ani iln f o r m a Ç Ã o - anilact.ptartigo da revista notícias magazine motiva reacção veemente...

36
PRODUÇÃO, INDÚSTRIA E DISTRIBUIÇÃO REÚNEM COM MINISTRO DA AGRICULTURA FILEIRA DO LEITE NO CENTRO DAS ATENÇÕES ANO 11 NÚMERO 2 FEVEREIRO 2011 ANIL I N F O R M A Ç Ã O ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA OUVE FILEIRA DO LEITE PRAZOS DE PAGAMENTO EM NOVA POLÉMICA

Upload: others

Post on 13-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

PRODUÇÃO, INDÚSTRIA E DISTRIBUIÇÃO REÚNEM COM MINISTRO DA AGRICULTURA

FILEIRA DO LEITE NO CENTRO DAS

ATENÇÕES

ANO 11 NÚMERO 2 FEVEREIRO 2011

ANIL I N F O R M A Ç Ã O

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA OUVE FILEIRA DO LEITE

PRAZOS DE PAGAMENTO EM NOVA POLÉMICA

Page 2: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

2 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

U. E

UROP

EIA

Regulamento n.º 100/2011 2011-02-04, L 030 Fixa o preço mínimo de venda de leite em pó desnatado [2,40 euros/kg] na sequência do décimo quinto concurso especial, no âmbito do concurso aberto pelo Regulamento (UE) n.º 447/2010.

Regulamento n.º 146/2011 2011-02-18, L 044 Fixa o preço mínimo de venda de leite em pó desnatado [2,501 euros/kg] na sequência do décimo sexto concurso especial, no âmbito do concurso aberto pelo Regulamento (UE) n.º 447/2010.

Directiva 2011/7/UE 2011.02.23 L 048 Estabelece medidas de luta contra os atrasos de pagamen-to nas transacções comerciais

Regulamento (UE) n.º 172/2011 2011.02.24 L 049 Fixa antecipadamente, para 2011, o montante da ajuda à armazenagem privada de manteiga

Regulamento (UE) n.º 173/2011 2011.02.24 L 049 Altera os Regulamentos (CE) n.º 2095/2005, (CE) n.º 1557/2006, (CE) n.º 1741/2006, (CE) n.º 1850/2006, (CE) n.º 1359/2007, (CE) n.º 382/2008, (CE) n.º 436/2009, (CE) n.º 612/2009, (CE) n.º 1122/2009, (CE) n.º 1187/2009 e (UE) n.º 479/2010, no que respeita às obrigações de notifi-cação no âmbito da organização comum dos mercados agrícolas e dos regimes de apoio directo aos agricultores

R.A.

AÇOR

ES Portaria n.º 10/2011

2011-02-15, SRAF Estabelece o regime de ajudas a conceder aos agricultores, para fazer face ao custo acrescido do adubo e correctivos alcalinizantes, na Região Autónoma dos Açores. Revoga a Portaria n.º 7/2003.

Portaria n.º 13/2011 2011-02-22, SRAF Estabelece o regime de ajudas a conceder à aquisição de produto de categoria fibrosa destinado à alimentação do efectivo pecuário da Região Autónoma dos Açores.

NACI

ONAL

Despacho n.º 2517-A/2011 (II Série) 2011-02-03, MFAP Tabelas de Retenção do IRS.

Portaria n.º 64-A/2011 2011-02-03, MFAP Aprova os novos modelos de impressos relativos a anexos que fazem parte integrante do modelo da informação empresarial simplificada (IES).

Portaria n.º 66/2011 2011-02-04, MTSS Define os procedimentos, os elementos e os meios de prova necessários à inscrição, ao enquadramento e ao cumprimento da obrigação contributiva previstos no Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011.

Decreto-Lei n.º 28/2011 2011.02.24 MADRP Estabelece os critérios de pureza específicos do edulcoran-te E 961 - neotame, transpondo a Directiva n.º 2010/37/UE, da Comissão, de 17 de Junho, que altera a Directiva n.º 2008/60/CE.

Portaria n.º 86/2011 2011.02.25 MADRP Aprova o Regulamento Geral de Procedimentos de Acesso às Ajudas e aos Pagamentos a Efectuar pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I. P. (IFAP, I. P.).

Portaria n.º 92/2011 2011.02.28 MTSS Regula o Programa de Estágios Profissionais.

LEGISLAÇÃO

Page 3: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 3

NESTA EDIÇÃO Legislação do mês 2

Promover o diálogo na cadeia de valor 3

Agenda 4

Indústria reclama actualizações de preços 5

Números em imagem 6

Pelo reforço da cadeia de valor na fileira do leite

8

ANIL e FENALAC elaboram memorando conjunto

10

Aumento do preço do leite não é ditado pelo Governo

13

Conjuntura da produção leiteira em Portugal exige medidas imediatas e enérgicas

14

Artigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector

15

ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16

Sector leiteiro e as perspectivas pós-2015 18

Mercado do queijo em Portugal: baixo consumo como potencial de crescimento

20

Alimentação animal está mais cara 35% 22

Fileira do leite em ‘clima de desanuviamento’ 23

Exportações da Insulac duplicam em 2010 24

PSD/A apresenta proposta de Observatório 25

Inlac reage ao Real Diploma sobre contratos 26

Asturiana investe 100 milhões em 5 anos 27

EDA prepara-se para desafios de 2011 28

Bright Food lidera corrida pela Yoplait 29

Mega-fusão no sector lácteo alemão 30

Governo aprova crédito de 50 milhões 31

Sonae e JM apostam nas marcas próprias 32

Novo guia dietético com mais recomendações 33

Preço do leite voltou a subir em Dezembro 34

Preço do leite na EU desceu quase 1 cêntimo 35

Novas lideranças no sector cooperativo Depois do SISAB vem aí a Alimentaria

36

PROMOVER O DIÁLOGO NA CADEIA DE VALOR O Ministro da Agricultura convocou para o passado dia 15 uma reunião de traba-lho para a qual convidou representantes da produção leiteira, da indústria de lac-ticínios e a moderna distribuição alimentar, numa tentativa de fomentar o diálogo entre os diferentes elos da fileira do leite e, por essa via, promover uma melhor valorização da produção nacional. Ésteve igualmente presente o Secretário de Estado, Dr. Luís Vieira, e responsáveis do GPP. Na reunião, que decorreu sob alguma tensão, foram percorridas as principais dificuldades que o sector atravessa e identificados os factores que estão pressionar mais fortemente a fileira na con-juntura presente, sendo notórias as dificuldades de entendimento entre as partes. Da parte da produção, a tónica incidiu no agravamento dos custos dos seus facto-res de produção, no facto de considerarem que as actualizações dos preços do leite têm sido insuficientes para compensar aqueles agravamentos e no forte impacto da situação na sustentabilidade financeira e mesmo na sobrevivência de inúmeras explorações. A indústria insistiu nos incrementos introduzidos no preço do leite e nos aumen-tos sentidos em inúmeros outros custos de exploração, sendo que tem sido impedida pelos seus clientes de proceder à actualização dos seus preços de venda e que esses mesmos clientes estão mesmo a tentar impor agravamentos nas con-dições contratuais de fornecimento, o que, em termos práticos significará uma diminuição dos preços de venda dos seus produtos, demonstrando que a situação se está a tornar insustentável e que, a breve prazo, poderá gerar em muitas empresas a necessidade de introduzir cortes radicais nas suas estruturas, inclusive com impacto ao nível do emprego. Insistiu ainda na necessidade de agilizar a regulação das relações comerciais entre fornecedores e distribuidores em múltiplas matérias como sejam as das práticas comerciais restritivas, dos prazos de pagamento ou da regulação da presença das marcas de distribuidor nos lineares. A distribuição, por seu lado, tentou demonstrar a sua preferência pelos fornece-dores e produtos nacionais, revelou que também os seus custos operacionais estarão a sofrer fortes agravamentos, mostrou alguma diferença de posições entre os vários operadores relativamente à repassagem ou não ao consumidores desses custos adicionais e, especificamente em relação à fileira do leite, tentou argumentar com as dificuldades continuadas de relacionamento com determina-dos fornecedores e com a ausência ou escassez das margens [???) que incidem sobre diversos produtos lácteos. Apesar deste distanciamento entre as partes, os vários participantes na reunião revelaram alguma abertura para, através de um diálogo mais próximo e continua-do, promover alguma aproximação de posições, sendo que a reunião terminou sem compromissos firmes, mas, seguramente, num clima menos pessimista do que aquele em que se iniciou.

Audição na Assembleia da República Entretanto, na tarde desse mesmo dia 15, decorreu na Assembleia da República, a Audição sobre o sector do leite promovida pela Comissão Parlamentar da Agri-cultura, na sequência de uma solicitação do PCP. Ao contrário do que chegou a ser indicado, a Audição não contou com a presença da APED, nem com a presen-ça do Ministro da Agricultura ou de qualquer outro membro do Governo, tendo sido encerrada com intervenção de representantes dos diferentes Grupos Parla-mentares que fizeram as leituras políticas sobre a crise que o sector atravessa. A sessão contou com intervenções da AJAP, CNA, CAP e CONFAGRI, seguidas de inscrições pelas entidades presentes para realização de apresentações, ocasião que foi aproveitada pela ANIL para deixar nota das dificuldades que incidem sobre a fileira resultantes da menor transparência nas relações entre os operado-res do sector e os seus clientes da distribuição, realçando o respectivo impacto sobre toda a cadeia de valor, sobre a rentabilidade das indústrias lácteas e sobre a sua capacidade de remunerar de forma adequada as matérias-primas que adquire.

NOTA DE ABERTURA

ANO 11

NÚMERO 02

FEVEREIRO 2011

Page 4: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

4 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

FEIR

AS

IFE 2011 - International Food & Drink Trade Event Londres (Reino Unido) 2011.03.13-16 www.ife.co.uk

Toronto Wine & Cheese Show Toronto (Canadá) 2011.03.18-20 www.towineandcheese.com

Alimentaria & Horexpo Lisboa 2011 FIL (Lisboa) 2011.03.27-30 www.alimentaria.com

Agro 2011 - Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação PEB (Braga) 2011.03.30-04.03 www.peb.pt

Interfood St. Petersburg 2011 + ProdTech St. Petersburg (Rússia) 2011.04.05-07 www.biztradeshows.com

Salon de Gourmets 2011 Madrid (Espanha) 2011.04.11-14 www.ifema.es

28.ª Ovibeja - Todo o Alentejo deste Mundo Parque de Exposições (Beja) 2011.05.04-08 www.ovibeja.com

Tuttofood 2011– Milano World Exhibition Milão (Itália) 2011.05.08-11 www.tuttofood.com

Sial Canada 2011 Montreal (Canadá) 2011.05.11-13 www.sialmontreal.com

Sial China 2011 Xanghai (China) 2011.05.18-20 www.sialchina.com

Alimentaria Mexico 2011 Mexico D.F. (México) 2011.05.31-06.02 www.alimentaria-mexico.com

FIA 2011- Foire International d’Alger Argel (Argélia) 2011.06.01-06 www.safex-algerie.com

Agra Europe’s Outlook for Agriculture 2011.03.01-03 Londres(Reino Unido) www.outlook.agraevents.com

5th. Annual Nutrition & Lifestyle Conference 2011.03.02-03 Bruxelas (Bélgica) www.forum-europe.com

Assembleia Geral da ANIL Relatório e Contas 2010 2011.03.09 Sede (Porto) www.anilact.pt

Novas Formas de Chegar ao Consumidor 2011.03.29 FIL (Lisboa) www.distribuicaohoje.com

X Congresso de Nutrição e Alimentação II Congresso Ibero-Americano de Nutrição 2011.05.12-13 Centro de Congressos (Lisboa) www.apn.org.pt

IDF International Symposium on Sheep, Goat and other non-Cow Milk 2011.05.16-18 Atenas (Grécia) www.fil-idf.org

EDA World Dairy Forumt 2011.09.30 Luxemburgo www.euromilk.org

IDF World Dairy Summit 2011.10.15-19 Parma (Itália) www.fil-idf.org

FICHA TÉCNICA Responsável: Pedro Pimentel Colaboradores: Maria Cândida Marramaque, Cristina Pinto, Ricardo Oliveira ANIL - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LACTICÍNIOS Rua de Santa Teresa, 2C - 2.º 4050-537 Porto Tel.: (351) 222 001 229 Fax: (351) 222 056 450 E-mail: [email protected] Website: www.anilact.pt

EVEN

TOS

Page 5: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

INDÚSTRIA LÁCTEA RECLAMA ACTUALIZAÇÕES DE PREÇOS

A Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios lamen-tou que os hipermercados continuem a comprar o leite ao mesmo preço, apesar dos custos de produção terem aumen-tado, dizendo que não é possível pagar mais aos produtores. "A estrutura de custos agravou-se 10 por cento, mas não conseguimos repercutir este aumento dos custos no preço de venda aos distribuidores", disse o presidente da ANIL. Pedro Pimentel sublinhou que o preço pago pelo leite à saída da fábrica é igual há um ano. "A distribuição precisa de per-ceber que não pode continuar a comprar um bem que teve custos acrescidos sem pagar mais por isso", salientou. Os produtores de leite exigiram a intervenção do governo no sector leiteiro, pedindo um aumento de cinco cêntimos por litro face à subida dos custos de produção, mas o responsá-vel da ANIL afirmou que só é possível oferecer um preço melhor aos produtores, se a distribuição remunerar melhor os fornecedores. "Nos produtos que representam a maioria das vendas, como o leite, estamos com margens inexistentes", justificou Pedro Pimental, admitindo, no entanto, que as reivindicações dos produtores são "perfeitamente legítimas". O presidente da ANIL adiantou que a indústria aumentou o preço pago aos

EM FOCO

produtores em três cêntimos nos últimos meses porque "reconheceu que era preciso", mas garante que não é possí-vel ir mais longe, lembrando que também tem despesas acrescidas com a aquisição da matéria-prima, transportes, energia e embalagens. O leite, que é actualmente pago a cerca de 30 cêntimos por litro ao produtor, chega aos consumidores cerca de 20 cên-timos mais caro. Nos sites de dois grandes hipermercados consultados, o litro de leite UHT custava entre 49 a 52 cênti-mos no caso das marcas brancas e entre 56 a 59 cêntimos no caso das marcas comerciais. Uma diferença que, segun-do Pedro Pimentel, incorpora os custos do processamento industrial, a componente fiscal e a margem da distribuição "que não é alta", reconheceu. O presidente da ANIL, que representa mais de 80 empresas de lacticínios, admite que "há uma relação muito complica-da" entre a distribuição e os seus fornecedores, mas acres-centou que "não é exclusiva do sector do leite". "Hoje, a distribuição está muito concentrada num pequeno número de empresas e duas delas representam mais de 50 por cen-to do mercado", observou.

in Agência Lusa

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 5

PÃO, LEITE E BEBIDA VÃO FICAR MAIS CAROS

Os alimentos vão ficar mais caros este ano, a reflectir o aumento internacional dos preços das matérias-primas. O leite poderá aumentar em breve, o café e os preços do pão também deverão crescer. O preço das cervejas tal como o dos refrigerantes deverá igualmente subir. O preço do leite no consumidor, estima o director geral da Associação Nacional dos Industriais dos Lacticínios (ANIL), Pedro Pimentel, terá de subir para compensar os custos da produção: "os aumentos dos custos da produção de leite atingem os 10% nos últimos seis meses", por isso "não é possível não mexer nos preços este ano". Sem margem para não mexer nos preços estão também as empresas de bebidas. Na Unicer, a subida dos preços já começou "há dois ou três meses", refere o presidente da

empresa, António Pires de Lima. A cerveja é das subidas que mais vai subir de preço porque "é dos produtos cujas maté-rias-primas mais têm sido penalizadas". Nos refrigerantes também haverá subidas mas serão infe-riores: "Na cerveja, o aumento pode atingir os 6%, nos refri-gerantes ronda os 3%", explica o mesmo responsável. O café também vai subir de preço e pode aumentar até 7,5%, segundo as empresas de torrefacção. O pão também não vai escapar às subidas. Os preços deve-rão ser actualizados em cerca de 15% o quilo, o que dará um aumento de dois euros no quilo das carcaças, refere o presidente da Associação dos Industriais da Panificação, António Pontes.

in JN/Diário Económico

DISTRIBUIDORES ADMITEM SUBIDA DO PREÇO DO LEITE

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) está disponível para negociar com os produtores, que exigem receber mais por cada litro de leite. As grandes superfícies não dão o caso como encerrado, mas admitem como praticamente certo que o preço do litro de leite vá mesmo aumentar. Confrontada com a cada vez maior pressão dos produtores, Ana Trigo Morais, directora geral da APED, reconhece que não há grandes alternativas. “Num contexto de um aumento generalizado do preço dos bens e, sobretudo, do aumento das matérias primas, estamos de facto perante um momen-to em que existe uma tendência e uma pressão inflacionista

que, provavelmente, se pode vir a alargar à questão do lei-te”, admite Ana Trigo Morais. A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) diz-se, no entanto, disponível para todo o tipo de negociações com os produtores e sublinha que as empresas “estão dispostas a pagar o preço justo pelo leite”. “Não é a distribuição que define o preço do leite, a distribuição nego-ceia contratos com fornecedores, não impõe preços unilate-ralmente e o preço que os consumidores encontram na pra-teleira é o preço que resulta destas negociações e dos acor-dos que se estabelecem”, sublinha Ana Trigo Morais.

in Rádio Renascença

Page 6: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

6 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

EV

OLU

ÇÃ

O D

A R

EC

OLH

A D

E L

EIT

E N

A U

E O

ffice

de

l’Éle

vage

, sem

ana

06/2

011

EV

OLU

ÇÃ

O D

O P

RE

ÇO

DE LE

ITE

NA

UE

D. G

. Agri, M

anCom

2011.02.17

EV

OLU

ÇÃ

O D

A IN

TER

VEN

ÇÃ

O U

E D

. G. A

gri,

Man

Com

201

1.02

.17

STOCKS 2011.02.17 (em ton)

MANTEIGA

Intervenção 1.544

Armazenagem Privada 9.058

LEITE EM PÓ

Intervenção 179.541

NÚMEROS EM IMAGEM

SMP Stocks STOCKS DE LEITE EM PÓ DESNATADO

STOCKS DE MANTEIGA

Page 7: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 7

CO

TA

ÇÃ

O D

E P

RO

DU

TO

S IN

DU

STR

IAIS

O

ffice

de

l’Éle

vage

, sem

ana

06/2

011

RE

CO

LHA

E TR

AN

SFOR

MA

ÇÃ

O

INE, até D

ezembro de 2010

PR

O D

O L

EIT

E N

A O

RIG

EM

GPP

, até

Dez

embr

o de

201

0

Page 8: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

8 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

PELO REFORÇO DA CADEIA DE VALOR NA FILEIRA DO LEITE AUDIÇÃO PÚBLICA SOBRE O SECTOR DO LEITE (ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, 15.02.2011)

