caracterizaÇÃo florÍstica e ecolÓgica da arborizaÇÃo … · planejar a arborização de uma...
TRANSCRIPT
647
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
Caracterização florística e ecológica da arborização de...
1 Recebido em 02.12.2009 e aceito para publicação em 28.05.2012.2 Biólogo - Faculdade Guairacá, Guarapuava, Paraná. E-mail: <[email protected]>.3 Universidade Estadual do Paraná, Campus de União da Vitória. Colegiado de Ciências Biológicas. E-mail: <[email protected]>.
1. INTRODUÇÃO
De maneira geral, as atividades humanas trazemreflexos imediatos à paisagem. Nesse sentido, paisagemurbana pode ser interpretada como o resultado dasações do homem nesse espaço. De forma genérica,são subdivididas em naturais e antropizadas, em que
essa classificação considera a origem de seus elementosconstituintes (HARDT; HARDT, 2007). Assim, paisagensnaturais são aquelas que se originaram e se estabeleceramvia processos naturais e as antropizadas, aquelas quesofreram algum grau de interferência humana no seuestabelecimento. Pela progressiva interferência humana,as primeiras podem paulatinamente ser transformadas
CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA E ECOLÓGICA DA ARBORIZAÇÃO DEPRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA, PR1
João Alberto Kramer2 e Rogério Antonio Krupek3
RESUMO – Este estudo teve por objetivo realizar o levantamento florístico e avaliar algumas característicasecológicas das principais praças públicas do Município de Guarapuava, região centro-sul do Estado do Paraná.Os trabalhos de campo foram realizados no período de janeiro de 2007 a março de 2009. Foram identificadas98 espécies, distribuídas em 43 famílias. A abundância mensurada foi de 1.143 indivíduos. A espécie mais bemdistribuída foi Tipuana tipu, enquanto as mais abundantes, Grevillea robusta e Platanus acerifolia. Com relaçãoà origem, a maioria das espécies, tanto em riqueza quanto em abundância, é exótica. Os valores de riqueza, abundância,H’ e equidade foram relativamente altos, enquanto que os de dominância e similaridade, foram baixos. Apesardo alto valor de riqueza e diversidade, a alta frequência de poucas espécies e o baixo número de indivíduos porárea amostrada têm colocado as praças públicas da área avaliada em condições ecológicas ainda longe das ideais.O alto número de espécies exóticas reflete, ainda, a falta de interesse na conservação da flora regional.
Palavras-chave: Arborização urbana, praças públicas e diversidade
FLORISTIC AND ECOLOGICAL CHARACTERIZATION OF ARBORIZATION
OF MUNICIPALITY OF THE GUARAPUAVA, PR
ABSTRACT – The objective of present study were to carry a floristic survey and evaluate some ecological
characteristics of principal squars public of municipality of the Guarapuava, mid-southern region of Paraná
state. The sampling were carried out from January 2007 to March 2009. Were found 98 species distributed
in 43 family. The abundance measured were 1.143 individues. The most widespread specie was Tipuana tipu,
while the most abundance was Grevillea robusta and Platanus acerifolia. Regarding the origin,of the majoritary,
both species and abundance are exotic. The richness, abundance, H’ and equity values were relatively high
while dominance and similarity values rere low. Despite the high value of richness and diversity, the high
frequency of few species and low number of individuals for sampled area place the public squars in the area
evaluated in intermediate ecological conditions. The high number of exotic species reflects, still, the lack
of interet in the conservation of regional flora.
Keywords: Urban arborization, Public squars and Diversity.
648
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.
nas segundas, sendo representadas pela paisagem urbana.A mais comum e conhecida paisagem antropizada podeser aqui representada pelas praças públicas, ambientesdesenvolvidos pelo homem e que apresentam algumascaracterísticas naturais.
Planejar a arborização de uma praça pública éindispensável para o desenvolvimento urbano, paranão trazer prejuízos ao meio ambiente. A crescenteurbanização da humanidade constitui preocupação detodos os profissionais e segmentos ligados à questãodo meio ambiente, pois as cidades avançam e apresentamcrescimento rápido e sem planejamento adequado, oque contribui para a maior deterioração do espaço urbano(LIMA NETO et al., 2007; LOMBARDO, 1985).
O conhecimento da flora urbana faz parte de umprograma de estudos que toda cidade deveria se preocuparem desenvolver, visando a um plano de arborizaçãoque valorize os aspectos paisagísticos e ecológicoscom a utilização, principalmente, de espécies nativas.Além dos benefícios que influenciam diretamente avida do homem, do ponto de vista ecológico aarborização urbana é fundamental. Através dela, pode-se salvaguardar a identidade biológica da região,preservando ou cultivando as espécies vegetais queocorrem em cada região específica.
Considerando esses pressupostos e levando emconsideração a importância de áreas verdes dentrodos espaços urbanos, este trabalho teve os seguintesobjetivos: i) conhecer a composição florística de algumasdas principais praças públicas localizadas na área urbanado Município de Guarapuava; ii) quantificar as diferentesespécies ocorrentes e relacioná-las com a área disponívelem cada praça pública; iii) aferir, através de diferentesíndices, sobre as condições ecológicas em que seencontravam as áreas avaliadas; iv) classificar as espéciesocorrentes, de acordo com sua origem, em espécie nativae espécie exótica; e v) comparar a situação atual daspraças públicas do município, com relação à composiçãoe diversidade florística, com estudos realizados emoutras regiões do Estado e do Brasil.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi desenvolvido em sete praças(1. Cândido Xavier de Almeida e Silva; 2. Praça da Ucrânia;3. Eurípio Rauem; 4. Nove de Dezembro; 5. CoronelLuiz Daniel Cleve; 6. Parque do Lago; 7. JuscelinoKubistchek de Oliveira) de um total de 19 praças públicas
localizadas no perímetro urbano da cidade de Guarapuava,região Centro-Sul do Estado do Paraná (Figura 1). Aspraças foram selecionadas por representarem as principaise mais visitadas áreas públicas do município. De modogeral, todas as praças avaliadas foram estruturadasinicialmente a partir de uma área remanescente de matanativa de Floresta Ombrófila Mista, típica da região.Entretanto, com o passar do tempo a vegetação foicontinuamente modificada através da adição planejadae espontânea de espécies exóticas.
