conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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1 Alunos das Escolas do 1º Ciclo do Agrupamento de Escolas Sá de Miranda Conto Redondo Ano Letivo 2014 - 2015

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Page 1: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Alunos das Escolas do 1º Ciclo do

Agrupamento de Escolas Sá de Miranda

Conto Redondo

Ano Letivo 2014 - 2015

Page 2: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Índice

Escola Brácara Augusta

Escola do Coucinheiro

Escola de Crespos

Escola de Dume

Escola da Eira Velha

Escola da Ortigueira

Escola de Pousada

Escola da Presa

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Esperança no olhar

EB/JI Brácara Augusta

Estávamos no verão; o sol era quente e luminoso. A mãe

preparava um delicioso farnel para fazermos um piquenique ao

parque da cidade. O pai lia um livro sobre as coisas difíceis do

mundo, eu e Rita divertíamos a fazer recortes de revistas velhas

que estavam na secretária da mãe. O telefone tocou. O pai

fechou o livro um pouco aborrecido por lhe terem interrompido

a sua interessante leitura. Pegou no telefone e atendeu:

- Está, quem fala? - do outro lado responderam:

- Olá João, sou a tua prima Amélia - a prima Amélia era uma

jornalista famosa da actualidade - Estou a chegar de uma

reportagem que fiz num pais da África. Hoje à tarde passo aí em

casa para matar as saudades.

- Está bem, cá te esperamos - respondeu o meu pai todo

entusiasmado adivinhando as fabulosas aventuras que a prima

tinha para contar.

Às 18 horas bateram à porta. Ansiosos corremos para a

porta e abrimo-la e assim, surgiu a nossa prima Amélia, alegre e

com um sorriso do tamanho do mundo mas, não vinha sozinha a

seu lado estava um rapaz que aparentava sete anos, com uns

olhos negros distantes, pele negra e um cabelo de carapinha.

Page 4: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Olhamos aquele quadro e perguntamos em uníssono:

- Quem é este menino?

A prima Amélia riu-se e respondeu:

- Este é o Azize. Os pais morreram na guerra e eu trouxe-o

comigo para Portugal.

A mãe convidou a Amélia e o Azize para passarem uns dias

em nossa casa.

- Amélia, queres passar uns dias aqui, connosco?!

Aproveitas e fazes praia.

- Sim, boa ideia! - Amélia aceitou. E ainda bem, ela teria a

oportunidade para nos contar as suas fabulosas aventuras. Azize

olhava-nos, timidamente.

Subimos para o quarto. Amélia atirou uma mala para cima

da cama e abriu-a. Havia vestidos muito coloridos, as capulanas.

Num saco trazia colares e anéis de pau preto e adornos de

marfim.

Azize ajudava a arrumar os chapéus e os lenços, ora punha

na cabeça um chapéu de palhinha, ora entrançava uma pequena

capulana a volta da carapinha. Espreitava pelo espelho, reparava

que nós estávamos a olhar para ele e ria-se … até que era

engraçado!

Passado algum tempo, a mãe chamou-nos para jantar.

Fiquei sentado entre a Rita e Azize. Que chatice, era bem melhor

continuar a vislumbrar o vasto guarda-roupa da Amélia! Mas, de

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repente, comecei a sentir o doce a aroma do frango assado e

logo fiquei com fome. Quando ia a espetar o garfo numa

batatinha, senti um leve puxão nas minhas calças, era a nossa

gata Boneca que também não resistia aos petiscos da mãe.

Por baixo da mesa e sem que ninguém visse, deixei a Boneca

subir para o meu colo. Dei-lhe uma pequena lasca do meu frango

que ela comeu num ápice. Saltou de seguida para o colo do

Azize, ronronou de satisfação, enrolou-se e ali se deixou ficar.

De repente fez-se silêncio, um silêncio total, quase que

parecia combinado. Todos tínhamos parado de comer e todos

olhávamos para Azize. Aquele menino tímido, com olhos negros

distantes chorava! E não foram necessárias as palavras para

sabermos a razão da sua dor. Veio-lhe à memoria o cenário

horrível no qual tinha visto os seus pais morrerem numa

explosão da guerra maldita que o tinha deixado completamente

só, encontrado no meio dos escombros da sua casa destruída.