O sector do leite e produtos lácteos vale, hoje, um volume de negócios anual próximo dos dois mil milhões de euros. Vale 1,3% do PIB, vale quase 15% do sector agro-alimentar e é um dos mais importantes subsectores daquele que conti-nua a ser o mais importante sector económico do país. Na área da transformação colaboram cerca de 10 mil traba-lhadores. Dele dependem quase 10 mil explorações leiteiras que dão trabalho e geram rendimento a mais de 30 mil pes-soas. Do sector lácteo depende – directa e indirectamente – o rendimento de quase 100 mil famílias. O sector lácteo está presente em todas as zonas do país, contribuindo para uma efectiva gestão do território, para a não desertificação de inúmeras zonas do país e para a forma-ção do rendimento de largos estratos da população. É um dos poucos sectores da nossa agricultura e agro-indústria que pode reclamar para si o estatuto de autosufi-cência, sendo a taxa actual ligeiramente superior a 105%. Contudo essa autosuficiência poderá deixar de se verificar caso produção leiteira nacional não regresse a uma dinâmica de crescimento que possa acompanhar potenciais aumentos de consumo que todos desejamos e se continuar a verificar-se a importação maciça de produtos lácteos, promovida e patrocinada pelas principais cadeias de distribuição a operar em Portugal. O sector lácteo em Portugal, recorde-se, funciona como uma verdadeira fileira: o leite produzido em Portugal é quase totalmente transformado por unidades industriais portugue-sas e destina-se, numa enorme percentagem, aos consumido-res nacionais, o que sendo positivo em si mesmo, apenas recentemente permitiu que as nossas empresas tenham reu-nido condições para avançar com as primeiras iniciativas de penetração em mercados externos, seja pela via da exporta-ção, seja até pela via da internacionalização. O convite para a Audição organizada pela Comissão Parla-mentar de Agricultura refere que “o sector produtivo leitei-ro vive um período de grande agudização dos seus proble-mas económicos, estando mesmo em causa, a sustentabilida-de de muitas explorações” e essa é uma verdade inequívoca. O agravamento dos factores de produção, que está a colo-car em causa a viabilidade das explorações, é, contudo, para-lelo ao que se vive no sector industrial, onde para além dos sucessivos aumentos do preço do leite ao produtor há uma inflação galopante que ataca os restantes custos de produ-ção: combustíveis, energia, transportes, embalagens,... Em relação ao preço do leite, em Dezembro, último mês relativamente ao qual possuímos informação, Portugal apre-senta um preço médio de 32,2 cêntimos face a um preço comunitário calculado pela LTO de 32,3 cêntimos. O preço do leite no Continente subiu para os 33,4 cêntimos, ou seja os preços do leite no nosso país voltaram estar em linha com os preços praticados na União Europeia. Mas gostaría-mos, também, de recordar que, em relação há um ano atrás, o preço ao produtor nacional aumentou 11,5 por cento (ou seja 3,3 cêntimos). Se nos reportarmos apenas aos preços do leite no Continente aquela percentagem sobe para quase 13 por cento, isto é, mais 3,8 cêntimos. Apesar disso, gostaríamos de chamar a atenção que estes aumentos têm sido feitos apesar de não se verificar uma

escassez sensível do leite no mercado e que estes aumentos têm sido feitos apesar de as empresas industriais não esta-rem a conseguir repercutir os incrementos dos preços do leite e dos outros factores de produção nos seus preços de cessão, ou seja, nos preços de venda dos seus produtos aos seus clientes directos: as grandes cadeias de distribuição. Entretanto as alterações que estão a ser preparadas em Bruxelas e, acima de todas, o desmantelamento do sistema de quotas leiteiras irão ter um enorme impacto no sector lácteo em Portugal sendo outro factor que poderá levar a que o abandono da produção leiteira possa assumir propor-ções significativas. E, também por esta via, o aprovisiona-mento do nosso tecido industrial será colocado em causa. Os portugueses não deixarão de beber leite nem de consu-mir produtos lácteos, mas os portugueses poderão, a prazo, deixar de beber leite português, de comer iogurtes ou quei-jos portugueses. Contudo, todos temos a obrigação, do ponto de vista económico, social e moral, de impedir que tal aconteça. Seria importante falar da evolução da política comunitária para o sector e muito especialmente para o desmantela-mento do sistema de quotas leiteira ou sobre o respectivo impacto na estrutura da nossa produção leiteira ou sobre o aprovisionamento das unidades industriais portuguesas, mas queria direccionar a minha atenção para o que considera-mos um facto: a forma mais viável de atingir a sustentabilida-de da fileira passa por conseguir vender bem os nossos pro-dutos, por colocar os nossos produtos no mercado de for-ma rentável. Porém, é necessário que o mercado funcione, que funcione de forma mais transparente e mais justa, que funcione dan-do oportunidades similares a todos os produtos, que funcio-ne proporcionando uma adequada repartição da rentabilida-de pelos diferentes elos da cadeia! A pressão exercida pela distribuição moderna é sentida por todos os sectores ditos do grande consumo, mas é especial-mente forte no sector de lacticínios, seja por se tratar de um sector que fornece um leque alargado de produtos bási-cos, seja por ser dos sectores fornecedores mais organiza-dos, seja, por muito paradoxal que tal possa parecer, pelo facto de o sector ser autosuficiente e especialmente direc-cionado para o mercado nacional. Recorde-se que os fornecedores pagam elevados valores para vender os seus produtos na distribuição. Esses paga-mentos ultrapassam geralmente os 40% do valor das suas vendas às grandes cadeias comerciais e esses pagamentos assumem as formas mais imaginosas.Os mais importantes clientes exigem aos seus fornecedores margens garantidas, mas pretendem, ainda assim, apresentar ao consumidor os preços mais baixos do mercado. É, verdadeiramente querer o melhor dos dois mundos... as melhores margens comer-ciais e os preços ao consumidor mais competitivos... A ausência de alternativas equivalentes e o risco de saída de linha são argumentos que fazem com que as empresas for-necedoras sejam coagidas a aceitar estas exigências. As empresas fornecedoras são confrontadas, para além dis-so, com a fortíssima concorrência dos produtos de Marca de Distribuidor, que apresentamcomo principal argumento comercial os preços mais baixos. Especula o consumidor

Page 9: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 9

como é possível o diferencial de preços que se verifica e deixa-se transparecer, sem nunca o desmentir, que alguns – as cadeias de distribuição – estão preocu-pados com o bem-estar e o rendimen-to disponível dos consumidores, enquanto outros – os fabricantes – querem apenas manter os seus lucros e a sua rentabilidade. Mas será essa, efectivamente, a realida-de? Será que os produtos de marca própria têm uma estrutura de custo assim tão distinta? Será que os produ-tos de marca branca e os produtos de marca de fabricante, quando entram nos armazéns da distribuição, apresen-tam realmente aqueles diferenciais de preço? Será que as margens que os distribuidores aplicam aos seus pró-prios produtos são idênticas às que aplicam aos produtos das marcas de fabricante? Há ou não subsidiação cru-zada entre produtos? Na verdade, aplica-se aquilo que se diz no anúncio do Pingo Doce: “baixa-se de um lado, aumenta-se do outro”... Nunca se deve perder de vista que o preço de venda ao público dos produ-tos é da inteira responsabilidade do distribuidor, que a margem que é apli-cada a cada produto é da inteira res-ponsabilidade do distribuidor. Em Outubro último, a Autoridade da Concorrência apresentou o seu relató-rio sobre as relações entre a Distribui-ção e os seus Fornecedores. O sector lácteo foi daqueles que mereceu uma atenção mais pormenorizada. A Autori-dade foi muito assertiva na identificação de muitos aspectos que penalizam o tecido fornecedor, constatando que existe um enorme desequilíbrio nas relações comerciais entre distribuido-res e fornecedores e constatando que esse desequilíbrio é agravado pelo papel desempenhado pelas marcas de distribuidor. Constatou muito, mas as recomenda-ções produzidas no Relatório são prati-camente inócuas. Não se questiona a ausência de actuação fiscalizadora, nem é posto em causa o não exercício da função reguladora por parte da própria Autoridade. Sugere-se a implementação de alterações legislativas, mas não se aponta qualquer pista em relação às linhas de evolução da legislação em matéria de concorrência, de práticas restritivas do comércio ou em relação às regras a que deverá obedecer a pre-sença das marcas de distribuidor no mercado...

As dificuldades económicas que o país atravessa levam à utilização de produ-tos lácteos de marcas de distribuidor como isco para a atracção dos consu-midores aos seus espaços comerciais. As políticas comerciais da distribuição acabam por promover uma destruição de valor ao longo de diferentes seg-mentos de mercado, obrigando as mar-cas de fabricante a sucessivas compres-sões de preços e de margens por forma a não perderem definitivamente o mer-cado para as vulgarmente chamadas marcas brancas. As mais importantes empresas aparen-temente têm que optar entre defender a sua rentabilidade ou defender a sua quota de mercado, mas, em boa verda-de, essa é uma falsa questão, pois, no contexto comercial actual, não é possí-vel defender a rentabilidade sem pos-suir quota de mercado. O recurso ao aprovisionamento das suas marcas brancas no exterior é outra das formas de colocar pressão adicional sobre o sector, pois, sendo conhecida a existência de produtos lácteos suficientes no nosso mercado, gera-se no seio do sector a necessidade de encontrar formas de escoamento, obviamente menos rentáveis, para a matéria-prima sobejante.

Já falamos do agrava-mento dos preços do leite à pro-dução, mas as indústria l á c t e a s

confrontam-se, para além disso, com aumentos nos restantes factores de produção que excedem também os 10%. O impacto sobre o custo total dos produtos ronda os 8 a 9%. Contudo, a distribuição tem sistemati-camente recusado todas as propostas de actualização dos preços por parte dos seus fornecedores. O bloqueio total à aceitação desses aumentos de preços é justificado pelos distribuidores com as dificuldades finan-ceiras dos nossos consumidores, mas tal não os impede de exigir condições de fornecimento ainda mais gravosas aos fabricantes. A manter-se este esta-do de coisas, muitas empresas no sec-tor poderão ser, a breve trecho, obri-gadas a implementar cortes radicais nas suas estruturas, com potencial impacto muito negativo também a nível de emprego e, por outro lado, estarão

incapacitadas de actualizar os preços do leite ao produtor, colocando em sério risco uma enorme parcela da produção leiteira nacional. Referia há dias o presidente da APED em declarações públicas que “a distri-buição não é um serviço público. É um negócio e tem o direito de decidir que marcas/produtos coloca na prateleira” e, acrescentamos nós, de decidir tam-bém a origem desses produtos, e a prática há muito que se encarrega de confirmar – sem qualquer sombra de dúvidas - essas afirmações. A indústria gostaria, obviamente, de poder comprar os volumes de que necessita, quando deles necessita, com a melhor qualidade possível, ao menor preço possível… Dir-se-á que é exacta-mente isso que a moderna distribuição faz, o que não deixa de ser verdade! No entanto, há entre as duas – indús-tria e distribuição - uma significativa diferença: a indústria depende do pro-dutor de leite, dos seus produtores de leite, destes produtores de leite; a moderna distribuição depende dos seus fornecedores, mas destes fornecedores ou de quaisquer outros: portugueses, franceses, holandeses ou polacos… A discussão hoje, a nível nacional e europeu, faz-se em torno da questão da criação de condições para que seja possível pagar um preço justo ao pro-dutor. No entanto, por muito que os políticos e as políticas pretendam, por si só, resolver essa questão, nunca será possível pagar um preço justo ao pro-dutor, se o mercado não pagar um preço justo pelos produtos fabricados com o seu leite. E é fundamental que todos percebam que tão importante como o preço que o consumidor paga quando compra o leite, o queijo ou o iogurte num qual-quer supermercado, é o preço que é pago a quem fabrica esses mesmos produtos, porque há que adquirir a consciência de que essas duas realida-des são cada vez mais distintas. Apenas resolvendo esta dificuldade, ou seja, se conseguirmos que o consumi-dor pague um preço adequado pelos produtos lácteos que adquire e se con-seguirmos também que o fabricante seja justamente remunerado pelos pro-dutos que fornece, então sim, será pos-sível pagar de forma sustentada um preço mais justo ao produtor…

Lisboa, 15 de Fevereiro de 2011 Pedro Pimentel

Page 10: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

10 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

FILEIRA DO LEITE EM PORTUGAL O sector do leite e produtos lácteos vale, hoje, um volume de negócios anual próximo dos dois mil milhões de euros. Actualmente, o sector lácteo vale 1,3% do PIB, vale quase 15% do

sector agro-alimentar e é um dos mais importantes subsectores daquele que continua a ser o mais importante sec-tor económico do país. Na área da transformação colaboram cerca de 10 mil trabalhadores. Dele dependem quase 10 mil explorações leiteiras que dão trabalho e geram ren-dimento a mais de 30 mil pessoas. Do sector lácteo depende – directa e indi-rectamente – o rendimento de quase 100 mil famílias. É um dos poucos sectores da nossa agricultura e agro-indústria que pode reclamar para si o estatuto de autosufi-cência, sendo o respectivo grau actual na ordem dos 105%. O sector lácteo em Portugal funciona como uma verdadeira fileira: o leite produzido em Portugal é quase total-mente transformado por unidades industriais portuguesas e destina-se, numa enorme percentagem, aos consu-midores nacionais.

APROVISIONAMENTO Os custos de produção de leite têm sofrido nos últimos meses incrementos consideráveis. Com efeito, desde Julho de 2010 (início desta tendência) até Janeiro de 2011, os preços dos cereais subiram 65%, no caso do trigo, 74%, na cevada, 33%, no milho e 20% na soja, resultando num aumento médio dos alimentos compostos para animais (rações) na ordem dos 35%. De acordo

com os último dados disponíveis, é previsível que nas próximas semanas esse valor suba para 40% (sempre em comparação com Julho 2010). Em média, o custo da alimentação repre-senta 50 a 60% dos custos correntes

(operacionais) da produção de leite, enquanto o INE mostra que a alimenta-ção para animais representa 43% de todo o consumo intermédio da Agricul-

tura (ramos vegetal e animal). Outros factores de produção sofreram aumen-tos similares, nomeadamente os fertili-zantes com um custo acrescido médio de + 30%, enquanto o gasóleo agrícola aumentou +17%.

Gostaríamos também de recordar que face a Dezembro de 2009, ou seja rela-tivamente a um ano antes, os preços ao produtor aumentaram em Portugal 11,5% (ou seja 3,3 cêntimos). Se nos reportarmos apenas aos preços do leite no Continente aquela percenta-

gem sobe para quase 13%, isto é, mais 3,8 cêntimos. Estes aumentos têm sido feitos apesar de não se verificar uma escassez sensí-vel do leite no mercado e estes aumen-tos têm sido feitos apesar de as empre-sas industriais não estarem a conseguir repercutir os incrementos dos preços do leite e dos outros factores de pro-dução nos seus preços de cessão, ou seja, nos preços de venda dos seus produtos aos seus clientes directos: as grandes cadeias de distribuição. Refira-se, ainda, que a sobrevivência da indústria láctea nacional depende da existência de produção de leite em Portugal em volumes industrialmente processáveis, o que se justifica pela nossa situação geográfica e pelo facto de o nosso território continental ape-nas fazer fronteira com um país que é altamente deficitário, não produzindo mais de setenta por cento do leite que necessita para abastecer o seu mercado ou na distância superior a 1.000 km das nossas unidades industriais em relação a fontes viáveis de aprovisionamento, distância excessiva se pensarmos nas condições de degradabilidade do leite em natureza.

MERCADO DO CONSUMO A produção e a indústria láctea nacio-nal identificam como maior estrangula-mento actual da fileira do leite em Por-tugal, as dificuldades associadas à comercialização, no mercado nacional, dos seus produtos. A fileira, não obstante as dificuldades que atravessa, tem demonstrado a sua competitividade, seja pela capacidade de resistir à concorrência de operado-res externos, seja por sobreviver face à enorme pressão que lhe é imposta pela moderna distribuição. Estruturalmente, as relações entre a moderna distribuição e os seus forne-cedores têm sido pautadas por cres-centes dificuldades e, apesar da inocui-dade das respectivas conclusões e recomendações, o recente Relatório da Autoridade da Concorrência constata

ANIL E FENALAC ELABORAM MEMO CONJUNTO

Para a reunião convocada pelo Sr. Ministro da Agricultura e na qual a ANIL participou, conjuntamente com a FENALAC, a APROLEP e APED, foi preparado um memorando con-junto ANIL/FENALAC, onde se deixou um conjunto de notas relativamente aos temas abordados naquele encontro, bem como em relação a diversas outras matérias de impor-tância e actualidade para a fileira do leite m Portugal.

Page 11: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 11

as inúmeras dificuldades que são colo-cadas às empresas fornecedoras seja no próprio acesso aos lineares seja ao nível das condições em que se proces-sam os respectivos fornecimentos. Constata ainda a forma como as mar-cas detidas pelas próprias cadeias de distribuição se constituem como um factor de distorção da concorrência. Insista-se na afirmação de que presença dos produtos nos lineares é da respon-sabilidade das cadeias de distribuição, bem como a marcação dos respectivos preços de venda ao consumidor. É mui-to importante reafirmar a diferença inequívoca entre preços de cessão e preços de venda ao público. Como é importante também insistir que os importantes diferenciais ao nível do preço ao consumidor entre as marcas de fabricante e as marcas de distribui-dor resultam essencialmente das políti-cas comerciais implementadas pelas insígnias e da subsidiação cruzada resul-tante das margens, muitas vezes exces-sivas, aplicadas aos produtos de marca de fabricante. É fundamental que seja promovida uma revisão da legislação em matéria de concorrência e, muito em especial, em matéria das práticas restritivas do comércio, como é também essencial que as chamadas marcas do distribui-dor tenham um enquadramento legal equivalente ao de qualquer outra marca comercial. Deverá ser rapidamente alargado o âmbito de aplicação do Decreto-Lei n.º 118/2010, sobre prazos de pagamento máximos no fornecimen-to de produtos alimentares, bem como imediatamente corrigidas as incoerên-cias existentes no Despacho n.º 1747-B/2011, ao nível dos produtos conside-rados, nesse âmbito, como perecíveis. No entanto, as alterações legais que venham a surgir, não devem inibir as autoridades competentes de exercer as funções de regulação e de fiscalização que lhes estão acometidas, executando-as de forma regular e metódica e não apenas em resposta a denúncias apre-sentadas pelos prejudicados.

A CONJUNTURA ACTUAL Como foi já referido, os preços do leite na origem têm vindo a sofrer sucessi-vos incrementos e, considerando o agravamento dos custos de produção, não é expectável que essa situação venha a sofrer uma inflexão sensível nos próximos meses. Mas, tal como no campo da produção,

o agravamento de custos não se limita ao inflacionamento dos preços da ali-mentação animal, também do lado das indústrias, o agravamento dos factores de produção não se limita ao leite, pas-sando por uma multiplicidade de incre-

mentos de que salientaríamos, os asso-ciados às mais diferentes matérias sub-sidiárias, aos combustíveis, aos trans-portes à energia ou os relacionados com os vários tipos de materiais de embalagem. De acordo com o levantamento de situação que efectuamos, o agravamen-to dos custos com o leite ultrapassa, apenas nos últimos seis meses, os 15%, enquanto o dos restantes materiais excede também os 10%. O impacto sobre o custo total dos produtos ronda os 8-9%. Ao invés, têm sido sistematicamente recusadas todas as propostas de actua-lização dos preços de cessão por parte dos fornecedores e, para além disso, têm sido exigido um agravamento das condições contratuais de entre 1 e 2%, o que, obviamente, implica a destruição das já de si muito reduzidas margens de comercialização das empresas fornece-doras. Desta forma, muitas empresas no sec-tor serão, a muito breve trecho, obri-gadas a implementar cortes radicais nas suas estruturas, com potencial impacto

muito negativo também a nível de emprego e, por outro lado, estarão incapacitadas de actualizar os preços do leite ao produtor, colocando em sério risco uma enorme parcela da produção leiteira nacional.

MILK PACKAGE O pacote apresentado pela Comissão Europeia, em Dezembro último, para o sector do leite, aparenta ser claramen-te insuficiente para a estabilidade e desenvolvimento de um sector em cri-se e poderá, mesmo, colocar em causa não apenas a sustentabilidade, mas até a própria sobrevivência do sector em Portugal, considerando a efectivação do desmantelamento do sistema de quo-tas, seja porque a preconizada contra-tualização entre produtores e indústria, apresentada como eixo orientador, dificilmente resolverá problemas como os da volatilidade dos preços ou de uma mais equilibrada distribuição do valor ao longo da fileira, seja porque o conjunto das propostas apenas incide sobre os seus primeiros estádios, não enquadrando todo o impacto gerado pela comercialização dos produtos na remuneração de todos os operadores ao longo da fileira De qualquer forma, o sistema de quo-tas pressupõe uma forma implícita de contratualização, pelo que - tal como se verifica actualmente - os mecanis-

Page 12: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

12 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

mos de regulação que se vierem a con-cretizar deverão abranger, de forma similar, todo o espaço comunitário, e ser implementados de modo a evitar distorções de concorrência entre Esta-dos-Membros. Deve ser dada especial atenção ao formato de gestão dos volu-mes não contratualizados, ao mesmo tempo que não deve - sob nenhuma circunstância - abdicar-se das actuais ferramentas de gestão do mercado, casos da intervenção pública e da arma-zenagem privada, do sistema de resti-tuições à exportação ou dos programas de leite escolar. Deverá ser, igualmen-te, defendida a adopção de um meca-nismo que permita manter o fluxo de informação que era gerado no âmbito do sistema de quotas. Este pacote legislativo deve, para além disso, interagir com outras reformas sectoriais em curso, como são a Refor-ma da PAC pós-2013 ou o chamado Pacote da Qualidade, onde, entre outros aspectos, está em discussão a aplicação de um esquema de Rotulagem de Origem a um conjunto alargado de produtos lácteos.

AJUDAS DIRECTAS PÓS 2013 O modelo de ajudas directas à Agricul-tura que começa a ser debatido no âmbito da UE, com o abandono do modelo histórico coloca sérias interro-gações e possíveis estrangulamentos à produção de leite em Portugal. Se do ponto de vista do interesse da Agricul-tura nacional como um todo será van-tajoso o fim do modelo histórico (pois tal pode significar uma maior transfe-rência do orçamento comunitário), por outro lado o nível do apoio aos produ-tores de leite ficará altamente compro-metido, na medida em que actualmente estes usufruem de pagamentos unitá-rios (por hectare) muito elevados. Tendo em conta que as ajudas directas ao rendimento constituem frequente-mente o factor determinante da viabili-dade da exploração, há que equacionar as formas alternativas de compensar a redução do RPU, nomeadamente atra-vés da possibilidade já anunciada de religamento parcial das ajudas neste sector. Sublinhámos que em causa está a competitividade do sector face aos seus homólogos europeus, cujos pro-dutores tendencialmente têm e conti-nuarão a ter ajudas médias superiores, sendo esta matéria determinante para a produção, mas também importante pa-ra a sustentabilidade da restante fileira.

PRODER A nível transversal, a aplicação do REAP continua a ser caracterizada por uma excessiva carga burocrática, a difí-cil tramitação administrativa e atrasos na apreciação e comunicação dos resul-tados das candidaturas. De referir tam-bém o acesso vedado ao PRODER às empresas de maior dimensão (que excedem a classificação de PME), situa-ção que deverá ser contestada a nível comunitário, pois tal norma penaliza as empresas/organizações que trilharam um caminho de concentração e criação de economias de escala.

