
filhos de
fóra ...
— E
D .
Julianna?
—
Ohl
nada,
nada
de
fallar
em
senhoras
casadas...
— N ã o
era
preciso
que
m'o dissessem;
eu
não
lállaria
nella,
que
além
de
casada
o mi-
uhaparenta...
porém
uma
senhora casada
não
deve
namorar...
— O r a
com
effeito
I é
certo
r ifão— quo o
fallador
quando
não
tem
de
que
fallar, falia
dos
parentes
— A n d r é ,
não
será
a
unicá
casada
que
na-
mora:
que
dizes,
eim?
— O h
bagatellas...
uma ligeira
distração.
Esta
immoral
scena
durou
até
cahir d a
noite,
tempo
em
que
esta
luzida
mocidade
fo i
convidada
para
uma
sala, onde
por
muito
tempo
dansou-so,
cantou-se,
ele
Note m os ,
porém,
que
s ó
as
senhoras
tinham
cantado,
quando
alguém
pedio
a Florindo
que
cantas-
s e
uma
modinha.
O nosso
pre sum i do
game-
nho
esquivou-se
com
estudada
cortezia,
até
que
rogado
fosse
por alguma senhora;
elle
o
foi,
e
o namorador
profissional,
juntando
uma
débil
voz,
bem
que
entoada,
ao
som
de
uma
viola,
cantou
a
seguinte
8/18/2019 A Marmota - 01-07-1859
http://slidepdf.com/reader/full/a-marmota-01-07-1859 3/4
A
MARMOTA
£
não
calcule u m
co ra ção
vendo
tan to
di-
nhciro l
Adoro ,
pois ,
a
m i nh a
velha
c ha m a d a
dous
m i l hõ e s l
E
digam lá
que
a
minha
paixão
não
é
digna
d o século X I X ,
desse
s écu lo cm
q u e
o
interesse
é
o movei
dejlodas
a s acções,
des-
s e
século
em
quo
o
in teresse
é
u m m yt h o
que
todos
adoram ,
c
que
tem t a l
poder
q u e ,
como dizia
Helvécio,
é
capaz d e
fazer
ca lar
a s
verdades
a s
m a i s
evidentes ,
e
acredi tar
nos maiore s
absu r d o s
C l o m e n t o
XIV
dizia
que quando
fa l l ava
o
in teresse
era impos s ive l
fazer
ouv i r
a vo z
d a
razão;
j á
s e
vê,
pois ,
que
e u
que
n ã o
s o u
papa,
n ã o
peco
pondo
o
interesso
cm c im a
d o m o u
cérebro
e
d o m e u
coraçãW
A.A.
UM
DEFUNTO
V I V O.
Nas cu r i o s a s m e m ó r i a s d e
Peucbat
v em
regis trada
a i n t eres san te
historia d e
um
in-
dividuo
duas
vozes en ter rado ,
o
o u t r a s
tan-
t a s sa lvo
como
por
mi lagre . A s imples
nar-
rat iva
d e
t a l
episódio
d e
a l e m - t u m u l o ,
basta
para
nos fazer tremer.
Um coveiro
que,
segundo
o
co s t ume
de
m u i t o s dos d a s u a
pro f i s s ã o ,
teve
a
sacr í l ega
l embrança d e
f u r ta r um
anne l com
que
ha-
v i a sido
enterrado
a l g u n s
m o m e n t o s
an t e s
certo i nd iv íduo ,
f icou
estupefacto ,
a o
ar-
rombar
o caixão ,
d e
v e r o
cadáver
l e v a n t a r -
s e
e
d e
u m
trago
eng u l i r o
vinho
que
n ' u m
copo fóra
por
elle
col locado
j u n t o
á
scpul-
tu ra ,
com
o
f i m
d e
a n i m a r
a s
s ua s
f o r ç a s
durante
o fadigoso
t r aba l h o .
C o m t u d o
o
nos s o
heroè,
habi tuado
po r
u m a
longa
prat ica
com
todos
o s
h or r o r e s
d aqu e l l a
fúnebre
profi ssão ,
não
t ardou
cm recuperar
toda
sua
presonça
d e
espir i to .