Agora … estava ali … com a Boneca no colo, no sossego de

uma refeição farta e em família. Estava a ser tanto o calor

humano que ali sentia que … talvez ainda fosse possível voltar a

ser feliz!

- Não te preocupes, tu ainda tens amigos.Nós somos a tua

família! - sussurrei-lhe ao ouvido.

Azize tinha finalmente percebido que tinha entre si uma

família. Levantou a cabeça com um sorriso e continuou a comer.

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No fim de jantar, Azize lembrou-se da conversa que tivemos

à entrada e perguntou-me:

- O que é a praia?

- É um lugar lindo onde o mar toca na areia e onde as

pessoas se deitam nas toalhas a apanhar o calor do sol! –

respondi-lhe.

No dia seguinte, bem de manhãzinha, eu, o Azize e a Rita

fomos para a praia e o Azize logo disse espantado:

- Tinhas razão, isto é lindo!

Todos desfrutaram daquele dia de praia.

Os dias foram passando e, aos poucos, os olhos de Azize

começavam a ter um brilho diferente.

No mundo existem pessoas que dão Esperança a quem nada

lhe resta.

Nunca desistas há sempre alguém que te ajuda a viver e a

encarar o mundo com outro olhar.

Partilha com o outro o amor que invade a tua alma e o

mundo será mais justo e feliz.

_____________________________________________________

EB/JI Brácara Augusta – Palmeira

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O gatinho surpresa

EB1 de Coucinheiro

Naquele dia a Rita acordou cedo e cheia de vontade de ir

brincar para o jardim mas, mal pôs um pé fora da cama, disse:

- Brr, que frio!… e encolheu-se novamente no edredão.

Nesse momento a avó Matilde entrou no quarto com o

tabuleiro do pequeno-almoço…

- Bom dia, minha querida. Aqui está uma surpresa!

- Obrigada, avó! Tens sempre ideias maravilhosas! Como

adivinhas os meus desejos?

A avó riu, acrescentando:

- Já vivi muito… e conheço bem a minha netinha!

Deliciada com aquele chocolate quente, torradinhas, doce

e sumo de laranja, saltou da cama rapidamente, vestiu-se foi à

janela. A Rita nem queria crer no que via! Tudo estava diferente:

o telhado do vizinho, as couves do quintal, as árvores…tudo, mas

tudo, estava “pintado de branco”! A menina estava

espantadíssima, pois em Braga raramente nevava. Aquela mudança

radical na paisagem fez-lhe despertar um turbilhão de ideias:

- Que fazer?! Quanta indecisão… podia saltar na neve,

fazer um boneco, uma pirâmide, ficar a observar…As hipóteses

eram muitas…

Page 8: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Porém, de repente, os seus olhos fixaram algo preto

naquele manto branco e o estranho é que a pequena mancha

negra ora mexia, ora parava e abanava…

- Avó, avó, há algo estranho no jardim! Anda ver!

A avó Matilde aproximou-se, olhou de relance, mas como

estava ocupada com os seus afazeres, respondeu:

- Certamente são folhas!

- Mas, avó, as folhas não são pretas! – disse a menina. E

correu para o jardim, alegremente, sem ao menos se lembrar de

vestir um agasalho.

- Ui, que frio… - disse ela batendo os dentes. E correu

novamente para dentro de casa à procura de um casaco bem

quentinho.

- Chega, Rita , estás a desarrumar e eu acabei de pôr tudo

no sítio. – disse a avó zangada.

- Chau, avó, vou brincar para o jardim. – disse a Rita

sempre a correr.

Mas para seu espanto, quando chegou ao jardim, a

pequena mancha já não estava lá. Ficou muito desiludida e

resolveu ir procurá-la. Procurou entre os arbustos, no meio das

flores, por baixo das ervas, atrás das árvores e até no lago dos

peixes foi procurar, mas em vão. De repente, olhou para a janela

do seu quarto, a qual estava aberta e teve uma ideia:

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- E se a mancha preta se escapou para dentro do meu

quarto? - pensou a Rita assustada. E correu novamente para o

quarto, procurando por todo o lado alguma coisa estranha.