Do anunciado pacote de ajudas de 50 milhões para a fileira (em 2008), não são conhecidos os respectivos resulta-dos da sua aplicação ao nível do PRO-DER, pelo que lamentámos a possibili-dade de estes não serem efectivamente dispendidos no sector. Em relação às implicações do REAP, fazemos votos para que um documento recentemente elaborado pelo GPP em colaboração com a Autoridade de Ges-tão do PRODER venha definitivamente esclarecer que os investimentos de adaptação às normas do REAP, dentro de certas condições pré-estabelecidas, são elegíveis para apoio público. Reforçámos a necessidade de encon-trar mecanismos que possibilitam à ALIP aceder aos fundos do PRODER, pois detendo esta Organização o Esta-tuto Interprofissional concedido pela tutela, tal não tem resultado em nenhuma condição preferencial de tra-tamento. Pelo contrário, está vedado o seu acesso a fundos públicos e aos benefícios fiscais que o próprio estatu-to previa (mas nunca foram activados devido a uma falha de concordância com a legislação fiscal). Sendo o Labo-ratório Interprofissional a principal actividade da ALIP, a sua sustentabilida-de económica fica assim muito prejudi-

cada por este enquadramento.

REAP A implementação do REAP iniciada formalmente em 2008 tem sido carac-terizada por dificuldades diversas, as quais resultam da elevada complexida-de da legislação e do grau de exigência definido. Sendo positivo o anunciado prolongamento dos prazos (para final de 2011) da regularização e da reclassi-ficação das explorações pecuárias man-têm-se os problemas iniciais de adapta-ção ao regime. Todos os mecanismos que permitam aliviar os custos de contexto inerentes a este processo devem ser activados, tanto ao nível dos procedimentos administrativos como na aplicação das regras propriamente dita. Nesse âmbi-to, são motivos principais de preocupa-ção a questão da localização/implantação física da unidade produtiva e a compatibilização com os instrumen-tos de ordenamento do território, nomeadamente os PDM´s e regime da Reserva Agrícola e (especialmente) da Reserva Ecológica.

IVA Considerando as inconcebíveis propos-tas apresentadas em sede de Projecto de Lei de Orçamento de Estado para 2011, as quais acabaram por ser retira-das do diploma em resultado das nego-ciações parlamentares entretanto esta-belecidas, considera-se da máxima importância que se proceda, de forma atempada, a uma revisão consolidada e a uma melhor especificação do grupo de produtos lácteos incluídos na Lista I (produtos à taxa reduzida de 5%) anexa ao Código do IVA, que se proceda à correcção das ilegalidades que perma-necem nessa lista e que se proceda à equiparação de produtos que por lapso ou evolução de mercado não estão nessa lista especificamente identifica-dos.

PROMOÇÃO DO CONSUMO Relativamente à promoção institucional do consumo do leite, o sector tem demonstrado vitalidade através de dife-rentes campanhas apoiadas por fundos comunitários e nacionais visando essen-cialmente reforçar a imagem do leite como alimento insubstituível na dieta humana. Assim, fazemos votos para que este tipo de iniciativas seja mantida e reforçadas se possível no futuro, tanto mais que nos últimos anos tem sido verificado uma redução, ainda que ligei-

Page 13: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 13

ra, do consumo de leite em Portugal. Importa também dar especial atenção à promoção, mais direccionada, de pro-dutos com capitações nacionais bastan-te inferiores às correspondentes médias europeias, como é o caso do queijo ou da manteiga, produtos que, para além disso, se podem constituir como um verdadeiro valor acrescenta-do para o conjunto da fileira. A promo-ção institucional financiada pela União Europeia sempre incidiu, de forma prio-ritária, sobre o leite, limitando um espaço de intervenção sobre alguns dos seus derivados e, por outro lado, por força da atomização do respectivo mercado, não tem sido possível aos respectivos fabricantes dinamizar os valores nutricionais, gastronómicos e culturais associados ao seu consumo. Do ponto de vista das nossas autorida-des, poderão existir formas comple-mentares de apoio à promoção, seja pela inserção destes produtos em actos

oficiais e outras acções da responsabili-dade do Governo e dos serviços por si tutelados, mas também pela indução de comportamentos na moderna distribui-ção a operar em Portugal, seja pelo alargamento do espaço de prateleira aos produtos nacionais, seja pela afir-mação da origem dos seus produtos, seja pela opção por fabricantes nacio-nais para o fornecimento das suas mar-cas de distribuidor.

INTERNACIONALIZAÇÃO Recordando as múltiplas dificuldades à comercialização dos produtos lácteos portugueses nos espaços comerciais nacionais, a exígua rentabilidade obtida nesses fornecimentos, facto de a fileira apresentar um grau de autosuficiência superior a 100% e de, por via da entra-da crescente de produtos lácteos estrangeiros no nosso mercado, o volu-me a colocar em mercados externos ser – também ele – cada vez mais ele-vado, importa adoptar um conjunto de

medidas de apoio à exportação de pro-dutos lácteos nacionais e de apoio à internacionalização das empresas de lacticínios portuguesas. Entendemos que esses apoios deverão ser canalizados para as acções directa-mente desenvolvidas pelas empresas ou, sempre que justificável, para entida-des com massa crítica suficiente, estru-turas de apoio eficientes e efeitos de sinergia intra-sectoriais e multi-sectoriais. Entendemos, igualmente, ser fundamental o apoio da diplomacia eco-nómica a este esforço de exportação e internacionalização, sendo, exemplo disso, a presença de responsáveis do sector nas comitivas que acompanham missões externas do Governo e do Sr. Presidente da República, sempre que os países de destino correspondam a mer-cados de potencial interesse para a indústria láctea portuguesa.

PORTO, 14 DE FEVEREIRO DE 2011

Os responsáveis da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (FENALAC), da Associação Nacio-nal dos Industriais de Lacticínios (ANIL), da Associação de Produtores de Leite de Portugal (APROLEP ), e da Associa-ção Portuguesa de Empresas de Distri-buição (APED) estiveram hoje reunidos com o Ministro da Agricultura, António Serrano, para discutir os recentes pro-blemas por que atravessa o sector lei-teiro nacional. A APROLEP ameaçou avançar para uma greve, em caso de não haver um aumento para o preço do leite no con-sumidor, na sequência das recentes subidas do preço desta matéria-prima ao nível do produtor. Da reunião com António Serrano não saíram, no entanto, soluções, visto que "esta foi uma reunião de acompanha-mento daquilo que está a acontecer no sector", afirmou fonte oficial do Minis-tério da Agricultura ao Económico. , Na mesma altura acrescentou que "o ministro apelou à cooperação entre a produção, indústria e distribuição, para que contribuam para a existência de

um preço justo em Portugal como for-ma de fazer face ao aumento dos cus-tos de produção", mas lembrou que "não é o Ministério que dita os preços". No entanto, reforçou a mesma fonte, "existe um conflito, e por isso impõe-se descobrir onde se podem criar pontes de diálogo entre as partes de forma a ver onde e como este se pode resolver" o problema. O Ministério disse ainda não haver data marcada para um próxi-mo encontro entre os responsáveis do sector dos lacticínios.

Responsáveis estão optimistas Fernando Cardoso, da FENALAC, notou ao Económico que "não tínhamos expectativas de resolver os problemas hoje, mas conseguimos criar um clima

de confiança, pelo que ficámos media-namente optimistas" em relação à resolução dos actuais problemas. No entanto, notou aquele responsável, as questões dos preços "são assuntos que apenas os operadores económicos podem trabalhar. Nós representamos um conjunto de operadores, mas são eles e os outros elos da fileira que têm que se articular". Mas "é claro que que-remos contribuir para um clima opti-mista". Já a fonte do Ministério da Agricultura avançou que neste encontro "se esta-beleceu um plano de trabalho num clima de grande confiança entre ambas as partes", acrescentando que "a nível técnico, o Ministério, a indústria e a distribuição vão acompanhar e analisar todos os aspectos relacionados com a cadeia de produção". Na verdade, sublinhou Fernando Car-doso, é de "salientar a presença do sector da distribuição neste encontro. Porque, disse, "há um objectivo de base de remunerar o melhor possível a matéria-prima: mas tem de ser da dis-tribuição a montante", notou aquele responsável, sublinhando que este é um factor muitas vezes esquecido.

in Diário Económico

AUMENTO DO “PREÇO DO LEITE” NÃO É DITADO PELO GOVERNO

Page 14: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

A FENALAC tem acompanhado muito atentamente a situação vivida nos últi-mos meses na fileira láctea nacional, com destaque particular para os pro-blemas com que se confronta a produ-ção de leite. Com efeito, o aumento dos custos de produção de leite, decorrentes de repetidos acréscimos dos preços das matérias-primas alimen-tares, nomeadamente dos cereais, dos fertilizantes, dos produtos fitofarma-cêuticos e dos combustíveis tem preju-dicado sobremaneira a sustentabilidade da actividade produtiva, provocando o abandono da produção por parte de um número elevado de produtores.

Esta realidade representa um custo social e económico para o país muito significativo e lamentável, tanto mais que a situação económica em geral, e da Agricultura em particular, não potencia de forma alguma alternativas viáveis à produção de leite. Do ponto de vista da FENALAC, esta situação atinge de particularmente dramática e directa dos produtores de leite, mas a resolução dos estrangulamentos e das dificuldades identificadas passa por uma abordagem de fileira e pelo equilíbrio da cadeia de valor, que se inicia da pro-dução e termina no Consumo. A tónica que tem sido colocada apenas

no relacionamento entre a Produção e a Indústria (Compradores de Leite) não contribui para a promoção da sustenta-bilidade da produção de leite, da qual aliás depende toda a cadeia a jusante. É nossa convicção que a viabilidade da Produção de leite em Portugal passa fundamentalmente pela sensibilização da Grande Distribuição, na medida em que da sua postura, comportamento e actuação depende o futuro de todos os operadores que actuam a montante. Sublinhámos que apesar da grande dis-tância física que separa a Produção do Consumo na cadeia de valor, é impres-cindível para o sector produtivo que a

Distribuição se relacione com os seus Fornecedores de forma jus-ta e equilibra-da, para que os mesmos sejam capazes de transmitir valor corres-pondente ao nível do abas-tecimento da m a t é r i a -prima. Representan-do a FENA-LAC o sector

leiteiro Cooperativo, será sempre a missão das suas Federadas transmitir para os Produtores que representa o maior Valor possível através da remu-neração do leite adquirido, sem no entanto descurar a imprescindível arti-culação com o desígnio de manter a eficiência ao nível da recolha, do pro-cessamento industrial e da colocação no mercado do leite e dos produtos lácteos. Para que tal aconteça, a Distribuição não poderá ficar impune face à postura que tem adoptado em relação ao sec-tor agro-alimentar nacional. No que diz respeito especificamente ao

mercado lácteo, a própria Autoridade da Concorrência (AdC) mostrou que as margens de lucro brutas da Distri-buição são, nesta categoria de produ-tos, das mais elevadas face aos restan-tes (frescos, mercearia, bebidas,…), e estavam situadas nos 35% em 2008, sendo também aqui onde se registaram os maiores acréscimos nos últimos anos (+50% desde 2004)! Sendo certo que os Poderes Públicos não podem nem devem interferir no funcionamento do mercado, é no entanto nossa firme convicção que a Administração, nomeadamente os Ministérios da Agricultura, Desenvolvi-mento Rural e Pescas e da Economia e Inovação, têm por obrigação a efectiva regulação dos mercados, promovendo a justa e equilibrada repartição de valor entre os diferentes intervenientes da fileira láctea. Para o efeito, deve dotar a Autoridade da Concorrência dos meios necessários, incluindo os de carácter legal, para que esta entidade possa exercer com eficácia a missão que visa cumprir: a garantia de condições de concorrência leal entre competidores económicos. Acresce que a Tutela deve utilizar o seu poder mediador de forma muito mais activa, estimulando o diálo-go entre os diferentes elos da cadeia de valor, visando um funcionamento mais harmonioso das respectivas relações comerciais, cujo grau de tensão tem registado um aumento crescente, atin-gindo nos últimos anos um nível nunca antes verificado. Do ponto de vista da Tutela directa da Agricultura, entendemos que existe também a obrigação de agilizar todos os instrumentos de política que permi-tam aliviar, ainda que indirectamente, as dificuldades sentidas pela produção de leite. São exemplos as obrigações em matéria de licenciamento das explo-rações leiteiras, processo que em cer-tos casos inviabiliza mesmo a continui-dade das explorações nos locais actuais e, em outros, implica investimentos de adaptação incomportáveis; em matéria de apoio ao investimento no âmbito do Proder, as dificuldades e estrangula-mentos estão bem identificadas, mas tardam em ser resolvidos, para que este instrumento de ajuda pública con-tribua para o fortalecimento do tecido produtivo e a entrada de jovens agricul-tores.

A Direcção da FENALAC Porto, 03 de Fevereiro de 2011

CONJUNTURA DA PRODUÇÃO LEITEIRA EM PORTUGAL EXIGE MEDIDAS IMEDIATAS E ENÉRGICAS

Considerando as crescentes dificuldades que a produção de leite atravessa em Portugal, a FENALAC entendeu divulgar no passado dia 3 de Fevereiro um Comunicado de Imprensa muito crítico e direccionado para o impacto das dificuldades sentidas na comercialização do leite e dos diferentes produtos lácteos ao nível da cadeia de valor da fileira e da remu-neração dos factores de produção, com destaque para o preço do leite ao produtor.

14 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

Page 15: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

Ao abrigo do n.º 1 do artigo 25.º da Lei de Imprensa (Lei n.º 2/99, de 13 de Janeiro) vêem a ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios e a FENALAC – Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite, FCRL, na qualidade de legítimos representantes do sector do leite e produtos lácteos, exercer o seu Direi-to de Resposta. Quando se escreve com falta de crité-rio, de informação, de conhecimento, gera-se “desinformação”. A peça dedi-cada ao leite, da autoria de Sónia Morais Santos, publicada na Revista Notícias Magazine do passado dia 30 de Janeiro, em “Comportamento”, e na rubrica “Coisas que faziam bem, e agora, se calhar, não” é o exemplo perfeito de escrita ligeira e sem critério. São expla-nados receios, medos, convicções, ao arrepio de qualquer fundamentação credível, gerando no leitor desconfian-ças profundas e infundadas. Assim, somos a referir o seguinte: Desde sempre que o leite é considera-do como um alimento completo, do ponto de vista nutricional, e como par-te integrante da alimentação humana,

cujos benefícios estão bem documenta-dos na extensa produção científica mundial. Existem, de facto, indivíduos que apresentam sensibilidade a deter-minados componentes do leite e dos produtos lácteos, seja esta manifestada através de reacção alérgica, seja de um modo não severo, apresentando intole-rância, total ou parcial, à lactose. O grau de intolerância à lactose varia de indivíduo para indivíduo, podendo, con-tudo, ser facilmente encontrados no mercado produtos especialmente trata-dos para o efeito (p.ex: leite sem lacto-se, digestão fácil,…). A produção de leite e sua industrializa-ção é objecto de rigorosos padrões de controlo, cujos critérios legais - muito exigentes - estão estabelecidos ao nível da regulamentação nacional e comuni-tária, sendo oficialmente controlados. A nível nacional, a Direcção Geral de Veterinária é a Autoridade Competen-te pela elaboração e implementação do Plano Nacional de Controlo de Resí-duos, o qual se constitui como um sis-tema de vigilância obrigatório, que monitoriza a presença de resíduos de contaminantes nos alimentos, nomea-

damente os referidos antibióticos, pes-ticidas e hormonas. Esse trabalho de controlo é público e constitui-se como um êxito do sector, sendo as próprias associações de defe-sa do Consumidor, nomeadamente a DECO, a atestarem a qualidade do leite produzido em Portugal e a ausência dos contaminantes irresponsavelmente aludidos. Acresce ainda que não exis-tem “estímulos químicos” aos animais,

mas sim a prescrição de tratamentos indicados por profissionais habilitados e no respeito pelas normas legais em vigor, em processo similar ao da saúde humana. Agradecemos, pois, ao abrigo do Direi-to de Resposta legalmente consagrado, a publicação deste texto – com igual destaque – na vossa Revista Notícias Magazine

ARTIGO DA REVISTA NOTÍCIAS MAGAZINE MOTIVA REACÇÃO VEEMENTE DO SECTOR

A revista Notícias Magazine - que acompanha as edições de domingo do Jornal de Notí-cias, Diário de Notícias e Diário de Notícias do Funchal - publicou na sua edição de 30 de Janeiro último um inacreditável artigo, que deu origem a múltiplas reacções de pessoas e organizações ligadas ao sector. A ANIL e a FENALAC remeteram àquela publicação a presente carta conjunta, que foi integralmente publicada na edição de 13 de Fevereiro.

O artigo da polémica

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 15

Page 16: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

Foi dado amplo relevo mediático à publicação do Decreto-Lei n.º 118/2010, que institui novos prazos de pagamento [imperativos] para forneci-mentos alimentares de pequenas e médias empresas (. Refere o preâmbu-lo daquele Decreto-Lei que se estabele-ce prazos de pagamento obrigatórios para os contratos de compra e venda ou de fornecimento de bens alimenta-res exclusivamente destinados ao con-sumo humano, em que seja parte uma micro ou pequena empresa (cujo esta-tuto esteja certificado pelo IAPMEI). Estabelece-se que, quando estejam em causa produtos alimentares de carácter perecível destinados exclusivamente ao consumo humano, o pagamento deve ocorrer no prazo de 30 dias após a efectiva entrega dos bens e da respecti-va factura. Se as transacções comerciais tiverem por objecto produtos alimentares não perecíveis, o prazo é de 60 dias. As obrigações de pagamento nestes pra-zos apenas se aplicam quando o com-prador tenha mais de 50 trabalhadores e cujo volume de negócios anual seja superior a dez milhões de euros.. Indica ainda esse mesmo preâmbulo que no sector alimentar é especialmen-te notório o peso negocial despropor-cionado que algumas empresas adquiri-ram, o que lhes permite impor aos for-necedores prazos de pagamento dilata-dos e dificilmente conciliáveis com as suas necessidades de liquidez a curto prazo, e que estes, investidos numa posição negocial mais frágil, se vêem constrangidos a aceitar. Visa-se, assim, restabelecer o equilíbrio nas relações comerciais entre produto-res, industriais e distribuidores. O n.º 4 do artigo 5.º desse Decreto-Lei refere que se "consideram produtos perecíveis, frescos e refrigerados, os produtos alimentares que apresentem as características naturais aptas para consumo pelo período máximo de 30 dias", enquanto o n.º 5 do mesmo arti-

go indica que será "aprovada por des-pacho dos responsáveis pelas áreas do comércio e agricultura e pescas uma lista dos produtos abrangidos pela defi-nição do número anterior". Assim e em conformidade, foi agora publicada em Suplemento da 2.ª Série do Diário da República o Despacho n.º 1747-B/2011, que explicita que: O Decreto-Lei n.º 118/2010, de 25 de Outubro, veio impor prazos de venci-mento máximos relativamente à obri-gação de pagamento do preço nas transacções em que o respectivo credor é uma micro ou pequena empresa e a transacção em causa tenha por objecto produtos alimentares destinados ao consumo humano. No caso de os produtos alimentares transaccionados serem de carácter perecível, frescos e refrigerados, o pra-zo máximo de vencimento daquela obrigação foi fixado em 30 dias, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Decre-to-Lei n.º 118/2010, e a identificação dos produtos que reúnem essas carac-terísticas e que ficam, consequente-mente, sujeitos ao mencionado prazo de vencimento da obrigação de paga-mento do preço devem constar de uma lista aprovada pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas do comércio e da agricultura e pescas, de acordo com o n.º 5 do artigo 3.º do mesmo Decreto-Lei. Assim: 1 — É aprovada, nos termos do n.º 5 do

artigo 3.º do Decreto –Lei n.º 118/2010, de 25 de Outubro, a lista anexa, que faz parte integrante do presente despacho e que identifica os produtos alimentares destinados exclusivamente ao consumo humano, perecíveis, frescos e refrigerados que, mantidos em fresco ou refrigerado, apresentam características naturais aptas para o consumo pelo período máximo de 30 dias.

2 — O presente despacho produz efei-tos à data de 24.01.2011.

O Despacho foi assinado pelo Dr. Luís

Medeiros Vieira, Secretário de Estado das Pescas e Agricultura, e pelo Dr. Fernando Pereira Serrasqueiro, Secre-tário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor e na referida Lista Anexa consta, no caso do sector lácteo, apenas e só o Leite Fresco. Refira-se que este diploma foi publica-do sem qualquer tipo de consulta pré-via e sem que a sua própria publicação tenha sido objecto de qualquer divulga-ção pública. Não deixa de merecer referência o fac-to de aquela Lista incluir vários produ-tos de sectores como o cárneo, o hor-tofrutícola ou do pescado, sempre com a indicação de datas de limite de con-sumo iguais ou inferiores a 30 dias, mas não tenha sido adicionado um conjunto óbvio de produtos do nosso sector, como sejam o queijo fresco, o requei-jão ou o próprio iogurte, cujo prazo de validade é de 28 dias.

