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I Íria Almeida Leal Bassan
CATALISADORES BIFUNCIONAIS À BASE DE
SILICOALUMINOFOSFATO E FOSFATOS DE NIÓBIO PARA
EMPREGO EM REAÇÕES DE HIDROISOMERIZAÇÃO E
HIDROCRAQUEAMENTO DO N-HEXADECANO
Íria Almeida Leal Bassan _________________________________________________________
Tese de Doutorado
Natal/RN, Novembro 2015
I Íria Almeida Leal Bassan
ÍRIA ALMEIDA LEAL BASSAN
CATALISADORES BIFUNCIONAIS À BASE DE
SILICOALUMINOFOSFATO E FOSFATOS DE NIÓBIO PARA
EMPREGO EM REAÇÕES DE HIDROISOMERIZAÇÃO E
HIDROCRAQUEAMENTO DO N-HEXADECANO
Defesa de Tese apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Química da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de
Doutor em Química.
Orientadores: Profª. Dra. Sibele Berenice Castellã Pergher
Dr. Antonio Chica Lara
NATAL – RN
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN
Biblioteca Setorial do Instituto de Química
Bassan, Íria Almeida Leal.
Catalisadores bifuncionais à base de silicoaluminofosfato e fosfatos de nióbio para
emprego em reações de hidroisomerização e hidrocraqueamento do n-hexadecano / Íria
Almeida Leal Bassan. – Natal, RN, 2016.
157 f. : il.
Orientadora: Sibele Berenice Castellã Pergher.
Co-orientador: Antonio Chica Lara
Tese (Doutorado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro
de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.
1. Hidroisomerização – Tese. 2. Hidrocraqueamento – Tese. 3. n-hexadecano – Tese. 4.
SAPO – Tese. 5. Materiais mesoporosos – Tese. I. Pergher, Sibele Berenice Castellã. II. Lara,
Antonio Chica. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 544 (043.2)
III Íria Almeida Leal Bassan
Agradeço aos meus pais, Lurdinha e Albano, por todo carinho, educação, conselhos
e valores morais que foram transmitidos ao longo da minha existência. Dedico a
vocês a conclusão de mais esta etapa da minha vida, por todo apoio dispendido que
foi fundamental para essa conquista. Agradeço aos meus irmãos, Vinícius e
Gustavo, pelo carinho, companheirismo e por estarem sempre na torcida.
Agradeço às minhas filhas, Júlia e Manoela, pela compreensão nos momentos de
ausência ou de recusa para fazer uma brincadeira ou passeio, porque a mamãe
tinha que estudar. Filhas, não me canso de dizer:
vocês já me concederam o maior título da vida.
Ao meu marido, Marcio, por todo amor, companheirismo e incentivo durante essa
caminhada. Seu incentivo foi fundamental para que eu seguisse firme até aqui. Sem
você tudo seria mais difícil. Muito obrigada!
IV Íria Almeida Leal Bassan
Agradecimentos
À minha orientadora, Profª Drª Sibele Pergher, pelas discussões técnicas
valorosas, pela ajuda e compreensão nos momentos difíceis, pela amizade, pelos
momentos de descontração e ótimas risadas e, principalmente, pela confiança em que
depositou em mim.
Ao meu co-orientador, Dr Antonio Chica, pela excelente receptividade na minha
chegada ao ITQ-UPV, mas, principalmente, pelo enorme aprendizado que me
proporcionou abrindo as portas dessa instituição de referência mundial e transmitindo
valorosos conhecimentos.
Aos amigos Mariele de Mello, Lindiane Bieseki, Francine Bertella e Christian
Witee pelo acolhimento durante os períodos em que passei em Valência - ES. Com o
carinho e a companhia de vocês foi bem mais fácil superar a distância de casa.
Aos amigos do ITQ, Javier da Costa e Eva Lopes, por todos os ensinamentos
e por terem sido incansáveis em me ajudar.
Ao programa de Pós-Graduação em Química da UFRN, que me proporcionou
a oportunidade de realizar o Doutorado em Química.
À CAPES pela bolsa concedida durante parte do estudo.
Agradeço aos professores Katia Gusmão, Filipe Mattel e Tatiana Bicudo por
aceitarem o convite para participação da banca de exame de Doutorado.
A todos os amigos que fiz durante o período em que passei pela UFRN, em
especial para Aneliese Longuinho e para os amigos do LABPEMOL.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para realização deste trabalho, em
especial à amiga Fabiana dos Santos, meu muito obrigada!
V Íria Almeida Leal Bassan
RESUMO
Os lubrificantes e cortes de destilados médios possuem, normalmente, grandes
quantidades de n-parafinas que lhes confere valores de pontos de congelamento e de
fluidez mais elevados. Nesse sentido, a remoção de n-parafinas de cadeias longas de
óleos lubrificantes e do diesel é essencial para se obter um produto com boas
propriedades de fluxo a frio. O desenvolvimento de novos catalisadores que
apresentem estabilidade térmica e atividade catalítica frente à reação de
hidroisomerização ainda é um desafio. Sendo assim, silicoaluminofosfatos (SAPO)
foram sintetizados por diferentes rotas. Utilizou-se, também, tratamento pós-síntese
para obtenção de estruturas híbridas e realizou-se sínteses com direcionadores de
estrutura mesoporosa (soft templates e hard templates). Sendo assim, os SAPOs
foram impregnados com solução H2PtCl6 pelo método de umidade incipiente. Em
seguida, as avaliações das atividades catalíticas em reações de hidroisomerização e
hidrocraqueamento do hexadecano foram realizadas. Além dos SAPOs, fosfatos de
nióbio (NbP) também foram impregnados com platina e avaliados na referida reação.
Após a impregnação, os catalisadores foram caracterizados por difração de Raios X
(DRX), adsorção de nitrogênio, espectroscopia no infravermelho com piridina
adsorvida (IV-PY), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e ressonância
magnética nuclear do 29Si (29Si-RMN). Os resultados de caracterização por DRX
mostraram que foi possível a obtenção de SAPOs mesoestruturados. No entanto, para
as sínteses com soft template houve colapso da estrutura após a remoção dos
direcionadores orgânicos. Mesmo assim, esses catalisadores apresentaram atividade
catalítica. Foi possível a obtenção de materiais híbridos por meio das sínteses do
SAPO-11 realizadas com hard templates e também quando empregou-se tratamentos
pós-síntese em amostras de SAPO-11. Ademais, os NbP apresentaram DRX
característicos de materiais amorfos, com alta acidez e foram ativos na conversão do
n-hexadecano.
PALAVRAS-CHAVES:
SAPO; materiais mesoporosos; hidroisomerização; hidrocraqueamento; n-
hexadecano.
VI Íria Almeida Leal Bassan
ABSTRACT
Lubricants and cutting middle distillates typically have large amounts of n-paraffins to
increase its freezing point and fluidity. Accordingly, the removal of n-paraffins of long
chain lubricants oils and diesel is essential to get a product with good cold flow
properties. The development of new catalysts, which exhibit thermal stability and
catalytic activity for the hydroisomerization reaction is still a challenge. Thus,
silicoaluminophosphates (SAPO) were synthesized by different routes. Have been
used also post-synthesis treatment for obtaining hybrid structures and others synthesis
have been carried out with mesoporous template (soft and hard-template). Therefore,
SAPO have been impregnated with H2PtCl6 solution by the incipient wetness method.
Then assessments of catalytic activities in hydroisomerization and hydrocracking
reactions of hexadecane have been held. Besides SAPO, niobium phosphate - NbP -
were also impregnated with platinum and evaluated in the same reaction. After
impregnation, these catalysts have been characterized by X-ray diffraction (XRD),
nitrogen adsorption, infrared spectroscopy with adsorbed pyridine (IV-PY), scanning
electron microscopy (SEM) and resonance nuclear magnetic 29Si (29Si-NMR). The
characterization results by XRD have shown that it has been possible to obtain
mesoporous SAPOs. However, for the syntheses with soft template there was collapse
of the structure after removal of the organic template. Even so, these catalysts have
been actives. It was possible to obtain hybrid materials through the synthesis of SAPO-
11 made with hard templates and by means of post-synthesis treatments samples of
SAPO-11. Moreover, NbP has shown characteristic XRD of amorphous materials, with
high acidity and were active in the conversion of hexadecane.
Keywords:
SAPO, mesoporous materials; hydroisomerization, hydrocracking, n-hexadecane.
VII Íria Almeida Leal Bassan
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema da difusão de produtos e reagentes pelo poro da zeólita ZSM-5
(BELLUSSI, CARATI, CLERICI, 2001). ............................................................................. 21
Figura 2: Esquema das vias bifuncionais de hidroisomerização e craqueamento de n-
parafinas (adaptado de YADAV & SAKTHIVEL, 2014). .................................................. 23
Figura 3: Etapas de troca iônica para a geração de acidez de Brønsted e desidratação
para geração de acidez de Lewis: (a) troca do íon sódio pelo íon amônio; (b)
decomposição do íon amônio com liberação da amonia e geração do sítio ácido de
Brønsted; e (c) desidratação de sítio ácido de Brønsted para geração de sítio ácido de
Lewis (MORENO & RAJAGOPAL, 2002) .......................................................................... 27
Figura 4: Estruturas de: a. SAPO-5 e b. SAPO-11 (MASCARENHAS, 2001). ........... 28
Figura 5: Esquema da geração de sítio ácido de Brønsted (MASCARENHAS, 2001).
.................................................................................................................................................. 29
Figura 6: Esquema da fotociclização catalítica do azobenzeno (MASCARENHAS,
2001). ....................................................................................................................................... 30
Figura 7: Mecanismos de inserção de silício na rede ALPO (YADAV, SAKYHIVEL,
2014). ....................................................................................................................................... 31
Figura 8: Distrubuição de Si, Al e P em uma rede SAPO. A) Si isolado; b) ilha com 5Si;
c) ilha com 11 Si; d) fase Si-Al com 1Al na ilha de silício (PASTORE, H.O.; COLUCCIA,
S.; MARCHESE, L., 2005). .................................................................................................. 33
Figura 9: DRX (A) Amostras sintetizadas com (a) sílica fumegante (b) TEOS; (B) DRX
das amostras (a) com sílica fumegante, extraída com ácido, (b) com TEOS, extraída
com ácido; (c) com TEOS, extraída com base, (d) com TEOS, extraída com base e
calcinada (Adaptado de OLIVEIRA & PASTORE, 2002). ............................................... 35
Figura 10: Fluxograma de síntese do SAPO-11 – IB 01 ................................................. 46
Figura 11: Fluxograma de síntese do SAPO-11 – IB 02 ................................................. 48
Figura 12: Esquema de apresentação das sínteses dos SAPOs mesoporosos. ........ 49
Figura 13: Fluxograma de síntese da amostra IB 07. ...................................................... 53
Figura 14: Fluxograma de síntese das amostras IB 08. .................................................. 54
Figura 15: Imagem do reator de calcinação em fluxo. ..................................................... 56
VIII Íria Almeida Leal Bassan
Figura 16: Fluxograma do procedimento sintético da síntese dos fosfatos de nióbio
mesoporosos a partir de NbCl5 e H3PO4. .......................................................................... 60
Figura 17: Adsorção de piridina nos sítios de Brønsted.................................................. 63
Figura 18: Adsorção de piridina nos sítios de Lewis. ....................................................... 63
Figura 19: Fotografia do microscópio eletrônico de varredura utilizado neste trabalho.
.................................................................................................................................................. 65
Figura 20: Intervalos de deslocamento químico de 29Si para distintos ambientes
químicos (MENEZES,1995). ................................................................................................ 67
Figura 21: Sistema de reação utilizado na hidroisomerização do hexadecano. ......... 68
Figura 22: Fotos do reator utilizado nos estudos de hidroisomerização do hexadecano.
.................................................................................................................................................. 69
Figura 23: (a) DRX do ALPO-11 (IZA – database), (b) DRX das amostras de IB 01
(SAPO-11); (c) DRX da amostra IB 02 (SAPO-11). ......................................................... 73
Figura 24: (a) DRX das amostras de SAPO 11 calcinado; (b) DRX da amostra de
SAPO-11 que sofreu tratamento com ácido clorídrico a 0,1 mol/L; e, (c) DRX da
amostra de SAPO 11 tratada com ácido clorídrico a 1 mol/L. ....................................... 74
Figura 25: (a) DRX das amostras de SAPO 11 (IB 02); (b) DRX da amostra de SAPO-
11 tratada com DEA. ............................................................................................................. 75
Figura 26: Isoterma de adsorção de N2 das amostras IB 02 e IB 02-DEA. .................. 77
Figura 27: Espetros no infravermelho com piridina adsorvida da amostra IB 02. ...... 78
Figura 28: Espectros no infravermelho com piridina adsorvida da amostra IB 02-DEA.
.................................................................................................................................................. 79
Figura 29: Espectro de 29Si RMN da amostra IB 02. ....................................................... 81
Figura 30: Deconvolução do espectro de 29Si-RMN apresentado por BLASCO et al,
2006. A simulação indica os picos referentes aos ambientes químicos dos silícios
presentes na rede. São eles: 1- Si(4Al), 2- Si(3Al,1Si), 3- Si(2Al, 2Si), 4- Si(1Al, 3Si),
5- Si(4Al). ................................................................................................................................ 82
Figura 31: Conversão total do hexadecano para as amostras IB 01, IB 01-HCl, IB 02
e IB 02-DEA. ........................................................................................................................... 85
Figura 32: Seletividade para isomerização nas amostras IB 01, IB 01-HCl, IB 02 e IB
02-DEA. ................................................................................................................................... 86
IX Íria Almeida Leal Bassan
Figura 33: Seletividade a craqueamento do hexadecano para as amostras IB 01, IB
01-HCl, IB 02 e IB 02-DEA. .................................................................................................. 87
Figura 34: Conversões do hexadecano com IB 01 a 300 ºC. ........................................ 87
Figura 35: Conversões do hexadecano com IB 01 a 350ºC........................................... 88
Figura 36: Conversões do hexadecano como IB 01 a 400ºC. ....................................... 89
Figura 37: Conversões do hexadecano como IB 01 a 450ºC. ....................................... 89
Figura 38: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 300ºC. ............................... 90
Figura 39: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 350ºC. ............................... 91
Figura 40: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 400ºC. ............................... 92
Figura 41: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 450ºC. ............................... 92
Figura 42: Conversões do hexadecano com o IB 02 a 300ºC. ...................................... 93
Figura 43: Conversões do hexadecano como IB 02 a 350ºC. ....................................... 94
Figura 44: Conversões do hexadecano como IB 02 a 400ºC. ....................................... 94
Figura 45: Conversões do hexadecano como IB 02 a 450ºC. ....................................... 95
Figura 46: Conversões do hexadecano como IB 02 a 500ºC. ....................................... 95
Figura 47: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 300ºC. .............................. 97
Figura 48: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 350ºC. .............................. 97
Figura 49: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 400ºC. .............................. 98
Figura 50: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 450ºC. .............................. 99
Figura 51: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 500ºC. ............................ 100
Figura 52: DRX das amostras de SAPO sintetizadas com o CTMABr como agente
direcionador. ......................................................................................................................... 103
Figura 53: DRX das amostra de SAPO IB 07A e IB 07B sem calcinar. ..................... 104
Figura 54: DRX das amostras IB 07 A, tempo de envelhecimento 0h, e IB 08,
envelhecido por 24h. ........................................................................................................... 105
Figura 55: DRX das amostras IB 08 (a) e IB 08 calcinada (b). .................................... 106
Figura 56: DRX do IB 08 e IB 08 extraído em soxhlet. .................................................. 107
X Íria Almeida Leal Bassan
Figura 57: DRX da amostra IB 08 calcinada e da amostra IB 08 depois de passar por
extração em soxhlet, impregnação e calcinação. ........................................................... 108
Figura 58: Conversão do hexadecano empregando catalisadores SAPO
mesoporosos. ....................................................................................................................... 110
Figura 59: Seletividade a isômeros do hexadecano para amostras de SAPO
mesoporosas. ....................................................................................................................... 112
Figura 60: Seletividade a craqueamento do hexadecano para as amostras de SAPO
mesoporosas. ....................................................................................................................... 112
Figura 61: Conversões do hexadecano com IB 07A a 300ºC. ..................................... 113
Figura 62: Conversões do hexadecano com IB 07A a 350ºC. ..................................... 114
Figura 63: Conversões do hexadecano com IB 07A a 400ºC. ..................................... 114
Figura 64: Conversões do hexadecano com IB 07B a 300ºC. ..................................... 115
Figura 65: Conversões do hexadecano com IB 07B a 350ºC. ..................................... 116
Figura 66: Conversões do hexadecano com IB 07B a 400ºC. ..................................... 116
Figura 67: Conversões do hexadecano com IB 07B a 450ºC. ..................................... 117
Figura 68: Conversões do hexadecano com IB 07B a 500ºC. ..................................... 118
Figura 69: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 300ºC. ................................. 119
Figura 70: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 350ºC. ................................. 119
Figura 71: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 400ºC. ................................. 120
Figura 72: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 450ºC. ................................. 120
Figura 73: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 500ºC. ................................. 121
Figura 74: DRX das amostra IB 02 (SAPO-11), SAPO-11-BP e da SAPO-11-BPC
(calcinada). ........................................................................................................................... 124
Figura 75: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 da amostra SAPO-11-BPC. ...... 126
Figura 76: Imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) da amostra SAPO-
11 BPC. ................................................................................................................................. 128
Figura 77: 29Si-RMN da amostra de SAPO-11-BPC. ..................................................... 129
XI Íria Almeida Leal Bassan
Figura 78: Deconvolução do espectro de 29Si-RMN apresentado por BLASCO et al,
2006. A simulação indica os picos referentes aos ambientes químicos dos silícios
presentes na rede. São eles: 1- Si(4Al), 2- Si(3Al,1Si), 3- Si(2Al, 2Si), 4- Si(1Al, 3Si),
5- Si(4Si). .............................................................................................................................. 130
Figura 79: DRX das amostras SAPO-11 preparada com poliestireno antes de calcinar
(SAPO-11 PS), calcinada (SAPO-11 PSC) e de SAPO-11 preparada de forma
convencional (IB 02). ........................................................................................................... 131
Figura 80: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 da amostra SAPO-11 PSC. ...... 132
Figura 81: Imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) da amostra SAPO-
11 PSC. ................................................................................................................................. 134
Figura 82: 29Si-RMN da amostra de SAPO-11-PSC. ..................................................... 135
Figura 83: Deconvolução do espectro de 29Si-RMN apresentado por BLASCO et al,
2006. A simulação indica os picos referentes aos ambientes químicos dos silícios
presentes na rede. São eles: 1- Si(4Al), 2- Si(3Al,1Si), 3- Si(2Al, 2Si), 4- Si(1Al, 3Si),
5- Si(4Al). .............................................................................................................................. 136
Figura 84: Conversão total do hexadecano empregando os catalisadores SAPO-11
BPC, SAPO-11 PSC e IB 02. ............................................................................................. 137
Figura 85: Seletividade a isômeros do hexadecano para os catalisadores SAPO-11
BPC, SAPO-11 PSC e IB 02. ............................................................................................. 138
Figura 86: Seletividade a craqueamento do hexadecano para os catalisadores SAPO-
11 BPC, SAPO-11 PSC e IB 02. ....................................................................................... 139
Figura 87: Rendimento dos hidrocarbonetos obtidos com o catalisador SAPO-11 BPC
nas temperaturas estudadas. ............................................................................................ 140
Figura 88: Rendimento dos hidrocarbonetos obtidos com o catalisador SAPO-11 PSC
nas temperaturas estudadas. ............................................................................................ 141
Figura 89: DRX das amostras (a) NbP – 1; (b) NbP – 2; (c) NbP – 3 e (d) NbP – C.
................................................................................................................................................ 142
Figura 90: Conversão total do hexadecano empregando catalisadores Pt-NbP-1 e Pt-
NbP-3 mesoporosos. ........................................................................................................... 145
Figura 91: Seletividade total a isomerização do hexadecano empregando
catalisadores Pt-NbP mesoporosos. ................................................................................ 146
Figura 92: Seletividade para craqueamento do hexadecano empregando
catalisadores Pt-NbP mesoporosos. ................................................................................ 146
XII Íria Almeida Leal Bassan
Figura 93: Distribuição das porcentagens de hidrocarbonetos obtidos com Pt-NbP-1 a
300 ºC, 350 ºC, 400 ºC e 450 ºC. ...................................................................................... 147
Figura 94: Distribuição das porcentagens de hidrocarbonetos obtidos com Pt-NbP-3 a
300 ºC. ................................................................................................................................... 148
XIII Íria Almeida Leal Bassan
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Propriedades texturais, composição e força ácida dos fosfatos de nióbio
(OKAZAKI & WADA, 1993) .................................................................................................. 40
Tabela 2: Tipos de catalisadores sintetizados. ................................................................. 45
Tabela 3: Condições do tratamento ácido em amostras de SAPO-11. ........................ 49
Tabela 4: Parâmetros de síntese para os SAPOs mesoporosos sintetizados com soft
template. .................................................................................................................................. 50
Tabela 5: Metodologias de calcinações sob fluxo. ........................................................... 56
Tabela 6: Metodologia de calcinação estática. ................................................................. 56
Tabela 7: Catalisadores sintetizados com NbCl5 e H3PO4. ............................................ 61
Tabela 8: Condições de medida do espectro de RMN de 29Si. ...................................... 67
Tabela 9: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de
nitrogênio. ............................................................................................................................... 76
Tabela 10: Concentração de sítios ácidos de Lewis e Brønsted das amostras IB 02 e
IB 02-DEA. .............................................................................................................................. 80
Tabela 11: Códigos dos produtos de craqueamento e isomerização do hexadecano.
.................................................................................................................................................. 83
Tabela 12: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com
a amostra IB 01. ....................................................................................................... 90
Tabela 13: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com
IB 01-HCl. ................................................................................................................................ 93
Tabela 14: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com
IB 02. ........................................................................................................................................ 96
Tabela 15: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com
IB 02-DEA. ............................................................................................................................ 100
Tabela 16: Teores encontrados na análise elementar da amostra IB 08 Ext. ........... 107
Tabela 17: Dados de concentração dos sítios ácidos em amostras de SAPO. ........ 109
Tabela 18: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de N2
para amostra IB 08. ............................................................................................................. 109
XIV Íria Almeida Leal Bassan
Tabela 19: Dados de conversão e seletividade para isomerização do hexadecano com
SAPO meso IB 07A. ............................................................................................................ 115
Tabela 20: Dados de conversão e seletividade para isomerização do hexadecano com
IB 07B. ................................................................................................................................... 118
Tabela 21: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com
IB 08 Ext/Imp/Calc. .............................................................................................................. 121
Tabela 22: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com
SAPO meso IB 08. ............................................................................................................... 122
Tabela 23: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de
nitrogênio. ............................................................................................................................. 125
Tabela 24: Números de sítios ácidos obtidos por IV-PY para as amostras de SAPO-
11 preparada com carvão (SAPO-11-BPC) e SAPO-11 convencional (IB 02). ........ 126
Tabela 25: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de
nitrogênio. ............................................................................................................................. 132
Tabela 26: Números de sítios ácidos obtidos por IV-PY para as amostras de SAPO-
11 preparada com poliestireno (SAPO-11-PSC) e SAPO-11 convencional (IB 02). 133
Tabela 27: Propriedades texturais dos catalisadores NbP estudados antes e após a
impregnação com Pt. .......................................................................................................... 143
Tabela 28: Resultados de acidez das amostras de NbP obtidos por IV-PY. ............. 144
Tabela 29: Porcentagem dos produtos obtidos na conversão do hexadecano
empregando-se o catalisados Pt-NbP-1. ......................................................................... 148
Tabela 30: Porcentagem dos produtos obtidos na conversão do hexadecano
empregando-se o catalisador Pt-NbP-3. .......................................................................... 149
XV Íria Almeida Leal Bassan
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 18
2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................................... 20
2.1 Hidroisomerização .......................................................................................................... 20
2.2 Zeólitas como catalisadores ............................................................................................ 24
2.2.1 Composição e estrutura ........................................................................................... 25
2.3 Fosfatos de Silício e Alumínio ......................................................................................... 28
2.3.1 Incorporação de silício a uma rede ALPO ................................................................ 30
2.3.2 SAPOs mesoporosos ................................................................................................. 33
2.4 Fosfatos de Nióbio .......................................................................................................... 37
2.4.1 Histórico sobre o Nióbio ........................................................................................... 37
2.4.2 Fosfatos de nióbio como catalisadores .................................................................... 39
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................ 44
3.1 Materiais de síntese dos silicoaluminofosfatos (SAPO).................................................. 44
3.2 Síntese dos catalisadores SAPOs..................................................................................... 45
3.2.1 Síntese do SAPO -11 ................................................................................................. 45
3.2.1.1 Síntese do SAPO-11 – amostra IB 01 - adaptado de DINIZ (2000) .................... 45
3.2.1.2 Síntese do SAPO-11 – IB 02 - BLASCO (2006) .................................................... 47
3.2.2 Síntese dos SAPOs mesoporosos ............................................................................. 48
3.2.2.1 Tratamento pós-síntese para abertura de mesoporos ..................................... 49
3.2.2.1.1 Metodologia de tratamento pós-síntese ácido .......................................... 49
3.2.2.1.2 Metodologia de tratamento pós-síntese básico ........................................ 49
3.2.2.2 Sínteses dos SAPOs mesoporoso com CTMABr (soft template) ....................... 50
3.2.2.2.1 Metodologia de síntese do IB 03 ................................................................ 50
3.2.2.2.2 Metodologia de síntese do IB 04 ................................................................ 51
3.2.2.2.3 Metodologia de síntese do IB 05 ................................................................ 51
3.2.2.2.4 Metodologia de síntese do IB 06 ................................................................ 52
3.2.2.2.5 Metodologia de síntese do IB 07. ............................................................... 52
3.2.2.2.6 Metodologia de síntese do IB 08 ................................................................ 53
3.2.2.3 Sínteses dos SAPOs mesoporosos com hard template ..................................... 54
3.2.2.3.1 Síntese do SAPO mesoporoso com carvão ................................................. 54
3.2.2.3.1 Síntese do SAPO mesoporoso com poliestireno ........................................ 55
3.3 Extração dos direcionadores ........................................................................................... 55
XVI Íria Almeida Leal Bassan
3.3.1 Extração em soxhlet ................................................................................................. 55
3.3.2 Calcinação................................................................................................................. 55
3.4 Fosfato de nióbio - Nbp .................................................................................................. 57
3.4.1 Materiais de síntese do NbP .................................................................................... 57
3.4.2 Sínteses dos catalisadores NbP ................................................................................ 58
3.5 Incorporação de platina .................................................................................................. 61
3.6 Caracterização dos catalisadores .................................................................................... 61
3.6.1 Adsorção e dessorção de nitrogênio ........................................................................ 62
3.6.2 Difração de Raios X (DRX) ......................................................................................... 62
3.6.3 Espectroscopia no infravermelho com piridina adsorvida (IV-PIRIDINA) ................ 62
3.6.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ........................................................... 64
3.6.5 Ressonância Magnética Nuclear de Sólidos ............................................................. 65
3.7 Sistema de reação Catalítica ........................................................................................... 68
3.8 Análises dos produtos de reação .................................................................................... 70
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. 72
4.1 Materiais silicoaluminofosfatos - SAPO .......................................................................... 72
4.1.1 SAPO-11 .................................................................................................................... 72
4.1.1.1 Caracterização dos catalisadores ...................................................................... 73
4.1.1.2 Avaliação Catalítica ............................................................................................ 82
4.1.1.3 Conclusão Parcial ............................................................................................. 100
4.1.2 SAPO mesoporoso (sintetizado com soft template) .............................................. 102
4.1.2.3 Avaliação Catalítica para amostras de SAPO mesoporosos. ........................... 110
4.1.2.4 Conclusão Parcial ............................................................................................. 122
4.1.3 SAPO hierárquico (hard template) ......................................................................... 123
4.1.3.1 SAPO-11 com carvão ....................................................................................... 123
4.1.3.2 SAPO-11 com poliestireno ............................................................................... 130
4.1.3.3 Avaliação Catalítica para amostras de SAPO com hard templates. ................ 136
4.1.3.4 Conclusão Parcial ............................................................................................. 141
4.2 Fosfatos de nióbio – NbP .............................................................................................. 142
4.2.1 Caracterizações das amostras de NbP mesoporosos............................................. 142
4.2.2 Avaliação Catalítica para amostras de Pt - NbP mesoporosos. ............................. 144
4.2.3 Conclusão Parcial ................................................................................................... 149
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 150
XVII Íria Almeida Leal Bassan
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................................... 152
7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 153
18 Íria Almeida Leal Bassan
1 INTRODUÇÃO
Há algumas décadas iniciou-se uma ampliação da utilização de ácidos na
indústria. Muitos dos processos industriais, tais como craqueamento, desidratação,
isomerização, alquilação e desproporcionamento envolvem a utilização de ácidos
como catalisadores. As reações catalisadas por ácidos, sejam sólidos ou líquidos,
estão, sem dúvida, entre as mais importantes e as mais estudadas da química.
