claudio albergaria martins - pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... ·...

44
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE MATEMÁTICA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO Claudio Albergaria Martins O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM MOODLE- UFBA COMO VEÍCULO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO Salvador 2009

Upload: others

Post on 25-Jun-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE MATEMÁTICA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Claudio Albergaria Martins

O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM MOODLE-UFBA COMO VEÍCULO DE DIFUSÃO DO

CONHECIMENTO

Salvador

2009

Page 2: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Cláudio Albergaria Martins

O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM MOODLE-UFBA COMO VEÍCULO DE DIFUSÃO DO

CONHECIMENTO

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciência da Computação, Departamento de Ciência da Computação, Instituto de Matemática, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciência da Computação. Orientadora: Lanara Guimarães de Souza Co-orientadora: Claudete Mary e Souza Alves

Salvador

2009

Page 3: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Cláudio Albergaria Martins

O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM MOODLE-UFBA COMO VEÍCULO DE DIFUSÃO DO

CONHECIMENTO

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciência da Computação, Departamento de Ciência da Computação, Instituto de Matemática, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciência da Computação. Orientadora: Lanara Guimarães de Souza Co-orientadora: Claudete Mary e Souza Alves

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Ms.

____________________________________ Prof. Ms.

____________________________________ Prof. Ms.

Salvador

2009

Page 4: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

RESUMO

A Universidade Federal da Bahia, como uma Instituição Pública de Ensino Superior, está no papel de desenvolver não só a própria Universidade, mas consequentemente toda a sociedade. Uma das formas de alavancar esse desenvolvimento é promovendo a difusão do conhecimento. Tal difusão na contemporaneidade tem contado com o uso de softwares livres para ferramenta essencial. É nesse contexto que esta pesquisa tem como objetivo compreender de que forma a difusão do conhecimento vem sendo realizada na Universidade Federal da Bahia, tendo como lócus de pesquisa o projeto de educação a distância Moodle-UFBA, desenvolvido pelo Centro de Processamento de Dados – CPD, desta instituição. O Centro de Processamento de Dados da Universidade tem papel fundamental nesse processo, pois existem diversas maneiras de difundir o conhecimento no meio acadêmico, sendo uma delas, a utilização de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, nesse caso, a ferramenta Moodle-UFBA. Este trabalho mostra, através das entrevistas realizadas e da análise do Plano de Desenvolvimento Institucional e do Projeto Pedagógico Institucional, como a UFBA esquematiza o seu gerenciamento e também de que maneira ela trata essa disseminação. Finalizamos refletindo sobre as formas como esta difusão vem sendo realizada e suas possibilidades de ampliação.

Palavras-chave: Software Livre, Difusão do conhecimento, Moodle.

Page 5: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

ABSTRACT

The Federal University of Bahia, UFBA, as a public post-secondary educational institution, holds the responsibility of developing not only the university itself, but also the whole society. One way to make this development happen is promoting the diffusion of the knowledge. At present, this diffusion has been using free software as the essential tool. Hence, the objective of this research is comprehend how the knowledge diffusion has been realized at Federal University of Bahia , and the e-learning project Moodle-UFBA is the primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this institution. The CPD of the university is fundamental in this process, because there are many ways of diffusing the knowledge in the academic environment. One way is the use of a Virtual Learning Environment, in this case, the Moodle-UFBA tool. This paper shows, through interviews realized and the analyses of the Institutional Development Plan and the Institutional Pedagogic Project, how UFBA traces its management and also how this dissemination is treated. Finally, it is presented a reflection about the ways the diffusion is being realized and the expansion possibilities.

Keywords: Free Software, Knowledge's diffusion, Moodle.

Page 6: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 7

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 8

INTRODUÇÃO 9

PERCURSO METODOLÓGICO 11

1. CONHECIMENTO LIVRE: O MOODLE NA EDUCAÇÃO A DISTÂ NCIA DA

UFBA 13

1.1 Conhecimento e conhecimento livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.2 Software Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.2.1 Liberdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.2.2 Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1.2.3 Vantagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1.2.4 Licença Copyright x Copyleft . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

1.3 Ensino a Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

1.4 Moodle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

1.4.1 Origem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

1.4.2 Gestão do projeto Moodle-UFBA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

2. DIFUSÃO DO CONHECIMENTO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA 32

2.1 Papel da Universidade Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.2 UFBA (PDI E PPI) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3. O PROJETO MOODLE-UFBA COMO VEÍCULO DE DIFUSÃO DO

CONHECIMENTO 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS 40

REFERÊNCIAS 41

APÊNDICE 44

Page 7: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

LISTA DE FIGURAS

1.1 Tux, símbolo do Software Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.2 Tela do Moodle-UFBA especificando algumas funcionalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

1.3 Home do Moodle-UFBA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Page 8: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

EAD – Ensino a Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Moodle - Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

PPI - Projeto Pedagógico Institucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

IBM - International Business Machines . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

MIT - Massachusetts Institute of Technology . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

FSF – Free Software Foundation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

GNU – GNU’s Not Unix . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

GCC – GNU Compiler Collection . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

SO – Sistema Operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

NSA - National Security Agency . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

GPL - General Public License . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

LDB - Lei de Diretrizes e Bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

LMS – Learning Management Systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

TIC - Tecnologia de Informação e Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

UAB - Universidade Aberta do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Page 9: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

INTRODUÇÃO

O papel da Universidade Pública no âmbito acadêmico e social tem fundamental

importância na formação de conhecimentos dentro da sociedade. Este papel não está somente

vinculado à capacitação dos alunos em seus respectivos mercados de trabalho, como também

ao desenvolvimento de conteúdo, através das produções científicas que envolvem interesses

de toda a coletividade.

O conteúdo construído em artigos científicos, publicações em revistas nacionais e

internacionais e até mesmo em atividades acadêmicas corriqueiras, pelo fato de ter a

característica de ser um conhecimento de qualidade, deixa a Universidade, com a

responsabilidade de uma instituição de ensino público, com o propósito de difundir esse

conhecimento.

No passado recente, pelo fato de não se ter um grande avanço tecnológico, as pessoas

utilizavam muito as bibliotecas. Os estudantes ficavam limitados a somente o material que ali

estava à disposição, provavelmente também não tinham acesso a materiais que são produzidos

em todo o mundo, principalmente os mais recentes.

Entretanto, atualmente, com o mundo globalizado, tornou-se necessário, que as

informações fossem disseminadas para um maior número de usuários, em uma maior

quantidade e em um menor espaço de tempo. Esses avanços só foram possíveis, graças à

expansão em nível mundial dos computadores. Os e-mails tornaram-se tão populares, quanto

os números de telefones e os celulares são ferramentas indispensáveis ao dia a dia de qualquer

usuário.

Todavia, tanta tecnologia obrigou a uma mudança de atitude dos leitores, uma vez que,

uma boa parte das informações que são veiculadas, carece de confirmação, e muitas vezes

criam falsas tendências e posicionamentos, em virtude dessa baixa confiabilidade. Os usuários

são bombardeados a todo tempo, por informações que não agregam valor, e que, no entanto,

no tempo da livraria, por terem acesso a livros e revistas, com escritores e autores

referendados, esses riscos de informação defeituosa, praticamente inexistia.

O mundo ficou pequeno, a comunicação via satélite aproximou os povos, em uma

tendência praticamente irreversível, trazendo dentre, outros benefícios, a democratização da

informação. Essa tendência também se reflete nas classes sociais menos abastadas, criando

Page 10: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

um ambiente favorável à inclusão social, que também é um dos papéis de uma Instituição de

Ensino Público.

A computação tem uma participação de fundamental importância nessa nova forma

de veicular o conhecimento. Uma das tecnologias criadas foi o Ambiente Virtual de

Aprendizagem - AVA. Tal ambiente é capaz de propagar muita informação, porém,

diferentemente da Internet, esse conteúdo é filtrado e qualificado, de acordo com o assunto

que está sendo tratado. Tudo isso seguindo os princípios da interatividade de aprendizagem

colaborativa, que são os pilares da Educação a Distância - EAD.

Nesse contexto o Centro de Processamento de dados da Universidade Federal da

Bahia, em 2005, deu início ao projeto Moodle-UFBA, como forma de dinamizar a

educação a distância na Universidade e ao mesmo tempo oferecer um recurso pedagógico

poderoso para o ensino presencial, entre outros motivos pela sua capacidade de difundir

conhecimentos. Diante dessa realidade, trazemos o problema de pesquisa, como a difusão

do conhecimento vem sendo realizada na Universidade Federal da Bahia, no âmbito do

projeto EAD/MOODLE/UFBA?

Este trabalho tem como objetivo geral analisar de que forma a difusão do

conhecimento vem sendo realizada na UFBA, tendo como lócus de pesquisa o projeto de

educação à distância Moodle-UFBA, desenvolvido pelo Centro de Processamento de Dados

– CPD. Como objetivos específicos, pretendemos identificar o conceito e as principais

características da difusão do conhecimento em ambientes virtuais de aprendizagem;

compreender como a UFBA trata a questão de difusão do conhecimento sob o ponto de

vista institucional, qual o papel do projeto Moodle-UFBA neste contexto.

Este trabalho está distribuído da seguinte forma: o capítulo 1 apresenta os principais

conceitos relacionados ao tema: Conhecimento, Software Livre, Ensino a Distância e

Moodle. O capítulo 2 apresenta o papel da Universidade Pública, e o conceito de difusor de

conhecimento. O capítulo 3 apresenta uma pesquisa de campo, analisando como o Moodle-

UFBA contribui para esta difusão. Finalizando, mostro as conclusões sobre a pesquisa de

campo.