Estava a procurar debaixo da cama quando ouviu um barulhinho

dentro do cesto dos brinquedos. De repente o cesto começou a

mexer e a abanar, parava e abanava outra vez.

Então a menina, cheia de medo, foi chamar a avó Matilde

para a ir ajudar a ver o que estava dentro do cesto dos

brinquedos. Com muito cuidado a avó tombou-o no chão e do

meio daqueles brinquedos todos saiu uma pequena coisa preta

que parecia uma bolinha de pelo.

- Oh! Mas é um gatinho bebé! Onde estará a sua mamã?

– exclamou a Rita preocupada.

- Talvez tenha sido abandonado… - respondeu a avó.

- Coitadinho, podemos ficar com ele? – perguntou a

menina ansiosa.

- Podemos, mas tens de me prometer que cuidas dele

muito bem. Eu posso sempre dar-te uma ajuda…

Rita abraçou-se à avó, muito feliz, encheu-a de beijos e

disse:

- Está prometido!

_____________________________________________________

EB1 de Coucinheiro

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Crescendo com os valores

EB1 de Crespos

Certo dia, pediram-me para fazer uma história sobre os

valores e eu pensei “- Como é que eu vou fazer isso?”.

Então, tive uma ideia e resolvi perguntar aos meus amigos

se me sabiam explicar o que era isso dos valores.

Fui à beira do Hugo, da Joana, do Ricardo e do João e

expliquei-lhes a minha dúvida.

O Hugo, então, lembrou-me daquela vez que ajudamos a

Joana quando ela ficou doente e lhe levamos os trabalhos de

casa para ela não se atrasar na escola. A isso chamamos

solidariedade, dizia ele.

A seguir, a Joana disse que também se recordava do dia em

que se tinha esquecido do lanche e todos eles lhe deram um

bocadinho do seu. A isso chamamos partilha, dizia ela.

O Ricardo relembrou o dia em que a sua avó estava doente

e eles tinham de fazer um trabalho de grupo que teve de ser

feito muito baixinho para não incomodar a avó. A isso, dizia ele,

chamamos respeito.

Page 11: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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O João, que até ali estava calado, lembrou-me do valor da

honestidade quando disse que nunca devemos mentir porque é

muito importante sermos verdadeiros.

Entretanto, a Joana quis incluir nessa “lista” a importância

da simplicidade e da humildade pois lembrou-se daquela

situação que tínhamos vivido quando os alunos da turma ao lado

disseram que eram melhores do que nós, o que nos deixou

muito magoados.

O Hugo também quis falar da amizade que nos unia quase

desde o tempo em andávamos de fralda. Nessa altura, todos

demos uma grande gargalhada.

Quando ia pelo caminho fui a pensar em todos aqueles

exemplos e ainda me lembrei de muitos outros como a

tolerância, a responsabilidade, o perdão e até a paciência e

cheguei à conclusão que, afinal, tenho crescido um bocadinho

com todos aqueles valores e que quando chegasse à casa ia ser

muito fácil fazer a minha história que iria começar assim “De

valor em valor eu cresço!”

_____________________________________________________

Conto redondo elaborado pelas turmas H1 e H2 da EB1/JI

Crespos

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Pequenos gestos fazem a diferença

EB1 de Dume

Era uma vez, um menino chamado Diogo.

Um dia, estava a dormir e acordou porque sentia muito

calor… Reparou, de repente, que estava preso no seu quarto por

uma chama de fogo e não se sentia livre para fugir…

O Diogo, aflito, lembrou-se de chamar alguém para o

socorrer. Correu, então, para a janela do quarto e gritou:

- Socorro! Socorro! Alguém me ajuda? Estou preso!

Será que o tinham ouvido? A janela estava perra e não

abria!

O Diogo ouviu um barulho… Era um herói que vinha para o

salvar!

Com estrondo, a janela abriu-se e

entrou uma pessoa com um capuz azul e

um arco. O herói atirava setas de gelo

para tentar apagar o fogo, mas não

conseguia! Era demasiado intenso!