Pela facilidade operacional, maior estabilidade térmica, menor dificuldade de
separação dos produtos dos catalisadores e maior seletividade, tem sido crescente a
tendência em tornar processos industriais homogêneos em heterogêneos. Além das
vantagens já citadas, os ácidos sólidos podem ser reutilizados, reciclados e geram
produtos mais puros. Em contrapartida, nas reações catalisadas em meio líquido, os
ácidos se tornam um passivo ambiental de maior custo de tratamento, sendo que o
seu manuseio é mais complicado e perigoso, além de causar corrosão em
equipamentos (MASCARENHAS, 2001).
Por outro lado, a hidroisomerização é uma rota que tem crescido de importância
nos últimos anos, motivada pela demanda por combustíveis de maior qualidade. Essa
reação pode ser definida como a conversão catalítica, em presença de hidrogênio, de
parafinas lineares em parafinas ramificadas.
Os catalisadores normalmente utilizados nos processos de hidroisomerização
contêm uma fase desidrogenante (sendo mais comum o uso de Pt, Pd, Ni ou
combinações destes elementos) sobre um suporte com propriedades ácidas, que
podem ser zeólitas, sílico-aluminas ou aluminas modificadas com halogenetos (sendo
mais comum o cloreto). Embora haja semelhanças na composição dos catalisadores,
estes devem ser otimizados, enfocando a aplicação e, considerando-se, dentre outros
fatores, reações secundárias de hidrocraqueamento, que podem ocorrer e que
formarão produtos leves indesejados.
Pode-se considerar como processos de hidroisomerização, consolidados na
prática industrial, as rotas de produção de isobutano, a partir do n-butano, para
posterior manufatura de gasolina, pelo processo de alquilação e a produção de
gasolina de alta octanagem, a partir da hidroisomerização de parafinas C5 a C6
(pentano, hexano).
Dentre os processos em desenvolvimento, destacam-se a produção de
gasolina a partir da hidroisomerização de parafinas maiores do que n-hexano e a
19 Íria Almeida Leal Bassan
produção de óleos lubrificantes de alto índice de viscosidade, a partir de parafinas de
alta massa molecular.
Com a utilização de peneiras moleculares do tipo SAPO, ou zeólitas do tipo
H-ZSM-22, foi possível obter um elevado rendimento em parafinas ramificadas,
maiores do que n-C6, o que levou ao aparecimento de novos processos industriais,
como o “Isodewaxing” da Chevron (MILLER, 1994; MILLER et al, 1995).
Apesar da demanda por novos processos de produção de gasolina e
lubrificantes ter motivado um crescente aumento no estudo dos catalisadores de
hidroisomerização, existe ainda forte controvérsia na literatura sobre vários aspectos
fundamentais dessas reações, tais como o mecanismo de reação e o efeito da
estrutura e da acidez da zeólita sobre a atividade e a seletividade. Em relação ao papel
da acidez, por exemplo, ZHANG E SMIRNIOTIS (1999) propõem que o aumento da
força ácida das zeólitas acarreta o aumento da seletividade e o grau de ramificação
dos isômeros; enquanto outros autores (CORMA et al,1997) sugerem que um
aumento da força ácida favorece o aumento das reações de craqueamento, reduzindo
a seletividade.
A investigação sobre a força ácida é de fundamental importância no
desenvolvimento de novos catalisadores de hidroisomerização. O papel da acidez,
bem como de vários aspectos fundamentais das reações de hidroisomerização de
parafinas maiores do que n-hexano - o mecanismo de reação, e o efeito da estrutura
do suporte e acessibilidade dos poros - devem ser considerados.
Nesse sentido, esse trabalho se propõe a estudar a reação de
hidroisomerização e hidrocraqueamento do n-hexadecano, empregando diferentes
catalisadores fosfáticos impregnados com platina. São eles:
- SAPO-11;
- SAPO mesoporoso, sendo a mesoporosidade gerada durante a síntese, com
“soft template” e “hard template”, ou pós-síntese, com tratamentos ácidos e básicos;
- fosfatos de nióbio mesoporosos sintetizados com diferentes direcionadores
de mesoporos (Plurônic 123, dodecil sulfato de sódio – SDS – e brometo de cetil-
trimetilamônio – CTMABr).
20 Íria Almeida Leal Bassan
2 REVISÃO DA LITERATURA
A seguir, será apresentada uma revisão bibliográfica sobre as principais
metodologias empregadas para a desparafinação do óleo diesel e de óleos
lubrificantes, bem como sobre as sínteses e caracterizações dos catalisadores
estudados neste trabalho: SAPO-11, SAPO mesoporosos e Fosfatos de Nióbio.
2.1 HIDROISOMERIZAÇÃO
Legislações ambientais e especificações de qualidade mais restritivas têm
impulsionado o desenvolvimento de tecnologias visando melhorias nas propriedades
do diesel e óleos lubrificantes.
Os lubrificantes e cortes de destilados médios possuem, normalmente, grandes
quantidades de n-parafinas que lhes conferem valores de pontos de congelamento e
de fluidez mais elevados. Neste sentido, a remoção de n-parafinas de cadeias longas
de óleos lubrificantes e do diesel é essencial para se obter um produto com boas
propriedades de fluxo a frio (BLASCO, 2006).
A desparafinação pode ser efetuada das seguintes formas:
extração por solvente;
craqueamento seletivo;
hidrocraqueamento seletivo;
isomerização de n-parafinas a parafinas ramificadas.
A desparafinação feita com extração por solvente proporciona ao produto final
as características a seguir: diminuição da quantidade de parafina, aumento do teor de
aromáticos, diminuição do ponto de fluidez e índice de viscosidade, aumento da
concentração de nitrogênio e enxofre. Este processo apresenta altos custos de
investimento e operacionais (SEQUEIRA, 1994).
Segundo TAYLOR (1994), o processo de desparafinação catalítica (CDW – do
inglês “catalitic desparafination wax”) remove parafinas por hidrocraqueamento. Deste
modo, essas moléculas são convertidas a produtos de menor massa molecular, os
quais serão removidos, posteriormente, por deslilação. A zeólita ZSM-5 usada como
catalisador tem uma abertura de poro que admite a difusão somente de cadeias
21 Íria Almeida Leal Bassan
lineares ou pouco ramificadas (FIGURA 1). Os compostos impedidos de acessar os
poros são as parafinas altamente ramificadas, compostos cicloalifáticos e aromáticos
de maior tamanho. As n-parafinas são removidas com eficiência neste processo, no
entanto, quanto maior suas concentrações, menor será o rendimento do produto
desparafinado, o que pode inviabilizar o processo economicamente (TAYLOR &
PETTY, 1994; BLASCO et al, 2006).
Figura 1: Esquema da difusão de produtos e reagentes pelo poro da zeólita ZSM-5 (BELLUSSI, CARATI, CLERICI, 2001).
Sendo assim, a isomerização é o método preferível. Este processo exerce um
papel muito importante na indústria do petróleo (HUANG, 2004). Este tipo de reação,
normalmente, acontece na presença de hidrogênio e, nesse caso, é referenciado
como hidroisomerização (GENG et al, 2004). A hidroisomerização em cadeias
carbônicas na faixa entre C4-C6 são realizadas para aumentar a octanagem da
gasolina (MÉRIAUDEAU et al, 1997). Isomerização de hidrocarbonetos entre C7-C15
são aplicadas para aumentar o número de cetano e melhorar as propriedades de fluxo
a frio, como viscosidade, ponto de fluidez e ponto de congelamento (BLASCO, 2006).
Além disso, essas reações em hidrocarbonetos acima de C15 são realizadas para
melhorar as propriedades de fluxo e viscosidade de óleos lubrificantes (BLASCO,
2006). O processo de desparafinação por hidroisomerização pode ser empregado na
produção de óleos lubrificantes básicos de alta qualidade, transformando ceras e n-
parafinas em isômeros ramificados que têm alto índice de viscosidade e baixo ponto
de congelamento. Este processo pode utilizar matéria prima inferior com alto
rendimento do óleo. Além disso, apresenta vantagens como flexibilidade operacional
e alto valor dos subprodutos (LING, WANG, SHEN, 2009).
De acordo com DELDARI (2005), a reação de hidroisomerização é sempre
acompanhada por uma de hidrocraqueamento, proporcionando um menor rendimento
de moléculas isomerizadas. O autor afirma que é bem estabelecido que a
isomerização de n-parafinas ocorre primeiro e o craqueamento é uma reação
22 Íria Almeida Leal Bassan
consecutiva, a qual é favorecida por alcanos multirramificados. Sendo assim, faz-se
necessário limitar as multirramificações.
A hidroisomerização e hidrocraqueamento de n-parafinas de cadeias longas, n-
C16 e n-C28 como compostos modelos, sob catalisadores bifuncionais, foram
estudados em detalhes nas duas últimas décadas (LING, WANG, SHEN, 2009).
A reação de ramificação ocorre nos sítios ácidos do catalisador, que estão
localizados próximos a entrada dos poros. Isso indica que a localização e distribuição
dos sítios ácidos devem ser de primordial importância para o efeito de
hidroisomerização (LING, WANG, SHEN, 2009). Essa função ácida é oferecida,
normalmente, pelo suporte, tais como:
- óxidos amorfos ou misturas de óxidos (exemplos: Al2O3 tratada com HF, SiO2-
Al2O3, ZrO2/SO42-);
- Zeólitas (Y, Beta, Mordenita, ZSM-5, ZSM-22);
- Silicoaluminofosfatos (SAPO-11, SAPO-31, SAPO-41);
- materiais mesoporosos (MCM-41, Al-MCM-41).
DELDARE (2005) afirma que na reação de hidroisomerização a função
hidrogenante/desidrogenante ocorre em sítios metálicos. Os mais comumente usados
são o Pd, Pt ou sulfetos bimetálicos (ex: Ni/Co, Ni/W, Ni/Mo).
De acordo com DELDARI (2005), no mecanismo clássico para isomerização a
desidrogenação ocorre nos sítios metálicos e produz olefinas que são protonadas
pelos sítios ácidos de Brønsted, correspondendo aos íons alquilcarbênio. Este íon
carbênio sofre um rearranjo e uma β-cisão seguida por desprotonação e hidrogenação
sobre os sítios metálicos, gerando uma isoparafina. Os passos deste mecanismo são
os seguintes:
(i) desidrogenação pelo metal;
(ii) protonação das olefinas nos sítios ácidos de Brønsted com a formação
de um alquilcarbênio secundário;
(iii) rearranjo do íon alquilcarbênio via formação do alquilcarbênio cíclico no
estado de transição;
(iv) desprotonação; e
(v) hidrogenação.
23 Íria Almeida Leal Bassan
A Figura 2 apresenta o mecanismo bifuncional de hidroisomerização e
craqueamento das n-parafinas.
Figura 2: Esquema das vias bifuncionais de hidroisomerização e craqueamento de n-parafinas (adaptado de YADAV & SAKTHIVEL, 2014).
A: Hidrogenação-desidrogenação sobre sítios metálicos
B: Protonação-desprotonação sobre sítios ácidos
C: Adição de próton para formação de íon carbênio sobre sítio ácido
D: Desidrogenação para formar o íon alquilcarbênio
E: Adsorção/dessorção competitiva do alqueno e íon carbênio sobre sítios
ácidos
F: Rearranjo do íon alquilcarbênio
G: Craqueamento do íon alquilcarbênio
Esse mecanismo clássico para hidroisomerização/hidrocraqueamento de
parafinas CnH2n+2 prediz a formação de produtos na faixa de n até n-3 átomos de
carbono, com base na estabilidade dos íons carbênios formados. Porém, sobre
catalisadores de elevada acidez, a hidroconversão de n-heptano gerou o
aparecimento de frações C5 e C6 que não poderia ser explicado com base neste
mecanismo. Foi então proposta à ocorrência da dimerização dos intermediários
olefínicos, seguida de rápido craqueamento, gerando frações C5 e C6 no mecanismo
24 Íria Almeida Leal Bassan
denominado “dimerization cracking (DC)”. BLOSMA e colaboradores (1996),
estudando a conversão de n-heptano sobre Pd/H-Beta, verificaram que este
mecanismo é favorecido para baixos teores de fase metálica, baixa atividade da
função metálica ou elevada acidez da zeólita.
O catalisador ideal para seletividade a hidroisomerização deve ter tanto
seletividade para isomerização, os quais vêm do equilíbrio entre acidez e atividade de
hidrogenação, quanto seletividade para reagir só com n-parafinas, que é proveniente
do tamanho da abertura dos poros da peneira molecular. Entretanto, ao lado do metal
usado na síntese do catalisador bifuncional, o tipo de suporte e suas características,
tais como tamanho de poro, acidez, área e distribuição da força ácida têm um
importante papel no desempenho dos catalisadores bifuncionais.
2.2 ZEÓLITAS COMO CATALISADORES
A primeira zeólita, a estilbita, foi descoberta pelo Barão Axel Crönsted, um
mineralogista sueco, em 1756. Ele nomeou esses minerais como zeólitas, das
palavras gregas, zeo (ferver) e lithos (pedra), porque eles liberavam vapor d’água
quando suavemente aquecidos. As zeólitas são formadas por alteração hidrotérmica
da lava depositada, isto é, sob a ação da água em altas temperaturas. As alterações
geológicas que originam as zeólitas são reações muito lentas, ocorrendo ao longo de
milhares de anos, porque a cristalização desses materiais é controlada pela
dissolução das rochas matrizes em soluções salinas ou alcalinas, em altas
temperaturas (MASCARENHAS et al, 2001).
Os minerais porosos formam-se nessas condições: altas temperaturas e
pressões. Entretanto, é preciso estabilizar os canais e cavidades desses minerais,
pois, de outra forma, a pressão acabaria por destruir a rede porosa em formação. Essa
estabilização também é efetuada pela água, que se incorpora aos sólidos e preenche
os canais. (BARRER, 1982).
A incorporação de água em minerais pode somente estabilizar uma estrutura
porosa ou controlar as dimensões dos poros formados. Neste último caso, o sólido
resultante apresenta uma variação muito pequena de diâmetros de poros, isto é, os
poros são de dimensões homogêneas. Esses materiais são conhecidos como zeólitas
25 Íria Almeida Leal Bassan
e têm, em sua composição, átomos de silício e alumínio, ligados por átomos de
oxigênio, arranjados em uma estrutura cristalina. As zeólitas apresentam poros com
aberturas de até 20 Å e, por isso, são consideradas microporosas.
As primeiras sínteses em laboratório tentavam imitar as condições naturais,
sendo realizadas em altas temperaturas e pressões, por longos períodos de tempo
(meses). Em pouco tempo, essas condições drásticas foram substituídas por materiais
de partida mais reativos, que produziam os materiais de interesse em pouco tempo, e
em condições mais brandas (MASCARENHAS et al, 2001).
A partir do século XIX ampliou-se sobremaneira a utilização dos ácidos na
indústria, como na catálise de reações químicas, com participação em diversos
processos essenciais, tais como craqueamento, desidratação, isomerização,
alquilação e desproporcionamento. As reações catalisadas por ácidos, sejam sólidos
ou líquidos, estão indubitavelmente dentre as mais importantes e as mais estudadas
da química (MORENO & RAJAGOPAL, 2002).
2.2.1 Composição e estrutura
As zeólitas são aluminossilicatos cuja fórmula estrutural é:
Mx/m(m+) [AlxSi2-xO4]nH2O
sendo M o cátion de compensação de carga, pois a estrutura é aniônica, e a
quantidade de alumínio pode variar entre os limites 0 ≤ x ≤ 1.
As zeólitas são cristais inorgânicos formados por unidades básicas estruturais
chamadas PBU (“primary buiding units”), que são tetraedros de TO4 (T= Si, Al). Estes
tetraedros se unem entre si, compartilhando vértices e seguindo as seguintes regras:
a) dois tetraedros diferentes se unem entre si compartilhando só um oxigênio;
b) não há ligações do tipo Al – O – Al. Ou seja, tetraedros do tipo AlO4 só estarão
unidos com outros tetraedros do tipo SiO4.
No entendimento da acidez em sólidos, a visão protônica de Brønsted-Lowry e a
eletrônica de Lewis respondem, tradicionalmente, por sistemas distintos. A acidez de
Brønsted é marcante nos mecanismos envolvendo craqueamento ou
hidrocraqueamento de hidrocarbonetos, dois dos processos mais importantes da
26 Íria Almeida Leal Bassan
indústria de refino de petróleo. O grupo doador de prótons é usualmente representado
de forma simplificada como um H+ ligado a um átomo de oxigênio (-OH), em
superfícies de óxidos, e é chamado de sítio ácido de Brønsted ou BAS (Brønsted acid
site). Nestes materiais, os grupos básicos são os íons oxigenados (O-) resultantes da
dissociação do próton ou gerados por desidratação de duas hidroxilas terminais (X-
OH + X-OH X-O- + H2O). A acidez de Lewis comumente está associada aos
sistemas não próticos, resultantes da interação com metais, principalmente os metais
de transição através de seus orbitais d incompletos, capazes de receber elétrons.
Frequentemente, estes metais formam catalisadores, homogêneos ou heterogêneos,
com a habilidade de processar com eficiência diversas reações químicas (MORENO
& RAJAGOPAL, 2002).
Uma das principais dificuldades da utilização de sistemas ácidos heterogêneos
é que no meio sólido, usualmente, é necessário um esforço adicional para incrementar
e estabilizar a acidez superficial. A superfície da sílica (SiO2), por exemplo,
praticamente não produz sítios ácidos de Lewis, pois forma com facilidade silanóis (Si-
OH), que são considerados sítios ácidos de Brønsted, e estes cobrem a superfície
interna e externa do sólido. No entanto, em termos de força, a acidez dos silanóis é
normalmente fraca ou no máximo moderada (MORENO & RAJAGOPAL, 2002).
A acidez de Brønsted nas sílicas, também, pode ser significativamente
incrementada pela substituição isomórfica dos átomos de silício, que possuem carga
formal +4, por cátions trivalentes, como alumínio, gerando uma carga negativa para
cada átomo substituído. Cada carga negativa residual da rede é neutralizada na
superfície do sólido por outros cátions, usualmente metais alcalinos ou alcalinos
terrosos, chamados de "cátions de compensação". Para substituí-los por prótons, ou
seja, para que se forme um sítio ácido de Brønsted, utiliza-se usualmente um
procedimento de troca iônica com uma solução aquosa de cloreto de amônio, seguido
de lavagem, para a retirada de cloreto residual, e calcinação (Figura 3).
27 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 3: Etapas de troca iônica para a geração de acidez de Brønsted e desidratação para geração de acidez de Lewis: (a) troca do íon sódio pelo íon amônio; (b) decomposição do íon amônio com liberação da amonia e geração do sítio ácido de Brønsted; e (c) desidratação de sítio ácido de Brønsted para geração de sítio ácido de Lewis (MORENO & RAJAGOPAL, 2002)
A acidez destes materiais depende essencialmente da localização e do
conteúdo de alumínio na estrutura do silicato, além do estado de coordenação do
alumínio, sendo frequentemente desejável, no caso das zeólitas, a coordenação
tetraédrica (AlO4-) (MORENO & RAJAGOPAL, 2002).
No final da década de 70, alguns laboratórios industriais colocaram-se à
procura de uma nova geração de materiais porosos. A estratégia envolvia a
exploração de novas composições estruturais, além das já bastante conhecidas de
silicatos e aluminossilicatos.
Os princípios da química de cristalização e da química de óxidos estendidos
indicavam que os primeiros elementos a serem explorados como cátions estruturais
tetraédricos eram o alumínio e o fósforo. Os esforços iniciais resultaram nos
aluminofosfatos, ALPO – estruturas que contêm em suas redes átomos de alumínio e
de fósforo interligados por átomos de oxigênio.
A adição de silício aos elementos estruturais resultou nos silicoaluminofosfatos,
SAPO, descobertos dois anos mais tarde.
28 Íria Almeida Leal Bassan
2.3 FOSFATOS DE SILÍCIO E ALUMÍNIO
Mais de 20 anos se passaram desde a primeira publicação sobre a síntese de
silicoaluminofosfatos. Ainda hoje, novas descobertas sobre a química e a estrutura
desses materiais continuam a aparecer (PASTORE et al, 2005).
As estruturas dos dois materiais mais estudados nessa família, as estruturas
SAPO-5 e SAPO-11, estão representadas na Figura 4 (MASCARENHAS, 2001).
Nessas estruturas, cada vértice representa um átomo tetraédrico de Si, Al ou P e no
meio das arestas há um átomo de oxigênio.
O SAPO-11 possui estrutura do tipo AEL formada pela combinação de anéis
de quatro e seis átomos alternadamente ao longo de uma direção. Esses canais
encontram-se delimitados por um terceiro, de dez membros com, aproximadamente,
6,3 x 3,9 Å (MASCARENHAS, 2001).
Figura 4: Estruturas de: a. SAPO-5 e b. SAPO-11 (MASCARENHAS, 2001).
A força dos sítios ácidos de Brønsted de uma peneira molecular pode ser
modelada de acordo com a composição do sólido, como mostrado na Figura 5.
a b
29 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 5: Esquema da geração de sítio ácido de Brønsted (MASCARENHAS, 2001).
Na estrutura do Esquema 5a, é mostrado um sítio silanol, Si-OH, no qual um
par eletrônico do átomo de oxigênio ocupa um orbital vazio de M, enquanto na
estrutura b do Esquema 5, o par eletrônico do oxigênio interage fracamente com o H+.
Essas estruturas mostram, também, que a ligação O-H será mais fraca quanto mais
forte for a ligação M-O e, portanto, a zeólita será mais ácida quanto maior for a acidez
de Lewis de M.
O mesmo raciocínio, quanto à origem da acidez, vale para os aluminofosfatos
substituídos, com a diferença de que no caso dessas peneiras moleculares, a
presença dos átomos de fósforo, com seus orbitais 3d de baixa energia, imprime um
caráter covalente mais pronunciado às ligações. Essa mudança afeta fortemente a
acidez desses materiais, tornando-os ácidos de Brønsted mais fracos (PASTORE,
1996), porém com acidez modulável.
A fraca acidez dos AlPOs é, as vezes, bastante desejável. Uma situação assim
é a da fotociclização catalítica de azobenzeno, com formação de benzo(c)cinolina e
bencidina (FIGURA 6). Para que a reação fotoquímica tenha início, é preciso que a
molécula de azobenzeno seja protonada e o AlPO-5 tem acidez suficiente para isso,
apesar de sua estrutura neutra. Catalisadores muito ácidos não são aconselhados por
levarem a reações paralelas indesejáveis (MASCARENHA, 2001). Na
30 Íria Almeida Leal Bassan
hidroisomerização de n-alcanos podem ocorrer reações paralelas ou secundárias
quando se empregam catalisadores com alta acidez, levando a diminuição da
seletividade.
Figura 6: Esquema da fotociclização catalítica do azobenzeno (MASCARENHAS, 2001).
Hoje em dia, há 53 estruturas de aluminofosfatos e, por consequência
silicoaluminofosfatos, com 18 zeólitas análogas naturais ou sintéticas. A maioria é
composta de peneiras moleculares microporosas com pequenos, médios e grandes
poros, mas algumas destas estruturas possuem poros extragrandes, porém com
entradas limitadas por anéis de 12 átomos T (tetraedro).
Há um grande interesse no estudo de SAPOs indicado pelo número de
publicações. Dados obtidos em 2005 por PASTORE indicaram que, nos cinco anos
anteriores, foram feitas mais de 350 publicações sobre esses materiais. A grande
maioria consiste na aplicação em catálise.
2.3.1 Incorporação de silício a uma rede ALPO
A introdução de átomos de silício na estrutura de rede ALPO leva a geração de
acidez de Brønsted relevantes para reações catalisadas por ácidos, tais como
produção de olefinas, a partir de metano (MTO – do inglês “Methane to Olefines”),
desidrogenação oxidativa de alcanos e, até mesmo, transformações mais complexas.
