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8/6/2019 CIG-029 Dirlene Ada Bacani
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ANLISE ESPACIAL DA OCORRNCIA DE MALRIA NO ESTADO DEMATO GROSSO - BRASIL.
Dirlene Ada Bacani SEDUC/MT, Estudante de Mestrado- Depto. Geografia
ICHS - UFMT - BRASILPeter Zeilhofer Prof. Programa de Ps-graduao em Geografia ICHS
UFMT BRASIL
Emerson Soares dos Santos Doutorando em Geografia Fsica- FFLCH/USP
No Brasil, a regio da Amaznia Legal registra elevado nmero de casos de
Malria, onde se insere o Estado de Mato Grosso. O presente estudo visa, com
o auxlio de tcnicas de geoprocessamento, espacializar os dados de Malriaem mapas temticos, descrevendo o nmero de casos por espcies de
protozorios e utilizar variveis ambientais e socioeconmicas que possam
explicar a ocorrncia da doena em determinadas reas do estado de Mato
Grosso. Foram utilizados registros de casos ocorridos no ano de 2001, obtidos
da SIVEPMalria. Atravs dos ndices de Moran Global e Local foi avaliada a
estrutura espacial dos casos da malria. Foram registradas duas reas com
correlao espacial positiva (p
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2006), onde se insere o Estado de Mato Grosso. So mltiplos os fatores que
influenciam a dinmica das doenas transmissveis como a malria na
Amaznia, dentre eles podemos destacar: os fatores ambientais; os scio-
demogrficos; os biolgicos e dos mdico - sociais; efetividade dos sistemas
locais de sade e dos programas especficos de controle de doenas, etc.
(PAHO, 2003 e SVS 2005).
A partir da dcada de 1970, o Estado de Mato Grosso sofreu um intenso e
rpido processo de ocupao advindo de projetos de colonizao pblicos e
privado que ocasionaram uma forte presso sobre o meio ambiente. Essa
colonizao originou assentamentos irregulares e desordenados, sendo que
reas de floresta tropical foram ocupadas densamente; circunstncias quecontriburam para uma elevao na densidade de mosquitos transmissores da
malria, que aliada a outros fatores (precrias condies de moradia,
condies de vida em geral), ocasionaram graves problemas de sade pblica
(FERREIRA & LUZ, 2003).
Devido alta incidncia e aos efeitos debilitantes para as pessoas
acometidas, a malria se constitui com um importante potencial de influenciar o
prprio desenvolvimento de uma regio. Dessa maneira se faz importante aanlise das variveis ambientais sobre as reas de incidncia e as condies
sociais e antrpicas que poderiam favorecer a proliferao do vetor e a
exposio de grande quantidade de pessoas doena.
As ferramentas de geotecnologias tem sido atualmente muito utilizadas
para analisar conjuntamente a dinmica espao-temporal de diversas doenas.
Os mtodos de anlise espacial so particularmente teis para a criao ou
delimitao de reas homogneas, definio de critrios de monitoramento eavaliao para uma determinada interveno, estabelecimento de prioridades
para planejamento e alocao de recursos. (CRUZ, 1996).
Neste contexto, este trabalho buscou espacializar dados de malria em
mapas temticos, descrevendo o nmero de casos por espcies de
protozorios, analisar a sua autocorrelao no estado de Mato Grosso e
desenvolver um modelo de regresso logstica para anlise das relaes entre
a doena e fatores socioambientais e o desenvolvimento de um mapeamentode risco, aplicando tcnicas de geoprocessamento.
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MATERIAIS E MTODOS
rea de Estudo
O local do estudo o Estado de Mato Grosso, situado a oeste da regio
Centro-Oeste, a maior parte de seu territrio ocupada pela Amaznia Legalsendo o extremo sul do Estado pertencente ao Centro-Sul do pas. Ocupa uma
rea de 906.806,9 km2 e sua capital a cidade de Cuiab (figura 1).
O Estado est dividido em 141 municpios, distribudos em 5
mesorregies, subdivididas num total de 22 microrregies. A populao de
2.803.274 habitantes (IBGE 2006), com densidade populacional de 2,6
hab./km2. O analfabetismo no Estado de 10,1%, a mortalidade infantil 21,6%,
a expectativa de vida de 72,6 anos (IBGE/2005). O IDH do estado de 0,773(PNUD/2000).
Figura 1 - rea em Estudo: Estado de Mato Grosso por Meso e Microrregies.
Coleta de Dados
Os dados sobre os nmeros de casos de malria foram agrupados a nvel
estadual e municipal. Os mesmos foram adquiridos no Sistema de Informao
e Vigilncia Epidemiolgica (SIVEP), que um banco de dados informatizado
administrado pela Secretaria de Vigilncia em Sade (SVS) do Ministrio da
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Sade. Dados censitrios e as estimativas populacionais foram obtidos no
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Dados socioeconmicos
foram buscados no IBGE (2000). Os tipos de Biomas, Vegetao e evoluo do
desmatamento foram extrados de mapas temticos disponibilizados pelo IBGE
(2000) e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-
MT), disponveis em formato digital na escala de 1:250.000, desde 1992.