Decidiu então pedir ajuda a outros

Page 13: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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heróis! Correu para o computador do Diogo a uma velocidade

supersónica e, através do Facebook, enviou um pedido de

socorro aos Gormitis da Água…

Nesse mesmo dia, um batalhão de Gormitis – vindo do

Oceano Atlântico – invadiu as ruas da cidade, fazendo tremer a

terra à sua passagem!

- VAMOS SALVAR O DIOGO!... VAMOS SALVAR O DIOGO

DAQUELA PRISÃO! – diziam a uma só voz e cheios de confiança!

As pessoas, curiosas e intrigadas, seguiram-nos. Este

rebuliço chamou a atenção das estações de televisão que, de

imediato, enviaram equipas de jornalistas para as reportagens

em direto.

O Diogo não percebia o que se passava ali. Mas…Porque é

que estavam dezenas de pessoas debaixo da sua janela? Porque

olhavam todas em direções opostas?

Page 14: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Espera! O Diogo nem

queria acreditar! Os seus

heróis, aqueles com quem

ele brincava todos os dias

depois da escola, estavam

todos unidos em direção à

sua janela para o salvar…

- Diogo! – o Diogo conhecia aquela voz… Quem seria? –

Diogo, estás a ouvir-me?

Era Iano, o chefe dos Gormitis da Água! Tinham finalmente

chegado para o libertar daquela prisão de fogo!

Page 15: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Para a operação de salvamento, os

heróis treparam pela parede do prédio…

Entraram no quarto pela varanda e, com

os seus poderes da Água, apagaram o

inferno das chamas.

O Diogo estava LIVRE!!!

O sossego regressara ao quarto… E que espantado ficou o rapaz

ao abrir os olhos… Tudo não tinha passado de um assustador

sonho!

Page 16: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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O Diogo tinha os Gormitis

espalhados pelo chão…

Mas então de onde vinha o cheiro a queimado? Afinal, a

mãe tinha-se distraído com os gritos de socorro do filho, e

esquecera-se do bolo no forno!

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Texto elaborado pelos alunos dos 2º, 3º e 4º anos da EB 1 de Dume.

Ilustrações do texto pelos alunos do 1º ano da EB 1 de Dume.

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De valor em valor eu cresço!

EB1 da Eira Velha

Era uma vez um jovem que andava a passear num jardim.

Estava um dia soalheiro e quentinho, mas corria um ventinho

que convidava a segui-lo para explorar os recantos daquele

jardim.

Sem mais pensar o Pedro começou a distanciar-se do

lugar onde estava com uns amigos, depressa percorreu os

caminhos principais e descobriu uma cabana escondida entre

arbustos e folhagem. Sentiu medo e curiosidade, mas a vontade

de explorar aquela “casinha” foi mais forte.

Pé ante pé, com o coração a bater forte avançou, ainda

pensou nas recomendações dos pais. “Não faltar às aulas. Não

andar sozinho. Não se afastar do grupo de amigos. Não

frequentar sítios desconhecidos e escondidos…” O silêncio

começou a assustá-lo, de repente ouviu um rugido, agachou-se e

o ruído aumentou, eram os seus pés a pisar as folhas secas, que

estalavam.

Quando se recompôs do susto deu uma corrida para

alcançar a porta da cabana. Como não tinha janelas não pôde

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espreitar. Bateu à porta. Ninguém respondeu. Abriu-a

devagarinho e espreitou. Estava escuro. Não via nada.

Decidiu abrir totalmente a porta para ter alguma luz.

Começou a ouvir vozes e ficou atento. Percebeu que chamavam

por si. Eram os colegas que andavam à sua procura. Contente foi

ter com eles.

Os amigos estavam preocupados e zangados. Disseram-

lhe que não tinha sido responsável, nem amigo ao afastar-se

sem dizer nada. Mas, o Pedro contou-lhes que tinha descoberto

uma cabana. Esqueceram tudo e correram até lá.

Entraram um de cada vez, cheirava a mofo e pouco se via,

mas como estavam juntos não tinham medo. A porta bateu com

o vento, eles deram as mãos pois ficaram receosos e, foi então

que, ouviram alguém gemer. Foram ao encontro dos gemidos,

descobriram um homem doente, com frio, que lhes pediu ajuda,

lhes contou que não tinha casa e que dormia naquela cabana. O

Pedro, que tinha telemóvel, ligou para o 112, que veio socorrê-lo

e o levou para o hospital.