Há três mecanismos para a incorporação de átomos de silício. Dependendo do
mecanismo de incorporação são geradas cargas líquidas diferentes, sendo +1, -1 ou
0 para os mecanismos MSI, MSII e MSIII, respectivamente.
31 Íria Almeida Leal Bassan
1 - Mecanismo MSI: introdução de 1 Si em hipotética substituição ao Al;
2 - Mecanismo MSII: introdução de 1 Si em hipotética substituição ao P;
3 - Mecanismo MSIII: introdução simultânea de 2 Si, um em uma hipotética
posição de Al e outro em uma hipotética posição de P.
Estes mecanismos estão graficamente representados na FIGURA 7.
Figura 7: Mecanismos de inserção de silício na rede ALPO (YADAV, SAKYHIVEL, 2014).
.
Todos os estudos realizados em SAPO mostram que existem apenas os
mecanismos SM II e SM III, ambos geram cargas líquidas negativas (CHICA, 2002).
Segundo PASTORE (2005), a acidez de Brønsted em SAPOs é gerada por meio da
substituição de átomos de fósforo por átomos de silício, os quais levam a carga
negativa nas redes que são compensadas por prótons ligados a pontes Si – O – Al,
pelo mecanismo de substituição denominado SM II (PASTORE, COLUCCIA &
MARCHESE, 2005). Jamais foram encontradas ligações do tipo Si – O – P em SAPO,
portanto, a existência do mecanismo SM III exige a coexistência do mecanismo SM II.
32 Íria Almeida Leal Bassan
Sendo assim, a carga líquida negativa em SAPOs é proporcional a fração molar do Si
incorporado via mecanismo SM II, já que o SM III é um processo eletrostaticamente
neutro (CHICA, 2002).
Assim como nas zeólitas, os sítios ácidos de Brønsted em SAPOs são
constituídos por unidades Si – O(H) – Al. Entretanto, a acidez desses materiais pode
variar muito, mesmo nos sistemas estruturalmente similares. O principal fator para
isso é o ambiente atômico em torno dos centros ácidos. A primeira esfera de
coordenação em torno dos átomos T de alumínio é formada apenas por Si em zeólitas,
enquanto Si e P podem estar presentes em SAPOs. Além disso, a formação de ilhas
de Si em SAPOs leva a um maior número de sítios ácidos, fazendo com que a acidez
em SAPOs seja mais modulável, já que a inserção de silício pode ser controlada
(PASTORE, COLUCCIA & MARCHESE, 2005).
Com a ajuda de um esquema planar (FIGURA 8) para representar a distribuição
de Si, Al e P em redes SAPOs, BARTHOMEUF e colaboradores (1994, apud
PASTORE, 2005) mostraram que a ocupação por esses átomos na primeira e
segunda esfera de átomos T em torno de um Si, governam a força ácida, por meio da
eletronegatividade dos átomos e da conectividade das unidades tetraédricas.
33 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 8: Distrubuição de Si, Al e P em uma rede SAPO. A) Si isolado; b) ilha com 5Si; c) ilha com 11
Si; d) fase Si-Al com 1Al na ilha de silício (PASTORE, H.O.; COLUCCIA, S.; MARCHESE, L., 2005).
A força ácida aumenta à medida que a primeira esfera contém mais Si e a
segunda mais fósforo. A presença de ilhas de Si leva a formação de sítios ácidos mais
fortes pela formação de espécies Si(nAl) (n < 4) nas bordas das ilhas.
2.3.2 SAPOs mesoporosos
Nas últimas décadas, o SAPO-11, que consiste em um sólido poroso com poros
formados por anéis elípticos de 10 membros de diâmetro de 0,39 x 0,63 nm, foi
considerado o mais adequado para reações de isomerização de n-alcanos de cadeia
longa (PARK & IHM, 2000). No entanto, o desempenho do catalisador pode ser
seriamente limitado devido à sua estrutura microporosa que restringe a acessibilidade
dos reagentes volumosos (ou maiores que o tamanho dos poros) para o interior dos
poros. Algumas possíveis soluções foram exploradas para melhorar a acessibilidade
em zeólitas. Uma delas consiste em diminuir o tamanho dos cristais zeolíticos, que
pode ser obtido por síntese em H2O-Surfactante-Álcool (BLASCO et al, 2006),
enquanto outra maneira consiste em introduzir mesoporos nas zeólitas microporosas,
os quais podem ser obtidos por pós-tratamento, tal como desaluminação ou
34 Íria Almeida Leal Bassan
dessilicação (BERNASCONI et al, 2003)(GROEN et al, 2004). No entanto, segundo
LIANG & HUANG (2011), a melhor opção para gerar mesoporos é por meio da
introdução de carbono como direcionador, durante a cristalização. Os mesoporos são
gerados durante e após a calcinação, pois mantêm a alta cristalização e é de fácil
recuperação do material.
Além disso, alguns trabalhos que tratam da geração de mesoporos em SAPOs,
por meio da utilização de direcionadores orgânicos durante a síntese, foram
publicados. Entretanto, ainda hoje, pouco se conhece sobre a geração de mesoporos
em SAPOs. A seguir, serão apresentados alguns trabalhos sobre essas sínteses.
SAPOs mesoporosos, com estrutura hexagonal, foram preparados por
OLIVEIRA & PASTORE, em 2002, utilizando ácido fosfórico, sulfato de alumínio e
sílica fumegante ou tetraetilortossilicato (TEOS), como fontes de P, Al e Si,
respectivamente. O brometo de hexadeciltrimetilamônio (CTMABr) foi o agente
direcionador de poros. O hidróxido de tetrametilamônio foi utilizado para ajustar o pH.
A composição do gel foi:
Al2O3:1,27P2O5:0,76SiO2:2CTMABr:7,35TMAOH:409,6H2O.
Foram realizados estudos de remoção do agente direcionador de poros, por
meio de extração em soxhlet com solução de ácido clorídrico em etanol/heptano
(50/50), e outra com uma solução de isopropilamina em etanol.
Os resultados de difração de Raios X - DRX (FIGURA 9A) mostraram que
ambas amostras apresentaram organização de poros hexagonal e que o produto
obtido empregando TEOS está mais organizado do que o obtido com sílica fumegante.
35 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 9: DRX (A) Amostras sintetizadas com (a) sílica fumegante (b) TEOS; (B) DRX das amostras (a) com sílica fumegante, extraída com ácido, (b) com TEOS, extraída com ácido; (c) com TEOS, extraída com base, (d) com TEOS, extraída com base e calcinada (Adaptado de OLIVEIRA & PASTORE, 2002).
Além disso, os autores concluíram que a extração em meio ácido causa o
completo colapso da estrutura na amostra preparada com sílica fumegante, enquanto
que o produto obtido com TEOS teve a estrutura preservada parcialmente. Uma
parcial desorganização, também, se observa nas amostras extraídas em meio
alcalino, já que há apenas um sinal (100) nos difratogramas de Raios X (FIGURA 9B).
Em 2010, CECOWSKI e colaboradores prepararam películas finas e xerogel de
aluminofosfatos mesoporosos com arranjo tridimensional de poros modificados com
silício e manganês. A mistura reacional do aluminofosfato teve como agente
direcionador de poros o polímero não iônico Plurônic F127.
As análises por difratogramas de Raios X a baixo ângulo revelaram que os
filmes finos calcinados de silicoaluminofosfato (SAPO) e o silicoaluminofosfato de
manganês (MnSAPO) preparados possuem mesoestruturas altamente ordenadas,
que permanecem estáveis até 400ºC. Medidas obtidas por espalhamento de Raios-X
a baixo ângulo – SAXS (do inglês “Small-Angle Scattering of X-Rays”) revelaram que
os materiais têm estrutura cúbica, sendo essa conclusão confirmada pelas imagens
obtidas por TEM, SEM e AFM.
A incorporação do silício e do manganês na estrutura do aluminofosfato foi
estudada por RMN de estado sólido e verificou-se que o silício não foi distribuído de
forma homogênea na estrutura. Além disso, esse estudo indicou que tanto o SAPO
36 Íria Almeida Leal Bassan
como o MnSAPO xerogéis continham muito menos defeitos que os mesmos filmes
finos (CECOWSKI et al, 2010).
Efeitos dos parâmetros de síntese do SAPO-5 mesoporoso com estrutura do
tipo AFI, via radiação de microondas, usando os precursores alumatrano e silatrano
como fontes de alumínio e silício, respectivamente, foram estudados por
UTCHARIYAJIT & WONGKASEMJIT, 2010.
Nessa síntese, o agente direcionador utilizado foi o TEA (sigla em inglês para
representar o tetraetilamônio). Os autores evidenciam que a técnica de aquecimento
com microondas é mais vantajosa, pois utiliza 1-2h, em contraposição com as
convencionais, que requerem aquecimento de 190ºC por 4 dias. Além disso, as
amostras obtidas são mesoporosas com distribuição de tamanho e partículas mais
estreitas que as obtidas por métodos convencionais.
Todas as amostras apresentaram uma estrutura externa hexagonal reveladas
por imagens de SEM, sendo que os difratogramas de Raios X correspondem com
estruturas do tipo AFI (UTCHARIYAJIT & WONGKASEMJIT, 2010).
Recentemente, um método de síntese do SAPO microcristalino com alto
conteúdo de silício e sistema bimodal de poros, utilizando um “template” de
ciclohexilamina para criar microporosidade, foi desenvolvido por DANILINA et al,
2010. Esse método foi estudado como procedimento alternativo para síntese de SAPO
mesoporosos, utilizando-se cinco moldes diferentes. São eles: soft-template com
organosilano, soft-template contendo moléculas de fósforo, soft-template contendo
moléculas de alumínio, soft- template com moléculas anfifílicas e hard-template de
carvão (Black Pearls 2000, CABOT). As propriedades estruturais e catalíticas dessas
estruturas hierárquicas foram estudadas e comparadas com o SAPO-5 microcristalino
e um H-ZSM-5 comercial (DANILINA et al, 2010).
A dessorção a temperatura programada de n-propilamina, a isomerização do
2-metil-2-penteno e o craqueamento monomolecular do propano indicaram que o
SAPO mesoporoso, sintetizado com molde de organosilano, possui um grande
número de sítios ácidos de Brønsted e alta reatividade, similar ao SAPO
microcristalino. Já, a atividade do SAPO-5 mesoporoso foi muito superior na
alquilação do benzeno com álcool benzílico (98%), quando comparado com o SAPO
microcristalino (66%) e o H-ZSM-5 (10%) (DANILINA et al, 2010).
37 Íria Almeida Leal Bassan
Os outros quatro sólidos sintetizados não tiveram suas atividades catalíticas
avaliadas, pois resultaram em materiais impuros, amorfos, com ausência de mesoporo
e baixa acidez (DANILINA et al, 2010).
Na literatura consultada, não há estudos sobre a atividade catalítica de SAPOs
mesoporosos em reações de hidroisomerização do n-hexadecano.
2.4 FOSFATOS DE NIÓBIO
2.4.1 Histórico sobre o Nióbio
O elemento 41 foi descoberto na Inglaterra em 1801, por Charles Hatchett, que,
na época, o denominou de colúmbio. Posteriormente, o químico alemão Heinrich
Rose, pensando haver encontrado um novo elemento ao separá-lo do metal tântalo,
deu-lhe o nome de nióbio em homenagem a Níobe, filha do mitológico rei Tântalo
(CBMM, 2013).
As informações mais antigas sobre o uso de nióbio datam de 1925, referindo-
se à substituição do tungstênio na produção de ferramentas de aço. No início da
década de 1930, o nióbio passou a ser utilizado na prevenção de corrosão
intergranular em aços inoxidáveis (CBMM, 2013).
Até a descoberta quase simultânea de depósitos de pirocloro no Canadá (Oka)
e no Brasil (Araxá), na década de 1950, o uso do nióbio era restringido pela oferta
limitada (era um subproduto do tântalo) e custo elevado. Com a produção primária de
nióbio, o metal tornou-se abundante e ganhou importância no desenvolvimento de
materiais de engenharia (CBMM, 2013).
Na década de 1950, com o início da corrida espacial, aumentou muito o
interesse pelo nióbio, o mais leve dos metais refratários. Ligas de nióbio, como Nb-Ti,
Nb-Zr e Nb-Ta-Zr foram desenvolvidas para utilização nas indústrias espacial e
nuclear, como também para fins relacionados à supercondutividade. Os tomógrafos
de ressonância magnética para diagnóstico por imagem utilizam magnetos
supercondutores feitos com a liga NbTi (CBMM, 2013).
A descoberta de que a adição de uma pequena quantidade de nióbio ao aço
carbono comum melhorava consideravelmente as propriedades desse material levou
38 Íria Almeida Leal Bassan
à utilização em grande escala do conceito de microliga, com grandes vantagens
econômicas para a engenharia estrutural, para a exploração de óleo e gás e para a
fabricação de automóveis (CBMM, 2013).
Atualmente, os aços microligados respondem por 75% do consumo de nióbio.
São materiais sofisticados, desenvolvidos a partir de princípios de metalurgia física,
que refletem o esforço conjunto da pesquisa e desenvolvimento conduzidos na
indústria e nos laboratórios de universidades (CBMM, 2013).
O nióbio é um metal de alto ponto de fusão (2468ºC), que se destaca pelas
seguintes características: densidade pouco superior a do ferro (8,57 g/cm3) e elevada
resistência ao ataque por certos ácidos, como o clorídrico (até 35%), o sulfúrico (até
95%), o nítrico concentrado, o fosfórico, o crômico e os orgânicos. Possui, também,
baixa resistência à oxidação e supercondutividade a temperaturas inferiores a -264ºC.
O óxido de nióbio hidratado, também conhecido como ácido nióbico, representa
13% do mercado mundial de nióbio e é a matéria-prima para fabricação de produtos
especiais como: ferronióbio de alta pureza, níquel-nióbio, óxidos especiais de nióbio
(grau ótico e grau cristal) e nióbio metálico e suas ligas (CBMM, 2013)
Segundo dados de 1999 do Departamento Nacional da Produção Mineral -
DNPM - o Brasil é o líder mundial em reservas conhecidas de pirocloro (Nb2O5), com
uma participação de 88,0%, seguido do Canadá com 9,0%. Como não poderia ser
diferente, ocupa a primeira colocação mundial em oferta de nióbio com 94,5% e o
Canadá com participação de apenas 5,1%. As reservas brasileiras estão localizadas
nos estados de Minas Gerais (96,3%), Amazonas (2,7%) e Goiás (1,0%) e em termos
de produção interna, Minas Gerais responde por 78,3% e Goiás por 21,6% restantes.
O conhecimento científico se revelou essencial para o elemento 41. Os avanços
conseguidos até aqui ampliaram o raio de aplicação do nióbio em aços, superligas,
materiais intermetálicos e ligas de Nb, bem como em compostos, revestimentos,
nanomateriais, dispositivos optoeletrônicos e catalisadores.
O nióbio apresenta significativa importância para a balança comercial brasileira
do setor mínero-metalúrgico, representando um saldo acima de US$ 240 milhões
(1998) ou o equivalente a 43% do faturamento externo de toda indústria nacional de
ferroligas, porém este mercado estabilizou-se. Somente na aplicação em
supercondutores (demanda menor que 2% do mercado mundial) o nióbio não sofre
concorrências técnicas de outros metais. Para todos os outros tipos de produtos há a
concorrência com o vanádio, titânio, molibdênio, tungstênio e tântalo que,
39 Íria Almeida Leal Bassan
isoladamente ou combinados em certas proporções, podem conferir características
próximas e altamente substitutivas do nióbio em diversos produtos (CBMM, 2013).
O pentóxido de nióbio (Nb2O5) é um sólido branco, estável, insolúvel em água.
Quando hidratado (Nb2O5.nH2O) apresenta forte acidez, com sítios de Bronsted e de
Lewis. O fosfato de nióbio (NbOPO4) possui acidez mais elevada que o óxido
hidratado, pois os grupos P-OH se comportam como sítios de Brønsted (SUN;
AUROUX & SHEN, 2006)
Sendo assim, é de extrema importância para a indústria brasileira o
desenvolvimento de novos materiais à base de nióbio, a fim de promover uma
ampliação de sua aplicação.
2.4.2 Fosfatos de nióbio como catalisadores
Uma das primeiras referências à síntese de fosfatos de nióbio foi realizada por
Hahn em 1951. Os autores partiam de uma solução de hexaniobato de potássio,
pentóxido de nióbio dissolvido em ácido fluorídrico, todas tratadas com excesso de
ácido nítrico e fosfórico, para sintetizarem o fosfato de nióbio. Os autores concluíram
que a fórmula deste composto poderia ser descrita como NbOPO4, sem qualquer outra
informação sobre acidez ou atividade catalítica (HAHN, 1951).
CANTERO et al (1993) reagiram o fosfato de nióbio com hidrazina e obtiveram
um sólido amorfo com alta estabilidade térmica. Acima de 600ºC, a hidrazina é
liberada e, de acordo com os autores, é obtido o fosfato de nióbio amorfo livre de
cátions interferentes (K+ e Na+) presentes em outras rotas de síntese (CANTERO et
al, 1993).
A avaliação do fosfato de nióbio comercial no processo de descarboxilação de
ácidos carboxílicos foi realizada por REGUERA (2001). O fosfato de nióbio utilizado,
ADF/28, apresentou área específica de 119 m2/g (temperatura de pré-tratamento de
3500C), força ácida superior a do ácido nióbico e melhores resultados de conversão e
seletividade na descarboxilação (REGUERA, 2001).
Em 2003, MAL & FUJIWARA relataram a síntese de fosfato de nióbio
microporoso. Os fosfatos foram sintetizados com auxílio de surfactantes neutros e
catiônicos. O fosfato resultante apresentou uma área específica da ordem de 480
m2/g, com diâmetro de poros de 1,66 nm. Estes fosfatos mostraram atividade catalítica
40 Íria Almeida Leal Bassan
na hidroxilação do fenol. Os autores ralatam seletividade acima de 85% a 95,3% para
a 4-naftoquinona dependendo do solvente utilizado (MAL et al, 2003).
OKAZAKI & WADA (1993) estudaram as propriedades texturais e catalíticas do
fosfato de nióbio (ADF/01) e do fosfato preparado a partir do niobato de potássio. Os
resultados obtidos pelos autores para as propriedades texturais, composição e força
ácida dos dois fosfatos, estão descritos na Tabela 1 (OKAZAKI & WADA, 1993).
Tabela 1: Propriedades texturais, composição e força ácida dos fosfatos de nióbio (OKAZAKI & WADA, 1993)
Amostrasa S
(m2/g)
Força Ácida (H0) Composição (%)
Nb P O
Razão
P/Nb
Sintetizado 240 ≤ -8,2 14,2 12,0 73,8 0,84
ADF/01 205 ≤ -8,2 14,3 12,0 73,7 0,84
a: Pré-tratamento da amostra a 400ºC por 3 horas, imediatamente anterior às medidas
Foi relatada uma diminuição da atividade catalítica do fosfato de nióbio na
conversão do álcool terc-butílico com metanol em metil terc-butil éter (MTBE) com
aumento da concentração de íons K+ não removidos no processo de síntese. Os
fosfatos de nióbio amorfos não cristalizam abaixo de 800ºC e exibem alta atividade
catalítica, mesmo em condições de pré-tratamento de 500ºC. Além da síntese de
MTBE, o fosfato de nióbio mostrou-se ativo na esterificação do ácido acético com
vários alcoóis e na alquilação do benzeno com olefinas e alcoóis (OKAZAKI & WADA,
1993).
A avaliação dos sítios ácidos de diversos catalisadores à base de nióbio foi
estudada por ARMAROLI e colaboradores (2000). O fosfato de nióbio (ADF/25)
apresentou área específica de 180 m2/g sem calcinar e de 150 m2/g calcinado a 255ºC.
Os autores caracterizaram a acidez de Brønsted como sendo devida às hidroxilas
ligadas ao fósforo, mais ácidas, e ao nióbio. O fosfato de nióbio proporcionou a
desidratação da frutose em 5-hidroximetil-2-furaldeído com boa seletividade e
desempenho (ARMAROLI et al, 2000).
Um fosfato de nióbio foi preparado por da SILVA e colaboradores, através da
reação do ácido ortofosfórico com niobato de potássio AD-1148 da CBMM. O produto
foi obtido adicionando-se 12,5 (g/mL) de solução de niobato de potássio em ácido
ortofosfórico (85%-p/p), a 70ºC, com razão P/Nb entre 2 e 20, sob agitação. Depois
da adição, a mistura ficou em refluxo por 24 h. O sólido resultante foi lavado com água
41 Íria Almeida Leal Bassan
até atingir pH 4, seco em ar e aquecido em diferentes temperaturas por 2 h (DA SILVA
et al, 2005).
Os resultados estruturais e térmicos indicam que o aumento da razão P/Nb
realça a formação da fase cristalina do fosfato de nióbio. A quantidade de potássio é
inversamente associada à razão P/Nb e controle da acidez. À medida que a
temperatura de tratamento da amostra aumenta, a estrutura passa de triclínica para
tetragonal α-NbOPO4. A formação dessa fase é irreversível e se dá entre 760 e 840ºC
após completa desidroxilação e colapso da estrutura lamelar (DA SILVA et al, 2005).
LACHTER e PEREIRA caracterizaram o fosfato de nióbio (ADF-30) e avaliaram
sua atividade catalítica na alquilação do anisol e tolueno com 1-octen-3-ol. A reação
foi processada em fase líquida a 120ºC para o anisol e 110ºC para o tolueno com uma
razão molar aromático/álcool de 10. A influência da temperatura de pré-tratamento
(110, 200, 300, 400, 500 e 600ºC) na atividade catalítica do fosfato de nióbio na
alquilação do anisol com álcool alílico foi estudada. Os melhores resultados foram
obtidos quando se empregou temperatura de 400º C no pré-tratamento. A conversão
do álcool foi de 100% na reação com anisol e 57% com tolueno. A atividade catalítica
do fosfato de nióbio foi superior a do ácido nióbico na reação com anisol e a
seletividade para produtos de monoalquilação foram maiores que 80% (LACHTER &
PEREIRA, 2004).
Estudos de preparação, de caracterização e de atividade catalítica de fosfatos
de nióbio sintetizados e comerciais foram realizados por LA CRUZ, 2004.
Para a síntese dos fosfatos foram utilizados ácido nióbico e HF. O material
obtido é cristalino, possui baixa área específica e apresentou desempenho catalítico
inferior aos dos fosfatos de nióbio comerciais em reações de alquilação de compostos
aromáticos (LA CRUZ, 2004).
La Cruz afirma que, tanto para os fosfatos comerciais como para os
sintetizados, a acidez está relacionada com a área específica (LA CRUZ, 2004).
SARKAR E PRAMANIK (2009) sintetizaram o oxofosfato de nióbio mesoporoso
com alta área específica (427 m2/g) e estreita distribuição de tamanho de poro (3-15
nm). O material foi preparado usando solução aquosa do complexo tartarato de nióbio,
di-hidrogenofosfato de amônio, como precursores e surfactante catiônico, brometo de
tetradecil-trimetilamônio como um agente direcionador orgânico (SARKAR &
PRAMANIK, 2010).
42 Íria Almeida Leal Bassan
Um novo híbrido orgânico-inorgânico mesoporoso foi sintetizado por MAL et al
(2006). O oxofenilfosfato de nióbio mesoporoso teve como materiais de partida o ácido
fenilfosfônico e pentaclorato de nióbio, como fontes de fósforo e nióbio,
respectivamente, e o dodecil sulfato de sódio (SDS), utilizado como agente
direcionador de estrutura mesoporosa. Além disso, realizaram caracterizações neste
sólido por diversas técnicas e verificaram que possui área específica de 169 m2/g e
distribuição de volume de poro de 0,168 cm3/g. Os autores não apresentaram estudo
catalítico deste material (MAL et al, 2006).
ROCHA et al, 2008, avaliaram o desempenho catalítico de quatro amostras de
fosfato de nióbio, obtidos por diferentes métodos, em reações de alquilação do anisol
com álcool benzílico.
Os fosfatos de nióbio estudados foram: um comercial calcinado (NbP-Com); um
comercial recristalizado (NbP-Rec); um cristalino sintetizado por uma rota com HF
(NbP-HF) e um microporoso preparado por um método que utiliza um surfactante
como agente direcionador (NbP-Mic).
O fosfato de nióbio microporoso foi o mais ativo na reação empregada. Esse
desempenho foi atribuído a sua maior área específica (373 m2/g) e sua forte natureza
ácida, além dos sítios ácidos de Brønsted serem predominantes em relação aos de
Lewis (ROCHA et al, 2008).
Na literatura consultada, não há relatos de utilização do fosfato de nióbio em
reações de hidroisomerização do hexadecano. Tendo em vista o bom desempenho
catalítico desse material em diversos tipos de reações, nas quais se necessita de um
catalisador ácido, bem como as vantagens já expostas anteriormente de se utilizar
materiais mesoporosos, é de grande relevância o estudo da preparação do fosfato de
nióbio mesoporoso e do desempenho catalítico frente a reações de hidroisomerização
do hexadecano.
43 Íria Almeida Leal Bassan
2.5 Objetivo
Diante do exposto, este trabalho se propõe a estudar as sínteses e
caracterizações de diferentes fosfatos de silício e alumínio (SAPO) para impregná-los
com platina e avaliar seus desempenhos catalíticos frente a reação de
hidroisomerização e hidrocraqueamento do hexadecano. Fosfatos de nióbio
mesoporosos também serão impregnados com platina para, posteriormente, serem
estudados na referida reação.
44 Íria Almeida Leal Bassan
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A seguir, serão apresentadas as rotas de síntese utilizadas para obtenção dos
catalisadores estudados. Para facilitar o desenvolvimento da discussão, os
catalisadores foram divididos em quatro séries. São elas:
- SAPO – 11
- SAPO – 11 tratado
- SAPO mesoporoso (sintetizado com direcionadores de mesoporos)
- Fosfatos de Nióbio - NbP
Posteriormente, serão apresentadas as técnicas de caracterização desses
materiais, bem como a metodologia utilizada para avaliar o desempenho desses
catalisadores na reação de hidroisomerização do hexadecano.