Page 11: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

PERCURSO METODOLÓGICO

A origem desse projeto surgiu com a inquietação sobre a Universidade, como uma

instituição Pública, diante do dever de compartilhar seus conhecimentos e experiências com

a comunidade; o que me levou à seguinte problematização: como a difusão do

conhecimento ocorre na UFBA, dentro do projeto Moodle-UFBA? Com a finalidade de

responder a essa indagação, foi utilizada a pesquisa descritiva. Segundo Marconi & Lakatos

(2007), a pesquisa descritiva:

[...] consiste em investigações de pesquisa empírica cuja principal finalidade é o delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou o isolamento de variáveis principais ou chave (MARCONI & LAKATOS, 2007).

Conforme Gil (2007), em relação à pesquisa descritiva:

[...] tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. [...] Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. [...] São pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a existência de associações entre variáveis (GIL, 2007).

O local de estudo e coleta de dados é o Centro de Processamento de Dados – CPD

da Universidade Federal da Bahia, que é onde o Projeto Moodle-UFBA foi criado, e onde

se encontram os gestores. Esta Monografia tem um objetivo geral, que é fazer uma pesquisa

descritiva para saber se a difusão do conhecimento está sendo aplicada no âmbito do

projeto Moodle-UFBA. Com o intuito de saber essa resposta, se fez necessário dividi-lo em

três objetivos específicos.

Primeiramente uma pesquisa bibliográfica para que alguns conceitos fossem

esclarecidos, como Software Livre, Ensino a Distância, Moodle, Moodle-UFBA e

Conhecimento.

Em seguida, como segundo objetivo específico, foi feita uma análise do papel da

Universidade Pública, para saber como ela deve se comportar em relação ao quesito difusão

do conhecimento. Para tanto analisamos dois documentos oficiais fundamentais na UFBA,

Page 12: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

o seu Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI e o seu Plano Pedagógico Institucional

- PPI.

Posteriormente, o terceiro objetivo específico foi uma pesquisa de campo com

questionário, para saber como o projeto Moodle-UFBA contribui para a difusão do

conhecimento na Universidade e avaliar qual o papel e participação dos gestores do

Moodle-UFBA nesse processo. Nesse questionário consta análise sociodemográfica (sexo,

faixa etária, escolaridade e tempo de trabalho no projeto Moodle-UFBA) e perguntas sobre

o Moodle-UFBA, difusão de conhecimento, dentre outras. O questionário está no Apêndice

dessa Monografia.

Como resultado desses três objetivos específicos, torna-se possível responder como

a UFBA, uma Instituição de Ensino Superior Pública, mediante o projeto Moodle-UFBA

pode cumprir com seu papel na difusão do conhecimento.

Page 13: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

1 CONHECIMENTO LIVRE: O MOODLE NA EDUCAÇÃO À

DISTÂNCIA DA UFBA

O avanço tecnológico permitiu que a educação à distância, possa se apoiar em ferramentas de interação (fórum, bate-papo, mensagens, blog e wikis, dentre outros), transformando os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) de mero acesso à informação a locais para produção de conhecimento.

Gilvandenys Leite Sales

Esta seção faz uma abordagem sobre os temas que envolvem o objeto do estudo, de

forma a discutir os conceitos básicos sobre o que será explicado nas outras seções.

Primeiramente serão mostrados alguns conceitos e propriedades sobre conhecimento e

Software Livre. Por fim uma explicação sobre Educação a Distância e Moodle, tratando

também do Moodle-UFBA.

1.1 CONHECIMENTO

Nesse projeto, se faz necessário o conceito de difusão do conhecimento. Todavia,

para se definir difusão de conhecimento, é preciso antes a definição do que é

conhecimento. Existe muita divergência sobre a definição desse conceito. Desde a Grécia

do período clássico, na história da Filosofia, busca-se o significado da terminologia

conhecimento (SAVI et al, 2003).

Soffner afirma que a definição de conhecimento é:

[...] conhecimento é o recurso chave das tomadas de decisão inteligentes, previsões, projetos, planejamentos, diagnósticos, análises, avaliações e julgamentos intuitivos. É criado e compartilhado entre mentes individuais e coletivas. Não surge de bancos de dados, mas aparece com a experiência, sucessos, falhas e aprendizagem (SOFFNER, 2002).

Já Grant (1996), sobre a definição de conhecimento, diz que existem tantas vertentes

de conhecimento, que desde os primórdios dos tempos há controvérsias. Diferentes autores,

cada um adaptando o conceito de conhecimento para a sua área de atuação no trabalho.

Page 14: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Percebe-se então que, dentre as inúmeras definições de conhecimento, basta encontrar uma

que se adéque ao que se está envolvido.

Uma definição que é interessante sobre conhecimento é a de Davenport & Prusak

(1998):

[...] conhecimento é uma mistura fluida de experiências, valores, informação contextual e intuição, formando um framework (um “cenário”) na mente de uma pessoa que a habilita a interpretar, avaliar e tomar decisões, acerca de casos, experiências e/ou informações (DAVENPORT & PRUSAK 1998).

Existem também dois tipos diferentes de conhecimento, chamado de Categorias de

Conhecimento, conforme Nonaka & Takeuchi, (1997); o conhecimento Tácito e o

Explícito:

� O Tácito: pessoal, conteúdo-específico, complicado de formalizar, articular

ou registrar na cabeça das pessoas. Desenvolvido por tentativa e erro da

prática.

� O Explícito: pode ser codificado e transmitido em linguagem formal e

sistemática: documentos, Bancos de Dados, Web, e-mails, gráficos, etc.

Nonaka & Takeuchi, (1997) também afirmam que para se criar o conhecimento é

necessário ter um processo reflexivo que envolva tanto o pensamento racional quanto o

empírico, tanto a análise quanto a experiência, assim como a mente e o corpo e também o

implícito e explícito.

1.2 SOFTWARE LIVRE

Figura 1.1: Tux, símbolo do Software Livre

Page 15: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

A IBM, a potência mundial na década de 1960, juntamente com seus concorrentes,

comercializava seus computadores, entregando ao cliente, também o código-fonte,

possibilitando-o fazer as modificações que ele pudesse achar necessário.

Entretanto, no fim da década de 70, a quantidade de usuários cresceu

vertiginosamente, assim como as aplicações. Logo, chegou o ponto em que o Software era

mais importante que o Hardware, com isso, passou-se a comercializar os Softwares, com o

código-fonte fechado, impedindo assim a sua distribuição (HEXSEL, 2003).

De acordo com Silveira, sobre o Software Livre:

[...] é a maior expressão de imaginação dissidente de uma sociedade que busca mais do que a sua mercantilização. Trata-se de um movimento baseado no princípio do compartilhamento do conhecimento na solidariedade praticada pela inteligência coletiva conectada na rede mundial de computadores (SILVEIRA, 2003).

Já Roberto A. Hexsel define o Software Livre dessa maneira:

A grosso modo, software livre é definido como o software cujo autor o distribui e outorga a todos a liberdade de uso, cópia, alteração e redistribuição de sua obra. A liberdade de uso e alteração somente é viabilizada pela distribuição dos programas na forma de texto legível por humanos, isto é, com seu código-fonte, bem como no formato executável por um computador. Além do código-fonte, o autor do programa outorga a liberdade para que outros programadores possam modificar o código original e redistribuir versões modificadas. O modelo de desenvolvimento de software livre possui uma série de características que são distintas dos modelos de desenvolvimento empregados na indústria (HEXSEL, 2003).

O Software Livre vem se disseminando desde 1985. Iniciou-se quando um

integrante do MIT (Massachusetts Institute of Technology), chamado Richard Stallman,

indignado com a proibição de se obter acesso ao código-fonte de um Software, que

fatalmente é desenvolvido reunindo conhecimentos de tantos outros programadores,

resolveu criar a Free Software Foundation (FSF). Com o tempo, essa comunidade ganhou

força, e hoje ela é desenvolvedora e mantenedora de diversos Softwares. Segundo o próprio

fundador da FSF:

Eu acredito que a regra de ouro exige que, se eu gosto de um programa, eu devo compartilhá-lo com outras pessoas que gostam dele. [...] Eu não posso, com a consciência limpa, assinar um termo de

Page 16: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

compromisso de não-divulgação de informações ou um contrato de licença de software. Por anos eu trabalhei no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT para resistir a estas tendências, mas eventualmente elas foram longe demais: eu não podia permanecer em uma instituição onde tais coisas eram feitas a mim contra a minha vontade (RICHARD STALLMAN, 1985).

Richard Stallman iniciou seu trabalho, desenvolvendo um Sistema Operacional

completo. Tendo em vista que um Sistema Operacional não é somente um kernel e sim uma

série de aplicativos e utilitários, de código-fonte aberto, baseado na lógica do sistema

UNIX, que era um software proprietário. Daí surgiu o nome do projeto. Esse projeto é

denominado de Projeto GNU – GNU’s Not Unix.

O fundador da FSF também deixou outro legado. Ele publicou o Manifesto GNU.

Neste Manifesto era exposta a finalidade do Projeto e toda a definição do que é o Software

Livre. Essa publicação é considerada o marco filosófico do Software Livre (Richard

Stallman, 1985).

No Manifesto, Stallman mostrou também o que já havia sido produzido, e qual era o

seu objetivo. Mostrou as deficiências que tinham que ser retificadas. Com isso ele pediu

auxílio a vários outros programadores, para que fosse possível realizar essa grande

empreitada. E desse contingente de desenvolvedores, alguns programas foram criados,

como o editor de texto Emacs com Lisp, o compilador GCC e mais cerca de 35 utilitários

(http://www.gnu.org/gnu/manifesto.html).