Occu l l ou
cuidadosamen te
o
suppos t o
m o r t o ,
fez-lhe
acreditar
que
era
v ic t ima
d e
l i m a
terrível
m a c h i n a ç ã o ,
forjada
por
sua
f a m i -
l ia,
t r a t o u - o
com
todo
o
car inho ,
res t i tu io -o
in te i ramente
á
vida
e
depois,
como
prêm io
d e sua
feliz
i n sp i ra ção
e
d a dedicação d o
q u e
dava
prova,
pedio
u o
seu
protegido quo
fizesse
um
t e s t a m en t o
an t ida t ado ,
pelo
q u a l
o
reconhecesse
c o m o
un iver sa l
herdeiro .
—» — ———u a m
M o d i n h a .
S e
q u a nd o
ainda
eras l iv re
Eu
te visse ,
ú l inda
f l or ,
O u t u
seria s
s ó .
m i n h a ,
O u
eu
morrera
d e
dôr;
M a s
s e
quebrares
Teus duros
laços,
Genti l
p a s t o r a ,
Vem
m e u s
b r a ç o s .
Beparle
ainda
co m ig o
Metade d o teu
a m o r ;
Um teu
sorri so
é
bas t an t e
P'ra
t o rm ina r
m i nh a
dôr;
M a s se
quebrare s
Teus
duros laços,
Genti l
p a s t o r a ,
Vem
m e u s
b r a ç o s .
Muitos
bravos ,
m u i t o s
vivas ,
m u i t a s
pai-
m a s s o a r a m
por
toda
sa la ;
a o
depois
ai-
guem
pergunt ou
a Flor indo
quem
era
o
au-
t o r
d a
bella
poesia
que
acabara d e
ca n t a r ?
— E u
m e s m o ,
m i nh a
senhora ,
disse
o
ga-
b o l a .
Nada,
p o ré m ,
ma i s
fa lso ,
pois queoim-
postor
apena s t inha
feito
n o s
verso s
a l g u m a s l
a l terações
talvez
com
seus
fins...
Isto
feito o
n ar c o t i s o o ,
e depois
c a r r o g a n -
do-o
nos
ho m b r o s ,
t o r n o u
a co l l oca i -o
n o
m e s m o
lugar d'onde
m o m e n t o s
antes
bavia
sahido ,
tendo
precaução
de
apagar
todos
¦
o s
vest ígios
que podessem
denunc iar
exhu-
m o ç ã o ,
Mas
q u e m
no
dia
segu in te
p a s m o u
en c o n t r a n d o
o carneiro
abor to e
i am o
c o r -
p o
que
alli
fora
depostoT Foi
o
coveiro ,
n o
qua l
a
a d m i r a ç ã o
subio
a inda
d e
p o n t o
vendo-se
preso
e
conduz ido
pela
pol icia
co m o
l adrão
o
a s s a s s i n o ,
por
um
depo im en t o
quo
o
próprio
m o r t o
dieta.
A
chave
deste
en igma
é
o
seguinte:
Um
c ü o " ,
que
errava
pelo
cemi tér io ,
pon-
do-se
à
cavar
a
terra
com a s
patas
e
a u i v a r ,
a t t rah i o
a t t e n ç ã o d o a l g u n s
ç a m i n h a n l e s ,
que
ju lgando
ouv i r
gemidos
s ub te r râ neo s ,
l e v a n t a r a m
a
terra ,
c on se gu i n d o
a s s im
l i v r ar
o
defun t o vivo
das
t o r t ura s
que
lhe
c au s a r i a
aquel la
m e d o nh a m a s m o r r a .
— R e c o m m e n d a m o s
a
le i tura d a seguinte
t raducção ' :
•
R T E
E
GOVERNAR
S
MULHERES
PRIMEIRA
P H 4 S E .
ANTES
H O
C A S A M E N T O .
O
an jo
que
representa
o
principal papel
n'este
pequeno
l ivro ,
vive
alli . n o seio
de
. s u a
fam í l i a ,
cercada
dos
car inho s
d e
s eu s
j p a i s
que
a
ido la t ram
a
pon to
d e sa t i s f aze -
r e m "
o s
seus
m e no re s
caprichos . Vós , u m
. h omem
d e
vontade,
so is admi t t ido n 'es sa
casa,
o fazeis
a
corto
a
esse
anjo ,
c o m o
u m
modes to
e t imidõ
cavalheiro.