3.1 MATERIAIS DE SÍNTESE DOS SILICOALUMINOFOSFATOS (SAPO)
Fontes de silício:
Fontes de Alumínio
Fonte de fósforo H3PO4 (85%, Merck)
Direcionadores de estrutura
Agente Mineralizante TMAOH (Solução aquosa 25% p/p, Sigma Aldrich)
TEOS (Merck – 99%)
Sílica - SiO2 (Aerosil 200, Degussa)
Sílica Gel – SiO2
Pseudobohemita (Vista 69,2% de Al2O3
Alumina pirolisada
Al2(SO4)3
Di-isopropilamina – DIPA (98% - Merck)
CTMABr (PA, Fluka)
Carvão
45 Íria Almeida Leal Bassan
3.2 SÍNTESE DOS CATALISADORES SAPOS
Nesse trabalho, foram sintetizadas algumas amostras de SAPOs utilizando-se
metodologias distintas e/ou diferentes direcionadores de estrutura. As metodologias
dessas sínteses serão apresentadas sucintamente na Tabela 2, e de forma mais
detalhada, ao longo desta seção.
Tabela 2: Tipos de catalisadores sintetizados.
Nome Metodologia Direcionador de estrutura
Tratamento pós síntese
SAPO-11 microporoso
Direcionador de estrutura DPA/DIPA -
SAPO
mesoporoso
Direcionador de estrutura (soft template)
CTMABr -
Direcionador de estrutura (hard template)
Carvão
Poliestireno -
Tratamento pós síntese em SAPO-11 microporoso
- Ácido
Básico
De acordo com a tabela 2, pode-se verificar que dentre os SAPOs mesoporosos
há três grupos: um mesoporoso de síntese com soft template, outro de síntese com
hard template e o terceiro mesoporoso por tratamento pós-síntese do SAPO-11
(microporoso).
3.2.1 Síntese do SAPO -11
Para síntese do SAPO-11, foi empregada a metodologia descrita por DINIZ
(2000) e BLASCO (2006).
3.2.1.1 Síntese do SAPO-11 – amostra IB 01 - adaptado de DINIZ (2000)
O SAPO-11 sintetizado apresenta a seguinte composição molar:
1Al2O3:1P2O5:0,5SiO2:1DIPA:80H2O
Para obtenção do gel com a referida composição, adicionou-se 17,19 g de
pseudobohemita em 100 g de água destilada sob agitação magnética por 30 minutos.
A essa mistura, adicionou-se 25,40 g de ácido fosfórico, lentamente, que havia
sido previamente diluído em 42 g de água destilada. Após a adição de toda a solução
46 Íria Almeida Leal Bassan
de ácido fosfórico, o sistema ficou sob agitação por 120 minutos. Após este tempo,
11,15 g do direcionador de estrutura, diisopropilamina - DIPA, foi adicionado gota-a-
gota para permanecer sob agitação por mais 1 hora. Por fim, 3,31 g de SiO2 foram
adicionados. O gel de síntese foi agitado por mais 40 minutos. Em seguida, o gel foi
transferido para quatro autoclaves de teflon, revestidas com aço inox e mantidas em
estufa a 200 ºC por 72 horas.
Após a cristalização, os sólidos foram filtrados, lavados exaustivamente com
água destilada, secos em estufa e calcinados. A calcinação foi realizada a 500 ºC sob
fluxo contínuo de nitrogênio por 7,9 h e oxigênio por 20 h, conforme a metodologia
CalcF 4 da Tabela 5.
A Figura 10 apresenta o fluxograma desta síntese.
Figura 10: Fluxograma de síntese do SAPO-11 – IB 01
Agitar p/ 1 h
Agitar p/ 2 h
17,19 g pseudobohemita
+
100 g H2O
Agitar p/ 2 h
25,40 g H3PO4 diluído
em 40 g H2O
11,15 g de DIPA
3,31 g SiO2
Gel
SAPO-11
Autoclave 200 ºC p 72 h
47 Íria Almeida Leal Bassan
3.2.1.2 Síntese do SAPO-11 – IB 02 - BLASCO (2006)
Uma solução preparada com 5,72 mL de H3PO4 em 5 g de água Milli-Q foi
adicionada sobre 3,39 g de isopropóxido de alumínio. Essa mistura foi agitada por 2
horas em temperatura ambiente. Então, 2,56 g de dipropilamina – DPA – foram
adicionados sob agitação por mais duas horas. Subsequentemente, uma solução de
11,54 g de hexanol, 0,96 g de hexadecilamina e 4,5 g de água foi adicionada e, logo
após, outra de 1,56 g de TEOS e 5 g de água destilada. A mistura foi agitada por mais
2 horas para então ser transferida para uma autoclave de inox (revestida internamente
com teflon) e aquecida estaticamente a 195 ºC por 24 horas.
Após a cristalização, os sólidos foram filtrados, lavados com água destilada,
com etanol e com água destilada novamente, para depois serem secos em estufa por
12 h.
Este SAPO-11 apresenta a seguinte razão molar:
Al2O3:P2O5:0.5 SiO2:1.0 DPA:0.072 hexadecilamina:4.4 hexanol:40 H2O
A Figura 11 apresenta o fluxograma da síntese desta amostra.
48 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 11: Fluxograma de síntese do SAPO-11 – IB 02
3.2.2 Síntese dos SAPOs mesoporosos
Os materiais mesoporosos foram sintetizados utilizando-se metodologias
distintas. Variaram-se as fontes de silício, alumínio, bem como o agente direcionador
de estrutura. As sínteses foram realizadas adaptando-se as metodologias de DINIZ
(2000), BLASCO (2006), OLIVEIRA & PASTORE (2002) e LIANG & WANG (2011).
As sínteses dos SAPOs mesoporosos serão apresentadas de acordo com o
esquema da Figura 12.
Agitar p/ 2 h
5,72 g de H3PO4
+
5 g H2O
3,39 g isopropóxido
de alumínio
Agitar p/ 2 h
ALPO
2,56 g de DPA
Agitar p/ 2 h
11,54 g hexanol +
0,96 hexadecilamina +
4,5 g H2O
1,56 g TEOS
5 g H2O
Gel
Autoclave 195 ºC p/ 24
h
SAPO-11
49 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 12: Esquema de apresentação das sínteses dos SAPOs mesoporosos.
3.2.2.1 Tratamento pós-síntese para abertura de mesoporos
Nas amostras de SAPO-11, foram realizados tratamentos distintos no intuito de
promover abertura de mesoporos na estrutura.
3.2.2.1.1 Metodologia de tratamento pós-síntese ácido
Inicialmente, realizou-se tratamento ácido na amostra de SAPO-11 IB 01 após a
calcinação.
O procedimento consistiu em deixar 1 g de amostra em 30 mL de soluções de
HCl nas condições apresentadas na tabela 3.
Tabela 3: Condições do tratamento ácido em amostras de SAPO-11.
Experimento Concentração (mol/L) Tempo (h) Temperatura (ºC)
1 1 6 75
2 0,1 3 50
3.2.2.1.2 Metodologia de tratamento pós-síntese básico
Após a calcinação, a amostra de SAPO-11 IB 02 sofreu tratamento básico com
solução de dietilamina (DEA), de acordo com a metodologia proposta por
VERBOEKEND et al 2014, que será descrita a seguir.
Preparou-se uma solução aquosa a 0,4 mol/L de DEA. Em um balão, colocou-
se 4 g de SAPO 11 e 125 mL da referida solução. O sistema ficou em agitação a
65 ºC sob refluxo por 0,5 h.
SAPOs mesoporosos
Soft template Hard template Pós síntese
ácido básico carvão poliestireno
50 Íria Almeida Leal Bassan
Após o tempo de agitação, a amostra foi filtrada e lavada exaustivamente com
água destilada e seca em estufa por 12 h. Após a secagem, a amostra foi calcinada a
550º por 5 h e uma rampa de 5 ºC/min (CalcF 3 da Tabela 6).
3.2.2.2 Sínteses dos SAPOs mesoporoso com CTMABr (soft template)
A Tabela 4 apresenta um panorama geral de todas as sínteses realizadas com
CTMABr. Posteriormente, serão apresentados com maiores detalhes o preparo destes
materiais.
Tabela 4: Parâmetros de síntese para os SAPOs mesoporosos sintetizados com soft template.
Cód Fonte de
Alumínio
Fonte de silício % Si Envelhecimento Tratamento
hidrotérmico
Detalhe
IB 03 Al2O3 Sílica Aerosil -
0h 100ºC/48h IB 31
24h 100ºC/48h IB 32
0h 200ºC/48h IB 33
24h 200ºC/48h IB 34
IB 04 Al2O3
fumegante Sílica Aerosil - 24h
100°C/24h IB 41
100ºC/48h IB 42
IB 05 Al2(SO4)3 Sílica Aerosil 7% 24h 100ºC/24h IB 41
100ºC/48h IB 42
IB 06 Al2(SO4)3 TEOS 7% 24h
100°C/24h IB 61
IB 61 Ext
100ºC/48h IB 62
IB 62 Ext
IB 07 Al2(SO4)3 TEOS 7% 0h 70ºC/48h IB 07A pH 8
IB 07B pH 10
IB 08 Al2(SO4)3 TEOS 7% 24h 70ºC/48h IB 8 pH 10
3.2.2.2.1 Metodologia de síntese do IB 03
A amostra IB 03 foi preparada com a seguinte composição molar:
51 Íria Almeida Leal Bassan
1Al2O3:1,3P2O5:0,8SiO2:3,7CTMABr:6,3TMAOH:592H2O
Inicialmente, preparou-se uma suspensão com 34,64 g de TMAOH e 1,53 g de
Al2O3 que ficou sob agitação por uma hora para adição de 4,61 g de H3PO4. A seguir,
agitou-se a suspensão por mais uma hora. A essa suspensão, foi adicionada uma
solução, previamente preparada de 20,04 g de CTMABr em 132,2 g de H2O, que ficou
sob agitação por uma hora a 40ºC.
Nessa etapa, verificou-se que o pH estava em 12, portanto não houve a
necessidade de acrescentar mais TMAOH como descrito por OLIVEIRA & PASTORE,
2002.
Sendo assim, 0,72 g de SiO2 (Fumed sílica) foram adicionados à mistura e o
sistema ficou sob agitação por mais uma hora.
O gel final foi dividido em quatro autoclaves para tratamento hidrotérmico,
conforme detalhado na tabela 4.
3.2.2.2.2 Metodologia de síntese do IB 04
A amostra IB 04 foi preparada com a seguinte composição molar:
1Al2O3:1,25P2O5:0,75SiO2:2CTMABr:7,35TMAOH:410H2O
A metodologia empregada na síntese dessa amostra foi a mesma da IB 03,
variando as quantidades dos materiais, já que a composição do gel apresenta
pequenas diferenças, e a fonte de alumínio (alumina pirolisada). O gel foi transferido
para autoclaves para tratamento hidrotérmico, conforme detalhado na tabela 4.
3.2.2.2.3 Metodologia de síntese do IB 05
Essa amostra teve a mesma composição do gel da IB 04,
1Al2O3:1,25P2O5:0,75SiO2:2CTMABr:7,35TMAOH:410H2O, porém a metodologia
apresenta diferenças.
Inicialmente, foi preparada uma solução de 12,6 g de Al2(SO4)3 com 50 g de água
destilada que ficou sob agitação por 15 minutos para, então, 5,7 g de H3PO4 ser
adicionado gota a gota. Esse sistema ficou mais uma hora sob agitação para formar
o ALPO.
52 Íria Almeida Leal Bassan
Paralelo a isso, outra solução foi preparada com 0,9 g de sílica aerosil em 25 mL
de TMAOH. A agitação foi constante por 40 min para, em seguida, ser adicionada à
solução de ALPO. Esse sistema foi agitado por mais uma hora para sofrer a adição
de uma solução de 14,57 g de CTMABr em 50 g de água destilada, previamente
preparada, sob agitação e aquecimento de 40ºC por 1 h.
Nessa etapa, verificou-se que o pH estava em 2. Sendo assim, foi necessário
adicionar mais 8 g de solução de TMAOH até que o pH atingisse o valor de 10,5.
Após o ajuste do pH, o sistema ficou sob agitação por mais 1 h a 240 rpm para
ser transferido para as autoclaves e posterior tratamento hidrotérmico conforme
especificado na Tabela 4.
3.2.2.2.4 Metodologia de síntese do IB 06
Para esta síntese, a metodologia foi a mesma da anterior, alterando, apenas, a
fonte de silício para TEOS.
3.2.2.2.5 Metodologia de síntese do IB 07.
A composição do gel de síntese foi de:
Al2O3:1,27P2O5:0,76SiO2:2CTMABr:7,35TMAOH:409,6H2O.
O procedimento consistiu em solubilizar 9,45 g de Al2(SO4)3 em 28 g de H2O e
agitar por 30 min para, então, adicionar uma solução de 4,32 g de H3PO4 em 10 g de
água lentamente (gota a gota) para formar o ALPO. Este sistema ficou sob agitação
por 1h.
Uma solução contendo 14,576 g de CTMABr em 38 g de água destilada,
preparada previamente sob agitação por 2 h a 40 ºC, foi adicionada lentamente ao
sistema do ALPO e, em seguida, adicionou-se 10,05 g de TMAOH.
Após 1 h sob agitação, 2,34 g de TEOS foi incorporado ao gel gota a gota. O
sistema sofreu agitação por mais 40 min.
Ao final, verificou-se que o pH do gel estava em 8, então, metade do gel foi
transferido para uma autoclave e a outra metade teve o pH ajustado para 10,5 com
TMAOH e foi transferido para outra autoclave.
53 Íria Almeida Leal Bassan
Em seguida, as autoclaves foram transferidas para uma estufa e as amostras
sofreram o tratamento hidrotérmico, conforme consta na tabela 4.
Após o tratamento hidrotérmico, as amostras foram filtradas à vácuo e lavadas
com, aproximadamente, 2 L de água destilada.
O fluxograma do procedimento sintético está apresentado na Figura 13.
Figura 13: Fluxograma de síntese da amostra IB 07.
3.2.2.2.6 Metodologia de síntese do IB 08
A síntese dessa amostra foi similar à da IB 07, porém todo o gel preparado teve
o pH ajustado para 10,5 e, além disso, após a transferência para as autoclaves, o gel
sofreu envelhecimento em temperatura ambiente por 24 h antes do tratamento
hidrotérmico.
O fluxograma do procedimento das sínteses está apresentado na Figura 14.
54 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 14: Fluxograma de síntese das amostras IB 08.
3.2.2.3 Sínteses dos SAPOs mesoporosos com hard template
3.2.2.3.1 Síntese do SAPO mesoporoso com carvão
Para síntese com carvão (Black Pearls de CABOT), preparou-se um gel
adaptando-se a metodologia proposta por BLASCO et al (2006) com a seguinte
relação molar
Al2O3:P2O5:0,3TEOS:0,144hexadecilamina:4,4hexanol:40H2O
Para isso, adicionou-se 2,5425 g de Al2O3 em uma solução de 3,75 g de água
milliq, 4,289 g de H3PO4 e 1,9012 g de DPA. Essa mistura foi agitada por 2 h.
À parte, preparou-se uma solução com 8,5 g de hexanol, 3,75 g de água milliq
e 0,7187 g de hexadecilamina, que ficou sob agitação por uma hora.
Juntaram-se as duas soluções e, então, adicionou-se 1,162 g de TEOS
previamente diluído em 3,3512 g de água milliq e 150 mg de carvão.
O sistema ficou sob agitação por mais duas horas e mediu-se o pH que estava
em torno de 4,3.
O gel foi transferido para autoclave para tratamento hidrotérmico estático a
195 ºC por 24 h.
55 Íria Almeida Leal Bassan
Após o tratamento hidrotérmico, o gel foi lavado com uma solução de 120 mL
de água e 15 mL de etanol para posterior lavagem com água. O material foi calcinado
de acordo com a metodologia de CalcF 6 presente na Tabela 5.
3.2.2.3.1 Síntese do SAPO mesoporoso com poliestireno
Para síntese do SAPO com poliestireno, foram adaptadas as metodologias
propostas por BLASCO et al (2006) e SHENGZHEN, SHEG-LI e PENG (2010).
A metodologia do gel foi a mesma empregada na síntese do SAPO-11 IB 02
até a fase final do tratamento hidrotérmico.
Após as 24 h do referido tratamento, o gel foi filtrado da seguinte maneira: em
um funil de Büchner, colocou-se um papel de filtro e sobre ele, 1 g de poliestireno,
cuidadosamente espalhado em toda superfície do papel. Então, o conteúdo da
autoclave foi filtrado neste sistema sob vácuo. Após a filtragem, o material foi seco e
calcinado, de acordo com a metodologia de CalcF 7 da Tabela 5.
3.3 EXTRAÇÃO DOS DIRECIONADORES
3.3.1 Extração em soxhlet
Algumas amostras sofreram, antes da calcinação, uma extração em aparato de
soxhlet com solução de 0,3 mol/L de isopropilamina em etanol por 24 h.
3.3.2 Calcinação
As metodologias de calcinação variaram conforme a amostra. Realizou-se
calcinações sob fluxo, na qual tanto o de N2 como o de ar atravessam as amostras,
como pode ser observado pela imagem do reator de calcinação na Figura 15.
56 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 15: Imagem do reator de calcinação em fluxo.
A Tabela 5 apresenta as condições de calcinação sob fluxo de nitrogênio e ar e
a Tabela 6 as das calcinações sem fluxo.
Tabela 5: Metodologias de calcinações sob fluxo.
V
aquec
T ºC T Rampa fluxo N2 T Fluxo N2 T Rampa fluxo Ar Tempo Ar
CalcF 1 2ºC/min 550 4,4 h 1 h - 3 h
CalcF 2 1ºC/min 540 8,5 h - - 6 h
CalcF 3 1ºC/min 500 7,9 h - - 20 h
CalcF 4 1ºC/min 500 7,9 h - - 6 h
CalcF 5 1ºC/min 540 8,6 h - - 6 h
CalcF 6 1ºC/min 600 - - 14 h 14 h
CalcF 7 1ºC/min 700 - - 11 h 7 h
Tabela 6: Metodologia de calcinação estática.
Met Tempo aquec 1 T1 ºC Patamar Tempo aquec 2 T2 ºC Patamar
CalcE 1 120 min 350 120 min 150 min 550 180
CalcE 2 75 min 400 4 h - - -
CalcE 3 105 min 550 5 h - - -
57 Íria Almeida Leal Bassan
3.4 FOSFATO DE NIÓBIO - NbP
Nesse trabalho, foram realizadas avaliações da atividade catalítica de três
fosfatos de nióbio frente à hidroisomerização e hidrocraqueamento do hexadecano.
Destas amostras, duas foram sintetizadas por REIS (2012) e uma por BASSAN
(2010), todas as sínteses foram realizadas no LAPOCAT/UFRJ e já foram descritas
nos trabalhos citados anteriormente.
As sínteses dos fosfatos de nióbio foram realizadas por meio de três
metodologias. E a principal diferença entre elas foi o emprego de distintos
direcionadores de mesoporos.
Esses três fosfatos de nióbio e uma amostra de fosfato de nióbio comercial
(AD/2043-CBMM) foram caracterizados por DRX, FRX, adsorção de N2,
espectrometria no IV, 31P-RMN, MET, IV com piridina e tiveram seus desempenhos
catalíticos avaliados frente a reações de hidroisomerização do hexadecano.
3.4.1 Materiais de síntese do NbP
Um estudo de novas metodologias para a síntese do fosfato de nióbio, nos
quais foram avaliados os empregos de diferentes materiais é descrito a seguir.
Fontes de fósforo: Ácido fosfórico (H3PO4) - Vetec;
Fontes de nióbio: Pentacloreto de nióbio (NbCl5) - CBMM;
Surfactantes:
1. Não-iônico
. Copolímero tribloco de polietilenoglicol e polipropilenoglicol, PEG-PPG-PEG
(Plurônic 123 ou P123) - Aldrich
58 Íria Almeida Leal Bassan
2. Aniônico
. Dodecil sulfato de sódio (SDS) - Vetec
3. Catiônico
. Brometo de cetil trimetil amônio (CTAB) - Vetec
3.4.2 Sínteses dos catalisadores NbP
Catalisadores sintetizados a partir de NbCl5 e H3PO4 com surfactante não-iônico, aniônico e catiônico
Inicialmente, pesou-se 10 g de NbCl5 em atmosfera de N2 em uma câmara de
luvas, pois o composto é altamente reativo na presença de água e ar liberando HCl.
Após a pesagem, o composto foi transferido para um kitassato de 2000 mL,
previamente equipado com mangueira vedada, que foi fechado com uma rolha e
retirado da câmara de luvas.
O kitassato foi levado para capela e sua mangueira acoplada à aparelhagem
previamente montada. Esta consistia em dois traps conectados por mangueiras,
sendo o último contendo solução diluída de NaOH para neutralizar o HCl formado
durante o processo. À rolha acoplou-se um funil de adição com aproximadamente 200
g de água deionizada que foi adicionada lentamente.
Em seguida, adicionou-se 200 mL de uma solução de ácido fosfórico a 0,28
mol/L e o sistema permaneceu sob agitação por 30 min. Após esse tempo, adicionou-
se NH4OH suficiente para ajustar o pH até 2,6.
59 Íria Almeida Leal Bassan
A mistura obtida foi filtrada e o sólido lavado com água deionizada até ensaio
negativo de íons cloreto, com nitrato de prata para verificar a sua ausência.
O sólido branco resultante foi transferido para um bécher, ao qual adicionou-se
40 mL de uma solução de surfactante à 0,57 mol/L.
A mistura leitosa obtida ficou sob agitação por 30 min. Em seguida, foram
adicionados 2 mL de H3PO4 concentrado e NH4OH concentrado, suficiente para ajuste
do pH até 6,0.
Novamente, a mistura ficou sob agitação por 30 min. O gel obtido foi transferido
para autoclaves de Teflon para o tratamento hidrotérmico estático em estufa à 65ºC
por 48 h.
Após esse tempo, o material foi filtrado sob vácuo e lavado. O gel resultante
sofreu uma extração em soxhlet com uma solução de ácido clorídrico em etanol a 0,1
mol/L, a fim de se retirar o máximo do surfactante.
Após a extração, o material foi seco em estufa e calcinado a 500ºC por 4 horas.
Este procedimento foi realizado utilizando-se surfactantes neutros (P123),
aniônico (SDS) e catiônico (CTMABr).
Quando foram utilizados surfactantes neutros, a solução contendo o surfactante
foi aquecida a 40°C e permaneceu sob agitação por 4 horas, para completa dissolução
dos surfactantes.
O fluxograma do procedimento sintético está representado na Figura 16.
60 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 16: Fluxograma do procedimento sintético da síntese dos fosfatos de nióbio mesoporosos a
partir de NbCl5 e H3PO4.
.
Os catalisadores sintetizados a partir de NbCl5 e H3PO4 utilizando-se os três
surfactantes estudados e o fosfato de nióbio comercial estão apresentados na Tabela
7.
NbCl5
Solução
Clara
Solução
Branca
Sólido
Branco
H2O
deionizada
H3PO4
H3PO4 +
NH4OH (pH=6)
Surfactante
NH4OH
pH=2,6
Catalisador
Gel
Branco
Gel
Branco
Filtração Extração c/ soxhlet Secagem Calcinação a
Lavagem c/ H2O
deionizada
Aquecimento a 65°C
por 48h
61 Íria Almeida Leal Bassan
Tabela 7: Catalisadores sintetizados com NbCl5 e H3PO4.
Catalisadores
Surfactante Razão molar
Surfactante:NbCl5
NbP - 1* P123 0,025
NbP - 2 SDS 0,1
NbP - 3 CTMABr 0,1
* Surfactante dissolvido em HCl 2 mol/L.
3.5 INCORPORAÇÃO DE PLATINA
A incorporação da Pt foi realizada por impregnação úmida a volume de poro
mediante a dissolução em água de ácido hexacloroplatino em quantidade suficiente
para se obter 0,5% de platina em relação à massa da amostra. Após a impregnação,
a amostra foi seca em estufa a 100ºC durante 16 horas.
A ativação do material requer mais duas etapas:
1 - Calcinação do sólido para obtenção do óxido de platina;
2 - Redução com hidrogênio para obtenção da platina metálica.
A etapa de calcinação dos sólidos, após a impregnação, se deu conforme a
metodologia de CalcE 1 da Tabela 6.
A etapa de redução foi realizada no mesmo reator em que se realizaram os
estudos catalíticos.
Após a calcinação, os catalisadores foram pastilhados e reduzidos a
granulometria de 0,6 – 0,82 mm e introduzidos no reator para que o óxido de platina
seja reduzido a Pt0. Essa etapa é realizada sob fluxo de H2 de 300 mL/min, a 400 ºC
durante 2 horas.
3.6 CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES
Os catalisadores estudados neste trabalho foram caracterizados pelas
seguintes técnicas:
- Adsorção e dessorção de nitrogênio;
- Difração de Raios X (DRX);
- Espectroscopia no infravermelho com piridina adsorvida (IV-PIRIDINA);
62 Íria Almeida Leal Bassan
- Ressonância Magnética Nuclear de 29Si;
- Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).
3.6.1 Adsorção e dessorção de nitrogênio
As áreas específicas e o volume de poros dos catalisadores foram medidos por
adsorção e dessorção de nitrogênio à temperatura de -196°C, numa aparelhagem
volumétrica Micrometrics ASAP (Accelerated Surface Area Porosimetry System) 2010.
As áreas específicas (SBET) foram calculadas empregando-se o método BET
(Braunauer, Emmet e Teller).
O diâmetro médio de poro (Dp) e a distribuição do volume de poros foram
calculados pela equação BJH (Barret, Joyner e Hallender).
Antes das análises, os materiais foram submetidos à pré-tratamento sob vácuo
a 300°C por 3 h, até pressão correspondente a 2 mmHg/min.
3.6.2 Difração de Raios X (DRX)
As análises por difração de Raios X foram utilizadas para a identificação das
fases presentes nos catalisadores e executadas em um difratômetro modelo DRX
Ultima IV Rigaku, utilizando-se radiação CuKα, com 40 kV de voltagem e corrente de
30 mA.
Os espectros foram registrados em ângulos de Bragg (2θ) crescentes, partindo-
se de 1 a 80º, e velocidade de varredura de 4º/min.
3.6.3 Espectroscopia no infravermelho com piridina adsorvida (IV-PIRIDINA)
A adsorção de piridina foi realizada em, aproximadamente, 20 mg das amostras
de todos os catalisadores.