Nesse sentido, a ANIL apresentou uma reclamação formal ao Governo, que foi também dada a conhecer a todos os Grupos Parlamentares, referindo o seguinte: Foi esta Associação surpreendida pela publicação, em suplemento da 2.ª Série do Diário da República do passado dia 21 de Janeiro, do Despacho n.º 1747-B/2011, que contém a “Lista dos pro-dutos alimentares destinados exclusi-vamente ao consumo humano, perecí-veis, frescos e refrigerados”. 1. Considerando o amplo relevo que foi dado à aprovação e publicação do Decreto-Lei n.º 118/2010, de 25 de Outubro, que, recorde-se, define pra-zos de pagamento máximos para efei-tos de pagamento do preço nos contra-tos de compra e venda ou de forneci-mento de bens alimentares destinados ao consumo humano. 2. Considerando que referenciamos, na oportunidade, a S. Ex.ª, o Sr. Ministro da Agricultura, em audiência que nos concedeu, que este diploma, importan-te no campo das intenções e dos princí-pios, pecava claramente pelo facto de apenas incidir sobre um número limita-do de empresas e outros fornecedores e pelo facto de apenas abranger uma pequena parcela das transacções comerciais relacionadas com a venda de produtos alimentares. 3. Considerando que dissemos então e

ANIL CONTESTA DESPACHO Nº 1747-B/2011

A não inclusão de quaisquer outros produtos lácteos, que não o denominado Leite Fresco, na lista anexa ao despacho n.º 1747-B/2011, de 21 de Janeiro, que define os produtos considerados perecíveis no âmbito do Decreto-Lei n.º 118/2010, de 25 de Outubro, moti-vou o envios de ofícios de contestação ao Governo e Grupos Parlamentares que seguida-mente reproduzimos. Este tema foi abordado na reunião com o Ministro da Agricultura.

16 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

Page 17: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

mantemos agora, que, com esse diplo-ma, não beneficia um amplo leque de indústrias fornecedoras, em virtude de estarem – por questões de dimensão – fora do respectivo espectro de abran-gência; não beneficia um grande núme-ro de produtores, pois uma elevada parcela das suas matérias-primas é entregue para processamento a empre-sas de transformação não abrangidas pelo Decreto-Lei e não beneficia, em última instância, o consumidor, por ser escassa a parcela de produtos cuja estrutura de custos pode retirar alguma vantagem do respectivo pagamento atempado. 4. Considerando as dúvidas que mante-mos quanto à efectiva implementação daquele Decreto-Lei e a nossa forte curiosidade em conhecer os mecanis-mos de monitorização e fiscalização da sua aplicação, bem como os resultados concretos obtidos, tendo em conta o objectivo explicitado, no preâmbulo do diploma, de restabelecer o equilíbrio nas relações comerciais entre produto-res, industriais e distribuidores. 5. Considerando, ainda assim, a elevada importância do acesso, pelos potenciais beneficiários, às significativas reduções de prazos de recebimento que aquele diploma introduz. 6. Considerando que o artigo 3.º daque-le diploma, sobre "Prazo de vencimen-to", indica no seu n.º 1 que "Nas tran-sacções comerciais entre empresas que tenham por objecto produtos alimenta-res de carácter perecível, frescos e refrigerados, destinados exclusivamen-te ao consumo humano, o vencimento da obrigação de pagamento do preço ocorre, imperativamente, até 30 dias após a efectiva entrega dos bens e da respectiva factura ao adquirente". 7. Considerando que o n.º 2 daquele mesmo artigo explicita que "Quando as transacções comerciais tenham por objecto produtos alimentares destina-dos exclusivamente ao consumo huma-no, que não estejam incluídos no número anterior, o vencimento da obri-gação de pagamento do preço ocorre, imperativamente, até 60 dias após a efectiva entrega dos bens e da respecti-va factura ao adquirente". 8. Considerando que o n.º 4 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 118/2010 refere que se "consideram produtos perecí-

veis, frescos e refrigerados, os produtos alimentares que apresentem as carac-terísticas naturais aptas para consumo pelo período máximo de 30 dias", enquanto o n.º 5 do mesmo artigo indi-ca que será "aprovada por despacho dos responsáveis pelas áreas do comér-cio e agricultura e pescas uma lista dos produtos abrangidos pela definição do número anterior". 9. Considerando que no n.º 1 do Despa-cho n.º 1747-B/2011, agora publicado se indica que a lista anexa “identifica os produtos alimentares destinados exclu-sivamente ao consumo humano, pere-cíveis, frescos e refrigerados que, man-tidos em fresco ou refrigerado, apre-sentam características naturais aptas para o consumo pelo período máximo de 30 dias” 10. Considerando, finalmente, que a lis-ta anexa ao diploma contém, no que se refere, ao sector do leite e dos produ-tos lácteos, uma única entrada, relativa a Leite Fresco

Vem a ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, na sua quali-dade de legítima representante das empresas do sector do leite e produtos lácteos, comunicar o seguinte: • Não foi a ANIL, nem ao que sabemos,

nenhuma entidade representativa do tecido das empresas fornecedoras, em nenhum momento contactada com referência à preparação do pre-sente despacho nem à elaboração da correspondente lista anexa.

• A marcação do prazo de validade dos produtos alimentares é, de acordo com o disposto na legislação comuni-tária e nacional aplicáveis, da inteira responsabilidade do respectivo fabri-cante, atentas as características, as condições de fabrico e as condições de conservação respectivas.

• O referido no ponto anterior combi-nado com o teor do oitavo e nono considerandos, gera, em nossa opi-nião, a óbvia conclusão de que a Lista anexa ao Despacho n.º 1747-B/2011 deveria conter todos os produtos ali-

mentares que “apresentam caracte-rísticas naturais aptas para o consumo pelo período máximo de 30 dias”.

• A elaboração de uma lista indicativa constitui-se como um factor de descri-minação negativa para os produtos alimentares que não obstante apre-sentarem “características naturais aptas para o consumo pelo período máximo de 30 dias” a não integram.

• A elaboração de uma lista indicativa constitui-se, para além disso, como um factor de marginalização para todos os novos produtos que, respei-tando aqueles prazos de prateleira, venham a ser colocados no mercado, assumindo-se como uma forma adi-cional de inibição à inovação e à con-quista de valor acrescentado por par-te das PME’s alimentares nacionais.

• Abordando concretamente o impacto do Despacho n.º 1747-B/2011 sobre o sector do leite e dos produtos lácteos, gostaríamos de referir que são vários os produtos que possuem prazos de prateleira inferiores a 30 dias. Assim e para além do leite fresco, a título de exemplo e apenas por serem os mais relevantes, podemos indicar os casos do iogurte, da nata pasteurizada, do queijo fresco e do requeijão.

• Gostaríamos, mesmo, de chamar especial atenção para estes dois últi-mos produtos – queijo fresco e requeijão – inequivocamente produ-tos perecíveis com prazo de prateleira inferior a 30 dias e que, para além disso, são em larga medida produzi-dos por empresas de reduzida dimen-são, maioritariamente enquadráveis no disposto no n.º 1 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 118/2010 e, como tal, potenciais beneficiárias do encurta-mento dos prazos de pagamento.

Por tudo o que foi referido, solicitamos aos Secretários de Estado das Pescas e Agricultura e do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, membros do governo que assinaram o diploma, a imediata rectificação do Despacho n.º 1747-B/2011, por forma a maximizar a sua abrangência e a evitar a descrimi-nação negativa de produtos que, não temos qualquer dúvida, o legislador não pretenderia excluir da aplicação do disposto no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-lei n.º 118/2010, de 25 de Outubro.

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 17

Page 18: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

18 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

Este projecto de Regulamento deu já entrada no Parlamento Europeu para apreciação sob a forma de Relatório e as sistematizações agora elaboradas, a partir do debate com o sector, consti-tuirão matéria para a apresentação de 'emendas' ao Relatório do Parlamento Europeu. Procura-se assim que, na medida do possível, e tendo em aten-ção as dificuldades inerentes ao traba-lho parlamentar, as preocupações do sector sejam acauteladas e as suas expectativas contempladas ao nível do Parlamento Europeu o qual tem poder de co-decisão com o Conselho Euro-peu nesta matéria.

CONCLUSÕES

Apreciação Geral O sector considera que o conjunto de medidas é claramente insuficiente para a estabilidade e desenvolvimento de um sector em crise e menos ainda para a sobrevivência do sector em Portugal, após o desmantelamento das quotas leiteiras, previstas para 1 de Abril de 2015, o que denuncia através 1. do reconhecimento de que a) em Portugal cerca de 70% do leite é entregue a uma só indústria (empresa de matriz cooperativa) pelo que o reforço das Organizações de Produto-res (OPs) das Organizações Inter-profissionais (OIPs) e a contratualiza-ção entre produtores e indústria, apresentadas como linhas de força de orientação deste documento, dificil-mente resolverão problemas essen-ciais como a volatilidade dos preços e a justa remuneração dos produtores;

b) nos Açores, Região que produz 33% do todo nacional, a situação é difícil não só devido à forte dependência regional do sector lácteo e aos cons-trangimentos que a situação geográfica impõe mas também à concentração da indústria. No arquipélago, com a excepção de São Miguel onde existem

quatro indústrias de dimensão rele-vante, a produção faz uma grande parcela das entregas a uma só indús-tria local, geralmente de matriz coo-perativa o que limita radicalmente o seu poder negocial. Em todo o caso, tratam-se de cooperativas;

2. da afirmação de que a) algumas das propostas do “Milk Pac-kage” têm como base derrogações apenas temporárias às regras de con-corrência o que não assegura uma perspectiva a longo prazo;

b) as propostas avançadas no Regula-mento podem vir a ter o efeito per-verso de localizar a produção de leite em apenas cinco ou seis Estados-Membros, aumentando ainda mais o poderio das indústrias localizadas nes-tes Estados-Membros, ao mesmo tem-po que degradam a frágil posição dos países mais pequenos, como é o caso

de Portugal; c) é necessário adoptar uma visão ampla e holística do sector ao longo de toda a cadeia, de montante a jusan-te, e não apenas ao primeiro nível como acontece no Regulamento. O

sector considera que há um desajusta-mento entre o preço pago ao produ-tor, o preço de cessão pela indústria à distribuição e o preço pago pelo con-sumidor. Produção e indústria, após análise detalhada da rentabilidade do sector nos últimos anos, concluem que a maior parte dos lucros ficam na posse da distribuição, impedindo a justa remuneração dos produtores e industriais e a disponibilidade de re-cursos por parte da indústria, para investir em investigação e inovação, acrescentando valor aos produtos co-locados no mercado. Em muitas situa-ções verifica-se também que o preço de venda de determinados produtos lácteos é incompatível face aos res-pectivos custos de produção e menos ainda se considerada uma remunera-ção justa dos actores da fileira. Esta proposta de alteração regulamento devia ter sido mais arrojada e a Comissão Europeia deveria ter tido a coragem politica de abranger toda a cadeia de valor, nomeadamente a dis-tribuição;

d) as quotas mantêm-se como o melhor mecanismo de regulação do mercado, na ausência de mecanismos reguladores alternativos efectivos, nomeadamente para regular as quanti-dades de produto no mercado e evi-tar excedentes. Simultaneamente asseguram um fluxo de informação

m u i t o importante para a toda a fileira ( s t o c k s , e n t r e g a s , etc). De facto, as quotas só d e i x a r a m de ter valor devido ao anunc iado fim do sis-tema e aos sucessivos a u men t o s das quotas leiteiras dos d i v e r s o s

Estado Membros. Nos Estados Mem-bros onde se produz no limite ou acima da quota, esta mantém um pre-ço estável, o que prova que a depre-ciação do valor da quota leiteira tem uma causa objectiva.

SECTOR LEITEIRO E AS PERSPECTIVAS PÓS-2015

A Eurodeputada Patrão Neves organizou uma reunião de trabalho com as Associações Agrícolas dos Açores, e também com a presença da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), no dia 14 de Janeiro, em Ponta Delgada. O objectivo geral desta reu-nião foi promover uma análise conjunta da produção e da indústria sobre a proposta de alteração ao Regulamento (CE) n.º 1234/2007 no que diz respeito às relações contratuais no sector do leite e dos produtos lácteos. Os objectivos específicos apresentados foram: 1. informar acerca do ponto de situação do debate sobre o sector do leite na UE; 2. auscultar os principais representantes dos produtores de todas as ilhas dos Açores

sobre as perspectivas pós-2015 para o sector do leite; 3. sistematizar propostas de ‘emendas’ ao Regulamento (Milk Package).

Page 19: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 19

Apreciação Específica A apreciação do Regulamento centrou-se em três domínios fundamentais: 1. Contratualização 2. Associações de Produtores e Orga-nizações Inter-Profissionais 3. Iniciativas adicionais de actuação no âmbito do processo de desmantela-mento do sistema de quotas Consideremos cada um destes itens individualmente.

1. Contratualização a) As quotas são consideradas pelo sector como uma forma implícita de contratualização de sucesso;

b) A confirmar-se a opção pela contra-tualização no sector, esta deve ser obrigatória e similar para todos os Estados Membros para evitar ao máxi-mo distorções de concorrência entre os vários países;

c) Os contratos a celebrar deverão então ser escritos, e conter de forma obrigatória determinadas disposições especificas como sejam o preço inde-xado, volumes de produção e duração dos contratos.

d) No que se refere aos modelos de indexação para actualização dos pre-ços, o sector ainda está a reflectir sobre qual será o melhor modelo, em torno do qual se deverá procurar um consenso significativo. No que se refere à duração dos con-tratos considera-se que o período de um ano seria o mais aconselhável, pois permitiria a garantia de rendimento estável para o produtor e, simultanea-mente, a garantia de aprovisionamen-to para a indústria, ao mesmo tempo permitiria ajustamentos às alterações de mercado.

e) Com o desmantelamento das quotas, dever-se-á perder não só um bom mecanismo de regulação de mercado, mas também uma importante garantia de fluxo de informação sobre o sec-tor. Com efeito, os contratos apenas parcialmente poderão desempenhar esta função e para tal o registo públi-co dos contratos deverá ser de fácil acesso.

f) A estrutura jurídica dos contratos pode conduzir a alguma rigidez no relacionamento entre a produção e a indústria. Num sector em que tradi-cionalmente se verificam oscilações, as relações devem ser dinâmicas e de grande flexibilidade. Neste âmbito produção e indústria estão legitima-mente preocupados com os volumes

não contratualizados. Para acautelar estas situações deverão ser introduzi-dos mecanismos e/ou cláusulas de fle-xibilidade nos contratos para permitir uma rápida adaptação das quantidades contratadas, de forma a evitar a pro-dução e acumulação de excedentes.

2. Associações agrícolas, Associações de Produtores e Organizações Inter-Profissionais a) As Associações agrícolas sempre tiveram e hão-de continuar a ter um papel preponderante nos Açores, não se devendo confundir com as OP's e OIP's que o regulamento quer agora reforçar, deverão pois manter o seu papel reivindicativo e de defesa dos produtores como tradicionalmente o têm feito.

b) Se a contratualização avançar, as OP´S passam a ter um papel muito importante, sobretudo para os peque-nos agricultores, pois permitem arre-gimentar massa crítica do lado da pro-dução e, consequentemente, aumen-tar o seu poder negocial junto da indústria.

c) As OIPs devem incluir todos os agentes da fileira, nomeadamente pro-dução, indústria, governo regional, universidade, investigação privada, de forma a desempenharem um papel construtivo e de verdadeiro fórum de discussão. Nos Açores não faria senti-do a existência de mais que uma OIP, dados os números envolvidos em cada uma das ilhas e dada a semelhança das questões que afectam o sector nas diferentes ilhas.

d) É necessário que se evite qualquer conflito entre OP’S e OIP’S, garantin-do uma harmonia dinâmica entre ambas, sobretudo porque possuem um diferente perfil, as primeiras com um carácter comercial e parcialmente reivindicativo, as segundas com carác-ter consultivo e deliberativo, resultan-te das conversações e consensos da fileira.

e) Seria desejável que a própria Comis-são Europeia, tendo em conta as experiências de sucesso de OIP'S em diversos Estados Membros, forneces-se um modelo, a título de exemplo, para servir de paradigma à implemen-tação das OIPs nos diferentes Estados Membros.

3. Iniciativas adicionais de actuação no âmbito do processo de desmantela-mento do sistema de quotas a) No passado, a produção foi aconse-

lhada a adquirir quota e para tal con-traiu empréstimos e assumiu despesas de investimento num activo que, com o anúncio do desmantelamento de quotas, terá cada vez menos valor. Importa que a União Europeia com-pense a produção por estes avultados investimentos.

b) Produtores e indústria são consen-suais em afirmar a necessidade de mecanismos adicionais para gerir a volatilidade dos preços no sector. Estas medidas seriam sobretudo perti-nentes se se apresentassem como complementares ao sistema de quo-tas, e não para as substituir, como preparação do sector para uma "aterragem suave" (soft landing).

c) Para além das medidas agora apre-sentados, são necessários dispositivos particulares, adaptados às zonas desfa-vorecidas, como as ilhas e regiões de montanha, e sobretudo as Regiões Ultra-periféricas onde as alternativas e/ou a diversificação agrícola são mui-to reduzidas ou inexistentes, a realizar num processo necessariamente muito

longo e com um impacto negativo signi-ficativo no plano económico, social e demográfico.

d) Com o desmantelamento do sistema de quotas, a valorização de marca locais e de produtos de valor acres-centado tornar-se-á cada vez mais importante para assegurar a continui-dade de produção em certa regiões da União Europeia. Neste contexto, importa desenvolver políticas de qualidade, tal como de investigação e inovação, e ainda de rotulagem, por parte da União Euro-peia e dos seus Estados Membros, de forma a permitir a continuidade de comercialização de leite e produtos lácteos, oriundos destas regiões mais carenciadas. A marca Açores e a preservação de modos de produção, que quase bioló-gicos em algumas ilhas Açorianas, são bons exemplos que devem ser desen-volvidos, de forma a montar uma estratégia de comercialização bem sucedida.

e) O Leite é um sector complexo que será tocado por reformas sectoriais (Milk Package e Pacote de Qualidade), quer em reformas mais horizontais, como a PAC pós 2020 e é preciso acautelar essa interacção, agindo nas múltiplas frentes de forma atempada e articulada.

Page 20: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

20 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

Produto fortemente enraizado nos hábitos de consumo dos portugueses, o mercado do queijo, em Portugal, regis-tou em 2010, um comportamento posi-tivo, com crescimentos de 5%, em volume e 2%, em valor (ver quadro Nielsen). Esta realidade leva José Faísca e Paula Gomes, director de Vendas e de Marketing do Groupe Bel, a admitir que esta “não deixa de ser uma boa notícia, sabendo o enquadramento eco-nómico português”. Mantendo a tendência de transferência de consumo de fora para dentro do lar verificada nos últimos dois anos, esta realidade é vista como “uma oportuni-dade”, segundo Clara Moura Guedes, administradora-delegada da Saloio, salientando que “permite tirar partido de um tipo de consumo diferente que resulta exactamente dessa transferên-cia. Ou seja, o desejo de criar, em casa, refeições diferentes”. Ora este “desejo” faz com que o con-sumidor procure “conveniência, mas também diferenciação, maior sofistica-ção e requinte”, admitindo ainda Moura Guedes que, no fundo, o consumidor “quer soluções que lhe permitam, com pouco esforço, apresentar propostas de valor e originalidade”. Ora, cabe então saber o que as empresas fizeram para responder a estes novos “desafios” por parte de um consumidor mais sofisticado e ávido de novidade. Do lado da Tété, João Miguel Amaro, director Financeiro, a empresa vocacio-nou “mais os esforços, a nível comer-cial, para o retalho”, deixando, contu-do, a certeza que o canal Horeca “não foi negligenciado”. Já a Saloio, Clara Moura Guedes desta-ca que o posicionamento da empresa no mercado “adapta-se bastante bem a estas novas tendências”, conseguindo apresentar propostas novas e interes-santes que “motivam o consumidor”. Exemplo disso mesmo é a Gama Saloio Gourmet, queijos de sabor forte e intenso adaptados para constituir uma tábua de queijos, os novos Cremosos,

virados para uma entrada “volante” variada e prática, ou ainda as Entradas e Saladas que permitem, em 10 segundos, temperar e dar um toque especial a uma vulgar salada de alface ou tomate. Do lado do Groupe Bel, a aposta nas suas marcas – Limiano, Terra Nostra e Vaca que ri – teve por base o maior conhecimento da riqueza nutricional do queijo, alteração dos hábitos de consu-mo do queijo (mais conveniência: uma refeição fria vs refeições quentes; mais prazer & social: tábua queijo) e a pre-sença de propostas de valor mais aces-síveis.