Todos o s dias
conver sa i s
com
ella
o
exgotais
todo o
v o ca -
bulario
d e
ternos
protestos
e
agradáveis
pr o
m o s s a s .
—
Senhora ,
sois
bella
como
é
bella
a
auro ra
cm
dias
d e
primavera ,
l h e
dizeis.
Soi s
pura
c o m o
o
orva lho
d a m a nh ã ;
vos so
s e m -
blante ,
como
a superficie
polida
d e
um t r a n -
qui l fo
o
pequeno
ago,
reflecte toda
a can-
dura
d e
vossa
a lm a
-v irgina l .
Seduzissem
arte,
capt ivai s
sem
artificio, emf im
s o i s
ador áve l . .
Ah feliz,
mil vezes
feliz
a q ue l l e
que
poder
dedicar-vos
toda
a
S u a
vida ,
a m a n d o - v o s
o
servi
ndo-vo s
1
¦— ¦._—__________________________________________________________________
A m o d i n ha ,
pois ,
e r a
deste
m o d o :
C o m o
permi tt io
m e u fado
Que
eu tevisse ,
ó l inda
f l or ,
O u s ê m i nh a
e t e r n am e n t e ,
O u e u
morrerei
d e dòr.
C o m i g o tece
Di to s o s
l a ç o s ,
Gentil
p as t o r a ,
Vem
a
m e u s . b r a ç o s .
0
primeiro
verso d a
segunda
quadra
era:
Reparte,
m e u
bem,
c o m i g o .
Tudo
orna i s
d o . m o d o
que
s e
v ê
a c i m a .
U m a senhora
h o nr o u
t a m b e m
c o m p a -
nhia
com
sua agradável
voz,
ac om p an h ad a
por
seupsa l te r io .
O
divert imento
durou
a té
tarde.
E ' isto o
que
s e
chama
em
n o s s o s d i a s
bailes;
c o nv é m
saber,
u m a
sa la
d e
innocen-
tes diver t imen to s ,
onde
u n s
d a n s a m ,
o u t r o s
t ocam,
a lgun s ca n t a m ,
estes comem,
aquel-
les
bebem;
d e
u m l ado
j o g a m ,
d'outro
con-
versam,
o s
m o ç o s
n a m o r a m ,
o s velhos mur-
m u r a m ,
e
entre
o s
conv idados
h a
u n s
que
vêm
e
o u v e m
m u i t o ,
a s s i m
como
ou tro s s u r »
dos è
cegos
i n t e i r a m en te .
0 diver t iment o durou
quas i
toda a
-no i te ;
d or m i o - se
a t é tarde,
e
n o
ou t ro
d i a
depois
do
N a t u r a l m e n t e
o an jo
vos ouve
corando
e
aba ixando
a s s ua s
l indas
palpebras .
Senhor,
c o m q u a n t o
papai
e m a m a i
v o a
au tpr i sem
serv ir -vos
des sa
linguagem
t ã o l i ionjeira
para
co m ig o ,
c o m t ud o
eu n ã o
posso
o uv i l - a s em
ficar um
t a n t o
c o n fu s a
e
per turbada .
Que
quereis?
Sou
t ão
i n gê n u a , t ã o
innocen te
nada
conheço
a inda
do
m u n d o
n e m
d e
s ua s
seducçõe s: apena s
0
t enho
en-
trevisto
no s
r o m a n c e s
d a
George Sand ,
tão
edificantes
para
mocidade
Desculpai-me
pois ,
senhor ,
s i não cor respondo aos
v o s s o s
l e rno s pro t e s t o s
com
m ai se x p r e s s i v a
e f f u t ã o ,
é isso
devido
á
m i nh a
per t u r b a ç ã o ,
á
m i n h a
timidez
e
á
m i nh a
inexperiência.
Ah
senhora , essa
per turbação ,
essa
t imidez ,
tem
para
m i m m a i o r e s encantos
que
tudo
o
que
o s
vo s s o s
l indos lábios
pu-
dessem
expr imir
São
u m a e l oqüente
de-
m o n s t r a ç ã o
d a
pureza
d e
vo s s o
coração ,
da
candura
d e
vossa a l m a e
d a d o ç u r a d o
v o s s o
gên io ,
o
a o
m e s m o t e m p o
u m a
preciosa
garan t i a
para
m i n ha
felicidade
futura...