Para o estudo, cada uma das praças foi visitadano período correspondente aos meses de janeiro de2007 a março de 2009. Para a avaliação qualitativa,as informações foram obtidas através de análise visualdas espécies ocorrentes em cada um dos locais (censoou inventário total), anotando-se o nome vulgar e,ou, científico sempre que possível, além de algumascaracterísticas das espécies (porte, presença de florese frutos). Quando necessário, foi realizada a coletade material botânico para posterior identificação.Essa foi desenvolvida utilizando-se a literaturaapropriada e, ou, com o auxílio de um especialistapara identificação ou confirmação. A identificaçãoem família seguiu Souza e Lorenzi (2005). Na avaliaçãoquantitativa, foi contado o número de espécimesocorrentes de cada uma das espécies registradasnas praças estudadas.
Para a análise dos dados foram calculados, emcada uma das praças selecionadas, os seguintesparâmetros: a) riqueza de espécies; b) abundância deespécies; c) índice de diversidade de Shannon-Wiener:H´= (pi) (log pi), em que pi = abundância da espéciena área; d) índice de dominância de Simpson: C = å(Xj/Xo)2, em que Xj = abundância representada pelo númeroabsoluto de cada espécie na área de estudo; Xo =abundância total de espécies na área estudada; e)equitabilidade ou equidade: J = H´/Hmax´, em que Hmax´= Log s, em que s = número de espécies amostradas;e f) índice de Similaridade de Jaccard (Sj): Sj = a/a +b + c, em que a = número de espécies comuns no ambienteA e B, b = número de espécies exclusivas no pontoA e c = número de espécies exclusivas no ponto B.A similaridade com relação à composição de espéciesentre as praças estudadas foi verificada através daAnálise de Agrupamento, utilizando-se o coeficientede similaridade de Sorensen e média não ponderada(UPGMA). Todos os índices ecológicos e a análiseestatística foram obtidos com o auxílio do pacote
649
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
Caracterização florística e ecológica da arborização de...
estatístico Statistica (STATISOFT CORPORATION;2005). Em adição, a frequência das espécies com maiorocorrência foi obtida através da razão número deindivíduos da espécie/número de indivíduos total.
A classificação das espécies em nativa e exóticaseguiu a literatura apropriada. A comparação florísticacom outras regiões brasileiras foi feita através dacomparação com outros estudos, tendo como parâmetroo número de espécies.
3. RESULTADOS
Foram encontradas, nas sete praças públicasanalisadas, um total de 98 espécies de porte arbóreodistribuídas em 43 famílias (Tabela 1). O número totalde plantas registradas nas áreas foi de 1.143 indivíduos.As famílias que apresentaram maior riqueza de espéciesforam Fabaceae (12 espécies), seguida de Myrtaceae,Cupressaceae (ambas com nove espécies) e Arecaceae(sete espécies). Entretanto, a maioria das famílias (27famílias 62,8% do total) teve ocorrência de uma únicaespécie. Os gêneros com maior riqueza de espéciesforam Chamaecyparis, Cytrus, Eucalyptus, Eugenia,
Tabebuia e Prunus com três espécies cada um. Asespécies com maior ocorrência foram Tipuana tipu
(presente nas sete praças), Araucaria angustifolia,Chamaecyparis pisifera, Ligustrum lucidum e Tabebuia
alba (em seis praças cada), Eugenia uniflora, Grevillea
robusta e Melia azedarach Syagrus romanzoffiana
(em cinco praças cada). Dessas, somente Araucaria
angustifólia, Eugenia uniflora, Syagrus romanzoffiana
e Tabebuia alba são nativas do Brasil, e apenas a últimanão era nativa da área estudada. As espécies maisabundantes foram, de modo geral, as mesmas queapresentaram melhor distribuição (Tabela 2). As seisespécies mais abundantes eram responsáveis por 39,1%do total de plantas ocorrentes nas sete praças públicasavaliadas, sendo os demais 60,9% distribuídos em outras92 espécies.
Considerando a origem das plantas ocorrentes,51 espécies eram plantas de ocorrência nativa em territóriobrasileiro. As demais 47 espécies eram plantas introduzidasoriundas de outras partes do mundo. Levando emconsideração a vegetação típica da região de estudo,apenas 41 espécies eram nativas da região, enquanto57 eram espécies consideradas exóticas, oriundas deoutras regiões do país e do mundo. Tal diferença entreo número de plantas nativas e exóticas acentua-se aoconsiderar a abundância de espécies. Dos 1.143 indivíduos
registrados, somente 40,2% do total eram representantesda flora nativa nacional, enquanto 59,8% do total deindivíduos pertenciam a espécies de origem exótica.Com relação à flora regional, tal diferença fica aindamais elevada, chegando as espécies exóticas a ocupar73% do total, com somente 27% de plantas nativas.
Os índices ecológicos obtidos nas áreas estudadasforam, de modo geral, similares, embora amplamentevariáveis (Figura 2). Apesar de ocorrerem espéciespredominantes em cada uma das praças públicas, ariqueza de espécies foi relativamente alta em todasas áreas avaliadas (Figura 2a), com uma média de30,8+13,55 espécies. A maior riqueza foi verificada napraça 3, onde foram identificadas 47 espécies de plantasarbóreas, enquanto a menor riqueza foi observada napraça 5, com 15 espécies.
A abundância de espécies mostrou-se tambémrelativamente elevada (Figura 2b). A média foi de163,3+96,7 indivíduos, sendo a maior abundânciaobservada na praça 6, com 325 indivíduos, e a menorna praça 5, com apenas 71 exemplares. Considerandoa quantidade de indivíduos pelo tamanho das áreasavaliadas, registrou-se uma espécie em cada 109,9 m2
na praça 1, 93,6 m2 na praça 2, 158,4 m2 na praça 3,78,4 m2 na praça 4, 90,6 m2 na praça 5, 505 m2 na praça6 e 50,8 m2 na praça 7
Os valores do índice de diversidade, em média(X = 2,66 + 0,43), foram altos, variando de 1,94 na praça4 a 3,32 na praça 7 (Figura 2c). Com relação a essesvalores, a equidade também apresentou valores altos(X = 0,80 + 0,08), sendo o menor observado tambémna praça 4 (0,62) e o valor mais elevado (0,90), na praça1 (Figura 2d). De modo inverso, a dominância foi baixa(X = 0,12 + 0,08), com valores variando de 0,05 na praça7 a 0,31 na praça 4 (Figura 2e).