Uma questão de fidelidade Se há um ano, na análise feita ao merca-do do queijo português, se considerava que “a actual situação económica pôs à prova a lealdade do consumidor com as marcas”, nenhum dos players ouvidos esconde o aumento das Marcas de Dis-tribuição (MDD) contra as Marcas dos Fabricantes (MDF). Não ocultando o

crescimento das MDD. Clara Moura Guedes considera, no entanto, que as MDF continuam a representar um papel fundamental por uma razão importante. “o consumidor tem rela-ções fortes com estas e razões impor-tantes para as preferir, nomeadamente em categorias de produtos menos mas-sificados e indiferenciados”. A respon-sável da Saloio admite mesmo que o desafio está, “com base numa relação de valor equilibrada, pela qualidade, adequação às necessidades do consumi-dor, inovação e relação afectiva com a marca, conseguir ter fãs e não apenas clientes”. Também João Miguel Amaro, refere que uma parcela considerável do con-sumo passou para as marcas de distri-buição. Contudo, o director financeiro da Tété admite, tendo por base uma das especialidades da empresa (queijo fresco), tratando-se de um produto de baixo custo e bastante completo, “ainda existem bastantes consumidores

que associam as marcas tradicionais a produtos de valor acrescentado, o que é uma verdade absoluta, preferindo estes às marcas de distribuição”. À pergunta onde acaba a fidelidade do consumidor no mercado de queijos, se no preço, na inovação, no packing, na qualidade ou na relação preço/qualidade, as respostas são várias. Se

MERCADO DO QUEIJO EM PORTUGAL BAIXO CONSUMO COMO POTENCIAL DE CRESCIMENTO

Mercado dependente da matéria-prima leite – e dos seus preços – o sector do queijo em Portugal foi, em 2008 e 2009, alvo de uma clara transferência de consumo de fora para dentro do lar. O ano de 2010 não foi muito diferente, mas a verdade é que há quem veja nesta situação uma oportunidade de negócio Estas são as linhas de força do artigo da autoria de Victor Jorge publicado na mais recente edição do jornal HiperSuper (n.º 279, de 17 de Fevereiro de 2011)

Page 21: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

para a Tété a fidelidade do consumidor termina na variável “preço”, os respon-sáveis do Groupe Bel acreditam que “é um mix de factores: uma marca forte, que tem consumidores fiéis, indepen-dentemente do segmento em que actua no Fast Moving Consumer Goods (FMCG), é uma marca que tem de apostar na inovação, em packaging, diferenciação, relevância, na qualidade e numa boa relação preço qualidade”.

Considerando que o mercado do quei-jo em Portugal é “bastante tradicional e com um nível de investimento em comunicação bastante baixo face a outras áreas alimentares”, a administra-dora-delegada da Saloio admite que “existe uma maior lealdade a marcas que resulta de vários factores: expe-riência positiva, propostas atractivas, packaging adequado e sugestivo e, cla-ro, uma relação qualidade preço ade-quada”.

A variável preço Com os dados da organização holande-sa LTO a indicar que “o preço médio pago pelas empresas de lacticínios europeias ficou em 0,3229 euros/kg em Dezembro de 2010, face a 0,2775 euros/kg do mesmo mês de 2009, representando um aumento de 16,3%”, esta é uma questão que preocupa as empresas do queijo a actuar no nosso País. De resto, a administradora-delegada da Saloio admite que o preço do leite tem “um impacto decisivo, uma vez que o seu peso no custo é superior a 70%”, corroborando a dupla do Groupe Bel que o aumento do custo das matérias-primas nos últimos anos “é uma realidade incontornável e impacta directamente na performance económica ou financeira na indústria queijeira”. Esta situação deixa os players do mer-cado preocupados, salientando Moura Guedes que “assistimos com apreensão ao desenvolvimento da PAC [Política Agrícola Cumum] cujas implicações

nomeadamente em países periféricos como Portugal podem ser extrema-mente graves dificultando a produção de matéria prima e sua transformação”.

Investimento em inovação Factor considerado fulcral para este mercado é mesmo a inovação, desta-cando João Amaro que “inovação trás notoriedade e distinção à empresa e aos produtos que a mesma oferece”, admitindo mesmo que “quando é exe-cutado e comunicado de forma correc-ta, só pode gerar mais-valias”. Esta opinião é de resto partilhada por Clara Moura Guedes, acrescentando que é um “elemento essencial para garantir a vitalidade de uma marca e a sua relevância para o consumidor”. E acrescenta: “numa perspectiva de sus-tentabilidade e tendo em conta os ciclos de vida dos produtos, cada vez mais curtos, a disseminação de informa-ção, a ‘esquizofrenia’ do comportamen-to do consumidor e as suas necessida-des e desejos em constante mutação é impensável ter uma atitude ‘estática’. Aliás, o consumidor quer pela sua von-tade de intervir quer pela escolha que faz em cada dia, não nos permite essa opção”.

Os responsáveis do Groupe Bel não fogem à regra e consideram a inovação fulcral, admitindo mesmo que uma mar-ca que não inove “está condenada”. Ou seja, “inovação não quer dizer novos produtos, pode ser uma nova comuni-cação, novo packaging, novo posiciona-mento” e aqui,, compete, segundo José Faísca e Paula Gomes, “às marcas semear para poder ganhar a médio/longo prazo”. Ora, Inovação resulta, na maioria dos casos, em novos produtos, novidades em termos de sabor, packa-ging, entre outros, salientando Paula Gomes que nos últimos anos regista-se “um crescimento da quota de produtos Light ou com menos gordura no seg-mento de queijo flamengo. Este é na realidade um dos motores de cresci-

mento deste segmento, onde represen-ta cerca de 6% em volume e com taxas de crescimento na ordem dos 16%. Já no queijo fundido a directora de Mar-keting do Groupe Bel refere que esta realidade está já mais desenvolvida e os queijos Light já representam cerca de 16% em volume e 21% em valor. Esta “onda saudável” leva a Saloio a considerar o “light” como um das vias “interessantes de desenvolvimento”, até porque “os aspectos nutricionais são relevantes e particularmente em Portugal, ao contrário de Espanha, a noção de ‘Light’ é extremamente rele-vante para o consumidor”, realça Clara Moura Guedes. Para o futuro, a administradora-delegada da Saloio considera que este é um mercado interessante, “com bom potencial de desenvolvimento, uma vez que os níveis de consumo são ainda baixos face a outros países da Europa”. Salientando que terá de haver mais investimento no desenvolvimento do mercado e de novas formas de consu-mo, Moura Guedes admite, no entanto, que deverá ocorrer “alguma concentra-ção do lado da indústria uma vez que a extrema fragmentação existente limita

a capacidade de chegar com eficácia aos consumidores”. E conclui: “inovação, a qualidade conti-nuarão a ser extremamente relevantes nalgumas áreas e o preço terá grande protagonismo noutros sectores”. Subscrevendo as palavras da Saloio, os responsáveis da Groupe Bel identificam como tendência a “uma procura cada vez maior de conveniência e praticida-de (on-the-go)”, bem como uma “maior adaptação a estilos de vida u r b a n o s , f a m í l i a s p e q u e n a s (monoparentais ou single), aos peque-nos prazeres (tendências gourmet), estilos de vida activos e procura benefí-cios funcionais (baixas calorias, coles-trol, sal).

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 21

Page 22: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

ALIMENTAÇÃO ANIMAL ESTÁ MAIS CARA 35% Se nada for feito, os produtores de rações e de animais não aguentam até Junho. Esta é a conclusão do secretário-geral da associação das indústrias de alimentos para animais quando con-frontado com a nova escalada mundial dos preços dos bens alimentares. Os preços mundiais dos alimentos alcançaram um novo recorde histórico em Janeiro, subindo 3,4% face a Dezembro de 2010, de acordo com o último relatório da FAO. Segundo este organismo das Nações Unidas, trata-se do nível mais alto desde que iniciou estes relatórios, em 1990, referindo que os preços de todos os produtos básicos registaram fortes subidas em Janeiro, excepto o da carne, que se manteve inalterado. Em Portugal, esta variação notou-se de imediato nas matérias-primas (cereais) para as rações dos animais, que têm um peso de 52% no custo desses produtos, que, por sua vez, representam 60% no custo da produção animal. Assim, entre Julho de 2010 e Fevereiro a tonelada de trigo subiu de 155 para 270 euros e de a soja de 375 para 485 euros. Já as rações tiveram uma variação de 30 a 35%. Por exemplo, para o porco, o valor passou de 361 euros, em Julho de 2010, para 406 euros em Janeiro deste

ano. Os dados são da Associação Portugue-sa dos Industriais de Alimentos Com-postos para Animais e segundo o secretário-geral, Jaime Piçarra, "a situa-ção está a ficar insustentável: sobem os custos, mas tal não se reflecte nos pre-ços da carne". E frisa: "Se nada for feito

a nível europeu, a indústria não aguenta até Junho". Jaime Piçarra adianta, no entanto, que já começaram a surgir algumas medidas, como o apoio à armazenagem, que permite retirar nos matadouros carne de porco para pos-terior exportação, mas a associação continua "a defender que os direitos de importação de cereais seja zero". Sem medidas, admite: "Entramos em colap-so. Não é possível sustentar mais os custos". Do outro lado estão o produtores de cereais, neste caso, a Associação Portu-guesa de Milho e Sorgo, com o presi-dente, Luís Vasconcellos e Souza, a dizer que "era expectável esta subida de preços, uma vez que estiveram mui-to baixos no ano anterior, 2009 e 2010, de tal forma que as pessoas não semea-ram". Por essa razão, defende que exis-tam "mecanismos de regulação para os produtos alimentares, caso contrário, os preços vão subir ainda mais, até uma situação insustentável". Já para os comerciantes de carne, Jacin-to Bento, presidente da associação sectorial, "é impossível subir os preços, não há compradores, só no ano passa-do fecharam 126 talhos em Lisboa". O presidente da Federação das Indús-trias Agro-Alimentares, Pedro Queiroz, defende que "os custos de produção devem ser repercutidos ao longo de toda a fileira, ou deixa de ser sustentá-vel". Um dos produtos sujeitos às variações dos preços é o leite. De acordo com a FAO, o índice de preços dos produtos lácteos subiu 6,2% desde Dezembro. Pedro Pimentel, da Associação dos Industriais de Lacticínios, lembra que os preços não têm subido para o consumi-dor. Neste caso, revela: "Sofremos a pressão da distribuição para não aumentar preços, e dos produtores que querem vender mais caro". Defen-de que "o preço do produto tem que subir, sob pena de se viverem situações muito difíceis já este ano. Não o desa-parecimento do leite, mas parte dele". É uma situação confirmada pela Fenalac, ao salientar que a viabilidade do sector passa "pela sensibilização da grande distribuição, na medida em que da sua postura depende o futuro de todos os operadores a montante". O relatório da FAO fez soar as campa-inhas e o Ministério da Agricultura

aprovou ontem o reforço de 50 milhões de euros da linha de crédito com juros bonificados para empresas do sector agrícola e pecuário. A Comissão Europeia anunciou que quer limitar a especulação sobre as matérias-primas agrícolas. Uma das soluções passa pela imposição de limites às posi-ções que um banco pode ter numa matéria-prima.

Variações Cereais: Os preços em Janeiro subiram 3% face a Dezembro de 2010 e, de acordo com a FAO, atingiram o valor mais alto desde Julho de 2008. Azeites: Os preços subiram de 5,6% em Janeiro face a Dezembro, ultrapassando o recorde de Junho de 2008. Açúcar: Este produto manteve os pre-ços elevados, reflectindo a diminuição da oferta registada. Carne: A descida na Europa, dado o escândalo das contaminações de car-nes, foi compensada com o aumento dos preços das exportações do Brasil e Estados Unidos.

in Jornal de Notícias

RECORTES DE IMPRENSA

22 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

Page 23: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 23

FILEIRA DO LEITE EM “CLIMA DE DESANUVIAMENTO”

Depois das ameaças de greve ao forne-cimento de leite à indústria de lacticí-nios por parte dos produtores associa-dos da Associação de Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), caso não se verificasse um aumento do preço pago à produção, o clima é agora de "desanuviamento", após reunião quadri-partida, esta semana, entre o ministro da Agricultura e representantes da pro-dução, indústria e distribuição. Em causa estão os crescentes aumen-tos dos custos associados à produção de leite, nomeadamente das rações para animais, face aos quais a APOLEP e a Federação Nacional das Cooperati-vas de Produtores de Leite (FENALAC) exigem "medidas imediatas e enérgi-cas". Acima de tudo, explicou Fernando Cardoso, secretário-geral da FENA-LAC, querem que se transmita "um sinal de que há um problema e de que é preciso dialogar e encontrar soluções". Certo é que, após reunião esta terça-feira entre o ministro António Serrano e representantes da produção (FENALAC e APOLEP), da indústria láctea (Associação Nacional dos Indus-triais de Lacticínios - ANIL) e distribui-ção (APED - Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição), todos saíram com a sensação de ter sido um encontro "positivo". Isto, apesar de o ministro ter explicado que não pode ditar preços, tendo apelado à "cooperação" para que a política de preços seja "justa". "Apesar de sabermos que não iríamos resolver nada, saímos da reunião com perspectivas de poder haver algum entendimento e diálogo, pois foi possí-vel, pelo menos, sensibilizar a distribui-ção para os problemas", revelou Fer-nando Cardoso mal saiu do encontro. E, daqui por diante, "ficou previsto que manteremos contactos regulares". Os produtores queixam-se, sobretudo, dos "repetidos acréscimos dos preços das matérias-primas alimentares, nomeadamente dos cereais, fertilizan-tes, produtos fitofarmacêuticos e dos combustíveis", que têm "prejudicado sobremaneira a sustentabilidade da actividade produtiva, provocando o abandono da produção por parte de um número elevado de produtores". E isso, diz a FENALAC, "representa um

custo social e económico muito signifi-cativo e lamentável". A acompanhar a relação de tensão entre produção, indústria e distribuição tem estado o ministro da Agricultura. Fonte oficial do seu gabinete transmitiu que "há muito que havia a percepção de que havia pontes de diálogo que não estavam a existir". Agora, depois da reunião entre os par-ceiros, crê essa mesma fonte que "estão criadas as condições para um diálogo tendente a fazer a defesa do sector do leite, de modo a criar um preço mais justo que compense o aumento dos preços de produção". "Nós não podemos pagar com aquilo que não temos", diz a indústria Questionado sobre a postura do sector da distribuição, a fonte do gabinete do ministro lembrou que os operadores "vão comprar o leite onde ele é mais barato". Admitiu, no entanto, que "existe uma grande pressão sobre a indústria, que fixa o preço, uma vez que há uma grande empresa a operar [a Lactogal] e não há concorrência". E isso

não tem permitido "formar um preço justo", disse a mesma fonte. Confrontado com estas questões e sobre as ameaças ouvidas esta semana da parte de vários produtores de que poderiam fazer greve à entrega de leite à indústria láctea, Pedro Pimentel, pre-sidente da ANIL, disse que a "indústria não pode reagir a ultimatos, nem com recusas, nem com aceitações de exi-gências". E apesar de reconhecer que a produ-ção vive "momentos difíceis", Pedro Pimentel é claro: "Nós não podemos pagar com aquilo que não temos", acrescentando que "os preços pratica-dos em Portugal continental são até superiores à média dos praticados por essa Europa fora". Já quanto à alegada concentração na indústria que condiciona a fixação de preços, o presidente da ANIL desvalo-riza. "Talvez os produtores de leite, que, na sua maioria entregam o leite às cooperativas, estejam a colocar as ameaças no ponto errado, pois essas queixas deveriam ser colocadas inter-namente no seio das cooperativas".

in Vida Económica

PORTUGAL VAI BATER-SE CONTRA FIM DAS QUOTAS

O ministro da Agricultura, António Serrano, garantiu, na Figueira da Foz, que Portugal vai bater-se até ao «último momento da discussão» contra o fim das quotas leiteiras, embora assu-ma que «é uma batalha difícil». «Estou a batalhar num terreno difícil, tentar fazer com que a Comissão [Europeia] volte atrás com o final das quotas leitei-ras», disse António Serrano, num dis-curso perante cerca de 200 agriculto-res da região do Baixo Mondego. O fim das quotas, decidido em 2003, vai levar, segundo o ministro, a que os países produtores de leite passem a resumir-se à Polónia, Holanda, Alema-nha e França, excluindo Portugal deste lote, apesar no nosso País ter feito «um esforço enorme» e uma trabalho «bom» na eficiência e modernização do sector. «Tivemos mais de 80 mil produtores de leite, hoje são nove mil mas mais eficientes, produzem tanto como os outros oitenta e tal mil», alegou Antó-

nio Serrano, durante a cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais da Associação de Agricultores do Vale do Mondego. Disse que com a decisão da Comissão Europeia em por fim às quotas leiteiras em 2015, o sector em Portugal «pode ter graves dificuldades», sustentou. Embora assinalando que a posição da Comissão Europeia tem sido a de não reabrir o dossier das quotas leiteiras, António Serrano insiste em levar o assunto «até ao último momento da discussão», frisou. «Posso ficar lá sentado, a noite toda, no último dia da negociação, se estiver nestas funções. Mas vou levar isso, por-que se não fizermos isso vai ser muito difícil manter este sector», alertou. Na ocasião o ministro revelou ainda que, na próxima semana, vai reunir com representantes da fileira do leite, jun-tando à mesma mesa produção, indús-tria e distribuição.

in Agência Financeira

Page 24: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

24 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

PRONICOL NÃO ABDICA DA SAZONALIDADE NA ILHA TERCEIRA A sazonalidade é para manter na Ilha Terceira. Com o Verão e o aumento da produção de leite, os preços a pagar ao produtor vão voltar a descer. "Defendemos a manutenção dos preços sazonais. O aumento do preço do leite não tem relação com a sazonalidade. Pode eventualmente coincidir no tem-po com a mudança do preço sazonal, mas seguramente vão continuar a exis-tir diferenças entre o preço do leite pago no Verão e pago no Inverno", afirmou José Mancebo Soares, adminis-trador da Pronicol. Quanto ao cêntimo de compensação pago desde Outubro de 2010, logo se vê, refere o representante daquela indústria. "O que nós dissemos é que até ao dia 1 de Março anunciaremos a nossa posição e, como é habitual, anun-ciamos sempre primeiro aos nossos associados, aos delegados da Assem-bleia Geral da Unicol e só depois, obviamente, à comunicação social", acrescentou Mancebo Soares. Estas questões foram discutidas num almoço de trabalho entre a Unicol, a Pronicol e o Governo Regional. À saída o Secretário Regional da Agricultura voltou a referir que o Governo Regio-

nal não pode interferir na formação do preço do leite. "Estas questões do mer-cado têm uma dimensão que nos ultra-passa em definitivo e creio que pessoas sérias e de bom senso a abordar esta matéria sabem que não está ao alcance do Governo Regional determinar pre-ços de mercado ou regulamentar os preços do leite", afirmou. Noé Rodrigues foi mais longe e passou a bola para os distribuidores: "temos grandes distribuidores que são deter-minantes na valorização que se faz do leite e dos produtos lácteos. São distri-buidores que por vezes nem sequer se entendem - e são apenas dois ou três - quanto à estratégia de preços a pagar pelo leite e lacticínios. Enquanto uns têm a estratégia de valorizar o que é nosso, outro poderá ter uma estratégia de manutenção de preços baixos e isso é penalizador para as indústria e para os produtores", referiu também o Secretário Regional. Sem intervenção do Governo continua a batalha entre produtores, industriais e grandes distribuidores. Até ao final do mês será conhecido o preço a pagar por litro de leite aos agricultores da Terceira.

in RTP/Açores

EXPORTAÇÕES DA INSULAC DUPLICAM EM 2010 A Insulac alargou em 2010 a sua base exportadora, tendo vendido produtos transformados para a Europa, África, Estados Unidos e continente português, no valor de 13 milhões de euros. Em 2009, a Insulac ficou-se, sensivelmente, por metade dessa cifra. Dentro da UE, além do continente, a Insulac vende, sobretudo, a sua manteiga (a granel), leite em pó e soro em pó para Espanha, França, Bélgica, Holanda e Grécia. Mais recentemente, começou a enviar os seus produtos para Marrocos apro-veitando as facilidades comerciais que tem com a UE e pelo facto de ser um país emergente no norte de África, sem grande aptidão, devido ao clima seco, para desenvolver a fileira do leite. “Marrocos é um cliente que temos há relativamente pouco tempo, com bas-tante potencial, e estamos satisfeitos até agora”, enfatiza Costa Leite. O queijo da Insulac também é especial-mente apreciado, entre outros, em

Angola, nos EUA e Canadá, e ainda junto de algumas comunidades portu-gueses radicadas em França. Apesar das limitações decorrentes do facto da Insulac ser uma indústria sedia-da em São Miguel, de pequena dimen-são no contexto mundial, a verdade é que Costa Leite admite a possibilidade da empresa alargar ainda mais os seus horizontes a nível da exportação. “Temos hipótese de desenvolver mais o mercado do norte de África, porque estamos a ver uma boa oportunidade de crescimento lá, como ainda na Gré-cia, que é muito deficitária em termos de produtos lácteos”, ressalvou. Os produtos chegam igualmente ao continente asiático, através da distribui-ção assegurada pela Holanda. A Insulac, que também compra produtos para vender a outras empresas do sector, é a fábrica mais vocacionada para a exportação na Região.

in Açoriano Oriental

BEL TAMBÉM AUMENTA PREÇO DO LEITE

A indústria de lacticínios Fromageries Bel Portugal anunciou que vai aumentar o preço do leite pago aos seus produ-tores açorianos. Esta empresa vai pagar mais 1 cêntimo por litro ao produtor na ilha de S. Miguel.