A força do Software Livre começou pequena, disponibilizando poucos e simples

programas e ferramentas. Como o código-fonte era aberto, os usuários, além de utilizarem o

software, também poderiam estudá-lo, modificá-lo.

1.2.1 LIBERDADE

É Justamente a liberdade, a principal característica do Software Livre. Para que um

software seja considerado livre, têm que ser atendidas quatro tipos de liberdades para o

usuário, definidas pelo Free Software Foundation. Essas liberdades foram retiradas do site

do GNU (www.gnu.org):

� (Liberdade N° 0) A liberdade de executar o programa para qualquer

propósito;

Page 17: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

� (Liberdade N° 1) A liberdade de estudar como o programa funciona, e

adaptá-lo para as suas necessidades. Acesso ao código-fonte é um pré-

requisito para que esta liberdade seja atendida;

� (Liberdade N° 2) A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa

ajudar ao seu próximo;

� (Liberdade N° 3) A liberdade de modificar o programa, e liberar estas

mudanças, de modo que toda a comunidade se beneficie. Novamente o

acesso ao código-fonte é pré-requisito para essa liberdade;

Tendo um software essas características, que são conferidas pelos desenvolvedores

do programa, e o livre acesso ao código-fonte, ele se torna um bem público, que será

disponibilizado para toda a comunidade, para ser utilizado da maneira que for mais

conveniente.

1.2.2 EVOLUÇÃO

Nos últimos anos, a tendência do Software Livre ganhou força e consistência no

mercado, alcançando uma penetração, em alguns nichos, que antes era inimaginável. Os

desenvolvedores de Software Livre estão espalhados pelo mundo. Acredita-se que sejam

em torno de 100 mil programadores e projetistas responsáveis pelo sucesso do Software

Livre. Sendo que, a maior parte desses desenvolvedores, trabalha gratuita e

espontaneamente em um ou mais projetos pela Internet. Supõe-se também que há mais de

10 milhões de usuários de Sistemas Operacionais, e/ou ferramentas de Software Livre

(HEXSEL, 2003).

Alguns dos nichos que o Software Livre alcançou foram as empresas IBM e

Hewlet-Packard. Essas empresas começaram a injetar capital na produção de Software

Livre e em serviços para usuários de Software Livre.

Com esse contingente expressivo de usuários e desenvolvedores, e com a qualidade

dos produtos, torna-se desnecessário dizer que o Software Livre obteve sucesso. É um

caminho sem volta, já está consolidado no mercado moderno.

1.2.3 VANTAGENS

Page 18: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Essas liberdades de uso, cópia, modificação e redistribuição, tornam o Software

Livre mais vantajoso que o Software proprietário em diversos aspectos. O mais importante

É justamente O acesso ao código-fonte. Pois é através desse acesso que se torna possível o

estudo e a modificação do código-fonte. E também não deixa o usuário submisso aos

softwares proprietários.

O Software proprietário, ao contrário do Software Livre, só visa o lucro, e com isso,

fica sujeito a algumas deficiências que são impostas pelo mercado (HEXSEL, 2003):

� São postas algumas funcionalidades desnecessárias e inúteis.

� Os produtos são criados com obsolescência programada, para que sejam

necessárias novas atualizações do mesmo.

� O mercado exige o produto com a maior rapidez e eficiência possível, e a

empresa visando apenas o lucro, não se preocupa em fazer toda a bateria de

testes necessária, para que os bugs possam ser retificados. Com isso os

produtos que são desenvolvidos para atender ao mercado são cheio de erros

de programação e instáveis.

Já com o Software Livre é bem diferente. O objetivo não é apenas a comercialização

do produto, mas sim que ele consiga suprir a necessidade dos usuários.

No Software Proprietário, os programas são testados pela própria empresa, e o

usuário tem pouca participação na melhoria do software. Além do fato do programa já ter a

obsolescência programada.

No Software Livre, boa parte dos usuários participa dos testes do produto, pois basta

alguém perceber alguma deficiência no software utilizado, ou até mesmo indicar uma

melhoria e propor a comunidade tal mudança. Com esse contingente muito maior de

pessoas testando, e com uma resposta muito mais rápida dos desenvolvedores, em relação

às melhorias, o programa está sempre atualizado. Não existe a necessidade de ludibriar o

cliente, e depois o forçar a adquirir o produto, com as atualizações que se dizem vantajosas.

Existem algumas razões para se utilizar o Software livre, em detrimento ao Software

Proprietário, dentre elas (BORGES & GEYER):

� Maior segurança: acesso ao código fonte permite auditoria. Um indicador da

importância da segurança é o SO GNU/Linux da National Security Agency

(NSA).

Page 19: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

� Menor custo: a licença GPL da FSF permite um número ilimitado de cópias.

� Maior qualidade: o código aberto permite um maior estudo e bateria de

testes.

� Maior flexibilidade: as adaptações são permitidas, graças ao acesso ao

código fonte.

� Desenvolvimento Auto-Sustentável: pelo desenvolvimento econômico com

inclusão social.

A adaptação também é um fator importante. Em um software proprietário, o usuário

tem que aceitar o produto, da maneira que ele foi feito, não existe chance de modificá-lo. Já

se utilizando Software Livre, há a possibilidade de adequar o programa a necessidade do

usuário, ou da comunidade. Basta que um desenvolvedor estude o código fonte e o

modifique, adaptando-o para a necessidade que for conveniente.

1.2.4 LICENÇA COPYRIGHT x COPYLEFT

Para que um Software seja considerado livre, basta que ele seja de domínio público,

no caso, sem Copyright. Essa técnica permite que exista o compartilhamento de melhorias

do programa entre a comunidade, e que o programa seja estudado, modificado e

reproduzido (http://www.gnu.org/licenses/licenses.pt-br.html).

Entretanto, o Software sendo de domínio público permite também, que qualquer

pessoa, que faça uma grande, ou mínima modificação, possa depois distribuí-lo em forma

de Software Proprietário.

A finalidade do projeto GNU é que todos tenham o direito de compartilhar os

Softwares, tendo acesso ao código-fonte. Todavia, o projeto não queria que o produto

pudesse se tornar proprietário repentinamente.

Para continuar mantendo a liberdade do Software Livre, e impedir ações de

apropriação, o projeto GNU, ao invés de deixar o Software em domínio público, optou por

transformá-lo em Copyleft (http://www.gnu.org/licenses/licenses.pt-br.html).

Copyleft nada mais é que um trocadilho com a proposição Copyright. Ao traduzi-lo,

percebe-se que o significado, ao pé da letra é: “deixar copiar”. Porém, não são todos os

Softwares Livres que são Copyleft.

Page 20: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

O Copyleft garante a maior característica do Software Livre. No caso, a

possibilidade de qualquer pessoa utilizar um programa, e poder modificar, estudar e

distribuir. Ao distribuí-lo, que a nova versão também possa ter todas essas liberdades.

Para que um programa seja Copyleft, primeiramente é necessário que ele tenha o

Copyright registrado. A partir daí, são incrementados termos de distribuição, que é uma

ação legal, que permite a qualquer pessoa usar, estudar, modificar e compartilhar o

programa, ou uma versão modificada do mesmo, contanto que os termos de distribuição

não sejam alterados (http://www.gnu.org/licenses/licenses.pt-br.html).

Há uma grande quantidade de Softwares que têm sua licença para bloquear a

liberdade de distribuição, uso e compartilhamento, são os Softwares proprietários. A idéia

do projeto GNU era exatamente o oposto.

O Copyleft tem um entendimento muito genérico, sendo possível editá-lo de várias

maneiras. A adaptação que o projeto GNU fez, acabou por criar a General Public License.

Por motivo de prevenção, contra aproveitadores e oportunistas, a Free Software

Foundation criou a General Public License – GPL, ou simplesmente, Licença Pública

Geral. A GPL chegou com o intuito de impedir que os softwares fossem apropriados e/ou

patenteados por alguém, e que esse, mais uma vez impedisse o compartilhamento do

código-fonte. A GPL predomina na maior parte dos Softwares da FSF e qualquer

desenvolvedor que concorde em utilizá-la (HEXSEL, 2003).

1.3 ENSINO A DISTÂNCIA

Antes de iniciar este tópico, se faz necessário saber a diferença entre Ensino a

Distância e Educação a Distância. O Ensino a Distância é a nomenclatura correta de se

utilizar, pois a Educação, na verdade é algo que tem que partir do próprio indivíduo,

tornando a expressão (Educação a Distância) inapropriada (COSTA; FARIA, 2008).

Segundo Costa e Faria (2008), quanto a Educação a Distância:

A Educação a Distância (EAD) no Brasil é considerada, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, como a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação”. Importante frisar que o conceito de EAD como a própria EAD, vem sofrendo alterações à medida que novas teorias, novas mídias, novos métodos de ensino estão sendo desenvolvidos (COSTA; FARIA, 2008).

Page 21: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

De fato, o Ensino a Distância é um evento de aprendizado, sem o compartilhamento

de um mesmo ambiente físico (sala de aula) entre o aluno e o professor. Onde os

integrantes (professor, Tutor, monitor, aluno, administrador, etc) desse evento possam se

comunicar de alguma forma, seja ela por correspondência, radiodifusão, televisão, ou

ambientes computacionais.

Muitos países, principalmente os que possuem grande extensão territorial,

geralmente criam um obstáculo ao ensino, que é à distância, porque nem sempre se tem

uma escola ou faculdade nas proximidades do lar. Outro obstáculo, talvez até maior que a

distância, é o tempo, que está cada vez mais escasso, tornando muito difícil a conciliação

do trabalho e do estudo. Foi dessa necessidade de qualificação profissional de milhões de

pessoas, aliada com os empecilhos de tempo e distância, que nasceu o EaD

(http://www.institutouniversal.com.br/).