A integrao (edio, agregao espacial etc.) e anlise dos dados
espaciais (interpolao de dados de precipitao, anlise do modelo numrico
de terreno etc.) foram efetuadas a partir do software ArcGIS 9.3 (ESRI,
Redlands). O pr-processamento e classificao supervisionada de imagens de
satlite MODIS (3.2.2) foram efetuadas a partir de software SPRING, 5.0 (Inpe
2009).
Anlise espacial
O principal nvel de agregao espacial foram os limites dos atuais 141
municpios de Mato Grosso. Os dados foram agregados por municpios e
consolidados em uma tabela sinttica, relacionada com uma camada espacial
dos limites administrativos (municpios), a partir da foi possvel analisar todas
as variveis exploratrias e relacion-las com ocorrncia de casos da doena.
Os mapas temticos ilustraram a distribuio da densidade de casos de
malria, por municpio, em todo o Estado, bem como os indicadores ambientais
e socioeconmicos considerados significativos.
Autocorrelao espacial
Para o estudo do padro espacial, foram utilizados os ndices de Moran
global e local (LISA), conforme metodologia proposta por Atanaka-Santos(2006). O ndice global que fornece uma medida geral da associao espacial
existente no conjunto de dados mede o grau de correlao espacial entre os
pares de vizinhana, ponderado pela proximidade geogrfica.
Regresso Logstica
Utilizando-se do software SPSS 10.0, realizaram-se regresses logsticas
mltiplas para verificar a influncia dos fatores scio-ambientais no nmero decasos de malria no territrio mato-grossense.
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Inicialmente, para avaliar a variao da probabilidade de ocorrer a
doena, foi realizada regresso logstica com doze variveis explanatrias pelo
mtodo backward conditional. Para clculo da Regresso Logstica, os valores
dos casos de malria foram recodificados para o sistema binrio atribuindo
valores de corte (cut values) para IPA maiores que 0,5.
Mapeamento de risco de ocorrncia de malria
Aps realizadas as regresses e obtidos os coeficientes das variveis
significativas foi executado o modelo descrito abaixo para o cruzamento dos
mapas. Esta operao de cruzamento de mapas foi realizada no software
ArcGis 9.3 utilizando a ferramenta Map Algebra. P = 1/[ 1 + exp.(a + b.x1+ c.x2 +d.x3 ...)Com:x= fator explanatrio
a = coeficiente
b, c , d... = coeficiente de cada varivel explanatria
.x1,x2,x3..= variveis explanatrias
P= probabilidade
RESULTADOS
Colniza(1), Rondolndia(2), Aripuan(3), Gacha do Norte(5), e Nova
Ubirat(4) so os municpios que apresentaram maior IPA em 2001 - Figura 2.
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Figura 2 ndice parasitrio anual para 2001 Nm casos por 1000 hab.
O municpio de Colniza registrou 106,4 casos por 1000 habitantes, um ndice
relativo a mais de 10% da populao. O segundo municpio a apresentar
maiores nmeros de casos foi Nova Ubirat, com IPA de 84,3 seguido por
Rondolndia com IPA de 58 e Gacha do Norte com 52,9 casos por 1000
habitantes. Pode-se perceber que todos os municpios com elevado risco de
transmisso - de acordo com a metodologia de anlise do Programa Nacional
de Controle da Malria, isto IPA igual ou acima de 50 casos por 1000
habitantes se encontram na Mesorregio Homognea do Norte Mato-
grossense.
Os municpios que apresentaram maiores nmeros de casos de Malria,
transmitidos pelo Plasmodium Vivax, foram Colniza(930), Sinop (802),
Aripuan (664) e Nova Ubirat (542), respectivamente, nmeros 1, 6, 3 e 4 na
Figura 3.
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Figura 3: Nmero de casos porPlasmodium vivax
Os municpios que apresentaram maiores nmeros de casos de Malria,transmitidos pelo Plasmodium Falciparum esto localizados tambm na
Mesorregio do Norte mato-grossense. So eles: Colniza (329) e Comodoro
(257), respectivamente, nmeros 1 e 7 na (Figura 4).
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Figura 4: Nmero de casos porPlasmodium falciparum
MORAN LOCAL
O ndice de Moran local mostra a possvel correlao espacial entre os
municpios vizinhos e os agrupamentos espaciais da doena no estado - Figura
5. Percebem-se dois focos de regies que apresentam correlao, ambas na
mesorregio homognea do Norte mato-grossense. Mais especificamente nas
microrregies de Aripuan abrangendo a microrregio de Alta Floresta; e o
segundo foco, a microrregio de Paranatinga abrangendo uma parte da
microrregio do Alto Teles Pires e a microrregio de Sinop.
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Figura 5 - ndice local de Moran do IPA em 2001. Regies com desvio padro
positivo alto indicam alta correlao positiva entre municpios vizinhos.