Por fim, os valores de similaridade foram relativamentebaixos (0,11 a 0,37), o que mostra alta diferenciaçãoentre as praças quanto à composição de espécies. AAnálise de Agrupamento (Cluster Analysis) confirmoua baixa similaridade entre as áreas estudadas, mostrandoa formação de dois grandes grupos (Figura 3). O primeiro,formado pelas praças 3, 7, 4 e 5, tendo as duas primeirasmaior similaridade com relação às demais. O segundogrupo foi formado pelas praças 1, 2 e 6, com as duasúltimas possuindo maior similaridade. Apesar daformação desses grupos, a similaridade entre qualqueruma das áreas foi significativamente baixa (Figura 3).
650
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.E
spéc
ieF
amíl
iaN
om
e v
ulg
arN
ativ
a/N
ativ
a/
N
úm
ero
de
ind
ivíd
uo
sE
xóti
caE
xóti
ca01
0203
0405
0607
Bra
sil
Reg
ião
Acer n
eg
un
do
L.
Ace
race
aeA
cer
EE
0000
0000
0000
01
Ale
urit
es f
ord
ii H
emsl
. -
Eu
ph
orb
iace
aeT
ungu
eE
E00
0000
0000
0001
All
op
hyll
us e
du
lis (
St.
Hil
.) R
adlk
Sap
inda
ceae
Vac
umN
N00
0000
0000
0100
An
ad
en
an
thera
co
lub
rin
a (
Vel
l.)
Bre
nan
Fab
acea
e-M
imos
oide
aeM
on
jole
iro
NN
0000
0100
0000
00
Ara
uca
ria
an
gu
sti
foli
a (
Ber
t.)
Ku
ntz
eA
rauc
aria
ceae
Pin
hei
ro-d
o-p
aran
áN
N03
0104
0400
0607
Bu
tia
erio
sp
ath
a (
Mar
t.)
Bec
c.A
reca
ceae
Bu
tiá
NN
0000
0300
0115
04
Ca
esa
lpin
ia p
elt
op
ho
ro
ides B
enth
.F
abac
eae-
caes
alp
inio
idea
eS
ibip
iru
na
NN
0000
1300
0200
05
Ca
llia
nd
ra
brevip
es B
enth
.F
abac
eae-
mim
osoi
deae
Cal
eand
ra-m
imos
aN
N00
0000
0000
0001
Ca
llia
nd
ra
ha
em
ato
cep
ha
la H
assk
.F
abac
eae-
mim
osoi
deae
Cal
eand
ra-v
erm
elha
NN
0000
0000
0000
04
Ca
mell
ia j
ap
on
ica
L.
The
acea
eC
amél
iaE
E00
0002
0100
0004
Ca
mp
om
an
esia
gu
azu
mif
oli
a (
Cam
b.)
Ber
g.
Myr
tace
aeS
ete-
capo
tes
NN
0000
0000
0003
01
Ca
mp
om
an
esia
xa
nth
oca
rp
a B
erg
.M
yrta
ceae
Gu
abir
ob
aN
N00
0001
0000
0001
Ca
psic
od
en
dru
m d
inis
ii (
Sch
wac
ke)
Occ
hio
ni
Can
elac
eae
Pim
ente
ira
NN
0000
0701
0000
01
Ca
rya
ill
ino
en
sis
K.
Jugl
anda
ceae
No
gu
eira
-pec
ãE
E00
0001
0000
0000
Ca
ssia
lep
top
hyll
a V
og
.F
abac
eae-
Cae
salp
inio
idea
eA
cáci
aN
E00
0001
0000
0100
Ca
su
arin
a e
qu
iseti
foli
a J
.R. &
G.
Fo
rst.
Cas
uari
nace
aeC
asua
rina
EE
0000
1300
0000
00
Ca
sta
nea
sa
tiva
Mil
l.F
agac
eae
Cas
tan
ha-
po
rtu
gu
esa
EE
0000
0000
0001
00
Ced
rela
fis
sil
is V
ell.
Mel
iace
aeC
edro
-ros
aN
N00
0201
0000
0000
Ceib
a s
pecio
sa
St.
Hil
.M
alva
ceae
Pai
nei
ra-r
osa
NN
0000
0001
0303
00
Ch
am
aecyp
aris
la
wso
nia
na
(A
.Mu
rr)
Pa
rl.
Cup
ress
acea
eC
ipre
ste
EE
0100
0000
0000
00
Ch
am
aecyp
aris
ob
tusa
(S
ieb
oed
. & Z
ucc
.) E
nd
l.C
upre
ssac
eae
Cip
rest
e al
lum
iiE
E05
0900
0000
0000
Ch
am
aecyp
aris
pis
ifera
(S
ieb
oed
. & Z
ucc
.) E
nd
l.C
upre
ssac
eae
Cip
rest
e b
ou
lev
ard
EE
0725
2400
1001
10
Ch
am
aero
ps h
um
ilis
L.
Are
cace
aeP
alm
eira
-leq
ue-f
alsa
EE
0000
0301
0100
01
Cin
na
mo
mu
m c
am
ph
ora
(L
.) J
. Pre
sl.
Lau
race
aeC
inam
omo-
cânf
ora
EE
0000
0001
0000
00
Cit
ru
s l
imett
ioid
es T
an.
Rut
acea
eL
imei
raE
E00
0000
0000
0100
Cit
rus l
imo
n (
L.)
Bu
rm. F
.R
utac
eae
Lim
oeir
oE
E00
0000
0000
0300
Cit
ru
s s
inen
sis
(L
.) O
sbec
kR
utac
eae
Lar
anje
ira
EE
0000
0000
0002
00
Cryp
tom
eria
ja
po
nic
a (
L.f
.) D
. Do
n.