Há indícios de que agricultores e pecuaristas europeus aprendiam, por

correspondência, como plantar ou qual a melhor forma de cuidar do rebanho, isso no século

XIX, por volta de 1850. Indo mais além, em 1840, houve um curso regular de taquigrafia

por correspondência (http://www.eadnobrasil.com.br/noticia.php?id=205&secao=1).

Entretanto, o EaD só veio ser implantado no Brasil, no início do século XX, em

torno de 1904. Todavia, eram instituições privadas internacionais, que forneciam esses

cursos por correspondência para os brasileiros (COSTA; FARIA, 2008).

Em outubro de 1939, um imigrante Húngaro chamado Nicolás Goldberger começou

a dar um curso EaD por correspondência e acabou por ter sucesso, e com isso ele fundou a

empresa brasileira pioneira no Ensino a Distância: o Instituto Monitor

(http://www.institutomonitor.com.br/?gclid=CPfBuNu3lJsCFYZM5Qod4l5jqA).

A partir daí, essa modalidade de ensino se disseminou e novas vertentes começaram

a surgir, como curso por rádio, pela televisão (Telecurso) e até outras empresas de EaD por

correspondência, como foi o caso do Instituto Universal, que juntamente com o Instituto

Monitor, está em funcionamento até os dias atuais.

Entretanto, nenhuma dessas modalidades de Ensino a Distância conseguiram

abranger um grande público e obter realmente o sucesso. Somente com a disseminação dos

computadores e principalmente da Internet, é que o Ensino a Distância começou a “ganhar

corpo” e passou realmente a fazer parte da vida de muitos brasileiros. A internet foi a

propulsão que faltava para o EaD se consolidar como modalidade de ensino.

Page 22: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Conforme Pires(2002), a Internet tem uma importância muito relevante no âmbito

da sociedade atual:

A internet, como dimensão imponderada de conhecimento e difusão de informações, passa a ocupar um lugar de extrema importância na sociedade contemporânea. Trata-se de uma mídia extremamente interativa, onde o receptor pode manter um contato direto com o emissor e, mesmo com tanta interatividade no mundo virtual, este mantém presente, características midiáticas fortes como a ligação entre informação, entretenimento e publicidade (PIRES, 2002).

Devido à facilidade da transmissão de materiais e documentos, que a internet

proporciona, ela foi ganhando credibilidade e grande aceitação dos alunos. Com isso, foram

surgindo ferramentas que favoreciam o uso da internet para o EaD.

Alguns exemplos dessas ferramentas de gerenciamento do ambiente virtual de

aprendizagem são: ATutor, o Dokeos, o brasileiro TelEduc (produzido na Unicamp) e o

Moodle (BELINE, 2005).

Segundo Ribeiro (2007), a definição de AVA é:

Os AVAs geralmente são desenvolvidos por instituições acadêmicas ou empresas privadas. Eles fornecem aos participantes ferramentas a serem utilizadas durante um curso, para facilitar o compartilhamento de materiais de estudo, manter discussões, coletar e revisar tarefas, registrar notas, promover a interação entre outras funcionalidades. Eles contribuem para o melhor aproveitamento da educação e aprendizagem na EAD, pois oferece diversos recursos para a realização das aulas e interações entre professores e alunos (RIBEIRO, 2007).

Esses softwares são conhecidos como LMS – Learning Management Systems

(Sistemas de Gerenciamento de Aprendizagem) ou simplesmente AVA - Ambiente Virtual

de Aprendizagem. São plataformas compostas por uma gama de componentes, que são os

responsáveis pelo gerenciamento de informações e de conteúdo, além de ser responsável

pela comunicação e interação dos usuários e tutores presentes (http://www.moodle.ufba.br).

Através do AVA que é possível realizar um curso a distância. É nesse ambiente que,

os professores e/ou tutores irão depositar os materiais de estudo, seja ele um vídeo, uma

planilha, uma imagem ou um texto. É ele que torna possível também a comunicação entre

os alunos, e entre os alunos e os tutores/professores. O AVA utilizado nessa monografia é o

Moodle, e será abordado mais adiante (http://www.moodle.ufba.br).

Page 23: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Nos cursos a Distância, diferentemente do presencial, é necessário que o aluno tenha

muita disciplina, para conseguir aprender e fazer um curso com qualidade. Isso se deve ao

fato do aluno ter que aprender praticamente tudo por conta própria. Não existe mais a figura

do professor para ensinar, com o quadro e perguntas no fim da aula (RIBEIRO et al, 2007).

É de se questionar até, que um curso a distância não seja o ideal para um grupo de

adolescentes e/ou crianças. Isso se deve ao fato de que se exige um bom grau de

maturidade, que só se atinja a partir de certa idade. O aluno tem que ser capaz de balancear

muito bem o seu tempo livre, para aliado a disciplina de estudo, conseguir cumprir a

demanda que um curso de Ensino a Distância exige.

Os alunos de um curso a distância, na maioria das vezes, só têm uns aos outros para

contarem e se apoiarem na busca de resoluções das dificuldades que irão surgir no dia-a-

dia. Uma das principais características que um aluno de EaD tem que ter, é a integração,

agregação, a capacidade de trabalhar em grupo. O senso de dividir informações e

conhecimentos é fundamental, pois é do próprio grupo, que irão sair as respostas dos

questionamentos que fatalmente surgirão com o decorrer das atividades (CORTELAZZO,

2008).

O mais irônico nessa modalidade de ensino, é que a integração entre os alunos é

muito maior do que no ensino presencial. Mesmo não tendo um contato visual diário,

acaba-se por criar um vínculo entre os integrantes, devido ao fato da necessidade de se

relacionar. Mesmo não freqüentando uma sala de aula, e se vendo todos os dias, como

acontece rotineiramente com os alunos de ensino presencial, os alunos do EaD conseguem

criar laços mais firmes de confiança, pois eles precisam disso, devido ao fato de eles não

terem com quem contar (JORNAL NACIONAL, 2009).

Devido a essas “dificuldades” que são geradas, como não terem aula, por

conseqüência não anotarem nada, não terem a figura de um professor para dar as

coordenadas, é que os alunos do EaD têm que ter um perfil muito mais pró-ativo, do que os

alunos do ensino presencial (CORTELAZZO, 2008).

Os alunos têm que ser independentes, pois não dá para ficar esperando o professor

dar a resposta, como ocorre geralmente em uma sala de aula. Tem que ter disposição e

criatividade para executar as buscas na Internet, se comunicar com os colegas, estudar por

conta própria, e assim, realmente aprender e conseguir realizar as atividades que a eles são

delegadas (RIBEIRO et al, 2007).

Se os alunos não tiverem essa independência e motivação para buscarem as

respostas, ficarão estagnados no conhecimento, e não conseguirão fazer um bom curso.

Page 24: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Um ponto de vista equivocado, que foi criado em cima do EaD, é a idéia de que este

tipo de curso é mais fácil e que não prepara nem avalia o aluno de forma correta. Acredita-

se que o aluno está fazendo o curso EaD porque não foi capaz de ingressar em uma

faculdade de ensino presencial. Também existe o preconceito que um curso EaD não tem o

mesmo peso de um curso presencial (JORNAL NACIONAL, 2009).

Nesse quesito, muita gente se engana. O aluno de EaD, em muitas ocasiões, é mais

qualificado que o aluno do ensino presencial. Devido ao fato do aluno de EaD não possuir

professor nem aulas presenciais, ele consegue adquirir habilidade de resolver problemas de

maneira muito mais elegante e eficiente. Consegue sair de situações de dificuldade com

mais facilidade, que o aluno de ensino presencial. Isso se deve ao fato dele ser muito mais

independente nas oportunidades em que se encontra em dificuldade (CORTELAZZO,

2008).

Talvez a melhor qualidade do EaD, para o aluno, seja a possibilidade de não ter que

se locomover até a Instituição de ensino. O aluno faz tudo no aconchego do lar. Podendo ter

liberdade para estudar e fazer as atividades no instante que achar mais conveniente. Não se

prende a horários nem a trânsito. Todavia, é preciso ter maturidade para não ficar

“deixando pra lá” e acabar se perdendo nos estudos e prazos.

O preço de um curso EaD é mais acessível, do que no ensino presencial. Pois

praticamente todo o custo fica a cargo do aluno. Internet e computador em casa. A

Instituição de Ensino não tem que se preocupar com os custos da infra-estrutura, como

cadeiras, mesas, quadros, luz, água, e diversos gastos. A Instituição só se preocupa com o

material didático e o acompanhamento no Ambiente Virtual, feito pelos tutores e

professores (JORNAL NACIONAL, 2009).

O custo inicial do aluno é grande, pois tem que comprar computador, pagar a

internet, etc. Entretanto, esse custo só é um pouco caro no início, em longo prazo, o valor se

“dissolve” tornando o investimento atrativo (JORNAL NACIONAL, 2009).

Devido ao baixo custo e a comodidade de desempenhar a função de aluno no

aconchego do lar, acabou a desculpa da população de dizer que não tem chance de se

graduar, que não tem oportunidade de se especializar. Não pode dizer que, está sem tempo

pra cursar faculdade, que a distância atrapalha. Basta querer se qualificar, pois o EaD

chegou para amenizar as dificuldades, e chegou para ficar, pois já se enraizou no Sistema

de Educação do País, e só tende a crescer e melhorar ainda mais seu serviço.

Page 25: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

1.4 MOODLE

O Moodle, que tem como fundador um australiano, chamado Martin Dougiamas

(http://dougiamas.com/), é um ambiente em que se utiliza a internet ou intranet, de forma

sistematizada, que veicula informações pré-estabelecidas, com requisitos pré-definidos,

com um objetivo específico.