As pastilhas preparadas com os catalisadores foram submetidas ao seguinte
tratamento térmico:
- temperatura ambiente a 100°C sob 120 torr de O2 (5°/min);
- 100°C a 300°C sob 120 Torr de O2 (5°/min);
63 Íria Almeida Leal Bassan
- permaneceram a 300°C por 2 horas (1 hora sob O2 e mais 1 hora sob vácuo
secundário;
- resfriamento a temperatura ambiente.
As condições de análise foram:
- adsorção de aproximadamente 1 Torr de piridina à pressão de equilíbrio;
- dessorção a 150°C, 250°C e 350ºC sob vácuo secundário durante 30 min.
Os espectros de infravermelho foram obtidos em um equipamento NICOLET
NEXUS 470 FT-IR na faixa de 400-4000 cm-1.
Os esquemas para a adsorção da piridina nos sítios de Lewis e de Brønsted
estão apresentados nas Figuras 17 e 18.
Figura 17: Adsorção de piridina nos sítios de Brønsted.
N: N:+Cat - OH Cat - O-
NH ___+
Figura 18: Adsorção de piridina nos sítios de Lewis.
O coeficiente de extinção molar de integração (IMEC, da sigla em inglês),
associado ao diâmetro e a massa da pastilha, possibilitam o cálculo da quantidade de
sítios ácidos dos catalisadores.
N:+Cat - Nb Cat - Nb NN:___
64 Íria Almeida Leal Bassan
Pode-se escrever que (EMEIS, 1993):
Onde, KB e KL são constantes de extinção molar para Brønsted e Lewis
(IMEC(B) = 1,67 e IMEC(L) = 2,22 cm/µmol); e r e m estão relacionados ao raio (em
cm) e a massa (em mg) da pastilha, respectivamente.
As concentrações dos sítios de Lewis e Brønsted nos catalisadores podem ser
expressas pelas fórmulas abaixo:
CL= KL x APL CB = KB x APB
sendo APL e APB as áreas correspondentes à curva sobre as bandas associadas à
piridina quimissorvida nos sítios de Lewis (1455 cm-1) e de Brønsted (1548 cm-1).
Foi feita a quantificação dos sítios ácidos de Lewis e Brønsted em fosfato de
nióbio comercial, por meio deste procedimento (REGUERA, 2001 e ROCHA et al.,
2008).
3.6.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é um instrumento capaz de
oferecer uma variedade de informações referentes à superfície da amostra. Seu
funcionamento se baseia em varrer com um feixe de elétrons uma área do tamanho
que se deseja. Por meio de um monitor se visualiza a informação que se selecionou
em função dos detectores disponíveis.
As análises de MEV foram realizadas em um microscópio eletrônico de
varredura de emissão de campo Zeiss, modelo ultra 55, conforme a figura 19.
65 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 19: Fotografia do microscópio eletrônico de varredura utilizado neste trabalho.
3.6.5 Ressonância Magnética Nuclear de Sólidos
O fenômeno de ressonância magnética nuclear está baseado na interação dos
momentos magnéticos dos núcleos com um campo magnético externo que produz um
desdobramento dos níveis energéticos do spin nuclear, associados às diferentes
orientações dos momentos magnéticos em relação ao campo magnético. Portanto,
para que um núcleo seja ativo na RMN deve possuir um spin nuclear diferente de zero.
Diferente dos espectros em solução, os espectros em estado sólido
apresentam sinais mais largos devido às interações magnéticas entre os spins dos
núcleos que, rigidamente ligados, formam o sólido. Estes alargamentos são de tal
magnitude que, em geral, não é possível a resolução de sinais correspondentes a
átomos em diferentes entornos, chegando inclusive ao extremo em que o sinal de
ressonância, ainda que presente, seja indistinguível do fundo.
A ressonância magnética nuclear se aplica para caracterização de zeólitas nas
quais os núcleos mais estudados são: 29Si, 27Al, 1H, 13C, 15N, 69-71Ga, 129Xe, entre
outros. A informação que se pode obter da aplicação dessa técnica é muito ampla.
Por exemplo, permite distinguir diferentes entornos de átomos de Si, determinar a
relação Si/Al da rede, distinguir as diferentes posições cristalográficas, estudar os
66 Íria Almeida Leal Bassan
processos de desaluminização, caracterizar a substituição isomórfica, acompanhar “in
situ” reações catalíticas e estudar as espécies precursoras das zeólitas em solução.
A ressonância magnética de 29Si permite distinguir espécies Si-O- com distintos
graus de condensação e, no caso das zeólitas, é possível identificar diferentes
entornos de Si. Em geral, o espectro de RMN de 29Si, sob rotação no ângulo mágico
(MAS) de zeólitas, mostra um máximo de cinco picos razoavelmente bem resolvidos.
Esses cinco picos correspondem às cinco distribuições possíveis dos átomos de Si e
Al em torno de um núcleo de Si em um centro tetraédrico SiO4, isto é, Si ligado a 4
átomos de Al: (Si [4Al]; Si [3Al, 1Si]; Si [2Al, 2Si]; Si [1Al, 3Si] e Si [4Si]), como indicado
na Figura 20. As faixas de deslocamento químicos onde ocorrem os picos de
ressonância são características da composição da primeira esfera de coordenação
(Figura 20), sendo que os espectros podem ser usados para conhecer a distribuição
Si/Al da rede cristalina das zeólitas (MENEZES, 1995).
67 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 20: Intervalos de deslocamento químico de 29Si para distintos ambientes químicos (MENEZES,1995).
Os espectros de RMN com rotação de ângulo mágico (MAS-RMN) que se
apresentam nesse trabalho foram registrados com um espectrômetro BRUKER AV400
WB. As condições de medida para o 29Si estão apresentadas na tabela 8.
Tabela 8: Condições de medida do espectro de RMN de 29Si.
Núcleo Frequência (mHz)
Pulso (º) Duração (µs) Reciclo (s) Giro (KHz)
29Si 79,459 55,4 4,0 60 5,0
-130-120-110-100-90-80
Deslocamento químico (ppm)
Si(4Al)
Si(3Al)
Si(2Al)
Si(1Al)
Si(0Al)
68 Íria Almeida Leal Bassan
3.7 SISTEMA DE REAÇÃO CATALÍTICA
As avaliações catalíticas foram realizadas no Instituto de Tecnologia Química –
ITQ – da Universidade Politécnica de Valência – UPV.
Todas as reações de hidroisomerização foram realizadas em um equipamento
automatizado com um reator de leito fixo.
O sistema de reação pode ser dividido em três zonas: alimentação, reação e
sistema de análises, conforme mostra a figura 21.
Figura 21: Sistema de reação utilizado na hidroisomerização do hexadecano.
Na zona de alimentação, há duas seções: uma de entrada de gases e outra de
líquidos.
69 Íria Almeida Leal Bassan
Na entrada de gases, há uma linha de alta pressão para hidrogênio e uma para
nitrogênio. A regulação dos fluxos se dá mediante reguladores eletrônicos controlados
por computador.
A entrada de líquidos realizada mediante uma bomba centrífuga, cujo fluxo se
controla por um fluxômetro de líquidos.
A parte de reação está constituída por um forno e o próprio reator. Neste local,
é de suma importância o controle de temperatura e pressão, pois estas variáveis
afetam diretamente a reação.
Os constituintes de análises são formados por um conjunto de válvulas e um
cromatógrafo a gás, cujas características estão descritas na seção 3.9.
Todas as reações estudadas nesse trabalho foram realizadas em fase gasosa,
de forma que as análises dos produtos das reações foram feitas injetando-se
diretamente os gases de saída do reator no cromatógrafo.
O sistema de válvulas situado na saída do reator permite desviar os produtos
da reação ao exterior ou ao cromatógrafo, dependendo do que se quer analisar.
A figura 22 apresenta fotos do reator utilizado nestes estudos.
Figura 22: Fotos do reator utilizado nos estudos de hidroisomerização do hexadecano.
70 Íria Almeida Leal Bassan
3.8 ANÁLISES DOS PRODUTOS DE REAÇÃO
As análises dos produtos das reações foram realizados mediante cromatografia
em fase gás. O cromatógrafo utilizado foi um VARIAN 3400, equipado com uma coluna
capilar de Sílica Fundida, com 50 m de comprimento, e um detector de chama FID.
As condições de operação foram:
Gás de arraste: Hélio
Pressão de hélio na cabeça: 45 psi
Temperatura do injetor: 280 ºC
Temperatura do detector: 300 ºC
Fluxo de ar (FID): 300 mL/min
Fluxo de gás auxiliar (He)(FID): 30 mL/min
Fluxo de hidrogênio (FID): 30 mL/min
Split: 60 mL/min
O programa para análise dos produtos foi o seguinte:
70 ºC constante durante 7 minutos
70 ºC a 200ºC (10º/min)
200 ºC constante durante 30 min.
Após a etapa de redução (descrita em 3.5), que se realiza no reator antes de
cada experimento, a temperatura é diminuída até a temperatura de reação para,
então, aumentar-se a pressão até que o valor desejado seja alcançado. Quando
atingidas essas condições, ajusta-se a alimentação a valores adequados para
conseguir o tempo de contato desejado.
Se considera ter alcançado o estado estacionário nas condições de reação
determinadas quando três análises consecutivas se repetem.
Os detectores de ionização por chama (FID - sigla em inglês) produzem um
sinal que é proporcional a massa da amostra detectada, que é refletida na superfície
do pico cromatográfico. Em geral, essas áreas devem ser corrigidas pelos
correspondentes fatores de resposta, dependendo do produto analisado. Dessa
forma, dividindo a área de cada produto (A) pelo fator de sensibilidade relativa
71 Íria Almeida Leal Bassan
correspondente (SR) se obtém a área corrigida (Ac). Ao analisar todas as áreas
corrigidas se obtém diretamente a fração mássica de cada produto (CHICA, 2002).
Para os hidrocarbonetos, as sensibilidades relativas no detector FID são muito
próximas da unidade. Tendo em vista o elevado número de produtos que aparecem
nos cromatogramas dos experimentos de isomerização, adotou-se o valor 1 para
todos eles.
72 Íria Almeida Leal Bassan
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, serão apresentados e discutidos todos os resultados obtidos
durante o desenvolvimento do trabalho. Dentre eles, estão os resultados de síntese e
caracterização dos catalisadores sintetizados e impregnados com platina, bem como
os seus desempenhos catalíticos na reação de hidroisomerização do hexadecano.
Primeiramente, serão apresentados os resultados de caracterização e
atividade catalítica dos SAPO-11 e das amostras de SAPO-11 tratadas pós-síntese.
Em seguida, serão apresentados e discutidos os resultados dos SAPO mesoporosos
sintetizados com soft template e com hard template. Por fim, serão apresentados os
resultados obtidos com as amostras de NbP.
4.1 MATERIAIS SILICOALUMINOFOSFATOS - SAPO
Para o estudo das melhores condições de síntese do SAPO mesoporoso, foram
avaliadas algumas variáveis como fonte de silício, fonte de alumínio, direcionador,
tempo de envelhecimento, tempo de tratamento hidrotérmico e temperatura do
tratamento hidrotérmico.
4.1.1 SAPO-11
Os catalisadores do tipo SAPO-11 que serão apresentados aqui são os
seguintes:
IB 01 – SAPO-11 sintetizado de acordo com metodologia proposta por DINIZ,
2000;
IB 01-HCl – essa é a amostra IB 01 que foi tratada com HCl na intenção de se
obter uma estrutura híbrida micro-mesoporosa;
IB 02 – SAPO-11 sintetizado de acordo com a metodologia proposta por
BLASCO, 2006;
IB 02-DEA – esse é o catalisador IB 02 tratado com solução de DEA para
obtenção de uma estrutura híbrida micro-mesoporosa.
73 Íria Almeida Leal Bassan
4.1.1.1 Caracterização dos catalisadores
Os catalisadores sintetizados foram caracterizados para verificação de uma
série de propriedades, como: tipo de estrutura cristalina (DRX); porosidade e área
específica (adsorção de N2-BET); acidez (IV-PY) e distribuição de silício na rede (29Si-
RMN). Posteriormente, foram avaliados frente a reação de hidroisomerização do
hexadecano.
Amostras de SAPO-11 foram sintetizadas conforme descrito na Seção 3.2.1 e,
após calcinação, foram realizadas análises de difração de Raios X. A Figura 23
apresenta o difratograma das amostras IB 01 e IB 02 de SAPO-11, sintetizadas de
acordo com DINIZ, 2000, e BLASCO, 2006, respectivamente. As amostras foram
calcinadas de acordo com a metodologia CalcF 1 da Tabela 5.
Figura 23: (a) DRX do ALPO-11 (IZA – database), (b) DRX das amostras de IB 01 (SAPO-11); (c) DRX da amostra IB 02 (SAPO-11).
5 10 15 20 25 30 35 40 45 500
38
76
114
0
640
1280
1920
0
640
1280
1920
2
Padrão AEL
inte
nsid
ad
e (
UA
) IB 01
IB 02
Em ambas amostras, as posições dos picos, bem como as intensidades
indicam que obteve-se um material com estrutura do tipo AEL, característica de
SAPO-11. (BLASCO et al, 2006; LEI et al, 2014; LIU, REN, SUN, 2008).
74 Íria Almeida Leal Bassan
Na intenção de gerar uma estrutura híbrida (poros micro e mesoporosos)
nesses materiais, foram feitos tratamentos ácidos e básicos nas amostras, conforme
descrito na Seção 3.2.2.1. A amostra denominada IB 01-1M-HCl resulta do
experimento 1 constante na Tabela 3 e a IB 01 - 0,1M-HCl do experimento 2 da mesma
Tabela. Na Figura 24, pode-se observar também os difratogramas dessas amostras.
Figura 24: (a) DRX das amostras de SAPO 11 calcinado; (b) DRX da amostra de SAPO-11 que sofreu
tratamento com ácido clorídrico a 0,1 mol/L; e, (c) DRX da amostra de SAPO 11 tratada com ácido
clorídrico a 1 mol/L.
0 20 40 600
630
1260
1890
0
500
1000
1500
2000
2500
30000
500
1000
1500
2000
2
IB 01(a)
Inte
nsi
dade
IB 01 - 0,1- M-HCl(b)
IB 01 - 1M- HCl(c)
A amostra IB 01-1M-HCl apresenta um difratograma característico de material
amorfo indicando que a estrutura do SAPO-11 foi destruída. Ao final do tratamento,
75 Íria Almeida Leal Bassan
pesou-se o material coletado e havia menos de 10% da massa da amostra inicial.
Esses dois resultados indicam que o tratamento empregado foi muito agressivo,
produzindo a destruição da estrutura.
O tratamento ácido, que gerou a amostra IB 01-0,1M-HCl, parece ter sido mais
adequado, pois o DRX dessa amostra apresenta picos mais definidos e intensos que
o da amostra original. Esse resultado indica que por meio desse tratamento não houve
perda da estrutura do SAPO-11. A amostra tratada apresenta picos mais intensos e
definidos que a original, indicando que o tratamento proporcionou um material mais
cristalino. Entretanto, essa análise não fornece indícios de que tenha ocorrido a
formação de mesoporos.
Um tratamento com a base orgânica DEA foi realizado na amostra de SAPO-
11 (IB 02), de acordo com VERBOEKEND et al, 2014, e está descrito na seção
3.2.2.1.2. Os difratogramas da amostra original e da amostra tratada com DEA estão
apresentados na Figura 25.
Figura 25: (a) DRX das amostras de SAPO 11 (IB 02); (b) DRX da amostra de SAPO-11 tratada com DEA.
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 600
480
960
1440
470
940
1410
1880
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Inte
nsid
ad
e (
UA
)
2
IB 02(a)
IB 02-DEA(b)
Ao comparar-se a amostra tratada com DEA (IB 02-DEA) com a amostra
original (IB 02), verifica-se que houve uma discreta diminuição na intensidade dos
76 Íria Almeida Leal Bassan
picos, no entanto a estrutura está preservada. Resultado similar foi encontrado por
VERBOEKEND et al, 2014.
Deve-se considerar a importância do conhecimento da área específica e
distribuição de poros destes catalisadores na interpretação da atividade catalítica,
visto que a catálise é um fenômeno de superfície (FIGUEIREDO & RIBEIRO, 1989).
Foram realizadas análises de isotermas de adsorção de N2, para avaliar as
áreas específicas (método BET), volume e distribuição de poros das amostras de
SAPO-11, já impregnadas com platina.
A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para as amostras de SAPO-11 e
SAPO-11 com tratamento pós-síntese ácida e básica.
Tabela 9: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de nitrogênio.
Catalisador Vmicro (cm3.g-1) b Vmeso (cm3/g) c Área (m2/g)
IB 01 0,06 0,04 185
IB 01- HCl a 0,03 0,10 150
IB 02 0,05 0,07 200
IB 02 - DEA 0,03 0,16 176
a amostra com tratamento 0,1 mol/L. b t-plot. c Vmeso = Vporo – Vmicro.
Observa-se que não houve alteração significativa nas áreas específicas para
os dois tipos de tratamento, apenas uma tendência a diminuição dos valores de área.
Há algumas divergências com resultados da literatura consultada, pois
VERBOEKEND, MILINA e PEREZ-RAMÍREZ (2014) observaram uma tendência a
aumento de área em uma das amostras de SAPO-11 tratadas com DEA e em outra
amostra de SAPO-11, estudada por eles, houve um aumento significativo com o
mesmo tratamento. Já para o tratamento com HCl, os autores relatam grande perda
de área para uma amostra de SAPO-11 e uma tendência a ganho de área para a outra
amostra de SAPO-11 estudada.
Um fator importante a ser considerado é a tendência ao aumento do volume
de mesoporos e destruição parcial da estrutura microporosa nas amostras tratadas.
Esse resultado está de acordo com os obtidos por DRX.
77 Íria Almeida Leal Bassan
As isotermas das amostras IB 02 e IB 02-DEA estão apresentadas na Figura
26.
Figura 26: Isoterma de adsorção de N2 das amostras IB 02 e IB 02-DEA.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0
50
100
150
200
250
300
350
IB 02
IB 02 - DEA
p/p0
Vol
ume
adso
rvid
o (c
m3 .g
-1)
0
50
100
150
200
250
300
350
Vol
ume
adso
rvid
o (c
m3 .g
-1)
Ao analisar-se as isotermas dessas amostras, observa-se a presença de
histerese característica de mesoporosidade. Para a amostra IB 02, isso deve ocorrer
devido ao volume entre as partículas dos pequenos cristais que geram uma meso-
macroporosidade entre eles. Já para a amostra IB 02-DEA, houve um aumento de
volume intrapartícula promovido pelo tratamento com DEA na amostra e aumento da
mesoporosidade, conforme apresentado na Tabela 9.
Esses resultados estão de acordo com a literatura, já que em 2014,
VERBOEKEND, MILINA e PEREZ-RAMÍREZ fizeram vários estudos de tratamento
pós-síntese em amostras de SAPO-11 e relataram aumento do volume de mesoporos
gerado quando efetuou-se os tratamentos pós-síntese com HCl e com DEA.
O que pode-se deduzir, até o presente momento, é que o tratamento mais
adequado para obtenção de um material com maior área e volume de mesoporos será
definido a partir da amostra de origem e não do tratamento propriamente dito, mesmo
se tratando de uma mesma estrutura, como é o caso de amostras distintas de SAPO-
11.
78 Íria Almeida Leal Bassan
A acidez das amostras IB 02 e IB 02-DEA foi avaliada mediante espectrometria
no infravermelho com piridina adsorvida. As Figuras 27 e 28 apresentam os espectros
dessas amostras após dessorção sob vácuo em três temperaturas distintas (150º,
250ºC e 350ºC), conforme descrito na Seção 3.6.3. Ressalta-se que essa análise foi
realizada após impregnação das amostras com platina.
Figura 27: Espetros no infravermelho com piridina adsorvida da amostra IB 02.
1.3501.4001.4501.5001.5501.6001.6501.7001.750
Ab
sorb
ânci
a (U
.A.)
número de onda (cm-1)
150 ºC
250 ºC
350 ºC
79 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 28: Espectros no infravermelho com piridina adsorvida da amostra IB 02-DEA.
Pode-se observar que para as duas amostras há presença de bandas de
absorbância em 1455 cm-1, que indicam a presença de sítios ácidos de Lewis, e em
torno de 1548 cm-1, indicando a presença de sítios ácidos de Brønsted.
À medida que as amostras sofrem dessorção em temperaturas mais elevadas,
as intensidades das bandas diminuem. Isso ocorre porque, com o aumento da
temperatura de dessorção, são rompidas as interações dos sítios ácidos mais fracos
com a piridina. Portanto, os sítios ácidos que permanecem ligados à piridina, após a
evacuação à 350ºC, podem ser considerados fortes. São considerados sítios ácidos
médios e fracos os que permanecem à 250ºC e 150ºC, respectivamente.
Para efeito de comparação quantitativa, os dados calculados a partir das
integrações das bandas de absorbância, indicativas das concentrações de sítios
ácidos presentes nas amostras IB 01, IB 02 e IB 02-DEA, estão apresentadas na
Tabela 10.
1.3501.4001.4501.5001.5501.6001.6501.7001.750
Ab
sorb
ânci
a (u
.a.)
Número de onda (cm-1)
150 ºC
250 ºC
350 ºC
80 Íria Almeida Leal Bassan
Tabela 10: Concentração de sítios ácidos de Lewis e Brønsted das amostras IB 02 e IB 02-DEA.
T(ºC)/Amostra IB 01 IB 02 IB 02-DEA
Brønsted
(u.a.)
Lewis
(u.a.)
Brønsted
(u.a.)
Lewis
(u.a.)
Brønsted
(u.a.)
Lewis
(u.a.)
150 0,058 0,032 0,053 0,027 0,029 0,034
250 0,053 0,022 0,038 0,010 0,013 0,015
350 0,016 0,017 0,021 0,015 0,006 0,004
Observa-se, por meio dos dados presentes na Tabela 10, que não há grandes
diferenças na acidez das amostras IB 01 e IB 02.
Quando compara-se a amostra IB 02 com a IB 02-DEA, verifica-se que houve
uma diminuição nos sítios ácidos de Brønsted e um ligeiro aumento nos sítios ácidos
de Lewis. Esses resultados estão de acordo com os da literatura, pois em 2014,
VERBOEKEND e colaboradores analisaram a acidez de amostras de SAPO-11
tratadas com DEA por FTIR (análise qualitativa), TPD-NH3 (análise quantitativa) e IV-
PY (análise qualitativa e quantitativa). Os autores afirmaram que os valores dos sítios
ácidos calculados por IV-PY foram inferiores aos valores encontrados com a TPD-NH3
por causa de problemas de difusão das moléculas de piridina nos microporos. Mesmo
assim, para as amostras tratadas com DEA, houve uma diminuição de 10% dos sítios
ácidos de Brønsted e aumento da concentração de sítios ácidos de Lewis em ambas
análises (VERBOEKEND et al, 2014).
Neste trabalho, foi utilizada a espectroscopia de 29Si-RMN para verificar a
distribuição de silício na amostra de SAPO IB 02. A Figura 29 apresenta o espectro
de RMN dessa amostra.
81 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 29: Espectro de 29Si RMN da amostra IB 02.
0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 -140 -160 -180 -200
ppm
IB 02
O espectro dessa amostra consiste num amplo e desestruturado pico de
ressonância com maior intensidade no deslocamento químico entre -80 e -120 ppm,
sugerindo uma maior população de silício em ambientes do tipo Si(nAl, 4-nSi) com 0
< n < 4. Resultado semelhante foi encontrado por BLASCO e colaboradores (2006),
na ocasião, os autores fizeram, inclusive, a deconvolução dos espectros (Figura 30)
para mostrar a contribuição dos cinco picos −88,−97,−103,−108 e −112 ppm, os quais
podem ser atribuídos a ambientes de Si(4Al), Si(3Al,1Si), Si(2Al, 2Si), Si(Al, 3Si) e
Si(4Si), respectivamente. Esse é um indicativo da formação de pequenas ilhas de
silício, ou seja, o silício está melhor distribuído na rede. Por consequência, os sítios
ácidos também, já que a acidez dos SAPOs se encontra nos domínios zeolíticos.
82 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 30: Deconvolução do espectro de 29Si-RMN apresentado por BLASCO et al, 2006. A simulação indica os picos referentes aos ambientes químicos dos silícios presentes na rede. São eles: 1- Si(4Al), 2- Si(3Al,1Si), 3- Si(2Al, 2Si), 4- Si(1Al, 3Si), 5- Si(4Al).
4.1.1.2 Avaliação Catalítica
Após as caracterizações, se estudou a atividade catalítica em reações de
isomerização de n-hexadecano (n-C16). As amostras foram impregnadas com platina
(0,5%) pelo método de impregnação úmida a volume de poro. Depois de secas, foram
calcinadas a 500ºC durante 3 h e, finalmente, submetidas a uma etapa de redução “in
situ” sob fluxo de hidrogênio (300 mL) a 400ºC por 2 horas. A reação foi realizada em
um reator contínuo de leito fixo a 40 bar de pressão total, 3,68 WHSV e uma relação
H2/n-C16 de 50.
O estudo do desempenho catalítico dessas amostras foi realizado por meio da
reação de hidroisomerização do n-C16, conforme descrito na seção 3.7. Os principais
grupos de compostos obtidos nas reações foram quantificados após identificação
(seção 3.8) e tratamento dos dados.
Os produtos serão divididos em isômeros e produtos de craqueamento do n-
C16. Na Tabela 11, estão presentes os códigos de identificação dos produtos obtidos,
bem como a indicação dos produtos a que se referem.
83 Íria Almeida Leal Bassan
Tabela 11: Códigos dos produtos de craqueamento e isomerização do hexadecano.
Códigos Produtos
Produtos de craqueamento
Metano Metano
Etano Etano
Propano Propano
IC4 Isômeros com quatro Carbonos
Butano Butano
IC5 Isômeros com cinco Carbonos
Pentano Pentano
IC6 Isômeros com seis Carbonos
Hexano Hexano
IC7 Isômeros com sete Carbonos
Heptano Heptano
IC8 Isômeros com oito Carbonos
Octano Octano
IC9 Isômeros com nove Carbonos
C9 Nonano
IC10 Isômeros com dez Carbonos
C10 Decano
IC11 Isômeros com onze Carbonos
C11 Undecano
IC12 Isômeros com doze Carbonos
C12 Dodecano
IC13 Isômeros com treze Carbonos
C13 Tridecano
Produtos da isomerização
3Ramificados Isômeros do hexadecano com três ramificações
2Ramificados Isômeros do hexadecano com duas ramificações
Etiltetradec Etiltetradecano
7+8MPD 7-metil-pentadecano e 8-metil-pentadecano
6MPD 6-metil-pentadecano
5MPD 5-metil-penatdecano
4MPD 4-metil-pentadecano
2MPD 2-metil-pentadecano
3ETD 3-etil-tetradecano
3MPD 3-metil-penatadecano
84 Íria Almeida Leal Bassan
Na Figura 31, estão apresentados os dados de conversão total do hexadecano,
empregando-se as amostras IB 01, IB 01-HCl, IB 02 e IB 02-DEA.
