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Antropologia Econômica

Aula 5 – Antropologia e Funcionalismo

Prof.: Rodrigo Cantu

Selvageria

(1877)

Barbárie Civilização

Evolucionismo

BronisławMalinowski

(1884-1942)

Papua Nova Guiné

• Prestações matrilineares

• Sagali

• Gimwali

• Kula

Economia das Ilhas Trobriand

Kula

Kwakiutl

Potlatch

Potlatch

Vilarejo Kwakiutl

Potlatch

Potlatch

Vestimentas tradicionais do potlatch

Potlatch

Cobertores para distribuição e destruição no potlatch

Potlatch

James Swan, Potlatch, 1859

Potlatch

• Estudado por Franz Boas no final do século XIX

• Povos do noroeste da América do Norte

• Ocorre ligado a nascimentos, mortes, casamentos e outros grandes eventos, normalmente no inverno

• Ritual festivo com distribuição e destruição de bens

• Aumenta a honra do organizador e anfitrião

• Proibido no Canadá entre 1884 e 1951

Funcionalismo

Alfred

Radcliffe-Brown(1881-1955)

Bronisław

Malinowski(1884-1942)

Funcionalismo Social

Funcionalismo Biológico

Bronisław

Malinowski(1884-1942)

(1944)

Assim, a tarefa de estabelecer os critérios de identificação, tantono trabalho de campo como na teoria, é talvez a maisimportante contribuição para o Estudo do Homem, do ponto devista científico. Abordemos esta questão a partir do problemaelementar do pesquisador de campo. Quando ele, em primeirolugar, fixa residência entre o povo cuja cultura desejacompreender, catalogar e apresentar ao mundo em geral,obviamente se defronta com a questão do que quer dizeridentificar um fato cultural. Porque, claramente, identificar é omesmo que compreender. Compreendemos o comportamentode outra pessoa quando podemos aquilatar seus motivos, seusimpulsos, seus costumes, isto é, sua reação total às condiçõesem que ela se encontra. Quer usemos a psicologia introspectivae digamos que compreensão significa identificação dosprocessos mentais, ou quer, como behavioristas, afirmemos quesua reação ao estímulo integral da situação segue linhas quepara nós são familiares na base de nossas próprias experiências

Um princípio muito simples, mas frequentementenegligenciado, ocorre imediatamente. As ações, arranjosmateriais e os meios de comunicação que são mais diretamentesignificativos e compreensíveis são os que se ligam àsnecessidades orgânicas do homem, com as emoções e com osmétodos práticos de satisfazê-las. Quando as pessoas comemou repousam, quando elas se atraem mutuamente ou seenvolvem na corte, quando elas se aquecem ao fogo, dormemsobre um catre, quando das buscam alimento e água parapreparar uma refeição, nós não nos surpreendemos, não temosdificuldade cm fazer um relato claro ou revelar a membros deuma cultura diferente, em nosso país, o que está realmenteacontecendo.

Até agora aprendemos que a natureza humana impõesobre todas as formas de comportamento, por maiscomplexas e altamente organizadas, um certodeterminismo. Este consiste de uma série de sequênciasvitais, indispensáveis ao funcionamento sadio doorganismo e da comunidade como um todo, e quedevem ser incorporadas a todo sistema tradicional decomportamento organizado. [...]

Consideremos agora como os impulsos, atividades esatisfações realmente ocorrem dentro de um meiocultural. Quanto ao impulso, é claro que em todasociedade Humana é transformado pela tradição. Eleaparece ainda em sua forma dinâmica como umatendência, mas como uma tendência modificada,modelada c determinada pela tradição.

A determinação cultural é um fato familiar no tocante àfome ou ao apetite, em suma, à disposição de comer. Aslimitações do que é considerado saboroso, admissível,ético; os tabus mágicos, religiosos, higiênicos e sociaissobre a qualidade, os ingredientes e a preparação doalimento; a habitual rotina de estabelecer o horário e otipo de apetite — tudo isso podia ser exemplificado comnossa própria civilização, com os regulamentos eprincípios de judaísmo ou do islamismo, dobramanismo ou do xintoísmo, assim como também comtoda cultura primitiva. O apetite sexual, persistente einvariavelmente permitido dentro de limites, é tambémcercado das mais rigorosas proibições, como no incesto,nas abstinências temporárias, e votos de castidade,temporâneos ou permanentes.

Necessidades básicas Respostas culturais

Metabolismo Aprovisionamento

Reprodução Parentesco

Confortos corporais Abrigo

Segurança Proteção

Movimento Atividades

Crescimento Treinamento

Saúde Higiene

Respostas culturais à funções biológicas

[A] produção de alimento e sua distribuição são sistemas decomportamento organizado e fazem parte do aprovisionamentotribal ou nacional. Muito frequentemente a tribo ou o Estadoentram neste processo, na medida em que uma grande empresaé controlada, tributada e eventualmente mesmo organizada peloEstado. Por outro lado, existem condições em que a produção, adistribuição, a preparação e o consumo de alimentos sãoefetuados dentro de uma mesma instituição, ou seja, o lar. Issoocorre, mesmo nas culturas mais adiantadas, quando umafazenda agrícola situada em lugar remoto tem de dependerfundamentalmente de sua própria produção da maior parte dosartigos imprescindíveis, pelo menos no que se relaciona comalimentos. Isso não é menos verdadeiro a propósito da maioriadas comunidades agrícolas primitivas, onde o apoio mútuo e atroca de serviços e bens são frequentemente necessários,exatamente por causa das técnicas algo primitivas que sãousadas.