A definição de Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment)

segundo Beline:

O Moodle é um software para produzir e gerenciar atividades educacionais baseadas na Internet e/ou em redes locais. É um projeto de desenvolvimento contínuo pensado para apoiar o construtivismo-social educacional. Conjuga um sistema de administração de atividades educacionais com um pacote de software desenhado para ajudar os educadores a obter alto padrão de qualidade em atividades educacionais on-line que desenvolvem. Uma das vantagens principais do Moodle sobre os demais sistemas é que ele é muito bem fundamentado para por em prática uma aprendizagem social-construtivista (BELINE, 2005).

O principal foco do projeto Moodle é disponibilizar aos educadores e acadêmicos a

melhor ferramenta de gerenciamento de cursos. Muitas instituições de ensino utilizam essa

plataforma para produzirem cursos completamente on-line. Este AVA tem a característica

de permitir uma grande escala de estudantes, cerca de centenas, e até milhares. Os usuários

utilizam também os componentes ativos no Ambiente, como o fórum, Wikis, chats, etc, e

acabam por produzirem uma gama de conhecimento acerca do assunto ou matéria estudada

(http://moodle.org/about/).

O Moodle roda sem problemas nos Sistemas Operacionais Unix, Linux, Windows,

Mac OS X, Netware e ainda, em qualquer SO que suporte PHP. MySQL e PostgreSQL são

os Bancos de Dados que armazenam os dados, mas o Oracle, Access, Interbase ODBC e

outros da mesma forma podem ser utilizados. Existem mais de 50 traduções da ferramenta,

dentre os idiomas, o Português, alemão, chinês e outros.

O Moodle tem um portal (http://www.moodle.org), que figura como uma central de

informações, debates, etc. Esse portal é alimentado por professores, pesquisadores,

administradores de sistema, designers e, principalmente, programadores. E são esses

mesmo participantes que desenvolvem o Moodle, através de uma comunidade

(CASTILLO, 2005).

Page 26: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Segundo Castillo, quanto à filosofia do Moodle:

O desenvolvimento do ambiente Moodle foi norteado por uma filosofia de aprendizagem - a teoria sócio construtivista (Social Constructivism). O sócio construtivismo defende a construção de idéias e conhecimentos em grupos sociais de forma colaborativa, uns para com os outros, criando assim uma cultura de compartilhamento de significados (CASTILLO, 2005).

A filosofia do Moodle é totalmente condizente com a proposta desse projeto. Pois o

projeto busca justamente o compartilhamento e difusão do conhecimento, e é o que prega a

teoria sócio construtivista do Moodle.

A licença do Moodle é a GNU General Public License, de acordo com a Free

Software Foundation, que já foi explicada anteriormente nesse trabalho. O Moodle é um

Software Open Source, ou seja, é livre para estudar, usar, modificar e até mesmo distribuí-

lo. Ele tem também como característica ser Copyright de Martin Dougiamas (BELINE,

2005).

1.4.1 ORIGEM

No princípio da década de 90, o Webmaster, Martin Dougiamas, era o responsável

pela administração do Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem da Curtin University of

technology (Universidade Tecnológica de Curtin). Ele conhecia muitas pessoas de

instituições de ensino e essas pessoas queriam uma melhor utilização da internet, mas não

tinham idéia de como fazer, pois havia muitas ferramentas tecnológicas e pedagógicas na

época (OLIVEIRA, 2008).

Dougiamas queria fornecer a essas pessoas, uma ferramenta que fosse livre e

gratuita, para que ingressassem de vez no mundo on-line. Com isso, ele já tendo

experiência sobre as teorias da construção do conhecimento e natureza de aprendizagem e

da colaboração, aliado ao fato dele ser um graduado em Ciência da Computação, resolveu

cursar o mestrado e doutorado na área de Educação.

Tendo essa mescla de Computação com Educação, ele conseguiu embasamento

suficiente para criar a sua própria ferramenta de gerenciamento de aprendizagem. Assim foi

criado o Moodle. Foram criadas várias versões, até que a versão 1.0 foi muito bem aceita e

usada em 2002 (OLIVEIRA, 2008).

Page 27: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Inicialmente o Moodle era uma ferramenta enxuta, bem diferente das versões atuais.

Conforme Castillo (2005) a ferramenta era utilizada para realização de estudos de caso, que

analisavam a natureza da colaboração e da reflexão de pequenos grupos de estudo formados

por adultos. Só após algumas novas versões e o crescimento da comunidade de usuários,

que foram sendo incrementados novos componentes, como chats, fóruns, etc.

O AVA Moodle, para prover a comunicação, a troca de materiais e arquivos, e a

administração do curso em vigor, precisa dispor de várias tecnologias. Segundo Gonzales

(2005), as funcionalidades do AVA são divididas em quatro grupos de ferramentas:

ferramenta de coordenação, de comunicação, de produção dos alunos e a ferramenta de

administração (GONZALES, 2005).

� Ferramentas de coordenação servem de suporte para a organização de um

curso são utilizadas pelo professor para disponibilizar informações aos

alunos, tanto informações das metodologias do curso (procedimento,

duração, objetivos, expectativa, avaliação) e estrutura do ambiente

(descrição dos recursos, dinâmica do curso, agenda, etc), quanto

informações pedagógicas: material de apoio (guias, tutoriais), material de

leitura (textos de referência, links interessantes, bibliografia e etc) e recurso

de perguntas freqüentes (reúne as perguntas mais comuns dos alunos e as

respostas correspondentes do professor).

� Ferramentas de Comunicação, que englobam fóruns de discussão, bate-papo,

correio eletrônicos e conferência entre os participantes do ambiente têm o

objetivo de facilitar o processo de ensino-aprendizagem e estimular a

colaboração e interação entre os participantes e o aprendizado contínuo.

� Ferramentas de Produção dos Alunos ou de Cooperação oferece o espaço de

publicação e organização do trabalho dos alunos ou grupos, através do

portfólio, diário, mural e perfil (de alunos e/ou grupos).

� Ferramentas de Administração oferecem recursos de gerenciamento, do

curso (cronograma, ferramentas disponibilizadas, inscrições, etc), de alunos

(relatórios de acesso, freqüência no ambiente, utilização de ferramentas, etc)

e de apoio à tutoria (inserir material didático, atualizar agenda, habilitar

ferramentas do ambiente, etc). Através delas é possível fornecer ao professor

formador informações sobre a participação e progresso dos alunos no

Page 28: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

decorrer do curso, apoiando-os e motivando-os durante o processo de

construção e compartilhamento do conhecimento.

Na seqüência, uma figura que mostra a tela do Moodle-UFBA, onde ficam

evidentes alguns componentes que deixa claro a visualização de algumas funcionalidades

do AVA. Na parte central do Moodle-UFBA está um conjunto de caixas que podem

representar a seqüência das aulas, ou, caso o tutor/professor prefira, criar áreas para agrupar

conteúdos ou atividades semelhantes. Ou seja, pode-se produzir uma área de convivência,

para registrar as notícias relacionadas ao curso, um fórum para discussão geral, um chat

livre, etc. O fórum e o chat, que são ferramentas de comunicação, existem também o box de

administração que é uma ferramenta de administração e tantos outros componentes que

formam o Moodle.

Figura 1.2: Tela do Moodle-UFBA especificando algumas funcionalidades.

1.4.2 A GESTÃO DO PROJETO Moodle-UFBA

Atualmente, as Universidades vêm encarando um desafio enorme, que é de

incrementar e melhorar o seu sistema de ensino. A criação e variação de ferramentas que

Page 29: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

possibilitem esse aperfeiçoamento só vêm crescendo a cada dia. Com a chegada da TIC

(Tecnologia de Informação e Comunicação) os Ambientes Virtuais de aprendizagem têm

ganhado cada vez mais espaço e a utilização deles na Educação a Distância já uma

realidade (ALVES, 2009).

A Universidade Federal da Bahia, para acompanhar a trajetória de desenvolvimento

do sistema de ensino que está ocorrendo, optou por utilizar o Sistema de Gerenciamento de

Aprendizagem Moodle. Daí surgiu o projeto EAD/MOODLE/UFBA, que desde o princípio

se mostrou capacitado e nos dias atuais, já é um sucesso comprovado.

A seguir, uma foto da tela inicial do Moodle-UFBA, ferramenta de análise dessa

monografia.

Figura 1.3: Home do Moodle-UFBA

Inicialmente, os cursos eram entregues fechados aos professores e que por

comodidade, eles não abriam o acesso aos cursos para toda a rede. Com a intenção de

difundir o conhecimento, os gestores do projeto Moodle-UFBA passaram a entregar os

cursos abertos para os professores, e eles decidem se mantém aberto, ou se fecham o curso.

Essa foi uma manobra realizada pelos gestores que colaborou muito para que a difusão do

conhecimento crescesse no projeto.

Mesmo com essas dificuldades, o Moodle-UFBA, quando comparado com o

Moodle de outras Universidades, é o que possui mais cursos abertos para a comunidade. A

seguir um quadro com as informações sobre os cursos do Moodle-UFBA:

Page 30: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Estatísticas do Moodle-UFBA

Usuários 18421

Tutores 1386

Moderadores 340

Estudantes 8492

Visitantes 52

Cursos 649

Cursos abertos para visitantes 106

Dados coletados no site (http://www.moodle.ufba.br) em 05 de julho de 2009

Alves (2009) fala sobre o projeto EAD/MOODLE/UFBA, citando o sucesso e

explicando o papel do mesmo:

O Projeto EAD/Moodle/UFBA, coloca-se como uma experiência que tem se mostrado exitosa nesse desafio. O Projeto atua como um agente de inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem no ambiente virtual de aprendizagem Moodle; fomentando a incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e das técnicas de educação a distância aos métodos didático-pedagógicos. Além disso, promove a pesquisa e o desenvolvimento voltados para a introdução de novos conceitos e práticas de educação interativa na modalidade online (ALVES, 2009).