Sois a
m u l h e r
que
eu
t enho
idea l i sado ,
com
todas
a s
s ua s
gra ça s
n a t u r a e s , com to-
dos
o s
a t t ra t i v o s
d a
ingenu idade
e
d a
in-
nocencia.
Senhor,
m a m a i
com o
seu
exemplo
já
i n s i n u o u - m e
o s deveres
que
u m a
m u lher tem
a
cumpr ir
para
com
seu marido . Encontra-
reis
e m
m i m
a
esposa
mais car inhosa , mais
dedicada,
mais s u b m i s s a c
sobre
tudo
m a i s
obediente. Vos s o s menores desejo s ,
que
se-
rã o
ditados
sempre
pela
sabedoria
e
pela-
razão,
consideral -os*hei
c o m o
leis.
E t ranspor t ado
e
arrebatado, vos
sepa->
rais
d o
anjo
que
deve embellezar o s
v o s s o s
dias ,
dizendo
com v o s co :
Ainda
beml
terei
n a q ue l l a mulher
a
péro la
das
d o
seu sexo , boa , amável , can-
dida,
s u b m i s s a
sobre tudo ,
c o m o
ó.
To da s
a s
qualidades
preciosas
d a
mulher ,
todos
os
t he s o u r o s
que
u m
h o m e m
pôde
desejar,
tudo
isso cila
t o m
1:.
As s im ,
a m i nh a
mis-
s ã o , como marido ,
não
encon t r ará espinhos.
Ella nada
quererá ,
nada fará s em
que
pri-
meiro
venha
pedir-me
u m
s im o u u m não...
O h I
para
casar
s o
o
ser-se feliz deve-se
buscar
a
m u lher
que
a inda
s e
acha m e i a
occulta nas azas d o
zelo
m a t e rna I—Neces-
a l m o ç o desfez-se
c o m pa n h i a .
Flor indo
an-
tes
d e ret irar-se depoz nas m ã o s d e
Laura
um
papel
escripto:
e
o
que
era elle? o s
ver so s
da
m o d i n ha
que
can ta ra
e
que
ella
V f i ' ó s ha v i a
pedido.
A m o r
parte
dos
m e u s lei tores
tendo
aca-
bado le i tura
deste
capi tu lo ,
dirá:
a
certo
era
bem
escusado este episódio; e l i m i n ad o
elle deste r o m a n c e n en hum a
fal ta
pôde
cau-
sar .
»
E
em
verdade e u
próprio
já
o
disse
a
m i m
m e s m o ;
p o r é m
cons ídera í -o
c o m o
um
fundo escuro
d o
m e u
quadro ,
e
en t re t a n t o
m a i s
sa l ientes
serão
o s ma i s
t ra ço s
c o l o r i d o s
d e
minha
p in t u r a .
Cons idera i ,
p or é m ,
que
é
á
cus ta
de ai-
guns
sacr if íc ios
que
s e descobre
verdade .
L e m br a i - v o s
d a
m i n ha
epigraphe
neste capi-
t u l o .
Ha
m u i t a
gente,
e
gente
de
ju izo ,
que
diz
que
não .
tem
tra to s
f ami l i are s ,
n e m em
sua
casa b ã n q ue t ea
s en ã o á
gente
seria
e
bem
educada.
Pergunta i - lhe
se
tem
razão? . . .
Depo i s da leitura deste capi tu lo ,
ou
a n t e s
n o
principio
do
subseqüente ,
f igura i -vos
que.
m a i s de t r ezen t o s e setenta
dias
s e
tem
pas-
sado depois
destas
núpcias ,
e
que
a
pai
de
Aug us t o ,
ò
velho
pescador ,
já
n ã o
vive.
(Conlimía.)
8/18/2019 A Marmota - 01-07-1859
http://slidepdf.com/reader/full/a-marmota-01-07-1859 4/4
A
MARMOTA
s a r i am e n t e ella ainda
i gno ra
m u i t a s
c o u s a s
deste m u n d o :
a
sua
Índole
ainda
n ã o es tá
f o r m a d a ,
e
em
u m
marido
ella
n ã o
v ê m a i s
que
u m
segunáo
p a i
á
quem
é
preciso
a m a r ,
e
a
q u e m
ó
preciso
t a m b é m
obedecer.