Para além dessa subida de um cêntimo no preço base, a Bel sobe também 0,25 cêntimos na pontuação da qualidade do leite produzido. Estes valores são retroactivos a 1 de Fevereiro.

in Antena 1 Açores

INSULAC SOBE PREÇO DO LEITE UM CÊNTIMO A Insulac foi a primeira empresa a aumentar o preço do leite em S. Miguel no ano de 2011, pagando mais um cên-timo por litro com retroactivos ao início do mês de Janeiro. Jorge Costa Leite, presidente do Conselho de Administração da empresa, justifica este aumento com a melhoria dos mer-cados neste início do ano. Esta tendência do mercado reflecte-se sobretudo nas cotações dos chamados produtos industriais, sobretudo o leite em pó e o soro em pó.

Nesse sentido, Jorge Costa Leite comu-nicou aos cerca de 300 produtores que entregam o seu leite à empresa do aumento do preço daquela matéria-prima. A Insulac recebe um pouco mais de 65 milhões de litros de leite por ano. Com este aumento do preço, a Insulac passa a ser a empresa que melhor paga o leite à lavoura em S. Miguel, a par da Unileite.

in RTP-Açores

Page 25: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

PSD/AÇORES VAI APRESENTAR PROPOSTA PARA CRIAR OBSERVATÓRIO REGIONAL DO LEITE O PSD/Açores vai apresentar na Assembleia Regional uma proposta para a criação de um Observatório do Leite e Produtos Agro-alimentares. Berta Cabral, presidente do PSD/Açores, anunciou a intenção de apresentar a proposta para a criação deste instituto. “A criação desta entidade é fundamen-tal para garantirmos uma harmonização dos preços das diferentes etapas do leite e produtos agro-alimentares. É importante existir transparência e todos os agentes deste processo devem conhecer os custos de produ-ção”, explicou Berta Cabral, líder dos sociais democratas dos Açores. A criação desta nova entidade vai ser apresentada à Assembleia Legislativa Regional e pretende ser um instrumen-to de apoio aos agricultores dos Aço-res. “É preciso que todos os agentes económicos inseridos nesta cadeia de valor tenham preços compatíveis com os custos de produção. Esta é a forma de garantir margens adequadas para a indústria e produtores”, defende a líder

do PSD/Açores. Berta Cabral considera que a proposta defende os interesses de todos os agen-tes económicos e pretende que todos os partidos na Assembleia “apresentem os seus contributos para garantir um

documento final com as propos-tas de todas as entidades inte-ressadas” na defesa da agri-cultura nos

Açores. A presidente do PSD/Açores reconhece que os produtores “estão muito preo-cupados com o preço do leite, porque existe um conjunto de aumentos nos custos de produção e os agricultores estão a passar por algumas dificulda-des”, frisa. Berta Cabral acrescenta que o executivo regional deverá apoiar os agricultores, porque “o leite é um pilar essencial da nossa economia e está em causa uma área que cria muito empre-go”.

in Açoriano Oriental

NOÉ RODRIGUES DIZ QUE CENTRO DE LEITE E LACTICÍNIOS É MESMO PARA CONCRETIZAR “Quando a indústria e os produtores quiserem, estamos disponíveis para concretizar o Centro de Leite e de Lacticínios, exactamente como preten-derem”. A garantia foi dada ontem pelo secretário regional da Agricultura e Florestas na sequência de uma visita à fábrica de lacticínios Insulac, na Ribeira Seca, concelho da Ribeira Grande. Noé Rodrigues deixou claro que tem “muita vontade em que o Centro avan-ce”, independentemente do governo vir a incorporar ou não esta estrutura de regulação do sector. “A última versão dos estatutos vai ser analisada muito em breve e veremos se as partes têm mais alguma alteração a introduzir. Da nossa parte estamos disponíveis para colaborar”, disse. As declarações do titular da Agricultura surgem pouco depois do PSD/A ter anunciado que vai apresentar em breve no parlamento uma iniciativa legislativa visando a criação de um Observatório do Leite e Produtos Agro-Alimentares nos Açores. Este Observatório, tal

como o Centro de Leite e de Lacticí-nios - anunciado há alguns anos e ainda não concretizado - destina-se a identifi-car os preços praticados na fileira do leite desde a produção, passando pela transformação, até às superfícies comerciais. Na Insulac, Noé Rodrigues salientou o investimento feito pela empresa no sentido de expandir a sua capacidade transformadora e dar mais valor acres-centado aos produtos derivados de leite que labora. Todavia, o responsável pela fábrica disse que o projecto de investimento, orçado em 7,4 milhões de euros, aguarda aprovação pelas enti-dades oficiais desde 2009. Jorge Costa Leite constata o “excesso de burocracias” que torna “mais difícil aprovar projectos comunitários”. Com 300 produtores de leite e 180 trabalha-dores ao seu dispor, a Insulac recebe anualmente mais de 60 milhões de litros de leite e exporta produtos lác-teos para África, Europa e América.

in Açoriano Oriental

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 25

SOCIAIS DEMOCRATAS CHAMAM AdC Os deputados regionais do PSD vão requerer a audição do presidente da Autoridade da Concorrência (AC) pela Comissão de Economia, de modo a que seja apresentado um estudo recente da entidade, que indica fragilidades dos produtores de leite face aos preços pagos pela indústria. "O preço do litro de leite influencia a construção de outros preços, o que levou a AC a fazer um estudo no conti-nente português, que foi entregue na Comissão de Agricultura da Assembleia da República, sobre a fileira do leite. é desse tipo de iniciativas que o sector também precisa entre nós", defendeu António Ventura à saída de uma reu-nião com a Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT). O deputado salientou ainda que "há cerca de três anos, foi anunciada a cria-ção de uma comissão para estudar o preço do leite, que teria, entre outras funções, de indexar o preço do leite nos Açores a um nível nacional", mas que essa comissão não está a reunir. "Isso só revela o desinteresse e a falta de acompanhamento da tutela sobre o assunto", reforçou.

António Ventura acusa o governo de "esquecer que a agricultura, e no caso concreto o leite, encerra o maior sec-tor de exportação da região e é o maior sustento da nossa economia". O deputado social-democrata conside-ra que nos Açores acentuam-se dificul-dades de negociação, dada o maior número de passos intermédios entre produtor e consumidor. "Entre nós falta esse poder negocial à produção, e há ainda poderes abusivos noutros elos da cadeia, designadamente a distribuição e a transformação", sa-lientou António Ventura.

in Diário Insular

Page 26: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

26 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

INLAC REAGE AO REAL DECRETO SOBRE CONTRATOS DO LEITE Finalmente, a organização interprofis-sional láctea INLAC consensualizou uma tomada de posição sobre o pro-jecto de Real Decreto que regulará as relações contratuais, as organizações de produtores e a interprofissão no sector do leite, tendo-a encaminhado para o Ministério de Medio Rural (MARM). No entanto, as organizações que integram a INLAC (ASAJA, COAG, UPA, Cooperativas Agrarias E FENIL) poderão remeter ao MARM os seus comentários individuais.

Assim, a INLAC mostou-se a favor da existência de um contrato vinculativo entre vendedor e comprador de leite cru, prévio à entrega do leite. O con-trato deverá incluir o preço, o volume de leite a entregar, o calendário de entregas e a respectiva duração. A INLAC apoia que o preço estipulado no contrato possa ser fixo ou variável, sendo que neste último caso terá de ser estabelecido algum tipo de indica-dor ou de referência, bem especificado e detalhado. No entanto, seja o preço fixo ou variável, deve levar em conta as características do leite ou da explora-ção. A INLAC também apoia que este novo diploma, não regule apenas as relações contratuais e o reconhecimento das organizações de produtores e das orga-nizações interprofissionais, mas que melhore também a transparência no sector leiteiro, entendendo-se como tal, que se disponha de informação objectiva, fidedigna e em tempo real e que compradores e vendedores de leite tenham igualdade de acesso à mesma. A questão das organizações de produ-tores foi um dos pontos de mais difícil consenso. Durante as discussões reali-zadas no seio da INLAC foi ponderada e discutida a possibilidade de ampliar os objectivos e propósitos das organiza-ções de produtores para lá dos propos-tos no projecto de Real Decreto . Finalmente, chegou-se a acordo sobre um texto mínimo, segundo o qual, as

organizações de produtores devem ter como finalidade ajustar a produção à procura em função dos acordos obti-dos no seio da Interprofissional Láctea, optimizar os custos de produção, pro-porcionar assessoramento ou serviços de substituição aos seus sócios, desen-volver actividades que suponham a pre-servação do meio ambiente e transmitir os acordos da Interprofissional Láctea. Para além disso, as organizações devem ter sido criadas por iniciativa dos pro-dutores que também deverão possuir o controle democrático das mesmas. Em relação aos objectivos das organiza-ções interprofissionais a INLAC mos-trou-se favorável a que se possam encarregar do desenvolvimento de um modelo de contrato e que possa reali-zar acções de monitorização, concilia-ção e informação relativamente às rela-ções contratuais. Por fim, a INLAC apoia que a Adminis-tração aplique os mecanismos necessá-rios para uma implementação equilibra-

DENUNCIADA ENTRADA DE LEITE ESTRANGEIRO NA GALIZA A organização Unións Agrarias (UUAA) denunciou no Servizo Galego de Defensa da Competencia a entrada de leite estrangeiro, sobretudo francês, e presumíveis práticas monopolistas da indústria, “o que impede os produtores de se transferirem livremente entre compradores”. Reclamou, para além disso, maior “transparência no sistema” e que sejam publicados os dados das importações, “para dar solidez e credi-bilidade à iniciativa da Xunta em rela-ção à marca Galega 100%”. A este respeito, a Unións Agrarias (UUAA) adverte que “a consequência da rotulagem daquela marca, deve fazer com que o leite da Galiza deva ter uma cadeia de fabrico completamente autó-noma em unidades de produção sepa-radas, para evitar a possível mistura com leites doutras procedências”. Preços mais baixos Os preços também mereceram uma reflexão crítica daquela organização, que pede à Xunta que explique porque é que os produtores galegos “continuam a receber em média 5% menos que os do resto de Espanha, e

um preço 7% inferior aos dos países excedentários da Europa”. O preço médio do leite na Galiza, asse-gura a Unións Agrarias (UUAA)., foi dois cêntimos inferior ao da França e da Alemanha, onde foi pago, respectiva-mente, a 30,96 e a 30,97 cêntimos, face

aos 28,90 que receberam os produtores galegos. Na comunidade o preço foi, para além disso, 1,34 cêntimos mais baixo do que o do resto de Espa-nha. O preço unicamente estará acima do dos paí-

ses de Leste da Europa. As diferenças em relação à média nacional foram de 4,6%, e dispararam para 7% no caso da comparação com França ou Alemanha. A distância em relação à Holanda é de 8,8%, e com a Dinamarca, de 8,9%. “A subida também se regista no cenário internacional, como se reflecte na evolução positiva com incrementos interanuais nos pro-dutos industriais de 30%», como subli-nha a Unións Agrarias.

in La Voz de Galicia

ENTREGAS SOBEM 2,3% NA CAMPANHA 2010/11 As entregas de leite nos primeiros nove meses da actual campanha leiteira [2010/2011], totalizaram 4.485.093 toneladas, já corrigidas de gordura, o que significa um aumento de 2,3% face a igual período da campanha passada. De acordo com os últimos números divulgados pelo FEGA, as entregas de leite em Dezembro passado atingiram as 503.548 toneladas, 2,1% mais do que no mesmo mês de 2009. Essas entre-gas foram realizadas por 20.660 produ-tores a 314 diferentes compradores. Nos primeiros nove meses de campa-nha, as entregas foram sempre superio-res às dos meses homólogos de 2009, sendo que esse crescimento variou, em cada um dos meses, entre 1,7 e 2,9% (por mês) do que nos meses homólo-gos do ano anterior, sendo que – ape-sar disso – não é esperada uma ultra-passagem da quota leiteira espanhola (as previsões apontam para uma subuti-lização na ordem dos 6%).

in Agrodigital

Page 27: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 27

ROYAL BANK OF SCOTLAND INTERPÕE ACÇÃO E CLESA PODE PERDER 32 MARCAS

O Tribunal de Primeira Instancia n.º 67 detalhou os bens susceptíveis de embargo no procedimento do Royal Bank of Scotland contra o Clesa, entre os quais figuram 56 imóveis, 32 marcas comerciais, participações em duas empresas e direitos de crédito da Clesa em relação a seis distribuidores. O despacho, com data de 28 de Setem-bro de 2010 ao qual a Clesa se opôs (o que paralisa cautelarmente o embargo e será o juiz que agendará uma audiên-cia de confrontação em sede judicial) inclui uma lista de 56 imóveis que "ficam designados como bens susceptí-veis de embargo". Desta relação de imóveis, 34 ou pos-suem hipotecas a favor de distintas entidades (entre elas o próprio RBS, Santander, Banesto e até a Comunida-de de Madrid) ou possuem uma anota-

ção de embargo preventivo a favor da Tesouraria Geral da Segurança Social espanhola. A lista de bens também inclui os direitos de crédito que a Cle-sa ostenta face ao El Corte Inglés, Eroski, Alcampo, Carrefour, Día e a Mercadona, e os referidos à Agencia Espanhola de Administração Tributária. Inclui igualmente uma relação de 32 marcas (denominativas e figurativas) inscritas no registo de patentes e mar-cas OAMI, entre as quais figuram a "Clesa", "Helados Royne", "Letona", "La Levantina", Ryalcao" e "Cacaolat"· O despacho do Tribunal estabelece que também são susceptíveis de embargo as cabeças de gado (porcino e bovino) de que a Clesa é proprietária e que se encontram na sua exploração pecuária Granja Báscones del Agua.

in Efeagro

ENTREPINARES COM INVESTIMENTO DE 25M€ A Queserías Entrepinares inaugurou uma nova unidade industrial próximo de Lugo com um investimento de mais de 25 milhões de euros e onde elabora queijo Havarti, uma variedade origina-riamente dinamarquesa à base de leite de vaca, que será comercializado na Mercadona com a marca Hacendado e substituirá o que é actualmente impor-tado da Dinamarca. A unidade industrial, dotada dos equi-pamentos industriais tecnologicamente mais avançados, fabricará no próximo ano um volume próximo das 3.800 toneladas deste tipo de queijo, para o que utilizará 31 milhões de litros de leite de vaca. A Entrepinares criará nas suas novas instalações um total de 20 postos de trabalho.

in Europa Press

ASTURIANA INVESTE 100 MILHÕES EM CINCO ANOS A Central Lechera Asturiana irá inves-tir 100 milhões de euros nos próximos cinco anos no lançamento de novos produtos que combinam embalagens de plástico e e cartão, depois de facturar 730 milhões de euros em 2010, uma cifra semelhante à de 2009, de acordo com o que explicou o Conselheiro Delegado da empresa, Pedro Astals, acrescentadno que 2010 foi um ano "muito satisfatório", em que a empresa cresceu 2,4% em volume de mercado. Para além disso, entre 2006 e 2010, a Central Lechera Asturiana aumentou em 26% a sua capacidade de geração de recursos, enquanto o resultado bruto de exploração (EBITDA) cresceu 38% nesse mesmo período. A empresa vai investir 100 milhões de euros nos próximos cinco anos no lan-çamento de novos produtos que com-binam plástico e cartão nas suas emba-lagens. Assim, no próximo dia 11 de Abril serão lançados três novos produtos no segmento do leite líquido: Fibra, Jalea Vital e Naturcol, com os quais a Cen-tral Lechera Asturiana espera obter uma quota de 20%. Astals argumentou que o crescimento da empresa se baseia em pequenas ino-vações, como quando em 2000 lançou um novo embalagem brick com tampa, em packs de seis unidades e com asa, o

que supôs um crescimento de de 20% ao mês durante 22 meses consecutivos. Nesse sentido, Astals indicou que a empresa não tem capacidade exporta-dora, mas que o seu crescimento depende de "produtos básicos e dife-renciados."

Previsões 2011 O Conselheiro Delegado previu "nuvens negras" para este 2011, e recordou a compra da participação de 29,9% da Puleva pelos franceses da Lactalis. Além disso, explicou que a marca branca representa mais de 50% da quota de mercado e que a Hacenda-do (Mercadona) é a primeira marca de lacticínios do país, um fenómeno que ele descreveu como "irreversível e sem retorno". Nesse sentido, defendeu uma concen-tração do sector lácteo em Espanha, para impedir o desaparecimento da figura do produtor, e lembrou que em 1986 - o ano em que a Espanha aderiu à Comunidade Económica Europeia (CEE) - existiam 216 mil explorações , enquanto em 2010 o número não ultra-passava as 23.000.

Projecto Apolo A Central Lechera Asturiana planeia lançar na próxima Primavera uma nova linha de leites enriquecidos que serão colocados no mercado com uma nova

embalagem revolucionária, uma novida-de a nível mundial, de acordo com o plano estratégico da empresa. Com este lançamento, a Corporación Ali-mentaria Peñasanta (Capsa), detentora da marca Central Lechera Asturiana, inicia o chamado "Projecto Apolo", que visa reforçar a liderança no segmento de leite líquido e ser líder no dos leites enriquecidos, informou a empresa.

O objectivo do "Projecto Apolo" é alcançar a satisfação máxima do cliente, buscando a máxima eficiência, maior facilidade do consumo, um leite mais natural, melhor sabor e com uma melhor proposta de valor.

in Europa Press

Page 28: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

EDA PREPARA-SE PARA DESAFIOS DE 2011 O presidente da European Dairy Asso-ciation (EDA) falou sobre os principais pontos de preocupação das reformas propostas para a política do sector lácteo na União Europeia. Falando numa reunião anual da EDA na semana passada, Werner Buck disse que conti-nuarão a manter o seu foco nas refor-mas que actualmente estão a ser consi-deradas no seio da UE. "As actuais propostas da Política Agrí-cola Comum (PAC), o ‘Pacote de Qua-lidade’ e o Milk Package merecem o máximo de nossa atenção agora e nos próximos meses", disse ele. Sobre o Milk Package, que está no centro das reformas propostas como uma respos-ta à crise de preços do leite ao produ-tor em 2009, a EDA está preocupada que o foco esteja muito estreito. "A EDA está muito desapontada que as propostas no pacote mirem exclusiva-mente nas relações dentro do sector e não trabalhem nas recomendações para fortalecer a posição dos produtos lác-teos no mercado". A organização já deixou claro que está preocupada com os detalhes das pro-postas existentes, em particular sobre as medidas relacionadas com as organi-zações de produtores e os contratos. No seu discurso, Buck pediu que o

Parlamento Europeu e o Conselho Europeu não restringissem o papel das autoridades nacionais de concorrência ao controle do potencial poder de mercado das organizações de produto-res. A EDA está preocupada que as organi-zações de produtores possam manter um poder de mercado significativo, sem responsabilidade de mercado, porque elas não fazem a distribuição de leite. Outra questão é que, nos países onde muito leite está ligado ao sistema coo-perativo, permitir grandes organizações de produtores poderá fazer com que não haja leite livre para ser movimenta-do. Isso poderá enfraquecer a posição de mercado dos processadores de menor dimensão. Sobre a questão dos contratos, Buck reiterou que a EDA está preocupada com a cláusula que permite que os estados membros da UE introduzam formatos escr itos obrigatór ios. "Quando formatos de contratos obri-gatórios são introduzidos a um nível nacional, prejudicam o mercado único europeu, essencial para o sector leitei-ro da UE". Em relação à agenda de reformas da PAC, Buck pediu cautela, alertando que os pagamentos directos aos produtores

sejam mantidos para garantir que a agricultura continue competitiva. "Os pagamentos directos aos produtores devem persistir para permitir que, por um lado, os mesmos permaneçam com-petitivos e, por outro, para ajudá-los a cumprir com todos os requisitos da UE

em matéria ambiental, de segurança alimentar e de saúde animal". Finalmente, em relação ao ‘Pacote de Qualidade’, a EDA enfatizou a necessi-dade de consistência - particularmente em relação aos diferentes aspectos da rotulagem de origem no Quality Packa-ge e à proposta de Informações dos Alimentos aos Consumidores. O ‘Pacote de Qualidade’ consiste em colocar em prática uma política de sis-temas de certificação e de agregação de valor para produtos agrícolas produzi-dos sobre determinados padrões de qualidade.

in Dairy Reporter/MilkPoint

28 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

MERCADO FORTE IMPULSIONA GLANBIA O grupo alimentar irlandês, Glanbia, previu um forte desempenho para 2010 e disse que comprará a empresa da área da nutrição dos Estados Unidos, Bio-Engineered Suplements and Nutri-tion (BSN) por 145,30 milhões de dóla-res. Numa declaração o grupo, que deverá anunciar os seus resultados completos no início de Março, disse que espera um crescimento de vinte por cento nos lucros ajustados por acção para o ano que terminou em 31 de Dezembro último. Depois de retornar aos lucros na pri-meira metade do ano, a divisão de ingredientes mostrou uma recuperação sustentada na metade final do ano. Isso ajudou a melhorar o desempenho dos lucros operacionais para a unidade Dairy Ireland, com bom crescimento nas receitas comparado com a segunda metade de 2009. Os programas de redução estratégica de custos na Irlan-da também impulsionaram os lucros

operacionais. "Os lucros e margens operacionais de todo o ano para a Dairy Ireland deve-rão ser bem maiores do que em 2009, que foi um ano difícil para essa divisão",

disse a Glanbia. O grupo disse que os resultados totais para os seus produtos direccionados para o consumidor seriam menores do que em 2009 à medida que "as dificuldades económi-cas" na Irlanda continuaram a criar desafios para o ambiente comercial. A unidade de queijos e suplementos dos Estados Unidos do grupo teve for-te crescimento nas receitas na segunda

metade do ano, como resultado das melhores condições do mercado de queijo naquele país e do forte cresci-mento no volume no sector global de suplementos alimentares. Entretanto, os maiores preços do leite, a renova-ção da unidade de queijos de Twin Fall e os menores preços dos queijos afec-taram a divisão de queijos dos Estados Unidos e a Glanbia espera que os lucros operacionais sejam mais fracos do que em 2009. A Glanbia disse que os lucros ajustados por acção deverão crescer em 2011 em onze a treze por cento, quando a aquisição da BSN estiver incluída. A BSN, que está a ser adquirida numa base livre de dívidas, tem sede na Flóri-da, desenvolve, fornece e distribui pro-dutos nutricionais para saúde, treino, desenvolvimento psicológico e perfor-mance. A Glanbia disse que a aquisição aumen-tará "significativamente" o desempenho do seu portfólio nutricional.