A amostra IB 02 se mostrou mais ativa em todas as temperaturas estudadas,
chegando ao valor de conversão máximo (~90%) na temperatura de 400 ºC. Esse
percentual se manteve, mesmo para as temperaturas mais elevadas. Esse melhor
desempenho se deve, provavelmente, ao menor tamanho dos cristais, quando
comparada com a IB 01. Quando os cristais são menores, aumenta-se o acesso aos
poros e por consequência aos sítios ativos.
A amostra IB 02-DEA não apresentou melhor desempenho, quando comparada
com a amostra original IB 02, demostrando que a acidez de Brønsted exerce um papel
preponderante para essa reação, se sobrepondo, inclusive, à acessibilidade dos
poros.
Quando se compara a amostra IB 01 com a IB 01-HCl, a amostra que sofreu
tratamento ácido se apresenta mais ativa em todas as temperaturas estudadas.
Provavelmente, devido a um aumento da acessibilidade por meio dos mesoporos
formados com o tratamento ácido. Outra contribuição, pode ser o aumento da acidez
superficial promovida pelo tratamento ácido na amostra IB 01-HCl. No entanto,
análises complementares de acidez devem ser realizadas para confirmar essa
hipótese.
85 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 31: Conversão total do hexadecano para as amostras IB 01, IB 01-HCl, IB 02 e IB 02-DEA.
Na Figura 32, estão apresentados os dados de seletividade a isômeros do
hexadecano para os mesmos catalisadores.
Apesar das amostras IB 02 e IB 02-DEA terem apresentado valores de
conversão distintos, para seletividade a isômeros elas se apresentaram com
desempenho equivalente. Em algumas temperaturas, inclusive, a IB 02-DEA se
apresenta com tendência a melhor desempenho nesse item.
Apesar da amostra de IB 01-HCl ser bastante ativa na conversão do
hexadecano, não apresentou boa seletividade para isomerização (Figura 32). Por
conta do tratamento ácido, a superfície do sólido pode ter se tornado mais ácida, o
que proporciona uma elevada conversão total e menor seletividade para
isomerização.
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IB 01
IB 01-HCl
IB 02
IB 02-DEA
% C
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Temperatura ºC
Conversão Total
86 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 32: Seletividade para isomerização nas amostras IB 01, IB 01-HCl, IB 02 e IB 02-DEA.
Na Figura 33, estão apresentadas as curvas de seletividade para produtos de
craqueamento das amostras de SAPO-11 estudadas. A amostra que apresentou
maior seletividade para os produtos de craqueamento foi a IB 01-HCl. Isso é mais uma
evidência do aumento de sua acidez, promovida pelo tratamento ácido na amostra IB
01. Para muitas reações, o aumento da acidez é desejado, no entanto quando o que
se busca é obter produtos de isomerização, há necessidade de se alcançar uma
acidez ótima a ponto de se evitar ao máximo obtenção de produtos de reações
secundárias, como, por exemplo, os produtos de craqueamento.
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Temperatura ºC
Seletividade a Isômeros
IB 01
IB 01-HCl
IB 02
IB 02-DEA
87 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 33: Seletividade a craqueamento do hexadecano para as amostras IB 01, IB 01-HCl, IB 02 e IB 02-DEA.
300 350 400 450 500
20
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% s
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ade
IB 01
IB 01-HCl
IB 02
IB 02-DEA
Temperatura ºC
Seletividade a craqueamento
Nas Figuras 34 à 37, estão apresentadas as distribuições dos produtos de
craqueamento e isomerização, obtidos com o catalisador IB 01 para as temperaturas
estudadas.
Figura 34: Conversões do hexadecano com IB 01 a 300 ºC.
0
0,1
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Produtos
300 ºC
88 Íria Almeida Leal Bassan
Na Figura 34, quando a reação foi realizada a 300 ºC, há obtenção de isômeros
do C16. No entanto, o maior rendimento é para produtos de craqueamento.
O interessante neste caso, é que, dentre os produtos de craqueamento, os
isômeros ramificados se apresentam em maior abundância com relação aos lineares.
Isso ocorre, inclusive, nos hidrocarbonetos entre C7 e C9 – faixa da gasolina.
Esse resultado é bastante interessante, pois quanto maior a concentração de
produtos ramificados na faixa da gasolina, maior a octanagem desse combustível.
Figura 35: Conversões do hexadecano com IB 01 a 350ºC.
À medida que a temperatura da reação é aumentada (Figuras 35 e 36),
observa-se uma diminuição na formação de isômeros de C16 e, também, uma
diminuição na diferença entre ramificados e lineares na faixa da gasolina.
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Produtos
350 ºC
89 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 36: Conversões do hexadecano como IB 01 a 400ºC.
Quando se realizou a reação em 450ºC (Figura 37), a formação de isômeros
de C16 é insignificante e a maioria dos produtos de craqueamento obtidos na faixa de
C3 a C5, considerados de pouco valor na indústria do petróleo.
Figura 37: Conversões do hexadecano como IB 01 a 450ºC.
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Produtos
450 ºC
90 Íria Almeida Leal Bassan
Na Tabela 12, estão apresentadas as porcentagens dos rendimentos de cada
isômero do C16 para as temperaturas estudadas.
Tabela 12: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com a amostra IB 01.
Temperatura de reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC
% conversão 8,2 43,8 69,6 87,9
% rendimento a isômeros 1,6 5,5 3,8 2,2
% MR 0 4,1 2,8 1,7
% D 0,3 1,1 0,7 0,5
% T 0 0,3 0,3 0
% craqueados 6,5 38,0 65,8 85,7
* MR – monorramificados; D – dirramificados; T – Trirramificados.
Da Figura 38 à 41, estão apresentadas as distribuições dos produtos de
craqueamento e de isomerização obtidos com o catalisador IB 01-HCl para as
temperaturas estudadas.
Pode-se observar, pelos dados presentes na Tabela 13, que a porcentagem de
conversão a 300 ºC foi superior à da amostra original. No entanto, o rendimento para
isômeros do C16 é bem menor.
Figura 38: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 300ºC.
00,20,40,60,8
11,21,41,61,8
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Produtos
300 ºC
91 Íria Almeida Leal Bassan
Outro fator evidente é que entre os produtos craqueados, não há grandes
diferenças entre os isômeros ramificados e os lineares quando se realiza a reação a
300 ºC (Figura 38) ou a 350 ºC (Figura 39).
Figura 39: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 350ºC.
Para esse catalisador, a temperatura em que se obtém a maior quantidade dos
produtos de interesse foi a 400 ºC, pois 84,2% (Tabela 13) do hexadecano foi
convertido e desse montante quase 4% (Tabela 13) foi de isômeros do hexadecano.
A essa temperatura se observa, ainda, uma tendência maior de diferença entre
isômeros ramificados e lineares na faixa da gasolina (C7-C9).
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Produtos
350 ºC
92 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 40: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 400ºC.
O comportamento observado para a reação realizada a 400 ºC não se repete a
450 ºC (Figura 41), pois, apesar da conversão ter aumentado um pouco, o rendimento
a isômeros ramificados do C16, C9, C8 e C7 diminuíram.
Figura 41: Conversões do hexadecano como IB 01-HCl a 450ºC.
Na Tabela 13, estão apresentados os dados em porcentagem dos rendimentos
obtidos para os isômeros do C16, quando se empregou a amostra IB 01-HCl como
catalisador da reação.
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450 ºC
93 Íria Almeida Leal Bassan
Tabela 13: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com IB 01-HCl.
Temperatura de reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC
% conversão 27,6 71,0 84,2 89,9
% rendimento a isômeros 0,8 0,7 3,8 1,8
% MB 0,8 0,5 3,6 1,8
% D 0 0,3 0 0
% T 0 0 0,2 0
% craqueamento 16,6 70,3 80,4 88,1
* MR – monorramificados; D – dirramificados; T – Trirramificados.
Da Figura 42 à 46, estão apresentadas as distribuições dos produtos de
craqueamento e de isomerização obtidos com o catalisador IB 02 para as
temperaturas estudadas.
Quando se empregou o catalisador IB 02 para a reação à 300 ºC (Figura 42),
obteve-se uma conversão de 54,4% do hexadecano, sendo a maioria convertida à
produtos de isomerização do hexadecano (~30%). Dentre os produtos de
isomerização do hexadecano, poucos multirramificados são formados. Essa é uma
vantagem, já que uma vez formados, provavelmente, haverá craqueamento a
produtos mais leves.
Figura 42: Conversões do hexadecano com o IB 02 a 300ºC.
Quando se aumentou a temperatura de reação para 350 ºC (Figura 43), a
porcentagem de conversão aumenta. No entanto, o rendimento a isômeros do
hexadecano diminui e aumentam os produtos provenientes do craqueamento.
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Produtos
300 ºC
94 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 43: Conversões do hexadecano como IB 02 a 350ºC.
Para a reação realizada a 400 ºC (Figura 44), houve uma conversão bastante
elevada (~94%) do hexadecano (Tabela 14). A mesma tendência a diminuição dos
compostos isomerizados, observadas na reação a 350 ºC, ocorre a 400 ºC (Figura
44). No entanto, nesse caso, dentre os produtos craqueados, há uma diferença
importante entre os isômeros ramificados com relação aos lineares na faixa da
gasolina.
Figura 44: Conversões do hexadecano como IB 02 a 400ºC.
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400 ºC
95 Íria Almeida Leal Bassan
Para a reação a 450 ºC, houve um discreto aumento na conversão do
hexadecano em relação ao que foi obtido a 400 ºC. Porém, nesse caso, a formação
de isômeros do C16 e dos produtos de craqueamento diminuiu.
Figura 45: Conversões do hexadecano como IB 02 a 450ºC.
A mesma tendência da reação a 450 ºC se observa a 500 ºC (Figura 46). Sendo
que, nesse caso, há, praticamente, apenas formação de produtos entre C3 e C5.
Figura 46: Conversões do hexadecano como IB 02 a 500ºC.
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C12
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Produtos
500 ºC
96 Íria Almeida Leal Bassan
Na Tabela 14, estão apresentados os dados em porcentagem dos rendimentos
obtidos para os isômeros do C16, quando se empregou a amostra IB 02 como
catalisador da reação.
Tabela 14: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com IB 02.
Temperatura da reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC 500 ºC
% conversão 54,4 76,1 91,8 93,8 94,8
% rendimento a isômeros 30,7 21,3 11,3 8,6 7,8
% MB 22,8 14,6 6,2 4,7 4,2
% D 6,7 5,4 3,7 2,9 2,6
% T 1,2 1,8 1,3 1,0 1.0
% craqueamento 23,7 54,7 80,6 85,2 87,0
Da Figura 47 à 51, estão apresentadas as distribuições dos produtos de
craqueamento e de isomerização obtidos com o catalisador IB 02-DEA para as
temperaturas estudadas.
A Figura 47 apresenta a distribuição dos produtos obtidos quando empregou-
se o catalisador IB 02-DEA para a reação de hidroisomerização do hexadecano a
300 ºC. A conversão do hexadecano a essa temperatura foi baixa (~4%), bem inferior
ao IB 02 (amostra não tratada com DEA).
Observa-se, nesse caso, uma maior seletividade a isômeros do hexadecano,
mas esse comportamento é esperado, pois, normalmente, quando há baixa atividade
do catalisador a seletividade se apresenta maior.
Outro fator interessante a se observar é que, dentre os isômeros do
hexadecano, há uma quantidade significativa de di- e trirramificados. Isso indica que,
quando o catalisador for mais ativo, poderá haver bastante craqueamento a frações
mais leves de hidrocarbonetos.
97 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 47: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 300ºC.
A distribuição dos produtos obtidos a 350 ºC com o catalisador IB 02-DEA está
apresentada na Figura 48.
Nesse caso, a conversão do hexadecano foi em torno de 16%, sendo que
quase um terço dos produtos obtidos foi de isômeros do hexadecano. A maioria dos
produtos obtidos são produtos de craqueamento a frações leves entre C3 e C7.
Figura 48: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 350ºC.
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1
1,5
2
2,5
3
3,5
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tano
Eta
no
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pano
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Bu
tano
IC5
Pe
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no
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Hexano
IC7
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no
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C8
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C9
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C10
IC11
C11
IC12
C12
IC13
C13
IC14
C14
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am
ific
ado
s
2R
am
ific
ado
s
Etiltetr
adec
7+
8M
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PD
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PD
4M
PD
2M
PD
3E
TD
3M
PD
% r
end
imen
to
Produtos
350 ºC
98 Íria Almeida Leal Bassan
Comportamento semelhante ao ocorrido para a reação a 350 ºC foi observado
na reação a 400 ºC (Figura 49). No entanto, a conversão do hexadecano, nesse caso,
foi superior (~40%).
Figura 49: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 400ºC.
Para a reação realizada à 450 ºC (Figura 50), houve uma diferença no perfil
dos produtos obtidos, quando comparados aos obtidos em temperaturas mais baixas,
além de se obter uma conversão do hexadecano superior (65%).
Nesse caso, a porcentagem dos produtos de isômeros do hexadecano obtidos
foi baixa, mas houve um elevado rendimento de produtos ramificados na faixa entre
C7 e C10. Esse resultado não foi observado para a amostra IB 02 na mesma
temperatura (Figura 45).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
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PD
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end
imen
to
Produtos
400 ºC
99 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 50: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 450ºC.
Na Figura 51, estão apresentados os produtos obtidos na conversão do
hexadecano a 500 ºC com o catalisador IB 02-DEA.
Observa-se que a essa temperatura, a conversão do hexadecano caiu (~60%)
em relação à temperatura anterior (65%). Além disso, aumentou-se a proporção de
produtos obtidos na faixa de C3 e C5 em comparação com os obtidos entre C7 e C10.
Esse fato demonstra que a temperatura ideal para realizar essa reação com esse
catalisador é a 450 ºC.
0
1
2
3
4
5
6
Me
tano
Eta
no
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pano
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end
imen
to
Produtos
450 ºC
100 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 51: Conversões do hexadecano como IB 02-DEA a 500ºC.
Para uma melhor compreensão dos dados que foram discutidos para a amostra
IB 02-DEA, a Tabela 15 apresenta os dados em porcentagem dos rendimentos obtidos
para os isômeros do C16.
Tabela 15: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com IB 02-DEA.
Temperatura de reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC 500 ºC
% conversão 3,7 15,7 40,0 65,0 60,8
% seletividade total 1,8 4,8 3,3 5,8 7,3
% MB 1,1 3,2 2,1 3,5 4,3
% D 0,5 1,2 0,9 1,6 2,1
% T 0,2 0,4 0,4 0,7 0,9
% craqueamento 1,8 10,9 36,7 59,2 53,4
4.1.1.3 Conclusão Parcial
Com os resultados obtidos para essa série de amostras pode-se concluir que:
- amostra IB 02, preparada com surfactante hexadecilamina, apresentou
melhor distribuição dos átomos de silício na rede e, consequentemente, uma acidez
melhor distribuída quando comparada com a amostra IB 01, sintetizada sem
surfactante.
- os tratamentos realizados nas amostras proporcionaram alterações com
relação as amostras de partida. O tratamento com ácido clorídrico a 0,1 mol/L
0
1
2
3
4
5
6
7
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eta
no
Eta
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Bu
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PD
2M
PD
3E
TD
3M
PD
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end
imen
to
Produtos
500 ºC
101 Íria Almeida Leal Bassan
propiciou aumento dos mesoporos e, provavelmente, aumento da acidez, pois
apresentou maior conversão do hexadecano. No entanto, análises de acidez são
necessárias para confirmar essa afirmação.
- para a amostra tratada com DEA, alguns fatores importantes foram
observados. Dentre eles estão a perda discreta na área específica, o aumento do
volume de mesoporos, aumento da acidez de Lewis e diminuição da acidez de
BrØnsted. Para a conversão do hexadecano, essa amostra apresentou desempenho
inferior ao da amostra original, indicando que a acidez de BrØnsted exerce influência
preponderante para essa reação, se sobrepondo, inclusive, a maior acessibilidade dos
poros.
- as duas amostras da série IB 02 apresentaram, ainda, um resultado
interessante. Para as temperaturas a 400 e 450 ºC, dentre os produtos de
craqueamento obtidos, há uma discrepância bastante acentuada entre os ramificados
e lineares na faixa da gasolina. No entanto, a maior diferença foi apresentada pela
amostra tratada com DEA, indicando que esse tratamento pode ser indicado para
obtenção de catalisadores promissores para hidrocraqueamento de parafinas para
obtenção de isômeros ramificados na faixa da gasolina.
102 Íria Almeida Leal Bassan
4.1.2 SAPO mesoporoso (sintetizado com soft template)
Os catalisadores do tipo silicoaluminofosfato mesoporoso (SAPO) têm
considerável potencial como catalisador ácido para conversão de moléculas grandes.
Entretanto, a baixa estabilidade térmica e fraca acidez ainda limitam sua aplicação
como catalisador.
Na intenção de preparar um SAPO mesoporoso, estudou-se alguns parâmetros
na síntese e na remoção do direcionador de mesoporos.
Assim como o que foi apresentado para as amostras de SAPO-11, os
catalisadores SAPO mesoporosos sintetizados com CTMABr (soft template) foram
caracterizados para avaliação da estrutura cristalina (DRX), acidez (IV-PY),
porosidade e área específica (adsorção de N2-BET) para, então, serem avaliados
como catalisadores na reação de hidroisomerização do hexadecano.
A seguir, serão apresentadas as caracterizações e estudos catalíticos dessa
série de amostras.
Na figura 52, estão apresentados os DRX das amostras IB 03, IB 04, IB 05, IB
06, IB 07A, IB 07B e IB 08 sintetizadas utilizando-se o brometo de
hexadeciltrimetilamônio (CTMABr) como direcionador de mesoporos.
Como pode-se observar, apenas as amostras IB 07A e IB 08 apresentam picos
a baixo ângulo, característicos de SAPO mesoporoso. Esse resultado, também, foi
apresentado por OLIVEIRA & PASTORE, 2002, quando prepararam SAPO
mesoporoso com CTMABr como direcionador de estrutura mesoporosa.
103 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 52: DRX das amostras de SAPO sintetizadas com o CTMABr como agente direcionador.
5 10 15 20 25 30 35 40 45 500
850
1700
2550
0
1500
3000
4500
0
850
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0
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0
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0
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2550
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Inte
nsid
ade (
u.a
.)
2
IB 03
IB 04
IB 05
IB 06
IB 07A
IB 07B
IB 08
As amostras IB 07A e IB 07B partiram do mesmo gel de síntese, tendo como
diferença o ajuste do pH ao final. O pH do gel foi medido e verificou-se que o mesmo
104 Íria Almeida Leal Bassan
estava em 8. Dessa forma, metade dele sofreu ajuste do pH até atingir 10,5, utilizando-
se hidróxido de tetrametil amônio (TMAOH), a outra metade não. Ambas foram
transferidas para autoclaves para o tratamento hidrotérmico, conforme descrito na
Seção 3.2.2.2.5. A Figura 53 apresenta os DRX dessas duas amostras.
Figura 53: DRX das amostra de SAPO IB 07A e IB 07B sem calcinar.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
0
930
1860
2790
0
530
1060
1590
(a)
Inte
nsid
ade
(u
.a.)
2
IB 07A
IB 07B(b)
Quando se compara os difratogramas das amostras 07A e 07B (Figura 53),
pode-se observar que o pH exerce uma influência importante na estrutura do sólido
formado. A amostra que não sofreu ajuste no pH apresenta um difratograma
característico de material amorfo, enquanto que a IB 07A, amostra que teve o pH
ajustado, apresenta um difratograma com picos característicos de material
mesoestruturado, conforme observado, também, por OLIVEIRA & PASTORE, 2002.
Outra avaliação realizada foi a influência do tempo de envelhecimento antes do
tratamento hidrotérmico. A Figura 54 apresenta os difratogramas das amostras
IB 07A, que não sofreu envelhecimento antes do tratamento hidrotérmico, e IB 08, que
envelheceu por 24h antes do referido tratamento.
105 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 54: DRX das amostras IB 07 A, tempo de envelhecimento 0h, e IB 08, envelhecido por 24h.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
0
830
1660
2490
0
830
1660
2490
(a)
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
2
IB 08
IB 07A(b)
Ao analisar os difratogramas das amostras IB 07A e IB 08, verifica-se que o
tempo de envelhecimento não exerce influência importante na formação da estrutura
mesoestruturada.
Apesar das amostras IB 07A e IB 08 apresentarem DRX característicos de
materiais mesoestruturados antes da calcinação, essas estruturas colapsaram após a
remoção do direcionador. Na Figura 55, pode-se observar um comparativo entre os
DRX das amostra IB 08 calcinada e não calcinada.
106 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 55: DRX das amostras IB 08 (a) e IB 08 calcinada (b).
0 5 10 15 200
950
1900
2850
38000
150
300
450
Inte
nsid
ade (
u.a
.)
2
IB 08(b)
IB 08 Calc(a)
Como, por meio da calcinação, não foi possível remover o direcionador sem
ocasionar um colapso na estrutura, outras estratégias foram estudadas nesse intuito.
Para isso, efetuou-se uma extração em soxhlet, conforme descrito na Seção 3.3.1.
Por meio desse procedimento, foi possível preservar parcialmente a estrutura, já que
houve uma diminuição na intensidade dos picos do sólido extraído em relação ao
original. A Figura 56 apresenta os referidos DRX.
107 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 56: DRX do IB 08 e IB 08 extraído em soxhlet.
0 5 10 15 200
950
1900
2850
38000
950
1900
2850
3800
Inte
nsid
ade (
u.a
.)
2
IB 08
IB 08 Ext
Apesar desse procedimento ter preservado a estrutura, a análise elementar da
amostra extraída revelou que a extração não foi eficiente na remoção do direcionador,
pois apresentou um teor de carbono elevado, conforme apresentado na Tabela 16.
Tabela 16: Teores encontrados na análise elementar da amostra IB 08 Ext.
Amostra Teor C (%) Teor N (%) Teor H (%)
IB 08 Ext 43 3 9
De qualquer forma, essa amostra foi impregnada com platina e calcinada em
seguida, conforme descrito na Seção 3.5. Verificou-se, novamente, a perda da
mesoestrutura. Entretanto, o difratograma difere discretamente em relação ao da
108 Íria Almeida Leal Bassan
amostra que foi calcinada, sem sofrer o processo de extração previamente, como
observa-se na Figura 57.
Figura 57: DRX da amostra IB 08 calcinada e da amostra IB 08 depois de passar por extração em soxhlet, impregnação e calcinação.
0 5 10 15 200
75
150
225
3000
75
150
225
300
Inte
nsid
ade (
u.a
.)
2
IB 08 Ext/Imp/Calc
IB 08 Calc
Mesmo considerando que, para essa amostra, os procedimentos adotados
para a remoção do direcionador não foram capazes de promover uma eficaz remoção
sem que a estrutura fosse colapsada, observam-se alterações no DRX em relação ao
da amostra original. Há a presença de um largo pico, em torno do ângulo 2θ igual a
2,5, que está ausente na amostra que não sofreu extração por soxhlet. Essa pequena
diferença, no entanto, alterou sua atividade catalítica, conforme será discutido na
Seção 4.1.2.3.
Análises de espectrometria no infravermelho das amostras com piridina
adsorvida foram realizadas para verificar a concentração de sítios ácidos, tanto de
BrØnsted quanto de Lewis, bem como quantificar a força dos respectivos sítios.
109 Íria Almeida Leal Bassan
Todas as amostras submetidas a essas análises foram impregnadas com
platina e calcinadas previamente, conforme descrito na Seção 3.5.
A Tabela 17 apresenta os valores das concentrações de sítios ácidos das
amostras de SAPO sintetizadas com direcionador de mesoporos e impregnadas com
platina. Para efeito de comparação, os dados obtidos para a amostra de Pt-SAPO-11
(IB 02) foram inseridos nessa tabela.
Tabela 17: Dados de concentração dos sítios ácidos em amostras de SAPO.
Amostra Bronsted (u.a.) Lewis (u.a.)
150ºC 250ºC 350ºC 150ºC 250ºC 350ºC
IB 07A 0.005 0.005 0 0.003 0.003 0.003
IB 08 0 0 0 0 0 0
IB 08 Ext 0.007 0.014 0.004 0.005 0.008 0.001
Pt-SAPO-11 (IB 02) 0.053 0.038 0.021 0.027 0.010 0.015
Quando compara-se os dados de acidez obtidos para as amostras sintetizadas
com direcionador de mesoporos e os do SAPO-11, verifica-se que são bem inferiores.
No entanto, a amostra de SAPO meso IB 08 que não apresentou acidez, ao sofrer
extração (SAPO-meso IB 08 Ext), apresenta os maiores valores, dentre todas as
amostras mesoporosas.
Dessa forma, realizou-se análise de adsorção de N2 para verificar a porosidade
e área específica desse material.
Os dados obtidos por meio dessa análise estão apresentados na Tabela 18.
Tabela 18: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de N2 para amostra IB
08.
Catalisador Vmicro (cm3.g-1) a Vmeso (cm3/g) b Área (m2/g)
IB 08 0,0004 0,003 6
a t-plot. b Vmeso = Vporo – Vmicro.
A área específica medida por meio dessa análise foi em torno de 6 m2.g-1. Esse
resultado, considerado bastante baixo para materiais mesoporosos, e também o
110 Íria Almeida Leal Bassan
discreto volume de mesoporos obtido (~0.003 m3.g-1) ratifica que houve o colapso da
estrutura mesoporosa, conforme já havia sido observado nos difratogramas de
raios-X dessa amostra.