En t re t an t o ,
em
um
bello
dia
vos
diri-
gis
p a r a
aquel la
modes ta
o t r an qu i l l a
m o - ;
"rada ,
onde
existe
o a s t r o
do vo s so
des t ino . .
Bateis
á
porta ,
u m a -
duas vezes,
e
n i n g u é m
vol-a vem
abrir.
Bateis
u m a
terceira vez,
e
a inda
n i n g u é m .
Is to
vos
parece
e s t r a n h o ;
desapon tado , desceis
e ides
i n t er rogar
o
portero
— N ã o
h a
n i n g u é m
em
casa
d o Snr.
M..
í
— N ã o
aff ianço ,
senhor ;
porém
creio
q u e
não
sahiu vivo
a l m a
d'ehi.
D e
novo
subis
a s
escadas.
No
momento
em
que
vos
preparais
para
bater
pela
q u a r t a
vez, chega-vos
aos
ouv ido s
u m
quer que
seja,
c o m o
que
o
vozear
d e
u m a
c o n v e r s a -
ç ão
a n i m a d a .
U m a
v o e inha ,
que
reconhe-
eeis
perfeitamente
o
que
tem
o
condão de
fazer- vibrar
a s
cordas m ai s
delicadas
do
vo s s o
coração ,
repetia
i m per i o s a m en t e
e s t a s
s imples
pa lavras :
«Não
m e
impor to
co m
isso,—
e u
quero . ' »
In vo l u n t a r i am e n t e arrega l a i sos
o lhos ,
fa -
zendo
u m a
grande
careta:
a inda
ju lga i s
t er
m a l
ouvido ,
e
para
d es a s s o m b r a r -v o s
d'essa
terr ível
duvida ,
im p ac i e n t e m e n t o
bateis
tres
grandes
p a l m a s .
A
voz
que
ainda
h á
pouco
s e
ouv i ra
ç o m
t o do o s eu
elevado
d i a pa s ã o ,
r e p e n t i n a m e n t e
ces sou;
o
s i lencio
que
agora
reina
parece
apena s i n t er rompido
pelos
passos
graves
e
pau sado s
d o
vos so
s ogro ,
que
vos vem
abr ir
a
po r t a .
— A h i
sois
vos ,
meu
f u tu ro
genro
1..
Meu
D e os l
Dar- se
h a
que
estejais
batendo
a m u i t o
tempo?..
P e r gu n t a - v o s
elle affec-
t ando
curiosidade
a
p a s m o ,
— N e m
porisso ,
lhe
respondeis com
o
t o m
d e
um
h o m e m qae
não
quer que
s e
saiba
o
conhec imento
que
tem
d o
horr íve l
segredo
que
descobr iu .
O
vosso
f u tu ro s ogro
encara sua
m u l h e r ,
dirigindo-Ihe
um olhar
i nquie t o
que
parece
querer
dizer: Está
bon i t o
Já
elle
s abe
tudo
E m q u a n t o
i s to
s e
passa ,
passea i s
com o
vosso
o lhar
severo
e i nqui s i t or i a l
por
t o do s
o s
recantos
d a
sa la ,
a verse
descobris
aqu e l l a
cuja
voz
suave
s e expr imo
com t an ta m o d e s -
tia
e humi ldade
em
vossa ausênc ia .
P o r é m o
anjo desappareceu
no
próprio
m o m e n t o em
que
cessou d e
s e
fazer
o u v i r
Julgava
ter
ouv ido
a
voz
d a
s e n h or a
vos s a (ilha
:
ter-me
h i a
porventura
eng a -
nado
?
pergun ta i s
e n t ã o .
Não,
m e u
f u t u r o
ge n r o ;
v o s
re sponde
v ivamen te
a
mãi . Anai s
acaba
d e
cantar
a
grande
ária
d o
Trovador ,
e
i s so
a
f a t igou
a l g u m
tanto...
E ' ella
escripta em t om
tã o
alto ...
D e
sor te
que
agora
f o i
descansar
u m
pouco.