Os amigos voltaram para a escola e procuraram a diretora

para lhe contar o que tinham descoberto e o que pensavam

fazer. A diretora não estava satisfeita, repreendeu-os por terem

saído da escola e faltado às aulas e relembrou-lhes a importância

de serem responsáveis e cumpridores dos seus deveres,

enquanto alunos. Mas, ouviu a sua história e interessou-se pelo

Page 19: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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espírito de ajuda e solidariedade que os jovens alunos

revelaram.

Ligou para o hospital e conseguiu saber o nome da pessoa

sem-abrigo que os jovens tinham socorrido. Pediu para falar com

a assistente social que ia seguir aquele caso e comunicou-lhe

que a escola tinha o projeto “Sá Solidário” e que também tinha

participado no concurso: “ É preciso ter lata” e onde ganhou o

prémio da escultura com o maior número de latas de alimentos.

Pelo que, por sugestão dos alunos que tinham socorrido o

senhor, pretendiam oferecer-lhe uma parte desses alimentos.

Este grupo foi distinguido com o prémio de o mais

solidário. Eles perceberam que os valores da solidariedade, do

respeito, da amizade, da responsabilidade nos fazem crescer e

nos transformam em pessoas melhores.

_____________________________________________________

EB1 Eira Velha, 13 de março de 2015

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Tanto por tão pouco...

EB1 da Ortigueira

“O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração.”

Antoine de Saint-Exupéry

Era uma vez uma padeira que vivia numa casa, numa aldeia

muito isolada, tendo como únicos vizinhos, os pardais, o verde

da vegetação e o ar fresco saudável da mãe Natureza. Até o mais

idoso das populações próximas não se lembrava de um tempo

em que ela não estivesse lá a fazer o seu pão, dia após dia.

Onde quer que o sol aquecesse a terra, dizia-se que ela fazia

o pão mais saboroso e fofo que alguma vez se tinha provado.

Algumas pessoas diziam que as suas mãos eram

extraordinárias. Outras murmuravam que os seus dedos eram

dádivas do povo das fadas. E outras diziam ainda que o pão tinha

caído de anjos que por ali passavam.

Muitos eram os que rumavam à aldeia perdida, carregados

de dinheiro, na esperança de comprar uma daquelas

maravilhosas especialidades. Mas a padeira não as vendia.

— Dou os meus pães aos que são pobres e não têm que

comer! — dizia a todos os que lhe batiam à porta. — Não são

para os ricos!

Page 21: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Nas noites mais frias e escuras, a padeira deslocava-se até à

cidade, percorria as ruas calcetadas até encontrar alguém

faminto, triste, só, a dormir ao relento cheio de frio. Então,

tirava do saco um pão quentinho acabado de fazer e entregava-o

nas mãos trémulas e geladas de quem mais precisava e afastava-

se depois em bicos de pés.

No dia seguinte, depois de beber uma chávena fumegante

de chá de frutos vermelhos, voltava à sua rotina diária com a

intenção de fazer sempre o mais delicioso e cheiroso pão que

tantos cobiçavam.

A fama deste pão era tal que se espalhou pelos quatro

cantos do mundo, chegando, também aos ouvidos da princesa

Valentina, conhecidíssima pela sua gula e aspeto obeso, que logo

quis comer essa iguaria.

O rei, seu pai, habituado a satisfazer todos os desejos da sua

querida filha, vendo-a num estado de tristeza e melancolia tais,

logo a quis contentar. O Rei deu ordens aos seus soldados para

procurarem pelo reino a tão famosa padeira para desta forma

conseguir o desejado pão.

Quando chegaram a casa dela, esta limitou-se a rir, quando

estes lhe disseram que o pão se destinava à princesa Valentina.

— O meu pão é para os pobres e necessitados, e vê-se

facilmente que a princesa não é nem uma coisa nem outra.

A mulher pensou por um momento e propôs:

Page 22: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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— Ofereço um pão à princesa por cada casa que o Rei dê

aos sem abrigo de toda a cidade!