4.1.2.3 Avaliação Catalítica para amostras de SAPO mesoporosos.
Após as caracterizações, estudou-se a atividade catalítica em reações de
isomerização de hexadecano. Assim como realizado para as amostras de SAPO-11,
essas amostras sofreram impregnação com platina (0,5%) pelo método de
impregnação úmida a volume de poro. Depois foram calcinadas a 500ºC durante 3 h
e, finalmente, submetidas a uma etapa de redução “in situ” sob fluxo de hidrogênio
(300 mL) a 400ºC por 2 horas. A reação foi realizada em um reator contínuo de leito
fixo a 40 bar de pressão total, 3,68 WHSV (WHSV – unidade de velocidade
espacial horária mássica) e uma relação H2/n-C16 de 50.
Pode-se verificar os dados de conversão do hexadecano, em diversas
temperaturas, para as amostras de SAPO mesoporosos, na Figura 58.
Figura 58: Conversão do hexadecano empregando catalisadores SAPO mesoporosos.
Verificou-se que até a temperatura de 400 ºC as conversões foram baixas,
sendo que a amostra IB 08 Ext foi a que apresentou maiores conversões até a referida
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
250 300 350 400 450 500 550
% C
on
ve
rsã
o
Temperatura ºC
Conversão Total
IB 07A
IB 07B
IB 08 Ext
IB 08 Ext
111 Íria Almeida Leal Bassan
temperatura. As baixas conversões já eram esperadas, já que as análises de acidez
e área específica* (obtido somente para a amostra IB 08 Ext) apresentaram resultados
bastante inexpressivos.
A partir de 450 ºC, a amostra IB 07B apresentou desempenho superior para a
conversão do hexadecano. Na Figura 59, são apresentados os dados de seletividade
a isômeros para os mesmos catalisadores.
Quando realizadas as reações até 400ºC, o catalisador que apresentou, não só
maior conversão, mas também a maior seletividade (300, 450 e 500 ºC) para isômeros
do hexadecano foi o IB 08 Ext. Essa amostra foi originada do IB 08, que sofreu
extração em soxhlet, conforme descrito na seção 3.3.1 e, depois de seco, foi
impregnado com platina e calcinado como os demais. Esse resultado corrobora com
os de acidez obtidos pelas análises de IV-PY, pois a acidez da amostra não extraída
foi nula, enquanto que essa foi a que apresentou, apesar de discretos, os maiores
valores de acidez.
Outro ponto importante a destacar é que essa amostra não perdeu atividade,
mesmo em temperaturas mais elevadas (500 ºC), enquanto que a não extraída,
praticamente não foi ativa na temperatura inicial do estudo (300 ºC) e ainda perdeu
atividade à medida que aumentou-se a temperatura de reação.
Neste caso, provavelmente a influência da acidez é determinante, pois não se
verificou acidez na amostra IB 08 (não extraída). Análise de área e porosidade não
foram realizadas na amostra IB 08, mas como a área na amostra extraída foi bastante
baixa (~6 m2.g-1) esse não pode ser um fator determinante.
112 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 59: Seletividade a isômeros do hexadecano para amostras de SAPO mesoporosas.
A seguir (Figura 60), estão apresentados os dados de seletividade para
craqueamento do hexadecano com os catalisadores SAPO mesoporosos estudados.
Figura 60: Seletividade a craqueamento do hexadecano para as amostras de SAPO mesoporosas.
250 300 350 400 450 500 550
0
20
40
60
80
100
Seletividade a craqueamento
% S
ele
tivid
ade
IB 07A
IB 07B
IB 08 Ext
IB 08
Temperatura ºC
0
20
40
60
80
100
120
250 300 350 400 450 500 550
% s
ele
tivid
ad
e
Temperatura ºC
Seletividade a Isômeros
IB 07A
IB 07B
IB 08 Ext
IB 08
113 Íria Almeida Leal Bassan
O perfil das curvas obtidas para os rendimentos a produtos de craqueamento
segue o mesmo padrão do de conversão do hexadecano, pois como os rendimentos
a isômeros do hexadecano foram baixos, praticamente todo hexadecano foi
convertido em produtos de craqueamento.
Uma apresentação mais detalhada dos produtos obtidos nas diversas
temperaturas, empregando-se o catalisador IB 07A mesoporoso, será apresentada
entre as Figuras 61 e 63. Ressalta-se que os nomes dos produtos obtidos, bem como
os respectivos códigos utilizados, estão apresentados na Tabela 11.
Figura 61: Conversões do hexadecano com IB 07A a 300ºC.
Os produtos obtidos com esse catalisador para as temperaturas de 300 ºC e
350 ºC (Figuras 61 e 62) são predominantemente de craqueamento na faixa de C1 a
C6. Frações bastante leves e pouco valorizadas na indústria do petróleo.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Met
ano
Etan
oP
rop
ano
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Bu
tan
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5
Pen
tan
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Hex
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Hep
tan
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8+
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C9
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2
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Ram
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s
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ade
c
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MP
D
3ET
D3
MP
D
% r
en
dim
en
to
Produtos
300 ºC
114 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 62: Conversões do hexadecano com IB 07A a 350ºC.
Quando realizou-se a reação na temperatura a 400 ºC (Figura 63), a conversão
do hexadecano foi praticamente nula para todas as injeções realizadas. Dessa forma,
como o catalisador demonstrou ter desativado, optou-se por não efetuar mais reações
em temperaturas superiores.
Figura 63: Conversões do hexadecano com IB 07A a 400ºC.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3M
etan
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en
to
Produtos
350 ºC
0
0,5
1
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no
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Hep
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PD
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PD
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D3
MP
D
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en
dim
en
to
Produtos
400 ºC
115 Íria Almeida Leal Bassan
Na Tabela 19, estão apresentados os dados em porcentagem dos rendimentos
obtidos para os isômeros do C16, quando se empregou a amostra IB 07A como
catalisador da reação.
Tabela 19: Dados de conversão e seletividade para isomerização do hexadecano com SAPO meso IB 07A.
Temperatura de reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC
% conversão 9,1 5,7 0,7
% rendimento a isômeros 0,8 0,7 0,1
% MR 0 0,7 0,1
% D 0,8 0 0
% T 0 0 0
% craqueados 8,3 4,8 0,6
MR – monorramificados; D – dirramificados; T – Trirramificados.
Uma apresentação mais detalhada dos produtos obtidos nas diversas
temperaturas estudadas para conversão do hexadecano, empregando-se o
catalisador IB 07B, será apresentada entre as Figuras 64 e 68.
Figura 64: Conversões do hexadecano com IB 07B a 300ºC.
Na Figura 64, estão apresentados os produtos obtidos com o catalisador IB
07B. Houve um rendimento quase que absoluto em isômeros do hexadecano. Esse
comportamento é esperado, pois quando a conversão é baixa, normalmente, há maior
seletividade.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
Met
ano
Etan
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Bu
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PD
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D
3M
PD
% r
en
dim
en
to
Produtos
300 ºC
116 Íria Almeida Leal Bassan
Na Figura 65, no qual se encontram os produtos obtidos com o mesmo
catalisador, porém com uma temperatura de reação de 350 ºC, o perfil dos produtos
obtidos é o mesmo dos obtidos a 300 ºC. No entanto, as porcentagens caíram, já que
a conversão do hexadecano também caiu.
Figura 65: Conversões do hexadecano com IB 07B a 350ºC.
O perfil do gráfico obtido (Figura 66) para a reação a 400 ºC com o catalisador
IB 07B é bastante semelhante ao obtido a 300 ºC, bem como a porcentagem de
hexadecano convertido.
Figura 66: Conversões do hexadecano com IB 07B a 400ºC.
00,05
0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
Met
ano
Etan
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ano
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Produtos
350 ºC
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0,10,15
0,20,25
0,30,35
0,40,45
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ano
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MP
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3M
PD
% r
en
dim
en
to
Produtos
400 ºC
117 Íria Almeida Leal Bassan
Quando se realizou a reação a 450 ºC com o catalisador IB 07B (Figura 67), a
conversão do hexadecano aumentou e o perfil dos produtos obtidos foi alterado. Dos
28,8% do hexadecano convertido, 7,6% são de isômeros do hexadecano. Isso
representa 26,4% dos produtos obtidos.
Figura 67: Conversões do hexadecano com IB 07B a 450ºC.
A conversão do hexadecano aumentou bastante quando a temperatura foi
aumentada para 500 ºC (~78%). No entanto, o rendimento a isômeros caiu em
detrimento ao rendimento a produtos de craqueamento. Dentre os produtos de
craqueamento obtidos, a maioria é de hidrocarbonetos, na faixa entre C4 e C7 (Figura
68), não havendo grandes distinções entre ramificados e lineares.
0
2
4
6
8
10
12
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o
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3M
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nd
ime
nto
Produtos
450 ºC
118 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 68: Conversões do hexadecano com IB 07B a 500ºC.
Na Tabela 20, estão apresentados os dados em porcentagem dos rendimentos
dos produtos obtidos na conversão do n-C16, quando se empregou a amostra IB 07B
como catalisador da reação.
Tabela 20: Dados de conversão e seletividade para isomerização do hexadecano com IB 07B.
Temperatura de reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC 500 ºC
% conversão 2,4 1,0 2,3 28,8 78,4 % rendimento a isômeros 2,3 1,0 2,3 7,6 3,0 % MB 1,9 0,8 2,1 5,6 2,4 % D 0,3 0,1 0,2 1,5 0,7 % T 0,1 0 0 0,4 0 % Craqueados 0,1 0 0 21,1 75,3
Uma apresentação mais detalhada dos produtos obtidos nas diversas
temperaturas estudadas para conversão do hexadecano, empregando-se o
catalisador IB 08 Ext, será apresentada entre as Figuras 69 e 73.
A Figura 69 apresenta a distribuição dos produtos quando se efetuou a reação
a 300 ºC com esse catalisador. A essa temperatura, quase todo o hexadecano
convertido (~16,1%) isomerizou-se (14,3%) (Tabela 21).
Uma quantidade significativa desses isômeros são di e trirramificados, o que
deverá favorecer produtos de craqueamento em temperaturas mais elevadas.
0
2
4
6
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10
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en
dim
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Produtos
500 ºC
119 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 69: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 300ºC.
Quando a reação foi realizada a 350 ºC (Figura 70), a conversão do
hexadecano caiu para aproximadamente 10% (Tabela 21). No entanto, a proporção
dos produtos isoméricos obtidos foi equivalente ao obtido a 300 ºC.
Figura 70: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 350ºC.
Por meio da Figura 71, pode-se observar a presença mais significativa dos
produtos de craqueamento. De fato, dos 20% de hexadecano que foram convertidos,
quase a metade foi convertida em produtos de craqueamento. Dos produtos
isoméricos, boa parte deles são isômeros di e trirramificados (Tabela 21).
00,5
11,5
22,5
33,5
44,5
5M
etan
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5
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Produtos
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PD
2M
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en
dim
en
to
Produtos
350 ºC
120 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 71: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 400ºC.
A 450 ºC (Figura 72), observa-se que houve uma discreta queda na conversão
do hexadecano (~18%) (Tabela 21) e aumento da proporção de produtos de
craqueamento obtidos (14,1%).
Os produtos de craqueamento estão distribuídos entre C2 e C10, com um
discreto aumento para a faixa de C9 e C10.
Figura 72: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 450ºC.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
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5M
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Produtos
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2,5
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PD
3ET
D
3M
PD
% r
en
dim
en
to
Produtos
450 ºC
121 Íria Almeida Leal Bassan
Os produtos obtidos a 500 ºC com o catalisador IB 08 Ext estão apresentados
na Figura 73.
A essa temperatura, todo hexadecano foi convertido (~82%) (Tabela 21) a
produtos de craqueamento. Dentre os produtos de craqueamento obtidos, a maioria
está entre C2 e C7, hidrocarbonetos leves pouco valorizados na indústria do petróleo.
Figura 73: Conversões do hexadecano com IB 08 Ext a 500ºC.
Na Tabela 21, estão apresentados os dados em porcentagem dos rendimentos
dos produtos obtidos na conversão do n-C16, quando se empregou a amostra
IB 08 Ext como catalisador da reação.
Tabela 21: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com IB 08 Ext/Imp/Calc.
Temperatura de reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC 500 ºC
% Conversão 16,1 10,1 20,4 17,6 81,9
% rendimento a isômeros 14,3 8,4 10,8 3,5 0,4
% MB 7,8 6,1 5,8 2,8 0,4
% D 4,3 1,9 3,2 0,6 0
% T 2,2 0,4 1,9 0,1 0
% Craqueados 1,8 1,7 9,2 14,1 81,4
Os dados obtidos na conversão do hexadecano, quando se empregou a
amostra IB 08 como catalisador, demonstraram que essa amostra não apresenta
atividade catalítica para essa reação. Isso já era esperado, de acordo com os
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Met
ano
Etan
oP
rop
ano
IC4
Bu
tan
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Pen
tan
o
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ano
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IC9
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0
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IC1
2C
12
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3
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4
3R
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2R
amif
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Etilt
etr
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c
7+8
MP
D6
MP
D
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PD
4M
PD
2M
PD
3ET
D
3M
PD
% r
en
dim
en
to
Produtos
500 ºC
122 Íria Almeida Leal Bassan
resultados obtidos de acidez e DRX, que já foram discutidos no início dessa seção.
Por esta razão, não serão apresentados os resultados de distribuição dos produtos
obtidos.
Para efeito de melhor elucidar a respeito dos dados aqui referenciados, a
Tabela 22 apresenta as porcentagens dos rendimentos obtidos com essa amostra nas
temperaturas estudadas.
Tabela 22: Dados de conversão e rendimento para isomerização do hexadecano com SAPO meso IB 08.
Temperatura de reação 300 ºC 350 ºC 400 ºC
% Conversão 1,8 0,7 0,3
% rendimento a isômeros 0,6 0,3 0
% MB 0,6 0,2 0
% D 0 0 0
% T 0 0 0
% Craqueados 0,3 0,2 0,2
4.1.2.4 Conclusão Parcial
A amostra que não sofreu ajuste do pH antes do tratamento hidrotérmico, foi,
juntamente com a amostra IB 08 Ext, a que apresentou os melhores resultados na
conversão do hexadecano. Por não apresentar DRX característico de material
mesoporoso, outras investigações a respeito de sua acidez e propriedades texturais
não foram realizadas. Contudo, pode-se afirmar que o pH exerce uma influência
importante na síntese destes materiais.
Das amostras preparadas com soft template (CTMABr) apenas duas
apresentaram reflexões na DRX características de mesoporosas (IB 07A e IB 08). No
entanto, pelos dados obtidos por DRX e adsorção de N2 após as eliminações dos
direcionadores, pode-se concluir que houve colapso das estruturas mesoporosas.
A amostra que passou pela extração em soxhlet apresentou resultados de
DRX, acidez e atividade catalítica diferente da amostra não extraída. Mesmo assim,
os resultados demonstraram que a estrutura mesoporosa não foi preservada nesse
caso.
123 Íria Almeida Leal Bassan
4.1.3 SAPO hierárquico (hard template)
Na intenção de sintetizar um material híbrido, micro-mesoporoso, para
minimizar o desempenho limitado pelos microporos presentes no SAPO-11, o
emprego de hard templates como gerador de mesoporos tem se destacado para esse
fim.
O carbono vem sendo utilizado como gerador de mesoporos em diversas
sínteses de zeólitas, bem como de silicoaluminofosfatos (WEI e SMIRNIOTIS, 2006;
SCHMIDTA et al, 2012; DANILINA, KRUMEICHVAN e BOKHOVEN, 2010, e JUN &
FUPING, 2011). Os autores propõem o emprego tanto do direcionador de estrutura
do SAPO-11 (DPA), como do carvão, para a geração das cavidades maiores.
Por outro lado, alguns trabalhos recentes foram realizados com o emprego de
microesferas de polímeros como template orgânico para síntese de materiais
macroporosos (QI et al, 2006, e SHENGZHEN, SHENG-LI E PENG, 2010). Assim
como na síntese com carvão, nesse caso, também utilizou-se o DPA como
direcionador da estrutura microporosa. Como poliestireno é estável até uma
temperatura de 175 ºC, é possível utilizá-lo para esse fim na síntese de SAPO-11.
Dessa forma, no intuito de se preparar SAPO-11 com estruturas híbridas para
aumentar a difusão dos reagentes e produtos no interior dos poros, foram realizadas
sínteses de SAPO-11 com carvão, de acordo com a metodologia proposta por JUN &
FUPING, 2011 e, com poliestireno, adaptando-se a metodologia apresentada por
SHENGZHEN, SHENG-LI E PENG, 2010.
Os dois materiais preparados foram caracterizados quanto à estrutura cristalina
(DRX), porosidade e área específica (adorsão de N2, MEV e MET), acidez (IV-PY) e
distribuição dos átomos de Si na rede (29Si RMN). Ambos materiais foram avaliados
quanto ao desempenho catalítico na reação de hidroisomerização do n-hexadecano.
Os materiais foram comparados com o SAPO-11 sintetizado de maneira convencional.
4.1.3.1 SAPO-11 com carvão
Após a síntese do SAPO-11 com carvão (SAPO-11-BP), foi realizada análise
de DRX na amostra para verificar se foi possível a obtenção da estrutura do
SAPO-11.
124 Íria Almeida Leal Bassan
Na figura 74, estão apresentados os DRX da amostra preparada com carvão
sem calcinar (SAPO-11-BP) e calcinada (SAPO-11-BPC), além do difratograma do
SAPO-11 convencional.
Figura 74: DRX das amostra IB 02 (SAPO-11), SAPO-11-BP e da SAPO-11-BPC (calcinada).
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 750
350
700
1050
1400
1750
0
350
700
1050
1400
1750
0
350
700
1050
1400
1750
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
2
IB 02
SAPO-11 BP
SAPO-11 BPC
Quando os difratogramas são comparados, observa-se que não há grandes
diferenças entre os difratogramas da amostra preparada com carvão para a de
SAPO-11 convencional (IB 02). As reflexões da fase AEL, características do
SAPO-11 (ex: 2ϴ =8.1º, 9.4º, 13.1º, 15.6º, 20.3º, 21.0º, 22.1º–23.2º) foram obtidas
para ambas amostras. A estrutura da fase AEL foi preservada mesmo após a
calcinação.
125 Íria Almeida Leal Bassan
Análises de adsorção/dessorção de N2 foram realizadas para obtenção de
áreas BET, volumes de microporos e volumes de poros. Estes dados estão
apresentados na Tabela 23.
Tabela 23: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de nitrogênio.
Catalisador Vmicro (cm3.g-1) b Vmeso (cm3/g) c Área (m2/g)
IB 02 0,05 0,07 200
SAPO-11BPC 0,05 0,3 207
a amostra com tratamento 0,1 mol/L. b t-plot. c Vmeso = Vporo – Vmicro.
Pode ser visto que o volume de mesoporos para a amostra preparada com
carvão é maior que da amostra preparada pelo método convencional (IB 02). Os
resultados indicam que os mesoporos podem ser gerados em SAPO-11 usando o
carvão como segundo template. O volume de mesoporos encontrados nesse trabalho
(0,3 cm3.g-1) foi superior ao relatado na literatura (0,052 cm3.g-1), para amostras de
SAPO-11 preparadas com carvão (JUN & FUPING, 2011). Entretanto, a área
específica encontrada (207 m2.g-1) está de acordo com a relatada pelo referido
trabalho (203,3 m2.g-1).
A Figura 75 apresenta a isoterma da amostra de SAPO-11 preparada com
carvão, SAPO-11-BPC.
126 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 75: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 da amostra SAPO-11-BPC.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0
50
100
150
200
250
Vo
lum
e a
dso
rvid
o (
cm
3.g
-1)
p/p0
Adsorção
Dessorção
Uma característica que fica bem evidente na isoterma de adsorção/dessorção
é a presença de histerese, fenômeno característico de materiais mesoporosos.
O número de sítios ácidos presentes na amostra mesoporosa e na
convencional foi determinado por IV-PY, como mostrado na Tabela 24. Pode ser
observado que a amostra SAPO-11-BPC teve valores menores do que os obtidos para
o SAPO-11 convencional. A acidez em SAPO é influenciada pelo mecanismo de
substituição de Si. Quanto melhor distribuído na rede maior será o número de sítios
ácidos. O material inerte utilizado como template, não deveria influenciar
significativamente na acidez, conforme JUN & FUPING, 2011, afirmaram.
Tabela 24: Números de sítios ácidos obtidos por IV-PY para as amostras de SAPO-11 preparada com carvão (SAPO-11-BPC) e SAPO-11 convencional (IB 02).
Amostra IB 02 SAPO-11-BPC
T (ºC) 150 250 350 150 250 350
Brønsted (u.a.) 0,053 0,038 0,021 0,041 0,020 0,006
Lewis (u.a.) 0,027 0,010 0,015 0,019 0,013 0,007
127 Íria Almeida Leal Bassan
Para verificar a morfologia dos cristais, imagens de microscopia eletrônica de
varredura foram realizadas e estão presentes na Figura 76. Pelas imagens de MEV
observa-se que os cristais têm tamanhos na ordem de 300 nm e se encontram bem
dispersos. O que está de acordo com os dados da isoterma de adsorção, que a
pressões relativas altas (acima de 0,9), ocorre uma subida na curva de adsorção
indicando uma grande contribuição de porosidade entre cristais. Na literatura (JUN &
FUPING, 2011) se observa que os cristais formam aglomerados esféricos de
tamanhos bem maiores, na ordem de 5 µm.
128 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 76: Imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) da amostra SAPO-11 BPC.
a
b
129 Íria Almeida Leal Bassan
A espectroscopia de 29Si-RMN foi utilizada para verificar a distribuição de silício
na amostra de SAPO-11-BPC. A Figura 77 apresenta o espectro de RMN dessa
amostra.
Essa amostra apresenta um espectro com um pico intenso em ~ -110 ppm,
atribuído a átomos de silício em ambientes de Si(4Si) e, um segundo em -94 ppm,
provavelmente, resultante da contribuição de um pico em torno de -90 ppm, do Si(4Al)
e outros picos de Si(4-nAl). Esse resultado está de acordo com o de acidez obtido por
IV-PY, pois há mais formações de ilhas maiores de silício para esta amostra,
diminuindo o número de sítios ácidos.
Figura 77: 29Si-RMN da amostra de SAPO-11-BPC.
-40 -60 -80 -100 -120 -140 -160
ppm
SAPO-11 BPC
Resultado semelhante foi encontrado por BLASCO e colaboradores (2006)
para amostra de SAPO-11 sintetizada na ausência de surfactante. Na ocasião, os
autores fizeram, inclusive, a deconvolução dos espectros (Figura 78) para mostrar a
contribuição dos cinco picos −88,−97,−103,−108 e −112 ppm, os quais podem ser
atribuídos a ambientes de Si(4Al), Si(3Al,1Si), Si(2Al, 2Si), Si(Al, 3Si) e Si(4Si),
respectivamente.
130 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 78: Deconvolução do espectro de 29Si-RMN apresentado por BLASCO et al, 2006. A simulação indica os picos referentes aos ambientes químicos dos silícios presentes na rede. São eles: 1- Si(4Al), 2- Si(3Al,1Si), 3- Si(2Al, 2Si), 4- Si(1Al, 3Si), 5- Si(4Si).
4.1.3.2 SAPO-11 com poliestireno
Após a síntese do SAPO-11 com poliestireno, foi realizada a difração de
raios-X na amostra para saber se foi possível a obtenção da fase tipo AEL
característica desses materiais. Na Figura 79 estão apresentados os difratogramas
das amostras de SAPO-11 preparada com poliestireno antes de calcinar (SAPO-11
PS), calcinada (SAPO-11 PSC) e do SAPO-11 preparado de forma convencional (IB
02).
131 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 79: DRX das amostras SAPO-11 preparada com poliestireno antes de calcinar (SAPO-11 PS), calcinada (SAPO-11 PSC) e de SAPO-11 preparada de forma convencional (IB 02).
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 750
350
700
1050
1400
1750
0
350
700
1050
1400
1750
350
700
1050
1400
1750
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
2
IB 02
SAPO-11 PS
SAPO-11 PSC
Quando os difratogramas são comparados, não observa-se diferenças
significativas entre eles. Os picos característicos da fase SAPO-11 (AEL) estão
presentes (ex. 2ϴ = 8,1º - 9,4º - 13,1º - 15,6º - 20,3º - 21,0º - 22,1º - 23.2º) para as
três amostras. No entanto, para a amostra de SAPO-11 PS há uma tendência a
formação de material amorfo, provavelmente devido a presença do poliestireno
disperso de forma desordenada na amostra. Entretanto, a cristalinidade é
reestabelecida após a calcinação (SAPO-11 PSC).
132 Íria Almeida Leal Bassan
A isoterma de adsorção/dessorção (Figura 80) exibe forte aumento seguido de
curva plana em baixas pressões parciais e apresenta estreita histerese captada a altas
pressões parciais.
Figura 80: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 da amostra SAPO-11 PSC.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0
50
100
150
200
250
Qu
an
tid
ad
e a
dso
rvid
a (
cm
3.g
-1)
p/p0
Adsorção
Dessorção
A área específica, volume de microporos e de mesoporos, podem ser
visualizadas na Tabela 25. A área BET e o volume de microporos da amostra
preparada com poliestireno foram menores do que os da amostra de SAPO-11.
Entretanto, o volume de mesoporos da amostra de SAPO-11 PSC foi o dobro do obtido
para a amostra convencional.
Tabela 25: Dados de área específica e volume de poros obtidos por adsorção de nitrogênio.
Catalisador Vmicro (cm3.g-1) b Vmeso (cm3/g) c Área (m2/g)
IB 02 0,05 0,07 200
SAPO-11PSC 0,01 0,14 157
A densidade e força dos sítios ácidos das amostras foram medidos por meio de
espectroscopia no infravermelho das amostras com piridina adsorvida (IV-PY). Pode-
se observar por meio da Tabela 26 que os números de sítios ácidos da amostra de
133 Íria Almeida Leal Bassan
SAPO-11 PSC são significativamente menores do que os da amostra de SAPO-11.
Esses resultados diferem dos obtidos por SHENGZHEN, SHENG-LI E PENG, 2010.
Na ocasião, os autores compararam a acidez do SAPO-11 preparado com poliestireno
com a do SAPO-11 preparado com o método convencional e encontraram valores
similares entre eles.
Tabela 26: Números de sítios ácidos obtidos por IV-PY para as amostras de SAPO-11 preparada com poliestireno (SAPO-11-PSC) e SAPO-11 convencional (IB 02).