Tax
odia
ceae
Ced
ro-j
apo
nês
EE
0503
0600
0000
00
Cu
nn
ing
ha
mia
la
nceo
lata
(L
amb
.) H
oo
ker
f.
Tax
odia
ceae
Pin
hei
ro-c
hin
êsE
E00
0403
0000
0002
Cu
pa
nia
vern
ali
s C
amb
.S
apin
dace
aeC
uvat
ãN
N00
0000
0000
0100
Cu
pressu
s h
oriz
on
tali
s M
ill.
Cup
ress
acea
eC
ipre
ste
EE
0001
0000
0000
02
Cu
pressu
s s
p.
Cup
ress
acea
eC
ipre
ste
EE
0000
0300
0000
00
Cyca
s re
vo
luta
Th
um
b.
Cyc
adac
eae
Sag
u-de
-jar
dim
EE
0000
0045
0000
01
Co
nti
nu
a...
Co
nti
nu
e..
.
Tab
ela
1 –
Dis
trib
uiçã
o de
toda
s as
esp
écie
s en
cont
rada
s na
s se
te p
raça
s pú
blic
as a
vali
adas
. Os
núm
eros
de
01 a
07
corr
espo
ndem
às
praç
as p
úbli
cas
aval
iada
s.T
ab
le 1
– D
istr
ibu
tio
n o
f a
ll s
pecie
s f
ou
nd
in
th
e s
even
pu
bli
c s
qu
are
s e
va
lua
ted
. T
he n
um
bers 0
1-0
7 c
orre
sp
on
d t
o p
ub
lic s
qu
are
s e
va
lua
ted
.
651
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
Caracterização florística e ecológica da arborização de...E
spéc
ieF
amíl
iaN
om
e v
ulg
arN
ativ
a/N
ativ
a/
N
úm
ero
de
ind
ivíd
uo
s
Exó
tica
Exó
tica
0102
0304
0506
07B
rasi
lR
egiã
o
Dic
kso
nia
sell
ow
ian
a H
oo
kD
ick
son
iace
aeX
axim
NN
0000
0000
1000
00
En
tero
lob
ium
co
nto
rti
sil
iqu
um
(V
ell.
) M
oro
ng
Fab
acea
e-m
imos
oide
aeT
ambo
ril
NN
0001
0000
0000
00
Erio
bo
trya
ja
po
nic
a (
Th
um
b.)
Lin
d.
Ros
acea
eN
êspe
raE
E00
0200
0000
0400
Eryth
rin
a f
alc
ata
Ben
th.
Fab
acea
e -
fab
oid
eae
Co
rtic
eira
NN
0000
0002
0300
01
Eryth
ro
xylu
m d
ecid
uu
m S
t. H
il.
Ery
thro
xy
llac
eae
Bag
a-de
-pom
boN
N00
0001
0000
0002
Eu
ca
lyp
tus c
inere
a F
. Mu
ell.
ex
Ben
th.
Myr
tace
aeE
uca
lip
to-s
inér
iaE
E00
0001
0000
0003
Eu
ca
lyp
tus d
un
nii
Mai
den
Myr
tace
aeE
uca
lip
toE
E00
0001
0000
0000
Eu
ca
lyp
tus s
p.
Myr
tace
aeE
uca
lip
toE
E00
0002
0000
0001
Eu
gen
ia i
nvo
lucra
ta D
C.
Myr
tace
aeC
erej
aN
N00
0000
0000
0003
Eu
gen
ia p
yrif
orm
is C
amb
.M
yrta
ceae
Uv
aia
NN
0000
0000
0000
01
Eu
gen
ia u
nif
lora
L.
Myr
tace
aeP
itan
ga
NN
0002
0202
0001
06
Fic
us e
no
rm
is (
Mar
t. E
x M
iq.)
Miq
.M
orac
eae
Fig
ueir
a-m
ata-
pau
NN
0000
0100
0000
00
Ga
rd
en
ia j
asm
ino
ides J
. E
llis
Rub
iace
aeJa
smim
EE
0000
0200
0000
01
Gre
vil
lea
ro
bu
sta
A. C
un
n. e
x R
. Br.
Pro
teac
eae
Gre
vil
ha
EE
0024
6000
1605
01
Ho
ven
ia d
ulc
is T
hu
mb
.R
ham
nace
aeU
va-
do
-jap
ãoE
E05
0100
0000
0600
Ille
x p
ara
gu
arie
nsis
St.
Hil
.A
quif
olia
ceae
Erv
a-m
ate
NN
0000
0500
0000
00
Ing
a l
au
rin
a (
Sw
.) W
illd
.F
abac
eae-
mim
osoi
deae
Ingá
NN
0001
0000
0000
00
Ja
ca
ra
nd
a m
icra
nth
a C
ham
.B
igno
niac
eae
Car
oba
NN
0000
0000
0001
07
Ja
ca
ra
tia
sp
ino
sa
(A
ub
l.)
DC
.C
aric
acea
eJa
raca
tiá
NN
0000
0000
0003
00
Ja
sm
inu
m m
esn
yi
Han
ceO
leac
eae
Jasm
im-a
mar
elo
EE
0000
0000
0004
00
Ju
nip
eru
s c
hin
en
sis
L.
Cup
ress
acea
eJu
nip
ero
-azu
lE
E03
0700
0000
0000
La
gerstr
oem
ia i
nd
ica
L.
Lyt
hrac
eae
Ext
rem
osa
EE
0700
0701
0005
12
Leu
ca
en
a l
eo
co
cep
ha
la (
Lam
.) R
. de
Wit
.F
abac
eae-
mim
osoi
deae
Leu
cena
EE
0000
0200
0000
00
Lig
ustr
um
lu
cid
un
W.T
. Ait
on
Ole
acea
eA
lfen
eiro
EE
0010
1501
0610
08
Liv
isto
na
ch
inen
sis
(Ja
cq.)
R. B
r. e
x M
art.