Os soldados apressaram-se de imediato a comunicar o

sucedido ao rei.

— Construir uma casa?! — gritou o rei. — Eu não dou, eu

recebo!

E, dito isto, deu ordem aos soldados para se apoderarem

do cobiçado pão. Mas, quando regressados a casa da padeira,

esta lançou os pães pela janela e os seus amigos pardais

encarregaram-se de o distribuir por quem mais necessitava.

O rei ficou muito zangado, tendo ele próprio se dirigido à

padeira. O rei pediu-lhe novamente o pão, que uma vez mais ela

recusou.

Já no seu palácio o rei não se conformando com a situação e

vendo a sua filha cada vez mais infeliz, mandou chamar os mais

ilustres padeiros das redondezas, pagando-lhe a preço de ouro.

Os padeiros trabalhavam dia e noite para aprimorar o sabor do

pão. Após meses a fio a princesa continuava a definhar e desejar

não os originais, saborosos e requintados pães feitos no palácio,

mas sim o mais simples pão da padeira.

O Rei pensou durante tanto tempo, que as semanas se

sucederam umas às outras e não aguentando mais o sofrimento

da sua amada filha dirigiu-se mais uma vez à padeira:

— Desisto! — gritou o rei.

Page 23: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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Então mandou construir uma casa que atribuiu a um dos

mendigos, habitante do seu reino. O mendigo sorriu tão

carinhosamente que contagiou o coração do Rei com sua

humildade.

Nesse mesmo momento, um pardal pousou no peitoril da

janela do quarto da princesa, trazendo no bico o tão desejado

pão… e a princesa sorriu, finalmente. O Rei, ao ver a felicidade

no rosto da sua filha, ordenou que se construíssem mais e mais

casas para que todos os habitantes do reino vivessem de forma

digna.

Assim sendo, todos os dias ao nascer o primeiro raio de

sol,um pardalito se encarregava de satisfazer o desejo da

princesa. E era este pão singelo, com qualidades quase

milagrosas que, como por magia espalhou pelo reino a alegria e

a felicidade.

O rei olhava à sua volta e via não só o contentamento que

os seus presentes tinham trazido a todo o reino, mas

principalmente à sua filha. O rei agora sorria e até soltava

gargalhadas.

— Como é isto possível? — exclamou. — Como é possível

eu sentir-me tão feliz!!...

_____________________________________________________

EB1 da Ortigueira

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A importância da amizade

EB1 de Pousada

Era uma vez uma família que vivia numa aldeia tão interior,

muito pobre e desabitada, onde as casas eram frias, pequenas e

desconfortáveis. Certo dia essa família decidiu mudar a sua vida

e partiu à procura de melhores condições para proporcionar a

todo o seu agregado uma vida mais feliz e mais confortável.

Encontraram então, uma vila muito agradável e acolhedora

para recomeçar a sua nova vida. Sem conhecer ninguém

arranjaram casa, trabalho e escola para os filhos. Não

imaginaram que seria tudo tão fácil e que fosse possível

acontecer algo assim tão acelerado.

Page 25: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

25

Com o passar do tempo foram fazendo amizades

maravilhosas, simpáticas e sobretudo de confiança.

Uma noite, foram dar um passeio pela vila para se

distraírem e caminhar um pouco e cruzaram-se no caminho com

uma família que já conheciam, no entanto jamais tinham trocado

palavras.

Era uma família que só se interessava por bens materiais e

acima de tudo muito arrogante e de pouca solidez e confiança. O

tempo foi passando e ficaram cada vez mais próximos destes

novos amigos.

Combinavam passeios, piqueniques e excursões durante

os fins de semana e tempos livres. Passava cada vez mais tempo

juntos e camuflados com esta amizade.

Page 26: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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De vez em quando iam tendo algumas discussões sobre

temas que discordavam pois a maneira de pensar de cada um

era diferente e já se refletia em pequenas coisas. Alguns amigos,

os verdadeiros, iam avisando que os recentes amigos não eram

de confiança mas mesmo assim não desistiam desta amizade.