O CPD - Centro de Processamento de Dados, da Universidade Federal da Bahia é o

responsável pela implantação do projeto EAD/MOODLE/UFBA, cujo qual, teve grande

aceitação no meio acadêmico. A flexibilidade do Moodle-UFBA permite não apenas servir

como apoio pedagógico a modalidade de Ensino à Distância, mas também, com o mesmo

prestígio, nas disciplinas presenciais e até mesmo para grupos de pesquisa e de estudo

(RICCIO & PRETTO, 2008).

O projeto Moodle-UFBA passou a ser muito requisitado em torno do ano de 2005,

pois acabou por conquistar a primazia da comunidade UFBA. A partir daí, a requisição de

unidades da Universidade, por criação de espaços no Moodle, só vem crescendo cada dia

mais (ALVES, 2009).

A grande demanda que o projeto Moodle-UFBA passou a ter, se deve também ao

surgimento do UAB - Universidade Aberta do Brasil. A UAB foi formulada para a

articulação e integração de um sistema nacional de educação superior à distância, com o

intuito de sistematizar os projetos, ações, programas e atividades que pertencem as políticas

públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do ensino superior gratuito e

Page 31: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

de qualidade no Brasil, promovendo assim, acesso ao ensino superior nas camadas da

população marginalizadas do sistema educacional (http://uab.capes.gov.br/).

Conforme Alves (2009), sobre a UAB e a equipe multidisciplinar que foi formada

no projeto:

A chegada do projeto UAB forçou o CPD da UFBA a montar equipe de apoio e conduzir a implantação institucionalizada da educação online em rede. Desde o primeiro momento, observamos a necessidade de articular, integrar uma equipe de múltiplas competências. O modelo adotado vem amadurecendo e surtindo bons resultados (ALVES, 2009).

A visão de Lima, um dos gestores do Moodle-UFBA, falando sobre a origem do

projeto:

Desde o início foi pensado usar o próprio moodle, recursivamente, como ferramenta de gerência, comunicação permanente e difusão do conhecimento. Foi criada uma lógica de planejar, desenvolver, controlar e avaliar utilizando-se de fóruns de discussão. A informação começa no fórum de notícias e se transforma em atividade no fórum geral passando depois para o fórum de pendências que quando resolvida passa ao fórum de questões resolvidas que depois são reduzidas a mapas de processos. Isto para exemplificar um dos diversos recursos utilizados (LIMA, 2008).

A experiência desse projeto nos mostra que para gerenciar o conhecimento e tirar

proveito da diversidade dos integrantes de diferentes formações, o gestor precisa lidar com

relações de poder definidas e com responsabilidades compartilhadas; um clima estimulador

da inteligência e da inventividade coletivas e pessoas com motivações diferentes para

realizar suas tarefas. Precisa também entender que os relacionamentos e interações

conduzem à realização do projeto de forma horizontal e colaborativa.

Page 32: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

2 DIFUSÃO DO CONHECIMENTO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Uma instituição de ensino público, como uma Universidade, tem papéis sociais

importantíssimos. Ela está no papel de expandir a inclusão social e digital, além de prestar

serviços como defensoria, consultas médicas, etc. Está também com a responsabilidade de

prover o crescimento e desenvolvimento social da comunidade. E dentre um de seus

deveres, está o dever de difundir o conhecimento.

2.1 PAPEL DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Uma Universidade pública não deve apenas passar valores como produção, bens

comercializáveis e competitividade, pois a sociedade é muito mais do que isso, ela também

é composta por valores comunitários e de solidariedade. Consequentemente, o ensino

superior é muito mais do que apenas mercado de trabalho, existe por trás toda uma

transmissão de valores ideológicos, científicos e culturais.

Uma das maiores virtudes e expressão de compromisso social de uma Universidade

Pública é a tríade Ensino – Pesquisa – Extensão. Conforme Martins (2009), “O exercício de

tais funções é requerido como dado de excelência no ensino superior, fundamentalmente

voltado para a formação profissional à luz da apropriação e produção do conhecimento

científico”. Neste trabalho, quando se utiliza a palavra conhecimento, é se referindo a tríade

citada acima.

A geração de todo esse conhecimento, se dá principalmente pelos profissionais que

são formados na própria Universidade. Entretanto, outra fundamental fonte de produção de

conhecimento são as atividades de extensão, no caso, hospitais universitários, consultorias,

contratos de pesquisa e serviço, dentre outros. Esse acréscimo de atividades de extensão é

fundamental para o crescimento e desenvolvimento, não apenas da Universidade e do

ensino publico, mas também do país (MANIFESTO, 2009).

Para produzir esse vasto conhecimento é fundamental que se tenha acesso a

pesquisa na fronteira do conhecimento. É a pesquisa que realmente consegue alavancar o

raciocínio independente, a criatividade e o método na abordagem de novos problemas. As

mentes produzidas nessa esfera acadêmica, nos mais distintos padrões acadêmicos e éticos,

Page 33: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

acabam por se tornar a melhor produção realmente que a Universidade pode gerar, tornando

o país mais desenvolvido e educado (MANIFESTO, 2009).

De acordo também com o Manifesto Pela Reforma da Universidade Pública, os

EUA tiveram um crescimento econômico de mais de 50% no período dos últimos 40 anos,

graças aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento que foram fomentados naquele

país. Segundo Bill Clinton:

Um corte de verbas para pesquisa no limiar de um novo século, quando a pesquisa se tornará ainda mais importante do que já tem sido nos últimos cinqüenta anos, equivaleria a cortar nosso orçamento para defesa no auge da guerra fria (MANIFESTO, 2009).

Fica visível então, a força e a responsabilidade que tem uma Instituição de ensino

público. O desenvolvimento de um país está atrelado ao bom desempenho da Universidade

pública, que bem gerida, consegue produzir profissionais qualificados e uma vasta gama de

conhecimento.

Tendo a Universidade toda essa preocupação com os valores ideológicos, científicos

e culturais, acaba-se por formar um vasto, qualificado e diversificado montante de

conhecimento. E no mundo atual, não é possível ser um país competitivo sem conseguir ter

o predomínio da geração do conhecimento, onde esse conhecimento é justamente a

mercadoria mais valiosa (MANIFESTO, 2009).

Formada essa gama de conhecimento, surge o questionamento: será que a

Universidade Federal da Bahia está cumprindo com o seu papel de Instituição de ensino

público e realizando a difusão do seu conhecimento, conforme consta nos objetivos do seu

Plano de Desenvolvimento Institucional e do Projeto Pedagógico Institucional?

2.2 UFBA (PDI e PPI)

A UFBA, como Instituição de ensino público, está contemplada com todos esses

deveres e responsabilidades. A missão da UFBA é de ser uma Universidade

administrativamente moderna e economicamente viável, tornando-se modelo de gestão

pública, sendo transparente para toda a comunidade. Onde ela seja auto-sustentável, tendo a

qualidade de captar recursos, sem comprometer seu caráter democrático e pluralista,

almejando a Excelência artística, científica e acadêmica (PDI, 2008).

Page 34: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) foi formulado com o intuito de

revigorar a velha UFBA. Tem a idéia de reinventar a Universidade Pública. É necessário

que se torne realidade a boa-intenção da pesquisa, inovação e criação com eficaz alcance

social (PDI, 2008).

No PDI (2008), se faz uma análise do plano interno e do plano externo, No interno,

é feita toda uma avaliação de gestão da Universidade Federal da Bahia, buscando torná-la

auto-sustentável e financeiramente viável, mantendo sua preocupação com a sociedade.

Tendo como desejo, que a UFBA venha a ser uma Universidade imparcial e íntegra, que

saiba reconhecer o valor de todos os seus profissionais, desde os artistas e cientistas com

suas produções, até os servidores e alunos.

No plano externo, acontece toda uma análise do mercado e globalização, tomando

cuidado com duas vertentes que podem prejudicar o ensino superior brasileiro, a

internacionalização e a privatização. No caso, a Universidade tem que se preocupar para

não acabar virando uma mera produtora de mão-de-obra, tratando o ensino superior como

uma simples mercadoria (PDI, 2008).

Palavras do atual Reitor sobre como colocar em prática o que é proposto no PDI:

Para começar a realizar este projeto-sonho, vamos precisar, em primeiro lugar, superar as contradições e impasses herdados da velha universidade. Isto implicará construir a universidade renovada como um verdadeiro estabelecimento público, aberta à participação política das comunidades a que ela serve, firmemente comprometida com a igualdade, justiça social e paz, em todos lugares deste sofrido mundo. Na esfera da nossa instituição, crucial, nesse sentido, será, sem dúvida, o presente instrumento de planejamento que seguramente nos permitirá conceber, monitorar e avaliar os passos necessários à realização do nosso projeto-sonho (PDI, 2008).

Existe um tópico no Plano de Desenvolvimento Institucional, que mostra os

Objetivos que irão orientar a atuação da Universidade Federal da Bahia, e dentre essas

metas está:

Participar, em nível nacional e local, de fóruns de discussão e definição de políticas públicas no âmbito da inclusão social e da produção e difusão da ciência, da arte e da cultura (PDI, 2008).

Um outro objetivo é:

Page 35: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Promover uma inserção qualificada da instituição no panorama acadêmico nacional e internacional, pela difusão da sua produção científica, técnica e artística (PDI, 2008).