No foco a noroeste do estado, os municpios que apresentaramcorrelao espacial foram: Colniza, Aripuan, Juna, Rondolndia, Juruena,
Nova Bandeirantes e Apiacs. No segundo foco, no mdio norte mato-
grossense, apresentaram correlao os municpios de: Gacha do Norte,
Paranatinga, Nova Ubirat, Feliz Natal, Santa Carmen, Unio do Sul, Cludia,
Vera e Sinop.
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Variveis significativas no modelo da RL
Figura 06 ndices de freqncia escolar e precipitao
A figura (06) mostra os padres espaciais da taxa de freqncia escolar
no estado de MT em 2000. Nota-se que as maiores taxas de freqncia escolar
esto concentradas na regio sul do estado. Os municpios que apresentaram
maior IPA - (figura 02), apresentaram tambm, baixo ndice de freqncia
escolar.
Figura 07 ndices de desmatamento
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As regies que apresentaram maior ndice de precipitao pluviomtrica
esto localizadas na regio Norte e Noroeste. Os municpios da parte Sul
apresentaram baixo ndice. Este resultado de uma influncia significativa
positiva da precipitao no IPA corresponde com resultados obtidos porLacaz
et al. (1972) que salientam que as condies mesolgicas tm grande
importncia na epidemiologia da malria e que a umidade relativa e a
pluviosidade tm grande influncia na sobrevivncia dos plasmdios.
A figura (10) mostra os padres espaciais da taxa de freqncia escolar
no estado de MT em 2000. Nota-se que as maiores taxas de freqncia escolar
esto concentradas na regio sul do estado. Os municpios que apresentaram
maior IPA - (figura 06), apresentaram tambm, baixo ndice de freqncia
escolar.
Regresso Logstica para anlise de risco de ocorrncia de casos de
malria.
Para desenvolver o modelo de RL foram testadas as variveis
exploratrias: Desmatamento, Altitude, Precipitao Pluviomtrica, ndice de
Desenvolvimento Humano, Renda Per Capta, Expectativa de Vida ao Nascer,
ndice de Alfabetizao de adultos, Taxa Bruta de Freqncia Escolar, ndice
de Educao e Produto Interno Bruto.
O modelo de RL resultante para a amostra em estudo inclui trs
variveis independentes consideradas estatisticamente significativas (tabela 2),
refletindo informaes relativas s caractersticas scio-ambientais que estoassociadas a uma maior ou menor probabilidade de risco de ocorrncia de
casos de malria, sendo elas:
Taxa de Freqncia Escolar (p=0,052) (Figura 6), ndice de
Precipitao pluviomtrica (p=0.002) (Figura 6) e Taxa de desmatamento
(p=0.002) (Figura 7).
O ndice de Freqncia escolar apresentou-se como constante negativa
(Tabela 02), ou seja, to menor a freqncia escolar, maior a possibilidade deocorrncia de malria. A varivel de desmatamento apresentou-se tambm
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negativa, mostrando que quanto menor rea desmatada, maior a chance de
risco de ocorrncia da doena. O ndice de precipitao apresentou-se positivo,
ou seja, to maior a Precipitao Pluviomtrica, maior a possibilidade de
ocorrncia de malria.
Tabela - 01 Coeficientes (B) da regresso logstica mltipla (Backward Conditional),
utilizados para modelao espacial da probabilidade (logit) de ocorrncia de casos de malria.
B S.E. Wald df Sig. Exp(B)
Desmatamento** -,057 ,018 9,676 1 0,002 0,945
Precipitao** ,003 ,001 9,306 1 0,002 1,003
Freq. Escolar* -5,495 2,832 3,764 1 0,052 0,004
* varivel significativa
* varivel significativa
** varivel altamente significativa
B = estimativas dos parmetros das equaes; SE = erro padro; Wald = Estatstica
de Wald; df = graus de liberdade; Sig = significncia da estatstica de Wald;
Exp(B): ODDS
O clculo da regresso logstica mltipla resulta em uma classificao
correta do conjunto de dados de 82,4%. (Tabela 02), indicando um
desempenho satisfatrio do modelo. Observa-se porm acertos relativamente
baixos na previso dos casos positivos (64,9%).
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Tabela 02 - Matriz de confuso da regresso logstica mltipla ( Backward Conditional),
utilizados para modelao espacial da probabilidade (logit) de ocorrncia de caso de malria.
ModeladoPercentual
acerto
Observado 0 1
0 79 9 89,8
1 13 24 64,9
Exatido geral 82,4
A partir dos coeficientes (B) das variveis significativas, apresentadas na
(Tabela 01) foi possvel o cruzamento dos planos de informao das
respectivas variveis e a gerao do mapa de risco de ocorrncia de caso de
malria. (Figura 06 ).
Mapa de Risco de ocorrncia de casos de malria.
Figura 08 Risco de ocorrncia de malria
Ao analisar a figura (08), nota-se que as regies que apresentarammaior risco foram, a microrregio de Aripuan, no extremo noroeste de mato-
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