Até que um dia, viram essa família a falar mal deles pelas

costas e foi aí que perceberam que as coisas não iam correr bem

entre eles. Perceberam então que aquela não era uma amizade

verdadeira e autêntica. Afinal não eram pessoas simples e não se

interessavam só pela amizade.

Para não apagarem esta amizade, foram falar com eles,

resolveram este enigma e por fim compreenderam que teria de

haver respeito de ambos os lados e perceberam-se dos erros que

cometeram e passaram a observar melhor certas regras de

convivência e experimentaram mudar para melhor.

Chegaram à conclusão que o valor da amizade e da

confiança entre todos é o mais imprescindível e valorizado de

todos.

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27

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EB1 de Pousada

Page 28: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

28

De valor em valor eu cresço

EB1 da Presa

Encontram esta carta dentro de uma garrafa, numa praia

de Copacabana (Rio de Janeiro- Brasil) em 2115… 100 anos depois

de ela ter sido escrita.

Praia de Ofir (Esposende- Portugal) 11-03-2015

Cara pessoa do futuro,

Tenho visto na televisão algumas pessoas a dizerem que o

mundo está cada vez pior, que o futuro vai ser negro, que a

sociedade está a perder valores e a tornar-se mais corrupta e

menos digna.

Perguntei aos meus pais o que significava a palavra valor, e

eles não me souberam explicar, apenas me puderam dar

exemplos de valores que fui aprendendo. Gostava de saber se os

valores que aprendi serão os mesmos que aprendeste ou se os

meus valores são melhores que os teus ou os teus melhores que

os meus…

Chamo-me Rita, tenho oito anos e vivo em Adaúfe, uma

freguesia perto da cidade Braga (Portugal). É uma aldeia muito

grande, ainda com alguma agricultura, com muitas casas e onde

toda a gente se conhece.

Page 29: Conto redondo 1º ciclo agrupamento sá de miranda

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A minha casa, apesar de pequena, é muito confortável e

amiga do ambiente: tem janelas de vidros duplos, as paredes

estão bem isoladas para evitar perdas de calor e no telhado

temos painéis solares para aquecer a água e a casa. Usamos

lâmpadas ecológicas, pilhas recarregáveis e a nossa horta é

adubada com produtos biológicos, sem quaisquer pesticidas.

Vivo com os meus pais e um irmão mais velho. Temos um

cão, o Glutão, que adotamos no canil da cidade, e que como o

nome indica, é um comilão de primeira. Apesar dos meus pais

terem um carro, optam sempre por ir trabalhar de autocarro, que

é um transporte público menos poluente que um carro, uma vez

que consegue transportar muitas pessoas ao mesmo tempo.

Desta forma, poupa-se dinheiro na gasolina, em parques de

estacionamento e protege-se o ambiente.

Gostamos muito dos nossos passeios ao fim-de-semana de

carro. Apesar de já ser uma menina crescida, tenho uma cadeira

especial. Até não há muito tempo, essas cadeiras não eram

obrigatórias, aliás nem sequer era obrigatório usar cinto de

segurança, mas estas novas medidas de segurança têm salvo

muitas vidas. Sim, às vezes é desconfortável estar presa no

acento, quando eu poderia dançar no carro com as músicas que

passam na rádio, mas os meus pais disseram-me que é para me

proteger caso tenhamos algum acidente.

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Perto da minha casa, existe o rio Cávado, que é dos rios mais

importantes no distrito de Braga.

No Verão, gosto de ir nadar no rio com os meus primos e os

meus amigos, mas os meus pais dizem sempre para ter cuidado

com o caudal da água que pode ser traiçoeiro e com a qualidade

da água porque muitas vezes se encontra com um aspeto muito

salubre. Às vezes, o areal da praia fluvial da minha freguesia está

bastante sujo porque as pessoas fazem piqueniques e não têm o

cuidado de deitar o lixo nos contentores adequados. A minha

professora disse-me que um saco de plástico demora cerca de

300 anos a desfazer-se completamente. Custa-me pensar nas

toneladas de lixo que todos os anos ficam à deriva nos nossos

rios, principalmente porque todos esses resíduos vão destruir a

fauna e a flora das áreas circundantes.