Amostra IB 02 SAPO-11-PSC
T (ºC) 150 250 350 150 250 350
Brønsted (u.a.) 0,053 0,038 0,021 0,008 0,003 0
Lewis (u.a.) 0,027 0,010 0,015 0,018 0,0120 0,003
Pelas imagens de MEV (Figura 81) observa-se que os cristais tem tamanhos
na ordem de 50 - 100 nm e se encontram dispersos. Este resultado está de acordo
com os dados da isoterma de adsorção, pois a pressões relativas altas (acima de 0,9)
ocorre uma subida na curva de adsorção, indicando uma grande contribuição de
porosidade entre cristais. Na literatura (SHENGZHEN, SHENG-LI E PENG, 2010) se
observa que os cristais formam aglomerados esféricos de tamanhos bem maiores, na
ordem de 15 µm.
134 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 81: Imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) da amostra SAPO-11 PSC.
a
b
c
135 Íria Almeida Leal Bassan
Assim como para a amostra de SAPO-11 preparado com carvão, a
espectroscopia de 29Si-RMN foi realizada na amostra de SAPO-11 PSC para verificar
a distribuição de silício nesta amostra. A Figura 82 apresenta o referido espectro.
No espectro é visto um pico intenso em ~ -110 ppm, atribuído a átomos de
silício em ambientes de Si(4Si), indicando uma importante contribuição de átomos de
silício em ambientes químicos rodeados por outros átomos de silício. Ou seja, há mais
formação de ilhas de silício maiores (menos quantidade) quando comparado ao
SAPO-11 (IB 02) e ao SAPO-11 preparado com carvão (SAPO-11 BPC). Esse
resultado corrobora com o de acidez obtido por IV-PY, pois quanto menos ilhas de Si,
menor a densidade de sítios ácidos.
Figura 82: 29Si-RMN da amostra de SAPO-11-PSC.
-60 -80 -100 -120 -140 -160
ppm
SAPO-11 PS
Para possibilitar uma melhor visualização das contribuições dos ambientes
químicos dos átomos de silício, a Figura 83, obtida por BLASCO et al, 2006, apresenta
a deconvolução do espectro obtido para uma amostra preparada com maior conteúdo
de Si e, consequentemente, houve formação de ilhas de silício maiores.
136 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 83: Deconvolução do espectro de 29Si-RMN apresentado por BLASCO et al, 2006. A simulação indica os picos referentes aos ambientes químicos dos silícios presentes na rede. São eles: 1- Si(4Al), 2- Si(3Al,1Si), 3- Si(2Al, 2Si), 4- Si(1Al, 3Si), 5- Si(4Al).
4.1.3.3 Avaliação Catalítica para amostras de SAPO com hard templates.
Após as caracterizações, estes catalisadores foram avaliados frente à reações
de isomerização do hexadecano. Para isso, as amostras sofreram impregnação com
platina (0,5%) pelo método de impregnação úmida a volume de poro. Depois foram
calcinadas a 500ºC durante 3 h e, finalmente, submetidas a uma etapa de redução “in
situ” sob fluxo de hidrogênio (300 mL) a 400 ºC por 2 horas. A reação foi realizada em
um reator contínuo de leito fixo a 40 bar de pressão total, 3,68 WHSV (WHSV –
unidade de velocidade espacial horária mássica) e uma relação H2/n-C16 de 50.
Na Figura 84 estão apresentados os dados de conversão para os dois
catalisadores preparados com hard template (SAPO-11 BPC e SAPO-11 PSC), bem
como os do SAPO-11 convencional (IB 02).
137 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 84: Conversão total do hexadecano empregando os catalisadores SAPO-11 BPC, SAPO-11 PSC e IB 02.
De maneira geral, as conversões obtidas para os catalisadores preparados com
hard template foram inferiores às obtidas para SAPO-11 (IB 02). Esse resultado já era
esperado, pois o SAPO-11 apresentou valores de acidez e área específica superiores
aos do SAPO-11 BPC e SAPO-11 PSC. Entretanto, para as temperaturas de 450 ºC
e 500 ºC as conversões do SAPO-11 BPC estão bem próximas às do SAPO-11.
Quando avalia-se a seletividade a isômeros do hexadecano (Figura 85), os
catalisadores preparados com hard template apresentaram melhor desempenho do
que o SAPO-11 convencional (IB 02). Esse comportamento pode estar sendo
influenciado pelo fato de que, normalmente, quanto mais ativo for o catalisador, menos
seletivo será e, pelo fato do SAPO-11 ter mais microporos que os catalisadores
SAPO-11 BPC e SAPO-11 PSC. Os microporos dificultam a saída dos produtos
isomerizados, fazendo com que fiquem mais tempo em contato com os sítios ativos
do catalisador, o que leva a reações secundárias, que neste caso formam produtos
de craqueamento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
250 300 350 400 450 500 550
% c
on
ve
rsão
Temperatura ºC
Conversão Total
IB 02
SAPO-11 BPC
SAPO-11 PSC
138 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 85: Seletividade a isômeros do hexadecano para os catalisadores SAPO-11 BPC, SAPO-11 PSC e IB 02.
Na Figura 86 podem-se observar as seletividades para craqueamento do
hexadecano quando as amostras SAPO-11 BPC, SAPO-11 PSC e IB 02 foram
empregadas como catalisadores. Confirmando os resultados obtidos para seletividade
a isômeros, a amostra IB 02 foi a mais seletiva para craqueamento.
Levando-se em consideração os dados de conversão e de seletividade a
isômeros, a amostra preparada com carvão, SAPO-11 BPC, foi a que apresentou
melhores resultados.
0
10
20
30
40
50
60
70
250 300 350 400 450 500 550
% s
ele
tivid
ad
e
T ºC
Seletividade a Isômeros
IB 02
SAPO-11 BPC
SAPO-11 PSC
139 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 86: Seletividade a craqueamento do hexadecano para os catalisadores SAPO-11 BPC, SAPO-11 PSC e IB 02.
A Figura 87 apresenta as porcentagens de hidrocarbonetos obtidos nas
conversões do hexadecano empregando-se o catalisador SAPO-11 BPC mesoporoso
nas diversas temperaturas estudadas.
Os rendimentos de produtos isomerizados do hexadecano não se alteram
significativamente com o aumento das temperaturas. No entanto, os produtos de
craqueamento sim. Dessa forma, levando-se em consideração os dados de conversão
e seletividade obtidos para este catalisador, a melhor temperatura para efetuar esta
reação é a 400 ºC.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
250 300 350 400 450 500 550
% s
ele
tivid
ade
T ºC
Seletividade para craqueamento
IB 02
SAPO-11 BPC
SAPO-11 PSC
140 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 87: Rendimento dos hidrocarbonetos obtidos com o catalisador SAPO-11 BPC nas temperaturas estudadas.
As porcentagens dos hidrocarbonetos obtidos nas diversas temperaturas
estudadas quando empregou-se o catalisador SAPO-11 PSC podem ser observadas
na Figura 88.
Assim como o que ocorreu com o SAPO-11 BPC, os rendimentos a isômeros
do hexadecano não foram alterados de forma significativa ao se alterarem as
temperaturas de reação. Sendo assim, a melhor temperatura para realizar esta reação
empregando-se o SAPO-11 PSC, levando-se em consideração os dados de
conversão e seletividade, é a 350 ºC.
0
5
10
15
20
25
Me
tano
Eta
no
Pro
pano
IC4
Bu
tano
IC5
Pe
nta
no
IC6
Hexano
IC7
Hepta
no
IC8
C8
IC9
C9
IC10
C10
IC11
C11
IC12
C12
IC13
C13
IC14
C14
3R
am
ific
ado
s
2R
am
ific
ado
s
Etiltetr
adec
7+
8M
PD
6M
PD
5M
PD
4M
PD
2M
PD
3E
TD
3M
PD
% Rendimento dos Hidrocarbonetos
300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC 500 ºC
141 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 88: Rendimento dos hidrocarbonetos obtidos com o catalisador SAPO-11 PSC nas temperaturas estudadas.
4.1.3.4 Conclusão Parcial
Ao analisar os resultados obtidos para os dois SAPOs sintetizados com hard
template, pode-se concluir que a amostra preparada com carvão apresentou melhores
resultados de área específica, volume de mesoporos, acidez e distribuição de átomos
de Si na rede. Isto tudo refletiu no melhor desempenho apresentado por este
catalisador na conversão do hexadecano.
Mesmo com o desempenho inferior ao apresentado pela amostra de SAPO-11
(IB 02), as estruturas do SAPO-11 foram obtidas para as sínteses realizadas com hard
template, sendo que para ambas amostras houve um significativo aumento no volume
de mesoporos. O desempenho inferior deve ter sido ocasionado pela pior distribuição
de átomos de silício que, por consequência, influenciou na acidez destes sólidos.
Ajustes nos parâmetros de síntese com intuito de melhorar a distribuição de Si na rede
devem ser feitos, pois esses catalisadores demonstraram ter grande potencial para
reações de hidroisomerização de parafinas.
0
2
4
6
8
10
Me
tano
Eta
no
Pro
pa
no
IC4
Bu
tan
o
IC5
Pe
nta
no
IC6
He
xa
no
IC7
He
pta
no
IC8
C8
IC9
C9
IC1
0
C1
0
IC1
1
C1
1
IC1
2
C1
2
IC1
3
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3
IC1
4
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4
3R
am
ific
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os
2R
am
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os
Etilte
trad
ec
7+
8M
PD
6M
PD
5M
PD
4M
PD
2M
PD
3E
TD
3M
PD
% Rendimento dos hidrocarbonetos
300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC 500 ºC
142 Íria Almeida Leal Bassan
4.2 FOSFATOS DE NIÓBIO – NbP
Os fosfatos de nióbio são referenciados como promissores para serem
empregados em reações que necessitem ser catalisadas por ácidos, pois apresentam
sítios ácidos de BrØnted e Lewis e excelente estabilidade térmica (YU et al, 2012).
Por isso, fosfatos de nióbio mesoporosos, com alta área específica, sintetizados
no LAPOCAT – IQ – UFRJ, foram impregnados com platina para avaliação das suas
propriedades catalíticas frente à reação de isomerização do hexadecano.
A seguir, serão apresentadas as caracterizações realizadas nesses materiais,
tais como área específica e porosidade, acidez e estrutura do sólido. Além disso, serão
apresentados também os estudos de atividade catalítica desses materiais na reação
de hidroisomerização do hexadecano.
4.2.1 Caracterizações das amostras de NbP mesoporosos
Assim como a amostra de fosfato de nióbio comercial – NbP-C – as amostras
sintetizadas com direcionadores de mesoporos (NbP-1, NbP-2 e NbP-3) apresentam
estrutura amorfa, conforme apresentado dos difratogramas da Figura 89.
Figura 89: DRX das amostras (a) NbP – 1; (b) NbP – 2; (c) NbP – 3 e (d) NbP – C.
2 θ
(a)
(b)
(c)
(d)
143 Íria Almeida Leal Bassan
A ausência de picos a baixo ângulo indica que esses sólidos não possuem
organização na escala manométrica. Resultados semelhantes foram encontrados por
YU et al, 2012, e NAWAl et al, 2003.
Considerando-se que a área específica e a acessibilidade são variáveis
importantes no desempenho catalítico, análises com adsorção de nitrogênio foram
realizadas nas amostras de NbP. Os resultados estão apresentados na Tabela 24.
Tabela 27: Propriedades texturais dos catalisadores NbP estudados antes e após a impregnação com Pt.
Catalizador Área (m2/g) s/ Pt Área (m2/g) c/ Pt Vol. de poro (cm3/g)
NbP – 1 190 104 0,34
NbP – 2 243 115 0,41
NbP – 3 254 133 0,32
* Os dados de área sem impregnação foram obtidos pelo LAPOCAT – IQ – UFRJ.
Observa-se que as amostras de NbP apresentam propriedades texturais na
mesma ordem de grandeza. Os valores de área antes da impregnação são
considerados elevados para esses tipos de materiais. MAL et al (2003) prepararam
fosfatos de nióbio usando como direcionador de estrutura o SDS, o mesmo que foi
empregado na amostra NbP-2, e obteve uma área inferior da referida amostra (168
m2/g). YU et al, 2012, prepararam fosfatos de nióbio empregando o CTMABr como
direcionador e obtiveram material com 213 m2/g, inferior a obtida neste trabalho.
Após a impregnação, houve perda de área específica para todas as amostras
de NbP. Isso é esperado, já que alguns poros podem ser obstruídos com a
impregnação.
Os dados de acidez obtidos por IV-PY para as amostras de fosfato de nióbio
estão presentes na Tabela 28.
144 Íria Almeida Leal Bassan
Tabela 28: Resultados de acidez das amostras de NbP obtidos por IV-PY.
Amostra BrØnsted (u.a.) Lewis (u.a.)
150ºC 250ºC 350ºC 150ºC 250ºC 350ºC
NbP - 1 37 10 7 57 20 9
NbP - 2 37 16 2 62 52 5
NbP - 3 45 18 10 84 46 13
A amostra que apresenta a maior concentração de sítios ácidos, inclusive
fortes, é a NbP – 3. Apesar dessa diferença ser discreta, aparentemente, influenciará
nos produtos obtidos nas conversões do hexadecano, conforme será apresentado na
Seção 4.2.2
4.2.2 Avaliação Catalítica para amostras de Pt - NbP mesoporosos.
Após as caracterizações, estudou-se a atividade catalítica em reações de
isomerização de hexadecano. As amostras estudadas nesta etapa são a NbP-1, por
ter a menor área a acidez similar a NbP-2, e a NbP-3, por apresentar maior área
específica e acidez superior as demais amostras nesta série.
As amostras de fosfato de nióbio foram impregnadas com platina (0,5%) pelo
método de impregnação úmida a volume de poro. Depois foram calcinadas a 500ºC
durante 3 h e, finalmente, submetidas a uma etapa de redução “in situ” sob fluxo de
hidrogênio (300 mL) a 400 ºC por 2 horas. A reação foi realizada em um reator
contínuo de leito fixo a 40 bar de pressão total, 3,68 WHSV (WHSV – unidade de
velocidade espacial horária mássica) e uma relação H2/n-C16 de 50. Na Figura 91 são
exibidas as conversões totais para as amostras de NbP-1 e NbP-3.
A amostra NbP-3 apresentou conversões em torno de 90% a partir de 350ºC,
resultados bem superiores aos obtidos pela amostra de NbP-1, que estiveram em
torno de 30% na mesma temperatura (Figura 90). Esses resultados estão de acordo
com os dados de acidez e área específicas, pois a amostra NbP-3 apresentou maior
área específica e concentração de sítios ácidos em relação a NbP-1.
145 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 90: Conversão total do hexadecano empregando catalisadores Pt-NbP-1 e Pt-NbP-3 mesoporosos.
Na Figura 91, os dados obtidos para seletividade a isômeros do hexadecano,
podem ser observados. As amostras de NbP não apresentaram boa seletividade a
isomerização, provavelmente, por possuírem uma elevada acidez. No entanto, a
amostra mais ácida foi a menos seletiva para isomerização, o que já é esperado, pois
a acidez dos catalisadores deve ser moderada para favorecer maior seletividade.
Amostras muito ácidas favorecem reações de craqueamento.
Além disso, pelos resultados de DRX, essas amostras são amorfas, indicando
que os poros formados devam ser de caminho de minhoca (wormhole), conforme foi
observado por MAL et al, 2006, SARKAR et al, 2009 e YU et al, 2012.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
250 300 350 400 450 500
% C
on
ve
rsão
Temperatura ºC
Conversão
NbP-1
NbP-3
146 Íria Almeida Leal Bassan
Figura 91: Seletividade total a isomerização do hexadecano empregando catalisadores Pt-NbP mesoporosos.
Essas estruturas de buracos de minhocas dificultam a saída dos produtos
isomerizados do interior dos poros. A permanência deles nos canais faz com que haja
reações secundárias, levando a maiores rendimentos para produtos de
craqueamento, conforme demonstrado na Figura 92.
Figura 92: Seletividade para craqueamento do hexadecano empregando catalisadores Pt-NbP mesoporosos.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
250 300 350 400 450 500
% s
ele
tivid
ad
e
Temperatura ºC
Seletividade a isômeros
NbP-1
NbP-3
0
20
40
60
80
100
120
250 300 350 400 450 500
% s
ele
tivid
ad
e
Temperatura ºC
Seletividade a craqueamento
NbP-1
NbP-3
147 Íria Almeida Leal Bassan
A Figura 93 apresenta as porcentagens de hidrocarbonetos obtidos nas
conversões do hexadecano, empregando-se o catalisador Pt-NbP-1 mesoporoso nas
diversas temperaturas estudadas.
Figura 93: Distribuição das porcentagens de hidrocarbonetos obtidos com Pt-NbP-1 a 300 ºC, 350 ºC, 400 ºC e 450 ºC.
Ao analisar as porcentagens dos hidrocarbonetos obtidos com o catalisador Pt-
NbP-1 por meio das Figuras 94, fica evidente que a maior parte dos produtos obtidos
está centrada entre C4 e C9. No entanto, um dado que chama atenção é a elevada
porcentagem de isômeros ramificados em relação aos respectivos n-alcanos.
Além disso, a 300º, uma elevada conversão (76%) foi obtida.
Proporcionalmente, foi onde se obteve maiores porcentagens de IC7 e IC8 quando
comparados com as outras temperaturas. Esse dado é bastante importante, tendo em
vista que os os IC7 e IC8, quando presentes na gasolina, aumentam a octanagem
deste combustível.
A Tabela 29 apresenta os principais dados obtidos para conversão do
hexadecano nas temperaturas estudadas.
0
5
10
15
Me
tano
Eta
no
Pro
pano
IC4
Bu
tano
IC5
Pe
nta
no
IC6
Hexano
IC7
Hepta
no
IC8
C8
IC9
C9
IC10
C10
IC11
C11
IC12
C12
IC13
C13
IC14
C14
3R
am
ific
ado
s
2R
am
ific
ado
s
Etiltetr
adec
7+
8M
PD
6M
PD
5M
PD
4M
PD
2M
PD
3E
TD
3M
PD
% Rendimento Hidrocarbonetos
300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC
148 Íria Almeida Leal Bassan
Tabela 29: Porcentagem dos produtos obtidos na conversão do hexadecano empregando-se o catalisados Pt-NbP-1.
Temperatura de reações 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC
% conversão 75,71 26,21 24,12 30,17
% seletividade total 0 0,22 0,118 0,25
% MR 0 0,02 0,03 0,04
% D 0 0,10 0,07 0,18
% T 0 0,10 0,00 0,02
% craqueamento 75,71 25,99 23,95 29,92
* MR – monorramificados; D – dirramificado; T- trirramificado.
Assim como apresentado para os resultados obtidos com o catalisador NbP-1,
a seguir serão apresentadas, por meio da Figura 94, as porcentagens dos
hidrocarbonetos obtidos na conversão do hexadecano com o catalisador Pt-NbP-3 nas
diversas temperaturas estudadas.
Figura 94: Distribuição das porcentagens de hidrocarbonetos obtidos com Pt-NbP-3 a 300 ºC.
Para essa amostra a maior conversão foi obtida a 350ºC, sendo que a maior
concentração de produtos se encontra na faixa entre C4 e C9.
Quando comparadas as porcentagens dos produtos obtidos, observa-se que
há mais iso-alcanos do que n-alcanos. No entanto, essa diferença não é tão acentuada
quanto a que ocorreu quando empregou-se o Pt-NbP-1. Isso se deve, provavelmente,
aos tamanhos dos poros. Como o Pt-NbP-1 possui poros maiores, 185,5 Å (BJH), que
os do Pt-NbP-3, 91,4 Å (BJH), permite uma melhor difusão dos produtos ramificados.
0
5
10
15
Me
tano
Eta
no
Pro
pano
IC4
Bu
tano
IC5
Pe
nta
no
IC6
Hexano
IC7
Hepta
no
IC8
C8
IC9
C9
IC10
C10
IC11
C11
IC12
C12
IC13
C13
IC14
C14
3R
am
ific
ado
s
2R
am
ific
ado
s
Etiltetr
adec
7+
8M
PD
6M
PD
5M
PD
4M
PD
2M
PD
3E
TD
3M
PD
% Rendimento dos Hidrocarbonetos
300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC
149 Íria Almeida Leal Bassan
Para um melhor panorama dos valores obtidos na conversão do hexadecano
com o catalisador NbP-3, apresenta-se a Tabela 30 com as porcentagens para
produtos de isômeros e de craqueamento nas temperaturas estudadas.
Tabela 30: Porcentagem dos produtos obtidos na conversão do hexadecano empregando-se o catalisador Pt-NbP-3.
Temperatura de reações 300 ºC 350 ºC 400 ºC 450 ºC
% conversão 13,72 85,89 80,98 75,12
% Rendimento a isômeros 0,11 0,38 0,22 0,54
% MR 0,11 0,16 0,16 0,33
% D 0,15 0,06 0,13
% T 0,07 0,07
% craqueamento 2,91 85,51 80,76 74,46
* MR – monorramificados; D – dirramificado; T- trirramificado.
4.2.3 Conclusão Parcial
Ao estudar o desempenho de fosfatos de nióbio para conversão do
hexadecano, verifica-se que ambos catalisadores foram bastante ativos. No entanto,
não apresentaram seletividades para produtos isoméricos do hexadecano e sim de
craqueamento. Isso se justifica pela elevada acidez presente nestes catalisadores.
Uma observação importante é quanto ao potencial que esses materiais
apresentaram para serem empregados em hidrocraqueamento de parafinas na
obtenção de isômeros ramificados na faixa da gasolina, pois ambos apresentaram
uma diferença bastante acentuada entre os produtos de craqueamento ramificados
com relação aos lineares.
A diferença entre os isômeros ramificados e lineares na faixa da gasolina para
a amostra de fosfato de nióbio sintetizada com o co-polímero P123 como direcionador
de estrutura é bem mais acentuada que para a preparada com CTMABr. Por
apresentar poros maiores, possibilitaram maior difusão dos produtos craqueados
ramificados.
150 Íria Almeida Leal Bassan
5 CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi preparar diferentes amostras de SAPO-11 e SAPO
mesoporoso para o emprego em reações de hidrocraqueamento e hidroisomerização
do hexadecano. Bem como, empregar amostras de fosfato de nióbio como catalisador
para as referidas reações.
Diversas amostras de SAPO foram obtidas resultando em grandes diferenças
nos desempenhos catalíticos após a impregnação de platina.
Das amostras de SAPO-11, a que foi preparada com surfactante apresentou
desempenho catalítico superior devido a melhor distribuição dos átomos de Si e,
consequentemente, da acidez. O tratamento básico foi capaz de aumentar a área e a
porosidade da amostra do SAPO-11, no entanto, diminuiu a acidez de BrØnsted. Isso
diminuiu o desempenho deste catalisador, indicando que a acidez se sobrepôs à
acessibilidade neste caso. O tratamento ácido fez com que o catalisador apresentasse
melhor desempenho catalítico devido aumento da mesoporosidade da amostra e,
provavelmente, ao aumento da acidez também. Tratamentos ácidos na amostra
sintetizada com surfactante com posterior análises de acidez serão necessários para
afirmações mais conclusivas a respeito deste tratamento que parece ser bastante
promissor para melhorar o desempenho do SAPO-11 no emprego de reações de
hidroisomerização de parafinas.
As amostras preparadas com direcionador de mesoporos solúvel (soft
template), se apresentaram bastante frágeis e colapsaram após a remoção do
direcionador. Desta forma, apresentaram desempenho catalítico insignificantes,
devido as áreas específicas e acidez inexpressivas.
Para as amostras preparadas com hard template, a que foi preparada com
carvão apresentou melhores resultados de área específica, volume de mesoporos,
acidez e distribuição de átomos de Si na rede. Isto tudo refletiu no melhor desempenho
apresentado por este catalisador na conversão do hexadecano.
Mesmo com o desempenho inferior ao apresentado pela amostra de SAPO-11
(IB 02), as estruturas do tipo AEL foram obtidas para as sínteses realizadas com hard
template, sendo que para ambas amostras houve um significativo aumento no volume
de mesoporos. O desempenho inferior deve ter sido ocasionado pela pior distribuição
de átomos de silício que, por consequência, influenciou na acidez destes sólidos.
Ajustes nos parâmetros de síntese com intuito de melhorar a distribuição de Si na rede
151 Íria Almeida Leal Bassan
devem ser feitos, pois esses catalisadores demonstraram ter grande potencial para
reações de hidroisomerização de parafinas.
Assim, ao analisar todas as amostras de SAPO estudadas neste trabalho,
conclui-se a necessidade de seguir estudando mais sobre tratamentos pós síntese do
SAPO-11, principalmente tratamento com ácido clorídrico que foi capaz de aumenta
mesoporosidade da amostra e o desempenho catalítico. Associar este tratamento ao
SAPO preparado com surfactante e fazer estudos de acidez deste material, seria um
bom começo. Outro material que se mostrou bastante atraente foi o SAPO-11
sintetizado com carvão. Ajustes nos parâmetros de síntese devem ser realizados, a
fim de melhorar a distribuição de silício, pois a área e a mesoporosidade foram
aumentadas com o emprego do carvão na síntese.
Além disso, quando comparamos os resultados obtidos para as amostras de
fosfato de nióbio e as amostras de fosfatos de silício e alumínio (SAPO), verifica-se
que os fosfatos de nióbio, se apresentam mais promissores para serem empregados
como catalisadores em reações de hidrocraqueamento para obtenção de gasolina de
alta octanagem do que os SAPOs.
152 Íria Almeida Leal Bassan
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Após apresentações das quatro séries de catalisadores e as conclusões, julga-
se oportuno apresentar algumas sugestões para trabalhos futuros. São elas:
- realizar estudo da distribuição de átomos de silício na amostra IB 01;
- avaliar a acidez das amostras de SAPO-11 tratadas com HCl;
- efetuar tratamento com solução de HCl na amostra IB 02 e com DEA na amostra IB
01;
- investigar melhor as propriedades texturais e a acidez da amostra sintetizada com
soft template que não sofreu ajuste do pH. Ou seja, foi submetida ao tratamento
hidrotérmico com pH 8,5;
- ajustar a rota de síntese com poliestireno e verificar se há crescimento dos cristais
em torno deste template;
- ajustar os percentuais de carvão utilizados na síntese a fim de melhorar a distribuição
de silício e, por consequência, acidez destes sólidos;
- estudar o desempenho catalítico das amostras de fosfato de nióbio em reações
que necessitem de sólidos com maior acidez.
153 Íria Almeida Leal Bassan
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