in IrishTimes.com/MilkPoint

Page 29: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 29

BRASIL COM RECORDE DE IMPORTAÇÕES LÁCTEAS

Os dados da balança comercial de pro-dutos lácteos indicaram um aumento do déficit de 466 milhões para 499,2 milhões de litros de leite no último ano, conforme é apresentado na "Balança 2010: mais leite e maior déficit sobre 2009". Grande parte desse acrés-cimo deu-se em Dezembro, quando se verificaram importações recorde, prin-cipalmente, de queijo e leite em pó. O último mês do ano foi responsável por 23% do déficit 2010, ou seja, o cresci-mento correspondeu a cerca de 115,8 milhões de litros a mais de leite. Resul-tado da exportação equivalentes a 13,9 milhões de litros e importações recor-de de 129,7 milhões de litros. As importações foram impulsionadas basicamente por dois factores: a taxa de câmbio real/dólar que chegou ao seu menor valor do ano aumentando o poder de compra do Brasil e favore-cendo a entrada de produtos lácteos no país e a crescente procura, não acompanhada para evolução da oferta, o que permitiu a manutenção dos pre-ços a um nível elevado, com o mercado

de queijos a apresentar os melhores resultados. Nesse sentido, houve um expressivo volume de leite a ser importado sob a forma de queijos. Foram 64,7 milhões de litros de leite representando quase 50% das importações em Dezembro e 9,5% do total das importações de 2010 (680,9 milhões de litros). A quase tota-lidade desse volume veio dos países vizinhos: Argentina e Uruguai, respon-sáveis por 50,8% e 44,7%, respectiva-mente. Os altos volumes importados em Dezembro, aliado a uma redução do consumo no início do ano levaram a uma queda nos preços do queijo na primeira quinzena de Janeiro. Outro produto que teve importante peso na balança foi o leite em pó, res-pondendo por 20% das importações de Dezembro, ou seja, o equivalente a 26 milhões de litros de leite. A origem das importação do produto (leite em pó inteiro, desnatado e semi-desnatado) foi também a Argentina e o Uruguai, com 41,6% e 56,7%, respectivamente.

in Milkpoint

PREÇOS EM FRANÇA SOFREM ALTERAÇÕES A interprofissional láctea regional da Bretanha e Pays-de-Loire (Cilouest) estabeleceu o preço de referência do leite para o mês de Fevereiro em 0,3247 €/l. Este preço provem da seguinte fórmula: 0,3001 €/l (preço médio de referência em 2010, definido pelo Cilouest) + 0,0346 €/l (índice eco-nómico da interprofissional nacional CNIEL) – 0,01 €/l (índice sazonal). O índice económico do CNIEL é esta-belecido para empresas com 20% da sua actividade focada na fabrico de pro-dutos industriais, cujos preços são os que mais dependem do mercado mun-dial (o CNIEL estabelece também índi-ces para as empresas com 30 a 40% de fabricação de produtos industriais). No índice do CNIEL está incluído o indicador de competitividade. A finali-dade do objectivo deste é que o preço do leite francês não se distanciem dos preços de leite alemães. De acordo com este indicador, em 2011, o preço do leite em França não poderá ser superior ou inferior a 8 euros ao ale-mão. Outro parâmetro que é levado em conta na definição do preço é o da chamada "flexibilidade adicional", que para o primeiro trimestre de 2011, é definido em –0,001 €/l. A Cilouest publica mensalmente preços de refe-rência. O de Janeiro foi de 0,3227 €/l, ou seja 0,002 €/l inferior a Fevereiro. A interprofissão da Baixa Normandia (Cirlait) fixou, por seu lado, um preço do leite ligeiramente mais baixo do que aquele que foi definido pela Cilouest. Para Fevereiro, o preço ficou estabele-cido em 0,3153 €/l, resultando da seguinte fórmula: 0,2957 €/l (preço médio de referência em 2010, do Cir-lait) + 0,0346 €/l (índice económico da CNIEL) – 0,015 €/l (índice sazonal).

in Agrodigital

BONGRAIN COMPRA A ARGENTINA MILKAUT A francesa Bongrain concordou em

comprar 54% da cooperativa argen-tina Milkaut, que pertencia à Asocia-ción de Unión Tamberos (AUT).

Dessa forma, a Bongrain - que já pos-suía 40% da companhia - passa a con-

trolar quase a totalidade da empresa. Os bancos credores deram seu con-sentimento para que se pudesse reali-zar a operação. A cooperativa leiteira receberá cerca de 2,5 milhões de dólares e ficará livre das dívidas com a Milkaut. Os franceses prometem investir 10 milhões de dóla-res na empresa.

O principal problema da Milkaut era a sua dívida, que não pôde renegociar por sua própria conta e levou a AUT a procurar ajuda. A cooperativa tinha uma dívida de 52 milhões de dólares. Aos credores, a Bongrain pagou uma parte em dinheiro e, o resto, será pago a longo prazo, ainda que não tenham sido divulgados os valores e prazos exactos.

in Diário Clarín/MilkPoint

BRIGHT FOOD LIDERA CORRIDA PELA YOPLAIT

A empresa chinesa Bright Food apre-sentou a melhor oferta para a aquisição da participação que está nas mãos do fundo de investimentos francês de PAI Partners de exactamente 50% do capi-tal social da Yoplait, a um preço que valorizaria a empresa láctea gaulesa em 2.300 milhões de dólares O conglomerado chinês ofereceu o preço mais alto de entre as nove pro-postas apresentadas e em que se icluí-ram as da norte-americana General Mills, a suíça Nestlé, a mexicana Grupo Lala e as francesas Lactalis, Bel e ainda o fundo Axa Private Equity.

Fontes próxi-mas do pro-cesso assegu-ram que a Yoplait prefe-riria um com-

prador francês mesmo que a respectiva proposta apresentasse um preço mais baixo. A Administração da segunda maior empresa de iogurtes à escala global (logo depois da Danone) reunir-se-á esta semana para avaliar as ofertas e elaborará uma listagem de possíveis candidatos em finais de Fevereiro.

in Club Darwin

Page 30: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

30 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

MEGA-FUSÃO NO SECTOR LÁCTEO ALEMÃO ambas de matriz cooperativa, anuncia-ram há dias que seus membros aprova-ram a fusão proposta no ano passado, com 98,5% de votos favoráveis. Essa decisão resultará na formação do maior grupo de lacticínios alemão, que se chamará DMK Deutsches Milchkontor GmbH (DMK).

A nova empresa, que resulta da fusão, começará provavelmente as suas activi-dade no início do próximo mês de Abril de 2011. As duas empresas, ambas com as suas raízes em organizações cooperativas, são já as maiores processadoras de leite e produtos lácteos da Alemanha. O grupo pós-fusão processará 6,7 milhões de toneladas de leite, forneci-dos por 11.100 produtores que são membros das cooperativas accionistas, terá 24 unidades industriais e 5.500 coplaboradores. Com vendas de cerca de 4,8 mil milhões de euros, segundo dados de 2008, a DMK ficará entre as 10 maiores empresas lácteas da Europa. Os principais responsáveis das duas empresas chegaram a acordo sobre os principais pontos da futura estrutura corporativa em Novembro do ano pas-

sado. Assim como as empresas matri-zes, as cooperativas permanecerão não afectadas pelos planos de fusão. A Humana e a Nordmilch vêem traba-lhando juntas já há algum tempo e com crescente sucesso. Por essa razão, a fusão representa um desenvolvimento lógico e consistente. A meta da fusão entre as duas empresas é obter preços atractivos e estáveis do leite para os membros das cooperativas das duas empresas. Uma série de objectivos foram deter-minantes para isso, como a expansão da liderança no mercado dos queijos, o crescimento na rentabilidade dos pro-dutos com marcas próprias e garantia de participação de mercado da empresa na "linha branca" de produtos lácteos frescos. Será dada ênfase à expansão da divisão de ingredientes, para gelados, alimentação infantil e produtos voltados para a melhoria da saúde e bem estar. A unidade de de gelados será um foco especial da DMK, sendo que será, ainda durante 2011, formada uma empresa autónoma e juridicamente independen-te, para garantir que o seu desenvolvi-mento receba atenção especial.

in MilkPoint

FRIESLANDCAMPINA SÓ QUER LEITE DE VACAS QUE PASTEM NO EXTERIOR

A cooperativa holandesa FrieslandCam-pina (FC), a empresa de lacticínios mais importante de Holanda, acordou que, a partir de agora, toda o leite que produ-za terá que proceder de vacas que pas-tam no exterior. Actualmente, 80% dos seus sócios, cujo número alcança os 15.300 distribuídos pela Holanda, Bélgi-ca e Alemanha, têm as suas vacas a pastar no exterior. No entanto a Direcção da cooperativa decidiu que essa percentagem tem que cegar aos cem por cento, para que con-sumidor perceba e aceite o leite como um produto rural. Esta é uma das medidas que a Fries-landCampina decidiu dentro da estraté-gia planificada pela cooperativa para uma produção sustentável. É o chama-do Roadmap 2020. Outro objectivo desta estratégia passa por um efeito climático neutro, a nível da produção leiteira e transformação do leite. Não obstante, esta estratégia de sustentabili-dade tem que seguir a par de uma vigi-lância dos custos para que não seja perdida competitividade internacional.

Actualmente, a cooperativa está a orga-nizar um conjunto de workshops para discutir com os sócios como deverá ser aplicada esta estratégia (nos quais se inscreveram 4.500 sócios) e que terão lugar em Fevereiro e Março. Na Primavera será desenvolvido um protó-tipo, que será experimentado durante o Verão. No final desse trimestre, a cooperativa apresentará um conjunto de propostas para a sua aplicação a partir de 1 de Janeiro de 2012.

in Agrodigital

DANONE PREVÊ AUMENTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS A Danone anunciou que prevê aumen-tar alguns preços este ano e alcançar ganhos de produtividade para compen-sar a subida entre 6 e 9% nos preços das matérias-primas. A maior fabrican-te mundial de iogurtes estima que o preço do leite aumente entre 5 e 8%. Ainda assim, a empresa francesa prevê um pequeno crescimento na margem operacional este ano, apoiado na redu-ção de custos na Rússia. O grupo francês adiantou que as ven-das deverão aumentar entre 6 e 8%este exercício, depois dum crescimen-to de 6,9% no último trimestre de 2010, apesar da subida do preço do leite e das condições económicas difí-ceis, principalmente em países do sul

da Europa, como Espanha. A margem de lucro operacional manteve-se nos 15,2% no ano passado e deverá crescer para 15,4% este ano, referiu a Danone. Analistas afirmaram que "as previsões para 2011 mostram que o grupo está mais confortável do que os competido-res perante o aumento dos preços das matérias-primas". Franck Riboud, CEO da empresa, não antecipou grandes alterações no consu-mo nos países industrializados e nas economias emergentes, mas insistiu ao crescimento na Rússia depois de ter anunciado uma fusão com a Unimilk no final do ano passado para se tornar líder nos produtos lácteos no país.

in Oje

Page 31: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 31

GOVERNO APROVA CRÉDITO DE 50 MILHÕES O Governo aprovou uma linha de cré-dito de 50 milhões de euros destinada sobretudo a empresas do sector pecuá-rio e reabriu uma linha de crédito de 20 milhões de euros para o sector das pescas. As medidas do executivo foram anunciadas em conferência de impren-sa, no final do Conselho de Ministros, pelo secretário de Estado Adjunto da Agricultura e Pescas, Luís Vieira. "O Governo está a dar resposta às empresas do sector agrícola, sobretudo do sector pecuário, face à subida dos custos das matérias-primas", justificou o secretário de Estado. A linha de cré-dito para o sector agrícola chega aos 50 milhões de euros, "tendo um juro boni-ficado com um período de seis anos e com dois anos de carência". "Trata-se de uma linha de crédito extremamente atractiva, que irá permi-tir às empresas melhorar a sua situação em termos de tesouraria", sustentou o membro do Governo. O secretário de Estado adiantou ainda que o Governo decidiu reabrir "uma linha de crédito para o sector das pescas no montante

de 20 milhões de euros". "Queremos melhorar o desenvolvimento do investi-mento no Programa Operacional das Pescas", justificou. O Ministro da Agricultura, por seu lado, disse que a escalada no preço das matérias-primas e dos alimentos a nível mundial é uma preocupação de toda a sociedade e o maior problema com a mesma se debate hoje em dia. António Serrano defendeu ser necessário encontrar «novos instrumentos para tornear o problema», comentando a informação da ONU de que os preços dos alimentos a nível mundial atingiram um novo recorde em Janeiro. António Serrano disse que a escalada dos preços é «uma preocupação de toda a sociedade e o maior problema com a mesma se debate hoje em dia», tendo referido que a mesma «resulta de dois factores concretos e de uma variável, que a eles se associa» para agravar o problema. «Por um lado, resulta do aumento da procura com a população mundial com melhor poder de compra a adquirir produtos que

MINISTRO APOSTA NA PRODUÇÃO NACIONAL António Serrano frisou a importância de apostar em produtos nacionais e disse concordar com a CAP, que defen-de uma maior regulação dos preços dos alimentos. No entanto, lembrou que Portugal não o pode fazer sozinho. «Os preços não podem ser regulados apenas ao nível de cada país. Isso é um assunto de coordenação comunitária. Tem que haver de facto uma capacida-de de vigilância, coordenação e regula-ção. Como não temos fronteiras fecha-das, significa que as pessoas vão com-prar os produtos onde é mais barato», disse o ministro da Agricultura. Assim, o governante defendeu a aposta nos produtos nacionais para controlar os preços dos alimentos. «Nós não temos condições para produzir tudo o que consumimos e, infelizmente, consu-mimos cada vez mais produtos que nunca podemos produzir em Portugal, como por exemplo carne brasileira ou argentina. Agora se consumir carne alentejana, com certeza, está a ajudar a produção nacional», explicou.

in TSF online

CRISE ESTÁ A FAVORECER MARCAS BRANCAS

Um produto de marca branca chega a ser 50% mais barato do que um de marca, mesmo quando o fabricante é o mesmo. Quem o diz é um grupo de consumidores seguido durante 10 visi-tas às compras. A Centromarca con-testa esta ideia e classifica-a de "mito". Um estudo promovido pela agência de publicidade BBZ, realizado pela Magma Research, confirma que os consumido-res portugueses estão a seguir a ten-dência da Europa e a optar pela com-pra das marcas de distribuidor (MDD) em detrimento das marcas de fabrican-te (MDF). Na base desta mudança, que tem sido mais forte nos últimos cinco anos, está a questão financeira. A DECO realizou o seu próprio estu-do e publicou os resultados há uma semana: os produtos alimentares de marca própria são em média 30% mais baratos do que os MDF. O estudo, "Marcas de Distribuição versus Marcas de Fabricante", foi apre-sentado na Escola de Gestão do Porto, conclui que sempre que os consumido-res são confrontados com um orça-mento mais baixo do que o habitual, "o

carrinho de compras semanal é consti-tuído maioritariamente por MDD". No entanto, mesmo com orçamentos mais reduzidos, os consumidores não dispensam a compra das marcas de referência no mercado ao comprar azeite, detergentes para a roupa e loiça, produtos de higiene pessoal, como os dentífricos, manteiga, cereais, iogurtes e batatas fritas para as crianças. Ao contrário, quando sobra dinheiro, compram sobretudo MDF, mas não se importam de comprar marcas próprias dos hiper e supermercados quando se trata de guardanapos, papel higiénico, lixívia, produtos de limpeza básicos e leite e iogurtes para adultos. Os inquiridos consideram que os pro-dutos de distribuidor são semelhantes aos dos das marcas de fabricantes. Porém, João Paulo Girbal, presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca (Centromarca), que tem mais de 1.000 marcas, revela que apenas 6% dos fabricantes de mar-ca também fornecem produtos de mar-cas de distribuição.

in Jornal de Notícias

antes não comprava e com isso a criar uma enorme pressão», disse, apontan-do para os exemplos de países como a China, a Índia e os países em desenvol-vimento. «Por outro lado», continuou, «associam-se a este problema os movimentos financeiros a actuar nos mercados que encontram aqui uma oportunidade de valorização dos seus investimentos e criam pressão sobre o preço dos ali-mentos e das matérias-primas». O Ministro da Agricultura referiu uma terceira componente, que classificou de «uma variável difícil de resolver», como é o caso das alterações climáticas, res-ponsáveis, no seu entender, pela des-truição de muita produção e pela redu-ção dos stocks disponíveis. «Este é um problema que deve ser ana-lisado ao nível da concertação de todos os países, porque todos os Estados membros ficam muito fragilizados e porque é no seio da Comissão Euro-peia, com os seus parceiros e com a OMC, que se deve encontrar novos instrumentos para tornear esta dificul-dade», defendeu.

in Agência Lusa

Page 32: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

32 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

SONAE E JM APOSTAM NAS MARCAS PRÓPRIAS

Os dois grupos de distribuição portu-gueses estão a investir cada vez mais na expansão da marca própria, com a cria-ção da categoria 'Gourmet' pelo Conti-nente e da gama 'Pura Vida" pelo insíg-nia Pingo Doce. "A marca própria Continente é um segmento em expansão e representa actualmente 25% das vendas de produ-tos de grande consumo do retalho ali-mentar da Sonae MC (exclui perecíveis e não alimentar), com 2.400 referên-cias", afirmou fonte do Continente. Segundo fonte oficial do grupo Jeróni-mo Martins, a marca Pingo Doce com 2.011 referências, das quais 191 lança-das no último ano, significa 40% do volume de negócios da empresa, acres-centando que "vai apostar na sub-gama 'Pura Vida' e na reformulação nutricio-nal dos produtos para os adaptar às necessidades dos consumidores. Recentemente, a Sonae lançou o Conti-nente Gourmet, uma gama diferencia-da, com o objectivo de "enriquecer a proposta de valor, indo ao encontro das expectativas dos clientes". A Jerónimo Martins considera "a marca própria um pilar estratégico na diferen-ciação do Pingo Doce" e a Sonae, na apresentação dos resultados prelimina-res do retalho, atribuiu o aumento do volume de negócios da Sonae MC em cinco% em 2010, para 3.275 milhões de euros, ao investimento constante em produtos de marca própria. A Sonae Distribuição lançou marcas próprias em 1991, com categorias em volume e quantidade, como conservas, bolachas secas, arroz, óleo, azeite, mas-sas, farinhas, molhos e detergentes. Também a Jerónimo Martins começou o seu investimento em marcas pró-prias, no início na década de 90, em bens essenciais, como arroz, farinha ou o açúcar. O consumo das marcas próprias da grande distribuição aumentou em Por-tugal nos piores anos da crise, em 2008 e 2009, e actualmente representa 25% do mercado alimentar, segundo a asso-ciação das empresas de distribuição (APED). "Especialmente em momentos de crise económica, o consumidor está mais disponível para optar por uma solução que oferece um relação de qualidade/preço mais interessante", disse recentemente o presidente da APED, Luís Reis. Outra razão do

aumento do consumo de marcas pró-prias, em especial no mercado alimen-tar, é o facto do distribuidor estar a introduzir cada vez mais produtos de marca própria.

...viram-se para mercearias A concorrência entre a Sonae e a Jeró-nimo Martins vai extravasar as grandes superfícies. As duas empresas vão pas-sar a lutar pelo domínio das mercearias de bairro. A marca «Amanhecer», que resulta de uma parceria entre o Recheio (do grupo JM ) e os proprietá-rios de lojas alimentares de pequena e média dimensão, vai ter o seu primeiro teste com a abertura das primeiras unidades em Viana do Castelo e na Baixa de Lisboa. O projecto vinha sendo desenvolvido já há um ano e não assenta no franchising. É, na verdade, nada mais, nada menos do que uma reconversão e adaptação da loja de comércio tradicional à nova marca, que terá também os seus pró-prios produtos - no arranque serão 130 «O comércio tradicional e os valores que lhe estão associados têm espaço para renascer», disse o director-geral do Recheio, David Lopes, no lançamen-to do projecto, acrescentando que este é “o nosso contributo para manter viva a tradição do comércio alimentar e, por essa via, fidelizar e aumentar a nossa base de clientes, por um lado, e apro-fundar relações comerciais já existen-tes, por outro”. A ambição é a de abrir 20 a 25 lojas «Amanhecer» até ao fim do ano.