Fingis
que
vos
dais
por
sa t i s f e i t o
co m
essa
desculpa;
m a s
n o i n t imo
d'a lma
fazeis
a
promes s a
d e ir consu l t a r
esta
bella
pa r t i -
t a ra d e
Verdi, ver si n 'aque l l a
grande
ária
de
s oprano
encon t r a i s
o
lugar em
que
es tá
escr ipta
phrase
.que
ouvis tes:
Nã o
m e
i m po r t o
com
i s so l
—
e u
quero
»
(Continua.)
AMIZADE.
O d o u t o r
Friend,
medico inglez d e
c o n -
s ideravel
r e p u t a ç ã o ,
f o i
eleito
para
o
par -
l a m en t o em
1722 , e oppoz-so
a o
mi n i s t é r i o
com
act ividade
e f i rmeza .
A
i n f luenc ia ,
que
l inha,
i n c o m m o d o u
t an t o ,
que
f o i
detido,
e
preso
na. torre
d e Londres ,
i m p u t a n d o -
se-lbo
o
crime d e
alta
t ra i çã o .
Neste"
es tado
d e
co u s a s , - c a h i o
doente
o
m in i s t r o , : e
man-
dou
ch a m a r o
dou to r
Mead,
i n t i m o
a m i g o
d o
preso.
O dout or Mead,
depois
do e x a m e
d o c o s t um e ,
conhecendo
molé s t i a ,
p a r -
t icipon- lhe
que
com
facilidade
s e c u r ar i a ,
tendo
um
hábil
professor. C o m e ç a i
já ,
disse
o doente: e u
m e
entrego
nas
v o s s a s
m ã o s .
Senhor ,
re spondoo
o
medico ,
eu
nada
vos aconse lho ,
nem
v o s
dou
u m a
g o t a
d e
reméd io ,
sem
que-o
dou t or
Friend
seja
posto
em liberdade. O
min i s t r o
ouv i o
co m
a d m i r a ç ã o
resposta ,
e
procurou
debalde
m u d a r
a
re so lução
d e
Mead. O
dou to r dei-
x ou - o ,
e
não houve
o u t r o
remédio
s e n ã o
so l ic i tar
d o
rei
a
s o l t u r a
do
a m i g o ; o
ro i
promet t eo
concedel-a,
e deu
a s ordens
ne-
cessarias .
O
min i s t r o ,
impaciente ,
m a n d o u
chamar
Í m m ed i a t a m en t e o
d ou t o r ,
e lh e
disse
que,
dent ro
d e
poucas
horas ,
o
preso
estaria
so l t o .
Q u a nd o
souber
que
elle
es tá
rest i tuido
á sua
fam i l i a , o
não
antes ,
t e n t a -
r e i
curar -vos ,
f o i
resposta .
F i n a l m e n t e
o
dout or
Friend
f o i
so l to ,
e
o
m i n i s t r o
curado.
D u r a n t e
a
prisão
d e
Friend,
o dou-
tor
Mead
t r a tou
o s
doentes deste
e,
q u a n d o
sahio
d a torre , deu-lhe
tres
mil
g u i n e o s
pelo
pa g a m en t o ,
que
recebera
dos e n f e r m o s .
B.deC.
DESAPONTAMENTOS.
Estar em
u m a
reun i ã o
e ser
ins tado
po r
um
indiv íduo
que
ouve
pouco
para
repetir
certa
phrase,
o
i s to
quando
não
q u e r e m o s
perder
o
quo
u m terceiro começa
a
dizer.
Perder
n o
jogo
u m a
quant i a
cons ideráve l
para
certo
piaba
que
depois
confessa n áo
t e r
en trado s enão
com
qua tro
o u
cinco
m il
ré i s .
*
C o r r e spo n d er m o s
a
u m
c u m p r i m e n t o ,
ju lgando
que
nos
é feito ,
e
l ogo reconhe-
cermos
que
é
dirijido
u m ou tro
q u e
n 'aque l le m o m e n t o
passa
p o r
j un t o
d e
n ó s .
Sermo s
obrigados a
ouv i r
um
gago
s em
podermos
interrompel-o.