Are
cace
aeP
alm
eira
-leq
ue-f
alsa
EE
0000
0001
0200
01
Ma
gn
oli
a x
so
ula
gea
na
So
ul.
-Bo
ud
.M
agno
liac
eae
Mag
nóli
a-ro
xaE
E02
0000
0000
0000
Meli
a a
zed
ara
ch
L.
Mel
iace
aeC
inam
omo
EE
0514
0100
0007
03
Mim
osa
sca
brell
a B
enth
.F
abac
eae-
mim
osoi
deae
Bra
cati
ng
aN
N00
0101
0000
2600
Mo
ru
s n
igra
L.
Mor
acea
eA
mor
eira
EE
0002
0000
0004
00
Necta
nd
ra m
eg
ap
ota
mic
a (
Sp
ren
g.)
Mez
.L
aura
ceae
Can
ela
NN
0000
0100
0000
00
Neriu
m o
lea
nd
er L
.A
pocy
nace
aeE
spir
rad
un
EE
0000
0000
0012
06
Oco
tea
po
ro
sa
(N
ees.
) B
arro
soL
aura
ceae
Imbu
iaN
N00
0000
0200
0000
Oco
tea
pu
beru
la (
Rei
ch.)
Nee
s.L
aura
ceae
Can
ela-
guai
cáN
N00
0003
0200
0301
Pa
ra
pip
tad
en
ia r
igid
a (
Ben
th.)
Bre
nan
Fab
acea
e-m
imos
oide
aeA
ng
ico
-ver
mel
ho
NN
0000
0001
0000
00
Ta
bel
a 1
– C
on
t.T
ab
le 1
– C
on
t.
Co
nti
nu
a...
Co
nti
nu
e..
.
652
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.E
spéc
ieF
amíl
iaN
om
e v
ulg
arN
ativ
a/N
ativ
a/
N
úm
ero
de
ind
ivíd
uo
sE
xóti
caE
xóti
ca01
0203
0405
0607
Bra
sil
Reg
ião
Persea
am
eric
an
a M
ill.
Lau
race
aeA
bac
atei
roE
E00
0000
0000
0100
Pin
us e
llio
ttii
En
gel
.P
inac
eae
Pin
us
EE
0001
0000
0000
00
Pit
tosp
oru
m u
nd
ula
tum
Ven
t.P
itto
spo
race
aeIn
cens
oE
E00
0001
0000
0000
Pla
tan
us a
cerif
oli
a (
Ait
on
.) W
illd
.P
lata
nac
eae
Plá
tan
oE
E14
0200
0000
9200
Po
do
ca
rp
us l
am
berti
i K
lotz
sch
a.P
odoc
arpa
ceae
Pin
hei
ro-b
rav
oN
N00
0001
0100
0000
Po
pu
lus n
igra
L.
var
. ita
lica
(M
oen
ch)
Ko
ehn
eS
alic
acea
eA
lam
oE
E05
0000
0000
0000
Pru
nu
s c
am
pa
nu
lata
Max
im.
Ros
acea
eC
erej
eira
NE
0000
0700
0030
00
Pru
nu
s p
ersic
a (
L.)
Bat
sch
Ros
acea
eP
esse
gu
eiro
NE
0000
0000
0003
00
Pru
nu
s s
ell
ow
ii K
oeh
ne
Ros
acea
eP
esse
gu
eiro
-bra
vo
NN
0000
0100
0000
00
Psid
ium
ca
ttle
ian
um
Sab
ine
Myr
tace
aeA
raça
NE
0000
0000
0100
05
Qu
ercu
s r
ob
ur L
.F
agac
eae
Car
val
ho
-eu
rop
euE
E00
0000
0000
0002
Ra
pa
nea
ferru
gin
ea
(R
uiz
et
Pav
.) M
ez.
Myr
sina
ceae
Cap
oror
oca
NN
0000
0100
0001
00
Rh
od
od
en
dru
n T
ho
mso
mii
Ho
ok
. F.
Eri
cace
aeA
zale
iaE
E00
0000
0000
0101
Sa
lix b
ab
ilo
nic
a L
.S
alic
acea
eS
alg
uei
ro-c
ho
rão
EE
0200
1500
0110
00
Sa
piu
m g
lan
du
latu
m (
Vel
l.)
Pax
.E
up
ho
rbia
ceae
Lei
teir
oN
N00
0003
0000
0401
Seb
ast
ian
ia c
om
mers
on
ian
a
(Bai
ll)
Sm
ith
& D
owns
Eu
ph
orb
iace
aeB
ran
qu
ilh
oN
N00
0000
0000
0200
Sch
inu
s m
oll
e L
.A
naca
rdia
ceae
Aro
eira
-sal
saN
N00
0100
0100
0400
Sch
inu
s t
ereb
inth
ifo
lia
us R
add
iA
naca
rdia
ceae
Aro
eira
NN
0000
0001
0006
00
Sya
gru
s r
om
an
zo
ffia
na
(C
ham
.) G
lass
man
Are
cace
aeP
alm
eira
-jer
ivá
NN
0002
1000
1210
20
Ta
beb
uia
alb
a (
Ch
am.)
San
dw
.B
igno
niac
eae
Ipê-
amar
elo
NE
0001
1010
0105
09
Ta
beb
uia
avell
an
ed
ae L
ore
ntz
ex
Gri
seb
Big
noni
acea
eIp
ê-ro
xoN
E00
0400
0100
1000
Ta
beb
uia
ch
ryso
tric
ha
(M
art.
ex
-DC
.) S
tan
d.
Big
noni
acea
eIp
ê-ta
bac
oN
N18
0000
0000
0000
Th
uja
occid
en
tali
s L
.C
upre
ssac
eae
Tui
aE
E03
0800
0000
0000
Th
uja
orie
nta
lis L
.C
upre
ssac
eae
Tui
aE
E00
0001
0000
0100
Tib
ou
ch
ina
gra
nu
losa
Co
gn
.M
elas
tom
atac
eae
Qua
resm
eira
NN
0000
1001
0000
05
Tip
ua
na
tip
u (
Ben
th.)
O. K
un
tz.