Alfred

Radcliffe-Brown(1881-1955)

Organicismo

Émile

Durkheim(1858-1917)

Emile Durkheim

• Analogia organicista

• Problema da integração social – solidariedade

• Solidariedades mecânica e orgânica

• Anomia do mercado

• Remoralização da economia por meio da

colaboração entre corporações

A definição de Durkheim é que a "função" de umainstituição social é a correspondência entre ela e asnecessidades do organismo social. Essa definição requeralgum esclarecimento. Em primeiro lugar, para evitarpossível ambiguidade e, em particular, a possibilidade deuma interpretação teleológica, eu gostaria de substituir apalavra "necessidades" pela expressão "condiçõesnecessárias de existência", ou, se se usar a palavra"necessidades", deve ser compreendida apenas nessesentido. Convém notar aqui, como um ponto a quevoltaremos, que qualquer tentativa para aplicar esseconceito de função em ciência social envolve a suposiçãode que há condições necessárias de existência para associedades humanas, exatamente como as há para osorganismos animais, e que elas podem descobrir-se pormeio da espécie adequada de indagação científica.

O conceito de função tal como se define

aqui envolve, assim, a noção de uma

estrutura que consiste numa série de

relações entre entidades unitárias, sendo

mantida a continuidade da estrutura por

um processo vital formado pelas atividadesdas unidades constituintes.

• Estrutura orgânica

• Processo vital

Para melhor elucidação do conceito é conveniente usar a analogiaentre a vida social e a vida orgânica. Como todas as analogias, precisaela usar-se com cuidado. Um organismo animal é um aglomerado decélulas e fluídos intersticiais dispostos em relação uns com os outros,não como um agregado, mas sim como um todo integrado. Para obioquímico, é um sistema complexamente integrado de moléculascomplexas. O sistema de relações pelo qual essas unidades se ligam éa estrutura orgânica. Conforme o sentido dado aqui às palavras, oorganismo não é em si a estrutura; é uma coleção de unidades(células ou moléculas) dispostas numa estrutura, isto é, numa sériede relações: o organismo tem uma estrutura. Dois animaiscompletamente desenvolvidos da mesma espécie e sexo consistemem unidades semelhantes combinadas numa estrutura semelhante.Deve definir-se, assim a estrutura como uma série de relações entreas entidades. (A estrutura de uma célula é, do mesmo modo, umasérie de relações entre moléculas complexas, e a estrutura de umátomo é uma série de relações entre elétrons e prótons).

Enquanto vive, conserva o organismo certa continuidade deestrutura, embora não conserve a identidade completa de suaspartes constituintes. Ele perde algumas de suas moléculasconstituintes pela respiração ou excreção; recebe outras pelarespiração e absorção alimentar. Com o correr do tempo suascélulas constituintes não ficam as mesmas, mas a disposiçãoestrutural das unidades constituintes permanece semelhante. Aoprocesso pelo qual se mantém essa continuidade estrutural doorganismo chama-se vida. O processo vital consiste nas atividadese interações das unidades constituintes do organismo, as células,e os órgãos formados pelas células.

Passando da vida orgânica para a vida social, se examinarmos umacomunidade tal como uma tribo africana ou australiana, podemosreconhecer a existência de uma estrutura social. Os seres humanosindividuais, as unidades essenciais nesse caso, ligam-se por umasérie definida de relações sociais num todo integrado. Acontinuidade da estrutura social, como a da estrutura orgânica, nãoé destruída pelas mudanças nas unidades. Os indivíduos podemdeixar a sociedade, seja por morte, ou de outro modo; outrospodem entrar nela. A continuidade da estrutura mantém-se peloprocesso da vida social, que consiste nas atividades e interaçõesdos seres humanos individuais e dos grupos organizados, em queeles se unem. A vida social da comunidade define-se aqui como ofuncionamento da estrutura social. A função de uma atividaderecorrente, como a punição de um crime ou uma cerimônia funérea,é o papel que ela representa na vida social como um todo e,portanto, a contribuição que faz à manutenção da continuidadeestrutural.

• Morfologia

• Fisiologia

• Desenvolvimento

• MorfologiaEstrutura orgânica e funcionamentoVida vs Sociedade

• DesenvolvimentoMudança do tipo estrutural durante o curso da vidaVida vs Sociedade

• Fisiologia• Funcionamento normal• Patologia

Unidade funcional“condição em que todas as partes do sistema social operam juntas com um grau

suficiente de harmonia ou

coerência interna, isto é, sem produzir conflitos persistentesque não possam ser nem resolvidos nem regulados”.

Em relação com as estruturas orgânicas, podemos achar critériosestritamente objetivos pelos quais distinguir a doença da saúde, opatológico do normal, porque a doença é aquilo que ou ameaça oorganismo com a morte (a dissolução de sua estrutura) ouinterfere nas atividades que são características do tipo orgânico.As sociedades não morrem no mesmo sentido em que morrem osanimais e não podemos, portanto, definir a disnomia como sendoo que conduz, quando não controlado, à morte de uma sociedade.Além disso, uma sociedade difere de um organismo por isso queela pode mudar seu tipo estrutural, ou pode ser absorvida comoparte integrada de uma sociedade maior.

Talvez, pois, pudéssemos dizer que, enquanto que um organismoatacado por uma doença virulenta reagirá e, se falha a sua reação,morrerá, uma sociedade que é lançada numa condição dedesunidade ou incongruência funcional (porque identificamosisso, agora, provisoriamente, com a disnomia) não morrerá, a nãoser em casos relativamente raros como o de uma tribo australianaesmagada pela força destrutiva do homem branco, mas continuaráa lutar por alguma espécie de eunomia, alguma modalidade desaúde social, e pode, no curso dessa luta, alterar o seu tipoestrutural. O "funcionalista" tem, ao que parece, amplasoportunidades de observar esse processo, nos dias presentes, nospovos nativos sujeitos ao domínio das nações civilizadas, e nessaspróprias nações.

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