Os meus avós maternos vivem numa aldeia na serra do

Gerês, têm algum gado que costumam levar para o monte para

pastar. No entanto, os montes ricos em vegetação estão a

desaparecer gradualmente. Dizem eles que é por causa dos

incêndios que todos os anos destroem hectares e hectares de

florestas, destruindo árvores e matando muitos animais. Muitas

vezes aldeias inteiras são destruídas e pessoas ficam desalojadas.

Existem leis que proíbem as fogueiras nas florestas, mas mesmo

assim todos os anos, pelo Verão, os meios de comunicação falam

sempre em grandes incêndios.

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Quando vou ao hipermercado com a minha mãe, tento estar

o mais sossegada e o mais obediente possível. Muitas vezes, até

me apetecia que a minha mãe me oferecesse mais uma boneca,

mas sei que não posso ter tudo que quero. Sendo assim, fui

educada a não fazer birras ao contrário de muitos meninos que

vejo por aí.

A minha mãe procura sempre os produtos de preços mais

baixos, porque afinal não somos ricos e evita ao máximo trazer

sacos de plástico, porque além de caros, são muito poluentes. Na

fila para efectuar o pagamento, a minha mãe dá sempre

prioridade a grávidas, idosos ou pessoas portadoras de alguma

deficiência física, que respondem sempre com um sorriso. “Um

dia, podemos nós precisar de quem nos ajude”, diz a minha mãe

muitas vezes.

“Bom Dia”, “Por favor” e “Muito Obrigada”, segundo a minha

mãe, são as palavras mágicas que se devem usar em todas as

ocasiões

No primeiro dia de aulas, a professora estipulou algumas

regras de bom funcionamento: devemos manter a sala de aula

limpa e arrumada, devemos deitar o lixo nos contentores

adequados, manter o material escolar em boas condições, manter

o respeito pelos colegas e adultos.

Para evitar ruído desnecessário na sala de aula, quando

quisermos intervir na aula, devemos pôr o dedo no ar e esperar

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pela nossa vez. Também devemos entrar e sair da sala de aula em

fila indiana, evitando empurrões.

Na minha turma, há um menino chamado Marco cujos pais

estão desempregados. Sei que ele passa muitas dificuldades

económicas e muitas vezes ele não lancha no recreio porque não

trouxe merenda. Gosto de partilhar com ele um pouco do meu

lanche. A minha mãe, sempre que inspecciona o armário do meu

irmão, encontra roupa que já não lhe serve e entrega à família do

Marco. Sempre que pode, faz também um cabaz com produtos

alimentares para os ajudar.

Na minha turma, há uma menina de etnia cigana. No início

tínhamos medo dela por ela ser um bocado diferente. Mas aos

poucos e poucos começamos a gostar dela pois é uma grande

companheira de brincadeiras no recreio.

Em casa, na hora das refeições, temos uma regra: temos de

estar todos à mesa, com as mãos lavadas. O nosso jantar é

composto por verduras, carne ou peixe e uma peça de fruta como

sobremesa. Refrigerantes, só bebemos em ocasiões especiais por

causa da grande quantidade de açúcar que contém. Segundo

pesquisei na Internet, em 2010 cerca de 42 milhões de tudo

mundo, são obesas. A televisão nessa hora está sempre desligada,

porque o meu pai não gosta de distrações nesse momento em

família.

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Lá em casa, gostamos muito de ler. O meu pai gosta de livros

sobre guerras, a minha mãe gosta de romances e o meu irmão

adora ler livros sobre o universo. Eu cá gosto de ler livros infantis.

Outros valores, escrevi noutras cartas que foram enviadas

igualmente em garrafas. Pode ser que viagem para o mesmo

local.

Eu sou a Rita, tenho oito anos e desde pequena que aprendo

bons exemplos com os meus pais, com os meus amigos, com a

comunicação social, com a minha professora. Se dizem que o

mundo está cada vez pior, talvez a culpa não seja minha. De valor

em valor vou crescendo. E eu quero crescer com mais valores

dentro de mim.

E então, pessoa do futuro, quais são os teus valores?

Rita

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EB1 da Presa

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Colaboração da Biblioteca Escolar de Dume