Fab
acea
eT
ipua
naE
E04
0301
0102
0902
Tra
ch
yca
rp
us f
ort
un
ei
(H.J
. Ho
ok
er)
H. W
end
elA
reca
ceae
Pal
mei
ra-l
eque
EE
0000
0100
0000
01
Trit
hrin
ax b
ra
sil
ien
sis
Mar
t.A
reca
ceae
Bu
riti
-pal
ito
NN
0000
0300
0000
00
Vit
ex m
on
tevid
en
sis
Ch
am.
Lam
iace
ae (V
erbe
nace
a)Ta
rum
ãN
N02
0000
0100
0701
Yu
ca
ele
ph
an
tip
es R
egel
ex
Tre
l.A
gava
ceae
Yuc
aE
E00
0401
0000
0016
Ta
bel
a 1
– C
on
t.T
ab
le 1
– C
on
t.
653
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
Caracterização florística e ecológica da arborização de...
Nome científico Nome comum No de ind. F (%)
Grevillea robusta A. = Cunn. ex R. Br. Grevílea 106 9,0Platanus acerifolia (Aiton.) Willd. Plátano 106 9,0Chamaecyparis pisifera (Sieboed. & Zucc.) Endl. Cipreste 77 6,7Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Palmeira-jerivá 54 4,7Ligustrum lucidum W.T. Aiton Alfeneiro 50 4,4Cycas revoluta Thumb. Cica 46 4,0Prunus campanulata (Maxim.) cerejeira 37 3,2Tabebuia alba (Cham.) Sandw. Ipê-amarelo 36 3,1Lagerstroemia indica L. Extremosa 32 2,8Melia azedarach L. Cinamomo 30 2,6Mimosa scabrella Benth. Bracatinga 28 2,4Salix babilonica L. Chorão 28 2,4Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze. Pinheiro-do-paraná 25 2,2Butia eriospatha (Mart.) Becc. Butiá 23 2,0Tipuana tipu (Benth.) O. Kuntz. Tipuana 22 1,9Yuca elephantipes Regel ex Trel. Yuca 21 1,8Caesalpinia peltophoroides Benth. Sibipiruna 20 1,7Nerium oleander L. Oleandro 18 1,6Tabebuia chrysotricha (Mart. ex-DC.) Stand. Ipê-de-jardim 18 1,6Tibouchina granulosa Cogn. Quaresmeira 16 1,4
Tabela 2 – Relação das 20 espécies mais frequentes encontradas nas praças públicas do Município de Guarapuava, PR .Table 2 – Relation of twenty species more frequent in the squars publics of municipality of Guarapuava, PR.
Figura 1 – Localização do Município de Guarapuava (a) e das sete praças públicas (b) dentro do perímetro urbano do município.Figure 1 – Localization of municipality of Guarapuava (a) and the seven public squares (b) within the urban perimeter.
2
34
1
6
5
7
Município deGuarapuava
654
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.
Figura 2 – Valores nominais de riqueza (a), abundância (b), índice de diversidade (c), equidade (d) e dominância (e) de cadauma das sete praças avaliadas.
Figure 2 – Nominal values of richness (a), abundance (b), diversity indice (c) equability (d) and dominance (e) for each
squars evaluated.
655
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
Caracterização florística e ecológica da arborização de...
4. DISCUSSÃO
O número total de espécies (n = 98) encontradopode ser considerado alto quando comparado comvalores obtidos em outros trabalhos similares. LimaNeto et al. (2007) identificaram as plantas arbóreasde seis praças públicas e 12 avenidas e canteiros centraisda cidade de Aracaju, SE, obtendo um número totalde apenas 23 espécies arbóreas. Dantas e Souza (2004)levantaram um total de 132 espécies arbóreas presentesem 24 áreas públicas e privadas do Município de CampinaGrande, PB. Com base no número de espécies e delocais avaliados, considera-se que a arborização dasáreas estudadas se encontrava bastante diversificada.Já o número de indivíduos, apesar de relativamentealto (n = 1.143), foi, ainda assim, menor que o encontradonos estudos de Lima Neto et al. (2007) e no de Dantase Souza (2004), que apresentaram 1.584 e 2.190 indivíduos,respectivamente. Esse menor número de indivíduospode também ser consequência do menor número deáreas avaliadas neste estudo.
Com relação ao número de famílias observadas(n = 43), pode ser considerado alto. Trabalhos similaresregistraram valores inferiores ao deste estudo. Nessesentido, Pires et al. (2007) relataram 35 famílias em umdiagnóstico realizado na cidade de Goiandira, Goiás,e Lindenmaier e Santos (2008), em levantamento de21 praças do Município de Cachoeira do Sul, RS,
encontraram 45 famílias. A diversidade registrada nestetrabalho pode ser resposta à ampla variedade de espéciesocorrentes naturalmente em Floresta Ombrófila Mista,vegetação predominante e, ainda, relativamente bemconservada na região. Outro fator que também contribuicom a alta diversidade de famílias é o grande númerode espécies ornamentais exóticas presentes, comumenteutilizadas em planos de manejo ou arborização de praçaspúblicas.
Entre as famílias que apresentaram maior riquezade espécies, destaca-se Fabaceae, que correspondea uma das maiores famílias de angiospermas, com cercade 18 mil espécies (SOUZA; LORENZI, 2005). Inúmerasespécies dessa família são empregadas amplamentecomo ornamentais, sendo inclusive a principal famíliautilizada na arborização urbana das cidades brasileiras(SOUZA; LORENZI, 2005). Myrtaceae também é umafamília numerosa e de ocorrência típica em regiõestropicais e subtropicais. É extremamente comum nasformações vegetacionais da região, apresentando grandenúmero de espécies de ocorrência nativa (CORDEIRO;RODRIGUES, 2007). Outro fator importante e que podecontribuir com sua alta representatividade em ambientescomo praças públicas é que muitas de suas espéciessão frutíferas (p. ex. Campomanesia xanthocarpa,
Eugenia uniflora e Psidium cattleyanum), podendo,dessa forma, além de deixar o ambiente mais colorido,proporcionar alimento, principalmente para animais(aves e pequenos mamíferos). As outras duas famílias(Cupressaceae e Arecaceae), também em número bemrepresentadas neste estudo, são tipicamente utilizadascomo ornamentais em todo o país. Cupressaceae é umafamília exótica, com representantes com formas variáveis,sendo facilmente moldáveis através da poda e, porisso, bastante apreciada em ambientes públicos eprivados; e Arecaceae, a qual inclui as palmeiras, quesão utilizadas principalmente devido ao seu portemajestoso e à folhagem diferenciada. Praticamente,todas têm potencial ornamental, o que contribui parasua elevada riqueza observada, sendo utilizadas tantoespécies nativas quanto exóticas.