O Plano de Desenvolvimento Institucional, ao ser formulado, tem no escopo do seu

conteúdo um capítulo a parte: o Projeto Pedagógico Institucional (PPI). Este projeto foi

desenvolvido para complementar o PDI ao narrar minuciosamente os princípios e

fundamentos adotados pela Universidade Federal da Bahia (PPI, 2008).

Além disso, o PPI tem o intuito de fazer alguns levantamentos da natureza

diagnóstica acerca do calibre didático-pedagógico e curricular dos seus cursos, além de

deliberar alguns preceitos orientadores. O PPI também foi produzido para explicitar alguns

objetivos e metas que tenham relação com as atitudes que serão desenvolvidas nessa área

de atuação (PPI, 2008).

O Projeto Pedagógico Institucional, assim como o Plano de Desenvolvimento

Institucional, fala sobre a difusão do conhecimento. No PPI, é citado como uma missão em

um futuro próximo “Disseminação de todas as formas de conhecimento que a Instituição

abriga, democratizando continuamente o acesso ao mesmo (PPI, 2008)”.

Observamos, portanto que tanto no PDI quanto no PPI da UFBA a difusão do

conhecimento é tratada como um dos tantos objetivos que a Universidade Federal da Bahia

se responsabiliza em executar.

.

Page 36: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

3 O PROJETO MOODLE-UFBA COMO VEÍCULO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

Para sabermos se realmente essa poderosa ferramenta da Educação está sendo

utilizada como um veículo de difusão do conhecimento, se fez necessário uma pesquisa

com integrantes que vivenciem e vivenciaram desde o princípio o surgimento e

desenvolvimento do Projeto Moodle-UFBA.

Como citado anteriormente, este projeto é composto por um conjunto bastante

heterogêneo. Esse grupo multidisciplinar é formado por um coordenador (analista de

sistemas sênior), uma doutoranda em EaD, mestre em Tecnologia da Informação (tempo

parcial), uma pedagoga especialista em EaD, uma funcionária com qualificação em

webdesign, trabalhando na administração e apresentação do Moodle-UFBA e onze bolsistas

– estudantes de graduação (oito de informática e três de Pedagogia) (ALVES, 2009).

Para nossa pesquisa, os que responderam ao questionário, que segue em anexo, são

apenas as pessoas que administram o Moodle-UFBA. A opção de somente entrevistar os

gestores aconteceu pelo fato de que, diferentemente dos bolsistas, que periodicamente são

trocados e são incipientes, quem gere o projeto, além de estar mais ciente da situação e

evolução do Moodle-UFBA, esteve sempre presente no projeto.

O grupo que foi entrevistado do Moodle-UFBA é formado por um contingente de

quatro profissionais, entretanto, infelizmente, um deles não pôde responder ao questionário

por razões pessoais.

Na análise sociodemográfica ficou indicado que um dos integrantes é do sexo

masculino, e os outros dois integrantes são do sexo feminino. Sendo que dois deles estão na

faixa etária entre 51 e 60 anos e um está entre 41 e 50 anos. Já na esfera da escolaridade,

dois componentes têm mestrado, enquanto que um tem graduação. Em relação ao tempo de

trabalho deles, um está trabalhando no projeto entre 5 e 8 anos, enquanto os outros dois

estão trabalhando entre 1 e 4 anos. Com o intuito de zelar pelo anonimato deles, não citarei

os nomes dos gestores entrevistados.

Quanto à indagação do conceito de difusão do conhecimento, os gestores não

fugiram muito das definições de conhecimento que foram citadas no escopo desse projeto.

Sendo que um deles, disse que difusão do conhecimento significa facilitar o acesso ao

conhecimento, tornar útil para a sociedade, democratizando-o. Enquanto que um outro

gestor foi mais um pouco subjetivo, dizendo que “[...] o conhecimento é "espalhado pelo

Page 37: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

ar" e os que não tem ou precisam daquele conhecimento podem facilmente e gratuitamente

captá-lo no ar”.

Em relação ao questionamento de como é realizada essa disseminação do

conhecimento, como esclarece o Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade

Federal da Bahia, na esfera do projeto Moodle-UFBA, os gestores citaram diversas

maneiras para tal fim. Um citou a importância da internet, entretanto criticou um pouco,

dizendo que a UFBA está começando, mas que já deu bons passos, e acredita que

doravante, só tende a melhorar. O entrevistado que mais diversificou as maneiras que são

realizadas a disseminação do conhecimento disse:

“Dentro do projeto, a partir das leituras dos processos de trabalho e aprendizagem que já se deram em outros momentos e que estão registrados em diversos recursos no espaço do Moodle relativo ao projeto, além do compartilhamento das reflexões de todos sobre as atividades em execução de forma presencial (nas reuniões e outros momentos) e também no ambiente através dos fóruns”.

Sobre o quesito da importância do Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle-

UFBA para a difusão do conhecimento na Universidade, dois entrevistados convergiram

para o mesmo ponto de vista, concordando que o Moodle-UFBA é apropriado e pode

potencializar a difusão do conhecimento, explicando também que a UFBA tem uma

poderosa ferramenta em mãos e que quanto mais aberto for esse acesso, maior será a

capacidade de difusão apresentada. Já o outro gestor inferiu que o projeto Moodle-UFBA

tem como maior trunfo, ser o pioneiro na abertura do caminho da instituição para o novo

mundo, e ainda afirma que esse projeto é provavelmente de dimensão ainda desconhecida

na comunidade UFBA.

Sobre as contribuições que o projeto Moodle-UFBA pode trazer para a difusão do

conhecimento na UFBA, dois gestores foram sucintos, ao afirmar que o projeto consegue

unir os integrantes da comunidade UFBA (alunos, professores, colaboradores) e que a

contribuição do projeto passa pela difusão do conhecimento sobre o próprio Moodle, tanto

no âmbito do Projeto como extrapolando este âmbito e alcançando os diversos espaços

dentro da UFBA. Na visão do outro gestor, as contribuições são bastante abrangentes e

citou várias formas:

“Vencer as barreiras e dificuldades culturais iniciais, ajudando e criando facilitadores para os usuários e professores/pesquisadores através de cursos, orientações.

Page 38: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

Facilitar a criação de projetos pelos diferentes grupos de diferentes áreas do conhecimento. Através dos experimentos, melhorar as práticas pedagógicas nesta nova forma de fazer educação, propondo e criando novas e modernas metodologias voltadas para o EaD. Implantar cursos livres, publicando material de acesso livre para todos. Manter uma articulação nacional e internacional com os outros grupos que trabalham com este ambiente, ajudando na especificação de novas funcionalidades e implementação de novos componentes. Participar de uma avaliação contínua e permanente.”

Quando foi pedido para citarem exemplos de como a difusão do conhecimento pode

ser feita no AVA moodle, as respostas foram bem diversificadas. Foi afirmado que além de

todo o potencial inerente à internet, se tem o apoio às disciplinas presenciais, semi-

presenciais e todo o universo de disciplinas, cursos e outras atividades à distância. Houve

também uma visão semelhante aos ideais do Software Livre, que foi abordado nessa

Monografia, ao ressaltar que os trabalhos têm que ser feitos seguindo a idéia de manter o

conteúdo o mais aberto possível, definindo sua autoria.

No questionário foram solicitadas sugestões, para a melhoria da difusão do

conhecimento na UFBA pelo AVA Moodle. Todos convergiram para a necessidade de uma

melhor estrutura, uma formação da comunidade UFBA, em especial docentes, técnicos e

pesquisadores, não apenas numa perspectiva instrumental, mas numa perspectiva ampla que

possibilite a reflexão sobre o potencial do ambiente para a construção coletiva de

conhecimentos e que leve o participante a refletir sobre a sua própria prática. Houve

também o requerimento de ações e projetos que possam ampliar a produção de conteúdos.

Aconteceu também uma tentativa de dimensionar o quão grande e importante é esse projeto

para a UFBA:

“Primeiro seria o convencimento dos dirigentes da instituição que esta onda é gigante, um Tsunami, e que suas idéias de uma Universidade Nova são pequenas perto do que está chegando.”

Para finalizar o questionário, foi perguntado qual era o papel dos gestores, dentro do

projeto Moodle-UFBA na difusão do conhecimento. Um deles fez uma metáfora, dizendo

que os gestores são: “mestres surfistas, que cuidam do milagre da multiplicação das

pranchas, fazendo melhorias e difundindo conhecimento”. Foi comentado também, que a

função é gerir o Projeto de forma que ele possa contribuir com a difusão do conhecimento

na UFBA, atuando da maneira mais aberta e reflexiva possível a fim de difundir o

Page 39: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

conhecimento construído sobre o Moodle. Todavia, a resposta mais interessante sobre esse

questionamento foi do entrevistado que disse que o papel do gestor é:

“Construir coletivamente/permanentemente melhorias, atualizações e customizações do ambiente, tornando-o cada vez mais funcional e atraente, incorporando sugestões, resultado de uma prática de uso. Manter-se antenado para as necessidades e novidades, tanto na parte técnica, quanto na parte pedagógica.”

O resultado das entrevistas revela que o projeto Moodle-UFBA ainda está em seu

processo inicial, mas vem ganhando corpo e galgando um patamar cada vez mais elevado

no âmbito acadêmico. Ficou evidente também a importância do Moodle-UFBA na nova

modalidade de ensino, o EaD, que já se estabeleceu no mercado e que só tende a expandir

ainda mais a sua abrangência no cenário educacional, fato esse que pode ser impulsionado

com uma atitude e planejamento dos dirigentes da Universidade Federal da Bahia.