Di sc u t i r m o s ,
á
noi te e
á s
escuras
com
u m
a m i g o ,
e m
no s so
gabinete,
c
no
m o m e n t o
em
que
o
s i lencio
que
elíe
guarda
nos
diz
que
j á
s e
acha
vencido
pela
força
dos
n o s s o s
a r gu m e n t o s ,
percebermos
por
um
f or te
ronco
que
so l ta ,
que
h a
m u i t o
t empo
está
en t regue
aos
braços
d e
Mo rpheu l
*
Ao en tra r n uma casa
pela
primei ra
vez,
pisar
n o
p á
d e
u m cachorr inho
m u i t o
que-
rido d a
dona d a
m e s m a c a s a .
Dir i j i nno - no s
por
um
negoc io
que
n ã o
admit te demora á casa
d e
um i nd iv íduo ,
que
eng a no u - s e
n o
n u m e r o
que
no s
d eu .
Chove
cântaros ,
o
s ó depois
d e
h a v e r m o s
batido
em
todas
a s
portas ,
per g un t a n d o
o n d e
reside
o t a l
i nd iv iduo . a ce r t a rm o s com
s u a
casa,
que
é
j u s t am e n t e
a
u l t i m a
d'aque l l a
FÁBULAS.
Ciu:so
E
ÍIOMEIIO.
« A s m i nh a s
riquezas
a
fama
ap r e goa ,
Eterno
m eu
n o m e
será
neste
m u n d o ;
Mas
antes
quizera
renome
d e
H o m e r o .
— A s
g lo r i a s
d e
vate,
d e
gênio
fecundo .
»
a
Meu
n o m e é eterno , dos
tempos
e u
z o m b o ,
D a
grande
epopéa
mode lo s
tracei;
Mas
an te s
quizera re no m e
d e
H o m e r o ;
D i r i a :—f u i rico,
m as n ã o
mendiguei .
»
MORALIDADE.
A s
s o m b ra s
d e
H o m er o ,
d e
Creso
f a l t a r a m ,
E depois
cada u m a
buscou
o
seu
n o r t e ;
O u v i n d o e n disse:—mea
D e o s ,
n e s t e
m undo
Q u e m
houve,
q u e m
h a con ten te co'a
sor te?
C i n a s l o
Lúcio .
C h a r a d a .
N a
rabeca
m e
pr o c ur a
Que
nel la me has
d e
e n c o n t r a r .
O u
d o i rmão d e
teus
pai s
N a
prole
va i -me
buscar ,
O u ainda
s e t u
queres
Saber aonde
m e ac h ar ,
Na
f ami l i a
dos
a ç o r e s
Bem
m e
podes procurar
Dá-me
u m — * — v e r d a d e i r a s
C o u s a s
seria s
fico
s endo ;
Tira-me o — a — h a s
d e
ver ,
Has
d e
ver,
e s tou
dizendo.
Ser iamente ,
não , n ão
jnlguês
Que
e u
es tou
escarnecendo ;
Juro-te
qúe
não è
bur l a
O
que
es tás agora lendo.
..
C O N C E I T O .
C o m i g o
a s
f lores
v ice j a m .
D e novas
cores
s e
a d o r n a m ;
A s arvores
todas
s e o r n a m
D o
f o lhagem
mais
v i ren te;
De
con ten te
a m e s m a t e r r a .
Té
a
própria
na t u reza
Deixa
ver
toda a belleza
Que
nos
se io s
seus encerra i
F.
E. S.
O
-íiciiiiio,
cego,
pianista
JOSÉ
PINTO
DE
CE R Q ÜE IR A
D E
13
ANNOS
D E IDADE
Disc ípu lo d o
I .
In s t i t u t o
dos
m en i n o s cegos
acaba
d e
publicar
a s variações
que
c o m -
p o z
sobre
um
m o t i v o
do
—
Á l b u m
do s
Salões
—
a s
quaes ,
c o m o retrato do
com-
pos i tor ,
s e acham
á
venda
n a rua d a
Qui-
tanda
n .
43.
R e c o m m e n d a m o s
aos
pian i s t a s
d'esta côr le
e
prov ínc ia s ,
e
especialmente
á s
pessoas
do
bello
sexo , esta
mus ica , no táve l
por
s u a s
melod ia s ,
e
m a i s
quo
tudo
pelas
cir-
c um s t a n c i a s
d e
seu i n fan t i l au t or .
—
No
segu in te
n u m e r o
publ icaremos
a
carta
d e Pylhias
a
Damon.
Typographia de Paula
Brito
0 4
—
Praça d a
Oüsüinição
—
C Á