Considerando as espécies mais bem distribuídas,todas são encontradas abundantemente na arborizaçãode grande parte do território brasileiro (LIMA NETOet al., 2007; SILVA et al., 2008; LINDENMAIER; SANTOS,2008). Destacam-se, entre estas, a tipuana, presenteem todas as praças públicas avaliadas e amplamenteutilizadas como ornamental, por ser uma planta de porte
0
0,12
0,24
0,36
0,48
0,6
0,72
0,84
0,96
03
07
04
05
02
06
01
Figura 3 – Dendrograma resultante da análise de Agrupamentodas praças públicas avaliadas com base na riquezae abundância das espécies ocorrentes.
Figure 3 – Cluster analisys of public squars evaluated with
base in richness and abundance of species occurent.
656
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.
majestoso e com belas flores amarelas. As espéciesmais abundantes normalmente são aquelas amplamenteutilizadas como ornamentais e advindas de plantiofeito pelos órgãos responsáveis pela administraçãodesses locais públicos. Esse é o principal motivopelo qual se observam tantos exemplares dessasespécies. Alguns táxons, assim como Chamaecyparis
pisifera, Grevillea robusta, Ligustrum lucidum ePlatanus acerifolia, são tipicamente reportados comoocorrendo em ambientes urbanos, estando sempreentre os mais abundantes (ROSSATO et al., 2008;SILVA et al., 2008; LINDENMAIER; SANTOS, 2008).Loboda et al. (2005) haviam mencionado Ligustrum
lucidum como a espécie mais frequente em áreasverdes e espaços públicos do Município de Guarapuava,além de destacar a alta frequência de Tipuana tipu
e Grevillea robusta. Coltro e Miranda (2007) tambémencontraram o Ligustrum lucidum como uma dasespécies mais frequentes utilizadas na arborizaçãourbana do Município de Irati, no Estado do Paraná.Essa espécie é amplamente utilizada na arborizaçãourbana, sobretudo nas Regiões Sul e Sudeste doBrasil, onde é possível encontrá-la com extremafacilidade (LOBODA et al., 2005; COLTRO ; MIRANDA,2007).
Apesar da utilização de uma ou poucas espécies,principalmente em ruas e avenidas públicas, é indicadaalegando-se o melhor efeito paisagístico (SILVA etal., 2008), a predominância de poucas espécies, alémde diminuir a diversidade local, pode trazer algunsproblemas, como facilitar a propagação de pragasou dificultar o trabalho de equipes de poda, poisdiversas espécies possuem diferentes épocas paraseu manejo mais apropriado (MILANO; DALCIN,2000; ROCHA et al., 2004).
A origem das espécies ocorrentes nas praçaspúblicas avaliadas é predominantemente exótica, assimcomo observado em vários outros trabalhos (COSTA;HIGUSHI, 1999; LINDENMAIER; SANTOS, 2008;MACHADO et al., 2006; PIRES et al., 2007; ROSSATOet al., 2008; SILVA et al., 2008). Tal fato se acentuaquando se considera a abundância de espécies. Demodo geral, tal situação representa falta depreocupação com a conservação e com a flora regional.Silva et al. (2008) registraram apenas 31,5% de espéciesbrasileiras nativas em áreas públicas do Municípiode Franca, no Estado de São Paulo. Dessas, apenas8,3% eram representantes da flora regional. Segundo
esses autores, tal situação se deve, em parte, à faltade interesse dos órgãos públicos em incentivar epromover o plantio de espécies nativas da região.
Levando em conta as características ecológicas,pode-se considerar que as praças públicas avaliadaspossuíam boa condição em número, abundância ediversidade de espécies arbóreas. A alta riqueza médiade espécies observada é um ponto positivo com relaçãoà qualidade ambiental, principalmente fitossanitária dasáreas avaliadas (LINDENMAIER; SANTOS, 2008).Entretanto, a baixa abundância, demonstrada pela relaçãoentre área e número de indivíduos, e o predomínio numéricode poucas espécies são pontos negativos relacionadoscom a questão anteriormente descrita. Segundo Greye Deneke (1978), o limite máximo de frequência de indivíduospor espécie em uma área deve ser entre 10 e 15%. Dassete praças estudadas, seis apresentavam espécies comfrequência superior a 15% do total de indivíduos (Tabela 1).Apesar disso, são poucas as espécies com elevadaabundância, sendo a maioria com poucos representantes.Aliás, essa é uma tendência em ambientes urbanosbrasileiros (DANTAS; SOUZA, 2004; MOTTA, 1998;RODRIGUES et al., 1994; SILVA et al., 2008; TEIXEIRA,1999).
A diversidade média foi relativamente alta(x = 2,66), entretanto Lindenmaier e Santos (2008)observaram valor mais elevado (x = 3,86) para a vegetaçãourbana do Município de Cachoeira do Sul, RS. Essesautores consideraram que a diversidade de espéciesna área avaliada é de nível intermediário, tendo emvista o alto número de espécies observadas e, ainda,a ausência de espécies com frequência superior a 15%do total. Nesse sentido, a arborização das praças públicasaqui avaliadas também pode ser considerada comopossuindo níveis de diversidade intermediários. Pois,apesar de ocorrerem algumas poucas espécies comelevada frequência de ocorrência, elas interferem pouconos demais índices ecológicos observados em razão,principalmente, da elevada riqueza de espécies ocorrentes.Tal fato fica mais evidente quando se observam osvalores de dominância, expressivamente baixos. Assim,a arborização das praças é relativamente diversa, comdistribuição igualitária, comprovada pelos altos valoresde equidade.