Page 40: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como ficou claro neste trabalho, a Universidade Pública de Ensino Superior tem a

responsabilidade de desenvolver toda uma sociedade. Vimos também que, uma das formas

de aprimorar uma Universidade é através da produção de conhecimento, que atualmente é o

maior bem que um país pode possuir. Esse conhecimento é gerado através de produções

científicas, pesquisas acadêmicas, dentre outras.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle-UFBA é uma poderosa ferramenta

de produção e disseminação de conhecimento, e como observado, essa difusão acontece no

curso a distância, semi-presencial, através dos fóruns, dos chats, etc.

As conclusões dadas pelos gestores do projeto Moodle-UFBA, confirmam o que o

Plano de Desenvolvimento Institucional, da Universidade Federal da Bahia propõe em

relação à difusão do conhecimento. O que responde ao problema/inquietação que surgiu na

incipiência dessa Monografia, ou seja, o Moodle-UFBA realmente funciona como um

veículo de difusão do conhecimento.

Finalizo o trabalho com sugestões de melhoras que foram pedidas pelos gestores.

Uma qualificada estrutura de trabalho, um contingente de profissionais adequado à

importância desse projeto. Pois como explicou um dos gestores, é um projeto de uma

dimensão ainda desconhecida, e que os administradores da Universidade Federal da Bahia

devem perceber o quão importante é o projeto Moodle-UFBA para o desenvolvimento

qualificado de toda uma sociedade.

Page 41: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

REFERÊNCIAS

ALVES, C. M. S.; LIMA, E. H.; SOUZA, L. G. Gestão de Equipe Multidisciplinar em Ambientes Virtuais de Aprendizagem: A Experiência do Projeto EAD/MOODLE/UFBA. Workshop TI 2009 IFES, Belém, Pará, Brasil, 2009.

ALVES, R. M.; ZAMBALDE, A. L.; FIGUEIREDO, C. X. Ensino a Distancia. UFLA/FAEPE. 2004.

ANTONIO A. S. et al. Proposta de estudo: Análise da utilização do Moodle como Ambiente Virtual de Apoio ao Ensino Presencial. UNIFESP, São Paulo, SP, 2006.

BELINE, W.; MENTA, E.; SALVI, R. F. EaD no Mundo Open Source: Construindo Conhecimento com Liberdade. Londrina, Paraná, Brasil, 2005.

BORGES, C.; GEYER, C. F. R. Estratégias de Governo para Promover o Desenvolvimento de Software Livre. UFRGS 2003.

CASTILLO, R. A. F. (2005). 68 - Moodle (Modular Object Oriented Dynamic Learning Enviroment) Disponível em <http://www.ccuec.unicamp.br/ead/index_html?foco2=Publicacoes/78095/947021&focomenu=Publicacoes> Acessado em Maio de 2009.

CORTELAZZO, I. B. C. Princípios de EAD em Cursos de Licenciatura à Distância. Congresso da Associação Brasileira de Educação a Distância, Santos, SP, Brasil, 2008.

COSTA, K. S.; FARIA, G. G. EAD – Sua Origem Histórica, Evolução e Atualidade Brasileira Face ao Paradigma da Educação Presencial. UFMG 2008.

DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus (1998).

FSF. (2009) “FSF – Free Software Foundation”. Disponível em: <http://www.fsf.org/>. Acessado em Abril de 2009.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

GILVANDENYS L. S. et al. Indicadores de Aprendizagem Learning Vectors: uma aplicação em fóruns do Ambiente Virtual MOODLE – Versão Final. Congresso do Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Fortaleza, Ceará, Brasil, 2008.

GNU. (2009) “GNU – Gnu’s Not Unix”. Disponível em: <http://www.gnu.org/>. Acessado em Maio de 2009.

GONZALES, M. Fundamentos da Tutoria em Educação a Distância. São Paulo: Editora Avercamp, 2005.

GRANT, R.M. Toward a knowledge-based theory of the firm. Strategic Management Journal, p. 109-122 (1996).

Page 42: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

HEXSEL. A. R. Software Livre. (2003). Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/rolfjf/swLivre.pdf>. Acessado em Maio de 2009.

JORNAL NACIONAL. Matéria especial sobre EaD, apresentada na TV. 01/05/09.

LIMA, E. A Nau Moodle como recurso gerencial no Projeto Moodle UFBA. MoodleMoot Brasil, 2007, São Paulo. Anais do MoodleMoot Brasil, 2007.

Manifesto pela Reforma da Universidade Pública. Disponível em: <http://www.ifi.unicamp.br/~brito/UnivPubl/reforma.html>. Acessado em Junho de 2009.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

MARTINS, L. M. Ensino-Pesquisa-Extensão Como Fundamento Metodológico da Construção do Conhecimento na Universidade. Disponível em: <http://www.franca.unesp.br/oep/Eixo%202%20-%20Tema%203.pdf>. Acessado em Julho de 2009.

Moodle. (2009) “Moodle - A Free, Open Source Course Management System for On-line Learning”. Disponível em <http://moodle.org/>. Acessado em Junho de 2009.

NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de Conhecimento na Empresa. Rio de Janeiro: Campus (1997).

OLIVEIRA C. Criação de uma Proposta de Metodologia de Implantação de EAD em Ferramenta MOODLE. Instituto Superior Tupy – IST, Santa Catarina, SC, 2008.

PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional da UFBA 2004 - 2008. Disponível em: <http://www.ufba.br>. Acessado em Junho de 2009.

PERES P.; TAVARES C.; OLIVEIRA L. Moodle: Promotor de estratégias diferenciadas de aprendizagem. Disponível em: <http://web.iscap.ipp.pt/~ctavares/docs/Moodle_Promotor%20de%20estrategias%20diferenciadas%20de%20aprendizagem.pdf>. Acessado em Junho de 2009.

PIRES, G. L. Educação Física e o discurso midiático: abordagem crítico emancipatória. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002.

PPI – Projeto Pedagógico Institucional da UFBA 2004 - 2008. Disponível em: <http://www.ufba.br>. Acessado em Junho de 2009.

RIBEIRO, E. N.; MENDONÇA, G. A. A.; MENDONÇA A. F. A Importância dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem na Busca de Novos Domínios da EAD. Goiás, 2007.

RICCIO, N. C. R.; PEREIRA, S. A. C.; LUZ, V. S. Reflexões Teórico Metodológicas sobre Ambientes Virtuais de Aprendizagem. UFBA, 2006.

RICCIO, N. C. R.; PRETTO, N. O Moodle na UFBA: um relato histórico. MoodleMoot Brasil, 2007, São Paulo. Anais do MoodleMoot Brasil, 2007.

Page 43: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

RICHARD STALLMAN. The GNU Manifesto. Free Software Foundation, 1985. <www.gnu.org/gnu/manifesto.html>. Acessado em Junho de 2009.

ROMMEL W. L.; SERGIO V. F. Mapa de Dependências: uma Ferramenta para Aplicação da Taxionomia de Bloom na Educação a Distância. Congresso do Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Fortaleza, Ceará, Brasil, 2008.

SALES, G. L. et al. Indicadores de aprendizagem learning Vectors: Uma Aplicação em Fóruns do Ambiente Virtual MOODLE - Versão Final. Fortaleza, Ceará, 2008.

SAVI, A. F.; AMARAL D. C.; ROZENFELD H. Proposta de um conceito de um sistema de apoio à gestão do conhecimento empregando gestão de projetos e modelagem de empresas. EESC, 2003.

SILVEIRA, S. A. (2003). Inclusão Digital, Software Livre e Globalização Contra-Hegemônica. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2003.

SOFFNER, R. Curso sobre Gestão do Conhecimento. Disponível em: <http://www.soffner.eng.br>. Acessado em Junho de 2009.

UAB. (2009). “Universidade Aberta do Brasil”. Disponível em: <http://uab.capes.gov.br/>. Acessado em Julho de 2009.

Page 44: Claudio Albergaria Martins - Pucrs › ciencias › viali › mestrado › literatura › ... · primary study of it, a tool developed by the Data Processing Center – CPD of this

APÊNDICE UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE MATEMÁTICA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Questionário e Entrevista de Pesquisa de Campo

Questão 1 – Sexo Questão 2 - Escolaridade

( ) Feminino ( ) Graduação

( ) Masculino ( ) Especialização

( ) Mestrado

( ) Doutorado

Questão 3 – Faixa etária Questão 4 – Tempo de trabalho no Moodle-UFBA

( ) 21 a 30 anos ( ) menos de 1 ano

( ) 31 a 40 anos ( ) entre 1 e 4 anos

( ) 41 a 51 anos ( ) entre 4 e 8 anos

( ) 51 a 60 anos ( ) entre 8 e 12 anos

( ) Mais de 60 anos ( ) mais de 12 anos

Roteiro da Entrevista

1) O que você entende por difusão do conhecimento?

2) Como se realiza a difusão do conhecimento no âmbito do projeto Moodle-UFBA?

3) Em sua opinião, qual a importância do AVA Moodle-UFBA para a difusão do conhecimento na Universidade?

4) Que contribuições o projeto Moodle-UFBA pode trazer para a difusão conhecimento na UFBA?

5) Você pode citar exemplos de como a difusão do conhecimento pode ser feita no AVA moodle?

6) Que sugestões daria para a melhoria da difusão do conhecimento na UFBA pelo AVA moodle?

7) Qual o papel dos gestores do Moodle-UFBA na difusão do conhecimento?

Este questionário e roteiro de entrevista constituem-se em instrumento de coleta de dados sobre O Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle-Ufba como Veículo de Difusão do Conhecimento, que irá subsidiar o trabalho monográfico que estou realizando, para integralização final do curso de Bacharelado em Ciência da Computação. Solicitamos o seu apoio no sentido de respondê-lo.

Antecipadamente agradecido, Cláudio A. Martins