Meu Super é, por seu lado, o nome da nova insígnia de supermercados que a Sonae vai lançar em regime de franchi-sing, sobretudo em zonas habitacionais. A ideia é que pequenos comerciantes com lojas de proximidade entre os 150 e os 1000m2, ou novos empresários que queiram entrar no retalho alimen-tar, possam vir a integrar a futura rede de lojas do grupo. Quando aderirem, além de passarem a comercializar pro-

dutos da marca própria Continente, poderão utilizar sistemas informáticos iguais aos dos restantes espaços comerciais da Sonae bem como da pla-taforma logística do grupo.

“A unidade de retalho alimentar da Sonae [Sonae MC] pretende acelerar a sua expansão em Portugal, reforçando a sua liderança de mercado, onde regis-tou um volume de negócios de 3.275 milhões de euros, em 2010”, explica um comunicado da Sonae, que anuncia ainda que está a preparar outra nova área de negócio, dedicada ao comércio grossista e às lojas de conveniência. Através do Continente Horeca, a intenção é fornecer clientes profissio-nais que operam nos ramos da hotela-ria, restauração e cafés, instituições públicas e privadas (lares, estabeleci-mentos de ensino) e lojas de conve-niência de gasolineiras, com serviço de entrega à porta destes clientes.

... e voltam à luta publicitária A crise económica fez aguçar o enge-nho criativo das empresas de distribui-ção Continente e Pingo Doce, que vol-tam a protagonizar, em 2011, uma tro-ca de "galhardetes" publicitários, nas suas actuais campanhas. Depois de no arranque do ano, a Jeró-nimo Martins ter comunicado que no Pingo Doce o aumento do IVA é 0% - e ter sido questionado pelo ICAP, atra-vés de um parecer não-vinculativo como podendo estar a incorrer em publicidade enganosa -, agora é a vez do Continente pôr em causa a estraté-gia do concorrente, ao insinuar na sua campanha que o Continente "não dá cantigas" aos seus clientes, mas oferece-lhe "10% de desconto em cartão, em todos os produtos". Questionado sobre a possibilidade de ter activado o "plano de comunicação de guerrilha", fonte do Continente assumiu que "lançou em Janeiro uma campanha publicitária que dá continui-dade à linha de comunicação ‘Eu Conto com o Continente' mas adaptada aos desafios colocados para 2011".

in Lusa/Ag.Financeira/D.Económico

Page 33: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 33

NOVO GUIA RECOMENDA MAIS PRODUTOS LÁCTEOS PARA CRIANÇAS O Guia Dietético para Americanos, dos Estados Unidos, que foi recentemente revisto, aconselha as crianças com ida-de de quatro a oito anos a aumentar o seu consumo diário de produtos lác-teos de duas porções para duas por-ções e meia por dia. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), órgão responsável pelo guia, as evidências actuais mostram que a ingestão de leite e produtos lácteos está relacionada com a melhor saúde dos ossos, especialmente em crianças e adolescentes. "O guia enfatiza a impor-tância de estabelecer bons hábitos de consumo de leite na juventude, à medi-da que aqueles que consomem leite nos primeiros anos de vida têm mais proba-bilidades de o fazer quando adultos". O consumo de produtos lácteos está também associado com um menor ris-co de doenças cardiovasculares, diabe-tes tipo 2 e menor pressão arterial em adultos, refere a USDA. "O leite é a principal fonte alimentar de três dos quatro nutrientes que o guia identificou como carentes na dieta americana - cálcio, vitamina D e potássio". Entretanto, o USDA disse que os norte-americanos não cumprem essas reco-mendações, embora elas tenham sido

estabelecidas anteriormente pelo Guia Dietético para Americanos e apoiada por organizações de saúde independen-tes. O Guia Dietético para Americanos é revisto a cada cinco anos visando reflectir as mudanças no conhecimento na área nutricional ao longo do tempo. As directrizes incluem uma revisão do consumo contemporâneo nos Estados Unidos de vários alimentos e nutrientes que avalia áreas em que o consumo pode ser inadequado ou excessivo. Muitas das recomendações de 2010 continuam idênticas às de 2005. O con-sumo diário recomendado de produtos lácteos com baixo teor de gordura para adultos ou crianças com nove anos ou mais é de três porções por dia, com duas porções ainda sendo aconselhadas para crianças de dois a três anos. Os produtos lácteos, de acordo com o guia, são definidos como todos os lei-tes, iogurtes com lactose reduzida, iogurtes congelados, sobremesas lác-teas, queijos e bebidas de soja fortifica-das. Creme de leite, coalhada e queijos cremosos não foram incluídos como parte do grupo de lácteos devido a seu baixo teor de cálcio. As mudanças na versão de 2010 estão relacionadas às estratégias para conter

o excesso de peso. "O ponto principal é que a maioria dos americanos preci-sam reduzir as suas cinturas para redu-zir os riscos de desenvolvimento de doenças crónicas relacionadas com a dieta", disse o secretário da Agricultu-ra, Tom Vilsack.

As recomendações revistas incluem um consumo máximo diário de sódio de 1.500 mg para grupos que representam cerca da metade da população em geral e a maioria dos adultos - especifica-mente, aqueles com idade de 51 anos ou mais, para os afro-descendentes e aqueles com hipertensão, diabetes tipo 2 ou doenças crónicas de rim.

in Dairy Reporter/MilkPoint

CONSUMO DO LEITE ASSOCIA-SE À SÉRIE “MORANGOS COM AÇÚCAR” A Federação Nacional das Cooperati-vas de Produtores de Leite em Portugal (FENALAC) é responsável por uma das maiores campanhas de sensibilização para os benefícios do leite já realizada em Portugal, iniciativa que integra um programa da União Europeia que decorre em 11 estados-membros entre 2010 e 2012.

Nesse âmbito, a Federação lançou um passatempo dirigido aos estudantes do

segundo e terceiro ciclos das escolas portuguesas: “Leite, Morangos… Acção!”. A iniciativa vai distinguir os 10 finalistas que melhor escrevam e repre-sentem um guião, e levá-los a um cas-ting que terá lugar nos Estúdios da Plu-ral, onde é gravada a série “Morangos com Açúcar”. O júri seleccionará os dois vencedores

que, no final do ano lec-tivo, terão como pré-mio a participação num episódio da série. «Para chegar a este segmento é fundamental falar a linguagem dos jovens e utilizar ícones e perso-nagens que façam parte do seu imaginário, sem com isto relegar para segundo plano a escola como espaço de apren-

dizagem», referiu Fernando Cardoso, secretário-geral da FENALAC.

A Federação está visivelmente focada em comunicar com públicos-alvo estra-tégicos nesta campanha de sensibiliza-ção, lançará na Primavera um passatem-po que desafiará jovens e jovens adul-tos portugueses a provar que têm um “Corpinho de Leite”. De todos os ins-critos serão seleccionados 50 candida-tos, que integrarão um casting perante um júri composto por figuras públicas ligadas à moda, por representantes de uma agência de manequins, da FENA-LAC e por nutricionistas. Para os 10 finalistas está reservada uma sessão fotográfica, que lhes permitirá obter o seu book de moda. Paralela-mente, ganham o direito a estar pre-sentes no encerramento da iniciativa “Corpinhos de Leite”, que decorrerá durante um evento de moda a anunciar e onde serão eleitos os dois grandes vencedores, premiados com um con-trato com uma agência de manequins.

in Marketeer

Page 34: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

34 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

LEITE EM PÓ COM VALOR MÁXIMO PÓS-2008

Os preços lácteos de exportação de produtos lácteos da Oceânia e da União Europeia apresentaram expressi-vas subidas para a quase totalidade dos produtos comercializados face à última quinzena, segundo dados do Departa-mento de Agricultura dos Estados Uni-dos (USDA). Os preços de leite em pó inteiro em ambas as regiões atingiu o seu valor mais dos últimos 2 anos. Na União Europeia, o leite em pó intei-ro (WMP) e o leite em pó desnatado (SMP) foram os destaques em conse-quência de stocks praticamente inexis-tentes dos produtos e da valorização do euro face ao dólar. Mesmo com a oferta a recuperar em países importan-

tes em Janei ro , c o m o A l e m a -nha e F r a n ç a , a i n d a não foi suficiente para se e q u i p a -rar à f o r t e procura, principal-

mente da Rússia e China. O leite em pó inteiro teve uma valori-zação de 11,4% face à última quinzena e fechou a 4.625 dólares/tonelada. Em comparação com o mesmo período do ano anterior a valorização foi de 36%. Para o leite em pó desnatado o ganho frente à última quinzena é ainda mais expressivo, de 12,8%. O produto ficou em média a 3.750 dólares/tonelada, apresentando um ganho sobre o mes-mo período em 2010 de 35%, justifica-do principalmente pela redução dos stocks de cerca de 27% no período. Na Oceânia, os ganhos seguiram o comportamento do leilão da Fonterra, em torno dos 6%. O preço médio do leite em pó inteiro ficou em 4.087,5 dólares/tonelada e o desnatado em 3.800 dólares/tonelada, apresentando altas de 5,8% e 6,3%, respectivamente, face à última quinzena. Sobre o mesmo período do ano anterior as subidas foram de 29,8 e 38,2%. A valorização dessas duas commodities tem origem no clima. A Austrália tem sofrido com excessos de chuvas nas regiões de Queensland e Victoria, que responde por quase 70% da produção do país, e a Nova Zelândia tem vivido um período de seca alargado.

in USDAP/MilkPoint

LEILÃO DA FONTERRA VALORIZA LEITE EM PÓ EM OITO POR CENTO Os preços do quarto leilão de 2011 da Fonterra, realizado esta semana apre-sentaram uma nova subida, seguindo tendência e impulsionados por outras commodities, em especial o milho e a soja, e pelo preço do leite em pó inte-gral. O preços médio de todos os pro-dutos fechou 4.540 dólares/tonelada, ou seja 3,9% acima do último leilão. Este é o valor mais alto desde que estes leilões se começaram a realizar em Julho de 2008. O preço médio do leilão sofreu uma grande influência do leite em pó inteiro, que teve uma valorização de 7,9%, ficando no preço médio de 4.320 dóla-res/tonelada, próximo do maior valor até agora registado de 4.395 dólares. A valorização deu-se em face das incerte-zas na oferta de leite na Nova Zelândia e Austrália, devido às adversidades cli-matéricas e à alta dos preços dos cereais, com forte impacto nos custos de produção e possibilitando uma mar-gem para o incremento dos preços.

Na semana passada, o USDA reduziu a sua estimativa de stocks de milho e indicou um aumento do direcciona-mento do produto para o etanol, para cerca de 40%, perspectivando novas subidas para as cotações daquele cereal. Outra possível implicação é o aumento dos preços do petróleo, o que sugere um crescimento da procura de importantes países importadores de produtos lácteos, para além da forte procuras já sentida por parte da Rússia e da China. A média dos preços do leite em pó desnatado ficou praticamente estável (mais 0,7 por cento) em 3.898 dólares a tonelada, após atingir o seu maior valor histórico no último leilão (3.913 dólares/tonelada).

in Fonterra/MilkPoint

PREÇO DO LEITE ESPANHOL VOLTOU A SUBIR

De acordo com os dados disponibiliza-dos pelo Fondo Español de Garantía Agraria (FEGA), o preço do leite no mercado espanhol continua a recuperar depois dos baixos preços recebidos pelos produtores nos meses anteriores. O preço médio do leite no passado mês de Dezembro foi de 0,322 euros/kg, ou seja 0,3 cêntimos mais alto do que o preço de Novembro e 1,62 cên-timos mais alto do que o preço de Outubro. Não obstante, o preço espanhol conti-nua a manter-se em nível inferior ao do preço médio comunitário. No mês de Novembro, que é ainda o último valor disponibilizado pela Comissão Euro-peia, o preço médio comunitário situou-se nos 0,337 euros, enquanto o preço espanhol ficou 1,8 euros abaixo. Aquele preço médio comunitário é, para além disso, ligeiramente superior ao calculado pela organização holande-

sa LTO, que, a partir de uma amostra de dezoito dos mais importantes reco-lhedores de leite no território da União Europeia, estabelecia para Novembro um preço médio de 0,3323. Foram, entretanto, divulgados por aquela orga-nização os preços médios de Dezem-bro e verifica-se uma quebra de quase um cêntimo por quilo, colocando-se o novo preço médio em 0,3229 euros. Considerando os preços praticados em Portugal, Dezembro apresentou novas subidas colocando o preço médio (combinado entre Continente e Aço-res), de acordo com os valore apresen-tados pelo GPP, do Ministério da Agri-cultura, em nível similar ao de Espanha e ao calculado pela LTO para esse mês (0,322 euros). Este valor é 1,4 cêntimos superior ao de Novembro e situa-se 2,2 cêntimos acima do preço de Outu-bro.

in Agrodigital/ANIL

Page 35: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

■ Informação ANIL Fev 2011 ■ 35

PREÇO DO LEITE NA UNIÃO EUROPEIA DESCEU QUASE UM CÊNTIMO O preço médio pago pelas empresas de lacticínios europeias ficou em 0,3229 euros/kg em Dezembro de 2010, face a 0,2775 euros/kg do mesmo mês de 2009, representando um aumento de16,3 por cento, segundo dados da organização holandesa LTO. Estes dados reflectem uma descida do preço médio pago pelas empresas lácteas europeias em Dezembro de 2,8 por cento relativamente a Novembro, onde aquele preço era de 0,3323 euros/kg. A organização destacou que, de acordo com dados provisórios, a produção de leite na União Europeia entre Janeiro e Outubro de 2010 foi de 1,1 por cento superior à verificada no mesmo perío-do do ano anterior. Como sublinha, em alguns Estados-Membros, a produção de leite subiu a níveis que não se haviam alcançado nos três anos prece-dentes, embora o clima frio registado em Dezembro possa ter limitado esse aumento. A LTO indica que a volatilidade dos mercados de divisas, as tensões políti-cas no Norte da África e Médio Orien-te, assim como recuperação económica menor do que a esperada pode provo-car “facilmente” incerteza no mercado. Em relação aos preços do leite nos Estados Unidos, os dados da organiza-ção holandesa apontam para um preço de 0,2614 euros/kg, alcançado em Dezembro, 2,9 por cento acima do do mesmo mês do ano anterior, mas 8,1 inferior ao preço de Novembro de 2010. Na Nova Zelândia, por sua vez, os pre-

ços do leite em Dezembro chegaram a 0,3112 euros/kg, uns impressionantes 37,8 por cento acima do preço de Dezembro de 2009 e 0,6 por cento superior à cifra de Novembro de 2010, de acordo com a LTO. Comportamentos distintos

de país para país A belga Milcobel belga não alterou o seu preço em Dezembro, tal como havia já acontecido em Novembro, situando-se em 0,3375 euros/kg. Da mesma forma, a alemã Alois Müller não modificou o seu preço em Dezembro. A cooperativa alemão Nordmilch redu-ziu o preço-base de leite em 0,01 euros, de 0,33 euros em Novembro, para 0,32 euros em Dezembro. A coo-perativa alemã Humana Milchunion

reduziu o preço em 0,0165 euros, mas os produtores receberam um pagamen-to adicional de 0,0065 euros, por isso preço calculado ficou fixado em 0,3080 euros/kg. A holandesa DOC Kaas também não alterou o preço em Dezembro, ficando em 0,3298 euros/kg, preço que se man-terá em Janeiro. Em contrapartida, os também holandeses da FrieslandCampi-na desceram o preço em 0,0273 euros/kg. O preço para Dezembro foi estima-do em 0,3456 euros, que se manterá em Janeiro. A irlandesa Kerry não alterou o preço em Dezembro, situação de estabilidade que se mantém desde Maio do ano passado. Em contrapartida, os também irlandeses da Glambia pagaram menos em Dezembro do que em Novembro, porque este incluiu um bónus sazonal. O preço em Dezembro foi de 0,2995 euros/kg. As indústrias britânicas redu-ziram o preço do leite devido a ajusta-mentos sazonais. O preço fixado pela Dairy Crest foi de 0,3176 euros/kg e o da First Milk de 0,2726 euros/kg. Além disso, os ajustamentos sazonais e as variações cambiais tiveram impacto sobre os preços. Dairy Crest anunciou que a partir de Fevereiro, subirá o pre-ço do leite em 0,0118 euros/kg. A sueco-dinamarquesa Arla em Dezembro pagou 0,3327 euros por kg e prevê descer o preço em Janeiro em 0,01 euros/kg. Em França, as indústrias reduziram o preço por ajustamentos sazonais, com variações entre -0,0025 e -0,01 euros/kg.

in Agroinformacións/Agrodigital

PRODUÇÃO AUMENTA NAS PRINCIPAIS REGIÕES EM 2010

As entregas de leite na União Europeia registaram um aumento significativo nos últimos meses, atingindo os maio-res níveis dos últimos três anos, se bem que a vaga de frio de Dezembro possa ter limitado esse crescimento. Entre Janeiro e Outubro/Novembro de 2010, as entregas foram 1,1% mais elevadas do que mesmo período do ano ante-rior e durante a campanha de 2010/2011, de Abril a Outubro/Novembro, subiram 2,1%. Na Oceânia a produçao também está a aumentar. Na Nova Zelândia, Desde Novembro vive-se com seca, mas a chuva que caiu nas últimas semanas

melhorou a situação, estimando-se que a produção de Janeiro de 2011 ultra-passe em 2% a do período homólogo de 2010, sendo que desde o início da campanha láctea, que começou em Julho, a produção neozelandesa aumen-tou cerca de 0,5 por cento. Na Austrália, a produção da actual cam-panha também é superior à do ano passado. De Julho a Novembro de 2010 registou-se uma subida de 0,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, as inunda-ções que afectaram algumas regiões do país podem vir a condicionar a recolha de leite durante algumas semanas.

Nos Estados Unidos também se consta-tou um crescimento da produção em 2010, face a 2009. O total de leite pro-duzido entre Janeiro e Dezembro foi de

87 milhões de tone-ladas, o que supõe um aumento de 1,8 pontos percentuais em relação a 2009.

Esta subida não foi homogénea ao lon-go do ano, destacando-se o segundo semestre do ano, quando a produção aumentou cerca de 2,8 por cento, con-tra os 0,9 por cento registados no pri-meiro semestre.

in Agrodigital

Page 36: ANI ILN F O R M A Ç Ã O - ANILACT.PTArtigo da revista Notícias Magazine motiva reacção veemente do sector 15 ANIL contesta Despacho n.º 1747-B/2011 16 Sector leiteiro e as perspectivas

36 ■ Informação ANIL Fev 2011 ■

VISITE-NOS EM WWW.ANILACT.PT

ANIL REÚNE EM ASSEMBLEIA GERAL

No próximo dia 9 de Março, decorrerá na Sede da Associação, no Porto, a Assembleia Geral, onde será apreciado discutido e votado o Relatório de Acti-vidades e as Demonstrações Financei-ras relativas ao ano de 2010.~ A ocasião será também aproveitada para a análise e votação de uma pro-posta da Direcção em matéria de periodicidade de emissão e liquidação das quotizações dos associados, bem

como a aprovação de uma pequena correcção aos Esta-tutos da ANIL aprovados em Novembro último, resultante de um lapso na respectiva

redacção que urge alterar. As convocatórias foram já endereçadas há alguns dias, bem como alguns dos documentos de apoio. Todos os docu-mentos necessários à participação na Assembleia ficarão disponíveis nos pri-meiros dias de Março no website da Associação. Participe e debata estes documentos e outros temas da actualidade do sector.

NOVAS LIDERANÇAS NA ESFERA COOPERATIVA

O Comendador Fernando Mendonça foi uma figura marcante do movimento cooperativo e associativo, sendo que a sua presença e liderança de desmultipli-cava por inúmeras organizações. Com o seu falecimento, verificaram-se diversas reorganizações, com a indica-ção dos seus substitutos na várias posi-ções que ocupava.

Assim, à pre-sidência da Agros ascen-deu o Sr. F r a n c i s c o Marques, que passou tam-bém a ser Adminis tra-dor da Lacto-

gal e presidente da ALIP. A presidência da FENALAC passou a ser ocupada pelo Sr. Joaquim São José Cardoso, também presidente da direc-ção da Lacticoop. A presidência da CONFAGRI, bem como a da ANABLE (a Associação Nacional para o Melhoramento dos Bovinos Leiteiro) passa a ser desempe-nhada pelo Sr. Manuel Santos Gomes.

DEPOIS DO SISAB VEM AÍ A ALIMENTARIA

Depois de entre 21 e 23 de Fevereiro, haver ocorrido no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, a décima sexta edição do SISAB - Salão Internacional do Vinho, Pescado e do Agro-Alimentar, a qual contou com cerca de quatrocentos expositores (entre quase duas dezenas de empresas de lacticínios) e alguns milhares de visitantes profissionais, sendo na opinião de alguns expositores um evento bem organizado e comer-cialmente bem sucedido.

Entretanto, já no final do mês de Março (entre 27 e 30) decor-rerá na FIL, também em Lisboa, a edição de 2011 da Alimentaria. Nesta edição, a organi-zação entendeu juntar-lhe não apenas a tradi-cional Tecnoalimenta-ria como também a

Horexpo, que ocorria separadamente. Além de diversos seminários e eventos paralelos, destaque para os espaços Sabor e Produto do Ano, para área de Food Experience, Espaço Food IDT e a zona Innoval Novos Produtos.