Por fim, os baixos valores de similaridade observadosentre as diferentes praças mostram que a riqueza ediversidade de espécies são altas e bastante variadas
657
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
Caracterização florística e ecológica da arborização de...
não só dentro das praças, mas também entre elas. Aanálise de agrupamento confirmou tal diferenciaçãoe mostrou, ainda, que a proximidade espacial das praçaspúblicas estudadas não tem influência sobre a similaridadede espécies ocorrentes. Isso, por certo, tem relaçãocom a grande diversidade de espécies nativas da região,que são passíveis de serem utilizadas na arborizaçãourbana, devido às suas características morfológicase ao seu aspecto visual (pequeno e médio portes,exuberantes, com flores vistosas, algumas frutíferas),além da variedade de espécies de origem exótica, cadavez mais utilizadas pelo seu potencial paisagístico efacilidade de cultivo e manejo.
5. CONCLUSÃO
A alta diversidade de espécies registradas nas praçaspúblicas avaliadas indica certa qualidade na estruturafísica e ambiental desses locais. Entretanto, alguns problemascomuns já reportados em trabalhos neste tipo de ambientetambém ocorrem na região, quais sejam: baixo númeroe abundância de espécies e elevado número de espéciesde origem exótica. Apesar disso, tais característicasecológicas foram superiores a muitos estudos relacionados.Outro fator positivo é o uso constante de espécies nativasda região, as quais, adaptadas ao ambiente onde ocorrem,auxiliam na qualidade ambiental e fitossanitária das áreasurbanas avaliadas.
6. AGRADECIMENTOS
Imensamente a Sebastião Arzírio de Oliveira, peloauxílio nos trabalhos de campo e pela identificaçãodo material botânico.
7. REFERÊNCIAS
COLTRO, E. M.; MIRANDA, G. M. Levantamentoda arborização urbana pública de Irati-Pr e suainfluência na qualidade de vida de seushabitantes. Revista Eletrônica LatoSensu, v.2, n.1, p.1-22, 2007.
COSTA, L. A.; HIGUCHI, N. Arborização de ruasde Manaus: avaliação qualitativa e quantitativa.Revista Árvore, v.23, n.2, p.223-232, 1999.
DANTAS, I. C.; SOUZA, C. M. C. Arborizaçãourbana na cidade de Campina Grande – PB:inventário e suas espécies. Revista deBiologia e Ciências da Terra, v.4, n.2,p.1-18, 2004.
GREY, G. W.; DENEKE, F. J. Urban forestry.New York: John Wiley, 1978. 279p.
HARDT, L. P. A.; HARDT, C. Avaliação daqualidade da paisagem como fundamento à gestãourbana e regional: estudo de caso em Piraquara,Paraná, Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DESENSORIAMENTO REMOTO, 2007, Florianópolis.Anais... Florianópolis: Sociedade Brasileira deSensoreamento Remoto, 2007. p.5301-5307.
LINDENMAIER, D. S.; SANTOS, N. O. Arborizaçãourbana das praças de Cachoeira do Sul, RS, Brasil:fitogeografia, diversidade e índice de áreas verdes.Pesquisas, Botânica, v.1, n.59, p.307-320, 2008.
LIMA NETO, E. M. et al. Análise das áreas verdesdas praças do bairro centro e principais avenidasda cidade de Aracaju-SE. Revista daSociedade Brasileira de ArborizaçãoUrbana, v.2, n.1, p.17-33, 2007.
LOBODA, C. R. et al. Avaliação de áreas verdesem espaços públicos no município de Guarapuava,PR. Ambiência, v.1, n.1, p.141-155, 2005.
LOMBARDO, M. A. Ilha de Calor nasMetrópoles - O exemplo de São Paulo.São Paulo: HUCITE, 1985. 244p.
MACHADO, R. R. B. et al. Árvores nativas para aarborização de Teresina, Piauí. Revista daSociedade Brasileira de ArborizaçãoUrbana, v.1, n.1, p.10-18, 2006.
MILANO, M.; DALCIN, E. Arborização de viaspúblicas. Rio de Janeiro: LIGHT, 2000. 226 p.
MOTTA, G. L. O. Inventário da arborização deáreas, utilizando um sistema hierárquico paraendereço impreciso. 1998. 120f. Dissertação(Mestrado em Ciências Florestais) – UniversidadeFederal de Viçosa, Viçosa, MG, 1998.
PIRES, N. A. M. T. et al. Diagnóstico daarborização urbana do município de Goiandira,Goias. Revista Brasileira de Biociências,v.5, n.1, p.537-539, 2007.
ROCHA, R. T.; LELES, P. S. F.; OLIVEIRA NETO, S.N. Arborização de vias públicas em Nova Iguaçú,RJ: O caso dos bairros Rancho Novo e Centro.Revista Árvore, v.28, n.4, p.599-607, 2004.
658
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.4, p.647-658, 2012
KRAMER, J.A. e KRUPEK , R.A.
RODRIGUES, M. G. R.; BREDT, A.; UIEDA, W.Arborização de Brasília, Distrito Federal, epossíveis fontes para morcegos fitófagos. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃOURBANA; ENCONTRO NACIONAL SOBREARBORIZAÇÃO URBANA, 1994. São Luiz,Anais... São Luiz: Sociedade Brasileira deArborização Urbana, 1994. p.331-326.
ROSSATO, D. R.; TSUBOY, M. S. F.; FREI, F.Arborização urbana na cidade de Assis, SP: Umaabordagem quantitativa. Revista SBAU, v.3,n.3, p.1-16, 2008.
SILVA, M. D. M.; SILVEIRA, R. P.; TEIXEIRA,M. I. J. G. Avaliação da arborização de viaspúblicas de uma área da região oeste dacidade de Franca/SP. Revista SBAU , v.3,n.1, p.19-35, 2008.
SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânicasistemática. São Paulo: Plantarum, 2005. 640p.
TEIXEIRA, I. F. Análise qualitativa daarborização de ruas do conjunto habitacionalTancredo Neves, Santa Maria – RS. CiênciaFlorestal, v.9, n.2, p.9-21, 1999.